Cobertura com telha cerâmica, uma solução construtiva sustentável

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Seminário Coberturas de Madeira, P.B. Lourenço e J.M. Branco (eds.), 2012
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Cobertura com telha cerâmica, uma solução construtiva
sustentável
Pedro Lourenço
Umbelino Monteiro SA, Meirinhas - Pombal, Portugal
[email protected]
SUMÁRIO
Este artigo pretende apresentar soluções para coberturas que tenham como base estrutural a
madeira e as telhas cerâmicas como material de revestimento. Realçam-se os benefícios do
recurso desta tecnologia construtiva, apresentando um exemplo de reabilitação específica onde
foi feita a substituição integral do telhado, mantendo a estrutura base e onde foram executadas
algumas ações com objetivo de garantir maior eficiência e durabilidade em todos os elementos
constituintes da cobertura.
Pretende-se ainda apresentar soluções de revestimento com telhas cerâmicas que possibilitam a
integração de medidas passivas e ativas de eficiência energética com objetivo de alcançar
ganhos funcionais na cobertura, dando resposta aos requisitos da construção sustentável e
contribuindo para alcançar o edifício de balanço energético zero (NZEB).
A Umbelino Monteiro foi criada em 1959 com objetivo de produção de materiais de construção
de base cerâmica. Inicialmente os produtos fabricados restringiam-se à Telha Lusa e Tijolo.
Mais tarde após, investimentos tecnológicos importantes, a Umbelino Monteiro optou por se
dedicar exclusivamente à produção de telhas em diferentes modelos, conseguindo abranger um
leque maior de soluções para responder concretamente às necessidades desta especialidade e
deste mercado. Foi em 1982, data marcante na história da empresa e do mercado nacional da
produção de telhas cerâmicas, que a Umbelino Monteiro deu inicio ao fabrico em série da
Telha Canudo. Pioneira neste setor de mercado, a empresa alcançou competências únicas e um
know-how invejável que tem sofrido constantes evoluções no decorrer destes 30 anos. Fruto
desta aposta, a marca Umbelino Monteiro é líder no setor da reabilitação de coberturas
inclinadas. Na última década foram feitos importantes investimentos tecnológicos nas linhas
produção com vista a aumentar a qualidade dos produtos. A Umbelino Monteiro orgulha-se de
ser a primeira empresa certificada no setor pela qualidade e ambiente (ISO 9001 e ISSO
14001), e todos os modelos de telha são também certificados e com qualidades únicas e
acrescidas.
Nos últimos anos, as tecnologias de construção civil, nomeadamente as referentes às
coberturas, têm sido alvo de investigação e imensos avanços que permitem conferir aos
materiais constituintes, períodos de vida útil mais elevados e com maiores garantias de
funcionalidade.
Recentemente, tendo em conta as diretivas de certificação energética dos edifícios bem como
as exigências de conforto e qualidade do ar interior, desenvolveram-se técnicas e sistemas
capazes de dar resposta efetiva e com elevada rentabilidade neste domínio.
PALAVRAS-CHAVE: TELHAS CERÂMICAS, TELHAS FOTOVOLTÁICAS, NZEB
1. TIPOS DE TELHAS CERÂMICAS
Com o decorrer dos anos, tendo em conta as evoluções das necessidades da construção civil e
da arquitetura dos edifícios em Portugal, destacam-se os modelos de Telha Lusa, Telha
Marselha e Telha Canudo, como tipos de telha mais utilizados. As seguintes figuras ilustram os
Revestimento com telha cerâmica, uma solução construtiva sustentável
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diferentes modelos referenciados e na tabela apresentada podemos verificar os principais dados
técnicos de cada tipo de telha. [1]
Figura 1 – Telha Lusa.
Figura 2 – Telha Marselha.
Figura 3 – Telha Canudo.
Tabela 1 – Características técnicas da Telha Lusa.
Característica Técnica
Telha Lusa
Rendimento
12un/m2
Peso
3,50Kg
Absorção de água
3%/+-1%
Permeabilidade
100% Estanque
Resistência ao gelo *
> 300 Ciclos
Resistência à flexão *
4000 N
* - Valores segundo a norma NP EN 1304, [2]
Telha Marselha
13un/m2
3,10Kg
3%/+-1%
100% Estanque
> 300 Ciclos
4000 N
Telha Canudo
30un/m2
1,75Kg
5%/+-1%
100% Estanque
> 150 Ciclos
3000 N
2. COBERTURAS CERÂMICAS INCLINADAS
As coberturas dos edifícios revestidas com telhas cerâmicas constituem um elemento
tradicional na paisagem portuguesa. São parte integrante da nossa história arquitetónica,
caracterizando inclusivamente as regiões onde são executadas, fruto das restrições e requisitos
necessários ao bom funcionamento técnico das mesmas.
As coberturas inclinadas com recurso a materiais cerâmicos são utilizadas desde a construção
do Império Romano, essencialmente devido à abundância de matéria-prima na natureza
(Argilas), da facilidade de produção, do fácil manuseamento associado, da aplicabilidade e da
capacidade de adaptação aos diferentes meios. A telha é considerada ainda nos dias de hoje
como um produto dotado de elevada capacidade técnica e funcional, longa duração com
reduzia manutenção, fácil resolução e reduzido nível de agressividade para o meio ambiente.
Em termos arquitetónicos a telha assume-se como um produto de elevada flexibilidade dada a
variedade de modelos e tonalidades, bem como a elevada disposição de peças acessórias
complementares que possibilitam as mais variadas geometrias, garantindo sempre a
funcionalidade e fiabilidade na resposta às exigências das mesmas.
As funções da cobertura deverão na sua conceção e execução abranger os seguintes grupos de
parâmetros fundamentais:
Funções Utilitárias – Impermeabilidade; Incombustibilidade; Resistência mecânica aos agentes
meteorológicos bem como à ação humana; Isolamento térmico e acústico; Durabilidade;
Reduzida sobrecarga nas estruturas; Facilidade de execução e reduzida manutenção.
Funções Estéticas – Tonalidades; Texturas; Dimensões dos elementos; Harmonia e integração
com o edifício.
Funções Económicas – Custo da solução, da conservação e consequente durabilidade.
Com objetivo de responder as todas estas funções e aos mercados associados a estes produtos,
tornou-se indispensável compreender e aperfeiçoar as técnicas de produção, mas também de
aplicação das telhas cerâmicas. Assim, conclui-se que na execução de uma cobertura termos
que ter em atenção os seguintes aspetos:
Inclinação mínima – recomendada pelos fabricantes de acordo com a geometria e rigor
dimensional do produto, mas também tendo em conta a zona geográfica de acordo com os
mapas que combinam as ações meteorológicas com o nível de exposição das mesmas.
Exigências de rigor na aplicação – de acordo com os princípios fundamentais da construção, as
coberturas deverão ser minuciosamente aplicadas com todo o rigor, contenção e
responsabilidade, para que possam funcionar com a máxima rentabilidade;
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Ventilação da face inferior – com o objetivo de garantir uma melhor secagem dos elementos
constituintes da solução construtiva, torna-se obrigatório que a cobertura seja ventilada na sua
face inferior, isto é que seja permitida a circulação de ar desde o beirado às cumeeiras. [1-2]
3.1 Coberturas Ventiladas
A ventilação da cobertura pela sua face inferior confere efeitos benéficos, únicos e
indispensáveis à solução construtiva e ao bom funcionamento de todo o telhado. Seguidamente
apresentam-se de forma geral os objetivos da aplicação desta prática: [3]
1. Ventilar e secar todos os elementos que constituem a cobertura;
2. Equilibrar a temperatura e humidade interior Vs exterior do edifício;
3. Renovação de ar e controlo de temperaturas criando condições de salubridade nos
espaços interiores;
4. Rápida secagem da água da chuva absorvida pela telha;
5. Resistência da telha sob a ação do gelo;
6. Evitar a formação de distribuições irregulares de neve aquando a sua queda brusca;
7. Reduzir as condensações interna no sistema construtivo, eliminando o vapor de água;
8. Melhorar o conforto térmico natural.
O princípio de funcionamento deste conceito pode ser facilmente explicado através da seguinte
ilustração:
Figura 4 – Principio de funcionamento da cobertura ventilada [1]
A cobertura ventilada funciona de acordo com o “princípio da tiragem térmica”. Princípio este
que garante a circulação de ar pela face inferior das telhas. O fluxo de ar admitido na zona mais
baixa (beirado) aumenta a sua temperatura por ação do calor do telhado, que o torna menos
denso, provocando a sua subida por convecção natural, até as aberturas mais elevadas.
(cumeeira/rincão/parede, etc.). [1]
Posto isto, será lógico perceber que a fixação dos elementos da cobertura com recurso a
argamassas de fixação não beneficia o principio físico, uma vez que quando aplicada em
excesso proporciona a estanquicidade do ar nos pontos singulares indicados.
Por tudo isto e com vista à resolução deste problema, foram criados acessórios cerâmicos e
mecânicos capazes de dar resposta às exigências da aplicação, garantindo a ventilação dos
elementos.
No estudo de caso seguidamente apresentado, mostra-se a aplicação destes acessórios e alguns
pormenores a ter em conta numa execução de uma obra desta natureza.
Os acessórios cerâmicos e mecânicos desenvolvidos pela Umbelino Monteiro têm como
objetivos gerais os seguintes pontos:
1. Promover a correta interligação das pendentes com os pontos singulares;
2. Facilitar a execução da cobertura;
3. Rentabilizar a obra, reduzindo o tempo de aplicação e mão-de-obra;
4. Contribuir para a segurança dos aplicadores, devida a facilidade de execução;
5. Promover o perfeito enquadramento estético e arquitetónico de todos os
elementos do telhado.
Nas ilustrações seguintes apresentam-se alguns acessórios fundamentais à execução de
coberturas ventiladas. Os acessórios cerâmicos são desenvolvidos de acordo com a necessidade
de resolução de problemas e existem em todas as cores e tonalidades das gamas de telha
Revestimento com telha cerâmica, uma solução construtiva sustentável
106
disponíveis, apresentam-se também alguns exemplos destas peças, neste caso utilizadas com
maior frequência:
Figura 8 – Telhão.
Figura 9 – Remates (Tamancos).
Figura 10 – Canto de 11 peças.
Alguns exemplos de acessórios mecânicos usados para fixação dos elementos cerâmicos em
diferentes pontos da cobertura:
Figura 5 – Grampo de
Beirado.
Figura 6 – Grampo de
Cumeeira.
Figura 7 – Grampo de Telha
Canudo.
3. CASO PRÁTICO – REABILITAÇÃO DE COBERTURA
O estudo de caso prático ilustra a reabilitação de um edifico situado no centro histórico de
Leiria, onde para além da substituição de todos os elementos de revestimento cerâmico, foram
tidas em conta técnicas e soluções capazes de responder a necessidades e requisitos específicos
da obra em particular. Os objetivos fundamentais desta intervenção tinham em especial atenção
os seguintes parâmetros:
1. Intervir no elevado estado de degradação da cobertura;
2. Corrigir os problemas e assentamentos estruturais;
3. Garantir a total estanquicidade da cobertura;
4. Promover maior conforto térmico e controle da salubridade do edifício;
5. Durabilidade e período de vida útil dos materiais constituintes;
6. Não intervir na estética e arquitetura de base do imóvel.
O estado avançado de degradação da cobertura antes da intervenção está ilustrado nas
seguintes imagens:
Figura 11 – Beirados.
Figura 12 - Zona das Mansardas.
Pedro Lourenço
Figura 13 – Pendentes.
107
Figura 14 - Beirados e Rincões.
Como se pode verificar nas imagens anteriores, o material cerâmico apresentava-se muito
degradado. As principais causas para as patologias encontradas são a falta de ventilação na face
inferior da cobertura e os excessos de argamassa. [1-3]
A estrutura apresentava apenas patologias pontuais em alguns elementos, essencialmente
empenos ou degradação devida a infiltrações. Optou-se por reforçá-la apenas nestes pontos
singulares, mantendo quase todo o material que se considerou em estado conforme.
Figura 15 – Estado da Estrutura.
Figura 16 – Ponto singular.
Figura 17 – Regularização da Estrutura.
Figura 18 – Reforço e Regularização.
Os reforços foram executados com recurso a materiais metálicos, por decisão do dono de obra
e para as regularizações optou-se por placas de aglomerado de madeira OSB, conferindo assim
um suporte estável e nivelado para receber o revestimento cerâmico. Na face superior da placa
de regularização aplicou-se uma membrana impermeável à água e respirável para que, com
efeito da ventilação, o vapor não se acumule criando condensações e futuras patologias
associadas.
De destacar, na Figura 19, a colocação das ripas de suporte da telha, que propositadamente
foram aplicadas de forma descontínua e desencontrada, para garantir a passagem do fluxo de ar
e direcionando o mesmo de forma a abranger toda a área.
Revestimento com telha cerâmica, uma solução construtiva sustentável
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A medida do ripado de suporte da telha depende do material e cada obra. Apesar de os
fabricantes poderem indicar valores médios, recomenda-se
recomenda se que seja sempre feito ensaio
específico para cada caso.
Figura 19 – Membrana e Ripas.
Ripas
Figura 20 – Aplicação do Beirado.
Beirado
Na fixação dos beirados usou-se
usou parafusos e grampos específicos (Figura 5), aplicados em ripa
de madeira. Teve-se
se em consideração ainda a utilização de uma tela transitória da zona da
pendente para o beirado, para garantir a total estanquicidade neste ponto singular. A aplicação
do telhado inicia-se
se sempre pelo beirado, parte inferior da vertente, que deverá ser devidamente
ensaiado para que as peças possam fazer face às dimensões das fachadas de forma concertada e
bem divida. O espaçamento entre telhas de beirado pode variar entre 19 a 20 cm entre eixos e
as peças de beirado podem ter entre 18 a 20 cm em consola para além da cornija. No caso de
serem usadas peças de bicas e capas de 60 cm a medida de consola pode ir até aos 30 cm.
O “canto de 11 peças” é o acessório cerâmico ideal, produzido especificamente para executar o
encontro de ângulos externos das diferentes fachadas. Este elemento deverá ser ensaiado
quando o beirado para que, tendo em conta a flexibilidade de ajuste das peças possam rematar
de forma perfeita todo o perímetro
erímetro do edifício. (Figura 21)
21 [2]
Para garantir a admissão de ar pelo beirado mas não permitir a entrada de pássaros e/ou folhas
secas, etc., pode-se recorrer a malhas de proteção em PVC ou utilizarr as peças de remate
cerâmico (Figura
igura 9). Neste caso por razões essencialmente estéticas e arquitetónicas,
arquitetónica optou-se
pelo recurso aos tamancos (Figura
(
33)
Figura 21 – Início
cio da aplicação do telhado e pontos importantes
importante do Beirado.
Beirado
Antes da aplicação das telhas, deve-se
deve misturar os diferentes “molhos” das diferentes paletes de
material, para colmatar as nuances deste produto, que sendo um material cerâmico possui
diferenças geométricas e de tonalidade aceitáveis, de acordo com a norma que certifica o
produto - EN NP 1304.
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Longitudinalmente a aplicação deverá ser feita no sentido de baixo para cima, podendo tomar
qualquer sentido na direção transversal. Todas as telhas foram grampeadas com recurso ao
acessório mecânico específico (Figura 7) e foram colocados em alguns pontos fixações com
recurso a mástique.
Figura 22 – Mistura dos molhos de telha.
Figura 23 – Aplicação da telha.
As linhas de cumeeira e de rincão são as intersecções entre águas (pendentes) de diferentes
direções, sendo que a cumeeira é linha de remate superior em plano horizontal e os rincões em
planos inclinados.
A execução destes elementos deverá ser feita de acordo como no esquema (Figura 24). Para
execução destas linhas utilizaram-se os grampos específicos (Figura 6) para fixação das ripas
de suporte em madeira com secção de 2,0x3,0cm2. Nestas foi aplicada, uma membrana de
alumínio microperfurada, com capacidade impermeável mas que permite a passagem de ar e
posteriormente os telhões cerâmicos que, com auxílio dos tamancos (Figuras 8 e 9), rematam
perfeitamente a cobertura, conferindo um acabamento arquitetónico e funcional de elevado
nível. Nas terminações das linhas de cumeeira foi usada uma peça cerâmica desenvolvida para
rematar esta linha – Topo de Cumeeira. (Figura 35)
Figura 24 – Vista em corte de linha de cumeeira.
Figura 25 – Aplicação do Rincão.
Figura 26 – Ensaio dos Telhões do Rincão.
Revestimento com telha cerâmica, uma solução construtiva sustentável
Figura 27 – Aplicação da membrana de
Rincão.
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Figura 28 – Aplicação de “Canto de 11
peças”.
Na cobertura, foram ainda aplicadas telhas de ventilação, com objetivo de promover a
admissão de ar em diferentes pontos ao longo da área da pendente. A colocação destas peças
deverá ser de forma desencontrada (Figura 29) e num rendimento de 3 a 4 un/m2.
Figura 29 – Aplicação das Telhas Ventiladoras.
Figura 30 – Pendente (Aspeto
(Aspe Final).
Figura 31 – Beirado (Canto exterior).
exterior)
Figura 32 – Beirado (Canto Interior).
Interior)
Figura 33 – Beirado (Acabamento Frontal).
Frontal)
Pedro Lourenço
Figura 34 – Ponto Singular.
Singular
111
Figura 35 – Remate Topo de Cumeeira.
Cumeeira
4. COBERTURAS SUSTENTÁVEIS
SUSTENTÁV
4.1 NZEB – Net Zero Energy Building
O NZEB – Net Zero Energy Building,
Building em português - Edifício de Balanço Energético
nergético Nulo, é
um conceito cada vez mais em voga na construção civil dos dias de hoje.
De acordo com o seguinte esquema (figura 36) percebemos que cada moradia necessita de
receber fornecimento de energia para os mais variados fins, com vista a manter a
funcionalidade da mesma e garantir o conforto dos seus ocupantes. [4]
Figura 36 – Necessidade de fornecimento energético geral de um edifício.
edifício
Assim, quanto mais um edifício consumir, maior será a sua necessidade de fornecimento. É
exatamente a partir desta consideração base que se torna imprescindível pensar e executar os
edifícios novos e reabilitados através dos princípios da Construção Sustentável:
1. Reduzir o uso de energia de forma racional e as emissões de CO2;
2. Reduzir as necessidades de aquecimento e arrefecimento interior;
3. Mantendo os níveis de conforto e temperatura interior dos edifícios.
Chegar a estas máximas, passa pela utilização de técnicas e métodos construtivos
onstrutivos adequados ao
local, que permitam desde logo poupanças de energia nas fontes de produção, transportes dos
materiais e reduzir custos de mão-de-obra.
mão
São exemplos,, os tipos de construção em madeira,
adobe, pedra e cal, entree outros, que visam aproveitar recursos naturais existentes e enquadrar
as moradias na envolvente. [5]
Por outro lado recorrer apenas a fontes de energia renovável para os edifícios não é a solução,
pois como podemos verificar
verifica no seguinte gráfico (figura 37)) o investimento nestas soluções é
tanto maior quanto maior for a necessidade e os preços de mercado destas tecnologias são
elevados. Assim, torna-se imperativo estudar os edifícios desde a raiz (projeto)) até à execução
da obra, promovendo o máximo de medidas
med
passivas de eficiência energética. [4]
Intervir logo no planeamento urbano dos loteamentos para garantir as implantações mais
eficientes,, que recebam as melhores infraestruturas
infraestruturas é o primeiro passo para construir um
Revestimento com telha cerâmica, uma solução construtiva sustentável
112
edifício sustentável. O Passo seguinte passa por escolher os melhores materiais e técnicas de
construção para maximizar de forma passiva o desempenho do edifício. Na execução da obra a
correta aplicação de todos os pormenores é fundamental. O penúltimo passo
passo diz respeito à
utilização do edifício. Devemos promover o máximo de economia através da utilização de
equipamentos de iluminação adequados e sistemas de monitorização que possam contribuir
para o controlo e sensibilização dos consumos, de forma a criar “hábitos sustentáveis” nos
utilizadores. (figura 38) [4]
Figura 37 – Necessidade energética Vs
produção de energia.
energia
Figura 38 – Medidas de otimização
timização dos edifícios.
edifícios
Após verificadas estas medidas, e para cumprir o objetivo de poder caracterizar o edifício
como sustentável – NZEB,
NZEB o último passo é dimensionar os sistemas ativos que possam
complementar os consumos e gastos de energia absolutamente necessários no edifício.
Como verificamos
ficamos no gráfico da figura 39, o investimento
to nas tecnologias de produção de
energia renovável é agora muito menor devido essencialmente à redução das necessidades
energéticas do edifício.. Torna-se
Torna
assim menos “utópica” a perspetiva
tiva do nosso parque
habitacional ser constituído por Edifícios de Balanço Energético Zero. [4]
Figura 39 – Gráfico NZEB.
Pedro Lourenço
113
4.2 Telhas Solares Fotovoltáicas
As formas de produção de energia através de fontes
fontes renováveis são várias, tendo em conta as
várias possibilidades que a natureza nos proporciona.
O Sol fornece energia na forma
orma de radiações, que no fundo podemos considerar como a base de
toda a vida na Terra. Analisando
nalisando os níveis de radiação que chega até nós, percebe-se
percebe
que o
nosso país é sem dúvida um dos que possuem
p
maior potencial para recorrer à energia Solar.
(Figura 40)
Figura 40 - Irradiação Solar na Europa.
Europa
Figura 41 - Irradiação
adiação Global de Portugal.
Já dentro de fronteiras, a distribuição da irradiação solar está visível na Figura 41, onde se
percebe
ercebe as diferenças de nível consoante a região geográfica que, embora Portugal seja um país
pequeno em área, possui 5 regiões solares, das quais 3 delas
delas são bastantes distintas [6-7]
[6
Por outro lado, sabemos que a cobertura é responsável por um valor enorme de perdas
energéticas do edifício, dada
da a sua dimensão, abrangência e por na maioria dos casos serem
desvalorizadas as medidas de correta conceção e boas práticas
as de execução das coberturas
(Figura 42).
). Assim, conclui-se
conclui se logicamente que a cobertura enquanto elemento dos edifícios
deverá ser o primeiro alvo de intervenção com vista a obter ganhos através da eficiência
energética.
Figura 42 – Perdas energéticas associadas a cada parte do edifício..
Com todos estes pressupostos, a Umbelino Monteiro desenvolveu as Telhas Solares –
SOLESIA com objetivo de maximizar o efeito NZEB a partir da cobertura, sem no entanto
colocar em causa a estética, imagem, traça e funcionalidade dos edifícios.
O objetivo foi integrar as telhas cerâmicas com os módulos fotovoltáicos,, de forma harmoniosa
e perfeitamente
te funcional. O caixilho, composto por alumínio, suporta os módulos
fotovoltáicos de características monocristalínas, e é produzido especificamente para
par encaixar
na telha. (Figura 43).
Revestimento com telha cerâmica, uma solução construtiva sustentável
114
Figura 43 - Módulo fotovoltáico e caixilho.
Na interligação, são usadas telhas cerâmicas específicas, desenhadas e produzidas para
encaixar perfeitamente com os módulos e garantir todas as funcionalidades da cobertura. [2]
A montagem do sistema é simples e pode ser facilmente esquematizada nas seguintes
ilustrações:
Pedro Lourenço
115
Figuras 44 – Procedimento de montagem do sistema.
5. CONCLUSÕES
Do estudo elaborado para este artigo, conclui-se:
conclui
1. A importância da cobertura é muito elevada no contributo para o bom funcionamento
técnico do edifício;
2. As boas práticas de aplicação de uma cobertura são fundamentais para o bom
desempenho e cumprimento do período de vida útil de toda solução construtiva, desde
a estrutura até ao revestimento;
3. A cobertura ventilada pressupõe ganhos energéticos, reguladores e de funcionamento
dos materiais e da estrutura de apoio;
4. Aumentando a eficiência do edifício em termos passivos pressupõe menores
investimentos nas componentes ativas;
5. As soluções de cobertura apresentadas pela Umbelino Monteiro SA podem contribuir
em forte medida para atingir o NZEB – Edifício de Balanço Energético Nulo
(Figura 45).
Figura 45 – Solução Ideal para cobertura sustentável.
Revestimento com telha cerâmica, uma solução construtiva sustentável
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6. BIBLIOGRAFIA
[1] A. Vaz Serra e ed. Lit., APICER, CTCV e IT, Manual de Aplicação de Telhas Cerâmicas,
Coimbra, 1998
[2] Umbelino Monteiro SA, Tabelas e Fichas Técnicas dos produtos, Pombal, 2009
[3] Vasco Peixoto de Freitas, Paulo da Silva Pinto, Humidade na Construção – Humidade de
Condensação, Universidade do Minho, 2003
[4] Joyce, António, LNEG, Energia Solar e o seu contributo para os edifícios de balanço
energético nulo, Lisboa, 2010
[5] Tirone Livia, Construção Sustentável - “Soluções eficientes hoje, a nossa riqueza de
Amanhã”, Lisboa, 2008
[6] IST, Energia fotovoltáica, Manual sobre tecnologias, projeto e instalação, Lisboa, 2004
[7] DGEG, Guia de certificação de unidades de Microprodução, Lisboa, 2008
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