Seminário Coberturas de Madeira, P.B. Lourenço e J.M. Branco (eds.), 2012 103 Cobertura com telha cerâmica, uma solução construtiva sustentável Pedro Lourenço Umbelino Monteiro SA, Meirinhas - Pombal, Portugal [email protected] SUMÁRIO Este artigo pretende apresentar soluções para coberturas que tenham como base estrutural a madeira e as telhas cerâmicas como material de revestimento. Realçam-se os benefícios do recurso desta tecnologia construtiva, apresentando um exemplo de reabilitação específica onde foi feita a substituição integral do telhado, mantendo a estrutura base e onde foram executadas algumas ações com objetivo de garantir maior eficiência e durabilidade em todos os elementos constituintes da cobertura. Pretende-se ainda apresentar soluções de revestimento com telhas cerâmicas que possibilitam a integração de medidas passivas e ativas de eficiência energética com objetivo de alcançar ganhos funcionais na cobertura, dando resposta aos requisitos da construção sustentável e contribuindo para alcançar o edifício de balanço energético zero (NZEB). A Umbelino Monteiro foi criada em 1959 com objetivo de produção de materiais de construção de base cerâmica. Inicialmente os produtos fabricados restringiam-se à Telha Lusa e Tijolo. Mais tarde após, investimentos tecnológicos importantes, a Umbelino Monteiro optou por se dedicar exclusivamente à produção de telhas em diferentes modelos, conseguindo abranger um leque maior de soluções para responder concretamente às necessidades desta especialidade e deste mercado. Foi em 1982, data marcante na história da empresa e do mercado nacional da produção de telhas cerâmicas, que a Umbelino Monteiro deu inicio ao fabrico em série da Telha Canudo. Pioneira neste setor de mercado, a empresa alcançou competências únicas e um know-how invejável que tem sofrido constantes evoluções no decorrer destes 30 anos. Fruto desta aposta, a marca Umbelino Monteiro é líder no setor da reabilitação de coberturas inclinadas. Na última década foram feitos importantes investimentos tecnológicos nas linhas produção com vista a aumentar a qualidade dos produtos. A Umbelino Monteiro orgulha-se de ser a primeira empresa certificada no setor pela qualidade e ambiente (ISO 9001 e ISSO 14001), e todos os modelos de telha são também certificados e com qualidades únicas e acrescidas. Nos últimos anos, as tecnologias de construção civil, nomeadamente as referentes às coberturas, têm sido alvo de investigação e imensos avanços que permitem conferir aos materiais constituintes, períodos de vida útil mais elevados e com maiores garantias de funcionalidade. Recentemente, tendo em conta as diretivas de certificação energética dos edifícios bem como as exigências de conforto e qualidade do ar interior, desenvolveram-se técnicas e sistemas capazes de dar resposta efetiva e com elevada rentabilidade neste domínio. PALAVRAS-CHAVE: TELHAS CERÂMICAS, TELHAS FOTOVOLTÁICAS, NZEB 1. TIPOS DE TELHAS CERÂMICAS Com o decorrer dos anos, tendo em conta as evoluções das necessidades da construção civil e da arquitetura dos edifícios em Portugal, destacam-se os modelos de Telha Lusa, Telha Marselha e Telha Canudo, como tipos de telha mais utilizados. As seguintes figuras ilustram os Revestimento com telha cerâmica, uma solução construtiva sustentável 104 diferentes modelos referenciados e na tabela apresentada podemos verificar os principais dados técnicos de cada tipo de telha. [1] Figura 1 – Telha Lusa. Figura 2 – Telha Marselha. Figura 3 – Telha Canudo. Tabela 1 – Características técnicas da Telha Lusa. Característica Técnica Telha Lusa Rendimento 12un/m2 Peso 3,50Kg Absorção de água 3%/+-1% Permeabilidade 100% Estanque Resistência ao gelo * > 300 Ciclos Resistência à flexão * 4000 N * - Valores segundo a norma NP EN 1304, [2] Telha Marselha 13un/m2 3,10Kg 3%/+-1% 100% Estanque > 300 Ciclos 4000 N Telha Canudo 30un/m2 1,75Kg 5%/+-1% 100% Estanque > 150 Ciclos 3000 N 2. COBERTURAS CERÂMICAS INCLINADAS As coberturas dos edifícios revestidas com telhas cerâmicas constituem um elemento tradicional na paisagem portuguesa. São parte integrante da nossa história arquitetónica, caracterizando inclusivamente as regiões onde são executadas, fruto das restrições e requisitos necessários ao bom funcionamento técnico das mesmas. As coberturas inclinadas com recurso a materiais cerâmicos são utilizadas desde a construção do Império Romano, essencialmente devido à abundância de matéria-prima na natureza (Argilas), da facilidade de produção, do fácil manuseamento associado, da aplicabilidade e da capacidade de adaptação aos diferentes meios. A telha é considerada ainda nos dias de hoje como um produto dotado de elevada capacidade técnica e funcional, longa duração com reduzia manutenção, fácil resolução e reduzido nível de agressividade para o meio ambiente. Em termos arquitetónicos a telha assume-se como um produto de elevada flexibilidade dada a variedade de modelos e tonalidades, bem como a elevada disposição de peças acessórias complementares que possibilitam as mais variadas geometrias, garantindo sempre a funcionalidade e fiabilidade na resposta às exigências das mesmas. As funções da cobertura deverão na sua conceção e execução abranger os seguintes grupos de parâmetros fundamentais: Funções Utilitárias – Impermeabilidade; Incombustibilidade; Resistência mecânica aos agentes meteorológicos bem como à ação humana; Isolamento térmico e acústico; Durabilidade; Reduzida sobrecarga nas estruturas; Facilidade de execução e reduzida manutenção. Funções Estéticas – Tonalidades; Texturas; Dimensões dos elementos; Harmonia e integração com o edifício. Funções Económicas – Custo da solução, da conservação e consequente durabilidade. Com objetivo de responder as todas estas funções e aos mercados associados a estes produtos, tornou-se indispensável compreender e aperfeiçoar as técnicas de produção, mas também de aplicação das telhas cerâmicas. Assim, conclui-se que na execução de uma cobertura termos que ter em atenção os seguintes aspetos: Inclinação mínima – recomendada pelos fabricantes de acordo com a geometria e rigor dimensional do produto, mas também tendo em conta a zona geográfica de acordo com os mapas que combinam as ações meteorológicas com o nível de exposição das mesmas. Exigências de rigor na aplicação – de acordo com os princípios fundamentais da construção, as coberturas deverão ser minuciosamente aplicadas com todo o rigor, contenção e responsabilidade, para que possam funcionar com a máxima rentabilidade; Pedro Lourenço 105 Ventilação da face inferior – com o objetivo de garantir uma melhor secagem dos elementos constituintes da solução construtiva, torna-se obrigatório que a cobertura seja ventilada na sua face inferior, isto é que seja permitida a circulação de ar desde o beirado às cumeeiras. [1-2] 3.1 Coberturas Ventiladas A ventilação da cobertura pela sua face inferior confere efeitos benéficos, únicos e indispensáveis à solução construtiva e ao bom funcionamento de todo o telhado. Seguidamente apresentam-se de forma geral os objetivos da aplicação desta prática: [3] 1. Ventilar e secar todos os elementos que constituem a cobertura; 2. Equilibrar a temperatura e humidade interior Vs exterior do edifício; 3. Renovação de ar e controlo de temperaturas criando condições de salubridade nos espaços interiores; 4. Rápida secagem da água da chuva absorvida pela telha; 5. Resistência da telha sob a ação do gelo; 6. Evitar a formação de distribuições irregulares de neve aquando a sua queda brusca; 7. Reduzir as condensações interna no sistema construtivo, eliminando o vapor de água; 8. Melhorar o conforto térmico natural. O princípio de funcionamento deste conceito pode ser facilmente explicado através da seguinte ilustração: Figura 4 – Principio de funcionamento da cobertura ventilada [1] A cobertura ventilada funciona de acordo com o “princípio da tiragem térmica”. Princípio este que garante a circulação de ar pela face inferior das telhas. O fluxo de ar admitido na zona mais baixa (beirado) aumenta a sua temperatura por ação do calor do telhado, que o torna menos denso, provocando a sua subida por convecção natural, até as aberturas mais elevadas. (cumeeira/rincão/parede, etc.). [1] Posto isto, será lógico perceber que a fixação dos elementos da cobertura com recurso a argamassas de fixação não beneficia o principio físico, uma vez que quando aplicada em excesso proporciona a estanquicidade do ar nos pontos singulares indicados. Por tudo isto e com vista à resolução deste problema, foram criados acessórios cerâmicos e mecânicos capazes de dar resposta às exigências da aplicação, garantindo a ventilação dos elementos. No estudo de caso seguidamente apresentado, mostra-se a aplicação destes acessórios e alguns pormenores a ter em conta numa execução de uma obra desta natureza. Os acessórios cerâmicos e mecânicos desenvolvidos pela Umbelino Monteiro têm como objetivos gerais os seguintes pontos: 1. Promover a correta interligação das pendentes com os pontos singulares; 2. Facilitar a execução da cobertura; 3. Rentabilizar a obra, reduzindo o tempo de aplicação e mão-de-obra; 4. Contribuir para a segurança dos aplicadores, devida a facilidade de execução; 5. Promover o perfeito enquadramento estético e arquitetónico de todos os elementos do telhado. Nas ilustrações seguintes apresentam-se alguns acessórios fundamentais à execução de coberturas ventiladas. Os acessórios cerâmicos são desenvolvidos de acordo com a necessidade de resolução de problemas e existem em todas as cores e tonalidades das gamas de telha Revestimento com telha cerâmica, uma solução construtiva sustentável 106 disponíveis, apresentam-se também alguns exemplos destas peças, neste caso utilizadas com maior frequência: Figura 8 – Telhão. Figura 9 – Remates (Tamancos). Figura 10 – Canto de 11 peças. Alguns exemplos de acessórios mecânicos usados para fixação dos elementos cerâmicos em diferentes pontos da cobertura: Figura 5 – Grampo de Beirado. Figura 6 – Grampo de Cumeeira. Figura 7 – Grampo de Telha Canudo. 3. CASO PRÁTICO – REABILITAÇÃO DE COBERTURA O estudo de caso prático ilustra a reabilitação de um edifico situado no centro histórico de Leiria, onde para além da substituição de todos os elementos de revestimento cerâmico, foram tidas em conta técnicas e soluções capazes de responder a necessidades e requisitos específicos da obra em particular. Os objetivos fundamentais desta intervenção tinham em especial atenção os seguintes parâmetros: 1. Intervir no elevado estado de degradação da cobertura; 2. Corrigir os problemas e assentamentos estruturais; 3. Garantir a total estanquicidade da cobertura; 4. Promover maior conforto térmico e controle da salubridade do edifício; 5. Durabilidade e período de vida útil dos materiais constituintes; 6. Não intervir na estética e arquitetura de base do imóvel. O estado avançado de degradação da cobertura antes da intervenção está ilustrado nas seguintes imagens: Figura 11 – Beirados. Figura 12 - Zona das Mansardas. Pedro Lourenço Figura 13 – Pendentes. 107 Figura 14 - Beirados e Rincões. Como se pode verificar nas imagens anteriores, o material cerâmico apresentava-se muito degradado. As principais causas para as patologias encontradas são a falta de ventilação na face inferior da cobertura e os excessos de argamassa. [1-3] A estrutura apresentava apenas patologias pontuais em alguns elementos, essencialmente empenos ou degradação devida a infiltrações. Optou-se por reforçá-la apenas nestes pontos singulares, mantendo quase todo o material que se considerou em estado conforme. Figura 15 – Estado da Estrutura. Figura 16 – Ponto singular. Figura 17 – Regularização da Estrutura. Figura 18 – Reforço e Regularização. Os reforços foram executados com recurso a materiais metálicos, por decisão do dono de obra e para as regularizações optou-se por placas de aglomerado de madeira OSB, conferindo assim um suporte estável e nivelado para receber o revestimento cerâmico. Na face superior da placa de regularização aplicou-se uma membrana impermeável à água e respirável para que, com efeito da ventilação, o vapor não se acumule criando condensações e futuras patologias associadas. De destacar, na Figura 19, a colocação das ripas de suporte da telha, que propositadamente foram aplicadas de forma descontínua e desencontrada, para garantir a passagem do fluxo de ar e direcionando o mesmo de forma a abranger toda a área. Revestimento com telha cerâmica, uma solução construtiva sustentável 108 A medida do ripado de suporte da telha depende do material e cada obra. Apesar de os fabricantes poderem indicar valores médios, recomenda-se recomenda se que seja sempre feito ensaio específico para cada caso. Figura 19 – Membrana e Ripas. Ripas Figura 20 – Aplicação do Beirado. Beirado Na fixação dos beirados usou-se usou parafusos e grampos específicos (Figura 5), aplicados em ripa de madeira. Teve-se se em consideração ainda a utilização de uma tela transitória da zona da pendente para o beirado, para garantir a total estanquicidade neste ponto singular. A aplicação do telhado inicia-se se sempre pelo beirado, parte inferior da vertente, que deverá ser devidamente ensaiado para que as peças possam fazer face às dimensões das fachadas de forma concertada e bem divida. O espaçamento entre telhas de beirado pode variar entre 19 a 20 cm entre eixos e as peças de beirado podem ter entre 18 a 20 cm em consola para além da cornija. No caso de serem usadas peças de bicas e capas de 60 cm a medida de consola pode ir até aos 30 cm. O “canto de 11 peças” é o acessório cerâmico ideal, produzido especificamente para executar o encontro de ângulos externos das diferentes fachadas. Este elemento deverá ser ensaiado quando o beirado para que, tendo em conta a flexibilidade de ajuste das peças possam rematar de forma perfeita todo o perímetro erímetro do edifício. (Figura 21) 21 [2] Para garantir a admissão de ar pelo beirado mas não permitir a entrada de pássaros e/ou folhas secas, etc., pode-se recorrer a malhas de proteção em PVC ou utilizarr as peças de remate cerâmico (Figura igura 9). Neste caso por razões essencialmente estéticas e arquitetónicas, arquitetónica optou-se pelo recurso aos tamancos (Figura ( 33) Figura 21 – Início cio da aplicação do telhado e pontos importantes importante do Beirado. Beirado Antes da aplicação das telhas, deve-se deve misturar os diferentes “molhos” das diferentes paletes de material, para colmatar as nuances deste produto, que sendo um material cerâmico possui diferenças geométricas e de tonalidade aceitáveis, de acordo com a norma que certifica o produto - EN NP 1304. Pedro Lourenço 109 Longitudinalmente a aplicação deverá ser feita no sentido de baixo para cima, podendo tomar qualquer sentido na direção transversal. Todas as telhas foram grampeadas com recurso ao acessório mecânico específico (Figura 7) e foram colocados em alguns pontos fixações com recurso a mástique. Figura 22 – Mistura dos molhos de telha. Figura 23 – Aplicação da telha. As linhas de cumeeira e de rincão são as intersecções entre águas (pendentes) de diferentes direções, sendo que a cumeeira é linha de remate superior em plano horizontal e os rincões em planos inclinados. A execução destes elementos deverá ser feita de acordo como no esquema (Figura 24). Para execução destas linhas utilizaram-se os grampos específicos (Figura 6) para fixação das ripas de suporte em madeira com secção de 2,0x3,0cm2. Nestas foi aplicada, uma membrana de alumínio microperfurada, com capacidade impermeável mas que permite a passagem de ar e posteriormente os telhões cerâmicos que, com auxílio dos tamancos (Figuras 8 e 9), rematam perfeitamente a cobertura, conferindo um acabamento arquitetónico e funcional de elevado nível. Nas terminações das linhas de cumeeira foi usada uma peça cerâmica desenvolvida para rematar esta linha – Topo de Cumeeira. (Figura 35) Figura 24 – Vista em corte de linha de cumeeira. Figura 25 – Aplicação do Rincão. Figura 26 – Ensaio dos Telhões do Rincão. Revestimento com telha cerâmica, uma solução construtiva sustentável Figura 27 – Aplicação da membrana de Rincão. 110 Figura 28 – Aplicação de “Canto de 11 peças”. Na cobertura, foram ainda aplicadas telhas de ventilação, com objetivo de promover a admissão de ar em diferentes pontos ao longo da área da pendente. A colocação destas peças deverá ser de forma desencontrada (Figura 29) e num rendimento de 3 a 4 un/m2. Figura 29 – Aplicação das Telhas Ventiladoras. Figura 30 – Pendente (Aspeto (Aspe Final). Figura 31 – Beirado (Canto exterior). exterior) Figura 32 – Beirado (Canto Interior). Interior) Figura 33 – Beirado (Acabamento Frontal). Frontal) Pedro Lourenço Figura 34 – Ponto Singular. Singular 111 Figura 35 – Remate Topo de Cumeeira. Cumeeira 4. COBERTURAS SUSTENTÁVEIS SUSTENTÁV 4.1 NZEB – Net Zero Energy Building O NZEB – Net Zero Energy Building, Building em português - Edifício de Balanço Energético nergético Nulo, é um conceito cada vez mais em voga na construção civil dos dias de hoje. De acordo com o seguinte esquema (figura 36) percebemos que cada moradia necessita de receber fornecimento de energia para os mais variados fins, com vista a manter a funcionalidade da mesma e garantir o conforto dos seus ocupantes. [4] Figura 36 – Necessidade de fornecimento energético geral de um edifício. edifício Assim, quanto mais um edifício consumir, maior será a sua necessidade de fornecimento. É exatamente a partir desta consideração base que se torna imprescindível pensar e executar os edifícios novos e reabilitados através dos princípios da Construção Sustentável: 1. Reduzir o uso de energia de forma racional e as emissões de CO2; 2. Reduzir as necessidades de aquecimento e arrefecimento interior; 3. Mantendo os níveis de conforto e temperatura interior dos edifícios. Chegar a estas máximas, passa pela utilização de técnicas e métodos construtivos onstrutivos adequados ao local, que permitam desde logo poupanças de energia nas fontes de produção, transportes dos materiais e reduzir custos de mão-de-obra. mão São exemplos,, os tipos de construção em madeira, adobe, pedra e cal, entree outros, que visam aproveitar recursos naturais existentes e enquadrar as moradias na envolvente. [5] Por outro lado recorrer apenas a fontes de energia renovável para os edifícios não é a solução, pois como podemos verificar verifica no seguinte gráfico (figura 37)) o investimento nestas soluções é tanto maior quanto maior for a necessidade e os preços de mercado destas tecnologias são elevados. Assim, torna-se imperativo estudar os edifícios desde a raiz (projeto)) até à execução da obra, promovendo o máximo de medidas med passivas de eficiência energética. [4] Intervir logo no planeamento urbano dos loteamentos para garantir as implantações mais eficientes,, que recebam as melhores infraestruturas infraestruturas é o primeiro passo para construir um Revestimento com telha cerâmica, uma solução construtiva sustentável 112 edifício sustentável. O Passo seguinte passa por escolher os melhores materiais e técnicas de construção para maximizar de forma passiva o desempenho do edifício. Na execução da obra a correta aplicação de todos os pormenores é fundamental. O penúltimo passo passo diz respeito à utilização do edifício. Devemos promover o máximo de economia através da utilização de equipamentos de iluminação adequados e sistemas de monitorização que possam contribuir para o controlo e sensibilização dos consumos, de forma a criar “hábitos sustentáveis” nos utilizadores. (figura 38) [4] Figura 37 – Necessidade energética Vs produção de energia. energia Figura 38 – Medidas de otimização timização dos edifícios. edifícios Após verificadas estas medidas, e para cumprir o objetivo de poder caracterizar o edifício como sustentável – NZEB, NZEB o último passo é dimensionar os sistemas ativos que possam complementar os consumos e gastos de energia absolutamente necessários no edifício. Como verificamos ficamos no gráfico da figura 39, o investimento to nas tecnologias de produção de energia renovável é agora muito menor devido essencialmente à redução das necessidades energéticas do edifício.. Torna-se Torna assim menos “utópica” a perspetiva tiva do nosso parque habitacional ser constituído por Edifícios de Balanço Energético Zero. [4] Figura 39 – Gráfico NZEB. Pedro Lourenço 113 4.2 Telhas Solares Fotovoltáicas As formas de produção de energia através de fontes fontes renováveis são várias, tendo em conta as várias possibilidades que a natureza nos proporciona. O Sol fornece energia na forma orma de radiações, que no fundo podemos considerar como a base de toda a vida na Terra. Analisando nalisando os níveis de radiação que chega até nós, percebe-se percebe que o nosso país é sem dúvida um dos que possuem p maior potencial para recorrer à energia Solar. (Figura 40) Figura 40 - Irradiação Solar na Europa. Europa Figura 41 - Irradiação adiação Global de Portugal. Já dentro de fronteiras, a distribuição da irradiação solar está visível na Figura 41, onde se percebe ercebe as diferenças de nível consoante a região geográfica que, embora Portugal seja um país pequeno em área, possui 5 regiões solares, das quais 3 delas delas são bastantes distintas [6-7] [6 Por outro lado, sabemos que a cobertura é responsável por um valor enorme de perdas energéticas do edifício, dada da a sua dimensão, abrangência e por na maioria dos casos serem desvalorizadas as medidas de correta conceção e boas práticas as de execução das coberturas (Figura 42). ). Assim, conclui-se conclui se logicamente que a cobertura enquanto elemento dos edifícios deverá ser o primeiro alvo de intervenção com vista a obter ganhos através da eficiência energética. Figura 42 – Perdas energéticas associadas a cada parte do edifício.. Com todos estes pressupostos, a Umbelino Monteiro desenvolveu as Telhas Solares – SOLESIA com objetivo de maximizar o efeito NZEB a partir da cobertura, sem no entanto colocar em causa a estética, imagem, traça e funcionalidade dos edifícios. O objetivo foi integrar as telhas cerâmicas com os módulos fotovoltáicos,, de forma harmoniosa e perfeitamente te funcional. O caixilho, composto por alumínio, suporta os módulos fotovoltáicos de características monocristalínas, e é produzido especificamente para par encaixar na telha. (Figura 43). Revestimento com telha cerâmica, uma solução construtiva sustentável 114 Figura 43 - Módulo fotovoltáico e caixilho. Na interligação, são usadas telhas cerâmicas específicas, desenhadas e produzidas para encaixar perfeitamente com os módulos e garantir todas as funcionalidades da cobertura. [2] A montagem do sistema é simples e pode ser facilmente esquematizada nas seguintes ilustrações: Pedro Lourenço 115 Figuras 44 – Procedimento de montagem do sistema. 5. CONCLUSÕES Do estudo elaborado para este artigo, conclui-se: conclui 1. A importância da cobertura é muito elevada no contributo para o bom funcionamento técnico do edifício; 2. As boas práticas de aplicação de uma cobertura são fundamentais para o bom desempenho e cumprimento do período de vida útil de toda solução construtiva, desde a estrutura até ao revestimento; 3. A cobertura ventilada pressupõe ganhos energéticos, reguladores e de funcionamento dos materiais e da estrutura de apoio; 4. Aumentando a eficiência do edifício em termos passivos pressupõe menores investimentos nas componentes ativas; 5. As soluções de cobertura apresentadas pela Umbelino Monteiro SA podem contribuir em forte medida para atingir o NZEB – Edifício de Balanço Energético Nulo (Figura 45). Figura 45 – Solução Ideal para cobertura sustentável. Revestimento com telha cerâmica, uma solução construtiva sustentável 116 6. BIBLIOGRAFIA [1] A. Vaz Serra e ed. Lit., APICER, CTCV e IT, Manual de Aplicação de Telhas Cerâmicas, Coimbra, 1998 [2] Umbelino Monteiro SA, Tabelas e Fichas Técnicas dos produtos, Pombal, 2009 [3] Vasco Peixoto de Freitas, Paulo da Silva Pinto, Humidade na Construção – Humidade de Condensação, Universidade do Minho, 2003 [4] Joyce, António, LNEG, Energia Solar e o seu contributo para os edifícios de balanço energético nulo, Lisboa, 2010 [5] Tirone Livia, Construção Sustentável - “Soluções eficientes hoje, a nossa riqueza de Amanhã”, Lisboa, 2008 [6] IST, Energia fotovoltáica, Manual sobre tecnologias, projeto e instalação, Lisboa, 2004 [7] DGEG, Guia de certificação de unidades de Microprodução, Lisboa, 2008