In this paper, I propose an explanation jor the occurrence oj

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Sonia Maria Lazzarini CYRINO
(UEL)
ABSTRACr: In this paper, I propose an explanation jor the occurrence oj the null
"indirect object" in Portuguese and its occurrence in English with some verbs, by
relating the phenomenon to "dative shift", assuming Larson (1988) and Cyrino (1994).
KEY WORDS: Larsonian structure, dative shift. null complements, generative syntax
Dillinger et aI. (a sair), estudando os padroes de complement~ao do portugues
falado, observam que 0 "lundo" sintatico de nossa lingua seria S V CO(Sujeito - Verbo
- Complemento), e apontam nio somente para a ocorr!ncia do objeto direto nulo, mas
tambem para a aIta incid!ncia do "objeto indireto" nulo. Os autores tamb6m sugerem
que os objetos indiretos que foram codificados no seu corpus como argumentos,
poderiam, na verdade, ser reanalisados como adjuntos, e seguem Perini (1989) e
Dillinger (1991), que "salientam a dificuldade de se distinguir (por meios estruturais)
entre objeto indireto (SP complemento) e adjuntos adverbiais preposicionados,
levantando a hip6tese dessa distin~iio tradicional ser espl1ria ou de natureza nio
sintatica"(Dillinger et al. :28).
A ocorrencia do "objeto indireto" nulo nio foi ainda muito estudada em portugues
brasileiro (PB). Na realidade, 0 que e denominado "objeto indireto" na gramatica
tradicional pode ser fonologicamente nulo em Hnguas ate mesmo como 0 ingles,
dependendo do verbo. Em (Ia) abaixo, 0 objeto indireto nulo e possivel; ja em (1b)
seria agramatical:
(1)
a.
b.
Did you receive a letter from your friend?
No, I received a card.
Did you give a flower to your teacher?
*No, I gave an apple.
(2) a.
b.
Did you receive a letter from your friend?
*No, I received from my aunt.
Did you give a flower to your teacher?
*No, I gave to my friend.
Em PB, contudo, tanto
sentenrras:
0
objeto direto como
0
objeto indireto podem ser nulos nessas
(3) Voce recebeu uma carta de seu amigo?
a. Nao, recebi urn cartlio.
b. Nao, recebi de minha tia.
(4) Voce deu uma flor para sua professora?
a. Nao, dei uma ma~a.
b. Nao, dei para a minha amiga.
E interessante notar que a possibilidade de objeto indireto nulo em ingles parece
estar relacionada com a possibilidade ou nao de DATIVE SHIFT. E conhecido 0 fato de
que alguns verbos em ingles permitem essa opera~ao,enquanto outros, nao:
(5) a.
b.
I received a letter from my friend
* I received my friend a letter.
I gave a flower to my teacher
I gave my teacher a flower.
Parece que a possibilidade de objeto indireto nulo s6 existe para verbos que NAo
permitem "dative shift". Tomando como exemplo os verbos apontados em Larson
(1988),·podemos verificar que essa generaliza~ao se verifica:
b.
Did you donate money to charity? (*Did you donate charity money?)
No, I donated jewelry.
Did you distribute apples to children? (*Did you distribute children
apples?)
Se, por outro lado, olharmos tambem os verbos que permitem "dative shift" (de acordo
com a gramatica "COLLINS COBUILD English Grammar"), e que nao podem ser
usados intransitivamente, podemos verificar que a ausencia do objeto indireto e
impossivel (7). Mais uma vez, 0 objeto direto nulo e totalmente imposslvel nesses
casos (8):
(7) a. Did you advance some money to your daughter? (Did you advance your
daughter some money?)
*No. 1advanced some hope.
No, 1 advanced her some hope.
b. Did you band some candies to your friends? (Did you hand your friends
"some candies?)
*No. 1handed some apples.
No. I handed them some apples.
(8) Did you hand some candies to your children? (Did you hand your children
some candies?)
*No, I handed _ to my friends.
*No, I ~~ded my friends _.
Em vista dessas observa~oes, neste trabalho exploro a possibilidade de uma
relacao entre os dois fenOmenos.Segundo Larson (1988), uma sentenca com 0 verba
give. que permite 0 objeto duplo, teria a estrutDra em (9). Larson argumenta que tanto
give my teacher a flower como give a flower to my teacher tern a mesma estrutura
subjacente:
(9) VP
I \
SpecV' V'
I
\
V
VP
I
I
\
e NP
V'
I
I
aflower V
I
give
\
NP
I
(to) my teacher
Nessa estrutura, 0 objeto indireto e intern0 a VP. Em PB. poderiamos adotar a mesma
estrutura para construcoes com dois complementos.
Segundo Larson, mesmo construcoes que nao permitem "dative shift", como em
(6) acima, teriam a mesma estrutura. "Dative shift" nao pode ocorrer por causa da
preposiCao, que, nesses casos, nao seria "redundante" com 0 verbo, isto e, 0 verba nao
teria urn papel tematico "meta" (que seria 0 papel tematico tambem atribuido pela
preposicao "to"), e assim a preposicao nao poderia ser reduzida a urn simpks marcador
de Caso. Em outras palavras, a preposicao nao pode ser "absorvida". Isso incluiria casos
ate como (10). Podemos observar que essa sentenca, no entanto, admite 0 objeto
indireto nulo (11):
(10) I cut the salami with the knife.
*1cut the knife the salami.
(11) Did you cut the salami with the knife?
No, Icut the bread.
o objeto dire to nulo do PB, segundo Cyrino (1994), eurn caso de reconstruyao em
FL e elipse em FF (- urn outro exemplo de reconslruyao em FL e elipse em FF seria 0
caso da elipse de VP). Sera que poderiarnos considerar 0 objeto indireto nulo tambem
como urn caso de reconstruyao em FL e elipse em FF? Gostaria de propor uma resposta
afirmativa.
Os autores que estudaram a elipse de VP propoem que deve haver urn
"licenciador" para a seqUencia inaudivel (Zagona, 1982; Lobeck, 1987; Chao, 1987;
Matos, 1992; Fiengo & May, 1994). Em ingles esse licenciador seria 0 lNFL (12). Em
portugues, seria, grosso modo, 0 V(cf. Matos, 1992, 1yrinO, 1994 e em andamento):
(12) John saw his mother but Peter didn't.
o objeto nulo do PB (reconstrucao de DP), teria tambem 0 V como seu
licenciador. 0 ingles nao apresentaria 0 objeto direto nulo pelo fato de que 0 V nao
serve como licenciador de elipse nessa lingua.
Na proposta de Larson, 0 objeto indireto e complemento de V. Portanto, 0 objeto
indireto tarnbem 1Wl poderia ser nulo em ingles. Porero, con forme vimos acima em (1a)
e (6), essa af111I1ativanao se confirma. Assim, se assumirmos que objetos indiretos
nulos tarnbem sao resultados de reconstruyao em FL, a estrutura de Larson poderia
somente explicar 0 caso do complemento nulo de certos verbos em ingles. Recorde que
Larson propoe que a estrutura com objeto duplo e ~
como em (9), isto e, 0 objeto
indireto sempre estaria sob VP. Entiio como explicar (la) e (6)?
Duas altemativas de analise silo possiveis. Para explicar 0 caso de verbos que
permitem 0 objeto indireto nulo no ingles, como nos exemplos em (1a) e (6),
poderiarnos prop or que:
a) e uma questiio lexical, isto e, alguns verbos permitem 0 objeto indireto nulo, outros,
nao. Em outras palavras, certos verbos permitem que seus complementos permaneyam
impUcitos, como apontado em uma nota de rodape em Larson (1988:358) para 0 caso
do objeto direto ("tema") em:
John wrote a long letter to his mother.
John wrote to his mother.
A questiio seria verificar que tipo de papel tematico poderia permanecer implicito no
caso do objeto indireto nulo.
b) Ao contrmo do que Larson propoe, a estrutura para os casos de objeto indireto nulo,
ou seja, para os casos de verbos que nao permitem "dative shift", nao e como (9).
Uma vez que parece haver uma relacao entre possibilidade de "dative shift" e
"objeto indireto" nulo, seria interessante investigar a segunda altemativa de analise.
Seguindo a sugestiio de Dillinger et al., proponho que alguns chamados "objetos
indiretos" nlio estariam dentro do VP, nem em ingl&, nem em portugu&. Esses objetos
indiretos seriam aqueles que nao permitem "dative shift", como em (1a) e (6). A
explica~ao de Larson, em termos de a preposi~lio nlio ser redundante nesses casos, e,
portanto, nao poder ser absorvida, nao seria necessaria. Se fossem considerados como
adjuntos, e nao complementos, poderiamos explicar a possibilidade de nlio-realiz~lio
desses objetos indiretos.
Por outro lado, a estrutura de Larson existiria somente para verbos que permitem
"dative shift" (e nao permitem objeto indireto nulo). Nesse caso, 0 objeto indireto nlio
poderia ser nulo, pois em ingl8s 0 V nao pode "licenciar" a elipse. A nlio-ocorr!ncia de
elipse (e reconstru~ao em FL) para objetos indiretos (e diretos) em ingles fica, assim,
explicada.
Em PD, porem, V pode ser licenciador de e1ipse.No caso do objeto indireto nulo
em senten~as do tipo \(14a), em que a estrutura seria a proposta em Larson, 0 V
licenciaria a elipse (e reconstru~ao em FL) (Recorde que a mesma e impossivel em
ingles, 14b):
(14) a.
b.
Nao, dei uma ~a.
"'No, I gave an apple.
Os outros casos que permitem 0 "objeto indireto" nulo, verbos do tipo em (1) e
(6), tambem ficariam explicados. Nesse caso, terfamosadjuntos, e nlio complementos
deV.
Na analise em Cyrino (1994), a possibilidade de reconstru~liode DP (e elipse em
FF) ,no entanto, nlio depende apenas de um "licenciador", Em Cyrino (em andamento)
deveremos verificar os tra~os do antecedente na ocorrencia do objeto indireto nulo, para
confirmar a analise de recons~lio,
RESUMO: Neste trabalho, proponho uma explica~iio para a ocorrencia do "objeto
indireto" nulo em portugues e para sua ocorrencia em ingles com alguns verbos,
relacionando 0 fenomeno ao "dative shift", e assumindo Larson (1988) e Cyrino
(1994),
PALAVRAS-CHAVE: estrutura larsoniana, "dative shift", complementos nulos, sintaxe
gerativa
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