Cássia Rodrigues dos Santos

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1
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA
CURSO DE GRADUAÇÃO- ENFERMAGEM E LICENCIATURA
CÁSSIA RODRIGUES DOS SANTOS
PROTÓTIPO DE ÁLBUM SERIADO PARA ORIENTAÇÕES DO ESCOLAR COM
CÂNCER EM QUIMIOTERAPIA
NITERÓI
2016
2
CÁSSIA RODRIGUES DOS SANTOS
PROTÓTIPO DE ÁLBUM SERIADO PARA ORIENTAÇÕES DO ESCOLAR COM
CÂNCER EM QUIMIOTERAPIA
Trabalho Monográfico de Conclusão de Curso
apresentado à Coordenação do Curso de
Graduação – Enfermagem e Licenciatura da
Escola de Enfermagem Aurora de Afonso
Costa da Universidade Federal Fluminense
como requisito para obtenção do título de
Enfermeiro e Licenciado em Enfermagem.
Orientadora: Profª. Drª. Liliane Faria da Silva
NITERÓI
2016
3
S 237
Santos, Cássia Rodrigues dos.
Protótipo de álbum seriado para orientações do escolar
com câncer em quimioterapia. / Cássia Rodrigues dos
Santos. – Niterói: [s.n.], 2016.
97 f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Enfermagem) - Universidade Federal Fluminense, 2016.
Orientadora: Profª. Liliane Faria da Silva.
1. Quimioterapia. 2. Criança. 3. Enfermagem. 4.
Neoplasias. 5. Materiais de Ensino. 6. Educação em Saúde.
I. Título.
CDD 616.994
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CÁSSIA RODRIGUES DOS SANTOS
PROTÓTIPO DE ÁLBUM SERIADO PARA ORIENTAÇÕES DO ESCOLAR COM
CÂNCER EM QUIMIOTERAPIA
Trabalho Monográfico de Conclusão de Curso
apresentado à Coordenação do Curso de
Graduação – Enfermagem e Licenciatura da
Escola de Enfermagem Aurora de Afonso
Costa da Universidade Federal Fluminense
como requisito para obtenção do título de
Enfermeiro e Licenciado em Enfermagem.
Defesa em 22 de fevereiro de 2016.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dra. Liliane Faria da Silva – Presidente
Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa/UFF
Prof. Dra. Emília Gallindo Cursino – 1° examinador
Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa/UFF
Prof. Dra Maria Estela Diniz Machado- 2° examinador
Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa/UFF
Niterói
2016
5
DEDICATÓRIA
Dedico esse estudo a Cláudia e Vagner, meus pais que me
ensinou valores que farão de mim uma ótima Enfermeira.
Além de serem minha inspiração e exemplo de vida, de
superação e amor.
Dedico também às crianças em especial minha irmã
Carolina que são os seres mais sinceros e puros e que
trazem muita alegria para mim e motivam o meu estudo.
6
AGRADECIMENTOS
Agradeço antes de qualquer coisa a Deus, pela dádiva da vida, por todas as conquistas e benção
até hoje destinadas a mim e a minha família, por sempre me proporcionar a força necessária
para vencer os obstáculos da vida.
Aos meus pais Cláudia e Vagner que deram sempre seu melhor, que são a minha base, e me
ensinaram valores que fizeram de mim a pessoa que sou. Pela ajuda nos momentos tristes e
difíceis, pelo amor nos simples gestos e que me ensinaram e realmente viver de valores, pela
filosofia e ideologia de vida nas quais me espelho.
As minhas irmãs Carine, Cristiane e Carolina, que apesarem de me perturbarem muito no meu
dia a dia, estão presentes em todos os momentos especiais e difíceis da minha vida.
A minha avó Elza que me servem de lição como pessoa íntegra, batalhadora, honesta e pela
alegria de viver.
Aos amigos de toda a vida que desde que entraram em minha vida nunca me deixaram apesar de
termos seguido rumos diferentes, pela compreensão da ausência e pelo apoio e amizade de
sempre.
Aos amigos que a faculdade me proporcionou, pessoas que foram minha família por cinco anos
que sempre me deram força e encorajamento para continuar nossa caminhada e por tornar tal
caminhada mais prazerosa.
A minha orientadora Prof.ª Liliane por ter me ajudado durante o contato com a pediatria
hospitalar, pelas orientações sempre sábias, pela calma e paciência, pelo conforto e apoio de
sempre e por aceitar fazer parte e contribuir não só como orientadora, mas como grande
profissional que é que serve de exemplo para mim.
As professoras Emília e Maria Estela por aceitarem a participar da banca e que são um exemplo
de excelentes professoras e enfermeiras.
7
RESUMO
O câncer infantil é uma doença que pode causar impactos na vida da criança e seus familiares,
demandam tratamentos agressivos e que necessitam de cuidados diários, entre os tratamentos
a quimioterapia é mais utilizada. Visto que a falta de informação à criança pode prejudicar o
seu entendimento sobre a necessidade de ser submetido a diversas intervenções terapêuticas,
houve a necessidade de investigar estratégias de orientação e educação em saúde que possam
ser implementadas na assistência de Enfermagem à criança enferma. A elaboração de um
protótipo de álbum seriado para realização de orientações sobre quimioterapia antineoplásica
junto ao escolar com câncer foi o objeto investigado, com os objetivos de: identificar as
orientações sobre o tratamento quimioterápico a serem contempladas em um álbum seriado
para realização de orientações sobre quimioterapia antineoplásica junto à criança com câncer;
e elaborar um protótipo a álbum seriado para realização de orientações sobre quimioterapia
antineoplásica junto à criança com câncer. Pesquisa metodológica realizada em três etapas:
busca dos temas das orientações a serem realizadas junto às crianças com câncer em
quimioterapia; a segunda etapa foi o estudo teórico, com base em revisão de literatura e a
terceira etapa é a elaboração do protótipo a álbum seriado. A partir dos dados levantados dos
trabalhos acima, foram selecionados os tópicos referentes às orientações para compor o
conteúdo do álbum seriado. O conteúdo foi abordado de forma que houvesse concordância
entre o título do álbum e o texto interno, bem no objetivo de difundir as informações sobre a
doença, o tratamento e a possibilidade de cura objetivando esclarecer dúvidas e fornecer
informações necessárias a esta criança através de dinamismo durante a leitura e envolvimento
da criança no contexto da conversa. Assim, foram definidos os seguintes temas a serem
contemplados no álbum seriado: a formação do corpo humano o câncer, sintomas do câncer,
quimioterapia, células sanguíneas, cateter, reações adversas e orientações para o alívio,
alimentação, higiene, convívio: família, amigos, escola e cura. Conclui-se que é importante a
criança em idade escolar estar inserida em seu tratamento e na compreensão de sua doença, já
que foi visto que elas são capazes de receber estas informações e com isso melhoram suas
expectativas em relação ao processo de adoecimento. Além disso, o álbum seriado contribui
como um recurso de comunicação e linguagem apta ao nível de desenvolvimento desta
criança. Destaca-se que a orientação direcionada para a criança deve ser considerada como
uma rotina dos serviços de saúde pediátricos.
Descritores: Quimioterapia; Criança; Enfermagem; Neoplasias Materiais de ensino, Educação
em saúde.
8
ABSTRACT
Childhood cancer is a disease that can impact on children's lives and their families, require
aggressive treatment and who require daily care, between treatments chemotherapy is most
commonly used. Since the lack of information the child can harm your understanding of the
need to be subjected to various therapeutic interventions, there was a need to investigate
orientation strategies and health education that can be implemented in nursing care to the sick
child. The preparation of an album prototype series for performing guidance on cancer
chemotherapy by the school with cancer was investigated object, with the following
objectives: to identify the guidelines for chemotherapy to be addressed on a flipchart to
undergo chemotherapy on guidelines antineoplastic with the child with cancer; and develop a
prototype to show album for performing guidance on cancer chemotherapy with the child with
cancer. Methodological research carried out in three steps: search for themes of the guidelines
to be carried out with the children with cancer chemotherapy; The second step was the
theoretical study, based on literature review and the third step is the preparation of the
prototype the flipchart. From the collected data of the above work, we selected topics
concerning the guidelines for writing the contents of the flipchart. The content has been
addressed so that there was agreement between the album title and the inside text as well in
order to disseminate information about the disease, treatment and possible cure aiming answer
questions and provide information necessary to this child through dynamism while reading
and involvement of children in the context of the conversation. Thus, the following themes
were defined to be included in the flipchart: the formation of the human body cancer, cancer
symptoms, chemotherapy, blood cells, catheter, adverse reactions and guidelines for relief,
food, hygiene, living: family, friends school and healing. the school-age child concludes that
it is important to be inserted in their treatment and understanding of their disease, as it was
seen that they are able to receive this information and thus improve their expectations in
relation to the disease process. In addition, the flipchart contributes as a means of
communication and language suitable to this child's developmental level. It is noteworthy that
the orientation directed to the child should be considered as a routine part of pediatric health
services.
Descriptors: Chemotherapy; Child; Nursing; Neoplasms; Teaching materials; Health
education.
9
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 – Orientações que devem ser dadas para as crianças em tratamento
quimioterápico antineoplásico segundo a análise dos TCCs 1, 2 e 3, p. 36
QUADRO 2 – Orientações contempladas no álbum seriado sobre a doença, p. 44
QUADRO 3 – Orientações contempladas no álbum seriado sobre tratamento e cateter, p.46
QUADRO 4 – Orientações sobre efeitos colaterais, p.48
QUADRO 5 – Orientações sobre a mudança na imagem corporal, p.49
QUADRO 6 – Orientações sobre as limitações do tratamento, p.50
QUADRO 7 – Orientações para a gravidade, riscos da doença e a possibilidade de cura, p.53
10
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Processo de elaboração da pesquisa, 2015, p. 32
FIGURA 2- Representação da família, 2015, p. 44
FIGURA 3- Formação do corpo humano, 2015, p. 44
FIGURA 4- Células doentes, 2015, p.45
FIGURA 5- Sintomas do câncer infantil, 2015, p.45
FIGURA 6- Quimioterapia infantil, 2015, p.46
FIGURA 7- Representação do catéter, 2015, p.46
FIGURA 8- Representação das células de defesa, 2015, p. 48
FIGURA 9- Efeitos colaterais do câncer infantil: constipação e diarréia, 2015, p. 48
FIGURA 10- Efeitos colaterais do câncer infantil: náuseas e vômitos, 2015, p. 48
FIGURA 11- Imagem corporal: alopécia, 2015, p. 49
FIGURA 12- Limitações do tratamento, 2015, p. 50
FIGURA 13- Higiene pessoal do escolar com câncer, 2015, p.51
FIGURA 14- Células vermelhas, 2015, p.51
FIGURA 15- Plaquetas, 2015, p.51
FIGURA 16- Convivência do escolar com câncer, 2015, p.51
FIGURA 17- Representação da cura, 2015, p.52
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO, p. 13
1.1 OBJETO, p. 16
1.2 QUESTÕES NORTEADORAS, p. 16
1.3 OBJETIVOS, p. 16
1.4 JUSTIFICATIVA, p. 16
1.5 CONTRIBUIÇÕES DO ESTUDO, p. 19
2 REVISÃO DE LITERATURA, p. 20
2.1 CÂNCER INFANTIL, p. 20
2.2 QUIMIOTERAPIA, p. 23
2.3 ENFERMAGEM ONCOLÓGICA PEDIÁTRICA, p. 25
2.4 ORIENTAÇÕES À CRIANÇA EM IDADE ESCOLAR EM QUIMIOTERAPIA, p. 27
2.5 ÁLBUM SERIADO COMO ESTRATÉGIA PARA ORIENTAÇÕES AO ESCOLAR
COM CÂNCER EM QUIMIOTERAPIA, p. 29
3 METODOLOGIA, p. 31
3.1 DESENHO DA PESQUISA, p. 31
3.2 ETAPAS DA PESQUISA, p. 32
3.2.1 Etapa1: busca dos temas, p. 32
3.2.2 Etapa 2: estudo teórico, p. 33
3.2.3 Etapa 3: elaboração do protótipo a álbum seriado, p. 33
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO, p. 34
4.1 CONSTRUÇÃO DO ÁLBUM SERIADO, p. 34
4.1.1 Seleção dos conteúdos contemplados no álbum seriado, p. 35
4.1.2 Seleção das ilustrações e textos do álbum seriado, p. 41
4.1.3 Montagem do layout do álbum seriado, p. 42
4.2 ORIENTAÇÕES CONTEMPLADAS NO ÁLBUM SERIADO, p. 43
4.2.1 Orientações sobre o câncer para a criança, p. 43
4.2.2 Orientações sobre o tratamento quimioterápico para a criança, p. 46
4.2.3 Orientações sobre os efeitos colaterais, p. 47
4.2.4 Orientações sobre as mudanças na imagem corporal, p. 49
4.2.5 Orientações sobre as limitações do tratamento, p. 50
4.2.6 Orientações para a gravidade, riscos da doença e a possibilidade de cura, p. 52
5 CONCLUSÃO, p.54
12
6 OBRAS CITADAS, p. 56
7 OBRAS CONSULTADAS, p. 60
8 APÊNDICES, p. 61
8.1 APÊNDICES 1: PROTÓTIPO DE ÁLBUM SERIADO PARA ORIENTAÇÕES DA
CRIANÇA EM IDADE ESCOLAR EM QUIMIOTERAPIA, p. 61
13
1
INTRODUÇÃO
A motivação para o desenvolvimento desse estudo vem desde a minha trajetória como
estudante do curso de Formação de Professores no Ensino Médio, onde tive a possibilidade de
me aproximar cada vez mais do universo infantil. Além disso, durante a minha graduação em
Enfermagem, os ensinos teóricos - práticos das disciplinas de Enfermagem na Saúde da
Criança e Adolescente I e II, possibilitaram o retorno na experiência do cuidado com a
criança, mas com o foco para a saúde integral, não só o da Educação em si. Com isso pude
notar minha aptidão pela área e o interesse profissional de permanecer no cuidado integral à
criança.
A partir desses fatos citados acima, delimitou-se a inquietação e a curiosidade durante
o ensino teórico-prático, direcionada ao aprendizado e entendimento por parte do escolar em
relação à sua patologia e tratamento. Visto que a falta de informação à criança pode prejudicar
o seu entendimento sobre a necessidade de estar sendo submetida a diversas intervenções
terapêuticas. Há necessidade de investigar alguma estratégia de educação em saúde que possa
ser implementada, como parte auxiliadora na orientação de Enfermagem à criança enferma.
Entre as patologias que acometem as crianças, o estudo contemplou o câncer infantil,
que pode causar impactos na vida do escolar e seus familiares, além de ser uma patologia com
elevada incidência e de grande repercussão na sociedade.
Câncer é o nome dado a um conjunto de doenças que têm em comum o crescimento
desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se para outras
regiões do corpo. Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e
incontroláveis, determinando a formação de tumores ou neoplasias malignas (BRASIL,
2012).
No que se refere ao câncer infantil, entre os tumores mais frequentes estão às
leucemias, os do sistema nervoso central e linfomas. Assim como em países desenvolvidos,
no Brasil, o câncer já apresenta a primeira causa de morte por doença entre crianças e
adolescentes de 1 a 19 anos, para todas as regiões (BRASIL, 2011).
Devido a sua complexidade, o tratamento deve ser feito em centros especializados
compreendendo três modalidades principais: quimioterapia, cirurgia e radioterapia, sendo
aplicado de forma racional e individualizado para cada tumor específico e de acordo com a
extensão da doença (BRASIL, 2011). Entre as modalidades de tratamento, segundo Costa e
Lima (2002) a quimioterapia é o mais frequente, associadas ou não à radioterapia, cirurgia,
14
imunoterapia e hormonioterapia, dependendo de fatores como tipo de tumor, localização e
estágio da doença.
De acordo com Mutti e Souto (2010), a assistência em pediatria oncológica baseia-se
no cuidado preventivo, curativo e paliativo. No qual o cuidado preventivo pode se dar por
ações antes do nascimento da criança, através do aconselhamento genético, e durante a
infância, a partir de orientações de hábitos de vida saudáveis: alimentação, atividade física e
cuidados com o meio ambiente. Entretanto, vale ressaltar que a associação entre câncer em
crianças e fatores de risco ainda não está bem esclarecida. O cuidado curativo engloba o
diagnóstico, o tratamento e o controle. Já o cuidado paliativo desenvolve-se através de
assistência multiprofissional, com a inter-relação de ações de suporte e conforto para a criança
e sua família. O suporte constitui-se pelo alívio do sofrimento, através do controle da dor e
dos sintomas, bem como o apoio psicossocial e espiritual.
Vale destacar que os profissionais envolvidos no tratamento das crianças com câncer
não atuam somente no controle dos sintomas, mas também no tratamento de intercorrências
que tem grandes potenciais de morbimortalidade. Entre as possíveis complicações destacamse aqui aquelas provenientes da quimioterapia, que a modalidade de tratamento mais utilizada
no câncer infantil.
Embora seja um tratamento eficaz para muitos tipos de câncer, a quimioterapia, assim
como outros tratamentos de câncer, pode causar efeitos colaterais. Os tipos e a intensidade
dos efeitos variam de pessoa para pessoa, conforme o tipo, localização do câncer, a dose de
tratamento e saúde da pessoa. A quimioterapia traz fortes efeitos colaterais, como náuseas e
vômitos, que muitas vezes se manifestam logo após a infusão dos fármacos antineoplásicos.
Além disso, a pessoa pode apresentar alopecia, fraqueza, diarréia, aumento ou perda de peso,
assim como mucosite, onde o paciente apresenta lesões múltiplas na mucosa oral. Em
decorrência dos diversos efeitos colaterais, que podem surgir no decorrer do tratamento
quimioterápico, os pacientes e seus familiares devem ser orientados quanto aos cuidados que
devem adotar (BRASIL, 2013).
A criança quando é diagnosticada com alguma doença crônica, como o câncer, acaba
estabelecendo um vínculo com o ambiente hospitalar devido às internações recorrentes e ao
tempo de duração destas (PEDRO; FUNGHETTO, 2005). Isso faz com que os profissionais
que atuam nesses serviços estabeleçam uma relação de ajuda, tanto da família quanto da
criança, por meio da comunicação efetiva, identificação das necessidades e, assim, desenvolve
uma assistência integral a todos os envolvidos neste processo.
15
Cabe ao enfermeiro promover um cuidado centrado na criança e sua família, e
estabelecer boa comunicação entre os pais/criança/equipe, pois ela é componente essencial na
promoção da saúde e no cuidado à criança, visando uma assistência integral (biológica,
psicológica, social, econômica, espiritual e cultural).
Proporcionar cuidado e educação para estes pacientes e familiares representa um
significante desafio para a enfermagem, pois o enfermeiro é o profissional mais habilitado e
disponível para apoiar e orientar o paciente e a família na vivência do processo de doença,
tratamento e reabilitação, afetando definitivamente a qualidade de vida futura (BRASIL,
2007).
Apesar dos avanços tecnológicos na área de saúde para a informação da população,
ainda enfrentam-se algumas questões vinculadas à representação social do câncer. Focando
este aspecto, é importante melhorar a qualidade das informações sobre o câncer infantil, sendo
necessário dinamizar a atenção ao tratamento do escolar. Foi observada então a necessidade
de elaborar um recurso de fácil interpretação e acesso para a educação em saúde, no caso
deste estudo, o álbum seriado.
O álbum seriado trata-se de um interessante recurso visual, formado por páginas em
sequência desenvolvendo uma só mensagem em forma progressiva e lógica. É utilizado para
auxiliar aulas, palestras, demonstrações, reuniões, etc. Contem diversas folhas grandes de
papel usadas para ensinar grupos pequenos sobre um assunto específico. Cada ideia principal
é mostrada em uma folha (MARCIANO et al., 2008) Então, o seu uso torna o ensino mais
fácil, pois cada folha relembra o educador sobre os pontos principais, podendo conter
fotografias, mapas, gráficos, organogramas, letreiros ou qualquer material útil na exposição de
um tema.
O recurso é compreendido como um conjunto de saberes e fazeres relacionados a
produtos e materiais que definem terapêuticas e processos de trabalho, e constitui-se em
instrumento para realizar ações de promoção da saúde.
Para tanto, o enfermeiro pode fazer uso de materiais didáticos, como álbum seriado,
para intercâmbio de informações com o escolar e os familiares envolvidos no
acompanhamento destas.
16
1.1
OBJETO
Frente ao exposto, esta pesquisa tem como objeto de estudo: o protótipo a álbum
seriado como estratégia didática para realização de orientações sobre quimioterapia
antineoplásica junto ao escolar com câncer.
1.2
QUESTÕES NORTEADORAS
1)
Quais as orientações devem estar contidas em um álbum seriado para realização de
orientações sobre quimioterapia antineoplásica junto ao escolar com câncer?
2)
O álbum seriado pode ser utilizado como uma estratégia educacional para os escolares
com câncer?
1.3
OBJETIVOS
1) Identificar as orientações sobre o tratamento quimioterápico a serem contempladas em
um álbum seriado sobre quimioterapia antineoplásica junto ao escolar com câncer;
2) Elaborar um protótipo a álbum seriado para realização de orientações sobre
quimioterapia antineoplásica junto ao escolar com câncer.
1.4
JUSTIFICATIVA
O presente estudo justifica-se por ressaltar a importância da orientação às crianças em
idade escolar em tratamento quimioterápico, esperando-se assim melhorar a qualidade de vida
dessas crianças. Já que a maior parte das crianças e adolescentes com câncer pode ser curada,
se diagnosticada precocemente e tratada adequadamente faz-se crucial a orientação à criança
para uma melhor adesão ao tratamento e uma melhor qualidade de vida (BRASIL, 2008).
O estudo se justifica ainda enquanto proposta da Política Nacional de Atenção
Oncológica que estimula a pesquisa na Atenção Oncológica, visando à qualificação da
assistência e a promoção da educação permanente aos profissionais de saúde segundo os
princípios da integralidade e humanização Encontra-se também dentro das necessidades da
Agência Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde que incentiva pesquisas que versam
sobre práticas terapêuticas voltadas à prevenção, reabilitação e qualidade de vida da criança
(BRASIL, 2008).
17
Para maior aproximação com a temática de estudo orientações para o escolar com
câncer em quimioterapia, foi feita uma busca na base de dados LILACS (Literatura LatinoAmericana em Ciências da Saúde). Como estratégia de busca, foram utilizados descritores
contidos nos Descritores em Ciências da Saúde – DeCS, a saber: câncer, quimioterapia,
criança, neoplasias, enfermagem oncológica. Os descritores foram combinados da seguinte
forma: ―neoplasias AND criança AND enfermagem‖, ―quimioterapia AND criança‖,
―oncologia AND criança‖, ―enfermagem oncológica AND criança‖, ―criança AND câncer
AND quimioterapia‖.
Os critérios de inclusão que orientaram a seleção das publicações foram: artigos com
resumo e texto na íntegra, disponíveis na base, nos idiomas inglês/português/espanhol e com
recorte atemporal. Foram excluídas as publicações que não tinham a criança como foco.
No resultado da busca na LILACS, com a combinação de palavras: ―neoplasias AND
criança AND enfermagem‖ foram encontradas 40 referências, sendo selecionadas 13; com as
palavras ―quimioterapia AND criança‖, foram encontradas 22 e selecionadas 3; no termo
―oncologia AND criança‖ foram encontrados 27 artigos e selecionados 2 e na combinação de
palavras ―enfermagem oncológica AND criança‖ foi encontrada 56 referências e utilizadas 9;
e na última combinação ―criança AND câncer AND quimioterapia‖, foram encontrados 50
artigos e selecionados 6.
Essa pesquisa resultou em um total de 195 publicações. Das 195 publicações
encontradas, 33 foram selecionadas obedecendo aos critérios de inclusão e exclusão. Ao
analisar estes estudos foi verificado que apenas 11 publicações abordavam ao assunto
referente ao tema em questão orientações para o escolar com câncer em quimioterapia, mas
nenhuma obra abordava o álbum seriado como estratégia de enfermagem na quimioterapia.
Os autores Arruda et al. (2009) e Costa e Lima (2002) discutem que na infância o
indivíduo constrói sua relação com o próprio corpo, com o mundo externo e a partir daí
adquire uma estrutura de personalidade que será a base para todas as suas experiências
futuras. Sendo o câncer um evento inesperado e indesejável, podem causar sequelas físicas e
psíquicas que serão marcantes para a criança.
No que se refere ao cuidado à criança e ao adolescente com câncer e sua família
Cicogna; Nascimento; Lima (2010), Palma; Sepúlveda (2005) e Pedro; Funghetto (2005)
abordam que o plano de cuidados de enfermagem deve levar em consideração que estes serão
submetidos a tratamento longo e complexo, que manejarão inúmeras informações acerca da
doença, que necessitarão se adaptar a novas pessoas - equipe de saúde. As enfermeiras
responsáveis pelo cuidado a tal clientela devem estar em constante capacitação, buscando
18
instrumentos para atender as necessidades físicas, emocionais, sociais e culturais da criança,
do adolescente e de seus familiares.
Gomes e Collet (2012) e Mutti; Paula e Souto (2010) afirmam que a assistência em
oncologia requer do profissional de saúde uma prática resolutiva, seja qual for à situação de
doença vivenciada pela criança e seus desdobramentos no cotidiano familiar. Desse modo,
mostra-se a necessidade de rever dinâmicas assistenciais e práticas no cuidar em pediatria
oncológica. É preciso revisitar conceitos como o cuidado e repensar a partir de uma visão
holística.
O aumento da sobrevida de crianças e adolescentes com câncer, que ora vem
ocorrendo no Brasil, à semelhança de outros países, é decorrente do tratamento
multidisciplinar, ou seja, da utilização de métodos de diagnóstico mais apurados; da evolução
dos medicamentos e agentes que proporcionam suporte contra infecções; da utilização de
novas modalidades hemoterápicas e dos transplantes de medula óssea; do apoio psicossocial e
da nutrição adequada. Com disso, percebe-se a importância da informação dessas crianças
para a própria melhoria de adesão ao tratamento e melhoria da qualidade de vida, pois alguns
pais não conhecem o tratamento quimioterápico de seus filhos. Destacou-se que as crianças
em idade escolar, já começam a cuidar de si e conseguem entender, se explicadas sobre sua
patologia e seu tratamento, sendo elas são as mais indicadas para falar de seu tratamento
(LEMOS; LIMA; MELLO, 2004).
A criança, quando doente, sente dificuldade em compreender o que está se passando
com ela, tanto em relação à doença em si, como no que se refere aos procedimentos
diagnósticos e terapêuticos, aos quais é submetida. Diante disso, ela apresenta dificuldade em
interagir com seu corpo doente (SOUZA et al., 2012).
Cruz et al. (2014) percebeu que a maior parte dos profissionais realiza as orientações
acerca da quimioterapia antineoplásica aos pais dessas crianças, perdendo a oportunidade de
atuarem como mediadores de informações sobre o tratamento quimioterápico junto às
crianças.
Nas últimas décadas, a equipe de enfermagem tem vivido transformações no seu
cotidiano assistencial, alterando a dinâmica do seu trabalho. Desde então, novos instrumentos
passaram a ser utilizados pelos profissionais, alterando, também, a finalidade da assistência
(PIMENTA; COLLET, 2009). A enfermagem precisa desenvolver métodos de abordagem
que aprendam as suas necessidades de assistência. Particularizando o cuidado de acordo com
a singularidade de cada caso (NASCIMENTO et al., 2005).
19
A proposta de construção do protótipo de álbum seriado se justificou ainda pela
escassez, na literatura, de recursos e materiais educativos sobre as orientações para crianças
em idade escolar, e pelo fato de ser considerada tecnologia de ensino que irá auxiliar o
enfermeiro, enquanto no seu papel de educador, nas ações de educação em saúde junto à
criança quanto à quimioterapia.
1.5
CONTRIBUIÇÕES DO ESTUDO
O estudo pode contribuir para melhora da assistência prestada à criança com câncer
em quimioterapia, pois, contempla as principais orientações para o seu cuidado cotidiano;
assim como proporciona aos acadêmicos e profissionais de enfermagem o conhecimento desta
temática, trazendo discussão para âmbito acadêmico, e tem potencial para estimular futuros
estudos. Além disso, demonstra ao enfermeiro a importância da utilização de diferentes
estratégias que podem contribuir para uma nova ótica do cuidar em enfermagem em
oncologia, por sua vez contribui para o desenvolvimento da profissão.
20
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 CÂNCER INFANTIL
Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o
crescimento desordenado de células, que invadem tecidos e órgãos. Dividindo-se
rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a
formação de tumores malignos, que podem espalhar-se para outras regiões do corpo
(BRASIL, 2012).
Na infância podem ocorrer inúmeras doenças crônicas, umas com maior e outras com
menor prevalência. Dentre as doenças crônicas na infância, o câncer ganha destaque pela sua
alta incidência e pela repercussão que gera tanto na vida da criança quanto na vida da família
(NASCIMENTO et al., 2005).
Estudos do INCA (2016) afirmam que com base em referências dos registros de base
populacional, são estimados que ocorrerão cerca de 12.600 casos novos de câncer infantojuvenil no Brasil por ano em 2016 e em 2017. As regiões Sudeste e Nordeste apresentarão os
maiores números de casos novos, 6.050 e 2.750, respectivamente, seguidas pelas regiões Sul
(1.320), Centro-Oeste (1.270) e Norte (1.210).
Segundo o INCA (2012) as causas de câncer são variadas, podendo ser externas ou
internas ao organismo, estando inter-relacionadas. As causas externas referem-se ao meio
ambiente e aos hábitos ou costumes próprios de uma sociedade. As causas internas são, na
maioria das vezes, geneticamente pré-determinadas, e estão ligados à capacidade do
organismo de se defender das agressões externas.
Enquanto os tumores nos adultos estão, em geral, relacionados à exposição aos vários
fatores de risco já citados, as causas dos tumores pediátricos ainda são pouco conhecidas –
embora em alguns tipos específicos já se tenha embasamento científico de que sejam
determinados geneticamente. Do ponto de vista clínico, os tumores infantis apresentam
menores períodos de latência, em geral crescem rapidamente e são mais invasivos. Por outro
lado, respondem melhor ao tratamento e são considerados de bom prognóstico (INCA, 2008).
Nos tumores da infância e adolescência, até o momento, não existem evidências
científicas que nos permitam observar claramente essa associação. Com isso, a prevenção
torna-se um desafio (BRASIL, 2011).
21
Mutti e Souto (2010, p.72) informam que embora a associação entre câncer em
crianças e fatores de risco ainda não esteja bem esclarecida, a prevenção do câncer infantil
pode se dar por ações antes do nascimento da criança, através de aconselhamento genético aos
pais, e durante a infância, com orientações sobre hábitos saudáveis de vida (alimentação,
atividade física e cuidados com o meio ambiente).
Os tumores podem ter início em diferentes tipos de células. Quando começam em
tecidos epiteliais, como peles ou mucosas, são denominadas carcinomas. Se o ponto de
partida são os tecidos conjuntivos, como osso, músculo ou cartilagem, são chamados
sarcomas. Já o linfoma é um tipo de câncer derivado do sistema linfoide. E, por fim, a
leucemia, que se caracteriza pela proliferação de células anormais derivadas de elementos
hematopoiéticos da medula óssea (BRASIL, 2012)
Ainda em relação à causa do câncer infantil, muitos casos estão associados a
alterações genéticas e alguns tumores estão relacionados a anomalias congênitas. Sabe-se que
retinoblastoma pode ser hereditário em 40% dos casos, sendo importante o aconselhamento
genético. A aniridia pode estar relacionada com a ocorrência de tumores de Wilms, já a
hemipertrofia corporal, ao tumor de Adrenal, tumor de Wilms e hepatocarcinoma (BRASIL,
2008).
No Brasil e no mundo, as leucemias (doença que afeta os glóbulos brancos) são os
tipos de câncer que mais acometem crianças e adolescentes. Em segundo lugar, nos países
desenvolvidos estão os tumores de sistema nervoso central (SNC), e nos países em
desenvolvimento estão os linfomas (afeta o sistema linfático). E em terceiro lugar, nos países
desenvolvidos estão os linfomas e nos países em desenvolvimento estão os tumores de SNC,
podendo haver exceções (BRASIL, 2011).
Ao que se diz sobre os sinais e sintomas do câncer infantil, eles podem ser
confundidos com os de outras patologias pediátricas e que isso pode dificultar o diagnóstico
precoce, que é fundamental para a cura (BRASIL, 2008).
Os sintomas vão variar de acordo com o tipo de tumor. Assim, caso a criança
apresente um tipo de leucemia, esta pode ficar pálida, ter sangramento, susceptibilidade às
infecções, sentir dores ósseas, entre outros. Isso ocorre devido à invasão da medula óssea por
células anormais (BRASIL, 2013).
No caso do retinoblastoma, um sinal característico é o ―reflexo do olho do gato‖, onde
a criança apresenta embranquecimento da pupila quando exposta à luz, podendo ser realizado
esse teste desde a fase de recém-nascido. Além desse sinal, a criança pode apresentar
fotofobia ou estrabismo (BRASIL, 2013).
22
Os tumores do sistema nervoso central apresentam sintomas como: vômitos, dores de
cabeça, alterações motoras, paralisia de nervos e alterações no comportamento. Tumores
sólidos, como tumor de Wilms (que afeta os rins), podem se manifestar através do surgimento
de massa, visível ou não, em diferentes regiões. Também pode estar associado a dores em
membros, o que é comum em casos de osteossarcoma (BRASIL, 2013).
O Diagnóstico precoce é fundamental e é a partir do diagnóstico que se inicia o
tratamento, Mutti e Souto (2010) dizem que para o diagnóstico e acompanhamento da
evolução do câncer são usados vários métodos de imagem (radiografia convencional,
ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética) e marcadores
tumorais (substâncias produzidas pelo tumor e secretadas no sangue, urina ou líquor).
Devido à associação frequente do diagnóstico de câncer com a possibilidade iminente
de morte, a notícia da doença torna-se um choque brutal para a criança e sua família, gera
mudança na rotina e hábitos de vida prévios. Desta forma, o diagnóstico pode gerar reações e
emoções que devem ser tratadas do ponto de vista psicológico, havendo necessidade de
atuação da equipe multidisciplinar (COSTA e LIMA, 2002).
Os tratamentos para o câncer infantil se baseiam em três modalidades: quimioterápica,
radioterápica e cirúrgica. Mutti e Souto (2007 apud CAMARGO e FERREIRA 1, 2010)
referem que os tratamentos atuais possuem dois objetivos principais: aumentar as taxas de
sobrevida, diminuir os efeitos tardios do tratamento; e reintegrar a criança à sociedade com
qualidade de vida, sendo a quimioterapia a mais utilizada.
O tratamento do câncer geralmente é acompanhado por dor e sofrimento para acriança
e família que estão relacionados muitas vezes, ao processo do adoecer, à necessidade de idas
frequentes ao hospital, aos procedimentos invasivos, alterações do corpo e estado emocional
(GOMES et al., 2012).
Sobre os possíveis efeitos colaterais da quimioterapia Gomes et al. (2011 apud
MACKAY e GREGORY2, 2012) dizem que um estudo identificou que entre os sintomas mais
desconfortáveis, sob o ponto de vista de crianças em tratamento estão: náuseas e vômitos,
aumento do peso, dor, reação de hipersensibilidade, fadiga e febre, os quais interferem
diretamente no cotidiano delas levando à diminuição do estado de bem estar e,
consequentemente, piora na qualidade de vida.
1
Camargo B, Kurashima AY. Cuidados paliativos e oncologia pediátrica: o cuidar além do curar. São Paulo
(SP): Lemar; 2007.
2
MacKay LJ, Gregory D. Exploring Family-Centered Care Among Pediatric Oncology Nurses. J Pediatr Oncol
Nurs 2011; 28(1): 43–52.
23
Após o término do tratamento oncológico, segue a fase de controle da doença. Nesse
período, a criança fica sob acompanhamento ambulatorial, desenvolvendo exames e
acompanhando seu processo de crescimento e desenvolvimento, para verificar se houve danos
em decorrência do tratamento e ainda fazer diagnóstico de possível recidiva. Por outro lado,
quando não houver sucesso no tratamento e a criança for diagnosticada como fora de
possibilidades de cura, a transição de seu seguimento clínico para o cuidado paliativo deve ser
gradual (MUTTI e SOUTO, 2010).
2.2 QUIMIOTERAPIA
A quimioterapia é o método que utiliza compostos químicos, chamados
quimioterápicos, no tratamento de doenças causadas por agentes biológicos. Quando aplicada
ao câncer, a quimioterapia é chamada de quimioterapia antineoplásica ou quimioterapia
antiblástica (INCA, 2010).
Segundo o INCA (2013) os agentes utilizados no tratamento do câncer afetam tanto as
células normais como as neoplásicas, porém eles acarretam maior dano às células malignas do
que às dos tecidos normais. Os citotóxicos não são letais às células neoplásicas de modo
seletivo. As diferenças existentes combinam para produzir seus efeitos específicos.
A quimioterapia consiste na administração de drogas antineoplásicas, geralmente
por via oral ou endovenosa, que atuam lesando células tumorais, porém, também
células benignas. (Apesar de atuarem não só nas células tumorais, essas são as mais
afetadas, visto que há um quantitativo maior de processos metabólicos realizados
por essas células). O primeiro quimioterápico antineoplásico foi desenvolvido a
partir do gás mostarda, usado nas duas Guerras Mundiais como arma química. Após
a exposição de soldados a este agente, observou-se que eles desenvolveram
hipoplasia medular e linfóide, o que levou ao seu uso no tratamento dos linfomas
malignos. A partir da publicação, em 1946, dos estudos clínicos feitos com o gás
mostarda e das observações sobre os efeitos do ácido fólico em crianças com
leucemias, verificou-se avanço crescente da quimioterapia antineoplásica.
Atualmente, quimioterápicos mais ativos e menos tóxicos encontram-se disponíveis
para uso na prática clínica. Os avanços verificados nas últimas décadas, na área da
quimioterapia antineoplásica, têm facilitado consideravelmente a aplicação de outros
tipos de tratamento de câncer e permitido maior número de curas (BRASIL, 2013,
p.1).
O tratamento pode ser feito com a aplicação de um único quimioterápico
(monoquimioterapia)
ou
mais
de
um
quimioterápico
(poliquimioterapia).
A
monoquimioterapia atualmente é de uso muito restrito, visto que mostrou pouca eficácia em
induzir respostas completas ou parciais significativas. Já a poliquimioterapia tem eficácia
comprovada e é utilizada com o intuito de atingir diferentes fases do ciclo celular, se
24
beneficiando do sinergismo que a associação das drogas confere. Além do sinergismo, a
poliquimioterapia confere menor probabilidade de resistência às drogas e maior reposta
fisiológica a cada dose administrada (BRASIL, 2013).
Os quimioterápicos são divididos em 5 grupos de acordo com suas especificações
farmacológicas e suas funções, são eles: agentes alquilantes, antimetabólicos,
antibióticos, alcalóides da vinca, miscelânea. As células neoplásicas possuem as
mesmas fases de crescimento das células normais (G0, G1, S- síntese; G2 e Mmitose) e os agentes quimioterápicos podem agir em uma determinada fase do ciclo
celular (ciclo- específicos/ fase- específicos), não em uma fase específica mas no
ciclo como um todo (ciclo- específicos/ fase não específicos), ou não agir
necessariamente em fases de crescimento celular, mas em células de repouso (fase
G0- ciclo- não específicas) (BRASIL,2013,p.2).
Em relação aos efeitos tóxicos dos quimioterápicos, embora estes sejam frequentes, é
importante destacar que:
Os efeitos terapêuticos e tóxicos dos quimioterápicos dependem do tempo de
exposição e da concentração plasmática da droga. A toxicidade é variável para os
diversos tecidos e depende da droga utilizada. Nem todos os quimioterápicos
ocasionam efeitos indesejáveis tais como mielodepressão, alopecia e alterações
gastrintestinais (náuseas, vômitos e diarreia) (BRASIL, 2013).
Sendo assim, quando presentes, os efeitos colaterais mais frequentes decorrentes do
tratamento quimioterápico são: náuseas, vômitos, mal-estar, adinamia, artralgias, agitação,
exantema e flebites, classificação como sintomas precoces (de 0 a 3 dias); os sintomas
imediatos (7 a 21 dias) são mielossupressão, granulocitopenia, plaquetopenia, anemia,
mucosites, entre outros; os sintomas classificados como tardios (aparecem após meses de
tratamento) são alopecia, pneumonite, nefrotoxicidade, miocardiopatia, entre outros; e, por
fim, os sintomas ultra tardios (aparecem após anos) que são infertilidade, carcinogênese,
mutagênese, distúrbio do crescimento, sequelas no sistema nervoso central e fibrose/cirrose
hepática (BRASIL, 2013).
A quimioterapia antineoplásica é a modalidade de tratamento mais utilizada para
combater o câncer infantil. Ela pode ser usada associada à outra, ou isoladamente. A escolha
do tipo de tratamento vai depender do tipo do tumor, de sua extensão, localização, idade do
paciente, entre outros fatores (BRASIL, 2008).
A terapêutica do câncer infantil, apesar de invasiva e complexa, nem sempre
determina a hospitalização da criança. Ela pode ser tratada no ambulatório, ficando a
hospitalização apenas quando esse atendimento não for suficiente para suprir as demandas da
doença (MELO e VALLE, 2010). Quando uma criança é submetida a um tratamento
25
quimioterápico, geralmente permanece por longas horas sentada, para administração do o
medicamento antineoplásico, e é submetida a diversos procedimentos médicos e de
enfermagem (MORAIS e MACHADO, 2010).
Todos esses procedimentos levam a criança a experimentar uma série de alterações no
estado de humor que variam desde reações de euforia e bem-estar até depressão e
irritabilidade (PIMENTA; COLLET, 2009). O impacto do diagnóstico e do tratamento do
câncer produz traumatismos emocionais, como sentimentos negativos manifestados na forma
de medo da morte e de tudo o que passa a vivenciar: dor, solidão, depressão, melancolia,
retraimento, desesperança, tristeza, revolta e contrariedade (SOUZA et al., 2012).
Em
contrapartida, a manifestação de um bom prognóstico e o desfecho de cura fazem com que as
crianças apresentem sentimentos positivos, como felicidade, satisfação por si e compaixão em
relação às outras crianças (CAGNIN; FERREIRA; DUPAS3, 2003 apud SOUZA et al., 2012)
Desta forma, a assistência de enfermagem tem papel primordial na prestação do
cuidado à criança com câncer, visto que objetiva orientar a mesma e seus familiares na
identificação desses efeitos colaterais do tratamento, assim como orientá-los quanto aos
cuidados cabíveis a cada situação (PALMA; SEPÚLVEDA, 2005).
2.3 ENFERMAGEM ONCOLÓGICA PEDIÁTRICA
Ser enfermeiro na área de pediatria oncológica exige conhecimento e habilidade para o
cuidado da criança e família, durante o tratamento e suas complicações, além de garantir a
assistência durante os cuidados paliativos (SILVA, 2008).
Costa e Lima (2002) informam que devido à complexidade da doença, o tratamento do
câncer deve ser amplo atender às necessidades físicas, psicológicas e sociais da criança,
incluindo a participação da família.
Tão importante quanto o tratamento do câncer, atenção deve ser dada aos aspectos
sociais da doença, uma vez que a criança e o adolescente doentes precisam de atenção
integral, inseridos no seu contexto familiar. A cura não deve ser baseada apenas na
recuperação biológica, mas também no bem-estar e na qualidade de vida do paciente. Assim,
não deve faltar ao paciente e sua família, desde o início do tratamento, o suporte psicossocial
necessário, o que envolve o comprometimento de uma equipe multidisciplinar e a relação com
3
Cagnin ERG, Ferreira NML, Dupas G. Vivenciando o câncer: sentimentos e reações da criança. Acta Paul
Enferm. 2003; 16(4):18-30
26
diferentes setores da sociedade, envolvidos no apoio às famílias e à saúde das crianças e
jovens (BRASIL, 2011).
Na assistência ao indivíduo com câncer, o enfermeiro tem papel fundamental na
educação em saúde, por direcionar o cuidado em enfermagem para a promoção, manutenção e
restauração da saúde, prevenção da doença e assistência às pessoas para lidar com ela e deve
incentivar o paciente e sua família a discutirem todas as dúvidas surgidas durante o tratamento
(ARRUDA, PAULA E SILVA, 2009).
Ao cuidar da criança deve-se compreender seu mundo particular e as etapas da
infância, de forma holística no que tange a díade criança-família, buscando satisfazer suas
necessidades, independente de sua condição atual. A equipe de enfermagem junto com a
equipe interdisciplinar deve desenvolver atividades com a criança e sua família, que
proporcionem a manutenção do bem-estar. (PARO; PARO; FERREIRA, 2005).
Ao atender a criança com câncer, deve-se levar em consideração que ela e sua família
serão submetidas a um longo e complexo tratamento e que suas vidas foram alteradas brusca e
rapidamente. A partir do adoecimento, essa família depara-se com novo ambiente e precisam
adaptar-se a novas formas de cuidar, preparar os alimentos, entre outras situações. Devido a
essa complexidade do cuidado, o enfermeiro que lida com esses pacientes devem estar em
constante capacitação, com o objetivo de obter melhores ferramentas de cuidado ao paciente
que demanda assistência física e emocional (PALMA; SEPÚLVEDA, 2005).
Segundo Dias et al. (2013) a assistência deve adotar competências do cuidado direto
como a interação direta com os pacientes e familiares visando promover a saúde, o bem-estar
e a qualidade de vida destes, fundamentado em uma perspectiva holística do processo saúdedoença.
Nessa perspectiva, espera-se que o enfermeiro seja o profissional de referência para
essa população, bem como para a equipe multiprofissional, assumindo a
responsabilidade por seu desenvolvimento profissional e educação continuada.
Dentre as atividades previstas nesta esfera, destacam-se: consulta de enfermagem,
visita clínica, assistência na realização de procedimentos diagnósticos e
acompanhamento da terapêutica instituída, monitoramento dos protocolos
terapêuticos instituídos e comunicação à equipe médica das alterações identificadas,
participação em discussões de casos clínicos e reuniões científicas, seguimento
telefônico dos pacientes e famílias nas diversas etapas do tratamento. (DIAS et al.
2013, p.1428)
No que se diz respeito à Educação/Ensino, segundo Dias et al. (2013) o enfermeiro é
responsável pelo processo de ensino individualizado ao paciente e sua família, por meio do
27
levantamento das necessidades de aprendizagem, utilização de estratégias pedagógicas
específicas, avaliação e reavaliação a compreensão das informações fornecidas.
Em relação à equipe de enfermagem, responde pelo ensino dos protocolos de
tratamento e cuidados específicos de enfermagem. A interface com os membros da
equipe multiprofissional é feita por meio da troca de informações a respeito do
paciente e sua família. (DIAS et al., 2013, p. 1428-1429)
2.4 ORIENTAÇÕES À CRIANÇA EM IDADE ESCOLAR EM QUIMIOTERAPIA
As crianças em idade escolar (6 a 12 anos), para Hockenberry et al (2011) estão no
estágio que Piaget define como operações concretas, sendo nesta fase quando o pensamento
torna-se lógico e coerente. Nesta fase as crianças são capazes de classificar, selecionar,
ordenar e organizar os fatos sobre o mundo para solucionar problemas, além de
desenvolverem a capacidade de ler, um dos instrumentos mais importantes para sua
independência. Desta forma, percebe-se que a criança em idade escolar é capaz de entender o
que acontece à sua volta.
Durante o tratamento oncológico, a necessidade que a criança tem com relação à
comunicação e informação depende de sua idade. As crianças com menos de cinco anos,
contam com os pais para comunicar-se com profissionais de saúde, já as crianças mais velhas,
como os escolares entre seis e doze anos, querem se comunicar diretamente com os
profissionais de saúde (GIBSON et al., 2010).
Com o objetivo de identificar as perspectivas de crianças e adolescentes com câncer
Cicogna et al. (2010, p. 3) apresentam o relato de uma criança de 11 anos e outra de 8 anos:
Eu não sabia o que era, eu fiquei quieta, aí o meu pai foi me explicar que tinha que
fazer cirurgia, que o cabelo ia cair e eu ia ficar mais no hospital até acabar o
tratamento, cinco anos. Eu comecei chorar porque eu nunca internei, desde quando
eu era pequena, nunca tomei soro, tomava soro por boca mesmo e depois falou que
eu ia ficar mais no hospital, aí acabou, vou ter que viver no hospital, morar no
hospital (C. 11 anos). O que eu achei? Nada legal, não sabia o que era isso. Me
falaram que tinha que pegar veia, eu não sabia com quê ia pegar, eu vi a agulha e
comecei a chorar (D. 8 anos).
A partir destes relatos, pode-se observar que quando a criança não é informada quanto
ao procedimento em que passará sente medo, insegurança, angústia, desespero, o que torna o
papel do enfermeiro fundamental neste processo.
Cruz et al. (2014) afirmam que os profissionais têm a preocupação para que o
conteúdo da informação seja verdadeiro e evitam mentiras, entretanto afirmam que volume de
28
informação é pouca, o mínimo possível. Sendo assim, na interação social com as crianças, a
atuação do profissional na zona de desenvolvimento potencial infantil, ou seja, naquela que
precisa da ajuda de alguém mais experiente, é reduzida com relação ao volume de
informações.
Discorrendo sobre as atribuições do enfermeiro Palma e Sepúlveda (2005) abordam
que ao prestar assistência à criança com câncer em quimioterapia, deve-se: primeiro saber até
onde a criança tem conhecimento sobre sua doença e, a partir daí, usar de linguagem simples
para explicar-lhe o que não sabe e sanar suas dúvidas; além de comunicar sobre o tratamento,
informa-lo dos efeitos esperados, dizê-lo que não estará sozinho e oferecer-lhe apoio; orientar
cada membro da família sobre a doença, seus efeitos, reações adversas e como agir em cada
situação.
Diante de tais características particulares dessa fase de desenvolvimento infantil,
constata-se que os escolares já são capazes de entender sobre sua doença, seu
tratamento e, assim, podem cuidar de si juntamente com seus pais ou responsáveis.
Neste sentido, a equipe de enfermagem deve incluí-los, juntamente com seus
familiares, no planejamento das suas ações educativas, tais como as orientações,
como uma forma de melhorar a qualidade de vida dessas crianças (CRUZ et al.,
2014, p.380).
Os desafios presentes no cotidiano do tratamento, segundo Gomes et al. (2011) de
crianças com câncer exigem cada vez mais qualificação dos enfermeiros e aperfeiçoamento
para lidar com novas demandas. O cuidar em oncologia pediátrica é ainda mais desafiador,
visto que necessita, além de recursos materiais e terapêuticos específicos, de profissionais que
entendam as questões que permeiam o universo infantil.
Ao falarem a respeito das orientações sobre a quimioterapia Cruz et al. (2014),
voltadas à criança em idade escolar, houve destaque para o volume de informações:
Bom, a orientação que a gente tenta fazer para criança em relação à quimioterapia
não é mentirosa, mas a gente tenta passar o mínimo possível, entendeu? (Cinderelatécnica de enfermagem). Damos pouca orientação a respeito da importância da
quimioterapia e da manutenção do acesso venoso integro e pérvio. (Belaenfermeira) (CRUZ et al., 2014, p.381)
29
2.5 ÁLBUM SERIADO COMO ESTRATÉGIA PARA ORIENTAÇÕES AO ESCOLAR
COM CÂNCER EM QUIMIOTERAPIA
A tecnologia é compreendida como um conjunto de saberes e fazeres relacionados a
produtos e materiais que definem terapêuticas e processos de trabalho e constituem-se em
instrumentos para realizar ações de promoção da saúde (NIETSCHE4, 2000 apud DODT et
al., 2012). Assim, está presente em todas as etapas de cuidado de enfermagem, sendo
considerados, simultaneamente, processo e produto.
Segundo Aquino et al. (2010) a tecnologia pode ser considerada a apreensão e a
aplicação de um conjunto de conhecimentos e pressupostos que possibilitam aos indivíduos
pensar, refletir, agir, tornando-os sujeitos de seu próprio processo de existência. Por sua vez, a
criação de tecnologias advindas do ato de cuidar baseia-se no conhecimento técnico e
científico, na observação do cotidiano e na preocupação com o bem-estar, tanto do cuidador,
como do sujeito do cuidado.
Sobre o conceito de tecnologia em enfermagem apontou que as mudanças nas
demandas de cuidado em saúde requerem do enfermeiro o conhecimento desse
conceito, no intuito de aplicá-lo para tomada de decisão, elevando a qualidade dos
resultados do paciente (AQUINO et al., 2010, p.691)
Salvador et al. (2012) diz que a inovação tecnológica, quando usada em favor da saúde
contribui, diretamente com a qualidade, eficácia, efetividade e segurança do cuidado, ou seja,
quando utilizada de maneira adequada cria condições que contribuem para um viver saudável
entre os indivíduos que na sociedade são produtos e produtores. Focando este aspecto, é
importante melhorar a qualidade das informações prestadas sobre o câncer infantil, sendo
necessário dinamizar a atenção ao tratamento da criança, buscando condições de minimizar e
auxiliar na transposição dessa representação. Vendo esta questão, vislumbrou-se a
necessidade de elaborar um recurso de fácil interpretação e acesso para a educação em saúde,
no caso deste estudo, o álbum seriado.
O álbum seriado consiste em uma coleção de folhas (cartazes) organizadas que podem
conter mapas, gráficos, desenhos, textos e outros. Seu uso é extenso na área da educação e
dentre as suas vantagens destacamos: direcionar a sequência da exposição, possibilitar a
imediata retomada de qualquer folha já apresentada, possibilitar a utilização de materiais
4
Nietsche EA. Tecnologia emancipatória: possibilidade para a práxis de enfermagem. Ijuí: UNIJUÍ; 2000
30
diversos na sua confecção, como fotografias e desenhos, e assinalar os pontos essenciais de
cada tópico apresentado (LEITE, 2003).
O seu uso torna o ensino muito mais fácil, pois cada folha relembra o instrutor sobre
todos os pontos principais. O álbum pode conter fotografias, mapas, gráficos, organogramas,
cartazes, letreiros ou qualquer material útil na exposição de um tema.
Segundo Ferreira e Silva Junior (1995) o álbum se compõe basicamente de ilustração e
texto. As ilustrações devem ser bem simples, atraentes, visíveis e que espelhem realidade.
Podem ser retiradas de livros, revistas ou desenhadas. Já o texto deve ser com o
vocabulário simples, acessível ao público-alvo, devendo conter orações simples e
somente com os pontos-chaves do assunto tratado. É recomendável usar letras
grandes nos subtítulos. O tamanho do álbum seriado pode ser de 50 x 70 cm. Não é
necessário fazer capa quando se tem um tripé, especialmente feito para manter o
álbum na posição conveniente (FERREIRA e SILVA JUNIOR, 1995, p.78).
O álbum seriado, como recurso visual para o ensino, tem-se mostrado um excelente
meio educativo. Atualmente a sua utilização ocorre em todos os momentos em que os
profissionais de saúde (enfermeiros, assistente social, fonoaudióloga e cirurgiões) contatam
com o paciente. Devido ao seu tamanho e a plastificação das folhas, ele é facilmente
carregado e utilizado nas enfermarias, no ambulatório e nas reuniões grupais dos pacientes.
31
3 METODOLOGIA
3.1 DESENHO DA PESQUISA
Com a finalidade de desenvolver um protótipo de álbum seriado que pudesse
contribuir para o aprendizado de crianças em idade escolar no tratamento quimioterápico
antineoplásico, foi utilizada a pesquisa metodológica, pois ela aborda os passos necessários
para o alcance deste objetivo.
A pesquisa metodológica é um tipo de pesquisa cujo objetivo é desenvolver um novo
instrumento, método, procedimento, produto, programa, instrumento de pesquisa, teoria ou
modelo. Refere-se ao tipo de pesquisa voltada para a inquirição de métodos e procedimentos
adotados como científicos. "Faz parte da pesquisa metodológica o estudo dos paradigmas, as
crises da ciência, os métodos e as técnicas dominantes da produção científica" (DEMO,
1994).
A pesquisa do tipo metodológica possui ainda como objetivo investigar os métodos de
obtenção, organização e análise dos dados com elaboração, validação e avaliação de
instrumentos, através de passos implementados e debatidos à cada etapa concluída (POLIT;
BECK; HUNGLER, 2004).
Segundo Polit et al. (2004) a maior parte dos estudos metodológicos é frequentemente
focada no desenvolvimento de novos instrumentos. A pesquisa de desenvolvimento de
instrumentos costuma envolver métodos complexos e sofisticados, incluindo o uso de
modelos com método misto.
A pesquisa presente trata-se da elaboração de um material educativo no formato de um
álbum seriado, no intuito de contribuir na disseminação de informações sobre a quimioterapia
junto à criança com câncer em idade escolar.
O álbum seriado pode ser utilizado por profissionais e estudantes da saúde como
instrumento para educação em saúde da população infantil. A pesquisa esta vinculada ao
Núcleo de Pesquisa e Estudos em Saúde Integral da Criança e Adolescente (NUPESICA) do
Departamento Materno-Infantil e Psiquiátrico da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso
Costa-EEAAC/UFF. Neste sentido, para a elaboração do material utilizou-se como base para
seleção do conteúdo do álbum seriado, os resultados de outras pesquisas desenvolvidas no
núcleo de pesquisa tendo como tema central, o estudo das orientações realizadas junto às
crianças com câncer em quimioterapia.
32
3.2 ETAPAS DA PESQUISA
O processo de elaboração da pesquisa foi composto por três etapas consecutivas
(figura 1).
Figura 1. Processo de elaboração da pesquisa
Fonte: SANTOS, Cássia Rodrigues dos Santos; SILVA, Liliane Faria da. 2015.
3.2.1 Etapa 1: busca dos temas
Na primeira etapa foi feita busca dos temas a serem abordados no algum seriado em três
trabalhos de conclusão de curso, realizados por acadêmicos de enfermagem participantes do
NUPESICA (Núcleo de Pesquisa e Estudos em Saúde Integral da Criança e Adolescente),
tendo como objeto as orientações junto às crianças em quimioterapia.
Os estudos utilizados foram ―Percepção dos familiares a respeito das orientações
realizadas pelos profissionais junto às crianças com câncer‖ o qual teve como objetivos
descrever as orientações que os familiares acham importantes para o conhecimento da criança
em idade escolar em tratamento quimioterápico antineoplásico e discutir as maneiras, segundo
a percepção dos familiares, que podem ser usadas para orientação junto às crianças em idade
escolar em tratamento quimioterápico antineoplásico (SARMENTO, 2014).
O segundo trabalho ―Orientações de enfermagem junto às crianças em idade escolar
em tratamento quimioterápico antineoplásico” teve como objetivos identificar as orientações
feitas pela enfermagem junto às crianças em idade escolar sobre a quimioterapia
antineoplásica, descrever os recursos utilizados pela enfermagem na orientação de crianças em
idade escolar sobre a quimioterapia antineoplásica e discutir as dificuldades e facilidades que a
33
enfermagem encontra na realização da orientação à criança em idade escolar sobre a
quimioterapia antineoplásica (CRUZ, 2013).
O terceiro trabalho “A visão dos familiares quanto à realização de orientações sobre
quimioterapia junto à criança com câncer” que teve como objetivos identificar as orientações
sobre o tratamento quimioterápico, que os familiares consideram importantes para serem
realizadas junto à criança com câncer e discutir a importância das orientações sobre
quimioterapia, realizadas pelos profissionais de saúde junto à criança com câncer (SILVA,
2015)
3.2.2 Etapa 2: estudo teórico
A partir dos temas encontrados nos 3 estudos citados foi realizado um estudo teórico
na literatura, com base em revisão de literatura, com objetivo de subsidiar as necessidades de
orientação das crianças em quimioterapia.
3.2.3 Etapa 3: elaboração do protótipo de álbum seriado
A terceira etapa constou da elaboração do protótipo álbum seriado, na qual três
aspectos foram considerados: linguagem, layout e ilustração.
34
4
RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1
CONSTRUÇÃO DO PROTÓTIPO DE ÁLBUM SERIADO
O protótipo de álbum seriado (apêndice 1) formou-se a partir da reflexão e escolha dos
temas abordados, da busca da literatura para fundamentação dos temas, da escolha de figuras
e frases voltados para o público alvo, além da seleção do texto para as fichas roteiro (texto no
verso das figuras) que são voltados para os profissionais de saúde.
A construção do protótipo a álbum seriado (apêndice 1) foi realizada de forma
sequencial para facilitar a organização e promover a coerência entre as informações,
proporcionando a compreensão do assunto contido no material pelo público alvo.
Neste estudo, optou-se por utilizar o método de educação para a prática da liberdade,
proposto por Freire (1999), quanto à elaboração do álbum seriado, no que diz respeito a sua
estrutura, seguindo quatro das cinco fases do processo de alfabetização.
A primeira fase trata do levantamento do universo vocabular que foi realizada em
pesquisas anteriores. Na segunda fase é feita a escolha das palavras selecionadas do universo
vocabular extraídas de percepções, crenças, sentimentos, dificuldades, dentre outros.
A
terceira fase compõe-se da criação de situações existenciais a partir de fotografias da
realidade local com a junção de todas as representações gráficas, baseadas nas situações
problemas emergidas, típicas do grupo, favorecendo o processo educativo. Na quarta fase dáse a elaboração de fichas-roteiros, que auxiliam o coordenador no debate com o público-alvo,
sendo apenas norteadoras de discussão. A leitura de fichas com a decomposição das famílias
fonêmicas correspondente aos vocábulos geradores, quinta fase do processo de Freire, não foi
utilizado por não se adequar à proposta do álbum seriado.
4.1.1 Seleção dos conteúdos contemplados no álbum seriado
Na primeira etapa da pesquisa foi realizada uma seleção dos conteúdos que seriam
utilizados na construção do álbum. Essa seleção tinha por finalidade embasar cientificamente
o assunto abordado no material, proporcionar domínio do conteúdo e informações corretas e
atualizadas para o público alvo.
Foi realizado um levantamento dos dados nos trabalhos ―Percepção dos familiares a
respeito das orientações realizadas pelos profissionais junto às crianças com câncer‖,
―Orientações de enfermagem junto às crianças em idade escolar em tratamento
35
quimioterápico antineoplásico” e “A visão dos familiares quanto à realização de orientações
sobre quimioterapia junto à criança com câncer” (CRUZ, 2013; SARMENTO, 2014 e
SILVA, 2015).
Foi identificado no trabalho ―Percepção dos familiares a respeito das orientações
realizadas pelos profissionais junto às crianças com câncer‖ que os pais/acompanhantes
gostariam que as crianças tivessem orientações sobre a doença, o tratamento, a queda de
cabelo, reações do tratamento, uso do cateter de longa permanência, cuidados com a
alimentação, cuidados de higiene, riscos do tratamento, cura, sentimentos e emoções e os
cuidados gerais (SARMENTO, 2014).
Já no segundo ―Orientações de enfermagem junto as crianças em idade escolar em
tratamento quimioterápico antineoplásico” que os profissionais de saúde da enfermagem
orientam as crianças quanto ao seu tratamento, queda de cabelo, reações do tratamento, uso de
corticóides, cuidados com a alimentação e higiene, sentimentos e emoções, cuidados gerais
(CRUZ, 2013)
No terceiro “A visão dos familiares quanto à realização de orientações sobre
quimioterapia junto à criança com câncer” é destacado que a criança deve saber sobre a
doença, a quimioterapia, os efeitos colaterais, as mudanças corporais, limitações e o
prognóstico de enfermagem; na visão dos familiares para abordar o assunto teria um momento
apropriado; como o profissional deve ajudar nas orientações e suas estratégias para essa
abordagem (SILVA, 2015).
Para esta fase, para melhor organização dos dados foi elaborado um quadro (quadro
1), que destaca os temas a serem abordados no álbum seriado.
36
Quadro 1. Orientações que devem ser dadas para as crianças em tratamento quimioterápico antineoplásico
Orientações que devem ser realizados junto às crianças em tratamento quimioterápico antineoplásico
Temas
“Percepção dos familiares a
respeito das orientações
realizadas pelos profissionais
junto às crianças com câncer”
(SARMENTO, 2014)
“Orientações de enfermagem
junto às crianças em idade
escolar em tratamento
quimioterápico antineoplásico”
(CRUZ, 2013)
“(...) Ele sabe que tem leucemia, mas
não sabe o que é.” (Voluntária 7)
O que é câncer?
“(...) explicou da doença para os
coleguinhas.” (Voluntária 8)
“Acho que a equipe tem que falar
pra ele o que é a doença (...).”
(Voluntária 10)
“A visão dos familiares quanto à
realização de orientações sobre
quimioterapia junto à criança
com câncer” (SILVA, 2015)
“Acho que os médicos devem
orientar as crianças sempre. Não
esconder deles a doença que eles
têm.” (Ariel)
“Eu acho que eles devem saber de
tudo, principalmente nessa fase. Por
que a partir dos 5 anos já tem noção
do está acontecendo.” (Rapunzel)
“(...) Ele não sabia sobre a doença.
Falava que tinha leucemia e não
tinha câncer, porque o câncer
matava e a leucemia não.” (Aurora)
Tratamento
“(...) que ele ia entrar em tratamento “Às vezes, eu falo: olha eu vou
pra melhorar.” (Voluntária 8)
colocar um remedinho que vai te
ajudar.” (Bela-enfermeira)
“A partir do primeiro dia, eles foram
muito transparentes, tanto comigo “Quando vou administrar uma
quanto com ela, falou sobre o quimioterapia digo que aquilo é um
remédio para o tratamento, (...).”
tratamento (...).” (Voluntária 5)
(Aurora- enfermeira)
“Pra ele eu acho legal ficar sabendo
do tratamento, porque ele se “Faço as orientações conversando,
interessa em saber, ele já pediu pra em relação aos medicamentos.”
“As crianças fazem muita pergunta,
querem saber de tudo, entender
sobre os remédios, (...) porque agora
ele já entende tudo.” (Ariel)
“(...) Às vezes tem medicamento que
nem eu sei e ele fala o que é. Ele
quer saber de tudo, e eu acho que
eles devem saber mesmo”. (Bela)
“O meu filho sempre pergunta que
37
saber sobre
(Voluntária 8)
Uso do catéter de longa
permanência
o
remédio
(...).” (Mulan- enfermeira)
“Ah, acho que tem que informar que
é um tratamento pro bem deles (...)”
(Voluntária 8)
“Conversaram muito com ele, “Damos pouca orientação a respeito
quando ele colocou um cateter (de (...) da manutenção do acesso
longa permanência) explicaram a integro e pérvio.” (Bela- enfermeira)
ele...
Foi
bem
repassado.
“(Voluntária 6)
medicamento é, para que serve, ele
quer saber de tudo.” (Jasmine)
“(...) Ele quer saber quantas
quimioterapias ele vai fazer, quantas
horas vai demorar.” (Aurora)
“As crianças fazem muita pergunta,
querem saber de tudo, entender
sobre os tipos de cateter, tudo eles
querem saber.” (Ariel)
“(...), cuidados com o cateter, (...).”
(Voluntária 6)
Reações do tratamento
“A médica me falou que ele pode ter “(...) que ela pode ficar enjoada, e
vômito... Acho que só isso.” neste caso tem que avisar para
(Voluntária 7)
fazermos uma medicação (...).”
(Aurora- enfermeira)
“As informações sobre as reações
elas (profissionais) passaram só “(...) que a quimioterapia provoca
depois que ele teve a reação, e (a enjoo,(...).” (Jasmine- técnica de
criança) não sabia dessas reações.” enfermagem)
(Voluntária 8)
“Nós orientamos aos pais que devido
“Eu acho que se o profissional à quimioterapia (...), ela vai ficar
sentar e explicar pra eles os riscos nauseada, vai ter que internar, não
das coisas vai ajudar muito! (...).” vai querer comer (...)” (Branca de
(Voluntária 4)
Neve- técnica de enfermagem)
“Eu acho que pra ele não seria “Durante a quimioterapia, a gente
importante passar as reações do fala para os pais sobre o que pode
tratamento.” (Voluntária 7)
acontecer: a criança pode nausear,
pode ter efeitos colaterais da
quimioterapia entendeu? Após a
“Tem vezes que ele não quer comer
nada, fica sem fome ou a boca dói
por causa das feridinhas. Essas
informações são importantes né, pra
ajudar ele a entender o porquê que
isso acontece.” (Cinderela).
“Essa figura eu coloquei porque eles
devem saber do enjoo, eles sentem
muito enjoo, não conseguem comer,
não conseguem beber, só fazendo
vômito e diarreia.” (Rapunzel).
38
Mudanças na imagem corporal
quimioterapia,
há
risco
de
queimadura, por isso orientamos os
pais que a criança não pode tomar
sol.” (Mulan- enfermeira)
“(...) fui eu que orientei sobre a “Então a gente fala: a gente vai dar
queda de cabelo.” (Voluntária 7)
um remedinho e você vai ficar com o
cabelo
assim
(alopecia).”
“(...) Mas, no geral, acho que seria (Cinderela- técnica de enfermagem)
importante orientar (...) falar sobre a
queda de cabelo. “(Voluntária 7)
“(...) falo sobre o risco de queda de
cabelo, (...).” (Aurora- enfermeira)
“Essa figura (figura 2) aqui é sobre
a queda do cabelo, que é uma
questão muito complicada, muito
difícil porque nós que temos menina
é bem complicado.” (Elza)
“A primeira vez que o cabelinho dele
caiu ele tinha oito anos e ele chorava
“(...) que um dia ela tem cabelo e muito. Quando ele olhou no espelho,
daqui um mês vai ficar careca.” ficou muito deprimido, triste pra
(Cinderela- técnica de enfermagem)
caramba.” (Bela)
“Nós orientamos aos pais que devido “É onde a ficha cai e todo mundo vê
à quimioterapia o cabelo da criança que ela está realmente doente,
vai cair, (...).” (Branca de Neve- quando o cabelo cai todo.” (Elza)
técnica de enfermagem)
“Todas as crianças que faziam o
“O contato com as outras crianças tratamento com ele já tinham caído o
facilita, ela sabe que o cabelo vai cabelo, menos o dele. Aí ele já
cair, porque vê as outras crianças.” achava que o dele não ia cair mais
(Cinderela- técnica de enfermagem)
porque já estava acabando, mas na
última etapa, caiu.” (Aurora)
Cuidados com a alimentação
“(...) Porque quando a médica falou
sobre os cuidados com os alimentos
pra ele... Ele vai ao mercado e olha a
data de vencimento das coisas, ele se
cuida!” (Voluntária 4)
“(...) cuidado com a alimentação...
Fruta, quanto está neutropênico, não
“(...) não entendem que o que a
criança come na rua que pode
prejudicar, elas continuam trazendo
coisa da rua, para a criança comer,
e não pode!“ (Jasmine - técnica de
enfermagem)
“Essa figura (figura 6) aqui é a
questão da alimentação, que eles têm
privação de tudo.” (Elza)
“(...) quando ele vai a algum lugar e
as pessoas oferecem, ele diz que não
pode comer, mas fica chateado e com
muita vontade.” (Cinderela)
39
pode comer... “(Voluntária 6)
“(...) a alimentação, conversei pra
ele comer verdura, beterraba.”
(Voluntária 2)
Cuidados com a higiene
Limitações do tratamento
“Lavar a mão toda hora, passar “(...) sobre a importância da
álcool, (...). “(Voluntária 6)
higienização das mãos. E só!”
(Jasmine- técnica de enfermagem)
“A criança tem que saber dos
cuidados pra ele explicar pras outras
pessoas que visitam e pra outras
pessoas (...) Porque muitas das vezes
a gente explica, mas as pessoas não
gostam,
né,
não
entendem.”
(Voluntária 6)
“(...) E as frutas é porque quando faz
a quimioterapia, a imunidade cai e
eles ficam neutropênicos e às vezes
as crianças gostam de fruta, laranja,
banana, e não podem, então eles
precisam saber disso.” (Rapunzel)
“A criança não pode jogar uma bola,
não pode brincar no sol, tomar
banho de piscina, muito menos ir à
praia, então muito lazeres são
privados e isso também causa
sofrimento. Eles têm que saber
disso.” (Rapunzel)
“(...) Certas brincadeiras ele também
não pode participar como jogar
bola, andar de bicicleta e isso é
difícil porque ele só gosta de
correr.” (Cinderela)
“(...), que isso é pra cura da doença
que ele tem.” (Voluntária 8)
Gravidade, riscos da doença e a
possibilidade de cura
“(...)
se
curar,
(Voluntária 4)
entendeu?”
“O meu neto reclama, e quando a
gente vai pra casa eu tenho que levar
ele na escola pra ver os coleguinhas,
ver a professora que ele deveria está
estudando.” (Ariel)
“Nós tivemos um caso (falecimento
de criança em tratamento) aqui né. A
minha filha ficou com muito medo,
tudo o que acontecia ela achava que
ia morrer igual.” (Elza)
“Quando as crianças veem algum
40
“Explicar pra eles o risco que eles
correm, explicar que cooperando dá
pra levar, (...)” (Voluntária 4)
“Eu acho que se o profissional
sentar e explicar pra eles os riscos
das coisas vai ajudar muito! Porque
eu já vi criança que a mãe esconde,
eu já vi... tem mãe que não passa pro
filho a realidade, o risco que tem.
Então você vê a criança pegando
negócio do chão, sujo, você vê a
criança descalça num lugar que
não pode, entendeu?” (Voluntária
4)
Fonte: SANTOS, Cássia Rodrigues dos; SILVA, Liliane Faria da. 2015 apud CRUZ, 2013; SARMENTO, 2014 e SILVA, 2015.
coleguinha que está em tratamento
que vai “embora” (falece), elas não
conseguem entender, ficam com
medo, perguntam o porquê, já que
eles estavam se tratando, e
questionam se isso vai acontecer com
eles também.” (Ariel)
“Minha filha foi pro CTI porque
pegou uma infecção generalizada, e
ela implorava pra não ir pra lá
porque o amiguinho morreu lá no
CTI. Aí a profissional chegou e falou
“Você não vai morrer, seu
amiguinho foi um caso e você é
outro, você vai pra lá pra se
recuperar”. Que eles têm chance de
lutar, fazer o tratamento e vencer.
Não é só infelicidade.” (Rapunzel)
41
A partir dos dados levantados dos trabalhos acima, foram selecionados os tópicos
referentes às orientações para compor o conteúdo do álbum seriado. O conteúdo foi abordado
de forma que houvesse concordância entre o título do álbum e o texto interno, bem no objetivo
de difundir as informações sobre a doença, o tratamento e a possibilidade de cura objetivando
esclarecer dúvidas e fornecer informações necessárias à criança com dinamismo durante a
leitura e envolvimento da criança no contexto da conversa.
Assim, foram definidos os seguintes temas a serem contemplados no álbum seriado:

A formação do corpo humano

O câncer

Sintomas do câncer

Quimioterapia

Células sanguíneas

Catéter

Reações adversas e orientações para o alívio

Alimentação

Higiene

Convívio: família, amigos, escola

Cura
4.1.2 Seleção das ilustrações e textos do álbum seriado
Os textos do álbum seriado foram elaborados com o objetivo de torná-lo coerente e
compreensível ao leitor.Utilizou-se uma linguagem simples, com frases breves,alguns termos
técnicos foram substituídos para explicação acessível ao público infantil.
O vocabulário utilizado deve ainda ser convidativo, de fácil leitura e entendimento.
Segundo Moreira et al. (2003) fatores como o uso frequente de polissílabos, termos raros,
terminologia técnica, palavras de formação complexa, estrutura complexa de sentenças
dificultam a leitura, a legibilidade e a compreensão do texto, por isso não foram utilizados.
Segundo Moreira, et al. (2003) a elaboração de uma mensagem simples compreende
alguns fatores que precisam ser observados: a nitidez e precisão dos caracteres; a separação
clara entre palavras, linhas e parágrafos; as palavras devem ser curtas, conhecidas e de
formação simples, pois as palavras longas exigem esforço de decodificação; as palavras novas
e termos raros se impõem com dificuldade e as palavras compostas dificultam a legibilidade;
a redundância (repetição de palavras importantes) é um fator facilitador da compreensão.
42
O texto deve ser estruturado de forma que as frases estejam nitidamente articuladas,
as palavras gramaticalmente (inter) dependentes sejam colocadas próximas umas das outras,
as palavras mais importantes para compreensão da mensagem sejam colocadas
preferencialmente na primeira metade da frase ou proposição e a estrutura da frase seja
conhecida evitando-se sintaxe rebuscada. Deve-se ainda, atentar para a quantidade de
informação contida no material, considerando-se sempre que mais informação não significa
melhor informação (MOREIRA et al., 2003).
Quanto às ilustrações utilizadas, resumiram-se em figuras retiradas da internet em sites
de domínio público, que estavam relacionadas com as informações textuais. Além de serem
atrativas, facilitam a compreensão do texto. Todas estas ilustrações estão em colorido, pois a
cor favorece a eficiência da comunicação. Evitou-se utilizar imagens de pessoas, pois não se
adequava ao objetivo das ilustrações.
Segundo Freire (1999), as figuras são codificadas em situações locais que podem abrir
para a análise de problemas e guardam em si, elementos decodificados pelo grupo, com a
colaboração do coordenador, no qual o debate em torno dela leva o grupo a se conscientizar
sobre a temática abordada.
4.1.3 Montagem do layout do álbum seriado
O álbum seriado, em cada folha, contém uma figura, para ser exposta ao grupo de
crianças, e ficha roteiro verso voltada para o profissional, facilitando a exposição do tema
para o escolar e para o profissional.
O material foi intitulado como ―Eu também posso entender o câncer‖; possui 32
páginas e é composto por elementos pré-textuais (capa, apresentação); textuais (figuras e
fichas-roteiros) e pós-textuais (referências bibliográficas).
Na capa constam o título e uma figura com 3 crianças de mãos dadas; na apresentação
relata-se o objetivo do álbum e quando utilizá-lo, além do nome das autoras.
O conteúdo inicia-se com uma história relatada por uma criança, que narra como era
sua vida até o aparecimento dos sinais que o levaram a descoberta do câncer, ela traz algumas
questões de dúvidas sobre a doença e tratamento. Ao longo do álbum, são organizadas as
informações necessárias a esta criança que foram destacadas como importantes por
pais/acompanhantes e profissionais de enfermagem em estudos abordados ao longo deste
trabalho.
43
Os textos foram elaborados em língua portuguesa, no programa Microsoft Office
Power Point, com letra Berlin Sans FB, tamanho 48 e espaço 1,0 para as figuras e com letra
Times New Roman, tamanho 18 a 25 e espaço 1,0 para as fichas roteiro.
Para a etapa de organização definitiva, houve a participação da professora orientadora,
na qual se chegou ao produto final.
4.2 APRESENTAÇÃO DOS TEMAS ABORDADOS NO ÁLBUM SERIADO
Neste
tópico
estão
os
temas
do
álbum
seriado,
sobre
os
quais
os
familiares/acompanhantes e profissionais de enfermagem acham importante serem abordados
junto à criança com câncer.
A infância é um período crucial na vida de qualquer sujeito, pois é a partir das
vivências das relações familiares e sociais como um todo, que o indivíduo constrói sua relação
com o próprio corpo, com o mundo externo, e a partir daí adquire uma estrutura de
personalidade que vai ser a base para todas as suas experiências futuras (CARDOSO, 2007).
Segundo Moreira e Dupas (2003) a criança na faixa etária escolar de 6 a 12 anos, não é
capaz de entender a saúde e a doença como um processo, ou como algo multicausal, porém,
consegue contextualizá-las por uma causa e consequência, desta forma entendemos que a
criança tem uma forma muito própria e singular de dar um significado para a sua doença.
Na assistência ao indivíduo com câncer, o enfermeiro tem papel fundamental na
educação em saúde, por direcionar o cuidado em enfermagem para a promoção, manutenção e
restauração da saúde, prevenção da doença e assistência às pessoas para lidar com ela e deve
incentivar o paciente e sua família a discutirem todas as dúvidas surgidas durante o
tratamento (SMELTZER, 2012)
A partir de então foram apresentadas os seguintes temas no álbum seriado: orientações
sobre o câncer, orientações sobre o tratamento quimioterápico, orientações sobre os efeitos
colaterais do tratamento, orientações sobre as mudanças na imagem corporal, orientações
sobre as limitações do tratamento e a possibilidade de cura.
4.2.1
Orientações sobre o câncer para a criança
A partir dos dados encontrados na etapa de seleção dos temas para compor o álbum
seriado constatou-se que na percepção dos familiares/acompanhantes e os profissionais de
44
saúde devem falar com a criança sobre a doença que ela tem (CRUZ, 2013; SARMENTO,
2014 e SILVA, 2015).
Para Gomes et al (2013) a criança com doença crônica, em idade escolar, tem
conhecimento acerca de sua condição, de acordo com a sua capacidade de compreensão. O
modo de narrar a sua história e entender o contexto de vida em que está inserida resulta de um
processo de recordação de eventos passados, mas, também, de representações presentes e
futuras.
Para abordar a doença junto à criança, na linguagem mais próxima do seu universo,
foram incluídas quatro figuras que fazem uma introdução sobre o tema, à formação do corpo
humano, como surge o câncer e os principais sintomas.
Quadro 2. Orientações contempladas no álbum seriado sobre a doença
Olá pessoal, eu sou o Joca, tenho 7 anos, moro
com meu pai, minha mãe e minha irmã Luíza.
Gosto muito de brincar, ir ao parquinho com
meu amigo Pedro, jogar vídeo game, correr e
gosto de futebol igual meu pai. Por algumas
semanas tenho me sentido muito cansado, com
dor de cabeça, vomitando, dor nos ossos, febre e
perdi alguns quilos. Minha mãe me levou no
médico e depois de muitos exames, ele disse pra
ela que tenho câncer. Mas o que é isso? O que
vou fazer? Você me ajuda a descobrir? (Figura
2)
O nosso corpo é feito por muitas células tão
pequenas, mas tão pequenas que quando se
juntam, fazem diferentes coisas que o nosso
corpo precisa como sangue, músculo, osso, pele.
(Figura 3)
45
Algumas vezes essas células se dividem muito
rápido, não trabalham direito e produzem
células diferentes que ficam doentes. (Figura 4)
Quando essas células diferentes crescem no
meu corpo posso ter... (Figura 5)
Fonte: SANTOS, Cássia Rodrigues dos; SILVA, Liliane Faria da. Eu também posso entender o câncer: álbum
seriado. 2015.
A compreensão da criança acerca de sua doença a torna um possível participante na
tomada de decisões relativas ao seu processo saúde/doença. Este fato deve ser valorizado e
respeitado pela equipe de saúde, de forma a considerar as preferências pessoais. As crianças
possuem capacidade de compreensão de sua doença e tratamento, por isso não se deve
negligenciá-las tornando-as sujeitos passivos no tratamento do câncer (GOMES et al, 2013).
Além disso, a informação tende a minimizar os sentimentos de medo e isolamento que
acompanham o diagnóstico de câncer, e faz com que o paciente coopere com os profissionais
de saúde em todo o processo terapêutico (MALTA; SCHALL; MODENA, 2009).
Quando a criança tem conhecimento sobre a sua doença, a tendência é que estas levem
com mais seriedade as orientações realizadas pelos profissionais e reforçadas pelos pais, para
o seu cuidado diário, seguindo-as de forma adequada para que o tratamento flua de maneira
mais positiva.
46
4.2.2
Orientações sobre o tratamento quimioterápico para a criança
Quanto às orientações que os familiares/acompanhantes e profissionais de saúde
julgam importantes serem realizadas junto à criança com câncer em tratamento
quimioterápico, nos estudos que embasaram a escolha dos temas foi visto que a criança deve
saber todo o processo do tratamento, os tipos de cateteres, e, em caso de transfusão, explicar o
porquê do procedimento e todas as condutas necessárias para realizá-lo (CRUZ, 2013;
SARMENTO, 2014 e SILVA,2015).
Para abordar o tratamento foram utilizadas duas figuras que explicam o porquê do
tratamento, para quê serve e abordando o uso do cateter.
Quadro 3. Orientações contempladas no álbum seriado sobre tratamento e cateter
Me falaram que agora que estou doente preciso tomar
alguns remédios e isso se chama quimioterapia, você
sabe o que é? Ela serve para que os soldadinhos
chamados leucócitos receberem ajuda com esses
remédios para lutarem contra as células que
cresceram diferentes. (Figura 6)
Como vou ter que tomar remédio e fazer exames por
isso preciso da ajuda de um “amiguinho” feito de
borracha na minha veia. O nome desse “amiguinho”
é conhecido por cateter. (Figura7)
Fonte: SANTOS, Cássia Rodrigues dos; SILVA, Liliane Faria da. Eu também posso entender o câncer: álbum
seriado. 2015.
47
Os pais/acompanhantes e profissionais de saúde concordam que a criança deve ter o
máximo de informações sobre o seu tratamento, já que possuem muitas dúvidas e o
tratamento fará parte da sua rotina por um determinado tempo (SARMENTO, 2014). Os
pais/acompanhantes também acham que cabem aos profissionais de saúde fornecer todas as
informações necessárias à criança, já que eles possuem mais informações sobre o assunto
(SILVA, 2015).
Em seu estudo Gomes et al (2013) afirma que conhecer as rotinas do tratamento faz
com que a criança saiba o que lhe irá acontecer. Mas pode gerar sentimentos controversos,
onde por um lado, ela estará preparada para o enfrentamento da situação, de forma que pode
desenvolver estratégias pessoais para minimizar o estresse; por outro, dependendo de como
seu organismo reage às medicações, pode apresentar sentimentos ambíguos entre a
necessidade de dar continuidade ao tratamento e vontade de não mais passar pelo processo de
dor e sofrimento, principalmente quando os efeitos colaterais do tratamento são
desconfortáveis.
A criança quando não tem acesso a informações sobre o procedimento a qual será
submetida, cria sentimentos como o medo e a angústia. Para evitar possíveis transtornos , o
profissional de saúde deve oferecer, sempre que possível, todas as informações.
Ao falar de inclusão das crianças, quando o assunto trata de seu estado de saúde,
tratamento, entre outros, Hockenberry (2011) afirma que o profissional de saúde deve incluir
a criança nas conversas e no cuidado desde o primeiro contato, a partir de indagações a
respeito do seu nome, idade e qualquer outra informação.
4.2.3
Orientações sobre os efeitos colaterais
Os efeitos colaterais do tratamento também é um assunto lembrado por
pais/acompanhantes e profissionais de enfermagem, onde se destacam como importante para a
realização de orientações (CRUZ, 2013; SARMENTO, 2014). Alguns profissionais acabam
ofertando essa orientação apenas aos pais e alguns pais destacam que a criança nem é avisada
sobre os efeitos, mas reforçam a necessidade da orientação (CRUZ,2013).
Para o álbum seriado foram incluídas 2 figuras onde explicam o porquê de ocorrerem
algumas reações do tratamento e os sentimentos que podem aparecer com estas reações.
48
Quadro 4. Orientações sobre efeitos colaterais
O nosso corpo percebe essa luta das células e acontecem
algumas coisas chatas, porque nessa luta algumas
células boas também são atingidas junto com as células
doentes. Então podemos ficar fracos, desanimados, com
um pouquinho de preguiça e mais algumas coisinhas.
(Figura 8)
Meu intestino está preguiçoso e as vezes tenho diarréia.
Por isso é importante beber água e contar tudo que estou
sentindo (Figura 9)
Pode ser que não consiga engolir muito bem e as vezes
nem sinta fome e fique enjoado. Isso tudo vai passar,
nessa fase eu preciso evitar comer alimentos muito
quentes ou muito frios. (Figura 10)
Fonte: SANTOS, Cássia Rodrigues dos; SILVA, Liliane Faria da. Eu também posso entender o câncer: álbum
seriado. 2015.
O tratamento contra o câncer não é simples, e seu sucesso depende de procedimentos
dolorosos e invasivos, causadores de desconforto e sofrimento.
Em diversos estudos (CICOGNA, 2010) observa-se que o efeito colateral é o aspecto
mais mencionado pelas crianças e adolescentes, sendo as mudanças físicas as mais referidas,
em razão da sua relação com a autoimagem e a integridade de todo o organismo. Para eles, os
principais efeitos colaterais são mal-estar, náuseas e vômitos, indisposição, falta de apetite,
alteração de peso, dor de cabeça, manchas na pele e alopecia.
49
Álvarez et al., (2012) diz que manifestações gastrintestinais podem ocorrer
comumente durante o tratamento de crianças com câncer por consequência da quimioterapia,
entre as quais são destacadas vômitos, náuseas, diarreias, mucosites e constipação. Essas
manifestações levam a mudança de hábitos alimentares que podem causar problemas
nutricionais à criança, sendo necessária a atenção tanto da equipe multidisciplinar que atende
a criança, como de seus familiares para evitar danos mais graves como a desnutrição por
exemplo.
4.2.4
Orientações sobre as mudanças na imagem corporal
Familiares e profissionais afirmam que alguns efeitos dos quimioterápicos, como a
queda de cabelo causam vergonha, transtorno, tristeza e estranhamento por parte das pessoas
que não tem conhecimento da doença que as crianças possuem. Portanto, as crianças precisam
saber da possibilidade dessa mudança de aparência acontecer (SILVA, 2015).
Foi incluída uma figura para abordar a queda de cabelo, que é um assunto bastante
constante nas falas de pais/acompanhantes e profissionais de saúde.
Quadro5. Orientações sobre a mudança na imagem corporal
Se o meu cabelo estiver caindo, então devo
evitar o uso de xampu, secador. Depois vai
crescer de novo, enquanto não cresce posso
usar chapéu, boné, bandana, peruca e não
posso esquecer do protetor solar... (Figura 11)
Fonte: SANTOS, Cássia Rodrigues dos; SILVA, Liliane Faria da. Eu também posso entender o câncer: álbum
seriado. 2015.
Sousa et al (2012) informa que com o objetivo de minimizar os prejuízos decorrentes
da percepção da autoimagem, a enfermagem pode informar à criança e à mãe a respeito dos
efeitos que a doença e o tratamento medicamentoso podem levar para a vida da criança,
principalmente os efeitos visíveis aos seus olhos e aos olhos de outras pessoas, como por
exemplo, as mudanças corporais. Sendo também importante encorajar a criança a
50
compartilhar seus medos, angústias e insatisfações em relação a sua imagem com a pessoa
responsável por cuidar dela, seja cuidador, familiar ou profissional.
A mudança corporal mais apontada nas pesquisas foram a queda de cabelo (CRUZ,
2013; SARMENTO, 2014). Sendo uma mudança onde faz com que as crianças passem a ser
vistas de outra maneira, identificando-as imediatamente como crianças com câncer, no caso
da queda de cabelo, ou com outras doenças contagiosas e graves.
Os profissionais de saúde devem orientar a criança junto de seu familiar, pois quando
informadas sobre essas mudanças iram lidar melhor com essas modificações. Por isso,
Nóbrega et al (2010) fala sobre a importância de os profissionais conversarem diretamente
com as crianças, realizarem essas orientações a elas, pois por mais que os
familiares/cuidadores acompanhem todo a rotina da criança, elas conhecem a si mesmas e
precisam saber o que irá modificar em seu corpo.
4.2.5
Orientações sobre as limitações do tratamento
As limitações ao tratamento também é assunto considerado importante para as
orientações. Sendo destacadas as limitações causadas na alimentação, na higiene, no brincar,
no convívio com as pessoas e a escola (SILVA, 2015).
Para o álbum seriado foram incluídas 5 figuras sobre alimentação, higiene,
brincadeiras, o dia a dia da criança, o convívio com outras pessoas e a escola.
Quadro 6. Orientações sobre as limitações do tratamento
A partir de agora, tenho que comer alimentos
bem lavados, cozidos e bem macios. Devo evitar
comer frituras e alimentos duros, como as
torradas. (Figura 12)
51
Tenho que usar sabonetes sem perfumes,
manter minhas unhas curtas e limpas, os meus
brinquedos e roupas bem limpinhos, isso tudo
para ajudar os meus soldadinhos, que são
conhecidos como leucócitos. (Figura 13)
Minhas células vermelhas, que são chamadas
de hemácias, podem diminuir um pouco e eu
ficar com anemia. Se isso acontecer, vou
precisar brincar mais paradinho para não me
cansar. (Figura 14)
Minhas células, conhecidas como plaquetas,
que fazem as “casquinhas” para que não saia
muito
sangue
dos
machucados
estão
diminuídas. Então vou precisar evitar correr,
jogar bola por um tempo para não me
machucar, mas posso ler um livro, ver tv, jogar
vídeo game com meus amiguinhos. (Figura 15)
Agora que estou no início do meu tratamento
devo evitar ir à escola, mas posso fazer minhas
tarefas com minha família, meus amigos e
professores. (Figura 16)
Fonte: SANTOS, Cássia Rodrigues dos; SILVA, Liliane Faria da. Eu também posso entender o câncer: álbum
seriado. 2015.
52
Observa-se que a descoberta do câncer e o tratamento em si, alteraram o ritmo de vida
da criança e da família e foram impostos alguns limites. A literatura afirma que após o
diagnóstico de câncer, o brincar, que antes era prioridade, dá lugar ao cuidado redobrado, as
crianças são impedidas de entrarem alguns locais de costume, como a praia e a escola, não
podem comer alguns alimentos e praticar esportes (CIGOGNA; NASCIMETO; LIMA, 2010).
Os hábitos comuns da infância tornam-se distantes, e para que essas restrições sejam seguidas,
as crianças precisam saber o porquê dessas limitações.
Uma das características marcantes da idade escolar é o desenvolvimento do senso de
industriosidade, produtividade, estágio de realização, adquirido principalmente por meio da
educação formal, e por isso as crianças valorizam a escola e se esforçam para não faltar, ainda
que sejam portadoras de uma doença crônica (GOMES et al., 2013). A criança obtém
satisfação a partir do comportamento independente, na manipulação de seu ambiente,
desenvolve habilidades necessárias para se tornar membro útil e contribuinte de sua
comunidade social.
Segundo Cicogna et al (2010) por mais que o tratamento altere as atividades diárias da
criança e do adolescente, a família deve procurar manter a rotina anterior ao diagnóstico, para
que o filho doente não se sinta incapaz, impotente e dependente, visto que os sintomas trazem
para as crianças a sensação do câncer ―mais real‖ em suas vidas e suscita mudanças na rotina
familiar, inclusive com perdas e restrições.
O isolamento da criança quando intensificado, através das restrições de visitas, a fim
de prevenir possíveis infecções, deixar de frequentar lugares que estavam acostumados, deixar
de comer algumas coisas muitas vezes propicia sentimentos de solidão e entediamento, por
isso a criança deve ser orientada o mais cedo possível para evitar transtornos futuros.
4.2.6
Orientações sobre a gravidade, riscos da doença e a possibilidade de cura
Para os pais/acompanhantes a criança deve saber da gravidade e os riscos da doença
assim como a possibilidade de cura (SARMENTO, 2014; SILVA, 2015).
Para o álbum seriado foi eleita 1 figura reforçando que a criança deve ter esperança e
confiança no seu tratamento.
53
Quadro7. Orientações para a gravidade, riscos da doença e a possibilidade de cura
Então amiguinhos, o meu tratamento acabou e
consegui me curar. Essas são algumas coisas
que eu aprendi durante o tratamento. Espero
que possa ter ajudado vocês em algumas
dúvidas. Não esqueçam de que juntos vamos
vencer esta doença! (Figura 17)
Fonte: SANTOS, Cássia Rodrigues dos; SILVA, Liliane Faria da. Eu também posso entender o câncer: álbum
seriado. 2015.
O medo da morte costuma ser sentido mais frequentemente pelos adultos,
pais/responsáveis pelas crianças. Talvez pelo fato de, erroneamente, eles serem mais
informados a respeito do estado de saúde e a gravidade da doença do que a própria criança
(FORSAIT et al, 2009). No entanto, as crianças em idade escolar, embora consideradas
ingênuas, são capazes de perceber e assimilar tudo o que é dito e apresentado ao seu redor.
Elas reagem ao diagnóstico conforme a reação das pessoas ao seu redor, reproduzem o
sentimento de tristeza, preocupação, medo e desespero (TOMA; OLIVEIRA; KANETA,
2014).
Gomes et al (2013) afirma que o sentimento de medo e a insegurança são
intensificados nas crianças, pois se encontram na fase inicial da vida e poderão não viver seus
sonhos e concretizar seus planos. Portanto, ao presenciarem algumas situações, como o
falecimento, de outras crianças com a mesma doença se sentem preocupadas e inseguras
quanto ao sucesso de seu tratamento.
Ao serem orientadas pelos profissionais de saúde, as crianças podem compreender que
cada pessoa reage ao tratamento de maneiras distintas e que o prognóstico da doença depende
de inúmeros fatores, como idade, sexo, disseminação da doença, intervalo do diagnóstico e
início do tratamento, etc (BRASIL, 2008). Assim, o medo de passar pelas mesmas situações
que o colega passou, com a mesma doença e realizando o mesmo tratamento, será
minimizado.
54
5
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo teve o intuito de identificar as orientações sobre quimioterapia
antineoplásica para assim elaborar um protótipo a álbum seriado sobre quimioterapia
antineoplásica para o escolar com câncer. Nele foram levantadas as informações que
profissionais de saúde e pais/acompanhantes julgam como importantes a serem realizadas
junto a criança com câncer em tratamento quimioterápico que posteriormente subsidiaram o
protótipo de álbum seriado.
Entre os possíveis conteúdos informativos destacaram-se assuntos que abordam a
doença, o tratamento, o uso do catéter de longa permanência, as reações do tratamento,
mudanças na imagem corporal, cuidados com a alimentação e higiene, as limitações do
tratamento; e gravidade, riscos da doença e a possibilidade de cura.
Com base nos temas destacados acima foi então elaborado um protótipo a álbum
seriado para fornecer as principais orientações à criança em idade escolar. Para a construção
deste protótipo foram considerados como importante organizar e promover a coerência entre
as informações, proporcionando a compreensão do assunto contido no material pelo público
alvo. Assim, foram realizadas três etapas que compreendem a seleção de conteúdos, a seleção
das ilustrações e textos; e a montagem do layout do álbum.
Percebeu-se que o álbum seriado é uma tecnologia útil para o ambiente de saúde, já
que é um recurso visual para o ensino, e é um meio educativo para a troca de informações de
maneira dinâmica. Além de sua utilização poder ocorrer em todos os momentos em que os
profissionais de saúde contatam com o paciente devido ser facilmente carregado e utilizado
nas enfermarias, no ambulatório e nas reuniões grupais dos pacientes.
O presente estudo contribui para que os profissionais de saúde que atuam na área
oncológica pediátrica, reflitam sobre a capacidade que a criança em idade escolar tem de
trocar informações necessárias para compreender sua doença e tratamento. Assim, ele aponta
uma estratégia para melhor abordagem e atendimento às crianças com câncer em tratamento
quimioterápico.
Sugere-se que sejam realizadas novas pesquisas sobre o uso de estratégias voltadas
para orientações da criança em tratamento quimioterápico, visto atualmente as orientações são
voltadas para os pais/acompanhantes. Além de pesquisas que descrevam o uso dessas
estratégias no ambiente de quimioterapia.
Conclui-se então que é importante a criança em idade escolar estar inserida em seu
tratamento e na compreensão de sua doença e que o álbum seriado contribui como um recurso
55
de comunicação e linguagem apta ao nível de desenvolvimento infantil. Destaca-se ainda que
a orientação direcionada para a criança deve ser considerada como uma rotina dos serviços de
saúde pediátricos.
56
6 OBRAS CITADAS:
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60
7 OBRAS CONSULTADAS
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2013.
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perspectivas para a enfermagem pediátrica. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 14, n. 3, Set.
2010.
61
8
APÊNDICE
8.1 APÊNDICES 1: PROTÓTIPO DE ÁLBUM SERIADO PARA ORIENTAÇÕES DA
CRIANÇA EM IDADE ESCOLAR EM QUIMIOTERAPIA, p.
62
Eu também posso
entender o câncer!
ÁLBUM SERIADO
2015
63
Apresentação
•
Este álbum seriado foi elaborado com o
objetivo de apoiar os profissionais de
enfermagem nas orientações necessárias à
criança em idade escolar em tratamento
quimioterápico.
•
Podendo ser utilizado sempre que
necessário
ao
fornecimento
de
informações, esclarecimento de dúvidas,
durante as consultas entre outros.
•
O câncer infantil representa no Brasil, a
primeira causa de morte em crianças e
adolescentes. É uma doença que têm em
comum o crescimento desordenado de
células e se diagnosticado precocemente
contribui para um tratamento adequado
e chances elevadas de cura.
Acad. Enf. Cássia Rodrigues dos Santos
Profª Dra. Liliane Faria da Silva
Fonte: http://www.acolhida.org.br/wp-content/uploads/desenho-crian%C3%A7a.jpg
64
• Olá pessoal, eu sou o Joca, tenho 7 anos, moro com meu
pai, minha mãe e minha irmã Luíza. Gosto muito de
brincar, ir ao parquinho com meu amigo Pedro, jogar
vídeo game, correr e gosto de futebol igual meu pai. Por
algumas semanas tenho me sentido muito cansado, com
dor de cabeça, vomitando, dor nos ossos, febre e perdi
alguns quilos. Minha mãe me levou no médico e depois
de muitos exames, ele disse pra ela que tenho câncer. Mas
o que é isso? O que vou fazer? Você me ajuda a
descobrir?
Fonte:http://www.institutoinnove.com.br/wp-content/uploads/2013/04/CRIANA1.jpg
65
Passo 1
•
•
•
Antes de fornecer qualquer informação à criança sobre a doença o enfermeiro deve conversar
com os pais/acompanhantes sobre o que já foi passado de informações à criança.
Após conhecer o público, para entreter à criança ao assunto o enfermeiro tem disponível uma
pequena história para a criança entender que qualquer criança pode ter a doença.
A partir dessa historinha o enfermeiro pode abordar como era a rotina da criança, como é sua
família...
66
E agora, o
que eu tenho?
Fonte:http://st.depositphotos.com/2400497/3047/v/950/depositphotos_30473341-Cartoon-boy-thinking-with-white-bubble.jpg
67
• O nosso corpo é feito por muitas células tão pequenas,
mas tão pequenas que quando se juntam, fazem
diferentes coisas que o nosso corpo precisa como sangue,
músculo, osso, pele.
Fonte:http://2.bp.blogspot.com/-RUFSCjuF9Pc/VOqARJd0DAI/AAAAAAAAGWM/T55Thjc1Asc/s1600/BR-P-F-JG-Q-CAB-CORPO-HUMANO-2808_2.jpg
68
Passo 2
•
Antes de falar o que é câncer, devemos apresentar para a criança como ocorre a
formação do nosso corpo.
•
Além disso, assim como todos os seres vivos, o corpo é composto por células, que
são estruturas geralmente tão pequenas que só podem ser vistas com o uso de lentes
especiais de aumento. E quando unidas elas formam tudo que tem no nosso corpo
como ossos, sangue, músculos, pele...
69
• Algumas vezes essas células se dividem muito
rápido, não trabalham direito e produzem células
diferentes que ficam doentes.
Fonte:https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRbgGbFuZxKJvdmJPyjNvgyxtUeMzjKpGGukmbK8uOSGH4M2rpY
70
Passo 3
•
Nessa parte deve-se explicar o que é o câncer, como ele se desenvolve no corpo.
•
Câncer é o nome dado a um conjunto de doenças que tem em comum a proliferação
descontrolada de células anormais e que pode ocorrer em qualquer local do
organismo. Os tumores mais frequentes na infância e adolescência são as leucemias (
que afeta os glóbulos brancos), os do sistema nervoso central e linfomas (sistema
linfático)
71
Quando essas células diferentes crescem no
meu corpo posso ter...
Fonte:http://www.mailingplus.com.br/deliverer_homolog/arq/cli/arq_1396_90545.jpg
72
Passo 4
•
Atualmente, os métodos utilizados no tratamento do câncer infantil garantem altos índices de cura, perto de 70%. Mas,
para se chegar nesse patamar, é fundamental o diagnóstico precoce.
Fique atento aos sinais e aos sintomas da doença:
Manchas roxas pelo corpo, com sangramento em locais que não sejam de trauma
Dor de cabeça, que não melhora após o uso de analgésicos, acompanhado de vômitos
Caroços (ínguas) que continuam crescendo após a melhora do quadro inflamatório
Perda significativa de peso
Olhos inchados
Febre prolongada
Pneumonia sem cura
Aumento do volume abdominal
Dificuldade de engolir os alimentos
Otite crônica (inflamação no ouvido), acompanhada de dermatite seborréica
Mudança de cor, número e tamanho em pintas, verrugas ou sinais de pele
Mudanças rápidas ou demoradas no funcionamento intestinal
Reflexo branco na pupila (olho de gato)
Anemia inexplicada com ou sem dores ósseas
Caroços nos ossos
Mudança de comportamento, irritabilidade
•
Muitos desses sintomas são semelhantes aos de várias doenças infantis comuns, mas, se eles não desaparecerem em um
prazo de 7 a 10 dias, volte ao médico e insista para obter um diagnóstico mais detalhado com exames laboratoriais ou
radiológicos.
73
• Me falaram que agora que estou doente preciso tomar
alguns remédios e isso se chama quimioterapia, você
sabe o que é? Ela serve para que os soldadinhos
chamados leucócitos receberem ajuda com esses
remédios para lutarem contra as células que cresceram
diferentes.
Fonte:https://cancerinfantil.files.wordpress.com/2011/09/3-equipe.jpg?w=640
74
Passo 5
•
Nessa parte o enfermeiro irá a começar a falar do tratamento, neste álbum estamos dando destaque a quimioterapia,mas é importante dizer que existem 3
tipos de tratamento para o câncer: quimioterapia, radioterapia e cirurgia.
A quimioterapia consiste no emprego de drogas para combater o câncer. Esses medicamentos, chamados quimioterápicos, atuam combatendo as células
doentes, destruindo e/ou controlando seu desenvolvimento.Podem ser ministradas isoladamente (monoquimioterapia) ou combinadas (poliquimioterapia).
Sendo esta última a que apresenta resultados mais eficazes, pois consegue maior resposta a cada aplicação, diminui o risco de resistência às drogas e
consegue atingir as células em diferentes fases do seu ciclo.A quimioterapia pode ser indicada como tratamento isolado ou ainda ser feita em conjunto
com a cirurgia e a radioterapia, dependendo de fatores como tipo de tumor, localização e estágio da doença.
A classificação da quimioterapia varia de acordo com a finalidade do tratamento:
Curativa – Para se conseguir a irradicação total do tumor.
Adjuvante – Utilizado após cirurgia curativa para prevenção de metástases na em torno da área do tumor.
Neoadjuvante ou prévia – Visa a redução parcial do tumor, preparando para o tratamento cirúrgico e/ou radioterapia.
Paliativa – Não se destina a cura do tumor, busca-se a melhorar a qualidade da sobrevida do paciente.
Como funciona a Quimioterapia no organismo?
As drogas quimioterápicas interferem na capacidade de multiplicação das células cancerosas. Para cada diagnóstico é definido o tipo e as combinações
das drogas a serem administrada ao paciente. Mas as drogas usadas no tratamento atingem tanto as células doentes como as normais. As células normais
mais afetadas são aquelas que mais rapidamente se dividem, incluindo as de folículos pilosos, gastrointestinal, sistema reprodutivo e medula óssea.
•
Abordando as outras modalidades de tratamento:
Radioterapia
A Radioterapia atinge diretamente o mecanismo de divisão celular, tornando-se bastante eficiente nas células cancerosas devido a sua característica
de crescimento desordenado.
Em crianças apesar dos tumores apresentarem maior velocidade de crescimento, proliferando-se mais rapidamente e tornando-se assim mais sensível
a radiação, as células normais também estão em processo de reprodução contínuo, por estar em fase de desenvolvimento.
Por isso o tratamento radioterápico deve ser ministrado com extremo critério à crianças, por apresentar maiores possibilidades de efeitos colaterais
da radiação nos tecidos e órgãos em desenvolvimento.
Cirurgia
É uma modalidade que quando indicada , o médico tem como finalidade a retirada do tumor.
75
• Como vou ter que tomar remédio e fazer exames
por isso preciso da ajuda de um “amiguinho” feito
de borracha na minha veia. O nome desse
“amiguinho” é conhecido por catéter.
Fonte:http://brasilescola.uol.com.br/upload/conteudo/images/be462a2c7bd305b5e4efdcd9f7652d4c.jpg
76
Passo 6
•
A quimioterapia pode ser administrada de diferentes maneiras. As mais comuns são:
•
Intravenosa: É a maneira mais comum. A aplicação do quimioterápico é feita diretamente na veia, normalmente no
antebraço, podendo também ser aplicada em qualquer outro local.
•
Oral: Método mais cômodo e prático. A medicação, pílula, cápsula ou líquido é ingerido diretamente pela boca.
•
Intramuscular: É ministrado o medicamento por injeção, diretamente no músculo do braço ou nádegas. O procedimento é
rápido durando apenas alguns segundos.
•
Intratecal: Os médicos utilizam o método intratecal como forma de prevenção para alguns tipos de leucemia e linfoma que
tem a tendência de se difundir para o sistema nervoso central.O método consiste em injetar a droga quimioterápica direto no
líquido Céfalo Raquidiano, para destruir qualquer célula doente.
•
O Cateter
Em alguns pacientes, o acesso venoso é muito difícil, sendo aconselhado a implantação de um cateter.O cateter é um tubo
plástico e fino que é colocado dentro de uma veia, permitindo que o paciente receba toda a medicação do tratamento, sem que
precise ser furado todas as vezes que precise fazer as aplicações.
•
São dois os tipos de cateter utilizados:
•
•
Permanentes
•
•
Colocado através de processo cirúrgico, é chamado de permanente por poder permanecer no lugar por meses ou anos. Pode
ser semi ou totalmente implantado.
Temporários
É um acesso temporário de administração da quimioterapia, que funciona da mesma forma do permanente, porém seu tempo
de permanência é de alguns dias.
77
• O nosso corpo percebe essa luta das células e
acontecem algumas coisas chatas, porque nessa luta
algumas células boas também são atingidas junto
com as células doentes. Então podemos ficar fracos,
desanimados, com um pouquinho de preguiça e mais
algumas coisinhas.
Fonte:http://comps.canstockphoto.com.br/can-stock-photo_csp20964995.jpg
78
Passo 7
•
Todo paciente com diagnóstico de câncer terá alterações em seu estilo de vida. Quer seja um paciente em atendimento
hospitalar ou ambulatorial, alguma coisa nova está acontecendo em seu corpo. As rotinas diárias deverão ser ajustadas
de acordo com a programação do tratamento. No entanto, em algumas ocasiões, essas atividades são mantidas sem
alterações.
•
Muitas das mudanças estão relacionadas aos efeitos colaterais provocados pela quimioterapia. Diferentes
quimioterapias causam diversos efeitos colaterais, que também podem variar de pessoa para pessoa.
•
O objetivo da quimioterapia é destruir células cancerosas. A decisão do paciente em fazer quimioterapia envolve riscos
e benefícios. Os benefícios são os resultados terapêuticos em combater a doença no sentido de alcançar a cura. Os
riscos estão associados aos efeitos colaterais, que podem ser pequenos, embora raramente possam a ser graves, pondo
em risco a vida do paciente. A maioria dos efeitos colaterais é temporária e desaparece ao final do tratamento. Cada
dia, novas e sadias células começam a crescer e a se desenvolver.
79
• Se o meu cabelo estiver caindo, então devo evitar o
uso de xampu, secador. Depois vai crescer de novo,
enquanto não cresce posso usar chapéu, boné,
bandana, peruca e não posso esquecer do protetor
solar...
Fonte: https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQQfs15u0z7XXlo4XvlZt3nby2rP0k394FENrvmhzRkblMILxMM7Q
80
Passo 8
•
•
A queda do cabelo (alopecia) pode ser considerada a parte mais preocupante do tratamento quimioterápico. Esse
efeito acarreta muita ansiedade, tanto para o homem como para a mulher. Os questionamentos mais frequentes
são: haverá queda do cabelo? Quando acontecerá? Quanto tempo durará? As respostas podem não ser sempre
esclarecedoras.
A queda do cabelo é um efeito colateral dependente da droga, mas nem todos os agentes provocam essa queda. O
fólico capilar é composto de células que se dividem rapidamente. Certos processos quimioterápicos tem a
tendência de destruir essas células, causando a queda dos cabelos, que podem ser os cabelos da cabeça, do peito,
dos braços, das pernas e da região pélvica.
A queda do cabelo começa dias ou semanas após o início do tratamento. A maioria das pessoas pensa que pode
acontecer durante a noite. Primeiro, essa queda é gradual. A perda dos cabelos vai se verificando durante o
banho; no travesseiro. Só então se inicia a queda em grande quantidade. Mesmo assim, ela é temporária. Quando
as células sadias iniciam o processo de reorganização, também começa o nascimento dos cabelos.
A textura, a cor e o estilo podem ser diferentes, e as pessoas assimilam sem grandes transtornos.
•
Sugestões para quando o cabelo estiver caindo ou já tiver caído completamente:

durante a queda do cabelo, sinta-se confortável, usando chapéu, bandana, peruca, etc. Alguns pacientes
providenciam uma peruca antes da queda total, que pode ter uma textura ou cor mais próxima do original;
Evitar o uso de xampu, produtos químicos, secador, permanentes, etc. enquanto o cabelo estiver caindo.
Utilize um pente de dentes largos;
Proteja o couro cabeludo de seu filho com filtro solar;
•
•



81
• Pode ser que não consiga engolir muito bem e as
vezes nem sinta fome e fique enjoado. Isso tudo vai
passar, nessa fase eu preciso evitar comer alimentos
muito quentes ou muito frios.
Fonte:http://png.clipart.me/graphics/previews/124/illustration-of-cartoon-girl-eating_124675528.jpg
82
Passo 9
•
•
•
•
•
•
•
O sistema gastrointestinal se inicia na boca. Por ser uma área onde as células se dividem rapidamente, quando essas células são
destruídas pela quimioterapia, podem causar problemas. A quimioterapia pode causar irritação na boca, levando à inflamação
conhecida como estomatite. Uma sensação tipo ―arranhão‖ na garganta pode provocar uma disfagia ou dificuldade em engolir.
Com uma boa higienização oral e a identificação precoce dos sintomas, essas condições podem ser menos desconfortáveis.
A inspeção diária da boca é o primeiro passo. Todos os dias, inspecione cuidadosamente a boca, procurando qualquer alteração.
Escovar os dentes com uma escova macia e não use produtos que contenham álcool. Escove sempre após as refeições e antes de
dormir. O uso de aparelhos corretivos, nessa fase, não é aconselhado.
Muitas vezes, as pessoas associam a náusea e o vômito ao tratamento quimioterápico. A maioria das pessoas não sabe que existem
drogas que não causam esse tipo de efeito colateral.
Se ocorrerem a náusea e o vômito, os médicos e enfermeiros estarão preparados para ministrar medicações que possam aliviar esses
desconfortos. A intensidade da náusea e o vômito varia de paciente para paciente.
Mudanças no apetite pode ocorrer durante e após o processo quimioterápico.
•
Sugestões para aliviar o desconforto da boca:
- Avise o médico;
-Evite comidas apimentadas, muito ácidos, muito quentes ou frios;
-Se não puder escovar, lave sua boca a cada 2-3 horas e depois das refeições, usando uma solução recomendada pelo médico ou
dentista.
-Experimente
servir
alimentos
moles;
-Coma com a comida em temperatura ambiente. Muito quente ou muito fria pode trazer desconforto. Tente sopas, purê de batatas,
geléias, etc.
•
Se o incômodo persistir, ou se encontrar manchas esbranquiçadas, chamadas de cândida, avise o médico ou a enfermeira. Será
prescrita a medicação adequada para o problema.
•
Lembrar que o melhor tratamento começa pelo paciente: inspeção diária da boca e detecção precoce dos sintomas.
•
•
•
Dicas para aliviar náuseas e vômitos antes e depois da quimioterapia:
Procure se alimentar em pequenas porções, em intervalos mais curtos;
Pode-se iniciar uma dieta de líquidos 12 horas antes do horário previsto para a quimioterapia. A dieta pode ser à base de chás, suco
de maça, canja de galinha, etc.
Comer comidas leves;
Manter a casa arejada e sem cheiro de comida.
Praticar técnicas de relaxamento e distração. Leia um livro ou assista o seu programa de televisão favorito.
•
•
•
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• A partir de agora, tenho que comer alimentos
bem lavados, cozidos e bem macios. Devo
evitar comer frituras e alimentos duros, como
as torradas.
Fonte:http://thumbs.dreamstime.com/z/ilustra%C3%A7%C3%A3o-feliz-dos-desenhos-animados-do-grupo-dos-vegetais-31192494.jpg
84
Passo 10
•
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•
•
•
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•
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•
•
•
•
Não há necessidade de grandes modificações na alimentação. No entanto, o paciente deve incluir
nas refeições diárias frutas, verduras, cereais, carnes, para que possa obter todos os nutrientes de
que o organismo precisa. É importante que o paciente esteja bem alimentado, para ter melhores
condições de reagir aos efeitos colaterais, ficando também menos predisposto a infecções.
Ter sempre um prato colorido e apetitoso;
Prefira vegetais cozidos;
Fazer várias refeições ao dia, em pequenas quantidades;
Evite líquidos durante as grandes refeições;
Comer devagar e mastigar muito bem;
Evite deitar logo após as refeições;
Evite o consumo de alimentos duros e secos (torradas por exemplo);
No caso de sentir náuseas e vômitos, prefira comidas na temperatura ambiente ou ligeiramente
resfriada
Alimentos com baixo valor nutritivo como chips, refrigerantes, doces e balas podem ser
consumidos,desde que se saiba a procedência, mas devem ser evitados em excesso.
Não consumir alimentos em bares, lanchonetes, restaurantes, ambulantes e alimentos provenientes
de locais cujos cuidados com a higiene sejam duvidosos.
Preferir alimentos preparados em casa com os devidos cuidados de higiene.
Conferir a data de validade dos alimentos antes de comprá-los ou consumi-los e não adquirir
alimentos com embalagens que estejam em mau estado de conservação,como latas estufadas ou
amassadas e embalagens rasgadas.
85
• Meu intestino está preguiçoso e as vezes tenho
diarréia. Por isso é importante beber água e
contar tudo que estou sentido.
Fonte:http://www.matsusako.com.br/datafiles/97772970-desenho-diarreia.jpg
86
Passo 11
•
A constipação pode ser um outro efeito colateral da quimioterapia. Se você já tem
esse problema, durante a quimioterapia ele será agravado. Porém, nem todas as
pessoas tem esse efeito colateral. Avise ao médico. Decerto, ele modificará alguns
hábitos diários para a redução do problema.

Beber mais líquidos, pelo menos oito copos ao dia. Faça uma dieta laxante.
Procure caminhar diariamente. Se for preciso uma medicação, solicite ao médico.
•
Diarréia também é efeito colateral da quimioterapia. Pode variar para paciente. Se
for detectada cedo, poderá ser melhor tratada.




Beba bastante líquido para não desidratar;
Procure eliminar produtos derivados do leite e de difícil digestão;
Coma bananas e batatas, que ajudam a elevar o nível de potássio;
Se acontecer de a diarréia conter sangue, avise seu médico.
87
• Tenho que usar sabonetes sem perfumes, manter
minhas unhas curtas e limpas,
os meus
brinquedos e roupas bem limpinhos, isso tudo
para ajudar os meus soldadinhos, que são
conhecidos como leucócitos.
Fonte:https://cancerinfantil.files.wordpress.com/2011/03/5-simesmo.jpg?w=640
88
Passo 12
•
•
A higiene pessoal deve ser mantida e aprimorada durante o tratamento onco-hematológico
pensando em prevenção de infecções.
A higiene das mãos é a principal arma contra a contaminação por microorganismos e deve ser
adotada pelo paciente e por todos os envolvidos no processo de cuidar, sempre. Para isso, utiliza-se
o sabonete e álcool gel.
•
As principais dicas para a higiene pessoal são:
- Utilizar escovas macias para escovação dos dentes, enxaguantes livres de álcool e evitar o uso de
fio dental na vigência de plaquetas baixas
- O sabonete deve ser neutro e de preferência líquido, de uso exclusivo do paciente. Evitar o uso de
esponjas em partes sensíveis do corpo
- Providenciar frasco de álcool gel para ser levado em atividades fora de sua residência
- Usar sabonete sem perfume.
- Fazer uso de creme hidratante sem perfume após o banho.
- Lavar a região ao redor do ânus com água morna e sabão antisséptico.
-Usar papel higiênico macio, sem esfregar.
- Lavar e secar as mãos, principalmente antes e após as refeições e antes e após ir ao banheiro.
- Manter as unhas curtas e limpas.
- Utilizar protetor solar sempre que exposto ao sol.
- Manter os brinquedos, roupas e objetos pessoais limpos.
89
• Minhas células vermelhas, que são chamadas
de hemácias, podem diminuir um pouco e eu
ficar com anemia. Se isso acontecer, vou
precisar brincar mais paradinho para não me
cansar.
Fonte: http://images.clipartlogo.com/files/ss/original/104/104847704/illustration-of-red-blood-cells.jpg
90
Passo 13
• As células vermelhas têm função vital no organismo, servindo para o
transporte de oxigênio. A quimioterapia diminui a produção de células
vermelhas, causando a anemia.
• Os sintomas da anemia são:





Palidez;
Fadiga;
Dificuldade de respiração;
Sonolência;
Dores nas costas.
• A anemia pode ser resolvida com transfusões sanguíneas. Deve-se
procurar o médico ou o hospital com o aparecimento desses sintomas.
91
• Minhas células, conhecidas como plaquetas, que
fazem as “casquinhas” para que não saia muito
sangue dos machucados estão diminuídas. Então vou
precisar evitar correr, jogar bola por um tempo para
não me machucar, mas posso ler um livro, ver tv,
jogar vídeo game com meus amiguinhos.
Fonte: http://st.depositphotos.com/1647366/4386/v/950/depositphotos_43860937-Cartoon-of-Blood-Cell---Erythrocytes-Leukocytes-Thrombocytes.jpg
92
Passo 14
•
Contagem de plaquetas:
Mede o número de plaquetas. As plaquetas ajudam na coagulação do sangue.
Uma baixa contagem de plaquetas aumenta o risco de sangramento.
•
Sangramentos:
O aparecimento de pintas vermelhas, manchas roxas na pele ou sangramento
em qualquer parte do corpo, mesmo que seja em pequena quantidade, são
considerados sinais de alerta. Isso pode acontecer por alteração da
coagulação do sangue ou baixa de plaquetas. Nessa situação, o pronto
atendimento deve ser procurado para controlar o sangramento e evitar
sangramentos mais graves.
•
É comum as plaquetas oscilarem e até ficarem bem baixas em algumas fases
do tratamento; nestas fases a criança, se possível, não deve cair ou se
machucar. Ofereça brincadeiras mais calmas como jogos de mesa, quebracabeças, livros, desenhos, assistir um DVD, brincar no computador...
93
• Agora que estou no início do meu tratamento
devo evitar ir à escola, mas posso fazer
minhas tarefas com minha família, meus
amigos e professores.
Fonte:https://cancerinfantil.files.wordpress.com/2011/03/2-cuidar1.jpg?w=640
94
Passo 15
•
A criança com câncer não precisa ficar ―trancada― em casa e todos devem contribuir para que ela
tenha um ambiente o mais agradável possível, respeitando algumas restrições que são impostas
pelo tratamento. As restrições dependem da fase do tratamento e da imunidade da criança. É
necessário evitar contato com doenças infecciosas e que a criança se machuque, pelo risco de
sangramentos graves.
•
•
•
•
•
•
Evitar excesso de visitas.
Evitar locais com elevado número de pessoas.
Evitar contato com animais e plantas.
Evitar contato com pessoas que estejam com doenças contagiosas.
Não tomar banho em piscina, açudes, lagoas e praias.
Atividades esportivas em grupo estão contraindicadas.
•
A escola deve ser evitada nas fases iniciais do tratamento e naquelas em que a imunidade está
comprometida, mas isso não impede que a criança faça as atividades escolares em casa com a ajuda
dos pais, amigos ou professores designados pela escola, um direito da criança.
Assim que possível, ela deve ser estimulada a retornar à escola. É importante lembrar à criança que
estas restrições são apenas durante o tratamento e que ela poderá voltar à sua rotina, quando ele
terminar.
•
95
• Então amiguinhos, o meu tratamento acabou e consegui
me curar. Essas são algumas coisas que eu aprendi durante
o tratamento. Espero que possa ter ajudado vocês em
algumas dúvidas.
• Não esqueçam de que juntos vamos vencer esta doença!
Fonte:http://eticaemoralnainfancia.zip.net/images/juntos.jpg
96
Passo 16
•
Atualmente, a criança com câncer pode ser curada na maioria dos casos, dependendo do tipo
de câncer e do tratamento. Mas isso não significa que será fácil. É preciso ter muita dedicação
por parte da equipe médica, da família e da criança. O seguimento rigoroso do tratamento é
muito importante para que sejam obtidos bons resultados. Para cuidar da criança com câncer é
importante compreender bem a doença e o tratamento.
•
O maior desafio para enfrentar a doença durante esse período da vida, no entanto, é conseguir
diagnosticá-la precocemente. Como os casos de câncer em crianças e adolescentes de até 12
anos de idade não são tão comuns — cerca de 1% do total de casos —, a maioria dos pais e
médicos não pensa que seus filhos ou pacientes podem estar com a doença. Além disso, os
principais sintomas de câncer infanto-juvenil são similares a outros problemas frequentes
nessa fase da vida, como febre persistente, manchas rochas pelo corpo, gânglios e dores nos
ossos ou no abdômen. ​
•
Diferentemente do que ocorre com a maior parte dos casos de câncer em adultos, o
crescimento anormal das células em crianças e adolescentes se dá por mutações espontâneas e
não decorrentes de ações ambientais. Por serem geralmente tumores embrionários, os cânceres
infantis respondem melhor ao tratamento.
•
O diagnóstico precoce depende do médico, mas também dos pais que devem estar alertas para
o fato de que a criança não inventa sintomas e que ao sinal de alguma anormalidade, devem
levar seus filhos ao pediatra para avaliação. É igualmente relevante saber que, na maioria das
vezes, esses sintomas estão relacionados a doenças comuns na infância. Mas isto não deve ser
motivo para que a visita ao médico seja descartada.
97
Referências
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LEMOS, Fernanda de Araújo; LIMA, Regina Aparecida Garcia de; MELLO, Débora Falleiros de. Assistência à criança e ao
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Câncer.
do
O
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Câncer.
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Quimioterapia.
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https://cancerinfantil.files.wordpress.com/2011/03/5-simesmo.jpg?w=640
http://www.matsusako.com.br/datafiles/97772970-desenho-diarreia.jpg
https://encryptedtbn1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQa3N5de6tWhcYzY79w3TxCDkjsfN0MbF98ZkOKNWADUaH5BNMh
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http://www.institutoinnove.com.br/wp-content/uploads/2013/04/CRIANA1.jpg
http://st.depositphotos.com/2400497/3047/v/950/depositphotos_30473341-Cartoon-boy-thinking-with-white-bubble.jpg
http://2.bp.blogspot.com/-RUFSCjuF9Pc/VOqARJd0DAI/AAAAAAAAGWM/T55Thjc1Asc/s1600/BR-P-F-JG-Q-CAB-CORPOHUMANO-2808_2.jpg
https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRbgGbFuZxKJvdmJPyjNvgyxtUeMzjKpGGukmbK8uOSGH4M2rpY
http://www.mailingplus.com.br/deliverer_homolog/arq/cli/arq_1396_90545.jpg
https://cancerinfantil.files.wordpress.com/2011/09/3-equipe.jpg?w=640
http://brasilescola.uol.com.br/upload/conteudo/images/be462a2c7bd305b5e4efdcd9f7652d4c.jpg
http://comps.canstockphoto.com.br/can-stock-photo_csp20964995.jpg
https://encryptedtbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQQfs15u0z7XXlo4XvlZt3nby2rP0k394FENrvmhzRkblMILxMM7Q
http://png.clipart.me/graphics/previews/124/illustration-of-cartoon-girl-eating_124675528.jpg
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