Função simbólica, subjetividade e linguagem Symbolic function, subjetivity and language Noeli Reck Maggi RESUMO O ser humano é nomeado e inscrito na linguagem tanto do ponto de vista da psicanálise, quanto da concepção histórico-cultural. A linguagem, quando dirigida do adulto para a criança, exprime uma forma de desejo, de comunicação, de expectativa e de olhar que pode ou não revelar deslocamento, descentração e estranhamento. O tema deste ensaio traz para reflexão os processos de identificação de crianças com o discurso dos pais, seus mecanismos de simbolização utilizados em situações de aprendizagem formal, nos espaços da escola e no diálogo com o Outro. Explora como a linguagem que os adultos dirigem às crianças pode designar papéis, expectativas, subjetividades e desejo pelo conhecimento. Este tema foi abordado tendo como referencial de base a teoria histórico-cultural e a psicanálise para ampliar o debate sobre as questões de linguagem, função simbólica e subjetividade, elementos indissociados na especificidade humana, especialmente se considerarmos o sujeito no seu desenvolvimento inicial. As expressões de acolhimento, de desejo e de expectativa presentes no discurso dos pais em relação à criança, são reveladas nos mecanismos de simbolização utilizados em situações desafiadoras de aprendizagem. PALAVRAS-CHAVE Subjetividade; linguagem; alteridade; função simbólica; aprendizagem. ABSTRACT Humans are named and enrolled in language both on the psychoanalysis perspective and on the historical-cultural notion. Language, when directed from the adult to the child expresses a sort of desire, of communication, of expectation and of a point of view which may or may not reveal estrangement, decentralization and displacement. This essay aims to shed some light over the child’s identification processes through the parents discourse, the symbolization mechanisms used in formal learning situations, on the school grounds and on the dialogue with the Other. It explores how the language that is directed to children by adults may designate roles, expectations, subjectivity and the desire for knowledge. We approached this theme through the historical-cultural theory and the psychoanalysis in order to broaden the debate over the language issues, the symbolic function and subjectivity, the indissociable elements of the human specificity, especially when considering the subject in its initial developmental Função simbólica, subjetividade e linguagem stage. Expressions of desire, expectation and protection present on the parents’ discourse towards the child are revealed on the symbolization mechanisms used on challenging learning situations. KEY WORDS Subjectivity; language; alterity; symbolic function; learning. 1 A constituição psíquica do sujeito e sua inscrição na linguagem A matriz simbólica construída a partir da mediação estabelecida pelos pais ou representantes funda o sujeito, favorece o seu desenvolvimento e um modo de relacionar-se com o mundo. Desde os primeiros momentos de vida, a criança é exposta aos efeitos da linguagem e carrega as designações que lhe são atribuídas. Ao nascer, o bebê necessita da palavra para se tornar criatura humana. A palavra tem de funcionar como significante para que tenha efeito de uma marca no psiquismo. O humano nasce com uma disposição na sua aparelhagem orgânica para desenvolver-se no campo da linguagem. Quando se fala em linguagem está representado o discurso dos adultos que supõem e determinam o que posteriormente a criança poderia desejar. Desde os primeiros meses de vida, embora não tenha a fala desenvolvida, a criança é capaz de escutar, de sentir e suportar as identificações determinadas pela convivência com os pais. Prevalece nela as primeiras identificações, arcaicas porque as suas relações com o objeto de amor ainda estão indiferenciadas. Deste modo, a criança é falada pelos pais que por sua vez, falam a partir de objetos internalizados na própria infância. Entre os teóricos das relações objetais, Melanie Klein afirma que, desde as experiências primitivas, o sujeito pode internalizar tanto o objeto materno bom quanto o mau. Winnicott traduz o desenvolvimento psíquico da criança a partir da criação do objeto transicional dentro do 174 Nonada • 15 • 2010 Noeli Reck Maggi espaço potencial que indica a experiência de separação e de união com a mãe. Por outro lado, Lacan fala do pequeno objeto a representando o fantasma da falta e causa do desejo. Esses autores referidos por Jerusalinsky recuperam a partir de Freud a questão do Édipo, que por sua vez traduz as marcas veiculadas pelos pais nas identificações primárias. O discurso do cuidador nomeia a criança, designa a ela um lugar, não somente na ordem da coisa, mas também na ordem da palavra. “O modo em que um bebê é introduzido na língua vai depender de como ele seja falado. Se ele é falado em termos de representação de coisa é diferente a consequência de sua entrada da língua de que se ele é falado no campo da representação de palavra” (Jerusalinsky, 2001, p. 20). Para que a criança faça uso do corpo dando sentido e se apropriando de sua imagem é necessário que ela esteja investida no campo simbólico, que ela tenha sido inscrita por meio do olhar desejante dos pais. O texto de Jerusalinsky traz algumas reflexões sobre as identificações primárias, o estabelecimento das estruturas clínicas no sujeito e sua entrada no campo da neurose ou da psicose. A estrutura clínica é determinada, entre muitos fatores, também pela linguagem. A função simbólica, que permite ao sujeito desejar, é o que garante o reconhecimento do diferente, da borda, do limite e a compreensão das representações que tem de si mesmo e do Outro. Quando as representações do Outro estão prejudicadas, ou são constituídas de modo fragmentado, Lacan as denomina de forclusão. Portanto, no dizer de Jerusalinsky (2001, p. 27) “forclusão se refere à impossibilidade de exercício de uma função”, particularmente quando se trata da psicose. Nesse caso o que torna deficitário é a função simbólica. Os efeitos do discurso do adulto sobre a criança poderá situá-la para além do campo puramente biológico, ou inscrevê-la no campo das significações. Os pais, os educadores, os cuidadores se encarregam de investir na criança a partir de seus próprios desejos. Não podemos falar da universalidade do significante porque em cada cultura as representações são próprias de uma história ou de um Nonada • 15 • 2010 175 Função simbólica, subjetividade e linguagem discurso que as legitimou. A arte, o mito, a literatura e os rituais de um povo parecem expressar um pouco esta questão. Pode ocorrer que, na série das representações, alguns pontos estão forcluídos, ou seja, não podem ser simbolizados. O que define a estrutura de um neurótico capaz de desejar é a entrada no simbólico como consequência da castração. A imagem do objeto que estabeleceu o processo de transbordamento ou de ilusão, no dizer de Winnicott, deve morrer para que a frustração causada pela falta instale a interminável capacidade de desejar. Os desdobramentos das primeiras inscrições psíquicas são observados nos diferentes espaços como: nas relações interpessoais cotidianas, na educação e especialmente na clínica psicanalítica. O sujeito convoca o objeto internalizado nas suas relações de trabalho, na educação, na clínica e no enfrentamento da experiência cotidiana. O que é convocado não é o objeto em si, mas as imagens do que representou, do que representa e de como é “escutado”, “reconhecido” e “devolvido” pelo seu interlocutor. A subjetividade que é singular daquele sujeito revela, através da linguagem, as matizes do objeto que, embora ausente, confirma ou não a sua presença. Segundo Freud (1976), as representações têm origem nas percepções e repetições dessas. Desta forma, a existência de fenômenos da realidade são confirmados pela existência de representações pelo sujeito. A cada pensamento há uma rememoração do que foi percebido em algum momento, embora o objeto externo não esteja mais presente. Neste sentido, objetividade e subjetividade são configurações complementares. O sujeito que dispõe de recursos internos para exercício da autonomia, que já se diferenciou dos demais, dispõe de certa liberdade, movimento e mestria sobre as próprias decisões. O que é ou está representado como resultado da experiência com as primeiras relações com o Outro abre possibilidades para transitar entre a passagem à transformação ou obstrução de vivências ampliadas da realidade. Tratando-se de criatividade na área da educação, a função docente 176 Nonada • 15 • 2010 Noeli Reck Maggi convoca de alguma forma o educador a permitir-se ser criado, idealizado, fantasiado pelo sujeito que rememora transferencialmente suas vivências arcaicas. 2 Função simbólica, subjetividade e aprendizagem As situações de aprendizagem formal e informal reeditam no adulto as suas experiências desde o desenvolvimento inicial. O ser humano busca, por meio da atualização dos mecanismos adaptativos, um modo de enfrentar as situações desafiadoras. O esforço contínuo do sujeito para encontrar conforto psíquico de modo a reduzir tanto a dor quanto a frustração é um processo que se repete ao longo da vida. Os estudos sobre a função simbólica, mais especificamente, voltados para as questões da aprendizagem revelam as intensas dificuldades pelas quais o sujeito se depara quando necessita olhar para si mesmo. Este olhar introspectivo, auto-reflexivo exige o que Winnicott (1983, p.31) denomina de “capacidade para estar só”. Este autor parte do pressuposto de que a referida capacidade representa um dos indicadores mais importantes no amadurecimento do desenvolvimento emocional. Mesmo na presença de alguém, a pessoa pode descobrir sua própria vida sem depender totalmente dos estímulos do outro. O curso do desenvolvimento humano vai consolidando o estabelecimento de um “meio interno”, desde as primeiras experiências junto dos pais, no desenvolvimento inicial, até os resíduos das trocas posteriores, estabelecidas com os pares no decorrer da vida. Aportes teóricos de Winnicott (1983, p.128-139) indicam como uma das condições para desenvolvimento da espontaneidade e criatividade a possibilidade de o sujeito conviver com um “verdadeiro self”1. A conquista desta liberdade interna vai depender do quanto a pessoa desfrutou de cuidados e gratificações na sua vida inicial, mas também do quanto lhe foi oportunizada a experiência de redução destas proviNonada • 15 • 2010 177 Self verdadeiro é a posição teórica de onde se origina o gesto espontâneo, a liberdade e espontaneidade. O gesto espontâneo é o self verdadeiro em ação. WINNICOTT, D. W. O ambiente e os processos de maturação. Tradução Irineo Constantino Schuch Ortiz. Porto Alegre: Porto Alegre: Artes Médicas, 1983, p.135. 1 Função simbólica, subjetividade e linguagem sões, originando não só a frustração, mas também o espaço potencial e seus possíveis desdobramentos para o exercício da função simbólica e para o desenvolvimento da capacidade para pensar. Ainda na concepção de Winnicott (1999, p. 111-117), a “capacidade de envolvimento” é outra condição importante na vida de relação do ser humano. Permite ao sujeito relacionar-se de modo responsável com os objetos, pessoas e situações, especialmente quando lhe são exigidas manifestações de controle diante de impulsos primitivos, tais como os sentimentos de onipotência, ciúme, inveja ou de ódio não sublimado. O envolvimento implica maior integração, maior crescimento, e relaciona-se com o fato de o indivíduo “preocupar-se”, “importar-se” e também com a possibilidade de fazer “reparações”. Este seria um dos sinais mais significativos para o sujeito viver de modo livre e espontâneo. As situações de aprendizagem exigem atualização constante das estruturas operatórias para pensar, mas também são convocadas a participar desta revisão, as estruturas que atribuem significação ao que a lógica designa como verdade. A aprendizagem formal envolve tanto a função inteligente quanto a desejante no decorrer de toda a vida e é nestas situações desafiadoras e conflitivas que estes mecanismos podem ser experimentados com maior intensidade e consentidos ou não pelo sujeito. O desamparo é um dos sentimentos frequentes quando a pessoa não teve oportunidade de desempenhar funções, cumprir tarefas, assumir papéis, próprios do seu tempo. Tomando como referência as ideias de Winnicott (1983, p. 32-36), verifica-se que o ser humano necessita estar habitado por “objetos internos bons”. O indivíduo que desenvolveu a capacidade de olhar para si mesmo está disponível a redescobrir o impulso pessoal e compreender que alguém sempre está ali. Maturidade e capacidade de ficar só significam que o indivíduo teve oportunidade de construir uma crença num ambiente benigno. Essa crença se constrói através da repetição de gratificações satisfatórias. A função simbólica é condição desta atividade psíquica e está associada à 178 Nonada • 15 • 2010 Noeli Reck Maggi possibilidade do sujeito pensar, criar, inventar, encontrar saídas para os conflitos e desafios que as situações de aprendizagem exigem. A arte, o gesto, a doença, o pranto ou o riso são expressões da função simbólica e representam a tentativa de a pessoa abarcar o mundo, dominá-lo, contatá-lo, representá-lo. O desenvolvimento do ser psíquico é acompanhado de uma constante ampliação da formação de símbolos. Exemplos desta capacidade no ser humano aparecem nos sonhos, sintomas, gestos, expressões linguísticas entre outras. Atitudes que contrariam esta possibilidade estão relacionadas a um pensamento excessivamente objetivo, ou por um predomínio da fantasia sobre a realidade. As situações de aprendizagem exigem, segundo Pain (1999, p. 5863), que o sujeito se resigne ao objeto do conhecimento. A resignação supõe, num primeiro momento, projetar o que compreende sobre o objeto ou situação que é diferente, não familiar, inusitada, mas que se deseja conhecer. Simultaneamente a este processo, o sujeito se identifica com o que está sendo olhado, percebido, introjetado, numa espécie de reconciliação interna do que está colocado externamente. Esta concepção de aprendizagem que Sara Pain aponta como necessária para o sujeito apropriar-se do conhecimento está associada a algumas condições internas e que são próprias do desenvolvimento humano. Respeitadas as diferenças teóricas tanto de Winnicott, quanto de Pain, a capacidade de sublimação parece ser o aspecto em que o diálogo se encontra de modo mais aproximado entre esses autores. Quando o sujeito consegue sublimar seus impulsos mais primitivos, dando lugar à criatividade, à imaginação, à busca de alternativas para conviver com as supostas faltas geradoras do desejo, também terá condições de aprender tanto nos níveis cognitivo quanto afetivo. Um sujeito que permanece num estado de absoluta dependência dos estímulos externos, ou que não reconhece a presença do outro, das diferenças está narcisicamente indiferenciado e, possivelmente, impedido de estabelecer trocas, de pensar, de exercer a função simbóNonada • 15 • 2010 179 Função simbólica, subjetividade e linguagem lica, elementos esses imprescindíveis ao processo de aprendizagem. Os recursos de simbolização têm origem, segundo Winnicott, através de uma “mãe suficientemente boa”. Neste sentido, a sustentação dos pais precede a subjetividade da criança, e essa vai nomeando as experiências futuras em função do que lhe precedeu. Processo dialético e infinito enquanto o sujeito acompanhar a própria evolução e der significado à sua existência. No processo de simbolização, a criança constitui o objeto mesmo quando está submetida a uma frustração. É neste ponto que os elementos teóricos de Pain (1999, p. 11-22) revigoram estas ideias, ao falar do valor funcional da ignorância2 no processo de aprendizagem e de construção do conhecimento. Para esta autora, embora o conhecimento seja portador de uma lógica coerente, deve ser questionável. A ignorância desafia as operações lógicas, porque envolve o “irracional e o “arbitrário”. Neste sentido, a aprendizagem requer constantemente a crítica e a generalização sobre o conhecimento de modo a revisar continuamente a possível ideia do “absoluto” do conhecimento. 3 Considerações finais O que o sujeito faz não é outra coisa senão repetir as marcas do que lhe foi nomeado pelo discurso do adulto desde a experiência edipiana, fazendo eco ao longo da vida. O ser humano fala o Outro e, ao mesmo tempo, traz à cena as representações do vivido num tempo em que foi falado e, portanto, se apropriou como algo seu. A criança passa a apropriar-se do discurso que lhe foi designado, transformando-o em projeto pessoal, mesmo necessitando reeditar o que lhe causou desprazer. Nas situações de aprendizagem, as experiências convocam a criança a pensar, a responder, a persistir diante dos obstáculos e também a nomear os aspectos que lhe causam prazer ou sofrimento. Se estas questões são aprendidas a partir do discurso paterno, também a escola pode repensar o seu discurso e a forma de 180 Nonada • 15 • 2010 A palavra ignorância indica o espaço entre o pensamento lógico e o significante, a fim de que o desconhecimento instale-se sem conflito. PAIN, Sara. A função da ignorância. Tradução de Maria Elísia Valliatti Flores, Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul Ltda., 1999, p. 12. 2 Noeli Reck Maggi estabelecer as relações entre a criança e o objeto do conhecimento. Se por um lado a criança está investida pelo desejo dos pais para aprender a pensar e a tornar-se independente, por outro lado terá de distanciar-se dos cuidados e recomendações extremadas para poder investir em projeto pessoal o pensado e o proposto, de modo relativamente independente. 3 Se permanecer em estado de alienação, poderá manifestar dificuldades para investir em projetos pessoais, como também poderá buscar de forma intensa os projetos já realizados pelo outro. Nesse caso, o processo de simbolização revela-se deficitário. Se os pais aspiram pelo filho, esse, em algum momento, deverá dispor do seu desejo para estabelecer um ideal a ser alcançado. É necessário que a criança confira à palavra dos pais uma legitimidade, para mais tarde poder interrogar-se sobre esta. Aportes psicanalíticos, ao sustentar que os pais têm papel importante na constituição da subjetividade, também anuncia os riscos de que uma relação invasiva sobre a criança possa interferir no uso espontâneo do espaço potencial e da função simbólica. A criança se beneficia com a possibilidade de identificação, de diferenciação, de pensamento e de criatividade a partir de uma relação apropriada com os adultos. São recursos para ela desenvolver a função simbólica e interagir com o objeto do conhecimento. REFERÊNCIAS FREUD, Sigmund. A negativa. In:__. Obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1976, v. XIX. JERUSALINSKY, Alfredo. Seminário II. São Paulo: USP, Instituto de Psicologia, Lugar de vida, 2001. PAIN, Sara. A função da ignorância. Tradução de Maria Elísia Valliatti Flores, Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul Ltda., 1999. WINNICOTT, D. W. O ambiente e os processos de maturação. Tradução Irineo Constantino Schuch Ortiz. Porto Alegre: Porto Alegre: Artes Médicas, 1983. Nonada • 15 • 2010 181 Conceito utilizado por Winnicott para referir-se ao desenvolvimento da criança e à conquista gradativa da independência, embora esta seja sempre relativa. 3 Função simbólica, subjetividade e linguagem _____. Privação e delinqüência. Trad. Álvaro Cabral. São Paulo: Martins Fontes, 1999. Noeli Reck Maggi Doutorado em Educação pela UFRGS, Psicóloga, Professora Titular do UniRitter – Porto Alegre, RS. E-mail: [email protected] Recebido em 30/09/2010 Aceito em 30/11/2010 Maggi, Noeli Reck. Função simbólica, subjetividade e linguagem. Nonada Letras em Revista. Porto Alegre, ano 13, n. 15, p. 173-182, 2010. 182 Nonada • 15 • 2010