I - Os Engenheiros e a Economia Portuguesa A economia portuguesa tem de passar de um modelo de crescimento económico extensivo, assente na dotação de factores de produção com trabalho pouco qualificado e salários baixos, para um modelo de crescimento intensivo feito através do aumento da produtividade, recorrendo para tal ao avanço tecnológico, à inovação e à qualificação do factor trabalho. O modelo do crescimento extensivo que foi impulsionado pelos fundos comunitários e pelo “boom” de consumo, na sequência das descidas das taxas de juro com a adesão ao euro, está esgotado. O modelo de crescimento intensivo só é possível através de empresas de conhecimento intensivo produtoras de bens e serviços transaccionáveis nos mercados internacionais. Por outro lado ,é preciso ter consciência que industria na era da economia do conhecimento não é apenas a manufactura de produtos mas que na moderna concepção de industria se incluem também os serviços a montante da manufactura-concepção, engenharia e desenvolvimento de novos produtos - bem como os serviços a juzante da manufactura – manutenção, pós-venda, canais de ligação aos clientes, gestão integrada das marcas e produtos.Ficar so na manufactura significa oferecer a um mercado em que há cada vez mais excesso de oferta em relação a procura um produto sujeito a uma concorrência crescente e que por via disso tendera a ser uma “commodity “.Nos dias de hoje,o cliente e rei(mercado do comprador e não mercado do produtor como aconteceu no inicio da revolução industrial)e por isso o mais difícil não e produzir(com eficiência tecnológica) mas sim vender produtos que o consumidor valorize,o que implica ter uma lógica de marketing.Por isso,nos dias de hoje, uma empresa industrial tem de ser mais do que uma fabrica. Por outro lado, o sector terciário, bancos, seguros, distribuição, está cada vez mais a utilizar os mesmos instrumentos de competitividade da indústria – tecnologias da informação, automação e robótica(o mesmo esta a a acontecer no sector primário-vide sistemas de rega computorizados). Assim sendo, o sector secundário está-se a terciarizar e o terciário a industrializar-se, havendo crescente convergência tecnológica entre os vários sectores da economia. Precisamos pois dos engenheiros em todos os sectores da economia, mas a época dos engenheiros apenas tecnólogos acabou , pois, numa economia do mercado, as nossas empresas vão necessitar de quadros que dominam a tecnologia mas que também dominam os factores imateriais da competitividade – marketing, capacidade de gestão e organização-factores esses que são indispensáveis não apenas no sector terciário mas tambem na industria moderna, dada a crescente importância que ai estão a assumir os serviços ligados a manufactura . Com efeito, a tecnologia só por si não resolve os problemas da competitividade. Precisamos também de organização , gestão e marketing, tendo que na formação dos nossos engenheiros haver maior equilíbrio entre o conhecimento científico e tecnológico e o conhecimento humano, organizacional e do funcionamento económico dos mercados. O DEG está particularmente adequado e sensibilizado para ajudar a formar os engenheiros de que o país precisa neste novo modelo de crescimento intensivo ligado à economia do conhecimento em que a tecnologia se tem de ligar à gestão,à organização e ao marketing para que tenhamos mais empresas e organizações eficientes, produzindo bens e serviços valorizados pelo mercado, isto é, com utilidade social e com criação de valor para as empresas e para o pais.