OS ANTICORPOS E SEUS FRAGMENTOS NA IMUNOTERAPIA CONTRA O CÂNCER Luiz Euribel Prestes Carneiro, PhD Médico, Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE, Presidente Prudente, SP, [email protected] André Fellipe Freitas Rodrigues, MSc. Farmacêutico, Faculdade de Colíder, FACIDER, Colíder, MT, [email protected] Sueli Schadeck Zago, MSc. Farmacêutica, Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE, Presidente Prudente, SP, [email protected] Gisele Alborghetti Nai, PhD Médica, Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE, Presidente Prudente, SP [email protected] RESUMO Imunoterapia compreende o maior grupo de moléculas em desenvolvimento em todo o mundo atualmente. Eles têm sido investigados para o tratamento de diversas condições patológicas como o câncer, doenças infecciosas e inflamatórias. Anticorpos são versáteis e de alta especificidade de reconhecimento de moléculas. Os anticorpos monoclonais (mAb) podem exercer os seus efeitos biológicos por eles mesmos, visando especificidade contra moleculares importantes sobre células tumorais ou no microambiente. Eles também podem ser usados para a entrega de agentes radioligados (radioimunoterapia, RAIT), ou conjugado com moléculas pró-drogas (antibodydirected enzyme prodrug therapy, ADEPT). Na última década, a biologia molecular e da engenharia genética têm sido usados para criar classes pequenas e menos imunogênicos de anticorpos. Combinações adequadas de anticorpos com radionuclídeos e fármacos anticâncer e as construções como os anticorpos totalmente humanos ou biespecífico representam um importante passo no tratamento de tumores. Palavras chaves: imunoterapia, anticorpos monoclonais, radioimunoterapia, ADEPT, câncer. ANTIBODIES AND THEIR FRAGMENTS IN CANCER IMMUNOTERAPHY ABSTRACT Immunotherapy comprises the largest group of molecules in development worldwide at present. They have been investigated for the treatment of a wide range of pathological conditions including cancer, infectious and inflammatory diseases. Antibodies are versatile and highly specific targeting-recognition 1 molecules. Monoclonal antibodies (mAb) can exert their biological effects by themselves, targeting/aiming specificity against key moleculars on tumor cells or in the microenvironment. They can also be used for the delivery of radiobeled agents (radioimmunotherapy, RAIT), or conjugated with pro-drug molecules (antibody-directed enzyme prodrug therapy, ADEPT). In the last decade, molecular biology and genetic engineering have been used to create small and less immunogenic classes of antibodies. Appropriate combinations of antibodies with radionuclides and anti-cancer drugs, and constructs such as fully human or bispecific antibodies represent an important step forward for the treatment of tumors. Key-words: immunotherapy, monoclonal antibodies, radioimmunotherapy, antibody-directed enzyme prodrug therapy, cancer. INTRODUÇÃO Muitos pacientes morrem com estados avançados ou metastáticos de câncer. Uma vez que a cirurgia combinada à radiação localizada continua sendo a melhor opção para tratar tumores localizados, a quimioterapia sistêmica e mais recentemente, a imunoterapia tem se constituído em importante arma no tratamento especialmente de pacientes terminais e com metástases. A quimioterapia sistêmica é acompanhada por uma toxicidade dose-limitante para vários tecidos, especialmente aqueles com rápida proliferação celular como mucosa intestinal, oral, medula óssea e folículos pilosos do cabelo (GOLDENBERG, 2007). Além de um número reduzido de fármacos disponíveis para uso clínico, há uma concentração insuficiente da droga no sítio tumoral, falta de seletividade sistêmica entre células tumorais e normais, multirresistência a droga pelas células tumorais quando em uso prolongado devido ao aumento na expressão de glutationa S-transferase e hiper-regulação da bomba de efluxo P-glicoproteína que remove o fármaco do interior da célula (XU e MCLEOD, 2001; ROOSEBOM, et al. 2004; SHAROM, 2008; ANDRADY et al. 2011). Os imunoterápicos representam atualmente o maior número de moléculas em desenvolvimento para a composição de novos fármacos. Essas moléculas versáteis são investigadas para o tratamento de um grande número de condições patológicas como câncer, doenças inflamatórias e infecciosas. 2 A imunoterapia contra os tumores consiste de diferentes estratégias como a produção de anticorpos dirigidos contra antígenos tumorais, vacinação com extratos obtidos do tumor e métodos não específicos como vacinação com BCG ou com extratos bacterianos e administração de toxinas (ORTIN, 2005; BHARDWA et al. 2007; ANDRADY, et al. 2011). Dentre essas moléculas destacam-se os anticorpos, que podem ser usados para exercer diferentes atividades biológicas ou como veículos, quando conjugados a diferentes substâncias como radioisótopos, fármacos, toxinas ou peptídeos. A capacidade do anticorpo carregando um agente terapêutico se ligar especificamente ao antígeno de uma determinada célula ou tecido tumoral tem sido uma grande ferramenta da indústria farmacêutica para aumentar a ação do fármaco e minimizar seus efeitos colaterais (MCCARRON et al. 2005). Em 1908, Paul Ehrlich postulou a existência contínua de “germes aberrantes” (tumores) e que o seu crescimento e desenvolvimento poderia inevitavelmente levar a morte, porém os mesmos podem ser reconhecidos e atacados pelo sistema imune (anticorpos) gerando o conceito de “magic bullet” (bala mágica) (ORTIN, 2005; WINAU et al. 2004; GENSINI et al. 2007). Durante os anos 50 e 60, Burnett e Thomas formularam a teoria da imunovigilância na qual a geração de células cancerosas é um fenômeno normal em humanos e que as mesmas são identificadas e eliminadas pelo sistema imune antes de se desenvolverem em câncer (ORTIN, 2005). 1. IMUNOTERAPIA BASEADA EM ANTICORPOS Os anticorpos representam a mais promissora classe de novos fármacos em desenvolvimento contra o câncer na atualidade, com cerca de 20 tipos disponíveis no mercado e mais de 150 sendo utilizados em ensaios clínicos (MCCARRON et al. 2005; SHARKEY e GOLDENBERG, 2006; STROME et al, 2007). Nos anos 70, a imortalização de linfócitos B murinos pela tecnologia dos hibridomas proposta por Kohler & Milstein, permitiu a produção de grandes quantidades de anticorpos específicos contra uma determinada molécula, denominados anticorpos monoclonais (mAb), um pré-requisito para a aplicação terapêutica anti-tumoral (MCCARRON et al. 2005; ANDRADY et al. 2011). 3 Os anticorpos são proteínas com duas regiões distintas capazes de fixar antígenos, células e complemento. A região variável ou dotada de complementaridade ao antígeno (complementarity determining regions– CDR ou Fab), e a região Fc que é constante e responsável pela ligação a proteínas séricas como o complemento ou a células através dos receptores para FcγR. Os anticorpos por si só normalmente não conseguem destruir uma célula mas ao se ligarem a ela podem ativar diferentes mecanismos imunológicos capazes de bloquear o crescimento ou mesmo promoverem a sua morte (MCCARRON et al. 2005). Os anticorpos livres ou não conjugados podem ser utilizados como moléculas efetoras e exercer citotoxicidade principalmente por dois mecanismos. A ligação específica da região Fab ao antígeno presente na superfície da célula tumoral produz uma modificação conformacional na região Fc do anticorpo, capaz de fixar e ativar o complemento gerando o Complexo de Ataque a Membrana (CAM) que ao produzir poros sobre a superfície celular provoca sua morte, referido como citotoxicidade dependente de complemento (CDC), no segundo mecanismo, conhecido como citotoxicidade celular dependente de anticorpo (ADCC), o anticorpo se liga ao antígeno tumoral fazendo a ponte entre a célula tumoral e células imunocompetentes, recrutadas, como os Linfócitos T citotóxicos (LT/CD8 +) que produzem a sua morte (ORTIN 2005; MCCARRON et al. 2005; STROME et al. 2007). Os anticorpos ao se ligarem aos seus alvos específicos podem ser também usados como moduladores agonistas ou antagonistas de vias de sinalização celular estabilizando, diminuindo ou mesmo inibindo a proliferação celular ou induzindo a sua morte ou apoptose. Quando é possível a ligação cruzada de mAbs anti-tumorais na superfície da célula com outras moléculas como haptenos, a apoptose é intensificada. Os mAbs anti-tumorais são ainda capazes de bloquear moléculas associadas à adesão celular impedindo a formação de metástases (SHARKEY e GOLDENBERG 2006; STROME et al. 2007). Os anticorpos possuem uma vida média prolongada no soro. Para imunoterapia esta é uma propriedade vantajosa por que a molécula se mantém por um longo período circulante nos fluidos corporais, podendo interagir de maneira mais efetiva com o seu alvo. No entanto, o maior limite para o uso da 4 imunoterapia com mAbs está relacionada a imunogenicidade que proteínas dos roedores causam em humanos levando ao reconhecimento dos mAbs pelo sistema imune gerando a produção de anticorpos humanos anti-murinos (human anti-murine antibodies - HAMA). A geração de HAMA reduz sensivelmente a meia vida dos mAbs que são removidos da circulação limitando o seu uso em diferentes ciclos do tratamento ou por períodos prolongados (MIRICK et al. 2004). Outra limitação é a pequena penetração de moléculas grandes como os anticorpos, Imunoglobulina (Ig) G (180 kDa) em tumores sólidos (STROME et al. 2007; MIRICK et al. 2004; ANDRADY et al. 2011). Os avanços em biotecnologia e na biologia molecular possibilitaram a construção de anticorpos IgG com menor antigenicidade removendo uma porção significativa do componente murino: mAbs quiméricos (chAb), com uma região constante humana (75% de sua porção) e uma região variável murina (25% de sua porção) anticorpos humanizados (hzAb) que possuem as cadeias CDR de origem murina (5%), conservando 95% da molécula com sequências humanas, e mais recentemente mAbs completamente humanos (“fully human” fhAb), resultantes da expressão gênica do repertório de anticorpos humanos pela tecnologia de DNA recombinante (rDNA) (GOLDENBERG 2007; SHARKEY e GOLDENBERG, 2006). Uma estratégia para alcançar tumores sólidos e diminuir ainda mais a imunogenicidade, foi a construção de fragmentos cada vez menores de anticorpos, com diminuição do peso molecular mas que mantivessem a capacidade de fixar antígenos e pudessem ser conjugados à outras moléculas. Dessa maneira, diferentes estudos experimentais e clínicos estão utilizando fragmentos de anticorpos monoméricos, diméricos ou biespecíficos (bsmAb), triméricos ou mesmo tetraméricos onde cada fragmento Fab é capaz de se ligar a uma molécula diferente como antígeno tumoral, radioisótopos, fármacos ou toxinas (ECCLES 2001; AGUILLÓN et al. 2003; HUST et al. 2012). Recentemente foi demonstrado que algumas espécies animais como os camelídeos, possuem anticorpos funcionais onde as cadeias leves estão ausentes mas a presença de um domínio simples de cadeias pesadas, através da região N terminal é plenamente capaz de fixar antígenos (VHHs ou nano-anticorpos). São os menores fragmentos de anticorpos já construídos (15 kDa) e em tumores 5 sólidos humanos implantados em animais; essas pequenas moléculas penetram no tumor de maneira muito eficiente, são removidos mais rapidamente do sangue e reduzem a imunogenicidade quando comparados a um anticorpo completo (HARMSEN e DE HAARD 2007; CORTEZ-RETAMOZO et al. 2004; KAUMAYA e FOY 2012; HUST et al. 2012). Os VHHs produzidos em larga escala em Escherichia coli por rDNA, tem formato farmacológico altamente flexível, possuem uma pequena meia vida, sendo eliminados por depuração renal e são capazes de ultrapassar a barreira sanguínea cerebral podendo ser utilizados para tumores neurológicos. São capazes de reconhecer epítopos estranhos ou escondidos e ligar-se em cavidades ou sítios ativos de proteínas alvo. Essas pequenas moléculas podem representar um novo e promissor grupo de anticorpos no tratamento dos tumores (REVETS et al. 2005; ROOVERS et al. 2007; HUST et al. 2012). A terapia anti-tumoral por mAb pode ser classificada pela administração de anticorpos livres ou conjugados. 2. ANTICORPOS LIVRES Inicialmente, a terapia com anticorpos livres trouxe poucos benefícios em oncologia. A descoberta, no início dos anos 80, de que anticorpos contra o antígeno carcinoembriônico (CEA) conseguiram ligar-se seletivamente e romper tecidos de pacientes com câncer colorretal expressando CEA, demonstrou a importância destes anticorpos (SHARKEY e GOLDENBERG 2006; HAMMARSTRÖM 1999; HUST et al. 2012). O primeiro anticorpo monoclonal aprovado pelo FDA (Food and Drug Administration) para o tratamento de um tumor foi o Rituximab (Rituxan ), um mAb quimérico anti-CD20 IgG 1, com a região Fc humana e a região de ligação ao antígeno (Fab) murina, específico para o antígeno de superfície CD20, presente em neoplasias linfoides de células B como a leucemia linfoide crônica e linfomas não-Hodgkin (NHL) de células B, resistentes a quimioterapia convencional (ORTIN 2005; ECCLES 2001; KLIMM et al. 2005; ANDRADY et al. 2011; KAUMAYA e FOY 2012), seguido por outros mAbs como o hzAb trastuzumab (Herceptin), contra HER2 (receptor 2 do fator de crescimento epidérmico humano), utilizado para tratar pacientes com câncer de mama 6 expressando o antígeno HER2/neu, chAb cetuximab (Erbitux anti-EGFR) específico contra o receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR) e o hzAb bevacizumab (Avastin anti-VEGF), o agente antiangiogênico em maior estágio de desenvolvimento da atualidade, que contem uma fração IgG 1 humano (93%) e uma região complementar determinante, bloqueadora do VEGF (7%), que bloqueia todas as isoformas de VEGF (fator de crescimento vásculo-endotelial) aos receptores, inibindo a angiogênese (STROME et al. 2007). Combinado a quimioterapia, bevacizumab está sendo usado em ensaios clínicos de fase III no tratamento avançado de tumor colorretal, câncer de mama e câncer de pulmão não pequenas células (BHARDWA et al. 2007; SHARKEY e GOLDENBERG 2006, ECCLES 2001; RIETZEl et al. 2004, GRIDELLI et al. 2007; KAUMAYA e FOY 2012). O bloqueio de VEGF diminui a perfusão do tumor, o volume de vascularização, a densidade microvascular, a pressão do fluido intersticial e o número de células endoteliais e progenitoras circulantes. Em 2006, o FDA aprovou outro mAb, IgG 2, fhAb panitumumab (Vectibix), que se liga ao EGFR para o tratamento de pacientes com câncer colorretal que superexpressam EGFR, carcinoma colorretal metastático ou em regime de tratamento com os quimioterápicos fluoropirimidina, oxaliplatin e irinotecan. A ligação do panitumumab ao EGFR inibe a fosforilação e ativação de quinases associadas ao EGFR resultando na inibição do crescimento celular e da produção de fatores de crescimento como o fator de crescimento endotelial e de interleucina-8 (RUTHANN et al. 2007; AURISICCHIO et al. 2012). Além destes, existe um número crescente de mAbs aprovados pelo FDA sendo utilizados como agentes terapêuticos especialmente em doenças autoimunes e inflamatórias. A administração de anticorpos anti-TNF (adalimumab, etarnecept inflix), podem induzir uma melhora significativa no tratamento de pacientes com artrite reumatoide, sacroileítes, psoríase e espondilite anquilosante, especialmente naqueles pacientes refratários ao tratamento com imunomoduladores como azatioprina, corticoides, metotrexato e 6-mercaptopurina (AGUILLÓN et al. 2003). 7 O Omalizumab, um hzAb capaz de se ligar seletivamente a IgE tem sido utilizado em pacientes com quadros de asma e rinite alérgica severos, resistentes ao tratamento convencional (MORJARIA et al. 2007; HENDELES e SORKNESS, 2007). 3. ANTICORPOS CONJUGADOS/ RADIOIMUNOTERAPIA A ideia de se usar anticorpos antitumorais para transportar substâncias tóxicas seletivamente até as células tumorais já foi desenvolvida no inicio do século por Ehrlich (GENSINI et al. 2007). No final dos anos 50, Mathé et al. ligaram o quimioterápico metotrexato a fração globulínica de um antissoro de hamster contra células leucêmicas de camundongo (SHARKEY e GOLDENBERG 2006; MATHÉ et al. 1958; AURISICCHIO et al. 2012). Nos anos 70, Rowland et al. conjugaram um anticorpo a um quimioterápico como uma forma de aumentar a eficiência da droga ao sitio tumoral (ROWLAND et al. 1975). A radioimunoterapia (RAIT) vem sendo utilizada no estudo de tumores há mais de duas décadas. Consiste na administração sistêmica de um elemento radiativo (radioisótopo) especialmente radionuclídeos que possuem emissão de partículas alfa ou beta, conjugado a um mAb dirigido seletivamente contra antígenos tumorais (QU et al. 2008). Em 1981, Resche et al. (RESCHE et al. 2003) utilizou 131 Iodo (131I)-conjugado a IgG de cabra contra CEA em hamsters portando carcinoma colônico humano. A RAIT tem uma série de vantagens sobre a radioterapia convencional permitindo a aplicação de uma dose alta de radionuclídeos que são seletivamente incorporados, depositando doses letais nas células do tumor enquanto nenhuma ou pequena incorporação de radiação acontece nas células normais (ACAR et al. 2007). A radiação pode agir sinergicamente com a imunoterapia aumentando a resposta imune, diminuindo a imunossupressão e/ou alterando o fenótipo das células tumorais (SHARP et al. 2007). Enquanto um grande sucesso foi obtido no tratamento de tumores hematológicos, como certos tipos de linfomas não-Hodgkin (NHL) de células B usando mAbs ligados a radionuclídeos contra antígenos CD20, com respostas duradouras em cerca de 70-80% dos casos obtidos em estudos clínicos, teve 8 pouca eficácia, cerca de 10%, no tratamento de tumores sólidos (REYLLI 2006). As razões do insucesso são variadas e complexas, mas uma das mais importantes é a diminuída propriedade farmacocinética do anticorpo IgG no seu estado natural. Os mAbs intactos são macromoléculas com meia vida prolongada na circulação, cerca de 2 a 3 dias para formas murinas e 4 dias para anticorpos quiméricos ou humanizados (REYLLI 2006). Se por um lado essa longa permanência do anticorpo radiomarcado pode aumentar a acumulação de radioatividade no tumor pelos diversos mecanismos pelos quais o anticorpo pode extravasar e interagir com as células tumorais, por outro lado, isso é a maior causa de citotoxicidade inespecífica as células hematopoiéticas, uma vez que a citotoxicidade da medula óssea está diretamente relacionada ao tempo da radioatividade no sangue, especialmente se os mAbs estiverem ligados com radionuclídeos com emissão Beta como o Iodo-131 (131I) ou yttrium-90 (90Y), conhecido como efeito de fogo cruzado (“cross fire effect”)33,34. Além disso, em doses máximas toleradas, a RAIT não é capaz de emitir radiação suficientemente alta que tenha um efeito significativo no crescimento de tumores sólidos, especialmente quando aplicado como monoterapia (MOOSMAYER et al. 2006). A construção de fragmentos de anticorpos com menor peso molecular pela engenharia genética melhorou a farmacogenética e a penetração no tumor, mas sua aplicação clínica tem sido limitada pela baixa captação e pequeno tempo de residência no tumor (MOOSMAYER et al. 2006). A RAIT encontra outras barreiras no tratamento de tumores sólidos, como pequena circulação sanguínea em tumores grandes, baixa permeabilidade do endotélio vascular, elevada pressão do fluído intersticial do estroma tumoral e expressão heterogênea dos antígenos tumorais (AGGARWAL et al. 2007). Os anticorpos conjugados a elementos radiativos foram os primeiros imunoconjugados a serem utilizados na terapia antitumoral. Em 2002, o FDA aprovou o 90 Y-(Ibritumomab tiuxetan[Zevalin]) e o 131 I-(Tositumomab [Bexxar]) atualmente os únicos radioconjugados aprovados para o tratamento de câncer, ambos registrados para terapia em indivíduos portadores de linfoma não-Hodgkin e refratários a quimioterapia, utilizando para a conjugação um anticorpo anti-CD20. A eficiência terapêutica do tratamento com RAIT é superior ao tratamento com anticorpos não conjugados e comparado aos 9 índices obtidos com drogas citotóxicas ou a de anticorpos não conjugados associados a quimioterapia, para pacientes com NHL em estado avançado. Em geral, a toxicidade hematológica é mais severa em pacientes submetidos à quimioterapia do que à RAIT (QU et al. 2008). Um grande número de novos mAbs conjugados a radionuclídeos estão sendo testados em ensaios clínicos de fase I e fase II dirigidos contra antígenos tumorais de diferentes tecidos e órgãos como Linfomas de Células T, tumores sólidos como câncer colorretal, câncer de ovário, próstata, pâncreas, pulmão, hepatocelular, renal, de mama, glioma do sistema nervoso central ou câncer leptomeningeal, meduloblastoma, câncer de cabeça e pescoço e carcinoma medular de tireoide (SHARKEY et al. 2007; AURISICCHIO et al. 2012). A RAIT também vem sendo utilizada em combinação com outras terapias que visam melhorar a distribuição e captação da radiação, como a administração de Interferon (IFN)-alfa e IFN-gama que aumentam a expressão de antígenos no sítio tumoral ou potencializam a sua ação como a administração conjunta de RAIT e quimioterápicos (PALLELA et al. 2008; OOSTERWIJK et al. 2003). Os quimioterápicos podem agir como agentes sensibilizadores à radiação, e podem ter um potencial aditivo ou sinérgico. Nesses casos, pequenas quantidades das drogas com baixos efeitos de citotoxicidade são administradas antes, no momento ou após o uso de RAIT (SHARKEY 2007). Uma vez que a radioatividade pode ser facilmente detectada e medida por cintilografia ela também foi rapidamente utilizada como uma forma de diagnóstico por imagem (SHARKEY e GOLDENBERG 2006). Atualmente, com o advento da tomografia por emissão de pósitrons (PET), mABs pósitronsconjugados fornecem imagens superiores e estão sendo largamente utilizados. 4. A SELEÇÃO DE UM ALVO PRÉVIO É O FUTURO DA RADIOIMUNOTERAPIA A RAIT e o radioimunodiagnóstico começaram com o principio de que uma molécula alvo (ex. mAb) carregando um radioisótopo tinha o potencial de selecionar uma imagem ou liberar uma dose terapêutica de radiação no sítio 10 tumoral. O próximo passo foi à constatação de que a injeção prévia de um mAb dirigido contra uma molécula alvo no sítio tumoral de maneira separada da injeção de uma segunda molécula de baixo peso molecular, ligada a um radioisótopo, capaz de se ligar com alta afinidade ao Mab previamente injetado (estratégia pré-alvo ou “pretargeting strategy”), com meia vida bem curta e rapidamente excretada pelo rim, reduzia sensivelmente a toxicidade à medula óssea (SHARKEY e GOLDENBERG, 2006). Devido sua rápida difusão e eliminação renal, essas pequenas moléculas precisam ser bastante seletivas ao tumor e sua ligação específica deve ocorrer com alta afinidade, que pode ser alcançado, por exemplo, com a utilização da ligação avidina/biotina ou pela ligação hapteno/anticorpo (SHARKEY e GOLDENBERG, 2006; BERNDORFF et al. 2006; AURISICCHIO et al. 2012). Também aqui, uma ferramenta promissora é a construção de anticorpos biespecíficos (bsmAbs), onde um fragmento Fab se liga seletivamente ao antígeno tumoral e o outro fragmento se liga especificamente em haptenos ou biotina ligados a radionuclídeos como 131 I ou 90 Y. O bsmAb não radioativo é administrado inicialmente e deixado se acumular no tumor, subsequentemente, o hapteno radioativo de rápida eliminação é injetado. É necessário otimizar o intervalo de aplicação do bsMab e o peptídeo irradiado para impedir que anticorpos livres na circulação sanguínea se liguem aos peptídeos irradiados retardando sua eliminação e aumentando a toxicidade (REYLLI, 2006; BERNDORFF et al. 2006). Dessa maneira são superados os dois maiores obstáculos pelo uso da RAIT em estudos clínicos, a toxicidade a medula óssea e a imunogenicidade. MAbs, bsmAbs ou outros métodos de terapia utilizando pré-alvos estão sendo utilizados em modelos animais e em estudos clínicos em indivíduos com câncer cerebral (Grana, et al. 2002), melanoma (DADACHOVA e CASADEVALL 2006; URBANO et al. 2007), carcinoma do cólon (GILLIGAN et al. 2000; RESCHE et al. 2003), carcinoma medular da tireoide (KRAEBER-BODÉRÉ et al. 2006) e câncer de mama metastático (SENEKOWITSCH-SCHMIDTKE et al. 2001; SHEN et al. 2005). 5. mAbs CONJUGADOS A ENZIMAS E ATIVAÇÃO DE PRÓ-FÁRMACOS (ANTIBODY DIRECTED ENZYME PRODRUG THERAPY - ADEPT) 11 Uma tentativa de melhorar a seletividade e aumentar a morte das células tumorais pelos quimioterápicos é o uso de fármacos de baixa toxicidade (prófármacos) que podem seletivamente ser clivados no sítio tumoral por uma enzima, resultando em um grande aumento de sua concentração e na diminuição da toxicidade a outros tecidos quando comparada a quimioterapia convencional. Para tal, diferentes mecanismos estão sendo propostos: 1utilizando aspectos fisiológicos do próprio tumor como a expressão aumentada de enzimas seletivas ao tumor, capaz de clivar o pró-fármaco; 2- mecanismos baseadas na ativação de pró-fármacos por enzimas exógenas levadas ao sítio tumoral por mAbs (ADEPT); e 3- a geração dessas enzimas no próprio sítio tumoral transportadas por vírus (“Vírus Directed Enzyme Prodrug Therapy” VDEPT) e pela ativação de genes a partir de rDNA (“Gene Directed Prodrug Therepy” - GDEPT) (DENNY, 2004; DI STEFANO et al. 2007; HUST et al. 2012). Várias enzimas, como a beta-glucoronidase, carboxipepetidase2 (CPG2) e beta-lactamase possuem esta propriedade sendo normalmente expressas no lisossomo das células ou obtidas a partir de bactérias como Escherichia coli e Pseudomonas sp. (DENNY, 2004; DI STEFANO et al. 2007). A ADEPT utiliza inicialmente um mAb conjugado a uma enzima que seja capaz de converter uma droga inativa em droga ativa dirigido contra os antígenos tumorais (fase I). Uma vez que o conjugado livre que não se ligou ao tumor é retirado da circulação sanguínea, pela ação de um anticorpo anticonjugado, um pró-droga não ativa biologicamente é inoculada sendo convertida a uma forma ativa pela enzima ligada ao anticorpo (fase II). A conversão continua da pró-droga em sua forma ativa resulta em um aumento significativo de sua concentração e citotoxicidade do fármaco sobre as células tumorais (BAGSHAWE et al. 1994; XU et al. 2004; HUST et al. 2012). Os melhores fármacos a serem utilizados devem ser moléculas de baixo peso molecular capazes de se difundir pelas células do tumor e adjacentes (“Bystander effect”) e com meia vida bastante curta (XU et al. 2004). A grande vantagem do sistema ADEPT em relação ao uso do próprio quimioterápico acoplado ao mAb está no aumento, de cerca de 1.000 para 10.000 vezes, do número de pró-fármacos ativados no sítio tumoral (BAGSHAWE et al. 1999). Semelhante a RAIT com a utilização de pré-alvos, 12 as maiores limitações do sistema ADEPT são a imunogenicidade provocada por anticorpos murinos somado agora a presença de uma enzima potencialmente imunogênica e a remoção lenta do conjugado anticorpo-enzima da circulação. Em diferentes estudos clínicos usando mAbs murinos, quiméricos ou humanizados e enzimas de origem bacteriana ou humana, os pacientes formaram anticorpos anticonjugado que limitaram seu uso contínuo (FRANCIS et al. 2002; HARDING et al. 2005; HUST et al. 2012). Sharma et al. (SHARMA et al. 1992) relataram que todos os pacientes formaram anticorpos IgM e IgG contra fragmentos de um mAb murino anti-CEA, conjugado a enzima bacteriana, carboxipeptidase G2 (CPG2). Para superar parte das limitações expostas acima algumas estratégias estão sendo desenvolvidas como a construção de mutantes de enzimas humanas e de enzimas bacterianas capazes de induzir baixa resposta imune. Harding et al (HARDING et al. 2006) relataram a construção de uma enzima beta-lactamase mutante bacteriana, que mostrou baixa imunogenicidade frente a células mononucleares de indivíduos saudáveis. Por ser capaz de converter várias pró-drogas, como doxorubicina, vimblastina, Taxol , paclitaxel e melphalan, é uma candidata em potencial para a utilização em ADEPT. A construção de proteínas de fusão entre fragmentos de anticorpos e enzimas por rDNA aumentou a remoção do mAb-enzima e diminuiu a resposta imune. Roberge et al (ROBERGE et al. 2006) relataram a construção de uma proteína de fusão entre a enzima beta-lactamase e um fragmento de cadeia única derivado do hz mAb CC49 com alta especificidade pelo antígeno TAG72, super-expresso na superfície de diferentes tumores sólidos como câncer colorretal e câncer de pulmão não pequenas células e utilizado em estudos clínicos de fase I e II (FORERO et al. 2007; HUST et al. 2012). Além de ultrapassar essas barreiras, a aplicação clínica do ADEPT necessita de alguns requisitos para o seu sucesso, como a expressão do antígeno tumoral na superfície ou na matriz celular; alta afinidade e especificidade do mAb; a enzima conjugada ao mAb deve exercer sua atividade catalítica em pH próximo ao fluido extracelular do tumor; uma vez que o conjugado mAb/enzima podem ser imunogênicos eles devem ser removidos antes da aplicação do prófármaco; a enzima escolhida à ser conjugada ao mAb não deve ter um homólogo humano para evitar a ativação do pró-fármaco fora do sítio tumoral; o 13 intervalo entre a aplicação do conjugado e do fármaco inativo deve ser bem estabelecido para evitar a ativação do pró-fármaco no plasma e subsequente toxicidade sistêmica (XU et al. 2004). Diferentes estudos clínicos têm sido conduzidos para avaliar aspectos como a capacidade de conversão de pró-drogas alquilantes como a mostarda nitrogenada capaz de alterar a estrutura e função do DNA bloqueando a divisão celular pela enzima CPG2 (NAPIER et al. 2000) e o desenvolvimento de novos fármacos com meia vida extremamente curta capazes de serem rapidamente removidos da circulação evitando o uso de anticonjugado (MAYER et al. 2006). Recentemente, Mayer et al (MAYER et al. 2006) descreveram os resultados de um estudo de fase I utilizando MFECP1, uma proteína de fusão da cadeia simples do anticorpo anti-CEA e CPG2, seguido da injeção do pró-droga bisiodo fenol mostarda. Vinte e oito pacientes foram avaliados e MFECP1 se mostrou seguro e bem tolerado, foi removido rapidamente pelo fígado e apresentou menor imunogenicidade que tratamentos anteriores, com significativo aumento da sobrevida. Cabe destacar que em países em desenvolvimento, uma limitação importante para o uso dessas terapias emergentes é o seu custo elevado. Segundo Goldenberg & Sharkey (SHARKEY e GOLDENBERG, 2006), o custo médio mensal para o tratamento de câncer colorretal com bevacizumab é de U$4,800 e U$12,000 para cetuximab. Barret et al (LOMBERGET et al. 2006) relataram o elevado custo de Herceptin , indicado no tratamento de mulheres com câncer de mama, quando comparado a outros tipos de tratamento. CONSIDERAÇÕES FINAIS A imunoterapia, especialmente contra os tumores, teve um grande avanço nos anos 80 e 90 em modelos animais, mas se mostrou pouco eficiente quando aplicada em humanos. Na última década, no entanto, especialmente graças ao uso da biotecnologia, um grande número de imunobiológicos antitumorais estão sendo pesquisados e/ou produzidos. Usados como monoterapia ou associados à quimioterapia ou radioterapia, representam a última fronteira no tratamento dessas afecções. 14 Embora o custo ainda represente um fator limitante para seu uso em escala mundial, a semelhança do que aconteceu com outros medicamentos, na medida em que sua eficiência e aplicação forem demonstradas, certamente haverá um aumento na produção e maior acesso a esses tratamentos, mesmo nos países em desenvolvimento. REFERÊNCIAS Acar C, Teksöz S, Unak P, Müftüler FZ, Medine EI, Somatostatin with 99mTc and biodistribution studies in rats. Cancer Biother Radiopharm. 2007;22:748-54. Aggarwal H, Lubana PS, Jain DK, Mathur RK, Estimation of BCL-2 protein in carcinoma of the breast and its clinical correlation in locally advanced breast cancer. J Cancer Res Ther.2007;3:207-10. Aguillón JC, Contreras J, Dotte A, Cruzat A, Catalán D, Salazar L, et al. New immunological weapons for medicine in the 21st Century: biological therapy based on the use of the latest generation monoclonal antibodies. Rev Med Chil. 2003;131:1445-53. Andrady C, Sharma SK, Chester KA, Antibody-enzyme fusion proteins for cancer therapy. Immunotherapy. 2011;3:193-211. Aurisicchio L, Marra E, Roscilli G, Mancini R, Ciliberto G, The promise of antiErbB3 monoclonals as new cancer therapeutics. Oncotarget. 2012;10. [Epub ahead of print] Bagshawe KD, Sharma SK, Burke PJ, Melton RG, Knox RJ, Developments with targeted enzymes in cancer therapy. Curr Opin Immunol. 1999;11:579-83. Bagshawe KD, Sharma SK, Springer CJ, Rogers GT, Antibody directed enzyme prodrug therapy (ADEPT). A review of some theoretical, experimental and clinical aspects. Ann Oncol. 1994;5:879-91. Berndorff D, Borkowski S, Moosmayer D, Viti F, Müller-Tiemann B, Sieger S, Imaging of tumor angiogenesis using 99mTc-labeled human recombinant antiED-B fibronectin antibody fragments. J Nucl Med. 2006;47:1707-16. Bhardwa J, Goldstraw M, Tzortzis S, Kirby R, Finasteride and doxazosin alone or in combination for the treatment of benign prostatic hyperplasia. Expert Opin Pharmacother. 2007;8:1337-44. 15 Brand FX, Ravanel N, Gauchez AS, Pasquier D, Payan R, Fagret D, et al. Prospect for anti-her2 receptor therapy in breast cancer. Anticancer Res. 2006;26:715-22. Cortez-Retamozo V, Backmann N, Senter PD, Wernery U, De Baetselier P, Muyldermans S, et al. Efficient cancer therapy with a nanobody-based conjugate. Cancer Res. 2004;64:2853-7. Dadachova E, Casadevall A, Renaissance of targeting molecules for melanoma, Cancer Biother Radiopharm. 2006;21:545-52. Denny WA, Tumor-activated prodrugs--a new approach to cancer therapy. Cancer Invest. 2004;22:604-19. Di Stefano G, Fiume L, Baglioni M, Bolondi L, Chieco P, Kratz F, et al. Efficacy of doxorubicin coupled to lactosaminated albumin on rat hepatocellular carcinomas evaluated by ultrasound imaging. Dig Liver Dis. 2007 Dec 2 [Epub ahead of print]. Eccles SA, The role of c-erbB-2/HER2/neu in breast cancer progression and metastasis. J Mammary Gland Biol Neoplasia. 2001;6:393-406. Forero A, Shah J, Wang W, Harrough VD, Saville W, Meredith R, et al. Retreatment with yttrium-90 ibritumomab tiuxetan in patients with B-cell nonHodgkin's lymphoma. Leuk Lymphoma. 2007;48:1736-44. Francis RJ, Sharma SK, Springer C, Green AJ, Hope-Stone LD, Sena L. et al, A phase I trial of antibody directed enzyme prodrug therapy (ADEPT) in patients with advanced colorectal carcinoma or other CEA producing tumours. 2002;87:600-7. Gensini F, Sestini R, Piazzini M, Vignoli M, Chiarugi A, Brandani P, et al. The p.G23S CDKN2A founder mutation in high-risk melanoma families from Central. Melanoma Res. 2007; 17:387-92. Gilligan MG, Knox PG, Searle PF, Gene therapy: development of immunostimulatory treatments for cancer. Biotechnol Genet Eng Rev. 2000;17:497-529. Goldenberg DM, Radiolabelled monoclonal antibodies in the treatment of metastatic cancer. Curr Oncol. 2007;14:39-42. Grana C, Chinol M, Robertson C, Mazzeta C, Bartolomei M, De Cicco C. Pretargeted adjunt radioimmunotherapy with yttrium-90-biotin in malignant glioma patients: a pilot study. 2002;86:207-12. 16 Gridelli C, Rossi A, Morgillo F, Bareschino MA, Maione P, Di Maio M, Ciardiello F, A randomized phase II study of pemetrexed or RAD001 as second-line treatment of advanced non-small-cell lung cancer in elderly patients: treatment rationale and protocol dynamics. Clin Lung Cancer. 2007;8:568-71. Hammarström S, The carcinoembryonic antigen (CEA) family: structures, suggested functions and expression in normal and malignant tissues. Semin Cancer Biol. 1999;9:67-81. Harding TC, Dickinson PJ, Roberts BN, Yendluri S, Gonzalez-Edick M, Lecouteur RA, et al. Enhanced gene transfer efficiency in the murine striatum and an orthotopic glioblastoma tumor model, using AAV-7- and AAV-8pseudotyped vectors. Hum Gene Ther. 2006;17:807-20. Harding WW, Hodge M, Wang Z, Woolverton WL, Parrish D, Deschamps JR, et al, Enantioselective synthesis of (2R,3R)- and (2S,3S)-2-[(3-chlorophenyl)-(2methoxyphenoxy)methyl]morpholine. Tetrahedron Asymmetry. 2005;16:22492256. Harmsen MM, De Haard HJ, Properties, production, and applications of camelid single-domain antibody fragments. Appl Microbiol Biotechnol. 2007;77:13-22. Hendeles L, Sorkness CA, Anti-immunoglobulin E therapy with omalizumab for asthma. Ann Pharmacother. 2007;41:1397-410. Hust M, Frenzel A, Meyer T, Schirrmann T, Dübel S, Construction of human naive antibody gene libraries. Methods Mol Biol. 2012;907:85-107. Kaumaya PT, Foy KC, Peptide vaccines and targeting HER and VEGF proteins may offer a potentially new paradigm in cancer immunotherapy. Future Oncol. 2012;8:961-87. Klimm B, Schnell R, Diehl V, Engert A, Current treatment and immunotherapy of Hodgkin's lymphoma. Haematologica. 2005;90:1680-92. Kraeber-Bodéré F, Rousseau C, Bodet-Milin C, Ferrer L, Faivre-Chauvet A, Campion L, et al. Targeting, toxicity, and efficacy of 2-step, pretargeted radioimmunotherapy using a chimeric bispecific antibody and 131I-labeled bivalent hapten in a phase I optimization clinical trial. J Nucl Med. 2006;47:24755. Lomberget T, Baragona F, Fenet B, Barret R, [3+2] versus [4+2] cycloadditions of quinone monoimide with azadienes: a Lewis acid-free access to 5-amino-2,3dihydrobenzofuranes. Org Lett. 2006;8:3919-22. 17 Mathé G, Hartmann L, Loverdo A, Bernard J, Attempt at protection against radiogold-induced mortality by injection of isologous or homologous bone marrow cells. Rev Fr Etud Clin Biol. 1958;3:1086-7. Mayer A, Francis RJ, Sharma SK, Tolner B, Springer CJ, Martin J, et al. A phase I study of single administration of antibody-directed enzyme prodrug therapy with the recombinant anti-carcinoembryonic antigen antibody-enzyme fusion protein MFECP1 and a bis-iodo phenol mustard prodrug. Clin Cancer Res. 2006;12:6509-16 . McCarron PA, Olwill SA, Marouf WM, Buick RJ, Walker B, Scott CJ, Antibody conjugates and therapeutic strategies. Mol Interv. 2005;5:368-80. Mirick GR, Bradt BM, Denardo SJ, Denardo GL. A review of human antiglobulin antibody (HAGA, HAMA, HACA, HAHA) responses to monoclonal antidodies. Not four letter words. Q J Nucl Med Mol Imaging 2004; 48(4):251-7. Moosmayer D, Berndorff D, Chang CH, Sharkey RM, Rother A, Borkowski S,et al. Bispecific antibody pretargeting of tumor neovasculature for improved systemic radiotherapy of solid tumors. Clin Cancer Res. 2006;12:5587-95. MorjariaJB, Gnanakumaran G, Babu KS, Anti-IgE in allergic asthma and rhinitis: an update. Expert Opin Biol Ther. 2007;7:1739-47. Napier MP, Sharma SK, Springer CJ, Bagshawe KD, Green AJ, Martin J, et al. Antibody-directed enzyme prodrug therapy: efficacy and mechanism of action in colorectal carcinoma. Clin Cancer Res. 2000;6:765-72. Oosterwijk E, Brouwers A, Boerman OC, Larson SM, Old LJ, Mulders P, et al. Monoclonal antibody therapy of kidney cancer. Cancer Treat Res. 2003;116:199-212. Ortin M, Immunotherapy of hematological malignancies: what is new? Annals of Oncology. 2005;2:53-62. Pallela VR, Rao SP, Thakur ML, Interferon-alpha-2b immunoconjugate for improving immunoscintigraphy and immunotherapy. J Nucl Med. 2000;41:110813. Qu Z, Goldenberg DM, Cardillo TM, Shi V, Hansen HJ, Chang CH, Bispecific anti-CD20/22 antibodies inhibit B-cell lymphoma proliferation by a unique mechanism of action. Blood. 2008 15;111:2211-9. Resche I, Devillers A, Laffont S, Bardiès M, Chang K, Sharkey RM, Goldenberg DM, et al. Pharmacokinetics and dosimetry studies for optimization of anti18 carcinoembryonic antigen x anti-hapten bispecific antibody-mediated pretargeting of Iodine-131-labeled hapten in a phase I radioimmunotherapy trial. Clin Cancer Res. 2003;9:3973-81. Revets H, De Baetselier P, Muyldermans S, Nanobodies as novel agents for cancer therapy. Expert Opin Biol Ther. 2005;5:111-24. Reylli RM, Radioimmunotherapy of Solid Tumors: The Promise of Pretargeting Strategies Using Bispecific Antibodies and Radiolabeled Haptens. 2006;2:196199. Rietzel E, Rosenthal SJ, Gierga DP, Willet CG, Chen GT, Moving targets: detection and tracking of internal organ motion for treatment planning and patient set-up. Radiother Oncol. 2004;73:68-72. Roberge M, Estabrook M, Basler J, Chin R, Gualfetti P, Liu A, et al Construction and optimization of a CC49-based scFv-beta-lactamase fusion protein for ADEPT. 2006;4:141-5. Roosebom M, Commandeur JN, Vermeulen NP, Enzyme-catalyzed activation of anticancer prodrugs. Pharmacol Rev. 2004;56:53-102. Roovers RC, van Dongen GA, en Henegouwen PM, Nanobodies in therapeutic applications. Curr Opin Mol Ther. 2007;9:327-35. Rowland GF, O'Neill GJ, Davies DA, Suppression of tumour growth in mice by a drug-antibody conjugate using a novel approach to linkage. Nature. 1975;255:487-8. Ruthann, Giusti RM, Shastri KA, Cohen MH, Keegan P, Pazdur R, The role of bevacizumab in the treatment of non-small cell lung cancer: current indications and future developments. Oncologist. 2007;12:577-83. Senekowitsch-Schmidtke R, Schuhmacher C, Becker KF, Nikula TK, Seidl C, Becker I, et al. Highly specific tumor binding of a 213Bi-labeled monoclonal antibody against mutant E-cadherin suggests its usefulness for locoregional alpha-radioimmunotherapy of diffuse-type gastric cancer. Cancer Res. 2001;61:2804-8. Sharkey RM, Goldenberg DM. Target therapy of cancer: new prospects for antibodies and immunoconjugates. CA Cancer J Clin. 2006; 56:226-43. Sharom FJ, ABC multidrugs transporters: structure, function and role in chemoresistence. Pharmacogenomics. 2008;9:105-27. 19 Sharkey RM, Karacay H, McBride WJ, Rossi EA, Chang CH, Goldenberg DM, Bispecific antibody pretargeting of radionuclides for immuno single-photon emission computed tomography and immuno positron emission tomography molecular imaging: an update. Clin Cancer Res. 2007;13:5577-5585. Sharp HJ, Wansley EK, Garnett CT, Chakraborty M, Camphausen K, Hodge JW. Synergistic antitumor activity of immune strategies combined with radiation. Front Biosci. 2007;12:4900-10. Shen S, DeNardo GL, Yuan A, Hartmann-Siantar C, O'Donnell RT, DeNardo SJ, Splenic volume change and nodal tumor response in non-Hodgkin's lymphoma patients after radioimmunotherapy using radiolabeled Lym-1 antibody. Cancer Biother Radiopharm. 2005;20:662-70. Strome SE, Sausville EA, Mann D, A mechanistic perspective of monoclonal antibodies in cancer therapy beyond target-related effects. Oncologist. 2007;12:1084-95. Tamao F, Miele F, Spinelli GP, Russilo M, La Ferla G, Tamao S, Trastuzumab in metastatic breast cancer. Eur J Gynaecol Oncol, 2006;27:247-9. Urbano N, Papi S, Ginanneschi M, De Santis R, Pace S, Lindstedt R, et al. Evaluation of a new biotin-DOTA conjugate for pretargeted antibody-guided radioimmunotherapy (PAGRIT). Eur J Nucl Med Mol Imaging. 2007;34:68-77. Varma S, Varma N, Sharma BK, Myelodysplastic syndrome following chemoradiotherapy for carcinoma breast and Wilm's tumour. Indian J Cancer. 1992;29:136-8. Winau F, Westphal O, Winau R, Paul Ehrlich – in search of the magic bullet. Microbes Infect. 2004;8:786-9. Xu G, McLeod HL, Strategies for enzyme/prodrug cancer therapy. Clin Center Res. 2001;7:3314-24. Xu JM, Paradiso A, McLeod HL, Evaluation of epidermal growth factor receptor tyrosine kinase inhibitors combined with chemotherapy: Is there a need for a more rational design? Eur J Cancer. 2004;40:1807-9. 20