alteração da fisionomia original da paisagem dada pela atividade

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VI CONGRESSO NACIONAL DE GEOMORFOLOGIA – Coimbra, 2013
Atas/Proceedings – ISBN 978-989-96462-4-7
ALTERAÇÃO DA FISIONOMIA ORIGINAL DA PAISAGEM DADA PELA
ATIVIDADE EXTRATIVISTA – SUL DE MINAS GERAIS, BRASIL
LANDSCAPE CHANGING BY EXTRATIVE ACTIVITY– SOUTH OF MINAS
GERAIS, BRAZIL
Dias, Laura Cristina, UNIFAL-MG, Minas Gerais, Brasil , [email protected]
Ferraz, Vinícius Archanjo, UNIFAL –MG, Minas Gerais, Brasil, [email protected]
RESUMO
A paisagem é alvo de constantes transformações, e atualmente as atividades antrópicas
especificamente as mineradoras são responsáveis por grandes alterações na morfologia do relevo fruto
da extração de recursos geológicos. Estas mudanças no relevo vão gerar novas feições
geomorfológicas de origem antrópica que consequentemente alteram a paisagem e a própria dinâmica
desta. O presente trabalho pretende analisar estas diferenças causadas pelas atividades nas pedreiras
no caso específico de algumas minas na região sul de Minas Gerais, Brasil, local que tem grande
quantidade de minerações.
ABSTRACT
The landscape is subject to constant change, and human activities currently specifically mining
companies are responsible for major changes in the morphology of the fruit of relief geologic resource
extraction. These changes in relief will generate new geomorphological features of anthropogenic
origin that consequently alter the landscape and the dynamics of this. The present study aims to
examine these differences caused by quarrying activities in the specific case of some mines in
southern Minas Gerais, Brazil, a site which holds a large mining production.
INTRODUÇÃO
A atividade extrativa de recursos pétreos na região Sul de Minas Gerais – Brasil, torna-se cada vez
mais comum, fruto do potencial rochoso e da viabilidade que as minerações encontraram nas
localidades. O setor da construção civil, mais especificamente das rochas ornamentais, usufruem, de
fato, das distintas características encontradas nos materiais rochosos. Os resultados das minerações
ficam impressos na paisagem, com cortes, recortes, depósitos, retirada de material, transporte, entre
outros processos, ou seja, alterando, a partir de atividades antrópicas, um ambiente previamente
equilibrado. São inevitáveis, desta forma, mudanças na morfologia local, com novas feições e
processos, que se vão traduzir numa paisagem cada vez mais antropizada. O presente estudo, vem
justamente relatar essas alterações que as pedreiras ocasionam na paisagem, tendo como exemplo
quatro minerações da região de Alfenas e Botelhos – sul de Minas Gerais, com o intuito de
caracterizar a atividade extrativa bem como as novas formas assumidas no relevo por imposição
antrópica. O projeto ainda encontra-se em andamento, mas alguns primeiros resultados já mostram-se
esboçados, e podendo ser relacionados com pesquisas pretéritas dos próprios autores na mesma àrea
de estudo.
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LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA
A área de estudo desta pesquisa compreende a região do sul do estado de Minas Gerais, sudeste do
Brasil (Figura 1). São quatro as pedreiras estudas, situadas nas cidades de Alfenas, Serrania e
Botelhos.
Figura 1: mapa da região de estudo, sul do estado de Minas Gerais, Brasil.
ASPECTOS FISIOGRÁFICOS DA ÁREA DE ESTUDO
Geologia
A região de Alfenas e Serrania é composta pelas associações de rochas do Complexo-Guaxupé, e a
área de Botelhos situa-se no complexo cristalino de Poços de Caldas. Inicialmente as rochas da região
de Alfenas e Serrania foram definidas propostas por Ebert (1967) como Complexo Varginha, e a
região de Botelhos compreende o maciço alcalino de Poços de Caldas. Em 1979, Fonseca et al. reuniu
esses metassedimentos, juntamente com rochas ortognaisses (granulitos e migmatitos), no Complexo
Guaxupé. O complexo Guaxupé corresponde a um bloco limitado a norte pela Zona de Cisalhamento
Campo do Meio, a sul pela Zona de Cisalhamento Ouro Fino e a leste pelo Supergrupo Alto Rio
Grande. As rochas ortoderivadas encontradas nesse Complexo são hiperstênio-granulitos
(charnockitos), granulitos alaskíticos (enderbitos), granulitos básicos, gnaisses graníticos bandados,
metabásicas e metaultrabásicas. A essas rochas associam-se metassedimentos de alto grau
metamórfico, que foram separados no Grupo Caconde: quartzitos, gnaisses, xistos diversos,
mármores, etc.
As rochas constituintes do maciço cristalino de Poços de Caldas são de filiação alcalina com idade
Mesozóica-Cenozóica. O maciço de natureza intrusiva tem como embasamento cristalino, rochas
Arqueanas, constituídas na maioria por gnaisses, migmatitos e granulitos. As rochas mais abundantes
são as nefelinas-sienitos (tinguaítos, fonólitos, foiaítos).
A região sul mineira como um todo, possui uma geologia estrutural extensamente marcada por zonas
de cisalhamento, e através destas apresenta-se segundo Almeida (1977) padrões de blocos que não se
distribuem uniformemente no espaço. As estruturas destes blocos sofreram fases de dobramentos,
processos de superposição e deformações (Almeida, 1977), estas estruturas são visíveis durante a
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presente pesquisa, ao observarmos os bandamentos composicionais, a xistosidade e a foliação das
rochas analisadas nos locais de estudo.
Hidrografia e Geomorfologia
A região de estudo faz parte da Bacia Hidrográfica de Furnas, sendo seus principais
afluentes os Rio Muzambo, Rio Cabo Verde, Rio São Tomé e Rio Machado. A rede de
drenagem da área é de um padrão predominantemente bilinear, encaixadas em vales planos e
alongados. O padrão pode ser melhor visualizado na Represa de Furnas, onde predominam
duas direções (aproximadamente NE e WNW) (Menicheli, 2000). As drenagens assimétricas
demarcam mudança no padrão de relevo indicando planos de falhas na mesma direção das
cristas dos morros.
Esta paisagem está inserida no Planalto de Varginha ou Planalto Sul de Minas (alto Rio Grande) o
qual, juntamente com o conjunto de serras, faz parte do Planalto Atlântico do Sudeste (Ab’Saber,
1975). As porções a Sul, próximas a Serrania e Machado, e a Norte, entre Campos Gerais e Alterosa,
apresentam as maiores elevações, entre 1000 e 1300 m de altitude, onde se encontram os conjuntos de
serras. Entre estes as altitudes são mais baixas, alcançando entre 800 a 850 m, onde se encontra a
represa de Furnas. A região tem como nível de base a superfície d’água da represa de Furnas. Há
planícies em alguns pontos próximos à represa e em regiões próximas aos maiores rios da área.
Colinas suaves dominam a região de vales entre morros escarpados e assimétricos e estes possuem
cristas alinhadas próximas à direção E-W (Menicheli, 2000).
METODOLOGIA
A execução do projeto consistiu em levantamento bibliográfico sobre a região e trabalhos
correlacionados com o tema proposto; caracterização as pedreiras em estudo através de observações
das proporções exploradas e das novas feições geomorfológicas formadas antropicamente;
identificação com bases em fotos, mapas e esquemas os elementos essenciais causados pela atividade
extrativa.
RESULTADOS
Os estudos realizados mostraram a interferência que a atividade mineira tem provocado em relação à
geomorfologia da região do sul de Minas Gerais, alterando de forma negativa a paisagem natural onde
é instalado o empreendimento. Toda a fisionomia do relevo perde suas características originais a partir
do momento em que a mineração começa a operar no local. Primeiramente, na fase de implantação, é
retirada a cobertura vegetal para abertura de redes viárias para dar acesso à pedreira, seguido da
retirada da cobertura vegetal e cobertura pedológica que recobrem o material rochoso a ser extraído.
Na fase de operação, é observar as imensas cavas, que nada mais são que as aberturas na rocha para
extração da mesma, configurando nos primeiros indícios na modificação do relevo (figura 2).
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Figura 2: Alteração da paisagem
natural dada pela atividade de
mineração – 1: pedreira de gnaisse
charnokitico em Serrania; 2: pedreira
de gnaisse granítico em Serrania; 3:
pedreira de gnaisse hiperstênico em
Alfenas; 4: pedreira de granito em
Botelhos.
Com a exploração da rocha é gerado ainda o material de rejeito, incluindo a cobertura pedológica
antropizada, os fragmentos de rochas e blocos de rocha que não possuem tamanho adequado para o
setor comercial, no caso da exploração do granito ornamental. Todo esse material estéril é depositado
em locais próximos às pedreiras e configura numa nova forma de modificação da paisagem. A
alteração da paisagem natural através da atividade de mineração acontece, portanto, primeiramente
com a retirada do material rochoso (extração) e a consecutiva deposição dos materiais de rejeito
(figura 3).
Figura 3: Pedreira situada em Botelhos – MG, mostra a alteração a partir da extração e deposição dos materiais
da pedreira.
CONCLUSÃO
A atividade extrativista de fato, gera impactos e alterações na paisagem, destruindo e construindo
formas de relevo. Estas mudanças são vistas como fruto da antropização de diferentes áreas, como no
caso das pedreiras em estudo, as quais fazem a região sul de Minas Gerais ser cada vez mais recortada
pelas constantes extrações de recursos pétreos. É importante ressaltar que o funcionamento destas
atividades requer um plano de recuperação dos locais explorados (PRAD – Plano de Recuperação de
Áreas Degradadas), mas isso não significa que os ambientes de extração são restaurados ou
revitalizados, em grande parte são apenas estabilizados com cobertura vegetal, sem preocupação com
as transformações ocasionadas na morfologia local.
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REFERÊNCIAS:
Ab’Saber, A. N. (1975) – Formas de Relevo: texto básico. São Paulo: EDART, 80 p.
Almeida, F. F. M. de. (1977) – O Cráton do São Francisco. Revista Brasileira de Geociências, 7(4),
pp. 349-363
Ebert, H. (1971) – A estrutura pré-cambriana do sudoeste de Minas Gerais e áreas adjacentes. Bol.
Paran. Geoc., Curitiba, v. 26, pp. 42-45
Fonseca, M. J. G., Silva, Z. C. G., Campos, D. A. & Tosatoo, P. (1979) – Carta Geológica do Brasil
ao Milionésimo (Folhas de Rio de Janeiro/Vitória/Iguape, SF-23/24 e SG-23): texto
explicativo. Brasília, 240 p.
Menicheli, M. M. (2000) – Geologia da Região de Campo do Meio – MG. Rio Claro: UNESP, 2000.
Trabalho de Formatura – Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual
Paulista-UNESP, 63 p.
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