MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA – MEC UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PRPPG Coordenadoria Geral de Pesquisa – CGP Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Bloco 06 – Bairro Ininga Cep: 64049-550 – Teresina-PI – Brasil – Fone (86) 215-5564 – Fone/Fax (86) 215-5560 E-mail: [email protected] Resumo Expandido OS ESTUDOS TEÓRICOS SOBRE AS CLASSES SOCIAIS NOS ANOS 2000 Erlon Dias de Sales Santos (discente do Programa ICV), Francisco Pereira de Farias (Orientador, Departamento de Ciências Sociais – UFPI) Introdução Ao longo das tradições de conhecimento sociológico a noção de classe social tem desempenhado papel ora fundamental, ora meramente heurístico. Sucessivos debates conduziram a diferentes definições do modo como se formam as classes, de quais os limites objetivos entre elas, de como se dá sua representação no plano político, de como utilizá-la na análise, etc. Englobando esses problemas, este trabalho tem como objetivo verificar se ocorreu uma mudança na definição deste conceito tão caro às ciências sociais, tentando articular as diferentes matrizes de pensamento e observar como elas têm utilizado o conceito de classe social na análise dos fenômenos recentes e, consequentemente, estabelecido a função no interior do conhecimento científico. Para isso, além de ler trabalhos publicados do ano 2000 até a data presente, fez-se necessário uma retomada da discussão que estava presente em autores consagrados de épocas anteriores, tais como Marx, Lukács e Sweezy. Foram selecionados os 10 artigos de maior relevância em língua disponibilizados no Portal de Periódicos CAPES, além dos 10 primeiros em língua inglesa contidos na base Gale – Academic OneFile. Metodologia Dado caráter teórico da pesquisa, o primeiro momento do trabalho foi marcado por um processo de caracterização panorâmica do debate sobre o conceito de classe social e sua função na teoria política e social, através de levantamento da bibliografia básica que antecedeu os trabalhos mais contemporâneos, seguido de fichamentos e organização das leituras. Desse modo, a segunda etapa foi subsidiada pelos fundamentos das discussões teóricas que tiveram maior impacto na análise das classes sociais nas sociedades capitalistas ocidentais modernas, permitindo uma diferenciação mais clara das vertentes teóricas e observando as mudanças ocorridas ao longo do tempo. Comparou-se as diferentes produções que tomam o conceito de classe social como fundamental na análise de qualquer tema em qualquer área. Resultados e discussão O referencial teórico já aponta a complexidade da questão, demonstrando que é uma discussão perene nas teorias sociais e políticas a definição e delimitação das classes sociais. A abordagem futura dos trabalhos publicados a partir de 2000 terá, então, uma diversidade de abordagens que permitirá uma análise profunda sem perder a possibilidade de conjecturação. A atualidade do problema se manifesta na ampla produção acadêmica dos últimos anos. Tomando como principal referência o Portal de Periódicos da CAPES, temos que 66% dos mais de 750.000 trabalhos que abordam de alguma maneira o tema das classes sociais foram escritos a partir do ano 2000. Outra observação importante é a de que no Brasil predominam trabalhos teóricos face os trabalhos empíricos que tomam a noção de classe social em suas análises. Apesar da diversidade de aplicações do conceito de classe social aqui apresentadas, as definições podem ser agrupadas entre as que colocam a classe e função da ocupação no processo de produção; na ideologia (visão de mundo e estilo de vida); e poder de consumo (renda monetária e bens materiais possuídos). Conclusão Embora preterido por setores da academia, o conceito de classe social permanece fundamental na ciência contemporânea, note-se a quantidade de produções até mesmo em outras áreas que não as ciências sociais, ainda que com conotações diversas. A diversidade de definições para um mesmo conceito não deve ser colocada como um defeito, posto que isto está presente em toda a história da ciência. As funções epistemológicas de um conceito – gnosiológicas, inferenciais e linguísticas - são atendidas pelo conceito de classe social, pois ele permite eficazmente a categorização, a dedução, a comunicação linguística e a atribuição de significados. Apoio: UFPI (impressão de banner). Referências bibliográficas: BOITO JR. Armando. A (difícil) formação da classe operária. In:______ Marxismo e humanas. Campinas-SP: EdUnicamp, 2003. ciências EDER, Klaus. A nova política de classes. Bauru-SP, EDUSC, 2002. Sociologias, Porto Alegre, ano 13, no 26, jan./abr. 2011, p. 306-330. Ah HARDY-VALÉE, Benoit. Que é um conceito? São Paulo: Parábola, 2013. LUKÁCS, Georg. História e consciência de classe. São Paulo: Martins Fontes, 2005. MARX, Karl. A miséria da filosofia. São Paulo: Escala, 2007. NEGRO, Antonio Luigi. Além de senzalas e fábricas: uma história social do trabalho. Tempo Social, revista de sociologia da USP, v. 18, n. 1, pp. 217-240. PERISSINOTTO, Renato. O 18 Brumário e a análise de classe contemporânea. Lua Nova. São Paulo: 2007. n. 71. pp. 81-121. PORTAL DE PERIÓDICOS, CAPES. SOUZA FILHO, Edson A. de. A infância segundo familiares e educadores – etnia e classe social. Psicologia & Sociedade; vol. 25(1): 123-133, 2013. RAMSAY, Sheena. Is socioeconomic position related to the prevalence of metabolic syndrome? Diabetes Care, v. 31, n.12, dec. 2008. THERBORN, Göran. A análise de classe no mundo atual: o marxismo como ciência social. In:______ HOBSBAWM, Eric. História do marxismo. v. 11.Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989. Palavras-chave: Classes sociais. Conceito. Teoria política.