A ALTERNÂNCIA ENTRE FUTURO DO PRETÉRITO E PRETÉRITO IMPERFEITO COM CONOTAÇÃO HIPOTÉTICA Sílvia Maria Brandão*, Profa. Dra. Rosane de Andrade Berlinck, Campus Araraquara, Faculdade de Ciências e letras, Letras, [email protected]*, bolsista PIBIC/CNPq. Palavras Chave: Alternância Verbal, Futuro do Pretérito, Variação e Mudança Linguísticas. Introdução O presente trabalho de base variacionista analisa a alternância entre Futuro do Pretérito e Pretérito Imperfeito do indicativo (em suas formas simples e/ou perifrásticas) em expressões hipotéticas, produzidas por falantes com nível superior de escolaridade e em contextos de maior monitoramento de fala. Partimos da proposta laboviana de avaliar o papel de estilos contextuais, com base no grau de atenção dada à fala (LABOV, 1972), sem deixar de lado os estudos mais recentes que tratam da influência do estilo sobre os processos de variação (ECKERT; RICKFORD, 2001). Assim, as hipóteses principais são (i) de que essa alternância já constatada em contextos informais tem se expandido a outros contextos e (ii) de que fatores linguísticos, como a forma, natureza sintático-semântica do verbo, a localização do evento no tempo e fatores extralinguísticos, como a idade, por exemplo, influenciam diretamente no uso de uma ou outra forma verbal. Objetivo O objetivo principal deste trabalho é descrever e avaliar a correlação entre os grupos de fatores mais relevantes (natureza e forma verbal, ambiente sintático, localização dos eventos no tempo, idade dos informantes) e o fenômeno da alternância, levando-se em conta as questões estilísticas. de formas simples (imperfeito – 30%; futuro do pretérito – 32%) e da forma perifrástica do pretérito imperfeito (31%). O futuro na forma perifrástica ocorreu em apenas 7% dos enunciados. Quanto à (ir)regularidade do verbo, observou-se que os verbos irregulares favoreceram a realização do imperfeito (72%) e os regulares favoreceram a realização do futuro do pretérito (57%). Ao analisar a localização dos eventos no tempo, por meio de marcadores temporais, observou-se que quando o falante refere-se ao passado, ou seja, com uma visão retrospectiva, este usa em maior escala o imperfeito (69%) e quando se remete ao presente ou ao futuro, com uma visão prospectiva, este faz um uso equilibrado entre futuro do pretérito e pretérito imperfeito (56% e 44%). A variável idade também se mostrou relevante; obteve-se um padrão curvilíneo de ocorrência das duas formas, pois informantes entre 15 e 35 anos utilizaram em larga escala o imperfeito enquanto os falantes entre 36 e 55 tenderam a usar mais o futuro do pretérito; já os falantes com 56 anos ou mais passaram a usar com mais frequência novamente o imperfeito. Conclusões Os dados analisados são do início do Séc. XXI e provêm de entrevistas presentes no projeto Amostra Linguística do Interior Paulista – ALIP. Analisou-se o fenômeno em enunciados que continham orações subordinadas condicionais que incluíam a conjunção SE. A base teórico-metodológica vem da Teoria da Variação e da Mudança Linguísticas (Weinreich, Labov, Herzog 1968; Labov 1972, 1994, 2001). Os dados foram analisados e quantificados com o auxílio do Goldvarb - uma ferramenta estatística para análise da variação linguística. Segundo alguns estudos¹ já realizados sobre o tema, a ocorrência de verbos no futuro do pretérito carrega um maior “status” em relação ao uso do imperfeito com a mesma conotação. Essa ideia embasava nossa hipótese principal de que a ocorrência do pretérito imperfeito estaria se acentuando entre os falantes com um maior nível de instrução e em contextos mais formais de fala e foi confirmada pela análise. O resultado obtido para a variável idade também contribui para essa interpretação, levando-se em conta a noção de “mercado linguístico”. Tudo indica que há uma correlação entre as questões estilísticas e os fatores linguísticos destacados acima, o que aponta para a relevância de um aprofundamento do estudo em curso. Resultados e Discussão Agradecimentos Os dados encontrados e analisados foram poucos, embora expressivos, totalizando 75 ocorrências; dessas, em 46 (61%) o verbo apareceu no pretérito imperfeito, em orações como “se eu tivesse dinheiro, comprava uma ilha” e em 29 (39%) o verbo apareceu no futuro do pretérito como em: “se eu tivesse dinheiro, eu compraria uma ilha. Quanto às formas verbais, encontramos um uso equilibrado Ao CNPq pela oportunidade! E ao Projeto ALIP, pelo acesso à amostra. ____________________ Material e Métodos XXV Congresso de Iniciação Científica ¹COSTA, A.L.P. Variação entre formas de futuro do pretérito e de pretérito imperfeito no português informal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, UFRJ, 2003. Tese de doutorado em Linguística. GONÇALVES, S. C. L. Banco de dados Iboruna: amostras eletrônicas do português falado no interior paulista. Disponível em: http:://www.alip.ibilce.unesp.br/iboruna.