Expediente REALIZAÇÃO SEBRAE – SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Diretor de Administração e Finanças JOSÉ CLAUDIO DOS SANTOS Presidente do Conselho Deliberativo Nacional ROBERTO SIMÕES Gerente da Unidade de Agronegócios ENIO QUEIJADA DE SOUZA Diretor-Presidente LUIZ EDUARDO PEREIRA BARRETTO FILHO Gerente da Unidade de Marketing e Comunicação CÂNDIDA BITTENCOURT Diretor Técnico CARLOS ALBERTO DOS SANTOS Coordenador de Projetos de Agroecologia, Orgânicos e Horticultura LUDOVICO WELLMANN DA RIVA SEBRAE SGAS 604/605 – Módulos 30 e 31 – Asa Sul – Brasília – Distrito Federal CEP: 70200-645 – Telefone: (61) 3348 7100 www.sebrae.com.br www.sebrae.com.br/setor/horticultura Central de Relacionamento Sebrae 0800 570 0800 Apoio Técnico ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS ENTIDADES ESTADUAIS DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL (ASBRAER) EMPRESA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL DO DISTRITO FEDERAL (EMATER-DF) Sumário APRESENTAÇÃO 1º Passo MODALIDADES DE CULTIVO 2º Passo ANÁLISE, PREPARO, CORREÇÃO E ADUBAÇÃO DO SOLO 3º Passo ESCOLHA DA CULTIVAR/HÍBRIDO 4º Passo FORMAÇÃO DE MUDAS 5º Passo TRATOS CULTURAIS 6º Passo CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS 7º Passo COLHEITA E PÓS-COLHEITA 8º Passo COMERCIALIZAÇÃO E AGREGAÇÃO DE VALOR 9º Passo COMPORTAMENTO DE MERCADO 10º Passo 5 6 9 12 15 17 21 23 25 26 LEVANTAMENTOS DE DADOS PARA FAZER ORÇAMENTO 28 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 30 ANOTAÇÕES 31 Editorial Série Agricultura Familiar Coleção Passo a Passo – Pimentão Produção Editorial *GERALDO MAGELA GONTIJO, Técnico em Agropecuária *RENATO DE LIIMA DIAS, Eng. Agr., M. Sc., Economia Rural (*) EMATER-DF PLANO MÍDIA COMUNICAÇÃO ([email protected]) (61) 3244 3066/67 e 9216 5879 Projeto Gráfico e Diagramação BRUNO EUSTÁQUIO Supervisão editorial NEWMAN COSTA (SEBRAE) Revisão ELIANA SILVA Edição ABNOR GONDIM (PLANO MÍDIA) Fotos GABRIEL JABUR NETO, NAIANA ALVES e FELIPE BARRA Responsável técnico FRANCISCO ANTONIO CANCIO DE MATOS, Eng. Agr., M. Sc., Fitotecnia Autores FRANCISCO ANTONIO CANCIO DE MATOS, Eng. Agr., M. Sc., Fitotecnia *CARLOS ANTONIO BANCI, Eng. Agr., M. Sc., Fitotecnia Agradecimento Ao produtor JEOVÁ CONCEIÇÃO DOS SANTOS Ao trabalhador JACKSON SANTOS SOUSA Propriedade: Chácara nº 62, Assentamento Fazenda Larga, Pipiripau Planaltina – Distrito Federal © Copyright 2012, SEBRAE, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas É PERMITIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL MEDIANTE A CITAÇÃO DA FONTE Distribuição gratuita O arquivo dessa publicação está disponível em www.sebrae.com.br/setor/horticultura Não são permitidas reproduções para fins comerciais Apresentação HORTALIÇA: PIMENTÃO Agricultura Familiar Cultive Renda e Sustentabilidade A produção de hortaliças é a atividade que mais se identifica como opção de agronegócio para os produtores rurais familiares. As informações aqui contidas destinam-se a profissionais do ramo e agricultores que cultivam pimentão ou pretendem investir nessa cultura para obter renda de forma lucrativa e sustentável. Nesta publicação, o Sebrae busca oferecer material que possibilite aumento da competitividade dos produtos semeados na pequena propriedade rural. Traz orientações tecnológicas e de mercado baseadas nos princípios das Boas Práticas Agrícolas, ou seja, tornar a agricultura menos dependente de produtos químicos, com menor impacto ao meio ambiente, socialmente correta, tecnicamente adequada e, por conseguinte, mais eficaz. A principal finalidade da Coleção Passo a Passo, da série Agricultura Familiar, é esclarecer sobre o que, quando, quanto e como produzir e comercializar hortaliças. Isso com ações que gerem resultados sem comprometer o aproveitamento da natureza pelas futuras gerações. Boa Leitura. Bom plantio. Bons lucros. Coleção Passo a Passo – Pimentão No momento de definir a forma de cultivo, devem-se considerar os recursos disponíveis na sua unidade produtiva aliados aos melhores resultados de produtividade e renda Série Agricultura Familiar 6 MODALIDADES DE CULTIVO O pimentão é cultivado em todo território nacional. Por ano, ocupa área equivalente a 13 mil hectares, com a produção de 350 mil toneladas de frutos. Está entre as 10 hortaliças mais plantadas no Brasil. É conhecida cientificamente como Capsicum annuum L. Os fatores da decisão A cultura do pimentão pode ser plantada, por agricultores familiares, em diferentes modalidades de cultivo. Nesta publicação, estão as mais utilizadas no Brasil. No entanto, cabe ao produtor rural a tomada de decisão para determinar a que melhor se adapta à sua realidade. Uma boa escolha deve levar em consideração os fatores de produção: • clima; • solo; • água; • infraestrutura e outros. Devem ser também observados os fatores de mercado: • proximidade do mercado consumidor; • tamanho da área; • canais de comercialização e outros. A definição da modalidade de cultivo é o passo mais importante para o sucesso do plantio. As principais modalidades são as seguintes: Foto Agrocinco - Sementes 1º PASSO 1. Plantio a campo aberto. É realizado em sulcos de 40 a 50 cm de largura e de 20 a 25 cm de profundidade. Em geral, os produtores preferem sulcos de 50 m de comprimento, para padronizar e uniformizar a irrigação. O plantio é feito em fileira simples, no espaçamento de 80 a 100 cm entre fileiras de plantas e de 40 a 50 cm entre plantas. O sistema de irrigação a ser utilizado vai depender da quantidade de água disponível, solos e outros fatores existentes na O sucesso do plantio em campo aberto vai depender do controle integrado propriedade rural. A produtividade fica em de pragas e doenças por apresentar alto risco devido à sua vulnerabilidade torno de 30 – 40 toneladas por hectare. Embora seja o sistema de menor custo de produção, apresenta alto risco pela sua vulnerabilidade no tocante às pragas e doenças. Por consequência, obtêm-se menores índices de produtividade e produtos menos competitivos para o mercado. Coleção Passo a Passo – Pimentão 2. Plantio a campo aberto em canteiros com cobertura de plástico (mulching). É realizado em canteiros que, em geral, têm de 80 a 90 cm de largura, para plantio em fileira dupla, com espaçamento de 45 a 55 cm entre fileiras e 50 a 60 entre plantas e de 30 Detalhe do plantio em campo aberto com mulching em fileira dupla a 40 cm, para plantio em fileira simples com espaçamento de 80 a 90 cm entre fileira e de 40 a 50 entre plantas. Os produtores, em geral, preferem canteiros com 50 m de comprimento, a fim de padronizar e uniformizar o uso da irrigação. Preferencialmente utilizam o sistema de irrigação por gotejamentom, e a adubação complementar é via fertirrigação. A produtividade fica de 50 a 80 toneladas por hectare e apresenta benefícios, tais como eliminar as plantas invasoras, evitando as capinas; impedir perdas da água de irrigação, facilitando o desenvolvimento das raízes; melhorar o aproveitamento dos nutrientes pelas plantas; propiciar colheitas mais precoces e, consequentemente, a produção chega antes no mercado e há maiores ganhos de produtividade. 7 Série Agricultura Familiar Detalhe do plantio em campo aberto com mulching em fileira simples Coleção Passo a Passo – Pimentão Série Agricultura Familiar 8 3. Plantio em estufas. É reaizado em estufas com pé-direito de 2,2 a 2,6 m de altura, em sua maioria com 7 m de largura por 50 m de comprimento, cobertas com filme de 75 a 150 micras. O plantio em canteiros cobertos por mulching com 80 a 90 cm de largura, para plantio em fileira dupla, ou de 30 a 40 cm, para plantio em fileira simples. O plantio em geral Plantio em estufa, além de produzir em média 180 toneladas por hectare, é o mais indicado para o cultivo de pimentões coloridos é feito em fileira dupla, podendo também ser em fileira simples, nos mesmos espaçamentos do plantio em mulching. O plantio mais adotado é em fileira dupla (tecnologia que agrega aumento de produtividade, porém, com maior risco de incidência de pragas e doenças). O sistema de irrigação é o de gotejamento, e a adubação complementar é via fertirrigação. A produtividade varia de 150 a 180 toneladas por hectare. Esse sistema é adequado para uso na época das chuvas, para proteger as plantas do excesso de água. Apresenta vantagens competitivas, tais como: colheita na entressafra, obtendo produção em épocas de melhores preços; precocidade da colheita; ampliação do período de safra; melhoria da qualidade; e principalmente, na pós-colheita dos produtos, redução dos gastos com agrotóxicos, adubos e mão de obra, além do aumento da produtividade. 4. Plantio em telados. É realizado em telados com 2,8 a 3 m de altura de pé-direito, sendo que o mais comum é iniciar com módulos de 2.000 m² cada um. Para sustentação da tela de 30 a 40% de sombreamento, são colocados mourões a cada 8 m, no sentido da largura e do comprimento, onde é fixado arame galvanizado número 12. O plantio é em canteiros coberto com mulching com 80 a 90 cm de largura, para plantio em fileira dupla, ou de 30 a 40 cm, para plantio em fileira simples, nos mesmos espaçamentos do plantio em mulching. O plantio em geral é feito em fileira dupla (tecnologia que agrega aumento de produtividade, porém, com maior risco de incidência de pragas e doenças). O sistema de irrigação é o de gotejamento, e a adubação complementar é via fertirrigação. A produtividade oscila entre 120 a 150 toneladas por hectare. Esse sistema é ideal para uso na época da seca, a fim de prote- Plantio em telado protege os frutos contra raios solares, ventos secos e das chuvas sobre as ger os frutos contra raios solares, plantas; a produtividade em média é de 120 toneladas por hectare ventos secos, bem como minimizar os impactos das chuvas sobre as plantas. 2º PASSO Após a escolha da modalidade de cultivo, devem-se adotar as seguintes operações para o bom uso da terra: Análise do solo A análise de solo é o método usado para avaliar as propriedades químicas e físicas da área a ser cultivada. Com base nos seus resultados, é possível conhecer a quantidade de nutrientes, de matéria orgânica e o nível de acidez do solo, bem como sua textura. Isso possibilita determinar as limitações, necessidades de corretivos e fertilizantes orgânicos e minerais do solo, a fim de proceder corretamente a calagem e a adubação organomineral de plantio. É importante considerar ainda outros parâmetros da análise do solo, como as informações de equilíbrio de bases da capacidade de trocas catiônicas (CTC), relação entre cálcio/magnésio, cálcio/potássio e magnésio/potássio e condutividade elétrica do solo, que são componentes essenciais para o equilíbrio solo/planta. Para recomendação sobre análise do solo, procurar o serviço de extensão rural ou um profissional especializado. Preparo e correção do solo O preparo e a correção do solo envolvem a operação de limpeza da área, aração, gradagem e levantamento dos canteiros nos plantios em mulching, estufa e telado. Na operação do en- 9 Série Agricultura Familiar ANÁLISE, PREPARO, CORREÇÃO E ADUBAÇÃO DO SOLO Coleção Passo a Passo – Pimentão Detalhe do solo com levantamento de canteiros em plantio em estufa canteiramento, deve-se evitar o uso excessivo do rotoencateirador por causar a destruição da estrutura do solo e propiciar a compactação do subsolo, que deformam e prejudicam o desenvolvimento e crescimento das raízes. Caso seja necessário, realizar a descompactação do solo, utilizar equipamento escarificador ou subsolador. É importante também que todas as operações no solo sejam feitas no sentido do nível do terreno para diminuir erosões, conservando o solo e a água. Em solos já trabalhados com cultivo protegido, é conveniente a subsolagem anual, para prevenir a compactação do solo, bem como permitir, por meio das chuvas ou da irrigação, a lavagem do excesso de sais que porventura existam no solo. A calagem consiste na aplicação de corretivo agrícola, preferencialmente o calcário, com a finalidade de corrigir a acidez do solo e fornecer cálcio e magnésio às plantas. Com base na análise do solo, recomenda-se a quantidade de calcário necessário, já que o excesso desse minério pode elevar inadequadamente o pH, cálcio e magnésio e causar desordens nutricionais (diminuir a disponibilidade de micronutrientes do solo para a planta), reduzindo a produtividade do pimentão. No mínimo, a calagem deve ser feita três meses antes do plantio, preferencialmente com o calcário dolomítico (cálcio e magnésio). Deve ser distribuído e incorporado ao solo, com metade da dosagem por ocasião da aração e a outra metade na gradagem. Coleção Passo a Passo – Pimentão Adubação organomineral do solo de plantio Série Agricultura Familiar 10 Consiste na aplicação de adubos minerais e orgânicos no solo, antes do transplantio, e deve ser baseada na análise de fertilidade do solo, em decorrência da exigência da cultura e nos sistemas de produção, tais como: campo aberto, campo aberto/mulching, estufa e telado. A adubação organomineral de plantio deve seguir os parâmetros de cada região específica do País. Como exemplo, a recomendação para latossolos do Distrito Federal adaptada para a região do Centro-Oeste. Adubação orgânica O pimentão responde à adubação orgânica, especialmente em solos de baixa fertilidade e/ ou compactados. É fundamental que o adubo esteja bem curtido. Recomenda-se, em geral, o esterco de gado na dosagem de 30 toneladas por hectare ou um terço no caso de esterco de galinha. Acresce ainda que a adubação orgânica melhora a estrutura do solo e, com isso, libera e facilita a absorção de nutrientes pelas plantas e diminui o gasto com a adubação mineral. Adubação orgânica melhora a estrutura do solo e libera nutrientes para as plantas Adubação mineral A adubação mineral para fósforo e potássio dependerá do nível de fertilidade do solo: o fósforo pode variar de 50 até 600 kg/ha; o potássio de 50 até 200 kg/ha. Com relação ao nitrogênio, de modo geral, recomenda-se 150 kg/ha. Os micronutrientes, principalmente o boro e o zinco, ficam na dependência do histórico da área e da exigência da planta. Adubação mineral disponibiliza nutrientes essenciais para o desenvolvimento das plantas Tabela 1. Recomendação de adubação mineral da cultura de Pimentão em latossolos no Distrito Federal e adaptada para regiões que apresentem condições ecológicas semelhantes – quilo por hectare (kg/ha) Potássio Distribuição da adubação organomineral 11 P (ppm)* P2O5 (kg/ ha ) K (ppm) K2O (kg/ ha ) menos de 10 400 – 600 menos de 10 150 – 200 de 11 a 30 200 – 400 de 61 a 120 100 – 150 de 31 a 60 100 – 200 de 121 a 240 50 – 100 Mais de 60 50 Mais de 240 0 Fonte: EMATER-DF/EMBRAPA/CNPH /( *) ppm (partes por milhão) O sistema mais utilizado consiste em fazer a distribuição do adubo orgânico e posteriormente dos fertilizantes minerais, seguido da incorporação desses com a utilização de enxadão ou enxada rotativa do microtrator. No plantio campo aberto, os fertilizantes minerais são aplicados nos sulcos e nos demais plantios que utilizam mulching (uso do plástico para cobertura de canteiros). O levantamento dos canteiros pode ser realizado manualmente ou com o uso do sulcador acoplado ao microtrator ou ao trator. Usando a encanteiradeira acoplada a tratores, os processos de incorporação dos adubos e levantamento dos canteiros são realizados simultaneamente, possibilitando uma grande redução nos custos. No caso do mulching, devem ser maiores os cuidados para que o solo fique livre de torrões. Para interpretação da análise do solo e recomendação da adubação mineral, procurar o serviço de extensão rural ou um profissional especializado. Série Agricultura Familiar Para solos de baixa fertilidade, em geral recomenda-se, como adubação de plantio, 3 toneladas/ha do fertilizante mineral 4-14-8 e 1 tonelada/ha de termofosfato, bem como 20 kg/ha de bórax e 20 kg/ha de sulfato de zinco. Coleção Passo a Passo – Pimentão Fósforo 3º PASSO Coleção Passo a Passo – Pimentão Pimentões em diferentes formatos e tonalidades de cores para o mercado Série Agricultura Familiar 12 ESCOLHA DO GRUPO/CULTIVAR/HÍBRIDO O cultivo de pimentão no Brasil apresenta excelentes perspectivas de expansão, principalmente considerando toda a cadeia produtiva, especialmente o elo mercado/consumidor, que é, sem dúvida, o determinante na aceitação do produto e na lucratividade do negócio. Existem diversos grupos de pimentão com diferentes formatos, tamanhos e cores, no mercado brasileiro. Os principais são: • Cônico; • Boocky; • Retangular; • Quadrado. No mercado brasileiro predomina o consumo do pimentão cônico, embora com fruto de menor qualidade que o retangular e o quadrado. Todavia a sua produção é de menor exigência, ou seja, com sementes de cultivares não híbridas e plantio em campo aberto. Entretanto, a demanda por outros tipos de pimentões, como boocks (tamanhos e tonalidades de cores exóticas), cresce principalmente nos mercados diferenciados. Cultivares e híbridos apropriados Na escolha da cultivar (cv.) ou do híbrido (hib.), o produtor deve levar em consideração: Fatores de produção • Modalidade de cultivo a ser usada; • Máquina e equipamentos agrícolas; • Sistema de irrigação a ser usado; • Resistência a doenças, pragas e outros. Fatores de mercado • Distância do mercado; • Canais de comercializações; • Perfil do consumidor e outros. A seguir, são apresentadas as características desses grupos e as principais cultivares e híbridos disponíveis no mercado. Pimentão cônico: apresenta frutos de formato cônico para consumo in natura, com diferentes pesos e colorações, e é o preferido no mercado brasileiro. É mais apropriado para plantio em campo aberto. Tabela 2. Cultivares e híbridos de pimentão do grupo Cônico cor peso (g) Cascadura Iketa (cv.) Verde-escuro/vermelho 110 – 140 Marta (cv.) Ariel (hib.) Magali R (hib.) Martha R. (hib.) Magda (cv.) Fortuna (hib.) Magna Super (cv.) Mayara (hib.) Priscila (hib.) Supremo (cv.) Topaz (cv,) Verde/vermelho Verde/vermelho Verde/vermelho-escuro Verde Verde-escuro/vermelho Verde-escuro/vermelho Verde-escuro/vermelho Verde Verde-escuro/vermelho Verde/vermelho Verde/vermelho 90 – 100 200 – 280 220 – 240 140 – 160 150 – 170 180 – 200 120 – 140 250 – 300 240 – 220 – 260 Empresa comercial Agristar, Hortec, Feltrin, WIsla, Horticeres Feltrin Feltrin Sakata Sakata Sakata Agristar Agristar Hortec Horticeres Seminis Agrocinco Fonte: tabela elaborada a partir de informações contidas nos sites das empresas comerciais de sementes Pimentão blocky: apresenta frutos com tamanhos e cores exóticos para crescentes mercados específicos que demandam produtos diferenciados. Tabela 3. Híbridos de pimentão do tipo varietal blocky. Nome Fruto Empresa Comercial cor peso (g) Citrino (hib.) Verde/Amarelo 90 - 100 Feltrin Gianni (hib.) Verde/Laranja 90 - 100 Feltrin Théo (hib.) Roxo 90 - 100 Feltrin Crema (hib.) Creme 90 100 Feltrin, Isla Fonte: Elaborada a partir de informações contidas nos sites das empresas comerciais de sementes Coleção Passo a Passo – Pimentão Fruto 13 Série Agricultura Familiar Nome Pimentão retangular: apresenta frutos de formato retangular, com coloração verde, vermelha e amarela quando maduro e representa um nicho crescente de mercado. É mais apropriado para plantio em cultivo protegido. Tabela 4. Cultivares e híbridos de pimentão do grupo Retangular Nome cor Empresa comercial peso (g) Bruno (hib.) Verde/vermelho 250 Feltrin Donatelo (hib.) Verde/vermelho 250 – 300 Feltrin Rubia (hib.) Verde/ vermelho 260 – 280 Sakata Lúcia R (hib.) Amarelo 330 – 350 Sakata Margarita (hib.) Verde/ vermelho 240 – 280 Syngenta Escarlata (hib.) Verde/ vermelho 280 – 300 Syngenta Verde/amarelo 240 – 260 Syngenta Matador (hib.) Verde/amarelo 240 – 260 Syngenta Tendence (hib.) Verde/ vermelho 200 Sakama Valdor (hib.) Amarelo 220 Sakama Impacto (cv.) Verde-escuro – Seminis Zarco (hib.) Coleção Passo a Passo – Pimentão Fruto Fonte: tabela elaborada a partir de informações contidas nos sites das empresas comerciais de sementes. Pimentão quadrado: apresenta frutos de formato quadrado, com coloração verde, vermelha e amarela quando maduro e representa um nicho crescente de mercado. É mais apropriado para plantio em cultivo protegido. Série Agricultura Familiar 14 Tabela 5. Cultivares e híbridos de pimentão do tipo “Quadrado.” Nome Fruto Empresa comercial cor peso (g) Aquaríum (hib.) Verde/vermelho 170 – 190 Feltrin All Big (cv.) Verde/ vermelho 120 – 160 Agristar, Hortec, Feltrin,Isla Verde-claro 120 – 140 Agristar, Isla Verde- escuro/ vermelho 120 – 140 Agristar Commandant (hib.) Verde/ vermelho 260 – 280 Syngenta Roxa Samara (hib.) Roxa – Sakama Yolo Wonder (cv.) ALL BIG (cv.) Fonte: tabela elaborada a partir de informações contidas nos sites das empresas comerciais de sementes 4º PASSO As mudas devem ser formadas em sementeiras. Entretanto, devido ao baixo custo, praticidade e qualidade das mudas, tem-se dado preferência à utilização de bandejas de isopor ou polietileno, com 128 ou 200 células (orifícios). Sementes e semeadura As sementes podem ser: • nuas ou peletizadas (revestidas com camadas de material seco e inerte, tornando as sementes de maior massa e lisa. Essa técnica facilita a distribuição e o manuseio das sementes muito pequenas); • semeadas manualmente ou com o auxílio de semeadores encontrados no mercado. O uso de sementes peletizadas reduz o tempo gasto com o semeio, mas seu custo é maior. A semeadura deve ser feita no centro da célula, na profundidade de 0,5 cm. Em seguida, deve-se cobrir as sementes com o próprio substrato com uma fina camada de vermiculita (mineral usado como substrato e atua como condicionador de solos, propiciando aeração e retenção de água) ou do próprio substrato. Quando se tratar de sementes híbridas, que são caras, recomenda-se semear apenas uma semente por célula da bandeja. Para as cultivares, semear duas ou três sementes por célula, após fazer o desbaste. A irrigação deve ser feita de duas a três vezes ao dia, dependendo da condição climática, evitando-se o excesso de água. Bandejas e manejo Após o semeio, as bandejas devem ser irrigadas e empilhadas na sombra até o início 15 Série Agricultura Familiar FORMAÇÃO DE MUDAS Coleção Passo a Passo – Pimentão A produção de mudas de pimentão em bandejas de 128 ou 200 células protegidas em estufa da germinação, quando deverão ser levadas a uma casa de vegetação (estufa) coberta com plástico apropriado e com telado antiafídeo (contra a praga pulgão), de forma a evitar a entrada de insetos transmissores de viroses. As bandejas devem ser colocadas em suportes apropriados, que devem ser nivelados na altura de 0,8 a 1m do solo, facilitando, dessa forma, o manejo e também não compromentando a poda das raízes pela luz. Mudas enxertadas Tendo em vista as doenças do solo (nematóides, bactérias e fungos), é crescente o uso de mudas enxertadas utilizando-se porta-enxertos de espécies de capsicum (gênero de pimentas e pimentões), que são resistentes e possuem maior potencial produtivo. O enxerto pode ser feito na propriedade ou por meio de viveiristas comerciais, porém o processo é delicado e necessita de equipamentos e condições especiais. Existe também a possibilidade de aquisição de mudas prontas, sob encomenda, de viveiristas comerciais idôneos. Coleção Passo a Passo – Pimentão Pimentão AF-8253 – Sakata – Porta – Enxerto que proporciona incremento de produção devido ao aumento da longevidade de colheita e melhora na padronização dos frutos. Alto nível de resistência a Phytophthora capsici (murcha de fitóftora), a Ralstonia solanacearum (murcha bacteriana) e aos nematóides Meloidogyne javanica e Meloidogyne incognita – raças 1, 2, 3 e 4. Série Agricultura Familiar 16 Enxerto para pimentão proporciona maior vigor da planta com ganho de produtividade devido a maior longevidade de colheita. Exemplo: Pimentão AF-8253 – Sakata 5º PASSO O trato cultural tutoramento, além de facilitar a condução da cultura, viabiliza a execução de outros tratos determinantes para o aumento de produtividade e a melhoria da qualidade do produto A cultura do pimentão é extremamente exigente em água, em todo seu ciclo produtivo. O monitoramento da irrigação é importante, já que o excesso de água causa incidência de doenças e a falta de água, principalmente nos estágios de floração e desenvolvimento dos frutos, reduz a produtividade em decorrência da queda de flores, abortamento de frutos e desequilíbrio nutricional, causando o “fundo preto”, doença nutricional do pimentão. Coleção Passo a Passo – Pimentão TRATOS CULTURAIS Irrigação por gotejamento 17 Os tratos culturais são o conjunto de operações realizadas após a semeadura, visando à formação e ao desenvolvimento da planta. Após o levantamento dos canteiros, deve ser instalado o sistema de irrigação por gotejamento, que é o mais utilizado e apropriado para a cultura do pimentão, principalmente nos plantios protegidos de estufas e telados. Colocar um tubo gotejador para cada linha de plantas, ou seja, se o plantio for de fileira simples, instalar uma linha de gotejadores e, se for de fileira dupla, duas linhas de gotejadores, os quais deverão ser colocados a 10 cm da planta. Na instalação deve-se colocar o tubo gotejador sempre voltado para cima para reduzir o risco de Série Agricultura Familiar Irrigação A irrigação por gotejamento, além da economia de água, energia e fertilizantes minerais, propicia ganhos de produtividade entupimento. Após a instalação, o sistema de irrigação deve ser ligado para teste, para eliminar possíveis vazamentos e avaliar a uniformidade de aplicação da água. Para a escolha do tubo gotejador a ser utilizado e o espaçamento entre gotejadores, é importante consultar um técnico especialista. Irrigação por aspersão Após o levantamento dos canteiros, deve ser instalado o sistema de irrigação por aspersão, em geral montado no espaçamento de 12 x 12 m entre aspersores. A aspersão é mais utilizada no plantio de campo aberto e deve ser feita pelo período da manhã, durante a fase de florescimento das plantas, para evitar a lavagem de pólen. Devem-se fazer vistorias frequentes para eliminar os vazamentos nas conexões. Com isso, aumentam-se a eficiência e a uniformidade da irrigação e reduz-se o consumo de água e energia elétrica. Coleção Passo a Passo – Pimentão Manejo de irrigação Série Agricultura Familiar 18 O manejo de irrigação tem como finalidade tornar a irrigação mais uniforme, prevenindo a falta ou excesso de água, o que é prejudicial ao desenvolvimento das plantas, afetando a produtividade da cultura. Irrigás é um equipamento simples, desenvolvido pela Embrapa/Hortaliças, que pode ser de grande ajuda ao agricultor no manejo diário da irrigação. Sua função básica é indicar se o solo está ÚMIDO ou SECO. Na prática, o Irrigás vai ajudar o produtor a responder a duas perguntas básicas que ocorrem antes de irrigar. QUANDO IRRIGAR • Já está na hora de irrigar? • Devo irrigar a cada dois, três ou mais dias? • Todos os dias ou duas vezes por dia devo aplicar a irrigação? • Como saber qual o momento certo de irrigar? Mulching QUANTO IRRIGAR • Cada vez que ligo o sistema de irrigação, devo mantê-lo funcionando durante quanto tempo? Por meia hora, uma hora, duas horas ou até encharcar o solo? • Qual a quantidade de água que devo aplicar a cada irrigação? Irrigás A cobertura de plástico sobre o solo, conhecida como mulching, é colocada após a instalação e o teste da irrigação. Esses plásticos são comercializados em rolos, com larguras de 120, 140 e 160 cm. A escolha irá depender da largura do canteiro. Inicialmente é feita uma pequena vala de 10 a 15 cm de profundidade ao longo das duas margens do canteiro. Desenrola-se o filme até o final do canteiro, esticando-o até, no máximo, 10% do seu comprimento e, em seguida, cobre-se suas bordas com terra, com auxílio dos pés e da enxada. Para plantio em fileira dupla, geDeve-se fazer a instalação do mulching nos canteiros nas ralmente utiliza-se o mulching na largura de 160 cm horas mais quentes do dia, para que fique bem esticado e fixado e, para o plantio em fileira simples, como a largura do canteiro é menor, a bobina do filme é cortada na borda onde está dobrada, antes de ser desenrolada, ficando com largura de 80 cm. Já se encontra no mercado plástico, além do convencional que é todo preto (MP), de dupla face, com diferentes tipos, preto de um lado e prata do outro lado (MPP) ou preto de um lado e branco de outro lado (MPB). A instalação deve ser feita com o lado preto virado para baixo, a fim de reduzir o aquecimento do solo, prejudicial no início do desenvolvimento das plantas, e o lado prata ou branco para cima, para minimizar o ataque de algumas pragas. O mulching preto e branco e o mulching preto e prateado previnem a incidência de pragas e doenças, embora custem mais caro. Tutoramento Realizado para apoiar o crescimento da cultura, evitar o contato com a terra e facilitar os outros tratos culturais. É fundamental para o aumento da produção e na qualidade do produto. Existem diferentes sistemas de tutoramento adotados no País, levando em consideração os materiais disponíveis na unidade produtiva ou na região, visando a uma maior aplicabilidade e economia. Atualmente, os sistemas vertical e de espaldeira são os mais utilizados para campo aberto e protegido (estufa e telado), respectivamente. Sistema vertical – É o sistema mais simples, colocando-se estaca de madeira ou bambu (o mínimo 1,0 m de altura) ao lado da planta, amarrada em (forma de oito) ao tutor, para apoiar seu crescimento e facilitar os outros tratos culturais. Sistema de espaldeira – É o sistema que consiste colocar de 5 a 7 fios de arame ou fitilhos de plásticos horizontalmente, distanciados de 30 cm no sentido da linha de plantio, formando uma espaldeira, onde as hastes são amarradas à medida que forem crescendo. Esse sistema é sustentado por palanques de 2,5 m de altura e bem fixado no solo, distanciados entre 4 a 6 m de um palanque para o outro, nas duas extremidades das filas de plantas. Condução Para uma boa cultura do pimentão no plantio protegido, deve-se eliminar todas as brotações laterais das plantas abaixo da primeira bifurcação, além de selecionar, acima dessa, quatro hastes para conduzi-la, eliminando-se as demais. A condução é feita de arames ou fitilhos, por meio do tutoramento. Essa prática tem por objetivo reduzir o desenvolvimento exagerado das 19 Série Agricultura Familiar Deve ser feito quando as mudas atingirem entre quatro e cinco folhas definitivas e com altura de 5 a 8 cm. O transplantio das mudas deve ser realizado nas horas mais frias do dia, de forma que a terra cubra apenas o torrão formado pelo substrato, evitando-se aterrar o colo da muda. Outro cuidado que se deve ter no transplantio é o de cobrir totalmente o furo do mulching para evitar a saída de ar quente, que pode queimar a muda. O transplantio das mudas deve ser realizado nas horas mais frias do deve-se cobrir totalmente o furo do mulching para evitar a saída Com relação ao espaçamento, no plantio de dia; de ar quente, que pode queimar a muda fileira dupla e simples, já foi descrito no 1º Passo: Modalidades de cultivo. Coleção Passo a Passo – Pimentão Transplantio e espaçamento plantas, muito comum em cultivo protegido, onde as plantas chegam a três metros de altura. No plantio em campo aberto, não é necessário eliminar as brotações laterais. No entanto, frutos em excesso devem ser retirados para um melhor desenvolvimento dos frutos restantes. Além de melhorar o peso médio dos frutos, previne que o excesso de peso cause danos nos galhos laterais. Adubação complementar/Fertirrigação Adubação de cobertura No plantio a campo aberto, utiliza-se a adubação complementar via solo, comumente denominada de adubação de cobertura. O objetivo é fornecer nutrientes principalmente à base de nitrogênio e potássio nos estágios que a planta mais necessita, uma vez que esses nutrientes facilmente saem do alcance das raízes. Recomendam-se utilizar, após o transplante e pegamento das mudas, a cada 15 dias, preferencialmente fertilizantes formulados (20-00-20) durante a fase vegetativa e (12-00-33) na fase de frutificação sempre observando o estágio nutricional das plantas. Coleção Passo a Passo – Pimentão O trato cultural da condução da cultura do pimentão é imprescindível no plantio protegido. Além de reduzir o desenvolvimento exagerado das plantas, melhora o peso médio dos frutos Série Agricultura Familiar 20 Fertirrigação No plantio em sistemas protegidos, utiliza-se a adubação complementar via água, denominada fertirrigação, que é uma técnica de aplicação simultânea de fertilizantes e água. O sistema de irrigação utilizado é o gotejamento. É uma das maneiras mais eficientes e econômicas de aplicar fertilizantes às plantas, devido principalmente à economia de mão de obra. A adubação de plantio é complementada pela aplicação da fertirrigação e pode chegar a 90% da necessidade total de nitrogênio e potássio e de 10 a 30% da necessidade de fósforo. Na escolha do fertilizante a ser utilizado, devem-se levar em conta a solubilidade, o custo e a compatibilidade entre os sais a serem misturados na solução, tendo em vista a possibilidade de formação de compostos insolúveis com riscos de entupimentos dos gotejadores. O pimentão é muito eficiente na retirada do potássio e pouco eficiente na retirada de nitrogênio da planta. Por isso, a relação ideal de nitrogênio/potássio é de aproximadamente 1:1. No entanto, é fundamental observar o aspecto geral das plantas, principalmente o comprimento dos entrenós, que devem estar próximos de 8 cm, acima dos quais deve-se reduzir a aplicação de nitrogênio e vice-versa. Outros fatores a serem observados são o clima, o índice salino do fertilizante, a fase da cultura e o aparente Fertirrigação complementa a adubação do solo de plantio, assegurando a produtividade e a estado nutricional da planta. qualidade do produto final para a comercialização 6º PASSO Na cultura do pimentão, apesar dos avanços tecnológicos incorporados aos sistemas de produção, as pragas e as doenças continuam sendo sérios problemas na produção e pós-colheita dessa hortaliça. Várias são as medidas utilizadas para o manejo integrado de pragas e doenças, tais como cultivares resistentes, manejo cultural, químico e outros. Assim, haverá menor uso de agrotóxicos, evitando-se o seu emprego indiscriminado. Medidas gerais no controle de doenças e pragas: • Evitar o plantio em solos contaminados por cultivos anteriores; • Fazer rotação de culturas, evitando plantio da mesma família do pimentão (solanaceae); • Fazer o monitoramento da irrigação, pois o excesso de água é o fator que mais propicia o desenvolvimento de doenças do solo; • Adquirir sementes ou mudas de boa qualidade, de empresas idôneas, visando à prevenção de doenças; • Fazer adubação equilibrada, baseada na análise do solo. Além de prevenir doenças nutricionais, permite que as plantas resistam mais às doenças; • Escolher cultivares e cultivares híbridas, adaptadas ao clima, época de plantio e mercado e que apresentem 21 Série Agricultura Familiar CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS Coleção Passo a Passo – Pimentão Medidas de controle integrado, como usar cultivares e híbridos resistentes, evitar solos contaminados, fazer manejo correto da irrigação e adubação equilibrada, minimizam ou até mesmo eliminam o uso de agrotóxicos resistência às doenças; • Usar agrotóxicos, de maneira preventiva, quando as condições forem favoráveis à incidências de doenças e pragas. Tabela 6. Principais doenças da cultura do pimentão e seu grau de severidade Modalidades de cultivo Coleção Passo a Passo – Pimentão Doenças Série Agricultura Familiar 22 Pós-colheita Campo Aberto/ Mulching Estufa Telado Antracnose xxx x x xxx Murcha-bacteriana xxx x x - Mosaico x xxx xx - Murcha-de-esclerócio xx xxx xx x Murcha-de-fitóftora xxx xx xx x Nematóide-das-galhas xxx xxx xx - x xxx xx -- Podridão-de-esclerotinia xxx xx xx x Podridão-mole xxx xx xx xxx x xxx xx - Oídio Vira-cabeça Grau de severidade: (-) ausência; (x) baixo; (xx) médio; e (xxx) alto. Com relação às pragas que mais atacam a cultura do pimentão, destacam-se, pela ordem de importância econômica, o ácaro, o pulgão, o tripes e a mosca-branca (que são transmissores de viroses), as traças, as lagartas e as lesmas. 7º PASSO Agora, é hora de colher uma boa produção de pimentão como resultado das boas práticas agrícolas adotadas. Colheita A colheita do pimentão em campo aberto inicia-se dos 90 aos 110 dias após a semeadura, prolongando-se por três a cinco meses. O fruto é colhido quando atinge o máximo de desenvolvimento e quando apresenta consistência firme, coloração verde-brilhante, para que possa suportar melhor o transporte. Já a colheita no plantio protegido deve ser iniciada quando os frutos apresentarem coloração verde-escura, em média de 60 a 80 dias após o transplantio, prolongando-se por seis a oito meses, conforme a cultivar plantada a época de plantio e o aspecto fitossanitário da cultura. A periodicidade da colheita deve ser semanal, evitando-se deixar, nas plantas, frutos fora do padrão comercial. Para os pimentões coloridos, a colheita deve ser feita próximo ao amadurecimento total do fruto na planta, o que causa estresse às plantas e, consequentemente, redução na produtividade. 23 Série Agricultura Familiar COLHEITA E PÓS-COLHEITA Coleção Passo a Passo – Pimentão Pimentão depois de colhido é acondicionado em caixa plástica para o manuseio de pós-colheita, de acordo com o canal de comercialização a ser vendido Pós-colheita No galpão de pós-colheita, realizar uma lavagem por aspersão, seguida de imersão em uma solução de hipoclorito de sódio (conforme tabela abaixo). A desinfecção ou sanitização pode ser feita com os produtos individualizados ou acondicionados em caixas plásticas. Em seguida, levá-los a uma bancada para escorrimento, antes de transportá-los para a comercialização. O transporte, preferencialmente, deve ser realizado em veículos de carroceria fechada, a ser higienizada rotineiramente. Para informações mais detalhadas sobre a higienização e sanitização do pimentão, deve-se procurar o serviço de extensão rural ou um profissional especializado. Coleção Passo a Passo – Pimentão Tabela 7. Dosagens de solução clorada (hipoclorito de cloro ativo 12,5% – solução comercial líquida) Volume de água Clonada 20 l 50 l 100 l 500 l 1.000 l 5 ppm (tratamento de água) 0,8 ml 2 ml 4 ml 20 ml 40 ml 100 ppm (sanitização de hortaliças) 16 ml 40 ml 80 ml 400 ml 800 ml 200 ppm (desinfecção de pisos e bancadas) 32 ml 80 ml 160 ml 800 ml 1.600 ml Série Agricultura Familiar 24 Fonte: EMATER-DF A padronização e a classificação do produto devem ser realizadas pelo tamanho e pela coloração, de acordo com o mercado consumidor. A embalagem convencional é a de plástico, que comporta 10 kg de pimentão verde ou 13 kg de pimentão maduro, para comercialização em mercado diferenciado (pimentões coloridos). 8º PASSO A comercialização do pimentão é realizada em diferentes canais, podendo o agricultor vender seu produto na porteira a intermediários, feiras livres, associações e cooperativas de produtores, Ceasa, no atacado e no varejo, em sacolões e supermercados. É importante alertar que o produtor obterá maior margem de remuneração do seu produto quando diminuir a intermediação na sua comercialização. A cultura do pimentão, além de apresentar significativos ganhos de produtividade, é de alto valor agregado, permitindo retornos econômicos pela sua segmentação de mercado (pimentão verde, pimentão diferenciados em coloração e tamanho, bem como, em diferentes tipos de embalagens). No Brasil existem empresas, associações e cooperativas de produtores que acondicionam o pimentão em caixas de plásticos e em bandejas de 2 a 3 frutos, em diferentes combinações de cores, a fim de criar uma identidade visual do produto, o que confere maior valor agregado. Pimentões comercializados em embalagens de bandeja de isopor coberta com película de plástico 25 Série Agricultura Familiar COMERCIALIZAÇAÕ E AGREGAÇÃO DE VALOR Coleção Passo a Passo – Pimentão O agricultor obterá maior margem de remuneração do seu produto, quando comercializar em diferentes canais de venda 9º PASSO Coleção Passo a Passo – Pimentão As informações de mercado, como Margem Bruta, Preços e Calendário de Comercialização, facilitam a tomada de decisão na hora de plantar Série Agricultura Familiar 26 COMPORTAMENTO DE MERCADO O cenário atual exige de técnicos e produtores cada vez mais informações para a tomada de decisão. Já não é suficiente a informação sobre como produzir. Muitas são as variáveis que devemos dominar para reduzir os riscos inerentes às atividades agropecuárias. É preciso reciclar nossos conhecimentos, agregando novidades importantes que contribuam para melhorar a rentabilidade das atividades agrícolas. Para auxiliar na tomada de decisão do plantio da pimentão, estudos de variação estacional, de margem bruta e de preços, elaborados pelos serviços de pesquisa e extensão rural, nas diferentes regiões do Brasil, têm mostrado comportamentos de preços altos, nos meses quentes e úmidos (chuvosos). Condições climáticas menos favoráveis vêm diminuindo a produtividade e a oferta do produto no mercado. Por outro lado, preços baixos praticados nos meses secos e frios, em virtude das condições climáticas serem excelentes para a cultura do pimentão, vem propiciando ótimas colheitas e oferta do produto no mercado. Há também os estudos de calendários de comercialização elaborados pelas Ceasas existentes no Brasil, que têm como objetivo apontar as flutuações da oferta e dos preços ao longo do ano, constituindo-se em um importante instrumento de orientação às decisões dos produtores rurais, profissionais da agricultura, pesquisadores, compradores e consumidores finais. Estudos elaborados pela EMATER-DF, de Margem bruta – Gráfico 1 (representa rentabilidade no negócio) e de Curva estacional de preços – Gráfico 2 (mostra o comportamento de preços no período), demonstraram as mesmas tendências, ou seja, nos meses quentes e chuvosos a margem de preços é mais lucrativa em comparação aos meses secos e frios. Essas informações de mercado permitirão: • aos produtores, planejar mais eficientemente o plantio quanto ao aspecto da lucratividade; • aos consumidores, compor melhor as despesas com alimentação; • ao governo, orientar a política para o setor. Cultura: Pimentão (14.000 caixas de 10 kg) 1) Unidade para comercialização: caixas de 10 kg. 2) Período médio para início de colheita: 120 dias. 3) Período de colheita: 150 dias. Fonte: EMATER-DF Gráfico 2. Curva estacional de preços (R$/caixa)* Coleção Passo a Passo – Pimentão Gráfico 1. Margem bruta média x época recomendada de plantio Fonte: dados para a elaboração da curva estacional fornecidos pela Ceasa. *Preços médios de 2002 a 2007 corrigidos. Série Agricultura Familiar 27 10º PASSO Coleção Passo a Passo – Pimentão Antes de começar o plantio, o produtor precisa saber quanto vai gastar em insumos e serviços, para vender seu produto com melhor margem de lucratividade Série Agricultura Familiar 28 LEVANTAMENTO DE DADOS PARA FAZER ORÇAMEMTO Depois de obter as informações de modalidades de cultivo e sobre o que, como, quando e onde plantar, o produtor rural deve colocar tudo na ponta do lápis para discriminar as etapas e a quantidade dos insumos e serviços com o objetivo de saber quanto vai gastar no hectare de pimentão. Tabela 8. Cultura Pimentão Campo Aberto sem mulching Área (ha): 1,00 Produtividade: 30.000 kg/ha ou 3000 cx 10 kg INSUMOS Descrição Unidade Quantidade Adubo Mineral (4-14-8) t 3,00 Adubo Mineral (20-00-20) t 0,50 Adubo Mineral (termofosfato) t 1,00 Adubo Orgânico (esterco de galinha) t 10,00 Agrotóxicos (inseticidas) l 11,00 Agrotóxico (fungicidas) Kg 40,00 l 7,00 Energia elétrica para irrigação kwh 1.833,00 Sementes mil 20,00 Espalhante adesivo Descrição Substrato para mudas Tutores (0,5 – 07 m) Unidade Quantidade sc 14,00 cento 200,00 Unidade Quantidade Abertura do sulco (microtrator) d/h 8,00 Adubação ( adubação de cobertura) d/h 8,00 Adubos (distribuição manual) d/h 4,00 Adubos (incorporação mecânica) h/mt 10,00 Agrotóxico (aplicação) d/h 15,00 Capina (manual) d/h 15,00 Amarrio d/h 10,00 Transplantio d/h 8,00 Tutoramento d/h 15,00 Desbrota d/h 5,00 Colheita/lavagem/classificação/Acondiciomamento d/h 40,00 6,,00 Irrigação (aspersão) d/h Mudas (formação em bandejas) d/h 2,00 Preparo de solo (aração e gradagem) h/m 5,00 Marcação de sulco d/h 2,00 Fonte: EMATER-DF Observações: 1) d/h: dia/homem, h/mt: hora/microtrator, h/m: hora/máquina; 2) Cálculo de insumos e serviços podem variar conforme a região, o clima e o sistema de produção a ser adotado pelo produtor rural; 3) Cálculo final do custo de produção precisará levantar o preços correntes da época de plantio. Pronaf Para financiar suas plantações, o produtor rural familiar pode solicitar nas agências do Banco do Brasil crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, conhecido como Pronaf. Trata-se de uma das principais políticas públicas do Governo Federal para apoiar o segmento. Executado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), tem como objetivo o fortalecimento das atividades produtivas geradoras de renda das unidades familiares de produção, com linhas de financiamento rural adequadas à sua realidade. 29 Série Agricultura Familiar Descrição Coleção Passo a Passo – Pimentão SERVIÇOS Referências Bibliográficas Coleção Passo a Passo – Pimentão CADERNO TÉCNICO CULTIVAR HF. Pelotas, RS: Grupo Cultivar, nº 42, fev./mar. 2007. Suplemento. LOPES, Carlos Alberto; ÁVILA Antônio Carlos de. Doenças do pimentão; diagnose e controle. Brasília: Embrapa Hortaliças, 2003, 96 p. REVISTA CAMPO & NEGÓCIOS HF.Uberlândia: AgroComunicação, ano V, nº 53. out. 2009,110 p. Série Agricultura Familiar 30 Série Agricultura Familiar Coleção Passo a Passo – Pimentão Notas 31