UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA 1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO Disciplina: ECOP92 - Economia Criativa, Cultura e Desenvolvimento Professor: Leandro Valiati 2. DESCRIÇÃO DO TEMA DO CURSO E OBJETIVOS A disciplina apresenta o campo da Economia Criativa e da Economia da Cultura no âmbito da sua relação o desenvolvimento econômico nas suas esferas teórica e a partir de evidências empíricas. Economia da Cultura pode ser definida como o estudo do conjunto de bens e valores derivados da produção artística que ingressam em um mercado, com enfoque nas dimensões produtivas reais e de valor simbólico neles envolvidos. Já o conceito de Economia Criativa está associado a setores econômicos com alto potencial de geração de emprego, renda e ganhos de exportação a partir da intersecção entre conhecimento, diversidade cultural, propriedade intelectual e novas tecnologias de informação e comunicação (TICs). Essas atividades impactam de forma transversal os níveis macro e microeconômicos da economia global, tendo como cerne as indústrias criativas (ICs). As ICs, por sua vez, constituem-se por: a) ciclos de criação, produção e distribuição de bens e serviços que utilizam valor cultural e capital intelectual como insumos básicos; b) um conjunto de atividades baseadas no conhecimento potencialmente geradoras de receitas oriundas do comércio e de direitos de propriedade intelectual; c) produtos tangíveis e serviços artísticos ou intelectuais intangíveis com conteúdo criativo, valor econômico e potencial mercadológico; d) um novo setor dinâmico do comércio mundial. (UNCTAD, 2008; 2010). Assumindo que as indústrias criativas têm como lócus de produção e difusão os mercados mundiais e como meio de difusão os novos paradigmas tecnológicos, A emergência da participação dos bens e serviços das indústrias criativas na economia contemporânea é reflexo de um tipo de organização produtiva e integração econômica mundial tributárias ao aprofundamento dos impactos das TICS nos sistemas de oferta e demanda. Nesse fenômeno se inscreve não apenas uma ampliação dos fluxos de comércio nas indústrias que se beneficiam dessas tecnologias, mas também uma nova conformação das estruturas de oferta e demanda em mercados mundiais. A referida nova organização é análoga ao movimento de ascensão do comércio de serviços, cadeias de valor e componentes de consumo simbólico na Economia contemporânea. Considerando tais elementos teóricos, essa disciplina tem por objetivo propor subsídios para esse debate, a partir das seguintes etapas: a) apresentação do elementos teóricos-analíticos centrais em Economia da Cultura e Economia Criativa (tópico 1); b) análise de policy, modelos de negócios e dinâmicas geopolítica internacional nas indústrias criativas (tópico 2); Estudos de Mercados segmentados (tópico 3). Espera-se, portanto, que, ao final do curso, o aluno tenha condições de compreender o campo aqui abordado a partir do arcabouço teórico a ele associado mediado por questões conjunturais. 3. SÚMULA, CONTEUDO PROGRAMATICO E BIBLIGRAFIA A disciplina se estrutura em 3 eixos, divididos da forma que segue: Topico 1: Economia da cultura, Economia Criativa e Industrias Culturais: hard-core teórico Súmula: Questões teóricas centrais: Economia da Cultura, Economia Criativa e Indústrias Culturais e Criativas. Bibliografia: Anheier, H. and Isar, Y.R. (eds) (2008). The Cultural Economy. The Cultures and Globalization, Series 2. London: SAGE Publications. Beugelsdijk, Sjoerd; Maseland, Robbert. (2013). Culture in economics : history, methodological reflections, and contemporary applications. Cambridge: Cambridge University Press. Blaug, Mark. (2005) Where we are now in cultural economics. Journal of Economic Surveys, n. 15 vol 2 Cunningham, S., Banks, J. and Potts, J. (2008). Cultural Economy: The Shape of the Field. In The Cultural Economy. The Cultures and Globalization Series 2, Anheier, H and Isar, Y.R. (eds). London: SAGE Publications. Cunningham, S. (2009). Trojan horse or Rorschach blot? Creative industries discourse around the world. In International Journal of Cultural Policy, 15(4):375-386. Flew, T. (2012). The Creative Industries. Culture and Policy. London: SAGE Publications. Furtado, Celso (1978). Criatividade e Dependência na Civilização Industrial, Rio de Janeiro; Paz e Terra. Keane, M (2009). Understanding the creative economy: A tale of two cities’ clusters. In Creative Industries Journal, 1(3):211-226. Frey, Bruno. La economia del arte (2005). Colección Estúdios Econômicos. Barcelona, La Caixa. Klamer, Arjo (2004) . Cultural Goods are Good For More Than Their Economic Value: Cultural and Public Action. V. Rao and M. Walton, Eds., Stanford University Press Koster, Pau Raussel (org) et ali. (2014). Cultura: estrategia para el desarollo local. AECID. Nurse, K. (2006). Culture as the Fourth Pillar of Sustainable Development. Paper prepared for the Commonwealth Secretariat. London, Commonwealth Secretariat. O’Connor, J. (2000). The definition of the ‘cultural industries’. In The European Journal of Arts Education, 2(3):15-27. O’Connor, J. (2015). After the Creative Industries: why we need a Cultural Economy. London: Platform paper. Throsby, D. (2001). Economics and Culture. Cambridge: Cambridge University Press. Throsby, D.(2010). The Economics of Cultural Policy. Cambridge: Cambridge University Press. United Nations (2010). Creative Economy Report 2010. Creative Economy: A Feasible Development Option. Geneva and New York: United Nations. Available at: http://www.unctad.org/creative-economy UNESCO (2013). Culture: A driver and enabler of sustainable development. New York: United Nations. A v a i l a b l e a t : h t t p : / / w w w. u n e s c o . o r g / n e w / f i l e a d m i n / M U LT I M E D I A / H Q / p o s t 2 0 1 5 / p d f / Think_Piece_Culture.pdf VALIATI, Leandro et ali. (2012). Modelo Brasileiro de Economia da Cultura. Campinas: FACAMP. VALIATI, Leandro. (2013). Criatividade, Cultura e Inovação: uma profusão de modelos e o desafio da reorientação do desenvolvimento. ComCiência (UNICAMP). VALIATI, Leandro et ali. (2013). Economia da Cultura como instrumento e fundamento para a política cultural. In: José Guilherme Pereira Leite. (Org.). As malhas da Cultura. 1ed. São Paulo: Ateliê Editorial,, v. 1, p. 103- 117 VALIATI, Leandro et ali (2007). Economia da Cultura: evolução cultural e desenvolvimento econômico. Porto Alegre: Editora da UFRGS. Tópico 2: Policy, novos modelos de negócios e nova geopolítica internacional na lógica das indústrias criativas Súmula: Economia Política da Política Comercial. Conjuntura em Comércio Internacional de Serviço e Indústria. Nova ordem geopolítica. Comércio Internacional e Soft Power. Cidades Globais e a Nova Geografia Econômica. Economia Criativa e novos modelos de negócios internacionais. Economia Política da Política Cultural. Propriedade Intelectual, TRIPS e a Economia Criativa. Bibliografia: Amin, A., and Thrift, N. (2007). Cultural-economy and cities. In Progress in Human Geography, 31, 143–161. Bell, D. (1974). The Coming of Post-Industrial Society. New York: Harper Colophon Books,1974. Coombe, R. (2005). Protecting cultural industries to promote cultural diversity: dilemmas for international policy-making posed by the recognition of traditional knowledge. In International Public Goods and Transfer of Technology Under a Globalized Intellectual Property Regime, Maskus, K., and Reichman (eds). Cambridge: Cambridge University Press. Cunha, A et ali. (2015) Desenvolvimento metodológico e mensuração da corrente de comércio exterior do Brasil com o resto do mundo nas Indústrias Criativa. Cegov. Cunha, A. M.; Henkin, H. ; Lélis, M. T. C.. (Org.). (2014) A Internacionalização do Brasil na Era da Globalização. 1ed. Porto Alegre: UFRGS Editora, v. 1, p.17-251 Dong, L. & Haruna, M. (2012). The Practice of Urban Renewal based on Creative Industry: Fujita, M., Krugman, P. e Venables, A. J., (1999), The Spatial Economy. Cities, regions and international trade, The MIT Press, Cambridge, London Landry, C. (2001). The Creative City, London: Earthscan/Comedia. Nye, Joseph. (2004) Soft Power: The Means to Success in World Politics . New York: Public Affairs Nye, Joseph.(2004) Power in the Global Information Age: From Realism to Globalization. London: Routledge. Robinson, K., Gibson, K., McKay, D., and McWilliam, A. (2004). Negotiating alternative economic strategies for regional development. In Development Bulletin, 65:46-50. WORLD TRADE ORGANISATION (WTO) (2014). World Trade Report 2014: Trade and development: recent trends and the role of the WTO. Geneva: WTO. UNESCO (2015). Cultural times - The first global map of cultural and creative industries, December. Paris: United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization UNIDO. (2015) Industrial Development Report 2016. The Role of Technology and Innovation in Inclusive and Sustainable Industrial Development. Vienna: United Nations Industrial Development Organization, 2015. VALIATI, L; MULLER, M. (2016) Creative Industries and Trade in Services: Leading Countries’ Role Within Global Value Chains (1995-2011), ACEI. Tópico 3: Mercados segmentados em Creative and Culture Economies: teoria e pratica Súmula: Estudos de casos selecionados: Música; Fomento e Financiamento à Cultura; Internacionalização em Moda, Audiovisual e Arte Contemporânea; Comercio Internacional nos BRICs em ICs; Industrias Criativas no Brasil e no Rio Grande do Sul. Bibliografia: Brennan-Horley, C. (2010). Multiple work sites and city-wide networks: a topological approach to understanding creative work. In Australian Geographer, 41(1):39-56. FIRJAN (2014), Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil. IBGE, (2010) (2014). Sistema Brasileiro de Informações e Indicadores Culturais Department for Culture, Media and Sport (DCMS), United Kingdom. (2008). Creative Britain: new talents for the new economy. London: DCMS.) Scott, A.J. (1999b). The US recorded music industry: on the relations between organization, location, and creativity in the cultural economy. In Environment and Planning A, 31:1965-1984. Valiati, Leandro. (2010) Economia da Cultura e Cinema. São Paulo: ed. Terceiro Nome, ________. (2013a) Indústria Criativa no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: ed. FEE ________. (2013b) Cadeia Produtiva dos Museus no Brasil.Brasília: Ed. IBRAM, VALIATI, L; (2015) Empreendedorismo e novos modelos de negócios na Economia Criativa: transição tecnológica, modelo institucional e fluxos internacionais à luz do caso brasileiro. Relatório de Pesquisa CNPQ, 6. PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS O curso será ministrado através de aulas expositivas e poderão ser efetuados seminários. Para cada aula será indicada a bibliografia de referência. 7. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO A avaliação será constituída por resenhas sobre textos selecionados sobre o conteúdo o eixo teórico da disciplina (50% da nota final) e um seminário a ser apresentado em aula e posteriormente sumarizados e entregue em formato de texto (50% da nota final) . A nota final será dada pela média aritmética das notas das provas acrescidas da nota do trabalho, obedecendo ao seguinte critério: média < 6,0, conceito (D); média ≥ 6 e < 7,5, conceito (C); média ≥ 7,5 e < 9,0, conceito (B); média ≥ 9,0, conceito (A). Apêndice: CRONOGRAMA DE ATIVIDADES - 2016/3 Data Tópico Referências bibliográficas básicas sugeridas Aula 1 1: teoria Economia da Cultura e Economia Criativa Blaug, 2001 Creative Economy Report (UNCTAD, 2010) Throsby (2001), caps 1 e 2 Frey (2005), caps 1 e 2 Beugelsdijk e Maseland (2013), caps 1 e 2 Valiati (2013), cap. 1 Aula 2 1: teoria Economia da Cultura e Economia Criativa Beugelsdijk e Maseland (2013), caps 3, 4 e 5 Valiati et al (2012), caps 2 e 3 Klamer (2004); Aula 3 1: teoria Economia da Cultura e Economia Criativa Cunningham, S., Banks, J. and Potts, J. (2008). Aula 4 1: teoria Economia da Cultura e Economia Criativa O’Connor (2010) O’Connor (2015) Aula 5 2: Policy, novos modelos e Internacionalização Cunha (2015) Cunha (2014) Nye (2004) Fujita (1999) Aula 6 2: Policy, novos modelos e Internacionalização Valiati (2016) Coombe (2005) UNCTAD (2014) Aula 7 3: Mercados segmentados UNCTAD (2014) NESTA (2014) Valiati (2013b) FIRJAN (2010) IBGE (2010) Aula 8 3: Mercados Segmentados Valiati et ali (2010b), p.32-69 Valiati (2010 a) Valiati e Wink (2013a), relatório integral Aula 9 3: Mercados Segmentados Apresentação seminários Aula 10 3: Mercados Segmentados Apresentação seminários Aula 11 3: Mercados Segmentados Apresentação seminários Aula 12 3: Mercados Segmentados Apresentação seminários Flew, T. (2012) Furtado (1978)