AQUI - Servindo com a Palavra

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Unidade Missionária Cristã - Ministrações 2016 (Noites e Cultos Conjuntos)
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Unidade Missionária Cristã
Jundiaí/SP
Ministrações – 2016
(Noites e Cultos Conjuntos)
Transcrição, Edição e Montagem de Textos: Luiz Roberto Kamla Cascaldi
Transcrição e Edição nas mensagens de Harold Walker: Maria de Fátima Barbosa
Unidade Missionária Cristã - Ministrações 2016 (Noites e Cultos Conjuntos)
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TÍTULO
VOCÊ É UM INSTRUMENTO ESCOLHIDO DE DEUS
O QUE É NEGAR A SI MESMO
AQUIETANDO A ALMA PARA OUVIR A DEUS
UNIDADE É SER CONFORME A IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS
COMPAIXÃO PELOS QUE SOFREM
UMA PALAVRA PRÁTICA PARA 2016
O MAIOR MISTÉRIO JÁ REVELADO
SERVOS COMO JESUS
O PODER DAS PALAVRAS
A CEIA, SEGUNDO O REINO DE DEUS
AS FINANÇAS, SEGUNDO O REINO DE DEUS – PARTE 1
AS FINANÇAS, SEGUNDO O REINO DE DEUS – PARTE 2
A PÁSCOA – RESSURREIÇÃO DE JESUS
NÃO TEMAS
OS BENEFÍCIOS DA CRUZ DE CRISTO
JUDEUS E GENTIOS – UM SÓ REBANHO
CRIANDO E CULTIVANDO UM AMBIENTE DE FÉ E ORAÇÃO
O CULTO AO SENHOR
CHAMADO PARA O SERVIÇO
ARREPENDIMENTO
OS DE REPENTEs DO ESPÍRITO SANTO – PARTE 1
UM CORAÇÃO MISERICORDIOSO
OS DE REPENTEs DO ESPÍRITO SANTO – PARTE 2
NUVEM DE GLÓRIA
AS FINANÇAS, SEGUNDO O REINO DE DEUS – PARTE 3
AS FINANÇAS, SEGUNDO O REINO DE DEUS – PARTE 4
SERVINDO UNS AS OUTROS
DEUS SE IMPORTA COM SUAS AMIZADES
PERDÃO TRANSFORMA
ARREPENDIMENTO = MUDANÇA DE MENTE
FOCO NO TEMPORÁRIO X FOCO NO ETERNO
NÓS SOMOS A CASA DE DEUS
A NATUREZA DE DEUS
IGREJA – A PORTA DO CÉU
CONHECEDORES DA ÉPOCA
UM CORAÇÃO COMO O DE DAVI
TRANSFORMADOS PELA RENOVAÇÃO DA MENTE
AS TRÊS DIMENSÕES DA OBRA DE JESUS NA CRUZ
A VOCAÇÃO CELESTIAL
CRIANDO UM AMBIENTE PROPÍCIO PARA A MANIFESTAÇÃO DA
PRESENÇA DE JESUS EM NOSSO MEIO
COMO CONSTRUIR A CASA PARA DEUS
SANTIFICADO SEJA O TEU NOME
ONDE ESTÁ O FOGO
O CÉU NA TERRA DEPENDE DE NÓS
A BUSCA DA IGREJA GLORIOSA PARA A VOLTA DE JESUS
A IMPORTÂNCIA E NECESSIDADE DO PERDÃO
UMA VIVA ESPERANÇA
A REVELAÇÃO DA OBRA DE CRISTO E SEUS EFEITOS NA VIDA DO DISCÍPULO
O PRAZER DE SER AMIGO
AS DUAS DIMENSÕES DA OBRA DE DEUS
ONDE ESTÁ O VERDADEIRO PODER?
QUERO SER COMO CRIANÇA
SATISFAZENDO OS DESEJOS DO CORAÇÃO DO PAI
UM 2017 DIFERENTE
PRELETOR
DATA
Galdino Cruz
Jônatas Rocha
Maurício Barbosa
Clésio Pena
Massao Suguihara
Harold Walker
José C. Marion
Tony Felício
Harold Walker
Jamê Nobre
Jamê Nobre
Jamê Nobre
Abnério Cabral
Harold Walker
José C. Marion
Benjamin Berger
Abnério Cabral
Abnério Cabral
Clésio Pena
Harold Walker
Tony Felício
Harold Walker
Maurício Nielsen
Abnério Cabral
Jamê Nobre
Tony Felício
Jô Rocha
Jacemã Dória
Abnério Cabral
José C. Marion
Harold Walker
03/01
10/01
17/01
24/01
08/02
09/02
14/02
21/02
28/02
06/03
13/03
20/03
27/03
03/04
09/04
17/04
24/04
08/05
15/05
22/05
29/05
05/06
12/06
19/06
19/06
26/06
03/07
10/07
24/07
31/07
14/08
21/08
28/08
04/09
11/09
18/09
18/09
25/09
02/10
Tony Felício
02/10
Jamê Nobre
Mike Shea
Abnério Cabral
Tony Felício
José C. Marion
16/10
23/10
30/10
06/11
13/11
20/11
20/11
27/11
04/12
11/12
11/12
18/12
25/12
31/12
Francisco Vanderlinde
Tony Felício
Harold Walker
Jamê Nobre
Jamê Nobre
Abnério Cabral
Harold Walker
Francisco Vanderlinde
Francisco Vanderlinde
Harold Walker
Paulo Manzini
Clésio Pena
Paulo Manzini
Tony Felício
Harold Walker
Abnério Cabral
Jamê Nobre
Unidade Missionária Cristã - Ministrações 2016 (Noites e Cultos Conjuntos)
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VOCÊ É UM INSTRUMENTO ESCOLHIDO DE DEUS
Galdino Cruz
“Portanto, quer comais quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de
Deus.” – 1 Coríntios 10.31.
A
partir do estudo deste versículo vou falar sobre religiosidade. Todo domingo participamos do culto,
enchemos nossas ‘baterias’ e saímos preparados para enfrentar a segunda-feira. Mas na terça-feira
nossa ‘bateria’ vai ficando mais lenta até que na quinta-feira ela está quase parando. Alguns de nós chegam
ao sábado quase empurrados. Porém, esse não é o desejo de Deus. Ele não deseja que O busquemos e
sejamos cheios com o Espírito Santo e da Sua palavra somente no domingo à noite.
Tomemos como figura dessa situação o arroz vermelho, o qual se tornou um patrimônio cultural. O
sertão foi o primeiro a receber dos portugueses esse tipo de arroz que lá foi plantado e continua até hoje,
ou seja, ainda cultivado com o mesmo padrão de semente. Só que nos esquecemos pelo meio do caminho
da vida o jeito seguro e normal de se comer esse arroz e, com o tempo, ele se tornou branco e ficou
completamente descaracterizado. Quanto mais branco mais fácil de cozinhar, mas com muito menos
nutrientes. Assim como o arroz vermelho, nós chegamos ao culto a cada domingo e saímos em seu formato
original. Mas, no decorrer da semana, passamos por um processo de descaracterização e chegamos ao
próximo culto precisando de apenas um soprinho para limpar o arroz por completo, que já perdeu toda sua
característica original. Como cristãos temos nos comportado exatamente assim, ou seja, não temos
colocado à disposição tudo o que somos, todo o nosso potencial integral.
Por meio desta figura quero fazer uma comparação dizendo que nós fomos feitos por Deus de uma
forma, mas com o passar do tempo (no trabalho, no lar, nos grupos que participamos etc.) enfrentamos
vários processos e permitimos que o integral de Deus seja retirado de nossas vidas. Contudo, não deve ser
assim, antes devemos nos manter integrais do jeito que o Senhor nos criou para ser durante a vida toda. A
vida nos fará passar por inúmeros processos, várias fases, querendo retirar nossa essência, mas não
devemos permitir isso acontecer.
São dignas de admiração as jovens mães que, apesar dos filhos pequenos, quando dão muito
trabalho e requerem atenção, não se permitem deixar de congregar. Às vezes são três filhos pequenos,
como aconteceu com minha esposa Madalena, que correm cada uma para um lado, mas elas não se dão
por vencidas. Muitos irmãos, por já terem passado essa fase de filhos pequenos e se esquecido do quanto
lhes foi difícil, ou mesmo os solteiros, vendo as crianças de um lado para o outro dizem incomodados:
“Onde está o pai dessa criança?” Eles se esquecem de que no Corpo de Cristo há todas as faixas etárias.
Crianças estão fazendo aniversário a toda hora, outras nascendo e por isso precisamos entender que essa é
a vida normal. Muitas vezes pensamos que é o diabo que nos manda todas as lutas, porém, há fases em
que precisamos ser persistentes naquilo que nós queremos e congregar é tremendamente importante. Por
exemplo, a Karine, que é estudante de medicina. Quando estava prestando vestibular ela precisou estudar
muito. Era muito difícil conciliar os horários, mas ela não deixou de congregar e nem por isso foi reprovada.
O Senhor honrou a sua posição firme e a abençoou.
Congregar é uma ordem bíblica e precisamos obedecê-la apesar das dificuldades que enfrentamos,
seja no horário de verão, na chuva ou no sol. Conheço irmãos que andam 20 km para congregar e só
podem voltar para casa no dia seguinte. São acolhidos na casa de irmãos, recebem alimentação, são
fortalecidos e vão embora na segunda-feira pela manhã. Há muitas situações diferentes que as pessoas
enfrentam para congregar, mas o importante é ter foco e entender que o irmão que se assenta ao seu lado
é tremendamente importante. Ele precisa de você, você precisa dele e nós vamos caminhar juntos. Não
vamos chegar à presença do Pai separados, mas afinados.
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Na segunda-feira de manhã você diz: “Ah, eu vou matar um leão hoje”. Meu irmão, você não vai
matar nada, não vai sair para a luta. Não vai fazer nada, você vai levantar e falar: “Este é o dia que o Senhor
fez, regozijemo-nos e alegremo-nos nele.” É Ele que vai te dar a força para a caminhada e a força para a
vitória. Não tem leão para matar e, sim, o Senhor para caminhar com você. Seja no foro, no hospital, na
faculdade, seja onde for, o Senhor está com você.
O Senhor está com você e chamando-o para ser parceiro Dele. Deus tem sonhos e anseia por
parceiros para andar com Ele. Mas saiba algo: nem todos que foram parceiros de Deus tiveram a vida que
desejaram. Leia Hebreus 11 e analise a vida daqueles homens de fé. Esse texto nos encoraja e fala conosco:
“Você não está entrando numa situação por engano, mas o Senhor te diz: ‘Eis que estou contigo’”. Você
tem a promessa de que Deus está com você sempre. Jesus Cristo foi ao Pai e enviou o Consolador para
habitar e estar para sempre com você. Creia!
Em 1 Samuel temos a história de Ana, a primeira parceira de Deus. Ela não podia ter filhos e, por
isso, orou ao Senhor e fez um pacto com Ele dizendo (v.11): “Senhor dos exércitos, se benignamente
atentares para a aflição da tua serva e de mim te lembrares e da tua serva não te esqueceres e me deres
um filho varão, ao Senhor o darei por todos os dias da sua vida e sobre a sua cabeça não haverá navalha”.
Deus ouviu a sua oração e o versículo 20 o confirma: “Ela concebeu e passando o devido tempo teve um
filho e o chamou Samuel, pois dizia: Do Senhor o pedi”.
Nós lemos esse versículo em menos de cinco segundos, mas tudo isso durou pelo menos um ano,
se contarmos os nove meses de gravidez de Ana. Mas a história não encerra aí. Ana cumpriu sua promessa
ao Senhor e para isso esperou que a criança fosse desmamada. Naquele tempo uma criança podia levar até
três anos para ser desmamada. Alguns dizem que o desenrolar dessa situação durou aproximadamente
sete anos até que Samuel fosse entregue no templo. Após isso, a história relata o encontro de Samuel com
o Senhor e, a partir daí, dentro do plano de Deus, ele se tornou um homem de valor, um profeta que ungiu
dois reis, Saul e Davi.
A história de Ana e seu filho Samuel nos mostra que vale a pena ser inserido no propósito de Deus.
Quantas gerações foram tocadas por causa disso? Quantas gerações nós podemos tocar quando nos
tornamos parceiros de Deus? Creia! Deus quer ser o seu parceiro! Ele deseja que você esteja junto com Ele
para, assim, mudar o futuro de pessoas, mudar o futuro da sua família. Ele mudou o futuro de Ana; ela não
podia, agora pôde. Ana cumpriu a sua palavra e o Senhor fez a mudança.
A Bíblia relata a história de vários outros que se tornaram parceiros de Deus. Por exemplo, José. Ele
resolveu divulgar os sonhos de Deus colocados em seu coração e as consequências não tardaram para
acontecer. Passaram-se aproximadamente dezessete anos desde que fora vendido como escravo (pelos
seus invejosos irmãos) até ser reconhecido por Faraó. Imagine você esperando por dezessete anos a
promessa de Deus se cumprir em sua vida! José esperou e passou por várias situações adversas, ou seja,
esperou como escravo injustiçado, como prisioneiro, como uma pessoa esquecida e tantas outras situações
que o afligiram. Isso também pode acontecer conosco quando nos tornamos parceiros de Deus. Mas é
preciso entender: ELE ESTÁ NO CONTROLE!
Às vezes você ora muito por determinadas pessoas e famílias sem que nada aparente aconteça.
Mas não perca sua fé, continue falando das promessas de Deus. A palavra de Deus é infalível, então
continue abençoando a vida do seu irmão. Ore e profetize! Deixe Deus usar a sua vida para fortalecê-lo. Ele
certamente está passando por um processo que pode levar um ano, como no caso de Samuel, ou dezessete
anos, como no caso de José, até ser exaltado.
A Bíblia também relata histórias de pessoas que não foram exaltadas (apesar de serem parceiras de
Deus), pelo menos do ponto de vista humano, como o apóstolo Paulo: “Mas o Senhor lhe disse: Vai, porque
este é para mim um instrumento escolhido...” (Atos 9:15). Essa foi a explicação de Deus a Ananias do
porquê ele deveria orar por Paulo. “Um instrumento escolhido!” Deus escolhe pessoas como instrumentos
Seus. Ao meditar sobre isso tive uma visão literal: vi o Eduardo Nagumo, músico de nossa congregação,
com seu violoncelo. Então pensei: ele deve ter escolhido aquele violoncelo e não deve ter sido uma tarefa
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fácil. Deixo-o contar com suas próprias palavras sobre a escolha criteriosa desse instrumento:
Eduardo:
“O violoncelo é um instrumento de cordas. Para achar um bom violoncelo você precisa de um tiro
certeiro, pois é um instrumento caríssimo e, por isso, quando eu tinha 13 ou 14 anos, eu fui a um
fabricante para escolher o meu. Ele teria de ter tamanho, altura, bojo certos, braço e tudo mais que
se adaptasse ao meu gosto. Além disso, não poderia ter o agudo muito estridente, à semelhança de
uma criança que está aprendendo e toca notas num tom horrível. Gosto mais das notas mais
graves. Sem essas características não é um bom violoncelo para mim. Depois de experimentar
vários, escolhi o que mais se adaptava ao meu gosto. Mas cresci e me casei com Luciana (também
violoncelista), que trouxe consigo o seu violoncelo, muito melhor do que o meu e com um som grave
lindíssimo. Foi mesmo um presente de Deus para nós”.
Outra pessoa que eu fiquei sabendo que também procurou muito um violão foi a Thaís, que
também chamo para contar seu testemunho:
Thaís:
“Eu toco violão desde meus sete anos de idade. Tinha quatro anos quando ganhei o primeiro do
meu pai e ainda não tinha nenhuma noção de como tocá-lo. Aos sete anos minha mãe, quando
numa gravidez de alto risco perdeu o nenê, colocou-me para aprender teclado, mas logo o violão
me atraiu e fiz aulas até os dez anos de idade. Então parei, mas logo retornei aos onze anos,
quando nos convertemos. Foi um verdadeiro renovo de alegria voltar a tocar violão e, desde então,
nunca parei.
Eu não tinha violão elétrico e sempre que precisava pedia emprestado. Meu sonho, porém, era ter
um violão da famosa marca Taylor, pois havia tocado um quando tivemos a visita do pessoal do
IHOPE (EUA). Decidi que eu queria um para mim com todos os acessórios e orei a respeito. Gabriel,
meu amigo, me incentivava a continuar sonhando com isso. Um violão Taylor varia entre 1.000 a
5.000 dólares. Fiz uma viagem a Vitória-ES e uma irmã sentiu de doar seu violão elétrico para mim.
Fiquei muito feliz e o toquei por um ano, ao final do qual fui com minha amiga Dani aos EUA. Lá
ficamos hospedadas na casa de Keith (musicista, que tinha um Taylor, dentre outros instrumentos,
em sua casa). Ela ficou sabendo do meu grande desejo de possuir um daqueles. Eu tinha disponível
apenas 1.500 reais e esperava encontrar um usado nesse preço. Eu só não sabia que Jesus estava
preparando tudo.
Então Keith, Dany e eu, sentadas no carpete, tivemos um precioso tempo de adoração ao Senhor.
No dia seguinte, Keith nos levou a uma loja de instrumentos musicais e eu achei um Taylor dentre
muitos outros. Sentei e o toquei. O som ecoava lindamente no lugar. Falei com Deus: Este é o
violão! Perguntei o preço e, para minha decepção, estava 3.300 reais, mais do que o dobro que eu
tinha disponível. Quando fui devolvê-lo a moça disse: Não, o violão é seu. Tentei explicar-lhe que
não podia comprá-lo, mas ela insistiu que o violão com todos os acessórios (um case completo) era
meu.
Chorei muito, porque eu não fora ali para ganhar, mas para comprar caso fosse mais barato e,
então, agradeci a ela. Contudo, ela me certificou que não fora ela, mas Keith que o havia comprado
para mim. Não sabia nem como agradecer a Deus pelo sonho de mais de cinco anos realizado. No
final, a moça da loja me presenteou com uma correia e um cabo para ligá-lo. Falei para Deus: ‘O
Senhor sabia do sonho e não o frustrou em nenhum momento’. Posteriormente fui ver na internet o
preço real de um novo; ele custava 3.000 dólares. Eu havia recebido uma palavra de Deus que
quando Ele me desse um Taylor a minha vida também seria liberada.
Sou muito grata ao Senhor porque Ele foi maravilhoso e, como se não bastasse tudo isso, Ele operou
também na alfândega e consegui passar sem maiores problemas. Alguém havia me dito: ‘Se Deus
lhe deu um violão, Ele não vai deixá-lo parado na alfândega’. Ao passar dei glória a Deus. Isso foi
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muito forte para mim, pois se Deus Se preocupa com os detalhes dos nossos sonhos, muito mais Se
preocupará com as grandes coisas das nossas vidas. Ele é muito fiel e é Pai, antes de tudo. Ele Se
alegra em presentear Seus filhos com as coisas que lhes ‘queimam’ no coração. Então, que
possamos confiar Nele de todo o coração, pois é amoroso e ama nos alegrar com coisas que para
Ele são pequenas, mas para nós são incrivelmente maravilhosas e impossíveis”.
Voltemos a Atos 9.15: “Mas o Senhor lhe disse: Vai porque este é para mim um instrumento
escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel”. Esse casal
nos ensinou muito com esse testemunho. Eles garimparam, foram atrás do melhor instrumento, da melhor
qualidade. Se o violão Taylor estivesse escondido naquela loja, dizendo que era um ‘coitadinho’, que não
servia para nada, será que ele teria a notoriedade que tem hoje?
Amado (a), o Senhor já lhe garimpou, foi atrás de você e lhe escolheu. Você quer mais? O preço foi
muito alto, não veio de graça. Jesus pagou preço de sangue por sua vida, para que hoje você se decidisse
por Ele e pudesse ter os melhores acordes em Sua presença. Você foi escolhido para algo específico! Nós
falamos sobre violões e violoncelos, que são instrumentos totalmente diferentes, mas que juntos fazem um
som perfeito. Creia nisso! Quando estamos juntos fazemos algo muito bom, um som perfeito. Nós somos o
povo escolhido por Deus, somos os garimpeiros de Deus. Ele disse: “O Galdino não pode mais ficar longe da
minha graça; esse pecador precisa ser alcançado”. E então eu fui alcançado! Eu não tinha valor, mas Ele
pagou um resgate muito alto por mim, e o preço foi Jesus.
Lembrei-me de um amigo que estava nos EUA e que também foi atrás de um violão até encontrálo. Ele também ficou com medo da alfândega. Mas eu lhe digo que ninguém vai separá-lo do amor de
Cristo. Ninguém vai dizer que você não pode passar, porque o preço foi pago e Deus, através de Jesus,
usurpou o inimigo dizendo: “Está pago, finalizado, não tem mais dívida alguma”. A sua carta de dívida está
paga e quitada! Você ainda tem dúvida? Jogue essa dúvida fora, pois foi Jesus quem morreu por você. O
Espírito Santo de Deus veio para nos convencer do pecado, do juízo e da justiça. A palavra de Deus é
infalível e ela diz: “Os céus e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar” (Lucas 21:33).
Se você quer fazer essa parceria com Deus, entenda que você não vai entrar com nada. Ele entrou
com todo o preço – Jesus Cristo. Você precisa jogar fora sua própria vida e dizer: “Eu estou com o Senhor a
partir de hoje. Quero segui-Lo por todos os dias da minha vida”. Não importa o que você fez até hoje! Ele o
escolheu e, a partir de agora, você é um instrumento em Suas mãos. Amém!
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O QUE É NEGAR A SI MESMO
Jônatas Rocha
“E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais
apóstolos: Que faremos, homens irmãos? E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja
batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo”.
(Atos 2:37,38)
“E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e
siga-me.” (Lucas 9:23)
N
o início da história da igreja observamos que as pessoas, quando ouviam a pregação do evangelho,
ficavam desesperadas e desejosas de uma solução para seus problemas. Talvez nossa maior
dificuldade hoje seja não reconhecer que temos problemas e, por isso, a falta de arrependimento. Jesus
sempre pregou sobre o “negar a si mesmo” e “tomar a cruz”, que é a essência de um arrependimento
profundo e de uma fé verdadeira. A fé é uma ação que ocorre internamente e cujo fruto é a negação de si
mesmo.
Quero expor algumas interpretações de vários homens de Deus sobre esse assunto para
entendermos melhor o que é, como fazer e porque devemos negar a nós mesmos.
Paulo disse que “...não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para
salvação de todo aquele que crê” (Romanos 1:16) e, aos coríntios, ele reforçou a necessidade de
conhecerem e praticarem o evangelho para que sua fé não fosse em vão ou cressem em um evangelho não
verdadeiro:
“Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes,
e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho
anunciado; se não é que crestes em vão” (1 Coríntios 15:1,2).
John Stott, em um de seus livros, explica como a cruz era considerada para os romanos. Era-lhes
algo terrível, horroroso. A morte por crucificação era destinada somente para os piores assassinos e
malfeitores de outras nações, mas não para os romanos. Stott dizia que era abominável um romano ser
chicoteado e crucificado. Era da mais alta crueldade matar alguém dessa forma, pois a pessoa sofria muito
até morrer. Da mesma forma era assim considerada pelos judeus: “...porquanto o pendurado é maldito de
Deus” (Deuteronômio 21:23).
A.W. Tozer, em uma de suas pregações intitulada “A cruz é algo radical”, diz:
“A cruz de Cristo é a coisa mais revolucionária que já apareceu entre os homens. A cruz dos velhos
tempos Romanos não conhecia acordo; ela nunca fez concessões.
Ela venceu todas as suas disputas matando o seu oponente e silenciando-o de uma vez para
sempre. Ela não poupou Cristo, mas o matou assim como os outros. Ele estava vivo quando O
penduraram naquela cruz e completamente morto quando O tiraram dela seis horas mais tarde.
Isso era a cruz, a primeira vez que apareceu na história Cristã.
Depois que Cristo foi levantado da morte os apóstolos saíram para pregar Sua mensagem, e aquilo
que pregavam era a cruz. Onde quer que eles fossem pelo mundo afora carregavam a cruz e o
mesmo poder revolucionário ia com eles. A mensagem radical da cruz transformou Saulo de Tarso e
o mudou de um perseguidor de Cristãos para um crente gentil e um apóstolo da fé. O poder da cruz
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transformou homens maus em bons. Ela livrou a longa escravidão do paganismo e alterou
completamente toda a perspectiva moral e mental do mundo Ocidental. Tudo isto ela fez e continua
a fazer enquanto for permitido permanecer sendo o que era originalmente, uma cruz.
Seu poder se foi quando foi mudada de algo de morte para algo de belo. Quando os homens fizeram
dela um símbolo, pendurando-a aos seus pescoços como um ornamento ou fizeram seu esboço
diante das suas faces como um sinal mágico para repelir o maligno, então ela se tornou na melhor
das hipóteses um fraco emblema, e na pior das hipóteses um fetiche positivo. Como tal ela é
venerada hoje em dia por milhões que não sabem absolutamente nada sobre o seu poder.
A cruz alcança seu fim pela destruição de um padrão estabelecido, a vítima, e cria um outro padrão,
seu próprio. Assim, ela tem sempre seu estilo. Ela vence através da derrota do seu oponente e
imposição da sua vontade sobre ele. Ela sempre domina. Ela nunca se compromete, nunca negocia
nem concede, nunca renuncia um ponto por motivo de paz. Ela não se importa com a paz; ela se
importa somente em acabar com sua oposição o mais rápido possível.
Com perfeito conhecimento de tudo isto Cristo disse, “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si
mesmo, tome a sua cruz, e siga-me” (Mt 16:24). Assim a cruz não somente provoca um fim à vida
de Cristo, ela também dá fim à primeira vida, a velha vida, de cada um dos Seus verdadeiros
seguidores. Ela destrói o velho padrão, o padrão de Adão, na vida do crente e o conduz a um fim.
Então o Deus que ressuscitou Cristo da morte ressuscita o crente e se inicia uma nova vida.
Isto, e nada menos, é Cristianismo verdadeiro, entretanto não podemos deixar de reconhecer a
divergência crucial deste conceito daquele defendido pelos membros evangélicos de hoje. Porém
não ousamos qualificar a nossa posição. A cruz permanece bem acima das opiniões dos homens e
para aquela cruz todas as opiniões devem finalmente ir para julgamento. Uma liderança superficial
e mundana modificaria a cruz para agradar os entretenimentos loucos dos religiosos que terão a
sua diversão mesmo dentro do santuário; mas agir assim é procurar desastre espiritual e se expor
ao perigo da ira do Cordeiro transformado em Leão.
Devemos fazer algo com relação à cruz, e somente uma de duas coisas podemos fazer fugir dela ou
morrer nela. Se formos tão imprudentes para fugir devemos por este ato pôr de lado a fé de nossos
pais e fazer do Cristianismo alguma outra coisa exceto o que ele é. Então teremos deixado somente
a vazia linguagem da salvação; o poder se apartará com nosso apartamento da verdadeira cruz.
Se formos sábios faremos o que Jesus fez; enfrentaremos a cruz e desprezaremos a vergonha pela
alegria que está colocada diante de nós. Fazer isto é entregar todos os padrões das nossas vidas
para serem destruídos e reconstruídos no poder de uma vida eterna. Descobriremos que isto é mais
do que poesia, mais do que doce melodia e sentimento nobre. A cruz cortará em nossa vida onde ela
fere mais, sem poupar nem a nós nem nossas reputações cuidadosamente cultivadas.
Ela vai nos derrotar e levar nossas vidas egoístas a um fim. Somente então poderemos nos levantar
em plenitude de vida para estabelecer um padrão de vida completamente novo, livre e repleto de
boas obras. A mudança de atitude em relação a cruz que vemos na ortodoxia moderna não prova
que Deus tenha mudado, nem que Cristo tenha facilitado na Sua exigência de que carreguemos a
cruz; antes significa que a Cristandade atual se afastou dos padrões do Novo Testamento. Até agora
temos mudado tanto que isto pode necessitar nada menos do que uma nova reforma para
restaurar a cruz para o seu lugar correto na teologia e vida da Igreja.”
J. I. Packer também fala sobre a mortificação da carne, tratando-a como uma guerra. Seu
ensinamento é que todo cristão vive esse tipo de luta até sua morte ou até Cristo voltar e que essa
mortificação é algo essencial a todos nós, pois vivemos em uma luta contra o mundo, contra a carne e
contra o diabo.
“Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está
assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra; porque
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já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a nossa
vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória. Mortificai, pois, os
vossos membros, que estão sobre a terra: a prostituição, a impureza, a afeição desordenada, a vil
concupiscência, e a avareza, que é idolatria” (Colossenses 3:1-5).
Paulo está dizendo que o privilégio de ser cristão traz consigo a obrigação de mortificar a carne, e
isso não é algo imposto, mas produzida pela operosidade da fé. Ou seja, se temos fé que somos do Senhor,
essa mesma fé irá produzir a mortificação da nossa carne. Somos privilegiados por termos a Cristo e, por
causa disso, crucificamos a carne.
Em Romanos 8:13 o apóstolo diz: “Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo
Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis”. Ou seja, é uma prática ou condição continuada. É
importante entendermos que santificação, mortificação da carne e negar a si mesmo não têm nada a ver
com o dom da vida eterna que o Senhor nos deu. Ou seja, não fazemos essas coisas para “ganhar a
salvação” pois essa é gratuita, já nos foi dada e não nos será tirada – é um dom ou dádiva de Deus. Se
cremos realmente que já fomos justificados pelo Senhor, que fazemos parte do Corpo de Cristo e da vida
dele, o normal é que mortifiquemos a carne.
Martyn Lloyd Jones trata a santificação como algo não opcional, mas para todos. Ele diz que a
salvação é um “pacote”: fomos justificados, estamos sendo santificados e um dia seremos glorificados.
Assim, a justificação não é separada da santificação. Uma é o início e outra é a continuidade da vida cristã
e, juntas, nos levarão ao fim, à glorificação.
A santificação não é opcional. Precisamos buscá-la, mas ela é uma obra de Cristo em nós. Ele
começou sua obra morrendo na cruz e nos justificando, está completando sua obra nos santificando e irá
terminá-la nos glorificando. Saber isso nos traz muita paz interior, pois não é por esforço próprio.
“Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou
por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a
si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível”
(Efésios 5:25-27).
Jesus deu a si mesmo à igreja para santificá-la e purificá-la. Assim, nossa vida cristã não para na
salvação e justificação, mas continua na santificação e é o próprio Senhor quem faz isso.
“E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade.” (João
17:19).
Muitos, quando se convertem, acreditam que ‘precisam’ fazer alguma coisa para agradar ao Senhor
(obra humana) e vivem lutando e se esforçando para isso. Mas isso apenas traz angústia, tristeza,
frustração, decepção, desespero, pois sempre irão se confrontar com derrotas e constatação de que não
conseguem. O certo é reconhecer que não conseguem isso por si próprios e buscar em Deus a solução para
suas vidas. Mas, infelizmente, muitos ainda seguem tentando, se esforçando e se decepcionando cada vez
mais; vivem se condenando por não conseguir agradar e fazer a vontade de Deus. Mas esse trabalho
pertence ao Senhor. Ele vai fazer e completar Sua obra em nós:
“Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia
de Jesus Cristo" (Filipenses 1:6).
Não podemos descartar que para a santificação deve haver obediência pessoal, mas a ênfase maior
não está em que devemos obedecer para sermos santificados e, sim, em que Ele irá nos santificar. É claro
que se não obedecermos existem consequências. Hebreus 12:6 diz que “o Senhor corrige o que ama e
açoita a qualquer que recebe por filho”. Então, se não houver obediência para esse chamado, para essa
continuidade da obra do Senhor em nossas vidas, Ele irá nos disciplinar e usará de todas as situações
necessárias para nos purificar.
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Assim, o melhor é obedecer para não precisar ser disciplinado, mas podemos crer que o Senhor vai
cumprir o que prometeu, vai fazer Sua vontade em nós e usará de todos os meios e recursos para isso –
inclusive a disciplina, se for necessário. Seu alvo é tornar Seus filhos puros, santos e perfeitos e para Ele não
há impossíveis para isso. Jesus quer e vai cumprir a vontade do seu Pai que é ter uma igreja gloriosa nos
tempos do fim.
Lloyd Jones diz que a palavra “ser santo” é “ser separado para o Senhor e do pecado, de tudo que
não convém ao Senhor e não glorifica o Seu nome”. Como vemos no Velho Testamento, todos os
instrumentos de uso no Templo eram separados para uso exclusivo dos sacerdotes; não eram usados no
dia a dia das pessoas, não eram de uso comum. Essa é a mesma ideia acerca de nós – sermos separados e
exclusivos para cumprir o propósito de Deus: “...purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas
obras” (Tito 2:14).
Por que devemos negar a nós mesmos? Nossa natureza luta diariamente contra isso, pois, assim
como o mundo e o diabo, não concorda com essa ideia e, então, precisamos de muita oração e firmeza
diante do Senhor para vencermos essa batalha e conquistarmos a vida que o Senhor projetou para nós.
O primeiro motivo para negarmos a nós mesmos é que a vontade de Deus é uma regra suprema e
inalterada para todos. Assim, negamos nossas vontades porque Ele é o Criador e nós as Suas criaturas. Paul
Washer diz que há uma separação imensa entre nós e Deus; tudo o que existe é criatura, mas Ele é Deus.
Sendo assim, é de extrema importância e nossa obrigação de que toda vontade Dele seja feita do jeito
Dele.
O segundo motivo é que todos nós, independente de quem somos, nascemos em pecado. A nossa
natureza é totalmente corrompida e perversa. Mas essa é uma verdade que ainda não está totalmente
inculcada em nossas mentes e, por essa causa, em muitas questões ainda nos julgamos autossuficientes e
capazes. Por isso é tão necessário o arrependimento em nossas vidas.
Como a justificação é a nossa porta de entrada no evangelho e a santificação é a nossa
continuidade no mesmo, o arrependimento é fundamental para nos fazer permanecer no Reino de Deus.
Sua função é nos fazer enxergar e entender a natureza pecaminosa e abominá-la, rejeitá-la com todas
nossas forças. Se eu creio e me arrependi de verdade, se eu entendi que nasci em pecado e tenho uma
natureza corrompida, então decididamente não posso fazer minha própria vontade, pois com certeza ela
será totalmente contrária à vontade de Deus; são lados opostos. Quando satisfazemos nossa vontade,
sendo contrária à de Deus, ela fica cada vez mais obstinada, endurecida e tende a aumentar a força dessa
natureza carnal e corrompida, afastando-nos ainda mais da vontade do Senhor.
John Wesley diz que há duas situações distintas no texto de Lucas 9:23. Uma é “tomar” e a outra é
“suportar” a cruz. Suportar é quando situações inesperadas nos sobrevêm e as aceitamos de maneira
humilde e conformados. Já o “tomar” é algo voluntário. Mesmo tendo o poder de recusar a situação ou a
“cruz” que nos sobrevêm a aceitamos. Mesmo que seja contrária ou desagradável à nossa vontade, mesmo
que traga dor ou sofrimento, a escolhemos espontaneamente porque queremos fazer a vontade de Deus.
Não gostamos de dor ou sofrimento, mas o negar a si mesmo, muitas vezes, vai de encontro à
nossa felicidade. Porém, temos de nos lembrar que o fim disso tudo é a nossa paz de espírito. Então,
devemos entender e crer que Jesus, com todo esse processo de santificação, tomar a cruz, negar a si
mesmo e arrependimento nunca nos deixará sozinhos, abandonados, sem bênçãos, sem resultados.
O Senhor é o maior interessado em nos tornar santos como Ele e, em muitas situações, age como
um médico para que isso aconteça, entrando e operando em lugares profundos da alma para arrancar tudo
o que gera dor. Ele permite que soframos por breve tempo para que depois possamos provar da alegria e
da paz eterna que Ele nos prometeu, e não da paz passageira que o mundo oferece. Saber essas coisas nos
torna abertos para que Deus trabalhe em nós.
Muitas vezes colocamos a culpa de fatos que nos acontecem no diabo, na vida, nas pessoas, nas
coisas. Mas, se entendermos e aceitarmos que são situações permitidas pelo Senhor para nos amadurecer,
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experimentaremos paz e alegria no coração. Muitas coisas ruins que nos sobrevêm são permitidas pelo
próprio Deus para nos provar e aperfeiçoar. Ele está agindo em nós, e essa é a base do evangelho! Não
somos nós quem estamos trabalhando para Ele, mas é Ele que está trabalhando em nós!
Para Arthur Pink, negar-se é “repudiar sua própria vontade, aceitar o veredito de Deus”. Como diz o
profeta Isaías:
“Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos
nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades como um vento nos arrebatam” (Isaías 64:6).
Negar a nós mesmos é entender que as nossas justiças, esforços pessoais, regras que criamos para
agradar a Deus e conseguir coisas não são válidas ou aceitáveis perante Ele. Os judeus falharam
exatamente nessa questão:
“Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua própria justiça, não
se sujeitaram à justiça de Deus. Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê.”
(Romanos 10:3,4)
Os judeus confiavam muito no fato de terem a Lei e o conhecimento de Deus, de serem o povo
escolhido, de cumprirem os mandamentos da Lei – acreditavam em sua justiça própria. Mas Paulo, em toda
a sua carta aos romanos, destrói toda essa teoria afirmando que ninguém consegue cumprir a Lei e, por
isso, não alcançam a salvação pelos seus próprios esforços. A cruz destrói toda a ideia de autocompaixão,
de autobenefício.
Em Mateus 16:13-23 lemos que Pedro foi repreendido pelo Senhor (“Para trás de mim, Satanás,
que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos
homens”, v.23) porque ele não compreendia que a verdadeira vida envolve o auto sacrifício e não o amorpróprio, não a autocomiseração.
Com certeza todos nós já provamos paz, alegria, gozo, alívio interior em alguma situação quando
decidimos não fazer nossa própria vontade, mas nos doarmos ou nos sacrificarmos para alguém ou alguma
causa. Sem isso nossa vida não terá sentido e irá se perder, a velha natureza voltará à tona e se tornará
mais forte, pois negligenciamos a mortificação da carne. Isso é automático, pois não há como vivermos no
espírito e na carne ao mesmo tempo.
O maior exemplo que temos de alguém que cumpriu completamente o negar a si mesmo e fazer a
vontade do Pai foi o próprio Senhor Jesus. Se temos de nos comparar com alguém, se temos de seguir um
modelo esse não deve ser algum irmão, por melhor que seja ou tenha sido, mas deve ser o próprio Cristo, e
seu padrão é bem elevado, conforme podemos ver nos textos abaixo:
“Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos.”
(1 João 3:16)
“Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e,
achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de
cruz.” (Filipenses 2:7,8)
“Porque também Cristo não agradou a si mesmo, mas, como está escrito: Sobre mim caíram as
injúrias dos que te injuriavam.” (Romanos 15:3)
“Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em
resgate de muitos.” (Mateus 20:28)
Mas tudo isso é humanamente impossível de ser praticado. Como podemos então viver esse tipo
de vida? Dependendo plenamente do evangelho que “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele
que crê”! Se crermos com verdadeira fé no poder da cruz, essa fé irá operar e conformar nossa vida com
essas verdades. A fé verdadeira revela e produz os frutos da obra de Deus em nós e, antes da fé, é
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necessário ter o arrependimento. Concordamos que as nossas justiças são como trapos de imundícia,
concordamos que nascemos com uma natureza perversa e contaminada, temos consciência e convicção de
que ainda cometemos coisas abomináveis diante de Deus, temos noção da presença do pecado em nosso
coração e tudo isso deve nos conduzir a um genuíno arrependimento e fé verdadeira diante do Senhor. Se
nos arrependermos de verdade, perderemos nosso “chão”, não encontraremos mais recursos pessoais e
iremos depender plenamente de Deus. Se o nosso desejo for encontrá-Lo, conseguiremos e a vontade do
Senhor é que sigamos em tudo os passos de Jesus:
“Porque para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo,
para que sigais as suas pisadas” (1 Pedro 2:21).
Antes de formar o mundo o Senhor já tinha o desejo de criar um povo e uma grande família. Mas
Ele também já sabia que o homem iria pecar e, por isso, antes de tudo ser criado, Jesus já morreu por nós.
O ir para a cruz não foi algo que Jesus decidiu quando estava na terra, mas já estava predestinado antes de
tudo existir. Todo o Antigo Testamento nos revela isso e Deus fez com que essa Sua vontade se tornasse
Escritura, palavra escrita para que todos soubessem o que iria acontecer. Quando Jesus aparece ele declara
que tudo que estava acontecendo já estava escrito, que tudo que ele estava fazendo era apenas para
confirmar a vontade de Deus, e repetia constantemente que toda a Palavra deveria cumprir-se
completamente. “Está escrito!”, ele sempre dizia.
Jesus sofreu demais por tudo isso, padeceu na sua carne, mas estava convicto da vontade do Pai e
por isso obedeceu até o fim. As Escrituras são infalíveis, deveria se cumprir e Jesus cooperou para isso.
“Está escrito. Vai acontecer. Eu vou fazer. Eu vou obedecer!” Por isso ele disse a Pedro “arreda-te de mim,
satanás”, porque ninguém poderia fazer com que seu destino mudasse.
Após sua morte e ressurreição as Escrituras continuaram, e ele permitiu que pudéssemos continuar
usufruindo da sua mesma vida e poder através do Espírito Santo. Por isso devemos seguir os seus passos.
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das
obras, para que ninguém se glorie; porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas
obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Efésios 2:8-10).
A graça não depende absolutamente em nada de nossas próprias ações, esforços ou atividades.
Vem totalmente de Deus, é um dom que Ele nos concedeu. Entretanto, Ele nos salvou para que vivêssemos
em boas obras. Se cremos que fomos salvos também devemos crer que precisamos praticar boas obras.
Entretanto, não são quaisquer obras, pois, nesse caso, seriam “trapos de imundícia”, descartáveis, mas são
as obras que Cristo opera através de nós. Obras nas quais não nos gloriamos, exaltamos ou desejamos
reconhecimento, mas cuja glória se remete totalmente a Ele:
“Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e
glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus” (Mateus 5:16).
Boas obras do amor, da fé, da esperança, da bondade, da mansidão, da santidade, da
perseverança, da virtude etc.; obras que vêm direto da cruz, do Senhor Jesus.
“Porque a graça salvadora de Deus se há manifestado a todos os homens, ensinando-nos que,
renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e
justa, e piamente, aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande
Deus e nosso Senhor Jesus Cristo; o qual se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a
iniquidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras” (Tito 2:11-14).
Nossa vida espiritual não parou na salvação mas continua diariamente por meio da santificação e
da prática de boas obras. Deus terá esse povo especial, zeloso de boas obras. Um povo que se recusa a
fazer sua própria vontade para poder fazer a vontade do Senhor.
Se realmente desejamos esse tipo de vida, com o coração desejoso de participar da santidade de
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Cristo, o Senhor vai falar conosco, nos dirigir, nos dar coragem, graça, perseverança, diligência e fé para
suportarmos todas as adversidades e sermos cooperadores na Sua obra. Deus age em nós, nos dá a
capacidade e graça necessárias, mas é muito importante que cooperemos para isso.
Jesus ressuscitou e nos deu o poder de vivermos uma vida ressurreta, uma vida poderosa onde o
pecado não tem domínio:
“Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam
segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou
da lei do pecado e da morte” (Romanos 8:1,2).
Somos dirigidos pela graça, um poder que nos ensina a rejeitar toda impiedade, toda
concupiscência e viver de uma maneira sóbria e justa nessa terra.
Pedro, ao escrever sua segunda carta, tinha a revelação de que morreria em breve (2 Pedro
1:14,15) e, então, fala de coisas que considera fundamentais para nossas vidas. Ele diz que viu a glória de
Jesus no monte da transfiguração (1:16-18). Essa visão impactou a sua vida e, após receber o poder da vida
ressurreta de Jesus, foi radicalmente transformado. Ele abriu as portas do Reino de Deus para os judeus e
gentios pregando com ousadia o evangelho. Por si mesmo ele não tinha essa capacidade, mas a cruz
operou em sua vida revestindo-o de graça e poder.
Pedro diz que nos últimos dias muitos questionarão a demora da volta de Jesus (3:3,4), mas que
devemos continuar perseverando em fé e esperança para que, quando esse dia chegar, Ele nos encontre de
maneira irrepreensível e imaculada em paz (3:14). Nós, que negamos nossa própria vida, que vivemos com
Ele e por Ele nessa terra, que nos deixamos ser tratados e transformados, que não tivemos dúvida alguma
da nossa salvação e vida eterna, seremos reconhecidos como Seus filhos quando Ele voltar para nos buscar:
“Esse é aquele que estava comigo e glorificou meu nome na terra”.
“E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar
já não existe. E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada
como uma esposa ataviada para o seu marido. E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o
tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo
Deus estará com eles, e será o seu Deus” (Apocalipse 21:1-3).
Deus terá esse povo nos últimos dias; essa é mais uma palavra escrita que irá se cumprir. Quais são
as características desse povo que irá habitar com o Senhor na eternidade?
“E ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora é chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso
Deus, e o poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado, o qual diante do
nosso Deus os acusava de dia e de noite. E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra
do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até à morte” (Apocalipse 12:10,11).
Aqueles que querem seguir o Senhor devem negar a si mesmos e tomar sua cruz. Quem quiser
salvar sua vida irá perdê-la, mas aquele que a perder por amor a Jesus irá achá-la. Quem não amar sua
própria vida terá o privilégio de se encontrar e viver com o Senhor para sempre.
Se cremos de todo o coração que somos filhos, então devemos ter o desejo de sermos santos para
o louvor da Sua glória. É Deus quem está fazendo todas as coisas e nós apenas cooperamos com Ele nesse
propósito. Estamos aqui somente por Sua causa e misericórdia. Nada podemos por nós mesmos, mas tudo
podemos por meio Dele.
Apocalipse diz que haverá uma multidão incontável de homens e mulheres no céu (19:6). Essa é a
promessa que Deus deu a Abraão:
“Que deveras te abençoarei, e grandissimamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas
dos céus, e como a areia que está na praia do mar..." (Gênesis 22:17).
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Não importa quanto tempo já passou ou ainda resta – é certo que Jesus está para voltar, e pode ser
em nossa geração; poderemos ver com nossos próprios olhos. Então, por que ficarmos acomodados?
Devemos ter o desejo de que o Senhor trabalhe e faça a Sua vontade em nós, pois, se não houver esse
negar a si mesmo, esse tomar a cruz, essa morte para si mesmo não haverá uma vida de ressurreição, de
poder.
Se cremos que Jesus está voltando então devemos nos empenhar em fazer Sua vontade, sermos
tratados, purificados, lapidados para que, quando Ele chegar, encontre essa igreja, essas pessoas que “pela
palavra do seu testemunho, não amaram suas próprias vidas até a morte”, que se recusaram a viver para si
mesmas.
Santificação não é opcional, todos precisamos. Se somos filhos ela é necessária. Se não a
praticarmos não evidenciaremos a nossa fé, pois a mesma se evidencia com ações práticas diárias. Que o
Senhor nos ajude a isso. Amém.
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AQUIETANDO A ALMA PARA OUVIR A DEUS
Maurício Barbosa
comum, no início de cada ano, traçarmos planos para o que desejamos realizar no novo ciclo ou período
que se inicia. Fazemos um balanço do ano que acabou e já colocamos em nossos corações e até no papel
novos sonhos e projetos. Pessoalmente, gosto muito de buscar uma palavra do Senhor para minha vida e
depois passo o ano todo firmado na mesma. Como Congregação, estamos em uma campanha de jejum e
oração para ouvirmos o que Deus deseja de nós para o novo ano. Nós podemos e devemos fazer planos,
entretanto, quem os executa é o Senhor.
É
Como filhos e discípulos do Pai nosso desejo é que Ele realize tudo o planejou e, se possível, através
de nós. Mas, para isso, faz-se necessária uma sintonia nossa com Deus para ouvir e entender o que Ele
deseja fazer, e é exatamente esse momento que estamos vivendo – de oração, jejum, clamor, busca
individual e coletiva. É um momento de ouvir a Deus e quebrar barreiras interiores, permitindo que Ele aja
em nossos corações pessoalmente e como igreja.
Quando falamos de oração, de ouvir a Deus, é preciso desenvolver uma atitude de aquietar-se
diante Dele: “Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus...” (Salmos 46:10). Parece algo simples, porém, na
prática não é. É necessário que aprendamos a aquietar, parar, fazer sossegar a alma, o coração, a mente,
pois estamos sempre pensando em muitas coisas, no que temos para fazer, nos problemas, no dia a dia, no
amanhã, no futuro etc.
Quando falo em “aquietar”, vem à minha mente a figura de uma criança. Dificilmente uma criança
consegue ficar quieta, parada. Normalmente ela gosta de falar, pular, brincar. Eu, quando criança, era
elétrico, não parava um segundo. Meus filhos, quando chegavam da escola, também eram muito agitados,
queriam falar, brincar, pular em cima de mim. Uma criança tem essa energia e, por isso, tem muita
dificuldade em parar para ouvir. Da mesma forma Deus quer falar conosco, mas, à semelhança de uma
criança, não conseguimos parar e ouvir. Ele quer nos ensinar, nos mostrar tesouros em Sua Palavra, mas
não aquietamos; estamos sempre correndo de um lado para o outro. Quando entramos na presença do Pai
em oração nos atemos a falar, contar, pedir e raramente paramos para ouvir o que Ele tem a dizer.
Eu tenho um irmão que, em determinado momento da sua vida, precisava muito ouvir a Deus e
resolveu tirar um tempo para isso. Ele entrava no quarto, fechava a porta e passava horas orando.
Terminado aquele tempo, saía dizendo: “Deus não falou comigo”. E isso se repetiu por vários dias. Então
um dia, já quase desistindo de tudo, ele clamou e chorou dizendo: “Senhor, por que Tu não falas comigo?”
E o Espírito Santo, então, lhe respondeu: “É que você fala, fala e fala, mas na hora em que Eu vou falar você
vira as costas e sai”. Isso é ansiedade, inquietação com os problemas, com as coisas que temos que dizer e
pedir ao Pai, com as nossas necessidades. Ficamos tão agitados que deixamos escapar a oportunidade de
ouvir o que o Espírito nos deseja falar.
Não é fácil se aquietar. Às vezes os problemas nos sufocam tanto, há tantas vozes falando aos
nossos ouvidos que não conseguimos discernir a voz do nosso Pai. Entretanto, ouvir a Deus é uma decisão
pessoal que temos de tomar. É parar e dizer: “Eu vou me aquietar e ouvir a voz do Senhor, e não as outras
vozes. E, mesmo que as ouça, escolho ouvir a voz do meu Pastor e seguir a mesma” – é uma atitude, uma
decisão de ir em direção a Ele.
QUATRO BENEFÍCIOS QUE DESFRUTAMOS QUANDO AQUIETAMOS A ALMA
1) Encontramos o Senhor
Parece óbvio, mas é real. Aquieto o meu coração, escolho ouvir Sua voz e, então, percebo e
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desfruto da Sua presença. O Senhor nunca nos deixa sós, sem respostas.
Quando nos encontramos com o Senhor passamos a saber quem Ele é. O Salmos 46:10 diz:
“Aquietai-vos e sabeis que Eu sou Deus”. Há uma ordem: primeiro nos aquietamos e depois O ouvimos,
recebemos Sua revelação. E o texto segue dizendo: “serei exaltado entre os gentios; serei exaltado sobre a
terra”. Ele é um Deus grande, todo-poderoso, maravilhoso, criador de todo o Universo, mas também é um
Deus amoroso, bondoso, misericordioso, supridor, o bom Pastor que cuida de nós.
À medida que nos relacionamos com Deus crescemos nesse relacionamento e passamos a conhecêLo mais intimamente. Esse “sabeis” é mais do que algo simplesmente mental, é um experimentar, um
provar da presença de Deus em nosso dia a dia. Dessa forma, somos fortalecidos na fé, o nosso amor pelo
Senhor cresce e experiências maravilhosas acontecem.
Davi fez a seguinte oração: “O Senhor é o meu Pastor, nada me faltará” (Salmos 23:1). Ele não se
baseou em nenhum livro de poesias para escrever essas palavras. Davi era um pastor, cuidava de ovelhas e
colocou em palavras as suas experiências diárias comparando-as com seu relacionamento com Deus. Ele
sabia que o Senhor, o seu bom Pastor, nunca lhe deixaria faltar coisa alguma. Davi escreveu o que ele
compreendeu e experimentou. Ele foi levado aos pastos verdejantes e às águas de descanso; sua alma foi
refrigerada, acalmada.
Nós não somos diferentes de Davi e essas são as mesmas experiências que Deus nos tem
preparado. Somos ovelhas do Senhor, fazemos parte do Seu rebanho. Esse é o primeiro benefício de se
aquietar: encontramos o Senhor, ouvimos Sua voz e passamos a conhecê-Lo na intimidade.
2) Recebemos a boa parte, o melhor do Senhor
“E aconteceu que, indo eles de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta,
o recebeu em sua casa; e tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, assentando-se também aos
pés de Jesus, ouvia a sua palavra. Marta, porém, andava distraída em muitos serviços; e,
aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá de que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe que me
ajude. E respondendo Jesus, disse-lhe: Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas,
mas uma só é necessária; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.” (Lucas 10:3842)
Outra versão bíblica diz no verso 41: “Marta, andas muito inquieta”. Jesus sempre descansava em
sua casa quando passava naquela região. Marta amava a Jesus e gostava de recebê-lo da melhor maneira
possível, por isso sua preocupação era legítima, mas Jesus lhe disse que ela estava muito inquieta e que
Maria havia escolhido a melhor parte. Quando nos aquietamos diante do nosso Pai estamos escolhendo a
melhor parte e essa não nos será tirada. Ou seja, tudo que ganhamos na presença de Deus quando nos
aquietamos não nos será tirado.
Problemas e dificuldades podem aparecer, mas tudo o que recebemos e conquistamos em oração,
quando nos permitimos ouvir o que Jesus fala, permanecerá para sempre. Diante dessa presença todas as
outras coisas se tornam pequenas, todos os nossos valores são transformados.
3) As nossas orações começam a mudar
“Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.” (Tiago 4:3)
Nossa tendência natural é, ao começar a orar, lançar diante de Deus a nossa lista de pedidos. Isso é
totalmente legítimo, a Palavra nos ensina a fazê-lo. Deus nos conhece, sabe tudo a nosso respeito, conhece
todas as nossas necessidades. Antes mesmo de pedirmos, Ele já sabe. No entanto, Ele diz que devemos
pedir pois precisamos crescer em Deus e Ele sabe o que é melhor para nós. Quando nos achegamos na
presença do Pai em oração sempre receberemos algo novo que Ele nos preparou. A melhor parte nos será
dada e constataremos que não estamos sozinhos. Então, de repente nossa oração começa a mudar –
passamos a louvar, adorar, agradecer e exaltar ao Senhor por tudo quanto Ele nos tem feito, pela graça
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maravilhosa que nos tem derramado, pelas bênçãos e milagres recebidos.
“E fez um voto, dizendo: Senhor dos Exércitos! Se benignamente atentares para a aflição da tua
serva, e de mim te lembrares, e da tua serva não te esqueceres, mas à tua serva deres um filho
homem, ao Senhor o darei todos os dias da sua vida...” (1 Samuel 1:11).
Ana estava pedindo algo ao Senhor que depois ela iria entregar totalmente e para sempre a Ele. Da
mesma forma devem ser as nossas orações – tudo o que pedirmos deve ser para a glória do Senhor e por
meio da nossa completa rendição e entrega.
“Senhor, o meu coração não se elevou nem os meus olhos se levantaram; não me exercito em
grandes matérias, nem em coisas muito elevadas para mim. Certamente que me tenho portado e
sossegado como uma criança desmamada de sua mãe; a minha alma está como uma criança
desmamada. Espere Israel no Senhor, desde agora e para sempre” (Salmos 131).
Davi estava dizendo que seus olhos e coração não eram soberbos, que ele não buscava grandes
coisas; pelo contrário, ele fez a sua alma sossegar, se aquietar como uma criança desmamada, ou seja,
como aquela que se sente totalmente despreocupada, segura, entregue e dependente da mãe. Davi se
colocou completamente dependente nos braços do seu Pai Celeste.
É normal e importante fazermos muitos planos, grandes e pequenos, mas nenhum deles é melhor
ou maior do que estarmos em Cristo, em quietude e dependência, para ouvirmos e recebermos dele a
direção que precisamos para nossas vidas.
Há alguns dias encontrei-me com um irmão que me contou sobre muitos planos que havia feito,
mas sua pergunta era: “será que é isso que Deus quer?” Na verdade, ele não sabia o que Deus queria para
sua vida pois não conseguia discernir a palavra do Senhor. Constatei, então, que ele nunca havia aprendido
a se aquietar para ouvir o Senhor falar; ele sempre orava, pedia, mas não ouvia.
O Espírito sempre fala conosco, mas precisamos aprender, treinar a ouvi-Lo. Muitas coisas que vêm
aos nossos ouvidos provêm da mente natural, mas muitas são o Espírito falando. Então, é normal fazer
planos, mas temos de escolher onde vamos colocar os nossos ouvidos e coração. Jesus nos ensina:
“Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos
vestiremos? Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe
que necessitais de todas estas coisas; mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas
estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de
amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.” (Mateus 6:31-34)
Como vou buscar o reino de Deus e deixá-lo governar minha vida se eu não paro para ouvir Deus
falar comigo? Se o Rei emite uma ordem para mim preciso ouvir e obedecer. Ouvir e ser dirigido por Ele é
um treinamento, um exercício diário e ininterrupto.
Nossas orações só irão mudar quando a alma se aquietar. Se os problemas e situações continuam
gritando, se as decisões que precisamos tomar falam mais alto que a voz do Senhor, então nada irá mudar
em nossas vidas. Precisamos decidir parar e descansar a alma para podermos ouvir o Senhor e Ele vai falar,
pois não resiste a um coração aberto e receptivo à Sua voz. Lembre-se: quanto mais descansarmos Nele,
mais desejaremos estar com Ele.
4) Podemos ser dirigidos pelo Espírito Santo
Digo “podemos” porque, ao ouvirmos o Espírito, podemos decidir ou não obedecer, andar ou não
segundo o que Ele está nos dizendo. O Senhor sempre fala, mas cabe a nós ouvi-Lo ou não. Sendo dirigidos
pelo Espírito, em nossas orações só pediremos coisas que são conformes a Sua vontade e palavra para
nossas vidas. Tudo isso é um processo: à medida que aprendemos ou treinamos nos aquietar, não
conseguimos mais viver sem ouvir a voz do Espírito e obedecê-Lo; nos acostumamos a ela e vivemos por
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meio dela.
Nem sempre ouviremos coisas que gostamos; às vezes Ele nos fala muitos “nãos”, nos manda ir em
direções contrárias às que planejávamos, mas tudo isso com a intenção de nos guardar, proteger e fazernos desfrutar do melhor que Ele nos preparou.
Vemos no livro de Atos que os apóstolos faziam muitas coisas, mas sempre dirigidos e movidos
pelo Espírito Santo. Isso é o normal de todo discípulo de Jesus – que todos seus atos sejam dirigidos e
governados pelo Senhor.
O Espírito Santo sempre falava e determinava aos discípulos o que eles deveriam fazer e para onde
deveriam ir, mas também falava o que eles não deveriam fazer e para onde não deveriam ir:
“...passando pela Frígia e pela província da Galácia, foram impedidos pelo Espírito Santo de
anunciar a palavra na Ásia” (Atos 16:6).
Até para fazer coisas legítimas existem prioridades, e estas são estabelecidas pelo Senhor. Ele
precisa encontrar em nós essa liberdade para falar, dirigir e estabelecer Suas prioridades. Mas, para que
isso aconteça, é necessário que haja em nós a atitude ou decisão de se aquietar.
Precisamos parar e aprender a ouvir o Espírito Santo, colocar todas as nossas questões e situações
diante Dele, deixar-nos ser totalmente conduzidos por Ele. Isso precisa se tornar uma rotina em nossas
vidas e exige um treinamento diário.
Alguns podem pensar que essa questão de descansar ou aquietar significa não fazer nada, parar
tudo o que estamos fazendo. Mas não é isso, não é ser infrutífero, ocioso ou negligente. Aquietar-se
significa aprender a ser movido, dirigido, motivado pelo Espírito Santo.
Essa é uma decisão que precisamos tomar hoje mesmo. Deus está falando e deseja falar ainda
muito mais conosco. Temos orado, buscado ao Senhor em oração, mas devemos aprender a ouvir, a
aquietar o coração, a sossegar a alma na presença Dele. Se priorizarmos isso as demais coisas acontecerão
naturalmente. Vamos continuar orando, adorando, lendo a Bíblia e, se nossos corações estiverem abertos,
Deus irá falar e nós iremos ouvi-Lo. Também devemos agradecer a Ele pelas Suas palavras pois um coração
grato Lhe agrada e nos torna aceitáveis à Sua presença.
Orar e ler a Bíblia não deve ser somente durante as campanhas ou eventos da igreja, mas uma
prática diária. Procure ouvir o Senhor através da Bíblia, das orações e dos irmãos. Ele fala conosco usando
as pessoas, mas só O ouviremos se nos considerarmos menores, pequenos, humildes. Se entendermos que
Jesus habita na vida dos irmãos então os ouviremos. Obviamente devemos conferir tudo com o Espírito
Santo e com a Palavra, mas a atitude humilde não deve estar ausente em nós.
Só podemos saber se tudo o que fazemos está correto se ouvimos a Deus e, para ouvi-Lo,
precisamos aprender a nos aquietar. Esse é um ano muito importante, ano de colhermos muitos frutos e
não existe fruto melhor do que crescermos na presença de Deus e exalarmos o bom perfume de Cristo,
quer seja no meio do povo de Deus ou no meio daqueles que ainda não conhecem a Jesus. Quanto mais
recebermos Dele, mais teremos para dar.
O Senhor está falando conosco hoje, mas muitos não estão ouvindo, pois as suas preocupações
com as coisas, com os afazeres diários, com as situações e decisões da vida estão gritando mais alto do que
voz de Deus em suas mentes e corações. Que possamos escolher a melhor parte, nos assentar aos pés de
Jesus, aquietar a alma e ouvir a Sua voz! Amém!
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UNIDADE É SER CONFORME A IMAGEM E SEMELHANÇA DE
DEUS
Clésio Pena
C
om certeza, ao longo da sua vida, você já recebeu alguns “recadinhos” de que é lindo (a), amado (a),
forte, especial etc. Isso é muito bom, pois reforça sua identidade, diz quem você é. Talvez não para
todos, mas para aquela pessoa que lhe enviou a declaração você é alguém especial. Mas existe uma
declaração muito mais importante que você recebeu e que se encontra relatada no primeiro capítulo da
Bíblia. Nenhum outro “bilhete” será capaz de superar essa declaração:
“E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gênesis 1:26a).
Não existe nenhuma outra afirmação sobre a sua vida maior do que essa, de que você foi feito à
imagem e semelhança do Deus Criador, do Deus Todo-Soberano.
Deus tinha um projeto eterno e então, em reunião com a “família celestial” (Pai, Filho e Espírito
Santo), decidiu criar-nos à Sua imagem e semelhança. Esse projeto e modelo já estava estabelecido em Seu
coração desde antes da fundação do mundo. A nossa característica essencial é ser de acordo com essa
imagem e isso nos diferencia de todos os outros seres criados, inclusive dos anjos. Não é pelo fato de
sermos racionais (pois os anjos também o são), mas por termos esta particularidade tão especial: imagem e
semelhança de Deus. Assim, as perguntas “de onde eu vim, quem eu sou, por que estou aqui” são
respondidas nesse fato e não existe nada superior a isso. Não importa onde nasci, de que família procedo
ou o que eu faço na vida – eu vim de Deus e voltarei para Ele.
Sabendo que fomos feitos à imagem e semelhança de Deus, a pergunta que surge é: Mas como
Deus é? Como Ele Se diz, como Ele se mostra? Talvez encontremos essa resposta em Deuteronômio 6:4:
“Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.”
Segundo um estudioso da Bíblia, existem duas palavras em hebraico para dizer “um”. A primeira é
“yachid” e a segunda é “echad”. A diferença entre elas é que “yachid” traz uma noção de uma peça única
(ex., uma uva) e “echad” traz a noção de um conjunto (ex., um cacho de uvas). Então, um cacho de uvas é
uma estrutura única, distinta, mas com vários talos e uvas grudadas entre si. Na frase acima a palavra que
Moisés usou para Deus foi “echad”, ou seja, o Senhor é um “conjunto único de Deus”. Essa é a forma do
nosso Pai.
Outros estudiosos dizem que esses termos foram usados apenas para “forçar” a Trindade divina,
mas sabemos que isso é um fato pois é o que toda a Bíblia nos revela. João diz: “O Filho unigênito, que está
no seio do Pai, esse o revelou” (1:18) e “...quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de
enviar...” (15:26). Ou seja, sabemos que o nosso Deus é “três em um”.
Desta forma, quando Deus disse “façamos o homem à nossa imagem e semelhança”, Ele quer dizer
que fomos criados e chamados para também pertencermos a essa Unidade. Eu, sozinho, não sou a imagem
de Deus, não posso ser conforme Deus, pois Ele não existe só! Fomos chamados para sermos UM! Existia
uma família celestial e o Senhor projetou uma família terrena dizendo: “Ela será igual a nós. Somos o
modelo e eles serão como nós, uma só família conosco!” Por isso a família é o cerne do coração de Deus,
por isso lutar pela unidade familiar é lutar por aquilo que Ele preza, que Ele quer e que Ele É.
Deus é uma “comunidade” que Se manifesta em uma única Pessoa. São tão unidos que uma só
Pessoa representa o todo. Se eu vejo Jesus, vejo a Trindade. Meu encontro com Deus é um encontro com a
Trindade. Então, se eu desejo me parecer com Jesus não o consigo sozinho, mas preciso estar unido a
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alguém. Isso é algo maravilhoso! Deus nos fez para sermos unidos! Ele nos fez com força de conexão,
ligação. É como na Química, onde existem as ligações fortes (covalentes) e as ligações fracas (dativas).
Fomos chamados para fazermos ligações covalentes, firmes, duradouras, estáveis para que, dessa forma,
sejamos parecidos com Jesus.
Assim, Deus é uma família composta de Pai, Filho e Espírito Santo e decidiu criar uma família
semelhante à Dele:
“Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma
só carne” (Gênesis 2:24).
Esse “uma” também é a palavra hebraica “echad”, ou seja, quando duas pessoas se casam deixam
de ser duas e se tornam uma unidade familiar, “uma só carne”. Em Gênesis 5:1,2 lemos:
“Este é o livro das gerações de Adão. No dia em que Deus criou o homem, à semelhança de Deus o
fez. Homem e mulher os criou; e os abençoou e chamou o seu nome Adão, no dia em que foram
criados”.
Veja que interessante: Deus criou o homem e a mulher e chamou ambos de “Adão”. Quem colocou
o nome na mulher foi Adão. É por isso que no N.T., quando os fariseus falam da carta de divórcio, Jesus diz
que “no princípio não era assim” (Mateus 19:7,8), ou seja, no princípio ambos eram uma só carne, não
podiam ser separados (seria como arrancar a uva do seu cacho). É por isso que devemos lutar com todas as
forças contra brigas, divórcios, separações e divisões, pois, para sermos parecidos com Jesus, precisamos
permanecer unidos, conectados às pessoas. Então, somos a imagem de Jesus pelo fato de sermos os únicos
seres capazes de expressar o que só Deus conhece: a UNIDADE.
Ser parecido com Jesus é declarar: “Eu quero estar unido a você, e não apenas para privilégios
pessoais” (embora os receberemos). Estar unido a outros é uma decisão, uma escolha pessoal. É como Rute
disse à sua sogra Noemi:
“Não me instes para que te abandone, e deixe de seguir-te; porque aonde quer que tu fores irei eu,
e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus; onde
quer que morreres morrerei eu, e ali serei sepultada” (Rute 1:16,17).
Deus criou uma família terrena semelhante ao modelo que Ele tinha nos céus. Assim, a Trindade é o
princípio do entendimento de quem é o ser humano. Isso é algo tremendo! Quando estudamos o livro de
João, capítulo 15, parece que o tom vai aumentando como o de uma orquestra, o texto vai penetrando em
nosso coração e, de repente, nos percebemos participantes da Trindade:
“Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira,
assim também vós, se não estiverdes em mim. Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e
eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não estiver em mim,
será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem. Se vós estiverdes
em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito” (vs.
4-7).
Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos
chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer. Não me
escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o
vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda.
Isto vos mando: Que vos ameis uns aos outros”. (vs. 15-17)
Glórias a Deus, pois fomos convidados a fazer parte dessa unidade chamada Trindade! E Deus nos
chamou para vivermos em família justamente para aprendermos a viver conectados uns aos outros, a nos
unir com pessoas. Por isso o Pai fica triste e bravo quando Seus filhos brigam entre si. Penso que não existe
dor maior para um pai do que ver seus filhos brigados, separados, não amando e colaborando um com o
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outro. Quando Deus vê desunião entre nós isso fere, entristece Seu coração. O poder de conexão agrada a
Deus. Lutar pela preservação familiar é lutar por aquilo que está no centro do coração de Deus.
Repetindo, Deus nos criou como família terrena na mesma imagem e semelhança da celestial. Mas,
e os solteiros? Estão fora desse padrão e propósito divino? Não, porque toda pessoa nasceu da unidade, na
unidade e para a unidade. Nós nascemos e fomos feitos para a humanidade, para o próximo e não para nós
mesmos. Assim, ser semelhante a Deus é querer estar unido, pois o individualista não tem lugar no projeto
do Pai.
Quando chegarmos ao céu diremos: “Eu quero entrar”, mas a resposta será: “Acompanhado de
quem?” “Ora, eu quero entrar sozinho; sempre vivi, orei, fiz tudo sozinho!” Mas a “senha” para lá
entrarmos será: “Quero entrar acompanhado do meu cônjuge, dos meus filhos, dos meus irmãos em
Cristo!” Somente dessa forma entraremos para o gozo eterno do Senhor, pois sozinho eu não expresso
Deus. Tenho de estar ligado a alguém - é isso que está no coração de Deus, é somente dessa forma que O
expressamos nessa vida.
Devemos lutar pela preservação tanto da família natural como também da família espiritual, os
irmãos na fé, a igreja do Senhor:
“Portanto vos rogo eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de uma maneira digna da vocação com
que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns
aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente para guardar a unidade do Espírito no vínculo
da paz; um só corpo há e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da
vossa vocação...” (Efésios 4:1-4, NVI).
Não podemos brigar contra outras congregações ou desejarmos ser melhores do que elas. Ao
contrário, cuidaremos tão bem dos que estão em nosso meio que ainda ajudaremos a cuidar dos demais. A
nossa unidade como igreja também faz parte da imagem e semelhança do Senhor, tem o mesmo modelo e
projeto.
A imagem de Deus é a comunhão, a unidade; o individualista não encontra espaço para
permanecer. Para não sermos individualistas precisamos compreender e aceitar a cruz. Cruz é tristeza, dor,
sofrimento, autonegação, abnegação pessoal. Existem muitos textos no N.T. que falam sobre esse caminho
da cruz como condição para que a unidade aconteça.
Em 1 Coríntios 12:31 Paulo diz: “Passo agora a mostrar-lhes um caminho ainda mais excelente”
(NVI) e, então, discorre sobre o verdadeiro Amor em todo o capítulo 13. Ou seja, o amor é o caminho mais
importante, mais excelente que existe. Não é uma mera declaração, mas uma maneira de viver. Se eu lhe
amo irei me negar a seu favor; você será a minha prioridade. Infelizmente não somos assim, somos
individualistas e egoístas. É por isso que precisamos ir à cruz e nos abnegar, nos livrar dessa natureza ruim
que luta por nós mesmos e não pela nossa unidade.
“Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas
sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o
veremos” (1 João 3:2).
Nesse texto o apóstolo João diz que “seremos” semelhantes a Jesus, mas em Gênesis lemos que “já
fomos” criados assim. Como é isso? Eu penso que é porque ainda nos falta algo, existe uma lacuna e, em
algum momento, seremos completamente semelhantes a Ele. Enquanto isso, enquanto não formos
semelhantes a Cristo devemos lutar com todas as forças pela Unidade! Hoje estamos em um “laboratório”
ou “incubadora”, em um período de treinamento para nos tornarmos semelhantes a Ele, para ganharmos
forças de conexão com a família e com os irmãos – isso é poder de relacionamento, de união.
Casamento é algo indivisível. Deus nos fez uma só carne, então, como podemos dividir isso? Por
esse motivo é muito sério decidir com quem você irá se casar, pois é uma decisão de permanecer unido a
essa pessoa até o fim, é uma decisão de expressar Deus e preservar a Unidade. “E lhes chamou Adão”.
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O conceito de Deus sempre foi a família: “Em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gênesis
12:3). Todos os acontecimentos foram via família. José entrou no Egito e trouxe sua família; Josué entrou
em Canaã com todas as famílias; a terra foi dividida por famílias etc. Os solteiros também fazem parte e são
bem-vindos, pois, com a ajuda da família da fé, em breve formarão suas próprias famílias. Então não somos
um agrupamento de pessoas avulsas, mas um ajuntamento de famílias bem estruturadas. Por isso devemos
lutar pelas duas famílias: a carnal, sanguínea, terrena e a espiritual, da fé (igreja). Foi para esse propósito
que o Senhor nos criou e chamou. A imagem e semelhança com Ele só pode ser expressa através da nossa
Unidade.
Viver em família não é fácil. Sozinho eu posso decidir e resolver o que quiser, mas em família tenho
de conferir e decidir com os demais. Não é que exista alguém que manda ou desmanda na casa, pois isso
não é bíblico. O que existe são papeis bem claros e definidos, pois todos são filhos de Deus e devem ser
tratados com tal dignidade e respeito. Meu filho é filho de Deus, minha esposa é filha de Deus, todos
somos herdeiros da mesma graça e devo lutar por eles, me conectar a eles, preservar nossa unidade.
Hoje podemos celebrar juntos o fato de que não merecíamos, éramos escravos e, de uma forma
poderosa e gratuita, fomos libertos e incluídos na família de Deus. Até hoje, anualmente, os judeus
convocam a todos para uma grande Festa por sete dias para lembrar que por mão poderosa o Senhor os
livrou do jugo da escravidão do Egito. A luta para a preservação familiar é para lembrar o que Deus fez pela
Sua igreja, pois Ele enxerga as duas coisas como uma só: “em ti serão benditas todas as famílias da terra”.
Não podemos lutar pela nossa família com o objetivo de concorrer ou para sermos superiores a
elas. Devemos lutar, sim, para que a nossa família permaneça nos caminhos de Deus:
“Porque eu o tenho conhecido, e sei que ele há de ordenar a seus filhos e à sua casa depois dele,
para que guardem o caminho do Senhor, para agir com justiça e juízo...” (Gênesis 18:19).
O Senhor chamou Abraão com o propósito de transmitir aos seus filhos e descendentes aquilo que
Ele havia feito na sua vida. Seus filhos deveriam aprender a guardar o caminho do Senhor e isso é feito em
casa, em família. Então, precisamos guerrear com todas as forças e revitalizar nossa expressão de Deus
para abençoar todas as famílias da terra, de forma que possam crer em Jesus assim como nós:
“Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em
nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para
que sejam um, como nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em
unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como
me tens amado a mim” (João 17:21-23).
Quando vemos um grupo de pessoas unidas, amadas e dedicadas umas as outras, que se dão, se
cuidam, se valorizam e se protegem mutuamente, automaticamente desejamos fazer parte do mesmo.
Como irei cuidar do outro se vivo apenas preocupado comigo mesmo? O individualista não tem poder de
conexão. Ele só faz ligações dativas. Na química, ligação dativa é um elétron temporariamente emprestado,
uma ligação muito fraca. É quando dois compostos químicos, compartilham um único elétron em sua
última camada e, assim, o deixam muito frágil. Qualquer outro composto que passar o leva embora e
ambos ficam sem o mesmo. Mas você e eu fomos chamados para fazermos conexões covalentes, fortes,
para preservarmos a unidade.
“Estas seis coisas o Senhor odeia, e a sétima a sua alma abomina: olhos altivos, língua mentirosa,
mãos que derramam sangue inocente, o coração que maquina pensamentos perversos, pés que se
apressam a correr para o mal, a testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas
entre irmãos” (Provérbios 6:16-19).
Seis coisas aborrecem e entristecem o Senhor, mas a sétima Ele abomina: semear contendas entre
irmãos. Isso é pior do que qualquer outra coisa que existe ou que possamos fazer, pois é um atentado
contra tudo o que Deus é, contra a unidade da Divindade. A divisão é uma afronta à identidade de Deus e
vai contra a expressão da Sua imagem e semelhança.
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“Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união” (Salmos 133:1). Isso é bom porque
expressa a Deus. Já a desunião, a fofoca, a crítica são coisas terríveis, porque são um atentado à imagem de
Deus. Por isso devemos tomar um cuidado imenso para não incorrermos nessas práticas, pois nossa
tendência natural e carnal é de não preservar a unidade.
Temos muitas “manias” negativas: fofocas, intrigas, murmurações, partidarismos, divisões,
divórcios, contendas entre irmãos etc. e isso não agrada, não alegra o coração do Pai. Precisamos lutar com
todas as nossas forças para preservarmos a unidade, para unir pessoas. Trabalhar nesse propósito expressa
e agrada o coração de Deus.
Você tem lutado pela unidade do seu casamento, da sua família, da sua Congregação, da igreja em
geral? Todos recebemos e participamos dos benefícios de pertencer a uma família natural e espiritual, mas
a nossa principal missão é colaborar para que elas permaneçam unidas. Qual tem sido a sua colaboração
nesse sentido? Você tem ido às “ovelhas perdidas da casa de Israel”? Tem procurado os irmãos que
deixaram de congregar? Se alguém foi para outra Congregação não tem problema, mas se ele não está em
lugar nenhum há algo errado e devemos buscá-lo. Isso também faz parte de batalhar pela unidade da
igreja.
Lute com todos os seus dons, talentos, ministérios e forças pela unidade da sua família, da sua
Congregação e da igreja. Se doe um pouco mais, se esforce um pouco mais, faça-o até doer se possível.
Pergunte ao seu cônjuge, aos seus pais, aos seus filhos o que falta em sua casa, o que você pode fazer para
que a sua família seja mais unida. Pergunte aos seus irmãos na fé o que você pode fazer para que a
Congregação seja mais forte e unida, para expressar mais a Jesus.
“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (João 13:35).
Que tenhamos condições, forças, desejo e decisão de lutar pela Unidade. Amém!
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COMPAIXÃO PELOS QUE SOFREM
Massao Suguihara
“Quando, pois, o Senhor soube que os fariseus tinham ouvido dizer que ele, Jesus, fazia e batizava
mais discípulos do que João (ainda que Jesus mesmo não batizava, mas os seus discípulos) deixou a
Judéia, e foi outra vez para a Galiléia. E era-lhe necessário passar por Samária. Chegou, pois, a uma
cidade de Samária, chamada Sicar, junto da herdade que Jacó dera a seu filho José; achava-se ali o
poço de Jacó. Jesus, pois, cansado da viagem, sentou-se assim junto do poço; era cerca da hora
sexta. Veio uma mulher de Samária tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá- me de beber. (...) Disse-lhe Jesus:
Vai, chama o teu marido e vem cá. Respondeu a mulher: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus:
Disseste bem: Não tenho marido; porque cinco maridos tiveste, e o que agora tens não é teu
marido; isso disseste com verdade. (...) Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros
adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o
adorem. Deus é Espírito, e é necessário que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade”
(João 4:1-7; 16-18; 23,24).
E
ssa é uma história muito conhecida por todos nós, mas nesses últimos anos o Senhor tem me trazido
um entendimento melhor desse texto. Jesus saiu da Judeia em direção à Galileia e o caminho mais
curto seria passando por Samaria. Entretanto, havia uma rejeição tão grande dos judeus para com os
samaritanos, que normalmente eles davam uma grande volta para evitar o desprazer de passar por aquela
região. Isso porque os samaritanos eram pessoas que haviam se misturado com outros povos, sendo que
Deus já os havia alertado a esse respeito e, devido a essa desobediência, o povo judeu já havia sofrido
muito no passado. Assim, samaritanos e judeus não se davam de forma alguma.
Quando Jesus mandou a mulher chamar seu marido ela disse “não tenho marido”, pois não era
casada, mas apenas vivia junto com um homem. Então Jesus lhe respondeu: “cinco maridos tiveste”. Eu
sempre tive em minha mente que, por essa causa, essa mulher era uma prostituta. Entretanto, o Senhor
disse “maridos” e não “amantes”, ou seja, ela tentou ser feliz por cinco vezes e não conseguiu. Não foram
casos amorosos, mas casamentos.
Toda mulher tem um sonho de se casar, de constituir família. Essa mulher deve ter pensado, em
cada caso, que ela teria seu lar, seu marido, seus filhos e que seria feliz. Mas com certeza só ocorreram
brigas, atritos, dores, choros, sofrimentos. E, sendo ela provavelmente uma mulher muito difícil, seus
maridos a abandonaram. Às vezes vemos em novelas um casal se separando e, logo no capítulo seguinte,
os dois já felizes, como se uma separação fosse algo simples, natural, sem sofrimento algum. Mas não é
assim. Toda separação dói, fere, machuca, deixa marcas.
Uma das maiores dores que o ser humano enfrenta é a da rejeição e foi isso o que aconteceu
diversas vezes com ela. Não sabemos quanto tempo ela ficou nessa situação, mas com certeza foram anos
de tentativas, sofrimentos, inseguranças e rejeições, sempre em busca de sua felicidade. Após cinco
tentativas frustradas ela se amasiou com um sexto homem, mas com certeza esperando o momento em
que ele também a deixaria.
Outro fato interessante é que ela foi buscar água no poço na hora sexta (meio-dia), o horário mais
quente do dia. Normalmente as mulheres o faziam logo pela manhã por ser mais fresco e também para
preparar o almoço, mas essa mulher o fazia nesse horário porque provavelmente ela não podia mais se
relacionar com outras pessoas que talvez a discriminassem e acusassem. Então, por não suportar essa
situação ela ia em um horário onde sabia que não encontraria ninguém.
Era uma mulher rejeitada por cinco maridos e pelas pessoas da própria comunidade onde vivia;
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alguém que, se morresse naquele dia, talvez ninguém se importaria; uma pessoa totalmente desprezada,
desvalorizada e rejeitada pela sociedade. Imagine a situação: ela vivendo com um sentimento terrível de
rejeição e de insegurança, sabendo que a qualquer momento seu atual amante também poderia abandonála. Quantas lágrimas não deveria derramar durante as noites? Que esperança poderia ter de um futuro
melhor? Sua única certeza era uma provável nova rejeição e abandono. Um dia, porém, apareceu-lhe um
homem chamado Jesus que mudou por completo a sua história.
No verso 4 lemos acerca de Jesus que “era-lhe necessário passar por Samária”, ou seja, ele foi
propositadamente nesse horário e local apenas para encontrar-se com essa mulher. Provavelmente, se ele
nos dissesse que faria isso o desestimularíamos: “Jesus, se for para se encontrar com um empresário
famoso, um político influente vale a pena; mas se encontrar uma mulher complicada como essa? Andar
quilômetros, passar calor, sede e fome só para falar com uma pessoa desse nível? Para que perder seu
tempo?” Mas é aqui que se encontra a maior lição dessa história – que Jesus tem compaixão por aqueles
que sofrem!
Jesus conhecia a história dela, sabia de todo o seu sofrimento, desespero, angústia, rejeição e
lágrimas derramadas. Assim, ele foi ao seu encontro e o fez justamente para nos deixar uma lição, um
exemplo a ser seguido: que Deus Se preocupa e tem compaixão dos problemáticos, rejeitados, desprezados
pela sociedade.
Eu sempre dizia à minha equipe de pastores que precisávamos aprender a cuidar das pessoas
“difíceis e complicadas”. Durante muito tempo eu cuidei de um rapaz que batia na mulher, quebrava tudo
em casa, gritava, xingava etc. Passei muitos meses tentando ajudá-lo e todos sempre me dizendo que eu
estava apenas perdendo meu tempo. Mas sempre me vinha esse pensamento: Deus lhe ama e tem
compaixão desse tipo de gente. Anos atrás, a filha dele me ligou dizendo: “Massao, eu estou me casando e
gostaria muito da sua presença, pois você foi uma das poucas pessoas que ajudaram meu pai. Ele foi
abandonado por todos, mas hoje ele e a minha mãe estão bem e firmes na igreja”.
Nesse processo de crescimento acelerado que existe atualmente nas igrejas não existe espaço para
cuidar de pessoas assim: “Se você não multiplica, se não dá frutos rápido, procure outra igreja!” Mas eu
creio que devemos aprender a ajudar esses “samaritanos” que sempre irão aparecer na igreja.
“Deus é Espírito, e é necessário que os que O adoram, O adorem em espírito e em verdade”.
Quando Jesus diz isso ele o faz pensando nesse contexto da mulher samaritana. Ele estava mostrando na
prática a verdadeira adoração e compaixão. Por isso eu creio e prego que os verdadeiros adoradores são
aqueles que têm amor e compaixão pelas almas.
Nós estamos fazendo um trabalho evangelístico em uma Escola Estadual na cidade de São Paulo e,
quando eu fui conversar com a diretora, lhe disse: “Eu gostaria de trabalhar com os pais das crianças,
ministrar cursos de educação de filhos”. Então ela disse: “Mas a maioria dos pais aqui não são ‘normais’. A
maioria das crianças não tem ‘pai e mãe’ – algumas foram abandonadas e criadas por parentes, outras têm
pai na cadeia, mãe prostituta etc.” Então eu lhe perguntei: “Mas quantos por cento estão nessa situação?”
Ela respondeu: “Oitenta por cento! E as meninas de 10 a 14 anos normalmente se prostituem no CEAGESP,
que fica aqui próximo”. E o que machucou muito meu coração não foi tanto o ‘valor’ que elas cobram, mas
‘o que’ elas pedem para ter relações sexuais: R$ 20,00 e uma “barra de chocolate”! Isso porque elas ainda
são crianças.
Então eu fui à minha igreja e disse aos irmãos: “Existe alguém disposto a investir seus sábados à
tarde para fazer alguma coisa por essas crianças?” Porque o destino delas é ser prostitutas, vagabundas,
drogadas, traficantes, bandidas, assassinas! E nós estamos dentro das igrejas apenas pensando em nós
mesmos! Eu vejo que nós, cristãos, estamos vivendo totalmente fora da realidade do mundo. Enquanto
ficamos louvando e cantando em nossos cultos o diabo está “deitando e rolando” lá fora, destruindo e
controlando essa geração de jovens.
Havia em nossa igreja em Pompéia um rapaz considerado muito problemático na cidade. Além de
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alguns problemas ele era homossexual, havia sido preso e muito abusado na cadeia. Eu comecei a fazer um
trabalho de cura e libertação com ele e, na sexta vez que nos encontramos, quando estávamos encerrando
a oração ele me disse: “Massao, eu me lembrei de como tudo começou na minha vida!” Então ele me
contou sua história. Quando era pequeno todos diziam que ele era gay por ter um jeito mais delicado.
Quando tinha em torno de 10 a 12 anos, ele e mais dois amigos foram nadar em uma piscina pública na
cidade e, quando voltaram para se trocar, encontraram cinco adolescentes que tentaram agarrá-los. Os
dois fugiram, mas ele ficou preso e todos o violentaram sexualmente. Naquele dia ele decidiu se tornar
homossexual.
Quando vemos pessoas problemáticas normalmente não conhecemos suas histórias. Infelizmente,
as igrejas só querem receber e dar oportunidades para as pessoas “certinhas”, que têm potencial ou
talentos, mas elas deveriam ser lugares onde os piores elementos, as pessoas mais rejeitadas e
complicadas da sociedade fossem recebidas, ajudadas, amadas e restauradas – mesmo que elas não se
convertam a Jesus.
Estou liderando um movimento chamado “Jesus ama a Cidade”, um trabalho de unidade com
diversos pastores em torno da obra de compaixão. Tenho-lhes dito que o nosso alvo não é a “obra” de
compaixão, mas a compaixão em si, pois se tivermos a verdadeira compaixão interior a obra será
consequência. E hoje, infelizmente, a igreja perdeu essa compaixão.
Eu confesso que não tenho muita compaixão, isso talvez pela minha própria cultura. Eu já fui muito
na Cracolândia. Andava no meio dos drogados, sentava e conversava com eles, mas não sentia tanta pena
deles. Então, certo dia, eu li um livro onde o autor conta uma história de um senhor idoso que estava
andando em um píer, tropeçou e caiu nas águas geladas do lago Michigan. Ele se mexia muito, mas não
conseguia sair do mesmo. Um amigo dele ouviu seus gritos de longe, mas não daria tempo suficiente para
se deslocar até lá e salvá-lo. Entretanto, a poucos metros dali havia um jovem forte e bom nadador sentado
em uma cadeira de praia, mas que ficou apenas observando aquele idoso subir e descer nas águas até
morrer. Quando a família soube da atitude desse jovem, foram até um tribunal e tentaram processá-lo,
mas o tribunal chegou à seguinte conclusão: “ninguém tem obrigação legal de salvar ninguém”. E o autor
do livro disse: “Obrigação legal não, mas moral, sim!” E concluiu: “Que tipo de sociedade estamos nos
tornando?”
Hoje estamos perdendo a nossa compaixão. Vemos tantas pessoas morrendo e matando na TV, nos
filmes, nos jornais que já não nos importamos ou nos compadecemos com isso. Não conseguimos mais nos
sensibilizar com a dor e sofrimento alheio. O autor acima citado dizia em seu livro que ele precisava fazer
alguma coisa para não perder sua compaixão e, então, decidiu ficar toda semana sentado em uma praça
olhando as pessoas, tentando se conectar, prestar atenção e sentir os problemas das pessoas. Com essa
leitura eu aprendi, então, que precisamos começar a fazer alguma coisa que nos estimule mais à
compaixão.
Uma vez por semana nós saímos para levar lanches para moradores de rua. Certo dia entramos em
uma favela e eu revelei aos membros da minha igreja o desejo de trabalhar com aquelas pessoas – não
apenas porque eles precisavam de nós, mas porque nós também precisávamos deles; caso contrário, nos
transformaremos cada vez mais em cristãos insensíveis, sem compaixão. Por isso eu creio e prego que
precisamos buscar resgatar essa compaixão que perdemos.
Encontrei-me com um pastor brasileiro nos EUA que me disse: “Meu negócio agora é sair da igreja,
alcançar pessoas lá fora etc.” Isso é certo em parte, mas esse é um dos problemas da igreja – ela sempre
entra em um ativismo religioso para tentar resolver seus impasses, mas se esquece da sua essência. As
obras precisam ser feitas, mas não por obrigação e, sim, para gerar a essência do amor e da compaixão em
nossas vidas.
A compaixão não pode ser “um” dos ministérios da igreja, mas ser “o” ministério da mesma. Todos
nós temos essa responsabilidade. Se não fazemos nada pelos outros é justamente porque não temos essa
compaixão, não nos condoemos com a dor do outro. Por isso o Senhor tem colocado um peso em minha
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vida para despertar a igreja à prática da compaixão, e falo muito sobre esse assunto.
Minha mulher sempre dizia que eu só falava sobre isso. Mas recentemente ela terminou um curso
de Neuropsicologia e, ano passado, ela participou de uma Conferência de Neurociências no Brasil onde
estiveram presentes os mais renomados neurocientistas do mundo. Para sua surpresa o tema era
“Compaixão”. Uma das teorias que esses cientistas estão aplicando chama-se “Terapia Focada na
Compaixão”. O Dr. Paul Gilbert fez uma pesquisa e comprovou que a compaixão ajuda as pessoas a
adquirirem resiliência, uma capacidade maior de não caírem em ansiedade e depressão e, assim, serem
curadas. Eu sempre testemunhei, desde a minha juventude, que quando ajudamos aos outros em suas
dificuldades os nossos próprios problemas desaparecem. Então, essa terapia tem tratado com sucesso
pessoas deprimidas usando a compaixão.
Depois que minha esposa relatou esse fato, fui pesquisar na internet e descobri, para minha
surpresa, que os livros que mais falam sobre compaixão foram escritos pelos budistas e hinduístas. Quase
nenhum escrito por cristãos. Os budistas ensinam a compaixão para atingirem um estado de paz de
espírito. Os hinduístas ensinam que a compaixão leva as pessoas para o “nirvana”, um estado de paz,
alegria e harmonia. E nós, cristãos, estamos pregando o que? Jesus já ensinou isso há 2000 anos, já nos deu
o caminho para a verdadeira vida, para a verdadeira paz interior, mas a igreja não pratica isso e ainda busca
criar caminhos paralelos para atingi-la. Budistas, hinduístas e neurocientistas conhecem e usam a
compaixão, mas a igreja não.
Precisamos, como cristãos individualmente, nos despertamos para isso e começarmos a praticar a
compaixão. Se cada um de nós fizer algo por uma pessoa “problemática”, quantos não serão restaurados?
Quantas mulheres “samaritanas” não terão suas vidas renovadas? Todas as noites milhões de pessoas
saem de suas casas para ruas, bailes, bares, festas, prostíbulos e, no dia seguinte, a aparente alegria que
desfrutaram na noite anterior se acaba completamente quando encaram a realidade da vida e, então, só
lhes resta pó e cinzas. Milhares se encontram nesse exato instante trancados em seus quartos,
desesperados, deprimidos e angustiados, pensando até em tirar suas próprias vidas. Um amigo meu que
trabalha com assistência a pessoas por telefone e que já ajudou a salvar centenas de vidas, disse-me que é
muito difícil achar pessoas dispostas a trabalhar nessa área.
Jesus tinha compaixão. Ele não mediu esforços, andou dezenas de quilômetros a mais para se
encontrar com uma mulher problemática, rejeitada e desprezada, somente pela sua compaixão em libertála daquela vida de angústia e desespero, deixando-nos o exemplo para fazermos o mesmo pelas pessoas.
“Mas a hora vem, e é agora, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em
verdade; porque o Pai procura a tais que assim O adorem” (v. 23).
Eu tenho um estudo sobre a teologia bíblica da adoração, onde mostro de forma muito clara que
Deus não tem prazer em sacrifícios, orações, cânticos ou adoração sem que haja também a justiça e o juízo.
Juízo tem a ver com as nossas ações – santidade, caráter; justiça tem a ver com o direito dos órfãos, viúvas,
necessitados, desprezados. Ou seja, tem a ver com a COMPAIXÃO. E são esses os verdadeiros adoradores
que o Senhor está procurando hoje! Amém!
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UMA PALAVRA PRÁTICA PARA 2016
Harold Walker
TRÊS PALAVRAS QUE DEVEMOS ENTENDER
1. Avivamento
Estamos nos dias em que virá o maior avivamento da história da humanidade. Aquele avivamento
que aconteceu no Pentecostes (Atos 2) será pequeno em comparação com o que Deus vai fazer em nossos
dias. O avivamento de Atos limitou-se a Jerusalém, mas o que há de vir alcançará o mundo inteiro, ou seja,
ele virá sobre toda a carne. Antes da volta de Cristo haverá um derramar do Espírito Santo em grande
escala e eu acredito que já está começando, pois vejo indícios disso em vários lugares. Um desses indícios é
o aumento da oração mundial. O povo de Deus está orando mais e cada vez mais pessoas estão se
juntando a este mover de oração.
A lei espiritual diz que quanto mais evapora, mais chuva vem depois. O calor natural nesses dias
está terrível e isso é um prenúncio de trovoadas e grandes chuvas. O que sobe não se perde, tem de descer
um dia! Nós temos orado na Torre de Oração por vários anos e, certamente, nossas orações não serão em
vão, ou seja, elas estão se acumulando e Deus derramará chuva sobre a terra. Com isso devemos entender
que o maior avivamento na história da humanidade está às portas. Isso é algo que já está sendo
proclamado em muitos lugares. O irmão Asher Intrater está falando sobre isso em Jerusalém e diz que a
profecia de Joel ainda não foi cumprida com toda a sua intensidade.
Deus está Se preparando para derramar esse avivamento. Ele é um Deus simétrico e deseja que o
que aconteceu logo depois da primeira vinda aconteça agora, ou seja, logo antes da segunda vinda de
Cristo. Então, a previsão do tempo, espiritualmente falando, é que Deus derramará do Seu Espírito sobre
toda a carne de uma forma como nunca aconteceu antes na história da humanidade.
2. Intensidade
Deus não se agrada do meio ou do morno, ou seja, ele não gosta de gente que só marca o ponto e
‘presta continência’ por obrigação para, depois, sair correndo atrás do que realmente lhe interessa. Não!
Ele gosta de pessoas intensas. Se você ora, ore para valer; se você canta, cante para valer; se você dança,
dance para valer; se você jejua, jejue para valer; se você tem visões e profecia, faça-o para valer. Deus
gosta disso! Essa é a parte mística, transcendental, e é muito importante.
Mas Deus não ama só isso. Ele ama também as coisas materiais que você faz. Ele gostou, por
exemplo, da moedinha que a viúva depositou no gazofilácio. Ele gosta de coisas práticas, de gente que
arruma sua cama de manhã ou que lava a louça depois das refeições. Ele gosta dos que sorriem para os
outros ou que lavam o carro deles. Ele gosta dos que fazem qualquer coisa, contanto que seja de coração,
isto é, como ao Senhor. Ele só não gosta do meio, da religiosidade, do fazer por obrigação. Ele não gosta
dos que vão à reunião apenas para cumprir seu dever, sentar-se no último banco, chegar atrasado e cantar
louvores de meio coração. Fazer tudo isso só para manter as aparências, para dizer que é crente, não
agrada nem um pouco ao Senhor. Deus detesta a mornidão! Por isso, o que você tiver que fazer, faça-o de
todo o coração.
3. Diligência
Não seja relaxado! Seja aplicado e perseverante! Não seja crente 30%, mas 100%! Se você tiver de
fazer alguma coisa, faça 100%. E lembre-se! Podemos ter perdido anos de nossa vida vivendo
relaxadamente, mas Deus recupera esses anos, desde que vivamos diligentemente agora. Sendo assim,
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poderemos fazer em pouco tempo o que não fizemos durante os anos perdidos.
Minha exortação para você é: Não seja insensato! Não seja relaxado e distraído, antes seja
aplicado. Leia a Bíblia mais do que você leu em toda a sua vida. Leia mais, leia muito! Você precisa disso,
pois as trevas estão chegando sobre a terra e é necessária uma dose maior da palavra de Deus. Ore muito
mais do que você já orou, não deixe espaço em branco em sua vida de oração! Seja zeloso e creia! Tenha
uma viva esperança e obedeça ao que Deus fala com você quando ora sozinho ou com outros. Obedeça!
Faça! Tenha coragem e arrisque-se! E mais, mantenha comunhão significativa com outras pessoas para que
não seja uma pessoa fechada dentro do seu mundinho, só você e Deus. Você precisa dos outros, precisa
andar com os outros.
UMA PALAVRA PRÁTICA PARA 2016
Eu não sei se Deus quer tocar suas emoções hoje ou não. Isso é com Ele. O toque emocional não é
o mais importante. Há pessoas que ficam muito emocionadas e depois não fazem nada, ou seja, se
esquecem de tudo o que ouviram. Minha experiência em levar grupos para Israel é prova disso. A pessoa
fica tão entusiasmada tirando fotos e distraída com tudo que não presta atenção às instruções que se lhes
dão. Elas correm o sério risco de se perderem numa terra estranha e de língua estranha. Imagine essa
situação: a pessoa não fala a língua local, não está com o seu passaporte e nem sabe o endereço do hotel.
Não prestar atenção é, de fato, perigoso! Então, preste atenção, pois não quero dar uma palavra teórica,
mas uma palavra prática, ou seja, uma palavra do Senhor para a igreja para o ano de 2016 e você está
envolvido nela. Se não prestar atenção não fará nada do que ouvirá. Se você deseja ser uma pessoa 100%,
preste atenção 100%.
1. Cuidado como você ouve
Cuidado como você ouve, porque se não ouvir com atenção o resto estará perdido. A Bíblia fala
muitas vezes: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”. Todos nós temos ouvidos, mas nem todos ouvem.
Precisamos ter ouvidos para ouvir com coração aplicado. Maria (mãe de Jesus) sabia ouvir muito bem e
guardou no coração as coisas que não entendia. Muitos anos depois, porque ela ouviu e soube ouvir, nós
temos o livro de Lucas. Lucas foi entrevistá-la porque ela sabia de muita coisa que os outros não sabiam,
pois havia guardado em seu coração por vinte, trinta ou quarenta anos. Coisas que, talvez, ela não havia
entendido na hora, mas que se lembrava, porque soube ouvir com cuidado.
Devemos ser como Maria e ouvir de Deus com cuidado, sempre. Não sejamos pessoas esquecidas,
mas aplicadas. Deus, talvez, lhe falará coisas que não vai falar com mais ninguém e você é responsável por
transmitir o que Ele lhe falou. É muito importante que sejamos ouvintes aplicados e diligentes àquilo que o
Senhor quer falar conosco.
2. Cultura de Honra
Há um livro intitulado “Cultura de Honra” cujo assunto é semelhante a esse, mas que aborda outros
aspectos; tem muito a ver com o que vou dizer, mas eu quero incentivar a palavra “cultura”.
Essa igreja ou esse ajuntamento, não de membros, mas de discípulos de Jesus, tem uma vida
individual, ou seja, cada um de nós, em nossas casas. Mas juntos nós formamos uma cultura. Quando nos
ajuntamos temos um jeito de crer, de falar e de agir. Foi esse jeito de ser que originou os vinte e três
projetos atuais de nossa Congregação em Jundiaí. Creio que daqui a alguns dias esse número de projetos
poderá crescer e aumentar. A cultura é essa maneira distintiva de ser, e ela é como uma nuvem sobre nós e
entre nós. Não é apenas a minha ou a sua vida espiritual, mas é aquilo que a nossa vida espiritual produz. É
uma nuvem que causa impacto, ou seja, pessoas que entram nesse lugar são impactadas por essa cultura.
Alguns dias atrás um senhor idoso veio dar um curso de três dias aos nossos professores da Escola
Cristã. Ao entrar na escola ele encontrou com a faxineira e, posteriormente, disse: “Eu senti algo diferente
nessa escola”. A faxineira foi a primeira pessoa a encontrá-lo e ele sentiu algo diferente nela. Isso é cultura!
Sabe o que tem acontecido com as faxineiras? Oração, amor, choro. Elas não são apenas faxineiras, mas
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são pessoas que fazem parte de uma nuvem, de um tipo de agir. Por isso, alguém que não sabe de nada,
chega e sente que há algo diferente. Creio que alguns já podem sentir isso em vários ambientes, não
apenas em nossas reuniões, mas no ambiente da Escola Cristã, nas Casas de Paz ou nas reuniões de grupos
nas casas. Onde quer que nos ajuntemos existe mais do que nós individualmente, existe algo entre nós, ou
seja, existe algo que é produzido por essa presença de Deus em nós e entre nós.
Eu me alegro porque, em vários momentos, vejo isso acontecer em nosso meio. Eu posso sentir o
Espírito Santo alegre com isso, porém, essa cultura tem de aumentar sua intensidade. E quando isso
acontecer, as sombras das pessoas curarão outras pessoas; as pessoas vão nos encontrar e os anjos vão
tocá-las. Não precisará grande esforço para que isso aconteça, pois a presença de Deus entre nós e sobre
nós é o que causará a diferença. Cremos, como igreja, que isso é a vontade de Deus. Ele quer que isso
aconteça em nosso meio.
2.1 – Honra: dar o melhor e dar o primeiro
Queremos desenvolver uma cultura de honra, mas o que é honra? Minha definição de honra pode
ser resumida em duas coisas: dar o melhor e dar o primeiro para alguém. E, no nosso caso, esse alguém é o
próprio Deus, Ele é nossa principal preocupação. Depois, o livro “Cultura de Honra” fala da honra entre nós
mesmos. As igrejas enfatizam muito a honra para a liderança, mas o livro trata sobre a honra de cada
membro do Corpo de Cristo que é cheio do Espírito Santo e que tem dons diferentes uns dos outros.
Precisamos honrar esse dom de cada um e, quando alguém entrar em um ambiente onde houver essa
honra, sentirá algo dinâmico acontecendo. Não é mera submissão a uma liderança, mas submissão ao
Espírito Santo que está presente na Sua igreja.
Por exemplo, na igreja em Guarulhos (Verbo Vivo) pode-se sentir uma presença de honra e
generosidade que não é fabricada, mandada ou ordenada. As pessoas estão tão alegres em dar que quando
lá entramos quase caímos em ver como elas estão impregnadas dessa cultura de honra no sentido de
generosidade. Mas não é só generosidade. Uma cultura de honra significa que cada discípulo de Jesus
Cristo dá 100% para Deus daquilo que tem, isto é, dá o melhor e o primeiro para Ele. Eles não vêm para a
reunião atrasados para sentar no último banco. Um patrão, ao ver isso, se sentiria desonrado; quanto mais
Deus. Não! O discípulo de Jesus vem para a reunião com garra e expectativa. Reunião é apenas um
exemplo. Isso deve acontecer em todas as áreas da nossa vida.
Deus não gosta de mornidão. Se for para fazer por fazer, melhor que não faça! Jesus viu os ricos
dando suas ofertas e disse: “Não adianta nada, eles dão apenas as sobras”. Eles poderiam ter ficado com
elas, não precisavam ter dado, porque para Deus não valeu nada. Porém, da viúva que deu tudo o que
tinha, ele disse: “Isso valeu!”. Quando você ou a igreja quer honrar a Deus deve dar o melhor e o primeiro
para Ele. Ao fazer assim, estamos dizendo a Deus: “Senhor esse é o nosso máximo para Ti. Tu és tremendo!
A Ti damos preeminência e, como sinal disso, damos a Ti o melhor e o primeiro”. Isso é o resumo do que é
honra.
Ter uma cultura de honra é estar em um lugar onde todos fazem para Deus. À medida que isso
acontece cria-se um impacto, um ambiente elétrico e tremendo porque não há lei, não há ordem, não há
preocupação com quem está olhando, mas há uma paixão por Jesus. Nele as pessoas dão o melhor para
Deus simplesmente porque gostam de fazê-lo; elas O amam de verdade e isso é poderoso!
Contudo, é importante entendermos que nenhum de nós chegou ainda a esse ponto. Ainda
estamos lerdos, devagar e mornos. Mas Deus está nos convidando, com muito amor, a sair desse estágio e
ir para um lugar mais alto onde daremos o melhor para Ele. Um lugar onde, mesmo que ninguém mais faça,
nós o faremos. Não olharemos para os lados, não criticaremos nem cobraremos ninguém, mas daremos o
melhor para Deus. Eu desejo sentir cada vez mais esse ambiente em nosso meio, nas reuniões de oração,
nos trabalhos sociais. Desejo encontrar pessoas, desde o menor até o maior, que estejam dando honra
para Deus sem se importarem se outros estão fazendo o mesmo; o que interessa é que elas estão fazendo
de coração ao Senhor. Isso é tremendo!
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“Honra ao Senhor com os teus bens, e com as primícias de toda a tua renda; assim se encherão de
fartura os teus celeiros, e transbordarão de mosto os teus lagares” (Provérbios 3:9,10). Dar o melhor e o
primeiro a Deus traz honra para Ele.
“Por que desprezais o meu sacrifício e a minha oferta, que ordenei se fizessem na minha morada, e
por que honras a teus filhos mais de que a mim, de modo a vos engordardes do principal de todas as ofertas
do meu povo Israel? Portanto, diz o Senhor Deus de Israel: Na verdade eu tinha dito que a tua casa e a casa
de teu pai andariam diante de mim perpetuamente. Mas agora o Senhor diz: Longe de mim tal coisa,
porque honrarei aos que me honram, mas os que me desprezam serão desprezados” (1 Samuel 2:29,30).
Esta é uma fala do profeta a Eli, um velho sacerdote.
Eli era um homem que amava e temia a Deus e foi o mentor do profeta Samuel, ensinando-lhe os
caminhos do Senhor. Ele era uma pessoa sincera e amava tanto a arca do Senhor que, quando ouviu dizer
que a mesma fora tomada pelos filisteus caiu de costas e morreu. No entanto, Deus havia falado com ele:
“Por que você honra a seus filhos mais do que a mim?” Qual o sentido de honrar mais os filhos do que a
Deus? Os filhos de Eli tiravam para si o melhor dos sacrifícios sem dar a Deus o primeiro e o melhor.
Sabemos que Moisés havia ordenado reservar para o sacerdote uma boa porção do sacrifício, mas eles
desobedeciam essa ordem e tomavam do sacrifício mais do que lhes era reservado. Por isso, veio a seu pai
Eli a repreensão de Deus dizendo que este honrava mais aos filhos do que a Ele.
Lembre-se disso: honrar a Deus é dar-lhe o melhor e o primeiro. Não faça as coisas por fazer, pois
Deus abomina tal atitude. Se for fazer alguma coisa, faça como a um chefe humano ou a alguém que você
respeita e ele dirá: “Ó, isso é de primeira! Eu me senti honrado!” Faça para Deus o que acha que um chefe
humano iria gostar.
“O filho honra o pai, e o servo ao seu amo; se eu, pois, sou pai, onde está a minha honra? E se eu
sou amo, onde está o temor de mim? Diz o Senhor dos exércitos a vós, ó sacerdotes, que desprezais o meu
nome...” (Malaquias 1:6). Deus não precisa de nada pois Ele tem tudo. Ele não quer a coisa em si e nem se
importa com a quantidade, mas quer a honra. A viúva deu uma moedinha que não valia nada, mas era tudo
o que tinha e para Deus isso era tudo também. Há pessoas que uma pequena coisa que fazem já lhes é
muito caro. Vir à frente e dar uma profecia para a congregação é, para alguns, quase a morte, enquanto
para outros é muito fácil. Então, se Deus falou com você, obedeça, enfrente seus temores e faça, porque
isso é de grande valor para Ele. Deus não vê como os homens veem; Ele olha o coração, ou seja, não mede
pelos olhos, mas pelo coração. Você está dando o melhor, o primeiro, o que lhe custa caro para Deus? Ele
tem sido honrado por você?
2.2 – Deus honra a quem O honra.
Nós queremos avivamento na igreja? Queremos ver cegos sendo curados e paralíticos andando?
Queremos ver muitas pessoas sendo salvas, libertas das drogas e dos demônios? Queremos ver casais
sendo curados, restaurados e filhos transformados? Queremos que Deus nos honre permitindo acontecer
aquilo que falamos? Então, honremos a Deus, pois Ele honra a quem O honra.
Você quer escapar da crise econômica que vem sobre esse país nesse ano? Quer ser diferenciado?
Quer ver mil caindo ao seu lado e dez mil à sua direita e não ser atingido? Então honre a Deus, pois Ele
honra a quem O honra. Nós podemos ser diferenciados do mundo, assim como os filhos de Israel o foram
dos filhos do Egito. Esses foram atingidos pelas pragas, mas os filhos de Israel, não. Eu creio plenamente
que você pode orar e agir dessa forma: “O ano é de crise, mas eu estou confiando em Ti, honrando a Ti. Mil
cairão ao meu lado e dez mil à minha direita, mas eu não serei atingido”. Creia! Isso é promessa de Deus.
Se nós O honrarmos Ele também irá nos honrar.
Sinto no meu espírito que Deus quer nos visitar, mas Ele ainda não Se sente muito honrado. No
entanto, Ele está começando a Se sentir melhor e nós podemos começar a aumentar essa honra. Quando
você é uma pessoa que honra a Deus, ao chegar em um ambiente a “carga elétrica” naquele lugar
aumenta. Haverá uma unção especial porque você (e outros) está pagando o preço para honrar a Deus.
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Quanto mais pessoas honrarem ao Senhor, mais Ele as honrará e, quanto mais Ele as honrar, mais a
presença Dele se fará sentir e, então, Seu poder se manifestará em nosso meio.
3. O que significa ser a imagem de Deus?
Jesus era a imagem de Deus, Adão foi feito à imagem de Deus e a igreja deve ser a imagem de
Deus. Nenhum de nós, individualmente, pode ser igual a Jesus, mas coletivamente podemos ser iguais a
ele. Sozinhos não temos condições de representar todas suas qualidades, mas juntos (cada um
representando uma qualidade dele) formamos uma imagem de Deus para o mundo igual a Jesus.
3.1 – O erro da presunção
Uns vinte anos atrás havia um movimento nos EUA e no Brasil chamado “Movimento da Palavra
Viva”. Eles tinham muita unção quando ministravam; tinham palavra de conhecimento, curas e profecias.
Tudo isso era maravilhoso e eu mesmo presenciei essas coisas. Porém, com o tempo, eles se enveredaram
para o extremo da presunção. Tal presunção estava estampada na capa de um livro onde havia um
anãozinho que segurava o grande dedo de Deus, que apontava para baixo. Junto ao desenho estava
escrito: “Use Deus!” Ou seja: pegue o dedo de Deus e escreva o que quiser, mande o que quiser porque
você manda! Dizia: “Deus está lá no céu, eu estou aqui na terra e eu vou usar a Deus”. Esse foi o erro da
presunção.
O erro da presunção entra, às vezes, em coisas como pensamentos positivos, ou seja: “Fale coisas
positivas e elas irão acontecer; declare o que você quiser. Diga: Eu profetizo!” Era esse o pensamento
daquela época. A pessoa estava morrendo de câncer no hospital, mas alguém dizia: “Eu profetizo que você
vai se levantar!” No outro dia a pessoa morria, mas aquele irmão não estava nem aí e ia profetizar para
outros. Porém, a Bíblia diz que se alguém profetiza e sua profecia não se cumpre, então ele é um falso
profeta. Mas aquelas pessoas não se importavam com isso; profetizavam o que lhes dava na cabeça porque
achavam que podiam usar a Deus, que tinham a autoridade Dele para profetizar. Não sentiam o Espírito
Santo nem ouviam nada de Deus, mas mesmo assim profetizavam. Esse é o erro extremo da presunção!
3.2 – O erro da passividade
É certo que não nos enveredamos pelo extremo da presunção, mas nosso erro é outro e, do
mesmo modo, muito sério: o erro da passividade. Uma pessoa passiva assemelha-se a um santo, mas não o
é. Ela diz: “Deus, se o Senhor quiser, cure essa pessoa”. Bem, nesse caso nem precisaria orar, porque Deus
só faz o que Ele quer e, por isso, orar assim não tem muito valor. Na verdade, isso é terceirizar a nossa
responsabilidade. Nós fomos criados para sermos a imagem de Deus. E Deus é o quê? Ele é criador, é bom,
é poderoso, gosta de diversidade, não gosta de nada igual e, consequentemente, gosta de tudo diferente –
e você é a imagem Dele!
A história bíblica relata que Josué estava batalhando e vencendo os inimigos, porém, o dia estava
escurecendo e ele viu que não daria para terminar a guerra. O que ele fez? Certamente não orou: “Deus, se
o Senhor quiser, pare o sol”. Não! Ele estava batalhando, a batalha era de Deus, os inimigos eram inimigos
de Deus e ele precisa eliminar a todos. O que ele fez, então? Ele ordenou: “Sol, pare!” Ele deu uma ordem
ao sol e este o obedeceu. Deus gostou disso, pois era a imagem Dele fazendo a Sua vontade sem que Ele
precisasse mandar o homem fazer.
Dos doze discípulos, Pedro foi quem teve o prazer de andar sobre as águas e ele o fez
simplesmente porque quis fazê-lo. “Mestre, eu posso andar sobre a água?” E Jesus o permitiu. Deus não
gosta de gente tão santa que diz: “Não, eu não vou pedir! Imagine! Eu só quero fazer a vontade de Deus”.
Não! A vontade de Deus é que você seja a imagem Dele, que você seja criativo, original e diferente. Você
não foi feito para ser igual aos outros ou copiar alguém do passado! O problema é que nós temos medo de
errar e não queremos nos arriscar. Você quer ser politicamente correto, mas Deus não o criou para ser
igual a ninguém mais. Você pode orar, pode gritar, pode dançar, pode curar e fazer qualquer outra coisa do
jeito que ninguém mais na face da terra fez ou faz, simplesmente porque não há ninguém mais igual a
você. Só que isso nos traz muito medo. Contudo, esse medo, quando você o enfrenta, é a chave do poder
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de Deus.
Os onze não andaram na água, mas Pedro andou. Muitos dizem que ele afundou, mas o mais
importante é que ele andou. Afundar, qualquer um consegue, mas andar um pouquinho que seja sobre a
água, ninguém consegue. Muitos estão parados na igreja porque têm medo de errar. Deus precisa nos
libertar desse medo. Creia! Você não foi criado para esperar uma voz do céu dizendo: “Faça isso, meu
servo, porque antes de criá-lo eu marquei cada dia para você fazê-lo. Você é meu robozinho e deve apenas
obedecer quando eu falo, pois eu o controlo como uma marionete”. Não! Você não é marionete de Deus,
você é imagem de Deus. Deus é criativo e quer que você também seja.
Quando uma pessoa chegava para Jesus para ser curado, ele perguntava: “O que você quer?” O
cego, obviamente, dizia que queria ver. A mulher que queria ser curada do fluxo de sangue disse: “Eu tenho
vergonha de ir à frente, de pedir. Mas eu vou me rastejar no meio da multidão, tocar na veste dele e serei
curada”. Zaqueu subiu na árvore, Bartimeu gritou, a mulher andou no meio da multidão! Deus gosta de
quem toma iniciativa, de quem inventa as regras, de quem usa a originalidade que lhe foi dada por ele ser a
imagem do Pai. Pessoas assim podem chegar ao ponto de dizer: “Pare, sol! Pare, lua! Abre-te, mar! Levante
e ande!”. Bem, eu o aconselho a não começar mando o sol parar, mas comece com coisas mais
elementares. Comece com coisas pequenas, mas comece. Seja você, seja criativo! Você saberá que está
sendo criativo quando sentir um temor, sentir que está se arriscando ou saindo da sua zona de conforto. As
pessoas perdem muitas oportunidades por não se arriscarem. Arrisque-se! Seja alguém criativo, alguém
que tenha coragem de falar com Deus, com as pessoas, de pedir coisas.
Eu estou começando a ficar bravo com alguns vereditos e diagnósticos médicos. Não me entenda
errado, pois se Jesus estivesse aqui ele não diria para não procurarmos os médicos. Mas eu sou contra o
fato de ficarmos acreditando em diagnósticos ruins. Ora, ele é médico e não profeta. Ele não sabe o que vai
acontecer e pode errar; às vezes ele fala o pior para você não processá-lo depois. Ele diz que você vai
morrer e você sai “detonado” do seu consultório, não é verdade? Você deve seguir o tratamento, mas não
considere que veredito de médico é Deus falando. Deus pode, muitas vezes, desmentir os médicos. Você
tem o direito de dizer: “O médico disse assim, mas eu prefiro crer em Deus e declaro isso em nome de
Jesus”. Se a sua declaração se confirmar, volte ao médico e lhe conte sua cura. Com certeza ele ficará
assustado quando seus exames desmentirem o prognóstico dele. Não é errado fazer exames para
confirmar a cura, pois ela precisa ser analisada se for uma cura genuína. Cura é algo contra a natureza e
médicos não são profetas, mas seres humanos. Devemos ouvir de Deus e andar com fé sobre a Sua Palavra.
Uma vez meu irmão mais novo, Thomas, estava com o filho no hospital em Goiânia com problema
nos ossos. Aparentemente era um problema muito pequeno, mas foi se agravando até ao ponto de parecer
que o menino morreria. Mas alguém chegou e disse: “Thomas, você está passivo, parado. Como você está
aceitando isso? Levante, reaja, faça alguma coisa.” Thomas, então, disse: “É mesmo, é mesmo! Eu rejeito
isso em nome de Jesus”. E o menino foi curado. Você consegue entender? Passividade é o outro extremo.
Existe muita presunção e muita passividade em nosso meio, mas Deus não quer nem um e nem outro.
3.3 – Imagem de Deus não é Deus.
Imagem de Deus não é Deus, ou seja, você não é Deus mas precisa de Deus. Jesus disse: “Eu não
faço nada que o Pai não me mostre primeiro”. O que é preciso para uma imagem no espelho continuar no
espelho? Que o original permaneça em frente dele. Se você sair e sua imagem permanecer, isso não é um
espelho e, sim, uma foto.
Se nós formos imagem de Deus poderemos ser criativos como Deus é, ser originais como Deus é,
ou seja, fazer coisas diferentes que são da nossa natureza, do nosso feitio, do nosso estilo. Poderemos criar
e dar origem a coisas novas, inéditas e diferentes, mas não independente de Deus. É preciso que Deus,
como num espelho, esteja à nossa frente para que a Sua imagem possa refletir e, assim, nos dar condições
de fazer aquilo que precisa ser feito.
Josué pôde, com autoridade e ousadia, mandar o sol parar porque estava unido a Deus e Seu
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propósito. Quando Moisés orou perguntando o que fazer, pois os egípcios estavam atrás deles e o mar à
sua frente, Deus lhe disse: “Levante-se, pare de orar e comece a agir. Você não tem o cajado em suas
mãos? Mande o mar se abrir.” Assim, há momentos em que Deus nos manda parar de orar e começar a
agir. Você já sabe o que fazer? Então, faça!
Imagem de Deus não é uma pessoa presunçosa nem uma pessoa passiva. Imagem de Deus é uma
pessoa que está andando em comunhão com Deus, ou seja, uma pessoa dependente Dele, que olha para
Ele e que tem coragem de fazer coisas arriscadas, inovadoras e diferentes, assim como fez Pedro ao se
arriscar andar sobre a água.
Andar com Deus é a maior e mais emocionante das aventuras. Todo dia tem emoção! Que
possamos praticar isso em nossas vidas! Que você saia da sua zona de conforto e comece a fazer coisas
com fé e o Senhor vai te honrar. Você não foi chamado para ser um assistente, mas para ser um
protagonista. Você tem de estar na plataforma de sua vida agindo, correndo riscos, enfrentando o medo
enquanto olha para Deus e depende Dele. Deus é fiel! Ele nos honra e nos carrega. Quando erramos,
aprendemos e quando acertamos, pegamos o “embalo”. É muito emocionante viver dessa forma!
4. Orando pela prática dessas coisas
Nós, como igreja, ansiamos pela prática de todas essas coisas. Por isso, quero propor sete coisas
pelas quais devemos orar e esperar. Estas sete coisas foram elaboradas por mim, mas elas são apenas uma
amostra do que Deus quer que oremos. Você também pode elaborar a sua lista. Que possamos começar a
orar em todos os lugares e reuniões mencionando essas coisas. A Bíblia diz que se orarmos segundo a Sua
vontade Ele nos ouve. E, se nos ouve, certamente fará o que pedimos. A Bíblia também diz que se você
pedir pão Ele não lhe dará uma pedra, mas, sim, o pão que você pediu. Creia na importância do que você
pede a Deus! A única condição é que peça de acordo com a vontade Dele, ou seja, que peça da maneira
certa.
Ao orar sobre o avivamento que virá sobre Jundiaí, sobre o mundo e a igreja, declare: “Isso vai
acontecer!” Não é preciso dizer “eu profetizo”, pois cheira presunção, mas fale simplesmente: “Eu creio
que verei isso acontecer!” Diga o nome da coisa que você quer que aconteça. Eu tenho citado nomes de
pessoas que eram muito preciosas na obra de Deus e hoje estão paradas. Tenho falado: “Deus, eu quero
ver essas pessoas voltando ao Corpo de Cristo, sendo úteis”. Citar os nomes é importante. Seja específico e
não olhe para as aparências ou circunstâncias. Não fale em suas orações como as pessoas são, mas como
elas serão.
Comece a falar, pois você tem direito, você é imagem de Deus. Ande em comunhão com Ele. Se
você está errando no seu pedido, Deus vai te corrigir. Paulo pediu para que Deus lhe tirasse o espinho da
carne e Deus o negou dizendo que era melhor ele ser fraco. O que Paulo fez? Mudou o rumo de sua oração
pedindo a Deus que o ajudasse a ser fraco. Se Deus manda mudar a oração, o melhor que se tem a fazer é
mudar. Mas, para Ele mudar a oração, você precisa ser definido e não fazer orações genéricas do tipo
“Deus, abençoe a todos nós”.
A coisa que mais desejamos é o avivamento, ou seja, a presença manifesta de Deus no nosso meio.
Quando Ele vier vai resolver coisas que nem imaginamos, pois será o Rio da Água da Vida fluindo em nosso
meio! Por isso, vamos orar profeticamente, de uma forma unânime, bem concordada sobre essas sete
coisas a seguir:
1ª - Haverá muita honra e reverência a Deus em nosso meio e muitos darão 100% de suas vidas
para Deus. Muitos vão honrá-Lo sem olhar para ninguém e, assim, teremos uma igreja “elétrica” e cheia da
unção de Deus. Haverá uma cultura de honra em nosso meio cada vez maior. Pessoas simples fazendo
coisas simples, mas fazendo de coração. Isso vai criar um ambiente precioso onde Deus se sentirá honrado
e honrará aqueles que O honram. Seremos uma igreja que honra a Deus para valer.
2ª – A igreja será um lugar seguro onde as pessoas se sentirão em casa, sentirão que podem errar e
arriscar porque ninguém lhes criticará ou zombará, antes, as encorajará; poderão profetizar, cantar,
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dançar, inventar um projeto e fazer acontecer esse projeto. Será um lugar onde as pessoas terão liberdade
pois as cadeias serão quebradas. Não será preciso ninguém ficar vigiando, pois não haverá críticas. Vamos
orar assim: “Deus, corrige as nossas línguas, tire a crítica, tire o julgamento, tire o lugar torto, dá-nos o
lugar seguro”. Quando as pessoas chegarem ao nosso meio se sentirão em casa, acolhidas, bem recebidas e
protegidas. Elas não precisarão ter uma fachada para se esconderem porque, apesar de todos saberem
sobre seus erros, não serão e não se sentirão rejeitadas. Seremos uma igreja acolhedora e amorosa!
3ª – Haverá muita autoridade e poder na igreja e esses serão manifestos através das crianças, dos
jovens, dos velhos e dos novos convertidos. Veremos pessoas curando outras pessoas e ganhando-as para
Jesus com grande autoridade. Ouviremos palavras de conhecimento e de sabedoria; ouviremos profecias,
não apenas dos líderes, mas de todos. O poder e a autoridade de Deus serão manifestos em nosso meio. Se
você quiser, coloque nomes e declare essas coisas em oração! Se orarmos segundo a vontade de Deus Ele
vai começar a agir dessa forma em nosso meio.
4ª – Esse mover sobrenatural que haverá na igreja será tão forte, tão variado, tão interdependente
que ninguém receberá glória própria. Será diferente de todos os avivamentos do passado. Ninguém poderá
dizer: “Eu fiz!”, ninguém poderá dizer que é alguma coisa. Não será a igreja de fulano ou de beltrano, mas a
igreja do nosso Senhor Jesus Cristo. O Espírito Santo vai descer, Deus vai usar as pessoas e nenhum homem
receberá glória própria. Só Deus, só Jesus Cristo é quem vai receber toda a glória e toda a honra. Vamos
orar para que haja curas fabulosas, cegos enxergando, paralíticos andando. Ninguém poderá dizer que é
ação de fulano, que é o “grande homem de Deus” quem faz isso. Não! Será algo que acontecerá dentro da
igreja por muitas pessoas e por dons variados e nós precisaremos uns dos outros para isso acontecer. Esse
é o tipo de avivamento que estamos pedindo. Não estamos pedindo pedras, estamos pedindo pão. Não
estamos pedindo um avivamento que vai fazer a nossa igreja se tornar famosa ou alguém se tornar famoso.
Estamos pedindo para Deus ser levantado, para o povo de Deus ser levantado e capacitado para fazer
aquilo que Ele quer que seja feito. Não queremos coisas do passado; queremos coisas novas e diferentes.
Esse é o novo tipo de avivamento que está vindo sobre a terra antes da volta de Cristo.
5ª – Não haverá na igreja um ambiente de apontar o dedo para julgar, criticar, comparar, exigir,
manipular. Não! Haverá, sim, um ambiente de voluntariedade. As pessoas vão chegar na hora da reunião,
não por medo de ser repreendidas pelo atraso, mas porque querem honrar a Deus. Elas farão as coisas
100%, não por receio de serem cobradas, mas porque querem fazer de coração, voluntariamente. Elas
saberão que ninguém lhes cobrará e nem lhes apontará o dedo. Haverá um ambiente de alegria, de
espontaneidade e de muita originalidade. Deus vai fazer a coisa do jeito Dele; não precisaremos pressionar
ninguém. Todas as coisas vão crescer dando toda a glória a Ele.
6ª – As pessoas que guardam seus carros no estacionamento da igreja em todas as reuniões serão
tocadas por Deus. Os alunos da faculdade que ficam nos bares aqui perto serão tocados por Deus. Essa
região da cidade será coberta com a nuvem da presença de Deus. As pessoas lá fora começarão a se
arrepender dos seus pecados. A nuvem da presença de Deus começará a tocar nos descrentes e muitos se
converterão ao Senhor – jovens, universitários, empresários, profissionais liberais. Esse lugar se encherá de
pessoas novas. Quando Deus está presente as pessoas são atraídas e tocadas e nós cremos numa grande
colheita, muitas vidas salvas, muitas pessoas vindo para o reino de Deus, porque Deus está neste lugar e vai
começar a atingir essas pessoas.
7ª – A última coisa que eu digo que devemos orar profeticamente é para o que havia na igreja de
Atos: graça, verdade e temor de Deus. Que não haja hipocrisia, mas a verdade em nosso meio. Que
ninguém use “máscaras” e nem queira ser o que não é. Que todos nós andemos na luz da verdade! Que
não haja hipocrisia nem fingimento, mas muita verdade e muita graça do Senhor! Que haja muita alegria e
muita espontaneidade, mas, também, muita reverência e temor do Senhor! Que não haja “oba-oba” e
muita “coisa bonita” por fora, mas que a verdade funcione com realidade. Nós queremos uma coisa
profunda, de coração; algo real operando em nossas vidas.
Dentro desse âmbito você pode ser criativo. Seja a imagem de Deus! Vamos orar para coisas difíceis
ou até impossíveis. Vamos crer! Vamos dar “nomes aos bois”! Vamos pedir pão e o nosso Deus nos dará
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pão! Ele é fiel e nos dá tudo aquilo que Lhe pedimos!
Você crê que 2016 será um ano diferente? Crê que Deus quer fazer todas essas coisas que
dissemos? Sim! Ele quer e vai fazer essas coisas! Ele quer que a nuvem da Sua glória esteja sobre a igreja!
Ele quer Se manifestar ao mundo! Essa é a vontade Dele; não duvide disso! Você pode orar e crer por tudo
isso! Que todos nós comecemos a orar dessa forma! Se todos focarmos nessas coisas o poder de Deus vai
descer nesse lugar e coisas novas e maravilhosas vão acontecer!
Oração Final
Glórias a Ti, Jesus! Aleluia! Bendito seja o Teu nome! Senhor, nós pedimos que Tu levantes os nossos
olhos, que Tu abras a nossa visão e nos ensine a orar. Que Tu nos tires da passividade e desperte o
nosso coração com a esperança, com a expectativa, com a coragem. Senhor, nos alegre nesses
próximos dias ao vermos irmãos fazendo coisas que nunca fizeram. Senhor, nós queremos ver o
inesperado em nossas reuniões, queremos ver o inesperado em nossas vidas diárias. Ajude-nos a
quebrar a rotina, ajude-nos a quebrar os moldes, ajude-nos a arriscar, a sair do barco. Senhor, eu
peço que Tu derrames sobre a Tua igreja um espírito de coragem, de intrepidez, de alegria e de
iniciativa. Eu creio que o Senhor já está fazendo isso, eu sinto isso na igreja, mas aumenta essa
‘voltagem’, Senhor! Eu Te peço que nas próximas Torres de Oração haja mais pessoas orando, e
orando com mais ânimo, com mais coragem, com mais intrepidez, com mais acerto. Senhor,
aumenta a oração nessa igreja. Aumenta a leitura da Tua palavra nessa igreja. Aumenta as obras
sociais e missionárias nessa igreja. Aumenta os cursos de casais, as Casas de Paz, o evangelismo
nessa igreja. Senhor, aumenta tudo o que está sendo feito. Senhor, comece a aumentar a
‘voltagem’! Tu estás voltando e nós não queremos continuar do mesmo jeito! Queremos ser
diferentes! Senhor, aumente a nossa fé para pedirmos coisas grandes. Ajude-nos a pedirmos coisas
grandes! Também, Senhor, traz os irmãos que estão afastados, traz os descrentes. Senhor, alegra o
nosso coração. Senhor, comece a ajuntar osso ao seu osso. Esses são dias de Ezequiel, dias do Teu
mover em nossas vidas. Senhor, sopra sobre essa congregação, nós Te pedimos. Sopra o Teu ruach
nesse lugar, sopra o Teu ruach sobre essa igreja. Senhor, faz um novo dia brotar. Que 2016 seja
diferente! Que haja muitos batismos, muitas curas, muita salvação nesse lugar! Vem sobre nós,
Senhor! Venha chuva de cima e venha água de dentro, do profundo dos nossos corações, daquilo
que o Senhor plantou. Eu profetizo hoje: “Brota, poço! Brota! Brota! Vem de dentro, do profundo do
nosso interior, água viva para sarar e curar pessoas, para fazer coisas grandes, novas e arriscadas!”
Senhor, ajude-nos a sair da mesmice, a sair da rotina e andar em cima da Tua palavra! Glórias ao
Teu nome, Senhor! Louvado seja o Teu nome! Aleluia! Amém!
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O MAIOR MISTÉRIO JÁ REVELADO
José Carlos Marion
“E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne, foi
justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na
glória.” (1 Timóteo 3:16)
E
sse versículo é de uma inspiração tão poderosa, tão profunda do apóstolo Paulo que ele faz uma
descrição ampla, em apenas seis frases, da pessoa do Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele inicia dizendo que
“grande é o mistério da piedade”. Esse “mistério” é uma palavra que aparece muitas vezes nas Escrituras e
denota algo oculto, inexplicável, incompreensível, algo que não podemos entender plenamente com a
nossa inteligência natural e Paulo nos abençoa com a revelação do que é esse mistério.
A palavra “piedade” no grego, segundo a Bíblia Dake de Estudo, não significa misericórdia ou dó,
mas, sim, “o máximo de reverência, entrega, devoção e fidelidade a Deus”. Para melhor compreendermos
essa expressão vamos analisar o oposto dela, que a Bíblia chama de “o mistério da iniquidade”:
“Pois o mistério da iniquidade já opera; somente há um que agora o detém até que seja posto fora;
e então será revelado esse iníquo, a quem o Senhor Jesus matará como o sopro de sua boca e
destruirá com a manifestação da sua vinda; a esse iníquo cuja vinda é segundo a eficácia de
Satanás com todo o poder e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os
que perecem, porque não receberam o amor da verdade para serem salvos ” (2 Tessalonicenses 2:710).
Iniquidade é a maldade ao extremo. O texto refere-se à vinda do iníquo (anticristo), um mistério
que a humanidade ainda não experimentou. Jesus também o chama de “abominável da desolação”
(Mateus 24:15). Essa manifestação ainda está oculta para todos nós. No momento em que ele se
manifestar (a incorporação do próprio diabo), Jesus diz que “haverá então uma tribulação tão grande,
como nunca houve desde o princípio do mundo até agora e nem jamais haverá” (v. 21). Ou seja, será um
período terrível, uma situação insuportável que nunca se viu ou experimentou antes na história da
humanidade.
Hoje vemos destruições e mortes em muitas nações, por exemplo na Síria, e ficamos imaginando se
pode haver miséria maior do que essas, mas Jesus disse que o mistério da iniquidade é algo muito maior do
que qualquer coisa que já existiu ou que possamos imaginar. É muito pior do que tudo que houve antes –
por exemplo, o nazismo e seus campos de concentração, as grandes guerras etc. – todas insignificantes
comparadas a esse tempo que virá. Jesus disse também que nesse tempo “hão de surgir falsos cristos e
falsos profetas, e farão grandes sinais e prodígios; de modo que, se possível fora, enganariam até os
escolhidos” (v. 24) e que “se aqueles dias não fossem abreviados, ninguém se salvaria” (v. 22).
Certamente nenhum de nós gostaria de passar por uma situação dessas, mas cremos que a volta de
Jesus está muito próxima e, se não nós, nossos filhos ou netos passarão. O que precisamos, então, é
conhecer bem o mistério da piedade, estarmos tão íntimos com Jesus para que, se passarmos por isso,
permanecermos firmes e ligados a ele pois, desta forma, estaremos protegidos e guardados pelo Senhor.
Mesmo se tivermos de passar por grandes tribulações se estivermos íntimos, envolvidos, apaixonados por
Jesus com certeza comprovaremos que seu “jugo é suave e o fardo, leve” (Mateus 11:30). Assim, devemos
entender que existem dois mistérios: da piedade e da iniquidade. No entanto, esse último ainda não foi
revelado e o primeiro, em boa parte, já.
Cada um de nós provavelmente tem revelações diferentes da pessoa de Jesus. Alguns estudam,
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crescem, se desenvolvem mais no conhecimento de Deus e, certamente, alcançarão maior revelação de
Jesus, pois é isso o que o Pai deseja de nós: “Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor” (Oseias
6:3). Outros, entretanto, permanecem crianças na fé e não crescem.
Vamos, então, analisar cada um dos aspectos do “mistério da piedade” a nós revelado, que é o
próprio Senhor Jesus Cristo:
1) Manifestado em carne
Jesus se tornou ser humano! Esse, a meu ver, é o maior milagre de todos que já existiram até hoje
na face da Terra, pois é o próprio Criador se tornando criatura. O Deus autossuficiente, o Deus que faz tudo
o que quer e do jeito que quer, o Senhor de todas as coisas, o Deus Onisciente, Onipresente e Onipotente
deixou toda essa Sua condição e Se encarnou em um corpo humano, em uma mulher, tornando-se
dependente de homens e correndo, até, o risco de pecar, de perder Sua divindade (e o diabo fez de tudo
para que isso acontecesse).
Na tentação do deserto lemos que o inimigo “o levou (Jesus) a um monte muito alto; e mostrou-lhe
todos os reinos do mundo, e a glória deles; e disse-lhe: tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares”
(Mateus 4:8,9). Ou seja, Jesus poderia ter aceitado essa proposta e se tornado Senhor da Terra sem ter
passado pela cruz!
Quando o Criador Se tornou criatura Ele se expôs a todos os riscos que nós, humanos, passamos
diariamente. O Deus imortal, eterno Se tornou mortal, finito, vulnerável, sujeito à corrupção, ao pecado. A
Bíblia diz que Jesus “em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hebreus 4:15). Ele correu esse risco porque se
esvaziou da condição divina e veio como servo para servir a criação. Se Ele dissesse “sim” em qualquer
momento para o diabo ou para o pecado, perderia Sua condição divina e seria a derrota do propósito
eterno de Deus.
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio
com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez.”
(João 1:1-3)
Tudo o que existe, tudo o que foi criado, foi pelas mãos de Jesus. Esse Deus imenso, do tamanho do
Universo, foi se encolhendo, se diminuindo até chegar ao ponto de uma sementinha, que foi colocada pelo
Espírito Santo no ventre de uma mulher, Maria. Ou seja, o Deus que criou todas as coisas se tornou ínfimo,
minúsculo, invisível aos olhos humanos. Por isso esse é o maior milagre que já pôde existir.
Jesus foi concebido pelo Espírito Santo porque ele não poderia tê-lo sido por um pai humano,
devido ao fato de que no D.N.A. humano existe uma carga genética chamada “pecado”. José não foi o pai
biológico de Jesus; em nenhuma passagem as Escrituras dizem isso. Ele foi um “pai adotivo”, um protetor
do Senhor e teve sua grande importância. Isso é um grande mistério! Jesus, o Filho de Deus, foi gerado no
útero de uma mulher virgem, algo impossível cientificamente falando.
Deus transformado em carne – esse é o primeiro e o maior de todos os milagres; nada pode
superá-lo: “E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo...” (Filipenses 2:8). De repente, aquele
em quem “foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis... tudo foi criado por
Ele e para Ele” (Colossenses 1:16) se achou no ventre de uma mulher, sustentado e alimentado pelo cordão
umbilical da mesma, ou seja, o Criador sendo gerado, sustentado, suprido, ensinado pela Sua criatura
durante toda a sua gestação, nascimento e crescimento. Isso é algo que a nossa mente humana limitada
não consegue imaginar e compreender!
Esse é um fato tão relevante que o apóstolo João disse em sua epístola:
“Nisto conheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de
Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não é de Deus; mas é o espírito do anticristo, a
respeito do qual tendes ouvido que havia de vir; e agora já está no mundo” (1 João 4:2,3).
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Ou seja, um espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus, caso contrário é do
diabo, pois ele não consegue resistir a esse fato, a essa humilhação que Jesus passou por nós!
2) Justificado em espírito
Justificado significa aprovado. Jesus precisava ser aprovado, validado, legitimado pelo Espírito
Santo, reconhecido como verdadeiro. A doutrina da Trindade é algo difícil para a nossa mente racional
entender, mas existem três pessoas em uma – Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.
Jesus disse aos seus discípulos: “Convém-vos que eu vá; pois se eu não for, o Ajudador não virá a
vós; mas, se eu for, vo-lo enviarei (...) Quando vier, porém, aquele, o Espírito da verdade, ele vos guiará a
toda a verdade” (João 16:7,13). Ele quis dizer que, sob forma humana, estava limitado em atender as
necessidades das pessoas, mas se alegrava em ir para os céus pois o Espírito Santo desceria e faria essa
obra, alcançaria e ajudaria a todos.
Quando Estevão foi apedrejado, a Bíblia relata o seguinte:
“Mas ele, cheio do Espírito Santo, fitando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus em pé à
direita de Deus, e disse: Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem em pé à direita de Deus”
(Atos 6:55,56).
Estevão estava cheio do Espírito Santo e viu Deus Pai sentado no trono e Jesus, Deus Filho, à Sua
direita, ou seja, as três Pessoas em ação. Em Atos 10:38 lemos que “Deus o ungiu (Jesus) com o Espírito
Santo e com poder; o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do Diabo,
porque Deus era com ele” – novamente vemos as três Pessoas agindo.
O Espírito Santo, assim como Jesus, sempre esteve presente no processo do Pai de criação do
Universo. Entretanto, Ele entra em ação de forma mais específica na Terra após o dia de Pentecostes,
quando vem habitar nos corações humanos. Há três grandes religiões mundiais que se consideram
monoteístas (crença em um só Deus): o Islamismo, o Judaísmo e o Cristianismo. Porém, as duas primeiras
não podem ser consideradas corretas biblicamente falando pois desconsideram e rejeitam Deus Filho e
Deus Espírito Santo.
O Deus triuno tem uma perfeita ordem de funcionamento – cada um tem uma função bem clara e
definida no projeto eterno. Em Apocalipse 13:8 lemos que o “Cordeiro foi morto desde a fundação do
mundo”, ou seja, Jesus foi crucificado antes mesmo de Deus criar o mundo. Podemos perguntar: “Mas Deus
sabia que o homem iria pecar, que iria se vender para Satanás?” Obviamente que sim, mas Ele não desistiu,
pois Seu propósito era ter uma grande família e a matéria-prima mais preciosa que Ele criou para isso foi o
ser humano. Pelo fato de saber antecipadamente da queda do homem, Deus já tomou uma providência
(Jesus) para que Seu propósito não fosse interrompido pelo diabo através do pecado.
Alguém pode questionar: “Mas como pode um pai planejar matar seu próprio filho? Que lógica há
nisso? Como posso servir um Deus que planejou desde antes da fundação do mundo sacrificar seu filho?
Como posso amar esse Deus?” Naturalmente não entendemos isso, mas espiritualmente podemos
enxergar nesse ato o amor incomensurável que Deus teve por nós: “Aquele que nem mesmo a Seu próprio
Filho poupou, antes o entregou por todos nós...” (Romanos 8:32) e “os que dantes conheceu, também os
predestinou para serem conformes à imagem de Seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos
irmãos” (v. 29).
Esse projeto ou ideia precisava estar 100% no coração do Deus Triuno – por isso diz-se que Jesus foi
“justificado no espírito”, ou seja, Deus Pai planejou tudo, mas havia a necessidade da concordância ou
cumplicidade de Deus Filho e Deus Espírito Santo, e podemos citar alguns exemplos bíblicos que essa
existiu.
Primeiro, Jesus foi concebido pelo Espírito Santo, ou seja, houve parceria, cumplicidade nesse ato.
Segundo, quando Jesus foi batizado, diz a Palavra que “o Espírito Santo desceu sobre ele em forma
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corpórea, como uma pomba; e ouviu-se do céu esta voz: Tu és o meu Filho amado; em ti me comprazo”
(Lucas 3:22). Percebemos que Jesus não fez milagres antes do seu batismo, pois somente após o mesmo é
que ele foi cheio de poder e autoridade. Em seguida, ele foi levado pelo Espírito para ser tentado pelo
diabo no deserto e só conseguiu resistir e vencer o mal porque estava cheio do Espírito. Terceiro, lemos em
Romanos 8:11 que “se o Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dos
mortos ressuscitou a Cristo Jesus há de vivificar também os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em
vós habita”. Ou seja, foi o Espírito quem participou do processo de ressurreição de Jesus. Assim, vemos a
Trindade junta, em cumplicidade na concepção, no batismo, na vida, na morte e na ressurreição de Cristo.
3) Visto por anjos
Anjos não têm onisciência (conhecimento absoluto de tudo); isso pertence somente a Deus. Mas
eles podem ver as coisas e Paulo diz que Jesus foi visto, contemplado por anjos. Vamos admitir, como
figura, que exista um campo de futebol lotado de anjos presenciando uma partida onde Jesus é o principal
“jogador”. Eles não sabem o que vai acontecer no minuto seguinte, mas estão assistindo com expectativa o
desenrolar da partida. Os anjos são como uma grande plateia – eles acompanham e são testemunhas dos
fatos da história criada e desenvolvida por Deus.
Há dois acontecimentos principais que os anjos viram e que fizeram com que os céus se
estremecessem. O primeiro foi a rebelião de Lúcifer (Ezequiel 28:11-19). Ele era um dos maiores anjos
criados por Deus, dotado de imensa expressão, influência, beleza e poder; um “braço direito” do Senhor.
Os anjos viram Lúcifer se rebelar contra Deus, ser expulso dos céus e ainda seduzir e levar consigo um terço
dos anjos (Apocalipse 12:4). Com certeza isso foi algo extremamente dolorido para todos e trouxe
consequências terríveis a toda a criação. Ele não tinha nada para oferecer, mas conseguiu convencer uma
terça parte dos anjos que estar com ele era melhor do que estar com Deus, tamanho seu poder de
sedução.
Satanás consegue convencer muita gente, mesmo não tendo nada a oferecer, usando somente
sedução, falsos prodígios, artifícios e conceitos mentirosos. É por isso que ele é chamado por Jesus de “o
pai da mentira” (João 8:44). Esse acontecimento foi um trauma terrível, pois a família celestial foi
repentinamente desfalcada e dividida.
O segundo acontecimento que provocou o estremecimento dos anjos foi maior do que o primeiro.
De repente, o próprio herdeiro, Jesus, estava sendo tirado do céu e mandado para a Terra em forma
humana! Eles devem ter ficado perplexos, atônitos, sem entender nada, pois viram Deus enviar Seu próprio
Filho à Terra para se encarnar, tornar-se uma mera criatura humana.
Talvez o que nos ajude a entender melhor essa situação seja comparando-a com Abraão e Isaque,
como relata Gênesis 22:2: “Prosseguiu Deus: Toma agora teu filho; o teu único filho, Isaque, a quem amas;
vai à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre um dos montes que te hei de mostrar.” Isaque era
o herdeiro da promessa que Deus havia feito a Abraão – se ele morresse não haveria a nação de Israel! Mas
agora o Senhor mandava sacrificá-lo. Provavelmente, se Sara soubesse disso o teria impedido de ir, mas
Abraão seguiu adiante em sua missão: “Levantou-se, pois, Abraão de manhã cedo, albardou o seu jumento,
e tomou consigo dois de seus moços e Isaque, seu filho; e, tendo cortado lenha para o holocausto, partiu
para ir ao lugar que Deus lhe dissera.”
Chegando ao Monte Moriá, lemos que Abraão não permitiu que seus servos subissem junto com
eles, pois, se soubessem de suas pretensões, certamente o impediriam julgando que ele havia
enlouquecido (v.5).
Mas isso é apenas uma amostra do que deve ter passado na cabeça dos anjos – o Pai arrancando
Seu próprio Filho do céu e enviando-o como homem ao mundo! Eles viram aquele que era o herdeiro, o Rei
dos reis, o Senhor do universo nascer em uma cocheira; viram Herodes dar uma ordem para matar todos os
primogênitos abaixo de 2 anos e quase matar Jesus; viram sua família fugir para o Egito e passar
dificuldades extremas; viram toda sua vida, perseguições, aflições e sofrimentos; viram-no suar gotas de
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sangue no Jardim do Getsêmani, suplicando diversas vezes ao seu Pai por livramento e não ser atendido;
viram sua angústia, surras, humilhações, sangue derramado, a cruz e a morte sem entender nada do que
estava acontecendo. Em nenhuma passagem bíblica diz que Deus explicou-lhes o que estava fazendo. Até
os demônios não entenderam o que Deus estava fazendo, pois contribuíram para levar Jesus à cruz e ainda
se alegraram com sua morte!
4) Pregado entre os gentios
Os anjos estavam acostumados a ver Deus falando somente com o povo de Israel e agora, com
grande surpresa, veem Jesus sendo pregado também para os gentios. A promessa que Deus fez a Abraão
era unicamente para o povo hebreu, mas Jesus foi rejeitado pelo mesmo: “Veio para o que era seu, e os
seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes o poder de
se tornarem filhos de Deus ” (João 1:11,12).
No V.T. o Senhor sempre mandava Israel destruir as outras nações, aniquilar completamente os
povos gentios, inimigos de Israel. Agora, com total surpresa, os anjos contemplam Jesus morrendo por esse
povo, Deus Pai estendendo Sua salvação a todo o mundo gentílico, aos próprios inimigos de Israel; ouvem o
evangelista João dizendo que “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que
todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo,
não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele” (João 3:16,17).
Deus amou de tal maneira todas as nações – fariseus, jebuseus, egípcios, sírios, gregos, babilônicos,
romanos etc. – que entregou Seu único filho para morrer por elas. Ou seja, são coisas que nem os anjos e
nem a mente humana conseguiram compreender, mas foi algo incrivelmente tremendo e maravilhoso, pois
Sua salvação alcançou a todos nós. O projeto de Deus era muito maior do que imaginávamos, muito mais
abrangente do que somente para o povo hebreu!
5) Crido no mundo
Esse foi o resultado eficaz do plano eterno de Deus – tudo se cumpriu conforme Ele havia
planejado. Jesus foi aceito com fé pelo mundo. Seu sacrifício não foi em vão, sua morte e ressurreição
trouxe vida a todos nós – ele cumpriu plenamente o propósito do Pai.
A primeira pessoa a crer em Jesus já como homem encarnado foi Maria, sua mãe. Ela confessou
isso quando, grávida de poucos meses, foi visitar Isabel e disse: “A minha alma engrandece ao Senhor e o
meu espírito exulta em Deus, meu Salvador” (Lucas 1:46,47). Maria permaneceu com Jesus durante toda a
vida dele. Na sua morte ela estava aos seus pés na cruz. Quando os discípulos estavam orando no dia de
Pentecostes ela estava presente.
Maria, apesar de todas as dificuldades que passou, foi a primeira a dizer “sim” a Jesus: “Eis aqui a
serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra” (Lucas 1:38). Essa é a mesma resposta que nós
temos que dar a Jesus hoje. Que Deus, pelo poder do Espírito Santo, possa gerar a vida de Cristo em nossos
corações. Ter Jesus é confessá-lo em vida e palavras, é estar o tempo todo com ele cumprindo a sua
palavra.
A segunda pessoa que creu e disse “sim” a Jesus foi Pedro:
“Tendo Jesus chegado às regiões de Cesaréia de Felipe, interrogou os seus discípulos, dizendo:
Quem dizem os homens ser o Filho do homem? Responderam eles: Uns dizem que é João, o Batista;
outros, Elias; outros, Jeremias, ou algum dos profetas. Mas vós, perguntou-lhes Jesus, quem dizeis
que eu sou? Respondeu-lhe Simão Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Disse-lhe Jesus: Bemaventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que te revelou, mas meu Pai, que
está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja,
e as portas do hades não prevalecerão contra ela; dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que
ligares, pois, na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus”
(Mateus 16:13-19).
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Jesus se alegrou sobremaneira com Pedro por ele haver confessado que Jesus era o Cristo, o Filho
do Deus vivo, o Messias que havia de vir. Os anjos contemplaram todas essas coisas acontecendo e
milhares de pessoas confessando a Jesus como o Filho de Deus!
6) Recebido na Glória
Sabemos pela Bíblia que o trono de Davi seria perpetuamente ocupado por Jesus, e Davi teve
inúmeras revelações de Deus a esse respeito. Precisamos entender que é proibido entrar carne e sangue,
pessoas no céu, pois lá não entra pecado. Existem os “portais eternos” que dividem o tempo cronológico
ou humano da eternidade, da glória, da vida eterna com Deus, onde pecadores não entram. De repente,
chega um homem diante desses portais e os anjos exclamam: “Quem é esse que ousa colocar suas mãos
nessas portas? Aqui não pode entrar homem algum!” Mas Davi declara no Salmos 24:
“Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória.
Quem é o Rei da Glória? O Senhor forte e poderoso, o Senhor poderoso na batalha. Levantai, ó
portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória. Quem é esse
Rei da Glória? O Senhor dos exércitos; ele é o Rei da Glória” (vs. 7-10).
Com certeza nesse momento os anjos se jogaram ao chão com tremenda reverência e temor ao
Senhor Jesus, o Rei da Glória! Jesus é o primogênito de todas as coisas e tem a primazia no céu; foi homem
e ressuscitou, foi o primeiro homem a entrar pelos portais eternos e deixou os mesmos abertos para que
todos nós pudéssemos entrar após ele. Podemos entrar sem medo, sem pedir licença, porque quem foi
lavado pelo sangue do Cordeiro tem acesso a esses portais, à vida eterna!
Em Mateus, capítulo 22, Jesus conta uma parábola onde um rei preparou uma grande festa para
seu filho. Ele convidou muita gente, mas todos começaram a se desculpar por não poder ir. Em vista disso,
ele mandou seus servos saírem para os becos e valados em busca de novos convidados para a festa:
“E saíram aqueles servos pelos caminhos, e ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus
como bons; e encheu-se de convivas a sala nupcial. Mas, quando o rei entrou para ver os convivas,
viu ali um homem que não trajava veste nupcial; e perguntou-lhe: Amigo, como entraste aqui, sem
teres veste nupcial? Ele, porém, emudeceu. Ordenou então o rei aos servos: Amarrai-o de pés e
mãos, e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes” (vs. 10-13).
Como as portas estavam abertas, pessoas de todos os tipos lá entraram. Mas, de repente, o rei viu
alguém que não estava vestido com roupas nupciais, com os trajes adequados para a festa e o questionou
como ele havia conseguido entrar. Então o rei, o senhor da festa, mandou que o mesmo fosse lançado nas
trevas.
A Bíblia diz que nós fomos lavados pelo sangue do Cordeiro, que somos a noiva ataviada para as
bodas, sem mácula, ruga ou mancha (Efésios 5:27). A lição é que os portais dos céus estão abertos a todos,
mas somente aqueles que lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro, homens e mulheres de todas as
tribos, raças, povos e nações que foram comprados pelo preço do sacrifício de Jesus poderão entrar:
“E cantavam um cântico novo, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque
foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo e
nação; e para o nosso Deus os fizeste reino, e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra. E olhei, e vi a
voz de muitos anjos ao redor do trono e dos seres viventes e dos anciãos; e o número deles era
miríades de miríades; e o número deles era miríades de miríades e milhares de milhares, que com
grande voz diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e
força, e honra, e glória, e louvor. Ouvi também a toda criatura que está no céu, e na terra, e debaixo
da terra, e no mar, e a todas as coisas que neles há, dizerem: Ao que está assentado sobre o trono,
e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos” (Apocalipse
5:9-13).
Assim, precisamos estar com as nossas roupas lavadas e purificadas para podermos entrar nos
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portais eternos, na glória eterna do Pai! A porta já foi aberta; agora entram todos aqueles que são lavados
pelo sangue de Jesus, pois ele já entrou e abriu o caminho! Jesus, o Rei da Glória, o Senhor dos Exércitos,
aquele que venceu todas as batalhas, o pecado, o inferno e a morte já tomou todas as providências para
que as portas fossem abertas para nós.
É importante termos essa certeza, essa convicção. É importante que, assim como Maria, digamos
“sim” para o Senhor, desejando que a vontade e a vida Dele sejam geradas em nós. É importante que,
assim como Pedro, confessemos que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo, o Messias que havia de vir ao
mundo – esse Cristo que “não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos”
(Marcos 10:45)! Amém!
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SERVOS COMO JESUS
Tony Felício
“Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem a minha alma se compraz; pus
sobre ele o meu Espírito, e ele promulgará o direito para os gentios. Não clamará, nem gritará, nem
fará ouvir a sua voz na praça. Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega;
em verdade, promulgará o direito. Não desanimará, nem se quebrará até que ponha na terra o
direito; e as terras do mar aguardarão a sua doutrina.” (Isaías 42.1-4)
O
profeta Isaías profetiza acerca de Jesus e o define de uma maneira muito especial – como o servo de
Deus. Não está dizendo que virá um apóstolo, um profeta, um mensageiro, mas que Jesus, um servo,
virá à Terra. Ele se encarnaria em forma humana e o Criador passaria a viver dependente de Suas criaturas
e servindo-as.
“Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em
forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou,
assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura
humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.” (Filipenses
2.5-8)
A palavra “sentimento” no original grego não é apenas algo passageiro, mas é ter “o mesmo
pensamento, a mesma atitude, ser e fazer da mesma maneira que Jesus”. Jesus tinha todo o direito de se
apegar ao fato de ser Deus, mas Paulo diz que ele não se apegou a essa condição, antes, se esvaziou, se
humilhou e assumiu a forma de servo.
Fato comum entre nós, seres humanos, é nos apegarmos a alguma coisa para nos defendermos,
promovermos, sobressairmos ou resguardarmos de alguma forma. No lar, por exemplo, o marido afirma à
esposa que ela lhe deve submissão; a esposa afirma que o marido deve lhe amar; os filhos afirmam que os
pais lhes devem ensinar; os pais afirmam que os filhos lhes devem honrar. Ou seja, gostamos e precisamos
nos apegar a algo que julgamos ser nosso direito. Entretanto, isso é algo característico da carne, do mundo,
pois Jesus estabeleceu um novo padrão para seu povo, seus filhos, sua igreja – não se apegar aos seus
direitos, mas abrir mão deles e se tornarem servos!
Servo, nesse texto, é a palavra “doulos”, “escravo de seu senhor”. Mas há um aspecto muito
importante que desejo realçar nessa definição: “servo é aquele que se rende à vontade de outro”. Quando
Isaías chama Jesus de servo é porque esse estava completamente rendido à vontade do Pai. Assim, antes
de falarmos do serviço como uma tarefa a ser desempenhada, precisamos reconhecê-lo como uma atitude
que deve fazer parte da nossa identidade como cristãos.
Nós, cristãos, somos pessoas rendidas à vontade de Deus. Então não importam os direitos que eu
tenho e, sim, o que Ele está me dizendo para fazer. E Deus, cuja vontade é soberana, nos escolheu para
servi-Lo nessa terra.
Há uma grande diferença entre “fazer serviços” e “ser servo”. Uma pessoa pode realizar muitas
obras com atitudes erradas, não de servo. Pode ser para aliviar a consciência, ou apenas para cumprir uma
tarefa que lhe designaram, ou para ser bem quisto pelos outros, ou para conquistar algo diante de pessoas
ou mesmo diante de Deus etc. Entretanto, Jesus não era alguém que simplesmente fazia coisas para Deus e
pelas pessoas, mas sua IDENTIDADE (natureza, característica, motivação, atitude) na terra era de SERVO;
sua VONTADE era RENDIDA à vontade de Deus.
Quero mostrar algumas características de Jesus como servo para que, inspirando-nos nele e
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ajudados pelo Espírito Santo, nos tornemos mais parecidos com ele. Às vezes prestamos muita atenção nos
milagres que Jesus fazia, mas devemos prestar mais atenção na ATITUDE com que ele os realizava.
1) O servo, diferente daquele que apenas presta serviços, é alguém que serve a quem pede e também a
quem não pede.
- A cura do cego de Jericó (Lucas 18:35-43). Ele clamou a Jesus dizendo: “Jesus, Filho de Davi, tem
misericórdia de mim”. E Jesus lhe perguntou: “Que queres que eu te faça?”, ou, em outras palavras, “o que
eu posso fazer por você?”, “como eu posso te servir?” E o curou.
- A ressurreição do filho da viúva de Naim (Lucas 7:11-15). Jesus viu um cortejo fúnebre do filho de
uma viúva e parou. Ela não lhe pediu nada; ele apenas estava indo pelo caminho que havia programado,
mas, ao ver a cena, se compadeceu da viúva e ressuscitou seu filho. Ele fez isso porque era servo. Se havia
uma necessidade que pudesse ajudar, tendo sua vontade rendida à vontade do Pai, Jesus o fazia.
Você ajuda somente a quem lhe pede ou também a quem não lhe pede? Quando você se defronta
com alguém em uma situação de necessidade, se o seu coração está ligado ao Espírito Santo com certeza
irá discernir que é uma excelente oportunidade para servir. Faz parte da nossa identidade servir mesmo
quando não nos pedem.
2) O servo é alguém que serve aos mais chegados e também aos que não são tão chegados.
- A cura da sogra de Pedro (Mateus 8:14,15). Pedro era chegado a Jesus, mas sua sogra não.
- O servo do centurião romano (Mateus 8:5-13). Ele nem era judeu, mas Jesus não se opôs a dar
uma palavra e curá-lo. Jesus não ficava escolhendo a quem servir, pois seu serviço não estava atrelado a
quem era a pessoa beneficiada, mas ao seu caráter de servo.
Precisamos aprender a servir os que nos são próximos (familiares, parentes, irmãos, discípulos
etc.), mas também aos que não são tão próximos (estranhos), pois, dessa forma, mostraremos de forma
mais eficaz o amor de Deus às pessoas. Podemos lembrar o exemplo do homem que, passando por uma
estrada, ajudou um samaritano que se encontrava ferido e caído (Lucas 10:25-37). Ele não o conhecia, não
tinha nada a ver com aquele homem, não era um religioso, mas o serviu da melhor maneira que pode. Sua
atitude refletia mais o caráter de Jesus do que a atitude do levita e do sacerdote que nada fizeram. Nós
somos servos! Podemos e devemos servir aos que são e não são mais chegados e, dessa forma,
demonstramos nossa semelhança com Jesus.
3) O servo é alguém que serve ao conhecido e ao desconhecido.
- A mulher pega em adultério (João 8:1-11). Jesus não a conhecia, mas ajudou-a. Alguém fez uma
interpretação muito interessante do motivo de Jesus ter se inclinado naquele momento (v.6). Se a mulher
foi pega em adultério, provavelmente ela estava nua ou com pouca roupa e ele, com toda gentileza e
respeito se inclina para o chão, não a olha.
Gentileza é uma característica do verdadeiro servo que, infelizmente, está em falta na nossa
sociedade. Diz a Palavra em Romanos 1:31 que nos últimos tempos os homens perderiam a “afeição
natural”, ou seja, se tornariam irritadiços por natureza. Mas a igreja não precisa ser assim! Podemos ser
gentis com as pessoas, pois o nosso Senhor era assim. Podemos e devemos, como servos, ajudar, amar e
perdoar tanto ao conhecido como ao desconhecido.
4) O servo é alguém que serve ao grato e ao ingrato.
- A cura dos dez leprosos (Lucas 17:11-19). Apenas um voltou para agradecer a Jesus, mas ele não
se importou com isso. Podemos servir ao grato e ao ingrato, aquele que não reconhece nosso serviço, pois,
como servos, não precisamos do reconhecimento ou da gratidão de alguém para servi-lo. Perceba que isso
é uma mudança de mentalidade, de paradigma – de que não precisamos de nenhum fator externo para
servir, pois nossa identidade como igreja é de servos, igual à de Jesus. Não estamos rendidos à vontade de
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ninguém, mas à vontade do Pai – é Dele, e não dos homens, que vem a nossa recompensa.
5) O servo é alguém que serve quando é agradável e quando não é agradável.
- A cura do leproso (Marcos 1:40-43). Existem alguns serviços ou profissões que eu admiro muito,
pois envolvem serviços difíceis, sujos (no sentido natural e não de algo errado) e sem reconhecimento. Os
médicos, enfermeiros, bombeiros e socorristas, por exemplo, que ajudam pessoas feridas ou em situações
degradantes fisicamente. Determinados serviços não são agradáveis, mas os fazemos simplesmente porque
somos servos. A lepra era uma doença contagiosa e que exalava mal odor; ninguém podia chegar perto de
um leproso tamanha era a sujeira que o caracterizava. Mas Jesus curou esse leproso tocando nele. Um
toque representava muito para aquele homem, alguém rejeitado e isolado pela sociedade, visto com
repugnância por todos. Mas Jesus servia mesmo quando algo não lhe era agradável.
Há muitos serviços na igreja que são muito agradáveis de serem feitos, mas há outros que não são
agradáveis. Mas Deus nos chamou para realizarmos todo tipo de serviço, sem distinção. Quando você se
dispor a servir ao Senhor não estabeleça critérios para Ele, pois Ele não os usou nem para Seu próprio Filho.
Por exemplo, quando você entra no banheiro do salão da igreja e vê que está muito sujo, você o limpa,
deixa como está ou chama outro para fazê-lo? Quando passa e vê um papel no chão, o pega ou pensa que
não foi você quem jogou e, por isso, não o faz? Geralmente queremos realizar somente serviços
“importantes”, que “aparecem”, que trazem reconhecimento, mas os trabalhos simples, inexpressivos, que
passam despercebidos a outros são os que revelam o coração, a atitude de um servo, a atitude de Jesus.
6) O servo é alguém que serve quando está descansado, disposto, mas também quando está cansado.
- A morte de João Batista (Mateus 14:12-15). Quando Jesus ficou sabendo, ele se retirou para um
lugar deserto a fim de chorar a morte de seu primo e melhor amigo. Entretanto, quando a multidão o
procurou pedindo ajuda o texto diz que ele, “possuído de íntima compaixão para com ela, curou os seus
enfermos”. Qualquer um de nós facilmente sentiria compaixão de si mesmo, diria que está cansado demais
ou que gostaria de “curtir” o luto. Seria até natural, pois o melhor amigo morreu e a tristeza era grande.
Entretanto, ao perceber a dor daquela multidão, daqueles enfermos, ele não ficou pensando em sua
própria dor pois a considerou menor do que a dos outros – ele fez isso porque era servo.
- O barco no meio da tempestade (Mateus 8:23-27). Jesus não se importou em ser acordado pelos
discípulos mesmo após um dia de intenso serviço; ele apenas os repreendeu pela sua pequena fé. Mas se
levantou, repreendeu a tempestade e serviu os discípulos. O servo é aquele que serve mesmo quando está
cansado, quando está triste, quando a sua própria condição pessoal está ruim ou difícil, porque ele sempre
se coloca na posição do outro – isso é compaixão.
O inferno é um lugar real. Ali existe profunda agonia, dor, desespero, ranger de dentes, sofrimento
eterno. Ele não foi criado para os homens, mas para Satanás e seus demônios. Mas, infelizmente, aqueles
que não seguem a Jesus também irão para esse lugar. Então, como igreja do Senhor na terra, como servos
que renderam a Ele suas vontades, somos chamados a trabalhar para impedir que as pessoas vão para o
inferno, impedir que elas continuem perdidas. Enquanto elas estão vivas nós podemos trabalhar para
mudar suas vidas e seu destino eterno.
Quando não servimos as pessoas com o evangelho é porque talvez não lembramos ou não nos
damos conta de como o inferno é real. Precisamos nos ater diariamente ao fato de que todos os que
morrem sem Cristo estão condenados eternamente a esse lugar terrível. Jesus sempre mandou seus
discípulos pregarem o evangelho, resgatar as pessoas do inferno, mas nós, muitas vezes, ficamos inertes,
parados, indiferentes a essa situação. Jesus trabalhava intensamente, pregava o evangelho, curava com a
expectativa de que muitos cressem nele e fossem salvos. Ele conhecia as dores das pessoas pois se
colocava no lugar delas; não ficava preocupado consigo mesmo ou pensando em suas próprias dores ou
dificuldades.
O pecado é algo que destrói, degenera, adoece, faz mal, mata as pessoas, as impede de viver a vida
abundante que Deus lhes prometeu. Então, sabendo disso, precisamos pregar, anunciar o perdão, a
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salvação, a cura de Jesus às pessoas. Nos aproximar, servir as pessoas para arrancar esse mal de suas vidas,
fazer com aceitem o amor de Deus e sejam transformadas através da nossa atitude de servos – isso
também é compaixão.
Existem muitas pessoas doentes e sofrendo muito. Talvez as nossas próprias dores nos atrapalhem
de ir até elas, mas se somos servos não olharemos para nós mesmos e as serviremos. Deixaremos nossas
dores aos pés do Senhor e nos envolveremos com as dos outros. A igreja deve causar esse tipo de impacto
no mundo – aprender a chorar com os que choram, se compadecer dos aflitos, perdidos, doentes e
desesperançados. Ainda somos uma igreja que gosta apenas de festejar, de se alegrar com os que se
alegram, mas o convite do Senhor é para praticarmos a compaixão, sendo semelhantes a Cristo que se
compadecia e servia o tempo todo obedecendo a vontade do Pai.
Voltando ao texto de Filipenses, capítulo 2, antes de dizer que Jesus tomou a forma de servo, Paulo
diz que ele “a si mesmo se esvaziou” (v.7). Como é que ele conseguia servir tanto, o tempo inteiro, cansado
e descansado, ao próximo e ao distante, ao amigo e ao inimigo, quando era fácil ou difícil, aos gratos e aos
ingratos? Porque antes de assumir a forma de servo ele esvaziou-se de si mesmo – isso deve vir antes do
serviço.
Jesus tratava esse conceito de “si mesmo” muito diferente de como nós tratamos. Lemos em João
12:24-27:
“Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas,
se morrer, produz muito fruto. Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida
neste mundo preservá-la-á para a vida eterna. Se alguém me serve, siga-me, e, onde eu estou, ali
estará também o meu servo. E, se alguém me servir, o Pai o honrará. Agora, está angustiada a
minha alma, e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente com este propósito vim
para esta hora.”
Aqui ele está relatando o momento de maior tormento da sua vida de servo, quando está para
render não somente a sua vontade, mas também seu corpo, sua alma e seu espírito ao Pai. “Quem ama a
sua vida perde-a, mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna”. Ou seja,
antes de falar para nós Jesus está falando dele mesmo. Ele é o grão de trigo que morreu e gerou muitos
frutos. Jesus não amava a sua vida nesse mundo, assim como nós, filhos e servos de Deus, também não
conseguiremos amar um mundo cheio de misérias, problemas, coisas ruins. Um irmão disse que é
impossível ser feliz enquanto estiver nesse mundo diante da miséria de seus iguais.
Não estou incitando a depressão, até porque nossa realização não está naquilo que vemos ou
temos, mas é impossível a igreja viver cedendo à “tentação da vida tranquila”. Essa é uma das tentações
que mais afasta as pessoas de seu chamado. Ou seja: “eu quero casar, quero ter uma boa casa, um bom
carro, um bom emprego, quero que a minha família esteja bem, com saúde”. Mas Jesus nunca cedeu a essa
tentação. No deserto, Satanás ofereceu-lhe todos os reinos desse mundo se ele o adorasse, mas Jesus não
cedeu porque ele sabia que a sua missão na terra não era acumular para si, mas servir e dar para quem não
tinha.
“Se alguém me serve, siga-me, e, onde eu estou, ali estará também o meu servo”. É um grão de
trigo convocando outros grãos de trigo para morrer, mas com a expectativa de produzir, gerar pessoas para
a eternidade. Então, se vivermos na terra reivindicando nosso direito de ter, de acumular, de viver uma
vida tranquila não iremos perceber as necessidades dos outros porque não vamos querer “sujar nossa
roupa”, mexer com nossa rotina, negar nossas vontades, nosso bem-estar. Cuidado com o que você quer
da vida, cuidado com a tentação da vida tranquila! Queira amar, queira servir, queira salvar pessoas. O
sistema desse mundo nos chama a querer ter tudo de bom e de melhor, tudo bem ajeitado, arrumado,
elogiado por outros.
Em Mateus 16, quando Jesus disse aos seus discípulos que iria para Jerusalém e lá seria preso,
torturado e morto, Pedro lhe respondeu: “Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te
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acontecerá” (v.22). Ele estava, naquele momento, tomado pelo “espírito da vida tranquila”; ele usou a frase
mais humanista que existe: “tenha pena de ti”. E essa é a mesma escolha que temos hoje: ou compaixão de
si ou compaixão do outro! Então Jesus lhe respondeu: “Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço,
porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens” (v.23). Ou seja, era o próprio Satanás
falando pela boca de Pedro as coisas que o homem gosta: se preservar, se guardar, ter uma vida tranquila e
agradável.
Hoje eu profetizo, em nome de Jesus, que a sua vida será “bagunçada” pelo seu chamado! Se você
não aceitar essa “bagunça”, ou seja, que talvez as coisas não sejam ou saiam exatamente como deseja,
dificilmente você cumprirá o chamado do Senhor em sua vida, pois isso exige uma escolha: ou CONFORTO
ou COMPAIXÃO!
Há duas imagens da vida de Jesus que são muito marcantes para nós.
Essa primeira é de Jesus na cruz prestes a ser levantado. Ela é marcante porque mostra a grande
característica de Jesus como servo – o momento em que ele entrega seu corpo, alma e espírito. Jesus está
sendo o servo perfeito, completo, pois está rendendo totalmente sua vontade ao Pai.
Em João 12:32 ele diz: “E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo”. Jesus
não atraiu pessoas sentado em um trono de ouro, ou de uma forma agradável, ou porque tinha destaque e
influência. Ao contrário, naquele momento a profecia de Isaías diz a respeito dele: “...não tinha aparência
nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse” (53:2). Então, como ele atraía
todos a ele? A cena mostra Jesus sendo crucificado, o prego atingindo sua mão. Mas ele estava quase
sendo levantado e, quando o fosse, seria revelada a manifestação máxima do servo e, consequentemente,
seu poder de atrair as pessoas.
Então eu pergunto: o que devemos fazer para atrair multidões para Cristo? Com certeza é algo
semelhante ao que ele fez, pois nós fomos chamados a seguir o Mestre e ele é SERVO! Assim, a marca da
igreja para poder atrair pessoas a Deus é o SERVIÇO!
Essa segunda imagem mostra Jesus servindo seus discípulos, lavando-lhes os pés. É difícil as
pessoas enxergarem os nossos serviços a Deus, mas é fácil elas enxergarem os nossos serviços uns aos
outros. Em seguida, Jesus iria partir o pão na celebração da Ceia e comer com seus discípulos. A maneira de
atrairmos as pessoas a Deus é sendo servos acolhedores. É termos uma atitude de lavar os pés das pessoas
e estarmos sempre prontos para nos envolvermos com as necessidades e dores alheias, porque Jesus é
assim. Ele disse: “Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés
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uns dos outros” (João 13:14).
Alguns dizem: “Mas eu não posso lavar os pés do outro porque os meus estão sujos!” Mas primeiro
lavamos os dos outros e, quando o fizermos, Jesus lavará os nossos. Sofonias profetizou que nos últimos
dias Deus levantará “...no meio de ti um povo modesto e humilde, que confia em o nome do Senhor” (3:12).
Não um povo rico e soberbo, mas modesto e humilde!
“Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também” (João 13:15). Pedro
disse a Jesus: “Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu não te lavar, não tens parte comigo”
(v.8). Pedro ainda tinha uma mentalidade errada. Nós, muitas vezes, queremos curar pessoas, pregar para
multidões, expulsar demônios, fazer muitas coisas que Jesus fez. Mas, quando ele nos convida a lavar os
pés uns dos outros, resistimos e dizemos como Pedro: “não, nunca me lavarás os pés”. Mas Jesus nos diz:
“se eu não te lavar, não tens parte comigo”, pois, se não o permitirmos lavar nossos pés, também não
lavaremos os pés dos nossos irmãos. Jesus já lavou nossos pés, nossa alma, nosso corpo e nosso espírito
com seu sangue. Agora, então, precisamos trocar de lugar com ele e lavar os pés uns dos outros.
“Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também
vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns
aos outros” (João 13:34,35).
Esse é um amor prático, verdadeiro: o Mestre, aquele que era grande, se tornou o menor, lavou os
pés dos seus discípulos e ensinou-lhes a fazer o mesmo: “Não é assim entre vós; pelo contrário, quem
quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva” (Mateus 20:26).
É hora de trabalhar para Jesus, de estender o Reino de Deus, mas, antes disso, é hora de esvaziarnos de nossos direitos, da tentação da vida tranquila e, como servos, amarmos e servirmos as pessoas
como Jesus fez e ensinou!
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O PODER DAS PALAVRAS
Harold Walker
1. O poder da presença de Deus
“No princípio criou Deus os céus e a terra. A terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face
do abismo, mas o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas. Disse Deus: Haja luz. E houve
luz” (Gênesis 1.1-3).
“Porque a palavra do Senhor é reta; e todas as suas obras são feitas com fidelidade. Ele ama a
retidão e a justiça; a terra está cheia da benignidade do Senhor. Pela palavra do Senhor foram
feitos os céus, e todo o exército deles pelo sopro da sua boca. Ele ajunta as águas do mar como num
montão; põe em tesouros os abismos. Tema ao Senhor a terra toda; temam-no todos os moradores
do mundo. Pois ele falou, e tudo se fez; ele mandou, e logo tudo apareceu” (Salmos 33.4-9).
A presença de Deus é poderosa; ela cura e mata! Graças a Deus ainda não veio com muito poder
porque senão muitos teriam morrido devido à falta de respeito, de obediência e de reverência em nosso
meio. Estamos cheios de coisas erradas em nossas vidas, mas Deus é misericordioso! Porém, Ele nos
exorta: “Preparem os transformadores e as linhas de alta tensão para que a minha presença desça e
ninguém morra e, sim, que haja cura e libertação”.
Grandes coisas aconteceram em Atos por causa da presença de Deus: a cura do homem coxo de
nascença na porta do templo (At 3.1-10); a morte de Ananias e Safira (At 5.1-11); o encantador que ficou
cego porque se opôs à pregação de Paulo (At 13.8-12). Pedro não estava esperando curar o paralítico nem
matar Ananias. Tudo acontece inesperadamente quando se tem essa “alta tensão”. Pedro disse a Ananias
que ele havia mentido ao Espírito Santo e imediatamente ele caiu morto, para espanto, talvez, do próprio
apóstolo. Sobre a esposa de Ananias, sim, Pedro percebeu o que estava acontecendo e perguntou-lhe:
“Dize-me, vendeste por tanto aquele terreno?” Ele queria saber se ela estava participando ou não da
mentira do seu marido. “E ela respondeu: Sim, por tanto.” Ao que Pedro disse: “Então você vai morrer
agora também”.
Como já foi dito, a presença de Deus é poderosa e Ele mesmo avisa, tanto no Velho quanto no
Novo Testamento, de que Ele é amor, mas também um fogo consumidor. Fato é que se nós quisermos
mesmo essa presença, precisamos querer também as suas consequências, ou seja, não seremos mais
donos do nosso próprio nariz. Ao ouvir esta palavra profética agora, você se tornou “grávido” e por toda a
sua vida terá filho ou filha. Isso significa que a sua vida não poderá mais ser vivida para si mesmo, pois há
outra pessoa sendo gerada em você. A pessoa que se entrega a Deus perde a sua vida egoísta para ser
aquilo que Ele quer que ela seja.
Maria disse: “Eis aqui a serva do Senhor, cumpra-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1.38).
Depois ela recebe uma profecia através de Simeão, dizendo: “Uma espada traspassará a tua própria alma”
(Lc 2.35). No entanto, ela estava lá no dia de Pentecostes, cheia do Espírito Santo; e falou com Lucas sobre
as coisas que, posteriormente, ele escreveu em seu livro. Então, Deus é terrível, mas também maravilhoso!
Creia! Coisas vão acontecer em sua vida que, talvez, você não quisesse, mas diante da grandeza do que
Deus faz, vale a pena.
2. De onde vem as nossas palavras
Para entendermos sobre o poder das nossas palavras precisamos, antes, entender o poder da
Palavra de Deus. Nós temos palavras porque Deus tem palavras. Pelo sopro da Sua boca Ele mudou e criou
o mundo. Deus fala e não brinca, pois quando fala, acontece. Em Gênesis, a terra estava sem forma, vazia e
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havia trevas. Tudo escuro, vazio e sem forma. Sem forma dá para imaginarmos e vazio também, mas os
dois juntos é muito difícil, senão impossível, imaginar. Em síntese, Deus estava numa situação deprimente.
Nós, seres humanos, jamais passamos por algo tão deprimente como o que Deus passou. Mas Ele não
estava deprimido, ou seja, a situação deprimente não O deprimiu. A palavra chave dessa passagem de
Gênesis é “mas”. Tudo estava ruim demais, tudo escuro e vazio (sem nada), apenas água, mas... Mas o
quê? Mas o Espírito de Deus pairava sobre as águas!
O que Deus precisava falar diante desse caos foi falado pelo poder da palavra. Mas de onde veio
essa palavra? Em Mateus 12.34, Jesus disse: “... do que há em abundância no coração, disso fala a boca”.
Ele não diz que tem de pensar só na Bíblia, cantar apenas hinos e ser religioso ao extremo para se encher
de coisas boas, mas “tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro,
tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”
(Fp 4.8). O que estava em Deus antes que ele dissesse “haja luz”? A palavra de Deus, assim como as nossas
palavras, vem de algo antes delas, ou seja, vem dos sentimentos e pensamentos. A Bíblia liga os
sentimentos e os pensamentos ao coração. Eles o enchem até que transborda em forma de palavras e
ações, ou seja, sentimentos e pensamentos geram palavras e palavras geram ações.
3. Sentimentos, pensamentos, palavras e ações geram uma cultura
Sentimentos, pensamentos, palavras e ações geram uma cultura, ou seja, liberam uma nuvem além
de nós, fora de nós e entre nós. A nuvem é a presença de Deus e essa presença distintiva é que irá impactar
as pessoas que chegam até nós. É preciso declarar nossos sentimentos, pensamentos, palavras e ações
para formar o ambiente onde Deus habita, onde os anjos transitam e onde há milagres, curas e graça. Que
Deus nos leve, como igreja, a ter essa nuvem sobre nós, sobre nossas reuniões, nossas casas e nossos locais
de trabalho; que a presença de Deus esteja sobre nós e ao redor de nós. E só Deus pode fazer isso!
Em Levítico 16, Deus diz para não entrar no Santíssimo Lugar a qualquer hora, pois a Sua presença
estaria lá. Quando Arão entrava, ele tinha de levar incenso para formar uma nuvem que encontrasse com a
nuvem de Deus para, assim, a sua vida ser guardada na presença de Deus. Como o incenso levado por Arão,
as nossas orações (liberadas em palavras) formam uma nuvem na presença do Senhor. Nossa nuvem
encontrará com a nuvem do Espírito Santo e, então, descerá o avivamento sobre a igreja e sobre as nossas
casas. Consequentemente, acontecerá o que mais desejamos, ou seja, ver pessoas curadas, libertas, salvas
e problemas de anos e anos serem resolvidos. Creia! Se tiver a nuvem, uma hora essas coisas acontecerão.
Nada premeditado, mas de repente! E esse “de repente” será fruto da fé, dos sentimentos, das palavras e
das ações. Esse é o ambiente propício para Deus poder atuar como deseja.
4. O poder das palavras negativas
O que Deus estava pensando quando o Seu Espírito pairava sobre as águas? Ele estava sentindo e,
talvez, o que sentiu mais forte foi o que ele falou primeiro: “Aqui está escuro e não dá para pensar nada
direito. Haja luz!” E houve luz! Tudo estava escuro, mas Ele não ficou deprimido com a escuridão nem ficou
falando negativamente sobre ela. Deus sabia que havia dentro de Si poder para transformar aquela
situação.
O maior pecado do povo de Israel no deserto foi o da língua. Eles diziam: “Está muito quente, muito
seco, não há água, não há pepinos, cebolas nem melões”. Eles não falavam mentiras, pois tudo isso estava
mesmo faltando no deserto. Muitos de nós, no lugar deles, falaríamos o mesmo e teríamos saudades das
coisas que hoje temos em abundância. Mas o que desejo enfatizar é sobre o poder das palavras negativas.
Você já teve oportunidade de viajar com alguém por horas a fio e ele ficar o tempo todo
reclamando que a viagem está ruim, que sente sede, calor e cansaço? Por um momento você tem vontade
de parar o carro e mandá-lo descer ou, então, pedir-lhe que fale algo que você ainda não saiba. Tudo está
ruim mesmo, mas falar repetidamente que não está bom nos torna um “repetidor de Satanás”, além de
amplificar e aumentar ainda mais o que já está ruim. Cometer o pecado é ruim, mas ficar falando o tempo
todo é pior ainda. O pecado, quando há arrependimento, a cruz o resolve, trata e perdoa. Mas o falar
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incessantemente é sinal de que você quer causar impacto nas pessoas. Cada vez que repete, você amplia e
enfeita ainda mais o que fala e, no final, o que fala é horrível. Ficamos nervosos em viajar com alguém que
se comporta assim e até Moisés ficou nervoso com as repetições e murmurações do povo.
Porém, Deus não é assim, ou seja, não fica falando que está feio e escuro. Não! Ele age e pensa em
como resolver o que não está bom. Ele tem sentimentos, pensa, curte e depois age e forma. A Bíblia não
diz quanto tempo Ele gastou nesse processo; talvez um milhão de anos, mas isso não importa. Ele tem
paciência e não tem pressa como nós. Ele é tranquilo porque sabe que tem a solução, então, fica pensando
e sentindo sobre a solução. Ele sabe que no abrir de Sua boca virá a solução. Deus não libera palavras vãs,
não é repetidor nem amplificador; Ele é o criador e formador de todas as coisas.
5. Cuidando dos nossos sentimentos e pensamentos
Todos nós podemos ver um cego e sentir pena. Ele é cego e nunca voltará a ver porque ninguém
tem fé para curá-lo. Porém, uma pessoa pode sentir a situação e não se conformar. Crê que Deus pode
mudar esse quadro, mas quem é ela para fazer algo acontecer? Ela ainda não percebeu que esse
sentimento de inconformismo está crescendo dentro dela. E vai crescendo até que, um dia, sem que menos
espere, ela diz para o cego abrir os olhos e, então, acontece: o cego agora vê! Mas ficamos a nos perguntar:
por que os olhos do cego não se abriram antes? Porque não havia quem permitisse crescer esse
sentimento e pensamento dentro de si, ou seja, alguém curtindo Deus e deixando-O crescer até que a
palavra saia com ação.
Creia! Antes de você ter uma palavra que cura, liberta e traz solução, você precisa cuidar dos seus
sentimentos e pensamentos. Você precisa ser uma pessoa cheia do Espírito. A Bíblia diz: “Enchei-vos do
Espírito”. Não podemos depender só de reuniões. Reuniões são ótimas, mas são muito pouco, porque
depois delas a tendência é esvaziar-se e tornar-se novamente uma pessoa repetidora dos pensamentos
habituais e das coisas naturais. Antes, precisamos nos encher do Espírito. Que Deus coloque em nossos
corações sede e fome para andar cheio Dele, ou seja, cheio dos Seus sentimentos e pensamentos.
Deus não é só uma pessoa que pensa “pensamento zen”, tudo na paz, tudo tranquilo. Não! Deus é
uma pessoa em ebulição, uma pessoa apaixonada e que tem ira santa. Jesus manifestou essa ira e Paulo
também. Certa vez uma moça o seguia pelo caminho, clamando: “Esses são filhos do Deus Altíssimo!” Paulo
a repreendeu pedindo que parasse com aquilo, pois ele não precisava de propaganda. Ela não parou e ele
foi se enchendo com sentimento, com pensamento: “Eu não gosto disso. Esse negócio é ruim, eu não
aguento isso”. Todo dia ela repetia aquilo e todo dia ele sentia aquilo. Mas, um dia, ele perdeu a paciência
porque estava cheio com aquele sentimento. Então ele disse: “Não aguento mais, sai dela!” E o demônio
saiu. Isso foi resultado da palavra não vazia, da palavra que vem do sentimento e do pensamento. Mas não
era “pensamento zen”, era pensamento “bravo”. Ele sabia que não havia poder nele para fazer nada, mas
deixou aquele sentimento crescer até que pôde ordenar que o demônio saísse.
Deixe Deus encher seu coração e sua mente com sentimentos Dele. Há situações em nossas
famílias e em nossas vidas que são erradas e nós toleramos, nos conformamos. Às vezes tentamos resolvêlas “na marra”; oramos e nada acontece. Então, nossa tendência é desistir e dizer que não tem jeito e que,
talvez, Deus não o queira. Mas Deus nos colocou na terra para sentir os Seus sentimentos e pensar os Seus
pensamentos. Às vezes, nós oramos por horas e não sentimos nada, mas há um momento em que
começamos a sentir o que Deus está sentindo e isso não tem preço! Às vezes lemos muito a Bíblia sem
nada sentirmos, mas uma hora Deus nos toca e vivifica a Sua Palavra. Nós precisamos ser como garimpeiros
que cavam até encontrar, no meio do cascalho, da terra e da poeira, a pepita tão procurada.
6. Curtindo os sentimentos de Deus
Jesus não gostou do que Pedro dissera, que Jesus não iria para a cruz e, sim, que ele viera para
reinar. Então ele disse a Pedro: “Você pensa as coisas dos homens. Eu não gosto de pensar as coisas dos
homens. Arreda Satanás!”. Nossos pensamentos nos deprimem e os pensamentos dos outros nos
deprimem ainda mais. Mas, quando vêm os pensamentos e sentimentos de Deus é diferente. Eles podem
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ser de paz, compaixão, amor, fé, sabedoria, mas também de raiva. A raiva de Deus, por sua vez, não faz
milagres enquanto não for completa, ou seja, enquanto não encher o cálice.
Paulo disse ao mago que o estava atrapalhando: “Ó filho do diabo...”. Para chamar alguém assim é
preciso estar no Espírito, senão nós é que vamos morrer e não ele. Mas Paulo já estava deixando curtir essa
ira santa. Ele disse: “Ó filho do diabo, cheio de maldade: fica cego agora”. Paulo não orou: “Deus, se é da
Tua vontade, faz esse homem ficar cego”. Não! Ele foi curtindo a raiva de Deus, pois aquele homem estava
impedindo o evangelho de entrar naquele lugar. Ele não teve coragem de fazer nada até a hora em que a
raiva encheu o cálice e transbordou. Você não planeja ter raiva, só Deus é que faz isso. Quando esse
sentimento e pensamento crescem e são de Deus, Ele os confirma, como foi com Paulo (o homem ficou
cego e o político se converteu na hora).
Quantos de nós queremos ver Deus fazendo coisas inesperadas em nossa casa, em nossa família e
em nosso trabalho? Quantos de nós queremos ver pessoas cheias de Deus saindo corajosamente da
comodidade e deixando a palavra fazer milagres em nome do Senhor?
7. Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe
“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe...” (Ef 4.29). Palavra torpe é o mesmo que palavra
suja. 1 Coríntios 13 diz que o amor não se porta inconvenientemente, ou seja, o amor tem educação. O
amor não constrange nem faz gracejo sobre o outro; não suja a reputação nem rebaixa o outro e, também,
não ofende. Paulo exorta: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe”. Essa é uma exortação
negativa, ou seja, não devemos deixar sair de nossos lábios palavras torpes e muito menos repeti-las. Não
sejamos repetidores nem usemos nossa língua para isso.
Temos orado muito sobre avivamento, para Deus vir com poder sobre nós e sobre a igreja. Porém,
às vezes, oramos com palavras que não são boas, palavras erradas que vão desmanchar ou anular o que
oramos com palavras boas e certas. É como um sinal de “mais” e um sinal de “menos” que, juntos, se
anulam, ou seja, o que oramos fica sem efeito. Tiago 3.9 diz: “Com ela (a língua) bendizemos ao Senhor e
Pai, e com ela amaldiçoamos os homens...”. Pode de uma mesma fonte se obter água pura e água salgada?
Não! Nós devemos ser uma fonte do rio da água da vida que tem o poder de abençoar e levar a presença
de Deus para as outras pessoas. Não permitamos que a nossa boca libere palavras que vão contaminar e
sujar a água da vida.
“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que seja boa para a necessária
edificação, a fim de que ministre graça aos que o ouvem” (Ef 4.29). Quantos de nós desejamos ministrar
graça para as pessoas que entram em contato conosco? Creia! Você tem poder para ministrar graça para as
pessoas, ou seja, não é só Deus que a ministra, mas você também pode ministrá-la. Porém, para ministrar
graça é preciso estar cheio dela. A boca fala do que está cheio o coração. Você pode ministrar graça não
apenas pessoalmente, mas também através de algum meio de comunicação (WhatsApp, Facebook etc.).
Sim, ministrar graça para outros através da palavra falada, escrita ou digitada. Palavras têm poder! Deus
usa palavras e nos criou na Sua imagem para que as usássemos. Para isso, talvez, você tenha de fechar a
sua boca ou falar menos para, quando falar, falar coisas que transmitam graça.
Tomemos, por exemplo, a pessoa que está viajando com você, mas que ao invés de enfatizar as
coisas ruins, aprecia e fala da nuvem brilhante e das plantações bonitas que vê pela estrada; que comenta
algo que lhe aconteceu no dia anterior ou sobre o que fará quando chegar ao destino de sua viagem. Pelas
palavras ela muda o ambiente dentro do carro porque está tirando a atenção das coisas desconfortáveis e
ruins, ou seja, ela muda o ambiente de murmuração e reclamação para um ambiente de expectativa. Para
quê ficar falando de melões e pepinos quando você pode falar de leite e mel? Leite e mel estão à frente,
enquanto melões e pepinos ficaram para trás.
O povo de Israel, ao ouvir o relatório dos espias sobre a terra na qual deveriam entrar, ficaram com
medo dos gigantes e falaram que iriam morrer nas mãos deles. Então, Deus deu-lhes Sua sentença:
“Exatamente como falaram, vai acontecer com vocês”. Só escaparam dessa sentença Josué e Calebe, que
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disseram que os gigantes seriam como pão para eles; os gigantes não eram problema, pois reconheciam a
mão forte de Deus que os havia tirado do Egito. E quanto a você? Quer ficar repetindo o que está ruim ou
olhar à sua frente e crer em Deus para trazer o céu para a terra?
Sua decisão está no que você fala. Caso seja maltratado e ofendido por alguém, você pode declarar
que aquela pessoa não precisa ser assim; se ela receber o amor de Deus, ela vai ser diferente. Você pode
decidir não lidar com a pessoa do jeito que ela é hoje, mas do jeito que ela será em Cristo. Você a tratará
bem porque em Cristo ela é uma pessoa maravilhosa; ela ainda não discípula de Cristo, mas será. Eu não
lido com o que é, mas com o que será; não falo sobre o calor ou desconforto dentro do carro, mas falo
sobre o destino para o qual ele está me levando e que será muito bom.
8. Nem sequer se nomeie entre vós
“Mas a prostituição, e toda sorte de impureza ou cobiça, nem sequer se nomeie entre vós, como
convém a santos, nem baixeza, nem conversa tola, nem gracejos indecentes, coisas essas que não
convêm; mas antes ações de graças” (Ef 5.3,4).
“Nem sequer se nomeie!” É comum encontrarmos pessoas no culto de oração que difamam outras
em suas orações. Elas oram: “Senhor, abençoa o irmão fulano que fez isso, que fez aquilo...” Mas a palavra
de Deus nos exorta: “Nem se nomeie entre vós...”, ou seja, não pense nem fale nisso! O pecado é sujo e
quem o nomeia e fica repetindo, acaba se sujando com ele. Levítico exorta: “Cuidado! Lave as mãos. Não
fique imundo até à tarde. Tome cuidado; não toque, não sente, não faça, fique longe”. O pecado é
perdoado na cruz do calvário e tem solução porque Jesus é mais forte que o pecado. Ele perdoa o pior
pecador e livra o pior pecador arrependido. A pessoa hoje está ruim, mas amanhã poderá estar
completamente mudada, ter sua vida transformada. A Igreja é chamada não para falar do poder menor,
mas do poder maior, pois o menor está vencido na cruz e sobre ele “nem sequer se nomeie entre vós”; nem
baixeza, nem gracejos, nem nada indecente, mas somente ações de graças.
“...e não vos associeis às obras infrutuosas das trevas, antes, porém, condenai-as; porque as coisas
feitas por eles em oculto, até o dizê-las é vergonhoso” (Ef 5.11,12).
“E não vos embriagueis com vinho, no qual há devassidão, mas enchei-vos do Espírito, falando entre
vós em salmos, hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração,
sempre dando graças por tudo a Deus, o Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos
uns aos outros no temor de Cristo” (Ef 5.18-21).
9. Chama as coisas que não são, como se já fossem
“...(como está escrito: Por pai de muitas nações te constitui) perante aquele no qual creu, a saber,
Deus, que vivifica os mortos, e chama as coisas que não são, como se já fossem” (Rm 4.17).
Esse versículo de Romanos me chamou a atenção porque tem a ver com essa fé que podemos
exercer usando nossa língua. Ele diz: “chama as coisas que não são, como se já fossem”. Esse “chamar”
pode ser dar o nome, ou seja, “isso agora está feio, mas vai se tornar bonito”. Então, eu chamo de bonito
agora, mesmo que ainda esteja feio, porque eu chamo as coisas que não são como se já fossem. Mas
“chamar” também pode ser: “Adão, Adão, venha cá”, ou seja, “chamar” pode ser dar o nome, chamar a
pessoa para perto.
Sinto que Deus quer nos dar (a nós individualmente e à igreja) o poder de chamar. Quando estive
em Israel, os irmãos que se reúnem com Asher Intrater e não me conheciam ministraram sobre mim
dizendo: “Chama, chama, chama! Chama o que não é! Chama aquele que está desviado, chama aquele que
está doente! Chama! Fala o nome dele, chama-o pelo nome! Chama! Você não precisa ir atrás; chama que
ele vem! Deus chama!”
Abraão foi atrás e gerou Ismael. Mas ele creu e não desistiu e, então, Deus trouxe Isaque. Assim,
nós podemos chamar à existência as coisas que não são como se já fossem. Não é qualquer coisa que você
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inventa da sua cabeça, mas as coisas que Deus coloca em seu coração, em seus sentimentos e
pensamentos.
Deixe Deus mexer e falar com você. Às vezes surge em nós uma “santa inconformidade” sobre
alguma coisa e dizemos: “Eu não quero isso, não é da vontade de Deus. Isso não é do jeito que deveria ser e
eu não me conformo”. Não somos nós que inventamos essa inconformidade, mas é Deus que a coloca em
nosso coração. Por isso, seja sensível! Chamar à existência não é ter um pensamento positivo sobre algo
que você deseja muito. Precisamos entender que tem coisas a serem feitas e que Deus nos colocou no
mundo para fazê-las. Ele não quer que sejamos tolerantes, conformados, passivos, deixando que as coisas
não aconteçam como deveriam acontecer. Não podemos mudar as coisas por nós mesmos, mas podemos
ser inconformados e desejosos de que elas mudem. Não vamos fazer nada sobre isso, mas deixemos que
elas nos encham até que transbordem; Deus é que está gerando isso em nós. Não é presunção, não é
tomar o lugar de Deus, mas também não é ser passivo. Permita-se ser usado por Deus. Você quer trazer
bênção e graça a outras pessoas? Então deixe Deus encher o seu interior e esteja pronto para o momento
em que Ele transbordará e Se derramará para fora de você.
Cuidado com as palavras negativas! Reclamação, murmuração, dúvida todo mundo tem, mas não
precisa ficar falando. Até o tolo quando se cala parece sábio. Fique calado! Estão lhe oprimindo e trazendolhe problemas? Não fale! Deixe Deus encher seu coração com as coisas que não são como se já fossem.
Chame à existência! Tenha coragem de ser ousado, se é que Deus já gerou isso em seu coração! Amém!
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A CEIA, SEGUNDO O REINO DE DEUS
Jamê Nobre
1. Ceia – sacrifício e entrega
“Sabendo este que o Pai tudo confiara às suas mãos, e que ele viera de Deus, e voltava para Deus,
levantou-se da ceia, tirou a vestimenta de cima e, tomando uma toalha, cingiu-se com ela. Depois,
deitou água na bacia e passou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhes com a toalha com que
estava cingido” (João 13:3-5).
A ceia e o servir estão profundamente ligados, mas para muitos de nós ela passou a ser um mero
ritual. Tanto no meio evangélico quanto no meio católico tornou-se um momento finito, ou seja, um
domingo a cada mês ou uma missa a cada domingo. A ceia é muito mais que isso, ela é uma escolha de
viver para Deus e morrer pelos outros.
“Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se possível,
passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres. E, voltando para
os discípulos, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Então, nem uma hora pudestes vós vigiar
comigo? Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a
carne é fraca. Tornando a retirar-se, orou de novo, dizendo: Meu Pai, se não é possível passar de
mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade” (Mateus 26:39-42).
A ceia fala de sacrifício e entrega. Ela não é indolor ou feita sem que o coração o deseje
profundamente. A oração de Jesus ao Pai não foi comprometida apenas com um plano, mas também com a
morte e o derramar da vida. Sua oração foi de modo tão intenso que ele transpirou gotas de sangue. Dr.
Barbet (médico francês) analisou o momento de Jesus no Getsêmani e concluiu que a pressão sobre o seu
corpo mortal foi tão intensa que os vasos sanguíneos começaram a explodir; qualquer corpo submetido a
menor pressão teria sofrido uma síncope. Jesus poderia ter morrido, mas Deus sustentou o seu corpo e o
levou à cruz. A vida de Jesus jamais poderia ser tirada, pois ele a deu espontaneamente e morreu na sua
hora porque é o Autor da vida.
O apóstolo Paulo nos impacta quando diz: “Eu, de muito boa vontade, me gastarei e me deixarei
gastar pelas vossas almas” (2 Coríntios 12:15). Ele tinha o mesmo espírito de Jesus, ou seja, estava disposto
a passar por tudo “por vossas almas”. Jesus chegou à extrema consequência ao se envolver e morrer. No
Getsêmani, quando mais precisou de apoio, seus discípulos adormeceram deixando-o agonizar
solitariamente e, posteriormente, o abandonaram.
2. O sentido da ceia
“E, tomando um pão, tendo dado graças, o partiu e lhes deu, dizendo: Isto é o meu corpo oferecido
por vós; fazei isto em memória de mim” (Lucas 22:19).
A ceia nos faz olhar para três direções no tempo:
a) Para o futuro – Jesus diz que tomará vinho conosco no seu Reino, sendo isso uma referência à
sua volta quando estaremos sentados à mesa com ele;
b) Para o presente – Jesus parte e reparte o seu corpo conosco; e
c) Para o passado – Jesus diz que na ceia devemos nos lembrar dele, pois ela deve ser tomada em
sua memória.
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Qual é o limite do serviço aos nossos irmãos? Alguns servem até o ponto em que não são
prejudicados. Mas qual foi o limite do serviço de Jesus e Paulo? A morte. A ceia, então, é a lembrança do
sofrimento de Cristo a nosso respeito.
2.1 – O que a ceia nos faz lembrar sobre a pessoa de Jesus?
a) Sua dedicação ao Pai – Jesus tinha dedicação total e exclusiva ao Pai. Dedicação significa
consagração e entrega absoluta. A comida de Jesus era fazer a vontade do Pai e realizar as obras que Este
lhe conferira. Alimento material é o que sustenta as nossas vidas, mas o que sustentava Jesus era o fazer a
vontade do Pai. Ele declarou isso quando estava cansado e com fome, passando por uma cidade
samaritana (João 4). Era meio dia, sol a pino numa terra quente. Enquanto os seus discípulos foram buscar
algo para que pudesse comer, ele senta-se junto a um poço. É nesse cenário e depois de conversar com a
samaritana que ele faz tal declaração. No lugar dele (com fome, sede e cansado) nós não nos
preocuparíamos com mais ninguém além de nós mesmos. Afinal, nossos problemas são demasiadamente
fortes para nos deixar pensar em alguém. Mas o resultado do cansaço e fome de Jesus foi pessoas sendo
salvas. Creia! O nosso sofrimento tem de abençoar as pessoas porque esse foi o espírito de Cristo. Porém,
vivemos em um século cujo resultado do sofrimento é fugir dele. Um pouco antes da cruz Jesus pede ao Pai
para glorificá-lo, ou seja, dar-lhe capacidade para ir para a cruz. Essa era a dedicação dele ao seu Pai.
b) Sua compaixão pelas pessoas – Ao chegar à entrada da cidade de Naim (Lucas 7:11-17)
acompanhado dos seus discípulos e numerosa multidão, Jesus encontra uma mulher viúva com grande
multidão levando seu único filho para ser sepultado. Ele se aproxima da mulher e diz: “Não chores!”.
Ficamos a nos perguntar: Qual deus desta terra tem tempo e preocupação para abordar alguém nessas
condições e dizer-lhe para não chorar? Ao contrário, os deuses desse mundo matam, roubam e destroem.
Jesus nunca foi um pregador profissional, mas diante da multidão ele dizia aos seus discípulos:
“Esse povo não tem pão”. O pregador profissional se preocupa com o que a multidão lhe renderá,
enquanto Jesus se preocupa com o pão para alimentar a multidão. Qual deus desse mundo se preocupa
com a minha ou a sua fome?
“Quando ele saía de Jericó, juntamente com os discípulos e numerosa multidão, Bartimeu, cego
mendigo (...) estava assentado à beira do caminho e, ouvindo que era Jesus, o Nazareno, pôs-se a
clamar: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!” (Marcos 10.46,47).
“Filho de Davi” é um título profético e só pode ser dado a uma única pessoa na face da terra – o
Messias. O cego Bartimeu teve uma visão. Ele viu o Filho de Davi passando por ali e sua reação imediata foi
gritar: “Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!” Diante desse clamor, Jesus parou. Ele não se
desculpou porque não tinha tempo para atendê-lo, afinal isso seria justo por causa da grande multidão que
o acompanhava. Não! Jesus parou! Saiba! Sempre que você clamar a Deus, Ele vai parar tudo o que estiver
fazendo para atendê-lo. Certo é que os discípulos recriminaram aquele cego que atrapalhava o sermão,
mas Jesus parou para atendê-lo. Não se incomode de estar “atrapalhando”; clame, porque Deus vai parar
para ouvi-lo.
c) Sua renúncia e entrega total – Jesus tinha uma atitude de renúncia e entrega total ao dizer: “fazei
isto em memória de mim”. Paulo nos exorta: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em
Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus”
(Filipenses 2:5,6). A humanidade de Jesus não apagou ou suplantou a sua divindade. Esta permaneceu
dentro da humanidade e ele subsistiu como Deus. Jesus era o verdadeiro Deus homem e o verdadeiro
homem Deus. Qual deus desceu à terra em forma de homem e viveu entre nós? Nenhum, somente o nosso
Deus!
2.2 – A ceia nos lembra de que fomos perdoados na cruz
“...o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca; pois ele, quando ultrajado,
não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que
julga retamente, carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados...” (1
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Pedro 2.22-24).
A primeira coisa interessante a se notar nesse texto é que Jesus não se entregou a um advogado,
mas ao Juiz. A segunda coisa é que ele levou na cruz todos os nossos pecados. Não precisamos mais andar
debaixo de condenação porque os pecados que cometemos até hoje e os que ainda vamos cometer daqui
para frente foram e serão todos perdoados. Isso é motivo de alegria, pois não vamos mais morrer por causa
deles. Alguns dizem: “Se sou perdoado até dos pecados que ainda cometerei, então vou aproveitar a vida
sem me preocupar com eles”. Não! Como pode aproveitar a vida em pecado se você já morreu? Quando
Cristo morreu naquela cruz, você morreu juntamente com ele.
3. Jesus desceu da glória e foi levado aos tosquiadores
Isaías 53 diz que Jesus foi oprimido, humilhado diante das autoridades, esbofeteado, mas não abriu
a sua boca. Um soldado não reclama nem lamenta, mas continua lutando e atacando o adversário. Como
cordeiro ele foi levado ao matadouro e como ovelha muda diante dos seus tosquiadores. Tosquiar uma
ovelha é tirar-lhe toda a lã. Você se deixaria tosquiar? Quando o inimigo lhe pede a capa você dá também a
sua túnica? Ou quando ele lhe obriga a andar uma milha, você anda duas? Diante dos seus tosquiadores a
atitude de Jesus foi se calar, ficar mudo, porque ele sabia que aquilo era obra de Deus. Muitos, quando
passam por situações como estas, reclamam tanto que até parece que Deus esqueceu-se deles, mas o
nosso Deus se chama Emanuel – Deus conosco. Eu e Deus somos maioria! Quem pode contra mim se Deus
é por mim? Quem tem consciência da presença de Deus consigo não abre a boca para reclamar.
Por vezes achamos que foi no Getsêmani que Jesus foi levado para a cruz. Não! Ele foi levado para
a cruz no dia em que se separou da glória do Pai para vir a esta terra. Antes disso, ele recebia em todo o
tempo a glória dos anjos e gozava da glória do Pai. Mas, em dado momento, ele diz: “Eu preciso sair deste
ambiente e ir andar com os homens”. Os homens eram maus, mas mesmo assim ele resolveu morar entre
eles.
Jesus foi levado aos tosquiadores:
1º - quando saiu de perto do Pai e se limitou. O Deus infinito (criador de todas as coisas) se tornou
limitado. O universo é um ponto minúsculo em relação à sua grandeza, contudo, ele saiu dela para entrar
no ventre de uma menina. O Criador ficou nove meses no ventre de uma criatura sua e foi levado aos
tosquiadores para sua paixão e sofrimento;
2º - ao se entregar aos cuidados de sua mãe que, talvez, pela sua inexperiência, em alguns
momentos se esqueceu de amamentá-lo ou trocar suas fraudas. Afinal, Maria era uma pessoa normal assim
como Jesus também o era. Ele foi levado aos tosquiadores quando, mesmo sendo o Filho de Deus, se
sujeitou a ser filho de Maria e José;
3º - ao escolheu para si uma profissão humilde, quando podia ter escolhido uma profissão de
destaque (coletor de impostos ou sacerdote). Mas não! Ele escolheu ser carpinteiro, profissão
extremamente humilde;
4º - quando se sujeitou a João Batista, o seu precursor, que anuncia sua chegada como rei. Ele lhe
disse: “É importante que você me batize para que a lei seja cumprida”. Jesus se sujeitou ao enviado de
Deus;
5º - quando precisou suportar andar ao lado de homens carnais, não convertidos, por três anos e
meio. Entre eles estava aquele que o trairia com um beijo e ao qual disse: “O que você quer, amigo?”;
6º - quando, no jardim do Getsêmani, pediu para que a vontade do Pai fosse feita e se sujeitou aos
sofrimentos que ela lhe impunha.
Paulo nos exorta a sermos imitadores de Cristo (Efésios 5:1). A cada manhã deixemo-nos ser
levados aos tosquiadores que nos ferem e não resistamos ao homem mau. Se for necessário sofrer, que
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soframos como o cordeiro que, mudo, foi levado ao matadouro e aos tosquiadores.
4. Ceia – celebração do ato mais espetacular da história
A ceia é o resultado da morte para que se tenha vida. Nela vemos sangue e carne batida. Não se
está aqui falando de transubstanciação, do pão que agora é o corpo de Cristo, mas da celebração do ato
mais espetacular da história. Não há nada mais escandaloso que a ceia e precisamos compreender esse
escândalo se quisermos saber o que ela, de fato, representa para nós.
Vamos analisar o texto de João 6:46-59, mas destacando primeiro o seu último versículo para
entendermos o contexto: “Estas coisas disse Jesus, quando ensinava na sinagoga de Cafarnaum” (v.59). A
sinagoga era um prédio construído pelos judeus para fazê-los lembrar da sua cultura e das Escrituras. Ao
judeu era proibido tocar em cadáver e comer sangue de animais. Esta sinagoga em especial ficava em
Cafarnaum, cidade onde Jesus morava e convivia com aquelas pessoas que o estavam ouvindo. Esse é o
contexto desta passagem de João.
“Não que alguém tenha visto o Pai, salvo aquele que vem de Deus; este o tem visto. Em verdade, em
verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida. Vossos pais comeram
o maná no deserto e morreram. Este (ele aponta para si) é o pão que desce do céu, para que todo o
que dele comer não pereça” (João 6:46-50).
Nos versículos acima Jesus faz um paralelo entre o pão que os hebreus comeram no deserto e ele
próprio (o verdadeiro pão). “Eu sou o pão vivo que desceu do céu...” (v. 51). Isso deixou os judeus confusos,
pois quem dizia ser o pão era o conhecido carpinteiro com o qual conviviam diariamente.
Para surpresa ainda maior, Jesus aprofunda o tema dizendo: “se alguém dele comer...” (v. 51).
“Espere aí – devem ter dito os judeus – a sua proposta é que comamos de você?” Jesus prossegue: “se
alguém dele comer viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne” (v. 51).
“Carpinteiro, filho de Maria e José, o que você está dizendo? Que loucura é essa? Você disse que é pão e,
agora, está dizendo para comermos a sua carne?”. O versículo 52 diz que eles começaram a discutir uns
com os outros e, então Jesus abre o jogo:
“Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do
Homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos. Quem comer a minha carne
e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é
verdadeira comida, e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem comer a minha carne e beber o meu
sangue permanece em mim, e eu, nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e igualmente eu vivo
pelo Pai, também quem de mim se alimenta por mim viverá” (vs. 53-57).
Nós sabemos que Jesus é o sustento da nossa vida, mas, caso você fosse um judeu e estivesse
naquela sinagoga, certamente se levantaria e iria embora. Como já dissemos, não há nada mais
escandaloso que a ceia. Se não pensamos assim é porque nos acostumamos com ela como um simples
ritual a cada mês. Porém, a ceia não é um ritual, mas uma verdade que coloca divisas, limites e mostra
quem somos e a quem pertencemos.
4.1 – A ceia nos identifica e diz a quem pertencemos
Quando na Páscoa (a primeira ceia) os judeus passaram o sangue do cordeiro nos umbrais das
portas, o anjo da morte passou à meia noite matando os primogênitos. Porém, ao ver o sangue, passava
adiante e isentava aquela casa da morte. Por quê? Porque o sangue nos identifica, ou seja, diz quem somos
e a quem pertencemos. Era como se o primogênito daquela casa dissesse: “Eu sou da nação de Israel”. O
mesmo acontece na ceia – ela nos identifica e diz a quem pertencemos, ou seja, que somos o povo de
propriedade exclusiva de Deus, comprados pelo preço de sangue. O anjo da morte não pode nos matar
porque a cadeia se rompeu, não pertencemos mais a faraó.
Unidade Missionária Cristã - Ministrações 2016 (Noites e Cultos Conjuntos)
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4.2 – A ceia fala de entrega e doação
A ceia é o começo de uma nova vida. Não devemos deixar de participar dela porque é o momento
mais forte e profundo da história da igreja e de nossas vidas. Se a ceia nos impactar, daremos e
repartiremos as nossas vidas uns com os outros, pois ela fala de entrega. A igreja primitiva perseverava em
quatro coisas: no pão, na comunhão, na doutrina e na oração (Atos 2:42). Eles não perseveravam em
“comer” o pão, mas em “partir” o pão. Isso é doação. A ceia fala de entrega e, assim como o Senhor Jesus
se entregou por nós, nós nos entregamos uns aos outros.
Em Filipenses Paulo diz: “Ainda que eu seja oferecido por libação...” (2:17). A libação é algo que se
derrama sobre o sacrifício, ou seja, a pessoa entregava o sacrifício e um pouco mais. O alvo de nossas vidas
é, depois de entregar tudo o que somos, entregarmos um pouco mais.
4.3 – A ceia é um estilo de vida
A ceia não se resume a uma reunião mensal, mas ela é um estilo de vida e uma celebração da vida
de Deus. Nela nós nos entregamos ao doador da vida. A Palavra nos exorta a não tomá-la indignamente, ou
seja, insistindo em nosso próprio estilo de vida. O que o Senhor deseja é que nos entreguemos a Ele, assim
como Jesus se entregou aos seus tosquiadores. Esse é o espírito de Cristo que, depois da ceia, deve nos
levar a servir e cuidar das pessoas.
Que Deus nos ajude a nos entregarmos aos tosquiadores e à morte em favor dos nossos irmãos
para que, assim, sejamos UM. Amém!
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AS FINANÇAS, SEGUNDO O REINO DE DEUS – Parte 1
Jamê Nobre
E
xistem alguns ensinos ou doutrinas que mexem com o nosso dia a dia. Hebreus, capítulo 6, cita seis
fundamentos da fé cristã. Fundamentos são alicerces sobre os quais se constroem verdades ou uma
casa ou edifício. Mas existem três outros temas que eu considero fundamentais para a vida diária da igreja.
O primeiro é o Batismo. Muitos consideram o Batismo como algo que lhes aconteceu apenas no
passado – uma lembrança. Mas a Bíblia ensina que o Batismo não é somente um ato ocorrido em algum
momento da nossa história de vida. Ele representa a morte, e essa é tanto um ato como um estado – quem
morreu está morto. Quando você foi batizado, se identificou com Cristo em sua morte, foi colocado
“dentro” dele e esse é o seu estado atual. A morte para o mundo é a sua vitória sobre o pecado, ou seja, se
você já está morto ele não tem mais domínio sobre a sua vida (Romanos 6).
O segundo grande tema é a Ceia, que é a nossa identificação com o Corpo de Cristo. Se você
compreende a Ceia, se discerne o Corpo, não viverá sonolento, fraco ou até morto espiritualmente (1
Coríntios 11). Portanto, é outro assunto que precisamos compreender com profundidade.
O terceiro tema é Finanças. Há um livro escrito por Roberto MacAlister chamado “Dinheiro – Um
Assunto Altamente Espiritual” que muito abençoou minha vida. O dinheiro é realmente um assunto muito
espiritual pois revela o compromisso que temos com Deus, onde realmente está o nosso coração.
Na Bíblia temos dois exemplos de homens cuja forma de tratar as finanças determinou seus
destinos: o jovem rico (Marcos 10) e Zaqueu (Lucas 19). Zaqueu disse: “Senhor, eis que eu dou aos pobres
metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado” (Lucas
19:8). Ele se dispôs a fazer mais do que a Lei pedia, e por isso Jesus disse: “Hoje veio a salvação a esta casa,
pois também este é filho de Abraão” (v. 9). Ou seja, a forma de ele administrar ou enxergar as finanças foi
determinante para sua salvação.
Quanto ao jovem rico, Jesus disse o que lhe faltava para ter uma vida perfeita ou completa: “Faltate uma coisa: vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, toma a
cruz, e segue-me” (Marcos 10:21). Mas a reação dele foi: “Mas ele, pesaroso desta palavra, retirou-se triste;
porque possuía muitas propriedades” (v. 22). Ou seja, a riqueza estava em seu coração. Com isso, Jesus
ficou muito triste porque o amava muito e disse uma frase muito interessante: “Filhos, quão difícil é, para
os que confiam nas riquezas, entrar no reino de Deus! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma
agulha, do que entrar um rico no reino de Deus” (vs. 24,25).
Alguns estudiosos dizem que “agulha” era um nome de uma porta em Jerusalém, mas eu entendo
que Jesus se referia a uma agulha literalmente, falando sobre algo realmente impossível. Então os
discípulos o questionaram: “Quem poderá, pois, salvar-se? Jesus, porém, olhando para eles, disse: Para os
homens é impossível, mas não para Deus, porque para Deus todas as coisas são possíveis” (vs. 26,27).
Finanças é um assunto tão sério que a cada três textos das Escrituras, um fala sobre esse tema. É
tão sério que a Palavra diz que “o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça
alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1 Timóteo 6:10). Ora, se o
amor a ele é a raiz de todos os males, então precisamos compreendê-lo muito bem.
O amor ao dinheiro sempre foi e ainda é o motivo de inúmeras guerras. Eu penso que a Guerra do
Iraque foi motivada exclusivamente pela presença de petróleo naquele país. As Cruzadas, as grandes
navegações e descobertas foram motivadas pelo fator financeiro. O mundo sempre foi e ainda é movido
pelo dinheiro. Ele não se move pelas filosofias ou conhecimentos, mas pelas riquezas. O Brasil é fruto de
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uma cultura extrativista. Quando os nossos descobridores aqui chegaram, eles vieram com a cultura de
“tirar” – foram navegações extrativistas, sempre tirando coisas dos lugares onde chegavam – e nós
captamos isso. Votamos em determinadas pessoas com o objetivo de ganhar algo com elas,
independentemente de serem bons ou não para a cidade ou nação, ou seja, cultura extrativista, intenção
de levar vantagem em tudo. E essa questão de sempre querer ganhar domina a nossas vidas.
Recentemente eu tive uma visão de uma serpente muito grande com a boca aberta ‘chupando’ pessoas, e
Deus me disse que é o espírito desse mundo – ele usa o dinheiro para sugar nossas vidas.
Esse assunto, assim como Batismo e Ceia, só podem ser aplicados se tivermos uma mudança de
mentalidade, conforme diz Romanos 12:2 – “E não sede conformados com este mundo, mas sede
transformados pela renovação do vosso entendimento...”. Paulo diz que não devemos tomar a forma desse
século, mas, o que é que domina os povos da terra, o que caracteriza a cultura desse mundo? O amor às
riquezas!
A conversão não é apenas uma mudança de coração, uma “simples” entrega da vida a Cristo, mas
envolve também uma mudança radical na forma de pensar. Assim, ela não é um “momento”, mas uma luta
e conquista diária em nossa mente para que ela pense como Deus pensa. Por isso precisamos sempre
escutar ao Senhor para saber o que Ele pensa acerca de qualquer assunto. Então, a proposta que Deus tem
para nós na conversão não é apenas um momento, mas uma contínua mudança ou transformação que
COMEÇA pela renovação da mente – mentalidade, conceitos, cultura.
Esse assunto FINANÇAS, da mesma forma, necessita de uma mudança de conceitos ou
mentalidade. Só esclarecendo, nossa visão e coração como presbitério não é exaurir ou “sugar” dinheiro de
ninguém; não queremos fazer aquilo que condenamos em muitos que assim procedem, que fazem toda
sua vida pessoal e da igreja girar em torno das finanças. Nosso propósito ou intenção com esse assunto é
porque cremos que é um tema que necessita ser ensinado e compreendido por todos. Aliás, cremos que
temos um povo muito generoso, pois todas as vezes que levantamos ofertas para situações de necessidade
sempre houve excelente resposta e cooperação. Nossa estrutura mental e de coração não é adepta da
“teologia da prosperidade”. Devemos ensinar isso porque é “um assunto altamente espiritual”.
“Minha é a prata, e meu é o ouro, disse o Senhor dos Exércitos” (Ageu 2:8).
Deus poderia ter dito “Senhor nosso Pastor”, “Senhor Justiça nossa” etc., mas eu acredito que Ele
esteja querendo nos ensinar que é muita responsabilidade administrar o dinheiro do “Senhor dos
Exércitos”.
“Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme
graça de Deus” (1 Pedro 4:10).
Nas famílias mais antigas havia um lugar na casa chamada “despensa” onde se guardava a comida,
o mantimento familiar. Alguém tinha a chave da mesma, o “despenseiro”, e retirava diariamente o
necessário a ser usado para todos. O texto diz que nós temos dons (naturais e espirituais) e que precisamos
aprender a ser bons despenseiros dos mesmos.
Os dons espirituais podem ser a lista que se encontra em 1 Coríntios 12:8-10 e os ministérios de
Efésios 4, mas Deus quer que aprendamos a administrar corretamente todos os dons naturais e espirituais
que Ele colocou em nossas mãos. Se Ele lhe deu o dom de curar, você deve curar. Percebendo em qualquer
ambiente que alguém está enfermo, você deve ir até ele e curá-lo, pois está de posse da chave da
despensa.
Minha sugestão é que você faça uma lista de todos os dons que Deus lhe deu – incluindo sua casa,
seu carro, sua família –, pois tudo o que você tem foi o Senhor quem lhe deu. Tudo! É Ele quem coloca na
nossa mesa tudo o que precisamos. Nós trabalhamos porque Deus também trabalha e porque faz bem
trabalhar. Mas Ele recompensa mais a nossa atitude do que o nosso trabalho em si, pois, se formos
mesquinhos, será muito difícil para Ele nos abençoar. Como Deus pode colocar algo em alguém que tem
mãos fechadas? Então, quando Ele lhe pedir alguma coisa abra sua mão, pois Deus não está interessado em
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algo que você tem, mas em lhe dar mais! Ele não está interessado em seu dinheiro ou coisas justamente
porque não são seus! Entenda isso: Deus não nos dá absolutamente nada que não seja para abençoarmos a
outros! O nosso Senhor é generoso, dadivoso, pródigo e sempre nos dá além do que precisamos.
“Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e
nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda
a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com
muitas dores” (1 Timóteo 6:9,10).
A riqueza não vem por busca, mas como consequência, pois o dono dela é o Senhor, que nos dá na
medida da nossa fidelidade, na medida em que sabemos administrá-la. Muitos crentes não têm seus
salários aumentados, mesmo orando por isso, porque são infiéis ao Senhor e Ele, para poupá-los e impedilos de se tornarem piores, os mantêm com pouco.
“Uns se dizem ricos sem ter nada; outros se dizem pobres, tendo grandes riquezas” (Provérbios
13:7).
Muitos não têm nada, mas são pessoas que agradecem pelo mínimo que recebem e se consideram
ricos por isso. Outros são pobres, mesmo tendo muitas coisas, porque são insatisfeitos. O dinheiro não
satisfaz a ninguém justamente porque não foi criado para isso; ele não tem essa capacidade de satisfazer o
coração humano. Alguns têm bastante dinheiro, mas nunca se satisfazem, pois o problema não é o dinheiro
em si, mas a cobiça interior que os fazem buscar cada vez mais. A cobiça e a sepultura nunca dizem “basta”
(Provérbios 30:15,16); quanto mais têm, mais querem.
“Com as suas riquezas se resgata o homem, mas ao pobre não ocorre ameaça” (Provérbios 13:8).
Eu tinha um amigo muito chegado e, certa vez, alguém chegou para ele oferecendo-lhe para
comprar um bilhete de loteria “premiado”. Mas ele disse: “Não, pois se eu comprar isso, terei muito
trabalho, pois é muito dinheiro e eu vou passar a ser um homem preocupado”. Isso porque o pobre não se
preocupa; quem o faz é quem tem muito dinheiro – onde aplicar, onde investir, como proteger – e nem
dorme. O texto diz que o rico tem de pagar resgate, mas o pobre não sofre ameaças.
“Eu vos digo ainda: Granjeai amigos por meio das riquezas da injustiça; para que, quando estas vos
faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos. Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito;
quem é injusto no pouco, também é injusto no muito. Se, pois, nas riquezas injustas não fostes fiéis,
quem vos confiará as verdadeiras?” (Lucas 16:9-11)
Todo dinheiro que chega em nossas mãos tem origem iníqua, pois ele foi contaminado; talvez
passou por sonegação, ou por rendimento errado, ou por concentração de renda, ou por roubo etc. O
Senhor está dizendo: pegue esse dinheiro e faça amigos por meio dele, ou seja, aplique em pessoas, pois
essas riquezas um dia irão acabar, mas esses amigos lhe receberão no céu. Pedro Arruda diz em um de seus
livros: “Acumular amigos é melhor do que dinheiro na poupança”. Amigos são eternos, então, use seu
dinheiro para fazer amigos, para abençoar pessoas.
“E o que foi semeado entre os espinhos, este é o que ouve a palavra; mas os cuidados deste mundo
e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e ela fica infrutífera” (Mateus 13:22).
Sedução ou fascinação é “encantamento”. As riquezas fazem isso – cativam a nossa atenção, mente
e coração, nos enredam e nos fazem cair em tentações e ciladas. Também nos tornam infrutíferos, pois
muitos, devido às preocupações dessa vida, não têm sido bons cristãos – não oram, não evangelizam, não
estudam a Palavra, não abençoam os irmãos – pois sua grande preocupação é ganhar, reter, proteger,
acumular.
“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de
dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas” (Mateus 6:24).
Unidade Missionária Cristã - Ministrações 2016 (Noites e Cultos Conjuntos)
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Deus coloca a riqueza na mesma posição de um senhor, e alguém disse que o dinheiro é um
péssimo senhor, mas um ótimo servo. Ele domina o coração e afasta a pessoa do Deus verdadeiro. Por isso
devemos transformá-lo em um servo, para que sirvamos bem ao Senhor.
Outro fato interessante nesse texto é que Deus coloca a riqueza como um deus (Mamon), ou seja,
ela não é neutra, mas tem a intenção de nos oferecer o mesmo que Deus oferece. Por exemplo, você pode
dizer: “Se eu tiver mais dinheiro, terei paz”; “Se eu tiver minha casa, terei paz”; “Se eu tiver um emprego ou
um carro melhor, terei paz”; “Se eu tiver dinheiro, terei um futuro tranquilo”. Mas nada disso é verdade,
pois essas coisas não nos dão paz. O dinheiro propõe as mesmas coisas que Deus propõe, só que Deus dá, e
o dinheiro não. Por isso Jesus diz que não podemos servir a dois senhores ao mesmo tempo, pois, com
certeza, amaremos mais a um e aborreceremos o outro. Então não deixe o dinheiro dirigir, governar sua
vida!
Outra coisa: não tome nenhuma decisão na vida baseado em dinheiro. Eu viajo há 46 anos e já
estive em inúmeros países, mas nunca deixei de fazer uma viagem sequer por falta de dinheiro. Minha
esposa, Irani, diz: “Deus não nos dá dinheiro; Ele só nos dá o que precisamos”. Ninguém veste, come ou
dorme dinheiro – ele é apenas um meio que Deus pode usar ou não para essas coisas. Quando eu recebo
uma orientação ou direção para ir a algum lugar, não paro para perguntar se tenho dinheiro para ir, mas
arrumo a minha mala. Meu raciocínio é o seguinte: se eu trabalhasse em uma grande empresa e alguém lá
dentro me dissesse: “Jamê, você precisa ir para a Alemanha semana que vem”, não ficaria preocupado e
pensando se eles vão pagar minha passagem. Então, porque temos esse pensamento quando se refere às
coisas de Deus? Isso chega a ser ridículo: confiamos em empresas, mas não no Senhor! Repito: Deus não
precisa das riquezas do mundo para nos dar o que precisamos! “Ah, então eu vou para a cama dormir?”
Não! Trabalhe, porque isso é de Deus. No seu trabalho você terá inúmeras oportunidades de pregar e viver
a Palavra de Deus, e Ele, sendo muito Bom, no final do mês lhe dará um salário. Nós vivemos nessa terra
por causa do Senhor, e não do dinheiro!
Houve viagens em que eu não sabia de onde viria o dinheiro até uma semana antes da mesma.
Certa vez, íamos viajar e não tínhamos o recurso necessário, mas preparamos as malas. Saímos de uma
reunião e, chegando em casa e abrindo o portão, havia um pacote escuro no chão da garagem. Era uma
bolsa com três mil dólares, exatamente o valor que precisávamos.
Ano passado, eu estava devendo à Irani uma lua-de-mel, pois já tínhamos quase 45 anos de
casados. Coloquei essa situação diante do Senhor e fui visitar um país vizinho. Quando estava saindo da
casa do irmão ele me entregou um envelope e disse: “Isso é para você fazer uma lua-de-mel com sua
esposa”. Aquele valor deu de sobra para eu realizar esse sonho, como também um sonho dela – um tapete
para a sala. Nunca nos faltou absolutamente nada em casa!
Às vezes alguém me pergunta: “Onde você trabalha?”, e eu respondo: “Na maior multinacional do
mundo que já existiu até hoje – a igreja – e sou filho do dono!” A minha preocupação é conhecer a vontade
de Deus e, dessa forma, Ele supre as minhas necessidades para eu continuar fazendo a Sua vontade nesse
mundo.
“E os discípulos se espantaram destas suas palavras; mas Jesus, tornando a falar, disse-lhes: filhos,
quão difícil é para os que confiam nas riquezas entrar no reino de Deus!” (Marcos 10:24).
Muitos anos atrás eu descobri que, ao chegar determinada época do mês, eu não adorava a Deus
como deveria; nas reuniões o meu louvor era muito fraco. Era justamente em finais de meses, quando o
dinheiro acabava. Começava a me preocupar, questionar ao Senhor como eu faria etc., e minha adoração
mudava completamente – virava um lamento só. Mas, logo que eu recebia meu salário, o próximo culto era
maravilhoso. Ou seja, o que estava me dirigindo não era a gratidão ao Senhor, mas a confiança no dinheiro.
Quando lhe está faltando dinheiro, sua adoração passa a ser lamentação, lamúria, dor? Amados, Deus é
Deus – com ou sem dinheiro no bolso! Não permita que o dinheiro dirija seus sentimentos e emoções. O
que deve nos dirigir é a nossa confiança em Deus.
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“Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma, tua irmã: Soberba, fartura de pão, e próspera ociosidade
teve ela e suas filhas; mas nunca fortaleceu a mão do pobre e do necessitado” (Ezequiel 16:49).
Quando pensamos em Sodoma, geralmente lembramos de imoralidades e desvios sexuais, mas
esse texto mostra o que realmente destruiu essa cidade. A perversão sexual foi apenas a consequência do
afastamento do coração daquele povo da presença de Deus, colocando-o na riqueza, prosperidade, fartura
de pão e soberba. Muitos, ao enriquecerem, se tornam soberbos. Outros, ao perderem-no, se tornam
humildes.
Quero citar alguns princípios sobre esse assunto. Princípio é um fundamento sobre o qual
construímos nossa vida, caráter, cultura, mentalidade; é a nossa maneira de ser, pensar e agir.
QUATRO PRINCÍPIOS SOBRE FINANÇAS
1) Tudo o que temos em nossas mãos pertence ao Senhor, então somos mordomos e não donos.
A função do mordomo é cuidar dos bens do seu senhor; ele presta contas. Assim, a consequência
dessa mentalidade é que passamos a ser criteriosos na administração dos bens que não são nossos. Os
dons que temos, naturais e espirituais, não nos pertencem, portanto, não temos liberdade de usá-los de
qualquer forma. Tudo é do Senhor, então temos de obedecer a tudo o que Ele nos mandar fazer com o
dinheiro ou bens que nos concede para usarmos.
Não que meu pai tenha tido culpa, mas eu fui criado sem muita responsabilidade e disciplina
financeira. Muitas vezes meu salário, ao final do mês, era apenas os vales do que eu já havia retirado ao
longo do mesmo. Então sempre precisava pedir dinheiro emprestado ao meu pai, inclusive para ir
trabalhar. Já Irani, ela recebia dinheiro de seu pai para estudar e optava por ir a pé para poder guardar o
mesmo. Eu nunca guardava, pois entendia que dinheiro era para gastar. Por exemplo, ela via um sapato na
vitrine e guardava o dinheiro até poder comprá-lo à vista. Então nos casamos com essas mentalidades e
práticas diferentes e muitas contendas aconteciam entre nós.
Eu chegava em alguma loja e me julgava na liberdade de comprar o que eu quisesse; Irani já não
sentia essa liberdade, pois cria que o dinheiro não era dela. Então, ela queria trabalhar para ter um
dinheiro só dela. Um dia o Senhor me disse: “O dinheiro não é seu, mas Eu lhe dou para sustentar sua
família. Você não tem liberdade para gastar do jeito que quer!”. E falou para ela: “Pode gastar, pois o
dinheiro também é seu!”. Essa palavra do Senhor foi uma grande dificuldade para ambos. Hoje ela tem seu
próprio talão e cartão e usa-os da maneira como julga que deve, e eu tenho 100% de confiança nela. A
minha mentalidade hoje é de que quem deve se preocupar com o sustento da casa sou eu e não ela. Essa
foi uma grande vitória em minha vida.
Eu fiz isso baseado em uma história de um irmão que nos aconselhou muitos anos atrás. Ele disse
que sua esposa foi a Deus em oração e disse: “Senhor, eu estou precisando de um sapato!” E Deus lhe
respondeu: “Eu não sou seu marido; vá falar com ele. Agora, se ele não tiver dinheiro, então ele que venha
falar Comigo”. Então ele chegou para o marido e lhe disse: “Deus me falou para você me dar um sapato”. E
eu tomei essa história para minha vida. Assim, a preocupação de quanto tenho no banco, se é suficiente ou
não, é minha. Eu não quero que minha esposa tenha qualquer preocupação nessa área. Se vejo que está
difícil, é minha responsabilidade dobrar os joelhos e dizer: “Senhor, mande, por favor, pois estamos
precisando; eu não quero que minha esposa se preocupe com isso”.
2) É a paternidade de Deus que O leva a cuidar de cada um de nós com mais cuidado do que com os
pardais.
“Por isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, ou pelo que
haveis de beber; nem, quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o
alimento, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem
ceifam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não valeis vós muito mais do
que elas? Ora, qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua
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estatura? E pelo que haveis de vestir, por que andais ansiosos? Olhai para os lírios do campo, como
crescem; não trabalham nem fiam; contudo vos digo que nem mesmo Salomão em toda a sua glória
se vestiu como um deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é
lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé? Portanto, não vos inquieteis, dizendo:
Que havemos de comer? Ou: Que havemos de beber? Ou: Com que nos havemos de vestir? (Pois a
todas estas coisas os gentios procuram.) Porque vosso Pai celestial sabe que precisais de tudo isso”
(Mateus 6:25-32).
Deus sabe tudo o que precisamos. Quando lemos em Deuteronômio 29:5: “Quarenta anos vos fiz
andar pelo deserto; não se envelheceu sobre vós a vossa roupa, nem o sapato no vosso pé”, isso revela o
caráter supridor do nosso Pai. Ele conhece até a espessura da sola do nosso sapato! Ele é Pai e se preocupa
com as mínimas coisas de nossas vidas! Por isso Jesus diz que não devemos nos inquietar ou viver ansiosos
com as coisas, mas, sim, deixar que Deus Se preocupe com isso.
Jesus usa dois exemplos para nos ensinar essa verdade: os pardais (aves do céu) e os lírios do
campo. Quanto vale um pardal? Nada, não tem valor. Mas eu lhe pergunto: quantos deles você já viu cair
na terra porque morreu de fome? Jesus não morreu por pardais. Então será que Deus, que não negou o
Seu próprio Filho, irá nos negar roupa e comida? Desconfiar de Deus é ofender a Ele, pois valemos muito
mais do que os pardais. Depois Jesus fala sobre os lírios do campo, que de manhã são bonitos, mas à tarde
secam e são jogados no fogo. E diz que nem Salomão, em toda sua glória, se vestiu como eles.
A lição e princípio é: Deus sabe de tudo e Seu compromisso é suprir as nossas necessidades. Você
sabe disso? Mas sabe com a cabeça ou com o coração? Saber só com a cabeça não traz benefício algum,
mas saber com o coração nos faz viver uma vida de paz, descanso e confiança no Senhor.
Eu repito: não é que devemos parar de trabalhar, mas, sim, que não devemos confiar em nossas
próprias forças, mas confiar no Senhor e Ele irá suprir cada uma das nossas necessidades. A ansiedade é a
causa de muitas enfermidades e, principalmente na área financeira, é muito forte na vida do ser humano. O
que será do Brasil no mês ou no ano que vem? Para nós não mudará nada, pois temos certeza que Deus
continuará nos suprindo.
Dias atrás Irani chegou a mim e disse: “Jamê, como será o nosso sustento quando ficarmos
velhos?” Eu respondi: “Bem, já estamos né? Mas Deus não envelhece! Se Ele cuidou de nós no começo de
nossas vidas também o fará no final delas! Ele não muda!” É nisso que eu confio, pois quem me sustenta é
o meu Senhor, o meu Pai!
Encha sua boca e diga: “PAI NOSSO”. É importante falar o “nosso”, pois muitas vezes achamos que
somos filhos únicos. Digo isso porque às vezes eu acho que Deus faz algumas coisas apenas comigo. Certa
vez, eu estava hospedado em casa de um irmão e, conversando com ele, abri minha mala. Ele olhou e me
disse: “Jamê, você está precisando de roupas. Precisa comprar camisas. Precisa orar sobre isso”. Eu disse:
“Não, eu não oro sobre isso, não é minha prática”. Ele respondeu: “Mas se você não orar, Deus não irá
mandar”. Mas eu me mantive firme em minha colocação e, então, ele disse: “Assim eu duvido que Deus vai
lhe dar”. Quando saí de lá e fui para outra cidade, ganhei 17 camisas. Então voltei até ele e lhe dei algumas!
Eu poderia contar inúmeras situações que Deus fez comigo para mostrar que Ele é o meu Pai. Outra
vez eu estava arrumando a mala e Irani me disse que eu precisava comprar uma camisa, uma calça e um
sapato social, e também uma camiseta polo. Eu disse: “Está bem. Na volta falamos sobre isso”. Viajei, fiquei
vários dias hospedado na casa de um irmão, e na hora de ir embora ele me ligou e disse: “Jamê, passe na
minha loja que eu quero me despedir de você”. Era uma loja enorme de roupas. Quando lá entrei, ele disse
ao gerente: “É esse aqui”. E aquele homem me deu uma camisa, uma calça e um sapato social, e uma
camiseta polo! Parecia até que Irani havia escrito um bilhete para Deus! Será que eu posso reclamar Dele?
Mas eu pergunto: eu sou um filho especial? Não! É por isso que Ele nos manda orar “Pai Nosso”! O
Deus que cuida de mim é o mesmo que cuida de você – não porque merecemos, mas porque Ele é o
NOSSO PAI.
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3) Deus conhece a nossa vida infinitamente mais do que nós mesmos.
Deus tem um compromisso conosco de suprir todas as nossas ‘necessidades’, e não as nossas
‘vaidades’. Quando você fizer uma oração e Deus não lhe responder ou lhe disser “não”, se alegre, pois isso
significa proteção! O “sim” de Deus pode ser uma concessão, porque estamos insistindo muito, mas o
“não” é sempre um sinal de proteção. Mas Ele sempre cuida de nós, seja quando diz “sim” ou quando diz
“não”, pois sabe tudo de que precisamos. Às vezes Lhe pedimos algo e Ele diz: “Eu não vou lhe dar porque
isso não será bom para você”. Ele conhece nosso passado, presente e futuro!
4) A nossa vida deve estar sempre envolvida com a vontade de Deus para nós.
A nossa responsabilidade é nos “ocupar”, e não nos “preocupar”. Preocupar é cansar duas vezes; é
ficar pensando em tudo o que precisa fazer, ou seja, fazer o mesmo trabalho duas vezes. Como dizia meu
pai na fé, “não passe na ponte antes de chegar nela”. Preocupação não muda o futuro. Então, lance fora
toda sua “pré-ocupação”.
Resumindo, Deus cuida de nós, sabe tudo o que precisamos, nos conhece infinitamente mais do
que nós mesmos e nossa tarefa e responsabilidade é nos ocuparmos com a vontade e com as coisas Dele.
Alguém disse a seguinte frase: “Quando nos ocupamos com as coisas de Deus, Ele Se ocupa com as nossas
coisas”.
TRÊS COISAS QUE FUNDAMENTAM A NOSSA CONTRIBUIÇÃO
1) Com generosidade
Seja sempre generoso. “Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando
vos deitarão no regaço; porque com a mesma medida com que medis, vos medirão a vós” (Lucas 6:38). Nós
não damos porque Deus nos dará de volta, mas, sim, porque Ele é generoso e nós, como filhos amados,
devemos imitá-Lo.
2) Com proporcionalidade
Devemos abençoar na mesma proporção com que somos abençoados pelo Senhor.
3) Com regularidade
Não sejamos generosos em um mês e mesquinhos em outro, mas aprendamos a contribuir com
regularidade.
“Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, nem por constrangimento;
porque Deus ama ao que dá com alegria. E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a
graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda boa obra;
conforme está escrito: Espalhou, deu aos pobres; a sua justiça permanece para sempre. Ora, aquele
que dá a semente ao que semeia, e pão para comer, também dará e multiplicará a vossa
sementeira, e aumentará os frutos da vossa justiça, enquanto em tudo enriqueceis para toda a
liberalidade, a qual por nós reverte em ações de graças a Deus. Porque a ministração deste serviço
não só supre as necessidades dos santos, mas também transborda em muitas ações de graças a
Deus; visto como, na prova desta ministração, eles glorificam a Deus pela submissão que confessais
quanto ao evangelho de Cristo, e pela liberalidade da vossa contribuição para eles, e para todos;
enquanto eles, pela oração por vós, demonstram o ardente afeto que vos têm, por causa da
superabundante graça de Deus que há em vós. Graças a Deus pelo seu dom inefável” (2 Coríntios
9:7-15).
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AS FINANÇAS, SEGUNDO O REINO DE DEUS – Parte 2
Jamê Nobre
H
á três bases que fundamentam a nossa contribuição: generosidade, proporcionalidade e regularidade.
Vamos falar sobre a generosidade.
“E sentando-se Jesus defronte do cofre das ofertas, observava como a multidão lançava dinheiro no
cofre; e muitos ricos deitavam muito. Vindo, porém, uma pobre viúva, lançou dois leptos, que
valiam um quadrante. E chamando ele os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta
pobre viúva deu mais do que todos os que deitavam ofertas no cofre; porque todos deram daquilo
que lhes sobrava; mas esta, da sua pobreza, deu tudo o que tinha, mesmo todo o seu sustento”
(Marcos 12:41-44).
Jesus observava a maneira (como, e não quanto) as pessoas depositavam o dinheiro no cofre
(gazofilácio). Ele viu vários homens religiosos levarem suas ofertas, mas uma pessoa chamou a sua atenção
– uma mulher muito pobre. Segundo Jesus, ela ofertou mais do que todos os outros, porque ela deu tudo o
que tinha, todo o seu sustento. O valor de uma oferta é medido não pelo tanto que se coloca na caixa, mas
pelo tanto que fica no bolso.
A nossa relação com o Senhor deve ser radical – não no sentido de extremista, mas de ir até a raiz.
Deus não enviou apenas uma parte de Seu Filho à Terra, mas o enviou por inteiro. Também, quando enviou
o Espírito Santo, o fez na “mesma medida do dom de Cristo” (Efésios 4:7), ou seja, completo, em plenitude.
Então essa é a maneira de Deus Se relacionar conosco – dando-Se inteiramente a nós! É por isso que
quando damos apenas um pouco, uma parte de nós a Ele a relação fica comprometida, pois Deus não Se
satisfaz. Assim, a questão não é o dinheiro em si, mas a nossa capacidade de doação.
A nossa generosidade não pode se limitar a momentos da vida, mas deve ser uma atitude
constante do coração; não somente quando somos provocados ou convocados a contribuir, mas uma
forma de viver, um estilo de vida. Ou seja, o nosso coração deve ser generoso pois o Espírito generoso de
Deus vive dentro de nós. Então, que aprendamos a ser generosos em casa, no trabalho, no trânsito, na
escola, na igreja e em todos os lugares.
“Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque
Deus ama ao que dá com alegria” (2 Coríntios 9:7).
As nossas ofertas devem se basear naquilo que propusemos no coração e não na mente (não tem
nada a ver com raciocínios). Também não devem ser dadas com tristeza ou por necessidade, ou seja, “vou
ofertar porque preciso que Deus multiplique o que vou dar”, ou então para suprir alguma necessidade da
igreja, pois “Deus ama ao que dá com alegria”.
Como demonstramos alegria? Rindo, pulando, dançando, gritando, louvando, cantando etc. Então
o nosso momento de ofertas deveria ser de muita alegria, pois essa é a atitude que Deus ama.
“E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo,
toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra” (2 Coríntios 9:8).
Deus tem prazer em nos fazer ter ampla suficiência, em termos tudo o que necessitamos. Mas não
somente ter para nós mesmos e, sim, para repartirmos com outros. Esse é o padrão de Deus – que
tenhamos para nós e que sobre para ajudar a outros. Mas, se formos mesquinhos, como Ele poderá fazer
com que abundemos em toda a graça e com toda a suficiência? Alguns irmãos passam por situações difíceis
porque não são generosos, pois “o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em
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abundância, em abundância ceifará” (v. 6). Eu não estou dizendo que a igreja é um “investimento”, pois
nós damos independente de Deus nos devolver ou não; aliás, o generoso não espera retorno ou resultado
do que dá. Mas a verdade é que Deus o recompensa.
Certa vez eu estava em uma Congregação e os irmãos levantaram uma oferta para comprar
cadeiras. Eu havia ganho uma oferta e, então, peguei aquele dinheiro e dei. Logo depois, uma irmã chegou
para mim, muito constrangida, dizendo: “Deus me mandou fazer algo, mas gostaria que você não se
ofendesse”. Então ela me deu um envelope com o dobro do que eu havia dado. Quando cheguei em outra
cidade, na hora da oferta peguei esse mesmo envelope, do jeito que estava, e dei. Na saída do culto um
irmão me procurou e me deu outra oferta.
Alguém disse que no tocante a dar ninguém vence a Deus.
Mas não devemos ser generosos apenas porque Deus nos dá de volta – isso é investimento e não
generosidade. Temos que dar porque esse é o nosso caráter, que é o caráter de Deus – dadivoso, doador,
generoso.
“Ora, quanto à coleta que se faz para os santos, fazei vós também o mesmo que ordenei às igrejas
da Galácia. No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar,
conforme a sua prosperidade, para que não se façam as coletas quando eu chegar” (1 Coríntios
16:1,2).
O assunto central da carta aos Coríntios é a unidade da igreja. Aqueles irmãos eram muito
trabalhosos e Paulo lhes escreveu também para ensiná-los como ser dadivosos. Eles tinham de levantar
uma oferta para os irmãos em Jerusalém e Paulo os orientou a começar a separar antecipadamente, ainda
em suas casas. Ou seja, esse ambiente de oferta devemos começar a cultivar dentro das nossas casas.
Durante um tempo, eu e Irani sempre que vínhamos às reuniões trazíamos um “presentinho para Jesus” –
uma caneta, um pano de prato, um bolo etc. Mas para quem dávamos? Para os irmãos! Um detalhe: não
dê para aqueles que possam lhe devolver, mas para aqueles que não têm condições de lhe recompensar.
Jesus dizia isso: “Quando deres um jantar, ou uma ceia, não chames os teus amigos, nem os teus irmãos,
nem os teus parentes, nem vizinhos ricos, para que não suceda que também eles te tornem a convidar, e te
seja isso recompensado” (Lucas 14:12). No Reino de Deus nós presenteamos, ofertamos, suprimos aqueles
que não têm condições de nos devolver. Então, essa cultura ou estilo de vida começa em casa: “ponha de
parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade”. “Vá juntando”, isto é, a família se acostumando a
guardar para depois ofertar.
“...para que não se façam as coletas quando eu chegar”, ou seja, quando Paulo chegar, que já
esteja tudo preparado. Antigamente, nas casas de algumas pessoas, encontrávamos vidros cheios de
moedas que eram juntadas para serem ofertadas para Missões. Esse é um costume que precisávamos
voltar a praticar – ensinar os nossos filhos a serem dadivosos, a trocar um sorvete ou um lanche por uma
oferta para alguém ou para algum lugar que necessita.
Doar é um culto suave ao Senhor, um sacrifício agradável que redunda em bênçãos para nós:
“Mas bastante tenho recebido, e tenho abundância. Cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o
que da vossa parte me foi enviado, como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a
Deus” (Filipenses 4:18).
Nos versos 10 a 17, Paulo diz que havia aprendido a viver em qualquer situação, fosse de fartura ou
de necessidade e, por isso, “tudo posso Naquele que me fortalece”. E agora, depois de receber essa oferta
dos filipenses, ele estava suprido e essa oferta era como um “cheiro suave e sacrifício agradável e aprazível
a Deus”. Assim, quando ofertamos estamos oferecendo um culto agradável ao Senhor. Culto não se oferece
de qualquer forma, mas deve ser do coração. Qual é a forma com que você contribui? Com que atitude faz
sua oferta? Se não for de coração não agrada ao Senhor.
“E andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e
sacrifício a Deus, em cheiro suave” (Efésios 5:2).
Paulo está dizendo que do mesmo modo que a oferta de Cristo ao Pai foi um aroma e sacrifício
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suave, se entregando por nós, assim também deve ser entre nós. Quando NOS ofertamos, isso sobe diante
de Deus como um incenso agradável a Ele. Então, quando lhe for dada a oportunidade de ofertar, entenda
que você está cultuando ao Senhor e que a sua oferta está subindo diante Dele como cheiro suave.
A generosidade é um ato de fé e também uma atitude de previdência:
“E eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem,
vos recebam eles nos tabernáculos eternos. Quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito; quem é
injusto no mínimo, também é injusto no muito. Pois, se nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem
vos confiará as verdadeiras?” (Lucas 16:9-11).
Todo dinheiro que chega em nossas mãos, de alguma forma é de origem injusta – passou por
sonegação, “lavagem” etc. Então, precisa ser purificado. Quando você receber seu salário, o santifique em
oração. Não é “entregar ao Senhor”, mas dedicar a Ele porque já é Dele. Ora, se não é seu, você terá mais
cuidado ao gastar.
Jesus diz para usarmos essas riquezas para conquistarmos amigos e os levarmos para o reino dos
céus. Há uma simples razão para isso: estamos chegando ao final dos tempos e tudo que existe será
destruído, queimado pelo fogo. Sabendo que algo vai queimar, você colocaria dinheiro nisso? Não, pois é
uma questão de bom senso. Então, se tudo vai acabar, não coloque seu dinheiro nas coisas desse mundo.
Invista apenas o necessário e tenha uma visão ampla – aplique nas coisas eternas. Quando as riquezas
acabarem, esses amigos nos receberão nos tabernáculos eternos.
“Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás. Reparte com sete, e
ainda até com oito, porque não sabes que mal haverá sobre a terra” (Eclesiastes 11:1,2).
Quando você oferta, quando é generoso está praticando um ato de fé. Quando lançamos um pão
na água ele se dissolve, mas o texto diz que depois de muitos dias o acharemos. E continua dizendo para o
repartirmos com outros, “porque não sabes que mal haverá sobre a terra”. Ora, se não sabemos o que
acontecerá no dia de amanhã, o mundo ensina que devemos guardar, reter, poupar, aplicar o que temos,
mas o texto diz para repartirmos com sete ou oito.
“Estando as nuvens cheias, derramam a chuva sobre a terra, e caindo a árvore para o sul, ou para o
norte, no lugar em que a árvore cair ali ficará. Quem observa o vento, nunca semeará, e o que olha
para as nuvens nunca segará” (Eclesiastes 11:3,4).
A chuva é formada pelos processos de evaporação, condensação e precipitação – a nuvem só
devolve o que recebeu. Se você quer chuva, então deve fazer evaporar coisas para o alto. O texto também
ensina que não devemos semear com o objetivo de colher ou receber, pois a chuva virá de qualquer forma.
Então semeie, mas sem criar uma expectativa que terá de volta. Entretanto, se você semear, fatalmente a
resposta da sua semeadura virá de volta.
“Assim como tu não sabes qual o caminho do vento, nem como se formam os ossos no ventre da
mulher grávida, assim também não sabes as obras de Deus, que faz todas as coisas. Pela manhã
semeia a tua semente, e à tarde não retires a tua mão, porque tu não sabes qual prosperará, se
esta, se aquela, ou se ambas serão igualmente boas” (Eclesiastes 11:5,6).
Semear pela manhã e à tarde – esse é um caminho de fé e de previdência. Se você sabe que essa
terra será destruída, investirá o mínimo possível aqui e o máximo possível no que permanecerá
eternamente, o Reino de Deus. Isso não é religiosidade, mas bom senso. Alguns irmãos dizem: “Eu não
tenho e por isso não estou ofertando e dizimando”. Mas a pergunta é: eu não dou porque não tenho ou
não tenho porque não dou? A Bíblia ensina que quanto mais dermos, mais teremos. Dar é um passo de fé.
Ofertar ou dizimar é uma associação que fazemos com aqueles que repartem conosco bens
espirituais, que cuidam de nós, que são separados pelo Senhor para o ministério:
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“Ora, muito me regozijo no Senhor por terdes finalmente renovado o vosso cuidado para comigo; do
qual na verdade andáveis lembrados, mas vos faltava oportunidade” (Filipenses 4:10).
A igreja de Filipos tinha cuidado pelos seus pastores e, nesse caso, em especial com Paulo; e não só
uma, mas diversas vezes.
“Não digo isto por causa de necessidade, porque já aprendi a contentar-me com as circunstâncias
em que me encontre. Sei passar falta, e sei também ter abundância; em toda maneira e em todas as
coisas estou experimentado, tanto em ter fartura, como em passar fome; tanto em ter abundância,
como em padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece. Todavia fizestes
bem em tomar parte na minha aflição” (vs. 11-14).
Paulo deixa muito claro que a sua alegria não era por ter recebido uma oferta, mas pelo fato dos
irmãos terem aberto seus corações para isso. E, no verso 14, ele diz que eles fizeram bem em “associaremse” em sua dificuldade. Associar é comprar ação, ou seja, aqueles irmãos compraram ações nas tribulações
de Paulo. No mínimo era um investimento de alto risco, pois Paulo não tinha segurança alguma – sempre
perseguido, jurado de morte, doente – mas aqueles irmãos decidiram investir em sua vida.
“Também vós sabeis, ó filipenses, que, no princípio do evangelho, quando parti da Macedônia,
nenhuma igreja se associou comigo no sentido de dar e de receber, senão vós somente; porque
estando eu ainda em Tessalônica, não uma só vez, mas duas, mandastes suprir-me as
necessidades” (vs. 15,16).
Então, existe uma associação entre pastor e ovelha: um entrega bens espirituais e outro entrega
bens materiais, e isso é feito na base do amor e não da obrigação. Quando nós, pastores, ministramos, não
o fazemos visando o que iremos receber de salário, mas, sim, porque temos um vínculo com Deus, O
amamos e queremos ser fiéis ao ministério. Não tem a ver com salário, mas com um compromisso com o
Senhor. Assim, quando você entrega dízimos e ofertas está comprando ações na vida dos seus pastores.
Qual o resultado disso?
“Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que aumente o vosso crédito” (v. 17).
Esse crédito é diante de Deus. Paulo diz que não estava alegre apenas por ter recebido a oferta,
mas porque o crédito daqueles irmãos estava aumentando diante de Deus.
“Mas tenho tudo; tenho-o até em abundância; cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que
da vossa parte me foi enviado, como cheiro suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus. Meu
Deus suprirá cada uma das vossas necessidades segundo as suas riquezas na glória em Cristo Jesus”
(vs. 18,19).
Ele começou falando de investimento, depois de associação, de crédito e agora de rendimento.
Como se calcula o rendimento de uma aplicação? Valor aplicado X taxa X tempo. Paulo fala sobre o valor (o
investimento ou oferta), o tempo (várias vezes) e o fator com que acontece a multiplicação: a riqueza na
glória de Deus. Deus não se importa com o quanto você dá, mas com o seu coração generoso e Ele promete
que lhe devolverá segundo Sua riqueza na glória. Quanto é isso? Incalculável. E Ele também diz que suprirá
“cada uma” das suas necessidades. Então, invista!
Existe uma “doutrina” em algumas igrejas que diz que no Novo Testamento não existe dízimos, que
esses pertencem à Lei. Mas isso não é verdade, pois o dízimo é anterior à Lei. Quem primeiro entregou o
dízimo foi Abraão, para Melquisedeque. O sacerdócio de Jesus é da ordem de Melquisedeque, e não de
Levi (Hebreus 7:21). Como nós também somos dessa ordem, entregamos os dízimos. A Lei não instituiu ou
mandou trazer os dízimos. O que ela fez foi regulamentar a aplicação dos mesmos – ao levita, ao
estrangeiro, ao órfão e à viúva (Deuteronômio 26:12). O escritor aos Hebreus diz que o sacerdócio levítico
pagou o dízimo a Melquisedeque em Abraão (Hebreus 7:9). Então, como somos filhos de Abraão,
entregamos os nossos dízimos não por causa da Lei, mas por que reconhecemos que o Senhor é dono de
todas as coisas.
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Não temos ensinos específicos sobre o dízimo no N.T. pelo seguinte motivo: o Espírito Santo
encheu aqueles irmãos e eles passaram a contribuir com tudo o que tinham:
“Todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e
bens e os repartiam por todos, segundo a necessidade de cada um. (...) Da multidão dos que criam,
era um só o coração e uma só a alma, e ninguém dizia que coisa alguma das que possuía era sua
própria, mas todas as coisas lhes eram comuns. (...) Pois não havia entre eles necessitado algum;
porque todos os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que vendiam e o
depositavam aos pés dos apóstolos. E se repartia a qualquer um que tivesse necessidade” (Atos
2:44,45; 4:32,34,35).
Será que havia necessidade de ensinar dízimo a um povo que dava tudo? Falar de dízimo seria
abaixar o padrão da prática que eles tinham. E nós também não somos dos que entregam o dízimo, mas
dos que entregam tudo! O dízimo é apenas simbólico – entregamos 10% para dizer que os 90% também
pertencem ao Senhor. É o mínimo que um cristão deve entregar, e isso para viver na Lei. Mas, se quiser sair
da Lei, deve caminhar para entregar 100%. Quem dá apenas 10% faz o mesmo com seu tempo, seu
coração, seu amor, seu serviço – e nós não somos assim.
Seja fiel. Se você não tem condições comece com o dízimo, mas não pare aí. Tenho um amigo,
pastor, que está trabalhando há vários anos para viver com 10% do seu salário e dar o resto para a obra. Eu
penso que dar apenas o dízimo é ser mesquinho. Quando alguém me pergunta se deve dar o dízimo “do
bruto ou do líquido” eu lhe digo para não dar nada, pois Deus não faz isso conosco. Ele não “calcula”
quantas bênçãos nos dá mensalmente.
As riquezas não são “para que” e, sim, “para quem”. As riquezas de um homem podem ter dois
parâmetros de medição. Primeiro, alguém é rico se comparado a outro. Por exemplo, alguém que ganha
mil reais é rico se comparado a alguém que ganha trezentos reais, mas é pobre se comparado a um
bilionário. Segundo, pode-se medir a riqueza pelo tanto que o coração está na mesma. Existem pessoas que
são ricas não tendo nada e pessoas que são pobres tendo tudo:
“Há quem se faça rico, não tendo coisa alguma; e quem se faça pobre, tendo grande riqueza”
(Provérbios 13:15).
Portanto, a riqueza é uma coisa relativa e a Palavra nos ensina que precisamos ser ricos PARA COM
DEUS. Nossa vida, nossos bens, tudo deve ser dedicado ao Senhor. Alguns se agarram a uma bicicleta velha
– são ricos para com o mundo; outros têm uma grande fortuna e a dedicam ao Senhor – são ricos para com
Deus.
Conheci um irmão que, ao hospedar-me em sua casa, ele colocava à minha disposição um quarto,
uma geladeira cheia, um carro etc. Ele participava de uma Congregação em determinada cidade e visitava
várias outras. Quando chegava em alguma igreja, observava tudo o que faltava ali e pedia ao seu pastor
para lhe enviar para lá. Sendo enviado, chegava lá e supria tudo o que aquela igreja precisava, todas as
necessidades naturais dos pastores e do templo. Quando terminava, pedia para ser enviado para outra e
fazia o mesmo. E a riqueza não parava de chegar às suas mãos. Seus filhos foram criados da mesma
maneira. Um deles, antes de casar, disse a Deus: “Senhor, eu quero ser mais generoso do que o meu pai”. E
se casou com uma moça que era mais generosa do que ele. Para pessoas assim Deus dá com toda
confiança, pois Ele sabe que elas usarão tudo o que têm para a glória Dele e para abençoar a outros.
Portanto, o que temos não é “para que”, mas “para quem”.
“Propôs-lhes então uma parábola, dizendo: O campo de um homem rico produzira com abundância;
e ele arrazoava consigo, dizendo: Que farei? Pois não tenho onde recolher os meus frutos. Disse
então: Farei isto: derribarei os meus celeiros e edificarei outros maiores, e ali recolherei todos os
meus cereais e os meus bens; e direi à minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para
muitos anos; descansa, come, bebe, regala-te. Mas Deus lhe disse: Insensato, esta noite te pedirão
a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e
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não é rico para com Deus” (Lucas 12:16-21).
O dinheiro propõe oferecer-nos o que Deus nos oferece. Ele propõe paz, alegria, segurança,
tranquilidade futura – mas não dá nada disso e ainda nos cobra. É por isso que Jesus não trata o dinheiro
com neutralidade, mas como um Deus: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e
amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom” (Mateus
6:24).
O texto diz “para quem será”. Então o que temos não é para nós, mas para servir as pessoas. Em
Efésios 4:28 Paulo diz: “Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é
bom, para que tenha o que repartir com o que tem necessidade”. Devemos trabalhar sim, mas não apenas
para nosso próprio benefício e, sim, para ajudar as pessoas necessitadas. Não é para guardar ou acumular,
não é para a nossa glória e conforto, não é para dizer: “Alma, tens em depósito muitos bens para muitos
anos; descansa, come, bebe, regala-te”. Jesus chama as pessoas que assim o fazem de “loucas, insensatas”.
“Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de pão, e próspera ociosidade
teve ela e suas filhas; mas nunca fortaleceu a mão do pobre e do necessitado” (Ezequiel 16:49).
O pecado de Sodoma não foi o desregramento sexual – esse foi apenas consequência da soberba,
da fartura, da ociosidade próspera e da falta de cuidado com as pessoas. Que o Senhor nos livre de sermos
como Sodoma. Que tenhamos essas verdades alicerçadas em nossos corações, pois Jesus disse: “Acautelaivos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundância das
coisas que possui” (Lucas 12:15). Assim, não coloquemos nossa esperança nessas coisas – salários, bens,
riquezas – mas as usemos para a glória do Senhor, para servir a Deus e aos nossos irmãos.
Tempos atrás, conversei com um irmão e ele me dizia que aos 12 anos descobriu que era filho
adotivo e entrou em crise. Uma família muito pobre o havia adotado. Com 17 anos, durante uma grande
provação, ele se converteu ao Senhor, uma experiência muito profunda. Então ele disse a Deus: “Senhor,
eu quero Te servir. Quero andar pelas nações dizendo que Tu és vivo”. E Deus lhe respondeu: “Você não vai
andar pelas nações, mas faz sustentar quem o faz”. Esse rapaz entrou em uma empresa, aprendeu o
trabalho e montou uma empresa para fazer a mesma coisa. Hoje ele é um dos maiores industriais de sua
área no Brasil, vendendo para toda a América Latina. Um dos seus projetos é vender grandes máquinas em
Moçambique e usar a comissão das vendas para sustentar os pastores e famílias pobres daquela nação. Ele
me disse que seu objetivo é sustentar 1.000 missionários. Por essa causa Deus lhe dá muito dinheiro, pois
confia nele.
Será que Deus tem confiança em você para aumentar seu salário? Para alguns Ele não pode dar
nem um salário mínimo, pois pecam com pouco. Eles até pedem para Deus lhes aumentar o salário, mas
Ele não o faz para que não pequem ainda mais. No entanto, se você for generoso e Deus confiar em você,
Ele irá colocar muitas riquezas em suas mãos. Eu estou profetizando que Deus vai separar pessoas para
administrar grandes fortunas.
Um grupo de empresários me procurou e disse: “Em nossa Empresa temos 3 milhões de reais de
lucro. Queríamos que nos dissesse como podemos aplicar isso na obra de Deus”. E estão ficando cada vez
mais ricos, porque Deus tem confiança neles.
Coloque seu coração diante de Deus e diga-Lhe: “Senhor, o que eu tenho é Teu e eu serei fiel em
tudo o que Tu colocares em minhas mãos, não importa o que seja, grande ou pequeno. Em nome de Jesus!
Amém!”
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A PÁSCOA – RESSURREIÇÃO DE JESUS
Abnério Cabral
“E eu passarei pela terra do Egito esta noite, e ferirei todo o primogênito na terra do Egito, desde os
homens até aos animais; e em todos os deuses do Egito farei juízos. Eu sou o SENHOR. E aquele
sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e
não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito. E este dia vos será por
memória, e celebrá-lo-eis por festa ao SENHOR; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto
perpétuo” (Êxodo 12:12-14).
E
stamos celebrando a Páscoa, que é a ressurreição do Senhor Jesus Cristo. Na escravidão do povo no
Egito, na última praga enviada por Deus, Ele protegeu todas as casas israelitas que estavam marcadas
pelo sangue do cordeiro nos umbrais de suas portas. O anjo da morte passou e matou todos os
primogênitos das famílias do Egito, cujas casas não tinham esse sangue. Naquela noite estava se
inaugurando a Páscoa. Era um momento de viver uma nova fase em suas vidas.
O povo saiu do Egito rumo à terra de Canaã andando pelo deserto, mas, antes de saírem, Deus lhes
deu uma instrução:
“E falou o SENHOR a Moisés e a Arão na terra do Egito, dizendo: este mesmo mês vos será o
princípio dos meses; este vos será o primeiro dos meses do ano. Falai a toda a congregação de
Israel, dizendo: Aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais,
um cordeiro para cada família. Mas se a família for pequena para um cordeiro, então tome um só
com seu vizinho perto de sua casa, conforme o número das almas; cada um conforme ao seu comer,
fareis a conta conforme ao cordeiro. O cordeiro, ou cabrito, será sem mácula, um macho de um ano,
o qual tomareis das ovelhas ou das cabras. E o guardareis até ao décimo quarto dia deste mês, e
todo o ajuntamento da congregação de Israel o sacrificará à tarde. E tomarão do sangue, e pô-lo-ão
em ambas as ombreiras, e na verga da porta, nas casas em que o comerem. E naquela noite
comerão a carne assada no fogo, com pães ázimos; com ervas amargosas a comerão. Não comereis
dele cru, nem cozido em água, senão assado no fogo, a sua cabeça com os seus pés e com a sua
fressura. E nada dele deixareis até amanhã; mas o que dele ficar até amanhã, queimareis no fogo.
Assim pois o comereis: Os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na
mão; e o comereis apressadamente; esta é a páscoa do SENHOR” (Êxodo 12:1-11).
No 15º dia eles deveriam celebrar a Festa dos Pães Asmos e não poderiam comer fermento em
suas casas por sete dias:
“São estas as festas fixas do SENHOR, assembleias santas que proclamareis no seu tempo
determinado: No dia catorze do primeiro mês, ao entardecer, é a Páscoa do SENHOR. E no dia quinze
desse mês é a festa dos pães sem fermento do SENHOR; sete dias comereis pães sem fermento. No
primeiro dia da festa, tereis uma assembleia santa; não fareis trabalho algum. Apresentareis oferta
queimada ao SENHOR por sete dias. No sétimo dia, haverá assembleia santa; não fareis trabalho
algum. O SENHOR disse a Moisés: Fala aos israelitas: Quando tiverdes entrado na terra que vos dou,
e fizerdes a colheita, levareis ao sacerdote um feixe dos primeiros frutos da vossa colheita; e ele
moverá o feixe diante do SENHOR, para que sejais aceitos. O sacerdote moverá o feixe no dia
seguinte ao sábado” (grifo meu) (Levíticos 23:4-11) (Edição Século XXI)
Vemos aqui em figura o anúncio da morte e ressurreição de Jesus. Temos uma mensagem profética
para a Páscoa realizada em Jesus Cristo. O feixe seria movido diante de Deus, no próximo dia após o
sábado, e Jesus ressuscitou após o sábado! Jesus é a oferta aceitável diante de Deus. Deus veio sobre as
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casas de Israel que tinham suas portas marcadas com sangue e Jesus, quando veio, com o seu sangue
cobriu toda a humanidade. Ele veio e se ofereceu na cruz por amor a nós. Então precisamos compreender a
importância desse dia, o quanto é importante e necessário o sacrifício, a morte e a ressurreição de Jesus.
Quando dizemos que Jesus ressuscitou o que salta à sua mente, o que vem ao seu coração? Deus
falou a Moisés que, quando eles entrassem na terra, no 14º dia deveriam comemorar a Páscoa e, no 15º
dia, a Festa dos Pães Asmos, pães sem fermento e levar diante de Deus os primeiros frutos. Jesus Cristo é
esse primeiro fruto. O molho seria mexido diante de Deus no primeiro dia após o sábado. No domingo
Jesus ressuscitou, ou seja, o molho foi mexido diante de Deus – foi a primeira oferta da grande colheita
aceita pelo Senhor.
Você tem refletido acerca da sua vida, da sua caminhada diante de Deus? Como tem respondido ao
Senhor? Não pense a vida somente pela sua ótica, mas, sim, pela ótica divina. Por meio do sacrifício de
Jesus na cruz, eu e você fomos incluídos nesse sacrifício.
“Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua
vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos; E qual a sobre-excelente grandeza
do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder, que manifestou
em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e pondo-o à sua direita nos céus. Acima de todo o
principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século,
mas também no vindouro” (Efésios 2:18-21).
Paulo está chamando a atenção da igreja em Éfeso para a grandeza da obra de Cristo. Ele pede ao
Senhor para que os nossos olhos sejam iluminados, que sejamos cheios dessa esperança, desse poder,
dessa vida, não somente nessa era, mas também na vindoura.
Às vezes ficamos envolvidos apenas pela letra. Nesse período de Páscoa que o mundo comemora a
única coisa que vemos é “letra” – ovos, chocolates, comércio etc., ou seja, não tem sentido algum. Paulo,
ao contrário, mostra a ressurreição como uma Pessoa – Jesus Cristo. Um homem ressuscitou!
a) A ressurreição é uma esfera de poder, um ato que envolve um imenso poder em todas as áreas –
do alto, de baixo, da direita e da esquerda: “...para conhecê-lo, e o poder da sua ressurreição e a
participação dos seus sofrimentos, conformando-me a ele na sua morte” (Filipenses 3:10). Somos
convidados a morrer para a nossa velha natureza, para aquilo que achamos que podemos ou conseguimos
fazer, a fim de que possamos nos identificar com a morte de Cristo.
Jesus abriu mão de tudo – sua glória, sua prerrogativa de Deus, sua divindade e majestade. Ele se
esvaziou de tudo aquilo que o tornava Deus; desceu, nasceu de uma mulher e se tornou homem como nós.
Então, quando somos convidados a participar da sua morte, devemos abrir mão do que julgamos ser e
fazer, de como pensamos que as coisas devem ser a fim de nos identificarmos com ele. Jesus “não usurpou
ser igual a Deus”, mas se rebaixou, se sujeitou a tudo e morreu por nós.
Esse é o primeiro passo da nossa salvação – compreender que não temos condições de fazer nada,
de melhorar nada por nós mesmos. Aos filipenses, Paulo fala sobre conhecer a Cristo, ter os olhos do
coração iluminados para poder experimentar o poder da ressurreição. Jesus fez algumas orações,
expressou alguns desejos, e um desses desejos foi para que o Espírito Santo fosse derramado a fim de que
O conhecêssemos plenamente (João 14:16,17). Ele rogou ao Pai para que o Espírito viesse à essa Terra e
continuasse a sua obra.
b) A ressurreição é a condição para sermos cheios do Espírito Santo e andarmos em unidade. Jesus
clamou ao Pai para que aprendêssemos a andar em unidade (João 17:21-23; Efésios 4:1-6). Ele rogou para
que fôssemos “um” a fim de que o mundo cresse que o Pai o enviou. Então, quando andamos em unidade,
quando a praticamos estamos proclamando que Jesus Cristo veio – pode ser nos pequenos grupos ou na
grande congregação. A unidade, quando vivida e praticada, é uma poderosa forma de evangelismo.
O que torna possível o derramamento do Espírito Santo e a unidade? A ressurreição de Jesus! Só
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podemos receber o Espírito e praticar a unidade porque Jesus ressuscitou! O que garante nossa unidade
não é o nosso trabalho e desempenho, mas o que Jesus Cristo fez. Toda a glória e honra é dele! Não é pelo
nosso desempenho pessoal, mas pelo que ele fez. Podemos ser cheios do Espírito e caminharmos em
unidade porque ele deu sua vida e ressuscitou! Esse é o único e maior motivo que nos garante as condições
de caminharmos não somente nessa era, mas também na vindoura.
No texto acima de Efésios 2, temos três acontecimentos importantes que envolvem a ressurreição
de Jesus. No versículo 18, Paulo fala sobre “a esperança do nosso chamado”; no versículo 19, “a grandeza
do seu poder”; no versículo 20, “Jesus está assentado no trono, acima de todo o principado, e poder, e
potestade, e domínio”. Mas essas três coisas só são possíveis porque Jesus ressuscitou! Podemos ter
esperança no nosso chamado porque ele ressuscitou! A grandeza do poder de Deus só tem sentido porque
ele ressuscitou!
Por causa da ressurreição podemos ter confiança na vida presente e eterna. Quando entendemos o
que a Bíblia realmente diz sobre a Páscoa o nosso coração se enche de alegria e esperança. A ressurreição
de Jesus dá sentido, sustentação à nossa fé. Ela é a base da nossa fé, da nossa esperança e da nossa
confiança. Não esperamos em homens, mas no Senhor, no que ele fez.
c) A ressurreição é a resposta para a libertação dos pecados. Romanos 6:6 diz que “o corpo do
pecado foi desfeito” porque Jesus ressuscitou. Quando lemos em Levíticos que o primeiro fruto foi
oferecido, devemos lembrar que em 1 Coríntios 15 Paulo fala do primeiro Adão e do segundo Adão. O
primeiro não foi aceito; seu fruto não produziu o que Deus queria. O segundo, Jesus, se ofereceu como a
primeira oferta, as primícias e foi aceito, pois ele se sujeitou e obedeceu ao Pai em todas as coisas. Ele não
murmurou por vir à terra, por ser filho de Maria e José e se sujeitou às suas ordens. Ele era um homem de
carne e osso e passou por tudo que nós também passamos. Entretanto, esse homem que não tinha pecado
passou pela cruz, foi para o sepulcro, mas a morte não conseguiu segurá-lo – ele ressuscitou! Ele não tinha
pecado e agora estava vivo novamente! Era santo, puro, verdadeiro do início ao fim!
d) A ressurreição traz confiança e esperança (1 Coríntios 15). Se não tivermos essa esperança, tudo
o que já foi feito na história e o que fizermos em nossa vida será em vão: “E, se Cristo não foi ressuscitado,
logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé” (v.14). Mas a nossa fé não é em vão, porque Jesus
ressuscitou. No último dia iremos ganhar um corpo glorificado. Esse corpo natural está sujeito ao pecado e
suas consequências, mas quando ressuscitarmos ganharemos um corpo incorruptível, eterno, glorificado. E,
na eternidade, saberemos quem foi nosso cônjuge, pais, filhos etc., mas estaremos em outro nível, corpo
glorificado diante de Deus, mente totalmente restaurada.
e) A ressurreição traz poder e libertação do poder do pecado. Esse poder da ressurreição também é
para os nossos dias. Ao invés de deixarmos nosso corpo e mente serem usados pelo diabo, os deixaremos
ser usados pelo poder da ressurreição de Jesus – ele nos garantiu isso. Não precisamos mais permitir que
nossas línguas sejam inflamadas pelo inferno falando mal de pessoas, assim como tantos outros pecados.
Podemos viver e experimentar hoje a excelência do poder da ressurreição para nós e por nós. Podemos ter
a mente totalmente transformada.
Lembramos que o povo no deserto murmurou de muitas coisas que estavam acontecendo – não
tinha água, não tinha carne etc. Mas Deus não gosta de reclamação e, sim, de exaltação, glorificação,
esperança, reconhecimento da Sua Glória. Por isso somos desafiados a andar na esperança da Sua Glória,
do Seu chamamento, do derramamento do Espírito, envoltos desse poder.
“...e qual a suprema grandeza do seu poder para conosco, os que cremos, segundo a operação da
força do seu poder, que operou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar-se à sua
direita nos céus” (Efésios 1:19,20). O mesmo poder que levantou Jesus dos mortos está trabalhando em nós
hoje. Jesus foi o primeiro entre os mortos. Várias pessoas ressuscitaram naquele tempo e durante a
história, mas morreram novamente. Eles ressuscitaram apenas para demonstração de como Deus é
poderoso, mas Jesus mostrou, através da sua ressurreição, o que acontecerá conosco. Ele foi o primeiro
homem a ressuscitar e não morrer novamente. Lá no céu há um HOMEM sentado à direita do Pai! Esse
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homem nos conhece, se identificou com os nossos sofrimentos, sabe exatamente o que é passar por
tentações pois ele mesmo foi tentado em todas as esferas – carne, alma, espírito. Foi tentado direta e
indiretamente pelo diabo, mas venceu, nunca pecou. E esse mesmo poder que o levantou dentre os mortos
está presente e trabalhando hoje em nós e através de nós. Esse poder foi liberado pela ressurreição de
Jesus, nos trouxe o enchimento do Espírito e uma nova e viva esperança. Estávamos mortos, mas o Espírito
de Deus veio e nos trouxe vida:
“Ele vos vivificou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais outrora andastes,
segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera
nos filhos de desobediência, entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da
nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira,
como também os demais. Mas Deus, sendo rico em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos
amou, estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça
sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele, e com ele nos fez sentar nas regiões celestes em
Cristo Jesus, para mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua graça, pela sua bondade
para conosco em Cristo Jesus” (Efésios 2:1-7).
f) A ressurreição colocou Jesus no lugar mais elevado de honra – ele assentou-se no Trono. Pelo seu
poder podemos atravessar as dificuldades que vivemos no dia a dia, destravar os nossos corações e vencer
todas as adversidades, malignidades e tentações. Esse poder já opera na terra; o que precisamos é dar
lugar a ele. Paulo fala sobre a riqueza que está dentro de nós, que é o poder da ressurreição, mas
precisamos dar vazão a ele.
Jesus disse à mulher samaritana: “Todo o que beber desta água tornará a ter sede; mas aquele que
beber da água que eu lhe der nunca terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der se fará nele uma fonte
de água que jorre para a vida eterna” (João 4:13,14). Quando ele participou da Festa de Tabernáculos, no
último dia se levantou e disse a todos: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como
diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva. Ora, isto ele disse a respeito do Espírito que
haviam de receber os que nele cressem” (João 7:37-39). Quando o Espírito haveria de ser derramado?
Quando Jesus ressuscitasse! E, porque ele ressuscitou, rios de água viva podem fluir hoje do nosso interior!
Se não está fluindo é porque há empecilhos, é porque estamos presos a coisas que não deveríamos estar.
Precisamos permitir que a alegria e o poder do Senhor fluam em nós e através de nós. É como um
rio – não pode parar de fluir, de jorrar, de aumentar. Não pode ser estancado, pois Jesus morreu para isso.
O livro de Apocalipse, capítulos 4 e 5, mostra a grandeza do poder de Jesus, mas tudo isso só é possível
porque ele ressuscitou. Anjos e homens adorando e louvando ao Senhor continuamente porque ele
ressuscitou! Ele está vivo e sendo adorado exatamente nesse momento!
Há dois mil anos houve uma mudança na história da humanidade – Jesus resolveu liderar as
nações, resolveu tomar as rédeas das nações em suas mãos. E o que irá acontecer no futuro?
“Por que se amotinam as nações, e os povos tramam em vão? Os reis da terra se levantam, e os
príncipes juntos conspiram contra o Senhor e contra o seu ungido, dizendo: Rompamos as suas
ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas. Aquele que está sentado nos céus se rirá; o Senhor
zombará deles. Então lhes falará na sua ira, e no seu furor os confundirá, dizendo: Eu tenho
estabelecido o meu Rei sobre Sião, meu santo monte. Falarei do decreto do Senhor; ele me disse: Tu
és meu Filho, hoje te gerei. Pede-me, e eu te darei as nações por herança, e as extremidades da
terra por possessão. Tu os quebrarás com uma vara de ferro; tu os despedaçarás como a um vaso
de oleiro. Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos instruir, juízes da terra. Servi ao Senhor com
temor, e regozijai-vos com tremor. Beijai o Filho, para que não se ire, e pereçais no caminho; porque
em breve se inflamará a sua ira. Bem-aventurados todos aqueles que nele confiam” (Salmos 2).
Todo esse Salmo se refere a Jesus. Tudo isso ainda vai acontecer – as nações estão cada vez mais
enfurecidas, estão se unindo e tramando contra o governo de Deus. Querem estabelecer um governo
mundial para poder se rebelar contra o estabelecimento do governo de Cristo na Terra. Elas estão
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indignadas porque Jesus ressuscitou. Mas ele está assentado no Trono e isso não vai mudar. Seu governo
se estabelecerá sobre toda a Terra porque ele ressuscitou e ganhou o direito de governar sobre a
humanidade. Ele deu seu sangue, sua vida, tudo o que tinha por amor ao Pai e a nós. Ele nos amou e nada
do que fizermos poderá mudar o que ele fez.
Sua morte e ressurreição por nós é algo glorioso, maravilhoso, majestoso, sublime, excelso, eterno.
Ele cumpriu a sentença de Salmos 2. Não importa a rebelião das nações, não importa os que as pessoas
façam – Jesus irá voltar e governar sobre a Terra! A sua noiva está sendo preparada, adornada, santificada,
edificada em toda a Terra. Se você não está vendo, peça que o Senhor abra os seus olhos para ver que isso
está acontecendo hoje. A noiva do Senhor está sendo levada para um lugar mais alto, está sendo atraída
para as recamaras do Noivo, a experiências cada vez mais profundas com Deus. E não é um “povinho”, mas
uma imensa multidão.
Elias achou que estava sozinho, mas o Senhor lhe disse que ainda havia sete mil profetas em Israel
que não haviam dobrado seus joelhos diante de Baal (1 Reis 19). Elias estava muito cansado e não
conseguia enxergar o que Deus estava fazendo. Por isso o Senhor lhe mandou preparar um substituto, pois,
por amor, iria levá-lo para Ele. Deus está trabalhando na Terra hoje – Ele nunca parou de fazê-lo. Os
discípulos não entenderam o que Jesus estava fazendo e quiseram agir como Elias, mas ele os repreendeu
por isso: “Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias também fez?
Voltando-se, porém, repreendeu-os e disse: Vós não sabeis de que espírito sois. Porque o Filho do homem
não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las” (Lucas 9:54-56).
Precisamos hoje pedir ao Senhor que abra os nossos olhos e ouvidos para vermos, ouvirmos e
entendermos o que Ele está fazendo na Terra. Precisamos pedir que Ele entre em nossos corações e nos
transforme, pois só nós podemos permitir que isso aconteça – que Ele entre, trabalhe e mude as coisas
dentro de nós. Mas Ele não faz isso porque é Rei, Poderoso ou Soberano, mas porque nós permitimos,
damos lugar. Por isso Paulo diz que precisamos conhecer o “poder da sua ressurreição”!
Jesus ressuscitou e nós fomos lavados e comprados pelo seu sangue para também ressuscitarmos
com ele no último dia. Nós fomos chamados para viver em uma esfera de poder porque Jesus ressuscitou!
Assim, não tenha medo de proclamar a Palavra de Deus, não tenha vergonha de viver e pregar o Evangelho,
porque Jesus ressuscitou!
Nossos olhos e corações precisam ser abertos à essa verdade! Deus olha para nós não diretamente,
mas através de Jesus. Assim, olhe para seus irmãos com esse mesmo olhar de amor, de perdão, de
misericórdia; olhe para eles com o mesmo olhar do Espírito de Cristo! Que o Espírito de sabedoria e
revelação venha sobre nós e que possamos viver 365 dias por ano no poder da ressurreição! Amém!
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“NÃO TEMAS!”
Harold Walker
Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há
muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e
vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais
vós também. (João 14:1-3)
E
ssa é uma palavra do próprio Jesus falando aos nossos corações. Muitos leem esse texto e ficam
pensando: “No céu tem muitas moradas, ele vai providenciá-las para nós!” Mas, antes de pensar em
moradas, temos de pensar no que ele disse antes: “Não se turbe o vosso coração”, ou seja, Jesus não quer
que o nosso coração fique inquieto, agitado, ansioso. Isso é uma ordem de Deus que muitas vezes
desobedecemos. Depois começam a acontecer algumas consequências e ficamos preocupados dizendo:
“Por que eu fiz isso? Por que eu não fiz aquilo? Por que eu não obedeci a Deus?” Mas é porque não
obedecemos a essa ordem. Temos de entender que antes de fazer alguma coisa para Deus ou para evitar
de pecar precisamos cuidar do nosso coração. Deus não pode usar alguém cujo coração vive agitado, em
turbulência.
Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso
coração, nem se atemorize. (João 14:27)
Jesus repete a mesma coisa tanto no início quanto no fim desse capítulo, mas aqui ele acrescenta o
“não se atemorize”, porque ele nos dá a sua paz que é o contrário da turbulência. A paz que o mundo dá
depende de coisas exteriores, do estar bem, mas a paz que Jesus dá não depende do exterior, pois procede
do interior, do coração do homem.
Você quer saber quem é cristão de verdade? Essa pessoa não precisa dizer uma só palavra. Basta
olharmos em seus olhos e veremos a paz de Cristo. Essa paz pode estar presente quando não existe
nenhum problema ou quando há muitos problemas. Ela reina no interior e não depende de estar tudo bem,
pois sua fonte é Cristo. Ela permite que façamos as obras de Deus, que tenhamos vitória sobre o pecado,
que sejamos usados por Deus.
Precisamos em nosso interior conhecer o Bom Pastor e as águas tranquilas (Salmos 23). Se você
quer ter um dia vitorioso tire um tempo para estar com Deus e permita que Ele acalme as suas águas; saia
para viver seu dia independente do que irá acontecer, dependendo apenas de Jesus e de mais nada, de
mais ninguém.
Na verdade, na verdade vos digo que vós chorareis e vos lamentareis, e o mundo se alegrará, e vós
estareis tristes, mas a vossa tristeza se converterá em alegria. A mulher, quando está para dar à luz,
sente tristeza, porque é chegada a sua hora; mas, depois de ter dado à luz a criança, já não se
lembra da aflição, pelo prazer de haver nascido um homem no mundo. Assim também vós agora, na
verdade, tendes tristeza; mas outra vez vos verei, e o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria
ninguém vo-la tirará. (João 16:20-22)
Quando eu leio esse texto lembro-me de uma cena que me marcou para o resto da vida, que foi
quando minha esposa deu à luz nosso último filho. Eu havia assistido os outros dois partos oito anos antes
e haviam sido muito tranquilos. Estávamos em Rubiataba/GO, os médicos eram meus amigos e alunos;
assim, ficávamos contando piadas enquanto aconteciam os partos. Não houve tristeza ou dor porque os
mesmos foram muito rápidos, sem problemas. O terceiro, entretanto, já em São Paulo, foi difícil. O médico
era um irmão em Cristo, mas houve muita dor e minha esposa sofreu muito, mas ao final deu tudo certo e
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ele nasceu bem. Entretanto, minha esposa estava na maca e tinha de me consolar, pois eu estava muito
abalado. Ela que tinha sentido as dores horríveis, mas teve de me consolar. Assim, esse versículo é uma
verdade prática – a mulher sente muitas dores na hora do parto, mas depois, quando nasce a criança,
acaba a dor e só resta a alegria.
O verso 22 fala de “tristeza”. Mas, depois da tristeza, segue-se uma grande alegria que ninguém
consegue tirar; pode acontecer o que for e não sai. Jesus está prevenindo os discípulos de algo terrível que
iria acontecer (sua tortura, crucificação e morte). Ele estava dizendo que o mundo não, mas que eles iriam
sentir uma profunda tristeza por isso. No entanto, ele voltaria a vê-los pois iria ressuscitar, vencer a morte
e se encontrar novamente com eles. E, quando isso acontecesse, a tristeza seria transformada em uma
alegria tão grande que nunca mais iria sair de suas vidas.
Deus precisa nos acordar, nos despertar para compreendermos o poder da ressurreição. Há muitas
coisas ou frutos que podem acontecer em nós por causa da ressurreição de Jesus, mas eu quero falar sobre
uma reação chamada “alegria” – uma alegria que o mundo não conhece e não pode tirar de nós porque o
nosso pior inimigo, a morte, foi vencida.
Na Ceia, tomamos o pão e o vinho celebrando a morte de Jesus até que ele venha (1 Coríntios
11:26). Teoricamente, lembrar da morte não deveria ser algo alegre, mas Jesus nos manda lembrar e
anunciar a sua morte. A igreja poderia ser triste, fúnebre, mas a Bíblia diz que eles “partindo o pão em casa,
comiam juntos com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo”
(Atos 2:46,47). Como é isso? Uma cerimônia fúnebre celebrada com alegria? Mas isso porque ele não
estava morto – havia ressuscitado. Assim, nós lembramos da sua morte, mas não com tristeza ou lutos,
porque ele ressuscitou!
Dizem que em Moçambique, quando os missionários mostram às pessoas o filme de Jesus, aqueles
que não o conhecem, que não sabem de nada, ficam empolgados com as curas, os milagres, com as suas
palavras. Quando ele morre, alguns gritam, saem correndo e nem querem assistir o restante do filme, pois
o “herói” principal morreu e, então, o filme não tem mais sentido. E eles têm de chamar as pessoas de
volta dizendo que o filme não terminou! Então, se Jesus venceu a morte, porque vivemos com medo das
coisas nesse mundo? O pior que o inimigo pode fazer é matar! Mas podemos crer e ter paz porque Jesus
ressuscitou e venceu a morte! Nós não cremos em um Senhor morto, mas em um Senhor vivo e
anunciamos a sua morte não com tristeza, mas com alegria, porque ele venceu a morte! Ele irá voltar e nós
iremos celebrar a Ceia até sua volta.
Os quatro evangelhos relatam esses acontecimentos de formas diferentes, mas com palavras muito
semelhantes. O que os discípulos estavam sentindo antes de saber que Jesus havia ressuscitado e o que ele
disse quando apareceu a eles? É muito importante sabermos o que Jesus falou.
1) O relato da ressurreição no evangelho de Mateus
E, no fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra
Maria foram ver o sepulcro. E eis que houvera um grande terremoto, porque um anjo do Senhor,
descendo do céu, chegou, removendo a pedra da porta, e sentou-se sobre ela. E o seu aspecto era
como um relâmpago, e as suas vestes brancas como neve. E os guardas, com medo dele, ficaram
muito assombrados, e como mortos. Mas o anjo, respondendo, disse às mulheres: Não tenhais
medo; pois eu sei que buscais a Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui, porque já ressuscitou,
como havia dito. Vinde, vede o lugar onde o Senhor jazia. Ide pois, imediatamente, e dizei aos seus
discípulos que já ressuscitou dentre os mortos. E eis que ele vai adiante de vós para a Galileia; ali o
vereis. Eis que eu vo-lo tenho dito. E, saindo elas pressurosamente do sepulcro, com temor e grande
alegria, correram a anunciá-lo aos seus discípulos. (Mateus 28:1-8)
Jesus está dizendo o mesmo a você hoje: “Não tenha medo! Não tema os homens, os anjos, os
terremotos, os acontecimentos ruins, as doenças, a morte porque eu ressuscitei!! Essa é a mensagem da
ressurreição: Não temais, porque ele está vivo! Os guardas, os inimigos de Jesus ficaram mortos de medo,
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mas para aquelas mulheres que criam em Jesus o anjo disse: “Não temais”. E elas, “com grande alegria”,
foram anunciar isso aos discípulos.
E, indo elas a dar as novas aos seus discípulos, eis que Jesus lhes sai ao encontro, dizendo: Eu vos
saúdo. E elas, chegando, abraçaram os seus pés, e o adoraram. Então Jesus disse-lhes: Não temais;
ide dizer a meus irmãos que vão à Galileia, e lá me verão. (Mateus 28:9,10)
Quais foram as primeiras palavras que saíram da boca de Jesus? “Não temais!” Não existe crente
medroso, porque ou é crente ou é medroso – não pode ser as duas coisas. Essas foram as palavras mais
importantes e poderosas que tanto o anjo quanto Jesus disseram depois que ele ressuscitou: “Não temais”.
Aliás, essa frase é citada 365 vezes na Bíblia toda: “Não temas, pois Eu sou contigo”, “Não temas, pois Eu
sou teu Deus”, “Não temas, pois ainda que passe pela água e pelo fogo Eu estarei contigo” etc. Haverá
problemas, tribulações, perseguições, cadeias, torturas, mas “não temas”, porque você não está sozinho,
mas está com a paz e a alegria que o mundo não pode lhe dar e tirar. Assim, você pode dizer ao mundo e
ao diabo: “Pode mandar o que for que eu irei sorrir, pois tenho a alegria que você não consegue tirar! Você
pode tirar meus bens, minha saúde, meus amados e até minha vida, mas não pode tirar minha paz e
alegria!”
Essa é a mensagem do Cristo ressurreto: O Deus homem que morreu, foi enterrado, seu corpo
guardado e protegido por guardas, mas cuja morte não conseguiu retê-lo pois ele ressuscitou!
2) O relato da ressurreição no evangelho de Marcos
E, passado o sábado, Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para
irem ungi-lo. E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro, de manhã cedo, ao nascer do sol. E
diziam umas às outras: Quem nos revolverá a pedra da porta do sepulcro? E, olhando, viram que já
a pedra estava revolvida; e era ela muito grande. E, entrando no sepulcro, viram um jovem
assentado à direita, vestido de uma roupa comprida, branca; e ficaram atemorizadas. Ele, porém,
disse-lhes: Não temais; buscais a Jesus Nazareno, que foi crucificado; já ressuscitou, não está aqui;
eis aqui o lugar onde o puseram. Mas ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai adiante de
vós para a Galiléia; ali o vereis, como ele vos disse. E, saindo elas apressadamente, fugiram do
sepulcro, porque estavam possuídas de temor e assombro; e nada diziam a ninguém porque
temiam. (Marcos 16:1-8)
Perceba que esses sentimentos sempre andam juntos: tristeza e medo quando ele morre, alegria
quando ressuscita; temor quando ele morre, paz quando ressuscita.
E, partindo ela, anunciou-o àqueles que tinham estado com ele, os quais estavam tristes, e
chorando. E, ouvindo eles que vivia, e que tinha sido visto por ela, não o creram. E depois
manifestou-se de outra forma a dois deles, que iam de caminho para o campo. E, indo estes,
anunciaram-no aos outros, mas nem ainda estes creram. Finalmente apareceu aos onze, estando
eles assentados juntamente, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por
não haverem crido nos que o tinham visto já ressuscitado. (Marcos 16:10-14)
Era realmente muito difícil para eles acreditarem que Jesus havia ressuscitado, assim como
também é para muitos de nós hoje. Tirar esse medo de dentro de nós, mesmo vendo Jesus ressuscitado à
nossa frente é algo que demanda um certo tempo. Mas esse Jesus ressuscitado vai tirar por completo esse
medo dos nossos corações.
3) O relato da ressurreição no evangelho de Lucas
E no primeiro dia da semana, muito de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando as especiarias
que tinham preparado, e algumas outras com elas. E acharam a pedra revolvida do sepulcro. E,
entrando, não acharam o corpo do Senhor Jesus. E aconteceu que, estando elas muito perplexas a
esse respeito, eis que pararam junto delas dois homens, com vestes resplandecentes. E, estando
elas muito atemorizadas, e abaixando o rosto para o chão, eles lhes disseram: Por que buscais o
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vivente entre os mortos? Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando
ainda na Galileia, dizendo: Convém que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens
pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressuscite. E lembraram-se das suas palavras. E,
voltando do sepulcro, anunciaram todas estas coisas aos onze e a todos os demais. E eram Maria
Madalena, e Joana, e Maria, mãe de Tiago, e as outras que com elas estavam, as que diziam estas
coisas aos apóstolos. E as suas palavras lhes pareciam como delírio, e não as creram. (Lucas 24:111)
Vemos que havia nelas e nos discípulos tristeza, medo, temor, pavor, assombro, perplexidade.
Lemos que elas “abaixaram o rosto para o chão”, pois a pessoa atemorizada não olha para cima, para as
bênçãos de Deus, mas somente para o chão, para os problemas e desgraças: “Aiaiai, meu filho vai morrer”,
“Aiaiai, eu vou pegar um câncer”, “Aiaiai, o que vai ser desse país”... A Bíblia diz que a nossa alma se apega
ao pó (Salmos 44:25), que temos a tendência de olhar para baixo, de ficar olhando e repetindo os
problemas. Aquelas mulheres, por causa do medo, do espanto e dos problemas olharam para o chão. Nem
a presença de dois anjos as fez levantar a cabeça e crer.
Os anjos até lhes deram uma bronca: “Por que buscais entre os mortos aquele que está vivo?” “Por
que o estão procurando? Acharam realmente que ele estaria aqui? Isso é uma declaração de incredulidade!
Ora, se ele disse que no terceiro dia ressuscitaria e que todos deveriam ir para a Galileia, o que vocês estão
fazendo aqui? Estão procurando-o no lugar errado!”
Em seguida, elas foram correndo contar tudo isso aos discípulos, mas a Bíblia diz que “suas palavras
lhes pareciam como delírio e não lhes deram crédito”. Os discípulos diziam que elas estavam loucas, pois
haviam visto Jesus morrer. É como alguém que vai ao médico e este lhe diz que ela morrerá em três dias. A
pessoa dá crédito a essas palavras e fica atemorizada, cheia de medo. Mas, então, Jesus lhe afirma que ela
será curada e a pessoa não acredita, diz que isso é um delírio! Assim, existe uma resistência muito grande
em nossos corações para entender e aceitar essa verdade da ressurreição.
E falando eles destas coisas, o mesmo Jesus se apresentou no meio deles, e disse-lhes: Paz seja
convosco. (v.36)
Em todos os relatos da ressurreição há duas frases que Jesus repete muito: “Não temais” e “Paz
seja convosco”. Feche seus olhos por alguns instantes e diga: “Senhor Jesus, revela-te a mim e diga-me
essas palavras: Paz seja contigo! Abre os olhos do meu coração. Fecha meus olhos naturais e faz-me olhar
em teus olhos, faz-me receber essa paz que sai de ti, do teu coração para o meu coração, dos teus olhos
para os meus olhos. Eu quero ouvir a tua voz. Acalma as águas atribuladas e me dá essa paz que excede
todo entendimento. Eu te suplico isso”. Ore assim diariamente e creia que ele irá responder. Jesus não dará
pedra a quem pedir pão. Se você pedir a paz de Deus que excede a todo entendimento natural, esta
entrará em seu coração, irá tirar todo o medo, todo o temor e lhe dar coragem e ousadia para fazer o que
Deus quer que você faça aqui na Terra.
E eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espírito. E ele lhes disse: Por que
estais perturbados, e por que sobem tais pensamentos aos vossos corações? Vede as minhas mãos e
os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos,
como vedes que eu tenho. E, dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E, não o crendo eles ainda
por causa da alegria, e estando maravilhados, disse-lhes: Tendes aqui alguma coisa que comer?
Então eles apresentaram-lhe parte de um peixe assado, e um favo de mel; o que ele tomou, e
comeu diante deles. (vs. 37-43)
“Paz seja convosco!” Foi essa a primeira frase que Jesus disse aos discípulos quando lhes encontrou
após ressuscitar. Mas eles ainda continuaram espantados, atemorizados e perturbados julgando estar
vendo algum fantasma. Mas, de repente, a alegria encheu seus corações, alegria essa da ressurreição que o
mundo não pode tirar. Então Jesus lhes mostrou suas mãos e pés e se pôs a comer diante deles. Nossa fé
não é no espírito, baseada em coisas teóricas, mas em fatos, em coisas palpáveis. Há um homem sentado à
destra de Deus – ele irá voltar, todo olho verá e ele irá reinar para sempre. Os discípulos viram que Jesus
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era homem e não espírito; dava para pegá-lo, senti-lo, ver suas marcas e vê-lo comendo.
4) O relato da ressurreição no evangelho de João
E Maria estava chorando fora, junto ao sepulcro. Estando ela, pois, chorando, abaixou-se para o
sepulcro. E viu dois anjos vestidos de branco, assentados onde jazera o corpo de Jesus, um à
cabeceira e outro aos pés. E disseram-lhe eles: Mulher, por que choras? Ela lhes disse: Porque
levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram. E, tendo dito isto, voltou-se para trás, e viu Jesus
em pé, mas não sabia que era Jesus. Disse-lhe Jesus: Mulher, por que choras? Quem buscas? Ela,
cuidando que era o jardineiro, disse-lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o
levarei. Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, disse-lhe: Raboni, que quer dizer: Mestre. (João
20:11-16)
A morte de Jesus causava medo, pavor, desespero; mas sua ressurreição causava uma mudança
radical: gozo, alegria, espanto. A nossa vida sem o Cristo ressurreto é uma tragédia, mas com ele ressurreto
é uma maravilha, uma grande paz e alegria. A vida natural, da morte, é cheia de angústias, tristezas e
choro, mas a vida espiritual, da ressurreição, é cheia de uma alegria, de uma paz que o mundo não pode
tirar. É uma mudança radical e eterna!
Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos que vira o Senhor, e que ele lhe dissera isto. Chegada,
pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo
dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco. E,
dizendo isto, mostrou-lhes as suas mãos e o lado. De sorte que os discípulos se alegraram, vendo o
Senhor. Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco; assim como o Pai me enviou, também
eu vos envio a vós. (vs. 18-21).
Maria já havia contado aos discípulos que Jesus havia ressuscitado, mas eles estavam trancados em
uma sala apavorados, com medo de serem presos pelos soldados. Mas, de repente, Jesus aparece no meio
deles e diz: “Paz seja convosco!” Agora não interessa mais os soldados, se eles seriam presos ou não, pois
Jesus estava com eles!
E eu, quando o vi, caí a seus pés como morto; e ele pôs sobre mim a sua destra, dizendo-me: Não
temas; eu sou o primeiro e o último; e o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o
sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno. (Apocalipse 1:17,18)
O motivo de você ter paz e alegria é pelo fato de Jesus ressurreto estar morando em seu coração
porque ele venceu a morte! “Alegraram-se os discípulos ao verem o Senhor”. A tristeza profunda, a
desilusão, o desamparo, o medo, a angústia e o pavor, ao verem Jesus ressuscitado, foram substituídas pela
paz, pela alegria! Ele disse: “É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto, ide...” (Mateus 28:18,19a).
Jesus é aquele que venceu a tudo e a todos:
Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. (...) Em meu nome expulsarão os
demônios; falarão novas línguas, pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera,
não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão. (Marcos 16:15,17,18).
Pela sua ressurreição, pela sua vitória sobre a morte não precisamos mais temer nada e ninguém.
Os seguidores de Jesus são aqueles que estão cheios de paz e de alegria e não têm medo de nada, pois ele
venceu seu pior inimigo, a morte!
Qual a consequência dessa alegria e dessa paz que o Cristo ressurreto traz em nossas vidas?
E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas,
para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; e livrasse todos os
que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão. (Hebreus 2:13,14)
Jesus fez duas coisas através da sua morte. Primeiro, derrotou o diabo, que tinha o poder da morte.
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Agora é Jesus quem tem as chaves da morte e do inferno e nós cremos que iremos ressuscitar no último
dia. Segundo, ele livrou todos aqueles que, por medo da morte, estavam sujeitos à escravidão. Mas isso é
algo que muitos crentes ainda não acreditam, pois continuam vivendo debaixo do domínio do medo. O
verdadeiro crente é aquele que não tem mais medo da morte, do diabo e do que ele possa lhe fazer, pois
crê no Cristo ressurreto que habita em seu coração! Não importam as ameaças do diabo sobre sua vida,
saúde, finanças, família etc. – ele continua firme e crendo. Não é mais escravo do medo, não tem mais
medo de nada porque agora está livre! E isso é algo muito real.
Aqueles homens que foram decapitados pelo Estado Islâmico há pouco tempo não temeram a
morte, pois criam em Jesus. Muitos, no decorrer da história, fizeram o mesmo. Então, nós podemos ser
libertos do medo!
Filhinhos, sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é o que está em vós do que o que está
no mundo. (...) Nisto é perfeito o amor para conosco, para que no dia do juízo tenhamos confiança;
porque, qual ele é, somos nós também neste mundo. No amor não há temor, antes o perfeito amor
lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor. (...)
Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa
fé. Quem é que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus? (1 João 4:4,17,18;
5:4,5)
Por causa da ressurreição de Cristo não precisamos temer mais nada. Porém, existe um outro tipo
de medo que também nos impede de fazer a vontade de Deus:
Mas, chegando também o que recebera um talento, disse: Senhor, eu conhecia-te, que és um
homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; e, atemorizado, escondi
na terra o teu talento; aqui tens o que é teu. (Mateus 25:24,25)
Esse homem não reproduziu o talento que havia recebido por medo. Você já recebeu alguma
palavra profética de Deus e não entregou por sentir medo? Já deixou de pregar para alguma pessoa por ter
tido medo? Já desistiu ou deixou de fazer algo que Deus lhe mandou devido ao medo? Provavelmente
muitas vezes! O medo nos paralisa e nos impede de fazermos as obras que Deus nos colocou no mundo
para fazer. Mas o Senhor quer nos libertar desse medo!
Havia doze discípulos no barco, mas somente Pedro andou sobre as águas (Mateus 14:29). Jesus
não os mandou sair do barco, mas Pedro teve essa iniciativa por si mesmo. Os outros também poderiam ter
ido, mas não quiseram. Quantas coisas deixamos de fazer por causa do medo? Por isso Jesus quer nos
libertar dessa paralisia do medo para que possamos fazer obras tremendas em nome dele nessa Terra. Que
possamos, então, obedecer sua ordem de não alimentarmos um coração turbado e amedrontado.
Quero terminar lendo o testemunho de uma irmã chinesa extraído do livro “A Igreja do Século 20”
(John Walker, Impacto Publicações e Editora dos Clássicos, 3ª Edição, 2013). Isso me toca muito, pois é um
fato verídico que revela como essa alegria e essa paz podem nos socorrer nos momentos mais
desesperadores de nossas vidas.
A igreja na China proclama: “Preparem suas mentes para sofrer!” Se esperarmos até ouvir o
zumbido das balas ou o estrondo dos explosivos, será tarde demais. Não deixe que o sofrimento ou
a perseguição o surpreenda. Este é o tempo de começar o treinamento.
Eis o testemunho de uma irmã que passou 24 anos na prisão:
Ela estava orando quando as autoridades chegaram para prendê-la. Todavia, ela não se
surpreendeu, pois o Senhor já havia preparado seu coração. De fato, no momento em que a
prenderam, o Espírito Santo desceu e a encheu de uma alegria incontrolável. Enquanto o carro que
a transportava prosseguia aos solavancos pelo caminho, ela transbordava de alegria e cantou por
todo o trajeto. Naturalmente, as autoridades imaginaram que ela estivesse mentalmente
desequilibrada.
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Enquanto estava sendo registrada na prisão, ela teve bastante tempo para testemunhar a um dos
oficiais. Tão poderoso e ungido foi seu testemunho que ali mesmo ele aceitou a Cristo. Enquanto ele
a registrava, ela lhe disse: “Hoje não é o dia em que vim para me registrar, e de fato eu nunca serei
prisioneira aqui; Cristo estará constantemente comigo. Sou livre. Este é o dia em que você registrou
sua residência no reino de Deus”.
Algum tempo depois, todos os companheiros de prisão receberam um envelope com um papel
contendo a duração de suas sentenças. Quando lhe perguntaram de quanto tempo era sua
sentença, ela respondeu: “Eu não sei. Guardei o veredito sem olhar”.
“Por quê?”, eles perguntaram. “Você não quer saber quantos anos de prisão lhe deram?”
“Não me importa”, ela replicou. “Sejam dez ou cem anos, cada dia será um dia a mais com meu
Senhor”.
Na prisão, estavam apinhados de forma desumana – dez prisioneiros por cada cubículo. Não tinham
permissão para conversar com os demais nem para cochilar durante o dia. Periodicamente, um
guarda examinava a cela através de uma abertura de vidro na porta. Muitos adoeciam, outros
enlouqueciam. Um prisioneiro cochichou a essa mulher: “Vemos que sua fé religiosa realmente lhe
dá forças”.
Um dia, o guarda apareceu de repente e gritou: “Pare de sorrir”.
“Não estou sorrindo”, ela replicou.
“Está sim”, lhe gritou o guarda.
Quando ela saiu, os outros prisioneiros disseram: “Seus olhos estão sempre sorrindo e seu rosto
brilha de alegria, mesmo quando não está sorrindo”. A maioria de seus companheiros de prisão não
eram cristãos; na realidade, não eram até que ela levou muitos deles ao Senhor.
Essa irmã tinha uma paz e uma alegria tão grandes que nada e ninguém poderia tirar dela. Você crê
que isso é possível? Talvez Deus não faça com você o que fez com ela; Ele vai fazer conosco somente o que
determinou para cada um de nós. Cada um tem uma história em Deus – a uns Ele dá um talento, a outro
ele dá dois ou mais. Mas o fato é que nós podemos ser libertos do medo, podemos fazer proezas em nome
de Jesus, podemos sair da paralisia e ter nosso coração cheio de paz, de alegria e de esperança porque
Jesus ressuscitou!
Creia nisso: Ele ressuscitou! Esse poder que vence a morte, o pecado, a tristeza e a doença está em
nós! “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo,
eu venci o mundo” (João 16:33).
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OS BENEFÍCIOS DA CRUZ DE CRISTO
José Carlos Marion
A
tualmente, muitos cristãos buscam usufruir das bênçãos de Cristo mas não se comprometem com ele.
No entanto, quando conhecemos os incontáveis benefícios que a cruz do Senhor Jesus nos trouxe,
passamos a conhecê-lo e desejá-lo muito mais intensamente.
Deus nos criou com uma dupla natureza. Quando Ele pegou o pó da terra, criou uma natureza
material, um corpo físico para o homem. Em seguida, Ele assoprou nas narinas desse homem o Seu Espírito,
o fôlego da vida, dando-lhe uma natureza espiritual. Mas, com a queda, essas duas naturezas foram
igualmente afetadas. A sua alma espiritual se tornou iníqua, pecadora, corrompida pelo pecado e o seu
corpo se tornou corruptível, exposto às doenças e à morte. Vemos nas Escrituras que antes da queda não
havia nada disso, pois o homem vivia em comunhão íntima e direta com o seu Criador.
Felizmente, ambas as naturezas foram tratadas e restauradas pela redenção de Cristo (sua morte e
ressurreição). O problema é que atentamos muito mais para a redenção ou salvação espiritual e nos
esquecemos ou menosprezamos a redenção física, do corpo.
O profeta Isaías, aproximadamente 700 anos antes de Cristo, teve uma visão profética da
crucificação de Jesus e a descreveu com tal riqueza de detalhes que nenhum evangelista o fez:
Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca; não tinha aparência
nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse. Era desprezado e o mais
rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os
homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso. Verdadeiramente, ele tomou
sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito,
ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas
iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.
(Isaías 53:2-5) (grifos nossos)
No verso 4, Jesus trata da restauração da nossa natureza física (dores e enfermidades) e, no verso
5, da restauração da nossa natureza espiritual (transgressões e iniquidades). Eu entendo que a expressão
“o castigo que nos traz a paz” significa Jesus tirando a nossa culpa espiritual e que a palavra “pisaduras” ou
ferimentos significa ele trazendo cura ao nosso corpo físico.
1º Benefício – Restauração ou salvação espiritual
Ser “traspassado” significa ser atravessado de um lado ao outro. Sabemos que Jesus foi furado em
suas mãos e pés pelos pregos na cruz. Foram as nossas maldades que fizeram isso com ele. Ser “moído”
significa ser consumido, despedaçado pelo sofrimento, pelas iniquidades ou perversidades (corrupção). A
Bíblia diz que todos nós pecamos e fomos destituídos da graça de Deus (Romanos 3:23).
Podemos afirmar que foram os nossos pecados que levaram Jesus à cruz. Mas, você já tentou
quantificar esses pecados? Quantos pecados já cometeu que proporcionaram a ida de Jesus à cruz? Será
que mil, ou muito mais? É interessante pensar em termos numéricos, pois isso nos ajuda a ter parâmetros e
assimilar de forma mais intensa esse sacrifício feito para restaurar as nossas vidas.
Pense um pouco em Davi – será que você teve mais ou menos pecados que ele? Ele cometeu
graves pecados, mas era chamado de “o homem segundo o coração de Deus” (1 Samuel 13:14; Atos 13:22).
Então, com certeza você tinha e tem muito mais pecados do que ele, principalmente porque o próprio Deus
resolveu chamar a Jesus, Seu próprio filho, de “o filho de Davi” (Marcos 12:35). No entanto, no Salmos 40,
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verso 12, Davi falou:
Não têm conta os males que me cercam; as minhas iniquidades me alcançaram, tantas, que me
impedem a vista; são mais numerosas que os cabelos de minha cabeça, e o coração me desfalece.
Ou seja, ele diz que são tantas as suas iniquidades que ele não consegue sequer levantar sua
cabeça e que seu coração chega a desfalecer, desanimar. Diz, inclusive, que seus pecados são mais
numerosos que os cabelos da sua cabeça – e isso é um parâmetro para nós. Se pesquisarmos na internet,
uma pessoa de 25 anos de idade tem, em média, 150 mil fios de cabelo. Se levarmos isso ao pé da letra,
Davi está dizendo que tinha muito mais iniquidades do que esse número. Agora, se apenas por curiosidade
fizermos um cálculo matemático “por baixo”, constataremos que 100 pessoas nessa faixa etária
contabilizam 15 milhões de pecados! Multiplique isso pela população mundial e pelo tempo de história da
humanidade e terá um número absurdamente imenso de pecados que conduziram Jesus à cruz! Com esses
parâmetros podemos entender um pouco a grandeza desse seu ato por nós.
Isso é importante, porque temos a tendência de, após nossa conversão, achar que não éramos “tão
ruins” como vários criminosos, malfeitores etc. que conhecemos. Quando ouvimos alguns testemunhos de
pessoas que se converteram, até nos admiramos da “quantidade de pecados que tinham”, como se
fossemos muito melhores do que eles. Mas não é assim. Às vezes disciplinamos nossos filhos por causa de
um erro ou pecado que eles cometeram, mas, compare ao que aconteceu com Jesus. Como pôde o filho
perfeito de Deus, sem pecado, assumir tudo isso? Por isso, temos de comemorar com muita alegria e
vibração o que Cristo fez na cruz por nós.
2º Benefício – Restauração ou cura física
Entendendo e crendo no que Cristo fez em relação à nossa natureza espiritual, descrito no verso 5,
voltamos ao verso 4 que trata da restauração que ele propiciou ao nosso corpo físico, natural. Será que
cremos em ambos da mesma forma? Infelizmente não, mas os tratamos com pesos distintos. É necessário
entendermos que, pelo seu sacrifício na cruz, Jesus trouxe solução plena para todas as nossas misérias e
necessidades. Foi para isso que ele veio. Esse é o prazer de Deus, resolver todos os nossos problemas na
pessoa e obra de Jesus Cristo. Ele é a solução para tudo em nossas vidas, seja no aspecto espiritual,
financeiro, familiar, emocional ou físico.
As causas das doenças, crises, misérias e sofrimentos humanos têm suas origens na queda do
homem. Podemos afirmar que as doenças do corpo não têm causa ou origem natural, mas espiritual,
justamente porque passaram a existir somente após a queda do homem. Porém, na maioria das vezes, as
tratamos como causas naturais.
A Palavra de Deus diz: “Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo” (1
João 3:8). As doenças fazem parte do “pacote” de obras do diabo e, pela sua morte e ressurreição, Jesus
desfez todas essas obras. O homem tem sua parte de culpa, mas o diabo é o causador inicial de tudo.
Então, assim como com o pecado, Jesus veio para contra-atacar as doenças que também fazem parte
dessas obras malignas.
Quando pecamos, não conseguimos resolver isso procurando psicólogos ou psiquiatras – somente
a cruz pode resolver. No entanto, quando estamos doentes fisicamente procuramos ajuda em médicos e
remédios. Ou seja, não agimos da mesma forma. Se entendermos que a doença física também tem sua
origem no pecado, iremos buscar a cura em Cristo, pois somente ele poderá tratar e curar, mas temos a
tendência de permanecer em uma área de conforto onde é mais fácil buscar a solução em remédios e
médicos. Parece, até, que deixamos esse verso 4 de Isaías 53 esquecido no tempo.
Certa vez eu estava com um problema de saúde e, muito chateado e falando com Deus sobre isso,
ouvi uma voz me dizendo: “É justo uma pessoa pagar a mesma conta duas vezes?” Como não entendi na
hora, comecei a meditar sobre o que isso poderia significar e, finalmente, compreendi. Na verdade,
fazemos isso com muita frequência – se Jesus já pagou a nossa conta na cruz, se ele já levou nossas dores e
enfermidades, por que continuamos a pagar essa conta? No momento em que tivermos revelação,
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consciência desse fato, a nossa vida passará a ser diferente, pois iremos usufruir com toda plenitude dos
benefícios da cruz.
Esse fato marcou muito a minha vida, pois eu cri e fui curado. Mas, mesmo assim, não comecei a
exercitar isso todas as vezes em que ficava doente, porque vivemos em um sistema onde somos envolvidos
com inúmeras dificuldades e a nossa fé tende a desfalecer. Nos distraímos como muitas coisas e essa
revelação vai se perdendo com o tempo.
Quando pecamos, olhamos para a cruz e, em confissão e arrependimento, cremos que recebemos
o perdão do Senhor, pois acreditamos que a cruz é suficiente para perdoar nossos pecados. Mas o mesmo
não acontece quando estamos enfermos. Ora, será que a profecia de Isaías era válida somente para os
nossos pecados e não para as nossas doenças? Não é isso que o Novo Testamento nos revela:
Chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e ele meramente com a palavra expeliu
os espíritos e curou todos os que estavam doentes; para que se cumprisse o que fora dito por
intermédio do profeta Isaías: Ele mesmo tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas
doenças. (Mateus 8:16,17) (grifos nossos)
Nós cremos e temos pregado que no final dos tempos haverá um grande evangelismo mundial
seguido de curas, sinais e milagres. Hoje as pessoas vivem oprimidas, doentes, sofrendo nas mãos do diabo.
O mundo está carente, precisando de pessoas que ousem crer no que Jesus fez na cruz e, nos últimos dias,
Deus atrairá pessoas para o evangelho mediante sinais e maravilhas, confirmando Sua Palavra (Atos
2:43,47; Marcos 16:15-18). O que precisamos hoje é crer que esse poder e autoridade já nos foi dado,
liberado.
No verso 4 de Isaías 53 há três palavras que precisamos compreender o significado: “aflito”, “ferido
de Deus” e “oprimido”. Entendendo e crendo nas mesmas, receberemos fé para viver, praticar e usufruir os
benefícios da cruz de Cristo.
a) Aflito
Foi assim que Isaías viu Jesus: afligido, atormentado, assolado, torturado. A origem desse termo é
“leproso”. A lepra trazia uma grande aflição, pois deformava as pessoas trazendo-lhes uma aparência
repugnante devido à dor, sofrimento e sequelas. Isaías 53:2b e 3 diz:
...olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse. Era desprezado e o mais rejeitado
entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens
escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso.
E também Isaías 52:14 diz:
Como pasmaram muitos à vista dele (pois o seu aspecto estava mui desfigurado, mais do que o de
outro qualquer, e a sua aparência, mais do que a dos outros filhos dos homens) ...
Jesus ficou completamente desfigurado, semelhante a um leproso. As pessoas não conseguiam
sequer olhar para ele devido à dor e sofrimento pelos bilhões de pecados e punições da humanidade que
levava sobre si naquele momento. A Bíblia diz que “sem derramamento de sangue não há remissão de
pecados” (Hebreus 9:22) e, em todos os momentos de seu martírio, Jesus derramou seu sangue. Isso é algo
terrível, pois derramar sangue é esgotar a própria vida; mas, por essa causa, os nossos pecados foram
perdoados e as nossas doenças saradas.
Em Gênesis 3:17,18 a Bíblia diz que quando o Senhor amaldiçoou a terra, entre outras coisas Ele
criou “cardos e abrolhos”, espinhos. Jesus, antes de ser crucificado, foi-lhe cravada na cabeça uma coroa de
espinhos. Os estudiosos dizem que esses espinhos tinham quase cinco centímetros de comprimento e um
centímetro de diâmetro. Aquela coroa foi apertada contra o seu crânio, penetrando profundamente em
todas as regiões que esses espinhos tocavam. Naquele momento, então, ele estava recebendo sobre si a
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maldição da terra. O mesmo ocorreu ao ser crucificado:
Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito
todo aquele que for pendurado no madeiro. (Gálatas 3:13)
Essa coroa de espinhos, as chicotadas e açoites que levou, a barba que lhe foi arrancada fizeram
dele um verdadeiro monstro – um aflito!
b) Ferido
Fala de alguém machucado, cheio de hematomas. Jesus foi açoitado em praça pública. Seu corpo
foi totalmente desfigurado pelas quarenta chibatadas recebidas com chicotes de couro que continham em
suas pontas bolas de metal, rasgando e ferindo suas costas. Pelas suas pisaduras (lesões, contusões,
chagas, feridas) seu sangue foi derramado para nos trazer cura física. Não foi algo de graça, custou-lhe um
preço muito alto. Pensando e crendo nesses fatos a nossa fé é alimentada e podemos, então, receber mais
esse benefício da cruz.
c) Oprimido
Fala de alguém sufocado, angustiado, agoniado pelo medo ou pânico. Jesus foi oprimido,
atormentado, agonizado no Getsêmani. A Bíblia diz que ele “começou a entristecer-se e a angustiar-se”
(Mateus 26:37) e “estando em agonia, orava mais intensamente. E aconteceu que o seu suor se tornou
como gotas de sangue caindo sobre a terra” (Lucas 22:44). Um médico francês disse a esse respeito:
“Debaixo de agonia profunda, finos capilares nas glândulas sudoríparas podem se romper, misturando
assim o sangue com o suor. Este processo causa fraqueza, choque e hipotermia”. Isso ocorreu devido à sua
angústia e temor pelo sofrimento e cruz que teria de enfrentar.
Jesus também foi oprimido porque temeu o abandono. Na cruz ele clamou: “Deus meu, Deus meu,
por que me desamparaste?” (Mateus 27:46). Como homem ele seria separado de Deus e nunca havia
experimentado isso. Na cruz ele também experimentou esse sofrimento de ser desprezado, abandonado,
rejeitado e oprimido.
Quando imaginamos o tamanho desse preço que foi pago por nós e simplesmente o ignoramos,
vivendo como se nada tivesse acontecido, buscando socorro em médicos e remédios para nossas dores,
estamos negligenciando esse benefício da cruz e vivendo em uma zona de conforto que o mundo e as
distrações nos impuseram.
Então, quando estiver enfermo e com dúvidas se será curado, lembre-se dessas três palavras ou
situações que Jesus enfrentou – aflito, ferido de Deus e oprimido. E lembre-se do sangue que ele derramou
para resolver essa sua situação. Mas, por que essas curas não estão acontecendo em nossas vidas? Eu creio
piamente que é por não estarmos confiando e nos apropriando totalmente desse benefício da cruz de
Cristo.
Oswald Smith, pastor em Toronto, Canadá (falecido em 1986), conta em um de seus livros que
certo homem estendeu um cabo de aço sobre a catarata de Niágara Falls e a atravessou de bicicleta. Então
ele fez uma pergunta aos presentes: “Vocês creem que eu consigo voltar com uma pessoa atrás de mim na
bicicleta?” Todos disseram que sim. Então ele perguntou: “Quem se voluntaria?” E ninguém se manifestou.
Mas um menino aceitou e ele o orientou: “À hora em que eu me inclinar para um lado, você deve se
inclinar junto. Não importa se sentir que vai cair; faça tudo igual ao que eu fizer”. E chegaram ao final.
Então, crer é uma coisa, mas confiar é outra. Quando confiamos em Jesus nos agarramos a ele e às
promessas da sua Palavra. Deus deseja que compartilhemos da Sua natureza ao mundo (2 Pedro 1:4). Por
isso, a nossa natureza incrédula e corrompida pelo pecado pode e deve ser trocada pela natureza divina.
3º Benefício – Sermos parte da Família de Deus
Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o
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SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos. (Isaías 53:6)
Jesus morreu para atrair de volta as suas ovelhas que estavam dispersas, afastadas, para que ele se
tornasse o único Pai e pastor sobre elas. Ele não morreu apenas para nos salvar e curar, mas também para
nos reunir em uma grande família. Ele quer que tenhamos uma vida comunitária, que amemos os irmãos,
que vivamos em unidade – um só Corpo, uma única e grande família que reinará com Ele por toda a
eternidade:
...e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste
morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e
nação e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra. (Apocalipse
5:9,10)
Jesus morreu para sermos UM e ele ser o Pastor de um único rebanho. Hoje vivemos em inúmeras
divisões e, com isso, nos posicionamos contrários à cruz de Cristo. Ele já solucionou a questão das divisões,
mas não aceitamos essa solução e tomamos rumos diversos:
Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de
Cristo. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e, tendo derribado a parede da separação
que estava no meio, a inimizade, aboliu, na sua carne, a lei dos mandamentos na forma de
ordenanças, para que dos dois criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo a paz, e
reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a
inimizade. (Efésios 2:13-16) (grifos nossos)
Caifás, porém, um dentre eles, sumo sacerdote naquele ano, advertiu-os, dizendo: Vós nada sabeis,
nem considerais que vos convém que morra um só homem pelo povo e que não venha a perecer
toda a nação. Ora, ele não disse isto de si mesmo; mas, sendo sumo sacerdote naquele ano,
profetizou que Jesus estava para morrer pela nação e não somente pela nação, mas também para
reunir em um só corpo os filhos de Deus, que andam dispersos. (João 11:49-52 (grifos nossos)
João está explicando que Jesus morreu pelos nossos pecados; no entanto, não adianta ter pecados
perdoados se o propósito de sermos uma família única, unida não se cumprir. Jesus morreu para unir os
que estavam dispersos, mas estamos nos dividindo cada vez mais.
Devemos ser UM não no sentido de congregarmos todos juntos, mas de discernirmos o Corpo de
Cristo, de entender que muitos são diferentes de nós, mas também são aceitos por Deus. E, se são aceitos,
quem somos nós para rejeitá-los? Se a cruz os aceitou, se a cruz nos uniu, quem somos nós para julgar,
criticar, condenar, discriminar, dividir? Na cruz Jesus levou sobre si as iniquidades das divisões e dispersões
que existem na igreja hoje e que já existiram ao longo da história.
Em meu livro “Reconciliação – O 2º Toque” (Impacto Publicações, 2014, 2ª Edição, página 26), cito
uma palavra profética dada por Deus, usando um irmão, durante a maior concentração ecumênica já
ocorrida na busca de unidade, em Kansas City, Missouri/EUA, em 1977, onde havia mais de 50
denominações cristãs diferentes reunidas. Por cinco vezes a palavra profética disse: “O corpo do meu filho
está partido!” Ora, se Jesus já foi partido, já foi moído, não podemos fazer isso novamente.
Concluindo, é muito importante e necessário entendermos e vivermos esses benefícios da cruz de
Cristo, confiando que é uma obra completa e que não precisamos mais continuar vivendo da forma como
estamos hoje. O sangue de Jesus na cruz foi derramado para a nossa salvação espiritual, cura física e
unidade em um só Corpo.
Não podemos nos restringir em ensinar o evangelho e orar pela cura apenas daqueles que pensam
igual a nós. Quando discriminamos pessoas estamos indo contra a cruz de Cristo. Mas, quando temos uma
atitude de amor e unidade, estamos honrando a cruz de Cristo, valorizando seu sangue derramado e nos
apropriando de todos os seus benefícios. Isso nos dará forças, nos tornará sadios na fé. Amém!
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JUDEUS E GENTIOS – UM SÓ REBANHO
Benjamin Berger (judeu messiânico)
“Quando o Senhor trouxe do cativeiro os que voltaram a Sião, estávamos como os que sonham.
Então a nossa boca se encheu de riso e a nossa língua de cântico; então se dizia entre os gentios:
Grandes coisas fez o Senhor a estes. Grandes coisas fez o Senhor por nós, pelas quais estamos
alegres.” (Salmos 126:1-3)
E
ste Salmo fala sobre o retorno do povo judeu à terra de Israel, setenta anos após o cativeiro na
Babilônia. Hoje estamos celebrando um novo retorno, após quase dois mil anos de exílio entre as
nações. É um verdadeiro milagre que existamos como nação em nossa própria terra, Israel. É algo que os
profetas previram em um futuro longínquo, mas Deus cumpre Sua palavra mesmo que demore.
Eu vim de uma família judia que sofreu muito durante o Holocausto. Meus avós foram mortos nos
campos de concentração, assim como muitos tios e seus filhos. Mas, meus pais conseguiram fugir para os
Estados Unidos e lá eu nasci. Pratiquei o judaísmo até os 19 anos; convivia somente com pessoas judias e
não conhecia quase ninguém de fora da nossa religião.
Quando terminei meus estudos religiosos comecei a estudar o ensino superior e, durante essa
época, grandes dúvidas sobre Deus surgiram em meu coração. Eu havia estudado a Bíblia por muitos anos,
mas ficava pensando: “Onde está o Deus da Bíblia? Será que Ele é real?” E, quanto mais eu me aprofundava
no ensino secular, mais me distanciava do Senhor. Algo que eu nunca tive dúvidas é que eu era judeu, mas
não conseguia entender o real significado disso. “Somos um povo? Uma nação? Uma religião? Por que
nossa história é tão longa e difícil?” Depois de um tempo concluí e aceitei que tinha muitas perguntas, mas
nunca saberia as respostas.
Nenhum dos meus amigos eram cristãos. Aliás, não encontrei nenhum cristão durante todos os
anos em que trabalhei na Europa e também nunca havia lido o Novo Testamento, principalmente porque
esse não é aceito pelos judeus religiosos. Eu apenas havia ouvido falar um pouco sobre Jesus, sabia que ele
era judeu, mas sabia também que os judeus haviam sido considerados culpados pela sua crucificação.
Durante as épocas de Natal eu assistia a TV, via algo sobre o nascimento de Jesus, mas não sabia nada além
disso.
Em 1967 eu estava trabalhando como arquiteto na cidade de Copenhague (Dinamarca). Certa
noite, ao retornar para casa, eu lia o jornal, como fazia todos os dias, para saber o que estava acontecendo.
No entanto, nesse dia em específico eu estava sem paz alguma em meu coração e comecei a pensar sobre
a fé. Disse a mim mesmo: “Você não crê em nada!” E foi a primeira vez que entendi que isso era um grande
problema. “Um ser humano precisa crer em alguma coisa, mas as pessoas creem em muitos tipos de coisas
que não são necessariamente a verdade”, pensei. “Se algum dia eu crer em alguma coisa, quero que seja
realmente a verdade. Mas, será que essa verdade existe?”
Enquanto eu estava meditando essas coisas sozinho em meu quarto, senti que havia alguém ali
comigo. Eu não tive visão alguma, mas havia uma presença maravilhosa ali, algo que nunca experimentara
antes. Eu não sabia o que era, mas aquilo me assustou, pois eu tinha certeza de que não estava dormindo
ou imaginando, que literalmente eu estava sentindo a presença de alguém naquele lugar, mas não via
nada. Hoje eu entendo que eram o amor e a santidade de Deus que invadiram o meu quarto. Imagine uma
pessoa que nunca creu e nem experimentou nada e, de repente, tem uma experiência dessas – realmente
é muito assustador.
Então comecei a sentir que aquela presença estava chegando cada vez mais perto de mim. Parecia
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que alguém estava pegando uma chave, colocando no meu coração, girando e abrindo uma porta muito
espessa dentro de mim. Comecei a chorar muito, mesmo sem entender, e aquela presença maravilhosa me
inundou. Hoje eu sei que era o amor de Deus, pois esse, quando nos toca, é tão maravilhoso que não
conseguimos ficar sem chorar. Então eu ouvi a voz do Senhor e foi algo muito mais assustador, mas que
mudou por completo a minha vida. Ele me disse: “EU sou o Deus de Abraão, Isaque e Jacó. EU sou o Seu
Deus e sei tudo sobre a sua vida. Você é um livro aberto para Mim, não há nada escondido aos Meus
olhos!” Essas foram as primeiras palavras que Deus falou comigo.
Por um lado, foi muito maravilhoso – saber que Deus existia e que me conhecia por completo. Mas,
por outro lado, me assustava muito saber que Ele sabia tudo sobre mim. Então Deus me disse uma palavra,
o nome hebraico de Jesus que eu não conhecia – Yeshua. Quando ouvi esse nome, apesar de nunca ter lido
o Novo Testamento e não conhecer nenhum cristão, no mesmo instante, como só o Espírito Santo
consegue fazer, fiquei sabendo que Jesus era o Messias de Israel. Entendi que Ele era a verdade e que era o
Deus de Israel. Foi algo repentino e muito além da minha inteligência natural – uma revelação sobrenatural
do Espírito Santo.
Após isso eu nunca mais fui o mesmo. Comecei a pensar: “Será que eu sou o único judeu que crê
em Jesus?” Eu não sabia, mas sentia em meu coração que Deus iria chamar muitos outros judeus, assim
como havia feito comigo. Era apenas um sentimento interior, mas eu entendi que deveria ler o Novo
Testamento para saber o que nele estava escrito. Achei um em inglês, daqueles bem pequenos e o comecei
a ler, pela primeira vez em minha vida. O que me impressionava muito é que, à medida em que eu lia, cria
em tudo que ali estava escrito. Isso me surpreendeu, porque antes daquela experiência com o Senhor eu
não cria na Bíblia. Achava que era um livro comum que misturava histórias e lendas, mas não cria que ela
era a própria Palavra de Deus. No entanto, quando li sobre os milagres de Jesus sabia interiormente que
tudo aquilo era verdade, que tudo havia acontecido exatamente daquela maneira. Algo novo havia
acontecido dentro de mim – eu havia recebido o dom da fé. O que eu estava procurando, havia
encontrado.
A fé verdadeira é algo que recebemos diretamente de Deus. Ninguém consegue crer que Jesus é o
Senhor se Ele mesmo não colocar isso em seu coração. Eu sabia que Jesus estava vivo, sabia que ele havia
me chamado e isso estava mudando totalmente a minha vida. Então pensei: “Como isso vai impactar o meu
relacionamento familiar?”, porque para uma família judaica tradicional isso é a pior coisa que pode
acontecer. O povo judeu sofreu muito nas mãos da igreja durante a história e, para ele, crer em Jesus é se
tornar um traidor. Mas eu sabia que precisava contar tudo para a minha família, explicar a eles que Jesus
realmente era o nosso Messias, aquele que os profetas anunciaram e que crer nele não implicava em
deixar de ser judeu. Significava apenas que estavam voltando ao seu Deus, o verdadeiro Rei dos judeus.
Quando voltei para a casa dos meus pais tentei explicar tudo isso à minha família, mas eles não
conseguiram entender e ficaram muito tristes comigo. Meu irmão mais novo estava em casa e pedi para
falar com ele a sós. Entramos em um quarto da casa e, quando lhe contava o que havia acontecido comigo,
a presença de Deus entrou naquele lugar e meu irmão imediatamente se converteu. Isso não é algo comum
de acontecer com judeus, especialmente os mais religiosos, mas para o Espírito Santo nada é impossível.
Assim, ambos nos tornamos crentes em Jesus. No entanto, ele não me contou essa experiência, mas
guardou segredo de mim.
Em 1970, meu irmão recebeu um chamado de Deus para ir para a terra de Israel. Ele estudava em
uma Universidade e seu sonho era ir para as ilhas Fiji. Meus pais não estavam satisfeitos com isso, mas ele
estava determinado a ir. Uma noite minha mãe teve um sonho. Ela viu sua própria mãe, que havia sido
morta em um campo de concentração, dizendo-lhe para alertar meu irmão para não ir para as ilhas Fiji.
Logo cedo ela o chamou, contou-lhe o sonho e ele entendeu que Deus estava confirmando que ele não
deveria mesmo ir para Fiji. No dia seguinte o Senhor lhe disse que ele deveria ir para Israel e, no mesmo
dia, comprou a passagem e logo partiu. Ele fez como alguns discípulos de Jesus: ao receber o chamado
abandonou tudo o que estava fazendo para seguir Jesus.
Eu ainda morava na Europa e, no caminho para Israel, ele passou em minha casa e contou-me tudo
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o que lhe havia acontecido desde a sua conversão naquela noite no quarto até o sonho e o chamado para
Israel. Então ele me perguntou: “Onde eu devo ir quando chegar em Israel?”. Eu lhe disse: “Vá para a vila
de Betânia”, sendo que eu mesmo nunca havia ido, mas foi algo que Deus colocou em meu coração. Lá
chegando, encontrou uma igreja católica que foi construída em memória da ressurreição de Lázaro. Havia
um pequeno jardim em derredor da mesma e, então, ele se sentou em um banco. Chegou um árabe e lhe
perguntou o que ele estava fazendo e procurando ali. Meu irmão respondeu-lhe que estava procurando um
lugar para morar e, então, aquele homem o levou consigo dizendo que tinha um lugar. Levou-o para sua
própria casa e alugou-lhe o segundo andar da mesma. Assim que ele se mudou começou a orar e a ler a
Bíblia.
Eu estava na Europa e sentia que meu tempo naquele lugar havia se acabado. Ajoelhei-me e
perguntei ao Senhor para onde eu deveria ir e, na manhã seguinte, recebi um telegrama de meu irmão
dizendo: “Venha para Israel. Qualquer coisa que eu tiver vou compartilhar com você.” Ele não sabia que eu
havia orado sobre isso exatamente na noite anterior, mas Deus sabia, colocou isso em seu coração e ele me
enviou aquele telegrama. Eu entendi claramente que aquela era a resposta à minha oração e, em
01/02/71, mudei-me para Israel onde permaneço até hoje.
Desde então, tenho experimentado muitos milagres de Deus em minha vida, mas o maior milagre
de todos é quando um judeu conhece e aceita o Messias como seu Senhor. Isso Deus começou a fazer essa
obra no final da década de 60. Descobri muito tempo depois que no mesmo ano em que eu me converti
(1967) muitos outros judeus, especialmente nos EUA, também reconheceram sua fé em Jesus.
O que Deus está fazendo hoje é o mesmo que Ele fez no início do livro de Atos, quando do
nascimento da igreja. Os primeiros cristãos eram todos judeus, convertidos totalmente a Jesus. Por isso
lemos que eles se reuniam no Templo e pregavam o evangelho aos seus conterrâneos. Quando lemos a
primeira mensagem de Pedro após o dia de Pentecostes, vemos que era dirigida exclusivamente ao povo
de Israel (Atos 2). Ele prega ao povo que Jesus era o Messias que os profetas haviam dito que viria para
Israel. Infelizmente, a maioria dos cristãos não sabem ou se esqueceram disso, mas foi assim que começou
e é assim que Deus está fazendo hoje novamente.
Quando eu me converti, soube que estava voltando para casa, para o meu Deus. Quando eu
comecei a ler o V.T., especialmente os livros proféticos que falam sobre o que Deus planejou para Israel no
futuro, entendi que todas as promessas eram messiânicas e consegui enxergar Jesus em todo o V.T.
Quando li Isaías, capítulo 53, contemplei o Messias de Israel.
No início dos anos 70 começamos a encontrar muitos judeus que também haviam voltado para
Israel devido à sua nova fé em Jesus. Vagarosamente, algumas congregações messiânicas começaram a se
formar – judeus que criam em Jesus, mas que continuavam sendo judeus. Esse é o nosso testemunho para
a nossa nação – tem a ver com a nossa vida, como vivemos e como compartilhamos Cristo a eles. Esse
movimento está crescendo muito nos dias de hoje. Quando cheguei em Jerusalém havia apenas uma
pequena congregação messiânica; hoje tem mais de trinta. E em toda a nação existe mais de uma centena,
tanto nas cidades quanto nas vilas rurais.
Isso é algo profético. Não é o resultado de um trabalho missionário, mas do próprio Espírito Santo.
Isso significa que estamos chegando aos tempos do fim; é algo que Paulo viu acerca do mistério do
Messias:
“Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos):
que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. E
assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, E desviará de Jacó as
impiedades. E esta será a minha aliança com eles, quando eu tirar os seus pecados.” (Romanos
11:25-27)
Ele entendeu que o endurecimento do coração dos judeus abriu a porta para que os gentios
pudessem entrar. Para os gentios que criam em Jesus isso era é uma grande novidade. Em Atos, capítulo
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15, vemos que a igreja em Jerusalém não sabia o que fazer com os gentios que se convertiam e, então, se
reuniram para discutir o assunto. Questionavam se era de Deus o que estava acontecendo e se era correto
pregar “o Messias deles” para os gentios. Então o Senhor falou com eles em uma passagem do livro de
Amós (9:11):
“Depois disto voltarei e reedificarei o tabernáculo de Davi, que está caído, levantá-lo-ei das suas
ruínas, e tornarei a edificá-lo. Para que o restante dos homens busque ao Senhor, e todos os
gentios, sobre os quais o meu nome é invocado, diz o Senhor, que faz todas estas coisas, conhecidas
são a Deus, desde o princípio do mundo, todas as suas obras.” (Atos 15:16-18)
O Tabernáculo de Davi era entendido pelos apóstolos como sendo o reino messiânico e, então,
compreenderam pelo texto que os gentios que buscavam ao Senhor também entrariam nesse reino. Outra
pergunta surgiu: será que os gentios convertidos deveriam se tornar como os judeus? Então concluíram o
seguinte:
“Por isso julgo que não se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus. Mas
escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da fornicação, do que é sufocado e
do sangue. (Atos 15:19,20)
Desta forma, a porta do evangelho se abriu para os gentios. Assim, no início, judeus e gentios se
reuniam e buscavam juntos ao Messias. No entanto, durante a história isso mudou, porque um
entendimento errado veio sobre a igreja. A igreja gentílica começou a afirmar que somente ela era o povo
de Deus porque os judeus haviam rejeitado a Cristo. Dessa forma, Deus também os havia rejeitado e,
agora, feito uma aliança somente com o povo gentílico convertido. Mas esse não era o entendimento
apostólico original, que cria que a igreja é formada por judeus e gentios – que Jesus morreu por Israel, mas
também por todos os povos e nações.
A igreja, no início, foi construída sobre esse fundamento. Mas, à medida em que os anos passaram,
o pensamento dos pais da igreja mudou a esse respeito, desenvolvendo uma teologia errônea – a “Teologia
da Substituição” –, de que os gentios “substituíram Israel no plano da salvação”. Dessa forma a igreja se
tornou orgulhosa e isolou-se dos judeus.
Na carta aos Romanos, capítulo 11, vemos que havia um problema na igreja na relação entre
judeus e gentios e Paulo precisou tecer muitos comentários a esse respeito. Não sabemos exatamente qual
era esse problema, mas com certeza a igreja em Roma descartava a necessidade de ter judeus em seu
meio. Paulo, então, lhes disse:
“E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado em lugar deles, e
feito participante da raiz e da seiva da oliveira, não te glories contra os ramos; e, se contra eles te
gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti. Dirás, pois: Os ramos foram quebrados,
para que eu fosse enxertado. Está bem; pela sua incredulidade foram quebrados, e tu estás em pé
pela fé. Então não te ensoberbeças, mas teme. Porque, se Deus não poupou os ramos naturais,
teme que não te poupe a ti também.” (vs.17-21)
Paulo explicou que Deus pegou alguns ramos dessa “oliveira brava” (os gentios) e os enxertou
dentro da oliveira cultivada (os judeus). Disse também que Deus poderia pegar aqueles galhos que foram
cortados (os judeus que não se converteram) e enxertá-los novamente em sua própria oliveira. É assim que
os apóstolos compreendiam a igreja, o Reino de Deus.
Em Efésios, capítulo 2, Paulo fala sobre esse mesmo assunto:
“Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne, e chamados incircuncisão
pelos que na carne se chamam circuncisão feita pela mão dos homens; que naquele tempo estáveis
sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo
esperança, e sem Deus no mundo. Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo
sangue de Cristo chegastes perto. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e,
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derrubando a parede de separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei
dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem,
fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as
inimizades. E, vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto;
porque por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito. Assim que já não sois
estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus” (Efésios 2:11-19).
Esse era o plano original de Deus – judeus e gentios uma só nação, um só povo, uma só igreja.
Assim era o pensamento e doutrina apostólica no início. Mas, com o passar dos anos, muita tensão e
divisão foi surgindo entre eles e os judeus, com isso, foram se afastando cada vez mais da igreja. Então, o
que Deus está fazendo hoje em Israel é curar uma ferida antiga, é juntar os povos que estavam separados
há quase 2000 anos.
Quando falamos hoje sobre divisão na igreja, normalmente as pessoas pensam naquela que
ocorreu entre católicos e protestantes no século XVI, mas essa não foi a primeira divisão e, sim, a terceira.
A segunda divisão foi entre as igrejas católica e ortodoxa no século XI, mas a primeira foi entre os judeus e
os gentios convertidos, já no primeiro século; todas as outras vieram após essa. Se essa primeira divisão foi
a raiz do problema e nós estamos hoje buscando a Unidade, então temos de voltar ao lugar onde o
problema começou, à sua causa inicial para poder curá-lo – e é isso que Deus está fazendo em nossos dias.
Hoje existem comunidades judaico-messiânicas em muitos países, em todos os continentes. A
maioria delas é pequena, mas existem e precisamos dar a devida atenção a isso, pois é um sinal profético
dos últimos dias. Isso é apenas o início, pois a palavra profética é a que o apóstolo Paulo viu: “até que a
plenitude dos gentios haja entrado... e assim todo o Israel será salvo”. Deus ainda tem muito o que fazer na
igreja gentílica, mas estamos vivendo um tempo onde as coisas estão começando a se sobrepor – Ele está
trabalhando com as nações e com Israel ao mesmo tempo.
O que precisamos compreender é que houve um momento na história em que o tempo da graça de
Israel terminou e o das nações começou, mas agora está começando o inverso – o período da graça para
Israel está crescendo cada vez mais e Deus irá terminar de fazer o que Ele começou nas nações. Por isso,
precisamos ter uma visão da plenitude da igreja, que essa só acontecerá quando as duas partes se unirem
novamente.
Jesus é o Bom Pastor e deseja agregar em um só corpo todo o seu rebanho: “Ainda tenho outras
ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá
um rebanho e um Pastor” (João 10:16). E é isso que Ele está fazendo hoje! Aleluia!
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CRIANDO E CULTIVANDO UM AMBIENTE DE FÉ E ORAÇÃO
Abnério Cabral
E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, fazeis dela um
antro de assaltantes. (Mateus 21:13)
C
ada casa tem sua cultura, sua maneira de ser e agir, seus costumes cotidianos e a casa de Jesus
também tem cultura e ambiente peculiares, identidade própria – ela é uma “Casa de Oração”. O texto
usado por Jesus foi Isaías 56:7, que diz que esta casa seria “para todos os povos”, ou seja, estaria disponível
dia e noite para todos aqueles que buscassem ao Senhor.
Quando Jesus cita este texto, ele está nos chamando à responsabilidade acerca de um legado que
recebemos. A Bíblia diz que José, pai de Jesus, era da “Casa de Davi” (Lucas 1:27,69). Davi foi um rei e José,
portanto, tinha um legado, uma linhagem real, pois era seu descendente. Da mesma forma nós, igreja do
Senhor, também pertencemos à essa linhagem real e temos esse mesmo legado. Você e eu fomos
chamados, comprados, lavados, eleitos, marcados, escolhidos para fazermos parte da casa de Jesus que é
uma Casa de Oração.
O ministério mais importante do cristão é o sacerdotal. É mais importante do que o apostólico,
profético, pastoral, evangelístico, de mestre. O sacerdote ministra ao coração de Deus e esse é o principal
chamado que existe. Nós fomos feitos reis e sacerdotes pelo sangue de Jesus (Apocalipse 1:6). Deus nos
amou tanto que nos quis bem próximos a ele e, por isso, “casa” fala de intimidade – um lugar onde nos
relacionamos, nos amamos e compartilhamos nossas vidas.
Como vimos, cada casa tem sua cultura, aquilo que todos que nela habitam seguem e praticam. A
cultura da Casa do Senhor é a de oração e Ele quer que Seu povo crie e cultive esse ambiente. Nós cremos
que a nossa Congregação foi chamada com esse propósito nesta cidade, estado e país. Nosso legado é de
sermos Casa de Oração para construirmos um ambiente onde o Senhor Se sinta à vontade para Se
manifestar. Você e eu fomos chamados por Deus para fazermos parte desse ambiente, dessa cultura de
oração. Ele nos comprou, nos marcou, nos escolheu e nos trouxe para esse tempo e lugar. Somos filhos
amados do Senhor, convidados por Ele para fazer parte da Sua Casa de Oração. Mas só teremos essa
cultura de oração quando se dispuserem a fazer parte desse mover, desse ambiente de fé e oração.
Deus está trabalhando com Seu povo em toda a Terra para que este tenha o foco, o propósito de
criar um ambiente de oração para ministrar continuamente ao coração Dele. Em toda a Terra há orações
fluindo, subindo à presença de Deus e nós também estamos sendo atingidos por essa ação do Espírito
Santo. É necessário, entretanto, que tenhamos a absoluta certeza de quem somos e qual é o nosso
chamado aos olhos do Pai.
Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Porque não recebestes um
espírito de escravidão para vos reconduzir ao temor, mas o Espírito de adoção, pelo qual clamamos:
Aba, Pai! O próprio Espírito dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus. Se somos
filhos, também somos herdeiros, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo, se é certo que sofremos
com ele, para que também com ele sejamos glorificados. (Romanos 8:14-17)
Somos filhos de Deus porque somos guiados pelo Espírito de Deus, e é Ele quem testifica ou
testemunha isso ao nosso espírito. Somos filhos adotivos, mas com todos os direitos dos filhos legítimos.
Fomos feitos herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo, nosso irmão mais velho. Tudo que Jesus herdar
nós também herdaremos. Sendo assim, não temos outra opção de vida a não ser andarmos como filhos de
Deus sendo guiados, dirigidos, conduzidos pelo Espírito Santo. Quando o diabo nos acusa, Jesus é o nosso
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Advogado e o Espírito Santo testemunha em nossa defesa diante do Pai. Ele mesmo testifica que somos
filhos de Deus!
Paulo diz que podemos clamar “Aba, Pai”. Chamar a Deus de Aba não é privilégio de um filho
bastardo, mas de um filho legítimo. Podemos chamar Deus de “Paizinho” porque fomos chamados para
participar da Sua intimidade. A Casa de Oração participa, se envolve com essa intimidade; ela está no Corpo
e flui através do Corpo. Quando oramos uns com os outros estamos participando dessa intimidade que o
próprio Deus usufrui; ouvimos e participamos das orações que os nossos irmãos, com abertura de coração,
fazem diante do Pai; estamos juntos em profunda intimidade com Deus podendo, juntos, chamá-Lo de Aba,
“Paizinho”. Isso é relacionamento, proximidade, envolvimento. Somos filhos amados, adotados, herdeiros
de Deus e coerdeiros com Cristo.
O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, pois lhe são absurdas; e não pode
entendê-las, pois se compreendem espiritualmente. Mas aquele que é espiritual compreende todas
as coisas, ao passo que ele mesmo não é compreendido por ninguém. (1 Coríntios 2:14,15)
O homem natural não é filho porque não ouve e não aceita as coisas do Espírito. Mas nós, como
filhos, temos a testificação do Espírito Santo em nosso espírito e essa é uma ação espiritual. Portanto,
somos chamados para viver sobrenaturalmente diante do Senhor e dos homens; vivemos mediante a voz
do Espírito, mediante o que Ele nos fala e orienta, ao discernimento que Ele nos dá.
Quando falamos sobre Casa de Oração estamos nos referindo a uma cultura, a um estilo de vida, a
um comportamento, à maneira como vivemos – filhos espirituais chamados para andar de forma
sobrenatural sobre a Terra. Nossos pés estão aqui, mas nossa mente está no céu. Discernimos as coisas
espirituais porque somos filhos de Deus. Já o homem natural ou carnal, este não discerne as coisas do
Espírito. É assim que fomos chamados para ser e viver.
Quando vivemos nessa atmosfera espiritual começamos a experimentar desse mesmo ambiente.
Quanto mais oração criarmos e cultivarmos, mais do poder de Deus desfrutaremos. Quanto mais oração
subir para o Senhor, mais presença dos anjos haverá; quanto mais espaço criarmos para o Espírito de Deus
operar, mais sinais e prodígios acontecerão. É assim que funciona o mundo espiritual – quanto mais espaço
abrimos, mais recebemos dos céus; quanto menos espaço abrimos, menos provamos dos céus.
Como pessoas espirituais precisamos corresponder ao Espírito, permitir que os nossos corações se
inclinem para aquilo que é espiritual e não para o que é natural; não atentar no que as pessoas dizem ou
pensam, pois vivemos e nos movemos segundo o que o Senhor pensa e fala, segundo o que a Palavra de
Deus nos instrui. Esse é o nosso chamado e identidade. Se queremos o poder de Deus precisamos assumir
o nosso lugar como filhos. Quando nos ocupamos com as coisas do Senhor Ele Se ocupa com as nossas
coisas. Muitas vezes Deus não cuida de nós porque ficamos tentando cuidar de nós mesmos. Mas quando
cuidamos, correspondemos e damos lugar às coisas de Deus, passamos a desfrutar do cuidado Dele para
com as nossas coisas.
Em João, capítulo 4, temos o diálogo entre Jesus e a mulher samaritana. Em determinado momento
ela lhe questiona sobre os diversos ambientes de adoração:
E a mulher lhe disse: Senhor, vejo que és profeta. Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis
que Jerusalém é o lugar onde se deve adorar. Então Jesus lhe disse: Mulher, crê em mim, a hora vem
em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós
adoramos o que conhecemos; porque a salvação vem dos judeus. Mas virá a hora, e de fato já
chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai no Espírito e em verdade; porque são
esses os adoradores que o Pai procura. Deus é Espírito, e é necessário que os que o adoram o
adorem no Espírito e em verdade. (João 5:19-24)
Somos pessoas espirituais e, portanto, só podemos adorar o Pai em espírito e em verdade. Não é
possível adorá-Lo “mais ou menos” ou de qualquer forma. Quando contemplamos a adoração dos anjos ao
Senhor em Apocalipse 5 ficamos extasiados:
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Cada um dos seres viventes tinha seis asas que estavam cheias de olhos em volta e por baixo. De dia
e de noite eles diziam sem cessar: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-poderoso, aquele
que era, que é e que há de vir. Sempre que os seres viventes davam glória e honra e ações de graças
ao que estava assentado no trono, ao que vive pelos séculos dos séculos, os vinte e quatro anciãos
prostravam-se diante do que estava assentado no trono, adoravam o que vive pelos séculos dos
séculos e lançavam suas coroas diante do trono, dizendo: Nosso Senhor e nosso Deus, tu és digno de
receber a glória, a honra e o poder, porque tu criaste todas as coisas e, por tua vontade, elas
existiram e foram criadas. (Apocalipse 4:8-11)
Então olhei e também ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono e dos seres viventes e dos
anciãos cujo número era de milhares de milhares e de milhões de milhões. Eles proclamavam em
alta voz: O Cordeiro que foi morto é digno de receber o poder, a riqueza, a sabedoria, a força, a
honra, a glória e o louvor. Também ouvi todas as criaturas que estão no céu, na terra, debaixo da
terra, no mar e tudo que neles existem, dizerem: Ao que está assentado no trono e ao Cordeiro
sejam o louvor, a honra, a glória e o domínio pelos séculos dos séculos! E os quatro seres viventes
diziam: Amém. Os anciãos também se prostraram e adoraram. (Apocalipse 5:11-14)
Vemos uma dinâmica, um ambiente profundo, intenso e contínuo de adoração, honra,
reconhecimento ao Rei dos reis e Senhor dos senhores; uma reunião interminável de oração e adoração ao
Senhor. O tempo todo há anjos adorando, contemplando, jubilando o Cordeiro e se dobrando diante do
Trono de Deus.
Jesus disse: “Pois onde dois ou três se reúnem em meu nome, ali estou no meio deles” (Mateus
18:20). Quando oramos com outros irmãos nos expomos e submetemos a uma quantidade muito maior de
dons, criando um ambiente propício para o Espírito de Deus falar e operar de maneiras diversas e, então,
somos muito edificados, abençoados e fortalecidos. É muito bom orar em família, mas é melhor ainda
orarmos com outros irmãos, pois há uma diversidade maior de dons, de abertura do Espírito Santo. Isso é
algo fantástico, pois Deus nos providenciou esse ambiente no Corpo, essa forma de manifestar a Sua
Presença. Quanto mais, como povo de Deus, nos ajuntarmos para buscar a face do Senhor, mais condições
teremos de discernir a Sua voz. Muitas vezes temos dificuldades de discernir a voz do Senhor porque
oramos pouco. Não há “receitas” prontas para isso, mas quanto mais oramos, menos erramos; quanto mais
nos expomos à presença de Deus, mais saberemos o que, como, onde e quando fazer algo.
Nós temos um chamado, um legado como filhos de Deus, como herdeiros da promessa.
Participamos tanto dos sofrimentos de Cristo (Romanos 6) quanto da sua glorificação (Romanos 8); em
breve seremos ressuscitados com ele em glória. Mas como isso pode fazer sentido em nosso dia a dia?
Quando começamos a criar, cultivar, participar do ambiente de oração passamos a sentir o peso, o amor, a
grandeza, a sabedoria, a soberania, a majestade, a plenitude com que Deus age e faz todas as coisas. Dessa
forma, tudo o que somos e vivemos passa a fazer sentido pois entramos no mundo espiritual que não é
discernido naturalmente.
Resumindo: somos filhos adotivos com direitos legítimos; fomos chamados para sermos espirituais
e participarmos dos sofrimentos de Cristo, com direito de participarmos também da sua glorificação e de
um ambiente íntimo com Deus no qual podemos nos dirigir a Ele como “Aba”, “Paizinho”. Podemos, como
filhos espirituais, formarmos um ambiente de adoração a Deus.
A Casa de Oração tem um ambiente que precisa ser cultivado. Somos sacerdotes que carregam em
seu peito, em seu ombro e em sua vida o peso pela presença de Deus. Em João 10:27, Jesus disse: “As
minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem”. Isso é o chamado ou ministério
sacerdotal. O filho de Deus ouve e discerne a voz do seu Senhor porque é uma pessoa espiritual. A Casa de
Deus é um ambiente espiritual de poder, de manifestação da Sua presença. Se não existe essa presença e
esse poder é porque não há sintonia com o Senhor. Assim deve ser em nossa vida, casa e igreja. É dessa
forma que fomos chamados para viver.
A Casa de Deus tem costumes, estilo de vida, cultura. Seu ambiente é de fé, adoração e oração. É
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um ambiente espiritual onde Deus fala continuamente. Gênesis, capítulo 28, diz que Jacó adormeceu e teve
um sonho: “Então sonhou que havia uma escada colocada sobre a terra, cujo topo chegava ao céu; e os
anjos de Deus subiam e desciam por ela; e acima dela estava o Senhor” (v.12). Quando acordou, ele disse:
“Realmente o SENHOR está neste lugar, e eu não sabia. E, cheio de temor, disse: Como este lugar é terrível!
Este lugar não é outro senão a casa de Deus, a porta do céu” (vs.16,17). A Casa de Deus é um lugar onde Ele
fala. Quando ouvimos a Sua voz torna-se impossível continuarmos vivendo, pensando e agindo da mesma
forma, pois quando Ele fala as coisas acontecem. Deus não vai falar nada se for para continuar da mesma
maneira. Se nada aconteceu é porque Ele não falou, porque toda palavra que sai da Sua boca é criativa e
tem poder em si mesma para fazer as coisas acontecerem. Por isso precisamos criar e cultivar um ambiente
onde a Palavra de Deus possa agir, se manifestar e fazer acontecer aquilo para o qual ela se propôs:
“...assim será a palavra que sair da minha boca; não voltará para mim vazia, mas fará o que me agrada e
cumprirá com êxito o propósito da sua missão” (Isaías 55:11).
Na cultura de oração existe um ambiente de poder. Em Efésios, capítulo 3, o apóstolo Paulo conclui
no verso 20 uma oração que ele começou no verso 14: “Àquele que é poderoso para fazer bem todas as
coisas, além do que pedimos ou pensamos, pelo poder que age em nós”. Deus é poderoso para fazer todas
as coisas com excelência e perfeição, de acordo com o Seu poder que age em nós! Jesus recebeu um corpo
novo, ascendeu aos céus e agora está sentado à direita de Deus. Lá no céu há um homem sentado no Trono
que nos conhece e compreende. Deus nos amou tanto que Seu filho unigênito se tornou homem por nossa
causa e o mesmo Espírito que levantou Jesus dentre os mortos habita em nós (Romanos 8:11). Precisamos
crer nisso! Jesus nos ensinou:
Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto;
e teu Pai, que vê o que é secreto, te recompensará. (...) pois vosso Pai conhece de que necessitais,
antes de o pedirdes a ele. (Mateus 6:6,8)
Quando estamos em um ambiente de oração os nossos pensamentos sobem e são aceitos e
respondidos pelo Senhor. Às vezes não precisamos nem abrir a boca, mas se algo estiver queimando em
nosso coração certamente será expresso em palavras e subirá ao Trono de Deus. Esse ambiente de oração
coletiva é algo espiritual e nele somos edificados e fortalecidos. Paulo ora “para que, segundo as riquezas
da sua glória, vos conceda que sejais interiormente fortalecidos com poder pelo seu Espírito” (Efésios 3:16).
Então, existe um poder em nós que é ativado nesse ambiente de fé e oração. Quando começamos a
praticar esse ambiente passamos a discernir, a compreender o que, onde, quando e como iremos fazer
todas as coisas. Por isso é importante, inclusive, sempre anotarmos tudo o que Deus fala por meio dos
irmãos. Esse ambiente traz revelações do céu e ajuda a liberar o poder de Deus em nós e através de nós.
Agora pois, ó Senhor, olha para as suas ameaças e concede aos teus servos que falem a tua palavra
com toda coragem, enquanto estendes a mão para curar e para realizar sinais e feitos
extraordinários pelo nome de teu santo Servo Jesus. (Atos 4:29,30)
A igreja estava sendo perseguida, muitos cristãos sendo presos e mortos e os irmãos se reuniram
para orar. Pediram que o Senhor aumentasse sua fé, coragem e ousadia e que não recuassem diante das
ameaças de seus perseguidores; pediram mais poder e autoridade para anunciar o evangelho, expandir o
reino de Deus e realizar sinais e prodígios sem se intimidar. O que aconteceu em seguida como
consequência?
E, quando terminaram de orar, o lugar em que estavam reunidos tremeu. Todos ficaram cheios do
Espírito Santo e passaram a anunciar com coragem a palavra de Deus. (Atos 4:31)
Quando construímos um ambiente de fé e oração o poder de Deus é liberado. No decorrer da
história da igreja há muitos testemunhos de lugares que literalmente tremeram pelo poder de Deus
liberado por meio de um ambiente de oração.
Quem cura e libera os milagres é Jesus. O que precisamos é abrir cada vez mais espaço para ele
agir. Deus não está interessado somente em algumas pessoas, mas em todo o Seu povo, em toda a Sua
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igreja. Ele quer imprimir Sua marca no mundo através desse povo, quer usá-lo com poder e autoridade,
mas para isso Ele precisa de um ambiente onde Ele possa descer e agir. E nós fomos chamados para
construir esse ambiente.
Em Lucas, capítulo 7, lemos a história da cura do servo do centurião romano. Jesus, ao se
aproximar de sua casa para orar por aquele servo, recebeu a seguinte mensagem do centurião:
Senhor, não te incomodes, pois não sou digno de que entres debaixo do meu teto; por isso não me
julguei digno nem mesmo de ir ao teu encontro; diz, porém, uma palavra, e o meu servo será
curado. Pois eu também sou homem sujeito à autoridade, e tenho soldados sob minhas ordens; e
digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu servo: Faze isto, e ele faz. (Lucas 7:68)
Esse homem tinha o discernimento de quem era Jesus e reconhecia a autoridade que havia nele.
Diz o texto, a seguir:
Ouvindo isso, Jesus ficou admirado com ele e, voltando-se para a multidão que o seguia, disse: Eu
vos afirmo que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé. E quando os emissários voltaram para
casa, encontraram o servo com saúde. (vs.9,10)
O centurião não se considerava digno de entrar na presença de Jesus, mas nós fomos feitos dignos
de entrar na presença do Rei pelo sangue do Cordeiro! Jesus nos abriu um novo e vivo caminho à presença
do Pai (Hebreus 10:20). Por isso, quando dizemos que a Casa de Deus é Casa de Oração, podemos afirmar
que nela existe um ambiente de fé, honra, poder e autoridade. E, quando honramos ao Senhor, também
honramos os nossos irmãos.
E, chegando à sua cidade, passou a ensinar o povo na sinagoga, de modo que este se maravilhava e
dizia: De onde lhe vêm essa sabedoria e esses poderes miraculosos? Não é este o filho do
carpinteiro? Sua mãe não se chama Maria, e seus irmãos, Tiago, José, Simão e Judas? E não estão
entre nós todas as suas irmãs? Então, de onde lhe vem tudo isso? E escandalizavam-se por causa
dele. Jesus, porém, lhes disse: É somente em sua terra e em sua casa que um profeta não é honrado.
E não realizou muitos milagres ali, por causa da incredulidade deles. (Mateus 13:54-58)
Jesus queria e podia ter feito muitos milagres em Nazaré, mas ele não foi honrado e reconhecido
como o filho de Deus, mas apenas como o filho do carpinteiro José. Eles não prestaram atenção ao que
Jesus falava e fazia, mas focaram apenas em quem ele era por nascimento e profissão. Nós, muitas vezes,
também perdemos o que Jesus está fazendo porque focamos em outras coisas que não as do Reino de
Deus. Jesus foi impedido de realizar milagres naquele lugar porque não encontrou ali um ambiente de fé e
de honra à sua pessoa. Eles não criam que ele era o Messias, o filho de Deus, o profeta do Deus Altíssimo.
A fé atrai a atenção de Deus. Não adianta ficarmos lamentando e clamando pelas nossas misérias
ao Senhor, porque o que atrai Sua atenção e libera Seus milagres é a nossa fé:
Sem fé é impossível agradar a Deus, pois é necessário que quem se aproxima de Deus creia que ele
existe e recompensa os que o buscam. (Hebreus 11:6)
Ora, se somos filhos de Deus e se o Espírito Santo habita em nós podemos exercitar a fé. A oração
gera o ambiente de fé que atrai a presença de Deus. Quanto mais praticamos a fé, mais Deus Se sente livre
para agir e operar milagres.
E eles perseveravam no ensino dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em
cada um havia temor, e muitos sinais e feitos extraordinários eram realizados pelos apóstolos. (Atos
2:42,43)
Aquela igreja tinha experimentado a visitação de Jesus, o derramamento do Espírito Santo e
perseveravam na doutrina apostólica, na comunhão, no partir do pão e nas orações. O resultado era que o
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poder e a presença de Deus se manifestavam com abundância entre eles e através deles.
Hoje precisamos cultivar cada vez mais esse ambiente de oração, ouvir e corresponder à voz do
Espírito Santo para, cada vez mais, experimentarmos a comunhão, a revelação do partir do pão e a palavra
profética do Senhor em nosso meio. Essa palavra somente será liberada em resposta a um ambiente de
oração. Nós, como igreja do Senhor, não podemos ficar “grávidos” da palavra profética e não termos forças
para dar à luz. Por isso precisamos, juntos como igreja, cultivar cada vez mais esse ambiente para que Ele
venha e libere Sua palavra e presença em nosso meio. Digo “juntos” porque, dessa forma, sempre haverá
maior diversidade de dons, de palavras, de unção.
A oração, no entanto, é um ato da nossa vontade, é algo que decidimos fazer ou não. É um
compromisso, uma responsabilidade que assumimos diante do Senhor. Essa é uma decisão que eu,
particularmente, tomei diante do Senhor e entendo que Ele me chamou para esse tempo, propósito e
missão. Eu não sei qual é o seu chamado e a sua hora, mas se disponha a orar pelo menos por uma hora,
seja em sua casa ou nas reuniões da igreja. Quando estava no Getsêmani, Jesus pediu isso aos seus
discípulos: “Vós não pudestes vigiar comigo nem uma hora?” (Mateus 26:40).
Podemos e devemos nos dispor em oração para mudarmos o ambiente espiritual. A minha e a sua
participação e envolvimento são fundamentais para criarmos e cultivarmos um ambiente de fé e oração
aonde a presença e os milagres de Deus acontecerão. Sozinhos não poderemos manifestar Jesus em sua
plenitude, mas juntos conseguiremos! Quanto mais orarmos, mais iremos cumprir o nosso chamado
sacerdotal. Quanto mais oração, mais unidade e mais liberação de poder.
Deus não irá liberar Sua unção e Sua graça em cisternas rotas, rachadas, que não retêm Suas águas
(Jeremias 2:13). Muitos avivamentos já ocorreram na história, mas as águas do Espírito vazaram, não
ficaram retidas. Agora o Senhor está trabalhando no ambiente e a unção não irá se perder. Em alguns
lugares o avivamento já dura mais de 20 anos, porque os irmãos estão correspondendo ao Senhor em criar
e manter esse ambiente espiritual de oração e fé.
Quero lhe encorajar a também se envolver nesse propósito, pois você foi chamado por Deus para
isso. Quando descobrir quão gostoso e maravilhoso é tocar no Senhor junto com outros irmãos você não
irá querer outro ambiente, outro lugar, outra forma. Vamos cumprir o nosso chamado, participar
ativamente da Casa de Jesus, viver essa cultura de Casa de Oração. Fomos chamados para viver não a
cultura brasileira, mas a cultura da presença de Jesus, do Reino de Deus.
A voz de Jesus precisa ecoar e quanto mais pessoas começarem a ouvir essa voz mais rápido virá o
avivamento. Deus nos chamou porque deseja falar mais conosco. Somos canais preciosos e Ele quer nos
usar para sua glória e honra. Amém!
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O CULTO AO SENHOR
Abnério Cabral
P
recisamos compreender muito bem o conceito de “Culto ao Senhor”. A palavra “liturgia” tem sido
muito mal interpretada e até combatida no meio evangélico, justamente por não entendermos seu
verdadeiro significado. Liturgia é a ordem do culto, é tudo aquilo que acontece em uma reunião ou culto ao
Senhor. Essa palavra significa “ordem” ou “santo, separado”. É algo necessário quando acontece o
ajuntamento de um grande número de pessoas, quando se torna necessária uma certa ordem nos
acontecimentos da reunião.
“Culto” é o trabalho ou serviço que prestamos ao Senhor. Augusto Nicodemos, pastor, teólogo,
professor e escritor da Igreja Presbiteriana, o define da seguinte forma: “Culto é a celebração pública e
visível da aliança que temos com Deus”. Nós só participamos dos cultos porque temos uma aliança com
Deus e nos ajuntamos justamente para celebrar essa aliança. Nós cantamos a Deus, bendizemos ao Seu
Nome, O adoramos porque Ele fez uma aliança conosco e nós com Ele, aliança esta conquistada e
estabelecida mediante o preço do sangue do Cordeiro, Jesus.
Nossos cultos são públicos, qualquer pessoa pode entrar e participar. Quando nos reunimos, tudo o
que fazemos deve ser para Deus – nosso louvor, adoração, orações, ofertas etc. Não cantamos para
agradar as pessoas ou os líderes, mas para oferecer ao Senhor a nossa gratidão, reconhecimento,
reverência e devoção por tudo aquilo que Ele é, fez e ainda faz por nós. Assim, não importa se eu gosto ou
não de determinada música, mas que Jesus goste, se agrade e seja exaltado através da minha ação e
atitude de cultuar a ele; importa que ele aceite a minha canção de reconhecimento ao seu amor e aliança
para comigo. Posso não entender alguma letra, mas se ela diz que Jesus é amor, é salvador, é Senhor, é
maravilhoso, com certeza ele aceitará esse louvor dos meus lábios e se alegrará.
Muitas atitudes às vezes fogem do nosso “padrão habitual de culto”, mas também expressam
nosso amor ao Senhor – “vamos beijar, abraçar, acariciar, tocar o Senhor”. Aquela mulher que sofria de
hemorragia (Lucas 8) queria tocar nas orlas das vestes de Jesus. Ela tinha o entendimento de que essa orla
ocupa todo o espaço do santuário da presença de Deus.
Muitas vezes ficamos preocupados em avaliar “como foi o culto”. Dizemos: “Ah, hoje o culto foi
bom porque eu me senti bem, porque eu senti a presença de Deus”. No entanto, a adoração é para
agradarmos o Senhor e não somente para nos “sentirmos bem”. “Ah, hoje o culto foi ruim porque eu não
gostei das músicas, porque eu não senti a presença de Deus”. Mas, quem foi que me disse que Deus não
gostou ou que Ele não estava presente?
Anos atrás nos reuníamos em um outro salão e houve uma reunião dessas que consideramos muito
“ruim, difícil”. De repente, um irmão contou um testemunho sobre seu filho. Essa criança disse ao seu pai:
“Pai, Jesus está nessa reunião, porque quando eu estava deitado debaixo do banco, no coxão, ele pegou a
minha fralda, colocou no meu ouvido e, quando a tirou, ela estava suja de sangue e eu não senti mais dor
alguma no ouvido”. Embora para nós parecesse que não, Jesus estava ali com sua santa e poderosa
presença. Ninguém apresentou ou pediu oração por aquela criança, mas o Senhor estava ali e a curou.
Então, o nosso conceito de “reunião boa” ou “reunião ruim” não é válido. Precisamos compreender
que quando estamos juntos adorando a Deus, Ele sempre está presente e sempre fala algo conosco. Se não
falamos nada para Deus ou não ouvimos nada da parte Dele é porque há algo errado conosco, porque
quando nos ajuntamos em um culto o fazemos para adorar ao Senhor e Ele SEMPRE estará presente e Se
manifestará de alguma forma em nossas vidas.
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No culto adoramos, glorificamos, magnificamos, exaltamos e louvamos unicamente ao Senhor. Ele
é o centro de toda a nossa atenção e devoção. Por isso, devemos cuidar para não desviar esse foco ou essa
atenção para nós mesmos, para como “eu estou” ou como “eu me sinto”.
“Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há
mudança nem sombra de variação” (Tiago 1:17)
Deus não varia, não muda, não “acorda de mau humor”. Ele está sempre acordado, disponível,
pronto para receber a nossa adoração e nos abençoar. O adoramos não somente porque Ele fez algo por
nós durante a semana, mas porque “digno é o Cordeiro de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força,
e honra, e glória, e ações de graças” (Apocalipse 5:12). Assim, não adoramos a Deus apenas porque Ele fez
ou faz alguma coisa de bom em nossas vidas, mas, sim, porque Ele é totalmente e completamente digno da
nossa mais perfeita reverência e adoração.
"Oferecer-te-ei sacrifícios de louvor, e invocarei o nome do SENHOR" (Salmos 116:17)
"Portanto, ofereçamos sempre por ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que
confessam o seu nome" (Hebreus 13:15)
Não importa quão boa ou ruim tenha sido a minha semana, minha atitude deve ser sempre a de
oferecer ao Senhor meu sacrifício de louvor, porque Ele é digno. “Ah, mas eu estou enfermo! Ah, mas eu
perdi o emprego!” O que isso importa? O que isso muda? Deus deixou de ser digno da minha adoração por
isso? Ele perdeu Sua glória e divindade? Ele deixou de ser quem Ele é?
“Regozijai-vos sempre. Orai sem cessar. Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em
Cristo Jesus para convosco” (1 Tessalonicenses 5:16-18)
Podemos orar, cantar, adorar, levantar as nossas mãos ao Senhor sempre, em qualquer
circunstância, porque Ele nunca muda e nunca mudou!
Quando nos ajuntamos, algumas coisas acontecem:
“Quando entravam na tenda da revelação e quando chegavam ao altar, eles se lavavam, conforme
o SENHOR havia ordenado a Moisés. Levantou também as cortinas do átrio ao redor do tabernáculo
e do altar, e pendurou a cortina da entrada do átrio. Desse modo, Moisés terminou a obra. Então a
nuvem cobriu a tenda da revelação, e a glória do SENHOR encheu o tabernáculo, de maneira que
Moisés não podia entrar na tenda da revelação, pois a nuvem repousava sobre ela, e a glória do
SENHOR enchia o tabernáculo” (Êxodo 40:32-35).
Moisés construiu o Tabernáculo exatamente de acordo com o modelo que o Senhor lhe revelou – o
modelo do céu! O que Moisés fez na terra foi uma figura ou reprodução exata do que há no céu (Hebreus
9:23). O livro de Apocalipse descreve exatamente o Tabernáculo de Moisés no céu.
Para entrar na Tenda da Revelação eles precisavam lavar as mãos, porque haviam passado pelo
Altar de Sacrifícios, oferecido sacrifícios ao Senhor e suas mãos estavam sujas. Quando faziam tudo o que
lhes era ordenado e entravam na tenda, a nuvem da presença do Senhor enchia aquele lugar. Dessa forma,
deve existir uma preparação da nossa parte quando nos reunimos para cultuar a Deus. Essa preparação
começa antecipadamente, em nossas casas. Nos lavamos, trocamos nossas roupas, oramos, nos
consagramos, nos preparamos para encontrar com o Senhor e, junto com os irmãos, adorarmos a Ele.
Assim, havia uma preparação antecipada para entrar na presença de Deus.
Os sacerdotes ficavam maravilhados ao contemplar a nuvem da glória da presença do Senhor e
sempre queriam mais e mais. Da mesma forma isso deve acontecer conosco quando começamos a
experimentar dessa presença, dessa glória, dessa unção – sempre desejarmos mais e mais!
“O SENHOR falou a Moisés, depois que os dois filhos de Arão morreram quando se aproximaram do
SENHOR. O SENHOR disse a Moisés: Dize a teu irmão Arão que não entre a qualquer hora no lugar
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santíssimo, do véu para dentro, diante do propiciatório que está sobre a arca, para que não morra;
porque aparecerei na nuvem sobre o propiciatório” (Levítico 16:1,2).
Os filhos de Arão morreram porque julgaram que podiam entrar na presença de Deus de qualquer
maneira. Eles deveriam entrar purificados e aspergir sobre o Propiciatório o sangue de animais purificados.
A presença do Senhor era boa e santa, mas também forte e perigosa. Dentro da Arca havia as tábuas da lei,
o maná e a vara de Arão que floresceu – coisas extremamente poderosas. Deus tinha algumas exigências e
cuidados que os sacerdotes deveriam cumprir para se aproximar da Arca. Como deveria ser essa
preparação?
“Portanto, Arão apresentará em seu favor o novilho da oferta pelo pecado e fará expiação por si e
por sua casa; e sacrificará o novilho que é sua oferta pelo pecado. Então, pegará um incensário
cheio de brasas tiradas do altar, diante do SENHOR, e dois punhados de incenso aromático bem
moído, e os levará para além do véu; e porá o incenso sobre o fogo diante do SENHOR, a fim de que
a nuvem do incenso cubra o propiciatório que está sobre o testemunho, para que ele não morra”
(Levítico 16:11-13).
O sacerdote usava um incensário que era levado para dentro do Santo dos Santos, para o
Propiciatório. Este produzia uma fumaça de adoração que, quando subia, fazia a nuvem da glória de Deus
descer e encher aquele lugar. Da mesma forma acontece hoje – o nosso movimento de oração e adoração
criam um incenso, uma fumaça santa que sobe até as narinas do Senhor e atrai a Sua presença a nós.
Quando, como congregação, começamos a adorar, a cultuar a Deus, atraímos a Sua presença, a nuvem da
Sua glória para o nosso meio.
Hoje vivemos em um tempo como igreja que parece até que Deus “desligou a chave geral”.
Fazemos muitas coisas e quase nada acontece. “Brinca-se” muitas vezes, mas ninguém morre. Na igreja em
Jerusalém essa “chave geral” estava ligada. Ananias e Safira entraram despreparados, sem santidade na
presença de Deus e morreram (Atos 5).
“Quando os sacerdotes saíram do santuário, uma nuvem encheu o templo do SENHOR; de modo
que os sacerdotes não conseguiam permanecer em pé para ministrarem, por causa da nuvem;
porque a glória do SENHOR enchera o templo do SENHOR” (1 Reis 8:10,11).
A presença de Deus não perdeu sua força com o decorrer dos séculos, mas continua a mesma até
hoje, tão poderosa quanto nos primeiros tempos, e é essa presença que precisamos buscar como igreja.
Queremos que ela volte a se manifestar em nossos dias da mesma forma como antigamente. Temos muitos
relatos na história de que isso aconteceu. Essa presença deve ser algo normal quando nos ajuntamos para
cultuar ao Senhor.
“...quando tocaram as trombetas em uníssono e cantaram para serem ouvidos, louvando o SENHOR
e dando-lhe graças, e quando levantaram a voz com trombetas, címbalos e outros instrumentos de
música, e louvaram o SENHOR, cantando: Porque ele é bom, porque o seu amor dura para sempre;
então uma nuvem encheu o templo do SENHOR, de modo que os sacerdotes não conseguiam
permanecer em pé para ministrar por causa da nuvem, porque a glória do SENHOR encheu o templo
de Deus” (2 Crônicas 5:13,14).
Quando o povo tocou seus instrumentos e louvou e deu graças ao Senhor, a nuvem de glória
encheu aquele lugar de tal forma que ninguém conseguia permanecer em pé. Toda a atenção e reverência
pertencia ao Senhor – ninguém mais permanecia em cena. ELE precisava e precisa hoje ser visto, ser
adorado. Diz o texto que as trombetas tocavam em uníssono – eram muitos sons e vozes, mas apenas uma
era ouvida. Era uma adoração com toda força e expressão dignas do Rei dos reis.
Em 1904, no País de Gales, ocorreu um avivamento muito poderoso da presença de Deus. Um
jovem chamado Evan Roberts, seminarista, certa noite não conseguia dormir porque Deus falava com ele.
Então ele resolveu voltar para a sua cidade, reunir seus amigos e buscar ao Senhor em oração até que Ele
revelasse plenamente o que desejava fazer naquele lugar. Um dia a presença de Deus veio fortemente
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sobre aqueles jovens. Quando a notícia se espalhou, pessoas de inúmeras congregações e até de outras
nações começaram a se dirigir àquele lugar, recebiam daquele poder e o levavam para seus lugares de
origem.
As reuniões aconteciam diariamente às 19:30h, mas desde as 5:00h muitos já começavam a buscar
e adorar a Deus. Pausavam para trabalhar, voltavam e continuavam, pois as reuniões não paravam –
aconteciam vinte e quatro horas ininterruptamente. Os cinemas, teatros, clubes, bares e estádios da cidade
ficaram vazios, porque o povo estava reunido buscando a Deus. Foi um grande avivamento – a presença de
Deus se manifestou de forma muito forte naquele lugar por quase um ano. Pessoas que não sabiam tocar
instrumentos ou cantar o faziam, e em várias línguas diferentes.
Em 1906, na Rua Azuza (Los Angeles, EUA), vários irmãos começaram a fazer o mesmo – orar, ler a
Palavra, buscar o avivamento do Espírito. A presença de Deus se manifestou de forma tão poderosa
naquele lugar que até as pessoas que passavam nas ruas próximas ao local entravam, confessavam seus
pecados, se convertiam e eram cheias do Espírito Santo. Havia um poder tão forte da presença de Deus que
homens e mulheres do mundo inteiro para lá se dirigiram a fim de receber e levar essa unção para suas
nações. Certo irmão, chegando na cidade e não conseguindo ir até o local, orou no próprio hotel onde
estava hospedado para que Deus o visitasse ali mesmo. A presença de Deus o encheu poderosamente e ele
voltou no próximo avião levando aquele avivamento para seu país.
Em 1907, o mesmo avivamento aconteceu na Coréia do Sul e hoje existem lá milhares de igrejas e
milhões de pessoas convertidas que são frutos desse primeiro mover. Até hoje eles continuam orando
ininterruptamente. Existem lá muitos “montes de oração” com cartazes escritos: “É proibido jejuar por
mais de 45 dias”!
O fato é que hoje Deus está nos chamando como igreja para este lugar secreto, para encontrar esta
Sua presença gloriosa. Temos pregado muitas palavras que têm impactado poderosamente os nossos
corações – a importância e necessidade do perdão, a importância do ambiente de oração para a
manifestação da presença de Deus, a necessidade da proclamação do Evangelho, as finanças no Reino de
Deus etc. Tudo isso tem a ver com liturgia, tudo isso está relacionado com o culto ao Senhor.
O livro de Malaquias fala sobre a restauração do culto ao Senhor, fala da importância da aliança
entre Deus e Seu povo, da aliança entre o marido e a mulher, da função dos levitas e sacerdotes, do
ajuntamento da congregação para adorar a Deus e, também, sobre dízimos e ofertas. Assim, ofertar,
perdoar, amar, louvar, evangelizar, cantar, orar – tudo isso faz parte da liturgia do verdadeiro culto ao
Senhor. Não podemos cultuar a Deus se retivermos alguma dessas coisas. Dessa forma, precisamos nos
lavar, nos preparar para chegarmos em santidade e reverência diante de Deus.
“Portanto, o SENHOR, o Deus de Israel, declara: Na verdade eu disse que a tua família e a família de
teu pai me serviriam para sempre. Mas agora o SENHOR diz: Longe de mim tal coisa, pois honrarei
os que me honram, mas os que me desprezam serão desprezados” (1 Samuel 2:30).
Deus havia se arrependido do que havia prometido ao sacerdote Eli, pois este não correspondeu a
Ele. Quando honramos a Deus Ele também nos honra. A Palavra diz: “Deus resiste aos soberbos, mas dá
graça aos humildes” (Tiago 4:6). Se nos esforçarmos para honrar ao Senhor em nossos ajuntamentos, Ele
irá nos honrar com as manifestações da Sua presença, pois esse é o Seu prazer. Isso tem a ver galardão, e
não com salvação – se O honrarmos Ele também nos honrará.
Hoje nós podemos entrar “pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela
sua carne” (Hebreus 10:20). Existe um caminho a Deus que nos foi aberto pelo sangue do Cordeiro, Jesus, e
fomos chamados a entrar por ele como povo de Deus, como congregação, como uma só voz.
Deus quer liberar sobre nós porções cada vez maiores da Sua presença. Não precisamos ter medo
dessa presença, embora não possamos brincar com ela, como Ananias e Safira fizeram. Não podemos nos
“acostumar” aos nossos ajuntamentos de forma a ficarmos despercebidos quando Deus Se manifestar; nos
acostumarmos ao ambiente de poder e não discernirmos a presença do Senhor. A qualquer momento a
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“chave geral” será novamente ligada e, por isso, precisamos estar unidos, atentos e vigilantes.
“Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a
perseverança e súplica por todos os santos” (Efésios 6:18).
Precisamos nos levantar como um só povo, uma só voz e honrarmos a presença de Deus em nosso
meio quando ela chegar. Nós nos reunimos para adorar e cultuar o Grande, Poderoso e Glorioso Deus e
não um homem ou deus qualquer. É por Ele, para Ele, por meio Dele e por causa Dele que nos ajuntamos
como igreja. As músicas, as orações, as ofertas, a adoração, as pregações são para Ele e não para nós, não
para nos “sentirmos bem”, mas para que Ele seja honrado, glorificado, exaltado, magnificado pela voz e
pelo som do Seu povo! Oferecer a Ele o nosso incenso de oração e adoração para que a Sua nuvem desça
sobre nós e encha esse lugar! Amém!
“Porque todas as coisas são Dele, por Ele e para Ele. A Ele seja a glória eternamente! Amém!”
(Romanos 11:36)
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CHAMADOS PARA O SERVIÇO
Clésio Pena
V
ocê tem ideia de quantas pessoas estão trabalhando hoje em nossa Congregação? Quantos são
pastores, cantores, cozinheiros, porteiros, cuidadores de crianças, líderes de pequenos grupos etc.?
Talvez umas 50 pessoas no máximo? No entanto, somos um grupo de aproximadamente 500 pessoas – e as
demais outras, o que fazem? Precisamos lembrar que o chamado do Cristianismo é para o trabalho, para o
serviço. Não existe um chamado para ficar “deitado na rede” ou assistindo TV no sofá. Talvez, quando você
foi evangelizado, lhe esqueceram de dizer que você foi chamado para o serviço, a entregar sua vida para
alcançar outras pessoas. Então, ou você crê nisso pela fé ou o cristianismo não lhe serve. Mas, se entender
seu chamado, com toda certeza irá dedicar sua vida em prol das outras pessoas.
Dias atrás lembrei-me de uma história: Certo rei tinha em seu palácio, entre outras coisas de muito
valor, um jogo de 12 pratos. Um de seus servos, ao limpar os mesmos, acidentalmente quebrou um deles.
O rei, muito nervoso, mandou matá-lo. Essa ordem chegou ao capitão que cuidava das pessoas e ele foi
conversar com o rei: “Recebi uma ordem para matar fulano; o que foi que ele fez?”. “Ele quebrou um
prato, daqueles 12 que estão guardados há séculos”, disse o rei. O capitão, então, pegou os outros 11
pratos e jogou-os no chão, quebrando a todos. O rei ficou enfurecido e questionou-lhe por que havia feito
aquilo, ao que ele respondeu: “Estou evitando a morte de outros 11 homens. Agora o senhor mate a mim,
mas outros não morrerão mais por isso”. O Cristianismo exige essa mesma disposição: “mate a mim, leve a
mim, mas salve os outros”.
Eu entendo que os dons que o Senhor nos dá não são para nós mesmos. Nenhum de nós recebe
dons apenas para se exibir, mas para ganhar pessoas para o Reino de Deus. Claro que, em parte, seremos
beneficiados de alguma forma, mas nosso trabalho é basicamente servir aos outros sem receber nada em
troca. Assim, meu recado a você hoje é: “Acorde, dê sua vida para trabalhar em prol de outros!”
Já ouvimos muito sobre entregar a vida a Jesus, e assim é. Mas vamos falar de uma outra coisa: no
Cristianismo existe uma outra pessoa, depois de Jesus, que também é figura central no Evangelho, que eu
gosto de chamar de “irmão caçula”. O filho caçula sempre é mais dengoso, paparicado, ganha os melhores
presentes, apanha menos etc. E, no Novo Testamento, existe um irmão caçula, o principal depois de Jesus,
onde tudo é para ele. Seu nome é “o próximo”! Assim, entramos no Cristianismo com a única função de
favorecer, de nos doarmos em favor do próximo!
Alguém disse que eu sou o único responsável pelo meu crescimento espiritual e que devo abraçar
com empenho essa causa. Outros irmãos podem me ajudar – sempre sou beneficiado pelas orações e
comunhão dos demais – mas não posso responsabilizá-los por não eu crescer espiritualmente ou adquirir
novas experiências na fé; isso é algo que depende exclusivamente de mim. Não posso responsabilizar o
presbitério, os irmãos da música, os que servem nos aspectos naturais etc. É muito fácil “terceirizar”, pois
hoje em dia a culpa é de “ninguém”. Dizemos: “A minha vida espiritual está fraca porque o pastor é fraco,
porque a igreja é fraca”. Mas não é assim. Quem quer crescer deve buscar alimento para lhe dar solidez.
Dias atrás ouvi uma palestra sobre uma Olimpíada de Educação Mundial, onde o Brasil estava
participando com mais 80 países. Ficamos a três posições do último lugar! O palestrante explicou: “Isso
acontece porque nós estudamos basicamente para o dia da prova e não para aprender – seja aluno do
fundamental, do ensino médio, universitário ou de mestrado.
Um canadense chamado Thomas Rudmik mudou a estrutura de ensino de seu país (que já chegou a
vários lugares do Brasil), com a visão de devolver aos alunos a responsabilidade pelo aprendizado. Isso
muda tudo, porque quando eu digo que não sou maduro espiritual devido à minha liderança ou igreja ser
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fraca, ou porque “ninguém” me ajuda, isso se torna muito fácil para mim, pois acabo simplesmente
procurando outra liderança, outra igreja – e o ciclo se repete. Alguém que se casou 18 vezes têm muita
experiência em casamento – sabe escolher roupas, organizar as coisas – mas não aprendeu a permanecer
casado. Por isso, precisamos aprender a abraçar a responsabilidade do nosso próprio crescimento.
Rudmik escreveu um livro chamado “Tornando-se Imaginal” (Senai-SP, 2015), “cuja premissa básica
é inovação e criatividade, e deriva de uma das maravilhas da natureza: a transformação da lagarta em
borboleta pelo processo da metamorfose. A lagarta é munida de células que têm a capacidade de ver e de
criar a borboleta. Por analogia, líderes Imaginal têm a capacidade de ver além do que a maioria pode ver,
além da coragem, comprometimento e sabedoria para liderar o processo de transformação”. Ele quer dizer
que nós também temos isso em nosso interior, que podemos criar coisas.
Por que eu perguntei no início quantas pessoas trabalham em nossa Congregação? Porque muitos
olham para a estrutura organizacional da igreja e dizem: “Eu não me encaixo em lugar algum; já está tudo
pronto e funcionando; todos os dons já estão preenchidos; não tenho nenhum dom para oferecer neste
lugar”. Pode até ser que aqui dentro não tenha mesmo, mas o mundo é imenso e, com certeza, há espaço
para todos trabalharem com seus diversos dons. Ninguém nasceu apenas para fazer peso sobre a Terra e
Deus deu a cada um diferentes dons para serem colocados em prática. No entanto, muitos não acreditam
nisso. Acreditam que somente alguns têm dons especiais e, portanto, recuam, se isolam e continuam
eternamente vivendo suas vidas medianas espiritualmente falando, não buscando crescimento e
maturidade, que vêm quando assumimos responsabilidades.
Maturidade não tem vem com a idade – há muitos idosos irresponsáveis que continuam sendo
“filhinhos de papai” mesmo depois de adultos; continuam dependendo dos pais ou de outros para tudo na
vida. Dados estatísticos de três anos atrás nos Estados Unidos revelavam que havia cerca de seis milhões de
pessoas vivendo às custas de benefícios do governo. Com exceção dos casos onde a família realmente está
passando por um período de desemprego e precisa de auxílio, a maioria, ao invés de ser criativa e buscar
soluções, se acomoda, fica tranquila e não se esforça em sair dessa situação. Ou seja, essas pessoas estão
aprendendo que, se ficarem paradas, alguém cuidará delas. Mas isso tudo tem um limite.
Quando não desenvolvemos habilidades para produzir algo para a sociedade e somente ficamos
esperando que alguém traga até nós, isso cria um clima, uma cultura de sermos apenas beneficiados,
consumidores, ao invés de sermos produtores ou produtivos. Então, ao abraçarmos essa ideia de sermos
consumistas e não produtivos, a trazemos para dentro do Cristianismo e continuamos, agora dentro da
igreja, sendo e agindo da mesma forma. Ou seja, é sempre “o outro” que precisa dar conta do nosso
crescimento e transformação espiritual. Mas isso não é, definitivamente, responsabilidade do pastor ou do
irmão, mas cada um de nós precisa dar passos constantes para alcançar a maturidade e absorver a
responsabilidade pelo nosso próprio crescimento espiritual.
Devemos fazer discípulos de Jesus, pessoas que ouçam a voz de Jesus. Quando criamos pessoas que
escutam apenas a nossa voz, que só fazem aquilo que mandamos, elas não se desenvolvem, não crescem.
Na educação de filhos há uma lição que fala sobre “macacos nas costas” ou “responsabilidade”. À medida
que uma criança vai crescendo, vamos transferindo-lhe responsabilidades. Não podemos continuar falando
a um jovem de 18 anos: “Escove os dentes para dormir”, “Não deixe de tomar banho”. Isso fazíamos
quando ele era novinho. Quando não permitimos que as pessoas próximas a nós abracem suas próprias
responsabilidades, estamos carregando “macacos” em nossas costas que pertencem a eles, mas que ainda
continuam sobre nós. Só que esses macacos crescem e se tornam gorilas.
Ouvi um relato de uma senhora dizendo que o seu irmão, médico, casado, desde jovem acostumou
sua mãe a acordá-lo de manhã para estudar. Depois, mesmo já sendo formado, trabalhando e casado,
morando em outra casa, ela continuava colocando o despertador e ligando para ele acordar. Ou seja, é
uma mãe que não deixou o filho abraçar suas próprias responsabilidades e crescimento. Há duas
dificuldades nesse tipo de situação: 1) poupamos nossos filhos de tudo que é necessário para seu
crescimento e absorvemos as responsabilidades para nós; 2) nenhum de nós cresce e ambos ficam
carregando “gorilas” nas costas.
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O que eu quero dizer com tudo isso? Que devemos abraçar a responsabilidade do nosso próprio
crescimento espiritual! O segredo desse crescimento é oração, leitura da Bíblia e viver em comunidade no
corpo de Cristo. Mas também existem projetos informais que podem ser feitos fora da Congregação e que
irão beneficiar pessoas, que também produzem crescimento e amadurecimento espiritual. As pessoas
estão lá fora, literalmente morrendo, esperando que alguém as ajude a encontrar salvação.
Após nosso último Encontro de Homens, um pastor da cidade de São Paulo me disse que um
homem que ele havia levado para o Encontro, que mal conhecia e sabia o nome, o procurou dizendo: “Hoje
foi o melhor dia da minha vida. Semanas atrás eu estava com uma corda no pescoço para ser morto por
bandidos, mas me perdoaram e me mandaram embora. Entrei na primeira igreja que eu vi, que era a sua, e
alguém estava anunciando este Encontro de Homens. Então eu fui, naquele lugar me rendi por completo a
Jesus e a minha vida foi completamente transformada”. O pastor contou que esse homem foi para a igreja,
confessou a Jesus como Senhor, pediu perdão à esposa diante de todos e sua vida mudou. Algumas
semanas antes ele havia escapado da morte, mas um simples convite alterou por completo a sua vida.
As pessoas estão morrendo. Ouvimos muitos testemunhos de pessoas que, por causa de um único
detalhe, tiveram suas vidas salvas e transformadas por Jesus. Mas muitos de nós continuamos parados e
acomodados dentro de nossas congregações. Então, vamos sair, vamos atrás dessas pessoas levando o
Reino de Deus até elas.
Há alguns projetos que eu chamo de “informais”, projetos esses que não foram passados pela
direção da igreja para fazermos, mas algo que nós mesmos desenvolvemos – uma ideia só nossa. Dizem os
cientistas que usamos pouco mais de 2% do cérebro, então o que fazemos com os milhões de neurônios
que não usamos? O que podemos fazer de diferente em prol da nossa sociedade? Eu e o Espírito Santo,
juntos, podemos fazer proezas; ninguém poderá nos vencer! Cada um nasceu com dons e particularidades
que nenhuma outra pessoa, pastor ou igreja têm e, por isso, podemos desenvolvê-los em prol das pessoas
que estão fora da nossa congregação apenas esperando que as alcancemos. Por isso, hoje, eu lhe desafio a
começar a pensar o que você pode fazer para alcançar esses que a Bíblia chama de “próximos”.
Isso depende de cada um – de seus próprios neurônios, dons e desejo. Madre Tereza de Calcutá
não começou cuidando de 30 mil pessoas por dia, mas começou se dando a um, a dois etc. Talvez até sem
intenção, mas sabendo que quando cuidava das feridas de um leproso era como se estivesse curando as
feridas de Jesus – isso muda toda a ideia e disposição em servir.
Há algumas dicas para desenvolvermos esses projetos informais, sem a necessidade da igreja nos
dizer ou ensinar como e o que deve ser feito. Eles devem ter a intenção, o desejo pessoal de produzir algo;
seu alvo deve ser alcançar pessoas e não somente buscar benefícios pessoais ou melhorias naturais. Esses
projetos devem ter seis características básicas:
1) Ser executáveis em todos os aspectos (financeiros e de capacidade – toda ideia envolve trabalho,
capacidade e disposição para captar recursos;
2) Pessoalidade – tocar e envolver pessoas, e não coisas;
3) Parceria – pedir ajuda, não fazer sozinho;
4) Despretensão – não fazer apenas com a intenção de trazer as pessoas para a “nossa igreja”;
5) Espontaneidade – criatividade, pensar novos projetos. Há muita coisa nova a ser feita, mas
muitos se acomodam por julgar que não tem mais nada a ser feito;
6) Temporalidade – dia para começar e terminar, assim como qualquer projeto.
Em Atos, capítulo 9, lemos sobre a morte e ressurreição de Dorcas. O verso 36 diz que “era ela
notável pelas boas obras e esmolas que fazia”. O verso 39 diz que Pedro, ao chegar, “todas as viúvas o
cercaram, chorando e mostrando-lhe túnicas e vestidos que Dorcas fizera enquanto estava com elas”. Ora,
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ela não era alguém cheia de dons ou uma mulher que ganhava muitas almas para Jesus, mas era “notável”
ou reconhecida pelas boas obras que fazia. Isso produziu um movimento de pessoas para chamar Pedro e
produzir um milagre, pois ela foi ressuscitada. Então, fazer boas obras em prol dos outros é uma
característica do verdadeiro cristão.
“...por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a virtude; com a
virtude, o conhecimento; com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a
perseverança; com a perseverança, a piedade; com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o
amor. Porque estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando, fazem com que não sejais nem
inativos, nem infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.” (2 Pedro 1:5-8)
Pedro diz que não basta ter fé, mas é preciso associar a ela várias outras virtudes com o fim de não
sermos infrutíferos, inativos na obra de Deus. Há muitos crentes que apenas querem receber e “engordar”
espiritualmente. “O que vocês vão me dar para comer esse mês? Tem algo extra, diferente? Porque eu sou
da parte consumidora e não da parte produtiva!” Mas, aqueles que desejam dar, produzir, fazer, esquecem
todos os obstáculos e lutam até conseguir seus objetivos de ajudar a outros. Posso afirmar que eu não
conheço sobre esta Terra maior prazer do que ser usado como instrumento de Deus para o benefício de
outras pessoas! Quando vejo alguém sendo transformado, liberto, curado devido a alguma ajuda que lhe
prestei, isso me traz um prazer indescritível.
Jesus quer nos dar esse prazer de não sermos infrutuosos, de poder dizer que nós e ele somos uma
dupla “imbatível”. Infelizmente, poucos têm experimentado esse prazer justamente porque se guardam, se
protegem, se economizam. Temos um grande depósito que nos foi dado pelo Senhor e não podemos deixálo estocado como uma lagoa que apenas retém suas águas. Precisamos ser como um rio e permitir que
toda vida, toda graça, toda unção que tem fluído continuamente em nós alcance outras pessoas.
Desde que nascemos vivemos em uma grande guerra espiritual entre o bem e o mal. Na guerra
precisamos de pessoas com diferentes dons e habilidades. Nem todos guerreiam e matam – há
enfermeiros, cozinheiros, repórteres, médicos, dentistas que estão acampados junto com o exército, que
não dão um tiro sequer, mas que são essenciais para o cumprimento daquela missão. Estou dizendo isso
porque, repito, muitos dizem que não têm dom, que não sabem cantar ou pregar etc.. Mas todos sempre
têm algo que sabem e podem fazer. O que precisam é arregaçar as mangas e se dispor a trabalhar, pois
queremos ter uma comunidade de pessoas produtoras e não apenas consumidoras.
O governo sempre deseja que todos saiam da informalidade para poder controlar e se beneficiar
do trabalho e renda de cada pessoa. Nossa igreja não tem a intenção de controlar seus membros, mas
deseja que todos saiam da “forma organizacional” e desenvolvam projetos que beneficiem pessoas e
expandam o Reino de Deus. Assim, vá para a “informalidade espiritual”, trabalhe, desenvolva algo que
alcance o próximo. Existem muitos dons e a igreja não consegue assimilar a todos. Mas olhe para a cidade,
para a região e veja o imenso campo de trabalho que existe à sua frente e ao seu derredor. No entanto, se
você ficar pensando que é muito difícil e, por esse motivo, ficar sentado em seu sofá, nada acontecerá, a
ninguém alcançará e transformará. Às vezes, por medo de não conseguir, nem tenta fazer. Se Jesus disse
que faríamos obras maiores que ele (João 14:12), não é ficando dentro de casa que as faremos.
Então, qual é a sua parcela para que neste ano a sociedade viva melhor? O que você tem para dar?
Quais pessoas você pode tocar que nós, como igreja, não conseguimos? Quantas pessoas você consegue
influenciar, trazer para Jesus?
Eu li uma frase que dizia o seguinte: “Não diga que o solo está árido. Não diga que a chuva está
tardando a chegar. Não diga que o sol está muito forte. Não diga que a semente é de má qualidade. Seu
trabalho, semeador, é lançar a semente e não julgar o tempo!” Quando eu digo que tudo está ruim eu
retenho a semente e ela se torna tóxica para mim mesmo. Preciso liberar a semente a tempo e fora de
tempo (Eclesiastes 11:6). O semeador saiu e semeou em diversos tipos de solos – rochoso, entre espinhos,
fora do trilho – mas semeou (Mateus 13). Assim, precisamos sair do nosso conforto.
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“Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles; porquanto está escrito: O povo assentou-se para
comer e beber e levantou-se para divertir-se.” (1 Coríntios 10:7)
O que a primeira parte deste verso tem a ver com a segunda? Ele fala de idolatria e depois de
comer, beber e se divertir. Mas há dois pontos (:) separando as mesmas, ou seja, a que vem em segundo
explica a primeira. Podemos afirmar, então, que idolatria é comer, beber e se divertir! Ou, então, que essas
coisas nos levam à idolatria! Ou seja, querer se agradar, se satisfazer, cuidar muito de si, ter apenas
conforto é idolatria! Quem ama o conforto não se dá, não se entrega, não se dedica ao próximo. Mas no
Evangelho não existe chamado para o conforto!
Parece que Deus não está muito preocupado com a nossa “felicidade” ou com nos ausentar de
problemas e dores, pois, se assim o quisesse, não teria entregue Seu próprio Filho para sofrer e morrer em
nosso lugar. Não temos um “chamado” para o conforto, mas para dar a vida em prol das pessoas, mesmo
que não tenhamos o “empurrão” de alguém, mesmo que não vejamos modelos prontos, mesmo que nossa
igreja ou liderança não nos ensine como devemos fazer.
Neemias vivia no palácio do rei, estava em segurança e tinha tudo do bom e do melhor. Ele vivia
bem em comparação com a tragédia que estava do lado de fora. No entanto, certo dia o rei lhe questionou:
“Por que está triste o teu rosto, se não estás doente? Tem de ser tristeza do coração” (Neemias 1:2). E ele
respondeu: “Como não me estaria triste o rosto se a cidade, onde estão os sepulcros de meus pais, está
assolada e tem as portas consumidas pelo fogo?” (v.3). Então Neemias colocou-se em oração, pediu várias
coisas ao rei e disse: “E o rei mas deu, porque a boa mão do meu Deus era comigo.” (v.8).
O verso 18 completa dizendo: “E lhes declarei como a boa mão do meu Deus estivera comigo e
também as palavras que o rei me falara. Então, disseram: Disponhamo-nos e edifiquemos. E fortaleceram
as mãos para a boa obra”.
Ou seja, todos eles se fortaleceram, se dispuseram e fizeram a obra de Deus. Não importa qual a
sua idade, você está convocado para esta guerra, para dar sua contribuição em prol da causa do Reino de
Deus. Ninguém foi chamado para ficar descansando em casa, mas para “largar as redes”, para trabalhar.
Você consegue pensar em algum projeto informal, em algo que pode fazer que esta Congregação
ou liderança não pode? Disponha-se a isso e essa liderança irá enviá-lo, mesmo sem saber o que você irá
fazer. Vá na graça de Deus e envolva-se com pessoas, toque pessoas, leve a semente do Reino para todos
os tipos de solo que puder, derrame a graça e o amor de Jesus por essa cidade! Amém!
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ARREPENDIMENTO
Harold Walker
D
e acordo com o calendário judaico das festas nós estamos entre a festa da Páscoa e a de Pentecoste.
Na Páscoa celebramos a morte de Jesus na cruz (quando o diabo pensou ter vencido) e a sua
ressurreição (quando venceu a morte). Jesus morreu, foi sepultado, ressuscitou, subiu aos céus e de lá
voltou na pessoa do Espírito Santo. Se cremos em sua morte e ressurreição precisamos também crer no
batismo no Espírito Santo, no avivamento na igreja e no encher de toda a terra da glória do Senhor, “assim
como as águas cobrem o mar”.
Essa igreja tem recebido palavras muito fortes sobre honrar a Deus (se O honrarmos, seremos
honrados por Ele); sobre a formação de uma cultura; sobre a “evaporação” necessária para formar uma
nuvem diante do Senhor nos céus. Vimos que essa nuvem pode pairar sobre esse salão, sobre as ruas ao
redor dele, sobre essa cidade, estado e sobre o Brasil. Essa nuvem já pairou no passado em outros
avivamentos. Nos EUA, com Charles Finney, pessoas que sequer conheciam a Palavra de Deus, ao se
aproximar de onde ele pregava, começavam a chorar com vontade de se arrepender sem ao menos saber
por que agiam assim. Ele podia entrar numa fábrica e todos os operários começavam a chorar. Porque não
é a pessoa, mas é a presença de Deus.
Estou muito alegre nesses dias porque eu sinto que essa nuvem está sendo formada sobre essa
igreja. Sinto uma correspondência da igreja à Palavra, mas não é palavra de homem, é palavra de Deus. Eu
vejo que o nosso sonho de ter uma igreja onde as pessoas são avivadas, sinceras, apaixonadas está
começando a se cumprir. E isso se manifesta chegando antes às reuniões, honrando e adorando a Deus,
trazendo outras pessoas. Eu sinto um cheiro de incenso subindo a Deus e Ele vai honrar esta igreja, vai nos
visitar porque estamos correspondendo de coração. Uma igreja que, além de fazer o melhor para Deus,
além de honrá-Lo dessa forma, não julga ninguém, não aponta o dedo para ninguém, não coloca jugo em
ninguém, não critica ninguém. Uma igreja cheia do amor e da graça do Senhor Jesus Cristo. Esse é o nosso
sonho. Nós queremos ser 100% para Deus e 0% de motivo de crítica para qualquer pessoa.
1. Como virá o avivamento?
Alguém perguntou a um grande avivalista do passado sobre como chega o avivamento na igreja e
ele respondeu: “Vai para a sua casa, entra no seu quarto, faz um círculo no chão com um pontinho no
meio, fique em cima dele e ore: ‘Deus, manda avivamento e que comece aqui’.”
O avivamento começa em minha vida, não nos outros. À medida que isso acontece Deus permitirá
que a nuvem se forme e as pessoas ao nosso redor sejam afetadas. Creia que nesses dias não só a sombra
de Pedro curará, mas também a sua, porque a presença de Deus é a chave para que milagres aconteçam.
Lembre-se! Há uma palavra chegando para a igreja, mas é preciso ouvir, corresponder e obedecê-la sem
olhar para os outros. Deus certamente trará essa grande chuva que estamos esperando. Hoje estamos
experimentando apenas pequenas gotas, mas elas são o prenúncio de algo muito maior que Ele fará em
nosso meio (curas, ressurreição de mortos, libertação de demônios, salvações, batismos de muitos).
2. Os dias em que estamos vivendo sãos maus
Estamos vivendo dias seríssimos no Brasil especificamente e também em todo o mundo. Nosso país
está infestado pela corrupção e pelo roubo que estão gerando miséria, desemprego e desconfiança. Todos
os brasileiros estão sendo atingidos pela crise que se alastrou por todo o país. Como se isso não bastasse,
temos sido atingidos pelas pragas trazidas pelo mosquito Aedes aegypti (dengue, zica, Chikungunya) e
tantos outros males. No ano passado algumas regiões enfrentaram a seca que ainda não terminou.
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O livro de Apocalipse diz que nada disso terminará, antes, aumentará. Porém, a Bíblia deixa claro
que as pragas do Egito não precisam atingir a igreja, pois Israel foi separado por Deus para ser o Seu povo.
Por essa razão a igreja pode lançar mão da promessa que lhe foi dada no Salmos 91.7: “Mil poderão cair ao
teu lado, e dez mil à tua direita; mas tu não serás atingido.” A igreja não precisa aceitar passivamente essas
coisas virem sobre ela.
“Vós sois o sal da terra; mas se o sal se tornar insípido, com que se há de restaurar-lhe o sabor?
Para nada mais presta, senão para ser lançado fora, e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do
mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; nem os que acendem uma
candeia a colocam debaixo do alqueire, mas no velador; e assim ilumina a todos que estão na casa.
Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e
glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” – Mateus 5.13-16.
Uma pequena porção de sal tempera muito alimento e uma pequena luz colocada em cima de um
monte reflete muito longe. A Bíblia nos exorta a que sejamos sal e luz para o mundo. Este é o chamado e a
responsabilidade da igreja brasileira para com o Brasil; ela pode mudar o seu destino. Mas é certo que,
antes da volta de Jesus, o Brasil (e qualquer outro país) não será reino de Deus; nem mesmo Israel natural o
será, pois os países estão sob o domínio do príncipe deste mundo. Porém, Deus nos colocou nesta terra
como sal e luz para sermos testemunhas do Rei que está vindo, cujo reinado será de justiça e misericórdia.
Nesse reinado não haverá eleições, partidos ou discussões. Em outras palavras, a igreja jamais vai reinar
sem Jesus e, para isso, é preciso que ele volte.
O reino deste mundo só passará a ser reino de Deus quando Jesus voltar. Mas, antes disso, nós
temos um papel a desempenhar – ser sal e luz – para que a igreja recupere o seu sabor e tenha impacto na
sociedade. Ela mostrará ao mundo que Jesus está vivo em seu meio e não apenas lá no céu. Só o Senhor
tem o poder de mudar pessoas imprestáveis como nós em pessoas direitas, honestas e que seguem a
verdade.
Vi um pequeno vídeo mostrando alguém colocando uma banca de relógios na rua, em determinado
país, para serem vendidos. Não havia ninguém para atender, apenas uma tabuleta dizendo o valor de cada
relógio e uma pequena caixa onde deveria ser depositado o dinheiro. As pessoas passavam, pegavam o
relógio que lhes agradava e deixavam ali o seu valor. Posteriormente, essa mesma banca foi colocada em
uma rua no Brasil e... pasme! As pessoas levavam consigo os relógios sem depositar nada, como também
levavam o pouco dinheiro que havia na caixa. Felizmente nem todos são assim. Há relatos de pessoas
(algumas delas simples faxineiros) que encontraram valores significativos em Aeroportos e Rodoviárias e
fizeram questão de devolvê-lo aos donos. Há, sim, pessoas honestas e, por isso, não devemos rotular
cinicamente que todos os brasileiros são corruptos. A igreja é chamada para fazer a diferença, não porque
seus membros vãos aos cultos aos domingos, mas pela maneira de viver em casa, no trabalho e por causa
do seu caráter moral.
3. Arrependimento
Mas, para fazer a diferença, a igreja precisa de arrependimento. Não apenas os pastores e líderes
estão convocando a igreja brasileira a arrepender-se, mas a própria Bíblia diz que nos últimos dias a palavra
mais importante será “arrependei-vos”. Esse é um tema que percorre toda a Bíblia, sendo que no
Apocalipse ele aumenta, amplia, cresce ainda mais. Por isso, a grande necessidade de entendermos o que
significa. Muitos fazem campanhas, marchas e atos proféticos para o arrependimento. Essas coisas são
lícitas e boas, porém destituídas da revelação do que realmente significa e implica. Por isso, muitas vezes, é
possível fazer essas coisas sem que se tenha o resultado esperado. Se o arrependimento é a coisa mais
importante, então é preciso entender o que ele é (de onde vem e em que consiste) e o que ele não é.
Frequentemente, antes de se fazer um apelo ao arrependimento, prega-se com eloquência sobre a
maldade, a desonestidade, a corrupção e o pecado. Os ouvintes vão à frente, choram e dizem para Deus
que estão arrependidos dos seus pecados. Porém, após esse momento emocional eles saem e continuam
vivendo como antes, sem mudar em nada, devendo ser convocados novamente a arrepender-se. O que
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aconteceu não foi um arrependimento genuíno, apesar da boa intenção do momento. Arrependimento que
nada produz além de emoções é consequência da suposição de que a boa vontade e a força humana para
mudar a pessoa podem resolver o nosso problema com Deus. Mas, quando se tem tais suposições,
estamos, sim, nos opondo a Deus, pois Seu testemunho a nosso respeito é de que não prestamos e não
conseguimos mudar pelo nosso próprio esforço. Assim, muitos pensam: “Dentro da igreja eu choro, me
arrependo, clamo, oro; mas fora dela não aceito que estou errado e continuo agindo como antes”.
Arrependimento significa mudança de mente, coração e atitude. Deus não está muito interessado
no que fazemos ou deixamos de fazer. Ele não Se preocupa com o nosso currículo ou com listas de
mandamentos e regras que tentamos cumprir e seguir. Ele está, sim, preocupado com o nosso coração,
com o nosso querer, que é muito mais profundo do que o comportamento. Ele se preocupa com a direção
em que estamos indo e com o que está movendo nossas vidas. Ele é um Deus ciumento e deseja 100% de
nós e não apenas 10%. Ele mesmo diz em Sua palavra: “Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu
coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças.” (Deuteronômio 6.5).
Deus quer chamar a igreja ao arrependimento e nós precisamos entender o que ele é.
Arrependimento não é uma promessa de que você será diferente. Lembre-se! Você não presta e não tem
conserto. É como um carro batido; é perda total. O evangelho é João Batista à porta perguntando-lhe:
“Você quer entrar? Mas você acha que presta?” Se responder que sim, ele o mandará embora, pois lá é
lugar de imprestáveis. Só os imprestáveis são capazes de concordar com Deus e dizer a Ele: “Deus, tem
misericórdia, assume o comando da minha vida pois eu não consigo mais, eu não presto”. Isso é
arrependimento genuíno! Só esse tipo de arrependimento pode gerar poder genuíno para que a graça de
Deus opere em nós de verdade.
4. Fomos libertos na cruz de Cristo
É gravíssima a nossa insistência em pedir perdão pelos nossos pecados. Certa vez presenciei uma
pessoa que acabara de ser batizada, pedindo perdão. Como pode ser isso? É possível que ela não tenha
entendido que quando somos batizados, consequentemente somos perdoados de todos os pecados que
cometemos no passado e de todos os que ainda vamos cometer no futuro. Romanos 8.1 diz: “Portanto,
agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus...”. Nossa insistência em pedir perdão e
falar com frequência sobre o quanto somos ruins mostra que não cremos que a obra da cruz foi suficiente.
Precisamos crer de uma vez por todas que tudo isso foi resolvido no batismo.
Deus nos afirma em Sua Palavra que fomos libertos do pecado e que o castigo que nos traz a paz
estava sobre Jesus na cruz. Entender e crer nessa verdade nos traz ousadia para entrarmos na presença do
Pai. Minha ousadia não vem da minha bondade, mas da certeza de que Ele pagou o preço dos meus
pecados e, assim, eu posso entrar em Sua presença. Ao crer nessa verdade eu me alegro e sou levado a
pregar para outros, porque, afinal, eu tenho boas novas a anunciar: “Eu sou pecador, miserável e
imprestável, mas Jesus me perdoou e agora não tenho mais condenação sobre mim. Estou sem culpa e
você também pode estar”. Ser livre de condenação faz com que a pregação do evangelho seja fácil e
natural.
Ainda havemos de pecar e ficar tristes, mas não condenados. Ficamos tristes porque entristecemos
o Pai, mas por medo de sermos castigados e nem por nos sentirmos culpados (o medo e a culpa foram na
cruz). A tristeza por ter entristecido o Pai pode, por um momento, me afastar de Sua presença maravilhosa,
mas então eu digo: “Deus, me perdoa porque entristeci o Teu coração”. Esse pedido de perdão não veio da
culpa nem do medo, mas do amor que tenho por Sua presença.
5. O arrependimento depende da revelação de quem Deus é.
Nós nunca vamos nos arrepender se não tivermos uma revelação de quem Deus é. Muitas vezes o
Deus a quem nos dirigimos não é o nosso verdadeiro Senhor. Ele se parece muito mais com Alá (o deus dos
muçulmanos) que é solitário, carrasco, vigilante e pronto para matar todo mundo; ou com Jeová (o Deus do
Velho Testamento) que os judeus temem, achando que precisam fazer por merecer para receber alguma
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coisa Dele. Por isso, lutam com todas as suas forças para obedecer aos mandamentos e fazer os sacrifícios
descritos no Velho Testamento. Não só os judeus, mas muitos cristãos agem assim porque, na verdade, não
conhecem ao Deus verdadeiro, ao ABA, PAI. Em consequência disso são pessoas tristes, compenetradas e
sérias. São críticas e julgam aqueles que não agem como elas. Então, o Deus que os judeus inventaram
(sistemático, severo e calculista) não é o Deus da Bíblia.
Deus está trazendo para a terra uma revelação Dele mesmo que revolucionará a igreja e os judeus
– ELE É PAI! O pai não rejeita o filho porque este fez algo errado; ele pode ficar triste, mas não rejeita. Deus
é sistemático e perfeccionista, mas o que mais importa para Ele é o nosso coração. Ele gosta que façamos
as coisas certas, mas gosta muito mais que O amemos de todo o nosso coração!
Em Levítico 26.21,23,24a, Deus diz:
“Ora, se andardes contrariamente para comigo, e não me quiseres ouvir, trarei sobre vós pragas
sete vezes mais, conforme os vossos pecados (...) Se nem ainda com isto quiserdes voltar a mim,
mas continuardes a andar contrariamente para comigo, eu também andarei contrariamente para
convosco...”.
Ele fala várias vezes isso, ameaçando o povo. Contudo, nesse mesmo texto Ele dá a resposta para
que as pragas não aumentem e tudo fique bem: “Voltai a mim!”. Não é cumprir todos os mandamentos,
mas voltar a Ele. Cumprir os mandamentos é apenas o resultado dessa volta. Deus tem um problema com
Seu povo porque o coração das pessoas não está com Ele, mas, sim, voltado para outros caminhos:
“Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho, mas o
Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós.” (Isaías 53.6).
Deus não quer que andemos em nossos próprios caminhos, mas que nos voltemos totalmente a
Ele. Voltar é a coisa mais importante sobre o arrependimento. Que o Espírito Santo faça ressoar em nosso
coração essa ordem divina: “VOLTE!”
Deus não está preocupado primeiramente com o pecado, mas com a nossa vida e com o que o
pecado está produzindo em nós. Se o coração não é 100% para Deus, ele se torna uma fábrica de pecados!
Porém, a Bíblia diz claramente que se o nosso coração for 100% para Deus raramente vamos pecar. E,
quando pecarmos, temos um Advogado que é justo, que intercede por nós junto ao Juiz, que nos perdoa de
todo pecado.
Nós odiamos e abominamos o pecado e, se ele já está pago, não vamos pecar; pelo contrário,
vamos estar cheios da alegria de Deus e da confiança do Seu amor e, por isso, vamos andar em santidade
porque Ele mesmo nos dará força para não pecar.
“Vinde, e tornemos para o Senhor, porque ele despedaçou e nos sarará; fez a ferida, e no-la atará.”
(Oseias 6.1)
A palavra “tornar” está ligada ao arrependimento. Arrependimento não é apenas reconhecer que
fez algo errado, mas que agora fará o certo; é tornar, retornar, voltar. Isso implica mudança de mente e
coração. Ou seja: “Eu estava indo em outra direção, outro caminho, mas agora eu volto para Deus. Eu amo
e quero somente a Ele e, por isso, retorno a Ele.” Isso é arrependimento! Há muitas passagens na Bíblia que
falam sobre voltar e eu estou cheio de convicção de que Deus quer que voltemos para Ele.
“Volta, ó Israel, para o Senhor teu Deus; porque pela tua iniquidade tens caído. Tomai convosco
palavras, e voltai para o Senhor...” (Oseias 14.1,2ª).
Há duas coisas que trazem arrependimento:
a) A palavra profética
João Batista pregava arrependimento e o povo se arrependia. Isso mostra que a palavra profética
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traz arrependimento. Por quê? Porque ela traz a imagem correta de Deus e conserta a imagem errada Dele
que temos em nossa mente. Ela nos desnuda diante de Deus e tira de nós a hipocrisia, tira os esconderijos,
as vestes de folhas de figueira que nos fazem achar que estamos bem (justiça própria) e não precisamos
nos arrepender. A palavra profética vem para nos cortar.
Quando Jonathan Edwards pregava, as pessoas seguravam-se nas pilastras porque literalmente
“perdiam o chão”. Isso acontece porque a palavra profética nos eleva ao trono de Deus e nos mostra quem
realmente Ele é; mostra Sua justiça e bondade. Essa revelação atordoa aquele que se desvia de Deus,
andando por caminhos abomináveis.
A palavra profética é muito forte e ela voltará agora, nos últimos dias. Deus enviará Elias para fazer
o coração dos pais voltar aos filhos e o coração dos filhos voltar aos pais. Essa palavra produz o
arrependimento! Ela vem para tirar de nós a autossatisfação e a justiça própria; ela nos traz pavor e ao
mesmo tempo grande esperança, porque podemos voltar para Deus e sermos cobertos pela Sua justiça e
santidade. A palavra profética é a misericórdia de Deus chegando a nós!
b) A crise
Outra coisa que traz arrependimento é a crise. Se esse não acontece com uma crise pequena, Deus
envia uma maior, e assim por diante. Há pessoas que são duras, quase não choram. Mas, em algum
momento, elas podem entrar em desespero e, então, podemos vê-las falando em línguas, profetizando,
clamando, suplicando e chorando. Isso é crise! Isso traz arrependimento!
Quando vem a crise, a pessoa tem duas opções: revoltar-se contra Deus ou voltar-se para Ele. Deus
não tem prazer que as pessoas passem por crises. Ele é Pai e, quando vê um filho sofrendo, sofre junto com
ele. Porém, caso necessário, Ele envia crises até ao ponto de a pessoa dizer: “Onde está Deus? Eu preciso
de Deus! Ele não está comigo e por isso essas coisas estão acontecendo.” Então, por causa da crise, ela se
volta para Deus e Ele Se volta para ela – e as coisas acontecem!
A palavra profética e a crise são, então, as duas coisas que produzem arrependimento e nos fazem
voltar para Deus. Mas pode acontecer que essas duas coisas venham juntas. Por exemplo, você está no
meio de uma crise, não sabe o que está acontecendo e alguém vem com uma palavra que o conduz ao
arrependimento. Você volta, torna a Deus e Ele o livra. Há também pessoas que não passam por crises, mas
recebem a palavra e, por causa dela, voltam também para Deus.
6. O arrependimento não é automático
É importante entender que quando vem a crise ou a palavra profética mostrando quem nós somos,
o arrependimento não é automático. Houve um profeta que disse a um rei: “Assim diz o Senhor!”, mas o rei
mandou prendê-lo. Outro profeta disse ao rei Davi: “Tu és o homem!”, e ele não o prendeu; antes, refletiu
e se arrependeu de seu próprio pecado. As reações são diferentes, apesar de ser o mesmo remédio. Então
eu lhe pergunto: Como está o seu coração? Você se apega à sua própria justiça e às regras ou tem saudade
de Deus, da Sua presença e anseia por mais do Senhor? Qual é o seu termômetro? Você prenderá o profeta
ou o ouvirá? Isso é sério, pois a palavra pode trazer vida, mas também morte.
Vejamos duas respostas ou atitudes do coração das pessoas no livro de Atos.
Primeira atitude:
“Saiba pois com certeza toda a casa de Israel que a esse mesmo Jesus, a quem vós crucificastes,
Deus o fez Senhor e Cristo.” (Atos 2.36)
O texto revela que o profeta estava apontando para quem o estava ouvindo. É como se ele
dissesse: “Vocês mataram o Filho de Deus, que reinará e julgará o mundo”. Ou seja, eles estavam perdidos!
Mas leia os próximos versículos:
“E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração (compungir = aflitos, agoniados), e
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perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos? Pedro então lhes respondeu:
Arrependei-vos...” (Atos 2.37,38).
Veja que a palavra profética produziu dor, que produziu ação e mudança. Quase três mil pessoas
foram batizadas porque a palavra os transformou de assassinos de Jesus em herdeiros da promessa do
Espírito Santo. Eles mataram a Jesus, mas logo em seguida se arrependeram, receberam o perdão de Deus
e o Espírito Santo veio morar em seus corações. Deus veio morar no coração de assassinos? Não! Os
assassinos morreram no batismo e isso em poucos minutos.
Segunda atitude:
“Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo;
como o fizeram os vossos pais, assim também vós. A qual dos profetas não perseguiram vossos
pais? Até mataram os que dantes anunciaram a vinda do Justo, do qual vós agora vos tornastes
traidores e homicidas, vós, que recebestes a lei por ordenação dos anjos, e não a guardastes.” (Atos
7.51-53)
Esse foi o forte final do discurso de Estêvão, apontando o dedo para aquelas pessoas com palavras
pesadas. Qual foi o resultado?
“Ouvindo eles isto, enfureciam-se (no original = cortados) em seus corações, e rangiam os dentes
contra Estêvão.” (Atos 7.54)
A palavra de Estêvão, assim como a de Pedro, atingiu o alvo, mas essas pessoas não se
arrependeram; antes, taparam seus ouvidos e o apedrejaram. Veja que a palavra profética não deixa a
pessoa passiva – ou ela se arrepende ou reage contra, pois a palavra não deixa a pessoa continuar a
mesma, ficar bem.
7. A circuncisão do coração
Quando Deus começar de fato a mover em nosso meio não será apenas algo bom, pois Ele virá com
uma palavra profética que fará muita coisa errada em nós vir à luz. Isso não é agradável, mas é necessário.
A Bíblia chama esse processo de “circuncisão do coração”. Deus cortará tudo o que é imundo em nós e
teremos, então, um coração puro, sem “agendas secretas”, e O amaremos 100%. Tudo o que nos tem
deixado mornos será tirado. Isso é assustador e, ao mesmo tempo, atraente se amamos ao Senhor.
Moisés se referiu a um momento desses da seguinte forma: “Eu estou trêmulo e com medo, mas
não fugirei; antes, chegarei à presença de Deus”. Quantos de nós queremos encontrar com Deus de
verdade? Ele sabe toda a verdade sobre cada um de nós. Creia! Ele nos ama para valer, mas há coisas em
nossas vidas que O entristecem. Precisamos nos abrir e nos preparar para quando Sua palavra vier – não
para fugir, mas para receber e abraçar essa palavra. Caso contrário, iremos nos defender, nos justificar, nos
tornar perseguidores daquilo que Deus quer fazer em nossas vidas.
À medida que Jesus volta, todas as coisas começam a ser atraídas a Ele. Por isso é preciso deixar
que Ele tire de nós tudo o que está errado. Nós mesmos não conseguimos tirar, mas Ele consegue. No
entanto, para isso acontecer é preciso dar-Lhe permissão e dizer: “Sim, Jesus! Vai doer, mas eu aceito,
porque o que eu mais quero é ser à Tua imagem e não viver mais uma vida morna. Desejo uma vida
incendiada por Teu amor, uma vida e coração puros diante do Senhor”.
8. É preciso cair em si para acontecer o arrependimento
Quando Salomão inaugurou o templo (2 Crônicas 6) ele orou: “Deus, se o teu povo pecar contra ti e
eles forem expulsos da sua terra e todas as pragas vierem sobre eles e eles caírem em si e voltarem o seu
rosto para a tua casa, para esta terra, ouve do céu e perdoa e traga de volta”. Esse “cair em si” é a hora do
arrependimento; é reconhecer que está no caminho errado e por mais que lute, que teime, que ore não
encontra saída. A saída, a resposta, a solução vem quando cai em si.
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Outro exemplo é o do filho pródigo. Ele foi caindo até precisar comer a comida dos porcos. A sua
história só mudou quando ele teve uma mudança de coração, ou seja, quando caiu em si. Oremos,
clamemos para que Deus não nos deixe andar pelo caminho errado por muito tempo, mas que Ele nos
ajude a querer mudar, a dar meia-volta, a cair em si e sermos totalmente Dele.
9. Arrependimento vem da revelação da misericórdia e da graça de Deus
Você não consegue se arrepender se não tiver revelação da misericórdia e da graça de Deus. Não
há arrependimento sem fé em Jesus. Pode ter tristeza e remorso, mas não arrependimento.
Arrependimento vem quando você cai em si e diz: “Meu Pai é bom e me aceitará. Eu não mereço, mas Ele
me aceitará. Eu confio na Sua misericórdia. Pedirei graça, porque o meu Deus é cheio de misericórdia,
cheio de graça duradoura e maravilhosa.”
O Salmos 51 é o que mais claramente fala sobre arrependimento. Ele diz: “Deus, não por minhas
obras, mas pela Tua grande misericórdia, perdoa-me e renova em mim a alegria da Tua salvação.” Ao orar
assim, Davi voltou-se totalmente para Deus e, quando isso acontece, os frutos aparecem na vida da pessoa.
Arrependimento traz mudança de vida. A pessoa muda não porque prometeu mudar, mas porque o
seu coração mudou. Ela muda porque sente a dor de Deus pelas coisas erradas. Quem é “escaldado” pelo
amor de Deus tem pavor do pecado. Essa é a nossa proteção: se algo causar dor e tristeza em Deus eu não
faço, eu rejeito, eu me arrependo, eu me afasto desse pecado! Amém!
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OS “DE REPENTEs” DO ESPÍRITO SANTO
Tony Felício
“Agora, pois, se achei graça aos teus olhos, rogo-te que me faças saber neste momento o teu
caminho, para que eu te conheça e ache graça aos teus olhos; e considera que esta nação é teu
povo. Respondeu-lhe: A minha presença irá contigo, e eu te darei descanso. Então, lhe disse Moisés:
Se a tua presença não vai comigo, não nos faças subir deste lugar. Pois como se há de saber que
achamos graça aos teus olhos, eu e o teu povo? Não é, porventura, em andares conosco, de
maneira que somos separados, eu e o teu povo, de todos os povos da terra?” (Êxodo 33:13-16)
E
xistem várias características da igreja, do povo de Deus que estão descritas com clareza nas Escrituras.
Uma delas é o serviço, porque Jesus veio para servir e nós temos o privilégio e o dever de continuar a
fazê-lo. Mas esse texto nos aponta outra característica, algo que nos identifica como povo do Senhor – ter a
presença de Deus conosco!
Lembrando o contexto, enquanto Moisés estava no monte recebendo as Leis do Senhor, o povo
estava lá embaixo construindo um bezerro de ouro para servir-lhes de deus, dizendo com isso: “Deus, nós
não nos importamos que a Tua presença esteja se manifestando entre nós, não nos importamos que Tu
queiras falar conosco”, ou seja, eles estavam ignorando a presença de Deus, desprezando o que o Senhor
estava fazendo, afirmando que queriam e podiam andar sozinhos com os deuses que eles mesmos fizeram.
O Senhor Se indignou muito com isso e disse ao Seu amigo Moisés: “Eu não vou mais com vocês,
pois se for irei consumir esse povo. Pegue o ‘seu’ povo e vá, conduza-o você mesmo!” Iniciou-se então um
diálogo e Moisés disse: “Mas esse povo não é meu, Senhor, é Teu!” E, ao final, ele deu um argumento que
resolveu a situação: “Senhor, quem somos nós? Como somos conhecidos? Somos a nação que é o Teu povo!
Como andaremos sem a Tua presença? Como as outras nações irão nos reconhecer, se aquilo que nos
identifica como Teu povo é a Tua presença entre nós? Como saberão que temos achado graça aos Teus
olhos, que Tu és favorável a nós? Não! Se o Senhor não for conosco, não iremos sair desse lugar!
Morreremos no deserto, não chegaremos à terra prometida, mas sem a Tua presença não iremos!”.
Não seria maravilhoso se todos nós fizéssemos essa mesma oração, não somente nos momentos
alegres, de êxtase espiritual, mas em todos os dias, momentos e situações? Se diariamente disséssemos a
Ele: “Eu não levanto da minha cama se o Senhor não for comigo hoje”? Se tivéssemos essa consciência,
esse desejo, essa fome contínua da presença de Deus? Se disséssemos a Ele: “Eu posso até não chegar à
minha terra prometida, mas da Tua presença eu faço questão! Posso até não conseguir fazer o que gostaria
de fazer hoje, mas faço questão da Tua presença”?
Há uma expressão muito interessante que Moisés utiliza nesse diálogo: “Não é por o Senhor andar
conosco?” O que significa “ter a presença de Deus conosco”? Explicando no contexto do que já temos
falado em outras mensagens: Nós temos desejado e orado pela presença do Senhor em cada uma das
nossas reuniões. Você quer participar de um culto e apenas ficar observando aquilo que NÃO acontece, ou
o que acontece somente com os outros e não com você? Ou quer que Deus Se apresente em cada
ajuntamento, seja nos cultos, seja em sua casa, seja com 2 ou 3 irmãos? Você faz realmente questão dessa
Presença, deseja mesmo que ela se manifeste em sua vida e nos ambientes que frequenta? Se for assim, se
participarmos de cada reunião com essa intenção, com essa expectativa, Deus irá Se manifestar! Por que?
Porque nós somos o povo da presença de Deus!
Precisamos também desejar que essa presença Se manifeste não somente no contexto de reuniões
como também fora dele, em nosso dia a dia, em cada ambiente que estivermos. Aliás, é isso que Moisés diz
a Deus: “Não é por andares conosco?” Então, não precisamos levantar na segunda-feira desesperados
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porque a presença de Deus ficou na reunião de domingo e ansiando pelo próximo culto. Podemos, sim,
usufruir dessa presença em qualquer dia, hora e lugar, pois somos o povo com quem Deus anda junto! Esse
era, inclusive, o real sentido do Tabernáculo no deserto.
O Tabernáculo era um templo montado em cada lugar que o povo parava durante sua peregrinação
no deserto. Ou seja, era o próprio Deus andando com eles. A mensagem é que Deus deseja “tabernacular”,
andar junto conosco. Essa compreensão muda toda a nossa maneira de viver a vida cristã, pois entendemos
que a presença Dele está conosco e dela podemos usufruir o tempo todo! Por exemplo, ao fazer as rotinas
diárias da casa o Espírito Santo nos lembra que Sua presença está ali conosco e, então, somos visitados por
Ele e aquela simples limpeza de casa se torna uma agradável e viva manifestação dessa presença. Talvez
você esteja dirigindo para o seu serviço e, em vez de ouvir as más notícias do dia no rádio, coloca uma
música cristã e o Senhor lhe visita naquela hora mudando totalmente sua motivação para o trabalho. Ou
talvez esteja indo para a escola ou faculdade e se lembra que Deus está com você – e isso muda toda sua
perspectiva. O intervalo não irá aumentar, o professor não irá mudar, mas Deus irá lhe surpreender
naquele dia. Então prepare-se, pois Deus quer andar, quer tabernacular com você e, com toda certeza, algo
bom vai acontecer!
“Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; de repente, veio do
céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados. E
apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles.
Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito
lhes concedia que falassem.” (Atos 2:1-4)
“...mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto
em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.” (Atos 1:8)
“Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai; permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais
revestidos de poder.” (Lucas 24:49)
O que aconteceu em Atos 2 foi predito por Jesus em Atos 1 e em Lucas 24. Ou seja, houve uma
profecia, um aviso de algo que Deus iria fazer. Em Atos 2 os discípulos estavam debaixo de uma palavra
profética: “Fiquem aqui, fiquem juntos porque vocês irão receber do meu poder; Eu irei cumprir a minha
promessa de mandar outro Consolador”. Ou seja, eles estavam dentro de um ambiente profético! Nós hoje,
da mesma forma, temos recebido palavras proféticas de uma grande e abundante manifestação da
presença de Deus em nosso meio. No entanto, essa manifestação requer um caminho simples, conforme
essa situação ocorrida em Atos. Houve a profecia, houve o seu cumprimento, mas houve também uma
coisa fundamental entre elas – os discípulos estavam crendo, esperando e orando com expectativa pelo
cumprimento dessa profecia! Eles estavam reunidos no mesmo lugar e de comum acordo. Por isso, no dia
certo e na hora certa o Espírito Santo desceu e encheu aquele lugar com a Sua presença!
Mas uma frase me chamou muito a atenção no texto: “de repente”. Mas, como “de repente”? Isso
já não estava avisado, profetizado por Jesus que iria acontecer? “De repente” tem a ver com
“surpreendentemente”; é algo que, por mais que esteja profetizado, não sabemos exatamente o que,
como e quando será; mas, quando chega, ficamos extasiados, pois é algo além do que esperávamos!
Quando foi a última vez que você experimentou um “de repente” do Espírito em sua vida? Tenho
experimentado muitos desses momentos em minha vida com o Senhor. Muitas vezes estamos reunidos
como família em nossos cultos domésticos e, ao orar, cantar e estudar a Palavra nada de novo ou
sobrenatural acontece, mas continuamos mantendo a rotina que pode atrair a presença do Espírito. No
entanto, por inúmeras vezes, o Espírito Santo vem e enche aquele lugar com Sua maravilhosa presença.
Outras vezes, ao conversar com algum amigo ou discípulo que se encontra em uma situação difícil, meus
argumentos parecem que não resolvem ou convencem; mas, de repente, o Espírito me dá uma palavra de
sabedoria que traz uma luz, uma direção para aquela situação.
Repito: quando foi a última vez que você se viu surpreendido pela presença de Deus? Faz pouco
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tempo ou muito tempo? É a vontade Dele nos surpreender todos os dias! É a vontade de Deus que Sua
presença não seja somente uma teoria, mas algo palpável, experimentável, percebível diariamente. Se nos
juntarmos com mais um ou dois irmãos para buscar essa presença será algo ainda mais maravilhoso e,
quando nos juntarmos como congregação para esse propósito, será então fantástico, sobrenatural, pois
não nos reunimos porque “temos” de fazê-lo, mas porque queremos, porque desejamos buscar juntos essa
presença e reparti-la uns com os outros.
A palavra “culto”, na Bíblia, significa “sacrifício, serviço, oferta ao Senhor”. Todos nós temos
necessidades pessoais, mas a nossa intenção ao participarmos de um culto não é de atender a essas
necessidades, mas de oferecer o que temos ao Senhor e de repartir nossos dons uns com os outros e,
assim, toda a congregação será suprida, abençoada e também usada por Deus para nos abençoar. Esse é o
modelo de culto que Deus deseja de nós – que a nossa vida seja um gozar contínuo da presença Dele e que
os nossos ajuntamentos sejam a multiplicação da manifestação da Sua presença! Cada um de nós tem algo
para dar e receber, podendo e devendo fazê-lo. Paulo disse aos coríntios:
“Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este traz revelação,
aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito para edificação.” (1 Coríntios
14:26)
Ou seja, cada um tinha algo para dar, para repartir com os demais. Deus é sábio e não dá muito
para uma só pessoa. Ele distribui Seus dons a todos igualmente, pois deseja que aprendamos a dar, a
compartilhar, a viver em comunhão.
Sabemos que a presença de Deus está entre nós porque Jesus e as Escrituras falam muito sobre
isso: “E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mateus 28:20b). No entanto,
existe uma “medida” da experiência com Deus que não depende exclusivamente Dele, mas depende
também de nós. Ter a presença de Deus é algo que Ele já fez – Jesus morreu na cruz, acabou com a
separação que havia entre nós e Ele e, portanto, podemos viver em intimidade com o Pai e não apenas
“visitar” essa intimidade esporadicamente, pois o caminho já nos foi aberto. No entanto, o “usufruir” dessa
presença está relacionado às nossas atitudes. Percebemos isso com clareza em dois textos da Bíblia.
O primeiro encontra-se em Efésios 5:18: “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução,
mas enchei-vos do Espírito...”. Ora, se “enchei-vos do Espírito” é uma ordem, então não é somente uma
questão da vontade de Deus, mas também da minha e da sua vontade. O segundo texto encontra-se em 1
Tessalonicenses 5:19: “Não apagueis o Espírito” (ou “não prendam, não impeçam o fluir do Espírito”). Isso é
um sinal de que podemos impedir ou atrapalhar esse fluir, da mesma forma que podemos liberá-lo. A
vontade de Deus é que a manifestação da Sua presença cresça e apareça.
Mas existe neste texto de Efésios uma comparação no mínimo estranha que Paulo faz entre um
bêbado e alguém cheio do Espírito. Ele diz: “Não vos embriagueis com vinho, mas enchei-vos do Espírito”.
Como se comporta alguém que está bêbado? Ele fica sem limites, sem controle – quem o controla é o
álcool. Da mesma forma, uma pessoa cheia do Espírito, com sua vida fundamentada na presença de Deus é
governado, controlado pelo Espírito Santo – sua vida deixa de ser previsível, agendada e programada por si
mesmo, pela sua lógica, raciocínio, conhecimento, habilidades, emoções, coração. Quem se deixa controlar
apenas pelo que sabe, pelo que aprendeu, pelas suas experiências ou habilidades, não se permite ser
controlado por algo que não sabe, que não viu, que não conhece. Ou seja, não experimenta o que Deus diz
em 1 Coríntios 2:9: “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o
que Deus tem preparado para aqueles que o amam”.
Assim, a proposta da Palavra é que possamos viver uma vida além do previsível, do natural. É um
convite para “perdermos o controle” sobre nós mesmos e nos entregarmos totalmente ao controle do
Espírito Santo. Não é perder o controle para a carne, para o diabo ou para o mundo, pois esses também
tentam nos controlar. Também não é perder o controle para as situações que vivemos diariamente, pois
essas também querem dirigir nosso ânimo, atenção, coração, comportamento. Antes, é perder o controle
unicamente para o Espírito Santo, é permitir que somente Ele nos conduza, controle e surpreenda em todo
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o tempo.
Há três atitudes que promovem os “de repentes” do Espírito em nossas vidas:
1) Ter fé com expectativa
A fé sempre precisa ser cheia de expectativa, pois é possível ocorrer o contrário – podemos ter uma
fé intelectualizada, não apaixonada, baseada em um mero conhecimento da Bíblia. Alguns dizem que
acreditam em Deus mas não O buscam, alegando motivos diversos (falta de tempo etc.). Mas a verdadeira
fé tem uma atitude diferente.
Jesus disse: “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva”
(João 7:38). Então é necessário crer para que os rios fluam! Em Hebreus 11:6, lemos: “De fato, sem fé é
impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe
e que se torna galardoador dos que o buscam”. Quando nos aproximamos de Deus precisamos crer que Ele
é real, mas também crer que Ele tem uma recompensa para nós – isso é expectativa! Sempre haverá um
resultado quando buscarmos ao Senhor: “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o
vosso coração” (Jeremias 29:13).
Os deuses das religiões não se relacionam com seus seguidores, mas o nosso Deus Se relaciona
diretamente conosco e, por isso, podemos chamá-Lo de “Aba, Pai” (Romanos 8:15). Ele é um Deus que
deseja, que anseia ser encontrado por nós!
Até quando devemos buscar o Senhor? Até achá-Lo, conforme diz o texto de Jeremias. Só que nós
temos um problema com expectativas – temos medo de nos frustrar! Jesus disse que teríamos aflições
(João 16:33), portanto, talvez algumas coisas não aconteçam do nosso jeito ou no nosso tempo; talvez
oremos para alguns serem curados e eles não serão; talvez peçamos para alguns serem livres da morte,
mas irão morrer... Mas, por que colocamos mais fé e expectativa nas coisas que NÃO VÃO acontecer,
quando a Palavra anuncia pela profecia bíblica inúmeras coisas maravilhosas que VÃO acontecer? Então, se
já estamos treinados para esperar coisas ruins, vamos treinar também para esperar as coisas boas que
Deus já prenunciou para nós!
“E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne;
vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos; até
sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e
profetizarão.” (Atos 2:17,18)
Quantos pais têm expectativa de que seus filhos se tornem profetas? Muitos ficam pensando: “Ah,
mas eles podem ficar doentes! Eles podem ir para o mundo e se desviar do Senhor!” Assim, começam a criar
expectativas negativas sobre eles, quando há uma profecia, uma expectativa positiva que devemos
trabalhar para acontecer: “Nossos filhos serão profetas do Senhor!” Quando temos fé com expectativa ela
nos guia, nos faz ter tempo com nossos filhos, ensiná-los, orar diariamente por eles e com eles diante de
Deus. Isso determina o nosso comportamento! No entanto, se não esperarmos o que está profetizado,
esperaremos apenas as coisas que não alimentam a vida e que matam a fé.
Paulo disse: “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes
de todos os homens” (1 Coríntios 15:19). A esperança no eterno nos faz trazer esse eterno para hoje.
Sabemos que Jesus vai reinar e isso nos faz querer viver o reino de Deus agora, trazer o céu para a terra
hoje, experimentar aquilo que já nos está disponível e profetizado.
“Vossos jovens terão visões”. Sempre esperamos que nossos jovens sejam bem-sucedidos na vida
(e não há problema algum nisso), mas precisamos esperar também que eles tenham uma direção de vida
que seja exatamente aquela que Deus projetou para eles. Percebe como nossas expectativas determinam
nossas ações, nossos comportamentos?
“Vossos velhos sonharão”. Velhos que não são idosos, que não vivem do passado, mas que estão
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vivos no presente e enxergando o futuro. Assim eles podem ensinar os mais novos, no tempo que ainda
lhes resta e que estão juntos, a alcançarem seus objetivos.
Fé com expectativa também faz uma enorme diferença quando vamos aos cultos, pois iremos crer
que Deus fará algo novo. Já acordamos de manhã e saímos de casa planejando o que podemos levar, dar,
contribuir para os irmãos – um salmo, uma profecia, um cântico, uma oração etc. E, quando o Espírito
Santo encontra a todos com essa intenção de ofertar, Ele vem ao nosso encontro e nos enche com Sua
Presença! Se O buscamos, Ele vem, Ele age, pois é recompensador dos que O buscam! E, mesmo que Ele
não venha ou não Se deixe perceber, continuaremos buscando até a recompensa chegar.
2) Cultivar uma comunhão espiritual
“E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito, falando entre
vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando
sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos
uns aos outros no temor de Cristo.” (Efésios 5:18-21)
Vemos neste texto algumas atitudes práticas que indicam ações contínuas, que são as maneiras de
nos enchermos do Espírito. Faça uma releitura desse texto e analise a sua rotina para saber em que
proporção essas coisas estão ou não acontecendo em sua vida.
Paulo fala de várias ações que nos possibilitam ser cheios do Espírito. A primeira delas é a
ADORAÇÃO – “falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e
cânticos espirituais”. Falando de forma simples, as nossas conversas podem atrair ou repelir a presença de
Deus. Será que o que conversamos no dia a dia, seja quando nos encontramos ou através de alguma mídia
se baseia na Palavra de Deus, no que foi ministrado em alguma reunião, em coisas santas, espirituais, que
produzem edificação? Se for assim, a presença de Deus ficará propícia nesse ambiente.
A segunda atitude é a GRATIDÃO – “dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai”. Agradecer
atrai a presença de Deus, assim como murmurar ou reclamar repele Sua presença. A murmuração é uma
linguagem que ignora a soberania de Deus sobre todas as coisas, enquanto que a gratidão é uma linguagem
que considera que Ele nunca perde Sua soberania e bondade, a despeito das circunstâncias.
A terceira atitude é a SUJEIÇÃO – “sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo”. Isso fala de
uma atitude de humildade e mansidão em relação a todos os irmãos. É o contrário de uma postura crítica,
de soberba, de distanciamento. Fala de nos sujeitarmos a um relacionamento de paz com os irmãos, de
uma disposição em ouvi-los, de aprender com eles, de perceber o que Jesus tem para eles e eles para nós.
Assim, na comunhão do dia a dia e nas reuniões da igreja nos preparamos para essa sujeição. Por exemplo,
chegar antes do horário para conversar, ficar mais tempo após terminar, se dispor a ajudar, aconselhar,
orar, servir aos irmãos. O que desejamos com tudo isso é a PRESENÇA, os DE REPENTEs do Espírito Santo
em nossas vidas e em nosso meio.
3) Amar, ao invés de ter medo
Depois da sua morte e ressurreição, quando Jesus envia os seus discípulos com o “grande
mandamento” descrito em Mateus 28:18-20, ele nos fala dessa outra atitude que atrai a presença, o
milagre, o “de repente” de Deus.
Amor não é o contrário do ódio, pois podemos amar até aqueles que são nossos inimigos. O
contrário do amor é o egoísmo. Quando eu abandono minha posição egoísta significa que vou servir
alguém, vou me importar com a causa do meu irmão. Quando escolho amar estou criando um canal entre
eu e alguém no qual haverá um fluir do Espírito, porque Deus ama o nosso servir. Ele prefere nos abençoar
mais quando estamos dando do que quando estamos recebendo. Quem apenas recebe “apodrece”.
Lembramos do Mar Morto, que apenas recebe as águas dos rios e, por isso, é destituído de vida. Mas, à
medida que damos também recebemos.
Unidade Missionária Cristã - Ministrações 2016 (Noites e Cultos Conjuntos)
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Nós somos a igreja. É através de nós que Deus Se faz Pai de órfãos e Juiz de viúvas. Esta semana eu
chorei muito ao ouvir a notícia sobre o ‘estupro coletivo’ sofrido por uma jovem adolescente. Não consegui
ficar em paz e Deus me levou à uma profunda intercessão por aquela moça. Não encontrei uma maneira de
falar com ela, mas sei que minhas orações chegaram ao Senhor. Mas, enquanto eu orava, a presença
gloriosa do Espírito encheu o meu quarto, porque quando decidimos amar o Espírito Se manifesta.
Você quer ver um milagre acontecer? Vá até onde ele é necessário! Quer ver Deus agir? Vá até
onde Ele precisa agir! Portanto, vamos pregar, vamos servir! Essa semana eu estava abatido por uma
situação de enfermidade em minha casa e uma família me ligou dizendo: “Tony, queremos ir em sua casa
orar com vocês”. Não estava na nossa “agenda” – foi mais um “de repente” do Espírito. Chegaram,
começamos a orar, a adorar e o Espírito Santo encheu aquele lugar. Depois fomos para a mesa e o Espírito
continuava ali. E as horas passaram sem ao menos percebermos.
A vida de Jesus era cheia desses “de repentes”. Por exemplo, quando os discípulos estavam no
barco e Jesus se aproximou andando sobre as águas (Mateus 14). Eles diariamente iam ao mar para pescar,
mas naquele dia, de repente, Jesus apareceu. Um dia comum se tornou um dia sobrenatural.
De outra feita, Jesus estava pregando para uma grande multidão e, como já estava tarde, o comum,
o natural seria despedir as pessoas para voltarem para suas casas (Mateus 14). Nossa cabeça funciona
desta forma “matemática”, lógica, programada e precisamos romper com isso, pelo menos em parte. Faça
sua agenda, sua rotina, mas deixe Deus mudar quando e como Ele quiser. Os discípulos queriam que Jesus
despedisse as pessoas, mas ele, “de repente”, pegou 5 pães e 2 peixes e o sobrenatural aconteceu – 5 mil
pessoas foram alimentadas naquele final de tarde. Não foi algo “matematicamente correto” e aquela
situação tão trivial se tornou uma situação milagrosa. A multidão que apenas o ouvia agora o via, o
experimentava alimentando-a.
Outro exemplo foi quando Jesus chegou à cidade de Naim juntamente com seus discípulos e se
deparam com um velório (Lucas 7). Quantos velórios acontecem diariamente? Quantas mulheres perdem
seus filhos? Mas naquele dia Jesus estava presente – ele parou o velório, ouviu do Pai o que deveria fazer e,
“de repente”, ressuscitou aquela criança e mudou a vida daquela viúva.
Ainda em outra ocasião, pregando às multidões, uma mulher que sofria a muitos anos com um
fluxo de sangue se aproximou dele (Mateus 9). “De repente” ela o tocou e Jesus sentiu que dele saiu
virtude e curou aquela mulher. Ela não se preocupou com a agenda de Jesus, mas foi em sua procura
crendo que receberia uma recompensa por essa busca – “porque dizia consigo mesma: Se eu apenas lhe
tocar a veste, ficarei curada”. Ela tinha uma intenção, tinha uma fé com expectativa e, por isso, obteve uma
resposta!
Quero concluir lembrando o texto de Ezequiel 47. O profeta teve uma visão onde se encontrava
diante das águas de um rio e o podia vê-lo subindo gradativamente:
“Saiu aquele homem para o oriente, tendo na mão um cordel de medir; mediu mil côvados e me fez
passar pelas águas, águas que me davam pelos tornozelos. Mediu mais mil e me fez passar pelas
águas, águas que me davam pelos joelhos; mediu mais mil e me fez passar pelas águas, águas que
me davam pelos lombos. Mediu ainda outros mil, e era já um rio que eu não podia atravessar,
porque as águas tinham crescido, águas que se deviam passar a nado, rio pelo qual não se podia
passar.” (Ezequiel 47:3-5)
Primeiramente essas águas batiam em seus tornozelos. Depois elas subiam até os joelhos, depois
até os lombos e, “de repente”, “era já um rio que eu não podia atravessar... que se deviam passar a nado”.
O homem que estava com Ezequiel nessa visão tinha um cordel de medir, e media quanto ainda era
necessário andar para chegar ao nível seguinte daquelas águas. Perceba que esse homem que media as
águas era o mesmo que transportava o profeta.
O Senhor me deu uma palavra sobre esse texto: Eu acredito que Deus está hoje em nosso meio
com esse mesmo cordel, medindo onde nós estamos em relação à presença Dele. Suas águas ou presença
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ainda está apenas pelos artelhos e joelhos – ainda conseguimos andar pelas nossas próprias forças, pelos
nossos próprios pensamentos e lógicas, pela nossa própria agenda. Mas essas águas estão subindo, ficando
cada dia mais profundas e estamos começando a perder o controle. Não precisamos ficar (como pessoas e
congregação) com os pés no chão; não devemos tentar manter o controle; não precisamos ver e
experimentar apenas o que já conhecemos. Temos, sim, de experimentar o novo, os imprevistos, os “de
repentes” de Deus! Podemos, sim, nadar nessas águas guiados pelo Espírito Santo, perdendo a mania de
querer ter o controle de tudo, de raciocinar demais.
Eu creio e sinto que o avivamento está chegando! A nova realidade de vida que Deus irá nos enviar
requer que tenhamos também atitudes coerentes com essa nova realidade. Portanto, deixe Deus medir sua
vida para saber onde você se encontra nessas águas da presença Dele.
O quanto a presença de Deus lhe surpreende, lhe faz chorar, amar, servir, ajudar, curar seus
irmãos? O quanto essa presença enche a sua casa? O quanto essa presença em você muda a realidade de
um ambiente, de uma reunião, de seu grupo caseiro? O quanto ela torna os nossos ajuntamentos em uma
grande celebração ao nome do nosso Deus?
O Senhor tem um cordel de medir, mas Ele não está só interessado em medir – está também
interessado em nos transportar por Suas águas, nos fazer nadar controlados unicamente por Ele, imersos
completamente em Sua maravilhosa e gloriosa presença!
“Senhor, transporta-me a águas profundas. Eu quero esses Seus “de repentes”, eu quero uma vida
de surpresas Contigo. Tira-me do lugar onde estou e leva-me para outro nível e, quando lá chegar,
para outro maior ainda. Tua presença está apenas molhando os meus pés, mas eu quero que ela
molhe muito mais, que ela me envolva, me encubra, me controle totalmente. Espírito Santo, abre
minha mente e coração para que eu esteja livre ao Teu mover! Amém!”
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UM CORAÇÃO MISERICORDIOSO
Francisco Vanderlinde
“Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.” (Mateus 5:7)
V
ocê quer ser feliz, bem-aventurado? Então precisa ser misericordioso para com todas as pessoas.
Reflita: para quem você entende que deveria estar demonstrando misericórdia e não está? Outra
passagem das Escrituras, considerada o princípio áureo de Jesus, está em Mateus 7:12:
“Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque
esta é a Lei e os Profetas.”
Então, tudo o que desejamos que as pessoas nos façam, devemos fazer também a elas. Se eu quero
ser bem tratado, receber um tratamento misericordioso, devo agir da mesma forma para com elas. Esse é
um ensino fundamental da Palavra de Deus, uma orientação clara e objetiva de Jesus.
Em Mateus 6:12, Jesus nos ensina a orar: “...e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos
perdoado aos nossos devedores”. E continua, no verso 15: “...se, porém, não perdoardes aos homens as
suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas”.
Tenho visto e sentido a importância de aprofundarmos esse assunto de perdão e misericórdia em
nossas vidas e relacionamentos pois ainda temos muito a aprender nessa área, principalmente nas
questões práticas. Em uma recente mensagem sobre esse tema, levamos a congregação a fazer uma oração
de compromisso de perdoar sempre:
“Senhor Jesus Cristo eu preciso do Senhor. Eu te quero. Me arrependo dos meus pecados, lava‐os
pelo Teu sangue. Arrependo-me de minha amargura. Arrependo‐me de minha ira. Eu perdoo aos
que me ofenderam. Peço que o Senhor os perdoe. Não irei falar o que me fizeram. Não deixarei que
tenham medo de mim. Não deixarei que se sintam culpados. Preservarei sua imagem e dignidade.
Os protegerei de seus maiores medos. Eu assumo esse compromisso por toda a vida. Vou continuar
perdoando‐os e abençoando‐os. Eu os abençoo agora. Senhor, abençoa‐os. E os libero. Eu os libero.
Eu os libero totalmente. Espírito Santo venha sobre mim. Renova a tua unção em mim. Obrigado
por Tua paciência comigo. Renovo minha decisão de entregar a ti toda a minha vida. Amém.”
É interessante como sempre nos esquecemos ou voltamos atrás nessa questão do perdão e, por
isso, precisamos estar sempre voltando ao assunto e renovando esse compromisso e decisão em nossa
mente e coração. O profeta Jeremias disse:
“As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias
não têm fim; renovam-se cada manhã.” (Jeremias 3:22,23)
Da mesma forma nós, também precisamos renovar a cada dia a disposição de perdoar. Temos de
acordar e já começar o dia com isso em mente, pois senão, logo ao sair de casa, na primeira “fechada” que
recebermos no trânsito, nos esqueceremos de que somos discípulos de Jesus e que temos esse
compromisso assumido.
Noventa por cento (90%) das pessoas que nos machucam, ferem, magoam não têm consciência
disso. E a maioria destes, se confrontados, irão se ofender. Existe um terrível engano entre os cristãos de
achar que só podem perdoar alguém se o outro vier primeiro pedir perdão. E, assim, passam os anos e
nada acontece. É por isso que o princípio bíblico do perdão é que ele deve ser unilateral e incondicional –
eu simplesmente perdoo, tomo a iniciativa, não espero que o outro o faça.
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Na cruz, Jesus disse: “Pai, perdoa-os porque não sabem o que fazem” (Lucas 23:34). Quantos ali
presentes estavam de fato arrependidos ou iriam se arrepender? Possivelmente alguns, mas não todos. No
entanto, o perdão de Cristo foi extensivo a todos. Estevão, da mesma forma, enquanto era apedrejado
pelas pessoas, orou antes da sua morte: “Senhor, não lhes imputes este pecado” (Atos 7:60). Desta forma,
podemos afirmar que o perdão é uma atitude que acontece no coração – é uma decisão que eu tomo
independentemente da atitude ou resposta da outra pessoa.
Não devemos, portanto, esperar sinais de arrependimento do outro, esperar que nos venham pedir
perdão pelas suas ações ou reações contra nós, mas devemos, antes, perdoá-los. Alguém disse que
“perdoar é libertar um prisioneiro e depois descobrir que o prisioneiro era eu mesmo”. Enquanto retemos o
perdão continuamos presos.
Paulo, em Romanos 12:19, citando um texto de Levítico 19:18, diz:
“...não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me
pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor.”
Quando guardamos mágoas, ressentimentos, rancores estamos querendo vingança! Na verdade,
costumamos substituir essa palavra por “justiça” para amenizar o termo, assim como o fazemos em relação
ao ódio. São atitudes que abrigamos em nossos corações mesmo sendo cristãos nascidos de novo. Alguns
dizem: “Não suporto Fulano, não posso nem ver Ciclano”. O que é isso? É ódio, raiva, mágoa! Com certeza
não é amor! Assim, se eu estou abrigando esses sentimentos em meu coração é porque, no fundo, desejo
que seja “feita justiça” a quem me feriu: “Ela merece uma retribuição!” Alguns, inclusive, são bem
“espirituais” em suas orações: “Senhor, dê-lhe o que ela merece! Eu a entrego em Tuas mãos! Eu sei que
Tua é a vingança, então, faça justiça!” Outros, ainda, dizem: “É a mão de Deus pesando sobre aquela
pessoa!”
Nós, entretanto, fomos chamados e ensinados a pedir ao Senhor que a Sua mão não pese sobre
ninguém. Isso chama-se “intercessão”. Quando Deus disse a Moisés que iria matar todo o povo, esse
intercedeu ao Senhor para que Sua mão não pesasse sobre o mesmo, mesmo sendo um povo rebelde,
murmurador, de dura cerviz (Êxodo 32:9-14). Não podemos e não temos condições de fazer justiça. Essa
pertence unicamente ao Senhor – só Ele sabe como fazê-la. Nossa responsabilidade e atitude como cristãos
é liberar as pessoas e não julgá-las. O apóstolo Paulo diz:
“E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção. Longe de vós,
toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia. Antes, sede uns
para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em
Cristo, vos perdoou.” (Efésios 4:30-32)
Como foi que Deus nos perdoou em Cristo ou qual foi o “tamanho” desse perdão? Ele perdoou
TODOS os nossos pecados, e não somente alguns. O sangue de Jesus nos lava, limpa, purifica, restaura de
TODO pecado! João Batista, ao batizar Jesus, disse: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”
(João 1:29). Deus também disse: “Pois, para com as suas iniquidades, usarei de misericórdia e dos seus
pecados jamais me lembrarei” (Hebreus 8:12). Ele sempre Se lembra porque conhece todas as coisas e não
Se esquece de nada, mas não lembra no sentido de nos acusar, de nos imputar o erro novamente após ternos perdoado. Então, assim como Deus nos perdoou em Cristo nós também somos chamados para perdoar
uns aos outros.
O texto acima diz: “E não entristeçais o Espírito de Deus” e, em seguida fala sobre a AMARGURA.
Ou seja, essa talvez seja a atitude que mais entristece o Espírito. Dificilmente o Senhor irá usar nossas vidas
se cultivarmos essa atitude no coração. Ele continua conosco, mas “entristecido”. Assim, ficamos presos,
amarrados e não O permitimos fluir em nós e através de nós.
“A quem perdoais alguma coisa, também eu perdoo; porque, de fato, o que tenho perdoado (se
alguma coisa tenho perdoado), por causa de vós o fiz na presença de Cristo; para que Satanás não
alcance vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos os desígnios.” (2 Coríntios 2:10,11)
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Entendemos claramente com esse texto que, quando não perdoamos, estamos dando brecha ou
espaço a Satanás para que ele entre, mate, roube e destrua nossa vida (João 10:10). Mas, quando
perdoamos totalmente, ele não pode mais permanecer em nós.
José foi um homem que experimentou profundamente a prática do perdão em sua vida. O
primeiro ponto que aprendemos com ele é que, antes de se revelar aos seus irmãos, José pede que todos
os egípcios saiam da sala para que ninguém saiba o que seus irmãos fizeram contra ele (Gênesis 45:1).
Então, perdão total, perdão verdadeiro só existe quando não contamos a outros aquilo que nos fizeram.
Infelizmente essa é uma prática muito comum em nossas vidas, que indica a falta de perdão total. Reflita
em seu coração: há pessoas que você ainda não perdoou totalmente, das quais ainda guarda alguma
mágoa ou ressentimento, das quais ainda reclama, julga e comenta a respeito para outros?
Algo que precisamos compreender é que o perdão total não implica necessariamente na
restauração do relacionamento. Esse seria o ideal, mas como o perdão é algo pessoal, do coração, nem
sempre conseguiremos resgatar a mesma amizade que tínhamos anteriormente, pois a reconciliação
depende também da outra pessoa que, muitas vezes, não está disposta à mesma atitude. Perdão é
individual, unilateral e incondicional.
O segundo ponto que aprendemos com José é que ele tratou bem os seus irmãos e acalmou os
seus corações, independentemente do que lhe haviam feito:
“E disse José a seus irmãos: Peço-vos, chegai-vos a mim. E chegaram-se; então disse ele: Eu sou José
vosso irmão, a quem vendestes para o Egito. Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos pese aos
vossos olhos por me haverdes vendido para cá; porque para conservação da vida, Deus me enviou
adiante de vós.” (Gênesis 45:4,5)
O perdão total ocorre quando, após eu perdoar a quem me feriu, também me disponho a fazer-lhe
o bem, a me aproximar do mesmo. Mesmo que ele não queira a reconciliação ou a amizade, da minha
parte vou procurar tratá-lo bem a ajudá-lo em tudo que depender de mim. Vou fazer com que ele “se sinta
bem” a meu respeito. Às vezes temos uma atitude oposta: queremos que a pessoa NÃO se sinta bem
quando faz algo errado contra nós. Gostamos que ela se sinta desconfortável, incomodada, mas isso é, na
verdade, um tipo de vingança.
Há algo que faz parte, até, da “cultura evangélica”: às vezes um irmão está magoado já há algum
tempo contra outro e, então, o procura dizendo: “Eu preciso liberar o perdão sobre a sua vida”.
Normalmente isso ocorre em dias de celebração da Ceia. Essa é uma atitude errada, pois está apenas
despertando a pessoa para algo errado que ela cometeu e que, às vezes, nem tem consciência; isso não é
perdão verdadeiro. Mas, se a pessoa entender que errou e vier pedir perdão, aí, sim, a atitude de “eu te
libero o perdão” é válida. De outra forma, apenas perdoe, perdoe e perdoe! “Setenta vezes sete”, como
Jesus ensinou (Mateus 18:22). Não podemos colocar mais peso sobre a pessoa. Às vezes ela nem está
consciente de seu ato e essa atitude irá apenas piorar a situação.
Um terceiro ponto sobre José, no mesmo texto acima, é que ele se preocupou que seus irmãos se
sentissem bem consigo mesmos e não ficassem pesarosos em relação àquilo que haviam feito:
“Pelo que Deus me enviou adiante de vós, para conservar vossa sucessão na terra, e para guardarvos em vida por um grande livramento. Assim não fostes vós que me enviastes para cá, senão Deus,
que me tem posto por pai de Faraó, e por senhor de toda a sua casa, e como regente em toda a
terra do Egito.” (Gênesis 45:7,8)
Ou seja, José disse-lhes que o próprio Deus permitiu tudo aquilo e até os usou para realizar um
grande milagre de preservação da família. Essa é a atitude perfeita do perdão, de querer que a outra
pessoa fique bem, fique livre, fique em paz.
Quarto ponto, José ajudou seus irmãos a superar o maior medo que eles tinham – chegar até seu
pai, Jacó, e contar toda a verdade do que havia acontecido no passado:
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“Apressai-vos, e subi a meu pai, e dizei-lhe: Assim tem dito o teu filho José: Deus me tem posto por
senhor em toda a terra do Egito; desce a mim, e não te demores; e habitarás na terra de Gósen, e
estarás perto de mim, tu e os teus filhos, e os filhos dos teus filhos, e as tuas ovelhas, e as tuas
vacas, e tudo o que tens. E ali te sustentarei, porque ainda haverá cinco anos de fome, para que não
pereças de pobreza, tu e tua casa, e tudo o que tens.” (Gênesis 45:9-11)
Perdoar é ajudar a “livrar a cara” das pessoas. Foi exatamente isso que Deus fez conosco. Por meio
de Jesus, Ele “livrou a nossa cara” de uma multidão de pecados. E Ele não conta para ninguém tudo o que
fizemos e fazemos de errado!
Quinto ponto, após a morte de Jacó (aproximadamente dezessete anos depois), os irmãos de José
novamente ficaram com medo de que ele lhes retirasse o perdão e, então, o procuraram dizendo:
“Teu pai ordenou, antes da sua morte, dizendo: assim direis a José: Perdoa, rogo-te, a transgressão
de teus irmãos, e o seu pecado, porque te fizeram mal; agora, pois, rogamos-te que perdoes a
transgressão dos servos do Deus de teu pai. E José chorou quando eles lhe falavam. Depois vieram
também seus irmãos, e prostraram-se diante dele, e disseram: Eis-nos aqui por teus servos.”
(Gênesis 50:16-18).
Mas a atitude e as palavras de José evidenciaram novamente seu perdão total:
“E José lhes disse: Não temais; porventura estou eu em lugar de Deus? Vós bem intentastes mal
contra mim; porém Deus o intentou para bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar
muita gente com vida. Agora, pois, não temais; eu vos sustentarei a vós e a vossos filhos. Assim os
consolou, e falou segundo o coração deles.” (Gênesis 45:19-21).
Finalmente, a grande atitude que nos ajuda a realmente superar esse grande desafio do perdão é
orar pela pessoa que nos ofendeu. Essa é, inclusive, uma orientação muito clara de Jesus:
“Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os
vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste,
porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos. Porque, se
amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo?
E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o
mesmo? Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste.” (Mateus 5:43-48)
É até fácil, de certa forma, perdoar alguém que nos procura chorando, arrependido e pedindo
perdão. Até uma pessoa sem nenhum princípio cristão consegue fazê-lo, pois, em todas as pessoas, por
pior que sejam, existem sentimentos mínimos de misericórdia e compaixão. Então, isso não tem valor ou
glória alguma! O valor está em perdoar justamente aquele que não se arrepende. Isso, sim, fará diferença
para o reino de Deus.
Nos anos 90, um famoso televangelista dos EUA, Jim Bakker, foi envolvido em escândalos
financeiros e condenado a mais de 20 anos de prisão. No entanto, passados poucos anos, seu advogado
conseguiu provar que ele não era tão culpado assim quanto tinha sido seu julgamento e condenação. Sua
responsabilidade era bem menor do que havia sido acusado e sentenciado. Então, revista a sentença, ele
foi liberto. Mas, logo que ele foi preso, sua esposa pediu o divórcio e se casou com o melhor amigo dele,
que fazia parte da sua equipe. Passou um tempo e ele se casou novamente. Poucos anos depois, Pat
Robertson, um pastor que coordenava o programa cristão “Club 700” na TV americana chamou os dois
casais para um programa ao vivo. Eles já haviam se perdoado, mas Jim Bakker afirmou: “EU precisava de
misericórdia e perdão; por isso eu dei perdão a ele e fui misericordioso”.
Corrie Ten Boom, uma escritora holandesa cristã que ajudou a salvar a vida de muitos judeus ao
escondê-los dos nazistas durante a II Guerra Mundial, juntamente com sua família foi enviada para um
campo de concentração. Tendo sobrevivido, tornou-se uma pregadora do evangelho. Em 1947, durante
uma pregação em Munique, ela relata a seguinte história:
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“Foi numa igreja em Munique, onde eu estava pregando em 1947, que, de repente, o vislumbrei: um
homem calvo, troncudo vestindo um sobretudo cinza, com um chapéu de feltro marrom amassado
entre as duas mãos. Num instante, estava enxergando o sobretudo e o chapéu marrom; no instante
seguinte, o uniforme azul, o quepe estampado com a caveira e as duas tíbias cruzadas, o rosto
malicioso, lascivo, debochado.
Minhas lembranças do campo de concentração voltaram com rapidez e impacto: a sala enorme
com as severas luminárias no teto, a pilha patética de vestidos e sapatos no centro, a vergonha de
ter de passar nua diante desse homem. Pude ver o vulto frágil da minha irmã à minha frente,
costelas quase furando o fino pergaminho da sua pele.
Betsie e eu havíamos sido presas por termos escondido judeus na nossa casa por ocasião da
ocupação nazista da Holanda, durante a Segunda Guerra. Esse homem fora um dos guardas no
campo de concentração em Ravensbruck, para onde fomos enviadas.
Agora, ele estava diante de mim, mão estendida: “Que bela mensagem, fräulein! Que bom saber,
como disse, que nossos pecados estão todos no fundo do mar!”
Pela primeira vez, desde minha soltura, eu estava frente a frente com um dos meus algozes, e meu
sangue parecia ter congelado.
“Você mencionou Ravensbruck na sua palestra”, ele dizia. “Fui guarda lá. Mas depois disso”,
continuou, “tornei-me cristão. Eu sei que Deus me perdoou pelas coisas cruéis que cometi lá, mas eu
gostaria de ouvi-lo da sua boca também. Fräulein”, com a mão estendida outra vez, “você me
perdoa?”
Fiquei ali paralisada. Eu não podia fazer isso. Minha irmã Betsie morrera naquele lugar; será que ele
podia apagar sua morte terrível e prolongada, simplesmente porque pedia perdão?
Eu achava que já perdoara a todos; pregava sobre isso por toda parte. Eu, o exemplo de perdão,
não conseguia perdoar quando encarava meu ofensor em carne e osso.
Não podem ter passado mais do que alguns segundos, ele em pé com a mão estendida – mas para
mim parecia uma batalha de horas, enquanto eu enfrentava a coisa mais difícil que tive de fazer em
toda minha vida.
Eu não tinha opção – eu sabia disso. A mensagem do perdão de Deus possui um pré-requisito: que
perdoemos a todos que nos feriram. “Se não perdoardes aos homens”, afirmou Jesus, “tão pouco
vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas” (Mt 6.15).
Ainda assim, lá estava eu com o coração dominado por frieza. Entretanto, perdoar é um ato da
vontade, e a vontade pode funcionar indiferentemente da temperatura do coração. “Jesus, ajudame”, supliquei silenciosamente. “Eu posso levantar minha mão. Pelo menos isso, posso fazer. Dá-me
o sentimento depois.”
Então, sentindo-me um robô, coloquei minha mão mecanicamente na mão que me estava
estendida. E, enquanto o fiz, algo incrível aconteceu. Uma corrente começou no meu ombro, correu
pelo meu braço e saltou para nossas mãos unidas. Em seguida, esse calor restaurador parecia
inundar todo o meu ser, trazendo lágrimas aos meus olhos.
“Eu te perdoo, irmão”, exclamei, “com todo o meu coração!”
Por um longo instante, seguramos a mão um do outro, o ex-guarda e a ex-prisioneira. Posso dizer
que nunca experimentei o amor de Deus de forma tão intensa como naquele momento.”
(Testemunho publicado originalmente na revista “Guideposts”, 1972. A história de Corrie Ten Boom
foi relatada no famoso livro e filme “Refúgio Secreto”, de John e Elizabeth Sherrill, Editora Betânia).
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Por mais difícil que seja, existe uma grande benção quando decidimos perdoar. Até Entidades
seculares já descobriram isso e ensinam sobre o perdão, mesmo sem envolver Jesus. Eles dizem: “Perdoar
faz bem para a sua saúde!” Algumas pesquisas comprovam que pessoas amarguradas, que não perdoam,
têm baixa imunidade e desenvolvem inúmeras enfermidades físicas e emocionais.
A minha motivação de estudar e pregar sobre esse assunto é a de que Jesus está próximo de voltar
e nós precisamos consertar essas coisas em nossas vidas. Não podemos ficar protelando situações que
exijam a prática do perdão verdadeiro. Meditando sobre isso, lembrei-me que na época da escravidão
colocava-se uma corrente com uma bola de ferro nos tornozelos dos escravos para que eles não fugissem.
Essa é uma imagem perfeita da pessoa que está presa à falta de perdão – está amarrada, não pode se
movimentar como deveria. E, pior, para onde ela for a bola de ferro vai junto.
Sabemos que todos, ao conviver com pessoas, teremos potenciais situações de conflito. Quando
temos ressentimento de alguém, essa pessoa sempre estará nos acompanhando, na mente e no coração,
em todos os lugares que formos – é a “corrente com a bola” pregada nas pernas. Mas a Palavra de Deus
nos ensina o que deve realmente ocupar as nossas mentes:
“Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o
que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor
existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.” (Filipenses 4:8)
Essa atitude nos dará condições de ter o que falar e responder, de saber como agir e reagir diante
das situações que Deus nos colocará no dia a dia. Paulo ainda nos ensina:
“E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se
fizeram novas. Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e
nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o
mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.
De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso
intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus. Aquele que não
conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.” (2
Coríntios 5:17-21).
Somos chamados para sermos instrumentos da reconciliação com as pessoas. Você crê que esse
chamado é para a sua vida? Então você precisa estar livre! Precisa estar reconciliado com Deus e com todas
as pessoas para poder cumprir esse chamado de ser um embaixador da reconciliação!
O desafio para todos nós hoje é que aceitemos esse chamado, que digamos “sim” ao convite para
sermos ministros da reconciliação. Mas, para isso, precisamos permitir que o Espírito Santo limpe
totalmente o nosso coração de toda mágoa, levando-nos à prática diária e contínua do perdão total. “Bemaventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.”
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OS “DE REPENTEs” DO ESPÍRITO SANTO – Parte II
Tony Felício
H
á um estilo de ser cristão que não é baseado em momentos, mas em ser tocado todos os dias por
Deus; onde cada momento, por mais trivial ou rotineiro que seja, possa se transformar em um
ambiente de manifestação da presença de Deus.
Temos ouvido já há vários anos diversas palavras de Deus que falam da Sua manifestação muito
forte em nosso meio. Há muitas profecias ligadas a milagres, a conversões, a uma forte presença do Senhor
tomando nossas vidas e reuniões, assumindo o controle de todos os ambientes. São profecias maravilhosas
e é certo que Ele fará tudo o que prometeu.
No entanto, a presença de Deus entre nós é produto apenas da vontade Dele, do que Ele fez e faz
para tornar isso possível. Mas a manifestação ou controle dessa presença sobre nossas vidas e ações
depende também de nós e não somente Dele.
Há dois textos que nos falam dessa correspondência entre o que Deus quer e o que nós queremos.
O primeiro é Efésios 5:18, que diz que devemos “encher-nos do Espírito”, ou seja, é uma ordem que nos
coloca diante de uma necessidade e responsabilidade pessoal. O segundo é 1 Tessalonicenses 5:19, que diz
que não devemos “apagar o Espírito”, ou seja, impedir o fluir, a ação do Espírito Santo em nós. Assim, a
presença de Deus está entre nós como fruto da vontade Dele e do sacrifício de Jesus na cruz, que permitiu
esse acesso livre do Pai a nós e vice-versa.
Uma vida cheia da presença de Deus tem a ver, no entanto, diretamente com algumas ações e
atitudes nossas. Essa foi uma descoberta pessoal que me levou a orar para saber quais são essas atitudes,
pois eu sei que, da parte de Deus, Ele não vai medir esforços para isso porque é o Seu maior desejo. Assim,
preciso saber qual é a minha parte para que eu possa concordar com o Senhor e experimentar essa vida.
Algumas atitudes pessoais que fazem com que a presença de Deus seja plena e abundante entre
nós:
1) Fazer questão da presença de Deus.
“Agora, pois, se achei graça aos teus olhos, rogo-te que me faças saber neste momento o teu
caminho, para que eu te conheça e ache graça aos teus olhos; e considera que esta nação é teu
povo. Respondeu-lhe: A minha presença irá contigo, e eu te darei descanso. Então, lhe disse Moisés:
Se a tua presença não vai comigo, não nos faças subir deste lugar. Pois como se há de saber que
achamos graça aos teus olhos, eu e o teu povo? Não é, porventura, em andares conosco, de
maneira que somos separados, eu e o teu povo, de todos os povos da terra?” (Êxodo 33:13-16)
Vemos claramente nesse texto que o que nos identifica como povo de Deus é o fato de O termos
como o nosso Deus e Ele andar conosco, Sua presença ser real entre nós. Muitas religiões têm deuses que
não andam com seu povo – são deuses distantes, sem intimidade com seus seguidores. Mas o nosso Deus
faz questão de andar conosco. Muitos textos da Palavra dizem: “Eu serei o Seu Deus e vós sereis o Meu
povo”. Isso tem a ver com EXCLUSIVIDADE e INTIMIDADE. Nós somos o povo que pode dizer: “Nós temos
um Deus que anda conosco”, e somos o povo que Deus pode dizer: “Eu tenho um povo que é só Meu”.
Gosto muito do cântico que diz: “Eu sou do meu Amado e Ele é meu”. Nosso Deus é presente, e
não distante. É um Deus que faz questão de andar conosco. Nessa situação de Israel, o povo não fez
questão da presença de Deus e por isso fez o bezerro de ouro para adorar. Mas nós também temos essa
tentação, recorrentemente, como igreja. Podemos fazer uma caricatura ou formato de Deus com nossas
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próprias coisas para O adorar e, com isso, perdemos muito, pois produzimos algo que não é realmente o
nosso Deus. Mas Ele nos chama para conhecê-Lo em intimidade, para adorar Aquele que é o nosso Deus
verdadeiro, do jeito que Ele é, do jeito que Ele Se mostra e Se apresenta.
Há uma diferença enorme entre o coração de Moisés e o do restante do povo – ele fazia questão
da presença de Deus entre eles; caso contrário, não sairia do lugar. Parece-me comum a igreja fazer mais
questão das coisas que Deus pode dar do que da própria presença Dele. E Ele até pode nos dar essas coisas,
mas nos faltará intimidade, relacionamento com Ele. É justamente isso que Deus NÃO quer, porque Ele é
um Deus pessoal – um Deus que é NOSSO e nós DELE.
Em Mateus 6:33, Jesus diz: “...buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas
estas coisas vos serão acrescentadas”. Essas “coisas” citadas são o comer, vestir, beber – coisas naturais
que sempre nos preocupam e que julgamos as mais necessárias. Então, voltamos todas as nossas atenções
a essas coisas. Mas foi exatamente o contrário que aconteceu com Moisés. Apesar do povo estar sendo
conduzido para uma terra rica, que manava leite e mel, Moisés disse ao Senhor que, sem a presença Dele
com o povo, não adiantava ter terra e riquezas. Assim, não adianta sermos cristãos que têm todas as
melhores coisas desta terra, mas que não tem a presença do Senhor entre nós. Pergunta: Queremos ser
cristãos que têm todas as coisas boas desta terra ou queremos ser discípulos de Jesus que têm o melhor de
Deus, que desfruta da presença, glória e graça Dele enquanto está nesta terra?
Você faz questão somente do que Deus tem e faz por você ou de que Ele mesmo seja o seu próprio
tesouro? Isso é bom e necessário para a nossa vida pessoal, mas quando juntamos um número de pessoas
que fazem questão da presença de Deus, a resposta Dele será a mesma que deu a Moisés: “A minha
presença irá contigo, e eu te darei descanso” (Êxodo 33:14).
Queridos (as), vamos fazer mais questão da presença de Deus conosco? Nós nascemos para Ele! Ele
nos fez para Si! Todo o Seu trabalho, desde que Adão pecou, é trazer o homem de volta à Sua presença
para relacionamento e intimidade. Quando fazemos questão, Deus Se apresenta!
A presença de Deus precisa encontrar uma correspondência da nossa vontade para fazer as coisas
acontecerem. Amós 3:7 diz que “Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus
servos, os profetas”. Então, Deus tem uma vontade, mas a quer revelar a alguém. Quando a profecia sai e
encontra um ambiente de fé, Deus realiza aquilo que Ele já queria fazer. Deus quer participar A NÓS e quer
realizar CONOSCO. Ele podia agir independentemente, sem revelar nada a ninguém, sem convidar ninguém
para fazer parte dos Seus projetos, mas deseja nos envolver no que está fazendo.
Em 2 Crônicas 7:14 a Palavra diz: “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e
orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus
pecados e sararei a sua terra”. Deus quer perdoar pecados, quer sarar nossa terra, quer nos ouvir, quer
descer dos céus – mas Ele nos manda buscá-Lo antes, porque Ele é um Deus NOSSO e quer fazer Suas obras
CONOSCO. Mas, quando não fazemos questão de Deus, estamos nos privando de gozar da Sua presença
gloriosa e operante em nosso meio.
Deus está dizendo: “Ei, meu povo! Eu estou pronto!” É como um pai dizendo ao seu filho: “Ei, filho!
Eu já estou pronto! E você? Vamos?” O ambiente que Deus quer encontrar em nosso meio é onde todos
fazem questão Dele estar presente. “Se a tua presença não vai comigo, não nos faças subir deste lugar”,
disse Moisés.
Em Efésios 1:22,23, Paulo diz: “E pôs todas as coisas debaixo dos pés e, para ser o cabeça sobre
todas as coisas, o deu à igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as
coisas”. Isso fala de uma parceria misteriosa e fantástica. Ele se tornou Cabeça e nós o Seu corpo! Foi dessa
forma que Deus Se revelou na terra – Ele apareceu através de Cristo e da Igreja, Cabeça e Corpo! Você
percebe aqui a intenção de uma parceria entre Pai e filho? Deus nos chamando para trabalharmos juntos?
Ou seja, DEUS FAZ QUESTÃO DE NÓS e deseja que FAÇAMOS QUESTÃO DELE!
Esses dias o Senhor falou comigo: “Tony, você diz que Me ama, mas Sou Eu que te amo! Você diz
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que é apaixonado por Mim, mas Eu é que Sou apaixonado por você!” Quem é mais apaixonado, nós ou Ele?
Quem está trabalhando desde a eternidade pelo Seu povo? Quem fez Seu próprio Filho passar pela paixão
de morrer por nós? Assim, ELE É O MAIOR APAIXONADO!
Nas parábolas do tesouro escondido no campo e da pérola de grande valor (Mateus 13:44-46),
geralmente as aplicamos como deixarmos tudo para termos Jesus; mas, quem deixou tudo para nos ter foi
Ele! Deus é alguém que faz questão de estar conosco e deseja que também façamos questão de estar com
Ele. Já pensou em se casar com alguém que você ama, mas ela não lhe ama? Alguém que não faz questão
da sua presença? É no mínimo estranho e, com certeza, não dará certo!
Como é a igreja que Jesus virá buscar? É uma igreja QUE FAZ QUESTÃO DE SUBIR COM ELE. É como
as cinco virgens prudentes (Mateus 25:1-13) e não como as néscias, que não se prepararam, não
guardaram azeite. Mas as prudentes estavam o tempo todo à espera do Noivo, na expectativa de que Ele
iria chegar a qualquer momento. Amados, se queremos a abundância da presença de Deus em nós e entre
nós, precisamos fazer questão dessa presença!
Jesus disse: “Se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que,
porventura, pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai, que está nos céus” (Mateus 18:19). De novo vemos
Deus nos chamando para uma parceria. Nos céus está claro o que Deus quer fazer, e Ele espera que aqui na
terra nós concordemos com Ele. Ele nos convida para concordar, ou seja, juntar nosso coração com o Dele,
ligar nossas intenções e vontades com as Dele. E, então, as coisas acontecem!
Se Deus quer um relacionamento e nós esperamos “coisas”, não vai dar certo. Se Deus quer andar
conosco e nós nos contentamos com apenas algumas visitações esporádicas, também não vai dar certo.
Não queremos “visitas” de Deus; queremos Sua morada, Sua presença constante. É estranho demais
pensar que a minha esposa “visite” a minha casa; então, também é estranho pensar que o Noivo, que o Pai,
que Deus (que chama a igreja de ‘Sua Casa’) apenas a “visite”. Visitas não conhecem a intimidade da casa,
mas aquele que faz parte da mesma tem toda a liberdade possível. Deus não quer apenas nos visitar,
porque Ele quer fazer o que deseja em nosso meio. Se tiver de limpar, consertar, arrumar, dar ou tirar algo,
Ele o fará.
Nossa oração é para que o Senhor não apenas nos visite, mas PERMANEÇA ENTRE NÓS. DEUS FAZ
QUESTÃO do Seu povo e deseja encontrar um povo que também FAZ QUESTÃO DELE. Essa é uma junção
maravilhosa e poderosa – quando a vontade de Deus se encontra com a nossa e concordam entre si. E,
assim, o que é realidade no céu se torna realidade na terra.
Se Deus quer intimidade e nós queremos apenas um relacionamento superficial, isso não dará
certo. Mas, se ambos queremos intimidade, haverá uma explosão de glória e manifestação da Sua
presença. Se Deus quer nos tocar, nos alcançar, nos fazer viver uma vida plena agora e não somente na
eternidade, com certeza desfrutaremos dessa vida hoje mesmo. Não precisamos esperar Ele voltar para
experimentar um monte de coisas que já nos foi prometido.
Em João 6:40, Jesus disse: “a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer
tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia”; e no verso 47: “quem crê em mim tem a vida
eterna”. É verdade que a ressurreição é para o último dia, mas podemos desfrutar HOJE da vida eterna! Ele
dá a vida eterna para aqueles que Nele creem. Essa vida não é apenas para após a morte, mas um estilo de
vida plena que podemos viver hoje.
Se queremos a abundância da presença de Deus precisamos concordar com Ele e fazer questão
Dele, assim como Ele faz questão de nós. Temos de dizer como Moisés: “Não saio, não levanto, não me
movo sem a Tua presença, Senhor!” Nos levantamos logo cedo pensando, lembrando dessa presença, mas
fazendo disso uma realidade presente em nossa mente e coração!
2) Ter uma fé cheia de expectativa
É ouvir os textos proféticos e deixá-los gerar expectativa em nossos corações. Em João 7:38, Jesus
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disse: “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva”. É uma fé em
Jesus que produz vida abundante. Ele é aquele que “nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou
para o reino do Filho do seu amor” (Colossenses 1:13) e o Seu reino é um lugar de “justiça, e paz, e alegria
no Espírito Santo” (Romanos 14:17). Então, é um reino de rios de água abundante. Se há apenas um filete
de água, crie a expectativa de um riacho; se há um riacho, crie a expectativa de um rio; se há um rio, crie a
expectativa de vários rios.
Em Lucas 24:49 e Atos 1:8, Jesus deu uma palavra aos discípulos que se concretizou em Atos
2:17,18. Eles permaneceram em Jerusalém, juntos e orando, e o texto de Atos 2:2,4 diz que “de repente,
veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados (...)
Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes
concedia que falassem”. Esse “de repente”, no entanto, foi algo previsto, pois quando cremos, obedecemos
e esperamos com expectativa, nos surpreendemos quando Deus cumpre o que prometeu. Tomara que
nunca percamos essa capacidade de nos surpreender com Deus ou que nunca percamos a capacidade de
compreender como Ele é surpreendente!
Se eu vou conversar com um irmão, tenho de crer que Deus estará nessa conversa e algo bom vai
acontecer. Se eu vou trabalhar, creio que Deus estará comigo e meu dia será diferente. Jesus nos disse: “...e
eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mateus 28:20). Então, o que
devemos esperar dos nossos dias? Estar com Ele! É com essa expectativa que devemos acordar, levantar,
estudar, trabalhar, viver, relacionar todos os dias – que Ele está sempre conosco, em todos os lugares,
momentos, situações da vida. Que todos os dias Sua presença fique clara para nós e nos marque de alguma
maneira.
Provérbios 3:5,6 diz: “Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio
entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas”. Ou seja,
devemos confiar mais no Senhor do que em nós mesmos ou nas coisas que podemos compreender.
Quando não entendemos alguma coisa de Deus, isso não revela nenhum problema Nele, mas revela apenas
a nossa própria incapacidade e de quanto precisamos viver perto Dele; apenas revela que não podemos
confiar em nosso próprio entendimento; que precisamos crer que Deus é poderoso e pode fazer o que Ele
quiser. Não vamos esperar apenas o mensurável, o óbvio, o que já vimos, ouvimos e conhecemos, mas
esperar, sim, que algo novo de Deus aconteça.
Hebreus 11:6 diz: “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele
que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador (recompensador) dos que o
buscam”. Se buscamos a Deus precisamos crer que Ele existe – isso é fé. Mas precisamos também esperar
Sua recompensa – que Ele apareça, opere, faça – isso é expectativa. Então precisamos crer e esperar até
vê-Lo, até conhecê-Lo, até que Ele Se apresente a nós!
3) Ter uma comunhão espiritual que atrai a presença de Deus
A aparição de Jesus a dois discípulos, após sua ressurreição, nos traz lições maravilhosas sobre essa
comunhão espiritual que atrai Sua presença.
“Naquele mesmo dia, dois deles estavam de caminho para uma aldeia chamada Emaús, distante de
Jerusalém sessenta estádios. E iam conversando a respeito de todas as coisas sucedidas. Aconteceu
que, enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e ia com eles. Os seus olhos,
porém, estavam como que impedidos de o reconhecer. Então, lhes perguntou Jesus: Que é isso que
vos preocupa e de que ides tratando à medida que caminhais? E eles pararam entristecidos. Um,
porém, chamado Cleopas, respondeu, dizendo: És o único, porventura, que, tendo estado em
Jerusalém, ignoras as ocorrências destes últimos dias? Ele lhes perguntou: Quais? E explicaram: O
que aconteceu a Jesus, o Nazareno, que era varão profeta, poderoso em obras e palavras, diante de
Deus e de todo o povo, e como os principais sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para
ser condenado à morte e o crucificaram. Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir
a Israel; mas, depois de tudo isto, é já este o terceiro dia desde que tais coisas sucederam. É verdade
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também que algumas mulheres, das que conosco estavam, nos surpreenderam, tendo ido de
madrugada ao túmulo; e, não achando o corpo de Jesus, voltaram dizendo terem tido uma visão de
anjos, os quais afirmam que ele vive. De fato, alguns dos nossos foram ao sepulcro e verificaram a
exatidão do que disseram as mulheres; mas não o viram. Então, lhes disse Jesus: Ó néscios e tardos
de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura, não convinha que o Cristo
padecesse e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas,
expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras. Quando se aproximavam da
aldeia para onde iam, fez ele menção de passar adiante. Mas eles o constrangeram, dizendo: Fica
conosco, porque é tarde, e o dia já declina. E entrou para ficar com eles. E aconteceu que, quando
estavam à mesa, tomando ele o pão, abençoou-o e, tendo-o partido, lhes deu; então, se lhes
abriram os olhos, e o reconheceram; mas ele desapareceu da presença deles. E disseram um ao
outro: Porventura, não nos ardia o coração, quando ele, pelo caminho, nos falava, quando nos
expunha as Escrituras? E, na mesma hora, levantando-se, voltaram para Jerusalém, onde acharam
reunidos os onze e outros com eles, os quais diziam: O Senhor ressuscitou e já apareceu a Simão!
Então, os dois contaram o que lhes acontecera no caminho e como fora por eles reconhecido no
partir do pão. Falavam ainda estas coisas quando Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: Paz
seja convosco! Eles, porém, surpresos e atemorizados, acreditavam estarem vendo um espírito. Mas
ele lhes disse: Por que estais perturbados? E por que sobem dúvidas ao vosso coração? Vede as
minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem
carne nem ossos, como vedes que eu tenho. Dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E, por não
acreditarem eles ainda, por causa da alegria, e estando admirados, Jesus lhes disse: Tendes aqui
alguma coisa que comer? Então, lhe apresentaram um pedaço de peixe assado [e um favo de mel].
E ele comeu na presença deles.” (Lucas 24:13-43)
Vemos que era Jesus falando dele mesmo a duas pessoas que falavam a seu próprio respeito. Você
quer que Jesus sente com você para falar dele mesmo? Chame uma outra pessoa e comece a conversar
sobre Jesus. Quando sentamos com alguém para falar de Jesus, ele também se senta conosco para falar
dele mesmo. O texto diz também que os discípulos “constrangeram” Jesus a permanecer com eles, ou seja,
eles “fizeram questão” da sua presença! O que nos chama a atenção nesse texto é que eles estavam juntos,
conversando sobre Jesus, em uma comunhão real e, nesse momento, a presença de Jesus se manifestou!
Você quer ver a presença de Deus Se manifestar? Então sirva muito, pois O SERVIÇO É O CENÁRIO
QUE DEUS USA PARA SE REVELAR.
“Depois disto, o Senhor designou outros setenta; e os enviou de dois em dois, para que o
precedessem em cada cidade e lugar aonde ele estava para ir. E lhes fez a seguinte advertência: A
seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande
trabalhadores para a sua seara.” (Lucas 10:1,2)
O verso acima nos traz uma rica lição: toda vez que Jesus nos envia para servir, para fazer algo para
ele em prol das pessoas, na verdade ele sabe que quem vai fazer as coisas é ele mesmo. Mas, quando o
obedecemos e servimos, nós o estamos precedendo no lugar onde ele ainda vai chegar.
“Então, regressaram os setenta, possuídos de alegria, dizendo: Senhor, os próprios demônios se nos
submetem pelo teu nome! Mas ele lhes disse: Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago. Eis
aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo, e nada,
absolutamente, vos causará dano. Não obstante, alegrai-vos, não porque os espíritos se vos
submetem, e sim porque o vosso nome está arrolado nos céus. Naquela hora, exultou Jesus no
Espírito Santo e exclamou: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas
coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu
agrado.” (Lucas 10:17-21)
Os discípulos tiveram revelação de quem era Jesus e do seu poder quando saíram para trabalhar,
servir. Se nós queremos ser e ver a revelação de Deus, ver as coisas acontecer, então precisamos trabalhar,
porque quando temos contato com outras pessoas e suas necessidades, percebemos quem é o nosso Deus.
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Quando Ele nos usa para ministrar e libertar alguém que está preso, algemado, temos a revelação
da Sua compaixão. Quando vamos a algum lugar que ninguém vai por causa de uma pessoa, temos a
revelação do Seu amor incondicional. Quando atendemos a necessidade de alguém, temos a revelação de
um Deus que trabalha por aqueles que Nele esperam. Quando expulsamos demônios, temos a
demonstração do Seu poder. Quando temos uma conversa com alguém cujo coração é duro, e vemos Deus
insistir com essa pessoa, temos a revelação da Sua misericórdia. Quando ensinamos muito a uma ovelha ou
discípulo e a vemos praticar, temos a revelação de que Deus é incansável e sempre vence. Quando lavamos
os pratos ou limpamos o chão na casa de alguém, temos a revelação da simplicidade Daquele que lavou os
pés dos discípulos. Quando servimos cuidando dos nossos filhos, temos a revelação de Deus Pai. Quando
servimos nossa esposa com nosso amor e cuidado, temos a revelação do Noivo. Quando nós amamos
servindo sem medo, Deus Se apresenta sem medidas, sem reservas.
O SERVIÇO É O CENÁRIO DA REVELAÇÃO DE DEUS. Quando Deus nos envia, Ele quer ir junto. Ele
quer fazer alguma coisa para nos mostrar quem Ele é. Portanto, se quisermos conhecer a Deus e
desfrutarmos da Sua presença, não podemos ficar parados – precisamos servir, trabalhar! Amém!
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NUVEM DE GLÓRIA
Harold Walker
1. A gratidão de Noé produz cheiro suave para Deus
“Edificou Noé um altar ao Senhor; e tomou de todo animal limpo e de toda ave limpa, e ofereceu
holocaustos sobre o altar. Sentiu o Senhor o suave cheiro e disse em seu coração: Não tornarei mais
a amaldiçoar a terra por causa do homem; porque a imaginação do coração do homem é má desde
a sua meninice; nem tornarei mais a ferir todo vivente, como acabo de fazer. Enquanto a terra
durar, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite.” – Gn 8.2022.
Por cem anos Noé trabalhou em construir a arca que Deus havia ordenado fazer para proteger e
preservar a sua vida, de sua família e dos animais da grande chuva que viria para destruir toda a
humanidade. A chuva veio e tudo aconteceu como Deus dissera ia acontecer. Noé e os seus foram
preservados! Depois que a água baixou e a terra ficou seca, Deus ordenou que saíssem de dentro da arca
para um novo começo da vida sobre a terra.
Noé seguiu todas as ordenanças de Deus, desde a construção da arca até a sua saída dela. Contudo,
ao sair Noé fez algo que Deus não havia ordenado, mas que muito Lhe agradou – ele levantou um altar e
queimou um holocausto para manifestar a sua gratidão. O cheiro do sacrifício subiu ao Senhor como cheiro
suave e Lhe deu prazer. Essa ação espontânea de um homem grato moveu o coração de Deus e, por isso,
ele disse em seu coração: “Eu sei que o homem fará tudo errado de novo e sei que de novo sentirei raiva.
Por isso, colocarei o arco-íris no céu para lembrar-me de que não vou mais destruir a humanidade, por mais
que ela mereça. Vou olhar o arco-íris e lembrar que Noé fez um altar e eu senti o cheiro suave e o desejo de
não mais acabar com tudo, pois vale a pena continuar por causa de homens como Noé.”
Interessante notar que Deus não é um ser todo poderoso que mora longe e, por isso, é intocável.
Não! Deus é poderoso sim, mas deseja Se relacionar e interagir com o homem. Ele gosta do cheiro suave
que sobe da terra para o céu e a Bíblia toda testifica a este respeito.
2. Somos aroma de Cristo para Deus
“Graças, porém, a Deus que em Cristo sempre nos conduz em triunfo, e por meio de nós difunde em
todo lugar o cheiro do seu conhecimento; porque para Deus somos um aroma de Cristo, nos que se
salvam e nos que se perdem.” – 2 Co 2.14,15.
Quantos de nós queremos ser um cheiro suave para Deus? Você sabia que pode levar esse cheiro
com você? Certamente já o sentiu ao encontrar-se com alguém que o leva consigo. Ele é o efeito de Cristo
na pessoa, pois o cheiro de Cristo é algo que a acompanha por onde quer que vá.
Certa vez, em um culto, foi feita a oferta e entrega dos dízimos como normalmente acontece. Em
seguida, um irmão compartilhou sobre uma obra missionária e, então, uma segunda oferta foi feita pela
igreja. Vendo as pessoas irem à frente, eu pude sentir o cheiro suave subindo a Deus e Ele recebendo
aquelas ofertas de gratidão, amor e desejo. Em outra ocasião, durante o louvor, senti este mesmo cheiro
suave. Deus é honrado por nossas vidas quando exalam o cheiro suave. Paulo disse que podemos ser
pessoas que levam a todo lugar a fragrância de Cristo.
“Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como Cristo também vos
amou, e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave.” – Ef
5.1,2.
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Quando Cristo se ofereceu sem necessidade ou obrigação, ele falou: “Eu não dou a minha vida na
‘marra’; eu a dou porque quero”. Em sua hora mais difícil na terra ele orou: “Meu Pai, se é possível, passa
de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres” (Mt 26.39b). Essa
espontaneidade, sacrifício e desejo de agradar a Deus é algo que sobe como cheiro suave a Deus.
3. O cheiro suave dos filipenses
“Mas tenho tudo; tenho-o até em abundância; cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que
da vossa parte me foi enviado, como cheiro suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus.” –
Fp 4.18.
Paulo, prisioneiro em Roma, havia recebido ofertas dos filipenses. Ele estava em cadeias, mas diziase satisfeito e feliz. Antes, nesta mesma carta, ele exorta os filipenses que se regozijem e se alegrem.
Mesmo preso ele era feliz e consolava os que estavam livres. Ele disse que a oferta dos filipenses era como
cheiro suave aceitável e aprazível a Deus. Sim! Deus gosta de cheiro suave.
4. O altar de incenso
Se Deus gosta de cheiro suave, então, precisamos aprender mais a respeito dele. Vamos estudar
resumidamente na Bíblia sobre o altar de incenso, pois ele tem muito a ver com o cheiro suave e com o
nosso chamado como igreja de oração.
4.1 – Onde está o altar de incenso no tabernáculo? (Êxodo 25-29)
O tabernáculo era composto de três partes – Átrio, Santo Lugar e Santo dos Santos – e cada parte
com seus respectivos móveis. Moisés viu o seu modelo no monte e este era o modelo original do Trono de
Deus. “Eu não posso morar na terra – disse Deus a Moisés – mas colocarei o meu nome nela e, para isso,
quero que faça um lugar onde eu me sinta em casa. Você deve fazer tudo de acordo com este modelo que
estou lhe mostrando.”
1º – O Santo dos Santos (ou Santíssimo Lugar), que é o Trono de Deus. Nele havia apenas a arca
com as tábuas da lei em seu interior e o propiciatório (tampa da arca) sobre o qual ficavam os dois
querubins;
2º – O Lugar Santo, que continha de um lado uma mesa com doze pães sobre ela e do outro o
candelabro (Menorah) com suas sete lâmpadas;
3º - O Átrio (parte exterior), onde havia um grande tanque (mar ou bacia de bronze) com água e o
altar de bronze para os sacrifícios (holocaustos).
Para se entrar no tabernáculo essa ordem deveria ser invertida, pois primeiro entrava-se pelo Átrio
(adornado por uma cortina) onde ficava o altar do holocausto (com fogo sem cessar, sangue e animais
sendo queimados) e a grande bacia com água; do Átrio entrava-se no Lugar Santo onde ficava a mesa com
os pães e o candelabro com suas luzes; e, finalmente entrava-se no Santo dos Santos, que tinha acesso por
um véu que o separava do Santo Lugar. Nele estava a arca, o propiciatório e os dois querubins olhando
para um lugar vazio no centro da mesma. Esse lugar vazio era a figura do Trono de Deus, onde Ele se
assenta e de onde administra o universo.
Apreciamos o tabernáculo do seu interior para o exterior e vice-versa. Mas o bom conhecedor da
Bíblia sentirá falta de um móvel importante e que não foi mencionado – o altar de incenso. Onde estará
ele? Vejamos nos capítulos 25 a 27, a sequência do que Deus mandou Moisés fazer:
Êxodo 25 – A arca (o móvel mais importante, porque nele os dez mandamentos eram guardados) e
o propiciatório; estes dois estavam no Santo dos Santos. Em seguida e já no Santo Lugar, estava a mesa
com os doze pães (deviam ser trocados semanalmente) e o candelabro de ouro com as sete luzes.
Importante observar que a mesa com os pães representa a Palavra que nos alimenta e as luzes do
candelabro representam os dons e o poder do Espírito Santo. É a Palavra e o Espírito Santo presentes no
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Santo Lugar!
Êxodo 26 – As cortinas, as tábuas e o véu que separava o Santo Lugar do Santo dos Santos.
Êxodo 27 – O altar do holocausto, o átrio e o azeite. Nos capítulos seguintes (28 e 29) ele fala sobre
a escolha de Arão e seus filhos para exercerem o sacerdócio, sobre as suas vestimentas e os sacrifícios.
Mas... onde está o altar de incenso? Ele não foi mencionado em nenhum desses capítulos.
4.2 – Localização do altar de incenso em Êxodo.
“Farás um altar para queimar o incenso... E porás o altar diante do véu que está junto à arca do
testemunho, diante do propiciatório, que se acha sobre o testemunho, onde eu virei a ti. E Arão
queimará sobre ele o incenso das especiarias; cada manhã, quando puser em ordem as lâmpadas, o
queimará. Também quando acender as lâmpadas à tardinha, o queimará; este será incenso
perpétuo perante o Senhor pelas vossas gerações.” – Êx 30.1a,6-8.
“Então tomou o testemunho e pô-lo na arca, ajustou à arca os varais, e pôs-lhe o propiciatório em
cima. Depois introduziu a arca no tabernáculo, e pendurou o véu do reposteiro, e assim resguardou
a arca do testemunho, como o Senhor lhe ordenara. Pôs também a mesa na tenda da revelação, ao
lado do tabernáculo para o norte, fora do véu, e sobre ela pôs em ordem o pão perante o Senhor,
como o Senhor lhe ordenara. Pôs também na tenda da revelação o candelabro defronte da mesa,
ao lado do tabernáculo para o sul, e acendeu as lâmpadas perante o Senhor, como o Senhor lhe
ordenara. Pôs o altar de ouro na tenda da revelação diante do véu, e sobre ele queimou o incenso
de especiarias aromáticas, como o Senhor lhe ordenara.” – Êx 40.20-27.
Lendo os capítulos 25 a 29 temos a impressão de que se esqueceram do altar de incenso e de sua
localização, mas, chegando ao capítulo 30, esse altar, finalmente, é mencionado. A questão agora é: onde
exatamente ficava esse móvel? O versículo 6 diz: “porás o altar diante do véu”, ou seja, do lado do Santo
Lugar, onde estão a mesa e o candelabro. Mas, diz ainda o texto, que o altar de incenso era o móvel mais
próximo à arca do testemunho, que ficava do lado do Santo dos Santos. O versículo ainda acrescenta que
era ali, na arca do testemunho e no propiciatório, que Deus viria. Arão deveria queimar incenso no altar
todas as manhãs e tardes, quando colocasse em ordem as lâmpadas, sendo este incenso perpétuo perante
o Senhor.
Em Êxodo 40, temos a montagem dos móveis do Santo dos Santos e do Santo Lugar e, em seguida,
Arão fazendo o que o Senhor lhe ordenara, isso é, acender as lâmpadas e queimar o incenso no altar diante
do véu, indicando que este altar ficava do lado do Santo Lugar.
4.3 – Localização do altar de incenso em Hebreus e Apocalipse.
“Ora, também o primeiro pacto tinha ordenanças de serviço sagrado, e um santuário terrestre. Pois
foi preparada uma tenda, a primeira, na qual estavam o candeeiro, e a mesa, e os pães da
proposição; a essa se chama o santo lugar; mas depois do segundo véu estava a tenda que se
chama o santo dos santos, que tinha o incensário de ouro, e a arca do pacto, toda coberta de ouro
em redor; na qual estava um vaso de ouro, que continha o maná, e a vara de Arão, que tinha
brotado, e as tábuas do pacto” – Hb 1.1-4.
Graças a Deus pelo Novo Testamento, que explica o Antigo. Não temos o direito de explicar as
coisas de nossa própria cabeça se a explicação não for de acordo com o que está registrado no Novo
Testamento, pois ele foi escrito justamente para que pudéssemos interpretar o Velho Testamento.
Vimos no texto de Êxodo que o altar de incenso ficava do lado do Santo Lugar, mas no texto de
Hebreus diz que o incensário de ouro ficava depois do segundo véu, no Santo dos Santos. Seria isso uma
discrepância entre os textos de Êxodo e Hebreus? Êxodo diz “diante do véu” e Hebreus diz “depois do
segundo véu”. Deus havia dito a Moisés que fizesse o tabernáculo de acordo com o modelo original. Para
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tirar nossas dúvidas, vamos ao Apocalipse, pois João viu o tabernáculo original no céu e o descreveu:
“Quando abriu o sétimo selo, fez-se silêncio no céu, quase por meia hora. E vi os sete anjos que
estavam em pé diante de Deus, e lhes foram dadas sete trombetas. Veio outro anjo, e pôs-se junto
ao altar, tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para que o oferecesse com as
orações de todos os santos sobre o altar de ouro que está diante do trono” – Ap 8.1-4.
De acordo com o que João viu e está registrado em Apocalipse, o altar de incenso está diante do
trono. Em minha fraca interpretação, o que separava o Santo Lugar do Santo dos Santos não era uma
parede, mas um véu que, de vez em quando, por causa de uma pequena brisa, se deslocava ou mudava de
posição.
5. O altar de incenso e as nossas orações
Assim como o véu, na minha interpretação muda de posição, assim também são as nossas orações.
Por vezes nós oramos e parece que não estamos “com nada” diante de Deus – é a oração feita do lado do
Santo Lugar. Outras vezes, no meio da oração e, quando menos esperamos, nos sentimos conectados com
Deus – é a oração feita do lado do Santo dos Santos. A Bíblia diz que o véu é a nossa carne e Jesus, quando
morreu, o rasgou para que tivéssemos livre acesso ao Santo dos Santos.
O véu é a nossa carne e isso nos leva a entender porque fechamos nossos olhos quando oramos.
Nós os fechamos para nos concentrarmos e não nos distrairmos com as coisas ao nosso redor. Mesmo com
os olhos abertos nós estamos diante do trono, mas não o percebemos por causa do véu que nos separa
dele. Deus nos deu um móvel (altar de incenso) que nos permite orar na carne (do lado do Santo Lugar).
Por isso eu exorto: abra a sua boca e ore; mesmo se achar que não tem o dom da oração. Orar do lado do
Santo Lugar é lícito e não precisamos esperar descer uma unção especial sobre nós. Noé, por exemplo, fez
o altar mesmo sem a ordem de Deus e a sua atitude subiu como cheiro suave que agradou a Deus.
As orações que sobem da Torre de Oração que fazemos mensalmente como Congregação estão
sendo acumuladas e colocadas em cima do altar de ouro, diante do trono de Deus. Tenho um
pressentimento de que na vida eterna nos arrependeremos das horas perdidas em que poderíamos estar
orando e acumulando esse incenso maravilhoso diante de Deus. Creia! A oração é a atividade mais divina
que um ser humano pode fazer, não importa de que lado do véu. O anjo pegará todas as nossas orações e
as colocará no altar de ouro diante do trono de Deus.
Somos chamados como igreja à oração para com ela formar um ambiente para a presença de Deus.
Esse ambiente deve ser formado não só no prédio da igreja, mas também em nossas vidas, na cidade e nos
bairros. Charles Finney (1792-1875), grande avivalista, trazia consigo a presença de Deus. Ao pregar numa
cidade, os marinheiros no porto arrependiam-se; ao entrar numa fábrica, as costureiras caíam no chão se
arrependendo. Bastava a presença de Finney para que Deus mudasse o ambiente e operasse Seus milagres.
A presença de Deus é uma realidade física. E é por isso que estamos orando, para que sejamos
transmissores da presença de Deus onde quer que estejamos. Que Deus esteja em nós, entre nós e ao
redor de nós! Os anjos estão onde há oração e por isso não devemos desanimar, mas perseverar, porque
Deus está ouvindo e acumulando as nossas orações. Ele fará maravilhas em respostas às orações da igreja.
6. Deus é bom, mas também “perigoso”.
“Falou o Senhor a Moisés, depois da morte dos dois filhos de Arão, que morreram quando se
chegaram diante do Senhor. Disse, pois, o Senhor a Moisés: Dize a Arão, teu irmão, que não entre
em todo tempo no lugar santo, para dentro do véu, diante do propiciatório que está sobre a arca,
para que não morra; porque aparecerei na nuvem sobre o propiciatório.” ¬– Lv 16.1,2.
Deus é bom! Ele não matou os dois filhos de Arão porque é mau, mas porque eles entraram em Sua
presença de maneira errada. Deus é como a eletricidade, que é boa, mas que exige cuidado ao mexer com
ela. Ela é boa, ilumina as cidades e mantém a vida, mas também tem poder para matar. É preciso
reverência ao nos aproximarmos dela. Assim é Deus! Ele não mata porque é mau, mas porque é poderoso.
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Ele disse a Moisés que não podia aparecer-lhe, pois o Seu poder podia matá-lo. Arão ficou arrasado com a
morte dos seus filhos. Mas eles entraram de maneira errada onde estava a arca e o propiciatório. É certo
que nem a arca e nem o propiciatório tinham poder para matá-los, pois foram feitos por homens, mas o
que os matou foi a nuvem da presença de Deus.
7. As duas nuvens
“Então tomará um incensário cheio de brasas de fogo de sobre o altar, diante do Senhor, e dois
punhados de incenso aromático bem moído, e os trará para dentro do véu; e porá o incenso sobre o
fogo perante o Senhor, a fim de que a nuvem do incenso cubra o propiciatório, que está sobre o
testemunho, para que não morra.” – Lv 16.12,13.
Há uma nuvem que mata e outra que impede a morte. Por causa da nuvem que mata, Deus disse
para que Arão não entrasse todo o tempo no Lugar Santo. Antes disso, ele deveria pegar o incenso, colocálo no fogo do altar para que a nuvem produzida por ele subisse e encontrasse com a nuvem de Deus; só
assim ele escaparia da morte.
Estamos orando por um avivamento, para que Deus visite poderosamente a igreja. Ele visitará toda
a terra com o maior avivamento de todos os tempos e tem falado isso com muitas pessoas, além de estar
claramente mencionado na Bíblia. Nesse tempo haverá uma colheita de almas como nunca houve na
história da humanidade – há quem diga um bilhão de almas. A Bíblia diz que essa colheita é o fim do
mundo, quando o maior poder de Deus se manifestará salvando as pessoas. Os avivamentos anteriores
serão pequenos em vista deste. Mas Deus é “perigoso” e tem “olhos de fogo”. Aqueles que rejeitarem ser
desmascarados e não quiserem que a sua iniquidade venha à luz não desejarão participar dele, pois a
presença de Deus é poderosa, purificadora e traz grande temor.
Os avivamentos passados trazem relatos de pessoas caindo ao chão em prantos pelas ruas e
estabelecimentos. No País de Gales, os mineradores de carvão saiam das reuniões de avivamento às quatro
horas da madrugada. No dia seguinte, após trabalharem, pegavam suas famílias e retornavam às reuniões.
Praticamente eles não dormiam, porque a presença de Deus pairava naquele lugar e era como se o céu
descesse para a terra.
Se desejarmos realmente esse avivamento que nos trará vida e não morte, precisamos preparar a
nuvem que sobe e não só ficar pedindo a que desce, pois essa sem aquela tem poder para matar. Deus fará
o que Ele tiver de fazer, mas nós precisamos preparar o nosso coração – ter sede, fome, desejo. Precisamos
aumentar a nuvem de incenso para que ela permeie o ambiente e a igreja seja uma igreja de oração, assim
como as nossas casas, e a fragrância de Cristo comece a subir das nossas vidas. Sendo assim, a nuvem da
presença de Deus descerá sem nos causar danos; pelo contrário, ela trará bênçãos sobre nós.
É importante lembrar que podemos orar mesmo na carne (do lado do Santo Lugar), mas prestando
atenção no mover de Deus, pois Ele pode chegar, falar conosco e coisas começarem a acontecer em nossas
vidas. Preste atenção na voz e na presença de Deus! Nós somos chamados, como igreja, para sermos casa e
ambiente de oração para todos os povos. As horas que passamos na presença do Senhor faz com que todas
as outras horas tenham sentido e propósito. Precisamos cultivar a presença de Deus e crer que as nossas
orações estão sendo acumuladas diante do trono Dele, juntamente com as de todos os santos.
8. Deus nos chama ao arrependimento
Deus está chamando a igreja ao arrependimento, ou seja, para voltar para Ele. Nós O amamos, mas
não de todo o nosso coração. Grande parte da Bíblia fala sobre queimar incenso para outros deuses (cheiro
suave para outros deuses). Deus fica com ciúmes se damos o melhor da nossa vida para outros deuses. Ele
não quer apenas 90% de nós, mas 100%. Nossa aliança com Ele não permite darmos nenhuma
porcentagem de nós para outras pessoas ou para outros deuses. Nosso coração tem de ser totalmente
Dele. É preciso que oremos para Deus atrair o nosso coração inteiramente para Ele. Se estivermos
divididos, não teremos o poder e a presença de Deus em nós. Que Ele tire de nós tudo aquilo que está
roubando a nossa força, energia e o cheiro suave! Amém!
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AS FINANÇAS, SEGUNDO O REINO DE DEUS – Parte 3
Jamê Nobre
“Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em
resgate de muitos.” (Marcos 10:45)
N
este texto, Jesus mostra o que ele pensa a respeito do serviço – ele relaciona o servir com a própria
existência. Ou seja, ninguém pode servir se não envolver sua própria vida nesse serviço. Muitos
podem ajudar pessoas, mas sem prestar, no entanto, um serviço do ponto de vista do Senhor.
“Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da
multiforme graça de Deus.” (1 Pedro 4:10)
Muitos podem ser fiéis em servir aos outros com os dons e bens que têm sem necessariamente
envolver suas próprias vidas. No entanto, o verdadeiro serviço para Deus envolve a nossa própria vida ou
coração, ou seja, não é algo externo à nossa existência. Por exemplo, podemos dar uma oferta para um
pobre de uma favela e não sentir nada ao fazê-lo. Mas o que Jesus nos ensina é que a oferta deve partir do
nosso coração e não somente do bolso.
Este texto também diz que o servir é conforme o dom que cada um recebeu. Quantos dons você
tem? Com certeza muitos, e devemos juntar aos dons espirituais também os naturais – roupas, carro, casa,
comida, profissão, salário, trabalho etc. Todos os dons, naturais e espirituais, devem ser colocados no
mesmo nível, pois tudo o que temos vem de Deus. Então, devemos dar ou servir na mesma proporção do
que temos recebido do Senhor.
Os bens podem ser tanto um instrumento de serviço como um objeto de controle sobre nós:
“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se
devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.” (Mateus 6:24)
Jesus se refere às riquezas como um deus (Mamon), ou seja, ela não é neutra, mas tem a intenção
de nos oferecer o mesmo que Deus oferece: futuro tranquilo, descanso, paz em relação ao dia de amanhã
etc. A riqueza nos promete essas coisas, mas sabemos que elas não vêm da quantidade de dinheiro que
temos, pois só podem ser dadas pelo Senhor. Aliás, Jesus disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não
vo-la dou como o mundo a dá...” (João 14:27). Isso porque a paz do mundo é baseada nas circunstâncias e a
que o Senhor nos dá independe das mesmas; podemos ter paz mesmo em meio às tribulações:
“...porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a
profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade.” (2 Coríntios 8:2)
Jesus disse em Marcos 10:24: “...quão difícil é para os que confiam nas riquezas entrar no reino de
Deus!” O problema não é ter riquezas, mas é quando ela nos possui, nos controla e traz preocupações. O
interessante é que se não temos a paz de Deus em nós, tanto a fartura quanto a carência de dinheiro nos
trazem preocupações. Quem não tem fica preocupado em pagar as contas de amanhã; quem tem fica
preocupado em como fazer para o dinheiro se multiplicar. Isso mexe com a mente e o coração de todas as
formas possíveis e, por isso, precisamos nos encher com a graça de Deus, com a compreensão do que diz a
Palavra, “para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade” (1 Timóteo
2:2).
“Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de pão, e próspera ociosidade
teve ela e suas filhas; mas nunca fortaleceu a mão do pobre e do necessitado” (Ezequiel 16:49).
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Quando pensamos em Sodoma, geralmente lembramos de imoralidades e desvios sexuais, mas
esse texto mostra o que realmente destruiu essa cidade. A perversão sexual foi apenas a consequência do
afastamento do coração daquele povo da presença de Deus, colocando-o na riqueza, prosperidade, fartura
de pão e soberba. Muitos, ao enriquecerem, se tornam soberbos. Outros, ao perderem-no, se tornam
humildes. É por isso que Paulo diz que “o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males” (1 Timóteo 6:10),
pois o envolvimento, o colocar o coração na riqueza fatalmente nos levará para outros pecados ainda
piores. Em Romanos, capítulo 1, Paulo fala da devassidão desse mundo, que chegou nessa situação por
“haver desprezado o conhecimento de Deus” (v.28).
A maneira como administramos as riquezas determinam o nosso destino. Quero dar quatro
exemplos disso. O primeiro é Zaqueu:
“E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus
bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado. E disse-lhe Jesus:
Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão.” (Lucas 19:8,9)
O que tem a ver essa atitude de Zaqueu com o fato de ser filho de Abraão? Significa que, aqueles
que são filhos de Abraão têm a mesma generosidade e desapego de coração que ele tinha para com as
riquezas; fato é que entregou seu próprio filho ao Senhor. Assim, se quisermos seguir o modelo do nosso
pai Abraão devemos ter o mesmo coração de liberalidade, generosidade e doação que ele tinha.
O segundo exemplo é o jovem rico. Ele chega para Jesus e pergunta o que deveria fazer para
alcançar a vida eterna (Marcos 10:17-23). Ele praticava as leis, tinha uma religião, mas não tinha certeza da
vida eterna. Jesus lhe faz algumas perguntas, mas coloca um ponto decisivo para ele:
“E Jesus, fitando-o, o amou e disse: Só uma coisa te falta: Vai, vende tudo o que tens, dá-o aos
pobres e terás um tesouro no céu; então, vem e segue-me.” (v.21)
A proposta de vida plena, de perfeição que Jesus deu àquele jovem estava relacionada à sua
capacidade de doação. Ou seja, uma vida plena está relacionada à generosidade, à entrega do que temos
àqueles que necessitam.
O terceiro exemplo é Judas. Fica muito claro nas Escrituras que a maneira como ele administrou as
finanças determinou o destino de sua vida.
O quarto exemplo é Simão, o mágico. Quando os apóstolos chegam em Samaria e começam a fazer
milagres, a outorgar o dom do Espírito Santo sobre as pessoas a quem impunham as mãos, Simão oferecelhes dinheiro para “comprar” esse dom. E Pedro lhe responde: “O teu dinheiro seja contigo para perdição,
pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro” (Atos 8:20).
“...buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão
acrescentadas.” (Mateus 6:33).
Jesus disse essa frase em um contexto de não andarmos ansiosos pela vida. Ansiedade é o desejo
de tentar controlar o tempo, as coisas e as pessoas – ou seja, tudo aquilo que não podemos e não
conseguimos controlar. Ele nos fornece dois exemplos que nos servem de “testemunhas” nesse sentido: os
lírios do campo e os pardais (Mateus 6:26-29). Se eles são tão bem cuidados por Deus, quanto mais nós o
seremos (“Não tendes vós muito mais valor do que elas?”). Pré-ocupar é se preocupar antes da hora; é
trabalhar duas vezes, no mínimo. Nós não conseguiremos mudar nada com a nossa ansiedade. Sabendo
desses princípios, só nos resta uma atitude: buscar o Reino de Deus e a Sua Justiça.
Gostaria de tentar definir a questão de ser ou não ser rico. Podemos ser pobres ou ricos em
comparação, pois, pensando na relatividade da riqueza é muito difícil determinar isso. Ser rico, segundo
esse texto de Mateus 6, é aquele que tem mais do que necessita e ser pobre é ter menos do que necessita.
Todos nós temos muitas roupas, calçados etc. Eu entendo que, de acordo com que a Palavra ensina, ser
pobre é não ter o mínimo necessário para sobreviver – é não ter o que comer, o que beber e o que vestir.
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Por isso precisamos mudar nossa mentalidade nesse aspecto e agradecermos a Deus por tudo o que temos.
Essa mentalidade errada, distorcida nos faz ter uma vida mesquinha: “Eu não tenho e por isso não posso
dar”. Mas não damos porque não temos; ao contrário, não temos porque não damos. Deus é generoso e
nos dá muito mais do que necessitamos. Por isso a avareza é idolatria e ofende a Deus (Colossenses 3:5).
Três atitudes que devemos ter ao ofertar:
a) Com Generosidade
“Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, nem por constrangimento;
porque Deus ama ao que dá com alegria. E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a
graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, superabundeis em toda boa obra;
conforme está escrito: Espalhou, deu aos pobres; a sua justiça permanece para sempre.” (2
Coríntios 9:7-9).
“Cada um contribua segundo propôs no seu coração”. A fonte da oferta não é a cabeça, mas o
coração. Na cabeça dizemos: “Não posso dar porque irá me faltar”. A nossa relação com Deus consiste de
coração para coração e com os irmãos deve ser da mesma forma. Às vezes nos relacionamos com as
pessoas de forma intelectual e distante, mas a igreja deve viver em relações de afeto e compaixão:
“Portanto, se há algum conforto em Cristo, se alguma consolação de amor, se alguma comunhão no
Espírito, se alguns entranháveis afetos e compaixões, completai o meu gozo, para que sintais o
mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa.” (Filipenses 2:1,2)
Todos temos muitos defeitos e, se fossemos racionalizar, não nos relacionaríamos uns com os
outros. Por isso as nossas relações devem ser segundo o coração. Da mesma forma, ao ofertar não
devemos escutar a cabeça, mas o coração. Quando a cabeça falar mais alto lhe diremos: “Cala-te”. Se Jesus
tivesse agido com a cabeça ele não teria vindo à terra, mas veio porque o amor lhe moveu.
“Não com tristeza ou por necessidade (constrangimento)”. A oferta verdadeira sempre dói no órgão
mais sensível do ser humano: o bolso! O que o homem sente provoca mudança de comportamento.
Também não podemos ofertar só porque existe alguma necessidade. Alguns dão, inclusive, pensando em
sua própria necessidade: “Se eu der, Deus me dará mais!” Nós não damos porque Deus nos dará de volta,
mas, sim, porque Ele é generoso e nós, como filhos amados, devemos imitá-Lo. Jesus disse:
“Quando deres um jantar ou uma ceia, não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem teus
parentes, nem vizinhos ricos; para não suceder que eles, por sua vez, te convidem e sejas
recompensado.” (Lucas 14:12)
Muitas vezes damos algo a alguém apenas para receber de volta. Assim, nossas relações acabam se
tornando muito utilitaristas.
“...porque Deus ama ao que dá com alegria”. Essa é uma alegria no coração e não na cabeça,
porque esta nunca irá se alegrar quando estivermos dando – ela sempre irá racionalizar, dizer que irá fazer
falta depois.
“Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla
suficiência, superabundeis em toda boa obra; como está escrito: Distribuiu, deu aos pobres, a sua justiça
permanece para sempre”. Se quisermos falar de justiça precisamos falar sobre dar, ofertar, cobrir
necessidades.
O grande problema do mundo hoje não é a falta de produção de alimentos. Qualquer pessoa
entendida na área sabe que o mundo produz muito mais do que consome. O problema reside, sim, na má
distribuição desses alimentos. São dados estatísticos – o desperdício de comida que existe no Brasil e no
mundo é algo muito sério. Eu venho de uma criação onde desperdiçar comida era pecado, até uma
blasfêmia contra Deus. A verdade é que temos mais do que necessitamos e desperdiçamos muitas coisas.
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Por isso, vamos ensinar nossos filhos a não desperdiçar, a colocar no prato somente o necessário e ajudálos a comer tudo o que colocarem; também, a comprar roupas apenas se houver verdadeira necessidade.
Roupas não usadas devem ser doadas, pois tem muita gente que necessita. As nossas boas dádivas sempre
irão produzir uma adoração verdadeira ao Senhor.
b) Com Proporcionalidade
Isso significa ofertarmos segundo o que temos recebido de Deus. Você tem recebido muito ou
pouco de Deus? Quem recebe muito dá muito, quem recebe pouco dá pouco, mas é tudo deve ser
proporcional ao que Ele nos tem dado.
“Completai, agora, a obra começada, para que, assim como revelastes prontidão no querer, assim a
leveis a termo, segundo as vossas posses. Porque, se há boa vontade, será aceita conforme o que o
homem tem e não segundo o que ele não tem. Porque não é para que os outros tenham alívio, e
vós, sobrecarga; mas para que haja igualdade, suprindo a vossa abundância, no presente, a falta
daqueles, de modo que a abundância daqueles venha a suprir a vossa falta, e, assim, haja
igualdade, como está escrito: O que muito colheu não teve demais; e o que pouco, não teve falta.”
(2 Coríntios 8:11-15)
Paulo estava falando a um povo que queria ofertar. Entregamos a Deus com boa vontade segundo
o que temos e isso será aceito diante Dele. Assim, a oferta deve ser com alegria, não com tristeza, de boa
vontade e como produto do coração.
c) Com Regularidade
“Quanto à coleta para os santos, fazei vós também como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro
dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá
juntando, para que se não façam coletas quando eu for.” (1 Coríntios 16:1,2)
Recordando, a origem da oferta é o coração. É claro que só damos o que Deus nos dá – não
daremos nada que Ele não nos tenha dado antes. E, quando damos, abrimos espaço para que Ele nos dê
ainda mais.
“Cada um de vós ponha de parte, em casa...”. A oferta é decidida anteriormente em casa. Essa é
uma decisão ou mentalidade de culto criada primeiramente em família. Sempre ensinamos os irmãos a não
irem para as reuniões de mãos vazias, sem uma oferta ao Senhor. Culto é para dar e não para receber. Foi
isso que gerou no coração de Isaque uma pergunta ao seu pai: “Eis aqui o fogo e a lenha, mas onde está o
cordeiro para o holocausto?” (Gênesis 22:7). Essa pergunta revela que a família tinha o costume de ofertar.
Abraão tinha ensinado a Isaque que sempre, ao saírem para adorar, deveriam levar uma oferta de
sacrifício. Ou seja, era algo que começava em casa, na família.
Jesus não tem necessidades, mas os irmãos ao nosso lado têm. Em Mateus 25, Jesus nos ensina
sobre saciar a fome, a sede e a nudez das pessoas, a visitar os enfermos e os presos e conclui dizendo: “Em
verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (v.40).
Assim, devemos nos acostumar a criar um espírito de oferta, de culto primeiramente em nossas casas. Isso
cria em nós generosidade e regularidade em dar.
“No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua
prosperidade, e vá juntando...”. Esse ‘colocar de parte’ pode ser em qualquer dia da semana, mas o
princípio aqui descrito é que os pobres sempre têm necessidades e precisamos nos acostumar a supri-los
sempre.
O princípio da regularidade é que ofertar não é algo esporádico, mas constante. O normal deve ser
um coração que oferta dadivosamente de forma regular e costumeira. É aprender a rotina de ofertar com
generosidade, liberalidade e proporcionalidade.
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O que a oferta representa?
O capítulo 4 de Filipenses apresenta princípios fantásticos de investimentos.
“Alegrei-me, sobremaneira, no Senhor porque, agora, uma vez mais, renovastes a meu favor o
vosso cuidado; o qual também já tínheis antes, mas vos faltava oportunidade” (v.10). Paulo está dizendo
que os irmãos de Filipos lembraram-se dele e, por isso, ele ficou alegre. Disse-lhes que eles já haviam
lembrado, mas lhes faltava oportunidade. Ele está falando sobre oferta, ou seja, a lembrança produziu uma
ação prática, que foi enviar-lhe uma oferta.
“Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação”
(v.11). Ele diz que se alegrou, não porque estava com uma necessidade e recebeu aquela oferta, pois ele já
havia sido instruído a contentar-se com o que tinha.
Há uma diferença entre “contentar” e “resignar”. Resignar é aceitar com uma atitude de
descontentamento; contentar é aceitar com uma atitude de gratidão. Você está acostumado a dar graças
resignado ou com contentamento?
“Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já
tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso
naquele que me fortalece” (v.12,13). Paulo havia aprendido a estar contente em meio a abatimentos, lutas,
escassez e também abundância. Geralmente usamos o verso 13 para toda e qualquer situação, mas o texto
está falando sobre estar contente tendo ou não tendo.
“Todavia, fizestes bem, associando-vos na minha tribulação” (v.14). Aqui ele fala o que os irmãos
fizeram quando se lembraram dele. Uma outra versão diz “comunicando-vos”. Comunicar é “fazer
comum”, fazer com que algo que era apenas de uma pessoa se torne comum a duas ou mais. Associar é
“comprar ações”, ou seja, eles “compraram ações” na tribulação de Paulo.
“E sabeis também vós, ó filipenses, que, no início do evangelho, quando parti da Macedônia,
nenhuma igreja se associou comigo no tocante a dar e receber, senão unicamente vós outros; porque até
para Tessalônica mandastes não somente uma vez, mas duas, o bastante para as minhas necessidades. Não
que eu procure o donativo, mas o que realmente me interessa é o fruto que aumente o vosso crédito”
(vs.15-17). Paulo diz que o crédito daqueles irmãos aumentaria com aquela oferta.
“Recebi tudo e tenho abundância; estou suprido, desde que Epafrodito me passou às mãos o que
me veio de vossa parte como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus. E o meu Deus,
segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades”
(vs.18,19). Todas as nossas ofertas sobem diante Dele como aroma suave, sacrifício aceitável e aprazível.
Ou seja, ofertar é prestar um culto ao Senhor.
Paulo falou de comprar ações, de investimento, de crédito e de dividendos. Como se determinam
os dividendos? Taxa X Capital X Tempo. Pega-se o que a pessoa aplicou e multiplica-se pela taxa de juros do
mercado e pelo tempo de aplicação. No entanto, ele utiliza um outro fator que deve ser utilizado para
multiplicar e chegar a esses dividendos – a “riqueza da glória de Deus”! Isso não tem valor ou limite. Se o
seu coração for dadivoso, o Senhor nunca permitirá que você morra de fome – esse é o compromisso Dele.
Deus tem compromisso com as nossas necessidades e não com as nossas vaidades. Mas, ainda assim Ele
nos dá mais do que necessitamos, porque esse é o nosso Deus!
A generosidade é um ato de fé e também uma atitude de previdência:
“Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás. Reparte com sete e ainda
com oito, porque não sabes que mal sobrevirá à terra. Quem somente observa o vento nunca
semeará, e o que olha para as nuvens nunca segará.” (Eclesiastes 11:1-3)
Jogar o pão na água é uma atitude de fé, pois ele logo se dissolve ou é comido pelos peixes. Mas
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Deus está dizendo que se dermos esse passo de fé Ele cuidará de nós. E mais: não conhecendo o dia de
amanhã, hoje devemos repartir com sete ou oito. O mundo diz o contrário: se não sabemos como será o
amanhã, então hoje devemos guardar, poupar, reservar, controlar. Mas nós, cristãos, não ofertamos
porque pensamos em receber, mas porque a generosidade faz parte do nosso coração.
Ofertar também é uma associação ou comunhão diante de Deus com aqueles que cuidam das
nossas vidas. Paulo diz que quando ofertamos nos associamos com aqueles que repartem conosco bens
espirituais: “Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito recolhermos de vós bens materiais?” (1
Coríntios 8:11).
Portanto, não retenha, seja generoso, oferte com regularidade e proporcionalmente ao que você
tem recebido de Deus.
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AS FINANÇAS, SEGUNDO O REINO DE DEUS – Parte 4
Jamê Nobre
“...tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo a
proporção da fé; se ministério, dediquemo-nos ao ministério; ou o que ensina esmere-se no fazê-lo;
ou o que exorta faça-o com dedicação; o que contribui, com liberalidade; o que preside, com
diligência; quem exerce misericórdia, com alegria.” (Romanos 12:6-8)
P
aulo está falando sobre os dons que nos foram concedidos pelo Espírito Santo e, entre eles, cita aquele
que “contribui com liberalidade”. É característica do homem e da mulher que têm o Espírito servir,
contribuir ou ofertar com liberalidade. quando Deus lhe pedir algo que você tem, entregue, pois Ele não
precisa de nada que temos em nossas mãos. Primeiro, porque tudo é Dele; segundo, porque Seu coração é
liberal e sempre quer nos dar mais. Mas Ele não pode nos dar mais se nossas mãos estiverem cheias de
coisas que nos impedem de receber mais. Então, quando Deus nos pedir algo, vamos abrir nossas mãos
porque Ele quer nos conceder mais coisas.
Eu sirvo o Senhor há 48 anos e Ele nunca falhou comigo. Não houve em minha vida nada que eu
tenha pedido a Deus (compreendendo que era uma necessidade) que Ele não me tenha dado. Se eu
reclamar de alguma coisa estarei pecando, porque Deus tem suprido todas as minhas necessidades.
“A quem dá liberalmente, ainda se lhe acrescenta mais e mais; ao que retém mais do que é justo,
ser-lhe-á em pura perda.” (Provérbios 11:24)
Há uma lei muito interessante no Reino de Deus: “Deem, e lhes será dado: uma boa medida,
calcada, sacudida e transbordante será dada a vocês” (Lucas 6:38). A lei humana diz: “Não dê, para não
faltar”. A lei divina diz: “Dê, para não faltar”. Eclesiastes fala sobre isso:
“Reparte com sete e ainda com oito, porque não sabes que mal sobrevirá à terra. (...) Semeia pela
manhã a tua semente e à tarde não repouses a mão, porque não sabes qual prosperará; se esta, se
aquela ou se ambas igualmente serão boas.” (Eclesiastes 11:2,6)
Essa é uma mentalidade completamente diferente do que aprendemos no mundo: “Já que eu não
sei o que irá acontecer amanhã, então vou reter, guardar, entesourar”. Mas o Senhor diz justamente o
contrário: “Quanto mais eu der, mais o Senhor me dá”. No entanto, não devemos dar na esperança de
receber. Mesmo porque, no tocante a dar ninguém vence a Deus, pois Ele é liberal e generoso! E a maior
prova disso é que Ele entregou o Seu único Filho por nós. Ora, se Ele não negou o Seu único Filho irá negar
pão ou roupa? Às vezes temos uma relação mesquinha com Deus pois achamos que Ele vai falhar. Mas isso
nunca vai acontecer!
Não devemos olhar para Deus como se Ele fosse um “fundo de investimento”: “Se eu der mil, Ele
me dará dez mil”. Não podemos dar ao Senhor esperando que, com isso, Ele assume um compromisso de
nos dar ou devolver, pois o próprio Deus nos dá sem esperança de receber! Quando Jesus veio à esta terra
não foi um “plano de emergência”; desde a eternidade passada Deus já ofereceu o Cordeiro para que ele
morresse pelos Seus inimigos. Ninguém tem maior amor que esse! Assim, não peque pensando que Deus
vai falhar com você. Ele pode não dar tudo o que pedimos – talvez pela nossa vaidade, talvez por não ser
uma necessidade ou talvez porque Ele sabe que isso irá nos prejudicar; então Ele não dá. Se o seu filho lhe
pedir algo que você sabe que irá machucá-lo você lhe dará? O filho pode até dizer: “O meu pai não me
ama” – mas sabemos que isso não é verdade.
A posição de Deus (“que está no céu”) permite que Ele veja as coisas de outro ângulo. Ele vê o
passado, o presente e o futuro. Além disso, Ele vê o “profundo e o escondido” (Daniel 2:22) e sabe tudo o
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que vai acontecer em nossas vidas se conceder o que insistentemente pedimos. Alguém disse: “Infeliz é o
homem que recebe de Deus tudo o que pede”, porque “não sabemos orar como convém” (Romanos 8:26).
Então, quando orarmos a Deus, vamos dar a Ele a liberdade de mudar nossa oração. Vamos dizer: “SE FOR
DA TUA VONTADE”. E, se Ele não der, nos alegremos, porque muitas vezes o “SIM” de Deus é uma
concessão (pedimos tanto, que Ele concede), mas o Seu “NÃO” sempre será uma proteção.
Existe um texto no Antigo Testamento que muitas vezes nos intriga, que são as ofertas que Caim e
Abel trouxeram ao Senhor:
“Aconteceu que no fim de uns tempos trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao Senhor. Abel,
por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste. Agradou-se o Senhor de Abel e
de sua oferta; ao passo que de Caim e de sua oferta não Se agradou.” (Gênesis 4:3-5a).
Caim ofereceu do que sobrou; Abel ofereceu o melhor que tinha. Tudo o que aconteceu em
seguida, o primeiro homicídio na face da terra, foi por causa de um culto. Caim ofereceu um culto que não
agradou o coração de Deus, enquanto Abel ofereceu um culto que agradou o coração do Senhor. Deus não
aceita um culto que seja menor do que aquele que Ele nos ofereceu. Ele não apenas nos ofereceu o Seu
“melhor” filho, mas, sim, o Seu “único” filho – esse é o padrão de Deus.
Doar é um culto suave ao Senhor que redunda em bênçãos para nós. O culto é a oportunidade de
entregar, de oferecer, ainda que alguns vão às reuniões com o desejo ou expectativa de receber alguma
coisa. A pergunta de Isaque ao seu pai quando convidado para um culto revela essa verdade: “Eis aqui o
fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto?” (Gênesis 22:7). Para ele era inconcebível a
ideia de um culto sem oferta.
Hoje em dia nos desviamos de tal maneira desse conceito que o culto, para nós, é um lugar de
receber. Quando ele não nos agrada dizemos: “Não gostei do culto hoje”. Mas o único que tem de gostar
ou não é Deus, pois o culto é para Ele. É por isso que ofertamos ao Senhor olhando para os olhos Dele, para
ver se Ele está gostando ou não. E, se não estiver gostando mudamos tudo, porque Ele é o centro da nossa
adoração, devoção e oferta. Isaque não sabia que ele mesmo era a oferta daquele culto. Naquele momento
o Senhor estava estabelecendo o tipo de relacionamento que Ele queria ter com o homem: de entrega! E
Ele cumpriu a Sua parte – enviou o Seu único Filho – e espera que tenhamos esse mesmo padrão, de
oferecer o melhor ou tudo o que temos.
Os primeiros objetos de um culto no Antigo Testamento foram um cordeiro e uma pedra; mais
tarde veio o altar. Desta forma, o culto é uma vítima e uma pedra! Nossos cultos hoje são muito
sofisticados, mas precisamos voltar para a sua simplicidade. Culto é uma questão de coração – ele começa
logo cedo, quando nos levantamos pela manhã. Ali oferecemos a nossa vida como um sacrifício suave e
agradável ao Senhor.
“Recebi tudo e tenho abundância; estou suprido, desde que Epafrodito me passou às mãos o que
me veio de vossa parte como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus.” (Filipenses
4:18)
Quando os filipenses levaram uma oferta para Paulo, ele disse que aquilo era “aroma suave,
sacrifício aceitável e aprazível a Deus”. Culto sem oferta, sem entrega, sem custo, sem sacrifício não é
culto. Se você não sacrifica alguma coisa para ir a uma reunião não haverá culto.
“E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas
necessidades.” (Filipenses 4:19)
Nós servimos a um Deus generoso! Todos, com certeza, recebemos de Deus muito mais do que
necessitamos para viver. Olhe para tudo o que você tem e cultue ao Senhor por isso, pois Ele lhe tem dado
em abundância. Deus é um Pai sábio. Assim como você não coloca valores nas mãos dos seus filhos se eles
não souberem usar, da mesma forma é o Senhor. Alguns recebem um salário baixo e pecam com esse
pouco; se recebessem mais, pecariam mais. Então, Deus evita que sejamos perdulários e, para isso, não nos
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dá mais dinheiro. É assim que fazemos com nossos filhos: “Você gastou errado; assim, vou diminuir até que
aprenda”. Então, quando você estiver pedindo insistentemente algo e Deus não der, pergunte-Lhe o
motivo e Ele lhe irá explicar.
A generosidade é um ato de fé e uma atitude de previdência: “Lança o teu pão sobre as águas,
porque depois de muitos dias o acharás” (Eclesiastes 11:1). Jogar o pão na água é uma atitude de fé, pois
ele logo se dissolve ou é comido pelos peixes. Mas Deus está dizendo que se dermos esse passo de fé Ele
cuidará de nós. Só que jogamos o pão na água para baixo e o recolhemos em cima, porque Deus o manda
de volta para nós – Ele tem compromisso de nos sustentar.
Precisamos aprender a ser dadivosos. Quando retemos algo, esse algo irá nos faltar. O Senhor Jesus
não veio “em parte” à terra; ele veio completo. Deus entregou TUDO o que tinha para nós. Ele é generoso e
todos os que têm o Seu Espírito Santo também são generosos. Assim, nunca seja mesquinho e nunca
desconfie de Deus, pois Ele não lhe deixará faltar amanhã se você der hoje.
Não guarde o maná para o dia seguinte pois ele apodrece e Deus quer que confiemos Nele a cada
dia – “O pão nosso de cada dia nos dá hoje” (Mateus 6:11). É interessante que a próxima frase é: “E perdoanos as nossas dívidas” (v.12). Jesus junta o pedido de provisão ao pedido de perdão, pois uma das ofensas
que cometemos contra o Senhor é a desconfiança de que Ele não vai nos suprir. Mas Deus nunca falhou e
nunca falhará conosco. É certo que às vezes Ele não dá o que pedimos, mas isso é justamente para nossa
proteção e livramento. Um Deus que sustenta os lírios do campo e os pardais com certeza também
sustentará Seus filhos. “Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves?” (Mateus 6:26). Nós não
deveríamos ter essa dúvida em nossa cabeça, pois diz a Palavra:
“Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos
dará graciosamente com ele todas as coisas?” (Romanos 8:32)
Generosidade deve ser uma atitude de mente e de coração, um ato de fé. O convite do Senhor em
Eclesiastes 11:1 parece uma loucura pensando no mundo de hoje. A verdade é que temos muito mais do
que necessitamos e a promessa de Deus é de que Ele nunca irá nos desamparar. Portanto, não blasfeme
contra o Senhor duvidando dessa promessa. Se Ele não nos negou Seu único Filho, certamente nos dará
muito mais do que precisamos.
Ofertar e entregar os dízimos é uma “associação”. Associar é comprar ações:
“Alegrei-me, sobremaneira, no Senhor porque, agora, uma vez mais, renovastes a meu favor o
vosso cuidado; o qual também já tínheis antes, mas vos faltava oportunidade (...) nenhuma igreja se
associou comigo no tocante a dar e receber, senão unicamente vós outros” (Filipenses 4:10,15).
Paulo recebeu uma oferta dos irmãos da igreja em Filipos e disse que aqueles irmãos investiram
nele, se associaram à sua vida e ministério.
“Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação.
Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já
tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo
posso naquele que me fortalece.” (vs.11-13)
Ele não estava fazendo um “agradecimento” para que os irmãos ficassem tocados em seus
corações e depois lhe enviassem uma outra oferta. Também não estava “investindo em seu futuro” ou
criando condições para que aqueles irmãos ficassem comprometidos com ele, mas afirmou que já havia
aprendido “a viver contente em toda e qualquer situação”. Ele sabia estar em paz tanto na fartura como na
escassez e, por isso, podia afirmar: “Tudo posso naquele que me fortalece”. Ele já havia aprendido a ter
alegria em seu coração independente das circunstâncias que o cercavam. Tendo ou não, ele se alegrava no
Senhor, pois sua alegria não estava no fato de ter as coisas. E nós, enquanto não entendermos isso,
continuaremos sofrendo com essas questões.
Unidade Missionária Cristã - Ministrações 2016 (Noites e Cultos Conjuntos)
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Existe uma “doutrina” em algumas igrejas que diz que no Novo Testamento não existem dízimos,
que esses pertencem à Lei e que nós estamos no tempo da Graça. Mas isso não é verdade, pois o dízimo é
anterior à Lei. Quem primeiro entregou o dízimo foi Abraão, para Melquisedeque (que era uma figura de
Cristo). O sacerdócio de Jesus é da ordem de Melquisedeque e não de Levi (Hebreus 7:21). Como nós
também somos dessa ordem, então entregamos os dízimos.
A Lei não instituiu ou mandou trazer os dízimos. O que ela fez foi regulamentar a aplicação dos
mesmos – aos levitas (que serviam no Tabernáculo), ao sacerdote (figura de Cristo), ao estrangeiro ou
peregrino (ministérios itinerantes: apóstolos e profetas) e aos órfãos e às viúvas (necessitados) –
Deuteronômio 26:12. No Novo Testamento perdemos as figuras dos sacerdotes e levitas, mas continuamos
com a mesma necessidade de sustentar aqueles que servem no Altar (os ministérios) e os necessitados.
O escritor aos Hebreus diz que o sacerdócio levítico pagou o dízimo a Melquisedeque em Abraão
(Hebreus 7:9). Então, como somos filhos de Abraão, pagamos os nossos dízimos não por causa da Lei, mas
por que reconhecemos que o Senhor é dono de todas as coisas. Assim, os dízimos são anteriores e também
posteriores à Lei. Dízimo é produto de gratidão a Deus, é um reconhecimento de que tudo é do Senhor.
Quem entrega os dízimos no coração de Abraão não os entrega a Levi, mas sim a Cristo, porque
Melquisedeque figurava o próprio Cristo caminhando entre seu povo nos tempos do Antigo Testamento.
Haviam dois tipos de ofertas: alçadas e voluntárias. As ofertas alçadas eram aquelas levantadas
para um fim específico, um objetivo determinado. As ofertas voluntárias não tinham um uso específico,
mas eram entregues de coração. Os homens de Deus, ao levantar ofertas alçadas diziam: “É para este fim;
precisamos fazer isso e aquilo!” E o povo cria, confiava em seus líderes e dava de coração. Assim, a entrega
das finanças é uma declaração da confiança do povo em sua liderança; é um vínculo espiritual. Paulo disse
que “nenhuma igreja se associou comigo no tocante a dar e receber, senão unicamente vós outros”
(Filipenses 4:15), ou seja, é uma associação de confiança entre a igreja e seus pastores. Nosso vínculo não é
financeiro, mas baseado em Deus e na confiança.
Paulo também diz: “Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito recolhermos de vós bens
materiais?” (1 Coríntios 8:11). É justo que aqueles que compartilham bens espirituais recebam bens
materiais – não como pagamento, mas como gratidão – porque tanto aqueles que entregam seus dízimos e
ofertas quanto aqueles que ministram a Palavra têm um compromisso com Deus. Esse compromisso não é
simplesmente entre nós, mas tem Deus como Aquele que administra essa nossa relação. E nosso
compromisso sempre deve ser com Deus e com a Sua Palavra!
A minha oferta ou entrega é baseada no fato de que eu sou um “despenseiro” e Deus é o dono de
tudo (1 Coríntios 4:1,2; 1 Pedro 4:10). Eu não posso determinar o uso do meu dinheiro justamente porque
ele não é meu. Sou apenas um mordomo ou despenseiro do que Deus colocou em minhas mãos para eu
cuidar. Por isso, preciso sempre perguntar-Lhe como Ele quer que eu utilize ou administre esses recursos.
Daí a necessidade de eu ser diariamente conduzido pelo Espírito Santo. Assim, precisamos depender de
Deus para que Ele nos ajude e instrua no entendimento e prática dessa matéria. Amém!
Unidade Missionária Cristã - Ministrações 2016 (Noites e Cultos Conjuntos)
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SERVINDO UNS AOS OUTROS
Abnério Cabral
“Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são
um só corpo, assim é Cristo também. Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um
corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito.” (1
Coríntios 12:12,13)
D
eus está trabalhando em UMA coisa – o Corpo de Cristo. Ele trabalha para que a noiva de Jesus se
apronte, fique preparada e ataviada para seu noivo, Jesus. Por isso, todo o nosso trabalho também
precisa estar voltado para a formação e edificação dessa noiva, desse Corpo.
Quando Jesus lavou os pés dos seus discípulos (João 13) ele nos deu a lição de que precisamos
servir a igreja, pois para isso fomos chamados e é o nosso serviço que irá aperfeiçoá-la e prepará-la para as
bodas do Cordeiro. Este é o maior propósito e trabalho do Senhor.
“Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as
coisas. E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e
outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do
ministério, para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao
conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para
que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo
engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em
amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual todo o corpo, bem ajustado, e
ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do
corpo, para sua edificação em amor.” (Efésios 4:10-16).
Quando o Corpo de Cristo estiver pronto a infantilidade será vencida e chegaremos à maturidade.
Enquanto isso não acontecer, enquanto a igreja não estiver pronta ainda teremos muitas meninices em
nosso meio. Hoje falta maturidade ao Corpo e temos de trabalhar para que ele cresça e seja edificado.
Jesus Cristo ressuscitou, subiu aos céus, preencheu todas as coisas, cumpriu toda a exigência de
Deus e liberou-nos todos os recursos necessários para a formação desse Corpo. Ele chegou ao céu com sua
missão cumprida: o que tinha de fazer, de realizar na terra ele o fez. Por isso podemos batizar pessoas,
inseri-las na família de Deus, participar da Ceia do Senhor, pois a obra de Jesus foi completa, perfeita e
garantiu o nosso acesso ao seu Corpo.
Assim, devemos entender que temos um serviço, um chamado que é a edificação da igreja. Jesus
quer ver sua noiva pronta pois ele é o maior interessado nesse casamento. Ele quer voltar, mas ainda não
pode, pois, infelizmente, há sinais claros de que ela não está pronta, não amadureceu, pois ainda não
somos UM como devemos ser. Fomos chamados para sermos UM, para termos um só Espírito, uma só fé e
ainda não chegamos a esse nível. Estamos, por enquanto, caminhando em direção a esse alvo, à estatura
de varão perfeito.
“Porque eu recebi do SENHOR o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi
traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é
partido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou
o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que
beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este
cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha.” (1 Coríntios 11:23-26)
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Nos reunimos para participar da Ceia porque Jesus morreu, mas também o fazemos porque ele
ressuscitou. Todas as vezes que comemos do pão e bebemos do cálice estamos declarando que Jesus irá
voltar, mas, para isso, precisamos trabalhar, servir. Jesus se doou e nós também somos desafiados a fazê-lo
em serviço aos nossos irmãos.
Existem na bíblia 29 versículos que falam sobre o “ide” (um trabalho ‘para fora’) e somente um
deles diz que devemos “fazer discípulos de todas as nações” (Mateus 28:19). No entanto, existem 53
versículos que falam sobre fazer algo “uns aos outros” (um trabalho ‘para dentro’). Isso porque Jesus
deixou um encargo na vida dos apóstolos para a formação e edificação do seu Corpo. Assim, esse Corpo
precisa se manifestar em todos os lugares, se tornar UM, beber do mesmo Espírito, expressar o mesmo
Senhor, reconhecer a obra de Jesus uns nos outros em preparação para a volta dele.
À medida que reconhecemos esta obra dentro, em nosso meio, começaremos a reconhecer
também lá fora. Às vezes não reconhecemos irmãos da nossa própria congregação e, então, não
conseguiremos reconhecer aqueles de outras congregações. Por isso, precisamos compreender e aceitar a
obra de Jesus nas vidas dos nossos irmãos.
“Porventura o cálice de bênção, que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão
que partimos não é porventura a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, sendo muitos, somos
um só pão e um só corpo, porque todos participamos do mesmo pão.” (1 Coríntios 10:16,17)
Nós comemos de um único pão, bebemos de um único cálice para formarmos um único Corpo.
Embora haja muitos membros, há um só Corpo, um só pão. Jesus não está procurando diversas noivas para
escolher com quem ele deseja se relacionar, mas ele busca uma única noiva para se casar. Em toda a terra
irá surgir um único Corpo, uma única igreja e nós somos chamados para servir, cuidar, trabalhar para esta
noiva. Eu e você sozinhos não a expressamos, nossa Congregação não a expressa; mas, ligados uns aos
outros em todas as cidades e nações temos condições de expressá-la. Jesus está apenas esperando o
surgimento da expressão desta noiva para poder voltar.
John Noble, pastor inglês que esteve conosco há poucos anos, falou sobre cinco formas de
expressão da igreja. Ela pode ter a expressão do “dois ou três” (Mateus 18:20) (1), mas não é completa
apenas desta forma. Ela precisa estar ligada à expressão que chamamos de grupo caseiro (2) que, por sua
vez, precisa estar ligado a uma Congregação na cidade (3). Esta necessita estar conectada a todas as demais
igrejas da cidade (4) que, da mesma forma, devem estar ligadas à expressão global da igreja na terra (5). E
Deus está trabalhando para isso! Não é uma obra ou invenção humana, mas divina. Jesus irá voltar para
esta única noiva que está se levantando sobre a terra.
Precisamos vigiar para que não haja nenhum tipo de divisão entre nós:
“Mas agora Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis. E, se todos fossem um só
membro, onde estaria o corpo? Assim, pois, há muitos membros, mas um corpo. E o olho não pode
dizer à mão: Não tenho necessidade de ti; nem ainda a cabeça aos pés: Não tenho necessidade de
vós. Antes, os membros do corpo que parecem ser os mais fracos são necessários; e os que
reputamos serem menos honrosos no corpo, a esses honramos muito mais; e aos que em nós são
menos decorosos damos muito mais honra. Porque os que em nós são mais nobres não têm
necessidade disso, mas Deus assim formou o corpo, dando muito mais honra ao que tinha falta
dela; para que não haja divisão no corpo, mas antes tenham os membros igual cuidado uns dos
outros. De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um
membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele. Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus
membros em particular.” (1 Coríntios 12:18-27)
Jesus colocou cada um de nós neste Corpo do jeito que ELE QUIS para fazermos somente e
exatamente aquilo que ELE QUER. Se não fizermos O QUE e DA FORMA como ele quer, estamos errando. O
que mais divide o Corpo de Cristo (não falando teologicamente) é a OPINIÃO – a “minha opinião” sobre os
outros irmãos. Se a opinião não estiver pautada na Palavra de Deus, se não vier do alto, então vem do
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diabo, do inferno e causa divisão. As igrejas, em sua grande maioria, não somente hoje mas em todas as
épocas, se dividem devido a opiniões diferentes (carnalidade).
“E, chegando Jesus às partes de Cesaréia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem
dizem os homens ser o Filho do homem? E eles disseram: Uns, João o Batista; outros, Elias; e outros,
Jeremias, ou um dos profetas. Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro,
respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bemaventurado és tu, Simão Barjonas, porque te não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está
nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as
portas do inferno não prevalecerão contra ela;” (Mateus 16:13-18)
Jesus perguntou aos discípulos o que as pessoas estavam dizendo a seu respeito e eles
expressaram as diferentes opiniões que ouviam. Pedro, no entanto, foi o único que teve a revelação clara e
exata do Pai acerca da pessoa de Jesus, e declarou isto. Talvez não entendamos a grandeza, a dimensão
desta revelação, mas não existe em nenhum outro lugar na bíblia, da parte de nenhum profeta, qualquer
palavra dizendo que o Messias seria o Filho de Deus. Essa, inclusive, foi uma das razões que os escribas e
fariseus não conseguiram acreditar em Jesus, porque ele dizia ser o Messias e o Filho de Deus. Mas Pedro
teve esta revelação – Jesus Cristo era o Messias e o Filho de Deus que havia chegado ao mundo!
“Desde então começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer
muitas coisas dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar
ao terceiro dia. E Pedro, tomando-o de parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Senhor, tem
compaixão de ti; de modo nenhum te acontecerá isso. Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para
trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de
Deus, mas só as que são dos homens.” (Mateus 16:21-23)
Jesus, então, passou a explicar aos seus discípulos a sua missão – ele teria, como Messias, de
sofrer, ir para a cruz e morrer pela humanidade. Mas Pedro, quando ouviu tudo isso, “esqueceu” da
revelação anterior e repreendeu a Jesus, sendo usado como um instrumento do diabo naquele momento.
Essa foi a sua opinião humana, carnal! A opinião não enxerga a obra de Deus, não nos deixa ver Jesus nos
outros. A opinião olha somente a falha, a situação, o comportamento do irmão e nos impede de ver o que
Jesus está fazendo na vida dele. Por isso ela é sectária – ela divide, separa, distancia e até mata pessoas e
igrejas; é coisa do inferno!
Dessa forma, precisamos aprender a olhar e servir uns aos outros sem opinião própria, mas
segundo aquilo que Jesus Cristo praticou e ensinou. Ele derramou seu sangue e morreu por todos que
creem em seu sacrifício. João Batista disse acerca de Jesus:
“Vós mesmos me sois testemunhas de que disse: Eu não sou o Cristo, mas sou enviado adiante dele.
Aquele que tem a esposa é o esposo; mas o amigo do esposo, que lhe assiste e o ouve, alegra-se
muito com a voz do esposo. Assim, pois, já este meu gozo está cumprido. É necessário que ele
cresça e que eu diminua.” (João 3:28-30)
Da mesma forma, precisamos nos diminuir em prol do crescimento dos nossos irmãos. Eles
precisam saber o que JESUS pensa sobre eles e não o que NÓS pensamos. É isso que forma e amadurece a
noiva. A opinião que denegre ou diminui a obra e a imagem de Jesus na vida de um irmão não procede de
Deus, mas do diabo. Se isso aconteceu com o apóstolo Pedro, também pode acontecer com qualquer um
de nós; da mesma forma que uma hora somos usados por Deus, na hora seguinte podemos ser usados pelo
diabo.
Assim, precisamos ser UM, pois, à medida que crescemos em unidade, como uma só noiva,
diminuímos a brecha para o inimigo entrar e operar no Corpo, nos tornamos servos maduros, deixamos as
criancices, carnalidades e divisões para trás e apressamos a volta de Jesus. Devemos, então, olhar para o
irmão e aceitá-lo, honrá-lo como ele é: “Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal,
preferindo-vos em honra uns aos outros” (Romanos 12:10).
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Às vezes é muito fácil honrar um líder ou alguém importante, mas precisamos aprender a honrar os
pequeninos, aqueles que não aparecem (1 Coríntios 12:22,23), reconhecendo a obra de Jesus em suas
vidas. Essa é a verdadeira expressão de serviço, humildade e unidade do reino de Deus.
“Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice. Porque o que
come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do
SENHOR. Por causa disto há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem. Porque, se
nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando somos julgados, somos
repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo.” (1 Coríntios 11:28-32)
O Senhor está trabalhando hoje para nos corrigir, nos chamando para um autoexame, para rever
nossas vidas, pois no último dia Ele não quer nos condenar, mas nos salvar. Esse é o Seu plano, a Sua obra,
a Sua vontade para nós hoje como Corpo de Cristo na terra! Amém!
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DEUS SE IMPORTA COM SUAS AMIZADES
Harold Walker
“Chegando um dos escribas, tendo ouvido a discussão entre eles, vendo como Jesus lhes houvera
respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o principal de todos os mandamentos? Respondeu Jesus: O
principal é: Ouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor! Amarás, pois, o Senhor, teu Deus,
de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. O
segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que
estes.” (Marcos 12:28-31)
J
esus revela neste texto quais são os dois maiores mandamentos, que superam toda a lei do V.T. O
primeiro é amar a Deus acima de todas as coisas. Nosso coração deve ser 100% do Senhor. Deus é
ciumento e não quer que ninguém compartilhe seu coração com outras coisas e pessoas. Então, o primeiro
e maior mandamento refere-se ao nosso relacionamento com Deus.
Deus não está interessado em nossa “ficha corrida”: “Eu faço tudo certinho, não peco, não faço
nada de errado”, pois se o meu coração não é totalmente Dele, não serve. No entanto, eu posso pode ter
sido o pior pecador, ter feito tudo de errado, mas, se quando me converti foi de verdade, de todo o meu
coração, não sobrando espaço para outras coisas, então estou 100% com Deus, pois Ele não olha o meu
“currículo”, mas o meu coração. Tem muita gente com o coração morno, dividido e esses não servem para
Deus, pois Ele quer pessoas que O amem e O sirvam DE TODO (íntegro, inteiro, completo) coração, alma,
entendimento e força.
O segundo mandamento, de mesma força, intensidade e importância do primeiro, é amar ao
próximo como a nós mesmos. Não adianta ter um coração 100% para Deus e não amar os irmãos. O
apóstolo João disse: “Não tenho maior alegria do que esta, a de ouvir que meus filhos andam na verdade”
(3 João 4). Qualquer pai falaria a mesma coisa acerca de seus filhos. Eles não precisam ser ricos, ser
promovidos na empresa, ser famosos ou elogiados – o que importa é que ANDEM NA VERDADE. João está
dizendo que sua maior alegria é ver que seus filhos espirituais amam, servem, reconhecem, valorizam e
tratam bem uns aos outros; não ficam brigando ou falando mal entre si, mas se sacrificam e santificam em
favor uns dos outros, andando em amizade e comunhão – e é isso que enche o coração de Deus, nosso Pai,
de alegria.
“Depois de lhes ter lavado os pés, tomou as vestes e, voltando à mesa, perguntou-lhes:
Compreendeis o que vos fiz? Vós me chamais o Mestre e o Senhor e dizeis bem; porque eu o sou.
Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos
outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.” (João 13:1215)
Jesus, mesmo sendo Senhor e Mestre, se ajoelhou e lavou os pés sujos dos seus discípulos (apesar
deles serem muito menor do que ele) e disse que fazia isso para lhes dar o exemplo para fazerem o mesmo
aos outros. Ele não é igual às autoridades aqui da terra que gostam de hierarquias, salas imponentes, um
monte de secretárias e seguranças que impedem que nos aproximemos deles. Mesmo sendo o Senhor do
Universo ele se abaixou para lavar os pés dos discípulos, ensinando a eles e a nós a fazer o mesmo.
Jesus está querendo que a unidade e o amor entre nós seja muito forte. Não adianta eu orar muito,
ler muito a bíblia e não servir os meus irmãos, não acudi-los em suas necessidades, não me considerar
menor do que eles. Então, o primeiro mandamento é maravilhoso, mas, sem o segundo, ele não funciona.
João disse: “Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu
irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” (1 João 4:20)
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Eu quero falar sobre um personagem da bíblia que tem uma história muito maravilhosa, mas
também confusa: Jó.
Jó era um homem justo que amava sua esposa e filhos. A família vivia em festas, pois, sendo ricos,
ninguém precisava trabalhar (Jó 1:4). Todos os dias ele se levantava de madrugada e oferecia sacrifícios em
favor dos filhos, pois dizia: “Talvez tenham pecado os meus filhos e blasfemado contra Deus em seu
coração” (1:5). Ele era muito famoso porque tinha muitos bens e também porque era reto e justo,
conhecido por fazer o bem e ajudar os pobres. Ele não era príncipe ou rei, mas todos o respeitavam.
Disse Deus ao diabo: “Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele,
homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal” (1:8). O diabo, sendo o acusador das
pessoas, respondeu: “Porventura, Jó debalde teme a Deus? Acaso, não o cercaste com sebe, a ele, a sua
casa e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste, e os seus bens se multiplicaram na terra.
Estende, porém, a mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face” (1:911). Respondeu-lhe, então, o Senhor: “Eis que tudo quanto ele tem está em teu poder; somente contra ele
não estendas a mão” (1:12).
Assim, no mesmo dia a desgraça caiu sobre sua casa e ele perdeu todos os seus bens e sua família.
Mas, mesmo assim, disse Jó: “O Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor! Em tudo
isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma” (1:21,22). Ou seja, mesmo com tudo o que lhe
aconteceu, Jó não amaldiçoou o nome do Senhor. Ele não servia a Deus por causa dos seus bens. Paulo
também havia aprendido a viver desta forma:
“...já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em
toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a
ter abundância, como a padecer necessidade.” (Filipenses 2:11,12)
Deus não tem problema com gente rica – Ele abençoa essas pessoas –, mas Ele tem problema com
o coração que ama a riqueza. No entanto, o coração que não está preso às riquezas, que diz como Jó: “Nu
saí do ventre de minha mãe e nu voltarei” (1:21), esse é amado pelo Senhor.
Passados alguns dias, Satanás voltou à presença de Deus:
“Perguntou o Senhor a Satanás: Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra
semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal. Ele conserva a sua
integridade, embora me incitasses contra ele, para o consumir sem causa. Então, Satanás
respondeu ao Senhor: Pele por pele, e tudo quanto o homem tem dará pela sua vida. Estende,
porém, a mão, toca-lhe nos ossos e na carne e verás se não blasfema contra ti na tua face. Disse o
Senhor a Satanás: Eis que ele está em teu poder; mas poupa-lhe a vida. Então, saiu Satanás da
presença do Senhor e feriu a Jó de tumores malignos, desde a planta do pé até ao alto da cabeça.
Jó, sentado em cinza, tomou um caco para com ele raspar-se.” (2:3-8)
Sua mulher, vendo tudo isso, lhe disse:
“Ainda conservas a tua integridade? Amaldiçoa a Deus e morre. Mas ele lhe respondeu: Falas como
qualquer doida; temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal? Em tudo isto
não pecou Jó com os seus lábios.” (2:9,10)
Ela estava sendo a própria boca do diabo, mas, mesmo com tudo isso, Jó não amaldiçoou a Deus.
Toda essa história foi só a introdução do livro – o assunto principal começa depois: como Jó se sentiu e
como seus amigos se sentiram diante dessa situação. Ele tinha amigos e a maior parte do livro refere-se aos
diálogos entre eles.
“Ouvindo, pois, três amigos de Jó todo este mal que lhe sobreviera, chegaram, cada um do seu
lugar: Elifaz, o temanita, Bildade, o suíta, e Zofar, o naamatita; e combinaram ir juntamente
condoer-se dele e consolá-lo. Levantando eles de longe os olhos e não o reconhecendo, ergueram a
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voz e choraram; e cada um, rasgando o seu manto, lançava pó ao ar sobre a cabeça. Sentaram-se
com ele na terra, sete dias e sete noites; e nenhum lhe dizia palavra alguma, pois viam que a dor
era muito grande.” (2:11-13)
O texto diz que esses três amigos ficaram angustiados ao ver sua situação e permaneceram sete
dias calados e sentados, apenas contemplando aquela situação. A dor, o desespero, as dúvidas e as
amarguras de Jó eram tão grandes que eles não se sentiam na liberdade de abrir a boca. Você já teve essa
experiência, de chegar diante de um amigo que está passando por uma situação muito difícil e não saber o
que dizer, como ajudar? Que qualquer coisa que disser irá soar mal?
Quem abriu a boca, depois de sete dias, foi o próprio Jó. Ele só não amaldiçoou a Deus, mas
amaldiçoou todo o resto. A minha sogra me disse uma vez (não sei de onde ela ouviu isso) que Jó nasceu
em 30 de fevereiro. Isso porque todos os meses têm 30 ou 31 dias e Jó amaldiçoou o dia do seu
nascimento, pedindo que esse não aparecesse no calendário! Brincadeiras à parte, quem não passou pelo
que Jó passou não pode sequer abrir a boca. Aqueles três amigos não passaram por nada semelhante. É
verdade que eles o respeitaram em silêncio durante aqueles sete dias, mas, quando Jó começou a
amaldiçoar o dia em que nasceu e dizer que aqueles que praticavam muitas maldades continuavam
saudáveis, abençoados, ricos e felizes (cap.3), eles ficaram afetados em sua religiosidade e passaram a
falar.
Jó dizia: “Tem gente muito ruim que eu conheço que está abençoado e tranquilo e eu, que fiz tudo
certo, estou aqui deste jeito – e Deus nem aparece para me explicar. Quando clamo, Ele não me responde,
fica mudo. Por que eu sofro e os outros não? Eu quero que Ele me explique isso!” Seus amigos lhe
respondiam: “Quem é você para ficar falando assim de Deus? Ele abençoa os bons e faz o mal para os
maus. Se você está sofrendo é porque deve ter feito alguma coisa de errado. Então, se arrependa!”
Jó devia estar pensando: “Belos amigos vocês são. Eu passando por esse apuro e vocês, ao invés de
me consolar, ficam me acusando, aumentando minha culpa. Mas eu não fiz nada de errado e nem para
defender a Deus vou dizer que pequei. Será que vocês acham que Deus é aquele Ser tão poderoso que se
alguém cometer um erro não pode sequer falar com Ele? Não! Ele é um Deus da verdade, ama a justiça e
eu sei que não é por algo que eu fiz que estou sofrendo. Então eu quero que Ele me explique. Mas Ele é
Deus e não homem, então, não tem jeito de eu saber!” Mas os amigos continuavam dizendo: “Se
arrependa, Jó!”
E assim transcorreu a sua história durante aquele período. É muito interessante ler tudo o que ele
fala, o que os seus amigos falam e sentir a sua angústia. Ele não pecou, não amaldiçoou a Deus, mas estava
transtornado, porque queria entender o que lhe havia acontecido. Já aconteceu algo parecido em sua vida,
de você passar por um problema sério, não entender o motivo e querer saber o porquê? Isso porque nossa
mente funciona assim: “Se eu faço o bem, recebo o bem; se eu faço o mal, recebo o mal”. Mas não é bem
assim, pois tem muita gente que faz o mal e prospera e outros que fazem o bem e não prosperam (e ainda
sofrem muito). A vida é assim e, por isso, ficamos com muitas dúvidas. Então, as dúvidas de Jó são nossas
também, são coisas que queremos entender.
Tem uma frase que é importantíssima no livro: “Acabaram-se as palavras de Jó” (31:40). Ele estava
cheio de amargura, ficou sete dias sem falar nada, seus amigos não lhe ajudaram em nada. Em seu último
discurso ele dizia: “Se eu fiz isso ou aquilo quero que Deus me julgue! Mas eu não fiz nada e quero saber o
porquê disso tudo!” Então, “acabaram-se as palavras de Jó”. Nem ele nem seus amigos falaram mais nada.
Somente depois disso, Deus aparece e começa a falar com ele.
Se eu fosse Deus, lhe diria: “Jó, você tem razão. Você não fez nada de errado. Foi uma ‘aposta’ que
eu fiz com o diabo. Eu ganhei e muito obrigado porque você me ajudou!” Nós sabemos a verdade, mas Jó
não sabia e Deus não lhe explica nada. Ao contrário, Ele diz: “Quem é você para pedir satisfação a mim? Foi
você quem criou o Universo e sabe de tudo? Você tem o direito de me pedir satisfação de algo? É o juiz?
Acha que tem razão?”
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No último capítulo (42), quando Deus terminou de falar, Jó reconheceu: “Eu fui um tolo, um idiota,
porque eu falei de coisas que não sabia e que não tenho o direito de saber. O Senhor é Deus e tem razão.
Eu devia ter apenas confiado em Ti. Não devia ter pedido satisfação de nada. Eu fui arrogante, justiceiro,
tolo porque eu não Te conhecia como Te conheço agora!” Ou seja: “Eu tiro toda a razão do que eu disse. O
Senhor é Deus, eu não preciso de explicação nenhuma. Eu Te honro, Te respeito e Te sou grato, pois antes
eu só Te conhecia de ouvir falar, mas agora meus olhos Te contemplam.”
O diabo queria ganhar de Deus, mas não conseguiu. Mas isso não tem tanta importância nessa
história. Na verdade, a primeira coisa boa que aconteceu de toda essa desgraça foi que Jó passou a
conhecer a Deus como nunca O havia conhecido antes.
Você quer conhecer a Deus de verdade? Então, mesmo que passe por provações e dificuldades,
diga a Ele: “Senhor, eu não estou na terra para viver uma vida tranquila, mas para conhecer
profundamente a Ti, mesmo que eu tenha de passar por provações! Senhor, antes eu só ouvia falar de Ti.
Antes eu Te conhecia apenas através de outros, mas agora meus olhos Te contemplam. Por isso eu me
abomino no pó e na cinza.”
O primeiro mandamento, de amar a Deus de todo o coração, foi aumentado e aprofundado! Jó
reatou com Deus de um jeito muito mais profundo! Ele perdeu os bens, perdeu os filhos, perdeu a saúde e
parecia que havia perdido os amigos – mas ele ganhou Deus! O Senhor “pegou pesado”, mas Jó venceu
porque ele tocou em Deus. O Senhor não lhe deu trégua, não lhe disse que seus amigos estavam errados,
não tratou com o diabo, não tratou com os amigos: tratou apenas com Jó. Então Jó parou de falar e se
tornou um homem quebrantado, contrito e muito mais íntimo de Deus do que antes. Ele já era justo, mas
agora se tornou amigo de Deus.
“Então, respondeu Jó ao Senhor: Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser
frustrado. Quem é aquele, como disseste, que sem conhecimento encobre o conselho? Na verdade,
falei do que não entendia; coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia.
Escuta-me, pois, havias dito, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás. Eu te conhecia só de
ouvir, mas agora os meus olhos te veem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza.”
(Jó 42:1-6)
O livro podia terminar aqui e Jó já estaria “no lucro”. Ele podia dizer: “Deus, eu não reivindico nada,
não precisa fazer nada por mim, não precisa me responder pois eu Te respeito, eu Te honro e agora eu Te
conheço!”
Eu conheci um irmão precioso, homem de Deus. Ele começou uma Casa de Recuperação para
viciados que permanece até hoje. Sua família era maravilhosa. Ele tinha muita saúde, era um evangelista de
“mão cheia”, pregava na Rádio e ganhava muita gente para Jesus. De repente, foi acometido por um câncer
nos ossos. Após um mês, já acamado e com seu quadro totalmente agravado, ele continuava o programa
na Rádio a partir da sua cama. Nós o visitávamos e saíamos edificados – era ele quem nos consolava. Havia
nele uma alegria, uma paz, uma graça surpreendente. Nada de reclamação ou murmurações. Passava dores
horríveis, mas continuou vitorioso e morreu vitorioso. A vida não consiste só de vitórias, mas também de
derrotas. Mas, se amamos a Deus de todo o coração, com certeza sairemos vitoriosos. Com certeza eu
encontrarei esse irmão na eternidade, sem dor e cheio de alegria e satisfação pelas coisas que Deus fez em
sua vida.
Nem toda história termina bem. Na igreja primitiva, os discípulos mais íntimos de Jesus eram
Pedro, João e Tiago. Tiago foi o primeiro a ser morto, a mando de Herodes (Atos 12). Ninguém orou para
ele não morrer pois não deu nem tempo. Pedro foi preso e também queriam matá-lo; no entanto, a igreja
orou e ele foi liberto, tendo sido morto muitos anos depois. João, diferente dos demais, morreu idoso.
Cada um tem uma história diferente, mas, no final, todos receberão seu galardão. A diferença acontece
aqui na terra – às vezes há vitórias, às vezes há derrotas – mas Deus sempre vence e, se O amarmos,
também venceremos.
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A história de Jó poderia ter terminado aqui, mas ela continuou:
“Tendo o SENHOR falado estas palavras a Jó, o SENHOR disse também a Elifaz, o temanita: A minha
ira se acendeu contra ti e contra os teus dois amigos; porque não dissestes de mim o que era reto,
como o meu servo Jó.” (42:7)
Deus não falou do diabo, não falou dos amigos, mas falou diretamente com Jó e este com Ele. O
assunto de Deus é conosco e não com os outros (primeiro mandamento). Não precisamos ficar culpando o
diabo e as pessoas. Aliás, Jó não citou o nome do diabo uma única vez em todo o livro, pois ele cria que sua
vida estava totalmente nas mãos de Deus. O diabo existe, faz muitas coisas ruins, mas somente o que Deus
permite. Por isso todos os nossos assuntos são apenas com Deus – não são com o diabo, com os irmãos,
com os amigos, com os pastores, com a igreja. Não jogue a culpa das coisas em ninguém, pois se você ama
a Deus de todo o seu coração todos os seus assuntos são unicamente com Ele.
Depois que esse assunto pessoal foi tratado, Deus começou a trabalhar no que interessava a Ele e,
então, foi falar com os amigos de Jó. Ele disse a Elifaz: “Você não falou o que é certo de mim, como o meu
servo Jó”. Elifaz respondeu: “Mas Senhor, Jó amaldiçoou o dia em que nasceu, ficou bravo com tudo e
agora o Senhor diz que ele falou certo e nós falamos errado?” “Sim”, disse Deus, “E Eu estou bravo com
vocês. Que ‘amigos da onça’ vocês foram! Ninguém merece ter amigos assim!” Eles não devem ter
entendido nada, pois Jó sempre dizia: “Eu estou certo e vocês é que estão errados!” – e depois Deus diz
que Jó estava certo. E ainda reforça: “MEU SERVO JÓ – ele é meu amado, Eu gosto dele, ele falou bem de
Mim!”
A questão é que Deus gosta de gente que fala a verdade, mesmo que essa verdade pareça que
ofenda a Ele – Ele prefere assim, pois gosta de gente sincera, real, verdadeira e não de gente religiosa que
apenas fica citando versículos da Bíblia. Deus abomina “receitas prontas”, palavras vazias, aplicar fórmulas
bíblicas às dores das pessoas. Ele gosta de pessoas que sentem a dor, que comungam com a dor e, quando
não sabem falar, que ficam caladas.
“Tomai, pois, sete novilhos e sete carneiros, e ide ao meu servo Jó, e oferecei holocaustos por vós. O
meu servo Jó orará por vós; porque dele aceitarei a intercessão, para que eu não vos trate segundo
a vossa loucura; porque vós não dissestes de mim o que era reto, como o meu servo Jó.” (42:8)
Deus disse àqueles homens: “Procurem meu servo Jó, ofereçam sacrifícios e peçam para que ele
ore por vocês. Se vocês orarem Eu não os ouvirei; mas, se ele orar, Eu ouvirei”. Jó estava sofrendo, não
tinha nada, estava coberto de cinzas e feridas, mas era a ele que Deus iria ouvir! Em todo o livro, Jó disse:
“Eu oro e Deus não responde nada; Ele passa e eu não O vejo”, mas agora ele deveria orar pelos seus
amigos e o Senhor o ouviria.
“Então, foram Elifaz, o temanita, e Bildade, o suíta, e Zofar, o naamatita, e fizeram como o SENHOR
lhes ordenara; e o SENHOR aceitou a oração de Jó.” (42:9)
Isso é fantástico! Deus Se importa com as nossas amizades! Ele poderia resolver os problemas de Jó
de forma direta, pois ele já havia se arrependido. Mas não. Enquanto ainda estava naquele estado
lamentável (embora agora estivesse em paz, pois já havia se encontrado com Deus), o Senhor manda seus
amigos procurá-lo para orar por eles. Não havia mais raiva ou amargura em seu coração e, ao orar por eles,
Deus aceita sua oração e algo maravilhoso acontece:
“Mudou o SENHOR a sorte de Jó, quando este orava pelos seus amigos; e o SENHOR deu-lhe o dobro
de tudo o que antes possuíra.” (42:10)
Ninguém merece amigos como esses, mas Deus achou que Jó não poderia perder essas amizades.
Era importante ficar com eles e, por isso, o Senhor desceu do céu e agiu para que Jó não perdesse aqueles
amigos – mesmo sendo eles daquela forma e mesmo tendo agido como agiram. Deus disse: “Jó está certo e
vocês estão errados; peçam para que ele ore por vocês”. Ou seja, Deus estava querendo reatar o
relacionamento entre eles e não abençoou a Jó enquanto ele não orou pelos amigos.
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Aqueles amigos não disseram a Jó que estavam arrependidos do que haviam falado, mas apenas
pediram para que ele orasse por eles. Mesmo estando ainda doente, mesmo sem expectativa de ganhar
algo de Deus, mas agora em paz com Ele, Jó orou pelos seus amigos e, DEPOIS DISSO, Deus mudou toda sua
situação.
“Então, vieram a ele todos os seus irmãos, e todas as suas irmãs, e todos quantos dantes o
conheceram, e comeram com ele em sua casa, e se condoeram dele, e o consolaram de todo o mal
que o SENHOR lhe havia enviado; cada um lhe deu dinheiro e um anel de ouro. Assim, abençoou o
SENHOR o último estado de Jó mais do que o primeiro; porque veio a ter catorze mil ovelhas, seis
mil camelos, mil juntas de bois e mil jumentas. Também teve outros sete filhos e três filhas. Chamou
o nome da primeira Jemima, o da outra, Quezia, e o da terceira, Quéren-Hapuque. Em toda aquela
terra não se acharam mulheres tão formosas como as filhas de Jó; e seu pai lhes deu herança entre
seus irmãos. Depois disto, viveu Jó cento e quarenta anos; e viu a seus filhos e aos filhos de seus
filhos, até à quarta geração. Então, morreu Jó, velho e farto de dias.” (42:11-17)
O Senhor deu a ele o dobro de tudo o que antes possuía e o mesmo número de filhos. Vamos
entender, então, o que aconteceu com Jó:
Primeiro, ele conheceu a Deus como nunca tinha conhecido antes. Sua intimidade com o Senhor
aumentou. Ele já era um homem justo e agora se tornou também um homem quebrantado.
Segundo, suas amizades foram restauradas porque Deus quis isso.
Terceiro, ele ganhou o dobro de bens e o mesmo número de filhos do que tinha antes.
Deus não quer que ninguém na igreja sofra de solidão, depressão e falta de amizades. A igreja não
é apenas um lugar de reuniões – Deus Se importa com nossas amizades e nós precisamos de amigos. Ele fez
questão de restaurar os amigos de Jó e queria que todos eles se amassem, pois precisavam uns dos outros.
Algumas lições para se entender e praticar:
1) Cultive amizades. Não com qualquer pessoa, mas com aqueles que Deus colocar em sua vida. Ele
quer que você e seus filhos tenham amigos. Ninguém deve ficar em casa deprimido pensando: “Ninguém
gosta de mim, ninguém me visita”. Vá visitar alguém, faça amizades, mas não fique sozinho. Deus não gosta
que você sofra de depressão, solidão ou desânimo. Ele quer que você tenha amigos, pois estes ajudam,
resolvem e às vezes até atrapalham, mas isso também é bom. Às vezes eles lhe compreendem, às vezes
não. Às vezes você se chateia com eles, às vezes não. Mas você precisa de amigos! Jó precisou dos amigos
para ouvi-lo; ele não estava sozinho em sua situação.
Ninguém pode ficar solitário e isso é algo espiritual. Não precisamos só de reuniões, mas também
de amigos. Quem são seus amigos de verdade? Para eles você pode falar a verdade – até para “amaldiçoar
o dia em que nasceu”. Amigos são aqueles que você pode abrir o coração, falar quando não está bem.
Quando não tem esta liberdade com alguém, então este não é seu amigo, mas apenas seu conhecido.
2) Tenha poucos amigos, mas de verdade. As pessoas não conseguem ter muitos amigos – amigos
de verdade são poucos, pois não temos força psíquica e emocional para abrir nossas situações com muita
gente. É melhor ser amigo de poucos do que ser falso. Seja educado e cortês com todos, mas com os
amigos de verdade abra a vida para valer, pois o próprio Deus está interessado em suas amizades. Ele gosta
dos seus amigos e quer que vocês mantenham essa amizade.
Se eu tenho amizades verdadeiras, pessoas muito próximas com quem abro o coração, falo a
verdade e às vezes até confronto e discuto, isso me torna uma pessoa saudável. E, se eu sou saudável,
posso acolher um desconhecido, posso orar por um irmão mesmo não sendo amigo dele. Deus não quer
“panelinhas”. Ele quer amizades fortes que me tornem saudável, pois, sendo saudável, posso acolher e
amar qualquer um.
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Eu não sou carente, com dó de mim mesmo, deprimido, mas sou alegre, feliz porque tenho amigos.
Logo, não é uma “panela fechada” – posso demonstrar amor por pessoas que não conheço, que nunca vi.
Deus não quer uma igreja cheia de “panelinhas fechadas”, mas Ele quer “panelinhas abertas” onde o
“cheiro” exala e as pessoas conseguem chegar e se alimentar. Não serei amigo de todos, mas vou manter
minhas amizades para que eu seja saudável e, dessa forma, possa dar amor a quem necessitar.
3) Pare de ser mesquinho em suas orações. Levante seus olhos, pare de pedir pouco, não tenha
uma visão de formiga. Olhe grande e peça coisas grandes. Comece a sonhar os sonhos de Deus. Temos
orado como Congregação para que a nuvem de Deus se mova de tal forma no bairro em que estamos que
atinja a Faculdade próxima, os bares vizinhos, as igrejas e casas da redondeza; que Deus comece a mover
de forma sensível e poderosa nessa região para que coisas grandes comecem a acontecer. Jó ganhou o
dobro, então vamos pedir muito, pois podemos ganhar muito para a glória, para a honra e para o reino de
Deus.
Concluindo, quero dizer que a igreja perdeu sua autoridade por causa da falta de unidade e falta de
amizades verdadeiras. Ela se voltou apenas para atividades e reuniões e não desenvolveu um amor de
coração. No livro de Atos lemos que “da multidão dos que creram era um o coração e a alma” (4:32). A
Bíblia fala de “entranháveis afetos e misericórdias” entre nós (Fp 2:1). “Entranháveis” tem a ver com
entranhas, ou seja, o problema do meu irmão não afeta somente a minha cabeça, mas também as minhas
emoções e sentimentos.
Se nós formos atingidos pelas emoções de Deus sobre nossos amigos e irmãos, a autoridade de
Deus na igreja vai voltar. Os sinais, prodígios e milagres voltarão a acontecer em nosso meio. Deus nos deu
essa autoridade e a igreja a perdeu. Mas ela irá voltar quando tivermos unidade e fecharmos as brechas de
falta de amizades entre nós.
Quanto mais sentirmos que Deus está nos unindo com pessoas é porque mais coisas Ele quer fazer.
Portanto, vamos permitir que Ele trabalhe em nossas vidas e feche todas as brechas, todas as
“hemorragias” por onde a vida que está no sangue vaze e nos torne anêmicos. Quando a hemorragia é
estancada o sangue permanece e somos curados de toda anemia. Por isso Deus está curando a igreja na
face da terra tirando as divisões, brigas, amarguras, contendas – tudo que existe de errado nos
relacionamentos com pessoas de perto e de longe.
A igreja vai conseguir conter a graça e, à medida que essa graça aumentar, teremos autoridade
para operar maravilhas – abrir os olhos dos cegos, levantar os paralíticos, levantar os mortos etc. Prodígios
e sinais que nem esperamos irão acontecer, pois a autoridade da igreja cresce na mesma medida que
restauramos a unidade de verdade uns com os outros.
É uma tragédia quando alguém fica anos em uma igreja e, por causa de um probleminha, vai para
outra igreja, não sofre nada e ninguém sofre nada. Pense: será que seu relacionamento com as pessoas da
igreja é só de reuniões, só de domingos? Que tanto faz onde você está? Não estou dizendo que você irá
permanecer na mesma congregação até o fim da sua vida, mas a separação genuína é como um filho que
cresce, casa e sai da casa – não é uma separação brigada, mas abençoada. Eu sinto muita dor no coração
quando passamos anos juntos mas não se formam ligações, amizades entre nós. Isso é uma tragédia, não
pode ser assim. Se algum dia um irmão sair do nosso meio que seja em paz, abençoado, não quebrando
laços ou alianças, mas em vitória, enviado. Que não seja rompendo amizades, mas respeitando-as e saindo
debaixo da benção e da vontade de Deus.
Resumindo, PRECISAMOS UNS DOS OUTROS – não só nas reuniões, mas em todo o tempo.
Precisamos ser um só coração e uma só alma. Chegará o dia em que vamos nos dar radicalmente uns aos
outros, inclusive financeiramente. Em Atos 2:44,45 diz: “Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo
em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que
alguém tinha necessidade”. Quando o Espírito Santo começar a Se mover na igreja, esta terá autoridade
para curar e liberdade para dar. Seremos uma igreja que ora, uma igreja que faz missões e uma igreja que
dá. Amém!
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PERDÃO TRANSFORMA
Francisco Vanderlinde
“Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça
de Deus.” (2 Coríntios 5:21)
N
unca podemos nos esquecer de quem somos em Adão – a maldade que herdamos dele, a natureza
caída e pecadora. Paulo, no início de sua carreira ministerial, dizia: “Eu sou o menor dos apóstolos” (1
Co 15:9). Passados alguns anos ele dizia: “Eu sou o menor dos santos” (Ef 3:8). E, ao final de sua vida, ele
dizia: “Eu sou o pior dos pecadores” (1 Tm 1:15). Quanto mais perto estamos de Deus, da Sua majestade e
santidade, mais percebemos a maldade do nosso coração. Mas também não podemos nos esquecer de
quem somos agora em Cristo. O texto acima diz que Deus tornou Jesus “pecado por nós”, por nossa causa.
Isaías profetizou:
“Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo
que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos
desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a
iniquidade de nós todos.” (Isaías 53:5,6)
Essa é a bondade, a misericórdia, o amor de Deus pela minha e pela sua vida. Paulo disse:
“E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne,
vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos; tendo cancelado o escrito de
dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o
inteiramente, encravando-o na cruz;” (Colossenses 2:13,14)
Davi, falando sobre a bondade e o perdão de Deus, disse:
“Pois tu, Senhor, és bom e compassivo; abundante em benignidade para com todos os que te
invocam.” (Salmos 86:5)
“Se observares, Senhor, iniquidades, quem, Senhor, subsistirá? Contigo, porém, está o perdão, para
que te temam.” (Salmos 130:3,4)
Também, disse o escritor aos Hebreus referindo-se à Nova Aliança de Jesus conosco:
“Também de nenhum modo me lembrarei dos seus pecados e das suas iniquidades, para sempre.
Ora, onde há remissão destes, já não há oferta pelo pecado.” (Hebreus 10:17,18)
Ou seja, pela Nova Aliança, Deus nos concede o perdão de todos os nossos pecados por meio do
sacrifício perfeito e completo do Seu Filho Jesus na cruz. Jesus disse: “Está consumado” (Jo 19:30), ou seja,
é eterno, para sempre. Obviamente que Deus Se lembra dos nossos pecados, mas o texto diz que Ele não
vai mais “jogar em nossa cara” o que fizemos. É muito importante entendermos, aceitarmos, acolhermos
essa verdade no coração: “Eu fui perdoado, eu estou perdoado e eu serei perdoado”.
João disse:
“Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar
de toda injustiça.” (1 João 1:9)
Deus é justo para nos perdoar pois o que Jesus fez por completo. Ou seja, Ele não seria justo se não
nos perdoasse, pois em Jesus fomos feitos justiça de Deus ao obter para nós o perdão eterno, algo que já
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estava em Seu coração antes da criação de todas as coisas: “...o Cordeiro que foi morto desde a fundação
do mundo” (Ap 13:8). Essa é a base para que nós também perdoemos. Quando eu compreendo de fato o
perdão de Deus, então posso perdoar de coração e não retê-lo para ninguém.
Um irmão muito amado, Charles Barbosa, já falecido, disse uma frase muito importante: “Eu não
tenho o direito de me ofender”. Ele trabalhava em uma organização chamada “Transformações” e fizeram
alguns vídeos em alguns lugares no mundo que haviam passado por avivamentos. Em certa ocasião ele
relatou que, com esse trabalho, começaram a entender algumas coisas que cooperavam para que houvesse
o avivamento em determinado lugar, para que coisas maravilhosas e poderosas acontecessem. A primeira
coisa que faziam ao perceber que havia a tendência para um avivamento em alguma cidade era reunir os
pastores daquele lugar e promover reconciliação entre eles. Eles diziam: “Vocês precisam se perdoar, se
reconciliar porque isso vai produzir um ambiente convidativo para o Espírito Santo vir e agir. Vocês precisam
criar um ambiente onde o Espírito Se sinta à vontade!” Esse ambiente viria quando houvesse liberação de
perdão e reconciliação entre as lideranças espirituais daquelas cidades.
“E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção. Longe de vós,
toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia. Antes, sede uns
para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em
Cristo, vos perdoou.” (Efésios 4:30-32)
A amargura – que é a falta de perdão – é a primeira coisa citada por Paulo que entristece o Espírito
Santo. Amargura, em seu âmago, é o desejo que algo aconteça à pessoa que nos causou um dano. É a
expectativa interior de que alguma coisa “justa” aconteça com ela, que ela “receba o que merece”. Em
geral, “crente não odeia, não deseja vingança”, mas a amargura é justamente isso. O que é vingança, senão
o desejo de que se faça justiça? “Se aquela pessoa me ofendeu, machucou, prejudicou, então ela precisa
sofrer, pagar pelo que fez”.
Eu estava ministrando no Sul do Brasil e fiquei sabendo de uma pessoa que estava com o seguinte
sentimento: sua mãe lhe havia feito muitas coisas erradas, ferido, magoado. Então, dizia essa pessoa, “ela
não pode se converter agora, mas precisa antes sofrer um pouco pelo que fez”. Isso entristece e impede o
Espírito Santo de agir. Todos temos muitos dons dados pelo Senhor, mas que não estão fluindo devido a
amarguras guardadas no coração e Deus quer que sejamos limpos disso.
Esse assunto tem me preocupado muito, porque Jesus está perto de voltar e nós precisamos
acertar essas coisas hoje e não continuar deixando “para amanhã”. Talvez alguém diga: “Ah, mas Jesus
ainda vai demorar para voltar”. Mas, qual é a segurança de que estaremos vivos amanhã? Não é arriscar
demais? Então, se há algo pendente, algo que precisa ser consertado, tomemos essa decisão hoje! Vamos
perdoar, liberar perdão, arrancar do coração toda raiz de amargura: “...nem haja alguma raiz de amargura
que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados” (Hb 12:15b).
Junto com essa atitude, Paulo fala do sentimento de vingança:
“...não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira (de Deus), porque está escrito: A
mim me pertence a vingança; Eu é que retribuirei, diz o Senhor.” (Romanos 12:19)
Somente o Senhor sabe de fato o que deve ser feito às pessoas que, de alguma forma, nos feriram.
Nós “pensamos” e “achamos” que sabemos, mas não é verdade – só Deus sabe, só Deus faz – isso é algo
que pertence exclusivamente a Ele. No entanto, Ele é misericordioso e perdoador. Geralmente queremos
misericórdia para nós e justiça para os outros, mas devemos ser coerentes, como Jesus ensinou: “Bemaventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt 5:7).
“Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis
perdoados;” (Lucas 6:37)
“A quem perdoais alguma coisa, também eu perdoo; porque, de fato, o que tenho perdoado (se
alguma coisa tenho perdoado), por causa de vós o fiz na presença de Cristo; para que Satanás não
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alcance vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos os desígnios.” (2 Coríntios 2:10,11)
Quando eu não perdoo estou dando brecha a Satanás e, então, ele tem o direito legal de fazer o
que quiser em mim. Isso se torna um acesso, um meio para que ele entre e prejudique nossas vidas. Jesus
disse que ele veio para “matar, roubar e destruir” (Jo 10:10a).
Eu sempre uso um bóton com a inscrição “70 X 7” (Mt 18:21,22). Não uso apenas para explicar o
significado do mesmo às pessoas, mas também para eu me lembrar que preciso perdoar sempre. Assim,
devemos nos levantar todos os dias e dizer: “Hoje eu vou perdoar tudo o que precisa ser perdoado”. Leia
todo o capítulo 18 de Mateus, que traz o contexto deste verso, para compreender perfeitamente o que
Jesus nos ensinou sobre a prática contínua do perdão. Ao final da parábola ele faz uma advertência muito
forte:
“E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que lhe pagasse toda a dívida. Assim
também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão.” (vs.34,35)
É o Pai Celestial, e não o diabo, que fará isso se não perdoarmos os nossos irmãos.
Perdoar é difícil; ninguém consegue fazê-lo facilmente. A maioria de nós ainda guarda mágoas
antigas, embora não o reconheçamos. A Bíblia diz que o nosso coração “é enganoso e desesperadamente
corrupto” (Jr 17:9). Por isso devemos pedir ao Espírito Santo que faça uma “varredura”, uma limpeza em
nosso interior e nos revele tudo o que temos guardado contra alguém para que possamos perdoar.
“Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa
contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então,
voltando, faze a tua oferta.” (Mateus 5:23,24)
Deus não irá aceitar nossas ofertas se, antes, não nos reconciliarmos com nossos irmãos. Na oração
do “Pai Nosso” Jesus nos ensina exatamente isso:
“...e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores (...)
Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se,
porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas
ofensas.” (Mateus 5:12, 14, 15)
O Senhor está nos chamando hoje para sermos “especialistas em perdoar”. Perdoar nunca foi e
nunca será fácil. Inclusive, não o foi nem para o próprio Jesus. Um pouco antes de ir para a cruz, no Jardim
do Getsêmani, ele orou:
“Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu
queres (...) Tornando a retirar-se, orou de novo, dizendo: Meu Pai, se não é possível passar de mim
este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade.” (Mateus 26:39,42)
Perdoar não é fácil, mas existe algo mais difícil ainda – conviver com o peso da falta de perdão.
Quanto prejuízo, quantas coisas deixamos de fazer, quantas bênçãos deixamos de usufruir quando nos
permitimos viver com esse sentimento. Assim, vamos deixar toda mágoa, ressentimento e vingança aos pés
de Cristo, na cruz. Tomemos hoje mesmo uma decisão prática e diária de perdoar e pedir perdão.
Não tem sentido alguém dizer: “Eu não sinto de perdoar”, pois perdão não é sentimento, mas uma
decisão (assim como amar). O texto acima mostra, inclusive, que é uma ordem ou mandamento do próprio
Senhor Jesus. Mas, como é um assunto desagradável e que mexe com nosso íntimo, temos a tendência de
esquecer facilmente e não tratar, não resolver. Mas eu quero lhe encorajar a fazê-lo, mesmo sabendo que
há situações muito difíceis. Por exemplo, é sobre-humano para a esposa e a mãe de um jovem assassinado
perdoar o seu assassino. Mas, se elas quiserem ser livres interiormente, terão de fazê-lo. Vivemos em um
mundo caído, cheio de maldades e injustiças e, por isso, precisamos aprender a perdoar, sermos
“especialistas” em fazê-lo. Todos os dias teremos oportunidades para exercitar o perdão.
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Um dos maiores exemplos de perdão que temos na Bíblia é José. Praticamente um quarto do livro
de Gênesis é dedicado à sua história de vida. Assim, Deus está nos chamando a atenção para aprendermos
lições importantes com ele.
José amargou 17 anos como escravo no Egito, tendo passado por inúmeras situações de injustiças,
acusações, calúnias, prisões etc. Mas, de repente, sua vida sofre uma virada repentina e ele passa a ser o
primeiro-ministro do Egito, abaixo apenas de Faraó. Seus irmãos, devido à fome em sua terra, procuraram
por alimentos no Egito e por fim, no capítulo 45, José se dá a conhecer a eles.
Ele falava com seus irmãos em língua egípcia usando um intérprete, mas, depois, ele manda todos
os egípcios saírem do ambiente e se revela a eles, falando-lhes em sua própria língua hebraica. Isso porque,
possivelmente, os egípcios matariam os irmãos de José se soubessem o que haviam feito a ele. A lição aqui
é que, quando perdoamos alguém de coração, não devemos contar a outros o que ele nos fez, pois, nesse
caso, não será um perdão verdadeiro e total. Quando continuamos relatando e relembrando o que alguém
nos fez de ruim estamos, na verdade, nos vingando. Falamos mal porque queremos prejudicá-lo um pouco,
fazê-lo sofrer ou “pagar” pelo que nos fez porque “ele merece isso; as pessoas tem de saber que tipo de
pessoa ele é!”
“Disse José a seus irmãos: Agora, chegai-vos a mim. E chegaram-se. Então, disse: Eu sou José, vosso
irmão, a quem vendestes para o Egito. Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos irriteis contra vós
mesmos por me haverdes vendido para aqui; porque, para conservação da vida, Deus me enviou
adiante de vós (...) José beijou a todos os seus irmãos e chorou sobre eles; depois, seus irmãos
falaram com ele.” (45:4, 5, 15)
Seus irmãos devem ter pensado: “Com certeza, agora ele vai dar o troco”, mas não foi o que José
fez. Quando perdoamos de coração nos tornamos acessíveis àquele que perdoamos. Sou eu quem me
aproximo e lhe digo: “Não se preocupe mais, está tudo bem, fique em paz”.
Perdoar não é “fazer de conta” que não aconteceu nada. É admitir que houve um desejo e uma
ação de fazer o mal, de prejudicar, mas Deus estava por detrás da situação. Esse é um grande princípio e
lição, pois “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que
são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8:28). Os irmãos de José planejaram o mal contra ele, mas
Deus estava orquestrando o livramento para sua família.
Ao dizer isso, José, além de perdoá-los, também os ajudou a se autoperdoarem, a não ficarem mal
pelo que haviam feito. Perdoar é tirar o peso da outra pessoa. Eu li uma frase que dizia: “Se quando
perdoar você se sentir por cima, esse perdão não é válido”. Infelizmente isso é muito normal em nosso
meio. Um irmão diz ao outro: “Você me feriu, me magoou. Mas em nome de Jesus eu te perdoo, tá?” Ou
seja, ele se coloca de uma forma superior e deixa a outra pessoa mal. E, às vezes, aquele irmão nem sabia
que lhe havia magoado. Inclusive, quase 90% das pessoas que nos machucam não sabem que o fizeram – e
nós ficamos esperando que venham nos pedir perdão.
Os irmãos de José precisavam se encontrar com Jacó, seu pai, para dar-lhe essa notícia e José deu
um passo além – não lhes permitiu que contassem ao pai o que haviam feito, isso porque Jacó ficaria muito
feliz com a notícia de que seu filho estava vivo, mas muito triste e aborrecido com a atitude de seus outros
filhos. Ou seja, existem coisas que não devemos falar.
A família toda foi para o Egito, viveram em paz por 17 anos e Jacó faleceu. Após isso, os irmãos de
José o procuraram de novo, temerosos de que ele lhes retirasse o perdão:
“Vendo os irmãos de José que seu pai já era morto, disseram: É o caso de José nos perseguir e nos
retribuir certamente o mal todo que lhe fizemos. Portanto, mandaram dizer a José: Teu pai ordenou,
antes da sua morte, dizendo: Assim direis a José: Perdoa, pois, a transgressão de teus irmãos e o seu
pecado, porque te fizeram mal; agora, pois, te rogamos que perdoes a transgressão dos servos do
Deus de teu pai. José chorou enquanto lhe falavam. Depois, vieram também seus irmãos,
prostraram-se diante dele e disseram: Eis-nos aqui por teus servos.” (45:15-18)
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No entanto, a resposta de José foi exatamente a mesma que havia dado 17 anos antes:
“Respondeu-lhes José: Não temais; acaso, estou eu em lugar de Deus? Vós, na verdade, intentastes
o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve
muita gente em vida. Não temais, pois; eu vos sustentarei a vós outros e a vossos filhos. Assim, os
consolou e lhes falou ao coração.” (45:19-21)
Ou seja, apesar de todo o tempo decorrido seus irmãos ainda não haviam entendido seu perdão
total, seu compromisso de perdoar para sempre. Esse é o mesmo compromisso que nós precisamos
assumir com aqueles que nos feriram de alguma forma – totalmente, todos os dias, para sempre!
Lembranças dolorosas podem voltar à memória, atitudes erradas podem se repetir, mas devemos perdoar
novamente, sempre.
Uma das coisas que nos ajudam muito a perdoar de todo o coração é quando passamos a orar
pelas pessoas que nos feriram. É difícil, mas é glorioso e eficaz. Um exemplo disso é Jó. Ele havia sido
“maltratado” pelos seus amigos. Nos primeiros sete dias eles foram ótimos, pois ficaram em silêncio, não
lhe acusaram de nada. Mas, depois, falaram muitas bobagens e o magoaram. Quando tudo terminou, Deus
lhes disse:
“Tomai, pois, sete novilhos e sete carneiros, e ide ao meu servo Jó, e oferecei holocaustos por vós. O
meu servo Jó orará por vós; porque dele aceitarei a intercessão, para que eu não vos trate segundo
a vossa loucura; porque vós não dissestes de mim o que era reto, como o meu servo Jó. Então,
foram Elifaz, o temanita, e Bildade, o suíta, e Zofar, o naamatita, e fizeram como o SENHOR lhes
ordenara; e o SENHOR aceitou a oração de Jó. Mudou o SENHOR a sorte de Jó, quando este orava
pelos seus amigos; e o SENHOR deu-lhe o dobro de tudo o que antes possuíra.” (Jó 42:8-10)
É difícil, mas esse é o caminho do perdão total. Eu li o seguinte há poucos dias:
“O perdão total magnânimo abre a possibilidade de transformação no ofensor. Quando você
perdoa alguém, remove o mal da pessoa que o praticou. Você separa a pessoa do ato que ela
praticou que lhe feriu ou prejudicou. Você recria a imagem do ofensor. Em um primeiro momento, a
identifica com o mal que ela praticou, mas, no momento seguinte, ao perdoá-la, muda essa
identidade. Você refaz a identidade dessa pessoa em sua memória; passa a pensar nela não como
alguém que lhe feriu, mas como alguém que necessita de você. Agora não a sente mais como
alguém separada de você, mas como alguém que pertence a você. No passado, você a rotulou como
forte, poderosa no mal, mas agora a vê como uma pessoa fraca e com necessidades. Você, ao
perdoar, recriou o seu próprio passado ao recriar a pessoa cujo mal fez o seu passado ser doloroso.
Se você puder chegar ao ponto de perdoar de todo o coração, irá liberar o poder de curar tanto em
você quanto naquele que lhe ofendeu. Você saberá que o perdão começou quando, ao lembrar
daqueles que o machucaram, sentir o poder de desejar-lhes o bem.”
Contei em uma mensagem anterior a história de Corrie Ten Boom, uma cristã holandesa que,
juntamente com sua irmã, acolheram judeus em sua casa durante a Segunda Guerra e foram presas em um
Campo de Concentração. Sua irmã faleceu, mas Corrie conseguiu sobreviver e passou a testemunhar nas
igrejas. Ela gostava muito da passagem de Miquéias 7:19: “...e Tu lançarás todos os seus pecados nas
profundezas do mar” e dizia que, em cima disso, Deus colocava uma placa escrita: “Proibido Pescar”.
Em 1947, ao terminar de pregar sobre o perdão de Deus em uma igreja na Alemanha, veio um
homem em sua direção e ela o reconheceu como um dos guardas do Campo de Concentração. Ele lhe
disse: “Que bom saber, como disse, que nossos pecados estão todos no fundo do mar!” E continuou: “Você
mencionou Ravensbruck na sua palestra. Eu fui guarda lá. Mas, depois disso, tornei-me cristão. Eu sei que
Deus me perdoou pelas coisas cruéis que cometi lá, mas eu gostaria de ouvi-lo da sua boca também. Você
me perdoa?”
Então ela descreveu o que sentiu: “Naquele momento, pensamentos irados de vingança
borbulhavam dentro de mim. De repente, eu vi que era pecado pensar assim. Jesus Cristo havia morrido por
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este homem – poderia eu exigir mais alguma coisa? Então eu orei: ‘Senhor Jesus, me perdoe e ajude-me a
perdoá-lo. Jesus, eu não consigo perdoá-lo. Dá-me a graça de perdoar!’ E, assim, descobri que a cura deste
mundo não se apoia no nosso perdão e nem na nossa bondade, mas no perdão de Deus. Quando Ele nos
fala para amar nossos inimigos, Ele nos dá, junto com a ordem, o próprio amor necessário para amar e
perdoar.”
Naquela situação terrível ela percebeu a coisa mais importante que existe – a pessoa que nos feriu
foi perdoada na cruz do calvário; Deus já a perdoou! Talvez essa pessoa ainda não tenha recebido, se
apropriado desse perdão em seu coração, mas seus pecados já foram pagos. Por isso, não temos mais o
direito de nos ofendermos e de retermos o perdão para qualquer pessoa que seja.
Ao final daquela experiência, Corrie descobriu que a fonte, a capacitação para perdoar vem do
próprio Deus. Ele nos dá esta condição. É possível, eu posso perdoar porque Jesus me perdoou e Deus me
capacita a perdoar. Posso perdoar qualquer coisa, qualquer pessoa, qualquer situação – seja o que for, por
mais difícil que seja, “Porque Dele e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente.”
(Rm 11:36). Jesus disse: “...sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15:5) e Paulo disse: “Tudo posso Naquele que
me fortalece” (Fp 4:13).
Muitos anos atrás, na Inglaterra, uma irmã estava dirigindo e um carro cortou a sua frente, houve a
batida e ela feriu sua coluna cervical. Ficou com o pescoço duro e não podia mais se virar; perdeu sua carta
e não pode mais dirigir. Passados quase 20 anos alguém lhe perguntou: “Você já perdoou a pessoa que
causou esse acidente?” “Acho que sim”, respondeu ela. “Você já orou por ela?” “Não”, disse. “Você poderia
orar por ela agora?” E ela orou. No dia seguinte, ao se levantar, ela conseguiu mexer seu pescoço. Quando
orou, ela liberou o perdão total sobre aquela pessoa e foi curada.
O perdão liberta, traz cura, muda todas as situações. Quando perdoarmos de verdade nossa vida
nunca mais será a mesma! Assim, deixe o Espírito Santo limpar seu coração e faça a seguinte oração:
“Jesus, eu não consigo. Me ajude, me dê o Teu perdão e a Tua graça para isso. Eu não posso mais
viver desta forma. Eu preciso e Te peço que o Teu Santo Espírito ministre ao meu coração essa
certeza do Teu perdão para comigo e para com os meus irmãos, e também a certeza e o descanso
de que eu posso ser totalmente livre ao perdoar – pois, enquanto eu não perdoar, não serei livre.
Me ajude, Senhor. Eu quero ser cheio do Teu Espírito, quero que Ele flua em minha vida e na vida
dos meus irmãos. Queremos o Avivamento, Senhor, por isso limpa essas coisas das nossas vidas,
qualquer pendência que ainda tenha. Ajuda-nos a sermos perdoadores como o Senhor. Pela Tua
graça nos ajude!
Senhor Jesus, eu libero o perdão a todos que me ofenderam, que me feriram e peço que os abençoe.
Que eles não sofram a consequência do que fizeram a mim. Que eles prosperem em tudo, sejam
cheios do Senhor, transbordem do Senhor. Quero o bem deles. Tomo a decisão hoje de não guardar
mais nada contra ninguém. Não vou falar do que fizeram para mim, mas vou ajudá-los a se
sentirem bem, vou protegê-los e vou orar por eles para que também sejam cheios da Tua graça, do
Teu amor, do Teu perdão. Eu decido hoje ser um perdoador, um especialista em perdoar. Amém!”
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ARREPENDIMENTO = MUDANÇA DE MENTE
Harold Walker
1. A VERDADE VEM ATRAVÉS DE REVELAÇÃO DO ALTO
“Tendo Jesus chegado às regiões de Cesaréia de Felipe, interrogou os seus discípulos, dizendo:
Quem dizem os homens ser o Filho do homem?” – Mateus 16:13.
Em outras palavras Jesus está perguntando aos seus discípulos: “Qual o conceito da maioria das
pessoas sobre mim? O que a coletividade das mentes humanas pensa? Quando veem os meus milagres e
ouvem as minhas mensagens, o que eles acham de mim? Qual é o consenso da maioria dos homens a meu
respeito?”
“Responderam eles: Uns dizem que é João, o Batista; outros, Elias; outros, Jeremias, ou algum dos
profetas.” – Mateus 16:4.
Hoje, é costume fazer levantamento de opinião para ver o que a maioria pensa, porém, essa
opinião não é a resposta certa. A Bíblia diz que “espaçoso é o caminho que conduz à perdição e apertado o
caminho que conduz à vida” (Mt 7:13,14). O que todo mundo pensa não é a verdade.
“Mas vós, perguntou-lhes Jesus, quem dizeis que eu sou?” – Mateus 16:15.
Jesus esperava que os seus discípulos tivessem uma mente diferente da maioria. “Tudo bem – dizia
ele – os outros pensam assim, mas e vocês?”
“Respondeu-lhe Simão Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Disse-lhe Jesus: Bem-aventurado
és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que te revelou, mas meu Pai, que está nos
céus.” – Mateus 16:16,17.
De alguma forma, um homem na terra sabia o que o Pai estava falando no céu. O que Deus revelou
a esse homem não estava escrito nos jornais, nem era fruto de pesquisa de opinião. Deus falou na terra
pela boca de um homem, um simples pescador – “Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque o que
você está falando não veio de você nem dos outros, mas veio do meu Pai que está no céu.”
“Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas
do inferno não prevalecerão contra ela; dar-te-ei, as chaves do reino dos céus; o que ligares, pois,
na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus. Então ordenou
aos discípulos que a ninguém dissessem que ele era o Cristo.” – Mateus 16:18-20.
Jesus poderia ter pedido a Pedro para proclamar aos outros a revelação que recebera e, assim,
desmanchar de suas cabeças a opinião errada, mas, ao invés disso, ele ordenou que não o fizesse. A razão
dessa ordem é que não adiantaria Pedro falar, pois não fora Jesus que o revelara e, sim, o Pai que está no
céu. O céu não transmite uma informação a uma pessoa por meio de outra pessoa, mas o faz quando a
mente de alguém tem revelação. Os outros não podem ficar sabendo a respeito de Jesus por meios
naturais, mas por meio da revelação do alto em suas mentes.
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2. OS PORTAIS DO CÉU E DO INFERNO ESTÃO EM NOSSAS MENTES
“Desde então começou Jesus Cristo a mostrar aos seus discípulos que era necessário que ele fosse a
Jerusalém, que padecesse muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes, e dos escribas, que
fosse morto, e que ao terceiro dia ressuscitasse. E Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendêlo, dizendo: Tenha Deus compaixão de ti, Senhor; isso de modo nenhum te acontecerá.” – Mateus
16:21,22.
O mesmo Pedro que minutos antes tivera a revelação, agora diz: “Você esqueceu que é o Filho do
Deus vivo? Vai morrer na cruz, apanhar, ser chicoteado, cuspido, desprezado e deixado nu na cruz? Jesus,
você está louco? Tem alguma coisa errada com você!”
“Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo;
porque não estás pensando nas coisas que são de Deus, mas sim nas que são dos homens.” –
Mateus 16:23.
Deus e o diabo querem agir na terra e a chave para deixar um dos dois agir é a nossa mente, nosso
pensamento. Deus poderia agir porque é soberano, mas Ele não age sem que alguém gire a chave. Da
mesma forma o diabo – ele também quer agir, mas não pode se alguém não abrir a porta. O portal do céu
ou do inferno está em nossas mentes. Você e eu, naturalmente falando, não podemos fazer nada – nem de
bem, nem de mal; nem do céu, nem do inferno – somos apenas seres humanos, carne e sangue. Nós somos
uns “coitadinhos”, porém, temos a chave para que as coisas aconteçam.
Talvez por ignorância, falta de zelo ou disciplina nós deixamos o inferno agir na terra – não usamos
a chave que temos na maior parte do tempo; nós fomos colocados na terra para derrotar as obras de
satanás. Jesus foi embora, mas nos deixou com a incumbência de trazer o céu para a terra. Ele orou:
“Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6.10). Doença não é do céu, é
do inferno e, portanto, precisa ser tirada da terra. Por quem? Por você! Como? Ligando a chave e deixando
o céu entrar na terra.
Pedro deixou o diabo usá-lo ao pensar em coisas humanas. Não é preciso ir ao centro espírita e
deixar um espírito baixar em você. Só precisa pensar nas coisas dos homens, pensar “normal” e o diabo
ficará feliz, porque você lhe abriu a porta. Por exemplo, ao ver alguém doente você diz que ele não vai
sarar, isso é o diabo falando! Ao ver uma pessoa agindo errado você diz que ela nunca terá conserto, é o
diabo falando. “Eu não consigo andar sobre as águas!” – novamente é o diabo falando. Jesus andou, Pedro
andou. Tudo o que a mente natural fala é campo próprio do diabo. Mas nós não somos do diabo, porque
houve ARREPENDIMENTO em nós.
3. ARREPENDIMENTO É MUDANÇA DE MENTE
A nossa mente não é mais satânica; agora ela é diferente. Porém, não basta apenas nos
arrependermos e sermos batizados para que a nossa mente seja diferente.
“Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, é naqueles que se perdem que está encoberto,
nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não
resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus.” – 2 Coríntios 4:3,4.
É na mente, no entendimento, que o diabo atua para que a pessoa não receba o evangelho. “O
deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos” e ninguém consegue mudar isso. A Bíblia diz que
nós pregamos o evangelho crendo que Deus pode agir na pessoa quando ela ouve. O mundo está
caminhando por caminhos terríveis em nossos dias e ninguém pode mudar isso a não ser Deus, pela Sua
Palavra.
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“Portanto digo isto, e testifico no Senhor, para que não mais andeis como andam os gentios, na
vaidade da sua mente, entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância
que há neles, pela dureza do seu coração.” – Efésios 4:17,18.
Nos versículos acima, Paulo não fala a descrentes, a pessoas que não se arrependeram. Antes, ele
fala àqueles que já se arrependeram, foram batizados e agora estão servindo a Deus. É possível se
arrepender, mas continuar andando na mente errada e é justamente isso que Deus quer mudar em nossas
vidas.
“Mas vós não aprendestes assim a Cristo. Se é que o ouviste, e nele fostes instruídos, conforme é a
verdade em Jesus, a despojar-vos, quanto ao procedimento anterior, do velho homem, que se
corrompe pelas concupiscências do engano; a vos renovar no espírito da vossa mente; e a vos
revestir do novo homem, que segundo Deus foi criado em verdadeira justiça e santidade.” – Efésios
4:20-24.
A pessoa que se arrependeu precisa continuamente renovar sua mente. A palavra “renovar”
aparece poucas vezes na Bíblia. A sílaba re significa “novamente, repetir”. Tudo o que é re é novo outra vez.
Assim, renovar implica em ficar jovem, ficar novo ou fresco, revigorar. Caso não dormíssemos à noite
estaríamos simplesmente acabados, pois é durante o sono que nossos neurônios se renovam, as sinapses
erradas são desmontadas e, ao nos levantar, nos sentimos novos. Essa é uma ilustração biológica, mas,
espiritualmente falando, o cristão também não pode permanecer como está; ele precisa de uma mente
renovada, remoçada e rejuvenescida. É assim que somos transformados e nossa mente deixa de ser
obscurecida; é assim que nos tornamos canais para que o céu chegue à terra. Nossa mente não precisa ser
natural. Nós podemos e devemos andar na terra com uma mente e pensamentos sobrenaturais.
“... eu, tendo ouvido falar da fé que entre vós há no Senhor Jesus e do vosso amor para com todos
os santos, não cesso de dar graças por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações, para que o
Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê o espírito de sabedoria e de revelação no
pleno conhecimento dele; sendo iluminados os olhos do vosso coração...” – Efésios 1:15-18.
Que Deus fale conosco, que tenhamos o espírito de sabedoria e de revelação para que sejam
iluminados os olhos do nosso coração!
4. A MORNIDÃO DA IGREJA DE LAODICEIA
A única coisa que havia na igreja de Laodiceia era a sua mornidão. Porém, Deus disse que não
gostava dessa mornidão: “Eu não gosto, me dá nojo. Eu queria que ela fosse fria. Não tem nada de bom
nessa igreja. Nada! A única coisa é que ela não é fria – vai para a reunião todo domingo, dá o dízimo, é
crente, não está no pecado. Mas ela não tem paixão por Jesus e é dominada por uma mente errada!” Essa
situação de Laodiceia ilustra, muitas vezes, a nossa própria situação. Vamos para os cultos todos os
domingos, damos os dízimos, somos crentes e não estamos em pecado. Porém, não temos paixão por Jesus
e somos dominados por uma mente errada. Qual era a mente errada de Laodiceia?
“Porquanto dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um
coitado, e miserável, e pobre, e cego, e nu.” – Apocalipse 3:17.
Ela era uma igreja desgraçada e miserável, mas “se achava”. Foi-lhe dito: “Não sabes que és pobre,
cego e nu. Eu queria que fosse fria, porque abomino o que é morno”. Assim, a única coisa que aquela igreja
tinha – sua mornidão – Deus abominava. Ele diz em Sua Palavra que repreende a quem ama. Detestava a
sua mornidão, mas a amava e, por isso, falou no versículo 18: “Aconselho-te”. Deus não nos obriga, mas
aconselha e suplica, assim como suplicou àquela igreja: “Estou à porta do seu coração e bato. Abra! Abra a
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porta do seu coração. Pare de achar que é rica e que não precisa de nada. Entenda que você está mal e que
precisa de muitas coisas, precisa de fé verdadeira.”
“...aconselho-te que de mim compres ouro refinado no fogo, para que te enriqueças; e vestes
brancas, para que te vistas, e não seja manifesta a vergonha da tua nudez; e colírio, a fim de
ungires os teus olhos, para que vejas.” – Apocalipse 3:18.
Precisamos de riquezas espirituais que duram para sempre e não de riquezas naturais. Que Deus
abra os nossos olhos para que Ele possa agir na terra. O que mais precisamos hoje é de olhos abertos.
“Rogo-vos pois irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis a este
mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente...” – Romanos 12:1,2.
Há pessoas que tentam agradar a Deus, tentam fazer as coisas certas, mas esse esforço é apenas
um atalho que as leva para muito longe e as desvia do caminho da verdade. Não adiante você tentar se
mudar! Deus não disse para a igreja de Laodiceia “fazer mais força e mais obras”. Ele disse: “Você está
vestida de trapos. Pede-me vestes brancas e eu lhe darei.” Precisamos ter revelação e os olhos do coração
abertos para vermos a riqueza da nossa herança em Cristo Jesus.
Você pode mudar todo o seu comportamento sem fazer força alguma, porque Deus lhe dá graça
para isso. Se sua mente for mudada, toda a sua vida será mudada. Porém, não basta mudar uma só vez.
Não basta você ter mudado há vinte, dez anos atrás ou no domingo passado. Não! É preciso renovar a sua
mente diariamente, pois sua tendência é sempre voltar para o normal e errado. Assim como você dorme
para renovar seus neurônios, também precisa orar para renovar seus neurônios espirituais: “Transformaivos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade
de Deus.”
Todos os dias há pessoas passando por nós e não transmitimos Deus para elas porque a nossa
mente não está renovada. Com a mente renovada nós saímos da zona de conforto e começamos a tocar as
pessoas – por ordem de Deus e não nossa. Não por obrigação ou dever, mas por alegria de ter ouvido a voz
de Deus que vem do céu para o nosso interior nos constrangendo a tocá-las. Quando Deus fala e você ouve,
você se torna um canal, uma porta do céu na terra para que pessoas sejam tocadas. Perdemos isso quando
achamos que nos arrependemos apenas para sermos salvos e irmos para o céu. Não entendemos que nos
arrependemos para trazer o céu para a terra todos os dias de nossa vida.
5. O DIABO ATACA A MENTE ATRAVÉS DO EXCESSO DE INFORMAÇÕES
Estamos vivendo dias em que o diabo tem atacado como nunca as mentes das pessoas. Ele tem
usado outra forma de ataque, além do pecado – o excesso de informações. Quando um hacker quer
derrubar um site ele não precisa usar recursos declaradamente pecaminosos. Ele incentiva milhares e
milhares de pessoas a acessar o site ao mesmo tempo e o resultado é fatal – o site trava. O diabo não tem
se preocupado tanto em colocar em nossas mentes pensamentos ruins ou malévolos; ele apenas põe
pensamentos, sejam eles quais forem. Sua estratégia é encher as cabeças com coisas vãs, bobas,
passageiras e sem valor.
Você já parou para pensar no seguinte? Uma pessoa inteligente, nível superior, com mente boa,
perseguindo um pokémon e, por causa disso, batendo o seu carro? Essa geração é tão ociosa que a
indústria de games está bilionária. As pessoas querem se divertir e, por isso, prezam muito mais as
informações medíocres do que as informações de valor. Isso é pecado? Não! Mas você não precisa se
preocupar se é pecado ou não e, sim, se a sua mente está sendo torpedeada com coisas que não
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interessam. Televisão, cinema, jornais e internet – nada disso é pecado, mas, qual é o resultado dessas
coisas em sua vida? Sua mente está cheia de quê? Isso tem se tornado a porta do céu ou a porta do inferno
para você? Para ser uma coisa do inferno ela não precisa ser pecaminosa – basta que não tenha vindo do
céu.
Deus quer que tenhamos a mente de Cristo e o diabo quer que tenhamos a mente cheia de
bobagens para, assim, poder nos manipular. O homem é a chave para o céu ou o inferno vencer a batalha.
Quem vencerá? Quem governará? Essa é uma escolha nossa, mas Deus conta conosco para usar a chave
certa que abrirá nossa mente para o céu e, assim, Ele poderá falar aos nossos corações.
6. ALGUNS ANTÍDOTOS CONTRA OS ATAQUES DO DIABO EM NOSSAS MENTES
1º) Entre no seu quarto e feche a porta. Como evitar que a mente seja invadida pelo sistema deste
mundo? É muito simples! Jesus disse: “Entra no teu quarto, feche a porta e desligue tudo o que te distrai”.
Então, o primeiro passo para não ser dominado pelo mundo e pela mente natural é a “desocupação”. Se
você quer que Deus fale com você, esvazie sua mente de tudo o mais. Isso é muito difícil para alguns e
pode até levá-los ao desespero, uma vez que celular, telefone, computador e outros recursos eletrônicos
parecem ser partes integrantes de suas vidas; não sabem viver longe deles. Mas Jesus diz: “Entra no teu
quarto e feche a tua porta.” Quando Elias quis curar o filho da sunamita, ele fechou a porta do quarto onde
estava o menino. Quando Jesus quis curar a menina morta, ele fechou a porta depois de mandar todos
saírem. Quando queria falar com o Pai, ele se dirigia para um lugar deserto ou uma montanha onde não
tivesse ninguém por perto.
Você não consegue ouvir a voz de Deus se a sua mente estiver cheia de coisas naturais, mundanas.
Então, o primeiro passo é fechar a porta para elas. Marta estava preocupada com os afazeres, mas Jesus
queria falar. Marta não queria ouvir, mas sua irmã Maria, sim. Ela desejava “uma coisa só” e, por isso, ficou
aos pés de Jesus porque não queria perder aquela chance. Ela precisava ouvir a voz de Deus. Se ouvirmos a
voz de Deus seremos mudados, como também as pessoas que nos tocarem.
2º) Encha a sua mente com a Palavra de Deus. Leia, decore, memorize, estude intensamente a
Palavra. Esvazie-se de todas as outras coisas e encha a sua mente com ela. Não precisa se sentir espiritual
ou abençoado, mas simplesmente pratique esse hábito. Entenda: você não “tem” de produzir vida na
Palavra, pois ela é vida por si mesma. Caso ela não produza vida em você, é sinal de que a deve ler mais. Os
mulçumanos, por exemplo, decoram todo o Alcorão; até mesmo as crianças o conhecem de cor. Eles têm
dedicação – e você? A Palavra precisa encher sua mente e coração!
3º) Ore – sozinho e com outros. Gaste horas em oração, pois orar pouco não resolve. Na verdade,
Deus não precisa das nossas orações, mas nós precisamos muitíssimo delas. Se você participa das nossas
Torres de Oração, não fique preocupado se não sentir nada, pois não é preciso sentir algo! O importante é
ficar fora da sintonia com o mundo e entrar em sintonia com Deus, esperando que Ele fale. Se Ele não falar
durante a oração não se aflija. Ele poderá vir em qualquer outra hora e falar com você. Aprenda a discernir
quando Ele vem e quando Ele fala. No mínimo, quando orar com outros você sairá lucrando, porque não
estará em frente à televisão nem envolvido com a internet e estará desocupando a sua mente. A igreja ao
redor do mundo está acordando para orar – muitos estão orando 24 horas por dia, sete dias por semana. A
Palavra diz para orar sempre, sem cessar. Só na oração sem cessar é que Deus poderá falar à sua mente e
mudá-la.
Não há outro jeito! É preciso fechar a porta para as coisas erradas, encher a mente com a Palavra
de Deus e orar sozinho e com outros. Só a Palavra escrita não resolve. O Espírito Santo precisa vir à sua
mente e dar-lhe orientações práticas para fazer ou não fazer determinadas coisas. Deus fala quando nós
oramos. No entanto, é importante entender que Ele fala quando quer e não quando nós queremos. Então,
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é preciso paciência! É preciso prestar atenção no que o outro está orando e no que o Espírito Santo está
falando ao seu interior. Se Ele o mandar fazer alguma coisa, faça diligentemente. Quando Deus fala
conosco, Ele nos tira da nossa zona de conforto e espera que façamos o que não estamos acostumados a
fazer, que nos arrisquemos e andemos em Sua direção. Isso é obediência radical! Isso é o céu vindo para a
terra!
A primeira coisa que Deus muda em você são os seus pensamentos; a segunda coisa, as suas
palavras e, a terceira coisa, as suas ações. Se sua mente é mudada na oração ou pela Palavra e você não
começar a falar diferente, as suas palavras vão destruir o que Ele fez em sua mente. É preciso falar com fé.
Se alguém está doente, em vez de falar que ele não vai sarar, fale que vai sarar sim! Ou, então, o melhor a
fazer se não tiver fé suficiente é ficar calado. Você não é obrigado a produzir “pensamento positivo”. Deus
não espera de maneira alguma isso de você. Se não sente nada, não fale nada. Mas, se Deus lhe falou,
mesmo que contradizendo as circunstâncias, declare: “Você será curado! Sua vida irá melhorar! Você será
mudado e aquele hábito que nunca venceu antes, vencerá agora!” Comece a declarar, comece a crer. Isso
não é pensamento positivo, pois foi algo que veio do céu até você. Quando você falar, as portas se abrirão
para as ações e acontecerá exatamente como você está falando.
7. MENTE CARNAL X MENTE ESPIRITUAL
Características da mente carnal
a) Ora da terra para o céu. Não é errado orar com a mente carnal, mas lembre-se que ela olha para
baixo e sempre vê as coisas de modo negativo. Porém, Deus fala à sua mente: “Você está sentado nos
lugares celestiais, está em Cristo e é meu filho amado; por isso, pode ser ousado no seu pedir”. O filho mais
velho, na parábola do filho pródigo, nunca havia pedido um cabrito sequer ao seu pai e depois ainda o
culpou. Mas, quando você ora, automaticamente a sua mente vai mudando e, em vez de ficar
choramingando, você diz: “Eu creio!” Você declara isso mesmo contra as circunstâncias, porque entendeu
que é filho do Rei e pode, até, agradecer antecipadamente a Ele.
b) Tem medo. Os discípulos estavam com Jesus no barco e se viram em meio a uma forte
tempestade. Eles gritaram para que Jesus os socorresse porque achavam que iriam morrer afogados. Em
outra ocasião, viram Jesus andando sobre as águas e, pensando ser um fantasma, tiveram medo. Jesus se
apresentou a eles e Pedro, então, quis andar sobre as águas também. Ele andou, mas, de repente, o medo
de se afogar tomou conta dele e Jesus precisou lhe prestar socorro. O medo é do inferno! Se você tem
medo não se aflija, porque apenas está sendo igual a todo mundo; porém, Deus não quer que você seja
igual a todo mundo. Ele quer que você seja “do céu para a terra”! Medo é um sinal de que a mente carnal
está predominando em nós.
c) Não aceita sofrimento. Quando Jesus disse que ele iria morrer, Pedro rejeitou veemente essa
ideia. “Morrer? Sofrer? Apanhar? Nunca!”. A mente carnal não aceita sofrer, mas a mente espiritual aceita
sofrimento porque sabe que isso faz parte do plano de Deus. Ela confia em Deus.
d) É incrédula. Os discípulos viram Jesus multiplicar o pão por duas vezes, para cinco e depois
quatro mil pessoas. Ao final dessas duas refeições eles ainda recolheram o que sobrou. Não havia sido um
milagre que alguém contara, mas eles viram com seus próprios olhos. Apesar disso, suas mentes ainda
permaneciam incrédulas e tiveram dúvidas em outras ocasiões. A incredulidade é resultado de uma mente
carnal, que vê com os olhos mas não acredita. Há pessoas que foram curadas milagrosamente, mas que
hoje andam longe de Deus e não têm gratidão para com Ele. Os dez leprosos foram curados, mas apenas
um voltou a Jesus com um espírito grato. A mente carnal não muda porque está endurecida; apesar das
evidências ela permanece incrédula.
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e) Tem dificuldade de perdoar. Pedro perguntou a Jesus: “Eu posso perdoar sete vezes e aí estou
liberado para ‘matar’ a pessoa?” Não! A mente carnal não perdoa, mas a mente espiritual perdoa até
setenta vezes sete.
f) Tem ambição. A mente carnal quer ser maior que os outros. Os discípulos discutiam sobre quem
entre eles era o maior.
g) Faz acepção de pessoas. Jesus disse ser mais difícil um rico entrar no céu do que um camelo
passar pelo fundo de uma agulha (Mt 19:24). Os discípulos retrucaram dizendo que, então, ninguém
poderia ser salvo. Na mentalidade deles, se o rico não pode ser salvo, ninguém mais pode ser. A mente
carnal acha que há pessoas melhores que as outras.
h) É covarde e tímida. Quando Jesus foi preso os seus discípulos fugiram. O mais corajoso foi Pedro,
mas, mesmo assim, ele negou conhecer Jesus diante de uma simples empregada.
Características da mente espiritual
“E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com
sublimidade de palavras ou de sabedoria...” – 1 Coríntios 2:1.
Vamos examinar o contexto do versículo acima. Paulo acabara de ir a Atenas e lá ele ministrou uma
mensagem que é estudada até hoje pelos teólogos, sendo considerada uma das melhores, de alto nível
intelectual. Contudo, mesmo depois dessa sua pregação, quase ninguém se converteu, exceto Dâmares e
mais alguns poucos. Ao sair de Atenas, Paulo foi para Corinto entendendo que “pregar bonito” não dava
resultado:
“Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado. E eu estive
convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor. (...) para que a vossa fé não se apoiasse na
sabedoria dos homens, mas no poder de Deus. Na verdade, entre os perfeitos falamos sabedoria,
não porém a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que estão sendo reduzidos a
nada; mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, que esteve oculta, a qual Deus preordenou
antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo compreendeu;
porque se a tivessem compreendido, não teriam crucificado o Senhor da glória.” – 1 Coríntios
2:2,3,5-8.
Ele esclarece que a mente carnal não entende o sofrimento e, por isso, mataram Jesus. Julgaram
que matando Jesus tudo ficaria bem para eles, porém, essa foi sua pior escolha e derrota. A mente carnal
sempre quer ganhar, mas a mente espiritual entende que, às vezes, perder é lucro. Paulo diz que
recebemos uma sabedoria diferente:
“Mas, como está escrito: As coisas que olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram o
coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam. Porque Deus no-las revelou
pelo seu Espírito; pois o Espírito esquadrinha todas as coisas, mesmos as profundezas de Deus. (...)
Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, mas sim o Espírito que provém de Deus, a fim de
compreendermos as coisas que nos foram dadas gratuitamente por Deus (...) Ora, o homem natural
não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura, e não pode entende-las,
porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, enquanto ele
por ninguém é discernido. Pois, quem jamais conheceu a mente do Senhor, para que possa instruílo? Mas nós temos a mente de Cristo.” – 1 Coríntios 2:9,10,12,14-16.
Há duas mentes: uma que não entende nada das coisas de Deus e outra (a mente de Cristo) que
entende tanto as coisas de Deus como as coisas da terra. A mente de Cristo é o que Deus tem para nós –
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ela é a nossa herança. Sem ela não podemos compreender as coisas que Deus nos deu gratuitamente.
8. O PODER DE DEUS NA TERRA
O livro Avivamento Azusa, de Frank Bartleman, discorre sobre o início do movimento pentecostal
(início do século XX), quando o Espírito Santo foi derramado. A nuvem do Espírito estava sobre um velho
galpão onde os irmãos se reuniam e se espalhava por várias ruas em derredor. Eu creio que isso acontecerá
em nosso meio, que o poder da presença de Deus virá tão forte que será difícil até continuar andando pelas
ruas. Deus fará coisas maravilhosas em nossos dias.
Outro livro é O Avivamento de Gales, de Nancy L. DeMoss e Maurice Smith. Na verdade, o
avivamento de Gales foi o que gerou o avivamento de Azusa e que mudou a face da terra. O poder de Deus
é uma coisa tremenda e precisamos ter uma visão clara sobre ele. Se você quer mudar sua vida de oração,
sua mente, seus sonhos, suas expectativas, leia a Bíblia e também as histórias dos avivamentos.
No início desses avivamentos concluiu-se erroneamente que “a mente não presta”, que não há
necessidade de estudar ou fazer seminários. Quando o movimento pentecostal chegou ao Brasil, a ênfase
era: “Não precisa estudar a Bíblia nem preparar a mensagem, pois é só o Espírito Santo que nos dirige o
que fazer”. Só valia o Espírito, o poder e as manifestações (cair, tremer, falar em línguas, etc.); não
precisava nada da mente. Mas isso é errado, pois Deus usa a mente, sim!
Em nossos dias, o movimento migrou para outro extremo – agora está escravizado pela mente
humana, a teologia e a informação. Assim, precisamos urgentemente achar o caminho para o equilíbrio. A
mente é importante, preparar uma mensagem é igualmente importante, mas isso não é suficiente.
Precisamos também do Espírito Santo e do poder, precisamos nos encher da graça de Deus. Nossas
reuniões não devem ser apenas um ambiente que informa a mente, mas também um lugar onde coisas do
céu acontecem. Para isso é preciso mudar os hábitos, ter mais horas de oração e menos horas de internet e
televisão. É preciso querer mudar, esvaziar a mente das coisas ruins e enchê-la com as coisas do Espírito
Santo e, em seguida, andar em cima dessas coisas! Amém!
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FOCO NO TEMPORÁRIO versus FOCO NO ETERNO
Maurício Nielsen
“...pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna
que pesa mais do que todos eles. Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se
vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno.” (2 Coríntios 4:17,18 – NVI)
O
que é o temporário comparado ao que é eterno? Paulo chama as nossas tribulações ou sofrimentos
de “leves e momentâneos”. Mas, como isso é possível? Ele explica um pouco aos irmãos da igreja em
Corinto as tribulações que ele mesmo estava passando:
“Irmãos, não queremos que vocês desconheçam as tribulações que sofremos na província da Ásia,
as quais foram muito além da nossa capacidade de suportar, a ponto de perdermos a esperança da
própria vida. (...) Cinco vezes recebi dos judeus trinta e nove açoites. Três vezes fui golpeado com
varas, uma vez apedrejado, três vezes sofri naufrágio, passei uma noite e um dia exposto à fúria do
mar. Estive continuamente viajando de uma parte a outra, enfrentei perigos nos rios, perigos de
assaltantes, perigos dos meus compatriotas, perigos dos gentios; perigos na cidade, perigos no
deserto, perigos no mar, e perigos dos falsos irmãos. Trabalhei arduamente; muitas vezes fiquei
sem dormir, passei fome e sede, e muitas vezes fiquei em jejum; suportei frio e nudez. Além disso,
enfrento diariamente uma pressão interior, a saber, a minha preocupação com todas as igrejas.” (2
Coríntios 1:8; 11:24-28)
Paulo chegou a perder a esperança da própria vida, mas, ao mesmo tempo, diz que tudo isso é
“leve e momentâneo” comparado à pesada glória eterna por vir. Ou seja, tudo na vida depende do nosso
foco ou ponto de referência. Por isso, precisamos olhar ou focar para o que é eterno, pois, às vezes, o
nosso peso está desequilibrado – priorizamos demais o agora, o momentâneo, o temporário.
Transitório é algo que tem início e fim, é uma passagem, enquanto o eterno é algo que não tem
fim, é para sempre. Assim, nossos olhos deve estar fixos, focados na eternidade para que possamos lá
chegar vitoriosos.
“Vocês não sabem que dentre todos os que correm no estádio, apenas um ganha o prêmio? Corram
de tal modo que alcancem o prêmio. Todos os que competem nos jogos se submetem a um
treinamento rigoroso, para obter uma coroa que logo perece; mas nós o fazemos para ganhar uma
coroa que dura para sempre. Sendo assim, não corro como quem corre sem alvo, e não luto como
quem esmurra o ar.” (1 Coríntios 9:24-26)
“Fixar os olhos” não é olhar de vez em quando, mas é algo contínuo, constante. É fazer como os
esportistas que se preparam para uma Olimpíada – quatro anos treinando arduamente, focando
unicamente para aquele grande dia.
“...pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno”. Temos muitos exemplos na Palavra
de Deus de pessoas que focaram no que “não se vê” em determinados momentos de suas vidas, pessoas
que viram além do que era temporal. O primeiro exemplo é Abraão:
“Passado algum tempo, Deus pôs Abraão à prova, dizendo-lhe: "Abraão! " Ele respondeu: "Eis-me
aqui". Então disse Deus: "Tome seu filho, seu único filho, Isaque, a quem você ama, e vá para a
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região de Moriá. Sacrifique-o ali como holocausto num dos montes que lhe indicarei". Na manhã
seguinte, Abraão levantou-se e preparou o seu jumento. Levou consigo dois de seus servos e Isaque
seu filho. Depois de cortar lenha para o holocausto, partiu em direção ao lugar que Deus lhe havia
indicado. No terceiro dia de viagem, Abraão olhou e viu o lugar ao longe. Disse ele a seus servos:
"Fiquem aqui com o jumento enquanto eu e o rapaz vamos até lá. Depois de adorarmos,
voltaremos". (Gênesis 22:1-5)
Nesse momento, Abraão viu aquilo que não se vê. Se ele olhasse para aquela situação com seus
olhos naturais, fixando apenas no que era temporário, veria seu filho sendo morto. No entanto, ele olhou
para a promessa que Deus havia lhe dado. Assim, sua tribulação tornou-se leve e momentânea, pois ele
fixou seus olhos no que era eterno. Sua convicção era tanta que ele disse ao seu servo: “Depois de
adorarmos, voltaremos”. Ali o Senhor abriu os seus olhos. Da mesma forma, nós também precisamos ter os
nossos olhos abertos para visualizar o eterno, pois somente assim iremos superar as aflições presentes.
Outro exemplo foi Elizeu:
“O servo do homem de Deus levantou-se bem cedo pela manhã e, quando saía, viu que uma tropa
com cavalos e carros de guerra havia cercado a cidade. Então ele exclamou: "Ah, meu senhor! O
que faremos? " O profeta respondeu: "Não tenha medo. Aqueles que estão conosco são mais
numerosos do que eles". E Eliseu orou: "Senhor, abre os olhos dele para que veja". Então o Senhor
abriu os olhos do rapaz, que olhou e viu as colinas cheias de cavalos e carros de fogo ao redor de
Eliseu.” (2 Reis 6:15-17)
Imagine o desespero de Geazi, servo de Elizeu, ao contemplar aquele exército inimigo numeroso
cercando a cidade à procura de seu mestre. Ele estava contemplando apenas “o que se vê”, o passageiro.
No entanto, Elizeu orou e o Senhor abriu os olhos daquele jovem para ver “o que não se vê”, o eterno.
Geazi pode, então, contemplar a glória de Deus e o imenso exército celestial que ali estava para lhes
garantir proteção e vitória. Nos momentos de batalha precisamos ter essa mesma visão e convicção. Às
vezes parece que não iremos suportar, por isso devemos orar para que o Senhor abra os nossos olhos para
enxergarmos além do natural, além das coisas terrenas.
Também temos um outro exemplo em Estevão:
“Ouvindo isso, ficavam furiosos e rangiam os dentes contra ele. Mas Estêvão, cheio do Espírito
Santo, levantou os olhos para o céu e viu a glória de Deus, e Jesus de pé, à direita de Deus, e disse:
"Vejo o céu aberto e o Filho do homem de pé, à direita de Deus". (...) Então caiu de joelhos e
bradou: "Senhor, não os consideres culpados deste pecado". E, dizendo isso, adormeceu.” (Atos
7:54-56, 60)
Naquele momento de grande aflição, à beira da morte, Estevão abriu seus olhos e viu a glória de
Deus, contemplou o que era eterno. Mesmo apedrejado e morrendo ele ainda conseguiu clamar ao Pai
para que perdoasse aqueles homens, pois sua preocupação não era com o temporário, mas com a salvação
eterna daqueles homens. Ele estava cheio do Espírito Santo, imerso pelo amor, perdão e misericórdia de
Deus. Ao olhar para cima, sua tribulação tornou-se leve e momentânea. Nós também, hoje, precisamos
contemplar essa mesma glória para podermos amar e perdoar as pessoas. Nada que passamos nesse
mundo, nenhuma aflição ou tribulação pode se comparar à glória que nos está reservada no céu.
Eu estava lendo uma pesquisa de que a expectativa de vida vem crescendo nos últimos anos e, em
alguns países, a média chega a oitenta anos. Mas, o que é isso perante a eternidade? No entanto, o modo
como vivemos esses anos terrenos afetam diretamente o nosso destino eterno. Por isso devemos ter
consciência de que essa glória também precisa ser desfrutada hoje, aqui. Deus está trabalhando em nós e,
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por isso, podemos e devemos ter esse foco ou olhar diferenciado, esse pensamento ou mentalidade
diferente – fixar os olhos no que é eterno e não no que é passageiro.
“Portanto, já que vocês ressuscitaram com Cristo, procurem as coisas que são do alto, onde Cristo
está assentado à direita de Deus. Mantenham o pensamento nas coisas do alto, e não nas coisas
terrenas.” (Colossenses 3:1,2)
O diabo quer que olhemos para baixo, mas Deus quer que olhemos para cima. Abraão, Elizeu,
Estevão e tantos outros olharam para cima. Davi declarou:
“Levanto os meus olhos para os montes e pergunto: De onde me vem o socorro? O meu socorro vem
do Senhor, que fez os céus e a terra.” (Salmos 121:1,2).
Há um conceito chamado “percepção seletiva” que ensina que só prestamos atenção àquilo que
está dentro do nosso foco – o restante não vemos ou percebemos. Por exemplo, um homem, quando
começa a pensar em comprar um determinado carro, passa a vê-lo com grande frequência e quantidade –
parece que todos têm aquele mesmo carro. Uma mulher, quando engravida, começa a observar uma
imensa quantidade de mulheres grávidas. Isso porque aquilo veio para o seu foco e, então, começa a
reparar no mesmo. Dessa forma, precisamos colocar aquilo que é sobrenatural, aquilo que “não se vê” no
nosso foco, pois, às vezes, as coisas celestiais estão passando por nós e não as estamos vendo; não
acontecem porque nos passam despercebidas. Então, ao selecionarmos as coisas sobrenaturais em nosso
foco passamos a desfrutar das mesmas.
Isso não é uma questão de “pensamento positivo”, pois esse é transitório, não dura. Mas é uma
questão espiritual relacionada à presença e glória de Deus. No entanto, também não podemos ter
pensamentos negativos – precisamos crer, acreditar, focar nas coisas boas e positivas para que essas
aconteçam. Se pensarmos apenas de forma negativa nosso cérebro automaticamente bloqueia a fé e fecha
os nossos olhos para enxergarmos além do natural. Muitas vezes declaramos por antecipação que algo não
vai dar certo, que não vai acontecer, que não haverá cura ou provisão ou milagre – e, assim, não acontece
mesmo. Por isso, precisamos tirar esse “véu” que impede nossos olhos espirituais de enxergarem o que é
eterno. Quando Deus nos dá uma palavra sobre determinada situação e não damos crédito “matamos” a
ação sobrenatural.
Vamos focar no sobrenatural, vamos começar a perceber as verdadeiras realidades do que “não se
vê” e cuidar com os limites que colocamos no sobrenatural de Deus. Para que os milagres aconteçam é
necessário que haja uma ação espiritual que os antecedam. Nossa reação deve ser de fé, olhando ou
focando com olhos espirituais para o que é eterno e não para o que é passageiro. Uma igreja que anseia,
ora, foca e crê no sobrenatural irá conviver com isso, com os constantes milagres de Deus em seu meio.
Jesus declarou:
“Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos céus. Bemaventurados serão vocês quando, por minha causa os insultarem, perseguirem e levantarem todo
tipo de calúnia contra vocês. Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a recompensa de vocês
nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês.” (Mateus
5:10-12)
Essa é a verdadeira atitude de quem deseja e tem a vida eterna – alegria e regozijo diante das
perseguições e tribulações. Não uma atitude de medo, desespero ou desesperança, mas de fé,
perseverança e esperança. Olhos espirituais abertos e focados nas coisas celestiais, fome e sede pelo
sobrenatural de Deus.
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Que o Senhor nos dê muita graça e sabedoria para vivermos na terra mas mantendo os olhos no
céu. Amém!
“Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o
que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou
digno de louvor, pensem (foquem) nessas coisas.” (Filipenses 4:8)
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NÓS SOMOS A CASA DE DEUS
Abnério Cabral
“Pois assim diz o SENHOR a respeito dos eunucos que guardam os meus sábados, escolhem as
coisas que me agradam e abraçam a minha aliança...” (Isaías 56:4)
O
s eunucos eram homens castrados assim que nasciam. Esse era um costume muito comum entre o
etíopes. Eles serviam aos reis cuidando de seus haréns, pois, sendo castrados, não tinham desejos e,
assim, não tocavam nas mulheres. O texto diz que os eunucos escolhiam como agradar e servir a Deus: eles
guardavam os sábados e abraçavam a aliança do Senhor. Então, ser um eunuco não é algo fácil, mas é o
nosso chamado, porque, assim, não tocamos, não contaminamos nada do que pertence ao nosso Rei, o
Senhor. Antes, guardamos e protegemos as Suas coisas.
Muitos eunucos foram muito importantes nos palácios em posições de comando, respeito e
autoridade, justamente porque faziam tudo o que os reis queriam e cuidavam exclusivamente dos
interesses desses reis. Então, se verdadeiramente somos a Casa de Deus, precisamos cuidar estritamente e
zelosamente das coisas que são da vontade e do interesse do nosso Rei. Na Casa do Rei fazemos
exclusivamente aquilo que é do interesse Dele, e não nosso. Por isso devemos cuidar para não tocarmos ou
corrompermos a Noiva do Senhor, fazendo coisas que são da nossa própria vontade e desejo, agindo como
nós queremos, trabalhando da maneira como achamos que deve ser e não de acordo com o que o Rei
pensa, deseja e espera de nós.
Diz a Palavra de Deus em Gênesis 24 que Abraão chamou o seu servo Eliezer e lhe mandou procurar
uma esposa para Isaque, seu filho. No entanto, Eliezer deveria prometer que faria tudo exatamente como
Abraão lhe ordenara e não poderia tocar naquela mulher. Então, ele colocou sua mão debaixo da coxa de
Abraão e se comprometeu a obedecê-lo e fazer tudo como lhe ordenado. Eliezer não tocou em Rebeca,
antes, a protegeu e guardou. Da mesma forma nós, como servos do Senhor, como homens e mulheres
chamados para sermos Casa de Deus, precisamos compreender que existe uma vontade soberana que
precisa ser realizada e obedecida na Terra.
Na oração do “Pai Nosso” está escrito: “Seja feita a Tua vontade, assim na Terra como no Céu”
(Mateus 6:10). No Céu, a vontade Deus é plenamente realizada, obedecida – e o mesmo deve acontecer na
Terra. Então, como eunucos, chamados pelo Senhor, precisamos nos preocupar em fazer cumprir toda a
vontade de Deus.
Fomos chamados, eleitos, remidos, perdoados, justificados, crucificados, sepultados, ressuscitados
e glorificados juntamente com Cristo. Tudo isso é maravilhoso, já foi feito, mas precisamos ir além. Tudo
isso é apenas o princípio da vida cristã – é o que Paulo chama de “rudimentos da doutrina de Cristo”
(Hebreus 6:1) ou os “princípios elementares da fé”. Saímos do império das trevas, fomos transportados
para o reino de Deus (Colossenses 1:13) e constituídos reis e sacerdotes para o nosso Deus e Pai (1 Pedro
2:9; Apocalipse 1:6).
O chamado sacerdotal implica em orar e adorar ao Senhor, buscar e trazer a vontade Dele, ser um
intercessor entre os homens e Deus, se ocupar inteiramente com a manifestação da presença Dele em
nosso meio e em toda a Terra. Isso é algo glorioso, maravilhoso, grandioso. Não somos chamados para
sermos apenas servos que cumprem a vontade do nosso Senhor, mas também para sermos sacerdotes que
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abrem o caminho para que a presença Dele seja manifesta.
Então, como igreja, precisamos ter um alvo comum em Deus. Ele quer ver o Seu Filho Jesus casado,
mas, para isso, sua Noiva precisa estar pronta – e essa é a nossa missão e responsabilidade: preparar esse
caminho, esse casamento. Para isso, devemos nos ocupar em estar aos Seus pés, ouvir Sua voz, receber e
obedecer Sua Palavra e transmiti-la à igreja.
Temos muitas frentes de trabalho ou de serviço na Casa de Deus, mas, se não estivermos gastando
tempo na presença do Pai, corremos o risco de vivermos apenas um ativismo religioso. Isso é prostituição,
corrupção, pois não manifesta a glória de Deus. Portanto, precisamos estar aos pés do Senhor para trazer o
Céu para a Terra!
Quando Deus Se manifestou no Éden, o mesmo era um lugar perfeito, tinha tudo o que havia no
Céu. Mas, quando o pecado entrou, toda essa perfeição acabou. Deus tirou o homem de lá e fechou a
porta, mas o Seu plano eterno não mudou – Ele continua trabalhando para Se manifestar no meio do Seu
povo.
“Na minha casa e dentro dos meus muros eu lhes darei um memorial e um nome melhor do que o
de filhos e filhas; darei a cada um deles um nome eterno, que nunca deixará de existir.” (Isaías 56:5)
Dentro dos muros e da casa de Deus as coisas precisam acontecer segundo os termos ou vontade
Dele. Quando entramos em uma casa precisamos respeitar e honrar o dono da mesma, fazer somente o
que ele ordena. Por isso devemos aprender a entrar na Casa de Deus e gastar tempo diante da Sua
presença. Em nossos tempos de oração temos experimentado muito da graça de Deus e visto cada vez mais
pessoas participando. É muito bom e necessário orar sozinhos, mas quando oramos juntos com outros
irmãos é diferente – a graça e a unção se multiplicam.
O texto diz que “na minha casa e dentro dos meus muros eu lhes darei um memorial”. Quando
oramos com os irmãos e Deus fala conosco usando alguém, ou então quando nos dá uma palavra para
outro irmão, nesse momento está sendo formado um memorial, pois alguém está sendo marcado com a
palavra e presença de Deus. Às vezes nos ajuntamos e não percebemos isso, mas precisamos estar atentos
ao que Deus está falando e fazendo.
No final dos tempos haverá três grupos de pessoas: (a) os que irão responder ao que Deus vai fazer
e sairão para fora do sistema do mundo; (b) os que vão morrer no sistema porque não vão entender o que
Deus está falando (apesar de amarem a Jesus, não têm o espírito atento); (c) aqueles que vão agir dentro e
fora do sistema na hora da perseguição. Hoje estamos vivendo no tempo das 10 virgens (Mateus 25) – é
hora de comprar e acumular azeite do Senhor, de gastar tempo buscando a Sua presença, se enchendo da
Sua Palavra, pois, no dia em que Ele voltar, não haverá mais tempo para buscar ou comprar esse azeite.
Na ilha de Patmos, quando João escreve suas revelações, Jesus manda-o falar à igreja de Laudiceia:
“Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas
brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com
colírio, para que vejas.” (Apocalipse 3:18)
Ouro refinado é caríssimo. Quanto custa levantar às madrugadas e gastar horas orando? É preço de
ouro refinado! Essa é única maneira de comprarmos azeite do Senhor, pois envolve sacrifício, oferta
agradável e voluntária a Ele. Paulo, em Romanos 12:1, diz que devemos apresentar os nossos corpos em
“sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”. Isso precisa ser algo diário, pois Deus não quer nada de outros
dias. Tudo para Ele precisa ser fresco, recente e, assim, todos os dias precisamos gastar tempo buscando ao
Senhor.
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“...lhes darei ... um nome melhor do que o de filhos e filhas; darei a cada um deles um nome eterno,
que nunca deixará de existir”. Deus quer nos dar um nome, quer trabalhar em nossa identidade. Quando o
Senhor Se irou com Israel devido ao fato de terem construído um bezerro de ouro para adorar (Êxodo 32),
Ele disse a Moisés:
“Enviarei um anjo à tua frente e expulsarei os cananeus, os amorreus, os heteus, os perizeus, os
heveus e os jebuseus. Vai para uma terra que dá leite e mel. Mas não irei no meio de ti, para que eu
não te destrua no caminho, porque és um povo muito obstinado.” (Êxodo 33:2,3).
Moisés, no entanto, voltou-se para o Senhor e disse:
“Então Moisés lhe disse: Se tu mesmo não fores conosco, não nos faças subir daqui. Como saber que
achei favor aos teus olhos, eu e o teu povo? Por acaso não é por andares conosco, para que sejamos
separados, eu e o teu povo, de todos os povos da face da terra?” (Êxodo 33:15,16)
Ou seja, o povo de Israel era reconhecido entre as nações por ter um Deus que andava no meio
deles. Nós, como congregação em Jundiaí, temos experimentado inúmeras vezes essa Presença em nosso
meio e presenciado milagres nas vidas de muitos irmãos quando nos juntamos como um só coração em
oração. Deus quer nos levar para dentro da Sua Casa, dos Seus muros e nos fazer levantar um clamor com
uma só voz, com um só coração para realizar muito mais do que já temos visto e experimentado.
Paulo diz: “Àquele que é poderoso para fazer bem todas as coisas, além do que pedimos ou
pensamos, pelo poder que age em nós...” (Efésios 3:20). Deus tem muito mais para fazer, mas precisamos
nos unir ao redor daquilo que é a vontade Dele e não ficarmos fazendo aquilo que achamos que deve ser
feito. Vamos parar de tentar manipular a vontade de Deus, pois fomos chamados para servir e obedecer a
Ele como eunucos, servos obedientes na Sua Casa. Sejamos sacerdotes, segundo o nosso chamado, e
permitamos que o Senhor nos dirija em todas as coisas.
Bill Johnson diz que a igreja de hoje valoriza muito as Escrituras. Isso é bom e necessário, mas ela
tão presa a versículos que se esquece da ação do Espírito Santo. A igreja no livro de Atos ainda não tinha o
Novo Testamento em mãos, mas tinha o Espírito, e a igreja de hoje não dá a devida atenção a Ele. Aquela
igreja era plenamente dirigida pelo Espírito. A Palavra é de Deus – não a estamos desprezando – mas
precisamos também do Espírito. Não pode ser apenas uma – precisamos das duas coisas. Devemos receber
a Palavra, nos agarrar a ela, mas também percebermos e darmos lugar ao Espírito Santo. Se gastarmos mais
tempo diante de Deus iremos gastar menos tempo errando, fazendo coisas que não manifestam a glória
Dele.
Nós somos a Casa de Deus e, por isso, precisamos trazer o Céu para a Terra, a vontade Dele para o
nosso meio. Fazemos isso abraçando a aliança do Senhor, fazendo a Sua vontade, buscando a Sua face.
“...e se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, orar e buscar a minha presença, e
se desviar dos seus maus caminhos, então ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a
sua terra.” (2 Crônicas 7:14)
Quem vai trazer Jesus à Terra é a igreja. Precisamos concordar com Deus, dizer “sim”, “amém” para
Ele. Não podemos, como igreja, continuar caminhando como se o que está acontecendo no mundo não nos
diz respeito. Deus é Aquele que fala, que Se manifesta e nós estamos aqui para ser a Sua boca e, por isso,
Ele quer trabalhar em nossa identidade como povo, quer nos dar um novo nome, quer que saibamos
exatamente quem somos, a quem servimos, por que estamos aqui, qual o sentido da nossa vida.
O nosso maior propósito como igreja é trazer o Reino, a vontade de Deus a essa Terra! Então,
quando oramos e adoramos ao Senhor junto com outros irmãos, estamos abrindo espaço para que a
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presença Dele se manifeste em nosso meio e faça a Sua vontade do jeito que Ele deseja. Esse é o plano, a
vontade de Deus.
Tempos atrás ouvimos um testemunho ocorrido em uma igreja na cidade de La Paz, no México.
Fazia três anos que a mãe de uma criança autista não dormia, pois seu filho ficava praticamente acordado a
noite toda. Essa irmã foi, então, levada para esse ambiente de oração da igreja e os irmãos impuseram suas
mãos sobre ela e oraram. Ela sentiu a presença de Deus e, quando chegou em casa, viu que seu filho estava
dormindo e também fez o mesmo. Quando acordou pela manhã, se assustou e correu para ver o filho que
não lhe havia incomodado durante a noite. Quando chegou no quarto, encontrou-o completamente
tranquilo, lúcido e curado.
Devemos, como Casa de Deus, abrir espaço para Ele em nossas vidas e em nosso meio. Esse é o
nosso chamado e identidade. Temos de ser como os eunucos que não tocam, não mancham, não tiram
proveito de nada para si, mas fazem tudo em obediência ao Senhor e para a glória exclusiva Dele. Temos o
privilégio de sermos o povo escolhido de Deus para manifestar as Suas virtudes na Terra e fazemos isso
abrindo espaço para Ele através da nossa oração, adoração e obediência.
O livro de Cantares diz: “Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu” (6:3). Deus revelou à noiva
que ela pertence ao seu amado. Nós pertencemos a Jesus pois fomos comprados por alto preço. Ele está
batendo à nossa porta e quer entrar, quer cear conosco (Apocalipse 3:20), quer manifestar a Sua glória e
Seu amor em nosso meio, quer nos alegrar na Sua Casa de Oração (Mateus 21:13). Ele quer que tenhamos
alegria e prazer em Sua presença (Salmos 16:11) e nos deleitemos em Sua vontade:
“...eu os levarei ao meu santo monte e os alegrarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e
os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar; porque a minha casa será chamada casa de oração
para todos os povos.” (Isaías 56:7)
Esse é o maior sentido da Casa de Oração – trazer Deus para habitar no meio dos povos e alegrar a
todos com essa presença. O mundo não quer a vontade de Deus, mas Ele nos chamou para manifestar Sua
vontade na Terra da mesma forma como ela é manifesta no Céu. Esse é o chamado que deve arder
continuamente em nossos corações.
Os discípulos que estavam a caminho de Emaús (Lucas 24), após comer com Jesus ressuscitado,
disseram: “Porventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava, e quando nos
abria as Escrituras?” (v.32). Nós precisamos sentir esse mesmo ardor no coração, abrindo espaço para que
Ele entre e Se manifeste em nossas vidas e em nosso meio, permitindo que Ele fale e faça tudo o que
deseja! Amém!
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A NATUREZA DE DEUS
Jamê Nobre
“Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer;
e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso.”
(Isaías 53:3)
Q
uando Isaías teve suas visões do Messias, penso que ele deve ter ficado um tanto confuso, pois, ao
mesmo tempo que o viu como um Rei exaltado, glorificado, cujo reino nunca terminará e que é sobre
todas as coisas, também o viu da forma acima descrita, como um homem de dores, desprezado, rejeitado.
Na realidade, ele não compreendeu isso naquele tempo, porque era algo que lhe estava oculto, cujo
mistério foi revelado somente a nós, nesse tempo. Hoje, olhando para trás, compreendemos o que Isaías,
olhando para frente, não entendeu.
“...o mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus
santos” (Colossenses 1:26).
“...pelo que, quando ledes, podeis compreender o meu discernimento do mistério de Cristo, o qual,
em outras gerações, não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, como, agora, foi revelado aos
seus santos apóstolos e profetas, no Espírito.” (Efésios 3:4,5)
O texto de Isaías 53 fala da NATUREZA do Senhor Deus – Seu caráter, Seu coração. Uma pergunta
para a nossa reflexão: qual é a imagem que os nossos familiares, amigos e vizinhos têm a nosso respeito?
Não é o que “pensamos” acerca de nós mesmos, porque aquilo que eu penso de mim mesmo é diferente
daquilo que as pessoas pensam e, na verdade, somos diferentes de tudo isso.
“...porque era homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor.” (Atos
11:24)
Esse capítulo 11 de Atos é a base do que acontece no capítulo 13, que descreve a vida da igreja em
Antioquia – uma igreja modelo, missionária, dadivosa, generosa, ministérios funcionando. O capítulo 11
mostra sua origem, como ela foi formada, tomando como base a vida de Barnabé, que é descrita no verso
acima. Barnabé era o apelido de um homem chamado José. As pessoas, olhando para a sua forma de viver,
lhe deram esse apelido – “filho da consolação ou da exortação”. Ou seja, onde quer que chegava ele
exortava (animava) e consolava as pessoas. Como consequência, o Senhor acrescentava à igreja as pessoas
que iam sendo salvas por causa do caráter, da natureza, da forma de ser e de viver desse homem. Ora,
quem não deseja ficar perto de uma pessoa boa? É importante ser bom no ministério, na obra de Deus, no
evangelismo, nos relacionamentos etc.
“...como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder, o qual andou por toda
parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele” (Atos
10:38).
Todos nós desejamos ter a unção de Deus para realizar milagres por onde quer que andemos. No
entanto, a primeira unção de Jesus não foi para operar milagres, mas, sim, para “fazer o bem”. Nós já
temos essa mesma unção de Deus para fazer o bem, mas é necessário que o vaso seja quebrado para que
esse bem que em nós habita, que é Deus, possa agir tocando na vida das pessoas. Isso é muito sério,
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importante e necessário na obra do Senhor – ser bom e fazer o bem.
“...vos convertais ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que há neles; o qual, nas
gerações passadas, permitiu que todos os povos andassem nos seus próprios caminhos; contudo,
não se deixou ficar sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos do céu chuvas e
estações frutíferas, enchendo o vosso coração de fartura e de alegria.” (Atos 14:15-17)
Esse texto se refere ao próprio Deus. Sua natureza, assim como a de Jesus, é boa e isso se
comprova pelo fato que Ele sempre faz o bem, nos dá as chuvas e as estações frutíferas e enche os nossos
corações de fartura e alegria. Ele Se preocupa não somente com nossas necessidades mais difíceis, como
também com as mais básicas. E, fato marcante, é que Ele já fez tudo isso antes da nossa conversão, quando
ainda éramos Seus inimigos: “Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo
nós ainda pecadores” (Romanos 5:8).
“Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos.”
(Mateus 5:45)
Deus não manda o sol e a chuva porque somos bons, mas porque ELE é bom!
“Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e
glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.” (Mateus 5:16)
O texto diz que a luz de Deus deve brilhar em nós de tal forma que as pessoas glorifiquem ao Pai –
e isso acontece quando praticamos boas obras. Será que os nossos familiares, amigos e vizinhos têm visto
as nossas boas obras? Quando estão carentes ou com problemas podem contar com a nossa ajuda? Eu
creio que nós precisamos falar, proclamar o evangelho, mas toda pregação precisa de um púlpito, uma
plataforma que é a bondade de Deus em nós e através de nós. É dessa forma que muita gente conhecerá
ao Senhor.
A igreja em Antioquia adquiriu a mesma característica da sua liderança. No capítulo 13 de Atos
Deus fala: “Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado” (v.2). Esses homens
eram as colunas daquela igreja, aqueles que a levantaram e sustentavam, mas Deus pediu exatamente os
seus “melhores”. Aquela congregação havia aprendido com sua liderança a bondade, a dádiva, a doação e,
por isso, ela foi capaz de dar os seus melhores. Quem não quer fazer parte de uma igreja assim, de um
povo bondoso e zeloso de boas obras?
Deus é assim – essa é a Sua natureza – e nós também devemos ser assim, pois ninguém consegue
FAZER algo se não FOR primeiro. Ou seja, a nossa natureza determina o nosso fruto. Não é uma questão de
esforço, determinação ou vontade-própria – isso são obras mortas. Ajudamos as pessoas porque SOMOS
bons. Nascemos com uma natureza corrupta, pervertida, mas, quando recebemos a Jesus, recebemos o
próprio Deus (com Sua natureza) em nossa vida. Então, tudo o que Deus É e TEM está contido ou represado
em nós. O que precisamos fazer é nos abrir e deixar essa natureza de Deus se manifestar. Eu não sou bom,
mas o Senhor dentro de mim é bom!
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos
espirituais nos lugares celestiais em Cristo; como também nos elegeu nele antes da fundação do
mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor;” (Efésios 1:3,4)
Piedade fala de um coração voltado para o Senhor e para as boas obras. Ou seja, Deus já nos deu
toda a capacitação para termos uma vida piedosa diante Dele e dos homens. Recebemos e temos dentro
de nós a própria vida de Deus.
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“Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento
daquele que nos chamou pela sua glória e virtude; pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e
preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado
da corrupção, que pela concupiscência há no mundo.” (2 Pedro 1:3,4)
Jorge Himitian usa uma figura interessante sobre esse texto. Ele diz que é como uma criança que
chega ao seu pai e diz: “Pai, me dá mais alguma coisa!” E o pai literalmente “vira” os bolsos da calça para
fora e diz: “Filho, eu já lhe dei tudo!” Ou seja, Deus já nos deu TUDO para sermos santos, piedosos,
misericordiosos, amorosos, bondosos, generosos. “O Senhor é o meu pastor, nada me faltará” (Salmos
23:1). Ou seja, não temos e não sentimos falta DE NADA.
Somos participantes da NATUREZA DIVINA! Não somos mais parentes de Adão; a nossa filiação com
ele foi cortada na cruz e sepultada. Não é apenas uma questão de Deus morar em nós, mas, também, que
Ele TROCOU a nossa natureza. Não somos “apenas” habitação de Deus, mas temos também o próprio
D.N.A. Dele em nós!
O texto de Isaías 53 mostra um Deus que sofre com o pecado, com a injustiça. Ora, se Ele sofre com
essas coisas, nós também sofremos! Não é uma ordem, um mandamento ou uma obrigação, mas um fato:
temos a natureza divina e não nos conformamos com a injustiça. Essa indignação que sentimos em nosso
interior é resultado de Deus morar em nós e repartir conosco a Sua natureza. Não é um esforço, mas uma
essência – é aquilo que somos! Isso, com certeza, muda tudo em nossa vida. Iremos nos apartar do pecado,
da maledicência, da injustiça e nos aproximar apenas do que é bom, pois a nossa natureza nos atrai para as
coisas boas.
“As vossas luas novas, e as vossas solenidades, a minha alma as odeia; já me são pesadas; já estou
cansado de as sofrer.” (Isaías 1:14)
Deus está falando dos cultos pessoais que não refletem a natureza Dele. Muita “cantoria”,
manifestações externas, coisas sem conteúdo que não refletem bondade, misericórdia, compaixão, perdão,
amor etc. e isso aborrece o coração do Senhor. Quando participamos de uma reunião, estando cheios da
natureza divina, tudo o que sai de nós chega ao coração de Deus e, então, Ele não Se aborrece com tais
reuniões.
“E disse o Senhor: Tenho visto atentamente a aflição do meu povo, que está no Egito, e tenho
ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores, porque conheci as suas dores. Portanto desci para
livrá-lo da mão dos egípcios, e para fazê-lo subir daquela terra, a uma terra boa e larga, a uma
terra que mana leite e mel; ao lugar do cananeu, e do heteu, e do amorreu, e do perizeu, e do
heveu, e do jebuseu. E agora, eis que o clamor dos filhos de Israel é vindo a mim, e também tenho
visto a opressão com que os egípcios os oprimem.” (Êxodo 3:7-9)
Deus estava chamando de “meu povo” pessoas que já não O conheciam, que não tinham mais
lembranças Dele, que já haviam se esquecido dos Seus milagres, que já haviam permitido que a imagem de
Deus se transformasse em uma vaga e difusa lembrança.
“Eu te enviarei a Faraó para que tires o meu povo (os filhos de Israel) do Egito (...) Então disse
Moisés a Deus: Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me
enviou a vós; e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? E disse Deus a Moisés: eu sou
o que sou. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: Eu Sou me enviou a vós. E Deus disse mais a
Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O Senhor Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de
Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de
geração em geração.” (Êxodo 3:10,13-15)
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A sociedade egípcia era politeísta, tinha milhares de deuses e, por isso, a pergunta de Moisés. Ele já
não tinha consciência de quem era Deus. Alguns contavam histórias de Abraão, Isaque e Jacó, mas sua
lembrança já era muito tênue. Então ele diz ao Senhor: “Se alguém me perguntar ‘qual dos deuses’ me
enviou, o que digo?” E Deus lhe responde: “o EU SOU”, ou seja, ninguém mais é! “Só existe UM e EU SOU
ESSE!”
O Senhor levou Seu povo para o deserto não apenas para uma “simples” libertação do Egito, mas
para que conhecesse novamente o Deus guardador, pastor, provedor e sustentador. Um Deus cujo
universo não podia conter, mas que Se preocupava com as mínimas necessidades de Seu povo. No deserto
Ele lhes deu a nuvem, a coluna de fogo, as codornizes, a água da rocha, o maná etc. Lá Ele lhes mostrou que
era o Deus que andava com eles em amor, provisão e proteção. Essa é a natureza Dele. É esse cuidado de
Deus por nós que nos torna um povo especial – o fato Dele caminhar conosco! É verdade que às vezes Ele
nos disciplina, mas isso porque Ele é Pai.
Deus ouviu o clamor do Seu povo – orações de quem já nem sabia mais orar – e usa Moisés para
libertá-los (uma figura daquele que viria depois, Jesus). Deus escuta o clamor de todas as pessoas famintas,
dos órfãos e das viúvas em todo o mundo, ainda que esses não O conheçam. Esse é o nosso Deus – Ele
ouve até as orações não feitas.
João 3:16 é o texto equivalente a Êxodo 3: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o
seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” Deus ama a
cada ser humano como se fosse único e Sua vontade é que ninguém se perca. Ele sofre as dores de cada
pessoa, independentemente de suas situações.
“E aproximou-se dele um leproso que, rogando-lhe, e pondo-se de joelhos diante dele, lhe dizia: Se
queres, bem podes limpar-me. E Jesus, movido de grande compaixão, estendeu a mão, e tocou-o, e
disse-lhe: Quero, sê limpo.” (Marcos 1:40,41)
Jesus quer nos limpar de toda lepra, nos purificar de todo pecado, tirar de nós toda maldade.
“E Jesus, chamando os seus discípulos, disse: Tenho compaixão da multidão, porque já está comigo
há três dias, e não tem o que comer; e não quero despedi-la em jejum, para que não desfaleça no
caminho.” (Mateus 15:32)
A compaixão de Jesus nesse texto não se refere à salvação, mas à falta de pão e consequente fome
que aquelas pessoas estavam passando. Às vezes pensamos que Deus só Se preocupa com coisas grandes,
fantásticas, mas Ele se preocupa também com as nossas mais simples e menores necessidades.
“E aconteceu que, no dia seguinte, ele foi à cidade chamada Naim, e com ele iam muitos dos seus
discípulos, e uma grande multidão; e, quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam um
defunto, filho único de sua mãe, que era viúva; e com ela ia uma grande multidão da cidade. E,
vendo-a, o Senhor moveu-se de íntima compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores. E, chegando-se,
tocou o esquife (e os que o levavam pararam), e disse: Jovem, a ti te digo: Levanta-te. E o que fora
defunto assentou-se, e começou a falar. E entregou-o à sua mãe.” (Lucas 7:11-15)
Jesus estava pregando e ensinando às pessoas e, de repente, se depara com uma mulher que havia
perdido seu filho e pensa: “Essa mulher perdeu seu único filho. O que será dela daqui em diante?” Ou seja,
ele entra no âmago das nossas dores, participa intimamente dos nossos sofrimentos, porque ele é “homem
de dores, que sabe o que é padecer”. Eu imagino que Jesus abraçou aquela mulher, trouxe-a para perto do
seu coração e lhe disse: “Não chores!”. Pergunto: Quem tem um Deus como esse?
“E, saindo eles de Jericó, seguiu-o grande multidão. E eis que dois cegos, assentados junto do
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caminho, ouvindo que Jesus passava, clamaram, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de
nós! E a multidão os repreendia, para que se calassem; eles, porém, cada vez clamavam mais,
dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de nós! E Jesus, parando, chamou-os, e disse: Que
quereis que vos faça? Disseram-lhe eles: Senhor, que os nossos olhos sejam abertos. Então Jesus,
movido de íntima compaixão, tocou-lhes nos olhos, e logo seus olhos viram; e eles o seguiram.”
(Mateus 20:29-34)
Agora Jesus estava em uma grande “campanha evangelística” e ouve algumas vozes gritando,
“atrapalhando a liturgia da reunião”, “incomodando” as pessoas. E o texto diz que ele “parou”. Não existia
nenhuma ocupação no ministério de Jesus que o impedia de parar e atender o clamor de um necessitado
ou sofredor. E, de forma amorosa e carinhosa, pergunta: “O que você quer que eu te faça?” Novamente eu
pergunto: Quem tem um Deus como esse?
Jesus não usava esses milagres como marketing para si mesmo – ele curava porque tinha
compaixão. Que Deus nos livre da mentalidade de realizar curas e milagres para que o “nosso nome” ou da
“nossa igreja” seja engrandecido, para que as pessoas saibam que somos capazes de curar etc.
“Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o
despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. E, ocasionalmente descia pelo
mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo. E de igual modo também um levita,
chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou
ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão; e, aproximando-se, atou-lhe as feridas,
deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre o seu animal, levou-o para uma estalagem, e cuidou
dele; e, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e
tudo o que de mais gastares eu te pagarei quando voltar. Qual, pois, destes três te parece que foi o
próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? E ele disse: O que usou de misericórdia para
com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma maneira.” (Lucas 10:30-37)
O sacerdote representa a religião e suas liturgias, a nossa religiosidade. O levita representa as
instituições e suas estruturas. Jesus poderia ter usado um grego ou um romano como exemplo, mas
preferiu usar a figura de um samaritano, que era alguém desprezível, odiado, rejeitado pelos judeus;
alguém contaminado, que não cabia na história religiosa deles. Ou seja, Jesus quis realmente mexer no
âmago do coração daqueles que o ouviam. Um passou do alto do seu sacerdócio e outro passou do alto de
suas atribuições religiosas – mas nenhum deles se aproximou do necessitado. Então passou um samaritano
e “moveu-se de íntima compaixão” por aquele homem.
Nós temos essa compaixão porque temos a natureza de Deus em nós – só precisamos liberar,
desbloquear, manifestar. É “quebrar o vaso” e deixar o “bom perfume de Cristo” ser exalado (Mateus 26:7;
2 Coríntios 2:15). Aquele samaritano não somente se aproximou, mas cuidou daquele homem; e não
somente o fez naquele momento, como também lhe proveu o necessário para os dias seguintes. No
contexto, Jesus estava falando sobre amar o próximo (10:25-29) e completa: “Vai, e faze da mesma
maneira” (v.37). Ele mostra nessa parábola que proximidade não é uma questão geográfica, mas de
coração – quando permito que o meu coração se aproxime das pessoas.
Quem fez a divisão dos versículos colocou como título dessa parábola “A parábola do bom
samaritano”, mas, na verdade, ele era um samaritano normal, pois Deus espera que todos nós tenhamos a
mesma compaixão, que façamos o mesmo. Espera-se de alguém que se diz servo ou filho de Deus que
atenda os necessitados. É isso que Jesus disse em Lucas 17:10:
“Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis,
porque fizemos somente o que devíamos fazer”.
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Ele não espera isso por causa de uma condição social ou moral, mas por causa da natureza divina
que habita em nós! Ele quer que a nossa vida diária seja assim e nos deu as condições para isso.
Deus não diz: “Se esforce para ser bom, para fazer o bem, para ser misericordioso!” Não! Basta
deixarmos a natureza Dele agir em nós e assim seremos e agiremos. E, dessa forma, Ele será glorificado,
exaltado e reconhecido através de nós por aqueles que ainda não O conhecem. Eles verão a luz de Deus
pelas nossas boas obras!
“Desde então começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer
muitas coisas dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar
ao terceiro dia. E Pedro, tomando-o de parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Senhor, tem
compaixão de ti; de modo nenhum te acontecerá isso.” (Mateus 16:21,22)
Eu tenho a impressão de que Pedro não estava pensando muito em Jesus, pois ele estava pregando
um novo reino e havia uma disputa entre os discípulos para saber quem seria o “primeiro-ministro”: “reino
garantido, posição garantida”. Mas, de repente, Jesus começa a falar sobre ser preso, morto, sepultado etc.
Como ficaria então o “plano” de Pedro, se ele havia deixado casa, família, trabalho para investir tudo em
Jesus? A palavra grega usada no texto traz a ideia de que Pedro “sacudiu” a Jesus pelos ombros como que
dizendo: “Acorda!” E Jesus lhe responde:
“Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes (cogitas) as
coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens.” (v. 23)
Cogitar as coisas do diabo (ou as que são dos homens) é trabalhar com compaixão própria; cogitar
as coisas de Deus é trabalhar com compaixão para com as coisas dos outros. A natureza divina que habita
em nós é compassiva, se aproxima do necessitado, cuida daquele que está precisando.
Nosso Deus se fez carne e habitou entre nós não somente para suprir nossas necessidades, mas,
principalmente, para ficar próximo a nós e Se relacionar conosco sem nenhum impedimento. E Ele não veio
somente morar ao nosso lado (“paráclito”, andar do lado), mas também morar dentro de nós e repartir
conosco tudo o que Ele é.
Deus é bom, misericordioso, compassivo, perdoador, longânimo, amoroso etc. Será que podemos
hoje “quebrar o nosso vaso” e deixar o Senhor ser em nós tudo o que Ele é? Deixá-Lo manifestar através de
nós as Suas características, lembrando que todas elas já habitam em nosso interior?
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IGREJA – A PORTA DO CÉU
Tony Felício
N
o início de tudo, na criação do mundo, há uma frase que se repete ao findar de cada dia e descreve a
percepção de Deus sobre a Suas obras: “E viu Deus que era bom”. Ao final do sexto dia, após criar o
homem, Ele disse: “...e eis que era muito bom” (Gênesis 1:31).
Tudo o que havia no Éden, tudo o que estava ao redor da Árvore da Vida era muito bom. Mas,
então, aconteceu uma tragédia: Satanás entra, toma a serpente e seduz primeiro a mulher e depois o
homem com uma conversa cheia de engano, fazendo-os pensar que a única coisa que eles não deviam
experimentar era boa:
“Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o Senhor Deus tinha feito, disse à
mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? Respondeu-lhe a mulher:
Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim,
disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais. Então, a serpente disse à
mulher: É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos
abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal. Vendo a mulher que a árvore
era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe
do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu.” (Gênesis 3:1-6)
No entanto, toda a criação de Deus era boa, tudo o que havia no Éden era muito bom. Havia
apenas uma coisa que não era boa e que o homem não devia comer: o fruto da árvore do conhecimento do
bem e do mal (2:16,17). Se ele comesse do mesmo, significaria que estaria escolhendo viver longe de Deus,
debaixo do seu próprio governo, segundo sua própria mente e coração. Por isso não era bom comer do
fruto dessa árvore.
Essa ideia absurda e distorcida continua até hoje: de que aquilo que Deus diz “não”, é bom! A
cultura popular mundana ensina que “aquilo que é proibido é mais gostoso”. Mas, como as pessoas
conseguem olhar para aquilo que Deus repudia, que Ele diz “NÃO” e achar gostoso? Eva olhou para aquela
árvore, acreditou na mentira de Satanás, seus olhos focaram naquele fruto e ela o comeu, dando-o em
seguida para Adão fazer o mesmo. Assim, eles deixaram de experimentar a realidade do Éden, que significa
“prazer”.
O Éden era muito especial, pois, apesar de ser um simples lugar na Terra, não havia ali separação
entre as dimensões terrena e celestial – a Bíblia mostra que naquele lugar Adão e Deus conversavam
diariamente de forma livre, íntima e direta, face a face (3:8). Mas, quando Adão e Eva escolheram comer
daquele fruto e se rebelar contra Deus, escolheram viver apenas na dimensão natural, terrena. Qual foi a
consequência disso?
“E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara
não comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias
de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo. No suor do
rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó
tornarás.” (3:16,17)
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Lemos nesse texto duas coisas terríveis que lhes sobreveio por causa dessa escolha errada. Deus
disse: “Adão, você escolheu sair da dimensão eterna, escolheu sair da minha presença e, por isso, somente
com suor e com dor irá produzir o seu sustento a partir da terra.” Ora, não é assim que as pessoas vivem
hoje? Esperando satisfação, prazer, alegria daquilo que elas mesmas podem produzir e conseguir no
mundo natural? No entanto, as coisas naturais – que são pecaminosas – jamais podem nos satisfazer
interiormente, justamente porque nos afastam DAQUELE que é a nossa verdadeira satisfação.
Mesmo as coisas lícitas, por mais legais, bonitas e divertidas que sejam, só têm sentido se forem
vividas, experimentadas e praticadas na presença e para a glória de Deus. Não adianta tentarmos colocar
todas as nossas expectativas no mundo natural, nas coisas dessa Terra, na dimensão do visível pois iremos
nos frustrar, justamente porque nascemos para viver eternamente, na dimensão do invisível.
“Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem,
sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim.” (Eclesiastes 3:11)
Nós temos fome pelo eterno mas não o acessamos; temos desejo pelo eterno mas não o
experimentamos. Será que, assim como Adão, estamos fadados a achar que o eterno é somente após a
segunda vinda de Jesus? Ou será que Deus deu um jeito de fazer com que nós, o Seu povo, pudesse viver
em uma dimensão eterna ainda vivendo nessa Terra? Vamos meditar em uma experiência que Jacó viveu
com Deus e que nos mostra que isso é possível a nós hoje. Veremos que Deus nunca quis que tivéssemos
limitações para acessar o Céu, que essa dificuldade nunca foi planejada por Ele.
“Partiu Jacó de Berseba e seguiu para Harã. Tendo chegado a certo lugar, ali passou a noite, pois já
era sol-posto; tomou uma das pedras do lugar, fê-la seu travesseiro e se deitou ali mesmo para
dormir. E sonhou: Eis posta na terra uma escada cujo topo atingia o céu; e os anjos de Deus subiam
e desciam por ela. Perto dele estava o SENHOR e lhe disse: Eu sou o SENHOR, Deus de Abraão, teu
pai, e Deus de Isaque. A terra em que agora estás deitado, eu te darei, a ti e à tua descendência. A
tua descendência será como o pó da terra; estender-te-ás para o Ocidente e para o Oriente, para o
Norte e para o Sul. Em ti e na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra. Eis que
eu estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei voltar a esta terra, porque te não
desampararei, até cumprir eu aquilo que te hei referido. Despertado Jacó do seu sono, disse: Na
verdade, o SENHOR está neste lugar, e eu não o sabia. E, temendo, disse: Quão temível é este lugar!
É a Casa de Deus, a porta dos céus. Tendo-se levantado Jacó, cedo, de madrugada, tomou a pedra
que havia posto por travesseiro e a erigiu em coluna, sobre cujo topo entornou azeite. E ao lugar,
cidade que outrora se chamava Luz, deu o nome de Betel. Fez também Jacó um voto, dizendo: Se
Deus for comigo, e me guardar nesta jornada que empreendo, e me der pão para comer e roupa
que me vista, de maneira que eu volte em paz para a casa de meu pai, então, o SENHOR será o meu
Deus; e a pedra, que erigi por coluna, será a Casa de Deus; e, de tudo quanto me concederes,
certamente eu te darei o dízimo.” (Gênesis 28:10-22)
É estranho que Jacó tenha escolhido uma pedra como travesseiro, mas ela tem um significado
especial no sonho e após o sonho, trazendo várias lições que podemos aplicar em nossa vida diária:
a) Jacó se deitou e reclinou a cabeça nessa pedra. Isso me faz pensar na igreja, que é um lugar de
descanso feita de pedras vivas. Existe, sim, um lugar na Terra onde as pessoas podem descansar que é a
Igreja, a Casa de Deus, a Porta do Céu. Todos os cansados e sobrecarregados, aqueles que Jesus alcançou e
que nós alcançamos hoje precisam reclinar suas cabeças sobre esta pedra e ceder suas vontades ao
governo do Rei Jesus. Há um descanso para eles na dimensão eterna, na igreja. Não há, entretanto,
descanso nos “travesseiros naturais” – no nosso trabalho e salário, nos relacionamentos que controlamos
etc. O descanso prometido por Deus é quando reclinamos a cabeça sobre esta pedra: Jesus e sua igreja. Ele,
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a pedra de esquina e nós, pedras vivas, edificados com ele e sobre ele, formando esse lugar de descanso (1
Pedro 2:6,7; Mateus 11:28,29; Hebreus 4:9-11).
O que torna a igreja a porta do Céu é porque Jesus habita nela: “No qual também vós juntamente
sois edificados para morada de Deus em Espírito” (Efésios 2:22). Então, nós somos essa casa, Deus mora em
nós e, por isso, podemos ver o Céu, viver o Céu na Terra, sair de uma dimensão natural e entrar em uma
dimensão sobrenatural!
b) Jacó viu uma escada cujo topo chegava até o Céu. A igreja é um lugar onde existe uma
comunicação livre entre Céu e Terra que foi produzida pelo Senhor Jesus. Deus, o Eterno, Se fez carne,
desceu e habitou entre nós e “...vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de
verdade” (João 1:14). Assim, o Eterno realizou o milagre de vir para um ambiente natural e encarnar-se em
homem, porque, já que nós não acessávamos o Céu, ele acessou a Terra para que pudéssemos vê-lo,
contemplá-lo e começar a ter um vislumbre daquilo que podemos experimentar eternamente.
Jesus não estava preso ao que chamamos de “determinismo do natural”. A Bíblia diz que ele só
fazia o que via o Pai fazer (João 5:19,20). Então, ele andava na Terra na dimensão natural, mas vivendo em
uma dimensão espiritual. Por exemplo, ele andou sobre as águas (Mateus 14:25), multiplicou os pães e os
peixes (Mateus 14:19) etc. Perceba que eu estou falando de mudança de paradigmas, de esquemas
mentais, de parar de crer e depender de coisas naturais e confiar plena e exclusivamente no sobrenatural
de Deus que agora habita em nós.
Acostumamo-nos a raciocinar que as coisas naturais são as únicas a que temos acesso; mas isso
não é verdade. Nosso “socorro bem presente na angústia” não é o cartão de crédito, o saldo bancário ou os
remédios. A fé que tenho aprendido e recebido do Senhor me leva a crer, proclamar e viver meu
livramento do determinismo das coisas naturais – há recursos sobrenaturais para nós! Vivemos, de fato,
em uma dimensão natural, limitados, não isentos do que acontece nessa dimensão. No entanto, não
estamos de forma alguma privados das coisas eternas. Jesus comprovou isso ao realizar curas e milagres.
Ele curava cegos, coxos e surdos de nascença – trazia para o mundo natural o que via e experimentava no
mundo espiritual.
Hoje o Senhor nos chama para viver nessa mesma dimensão. Há uma escada diante de nós e ela
está na igreja, portanto, nós podemos acessar o Céu, não precisamos viver presos ao natural. Podemos e
devemos aprender a raciocinar e agir de outro jeito. Assim como nunca podemos dizer que “o proibido é
mais gostoso”, também não podemos acreditar que o natural é o único mundo a que temos acesso. O
sobrenatural, a santidade, os milagres são para nós, igreja, porque somos a porta do Céu! Jacó viu essa
porta e viu a escada com anjos subindo e descendo por ela – um caminho livre, aberto, acessível.
Imagine Jesus chegando para um paralítico e mandando-o se levantar. Para a mente natural das
pessoas que ali estavam era óbvio que um paralítico não podia andar. Mas isso não era óbvio para Jesus e
também não precisa ser para nós. Temos visto ‘gotas’ dessas coisas em nosso meio: irmãos e irmãs
relatando testemunhos de curas, milagres, libertações e transformações sobrenaturais. Então, não
precisamos mais aceitar o determinismo natural. Podemos mudar a maneira de crer, pensar e agir acerca
das coisas que nos rodeiam, do mundo em que vivemos!
c) Jacó ouviu Deus reafirmar Sua benção sobre Abraão, seu avô, e sabia que a mesma benção
estava sobre ele: “E a tua descendência será como o pó da terra, e estender-se-á ao ocidente, e ao oriente,
e ao norte, e ao sul, e em ti e na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra” (Gênesis
28:14). Isso significa que a igreja é porta do Céu para muitas famílias e nações. Toda a abundância do Céu
pode tocar as pessoas na Terra por meio da igreja. Ou seja, existe um canal aberto entre o Céu e a Terra
para abençoar as pessoas e esse canal somos nós, igreja do Senhor!
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Por que é que Deus deu essa identidade e chamado a Abraão, Isaque, Jacó e, consequentemente, à
igreja, que é a descendência principal de Abraão? Porque Ele não é um Deus de carência, mas de
abundância. Ele é a fonte de todos os recursos e nós, Seus filhos, também podemos ser. A igreja pode e
deve fazer o bem porque o Céu é um lugar onde só existe o bem: “E eis que era muito bom...”. Às vezes
ficamos pensando nas coisas que nos faltam, mas precisamos pensar nas que temos – e o que temos é
“muito bom”!
Quando João Batista estava preso e ouviu os relatos do que Jesus estava fazendo, mandou seus
discípulos perguntarem a ele: “És tu aquele que havia de vir ou esperamos outro?” (Mateus 11:3). Então o
Senhor lhes respondeu: “Ide, e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes: Os cegos veem, e os coxos
andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o
evangelho” (vs.4-6). João, talvez devido à crise terrível que estava vivendo e diante da sua morte iminente,
duvidou de Jesus. Um irmão me disse: “Talvez ele não tenha entendido o porquê de estar tudo bem do
lado de fora e ele continuar preso, de Jesus não tê-lo tirado de lá”. Mas essa é a tendência que nós
herdamos de Adão – parece que só vemos o mal, o errado, o que não presta; cremos demais no negativo.
Por isso precisamos levantar os nossos olhos, olhar para a Árvore da Vida e crer que em torno dela tudo é
muito bom e, Nele, tudo podemos realizar!
Talvez você esteja passando por situações complicadas, difíceis e, olhando para elas, se lamente
muito. Deus, no entanto, nos chama para pensarmos e olharmos de uma outra forma, pois existe algo
muito maior e melhor para vermos e experimentarmos.
d) Jacó, quando despertou do sono, “tomou a pedra que havia posto por travesseiro e a erigiu em
coluna, sobre cujo topo entornou azeite” (Gênesis 28:18). O Espírito Santo unge e consagra a igreja como
Porta do Céu. Uma coisa é ser igreja; outra é ser uma igreja cheia de azeite, de unção, da presença de Deus;
uma igreja cheia do Espírito Santo, que faz o que não conseguimos fazer e age de uma forma que nos
surpreende. É tempo de orar, de buscar ao Senhor sozinhos e com outros. É tempo de entornar azeite
sobre a pedra. Deus quer Se derramar de uma forma muito mais profunda sobre nós e cabe-nos viver nessa
intenção: uma busca consciente por um experiência do Céu na Terra.
Concluo com duas experiências maravilhosas na Palavra de Deus:
a) Os discípulos, após serem cheios do Espírito Santo, perceberam que podiam andar na mesma
dimensão que Jesus havia andado. O livro de Atos, capítulo 3, relata que Pedro e João chegaram em frente
ao Templo onde havia um mendigo que há anos pedia esmola no mesmo lugar. Mas naquele dia foi
diferente, pois agora eles sabiam que podiam andar na dimensão do Céu e, então, o milagre aconteceu:
“Pedro e João subiam ao templo para a oração da hora nona. Era levado um homem, coxo de
nascença, o qual punham diariamente à porta do templo chamada Formosa, para pedir esmola aos
que entravam. Vendo ele a Pedro e João, que iam entrar no templo, implorava que lhe dessem uma
esmola. Pedro, fitando-o, juntamente com João, disse: Olha para nós. Ele os olhava atentamente,
esperando receber alguma coisa. Pedro, porém, lhe disse: Não possuo nem prata nem ouro, mas o
que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda! E, tomando-o pela mão direita,
o levantou; imediatamente, os seus pés e tornozelos se firmaram; de um salto se pôs em pé, passou
a andar e entrou com eles no templo, saltando e louvando a Deus. Viu-o todo o povo a andar e a
louvar a Deus, e reconheceram ser ele o mesmo que esmolava, assentado à Porta Formosa do
templo; e se encheram de admiração e assombro por isso que lhe acontecera.” (Atos 3:1-10)
b) Paulo e Silas, quando estavam presos, experimentaram vários milagres. Primeiro, foram soltos
sobrenaturalmente pelo Senhor; segundo, nenhum preso fugiu; terceiro, pregaram para o carcereiro e toda
a sua casa.
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“Por volta da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam louvores a Deus, e os demais
companheiros de prisão escutavam. De repente, sobreveio tamanho terremoto, que sacudiu os
alicerces da prisão; abriram-se todas as portas, e soltaram-se as cadeias de todos. O carcereiro
despertou do sono e, vendo abertas as portas do cárcere, puxando da espada, ia suicidar-se,
supondo que os presos tivessem fugido. Mas Paulo bradou em alta voz: Não te faças nenhum mal,
que todos aqui estamos! Então, o carcereiro, tendo pedido uma luz, entrou precipitadamente e,
trêmulo, prostrou-se diante de Paulo e Silas. Depois, trazendo-os para fora, disse: Senhores, que
devo fazer para que seja salvo? Responderam-lhe: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa. E
lhe pregaram a palavra de Deus e a todos os de sua casa. Naquela mesma hora da noite, cuidando
deles, lavou-lhes os vergões dos açoites. A seguir, foi ele batizado, e todos os seus. Então, levandoos para a sua própria casa, lhes pôs a mesa; e, com todos os seus, manifestava grande alegria, por
terem crido em Deus.” (Atos 16:25-34)
Milagre é a transformação de coisas que são óbvias naturalmente em coisas novas, sobrenaturais,
mas é também a transformação na maneira de pensar, de crer, de agir, de se comportar. Paulo e Silas se
dispuseram a permanecer presos para que o carcereiro não sofresse o dano pelo ocorrido. A atitude deles
demonstrou o reino do Céu na Terra. Jesus nunca fez questão de se proteger, mas de se doar, de fazer o
bem.
Adão pecou e, por causa dele, a porta do Éden foi fechada. Mas, quando Jesus veio, a porta do Céu
se abriu porque ele morreu, ressuscitou e assentou-se à direita de Deus. O Eterno veio à Terra para que
pudéssemos povoar o Céu. O que é mais sobrenatural do que isso? A maior garantia de que podemos
acessar o Céu é que Deus Se fez homem e agora existe um homem no Céu!
“Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando
nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, – pela graça sois salvos, e,
juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; para
mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em
Cristo Jesus.” (Efésios 2:4-7)
Oremos ao Senhor para que Ele mude nosso jeito de pensar, nosso costume de se prender ao
natural, ao óbvio, ao lógico, ao terreno. As portas do Éden se fecharam, mas a Porta do Céu se abriu e nós,
igreja, somos essa porta! Podemos fazer o que Jesus fez se tornar mais poderoso em nossas vidas do que
aquilo que Adão fez. O que fez o homem fechar as portas do Éden é infinitamente menor do que aquilo que
Jesus fez na cruz. Quando ele desceu, morreu e ressuscitou fez uma obra maior do que a de Adão. Adão foi
feito alma vivente, mas Jesus foi feito espírito vivificante (1 Coríntios 15:45), porque ele dá a própria vida
de Deus aos homens – a vida real, genuína, poderosa, sobrenatural! Por isso podemos fazer obras maiores
do que a de Adão e experimentar hoje, em vida, o Céu na Terra!
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CONHECEDORES DA ÉPOCA
Jô Rocha
T
emos vivido dias difíceis em todo o mundo. Vemos as notícias e essas são recheadas de muitas
incertezas, perigos, atentados terroristas, violência, medos – uma instabilidade e insegurança global. A
Europa tem recebido cerca de 1,2 milhões de refugiados fugindo das guerras na Síria, Afeganistão, Iraque e
norte da África. O objetivo deles é chegar à Europa Ocidental, nos países mais ricos. Esses muçulmanos de
origem precisam de médicos, casas, trabalhos e, principalmente, de aprender uma nova cultura, aprender a
respeitar suas mulheres. Assim, é todo um sistema que precisa ser ajustado para receber essa quantidade
imensa de refugiados.
Essa situação, além de atos de terrorismos, ameaças de guerras, terremotos e outras catástrofes
naturais estão causando um verdadeiro caos no Continente Europeu. A Rússia está tomando vários países
ao seu derredor (recentemente a Criméia), pressionando muito a Ucrânia, Estônia, Letônia e Lituânia para
tomá-las de volta.
Com tudo isso, a sociedade europeia parece que perdeu seu rumo e está, aparentemente, sem
respostas. Mas muitos ali conhecem a resposta – Jesus Cristo – e precisam, assim como todos nós, igreja do
Senhor, estar alertas para ouvir a voz de Deus para esses dias de grande convulsão que precedem a volta
de Jesus.
No primeiro livro de Crônicas, lemos que Saul havia sido deposto, perdeu seu reinado, justamente
enquanto Davi estava formando e organizando o seu novo reino. Prestes a ser coroado rei em Hebrom,
Davi recebia milhares de homens das tribos de Israel que se apresentavam para cooperar com o
estabelecimento desse novo reino; famílias inteiras que subiam para pelejar com o novo rei obedecendo
um chamado do Senhor. Esses foram os grandes guerreiros de Davi, juntamente com suas famílias e
representavam as 12 tribos de Israel relatadas em Gênesis 49:
“Estes ajudaram Davi contra aquela tropa, porque todos eles eram homens valentes e capitães no
exército. Porque, naquele tempo, dia após dia, vinham a Davi para o ajudar, até que se fez um
grande exército, como exército de Deus. Ora, este é o número dos homens armados para a peleja,
que vieram a Davi, em Hebrom, para lhe transferirem o reino de Saul, segundo a palavra do
SENHOR: dos filhos de Judá, que traziam escudo e lança, seis mil e oitocentos, armados para a
peleja; dos filhos de Simeão, homens valentes para a peleja, sete mil e cem; dos filhos de Levi,
quatro mil e seiscentos; Joiada era o chefe da casa de Arão, e com ele vieram três mil e setecentos;
Zadoque, sendo ainda jovem, homem valente, trouxe vinte e dois príncipes de sua casa paterna; dos
filhos de Benjamim, irmãos de Saul, vieram três mil; porque até então havia ainda muitos deles que
eram pela casa de Saul; dos filhos de Efraim, vinte mil e oitocentos homens valentes e de renome
em casa de seus pais; da meia tribo de Manassés, dezoito mil, que foram apontados nominalmente
para vir a fazer rei a Davi; dos filhos de Issacar, conhecedores da época, para saberem o que Israel
devia fazer, duzentos chefes e todos os seus irmãos sob suas ordens; de Zebulom, dos capazes para
sair à guerra, providos com todas as armas de guerra, cinquenta mil, destros para ordenar uma
batalha com ânimo resoluto; de Naftali, mil capitães, e, com eles, trinta e sete mil com escudo e
lança; dos danitas, providos para a peleja, vinte e oito mil e seiscentos; de Aser, dos capazes para
sair à guerra e prontos para a batalha, quarenta mil; do lado dalém do Jordão, dos rubenitas e
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gaditas e da meia tribo de Manassés, providos de toda sorte de instrumentos de guerra, cento e
vinte mil. Todos estes homens de guerra, postos em ordem de batalha, vieram a Hebrom, resolvidos
a fazer Davi rei sobre todo o Israel; também todo o resto de Israel era unânime no propósito de
fazer a Davi rei.” (1 Crônicas 12:21-38)
O verso 32, especialmente, chamou muito a minha atenção e nele tenho refletido ultimamente:
“...dos filhos de Issacar, conhecedores da época, para saberem o que Israel devia fazer, duzentos chefes e
todos os seus irmãos sob suas ordens”. As Escrituras mencionam de forma especial 200 chefes dos filhos de
Issacar entre os 340 mil do povo de Israel. Era uma tribo pequena, quase inexpressiva, mas tremendamente
importante, pois seus homens eram conhecedores do seu tempo e sabiam o que Israel devia fazer,
discernir sobre qual caminho tomar.
Este é um dos grandes desafios que temos para enfrentar os dias atuais – sermos homens e
mulheres de Deus, identificados com esse tempo, conhecedores da nossa época, que discernem o tempo e
o modo de Deus agir para que possamos cooperar com o Senhor! Aqueles poucos homens entenderam seu
tempo e discerniram o que Deus estava realizando quando elevou Davi ao trono como Seu ungido. Então,
assim como eles, precisamos olhar além do horizonte, estudar a época, a história e a cultura, envolver-nos
com ela para sermos sal e luz, temendo e nos submetendo ao Senhor e cooperando com os Seus propósitos
para esta geração. Homens e mulheres que assumem suas posições e postos de batalha, pois é Ele quem
está nos convocando. Homens que liderem suas famílias, assumam posições de coragem, ousadia e retidão
diante dessa sociedade tão difícil que estamos vivendo.
Qual é, então, a leitura que fazemos desse nosso tempo? O que o Senhor está falando à igreja
nesses dias? Há uma missão que a igreja em todo o mundo deve cumprir nessa geração e, por isso,
precisamos discernir o tempo em que estamos vivendo para saber quais iniciativas e decisões devemos
tomar. Precisamos de conhecimento, discernimento, sabedoria e direção divinas para termos muito claro
em nossas mentes e corações qual é a nossa missão no mundo, a nossa parte, da nossa família e
congregação nisso tudo.
Daniel foi um jovem hebreu ao qual Nabucodonozor, rei do império babilônico, levou como escravo
de Jerusalém no ano 605 AC. Daniel estava em uma terra estranha e precisava de discernimento, sabedoria
e direção do Senhor para aquele tempo. Lemos nas Escrituras:
“No segundo ano do reinado de Nabucodonosor, teve este um sonho; o seu espírito se perturbou, e
passou-se-lhe o sono. Então, o rei mandou chamar os magos, os encantadores, os feiticeiros e os
caldeus, para que declarassem ao rei quais lhe foram os sonhos; eles vieram e se apresentaram
diante do rei. Disse-lhes o rei: Tive um sonho, e para sabê-lo está perturbado o meu espírito. Os
caldeus disseram ao rei em aramaico: Ó rei, vive eternamente! Dize o sonho a teus servos, e
daremos a interpretação. Respondeu o rei e disse aos caldeus: Uma coisa é certa: se não me fizerdes
saber o sonho e a sua interpretação, sereis despedaçados, e as vossas casas serão feitas monturo;
mas, se me declarardes o sonho e a sua interpretação, recebereis de mim dádivas, prêmios e
grandes honras; portanto, declarai-me o sonho e a sua interpretação. Responderam segunda vez e
disseram: Diga o rei o sonho a seus servos, e lhe daremos a interpretação. Tornou o rei e disse: Bem
percebo que quereis ganhar tempo, porque vedes que o que eu disse está resolvido, isto é: se não
me fazeis saber o sonho, uma só sentença será a vossa; pois combinastes palavras mentirosas e
perversas para as proferirdes na minha presença, até que se mude a situação; portanto, dizei-me o
sonho, e saberei que me podeis dar-lhe a interpretação. Responderam os caldeus na presença do rei
e disseram: Não há mortal sobre a terra que possa revelar o que o rei exige; pois jamais houve rei,
por grande e poderoso que tivesse sido, que exigisse semelhante coisa de algum mago, encantador
ou caldeu. A coisa que o rei exige é difícil, e ninguém há que a possa revelar diante do rei, senão os
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deuses, e estes não moram com os homens. Então, o rei muito se irou e enfureceu; e ordenou que
matassem a todos os sábios da Babilônia.” (Daniel 2:1-12)
O rei teve um sonho estranho e queria sua interpretação. Mas era necessário um milagre, uma
revelação de Deus para isso, pois ele queria que os sábios lhe dissessem qual era esse sonho e a sua
respectiva interpretação. Esses são exatamente os dias em que estamos vivendo: necessitamos de uma
revelação divina para podermos navegar dentro dessas situações mundiais.
“Saiu o decreto, segundo o qual deviam ser mortos os sábios; e buscaram a Daniel e aos seus
companheiros, para que fossem mortos. Então, Daniel falou, avisada e prudentemente, a Arioque,
chefe da guarda do rei, que tinha saído para matar os sábios da Babilônia. E disse a Arioque,
encarregado do rei: Por que é tão severo o mandado do rei? Então, Arioque explicou o caso a
Daniel. Foi Daniel ter com o rei e lhe pediu designasse o tempo, e ele revelaria ao rei a
interpretação. Então, Daniel foi para casa e fez saber o caso a Hananias, Misael e Azarias, seus
companheiros, para que pedissem misericórdia ao Deus do céu sobre este mistério, a fim de que
Daniel e seus companheiros não perecessem com o resto dos sábios da Babilônia. Então, foi
revelado o mistério a Daniel numa visão de noite; Daniel bendisse o Deus do céu. Disse Daniel: Seja
bendito o nome de Deus, de eternidade a eternidade, porque dele é a sabedoria e o poder; é ele
quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis; ele dá sabedoria aos sábios e
entendimento aos inteligentes. Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e
com ele mora a luz. A ti, ó Deus de meus pais, eu te rendo graças e te louvo, porque me deste
sabedoria e poder; e, agora, me fizeste saber o que te pedimos, porque nos fizeste saber este caso
do rei. Por isso, Daniel foi ter com Arioque, ao qual o rei tinha constituído para exterminar os sábios
da Babilônia; entrou e lhe disse: Não mates os sábios da Babilônia; introduze-me na presença do rei,
e revelarei ao rei a interpretação. Então, Arioque depressa introduziu Daniel na presença do rei e lhe
disse: Achei um dentre os filhos dos cativos de Judá, o qual revelará ao rei a interpretação.
Respondeu o rei e disse a Daniel, cujo nome era Beltessazar: Podes tu fazer-me saber o que vi no
sonho e a sua interpretação? Respondeu Daniel na presença do rei e disse: O mistério que o rei
exige, nem encantadores, nem magos nem astrólogos o podem revelar ao rei; mas há um Deus no
céu, o qual revela os mistérios, pois fez saber ao rei Nabucodonosor o que há de ser nos últimos
dias. O teu sonho e as visões da tua cabeça, quando estavas no teu leito, são estas...” (Daniel 2:1328)
Daniel era um dos sábios que haviam sido jurados de morte pelo rei e quando essa notícia chegou
até ele, fez saber o caso a Hananias, Misael e Azarias, seus companheiros. É muito importante e necessário
que estejamos juntos e unidos, compartilhando o que temos visto e entendido como revelação do Senhor
para a igreja, cidade e nações do mundo.
Diz o verso 18 que eles foram orar “para que pedissem misericórdia ao Deus do céu sobre este
mistério, a fim de que Daniel e seus companheiros não perecessem com o resto dos sábios da Babilônia”. O
mundo está perecendo, mas Deus tem interesse em nos preservar para continuarmos cumprindo os Seus
propósitos nessa geração. Temos, então, uma imensa importância para esse tempo e o Senhor, pela Sua
misericórdia, conta conosco nesses dias difíceis.
Nos versos 20 a 22 lemos: “Seja bendito o nome de Deus, de eternidade a eternidade, porque Dele é
a sabedoria e o poder; é Ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis; Ele dá
sabedoria aos sábios e entendimento aos inteligentes. Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que
está em trevas, e com ele mora a luz.” Outra versão diz: “É Ele quem faz mudar os tempos e as estações”.
Nós somos esses sábios e inteligentes aos quais o Senhor está dando sabedoria e entendimento!
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Recentemente eu vi uma reportagem que a Missão Jocum (Jovens com uma Missão) reuniu na
cidade de Kansas City, EUA, líderes da principais organizações missionárias do mundo para buscar ao
Senhor, por uma semana, uma direção para esses últimos dias. Muitos estão traduzindo a Bíblia para seus
idiomas e esperam que até 2020 a maioria dos grupos étnicos do mundo a terão em áudio e por escrito
pelos diversos meios eletrônicos disponíveis. São homens e mulheres que estão buscando a direção do
Senhor para conhecerem e discernirem a época que estão vivendo. Aquela pequena tribo de Issacar já
conhecia tudo isso do Senhor e foi uma peça muito importante no trono de Davi.
Algo que temos feito como família e irmãos na Bélgica, onde moramos, é não nos concentramos no
mal iminente e nas distrações que o mundo oferece, mas colocar o nosso foco no Senhor Jesus para que
possamos levar o domínio e os princípios do reino de Deus para as nossas casas, igrejas, escolas, trabalhos
etc.
Paulo, quando estava em Roma, já prestes a morrer, escreve uma carta a Timóteo. De acordo com
Eusébio de Cesareia, pelo menos a segunda carta foi escrita durante a prisão de Paulo em Roma, por volta
dos anos 60 DC. Ele sabia que seu fim estava próximo e um trecho chamou a minha atenção:
“Procura vir ter comigo depressa. Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e
se foi para Tessalônica; Crescente foi para a Galácia, Tito, para a Dalmácia. Somente Lucas está
comigo. Toma contigo Marcos e traze-o, pois me é útil para o ministério. Quanto a Tíquico, mandeio até Éfeso. Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, bem como os
livros, especialmente os pergaminhos.” (2 Timóteo 4:9-13)
Demas “amou o presente século”. Temos hoje inúmeras distrações para tirar o nosso foco do
Senhor. Talvez ele tenha sido morto semanas ou meses depois disso, mas ele pediu os livros porque queria
continuar ocupado, lendo, escrevendo, nos abençoando com a Palavra de Deus. Ele estava pensando na
igreja de seus dias e, sabiamente, o Espírito lhe estava revelando também os nossos dias. Paulo não queria
perder tempo – estava totalmente focado na revelação de Deus para aquela hora e essa deve ser a mesma
palavra e direção para nós hoje.
Deus nos tem dado várias esferas de influência para focarmos e trabalharmos:
1) Família
2) Religião (igreja)
3) Educação (escolas, universidades)
4) Governo (política)
5) Economia (negócios)
6) Ciência (tecnologia)
7) Mídia (comunicação)
8) Artes (entretenimento, cultura, esporte)
Então, assim como os filhos de Issacar que tinham compreensão dos dias em que viviam, que a
nossa geração tenha compreensão dessas esferas de influência. Todos os lugares onde colocamos os
nossos pés são lugares sagrados para nós – onde estudamos, trabalhamos, relacionamos etc. Não existem
lugares “seculares” onde o povo de Deus está – somente lugares santos. E esse é o nosso chamado:
influenciar essas esferas da sociedade, saber o que a nossa nação deve fazer. Nós temos a resposta e
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precisamos ouvir cada vez mais o Senhor.
Deus está ocupado em todo o tempo, acordado, alerta e ansioso para passar Seus planos dos
últimos dias para nós. Precisamos, então, de revelação e discernimento dos tempos e estações para
podermos cooperar com Ele. Há muito que podemos fazer para influenciar o governo, a economia, a mídia
etc. O Senhor nos convoca hoje para sermos conhecedores da nossa época, entendermos o que Deus está
fazendo em nossos dias.
“E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e
toda a percepção, para aprovardes as coisas excelentes e serdes sinceros e inculpáveis para o Dia de
Cristo, cheios do fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus.”
(Filipenses 1:9-11)
Essa foi a oração de Paulo para os irmãos de Filipos e que também serve para nós hoje. Fico
imaginando ele preso e, nos seus últimos dias, escrevendo para encorajar a igreja.
Quantos dias ainda temos pela frente? Quando houve os atentados terroristas no Aeroporto e no
Metrô de Bruxelas, uma história me chamou a atenção. Um pai ficou muito aflito porque sabia que seu
filho estava chegando no Aeroporto justamente naquela hora. Então, ele ligou para o filho e este lhe
respondeu: “Pai, acabei de passar pelo guichê e estou salvo. Cinco minutos atrás as bombas explodiram,
mas eu já estou esperando o trem para o centro da cidade”. Ao chegar no centro, pouco tempo depois, ele
entrou no Metrô e morreu na explosão da segunda bomba. Fico pensando na dor daquele pai: ele estava
aliviado pelo fato do filho haver escapado das primeiras bombas e, meia hora depois, morre pela explosão
das demais.
São histórias fatídicas e incompreensíveis para a nossa mente natural, mas precisamos sempre nos
renovar e encorajar no Senhor, sabendo que, apesar de vivermos em meio a uma geração perversa, somos
amparados diariamente pelo nosso Deus e Pai. Os planos do Senhor não serão frustrados em nós, porque
pertencemos a Ele. Meus filhos saem de casa diariamente para estudar – pegam ônibus, trem e também
andam um trecho a pé. Vivemos em um país que está sob estado constante de guerra e, por isso, devemos
exercitar a fé todos os dias e deixar o nosso coração em paz, crendo que “a paz de Deus, que excede todo o
entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus” (Filipenses 4:7).
Que o Senhor nos console, nos conforte, nos dê a paz e abra o nosso entendimento para podermos
compreender o Seu tempo e modo para que não sejamos distraídos em nossos dias. Oremos para que Deus
encha os nossos corações de graça, fé e gratidão. Ele está no controle de todas as coisas e é Soberano!
Quando vemos o final da história sabemos que somos vitoriosos. Nosso Deus nunca perdeu uma guerra!
Todas as batalhas desses dias pertencem a Ele! Sua vitória é certa e garantida! Amém!
“Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus
habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos
olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as
primeiras coisas passaram. E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as
coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras. Disse-me ainda: Tudo
está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Eu, a quem tem sede, darei de graça da
fonte da água da vida. O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me será filho.”
(Apocalipse 21:3-7)
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UM CORAÇÃO COMO O DE DAVI
Jacemã Dória
U
ma coisa indiscutível é que Jesus é a nossa referência, o nosso modelo maior. No entanto, muitos
personagens da Bíblia têm muito a nos ensinar. Há um em especial cujas características devem estar
presentes em nossas vidas hoje.
Paulo, em 1 Coríntios 11:1, diz: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo”. Ou seja,
devemos imitar as virtudes ou características dos homens e mulheres que tiveram uma vida marcante com
Deus – e detalhe: mesmo após cometerem erros. Por exemplo, ao falarmos sobre o assunto “fé”, quem nos
vem à mente é Abraão; “paciência”, Jó; “Sabedoria”, Salomão; “louvor e adoração”, Davi e etc. E é sobre a
vida de Davi que eu quero discorrer alguns aspectos – o quanto ele tem a nos ensinar, o quanto precisamos
imitá-lo. Faremos um paralelo entre a vida dele e a nossa, apesar de vivemos hoje em uma realidade bem
diferente. No entanto, mesmo vivendo na Velha Aliança, vemos de forma impressionante que Davi viveu
regido por comportamentos da Nova Aliança, de revelações de Cristo, daquilo que nós como discípulos
precisamos praticar hoje.
Davi é um dos personagens mais citados da Bíblia. Sua história é registrada em mais de 60 capítulos
bíblicos; cerca de 60 referências são feitas a ele somente no N.T. Ele foi um excelente músico e compôs
cerca de 70 Salmos. Mas essa sua característica, apesar de maravilhosa, não foi o aspecto principal da sua
vida. Suas capacidades ou habilidades musicais não foram o que atraiu o coração de Deus. É bom imitarmos
a ele nesse aspecto, procurarmos ser excelentes e ungidos músicos e cantores para o Senhor, mas o que
atrai a Deus é termos um coração alinhado com Ele, e Davi é referência justamente por possuir essa
característica marcante:
“E, tendo tirado a este, levantou-lhes o rei Davi, do qual também, dando testemunho, disse: Achei
Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, que fará toda a minha vontade.” (Atos 13:22)
Então, apesar de todos os seus erros, pecados, virtudes e habilidades, a maior riqueza de Davi era
ter um coração alinhado com o coração do Pai. Por isso ele é um personagem que devemos olhar e imitar.
Ele tinha um coração pronto, inclinado, disposto a fazer toda a vontade de Deus.
Às vezes, conversando com alguém, dizemos: “Precisamos ser iguais a Jesus e amar os nossos
inimigos”. E a pessoa responde: “Ah, mas ele era Jesus, filho de Deus”. Mas e Davi? Ele era um homem
igual a mim e a você e cuja vida devemos imitar em nosso caminhar como discípulos.
1) Davi não concebia dar a Deus algo que não lhe custasse nada.
“Então, o Anjo do SENHOR disse a Gade que mandasse Davi subir para levantar um altar ao
SENHOR, na eira de Ornã, o jebuseu. Subiu, pois, Davi, segundo a palavra de Gade, que falara em
nome do SENHOR. Virando-se Ornã, viu o Anjo; e esconderam-se seus quatro filhos que estavam
com ele. Ora, Ornã estava debulhando trigo. Quando Davi vinha chegando a Ornã, este olhou, e o
viu e, saindo da eira, se inclinou diante de Davi, com o rosto em terra. Disse Davi a Ornã: Dá-me
este lugar da eira a fim de edificar nele um altar ao SENHOR, para que cesse a praga de sobre o
povo; dá-mo pelo seu devido valor. Então, disse Ornã a Davi: Tome-a o rei, meu senhor, para si e
faça dela o que bem lhe parecer; eis que dou os bois para o holocausto, e os trilhos, para a lenha, e
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o trigo, para oferta de manjares; dou tudo. Tornou o rei Davi a Ornã: Não; antes, pelo seu inteiro
valor a quero comprar; porque não tomarei o que é teu para o SENHOR, nem oferecerei holocausto
que não me custe nada. Davi deu a Ornã por aquele lugar a soma de seiscentos siclos de ouro.
Edificou ali um altar ao SENHOR, ofereceu nele holocaustos e sacrifícios pacíficos e invocou o
SENHOR, o qual lhe respondeu com fogo do céu sobre o altar do holocausto. O SENHOR deu ordem
ao Anjo, e ele meteu a sua espada na bainha.” (1 Crônicas 21:18-27)
Talvez muitos de nós, ao ouvir essa oferta de Ornã, a pegaríamos imediatamente, agradecendo ao
Senhor pela “benção” que Ele estava nos dando, pois estaríamos “economizando” com isso. Davi, no
entanto, revelou seu coração ao dizer-lhe que “nem oferecerei holocausto que não me custe nada”. Ele não
fugia do sacrifício da entrega! Essa é uma característica bem diferente de muitos ditos “adoradores” dos
nossos dias.
Lembrei-me da história do povo de Israel no livro de Malaquias, onde Deus manda que Lhe
trouxessem sacrifícios e, no entanto, eles oferecem a Ele animais coxos, cegos e enfermos:
“O filho honra o pai, e o servo, ao seu senhor. Se eu sou pai, onde está a minha honra? E, se eu sou
senhor, onde está o respeito para comigo? – diz o SENHOR dos Exércitos a vós outros, ó sacerdotes
que desprezais o meu nome. Vós dizeis: Em que desprezamos nós o teu nome? Ofereceis sobre o
meu altar pão imundo e ainda perguntais: Em que te havemos profanado? Nisto, que pensais: A
mesa do SENHOR é desprezível. Quando trazeis animal cego para o sacrificardes, não é isso mal? E,
quando trazeis o coxo ou o enfermo, não é isso mal? Ora, apresenta-o ao teu governador; acaso,
terá ele agrado em ti e te será favorável? – diz o SENHOR dos Exércitos. Agora, pois, suplicai o favor
de Deus, que nos conceda a sua graça; mas, com tais ofertas nas vossas mãos, aceitará ele a vossa
pessoa? – diz o SENHOR dos Exércitos. (...) E me desprezais, diz o SENHOR dos Exércitos; vós
ofereceis o dilacerado, e o coxo, e o enfermo; assim fazeis a oferta. Aceitaria eu isso da vossa mão?
– diz o SENHOR. Pois maldito seja o enganador, que, tendo um animal sadio no seu rebanho,
promete e oferece ao SENHOR um defeituoso; porque eu sou grande Rei, diz o SENHOR dos
Exércitos, o meu nome é terrível entre as nações.” (Malaquias 1:6-9, 13, 14)
Veja a diferença do coração desse povo para o coração de Davi. E assim também é conosco. Muitos
de nós ficamos felizes e satisfeitos quando Lhe damos o mínimo, a sobra, o pior; ou quando poupamos o
nosso melhor no que se refere à vida, ao tempo e aos bens. Davi, no entanto, se recusava a oferecer ao
Senhor o menor ou o pior, oferecer sacrifícios que não lhe custassem um alto preço. Paulo diz exatamente
isso em sua carta aos Romanos:
“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício
vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Romanos 12:1)
Há uma estória interessante sobre a diferença entre o sacrifício da galinha e do porco. Alguém diz
que está com vontade de comer ovos com bacon. A galinha, para fornecer o ovo, apenas faz um esforço
momentâneo, dá o ovo e continua sua vida normal – é um sacrifício que não lhe custa nada. O porco, por
sua vez, para fornecer o bacon dá a sua própria vida – um sacrifício que lhe custa tudo. Essa atitude de dar
tudo estava no coração de Davi e o Senhor também a requer de nós como Seus servos, discípulos,
seguidores.
2) Davi sabia que nada do que ele tinha era dele, mas de Deus.
“Pelo que Davi louvou ao SENHOR perante a congregação toda e disse: Bendito és tu, SENHOR, Deus
de Israel, nosso pai, de eternidade em eternidade. Teu, SENHOR, é o poder, a grandeza, a honra, a
vitória e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu, SENHOR, é o reino, e tu
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te exaltaste por chefe sobre todos. Riquezas e glória vêm de ti, tu dominas sobre tudo, na tua mão
há força e poder; contigo está o engrandecer e a tudo dar força. Agora, pois, ó nosso Deus, graças
te damos e louvamos o teu glorioso nome. Porque quem sou eu, e quem é o meu povo para que
pudéssemos dar voluntariamente estas coisas? Porque tudo vem de ti, e das tuas mãos to damos.”
(1 Crônicas 29:10-14)
Ele tinha pleno entendimento de que tudo o que tinha não pertencia a ele, mas ao Senhor. Ele
entendia e expressava o mesmo coração de Paulo:
“Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis
são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do
Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser
restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória
eternamente. Amém!” (Romanos 11:33-36)
Deus está levantando nesses últimos dias uma nação de homens e mulheres com esse mesmo
coração de Davi e Paulo. Não uma geração como Ananias e Safira, que davam apenas parte do que tinham,
mas uma geração que se dá por completo ao Senhor. Eles eram imitadores de Cristo, assim como nós
devemos sê-lo. Portanto, podemos e devemos imitar suas vidas.
3) Davi tinha um coração de servo.
“Davi era filho daquele efrateu de Belém de Judá cujo nome era Jessé, que tinha oito filhos; nos dias
de Saul, era já velho e adiantado em anos entre os homens. Apresentaram-se os três filhos mais
velhos de Jessé a Saul e o seguiram à guerra; chamavam-se: Eliabe, o primogênito, o segundo,
Abinadabe, e o terceiro, Samá. Davi era o mais moço; só os três maiores seguiram Saul. Davi,
porém, ia a Saul e voltava, para apascentar as ovelhas de seu pai, em Belém. Chegava-se, pois, o
filisteu pela manhã e à tarde; e apresentou-se por quarenta dias. Disse Jessé a Davi, seu filho: Leva,
peço-te, para teus irmãos um efa deste trigo tostado e estes dez pães e corre a levá-los ao
acampamento, a teus irmãos. Porém estes dez queijos, leva-os ao comandante de mil; e visitarás
teus irmãos, a ver se vão bem; e trarás uma prova de como passam. Saul, e eles, e todos os homens
de Israel estão no vale de Elá, pelejando com os filisteus. Davi, pois, no dia seguinte, se levantou de
madrugada, deixou as ovelhas com um guarda, carregou-se e partiu, como Jessé lhe ordenara; e
chegou ao acampamento quando já as tropas saíam para formar-se em ordem de batalha e, a
gritos, chamavam à peleja. Davi, deixando o que trouxera aos cuidados do guarda da bagagem,
correu à batalha; e, chegando, perguntou a seus irmãos se estavam bem.” (1 Samuel 17:12-21)
Davi já havia sido ungido rei por Samuel (1 Samuel 16:13). Então, ele já era rei por direito, mas
ainda não o era de fato. Ele tinha uma posição de destaque no reino, pois tocava e cantava louvores ao rei
Saul. Nesta situação acima, seus irmãos estavam na guerra e ele cuidava das ovelhas no campo. Então seu
pai lhe pediu para levar comida aos irmãos e queijos ao comandante do exército. Ora, ele já era rei por
direito e tinha acesso direto ao palácio de Saul, no entanto, “se levantou de madrugada, deixou as ovelhas
com um guarda, carregou-se e partiu, como Jessé lhe ordenara”. Lá chegando, fez exatamente o que seu
pai lhe havia mandado, ou seja, um trabalho de office-boy.
Ele não buscava reconhecimento, não reivindicava a unção e a posição espiritual que tinha, mas
mantinha seu coração de servo, humilde e obediente ao seu pai, sendo um imitador do próprio Jesus:
“Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em
forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou,
assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura
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humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que
também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao
nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse
que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.” (Filipenses 2:5-11)
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TRANSFORMADOS PELA RENOVAÇÃO DA MENTE
Abnério Cabral
“E não vos amoldeis ao esquema deste mundo, mas sede transformados pela renovação da vossa
mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Romanos
12:2)
P
aulo entendeu, logo no início do seu relacionamento com o Senhor, que a sua mente precisava passar
por uma transformação e ele viveu isso muito fortemente. A carta aos Romanos é um resumo de tudo
o que ele experimentou com o Senhor. Na sua segunda carta aos Coríntios ele fala sobre as fortalezas da
mente:
“Pois as armas da nossa guerra não são humanas, mas poderosas em Deus para destruir fortalezas.
Destruímos raciocínios e toda arrogância que se ergue contra o conhecimento de Deus, levando
cativo todo pensamento para que obedeça a Cristo. Estaremos prontos para punir toda
desobediência, quando alcançardes plena obediência.” (10:4,5)
Paulo recebeu e entendeu essa revelação da importância da mudança de mente. Muitas vezes
ficamos presos a dogmas, doutrinas, ensinamentos que não nos aproximam de Deus e que precisam cair
por terra, ser desmistificados. Então ele diz que precisamos ser “transformados pela renovação da vossa
mente”. Essa palavra “transformados” é a mesma utilizada em Mateus 17 para dizer que Jesus foi
“transfigurado”. Assim, nossa mente precisa passar por uma transformação de transfiguração. Jesus, nesse
momento, mostrou uma luz, um brilho especial; ele entrou em uma dimensão que Pedro, Tiago e João
jamais tinham visto.
Deus quer manifestar o Seu Reino na Terra e Jesus nos ensina a orar para que “venha a nós o Teu
Reino, seja feita a Tua vontade assim na Terra como nos Céus” (Mateus 6:9,10). Então, precisamos clamar,
buscar e compreender que isso tem a ver diretamente conosco. Mas existe uma batalha que é travada
incessantemente pela disputa da nossa mente. O inimigo vive lançando pensamentos, ideias, sugestões
para que concordemos com ele e, uma vez que o fazemos, ele estabelece uma porta do inferno em nossa
mente. Por isso Jesus diz que as portas do inferno não prevaleceriam contra a sua igreja (Mateus 16:18).
Satanás trabalha por meio de portas e estas se localizam principalmente na mente. Um exemplo:
Quando recebemos a Jesus passamos a pertencer a ele. No entanto, quando erramos, dizemos a alguém:
“Mas eu sou humano”. Ora, se pertencemos a Jesus, isso não existe mais, pois agora somos cidadãos
celestiais (Efésios 2:19). Ocorre que a nossa mente tem dificuldade de aceitar essa transformação.
A Palavra de Deus diz que Jesus nos “transportou do reino das trevas para o reino da luz”
(Colossenses 1:23), ou seja, nós mudamos de reino, de dono, de senhor. Agora o nosso dono é o Senhor
Jesus e, portanto, muitas coisas precisam mudar em nós e essas mudanças começam na mente. Não existe
mais essa história de que “meu coração é duro demais para mudar”, pois fomos chamados para viver aqui
na Terra uma atmosfera celestial e os nossos corações agora estão cheios do amor de Deus. Sendo assim,
seguimos a inclinação do Espírito Santo e não da nossa carne ou vontade do coração, como explica Paulo
em sua epístola aos Romanos:
“Pois a mentalidade da carne é morte; mas a mentalidade do Espírito é vida e paz. A mentalidade
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da carne é inimiga de Deus, pois não está sujeita à lei de Deus, nem pode estar. Os que vivem na
carne não podem agradar a Deus. Vós, porém, não estais sob o domínio da carne, mas do Espírito,
se é que o Espírito de Deus habita em vós.” (Romanos 8:6-9).
Vamos analisar a visão que Jacó teve acerca da Casa de Deus e destacar alguns pontos importantes
dessa sua experiência com o Senhor:
“E Jacó partiu de Berseba e foi em direção a Harã; e chegou a um lugar onde passou a noite, porque
o sol já havia se posto; tomando uma das pedras do lugar, colocou-a debaixo da cabeça; e deitou-se
ali para dormir. Então sonhou que havia uma escada colocada sobre a terra, cujo topo chegava ao
céu; e os anjos de Deus subiam e desciam por ela; e acima dela estava o SENHOR, que disse: Eu sou
o SENHOR, o Deus de teu pai Abraão e o Deus de Isaque; darei a ti e à tua descendência esta terra
em que estás deitado; e a tua descendência será como o pó da terra. Tu te espalharás para o
ocidente, para o oriente, para o norte e para o sul; todas as famílias da terra serão abençoadas por
meio de ti e da tua descendência. Eu estou contigo e te guardarei por onde quer que fores; e te farei
voltar a esta terra, pois não te deixarei até que haja cumprido o que te prometi. Quando Jacó
acordou do sono, disse: Realmente o SENHOR está neste lugar, e eu não sabia. E, cheio de temor,
disse: Como este lugar é terrível! Este lugar não é outro senão a casa de Deus, a porta do céu.”
(Gênesis 10:10-17)
a) Jacó disse: “Eu não sabia”. Será que temos entendido, percebido e crido que Deus está em nosso
meio? Às vezes não, porque nos baseamos em nossos sentidos, quando, na verdade, precisamos
compreender que a presença de Deus está em toda a Terra, em todo lugar e quanto mais abrimos nossos
corações, mais teremos entendimento e percepção da Sua presença manifesta. Ficamos focando em
sentimentos enquanto a Palavra foca na fé.
“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem.
(...) Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus
creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.” (Hebreus 11:1,6)
Nós não vemos a presença de Deus, mas pela fé podemos ter a certeza de que Ele está em nós e
em nosso meio. Há muitas histórias na Bíblia de pessoas que não perceberam a presença de Deus, mas Ele
não deixou de agir pelo fato delas não O terem percebido. Bill Johnson relata em um de seus livros o caso
de uma mulher que estava sendo curada de um câncer no esôfago enquanto alguém que estava do seu
lado não percebia nada. Quantas pessoas perceberam a presença de Jesus na Terra? Quantas foram ao seu
encontro entendendo que ele era o filho de Deus?
b) No relato de Jacó, faz-se a primeira menção na Bíblia sobre a “Casa de Deus”.
c) Jacó declarou: “Deus está neste lugar”. Quando o povo de Deus se ajunta estamos cumprindo a
Sua vontade – é algo profético e, portanto, Ele sempre Se fará presente. Antes de sonhar, Jacó não sabia
que o Senhor estava naquele lugar – ele foi envolvido por uma revelação que lhe revelou esse fato. Então,
precisamos rogar a Deus, como disse Paulo, para que Ele renove, transforme a nossa mente a fim de
experimentarmos “a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.
Mas, onde é que a vontade de Deus é 100% boa, agradável e perfeita? No Céu! Aqui na Terra ainda
existe muita dúvida, desconfiança, sentimento dúbio, insegurança, incredulidade. Mas nós cremos que a
Terra será invadida por um número cada vez maior de pessoas que têm consciência da presença do Céu.
Deus está trabalhando com o Seu povo e nós precisamos nos envolver com o que Ele está fazendo.
Entendendo que a vontade do Pai é boa, perfeita e agradável, nos esforçaremos para trazê-la à Terra.
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d) Jacó “sonhou que havia uma escada colocada sobre a terra, cujo topo chegava ao céu; e os anjos
de Deus subiam e desciam por ela; e acima dela estava o Senhor”. Jacó viu Jesus! Sabemos disso porque a
Palavra diz que “ninguém jamais viu a Deus” (1 João 4:12). Moisés, Abraão, Josué e outros viram Jesus, e
não Deus. Jesus sempre se manifestou em toda a história, em toda parte e continua a fazê-lo a cada
momento em que lhe abrimos espaço.
e) Jacó disse: “Como este lugar é terrível! Este lugar não é outro senão a casa de Deus, a porta do
céu”. A igreja, a Casa de Deus, opera com os céus abertos e essa foi a primeira coisa que Jacó viu e
declarou. É um lugar onde Deus Se manifesta, onde Ele está, aparece e opera.
Os anjos descem quando têm uma missão a realizar na Terra e sobem quando terminam essa
missão. Mas, qual é essa missão? Hebreus 1:14 diz que eles são “espíritos ministradores, enviados para
servir em favor dos que herdarão a salvação”, ou seja, para servir a nós, crentes em Cristo Jesus.
Sabemos que a grande salvação ocorrerá em sua plenitude na volta de Jesus: “Sê fiel até à morte, e
dar-te-ei a coroa da vida” (Apocalipse 2:10) e, por isso, somos chamados a viver uma vida de consagração
aqui na Terra. Quando andamos em fidelidade a bênção “corre” atrás de nós: “E todas estas bênçãos virão
sobre ti e te alcançarão, quando ouvires a voz do Senhor teu Deus” (Deuteronômio 28:2). Então, devemos
andar em fidelidade independentemente das circunstâncias – essa é uma maneira nova, renovada de
pensar e de agir.
Não importam as situações, seremos fiéis a Deus, confessaremos nossa fé no Senhor, pois o que
vale para nós é o que está escrito na Palavra de Deus! Portanto, não precisamos correr atrás do “homem
tal”, do “movimento tal”, do “lugar tal”, pois, se andarmos em fidelidade, a bênção do Senhor nos
perseguirá e alcançará. O próprio Jesus afirma isso: “E estes sinais seguirão aos que crerem” (Marcos
16:17). É a falta de transformação na mente que faz “os que creem” ficar correndo atrás de sinais.
Jesus também afirmou: “Aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará
maiores, pois estou indo para o Pai.” (João 14:12). Muitas vezes declaramos que temos fé em Jesus, mas
onde estão os sinais nos seguindo? Se cremos em Jesus alguma coisa precisa acontecer! Os sinais precisam
ser a sombra que nos acompanha, o rastro que fica por onde passamos. Se eu digo que creio, que Jesus
Cristo é o Senhor, então tem que haver sinais! Se não estão acontecendo é porque a nossa mente ainda
precisa ser transformada. Ela deve ser transformada para poder dizer a um paralítico: “ande”, a um mudosurdo: “fale, ouça”, a um morto: “levante”! Ela precisa ser atingida, impactada pela Palavra de Deus a fim
de que a nossa vida seja renovada por completo, levando-nos a sermos os homens e mulheres que o Pai
chamou para sermos na Terra; cristãos que vivem um evangelho autêntico, independentemente do que a
mídia ou as pessoas dizem, nos importando apenas com o que a Palavra de Deus diz, da mesma forma que
Jesus aqui viveu:
“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, pleno de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como
a glória do unigênito do Pai.” (João 1:14)
O Verbo é “tabernaculou” entre nós. Jesus veio e manifestou a Casa de Deus na Terra! Ele veio e se
instalou aqui para sempre! Jesus é a Casa de Deus e nós fomos introduzidos nele! Ele foi o início do
cumprimento da visão de Jacó. Confessar a Jesus como Salvador e Senhor, ser batizado nas águas, ser cheio
do Espírito Santo é apenas o início da vida cristã, pois existem muitas “obras maiores” para fazermos e
desfrutarmos.
Paulo disse: “Não sabeis que sois santuário de Deus e que o seu Espírito habita em vós?” (1
Coríntios 3:16). Esse é o nosso chamado! Podemos crer e declarar que somos Casa, Santuário de Deus e
que Ele habita em nós! Onde quer que estejamos – em casa, no trabalho, na escola, na rua – somos o lugar
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que Deus escolheu para habitar e Se manifestar na Terra! Nós somos o canal que o Senhor quer usar – um
rio de vida que salta do nosso interior como fontes de água viva e atinge a todos que nos rodeiam (João
7:38).
“Assim, não sois mais estrangeiros, nem imigrantes; pelo contrário, sois concidadãos dos santos e
membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo o
próprio Cristo Jesus a principal pedra de esquina. Nele, o edifício inteiro, bem ajustado, cresce para
ser templo santo no Senhor, no qual também vós, juntos, sois edificados para morada de Deus no
Espírito.” (Efésios 2:19-22).
Na Casa de Deus tem água, tem fogo, tem vida, tem poder, tem alegria! Os céus estão abertos
sobre nós e precisamos crer nisso! Jesus disse para Marta: “Se creres verás a glória de Deus!” (João 11:40).
Para Nicodemos ele disse: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do
Espírito, não pode entrar no reino de Deus” (João 3:5). Precisamos experimentar o arrependimento em
nossas vidas para vermos, enxergarmos o reino de Deus.!
“...saibas como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e alicerce da
verdade.” (1 Timóteo 3:15)
A Casa de Deus é uma coluna que liga a Terra ao Céu, e vice-versa. A igreja é essa porta de ligação e
transição:
“Depois dessas coisas, vi uma porta aberta no céu, e a primeira voz que eu ouvira, voz como de
trombeta, falando comigo, disse: Sobe aqui, e eu te mostrarei as coisas que devem acontecer depois
destas. Fui imediatamente arrebatado em espírito e vi um trono no céu com alguém assentado
sobre ele.” (Apocalipse 4:1,2)
“No quinto dia do quarto mês do trigésimo ano, eu estava entre os exilados, junto ao rio Quebar; os
céus se abriram, e tive visões de Deus.” (Ezequiel 1:1)
“E, logo que saiu da água, viu os céus abertos, e o Espírito, que como pomba descia sobre ele.”
(Marcos 1:10)
“E disse-lhe: Na verdade, na verdade vos digo que daqui em diante vereis o céu aberto, e os anjos de
Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem.” (João 1:51)
Ezequiel, João, João Batista e o próprio Jesus viram os céus abertos sobre eles. Os céus estão
abertos! Tudo é possível se podemos crer! Podemos ver e ser inundados pela glória de Deus!
Em João, capítulo 10, Jesus se coloca como a porta de salvação, que é um outro tipo de porta.
Várias vezes na Bíblia essa porta é citada como sendo a igreja, uma porta de transição para as pessoas
conhecerem a salvação em Cristo. No entanto, juntos podemos experimentar os céus abertos de uma
forma mais poderosa do que sozinhos. Juntos podemos experimentar mais da unção, do poder, da
grandeza de Deus. É por isso que o escritor de Hebreus diz:
“Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos
outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia.” (Hebreus 10:25)
Não deixemos de nos reunir, congregar, porque juntos podemos experimentar o poder
sobrenatural da presença, da unção, da glória de Deus. Nesta última Torre de Oração que fizemos, dois
irmãos decidiram ficar por 23 horas seguidas e observaram que em diferentes horários, vários irmãos
diferentes tiveram a mesma visão: uma chuva descendo sobre este lugar, o poder de Deus se manifestando
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sobre a igreja. Músicas iguais foram tocadas repetidas vezes e a presença de Deus foi claramente sentida.
Várias vezes eles pensaram em parar, ir embora, mas a presença do Senhor fazia com que eles ali
permanecessem.
Deus quer encher nossas vidas, nossas casas, nossas congregações. Se quisermos mais de Deus,
vamos abrir a porta do nosso coração! Vamos convidar Jesus para governar nossa vida, para transformar a
nossa mente! É necessária uma transfiguração em nosso entendimento para que a glória do Senhor se
manifeste em plenitude sobre nós hoje, pessoas e igreja, em nome de Jesus!
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AS TRÊS DIMENSÕES DA OBRA DE JESUS NA CRUZ
José Carlos Marion
“Aquele que pratica o pecado procede do diabo, porque o diabo vive pecando desde o princípio.
Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo.” (1 João 3:8)
N
esse texto, o apóstolo João define a ação do diabo: pecar desde o princípio de todas as coisas. Em
seguida, ele descreve a ação ou propósito da vinda de Jesus à terra: destruir ou desfazer as obras do
diabo. Existem três dimensões ou objetivos principais desta obra, que veremos a seguir.
Precisamos entender que Jesus ainda não se manifestou para destruir o próprio diabo, mas, sim, as
suas obras. Sabemos que na sua morte e ressurreição Jesus o venceu, mas ele continua vivo e solto pois
ainda não chegou o tempo da sua prisão e destruição definitivas, que ocorrerão, respectivamente, após a
volta de Jesus e ao final do milênio (Apocalipse 20).
Quais são, então, essas obras do diabo que Jesus veio desfazer em nossas vidas? Sabemos que elas
nos incomodam, nos trazem uma qualidade de vida ruim, mesmo sendo filhos de Deus. Pesquisando o
sentido etimológico da palavra “diabo”, descobri que vem do grego diabolus e seu significado é “que
desune; que divide; que inspira ódio; que causa inveja; caluniador; acusador”. Assim, a sua principal
essência é a divisão, a desunião, seja no casamento, no lar, nos relacionamentos e principalmente na igreja.
A primeira ação de Satanás nesse sentido ocorreu quando ele ainda vivia no céu. Seu nome original
é Lúcifer, do hebraico heylel: “o brilhante, a estrela da manhã”. No início ele era um ungido e poderoso
Querubim de Deus que, de repente, foi tomado pelo orgulho, vaidade e soberba:
“Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que
debilitavas as nações! Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus
exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte;
subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo." (Isaías 14:12-14)
“Estavas no Éden, jardim de Deus; de todas as pedras preciosas te cobrias: o sárdio, o topázio, o
diamante, o berilo, o ônix, o jaspe, a safira, o carbúnculo e a esmeralda; de ouro se te fizeram os
engastes e os ornamentos; no dia em que foste criado, foram eles preparados. Tu eras querubim da
guarda ungido, e te estabeleci; permanecias no monte santo de Deus, no brilho das pedras andavas.
Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado até que se achou iniquidade em ti.
Na multiplicação do teu comércio, se encheu o teu interior de violência, e pecaste; pelo que te
lançarei, profanado, fora do monte de Deus e te farei perecer, ó querubim da guarda, em meio ao
brilho das pedras. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua
sabedoria por causa do teu resplendor; lancei-te por terra, diante dos reis te pus, para que te
contemplem.” (Ezequiel 28:13-17)
“A sua cauda arrastava a terça parte das estrelas do céu, as quais lançou para a terra; e o dragão
se deteve em frente da mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho quando
nascesse. (...) Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão. Também
pelejaram o dragão e seus anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar
deles. E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de
todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos.” (Apocalipse 12:4, 7-9)
Seu desejo era tomar o lugar do próprio Deus e, por isso, causou a primeira grande rebelião ou
divisão da história. Certamente essa rebelião machucou muito o coração do Senhor, mas o que eu imagino
que deve ter machucado mais ainda a Ele foi o fato de Lúcifer ter conseguido engendrar uma estratégia
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para seduzir um terço dos anjos celestiais. Como foi possível acontecer isso? Esses anjos conviviam na
glória, na plenitude da presença de Deus, que é algo maravilhoso, inimitável, inimaginável. Que capacidade
Lúcifer teve de seduzir esses anjos, prometendo-lhes algo melhor do que Deus lhes oferecia, sendo que ele
não tinha nada próprio? Estou dizendo isso para que nunca subestimemos o seu poder de influência, pois
podemos estar cheios do poder do Espírito Santo, cheios da graça de Deus, mas existe no diabo um poder
de sedução tão forte que pode facilmente nos levar a desviar e pecar – e precisamos estar muito atentos e
cuidadosos quanto a isso.
O diabo é o criador ou “pai” das divisões e, desde então, ele age continuamente no mundo com o
objetivo de dividir pessoas, famílias e igrejas – essa é a sua natureza. Ele não se conforma com uma união
perfeita como a que existe no céu entre a Trindade, que é o modelo para nós da perfeição da Unidade e,
por várias vezes, tentou dividi-la. Uma dessas vezes foi na tentação de Jesus no deserto:
“Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória
deles e lhe disse: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. Então, Jesus lhe ordenou: Retira-te,
Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto.” (Mateus 4:810)
O que ele estava dizendo a Jesus era mais ou menos o seguinte: “Por que você será humilhado,
esbofeteado, cuspido, crucificado? Por que sofrer tudo isso? Para ser senhor desse reino? Eu posso lhe dar
todas essas coisas!” Perceba que a sua tentativa era desfazer a unidade da Trindade, mas Jesus lhe
respondeu que somente UM, o Deus Pai, era digno de adoração. Essa foi uma tentação imensa, pois Jesus
estava fraco, debilitado fisicamente e, se tivesse cedido, poderia ter jogado por terra todo o plano eterno
de Deus. Então, constatamos que essa Unidade realmente incomoda e é o alvo principal dos ataques do
diabo. Mas, como ele não pode separar ou destruir a Trindade, ele trabalha na vida daqueles que são os
preferidos do Senhor – nós, a raça humana, a igreja.
Deus criou o homem como o maior feito de toda a Sua criação. Ele o criou com duas naturezas: a
física ou material (o corpo, do pó da terra) e a espiritual (alma):
“E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o
homem foi feito alma vivente.” (Gênesis 2:7)
É interessante observarmos que Deus criou o homem na Terra, preparando um cenário (o Jardim)
para isso. Mesmo sendo o Criador de todo o Universo e podendo escolher muitos outros lugares, Ele
escolheu a Terra. Existe uma passagem interessante no livro de Jó:
“Então, perguntou o SENHOR a Satanás: Donde vens? Satanás respondeu ao SENHOR e disse: De
rodear a terra e passear por ela.” (Jó 1:7)
Esse capítulo começa dizendo que Jó era um “homem íntegro e reto, temente a Deus e que se
desviava do mal” (v.1), mas havia uma característica especial em sua família: eles desfrutavam da alegria e
prazer de estar sempre juntos:
“Seus filhos iam às casas uns dos outros e faziam banquetes, cada um por sua vez, e mandavam
convidar as suas três irmãs a comerem e beberem com eles.” (v.4)
Então eu me pergunto: será que Satanás estava mais irritado por ser Jó um homem justo e reto ou
por ver a unidade que havia em sua família? Entenda bem o que vou dizer: ser temente a Deus não é tão
embaraçoso e ameaçador para o diabo do que uma família unida. O verso 7 diz que o inimigo estava “a
rodear a terra e passear por ela”, ou seja, esse é o seu trabalho: vigiar constantemente os escolhidos de
Deus para neles poder tocar, matar e destruir. Pela segunda vez então, desde a rebelião no céu, vemos a
Trindade lutando contra o diabo.
Deus criou o homem para ter comunhão diária com ele. Isso é algo inimaginável para nós, poder
desfrutar pessoalmente da companhia do Deus Todo-Poderoso. Devia ser algo maravilhoso e glorioso. Mas,
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então, nos perguntamos: como é que o pai da divisão conseguiu separar o homem de Deus? Seu poder de
sedução era realmente muito poderoso. Se ele tentar seduzir hoje alguém que está em crise, que não vive
bem, qualquer coisa que oferecer a pessoa aceita. Mas Adão e Eva viviam na perfeição, na comunhão
íntima, pessoal e diária com o Pai – e isso nos faz entender quão sujeitos estamos à esse poder de sedução
do mal. Podemos frequentar a igreja, ter o Espírito Santo, orar, ler a Palavra, mas, se Satanás conseguiu
seduzir até os anjos que não conheciam o pecado e um casal que vivia uma maravilhosa “lua de mel” com o
Senhor, quanto mais a nós.
Quando Deus criou o homem Ele disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa
semelhança” (1:26). Vemos que era a Trindade em ação na criação humana: Pai, Filho e Espírito Santo.
Como o diabo não poderia atingir a Trindade, ele investiu contra a Sua criação, Sua obra-prima, alcançando
seu objetivo ao conduzi-los para o pecado (Gênesis 3).
Com a queda, a alma do homem tornou-se corrompida (Romanos 3). Aquele corpo perfeito com
que foi criado ficou exposto às doenças e às mortes física e espiritual (eterna) (Gênesis 3:16-19). Quando
vemos pecado, iniquidade, alma corrompida, doenças etc., sabemos que tudo isso é obra do pai da divisão,
pois Deus não nos criou assim. Fato é que antes do pecado não existe nenhum indicador de que havia essas
coisas. Mas, após a queda, três grandes problemas tomaram conta da vida humana: a doença física, a
morte eterna e a divisão na família:
“Então, disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi. Disse o
SENHOR Deus à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu
comi.” (3:12,13)
A acusação, a separação, a divisão tomou conta dos seus corações. O objetivo do diabo não era
somente produzir doenças e trazer morte espiritual ao homem, mas, principalmente, trazer divisão na
criação, na família espiritual de Deus.
Esses dias eu estava vendo um quadro em que o pintor retratava Eva com seus dois filhos
pequenos, todos felizes. Fiquei pensando: como Eva poderia imaginar que um dia um mataria o outro? Pois
foi exatamente isso que o diabo produziu na raça humana: a divisão. Diz o texto de Gênesis 4:17 que Caim
tornou-se um “fugitivo e errante pela terra; quem comigo se encontrar me matará”. Parece que essas
características foram transmitidas também a nós, pois vivemos sempre com medo, separados uns dos
outros, fugindo das pessoas, insatisfeitos com os lugares em que vivemos, com um desejo de estar sempre
saindo, mudando; há muito ódio, inveja, amargura etc.
Lendo os capítulos seguintes de Gênesis constatamos, a partir desse fato, inúmeras histórias tristes
de desgraças, brigas, mortes e divisões familiares. Essa foi, então, a terceira consequência do pecado e,
talvez, a maior obra do diabo que atingiu a criação.
Não podemos afirmar que essa consequência seja exclusiva do pecado, mas existe um propósito
maligno nisso. Fato é que muitas pessoas e famílias, apesar de pecadoras e desconhecedoras de Deus,
vivem felizes e unidas. Um exemplo disso foi Pablo Escobar, um dos maiores traficantes da história: as
únicas pessoas por quem ele não se importava de dar a vida eram sua esposa e seus filhos. Seu grupo era
totalmente unido; se alguém tocasse em um deles sequer, ele mandava matar aquela pessoa. Ou seja, era
uma “unidade no pecado”. Por isso não podemos dizer que a divisão é consequência apenas do pecado
ocorrido no início da criação, mas é uma semente a mais que o diabo plantou.
Dessa forma, precisamos compreender quais são as obras do diabo que Jesus veio à terra para
destruir. Ele veio em carne, tornou-se humano, pois não poderia enfrentar Satanás com uma natureza
exclusivamente divina – seria muito fácil dessa forma. O profeta Isaías traz uma revelação clara, perfeita e
completa dessa missão de Jesus na terra:
A primeira obra maligna que Jesus veio desfazer foi a doença e a enfermidade.
“Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e
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nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido.” (Isaías 53:4)
Ele transferiu para si, para dentro dele todas as nossas dores. Quando oramos pelos enfermos
devemos ter isso em mente. Eu posso ter dons de curas, ser um homem/mulher de oração, ter uma forte
fé, mas a cura está fundamentada no processo da cruz de Jesus. Não está em palavras, atos de fé,
proclamações proféticas, dons do Espírito, mas, sim, no poder e eficácia do sangue de Jesus derramado na
cruz.
Olhando por esse ângulo e crendo dessa forma ajudaremos o processo divino de desfazer as obras
malignas das doenças e enfermidades. “...pelas suas pisaduras fomos sarados” (v.5). Jesus já pagou o preço
da nossa cura pelas suas chagas, produzidas pelas chicoteadas que ele levou e o consequente sangue
derramado.
A segunda obra maligna que Jesus veio desfazer foi a condenação eterna pelos nossos pecados.
“Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo
que nos traz a paz estava sobre ele...” (v.5)
Fato interessante é que Isaías primeiro fala da cura física e só depois da cura espiritual ou da alma.
Normalmente, pregamos a salvação para as pessoas e só depois oramos pelas suas doenças. No entanto,
eu não penso que Isaías se equivocou nessa sequência.
No livro de Atos, capítulo 10:38, lemos: “...como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo
e com poder, o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque
Deus era com ele”. Jesus andava por todos os lugares curando os oprimidos do diabo. Vemos, em todos os
Evangelhos, que a preocupação com a cura era muito forte em seu ministério. Apesar de alguns exageros
que vemos em algumas igrejas que enfatizam demais as curas, parece-nos que isso agrada a Deus.
No evangelho de João constatamos, em quase todos os capítulos, que todas as vezes que Jesus é
reconhecido como o Messias, antes disso ele opera algum sinal ou maravilha (João 2, a água transformada
em vinho; João 5, o paralítico no tanque de Betesda; João 6, a multiplicação dos pães e dos peixes; João 9, a
cura do cego de nascença; etc.). Jesus primeiro operava o milagre e depois se fazia conhecer. Olhando sob
essa perspectiva, eu creio que devemos orar por todos os enfermos e oprimidos que surgirem à nossa
frente, em todos os lugares que tivermos oportunidade, pois parece que a “lógica” do evangelho da
salvação começa pelos sinais. Não que deva ser assim, mas parece que Deus gosta que seja assim, pois,
enquanto oramos por alguém, estamos invocando o poder do sangue de Jesus derramado na cruz.
“Chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e ele meramente com a palavra expeliu
os espíritos e curou todos os que estavam doentes; para que se cumprisse o que fora dito por
intermédio do profeta Isaías: Ele mesmo tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas
doenças.” (Mateus 8:16,17)
Muitos doentes e oprimidos pelo diabo buscavam sua cura e libertação em Jesus, por onde quer
que ele passasse. A razão dele curar essas pessoas não era somente por ser bom, poderoso, filho de Deus,
mas porque ele “tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças” em si mesmo.
Obviamente, Jesus poderia curar mesmo sem ir para a cruz, mas ele queria mostrar que não o fazia apenas
por sua bondade, mas para cumprir seu chamado profético de destruir as obras do diabo. Então, se
entendermos que as doenças são obras do diabo e que Jesus já as levou sobre si, ao não orarmos pelas
pessoas nesse sentido perdemos um privilégio que já nos foi concedido há mais de dois mil anos. Doenças e
enfermidades são maldades que, aos olhos de Deus, já foram desfeitas por Seu Filho Jesus. O que
precisamos agora é assumir, tomar isso para nós como fato real e concretizado. Quantas pessoas doentes e
oprimidas existem ao nosso derredor e que precisam de libertação?
Isaías também diz que “ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas
iniquidades”. Moído é “despedaçado, desfeito”. Jesus levou sobre ele todos os nossos pecados, se fez
maldito na cruz em nosso lugar (Gálatas 3:13). Desde então, não precisamos mais carregar pesos, culpas e
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maldições pelos nossos pecados cometidos, confessados e perdoados por ele. Ele perdoou os nossos
pecados e restaurou a nossa comunhão com o Pai:
“Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais,
tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.” (Romanos 5:10)
“Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a
lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem
ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível.” (Efésios 5:25-27)
Somos a sua noiva – salvos, redimidos, purificados e reconciliados com Deus.
A terceira obra maligna que Jesus veio desfazer foi a questão das nossas divisões ou separações.
“Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o
SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos.” (Isaías 53:6)
Ele veio para restaurar nossa relação com Deus (vertical) e uns com os outros (horizontal). O texto
diz que andávamos desgarrados, desviados, perdidos, sem rumo, errantes; mas Deus também fez cair essa
iniquidade ou pecado sobre Jesus. Ou seja, ele pegou essa semente da divisão, da separação, do pecado da
facção que existe no coração humano e levou consigo na cruz.
“Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de
Cristo. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e, tendo derribado a parede da separação
que estava no meio, a inimizade, aboliu, na sua carne, a lei dos mandamentos na forma de
ordenanças, para que dos dois criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo a paz, e
reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a
inimizade.” (Efésios 2:13-16)
Esse “muro de separação” que Jesus derrubou na cruz é chamado por Paulo de “inimizade”.
“Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de
Deus” (Efésios 2:19)
Agora, por causa do altíssimo preço que Jesus pagou, podemos afirmar que somos uma só Família
de Deus! Portanto, não deve haver mais barreiras ou separações entre nós! No livro de João, capítulo 11,
lemos uma palavra profética sobre essa obra realizada por Jesus:
“Caifás, porém, um dentre eles, sumo sacerdote naquele ano, advertiu-os, dizendo: Vós nada sabeis,
nem considerais que vos convém que morra um só homem pelo povo e que não venha a perecer
toda a nação. Ora, ele não disse isto de si mesmo; mas, sendo sumo sacerdote naquele ano,
profetizou que Jesus estava para morrer pela nação e não somente pela nação, mas também para
reunir em um só corpo os filhos de Deus, que andam dispersos.” (vs.49-52)
Caifás teve uma revelação de Jesus morrendo na cruz em substituição a todos nós para pagar os
nossos pecados junto ao Pai e, também, “para reunir em um só corpo os filhos de Deus que andam
dispersos”. É por isso que a Bíblia diz que fomos chamados para sermos “ministros da reconciliação”:
“Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o
ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não
imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.” (2
Coríntios 5:18,19)
Reconciliar é refazer uma amizade que está desfeita e essa é a nossa missão. Em qualquer lugar
que houver divisão – seja na família, no trabalho ou na igreja – devemos ajudar a reconciliar.
Certa vez fui convidado para estruturar e coordenar um departamento em uma faculdade e,
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chegando lá, encontrei uma grande confusão – as pessoas não se entendiam, falavam mal umas das outras.
Então eu as reuni e disse: “Eu quero lhes dizer uma coisa que aprendi na Bíblia: Jesus disse que uma casa
dividida contra si mesma não subsiste, não prospera” (Mateus 12:25). E, a partir daquele dia, entrou uma
paz naquele lugar. Essa regra vale em todos os lugares. Uma família dividida não sobrevive ou prospera e,
se prosperar, será em bases erradas.
Fazer reconciliação não é apenas ajudar a apaziguar um conflito entre algumas pessoas, mas é fazêlo em todos os sentidos, com todas as pessoas, porque Jesus morreu para todos. Sua morte na cruz pagou
o pecado de todos os homens. Alguns acolherão essa boa-nova e se beneficiarão da salvação; outros,
porém, não acolherão – mas o sacrifício foi para todos! Ele curou e perdoou a todos, reconciliou na vertical
o homem com Deus e na horizontal uns com os outros. O que precisamos agora é aceitar essa verdade e
fazer dela uma realidade diária para que a mesma tenha respaldo, substância, validade. Isso implica em
dizermos “sim” para Jesus, a fim de que sua obra por nós na cruz não seja em vão. Todos os dias devemos
agradecer a Deus pela obra redentora, perfeita e completa realizada pelo Seu Filho. Foi um sacrifício que
custou muito caro para a Trindade.
A última oração de Jesus ao Pai foi dramática pois ele não queria, como homem, enfrentar o que
lhe aguardava à frente. No Getsêmani ele orou: “Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice” (Mateus
26:39). No entanto, o evangelho de João, capítulo 17, nos relata uma outra oração dramática de Jesus
antes da sua morte, que eu creio que foi feita com muito choro e lágrimas diante do Pai:
“Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a
teu Filho, para que o Filho te glorifique a ti, assim como lhe conferiste autoridade sobre toda a
carne, a fim de que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste. E a vida eterna é esta: que te
conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. Eu te glorifiquei na terra,
consumando a obra que me confiaste para fazer; e, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com
a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo. Manifestei o teu nome aos homens que
me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra. Agora, eles
reconhecem que todas as coisas que me tens dado provêm de ti; porque eu lhes tenho transmitido
as palavras que me deste, e eles as receberam, e verdadeiramente conheceram que saí de ti, e
creram que tu me enviaste. É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me
deste, porque são teus; ora, todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e, neles,
eu sou glorificado. Já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo, ao passo que eu vou
para junto de ti. Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim
como nós. Quando eu estava com eles, guardava-os no teu nome, que me deste, e protegi-os, e
nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura. Mas, agora,
vou para junto de ti e isto falo no mundo para que eles tenham o meu gozo completo em si mesmos.
Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como
também eu não sou. Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal. Eles não são do
mundo, como também eu não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como
tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E a favor deles eu me santifico a mim
mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade. Não rogo somente por estes, mas
também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos
sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo
creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um,
como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o
mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim.” (vs.1-23)
Jesus orou pelos seus discípulos e por todos nós hoje para que fossemos UM, a fim de que o
mundo creia que ele verdadeiramente é o filho de Deus que veio a esse mundo. Podemos entender por
essa oração que enquanto as famílias e as igrejas estiverem desunidas o mundo não irá crer na verdade!
A divisão é uma das três obras do diabo que Jesus veio para destruir e ele orou por nós, para que
sejamos juntamente com ele instrumentos nessa missão e propósito. O preço que ele pagou pelos nossos
pecados, enfermidades e divisões foi muito alto e, por isso, ele nos convoca hoje a tomarmos uma decisão
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radical de trabalharmos como reconciliadores entre Deus e os homens (vertical) e uns com os outros
(horizontal)!
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A VOCAÇÃO CELESTIAL
Harold Walker
C
remos que Deus visitará a igreja sobrenaturalmente. Hoje Ele está nos perguntando: “O que você
quer?” Muitos doentes hoje estão acomodados, mas no tempo de Jesus apenas os incomodados eram
curados. O cego Bartimeu, por exemplo, gritou: “Jesus tem misericórdia de mim!” Os que estavam com ele
o recriminaram e pediram para se calar porque estava incomodando a Jesus. Porém, ele não os atendeu e
continuou gritando. Ele não podia deixar Jesus passar, pois aquela, talvez, a sua única chance de cura. Se
perdesse aquele momento com Jesus teria que aguardar uma próxima oportunidade em que ele resolvesse
passar.
O avivamento envolve Deus e o homem
Avivamento envolve coisas que só Deus pode fazer e coisas que o homem pode fazer. Essas
atividades – de Deus e do homem – podem ser comparadas à chuva. Ela vem do céu, mas antes é formada
pela água que sobe da terra por evaporação. Não há um reservatório de chuva no céu e, por isso, esse
processo de subir e descer da água se repete vez após vez. E é assim, também, que vem o avivamento, o
poder e a presença de Deus sobre nós. Primeiro, há um acúmulo de oração subindo. Enquanto oramos nem
sempre sentimos que algo está acontecendo, assim como não sentimos ou vemos a água evaporando. Mas
o resultado da evaporação é a chuva caindo e o resultado das orações é o avivamento que vem do céu e
isso é coisa que apenas Deus pode fazer. A nossa parte é a oração, e elas nunca se perdem. O livro de
Apocalipse diz que elas são conservadas em vasos. Deus está movendo pelo seu Espírito e já podemos
sentir os primeiros pingos de chuva. A chuva do avivamento não virá apenas sobre nossa localidade, pois há
oração subindo em todo o mundo. Nunca houve tanta oração na história da humanidade como nos dias de
hoje.
Oração e evangelismo
Um irmão nos enviou um artigo sobre Mike Bickle, de Kansas City, conversando com os fundadores
da Jocum, Loren Cunningham e sua esposa. A Jocum enfatiza o evangelismo de rua em todos os lugares e
Mike Bickle enfatiza a oração noite e dia. Deus está ligando essas duas correntes: oração e evangelismo. O
ano de 2017 será um ano em que Deus derramará poder como nunca antes visto, assim como haverá
abundante pregação nas ruas. Há oração incessante pelo levantamento de um milhão de intercessores.
Não será só evangelismo ou só oração, mas ambos estarão em atividade simultânea.
Em viagem recente pela Europa, percebi que este é um continente pagão. Os jovens e a multidão
em geral não conhecem o evangelho. Não é que o rejeitam, mas não o conhecem e nunca ouviram falar
dele. Nós brasileiros somos de fato privilegiados, podemos ver pessoas se convertendo, conhecendo Jesus
e ouvindo o evangelho. A América do Sul, a África e a Ásia são continentes onde Jesus está presente, sendo
pregado e alcançado pelas pessoas. Mas a Europa precisa ser evangelizada. Não é justo Jesus voltar sem
que os europeus não o tenham encontrado.
Bem no centro de Amsterdã há um grande edifício onde escreveram com letras grandes em sua
frente: “Jesus te ama!” Perguntei ao meu sobrinho: “Quem teve a coragem de escrever isso em um lugar
pagão?” A JOCUM. Glória a Deus pela JOCUM! Glória a Deus por Mike Bickle e pela oração. Glória a DEUS,
que vai fazer algo que abalará a terra e os céus. Se você não quer ser um simples assistente na plateia, vista
a camisa e entre na intercessão, no evangelismo e nas ações. Não fique de fora, porque Deus fará grandes
coisas nesses dias. Ele não usará grandes nomes, mas usará o “povão”; usará a nós mesmos.
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Deus usa sobrenaturalmente a mente transformada
A Igreja Bethel, na Califórnia, onde estive no final de 2015, tem mexido conosco e os livros que vêm
de lá nos têm impactado. Há dez anos que essa igreja está com a unção de avivamento, dois mil alunos do
mundo todo, jovens saindo nas ruas curando e fazendo milagres. Um de seus livros é “O Poder
Sobrenatural de Uma Mente Transformada”. O livro conta alguns milagres e um deles é a ressurreição e
cura de uma mulher envolvida em um acidente. Sua cabeça estava virada para trás e um dos olhos saltados
sobre o peito. Uma mulher ali presente, sem sequer ligar para os que ali estavam, orou e o poder de Deus
se manifestou maravilhosamente. A mulher morta ressuscitou; seu pescoço e olho voltaram para a posição
normal.
O livro é cheio desses testemunhos de milagres, mas também de ensinamentos, porque nossa
mente muitas vezes trava e impede a operação do Espírito Santo. Se Deus vencer as batalhas da sua mente
você poderá ser usado por Ele para fazer milagres e curas. Se Deus vencer as batalhas das nossas mentes
em conjunto, o poder Dele virá sobre nós como igreja. Nossa mente tanto pode dar lugar para o diabo
como para Deus, mas Deus nos deu armas espirituais para vencermos os travamentos da mente.
O valor da intercessão
Há vários livros sobre avivamento que, ao lê-los, nosso coração incendeia. Ler histórias de
avivamento traz avivamento. Um irmão, quando viu o que estava acontecendo em Gales, começou a orar e
o avivamento pentecostal veio sobre Azusa. Daniel Nash intercedia por Charles Finney e este, ao chegar a
uma cidade, o poder de Deus o acompanhava levando pessoas a arrependerem de seus pecados. Finney
trazia um ambiente espiritual e as pessoas nem precisavam ouvir o evangelho; elas espontaneamente se
arrependiam e choravam pelo impacto da presença de Deus no lugar. Por que isso acontecia? Porque havia
um homem orando por Finney. Ele era uma pessoa “escondida”, mas Finney era conhecido de todos. A
oração de Nash liberava o poder de Deus e as coisas aconteciam. Esse é também o nosso chamado nesses
últimos dias.
1. A vocação celestial – ser igual a Jesus
“Pelo que, santos irmãos, participantes da vocação celestial, considerai o Apóstolo e Sumo
Sacerdote da nossa confissão, Jesus.” – Hebreus 3:1
“Portanto, nós também, pois estamos rodeados de tão grande nuvem de testemunhas, deixemos
todo embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com perseverança a carreira
que nos está proposta, fitando os olhos em Jesus, autor e consumador da nossa fé...” – Hebreus
12:1,2a.
Muitas vezes o evangelho que recebemos e que está sendo pregado é um evangelho parcial e
pobre. Ele se resume assim: “Levante a mão e aceite a Jesus e, quando você morrer, irá para o céu; mas
procure não se desviar.” Esse “não desviar” significa ir para a igreja todas as semanas, dar o dízimo, ser fiel
e não entrar em pecado. Isso é verdade, mas não é toda a verdade do evangelho que Jesus veio trazer. O
arrependimento e o batismo são apenas a porta de um caminho que teremos de percorrer. É preciso saber
também como estamos andando nesse caminho.
A Palavra nos diz que temos uma santa vocação, uma carreira e que é preciso lançar fora de nós os
pesos. As olimpíadas exigem dos atletas: jogar fora tudo o que atrapalha; alimentar-se e exercitar-se
corretamente; dormir o suficiente. Eles precisam vigiar suas vidas porque podem ganhar ou perder por
causa de um décimo de segundo. Isso vale também para nós cristãos, pois cada momento de nossas vidas
tem de ser dedicado à nossa vocação.
Quando você se converte, está atendendo ao convite dessa vocação. A vocação é uma convocação,
um chamado. A vocação é Jesus perguntando: “Você quer?” Ao levantar e aceitar Jesus você não está
sendo salvo para não ir para o inferno, mas está dizendo: “Jesus, eu concordo e quero correr. Inscreva-me
nessa Olimpíada, nessa competição. Eu vou dedicar a minha vida por esta causa.” Nós temos uma carreira a
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correr, por isso, joguemos fora os pesos e fitemos os olhos em Jesus, autor e consumador da nossa fé.
Se alguém lhe perguntar: “Qual é a sua vocação? Para onde caminha sua carreira? Qual é o seu
alvo? Como sabe se chegou lá? O que lhe atrai? O que lhe faz correr?” Talvez você até já tenha a resposta
em seu coração, pois você foi convocado por Deus, está andando, está correndo. Mas espero que não
esteja correndo só para não perder a salvação e, sim, que tenha uma vocação, um chamado. Espero que
você não esteja desperdiçando o seu tempo e que o chamado de Deus esteja incendiando a sua alma. Para
isso você deve saber qual é a sua vocação, para onde está sendo chamado.
Qual é a nossa vocação e para onde estamos sendo chamados?
“Graça e paz vos sejam multiplicadas no pleno conhecimento de Deus e de Jesus nosso Senhor; visto
como o seu divino poder nos tem dado tudo o que diz respeito à vida e à piedade, pelo pleno
conhecimento daquele que nos chamou por sua própria glória e virtude; pelas quais ele nos tem
dado as suas preciosas e grandíssimas promessas, para que por elas vos torneis participantes da
natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo.” – 2 Pedro
1:2-4.
“Mas o que para mim era lucro passei a considerá-lo como perda por amor de Cristo; sim, na
verdade, tenho também como perda todas as coisas pela excelência do conhecimento de Cristo
Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como refugo, para
que possa ganhar a Cristo, e seja achado nele, não tendo como minha justiça a que vem da lei, mas
a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé; para conhecê-lo, e o poder
da sua ressurreição e a participação dos seus sofrimentos, conformando-me a ele na sua morte,
para ver se de algum modo posso chegar à ressurreição dentre os mortos. Não que já a tenha
alcançado, ou que seja perfeito; mas vou prosseguindo, para ver se poderei alcançar aquilo para o
que fui também alcançado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo que haja alcançado;
mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que
estão adiante, prossigo para o alvo pelo prêmio da vocação celestial de Deus em Cristo Jesus.” –
Filipenses 3:7-14.
“Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu
Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.” – Romanos 8:29.
Você sente no seu coração alguma coisa mexer quando se fala de vocação? Você diz: “Eu sou
chamado, eu quero isso. Eu não quero uma vida à toa. Eu não quero viver só aguardando o que virá. Eu
quero alcançar. Eu quero correr, eu quero avançar. Eu não quero que um dia seja repetição do outro, que
um ano seja repetição do outro. Não! Eu cansei da mesma paisagem. Eu quero alcançar, eu quero correr.”?
Quando você se acomoda e diz que já alcançou é porque já morreu interiormente. Nós não fomos feitos
para vivermos inertes, parados. Não! Nós fomos feitos para ter um alvo, um propósito. Deus nos chamou
com uma santa vocação.
As passagens bíblicas acima mostram qual é a nossa vocação. Em Pedro diz: “...nos tornar
participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção que há no mundo.” Ou seja, nós
nascemos com uma mente perversa, incrédula, egoísta, orgulhosa, que reclama de tudo, que fala mal dos
outros, que quer ser maior que os outros e que se acha melhor. Nascemos com uma mente corrupta, mas
Jesus nos chamou para sair fora desse lamaçal e ter uma mente renovada. Essa é uma santa vocação! Mas
isso não acontecerá em apenas um dia, no dia em que você aceitou a Jesus ou em que foi batizado. Na
verdade, nesses dias a corrida e a carreira apenas começaram. Deus, pelo Seu divino poder, pegará pessoas
miseráveis como nós para serem participantes da Sua natureza. Parece uma loucura da parte Dele, mas é
isso mesmo que Ele faz – pega gente como nós e as transforma.
Jesus não chegará para o Pai dizendo: “Eu não pequei, morri e fiz a Tua vontade.” Se ele dissesse
isso o Pai responderia: “Sim, muito bem, mas você já possuía tudo isso antes. Onde estão os outros?” Jesus
era o unigênito amado do Pai. Ele não precisava fazer mais nada para que Deus tivesse prazer nele. Ele veio
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para a terra, não para dar prazer ao Pai, mas para se tornar o primogênito entre muitos irmãos.
Sim! Você é convocado para ser como Jesus, para ter a natureza divina. Você é convocado para não
ficar “chafurdando” na lama da incredulidade, da dúvida, do pecado e da tentação. Você foi tirado disso
tudo pela Palavra de Deus, pelo evangelho para viver em novidade de vida. Não foi você quem inventou
isso – foi Deus! Não seríamos capazes de inventar essa ideia louca de transformar alguém miserável como
nós em alguém igual a Jesus. Nós conhecemos a nós mesmos e sabemos quanta podridão passa em nossa
mente por dia ou mesmo por hora. As muitas tentativas de melhorar o que somos caem por terra, mas
Deus acredita na Sua obra em nós.
Veja o exemplo de Pedro que, de traidor do Senhor, passou a ser um homem corajoso e ousado
diante dos sacerdotes. A Palavra diz que ele tinha fé e que até a sua sombra curava as pessoas. Creia! Você
pode ser igual a Jesus – paciente; bondoso e perdoador. Você pode ter tudo o que Jesus tem e Deus o
chamou justamente para isso. Você ainda não é como Jesus, mas está correndo para ser. Isso é ter uma
santa vocação. E, se você tropeça e cai, não tem problema. Levante-se e continue correndo. Lembre-se que
Deus nos chamou para sermos iguais a Seu Filho Jesus.
O apóstolo Paulo não era pretencioso de achar que havia alcançado o alvo, mas prosseguia
correndo para alcançá-lo. Ele perdeu tudo que podia ser valioso nessa terra porque havia encontrado a
pedra de grande valor, Jesus. Nada mais interessava a ele. Ele desejava conhecer Jesus e ser igual a ele. Ele
queria alcançar aquele que havia alcançado o seu interior. Paulo era apaixonado por Jesus e o queria acima
de todos os bens que esse mundo lhe podia oferecer.
A chave em todas essas passagens que citamos não é você “fazer força” e tentar ser igual a Jesus.
Não! A chave é fitar os olhos em Jesus, o autor e consumador da nossa fé. Se ficar olhando para si mesmo,
só realimentará em você a podridão e a queda. Mas, olhando para Jesus, você será transformado. Vale a
pena viver isso em cada dia e momento de nossas vidas.
2. O inconformismo nos atrai para Deus
Esse processo de Deus nos transformar à imagem de Jesus é igual ao processo do avivamento, ou
seja, tem a parte de Deus e tem a nossa parte. Quando Deus move, ninguém consegue impedir. Os
apóstolos ainda não tinham recebido o Espírito Santo, não tinham se convertido, Pedro ainda iria negar
Jesus e os outros iriam abandoná-lo, porém, mesmo assim, eles curavam os enfermos, levantavam os
mortos, expulsavam os demônios e pregavam o evangelho porque Jesus estava com eles. Quando Jesus foi
preso e eles se viram sozinhos, caíram. Mas, quando receberam o Espírito Santo, aquele que tinha estado
com eles agora estava dentro deles.
Nós, muitas vezes, temos a impressão de que quando não sentimos a presença de Deus é porque
Ele não está trabalhando em nossa vida. Contudo, é importante entender que a vida não é só chuva. Ela é
também secura, evaporação. Quando tudo está bem conosco, sentimos a presença de Deus e Sua graça
movendo em nós. Então temos fé, vamos à frente dar um testemunho e somos animados na oração. Mas
entenda! Quando não sentimos nada e a presença de Deus parece ter nos abandonado, é justamente nessa
hora que a parte do homem tem saudade, fome e desejo de Deus; é nessa hora que sentimos tristeza
conosco mesmos e com os outros. Não queríamos que as coisas fossem assim, não queríamos que aquela
pessoa oprimida não fosse liberta e, então, não nos conformamos. Nossa alma fica angustiada e clamamos:
“Deus tem misericórdia, onde o Senhor está?” Essa fase em que não sentimos nada, mas nossa alma tem
sede de Deus, é tão importante quanto quando o Espírito Santo desce e sentimos o Seu poder em nós.
Eu plantei horta por muito tempo e aprendi que se você quer uma folhagem verde, deve sempre
molhar a planta. Mas, se você quer boas raízes, não deve molhar tanto. É preciso deixar a planta passar
“apuros” e, para isso, deixe-a ficar seca e murcha. Obviamente não se deve exagerar; de vez em quando
tem de molhar, senão ela morre. O interessante nesse processo é que não tendo água que chegue, a planta
envia sua raiz para baixo procurando água. A planta que não cria raízes profundas é vulnerável a qualquer
vendaval que acabará deitando-a por terra, mas aquela que, pela necessidade de achar água cria raízes,
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cresce forte e resistente.
O que Deus está fazendo em sua vida quando você não sente a Sua presença é tão importante
quanto o que Ele faz ao descer o Espírito Santo sobre você. Creia! Deus está purificando seus motivos.
Infelizmente, muitos estão na igreja só por causa das bênçãos; quando essas acabam, eles vão embora.
Mas o interessante é que, mesmo com tal atitude, Deus não nega abençoá-los em tempos de bênçãos.
Deus é bom e faz chover sobre justos e injustos. Porém, essas pessoas não têm raízes e não segurarão o
avivamento nem serão transformadas à imagem de Jesus.
Que possamos imitar o apóstolo Paulo, que resistiu os tempos secos porque havia encontrado a
pérola de grande valor e seu desejo era Jesus e nada mais. Quando você tem tais sentimentos a sua alma
está sendo purificada. Ela jamais seria purificada se você sentisse a presença de Deus em todo o tempo. A
falta da presença Dele é muito útil para formar Seu caráter em nós e para formar uma cooperação nossa
com Deus. Queremos bênção sim (a presença de Deus, Jesus curando as pessoas, pessoas sendo salvas e
avivamento), mas, quando ela faltar, que não deixemos de perseguir o alvo. Eu quero que as minhas raízes
se aprofundem, que as motivações erradas do meu coração morram e que eu prossiga e seja purificado
para ser a imagem de Jesus.
Exemplos bíblicos
Maria, mãe de Jesus e Zacarias, pai de João Batista, receberam a visita do anjo Gabriel que dizia
assistir na presença de Deus. Zacarias e Maria ficaram assustados. O anjo falou para ambos: “Não temas,
não vim para te matar.” Para Zacarias ele disse: “Sua oração foi ouvida. Sua esposa terá um filho.” Zacarias
perguntou como poderia ser aquilo, sendo que ele já era velho e sua esposa, além de velha, era estéril. O
anjo confirmou que ela teria um filho e ele ficaria mudo por causa da sua incredulidade.
Depois disso o anjo Gabriel, na sua visita a Maria, disse: “Você vai dar à luz um filho e este será o
Filho de Deus, o filho de Davi.” Ela então perguntou: “Eu não conheço homem, não sou casada, como vou
ter o filho?” Sua pergunta não foi de dúvida, mas um pedido de informação. Ela queria saber como se
cumpriria aquela promessa. O anjo respondeu: “O poder do Altíssimo te cobrirá.” Glória a Deus! O que será
que ela sentiu ao ouvir tais palavras? Isso é da intimidade dela com Deus e, por isso, não há relato do que
ela disse. Todavia, ela respondeu ao anjo: “Cumpra-se em mim segundo a tua palavra.” Ao visitar sua prima
Isabel, esta exclamou: “Bem-aventurada a que creu.” E o filho de Isabel pulou no seu ventre.
Sobrenatural é o Espírito Santo descer sobre a pessoa, mas Maria não se ensoberbeceu, antes, se
sentiu privilegiada por Deus tê-la visitado e escolhido. Ela não fez nada, apenas creu e aceitou. Isso é
sobrenatural, é coisa de Deus. Maria não entendeu, mas Simeão disse-lhe: “Uma espada atravessará a tua
alma.” Posteriormente, Jesus foi para Jerusalém e ficou perdido por três dias deixando sua mãe aflita a
procurá-lo. Ela o encontrou no templo às voltas com os doutores da lei e o repreendeu por ter causado
preocupação aos seus pais. Ele respondeu-lhe: “Por que estava me procurando? Eu ia estar em outro lugar
que não na casa do meu Pai?” Seus pais não entenderam sua resposta, mas ele voltou com eles para casa e
lhes era submisso. Maria, no entanto, guardou todas essas coisas no coração. O Espírito Santo cobrir Maria
é a parte divina. A parte humana é, mesmo sem entender, Maria guardar no coração com carinho. Depois
de cinquenta anos ela conta essas coisas para Lucas; ele as escreve no evangelho e depois de dois mil anos
nós estamos lendo. Tudo porque uma mulher guardou no coração.
Você guarda no coração o que Deus faz em sua vida? Você pensa nessas coisas e as anota para não
esquecer, mesmo que não as entenda? Sonhos, revelações e sentimentos são guardados no seu coração
com carinho? Você zela dessas coisas ou simplesmente segue em frente? Você deve entender que Deus faz
muitas coisas, mas você também deve fazer outras coisas como zelar, amar, gostar e prezar as coisas de
Deus. Paulo falou a Timóteo: “Ocupa-te destas coisas, dedica-te inteiramente a elas para que o teu
progresso seja manifesto a todos.” (1 Tm 4:15). Mais adiante ele exorta a Timóteo para fazer essas coisas
em tempo e fora de tempo (2 Tm 4:2). Deus faz coisas, mas o homem também deve fazer, cooperando com
Deus para que esse processo, essa vocação seja bem-sucedida.
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3. A santa vocação e a Ceia
“Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem, e
não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o
meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne
verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne
e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu
vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim.” – João 6:53-57.
Nós não conseguimos realizar a santa vocação nem perseverar na carreira por nós mesmos. É
preciso que “comamos” de Jesus. Comer de Jesus na Ceia é um ato visível de algo que deve estar
acontecendo em nossas vidas o tempo todo. Você não pode comer de Jesus uma vez por mês. Não! As
células do nosso corpo se alimentam do sangue em todo tempo. Quem come de Jesus vive por meio de
Jesus. A sua alimentação é o que mudará a sua mente e o transformará em participante da natureza divina.
“Quem de mim se alimenta, por mim viverá”, disse Jesus. E isso não é só na hora da Ceia. A Ceia é uma
manifestação profética de algo que está acontecendo em nossas vidas. É muito perigoso comer da Ceia
sem estar comendo de Jesus diariamente, continuamente. Você pode dizer que está comendo de Jesus,
mas na verdade não está comendo, pois está vivendo uma vida contrária à vida dele.
Você precisa entender que esse ato profético de comer do pão e beber do vinho não é uma coisa
simbólica, sem valor, mas é uma coisa viva! Quando tomar a Ceia diga a si mesmo: “Eu como porque
sinceramente eu creio e confio em Jesus. Eu quero Jesus e estou andando com ele.” Deus não está
preocupado se você tem pecado ou se merece. Afinal, ninguém merece! Ele se preocupa com sua mentira
de vir para a Ceia para “fazer bonito” diante dos irmãos e sua falta de sinceridade diante Dele. Esse é o
problema! Mas se você é sincero e diz: “Eu estou aqui para mostrar diante de Deus, dos anjos e dos
homens que estou andando com Jesus e estou nessa carreira. Caio muitas vezes, mas me levanto e
continuo andando.” Se você pensa assim, coma com fé e declare que isso é verdade em sua vida. Assim
como no batismo, você está declarando uma realidade espiritual.
Quando estamos comendo o pão e bebendo do cálice, nós estamos comendo de Jesus. O pão não é
Jesus, mas quando o comemos estamos comendo Jesus. O cálice não é o sangue de Jesus, mas quando o
bebemos com fé estamos bebendo do sangue de Jesus. São realidades espirituais nas quais estamos
confiando. Eu não confio em mim e não tomo a Ceia porque mereço ou porque sou bom. Não! Pelo
contrário, sou péssimo, mas eu tomo a Ceia porque fui chamado e estou nesse caminho e, assim, me
alimento de Jesus! Amém!
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CRIANDO UM AMBIENTE PROPÍCIO PARA A MANIFESTAÇÃO DA
PRESENÇA DE JESUS EM NOSSO MEIO
Tony Felício
Q
uero repartir duas verdades poderosas que podem nos tornar mais santos, mais parecidos com Jesus,
mais amigos dele, fazer sua presença se manifestar ainda mais em nosso meio, nos controlar ainda
mais. Essa deve ser a nossa oração hoje: Eu quero mais de Deus, mais do controle do Espírito sobre minha
vida!
Deus quer nos levar a ir além do que já temos recebido. Há uma palavra, uma nuvem, uma ação do
Pai nesses dias sobre a igreja em todos os lugares da terra. Toda ação de Deus é desencadeada por uma
palavra, então, quando Ele quer fazer algo, primeiramente lança a palavra sobre o que deseja fazer. Essas
duas verdades, se bem compreendidas e praticadas, com certeza vão atrair mais a presença de Deus para o
nosso meio:
1) Deus resolveu agir na terra através da Sua igreja.
“Por que se enfurecem os gentios e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam, e
os príncipes conspiram contra o SENHOR e contra o seu Ungido, dizendo: Rompamos os seus laços e
sacudamos de nós as suas algemas.” (Salmos 2:1-3)
Esse texto diz que há um fato real sobre a terra: existe um motim, uma conspiração em todas as
nações entre os homens e Satanás; uma oposição contra Deus, um plano de independência Dele, uma
resistência ao Seu controle. Os povos estão enfurecidos porque se acham capazes de andar sozinhos e,
então, tomaram essa posição de conspirar contra tudo que significa controle de Deus sobre eles.
“Ri-se aquele que habita nos céus; o Senhor zomba deles. Na sua ira, a seu tempo, lhes há de falar e
no seu furor os confundirá. Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o meu santo monte Sião.
Proclamarei o decreto do SENHOR: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei. Pede-me, e eu te
darei as nações por herança e as extremidades da terra por tua possessão. Com vara de ferro as
regerás e as despedaçarás como um vaso de oleiro.” (vs.4-9)
No entanto, Deus não está preocupado ou apavorado por isso, mas diz o verso 4 que Ele está
“rindo”. Não que Deus seja sarcástico ou irônico, mas Ele tem uma razão real para estar tranquilo mesmo
que os homens na terra estejam amotinados: “Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o meu santo monte
Sião”.
É verdade que Jesus, desde sempre, tem o direito de ser o Rei de todas as nações. O verso 8 diz
exatamente isso: “Pede-me, e eu te darei as nações por herança e as extremidades da terra por tua
possessão”, e isso aconteceu de fato. Mas existe um período entre o “já” e o “ainda não”. Jesus já tem o
direito de ser Rei, mas em termos práticos ele ainda não está reinando sobre as nações porque o Pai
decidiu constitui-lo como Rei primeiramente sobre Sião, que é a Sua igreja, formada por judeus e gentios
convertidos, lavados pelo sangue do Cordeiro, que andam segundo a Sua Palavra.
Assim, Jesus ainda não reina na prática sobre as nações, mas há uma nação onde ele está reinando:
a igreja. Desde o Antigo Testamento Deus deixa muito claro que iria separar um povo só para Ele, reinar
sobre ele e fazer com se torne a demonstração visível da Sua vontade, caráter e projeto para toda a terra.
Isso até que, na segunda vinda de Jesus, junto com essa nação, Ele se torne de fato o Rei sobre todas as
nações.
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Isso deve gerar em nossos corações um senso de privilégio e também de responsabilidade: Jesus
reina numa nação, a igreja, e nós fazemos parte dela. Então, para mudar as coisas na terra, Ele deseja e
precisa nos usar para isso. Na verdade, Deus não respeita as instituições humanas no sentido de dominá-las
ou controlá-las, mas Ele interfere nas mesmas colocando Sua nação infiltrada nesses lugares. Dessa forma,
Jesus pode influenciar os governos, as empresas, as escolas, as famílias, porque a nação Dele atravessa
qualquer fronteira, não se submete às barreiras humanas e penetra em todas elas para estabelecer a Sua
vontade eterna e soberana. Por isso o senso de privilégio e de responsabilidade que devemos ter.
“...desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo
de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu
como as da terra.” (Efésios 1:9,10)
Esse texto está dizendo que a maneira que Deus usou para consertar o caos que o pecado e a
rebelião de Adão produziram foi fazer todas as coisas convergirem para Cristo. Deus deu a ele poder e
autoridade, nome acima de todos os nomes, preeminência sobre todas as coisas (Filipenses 2:5-9), de
maneira que, quando todas as coisas se voltam para ele atraídas por sua autoridade e poder, encontram a
harmonia que Deus planejou para elas.
A palavra “convergir” era utilizada quando, em uma guerra, um exército era dizimado, seu general
morria, um novo general era chamado e o exército era convocado para obedecê-lo. Então, por causa dos
novos projetos desse general, o exército se agrupava novamente e “convergia” para ele. Assim, em meio ao
caos da terra, Deus levanta e exalta a Jesus, faz com que todos os holofotes se voltem para ele, faz com que
sejamos atraídos ou convergidos a ele para que, dessa forma, ele comece a reorganizar todas as coisas que
estavam em desordem. Isso irá acontecer brevemente em toda a terra, mas, no momento, já está
acontecendo na igreja.
“E pôs todas as coisas debaixo dos pés e, para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja, a
qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas.” (Efésios 1:22,23)
Esse texto fortalece a nossa responsabilidade e privilégio nesse projeto eterno, poderoso e
maravilhoso de Deus. Jesus recebeu todo poder e autoridade sobre a terra, mas ele não quer e não vai
exercer esse governo sozinho. Para que Jesus seja o Cabeça sobre todas as coisas, Deus o deu à igreja e ele
a enche com seu poder e graça para que ela, juntamente com ele, produzam essa realidade do reino, da
vontade de Deus na terra. Jesus é o Cabeça, mas a operação da sua vontade ele quer realizar através do
seu corpo, que somos nós.
Como Deus pode governar uma cidade? Fazendo com que a Sua igreja esteja debaixo da Sua
direção, unção e presença, de maneira que, por onde ela passar, o poder, a autoridade e a vontade Dele
sejam conhecidas e manifestas.
Ora, se Jesus precisasse habitar apenas em prédios isso seria muito ruim, porque para as pessoas
conhecê-lo e à sua vontade teriam de se deslocar para os mesmos. No entanto, sua vontade é encher cada
um de nós, o seu corpo (formado de muitas pessoas congregadas ou reunidas nele, mas que vivem
espalhadas por todos os lugares) para fazer com que o propósito dele seja conhecido.
Isso é algo maravilhoso, fantástico, poderoso. Quer dizer que existe igreja em cada cidade,
instituição, empresa, escola, comércio, família etc. Se tem igreja tem Cristo e se tem Cristo tem igreja! Deus
só vai (e sempre vai) realizar a Sua vontade COM Sua igreja! Essa é a maneira Dele ser e agir e precisamos
usufruir disso. Ele empodera, capacita o Seu corpo para ser e fazer a Sua obra na terra.
2) Para Deus agir através da igreja ela precisa estar unida, coesa, entrelaçada.
Ele não quer agir por meio de pessoas “soltas”, mas por meio de relacionamentos, de vínculos. Ele
quer que nos movamos em “bloco” – não como pedaços arrancados do Seu corpo, mas como partes
integrantes do mesmo.
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Fazendo uma rápida análise da Trindade: O Pai trabalhou eternamente para enviar o Filho. Quando
Jesus veio e foi questionado a respeito do Pai, ele disse: “quem vê a mim, vê o Pai” e ficou aqui na terra
para viabilizar a vinda do Espírito Santo: “...porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando
eu for, vo-lo enviarei” (João 16:7). Então Jesus foi e enviou o Espírito Santo e Este, quando chegou,
testemunhou de Jesus na terra. Dessa forma, não conseguimos enxergar na Trindade qualquer
individualismo ou independência, porque Deus é “NÓS” – o Pai trabalha para projetar o Filho e o Espírito, o
Filho trabalha para projetar o Pai e o Espírito, o Espírito trabalha para projetar o Filho e o Pai. Nessa
“dança”, a Trindade aparece como o modelo que nós, igreja, devemos ser.
Qual é, então, o modelo de igreja que Deus deseja que sejamos? Que cada um trabalhe para
projetar, promover, abençoar, levantar o outro! Isso porque quando trabalhamos em função do outro
estamos imitando o caráter, o jeito de Deus ser e agir. Esse modelo se reflete em todos os lugares e esferas
de relacionamentos. Deus quer que o marido e a esposa vivam para cuidar, promover, amar e abençoar um
ao outro; que os filhos vivam para honrar os pais; que os pais vivam para projetar os filhos etc. Essa é a
mente e o projeto de Deus – que vivamos em função de fazer o bem ao outro!
As nossas vantagens de ser e viver assim são inúmeras. O próprio Deus estabeleceu que só vai agir
por meio de nós e disse que não podemos andar sozinhos – Ele quer agir com o Seu corpo, coletivamente.
Há muitas coisas maravilhosas que podemos experimentar juntos:
“...para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder,
mediante o seu Espírito no homem interior; e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé,
estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os
santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo,
que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus.” (Efésios
3:16-19)
O que fica muito claro no texto acima é que, juntos, “com todos os santos”, podemos
experimentar, compreender e crescer em todas as dimensões do amor de Deus, algo que sozinhos não
conseguiremos. Há uma revelação muito grande de Deus disponível a nós, de quem Ele é e do Seu amor.
No entanto, ela só é disponibilizada na nossa comunhão. Eu sozinho, por mais que me interne em um
Mosteiro só para buscar o Senhor, não conseguirei compreender as dimensões do Seu amor. Mas, se eu
andar com muitos irmãos, estiver vinculado a eles e amá-los, a revelação e a experiência do amor do
Senhor irão se revelar e crescer em minha vida.
Estudando as palavras “compreender” e “conhecer”, aprendi que a primeira significa “tornar seu” e
a segunda refere-se à comunhão íntima de um marido com sua esposa. Então, juntos, podemos
compreender o amor de Deus de tal forma que acaba se tornando o “nosso amor” – o amor com que
amamos e com que somos amados. Dessa forma, vamos crescendo na experiência desse amor até que O
“conheçamos” ou sejamos íntimos Dele. Isso é algo fantástico! O amor de Deus se torna “nosso” quando
andamos juntos e, assim, ampliamos a nossa intimidade com Ele. Assim, oremos para que o Senhor
aumente em nossos corações o desejo de andarmos mais juntos com os nossos irmãos.
Esse amor de Deus tem várias dimensões: a largura, o comprimento, a altura e a profundidade. Eu
preciso compreender e experimentar esse amor, mas, para isso, preciso da sua ajuda e você da minha. Têm
muitas pessoas que precisam compreender e experimentar que Deus as ama, mas elas não conseguem,
talvez porque quando tentaram se relacionar em intimidade isso lhes fez mal. Mas o único jeito
estabelecido por Deus para crescermos no amor é andando juntos – não há outra possibilidade.
Assim, se você sofre do “vírus da independência” que, inclusive, está tomando formas religiosas
hoje em dia, precisa se arrepender e mudar essa situação em sua vida. Há os que se dizem “desigrejados”,
que querem Deus mas não querem a igreja. Isso é maligno, diabólico, porque quem deseja a Cabeça precisa
se submeter ao Corpo! Não tem como querer Jesus e repudiar a sua noiva! Ninguém odeia o seu próprio
corpo, quanto menos ele!
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“Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do
inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra
terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus.” (Mateus
16:18,19)
“Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que
desligardes na terra terá sido desligado nos céus. Em verdade também vos digo que, se dois dentre
vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que, porventura, pedirem, ser-lhes-á
concedida por meu Pai, que está nos céus.” (Mateus 18:18,19)
Você realmente crê na Bíblia? Parece uma pergunta óbvia, mas muitos de nós, às vezes, passamos
por esse tipo de confronto. Segundo esses textos, JUNTOS nós temos respostas a QUALQUER COISA que
pedirmos, JUNTOS nós ligamos e desligamos pessoas e coisas. Mas será que cremos nisso de verdade? O
texto não fala de pedir algo individualmente a Deus, mas se há concordância, unidade, comunhão,
relacionamento entre nós na oração.
Existem coisas determinadas e já garantidas por Deus que Ele quer derramar sobre nós. De fato, Ele
“nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo” (Efésios 1:3).
Mas, como é que essas coisas que estão no céu descem até nós e se tornam práticas, vivas, visíveis? Se
houver concordância entre nós, se estivermos juntos, ligados no mesmo propósito!
Jesus disse a Pedro: “Você é uma pedrinha e eu estou lhe dando as chaves para ligar e desligar!”
Isso quer dizer que nós temos chaves de portas que podem e devem ser abertas ou fechadas em coisas,
situações e vidas de pessoas. Mas não podemos fazer isso sozinhos. Precisamos juntos discernir a vontade
de Deus, andar juntos para saber o que tem de ser aberto ou fechado. E esse é um desejo de Deus que não
podemos mudar! Nós podemos, juntos, mover os céus! É por isso que Satanás não gosta dessa coisa de
“juntos”.
“Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.” (Mateus
18:20)
O benefício de estarmos juntos, reunidos, é o de desfrutarmos da presença de Deus em nosso
meio. É verdade que Ele habita em mim como indivíduo, mas o efeito do “dois ou três” é muito maior,
muito mais poderoso. Ou seja, “quanto mais gente, melhor”! É muito forte ter muita gente no mesmo
propósito, na mesma direção, buscando a Deus, pedindo a Ele que venha, que Se manifeste em nosso
meio. Quanto mais oramos juntos, mais isso se acumula no cálice de Deus e Ele, então, Se move, faz
acontecer. Temos uma privilégio imenso em podermos andar juntos pois a presença de Deus se move
conosco, operando e agindo entre nós. Portanto, deixe o Espírito Santo quebrar algumas ideias,
pensamentos, paradigmas em sua cabeça.
Infelizmente, herdamos essa coisa de “cada qual em seu quadrado” da nossa natureza pecaminosa
– Adão quis ser independente de Deus e viver do jeito dele. Mas também herdamos isso de algumas
culturas seculares. Há muitas culturas individualistas, de “cada um na sua”, mas, em nome de Jesus Cristo,
vamos aborrecer, rejeitar, abominar esse aspecto dessas culturas, pois no Reino de Deus é sempre “uns aos
outros”. Assim, não avalie os outros em relação a você: “Ah, mas eu não vejo os irmãos fazendo isso
comigo!” Não! Pense você em relação aos outros! Você buscando ao Senhor, você procurando os irmãos,
orando e tendo comunhão com eles! Essa sua ação em direção à comunhão move os céus e faz Deus Se
manifestar.
“Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, porém, invocarão aquele em
quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem
pregue?” (Romanos 10:13,14)
Deus conta conosco para que as pessoas ouçam, creiam e sejam salvas.
“...a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em
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nós; para que o mundo creia que tu me enviaste.” (João 17:21)
Há uma condição para que o mundo creia: que sejamos UM. Juntos levamos outras pessoas a crer
em Jesus. Isso pode e deve ser compreendido como a unidade da igreja na cidade, no Brasil, no mundo;
mas também deve ser entendida como aspectos práticos da nossa relação cotidiana como irmãos em Cristo
– a forma como lidamos com nossos relacionamentos à vista dos outros, como amamos e servimos uns aos
outros etc. Tudo isso anuncia ao mundo que, de fato, Deus está na terra, porque a igreja demonstra isso. É
a nossa maneira de andar juntos que abre as portas para que outros creiam e acolham o evangelho. Mais
uma vez: que privilégio e que responsabilidade!
“Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além
do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada
um. Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a
mesma função, assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros
uns dos outros” (Romanos 12:3-5)
Juntos desfrutamos do poder de Deus que se manifesta por meio dos dons do Espírito. Todos nós
temos funções no Corpo, graça e dons de Deus. Mas Ele, em Sua sabedoria, não colocou muito de Si em
alguns poucos de nós, mas colocou muito de Si em muitos de nós! De maneira que, para experimentarmos
muito da Sua graça, para viver os Seus milagres, precisamos conhecer muitos irmãos e nos submetermos à
graça de Deus que está na vida deles. Eu não consigo muito de Deus com poucos relacionamentos. Como
eu já disse, “quanto mais, melhor”.
Nós somos partes uns dos outros e temos funções diferentes com o propósito de nos suprirmos
mutuamente, a fim de que sejamos um lugar cheio de vida para atrair aqueles que precisam de vida. O Pr.
Carlos Mraida fez uma ilustração interessante: Por que Deus nos mandou impor as mãos sobre as pessoas
para lhes comunicar um dom, repartir uma graça, liberar uma cura ou o batismo no Espírito Santo? Não
seria mais fácil Deus fazer isso com a pessoa sozinha? Mas é que Ele deseja que toquemos nas pessoas –
isso é relacionamento e traz vida, unção, poder, virtude.
Deus estava no céu, mas, para que pudesse ser visto, crido e reconhecido na terra, Jesus “se fez
carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de
verdade” (João 1:14). Ou seja, o Deus Todo-Poderoso agora podia ser visto, tocado, apalpado, como disse
João: “O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o
que contemplamos, e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida” (1 João 1:1). Aquele que
era distante agora estava muito próximo!
Da mesma forma, Deus quer dar um testemunho às nações – algo palpável, tocável, percebível – e
Ele faz isso por meio da Sua igreja. Então, quando pegamos, tocamos, falamos, andamos juntos o
testemunho de Deus é encarnado em nós e nos outros. É verdade que todos temos nossos “podres”, coisas
ruins que Jesus ainda está trabalhando para mudar, mas precisamos uns dos outros para agilizar esse
processo do Senhor em nós. Temos de tocar, estar juntos, conviver com poucos e com muitos. Em nossa
prática de igreja temos os grupos pequenos e também as reuniões maiores. Viva a realidade de um grupo
pequeno onde você é conhecido, tratado, trabalhado mais cotidianamente, mas participe também das
reuniões gerais e celebre, ore, ceie junto com outros irmãos, a fim de receber porções diferentes da graça e
dos dons do Senhor.
Alguém me disse recentemente que se a igreja primitiva tivesse whatsapp ou facebook ela teria
acabado rápido, porque hoje, com tudo isso, não é mais preciso se encontrar para conversar. Não faça isso!
Use esses recursos para recados rápidos e para marcar encontros pessoais, mas não para “bater papo”.
Relacione pessoalmente, ouça a voz, olhe nos olhos, toque as pessoas. Nós somos pedaços do Corpo,
dependemos uns dos outros e precisamos nos juntar, nos grudar!
“Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de
Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a
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pedra angular; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no
qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito.” (Efésios
2:19-22)
O texto diz que nós, todo o edifício, “crescemos juntos”, somos “juntamente edificados”. Também
diz que somos “concidadãos dos santos”, ou seja, somos cidadãos COM e não sozinhos. Assim, se você quer
crescer espiritualmente precisa estar bem ajustado, com seu lugar muito claro e vínculos muito bem
estabelecidos no Corpo de Cristo.
“E, chegando à sua terra, ensinava-os na sinagoga, de tal sorte que se maravilhavam e diziam:
Donde lhe vêm esta sabedoria e estes poderes miraculosos? Não é este o filho do carpinteiro? Não
se chama sua mãe Maria, e seus irmãos, Tiago, José, Simão e Judas? Não vivem entre nós todas as
suas irmãs? Donde lhe vem, pois, tudo isto? E escandalizavam-se nele. Jesus, porém, lhes disse: Não
há profeta sem honra, senão na sua terra e na sua casa. E não fez ali muitos milagres, por causa da
incredulidade deles.” (Mateus 13:54-58)
Jesus estava fazendo milagres em toda a Galileia, mas, chegando em sua própria cidade, não pode
fazer muitos milagres porque havia ali um problema: falta de honra. Eles não reconheciam Jesus como ele
realmente era; o enxergavam apenas humanamente. Sabiam que ele era filho de José, o carpinteiro,
conheciam a sua família e, por isso, o desprezaram. Não o honraram porque ele era dali, era conhecido de
todos. Carlos Mraida disse: “Você só recebe das pessoas que você honra! Se você não honra alguém, não
pode receber o que Deus pode lhe dar através dele!”
Jesus não foi honrado em sua terra e, por isso, aquelas pessoas não puderam receber os seus
milagres. Nós temos muitas pessoas fantásticas entre nós com graça, poder, dons, ministérios, serviços.
Elas estão distribuídas em nosso meio. Para que eu possa receber o que Deus lhe deu eu preciso honrar a
sua vida. Devo reconhecê-lo não por meio dos meus olhos naturais, julgando sua vida, mas vê-lo
exatamente como você é, como Deus lhe fez e o colocou em minha vida.
Jesus não era simplesmente o filho de José e Maria, não era apenas o filho do carpinteiro, mas era
o filho de Deus cheio de graça, unção, virtude, poder e autoridade. Ele poderia ter feito muitos milagres ali,
assim como estava fazendo em todos os outros lugares, mas as pessoas o ouviram de uma maneira
limitada, sem honra.
Gostaria de concluir convocando os irmãos, em nome de Jesus e dos seus pastores, para criarmos
entre nós um ambiente, uma cultura de honra. Algo tão real, tão verdadeiro, tão sincero, de maneira que
todos sejam usados por Deus e todos sejam abençoados por aqueles que são usados por Deus. Vamos nos
honrar mutuamente para receber o que Deus tem para nos dar através dos nossos líderes e irmãos em
Cristo.
Deus nos tem dado muitas coisas usando muitas pessoas. Com certeza podemos ser abençoados
por irmãos de outras localidades por meio da TV ou Internet, mas, principalmente, honremos os que são da
nossa própria casa espiritual. Vamos conhecer os nossos pastores e obreiros como eles realmente são. É
um privilégio, uma honra tremenda tê-los conosco e estar entre eles.
Alguns aspectos práticos dessa questão de honra:
- Cumpra seus compromissos com seus irmãos, tanto os básicos quanto os mais difíceis: os
horários, o estar juntos etc. Não estabeleça condições para isso.
- Envolva-se nas ações coletivas que existem em nosso meio. O senso de Corpo nos leva a não
fazermos somente o que achamos ser bom e agradável para nós, mas o que é bom e agradável para todos.
Temos as Torres de Vigia, as orações diárias, os grupos caseiros, as convocações para encontros, cursos,
cultos especiais etc. Mude seus horários e agenda se necessário, mas participe. O culto é uma proposta
coletiva e ele é melhor à medida que todos participamos. Qualquer ação ou atitude que fizermos para
atrair mais a presença de Deus para o nosso meio são válidas.
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- Levante seus irmãos. Faça-o com a “verdade em amor” e não com a verdade dita de qualquer
jeito ou com o amor que abre mão da verdade. Faça-o com gentileza, com cordialidade, com uma palavra
amiga, com um consolo ou oração na hora certa. Levante seu irmão celebrando o que ele é, alegrando-se
com aquele que se alegra e chorando com aquele que chora. Seja uma benção e não uma pedra de
tropeço. Guarde o irmão ao invés de expô-lo. Cure o irmão ao invés de feri-lo. Elogie o irmão ao invés de
criticá-lo e não se cale quando puder fazê-lo. Corrija o irmão de forma que ele se sinta amado. Não se
omita, não o deixe no erro, mas faça isso de forma que ele se sinta amado. Planeje e ore, busque a Deus
para que, quando tiver de corrigi-lo, ele saiba que a sua correção é cheia de amor. Perdoe o irmão e não
guarde rancor; não fique trazendo fatos à memória. Sirva o irmão e não ignore sua necessidade. Fale bem;
não fique criticando ou maldizendo o irmão.
Podemos viver como igreja na cultura do céu e essa cultura é cheia de amor, porque o próprio Deus
que preenche esse ambiente é Amor! Você quer atender a essa convocação de honra? Quer transformar
seus ambientes em lugares de honra? Peça ao Senhor para lhe revelar o que significa discernir o Corpo de
Cristo! Paulo diz que quando não discernimos o Corpo enfraquecemos, adoecemos e morremos (1
Coríntios 11:29,30), mas, quando o fazemos, nos fortalecemos, somos curados e vivemos! Doenças podem
ser curadas, vigor e ânimo podem ser restaurados, ressurreições podem acontecer, milagres, sinais e
maravilhas podem se tornar reais. Mas, para isso, precisamos dessa revelação do Corpo que produz e atrai
a presença de Deus ao nosso meio! Amém!
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COMO CONSTRUIR A CASA PARA DEUS
Jamê Nobre
A
nossa vida é feita de ciclos ou círculos. Mas não são ciclos separados e, sim, conectados um ao outro.
A própria idade demonstra isso: nascemos, passamos pela infância, juventude, maturidade, velhice,
morte. Dentro da fase adulta, temos a formação profissional, o casamento, a criação dos filhos etc. No
entanto, um dos nossos grandes problemas é quando não os fechamos, quando não terminamos algo que
Deus nos deu para fazer – às vezes, por não ter consciência do que o Senhor quer de nós, ou por
desobediência, ou por qualquer outro motivo.
Quando eu estava para me casar com Irani, orava muito para entender aquela fase e um irmão me
deu uma palavra de sabedoria: “Jamê, Deus nos dá unção para cada momento da vida. Somos ungidos para
ficar solteiros, para o casamento, para a paternidade, para a velhice etc.” Então, cada ciclo necessita da
unção de Deus e ser devidamente encerrado, pois cada um deles nos prepara para o próximo. Assim,
precisamos ter muita consciência do ciclo que estamos vivendo hoje para cooperarmos com Deus e não
deixá-lo, pois, caso contrário, o próximo será prejudicado.
Nossa vida é como uma escada: um patamar, um espelho, um novo patamar etc. Não é uma
rampa, onde vamos caminhando sem perceber as inúmeras mudanças. Se não fecharmos os diversos ciclos,
criaremos confusão em nossas mentes por não termos sido preparados para as próximas fases. Por
exemplo: se eu não estou preparado, ungido e vivendo plenamente a minha vida de solteiro, dificilmente
terei uma vida plena de casado. A criança, da mesma forma, precisa desfrutar de uma infância plena para
também desfrutá-la como jovem e adulta. É por isso que existem muitos adultos que continuam vivendo
como crianças – porque não resolveram sua infância, não fecharam aquele ciclo, não mudaram de
patamar.
Há um homem na Bíblia que compreendia perfeitamente seus ciclos de vida: Paulo. Ele disse em 2
Timóteo 4:7: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé.”
a) “Combati o bom combate” (ou seja, “fechei um ciclo”).
Analisando nossas vidas, perceberemos que existem momentos (às vezes em um mesmo ano) em
que acontecem muitas crises. Por exemplo, a TPM, a Menopausa e a Andropausa são ciclos e também
crises. Há o tempo certo de deixar as “aventuras” e viver experiências reais; deixar de “tentar” as coisas e
vivenciar ou solidificar o que construímos e que Deus projetou para nós. São ciclos e crises, momentos de
passagem, de transição. No entanto, eles somente se tornam claros quando sabemos qual é a real vontade
de Deus para nós.
Todos temos lutas diárias, mas Paulo qualifica sua luta ou combate como “o bom” combate. Todos
temos UM combate e UMA carreira específicos e definidos. Enquanto não os discernimos, vivemos em
confusão, nos perdemos. Podemos pegar atalhos que não nos levarão a lugar algum. Quem não sabe seu
destino, qualquer caminho serve. Alguns combates da vida são produzidos ou providos por Deus porque
fazem parte do nosso chamado, daquilo que Ele tem para nós.
Quando Davi propôs em seu coração construir uma casa para Deus (2 Samuel 7), ele perguntou ao
profeta Natã e este lhe respondeu: “Disse Natã ao rei: Vai, faze tudo quanto está no teu coração, porque o
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Senhor é contigo.” (v.3). No entanto, logo em seguida o Senhor lhe deu uma palavra diferente: “Vai e dize a
meu servo Davi: Assim diz o Senhor: Edificar-me-ás tu casa para minha habitação?” (v.4). Que casa Davi
poderia construir para o Senhor, se o céu é Seu trono e a terra é o estrado de Seus pés? Que casa um
homem construiria que pudesse conter ou caber o Senhor? Então o Senhor diz a ele, por meio de Natã, que
seu filho Salomão Lhe edificaria uma casa (vs.8-17).
Se a palavra tivesse terminado assim, Deus teria provocado uma imensa frustração no coração de
Davi, pois suas guerras foram todas para defender o povo de Israel. Também, não foi ele quem “se elegeu”
como rei da nação, mas o próprio Senhor que o colocou. Inclusive, ele tinha uma vida aparentemente
tranquila cuidando dos rebanhos de seu pai – apesar dos combates com lobos, leões e ursos. Mas um dia o
Senhor lhe disse: “Tenho combates muito maiores para você!” E o ungiu e colocou como rei sobre Seu
povo.
Davi guerreou as “guerras do Senhor”. Não eram guerras dele, que ele produziu. Muitas lutas
somos nós quem provocamos. Coisas que fazemos, decisões que tomamos não orientadas por Deus são
“nossas lutas”. Compramos algo e dizemos: “Deus, eu errei nessa compra. Pague para mim?” E Ele diz:
“Não, foi você quem comprou; agora pague!” São combates que nós mesmos provocamos.
Paulo, no entanto, não estava se referindo a esse tipo de luta, mas a um combate para o qual Deus
o havia chamado. Pergunta: Será que os combates que temos provêm do Senhor? Ou são provocados por
nossos erros e decisões equivocadas?
b) “Completei a carreira”.
Para eu saber se completei uma carreira, preciso saber onde é o seu começo e o seu fim. Muitos
não têm a mínima ideia do que estão fazendo na vida. Alguém disse que somos um povo de muita iniciativa
e pouca acabativa. Não encerramos, não terminamos o que começamos e isso nos leva a contínuas
frustrações.
Eu tenho um sonho: que um dia, após haver terminado meu trabalho, de haver pregado, ensinado,
aconselhado, ter a noção clara que terminei tudo o que Deus me mandou fazer. Mas, para isso, preciso ter
clareza e convicção em Deus do que estou fazendo. Não posso ficar “atirando” para todos os lados,
tentando fazer muitas coisas, mas, unicamente, as coisas que Deus tem para mim.
c) “Guardei a fé”.
A fé que Paulo recebeu, ele a conteve. A fé não vem do nada, por acaso, e também não é produto
de esforço pessoal; ela não nasce sem que Deus a tenha colocado em nosso coração. Mas, o que temos
feita com ela? Ela pode adoecer, minguar, esfriar e desaparecer, como também crescer e produzir se for
devidamente alimentada.
A expectativa de vida hoje no Brasil é de 71 anos. Se compararmos aos 2000 anos da vinda de Jesus
até hoje, corresponde a 3,5%. E se compararmos com a eternidade? É impossível! Então, se sabemos que a
nossa casa, que o nosso “ponto final” não é aqui, onde aplicaremos um esforço maior? Nos 70 anos ou na
eternidade? Não é uma questão de religião, mas de lógica – irei aplicar todo o meu esforço para me
preparar para a eternidade! Se vamos fazer uma viagem, nos dias anteriores preparamos as malas, não
perdemos tempo, pois sabemos que o dia e hora da viagem está chegando. Da mesma forma precisamos
fazer ao entender que a nossa viagem não termina aqui – a vida é apenas um ciclo que irá terminar. O que
fazemos hoje é uma preparação para o próximo ciclo (que, na realidade, será o último e definitivo).
Então, o que Deus quer de nós? Para que Ele nos chamou? Eu creio que é uma questão de
sabedoria parar e pensar sobre qual a vontade, o chamado de Deus para mim: Por que eu existo? Por que
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estou aqui? Ou seja, discernir os ciclos atuais e me preparar para os próximos.
Billy Graham, em seu livro “A Caminho de Casa – Vida, Fé e Como Terminar Bem”, diz que ele
sempre foi preparado para a morte, mas nunca para a velhice. Muitos estão chegando à velhice e não
sabem conviver com esse novo ciclo, com as inúmeras mudanças, diferenças e dores – acham-se perdidos.
Mas é uma fase natural da nossa vida, como todas as demais.
Do “ponto de vista de Deus”, o que Ele quer para mim? Eu só irei descobrir isso olhando para Ele e
não para mim; não fazendo uma observação profunda a respeito das minhas características, meu
temperamento, minhas quedas, minha índole. Só vou descobrir meu chamado, meu destino, o propósito da
minha existência olhando para o Senhor.
Os livros de 1 Crônicas, capítulos 28 e 29, contam a história de uma construção – a do Templo para
o Senhor. Houve em Israel duas grandes construções: o Tabernáculo e o Templo. Nenhuma delas tinha um
fim em si mesmas, mas apontavam para algo maior, definitivo e eterno – para a igreja e para nós, como
indivíduos. Eles eram sombra de coisas futuras (Hebreus 8:5). Deus queria que as pessoas olhassem para
eles e pudessem entender o que Ele estava preparando.
O Tabernáculo e o Templo eram figuras da igreja, mas também do ser humano. O Átrio, O Lugar
Santo e o Santo dos Santos falam do corpo, da alma e do espírito. Davi, nesses capítulos, se “pré-ocupou”
(preocupou-se antecipadamente) com essa construção, mesmo sabendo que não seria ele que o faria, pois
Deus lhe dissera que ele tinha “mãos sujas de sangue” por causa das guerras que travou (28:3). Ele, então,
preparou seu filho Salomão e fez convênios com reis ao redor, comprando e guardando matéria-prima para
esse propósito.
Quero tentar responder a quatro perguntas, sem a pretensão de exaurir o assunto: O que fazer?
Para quem fazer? Como fazer? Com que fazer?
1) O que fazer?
“Agora, pois, atende a tudo, porque o Senhor te escolheu para edificares casa para o santuário; sê
forte e faze a obra.” (28:10)
A primeira coisa que Davi diz a Salomão é que ele foi escolhido. Você foi escolhido pelo Senhor?
Você sabe que foi eleito por Deus antes da fundação do mundo (Efésios 1:4) para construir uma casa para
Ele? Não acredite na doutrina que diz que o Senhor está construindo uma casa no céu para nós. Efésios
2:22 diz que Deus está NOS construindo para sermos morada DELE, edificando EM NÓS uma morada PARA
ELE. Jesus voltará para a sua casa, que somos nós! E, hoje, estamos nos preparando para recebê-lo.
Esse é um projeto eterno de Deus; Ele sempre quis morar com o homem. Um dia a Trindade se
reuniu e decidiu criar o homem (Gênesis 1:26), porque Ele é um Deus de RELACIONAMENTO. Não foi por
solidão ou por carência de amor, mas por EXCESSO de amor. Ele queria pessoas sobre as quais iria
derramar o Seu amor, a Sua graça; queria vasos, receptáculos por meio dos quais pudesse Se externar.
Então, Ele criou Adão e Eva, colocou-os em um lugar agradável sem nada para lhes perturbar ou ocupar,
pois os queria de forma integral para Ele. E, na viração do dia, descia para conversar com eles, ouvindo-os e
falando, perguntando e respondendo. Esse é o nosso Deus – um Deus que sonha em caminhar, falar,
habitar com o homem.
No entanto, o homem não compreendeu isso; achou que o Senhor queria disputar, competir com
ele. Então desobedeceu, pecou e foi expulso daquele lugar, daquela presença e comunhão maravilhosa e
eterna o Pai. Isso foi algo tão profundo no coração de Deus, que Ele enviou Seu próprio filho para morrer
por nós e restaurar aquele relacionamento que havia sido quebrado. Não foi Deus quem Se separou do
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homem, mas o contrário.
Deus disse a Davi: “Você não vai construir uma casa para Mim, mas EU vou construir uma casa para
você.” Era uma “disputa” para ver quem amava mais! Entenda: o culto não é a prioridade de Deus, mas,
sim, a relação pessoal Dele conosco. O culto não é por causa de Deus, para por nossa causa, para que,
JUNTOS, magnifiquemos a Ele e sejamos edificados mutuamente. No entanto, Seu maior prazer é conversar
comigo, sozinho, em todos os lugares e em todos os momentos.
Nosso objetivo ou tarefa é, então, construir uma casa, uma morada eterna e permanente para
Deus. No início Ele descia para conversar com o homem na viração do dia; depois Ele Se manifestava
esporadicamente para alguns; enfim, veio Jesus que enviou o Espírito Santo para habitar em nós. Ou seja,
Deus Se mudou do céu para a terra, para dentro de nós (João 14:17; Romanos 8:11). Essa morada é criada
por meio da nossa devoção, comunhão, oração, adoração a Ele. É uma comunicação de mão dupla –
falando com Ele, ouvindo Dele. Deus nos escolheu e chamou para isso!
2) Para quem fazer?
“Disse mais o rei Davi a toda a congregação: Salomão, meu filho, o único a quem Deus escolheu, é
ainda moço e inexperiente, e esta obra é grande; porque o palácio não é para homens, mas para o
SENHOR Deus.” (29:1)
Primeiro, a obra de Deus não é hereditária – não sou eu quem escolho se meus filhos vão ou não
servir a Deus, mas é Ele quem escolhe.
Segundo, o palácio (nossa vida) deve ser construído para o Senhor e não para nós mesmos. Palácio
tem grandeza, brilho, formosura, riqueza – não é um simples “puxadinho” – e assim deve ser nossa vida
para Ele. Nossa entrega ao Senhor deve ser completa, de qualidade e não de qualquer jeito. Quando Ele
vem habitar em nós tudo muda; o que eu gostava antes, agora não gosto mais; o que eu desejava e
almejava, agora mudou. Somos o palácio, o templo, a morada do Deus Santo e Eterno (1 Coríntios 3:16; 2
Coríntios 6:16).
3) Como fazer?
“Agora, pois, atende a tudo, porque o SENHOR te escolheu para edificares casa para o santuário; sê
forte e faze a obra.” (28:10)
Essa obra não é feita sozinho e de qualquer jeito, mas com esforço, zelo, aplicação, dedicação,
consagração. Exige tudo isso porque a nossa alma, o nosso coração enganoso não deseja isso.
Um dia, meu pai na fé estava orando perto de mim e disse: “Senhor, Tu sabes que eu não quero
fazer a Tua vontade! Mas me faça querer!” É por isso que Paulo diz: “Porque Deus é o que opera em vós
tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade.” (Filipenses 2:13).
Há um esforço que tenho de aplicar que não é contra algo externo, mas interno. O meu pior
inimigo não é o diabo, mas o meu próprio coração. Não posso deixá-lo criar espaço e crescer dentro de
mim, pois ele acabará me dominando por completo. E o remédio mais eficaz para essa doença chama-se
CRUZ (Mateus 16:24). Cruz não é uma pessoa, uma doença, um trabalho – é quando a minha vontade se
encontra com a vontade de Deus e uma delas tem de morrer. As duas não podem coexistir. Cruz é dizer
como Jesus: “...todavia não se faça a minha vontade, mas a Tua” (Lucas 22:42).
Isso é tão sério que, em certa ocasião, Paulo soltou um grito de desespero: “Miserável homem que
eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?” (Romanos 7:24). Ele se referia ao seu ego, à sua própria
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natureza caída. Na lei romana, quando alguém matava outra pessoa com requintes de crueldade, o cadáver
era amarrado nas costas do assassino até que, apodrecido, caísse. E cada um de nós também carrega esse
cadáver! Um dia ele vai apodrecer e cair, mas ele não pode nos contaminar, dominar e matar. Por isso essa
casa deve ser construída com esforço!
A palavra “esforço” fala de você aplicar uma força que pensava não ter. Quem serviu ao Exército
sabe como é isso – carregava-se roupa, mochila e artefatos pesadíssimos por longos quilômetros, sempre
achando que não suportaria mais. Então, vinha um sargento e dizia: “Você aguenta! Continue!” E o esforço
extra fazia surgir a força para seguir em frente.
“Tu, meu filho Salomão, conhece o Deus de teu pai e serve-o de coração íntegro e alma voluntária;
porque o SENHOR esquadrinha todos os corações e penetra todos os desígnios do pensamento. Se o
buscares, ele deixará achar-se por ti; se o deixares, ele te rejeitará para sempre.” (28:9)
Davi nos mostra aqui três bases para a construção da casa para Deus:
a) “conhece o Deus de teu pai”.
Se quisermos construir um palácio para Deus, a primeira coisa é conhecer a Ele. Eu li que em Belo
Horizonte havia uma empresa de arquitetura que, quando recebia a encomenda para construir uma casa,
ela mandava alguns arquitetos para residir por algumas semanas na casa de quem havia feito aquela
encomenda. Eles estudavam a família e seus costumes e, depois disso, desenhavam o projeto exatamente
como a família desejava. Então, se eu quero construir uma casa para Deus preciso viver, morar com Ele
para conhecê-Lo profundamente. Quando pensar em fazer algo errado, ouvirei o Senhor me dizendo que
não é isso que Ele quer, devido à proximidade que terei com Ele.
b) “serve-o de coração íntegro”.
Coração perfeito, e não sem pecado. Ter uma só vontade interior – a vontade do Pai. Desejar de
todo o coração construir uma casa para Deus.
Certa vez, Deus mandou o profeta Isaías dizer ao rei Ezequias:
“Põe em ordem a tua casa, porque morrerás, e não viverás. Então virou o rosto para a parede, e
orou ao Senhor, dizendo: Ah, Senhor! Suplico-te lembrar de que andei diante de ti em verdade, com
o coração perfeito, e fiz o que era bom aos teus olhos.” (2 Reis 20:1-3).
Coração perfeito é aquele que tem um profundo desejo de agradar a Deus, ainda que as obras não
sejam semelhantes ao mesmo. Jesus disse que “qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em
seu coração cometeu adultério com ela” (Mateus 5:28). Da mesma forma, se interiormente desejamos
servir a Deus de todo o coração, a santidade e a perfeição já são nossas. O trabalho é fazer isso passar do
nível do “querer” para o nível do “praticar” – e isso é obra do Espírito Santo.
Coração perfeito não é dividido, não tem ânimo dobre, não tem duas opiniões, não está um dia
animado e no outro completamente desanimado. É o coração perfeito que muda nossas atitudes e história
de vida.
c) “alma voluntária”.
Alma voluntária para servir a Deus e as pessoas, ajudar os necessitados, ser bondoso, dadivoso,
altruísta. Vivemos em uma sociedade completamente individualista e egoísta: “Cada um por si e Deus por
todos”. Infelizmente essa cultura entrou na igreja, mas, como cristãos, precisamos ser os primeiros a
perceber as pessoas e ajudá-las, servi-las.
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Uma das piores coisas para um homem ou mulher de Deus é a autocomiseração, viver se
lamentando. Mas lembre-se de que você é filho(a) de Deus, morada do Altíssimo, tem o Espírito Santo! Isso
é alma voluntária – decisão de servir, louvar, agradecer a Deus acima de tudo.
“Disse Davi a Salomão, seu filho: Sê forte e corajoso e faze a obra; não temas, nem te desanimes,
porque o Senhor Deus, meu Deus, há de ser contigo; não te deixará, nem te desamparará, até que
acabes todas as obras para o serviço da Casa do Senhor.” (28:20)
Outra versão diz: “Esforça-te e tem bom ânimo, e faze a obra”. Inúmeras vezes aparecem na Bíblia
as palavras “sê forte”, “esforça-te”. Deus nos criou para voarmos como águias. A águia não descansa no
ninho, mas voando. Ela só descansa quando sobe no alto da montanha e deixa a corrente levá-la. Portanto,
não vivamos em camadas baixas, mas subamos para onde o Senhor realmente quer que estejamos.
“Não temas”. Essa frase aparece 365 vezes nas Escrituras, uma vez para cada dia do ano.
Combatemos uma batalha que já foi ganha por Jesus e, por isso, podemos nos esforçar e fazer a obra com
bom ânimo. “Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.”
(Romanos 8:37)
“Não te apavores”. Vivemos em uma sociedade cheia de medos, de pavores. Mas, se Deus falou
para não nos apavorarmos é porque Ele sabia desse tempo que iríamos passar.
“O Senhor Deus, o MEU Deus, há de ser contigo; não te deixará, nem te desamparará, até que
acabes todas as obras para o serviço da Casa do Senhor.” A garantia que o Senhor nos dá é que, enquanto
estivermos construindo a casa para Ele, Ele estará conosco todos os dias.
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SANTIFICADO SEJA O TEU NOME
Mika Shea
Ezequiel 36:
16 Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: 17 Filho do homem, quando os da casa de Israel
habitavam na sua terra, eles a contaminaram com os seus caminhos e as suas ações; como a
imundícia de uma mulher em sua menstruação, tal era o seu caminho perante mim. 18 Derramei,
pois, o meu furor sobre eles, por causa do sangue que derramaram sobre a terra e por causa dos
seus ídolos com que a contaminaram. 19 Espalhei-os entre as nações, e foram derramados pelas
terras; segundo os seus caminhos e segundo os seus feitos, eu os julguei. 20 Em chegando às nações
para onde foram, profanaram o meu santo nome, pois deles se dizia: São estes o povo do SENHOR,
porém tiveram de sair da terra dele. 21 Mas tive compaixão do meu santo nome, que a casa de
Israel profanou entre as nações para onde foi. 22 Dize, portanto, à casa de Israel: Assim diz o
SENHOR Deus: Não é por amor de vós que eu faço isto, ó casa de Israel, mas pelo meu santo nome,
que profanastes entre as nações para onde fostes. 23 Vindicarei a santidade do meu grande nome,
que foi profanado entre as nações, o qual profanastes no meio delas; as nações saberão que eu sou
o SENHOR, diz o SENHOR Deus, quando eu vindicar a minha santidade perante elas. 24 Tomar-vosei de entre as nações, e vos congregarei de todos os países, e vos trarei para a vossa terra.
25 Então, aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de
todos os vossos ídolos vos purificarei. 26 Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito
novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. 27 Porei dentro de vós o meu
Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis. 28 Habitareis
na terra que eu dei a vossos pais; vós sereis o meu povo, e eu serei o vosso Deus. 29 Livrar-vos-ei de
todas as vossas imundícias; farei vir o trigo, e o multiplicarei, e não trarei fome sobre vós.
30 Multiplicarei o fruto das árvores e a novidade do campo, para que jamais recebais o opróbrio da
fome entre as nações. 31 Então, vos lembrareis dos vossos maus caminhos e dos vossos feitos que
não foram bons; tereis nojo de vós mesmos por causa das vossas iniquidades e das vossas
abominações. 32 Não é por amor de vós, fique bem entendido, que eu faço isto, diz o SENHOR Deus.
Envergonhai-vos e confundi-vos por causa dos vossos caminhos, ó casa de Israel.
H
á muito tempo que eu estudo e medito sobre a intercessão do Messias, que chamamos de “oração do
Pai Nosso” (Mateus 6:9-13). É uma intercessão porque ele ora “Pai Nosso”, “nosso pão”, nossas
dívidas”, ou seja, ele está se identificando conosco como intercessor e, aquele que ora como Jesus ensinou,
dá continuidade à sua missão de intercessor pela humanidade. Como Messias, Jesus veio para nos salvar,
nos resgatar, se identificar conosco, levar sobre si os nossos pecados e preparar o caminho para que, agora
redimidos, possamos entrar na presença do Pai. Mas tudo isso visando participarmos da missão que ele nos
confiou como igreja
Há uma frase, porém, que gera em nós uma certa confusão: “Santificado seja o Teu nome”. O que
significa realmente esse pedido de Jesus?
No texto acima de Ezequiel 36, num contexto de tempo e geografia, ele está no cativeiro
babilônico, aproximadamente 600 anos antes da vinda de Jesus e 700 anos antes de Israel ser expulso de
sua terra e espalhado entre as nações. Mas isso fazia parte da aliança do Senhor com Seu povo.
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Em Levíticos 26:33, o Senhor diz ao povo de Israel: “Espalhar-vos-ei por entre as nações e
desembainharei a espada atrás de vós; a vossa terra será assolada, e as vossas cidades serão desertas.” Ou
seja, se eles não obedecessem a Sua palavra, Ele os espalharia entre as nações (v.19, acima). Então,
podemos interpretar esse momento como uma disciplina do Pai, porque desde que Moisés disse a Faraó:
“Israel é meu filho, meu primogênito” (Êxodo 4:22), Deus está Se revelando à humanidade como Pai.
Portanto, como Pai Ele avisa que disciplinaria Seus filhos se esses não O obedecessem.
Naquele tempo Israel já estava em um momento de grande disciplina, no cativeiro. Ezequiel, como
profeta, também estava entre eles e naquele momento e lugar ele liberou essa palavra profética. Deus
estava lhes dizendo: “Vocês acham que Eu estou brincando? Vocês acham que Eu não vou fazer o que
falei?” E o motivo está no verso 18: “Derramei, pois, o meu furor sobre eles, por causa do sangue que
derramaram sobre a terra e por causa dos seus ídolos com que a contaminaram.”
Interessante é que Deus fala como se Israel não acreditasse no que Ele estava dizendo. É como nós,
quando estamos em família: não acreditamos que o nosso pai irá fazer o que disse para nos disciplinar.
Mas, apesar de todas as exortações do Pai, o filho Israel continuava nas práticas de iniquidade e o Pai
sempre os advertindo: “Eu não estou brincando!” Finalmente, Ele levou Seu povo para o cativeiro na Assíria
e na Babilônia.
Eu vejo o cativeiro como uma grande misericórdia da parte do Senhor. Porém, ocorre um fato
interessante aqui. No verso 18, Deus diz: “Espalhei-os entre as nações, e foram derramados pelas terras;
segundo os seus caminhos e segundo os seus feitos, eu os julguei.” Nesse cativeiro eles não foram
espalhados entre as nações e, sim, enviados para apenas dois lugares. Essa profecia, historicamente, só se
cumpriu quase 100 anos depois de Jesus, quando os romanos expulsaram Israel para todas as nações e
confins da terra.
É muito interessante observar que Deus cumpriu a Sua palavra paterna, a Sua aliança com Israel,
espalhando-o por todas as nações no mesmo tempo que o Espírito Santo enviou a igreja. Foram fatos
simultâneos. A igreja saiu anunciando a Jesus, o Messias judeu, o Deus que se fez homem para morrer por
nós. As nações questionavam: “Mas que nação é essa da qual nunca ouvimos falar? É esse povo que está
chegando aqui?” Ou seja, simultaneamente Deus envia a igreja e espalha Israel para todas as nações. Israel,
mesmo não acreditando na missão de Jesus, não pode negar sua existência histórica, pois a igreja saiu para
as nações para explicar-lhes quem era esse Messias judeu. Dessa forma, Ezequiel está profetizando algo
que aconteceu 700 anos depois dessa palavra.
Deus fala qual foi o pecado de Israel quando estava entre as nações:
20 Em chegando às nações para onde foram, profanaram o meu santo nome, pois deles se dizia:
São estes o povo do SENHOR, porém tiveram de sair da terra dele. 21 Mas tive compaixão do meu
santo nome, que a casa de Israel profanou entre as nações para onde foi.
Podemos questionar: “Mas o Senhor não nos ama? Ele não é o nosso Pai?” Deus não está negando
o Seu amor, mas, sim, dizendo que aquilo que Ele irá fazer não é pelo amor que tem por Israel, mas pelo
zelo do Seu santo nome (“Santificado seja o Teu nome”). Quem santifica, quem torna santo o nome do
Senhor? É só Ele mesmo! Nós não temos capacidade para fazer isso.
A primeira vez que Deus revelou Seu nome na história foi em resposta à pergunta de Moisés:
13 Disse Moisés a Deus: Eis que, quando eu vier aos filhos de Israel e lhes disser: O Deus de vossos
pais me enviou a vós outros; e eles me perguntarem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? 14 Disse
Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a
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vós outros.
Essa resposta é muito interessante do ponto de vista profético, porque em seguida o Senhor
santificou o Seu nome pela primeira vez perante os habitantes da terra por meio das pragas. Sabemos que
Deus castigou cada deus do Egito que havia por trás daquelas pragas. Em cada uma delas era como se Deus
estivesse dizendo: “Você pensou que era Deus, mas Eu estou fazendo isso para mostrar a todos que você
não é!” O Sol, o rio Nilo, as rãs, as vacas e etc. eram deuses para os egípcios. Por isso Deus dizia: “EU SOU!
Não há outro Deus!” Então, em todas essas pragas Deus estava santificando o Seu nome perante a
humanidade. Ele estava tornando Seu nome santo:
6 Naquele dia, levantei-lhes a mão e jurei tirá-los da terra do Egito para uma terra que lhes tinha
previsto, a qual mana leite e mel, coroa de todas as terras. 7 Então, lhes disse: Cada um lance de si
as abominações de que se agradam os seus olhos, e não vos contamineis com os ídolos do Egito; eu
sou o SENHOR, vosso Deus. 8 Mas rebelaram-se contra mim e não me quiseram ouvir; ninguém
lançava de si as abominações de que se agradavam os seus olhos, nem abandonava os ídolos do
Egito. Então, eu disse que derramaria sobre eles o meu furor, para cumprir a minha ira contra eles,
no meio da terra do Egito. 9 O que fiz, porém, foi por amor do meu nome, para que não fosse
profanado diante das nações no meio das quais eles estavam, diante das quais eu me dei a
conhecer a eles, para os tirar da terra do Egito.
Precisamos entender que o amor Dele por nós é inegável; ninguém foi para a cruz como Jesus foi.
Deus Se tornou ser humano em todos os sentidos para nos resgatar. Seu amor é imutável, não
questionável, mas o nome Dele está acima de tudo. Isso deve gerar em nós um grande temor, pois estamos
vivendo nos dias em que o Senhor vai agir novamente para santificar o Seu nome na terra, até mais do que
demonstrar o Seu amor por nós.
22 Dize, portanto, à casa de Israel: Assim diz o SENHOR Deus: Não é por amor de vós que eu faço
isto, ó casa de Israel, mas pelo meu santo nome, que profanastes entre as nações para onde fostes.
Deus já contou a história do que Israel faria entre as nações antes que isso acontecesse. Ele está
dizendo de forma fatual: “Israel profanou o Meu nome quando o espalhei entre as nações!” E há uma
verdade que não podemos negar: nós também temos profanado o nome do Senhor tanto quanto eles!
Eu sou americano, mas vivo a mais de 30 anos no Brasil, e confesso que nunca me senti tão
envergonhado perante Deus por tudo o que está acontecendo nessa e naquela nação. As situações que
estamos passando, mesmo com toda a história do mover do Espírito Santo que essas nações
experimentaram, são deprimentes, vergonhosas e lastimáveis. Já experimentei tremendos moveres do
Espírito nessas nações; o Senhor tem tocado de forma tremenda em nossas vidas como igreja, mas não
temos sabido receber e reter esse mover. Por isso eu sinto muita vergonha e tenho de reconhecer:
“Senhor, nós temos profanado o Teu nome!” E digo isso pois não posso me considerar isolado daqueles
que estão brincando com o evangelho, brincando com o Reino, pois me identifico com eles assim como
Jesus se identifica comigo. Eu posso não concordar com o que fazem, mas não posso negar que me incluo
entre eles.
23 Vindicarei a santidade do meu grande nome, que foi profanado entre as nações, o qual
profanastes no meio delas; as nações saberão que eu sou o SENHOR, diz o SENHOR Deus, quando
eu vindicar a minha santidade perante elas.
Quando Deus diz que Seu nome “foi profanado entre as nações”, Ele está se referindo a algo
futuro, ou seja, Ele projeta o profeta para um tempo futuro falando de um fato que já aconteceu. Deus não
especifica que foi Israel quem fez isso; apenas diz que Seu nome foi profanado entre as nações. Por isso eu
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creio que é nesse momento que Ele nos inclui. Nós fomos enxertados em Israel e não podemos negar que
temos profanado o nome do Senhor tal qual Israel o fez.
Essa semana eu recebi um relatório estatístico sobre as mortes que ocorrem nos EUA. Entre as
causas principais estão: doenças diversas, assassinatos, acidentes etc. e nenhum desses chegou a 1 milhão.
Porém, tem uma causa de morte que superou os 50 milhões: o aborto. Não penso que Deus irá nos julgar
pelos acidentes ou doenças, mas, com certeza, irá nos julgar pelo derramamento de sangue de inocentes. E
Ele especifica isso: “...por causa do sangue que derramaram sobre a terra.” Eu não tenho dúvidas de que
um grande juízo de Deus está vindo sobre as nações – talvez os juízos do Apocalipse – por tais coisas como
o aborto. Não falo sobre essa estatística no Brasil porque não sei, mas, com certeza, é bem semelhante.
“As nações saberão que eu sou o SENHOR, diz o SENHOR Deus, quando eu vindicar a minha
santidade perante elas.” Deus está dizendo que fará algo que todas as nações saberão que Ele é o Senhor.
Historicamente, isso já aconteceu no Egito por meio das pragas, onde Deus santificou o Seu nome, mas
acontecerá novamente na história. Eu creio que Jesus, quando nos ensinou a orar “Santificado seja o Teu
nome”, estava falando em cima dessa profecia. Ou seja, desde os dias de Moisés até os dias de Jesus essa
oração, essa intercessão continuava sendo válida e atual.
Estamos vivendo um tempo onde é necessário Deus fazer algo para que todos saibam que Ele é o
Senhor. Entendemos que isso é necessário diante da situação que vivemos como igreja e nação. Nós não
temos como tornar o nome de Deus santo perante os colegas de trabalho ou escola, perante o bairro onde
moramos, perante a nossa cidade e nação. Mas Deus fala que Ele vai fazer isso. E é isso que nos gera
temor. Em seguida, Ele começa a falar o que irá fazer:
24 Tomar-vos-ei de entre as nações, e vos congregarei de todos os países, e vos trarei para a vossa
terra.
Uma profecia de aproximadamente 600 anos antes de Cristo, aparentemente adormecida, brotou
em 1948 e Israel começou a voltar para sua nação dos quatro cantos da terra por onde estava espalhado.
Se perguntássemos aos nossos antepassados anteriores à essa data, com certeza diriam que isso era algo
impossível de acontecer. A própria igreja não cria nisso, que essa palavra iria se cumprir literalmente. E
progressivamente eles estão voltando, cada vez em maior número.
Eu tive o privilégio de estar em Israel em 2014. A nossa guia nos disse que naquele ano já havia
mais judeus morando em Israel do que na Diáspora, entre as nações. No início de 2016, após o ataque
terrorista em Paris, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, lá esteve, contra a vontade dos
franceses, e comunicou à comunidade judaica que lá residia: “Eu vim aqui para consolá-los, mas também
para estender-lhes a minha mão, caso desejem voltar.” Em Ezequiel, capítulo 20, lemos:
33 Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, com mão poderosa, com braço estendido e
derramado furor, hei de reinar sobre vós; 34 tirar-vos-ei dentre os povos e vos congregarei das
terras nas quais andais espalhados, com mão forte, com braço estendido e derramado furor.
Israel, nessa profecia, está no cativeiro. Mas Deus está dizendo: “Eu não estou brincando! Vou
estabelecer o Meu Reino na Terra, vou reinar sobre vocês!” Em 1948, Deus restabeleceu Israel com Sua
mão poderosa e com Seu braço estendido. A partir desse momento, todo judeu que tinha no coração o
desejo de voltar para sua terra encontrou o favor de Deus para fazê-lo. Hoje, se alguém prova para o
governo de Israel que é judeu e que deseja voltar, eles, com braço estendido (como fez Netanyahu em
Paris), o ajudam financeiramente, lhe treina e abre portas para um emprego, lhe dão moradia etc.
Mas haverá um dia que, com furor, as nações irão expulsar os descendentes judeus de suas terras.
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É algo que estamos começando a ver acontecer. Vivemos em dias onde as profecias bíblicas estão se
cumprindo e tudo o que ainda está para acontecer faz parte do que Deus vai fazer para santificar o Seu
nome perante as nações. Ele está dizendo: “Vocês querem saber o que Eu vou fazer para vindicar a
santidade do Meu nome? Vou começar fazendo algo impossível: tomarei o povo de Israel de todas as
nações por onde estão espalhados e levá-los de volta à sua terra!” E esse processo está cada vez mais
rápido – há mais judeus voltando hoje do que antes.
Que mais Deus vai fazer? Voltando ao capítulo 36 de Ezequiel:
25 Então, aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de
todos os vossos ídolos vos purificarei. 26 Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito
novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. 27 Porei dentro de vós o meu
Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis. 28 Habitareis
na terra que eu dei a vossos pais; vós sereis o meu povo, e eu serei o vosso Deus. 29 Livrar-vos-ei de
todas as vossas imundícias; farei vir o trigo, e o multiplicarei, e não trarei fome sobre vós.
30 Multiplicarei o fruto das árvores e a novidade do campo, para que jamais recebais o opróbrio da
fome entre as nações. 31 Então, vos lembrareis dos vossos maus caminhos e dos vossos feitos que
não foram bons; tereis nojo de vós mesmos por causa das vossas iniquidades e das vossas
abominações.
Esses versículos são clássicos para nós, profetizando a salvação e o batismo ou enchimento com o
Espírito Santo. Todas essas coisas nós, como igreja, já temos recebido por antecipação. Como igreja,
estamos crendo e recebendo aquilo que o povo judeu não creu e recebeu. Deus iniciou esse processo em
Pentecostes e, depois, a igreja foi para as nações, até os confins da terra. Mas, como explicar essa questão
do trigo, da fome etc.?
Há um fator na missiologia da igreja que chamamos de “Levantamento Social do Evangelho”.
Historicamente, quando uma nação recebe o evangelho, há uma classe de pessoas que o acolhe com mais
urgência e importância: os pobres (Lucas 4:18; 7:22). Então, ao fazê-lo, essa classe é levantada e essas
pessoas saem dessa situação de pobreza. Temos visto isso em todos os lugares, principalmente no Brasil.
Mas, também, em todos os outros aspectos acontece o mesmo: o Senhor os liberta de seus pecados, os
cura de suas enfermidades, os livra das prisões e amarras demoníacas e os enche com Seu Espírito Santo.
Isso acontece porque a Palavra profética está se cumprindo e o evangelho, com todas as bênçãos que o
acompanham, está chegando até os confins da terra.
As profecias podem ter muitos cumprimentos e essa acima é um bom exemplo. Aconteceu a
primeira vez em Pentecostes. Hoje continua acontecendo diariamente: em qualquer lugar onde uma
pessoa se converte, o Espírito passa a habitar em sua vida e a transformá-la à imagem de Cristo. No
entanto, Deus está falando de algo muito maior do que já temos visto e experimentado e que, agora, inclui
também Israel natural. Temos ouvido falar de vários ministérios que estão desenvolvendo movimentos e
até campanhas evangelísticas em Israel e centenas de judeus estão se convertendo. A primeiras chuvas
dessa palavra profética já estão caindo sobre a terra.
Isso muito nos encoraja, pois vemos nessa profecia que está chegando o tempo em que Deus fará
uma obra muito maior do que já fez até hoje. Há uma expectativa em nossos corações de um grande
derramar do Espírito, algo que não será apenas congregacional ou em grupos localizados. Não estamos
pedindo para que o Senhor avive o nosso ministério, mas queremos um avivamento no mesmo nível que
ocorreu em Éfeso (Atos 19). Lá, os médiuns levavam para a praça todos os seus objetos de culto e os
queimavam, confessando publicamente os seus pecados. O nível da presença de Deus era tão forte que
fazia com que as pessoas saíssem de suas casas e fossem para as ruas confessando seus pecados. A
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presença, o temor de Deus pairava sobre aquela cidade de aproximadamente 250 mil habitantes.
Esse deve ser o nosso desejo e intercessão: “Senhor, santifique o Teu nome! Faça algo onde eu
trabalho, onde eu estudo, onde eu moro, de forma que todos saibam que só Tu és o Senhor e não há
outro!” Queremos fazer parte de uma geração que diz: “Senhor, eu quero tudo que Tu tens para minha
vida, mas para que o Teu nome seja santificado!”
O texto diz: “farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis”. Muitos
querem o Espírito e as experiências que Ele concede. Até aceitam a questão da disciplina ao ser
convencidos e corrigidos de seus pecados. Mas poucos entendem que essa profecia significa que Deus quer
santificar o nome Dele em nossas vidas e, assim, fazer com que as nações saibam que Ele é o Senhor. Eu
creio em uma geração onde o Espírito Santo será derramado de tal forma que nos capacitará a andar em
Seus estatutos. Mas essa é a grande dúvida: todos querem o Espírito, mas será que também querem andar
nos estatutos do Senhor, se entregar por completo a Ele?
No mover do Espírito Santo que aconteceu na rua Azuza (Los Angeles, EUA, 1906), uma das coisas
que acontecia era que o Espírito Santo concedia aos missionários que de lá saiam que falassem a própria
língua do povo a quem Ele os estava enviando. Ora, se isso já aconteceu, então serve de profecia para nós
hoje. Outra coisa que acontecia é que muitas pessoas vendiam tudo o que tinham e iam para onde Deus
lhes mandava, às vezes sem nada e sem conhecimento do lugar para onde iam.
Jonh Lake, estando em Azuza, foi chamado por Deus para servir na África. Abandonou os negócios,
distribuiu seus bens e partiu para o continente africano, confiando que Deus supriria todas as necessidades
de sua família: ele, sua esposa, seus sete filhos e mais quatro adultos. Saiu com 200 dólares que teria de
pagar à imigração do país, mas não tinha casa, móveis, contatos, nada. Chegando na África do Sul ele já
tinha gasto o dinheiro com gorjetas durante a viagem. Chegou na fila da imigração sem nada e, então,
alguém que havia viajado junto com ele lhe ofertou 200 dólares, o valor exato que teria de pagar. Por que
não deu mais? Porque ele só precisava de duzentos! Quando estamos em um grande mover do Espírito a
nossa dependência no Senhor é completa.
Passando pela imigração, ele não sabia para onde ir. De repente, passa uma senhora perguntando
de família em família: “Quantos filhos você tem?” Alguns diziam “dois”, outros “três” e ela dizia: “Não são
vocês!” Então ela lhe pergunta e ele responde: “Sete”. “São vocês!”, diz ela. “Ontem eu estava orando e
Deus me mandou vir até aqui hoje, pois Ele estava enviando uma família de missionários que precisavam
de um lugar para morar. Eu tenho uma casa mobiliada e ela é de vocês!”
“Durante cinco anos na África do Sul, de 1908 a 1913, o ministério dele trouxe uma explosão de
curas e evangelização (com a fundação de mais de 600 igrejas) que impactou profundamente aquele país.
Em um outro período de cinco anos, de 1915 a 1920, Lake e a equipe de ministros de cura treinados por ele
registraram mais de 100.000 curas comprovadas na cidade e região de Spokane, no estado de Washington,
EUA. De acordo com estatísticas dos órgãos de saúde do governo norte-americano, naquela época a cidade
de Spokane era a cidade mais saudável (com menor índice de doenças) no país. Milhares de pessoas de todo
o país e do exterior vinham para receber oração.”
(Fonte: https://www.revistaimpacto.com.br/biblioteca/john-lake-apresentacao).
Ele mandava seus discípulos orar com pessoas enfermas e dizia-lhes: “Vá até lá e não volte
enquanto ela não for curada”. Isso porque o ditado em Azuza era: “Aqui todo mundo é curado”. Há uma
profecia de Azuza que paira sobre nós hoje. Em 1910, dois líderes profetizaram no mesmo dia em lugares
diferentes, sem saber um do outro, que depois de aproximadamente 100 anos Deus iria trazer aquele
mesmo mover novamente. Já faz 110 anos e estamos dentro do tempo dessa profecia. Eles ainda diziam
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que Deus não faria esse mover em apenas um lugar, mas em muitos lugares espalhados pelo mundo.
William Seymour, pastor que iniciou o movimento de Azuza, orou 5 horas por dia durante 5 anos
antes desse mover do Espírito. A nuvem da glória de Deus ficou literalmente no chão 24 horas por dia, 7
dias por semana, durante 3 anos. Na década de 60, muitas pessoas que participaram de Azuza estavam
vivendo em comunidade, recebendo as pessoas das ruas, trabalhando na redenção e transformação dessas
pessoas que voltavam curadas e transformadas para levar o evangelho adiante. O que essas pessoas diziam
sentir mais saudades não era das curas ou manifestações, mas daquela nuvem de glória. Às vezes mais
dispersa, mas outras vezes tão densa que as crianças brincavam de se esconder na mesma. As pessoas
deitavam na nuvem para respirar o céu.
Se eu estou entendendo essa palavra, o Espírito Santo está agindo na igreja em inúmeros lugares,
preparando um povo para receber algo muito maior do que já vimos até hoje. Mas não é por amor a nós e,
sim, para santificar o Seu santo nome! Dessa forma, as nações saberão que Ele é o Senhor! É ELE e não nós
que irá fazer essa obra!
Você está realmente desejoso de participar desse mover? Um mover que não trata do seu nome,
mas de santificar o nome de Deus, transformando o seu ser de uma forma como nunca antes? Um mover
onde você vai parar de dizer frases tradicionais e folclóricas como: “Até Jesus voltar eu vou pecar”? Isso
não está na Bíblia! O Espírito Santo não veio sobre nós para continuarmos na prática do pecado e
iniquidade. Esse mover só não aconteceu em plenitude hoje porque ainda não cremos.
Nos dias de Jesus, cada vez que alguém era curado o pensamento era: “Se eu posso curar alguém
fisicamente, posso curá-lo em todas as demais áreas. Isso significa que eu posso gerar Cristo nessa pessoa!”
Então, esse mover não será pelo nosso poder ou esforço, mas pela nossa total entrega: “Senhor, se é para
eu ir para as nações, eis-me aqui! Se é para eu ir para alguma cidadezinha na minha nação, eis-me aqui! Se
é para eu levar o Teu evangelho para uma vila de 100 pessoas e ninguém ficar sabendo, eis-me aqui! O que
eu quero é que o Teu nome seja santificado!”
Eu creio que Deus está procurando e preparando essa geração. Se pudermos medir, nesses 110
anos, o fruto do derramar do Espírito em Azuza, teremos de contar todos os lugares onde existem igrejas
Assembleia de Deus, Quadrangular, Pentecostal e todas as Comunidades renovadas. É difícil encontrar uma
só igreja cristã que não teve algum fruto desse derramamento.
Portanto, não vamos mais ficar olhando apenas as coisas ruins que estão acontecendo no mundo,
mas vamos sonhar com o que Deus prometeu. A Bíblia diz que “os velhos sonharão” (Joel 2:28), porque, no
natural, paramos de sonhar aos 40 ou 50 anos. Um velho sonhar é milagre. Mas eu, com 60 anos, continuo
sonhando com um avivamento de grande proporção que irá completar a missão que Jesus nos deu.
Se Deus fizer hoje em 200 cidades do mundo o que Ele fez em Azuza, quantas pessoas não serão
enviadas a todos os lugares onde ainda falta a presença do evangelho do Reino? A missão se concluirá em 2
ou 3 anos! Hoje nós temos recursos, pois Deus tem enriquecido a igreja. O problema não é o que ela tem
ou não tem, mas o que ela dispõe. Imagine o Espírito falando com aqueles que tem muito: “Traga as suas
propriedades para Eu poder enviar os que quero.” Não faltam recursos financeiros e humanos; falta
disposição e fé. Esse mover exigirá de nós uma vida de rendição total ao Senhor (talvez uma vida de
mártir), mas ele está vindo – e não por amor a nós, mas para santificar o nome de Deus!
Eu tenho uma convicção: quando Jesus chegou diante do Pai no Santo dos Santos com seu sangue
derramado por nós, ele fez a oração que nos ensinou. Naquele momento ele estava nos representando e
intercedeu ao Pai: “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; faça-se a
tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia dá-nos hoje; e perdoa-nos as nossas
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dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação; mas
livra-nos do mal.”
E a resposta do Pai à intercessão do Filho naquele momento foi o Pentecostes. Por isso eu creio
que esse nosso pedido, “santificado seja o Teu nome”, precisa começar em nossas próprias vidas, pedindo
por uma obra que ainda não experimentamos: “Senhor, faça tudo o que Tu quiseres fazer em mim! Eu me
disponho a exercer o meu chamado, o meu ministério como discípulo de Jesus na minha casa, no meu
trabalho, na minha escola, no meu bairro e cidade.” Tudo isso com o propósito de que o nome do Senhor
seja santificado nesses lugares. Amém!
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ONDE ESTÁ O FOGO?
Abnério Cabral
“Então Elias disse a todo o povo: Chegai-vos a mim. E todo o povo se chegou a ele. E Elias reparou o
altar do SENHOR, que havia sido derrubado. Ele pegou doze pedras, conforme o número das tribos
dos filhos de Jacó, ao qual viera a palavra do SENHOR, dizendo: Israel será o teu nome; e com as
pedras edificou o altar em nome do SENHOR. Depois, fez em redor do altar uma cova, onde se podia
semear duas medidas de semente. Então, armou a lenha, dividiu o novilho em pedaços, colocou-o
sobre a lenha e disse: Enchei de água quatro cântaros e derramai-a sobre o sacrifício e sobre a
lenha. Disse ainda: Fazei-o segunda vez; e eles fizeram segunda vez. De novo disse: Fazei-o terceira
vez; e eles fizeram terceira vez. De maneira que a água corria ao redor do altar; e ele encheu de
água também a cova. Quando chegou a hora do sacrifício da tarde, o profeta Elias se aproximou e
clamou: Ó SENHOR, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, seja manifestado hoje que tu és Deus em
Israel, e que eu sou teu servo, e que tenho feito todas essas coisas conforme a tua palavra.” (1 Reis
18:30-36)
E
stamos vivendo em um tempo muito precioso e importante como igreja. Semanas atrás, uma irmã teve
uma visão de um grande campo de trigo e as espigas se entrelaçavam e subiam. Nisso vinha uma mão
do céu, penetrava no meio desse chumaço de trigo, ambos se tornavam um único elemento e ao redor
desta mão havia muito fogo. Ela entendeu que isso estava relacionado a esse mover de unidade da igreja
na terra, que se manifestará com muito fogo ou presença de Deus. Outra irmã teve uma visão da Estátua
da Justiça que fica localizada em Brasília. Na visão, a mesma se colocava em pé e estendia a sua mão e,
então, a justiça começava a acontecer no Brasil.
O que marcou muito essas irmãs em suas visões é que caiam muitas tochas de fogo sobre várias
partes do Brasil e as pessoas as pegavam. Essas tochas, então, permaneciam acesas e se multiplicavam para
muitas outras pessoas. No entanto, várias tochas caiam no chão e se apagavam. Assim, esse fogo de Deus
será acompanhado de justiça ou juízo – um produzirá o outro e ambos caminharão juntos. Porém, é
necessário que agarremos essas tochas e não as deixemos cair e se apagar.
Tempos atrás, em uma de nossas Torres de Oração, um irmão teve uma visão de muita lenha
acumulada, pronta para ser queimada, mas ainda não havia fogo. Outro irmão teve uma visão de muita
fumaça saindo do nosso meio e se espalhando para fora, atingindo toda a cidade. Outra, ainda, viu o
Senhor olhando para a nossa adoração e liberando anjos para adorarem conosco – anjos sendo liberados
sobre essa cidade e sobre todo o Brasil. Ou seja, Deus está nos convidando para uma maior intimidade com
Ele, para participarmos da concretização do Seu propósito na Terra. Há muitas coisas que Ele está fazendo
nesse lugar e ao redor do mundo, preparando a igreja para a grande e última Festa das Trombetas.
Antes da volta de Jesus haverá um grande proclamação da Palavra de Deus, pois tudo o que Ele faz
é fundamentado em Sua Palavra. Experimentaremos dias de Trombetas, onde uma palavra viva, pura e
poderosa será pregada e milhões de pessoas se converterão ao Senhor. Quando Jesus enviou seus
discípulos, eles saíram com uma palavra e Deus está nos chamando hoje a ouvirmos e proclamarmos essa
mesma palavra. Mas é necessário perseverança para isso. Daniel, por exemplo, buscou ao Senhor junto
com seus amigos e todos perseveraram até ouvirem a palavra de Deus.
Onde está o fogo? Na história de Israel, Deus se utilizou de altares para Se manifestar, para fazer
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Seu fogo descer sobre o povo. Nas visões acima, percebemos que o fogo só permaneceu aceso quando
alguém pegava a tocha; quando ninguém pegava elas caiam no chão e se apagavam. O século XX foi
marcado por homens e mulheres que romperam e, quando isso aconteceu, o poder de Deus foi tão forte
que muitos acabaram cometendo erros e caindo em extremismos. Por isso precisamos aprender onde
essas pessoas erraram para que não cometamos os mesmos erros.
Esse fogo desceu de forma isolada sobre algumas pessoas, mas agora Deus está interessado em um
Corpo onde Ele possa derramar o Seu poder de forma coletiva, pois esse fogo é tão poderoso que não pode
estar somente sobre algumas pessoas, sob o risco de destruí-las. Fato é que a maioria desses líderes do
século passado morreram de forma triste e antecipada. Portanto, o século XXI será marcado pela
restauração do ALTAR COLETIVO. Eu posso orar sozinho, mas preciso entender que o propósito de Deus se
cumprirá no coletivo.
No Velho Testamento vemos profetas que agiam sozinhos. No Novo Testamento vemos apóstolos e
presbíteros que trabalhavam e oravam juntos. Jesus nos ensinou a orar dizendo: “Pai NOSSO” e não “Pai
meu”; “Venha a NÓS o Teu reino”. NÓS somos o POVO de propriedade exclusiva de Deus, a NAÇÃO santa
de Deus (1 Pedro 2:8,9). Não são indivíduos, mas um POVO. A história do N.T. trabalha na coletividade. A
trombeta que está soando hoje, a palavra de Deus que está vindo a nós é a resposta a um clamor coletivo
que tem sido levantado a Ele.
Muitos estão cansados, esgotados porque querem mais de Deus. No entanto, quando alguém
deseja muito algo de Deus acaba se tornando crítico demais – nada lhe satisfaz, agrada ou preenche. Então
o mover de Deus vem e essa pessoa fica de fora. A história da igreja nos mostra que vários homens de Deus
ficaram de fora quando esse mover se manifestou. Por isso há duas coisas que precisamos equilibrar: o
meu anseio pessoal e a percepção do que Deus está fazendo. Jesus observava todo o tempo para ver aonde
o Pai estava agindo; ele só se movia mediante o que via o Pai fazer e o que ouvia o Pai falar; e nós não
podemos perder essa visão e essa voz!
Muitos avivamentos que aconteceram no século XX perderam a sua força e praticamente se
acabaram no início do século XXI. Experimentamos um grande mover de comunidades sendo formadas no
mundo todo, pois essa era a visão de Deus. Maneiras diferentes de cantar, de adorar, de se reunir etc. No
entanto, em sua maioria se tornaram denominacionalistas e se esfriaram. O mover se tornou um
monumento. Muitos moveres foram maravilhosos, mas, com o decorrer da história, se tornaram apenas
lembranças. Por isso precisamos ficar atentos ao que Deus está fazendo hoje, para não se tornarem novos
monumentos, pois estamos vivendo os últimos dias da história da humanidade. Estamos mais próximos do
que qualquer outra geração do Dia do Senhor, dia este profetizado por quase todos os profetas do V.T., dia
em que Jesus Cristo irá voltar e estabelecer o Seu reinado na Terra.
Os movimentos acabam produzindo uma falsa paz. Vieram de um mover de Deus, mas não foram
além, não caminharam mais profundamente e acabaram se conformando, se estabilizando numa falsa paz.
Ou seja, parece que está tudo bem, mas não há um relacionamento ou contato íntimo e pessoal com Deus;
não ouvem a Sua voz, não obedecem a Sua Palavra.
A verdadeira paz que vem de Deus independe das circunstâncias. Por isso precisamos crer na Sua
Palavra, caminhar na direção da Sua voz, viver dentro da Sua vontade, corresponder a Ele em Seus
propósitos. Muitas vezes a paz de Deus me fará nadar contra a maré, irá criar tumultos à minha frente, será
contrária à paz que o mundo me oferece, às circunstâncias que me rodeiam.
A falta de contato intenso com Deus não nos permite ver o que está acontecendo ao nosso redor,
sentir qualquer tipo de peso ou incômodo com as coisas erradas que nos cercam. Será que nos
incomodamos em saber que 58 mil pessoas são assassinadas por ano no Brasil? Que a cada 10 minutos
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uma criança é violentada sexualmente na América Latina? Que a cada hora uma mulher é violentada no
Brasil? Se isso não meche conosco alguma coisa está errada.
E as oportunidades de reunir com os irmãos que desperdiçamos por bobagens? Sei que todos
temos dificuldades e razões pessoais, mas será que isso não nos incomoda interiormente? Sentimos paz de
continuar vivendo assim? De onde vem essa paz? Com certeza não vem do coração do Senhor.
Nossas convocações para altares coletivos de oração são para que preparemos um ambiente
propício à segunda vinda de Jesus. Quando nos ocupamos com as coisas do Senhor, Ele se ocupa com as
nossas coisas; quando nos envolvemos e investimos tempo nas coisas do Senhor, Ele cuida, protege e supre
as nossas vidas. Quando descansamos no Senhor devemos fazê-lo com fé e esperança na Sua volta,
olhando para o mundo vindouro. Aí descansaremos de fato, pois estaremos enxergando um fato que em
breve será realidade. Essa é a paz que vem de Deus.
Há uma trombeta que está soando! Preste atenção! Ouça! Deus está nos chamando, nos
convocando, nos despertando para o que Ele está fazendo no mundo hoje!
Elias foi um profeta muito usado por Deus e também muito ousado. Quando ele profetizou que
haveria seca na terra, foi ameaçado de morte e fugiu (1 Reis 17). No entanto, o Senhor lhe mandou voltar e
falar com o rei Acabe, porque este estava produzindo uma falsa paz no meio do povo e acusando Elias de
ser o culpado por aquela seca, o perturbador de Israel. Então Elias volta, confronta Acabe e o desafia a uma
prova para saber quem era o verdadeiro Deus (1 Reis 18). Elias convoca todo o povo, restaura o altar,
coloca pedras onde estava faltando. Esse altar é feito de pedras vivas, que somos nós (1 Pedro 2:5) e Deus
está nos convocando a sermos parte dele! Há uma voz, um sonido, uma trombeta tocando nos convocando
de volta ao altar! Junte-se com outros irmãos para buscar o Senhor – pode ser em sua casa, em seu bairro,
trabalho, escola, em qualquer lugar.
Elias convocou o povo, colocou o sacrifício no altar e jogou muita água sobre o mesmo. Água
representa a Palavra de Deus. Há uma grande seca nesses dias, uma grande necessidade das pessoas pela
Palavra de Deus. Por isso precisamos rogar para que Deus nos libere a sua Palavra. Quando Elias fez isso o
Senhor respondeu com fogo! O povo foi convocado, o altar foi restaurado, o sacrifício foi oferecido, a água
foi derramada, o fogo desceu e o Senhor foi reconhecido como o único Deus verdadeiro na Terra:
“Responde-me, ó SENHOR, responde-me para que este povo reconheça que tu, ó SENHOR, és Deus e
que fizeste voltar o seu coração para ti. Então, caiu fogo do SENHOR e consumiu o sacrifício, a
lenha, as pedras e a terra, e ainda secou a água que estava na cova. Quando o povo viu isso, todos
se prostraram com o rosto em terra e disseram: O SENHOR é Deus! O SENHOR é Deus!” (1 Reis
18:37-39)
O cenário foi montado conforme Deus queria e, assim, o fogo desceu. Hoje Ele está nos chamando
para fazer a mesma coisa. A presença e a porção de água de cada um de nós é o que fará a diferença para
que o fogo de Deus desça sobre o altar de oração. A água que Deus está lhe dando, juntamente com a água
de outros irmãos encherá a jarra do Senhor.
Não é a MINHA oração e revelação, mas a NOSSA oração e revelação. Precisamos nos reunir
continuamente e perseverantemente em oração para proclamar que SÓ O SENHOR É DEUS! Precisamos
nos posicionar diante da sociedade e proclamar que o nosso Deus é o Deus da Vida e que não apoiamos o
aborto. A razão de ainda não fazemos isto é porque está faltando sacrifício, água e fogo no nosso altar.
Há um entendimento de que um grupo pode produzir uma noite de avivamento. Temos visto muito
isso, mas não é o que Deus quer. Nós não temos condições de produzir um avivamento isoladamente, mas
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apenas em conjunto com milhares de irmãos ao redor da Terra. Deus está movendo em muitos lugares ao
mesmo tempo e nós, aqui, somos um dos que Ele está chamando e atraindo para Si.
Sem altar não haverá fogo. É preciso subir um clamor que corresponda à exigência de Deus. Altar é
compromisso, fidelidade, dedicação, entrega, renúncia, sacrifício, perseverança; altar é o lugar onde Deus
desce e aparece. Paulo diz: “apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”
(Romanos 12:1). Deus quer toda a nossa vida, envolvimento, dedicação, compromisso, entrega.
A busca individual é perigosa. Muitos tem buscado ao Senhor individualmente e dizendo que
ouvem a Ele, mas temos de entender que tudo que dizemos ouvir precisa ser posto à prova, confrontado e
conferido por outros para que, juntos, atestem se a palavra é ou não de Deus. Muita gente toma decisões
precipitadas afirmando que foi Deus quem as mandou fazer. Mas será que Deus quebra Seus princípios,
ensinos e alianças? Assim, tudo o que ouvimos precisa ser conferido e confirmado com outros homens e
mulheres de Deus. Porém, quando ouvimos Sua voz no coletivo é diferente, pois tem água, fogo, vida,
alegria, frutos, resultados. Se não há essas coisas é porque não foi o Senhor quem falou. Então, quando
falamos de oração ou altar coletivo, estamos falando de ouvirmos juntos a voz de Deus. Se Ele falou com
você separado leve para o coletivo, para o Corpo, para pessoas mais maduras que julguem o que você
ouviu. É desta forma que funciona, é isso que vemos acontecer no N.T.
Paulo sempre era sabatinado pelos demais apóstolos e profetas sobre o que ouvia de Deus antes
de fazer algo e eles atestavam ou não suas palavras e decisões. Apesar de ele dizer várias vezes que era
chamado apóstolo por Deus e não por homens, seu ministério sempre era pautado e confirmado pelos
demais apóstolos. É assim que Deus trabalha e Se manifesta: no Corpo e por meio do Corpo.
Em Mateus 1, lemos que existiram 14 gerações do exílio na Babilônia até Jesus. No entanto, só tem
13, porque a 14ª geração é O CRISTO, o CORPO DE CRISTO. Esta é a geração dos últimos dias. Nós fomos
chamados para viver e trabalhar inseridos em um só Corpo, orando juntos como sacrifício no altar para
recebermos o fogo que está vindo do Senhor. A minha vida pessoal, tudo o que eu sou e faço reflete no
Corpo, porque eu estou ligado a ele.
Em Levíticos 9, o Senhor instrui Arão e Moisés sobre como oferecer sacrifícios pelo povo na Tenda
da Revelação e o resultado disso vemos nos últimos versículos:
“E Moisés e Arão entraram na tenda da revelação. Depois saíram e abençoaram o povo; e a glória
do SENHOR apareceu a todo o povo, pois saiu fogo de diante do SENHOR e consumiu o holocausto e
a gordura sobre o altar. Ao ver isso, todo o povo gritou de alegria e prostrou-se com o rosto em
terra.” (Levíticos 9:23,24)
A presença de Deus se manifestou, o holocausto foi todo consumido pelo fogo e o povo foi tomado
de uma grande alegria. Não somos nós que iremos produzir essas coisas, mas, sim, o Espírito Santo. Cheios
Dele, movidos por Ele, com a manifestação do Seu poder, os milagres acontecerão. A alegria da
manifestação da presença de Deus em um ambiente tem um poder transformador. A não ser que não
estejamos atentos ou apercebidos é impossível não acontecer mudanças.
A Bíblia diz que devemos orar sem cessar (1 Tessalonicenses 5:17). Isso significa buscar a Deus dia e
noite, que em nosso coração precisa haver um clamor forte, contínuo e incessante – algo que queima, arde,
pulsa dentro de nós. Assim, quando nos aproximarmos de outros, esse fogo será transmitido a eles; não dá
para ficar segurando. Esse fogo precisa queimar por dentro e por fora, no entanto, ele só entra e age
quando lhe damos espaço. Somos nós quem preparamos o altar, mas é Deus quem acende o fogo.
No capítulo 6 de Levíticos, Deus dá instruções claras de como deveria se proceder em relação ao
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altar. Para que o fogo descesse, eles deveriam obedecer às seguintes instruções:
“Dá esta ordem a Arão e a seus filhos, dizendo: Esta é a lei do holocausto: o holocausto ficará a
noite toda sobre o altar, até a manhã seguinte, e nela se conservará aceso o fogo do altar. O
sacerdote porá a sua veste de linho com os calções de linho por baixo, e tirará as cinzas, quando o
fogo houver consumido o holocausto sobre o altar, e as porá junto ao altar. Depois se despirá
dessas vestes e porá outras; e levará as cinzas para fora do acampamento a um lugar puro. O fogo
permanecerá aceso sobre o altar; não poderá ser apagado. Ali o sacerdote acenderá lenha todos os
dias pela manhã, arrumará o holocausto sobre ele e queimará a gordura das ofertas pacíficas. O
fogo estará continuamente aceso sobre o altar; não poderá ser apagado.” (vs.9-13)
Os sacerdotes faziam isso todas as manhãs, pois o fogo não poderia ser apagado. A lenha precisava
ser colocada e eu creio que ‘lenha’ tem a ver com a nossa obediência ou correspondência a Deus. Quando
nós obedecemos, nos comprometemos, nos aliançamos com Deus, Ele responde.
Talvez você esteja cansado e desanimado. Muitos anos orando, caminhando com Deus sem
experimentar esse fogo. Mas estamos profetizando que vivemos dias de Elias, onde o Senhor irá derramar
o Seu fogo sobre o nosso altar. Ele já está dando sinais de abundante chuva, mostrando que é nessa
direção que devemos caminhar, nos chamando para esse altar coletivo, porque o que Ele quer fazer não é
para ser apagado. Deus não quer começar um novo mover para depois acabar, à semelhança dos
anteriores. O que Ele está fazendo agora é algo coletivo: o Corpo de Cristo interligado em toda a Terra. Há
pontos estratégicos no mundo todo onde Ele está trabalhando, pois irá fazer Seu fogo descer sobre todas
as nações.
Ninguém é obrigado a participar disso, mas todos estão sendo chamados, convidados a isso. Você e
eu fomos chamados para nos envolvermos, para fazermos parte deste mover de Deus, mas não é pela
nossa própria força e, sim, pela obediência, por uma vida consagrada no altar, pelo ouvir a voz do Senhor e
pela ação sobrenatural do Espírito Santo sobre toda a igreja na Terra! Amém!
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O CÉU NA TERRA DEPENDE DE NÓS
Tony Felício
P
odemos ter Deus individualmente, mas a plenitude da vida com Ele só experimentamos coletivamente.
Obviamente, Deus nos vê como indivíduos, nos “localiza” no meio da multidão e nos chama pelo nome.
Mas o projeto que Ele tem para nós como Sua igreja na Terra depende do congregar, de estar juntos, pois,
assim, experimentamos da plenitude da Sua presença. Isso envolve mudança de hábito, cultura, maneira de
pensar e, portanto, dependemos plenamente do Espírito Santo.
Existem alguns aspectos da vida cristã que só experimentamos juntos, coletivamente:
1) Entendemos e experimentamos completamente o amor de Deus.
“...e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor,
a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura,
e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais
tomados de toda a plenitude de Deus.” (Efésios 3:17-19) (Grifo meu)
Esse texto é uma oração poderosa, pois Paulo está se referindo a algo que necessitamos muito:
compreender e experimentar o amor de Deus. Nosso Deus é amor e Ele predestinou todas as pessoas para
serem Dele, mas nem todas se tornam devido às suas escolhas. No entanto, está escrito que é da Sua
vontade que todos sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade (1 Timóteo 2:4). Deus é Pai
e quer que todos se tornem Seus filhos e, por isso, nascemos com uma imensa necessidade do Seu amor.
Às vezes tentamos preencher essa necessidade com outros amores, às vezes cobrando amor dos outros,
mas não é assim que funciona. Deus está com Seu amor disponível a nós, mas existe uma maneira correta
de conhecer e experimentar esse amor.
“Compreender” quer dizer entender com a mente, mas a palavra “conhecer” é a mesma utilizada
para se referir à relação íntima entre marido e esposa, ou seja, experimentar intimamente e existe uma
condição muito especial para isso: “com todos os santos”. Mas isso não é simplesmente um amor “de
boca”, de declaração aos irmãos. Quando Jesus estabeleceu seus mandamentos ele não disse: “busque os
seus irmãos e suplique-lhes para que o amem”, mas disse:
“Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu
entendimento e de toda a tua força. O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há
outro mandamento maior do que estes.” (Marcos 12:30,31) (Grifo meu)
Ou seja, eu experimento o amor de Deus quando escolho amar e o faço! E, quanto mais eu amo,
mais do amor de Deus me é revelado. Dessa forma, eu posso amar muitas pessoas sem a necessidade de
receber delas o mesmo retorno. Isso não tem problema, pois o único amor que realmente nos supre e
satisfaz é o de Deus. É esse amor que nos está disponível, mas que só experimentamos realmente quando
escolhemos amar aos outros: “arraigados e alicerçados em amor”.
Mas, o que é amor? Às vezes nos referimos a ele como o contrário de “ódio”, mas amor é o
contrário de “egoísmo”. Amar, na prática, significa oferecer-se, doar-se. O texto mais conhecido sobre isso
é João 3:16, que fala da maior de todas as doações:
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“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que
nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”
Amor é o contrário de egoísmo, pois tem a ver com preferir o outro antes que a si mesmo.
“Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos
outros.” (Romanos 12:10) (Grifo meu)
Paulo mostra como podemos amar de forma prática. A verdade é que cantamos e falamos que nos
amamos, mas a nossa mente, muitas vezes, está focada em nossas próprias vontades e necessidades. Por
isso ele diz que o verdadeiro amor é quando “preferimos” os outros a nós mesmos – levantar, promover,
honrar, não diminuir, criticar, desprezar, menosprezar. É um amor cordial, gentil, que se inclina para o
outro para vê-lo bem.
Nós temos a possibilidade de conhecer os outros segundo a carne, segundo a nossa avaliação
pessoal; nesse caso, a avaliação sempre será parcial e perigosamente negativa, porque os percebemos sob
a nossa ótica. Mas podemos e devemos conhecê-los de acordo com o que o Espírito Santo nos revela a
respeito deles. Dessa forma, não veremos o que falta neles, seus problemas e defeitos, mas, sim, suas
virtudes e valores em Cristo. Por que Deus os colocou ao meu lado? Com certeza deve ter algo neles que eu
preciso enxergar e, por isso, vou levantá-los, valorizá-los, promovê-los, cercá-los de um ambiente de honra,
preferi-los antes do que a mim mesmo.
Essa é uma cultura/visão radicalmente oposta à do mundo. Lá, para um crescer, um diminui o
outro; no reino de Deus, para um crescer, levanta e promove o outro. Quanto mais eu levanto o outro,
mais eu cresço; quanto mais eu amo o outro, mais experimento do amor de Deus em mim; quando volto
meus olhos e coração para ver o outro como Deus o vê, quando encho sua vida de honra, desfruto da
plenitude do amor do Pai.
Então, devemos aprender a valorizar, prezar, ouvir com o coração os nossos irmãos quando
estamos conversando com eles. Outra coisa é nunca falar algo de alguém que não se faz presente. Com
certeza Deus não se agrada que critiquemos alguém que não está presente para se defender. E, talvez, não
seja falar mal, mas referir-se à pessoa de forma pejorativa. Às vezes brincamos sobre alguém, mas
diminuindo ou zoando a pessoa (é algo até cultural). Que não seja assim entre nós! Que até as nossas
brincadeiras demonstrem que preferimos os outros em honra.
2) Alteramos a realidade das coisas na Terra para que sejam como é no Céu.
“Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do
inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra
terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus.” (Mateus
16:18,19) (Grifo meu)
“Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que
desligardes na terra terá sido desligado nos céus. Em verdade também vos digo que, se dois dentre
vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que, porventura, pedirem, ser-lhes-á
concedida por meu Pai, que está nos céus.” (Mateus 18:18,19) (Grifo meu)
Jesus é a grande pedra fundamental e Pedro é uma das pedras. Ele diz em sua primeira carta que
todos nós somos pedras vivas e, juntos, formamos a Casa de Deus (1 Pedro 2:5). Ou seja, o que Jesus diz a
respeito de Pedro também se refere a nós e ele diz que as portas do inferno não prevalecerão contra as
pedras vivas, a sua igreja.
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Vemos que há duas portas aqui. A primeira é aquela que, diante da igreja, cai – a do inferno.
Podemos, inclusive, invadi-lo e tirar as pessoas de lá; pessoas que estão no mundo, vivendo no inferno,
longe da graça e do amor de Deus. Não significa apenas que as ameaças do inferno não irão nos atingir,
mas, também, que podemos invadir o campo ou ambiente do inimigo e resgatar as vidas. A segunda porta
é a do reino dos céus, e Jesus deu sua chave à igreja. Isso quer dizer que podemos abrir a porta do reino de
Deus, acessar e conhecer a realidade e a vontade do Pai e trabalhar para que ela se realize na Terra.
O que é exatamente essa chave? Em Mateus 18, Jesus repete o mesmo que disse a Pedro sobre a
nossa participação em trazer a realidade do céu para a Terra. Se Deus quer ligar ou desligar algo aqui, nós
podemos fazer isso em nome Dele e a chave é: “se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito
de qualquer coisa”. “Concordar” fala de ter o mesmo coração, de nos alinharmos, de entrarmos em acordo
na busca do mesmo objetivo: aquilo que Deus quer! Ou seja, é concordar com Deus juntos! Isso fala de
escolher não colocar nossas discordâncias “embaixo de um tapete”, mas nos esforçarmos para guardar,
preservar a nossa unidade e crescer nela.
Um exemplo é o casamento. Obviamente que marido e esposa não concordam sempre com tudo,
pois são pessoas diferentes. Porém, se ambos são UM e são inseparáveis por causa da sua aliança feita
diante de Deus, cada vez que há uma discordância eles buscam entrar em acordo. E é poderoso quando o
fazem acerca de qualquer assunto, pois, quando entram em acordo com o que Deus está pensando, Ele
mesmo Se encarrega de fazer acontecer.
Nesse exato momento em que você está lendo essas palavras e concordando com as mesmas, você
está provocando no coração de Deus uma vontade enorme de Se manifestar em sua vida. Mas, se em seu
interior você está raciocinando demais para receber essas palavras, isso dificulta a operação do Senhor em
sua vida, porque Ele ama a concordância, o mesmo coração. Às vezes, quando ouço uma palavra, não
entendo tudo, mas eu resolvo unir o meu coração à intenção do irmão que está falando, porque eu o
conheço espiritualmente e o poder de Deus se manifesta no acordo. Há muitas coisas poderosas que
podemos realizar aqui na Terra, mas há uma chave: a concordância!
3) Atraímos e usufruímos da maravilhosa presença de Deus.
“Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.” (Mateus
18:20) (Grifo meu)
“Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; de repente, veio do
céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados.” (Atos
2:1,2) (Grifo meu)
A questão não é o número de pessoas, mas o fato de que “juntos é melhor, maior e tem mais
poder do que sozinho”. Ou seja, dois ou três reunidos em nome de Jesus, em concordância com ele. Eles
estavam concordemente reunidos no mesmo lugar – estavam juntos e em concordância.
Por exemplo, o Senhor nos dá uma palavra profética por meio de alguém, dizendo: “O Senhor vai
trazer muita gente a esse lugar!” Então, nós cremos e passamos a profetizar a mesma coisa. Isso é
concordar. Precisamos tratar com a nossa “mania” de às vezes dizer: “Eu penso diferente, eu acho
diferente”. Pensar diferente não é o problema, pois podemos completar uma revelação com as nossas
diferenças. O problema é, por pensar diferente, rejeitar o que Deus fala por meio de outros.
4) Propiciamos que outros creiam e sejam salvos. Nós podemos livrar pessoas do inferno.
“Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, porém, invocarão aquele em
quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem
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pregue?” (Romanos 10:13,14)
“...a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em
nós; para que o mundo creia que tu me enviaste.” (João 17:21) (Grifo meu)
“Para que o mundo creia” e seja salvo precisamos pregar para as pessoas e fazemos isso unidos,
pela coletividade. Por isso devemos abandonar nossas “manias” de fazer, pensar e agir sozinhos. Se
concordamos, se somos um, as pessoas observam que temos amor e, então, se aproximam de nós. No
mundo não existe amor, as pessoas estão carentes; mas, se agirmos diferente, iremos contagiá-las e atrailas a Jesus. Deus quer amar as pessoas, mas Ele precisa de nossos braços e palavras para isso.
5) Crescemos em qualidade e quantidade, porque encontramos no outro o sentido de nossa
individualidade e passamos a funcionar no Corpo gerando e recebendo vida.
“Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além
do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada
um. Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a
mesma função, assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros
uns dos outros...” (Romanos 12:3-5) (Grifo meu)
Sempre somos tentados a pensar de nós mesmos além do que nos convêm: “Eu tenho
determinado dom, determinada graça”. Mas, quando Deus me dá algo, significa que eu não tenho as
demais coisas. Com isso, eu tenho algo para dar, mas muito mais a receber de outros. Ou seja, o que eu
tenho é pouco diante do que está repartido com meus irmãos.
A nossa identidade pessoal depende muito da nossa relação com os demais. Juntos somos um só
Corpo, mas, individualmente, somos membros uns dos outros. Não posso fazer nada sozinho, achando que
só tem a ver comigo. Essa coisa de “cada um no seu quadrado” é maligna.
A implicação disso é que as minhas decisões interferem na vida de meus irmãos e, portanto, não
posso mais fazer escolhas e tomar decisões isoladas. Ao decidir fazer algo preciso fazer duas perguntas:
Primeira: É bom para Jesus? Segunda: É bom para a igreja? Os irmãos vinculados a mim serão abençoados
com isso? Se for bom para Jesus, também o será para a igreja, pois ambos são um. Vou casar, vou namorar,
vou mudar de bairro/cidade/emprego/igreja/etc. Mas, isso é bom para Jesus e para a igreja? Às vezes
fazemos orações que não implicam em respostas para agirmos: “Deus, eu vou fazer isso, vou fazer aquilo!
Me abençoe!” Mas, se somos membros uns dos outros, precisamos fazer as perguntas acima, pois iremos
prestar contas a Deus do efeito que a nossa vida terá sobre as pessoas. Isso nos traz temor, mas também
alegria, por saber que nossos irmãos irão cuidar de nós em nossas escolhas.
“Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de
Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a
pedra angular; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no
qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito.” (Efésios
2:19-22) (Grifo meu)
“Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem
todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de
cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor.” (Efésios
4:15,16) (Grifo meu)
Somos “concidadãos”, ou seja, iremos experimentar juntos os benefícios do Reino. Cada parte tem
que operar de acordo com o que Deus lhe designou, bem ligada às outras partes e, como resultado, o
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Corpo todo cresce. Sem isso, ficaremos eternamente raquíticos espiritualmente.
6) Temos vida, somos fortalecidos, curados, ressuscitados.
“...pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si. Eis a razão por que há
entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem.” (1 Coríntios 11:29,30)
Na situação em Corinto, os irmãos que levavam alimentos comiam logo, para que aqueles que não
haviam levado, comessem. Isso não é igreja! A “cara” da igreja é que aqueles que têm mais condições e
trouxeram comida se afastem, preferindo que os outros comam primeiro. Por isso Paulo os exorta de que
não estavam comendo a Ceia do Senhor. A palavra “discernir” literalmente significa “preferir”. Discernir
fala de ter uma revelação do Corpo, cuja prática é preferir o outro a mim mesmo.
Mas preferir não é apenas na Ceia. Quando vivemos a cultura da honra, podemos ler o texto da
seguinte forma: “Meus irmãos, porque vocês discernem o Corpo de Cristo, porque vocês preferem uns aos
outros, os doentes serão curados, os fracos serão fortalecidos e os dormentes ou mortos serão
ressuscitados!” A revelação do Corpo atrai a presença de Deus, faz o Espírito Santo ficar à vontade. Deus
não autentica o egoísmo no meio do Seu povo, não valida um Corpo cujos membros preferem a si mesmos
mais do que aos outros. Portanto, não critique, não fale mal dos seus irmãos; antes, se arrependa, peça
perdão, mude sua cultura, seu jeito de lidar com eles; faça sempre o bem e “exagere” em fazê-los se sentir
amados e honrados.
Em Efésios 4:15 e 25, Paulo diz que devemos falar e seguir a verdade “em amor”. Significa sermos
sinceros com os irmãos, algo necessário para a nossa vida com Cristo e unidade. Falar a verdade sem amor
é legalismo e provoca divisão. Por outro lado, amor sem verdade é permissividade – não cura, não liberta,
não transforma. Falar a verdade com amor é discernir o Corpo e produz vida! Assim, quando preferir um
irmão em honra, pense que você está contribuindo para formar um ambiente de milagre a fim de que haja
irmãos fortes, saudáveis e ressuscitados entre nós.
7) Usufruímos de milagres maravilhosos.
“Por volta da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam louvores a Deus, e os demais
companheiros de prisão escutavam. De repente, sobreveio tamanho terremoto, que sacudiu os
alicerces da prisão; abriram-se todas as portas, e soltaram-se as cadeias de todos.” (Atos 16:25,26)
Aconteceram cinco milagres nessa prisão, todos relacionados à questão de preferir ao outro: a)
cantavam e adoravam mesmo diante de açoites e prisão; b) as portas se abriram; c) eles não foram embora
(pois o carcereiro não podia ser prejudicado); d) o carcereiro e sua casa foram salvos; e) Paulo e Silas
comeram na mesa de seu antigo agressor (o carcereiro, aquele que os havia prendido). Ou seja, somente
pelo Espírito Santo foi possível acontecer tudo isso. Que lugar é esse onde o ofendido se senta na mesa do
ofensor e, ao invés de reivindicar o direito de dar-lhe o troco o evangeliza para a salvação? Só na igreja!
Nela existe um depósito de amor capaz de transformar qualquer caos ou tragédia em milagre.
Portanto, a qualidade de nossa experiência com Deus depende de nossas ações uns com os outros.
A palavra chave aqui é ALTERIDADE (um movimento em relação ao outro).
E por que é assim? PORQUE O NOSSO DEUS É ASSIM! Nós somos a Casa Dele, os filhos Dele e Ele é
assim, voltado para o outro! E eu quero mostrar duas cenas mostrando isso:
“Estando, pois, o povo reunido, perguntou-lhes Pilatos: A quem quereis que eu vos solte, a Barrabás
ou a Jesus, chamado Cristo? (...) Então, Pilatos lhes soltou Barrabás; e, após haver açoitado a Jesus,
entregou-o para ser crucificado.” (Mateus 27:17,26)
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Barrabás era ladrão e saltador. Ele representa eu e você. A multidão, incitada pelos religiosos,
pediu a Pilatos que crucificasse Jesus e soltasse Barrabás. Era ele quem deveria ser punido, mas temos de
lembrar que tudo o que estava acontecendo era da vontade de Deus. O próprio Jesus disse: “Ninguém pode
tirar a minha vida, antes, eu mesma a dou!” Então, além da multidão, tinha Alguém mais importante
dizendo: “Solta a Barrabás!” Era o próprio Deus preferindo nos libertar do que soltar Jesus naquele
momento. Ele nos preferiu vivos e, por isso, fez Jesus ir para a cruz!
“Salva-te a ti mesmo, descendo da cruz!” (Marcos 15:30)
Em outras palavras, “cuida da sua vida; faça o que tem vontade”. Jesus recebeu essa tentação, de
descer da cruz, de deixar de preferir a nós em favor de si mesmo. Mas ele preferiu entregar sua vida para
nos salvar. Que possamos hoje, assim como Jesus, assumir um compromisso de vivermos uns em função
dos outros e não de nós mesmos. Amém!
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A BUSCA DA IGREJA GLORIOSA PARA A VOLTA DE JESUS
José Carlos Marion
S
abemos que a volta de Jesus está relacionada com Israel (esse é o “relógio” de Deus). Inclusive, existem
algumas interpretações de profecias dizendo que quando Israel se reorganizasse novamente como
nação a volta de Jesus se daria nessa mesma geração (Mateus 24:36-44). Também sabemos que Jesus
voltará para Israel, porque ele disse que quando o reconhecessem como Messias e dissessem “Bendito é
aquele que vem em nome do Senhor”, veriam novamente Jesus voltando e pisando em sua terra (Lucas
13:35). Isso já está acontecendo. Em 1948 a nação foi reorganizada e, atualmente, há milhares de judeus
reconhecendo a Jesus como seu Senhor e Salvador (judeus messiânicos) e declarando diariamente o
versículo acima. Paulo diz:
“...como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse,
tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja
gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito.” (Efésios 5:2527)
Jesus santificou a igreja para que ela fosse pura, santa, perfeita, sem defeito, irrepreensível – uma
igreja esplêndida, linda, comparável à uma noiva.
“Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela,
para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a
apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa
e sem defeito.” (Efésios 5:25-27). (Grifos nossos)
É interessante ressaltar que o casamento é muito semelhante em quase todas as religiões do
mundo. O ato da noiva entrar acompanhada pelo pai e o noivo ir até ela a alguns metros do altar, pegá-la e
trazê-la até o altar, é um ato profético. Quem leva a noiva (a igreja) até o noivo (Jesus) é o seu pai, aquele
que a guardou, cuidou, supriu; ou seja, simboliza o Espírito Santo. Em sua volta, Jesus irá descer até os ares
e subir com a igreja (1 Tessalonicenses 4:17). Assim, o Espírito está ‘embelezando’, preparando a igreja
para entregá-la perfeita e irrepreensível a Jesus.
No entanto, a impressão que temos é que o Noivo está demorando muito para vir. Na parábola das
dez virgens (Mateus 25: 1-13), por cansar de esperar o noivo, cinco delas se descuidam e deixam o azeite
acabar e, quando ele chega de surpresa, elas não estão preparadas – e assim será com a igreja. É
interessante ressaltar que as 5 virgens representam 50% da igreja. É um número muito alto.
Infelizmente, sabemos que a igreja hoje ainda não é essa noiva gloriosa, não tem essa beleza, esse
perfume que deveria exalar ao mundo. Israel, no V.T., também não fez o papel para o qual o Senhor lhe
criou, de ser luz para as nações. A igreja hoje está muito dividida, fragmentada, com um testemunho um
pouco negativo para a Terra. As pessoas, de maneira geral, não tem motivos para exaltá-la, elogiá-la e
segui-la como acontecia na igreja do livro de Atos (“...caindo na graça de todo o povo”, Atos 2:47).
Seguimos a Jesus, buscamos praticar a sua palavra, mas, olhando em um sentido amplo e visível ainda
deixamos muito a desejar, ainda não estamos preparados para as bodas do Cordeiro.
“Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja
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esposa a si mesma já se ataviou, pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e
puro.” (Apocalipse 19:7,8)
É interessante notar nesse texto que a “esposa a si mesma já se ataviou”. Normalmente, a noiva é
preparada por outras pessoas antes de seu casamento, mas aqui diz que nós mesmos iremos nos
embelezar ou ataviar para Jesus (fazemos isso uns aos outros). Mas será que temos em nosso coração a
convicção de que temos essa missão de nos preparar, de ajudarmo-nos mutuamente nessa tarefa?
Os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas retratam as diversas vocações ou trabalhos que os
discípulos tinham. Alguns deles trabalhavam com a pesca (lançar as redes) e outros com o comércio de
consertar e vender redes. Como igreja, temos o chamado de evangelizar e de pastorear pessoas, mas
devemos entender que são chamados diferentes.
“Caminhando junto ao mar da Galileia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, que
lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei
pescadores de homens. Então, eles deixaram imediatamente as redes e o seguiram. Passando
adiante, viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco
em companhia de seu pai, consertando as redes; e chamou-os. Então, eles, no mesmo instante,
deixando o barco e seu pai, o seguiram.” (Mateus 4:18-22) (Grifos nossos)
Pedro e André estavam pescando, enquanto Tiago e João consertavam redes. Jesus não disse a
esses que também os faria pescadores de homens, pois seu chamado era diferente do de Pedro e André
(vemos isso por todo o N.T). Milhares de almas se convertiam pelas pregações de Pedro (Atos 2:41; 4:4;
etc.), mas o mesmo não acontecia com João.
João era considerado “o apóstolo do amor”, uma vocação diferente mas, tão maravilhosa quanto
Pedro, pois essa diferença não implica em um ser melhor ou maior que o outro. As igrejas, com o decorrer
dos séculos, acabou “adotando” ou fazendo preferência por alguns apóstolos como seus líderes: Pedro, da
Igreja Católica; Paulo, da Igreja Protestante; João, da Igreja Ortodoxa. Ou seja, mesmo eles não estando
divididos, a igreja conseguiu se dividir desde os seus primórdios.
João tinha um relacionamento mais próximo com Jesus, foi alimentado pelo seu amor de forma
mais profunda. Foi a ele que Jesus confiou o cuidado de Maria, sua mãe, ao morrer na cruz (João 19:27).
João enfatizou em suas cartas o amor, os relacionamentos, o perdão, a comunhão etc. Seu evangelho,
inclusive, tem uma conotação diferente dos demais.
É interessante que “rede” simboliza a igreja. Ela é um instrumento que possui muitos nós fortes e
entrelaçados para que possa reter os peixes e não se romper. E, por ser tão unida, é um grande símbolo da
unidade da igreja. Assim, uma rede ou igreja fraca em seus elos, rompida, desunida não pega ou não retém
os peixes (pessoas). A ideia é que uma igreja sadia, amorosa, perdoadora é um entrelaçamento de irmãos
e, como resultado, ela cresce:
“Do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa
operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor.” (Efésios 4:16)
Então, a ênfase do chamado de João era diferente da ênfase de Pedro. Sua vocação era de
“preparar a Noiva” e ele trabalhou em suas cartas com todo amor e cuidado para esse propósito. Inclusive,
ele cita uma “fórmula” para sabermos se somos ou não salvos: “Nisto todos conhecerão que sois meus
discípulos, se vos amardes uns aos outros.” (João 13:35) e “Nós sabemos que passamos da morte para a
vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama a seu irmão permanece na morte.” (1 João 3:14). Esse é o
“termômetro” da salvação e da verdadeira vida cristã.
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Foi João, também, quem narrou a oração de Jesus ao Pai, no capítulo 17 de seu Evangelho, onde
relata que por quatro vezes Jesus pede que sejamos “um”. Assim, rede é unidade – devemos estar juntos,
ligados uns com os outros. Jesus nos mostra nessa oração o “padrão” da unidade: deve ser igual à que ele
tem com o Pai e Esse com ele:
“Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio
da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também
sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória
que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que
sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como
também amaste a mim.” (João 17:20-23) (Grifos nossos)
No livro em inglês cujo título traduzido para o português é “O Fim do Protestantismo” (“The End of
Protestantism: Pursuing Unity in a Fragmented Church”. Peter J. Leithart. Brazos Press, 2016), o autor, um
pastor evangélico, diz que o verbo usado para exemplificar que Jesus está no Pai e o Pai está no Filho é
“morar”. Ou seja, Jesus “mora, habita” no Pai e vice-versa. Assim, um encontra morada no outro e esse é o
padrão de unidade que o Senhor quer que tenhamos como igreja. “Morar” é muito mais explícito do que
“estar”:
“Respondeu Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos
para ele e faremos nele morada.” (João 14:23) (Grifos nossos)
“Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?" (1 Coríntios
3:16) (Grifos nossos)
Nesse seu ministério de consertar redes, João nos mostra aspectos da nossa missão de preparação
da Noiva muito mais profundos do que conseguimos imaginar. Não significa que o evangelismo ou as
demais ênfases não são tão importantes, mas temos de entender que esse chamado é para todos. Jesus,
inclusive, orou para que sua igreja vivencie essa unidade a fim de que todos possam crer que ele veio ao
mundo para salvá-los. Assim, a unidade da igreja seria um evangelismo, pois o mundo crerá que Jesus foi
enviado pelo Pai.
Olhando nessa ótica, eu creio que cada igreja deveria “encontrar morada” em outra igreja (igreja
aqui no sentido de congregação, grupo). Esse é o padrão de Jesus. Mas, será que isso acontece em nossos
dias? Com certeza não! Ao contrário, até ignoram e rejeitam umas às outras. Ora, mas não estamos falando
de uma Noiva gloriosa, embelezada para a volta de Jesus? Como ela poderá ser gloriosa vivendo dessa
forma? Somos ou não irmãos, filhos do mesmo Pai?
Jesus disse: “Quem não é comigo é contra mim” (Mateus 12:30) ou, em outras palavras, “quem não
é contra mim, é por mim”. De maneira geral, nenhuma igreja cristã é contra Jesus, pois ele é o centro de
sua existência. Então, nós somos irmãos, filhos do mesmo Pai e isso deve nos levar a encontrar morada, a
habitar uns nos outros. Deus não está pedindo que congreguemos todos juntos ou que nos tornemos uma
só grande igreja, mas Sua vontade é que “coabitemos”, que vivamos em fortes relacionamentos fraternais,
pois somos um só Corpo e temos o mesmo Espírito:
“Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes
chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros
em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz; há
somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa
vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre
todos, age por meio de todos e está em todos.” (Efésios 4:1-6) (Grifos nossos)
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O autor do livro acima citado diz, ainda, que a igreja hoje é “interina”, “provisória”, que exerce uma
função no lugar da igreja “titular”. Não estou dizendo que ele está certo ou errado, mas seus argumentos
são muito bem trabalhados. Hoje sequer conseguimos, no meio evangélico, nos dar as mãos para orarmos
juntos a oração (Pai Nosso) que Jesus nos ensinou (Mateus 6:9-13) e, quando não o fazemos, parece até
que somos capazes de fazer uma oração melhor do que essa. Jesus disse: “Orareis assim!” Esse é um verbo
imperativo, ou seja, uma ordem; no entanto, temos uma imensa dificuldade de obedecê-la.
Estamos na iminência da volta de Jesus e, portanto, precisamos nos despertar para essa realidade.
Deus está nos dando o privilégio de entendermos a unidade, mas ainda temos muitas dificuldades com
isso. Por exemplo, o centro da igreja cristã é a Mesa (Ceia, comunhão ou Eucaristia). Na igreja primitiva eles
a celebravam semanalmente, mas nós temos dificuldade de nos assentarmos à mesa com irmãos de outras
congregações. Isso se agrava por acharmos que “está bom assim”, que não tem problema. Essa diferença
começou em 1517 na Reforma Protestante com Lutero.
A Igreja Católica crê na Transubstanciação (uma vez que um sacerdote ordenado abençoe o pão da
Ceia do Senhor, este é transformado literalmente na carne de Cristo; e, quando ele abençoa o vinho, este é
transformado literalmente no sangue de Cristo). Lutero pregou a Consubstanciação (Jesus se encontra
presente com a substância do pão e do vinho, sem modificá-las ou transformá-las). Calvino, por sua vez,
defendeu a presença espiritual de Cristo na Ceia (não é Cristo quem desce para tomar a forma de pão e de
vinho, mas a igreja que é elevada espiritualmente aos céus para participar da Ceia na presença de seu
Senhor). Já Zwinglio, defendeu que a Ceia não é um sacramento, mas apenas uma refeição memorial,
meramente simbólica, o cumprimento de uma ordenança de Jesus. E existem muitas outras interpretações
diferentes praticadas pelas igrejas cristãs sobre essa questão. Ora, será que essa é uma igreja gloriosa? Se
não conseguimos ter um acordo para sentar à Mesa do Senhor na mesma base? Será que estamos
praticando o nosso ministério de consertar redes?
Deus tem falado muito conosco sobre esse precioso assunto. Algumas pessoas tem nos procurado
e dito que o próprio Senhor lhes chamou para trabalhar conosco nesse ministério da unidade. Uma delas é
o pastor Efigênio Santos, de Cotia/SP. Ele teve algumas experiências interessantes com a unidade. A
primeira foi quando saiu das drogas por meio de um poderoso encontro com Jesus. Uma de suas primeiras
atitudes foi comprar um megafone e, com outras pessoas, criticar as igrejas católicas bem nos horários das
missas, defronte às mesmas. Porém, um dia Deus falou com ele: “Você gostaria que Eu falasse mal de sua
esposa para todos?” “Claro que não”, ele respondeu. “Mas você critica a Minha Noiva quando faz essas
coisas contra os católicos!” A partir de então ele tomou a decisão de trabalhar em favor da unidade. Têm,
inclusive, desenvolvido diversas “Cruzadas da Unidade” em muitas partes do Brasil.
Em outra ocasião ele estava orando em um monte com um grupo de cristãos e, de repente, viu
uma espécie de área iluminada, como se fosse de ouro. Correu naquela direção, mas tudo ficou escuro
quando lá chegou. Diz ele que o Senhor lhe mandou procurar algo no meio das folhas. Encontrou uma
Bíblia que abria em apenas duas páginas: uma no Salmo 22, onde ele entendeu que Deus lhe falava para
trabalhar em um projeto de ajuda a dependentes de drogas conhecido hoje como “Socorre-me”. Outra
página se abria em João 17, onde Jesus clama ao Pai para que sejamos um, assim como ele e o Pai são um.
Nesse momento, Deus confirmou seu chamado para a unidade do Corpo de Cristo. Essa Bíblia está exposta
na sede da Sociedade Bíblica do Brasil.
Outra pessoa é a irmã Helena Marra, de Itu/SP. Ela é uma irmã simples, feirante, e seu perfil, antes
de tudo, é a oração. Ela dorme pouco para ter mais tempo de oração. É comum, depois de várias horas
orando, ter revelações de grande importância sobre a unidade da igreja. Decidimos, então, reunir todas
essas revelações em um livreto intitulado “Revelações sobre a Unidade do Corpo de Cristo para o
Avivamento da Igreja”.
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Em uma dessas revelações, o Senhor lhe mostrou como Ele vê a igreja em nossos dias:
As Igrejas estão correndo cada uma para um lado. Jesus me mostra uma roda de pessoas todas de
costas umas para as outras e de mãos separadas. Quando decidem sair correndo em busca de algo,
o fazem cada uma para um lado diferente – ninguém vai de encontro ao outro. Dessa forma, nunca
encontrarão o que estão buscando, pois, para isso, precisariam estar em círculo, de mãos dadas, de
frente umas para as outras. Assim, quando fosse dado o “sinal de largada” em busca de seu
objetivo, sairiam sem correria, bem devagar, olhando e buscando juntas o seu propósito e, assim, o
encontrariam. Somente desta forma chegariam ao arrependimento, ao quebrantamento necessário
para este tempo sem a necessidade de tanta correria, tribulação e sofrimento.
Outras revelações são muito fortes e tomamos o cuidado de verificar os textos bíblicos para
fundamentá-las, pois, quando se fala em finais dos tempos existem muitas teorias e especulações
utilizando, inclusive, textos bíblicos para embasá-las. Outra visão ela descreveu da seguinte forma:
Vejo uma cobra. Ela é grande, esverdeada, lisa, brilhante e muito perigosa. Não a vejo, mas sinto
sua presença. Essa cobra representa um demônio muito grande, forte, graduado, terrível. Ela está
como que deitada em cima de uma mulher, que representa a Igreja, pesando sobre ela e também
sobre a humanidade, pois todos os acontecimentos desta época têm a ver com isso. Muitas coisas
na história poderiam ser revertidas, mudadas, mas esta cobra domina e paralisa, como que
hipnotizasse, por completo todas as situações.
Sabemos que essa mulher, biblicamente, representa a igreja e a missão dessa serpente (Satanás) é
dividi-la e destruí-la. O apóstolo Paulo disse a esse respeito:
“Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja
corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo.” (2 Coríntios 11:3)
A grande causa das nossas divisões é que perdemos a simplicidade e pureza que há em Cristo, pois
fomos enganados pelo diabo. A Palavra de Deus é simples e não haveria outra razão para vivermos
separados da forma como estamos hoje. Jesus disse: “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns
aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis.” (João 13:34). São palavras
fortes de Jesus que, no entanto, não estão sendo vivenciadas pela igreja.
Uma outra visão que Helena teve também foi muito forte, pois mostra a forma como Deus enxerga
a Sua igreja hoje. Relatamos a seguir:
Entramos em um lugar semelhante a um campo, mas não há nada sólido, palpável, onde possamos
pisar ou nos segurar. Há muita neblina ou fumaça muito densa no ar. Vejo uma mulher. Jesus me
diz que ela é uma figura representativa da Igreja. Está cancerosa, definhando, olheiras terríveis,
pele ressecada, cabelos ralos, olhos opacos, magérrima, desnutrida e com os órgãos reprodutivos
tomados pelo câncer. Como ela pode gerar filhos desta forma, com seu útero e demais órgãos
corroídos pelo câncer? Ela não gera como deveria gerar, não edifica, não está fazendo o seu
principal papel. Como ela pode se vestir de noiva e casar-se? Ela pode receber a misericórdia de
Deus, mas não participar das núpcias. Ela pode ser salva, mas sua vida geracional, produtiva não
funciona.
Recentemente esteve conosco o pastor Mike Shea, de Londrina-PR (Casa de Davi), que disse-nos o
seguinte:
Essa semana eu recebi um relatório estatístico sobre as mortes que ocorrem nos EUA. Entre as
causas principais estão: doenças diversas, assassinatos, acidentes etc. e nenhum desses chegou a 1
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milhão. Porém, tem uma causa de morte que superou os 50 milhões: o aborto. Não penso que Deus
irá nos julgar pelos acidentes ou doenças, mas, com certeza, irá nos julgar pelo derramamento de
sangue de inocentes. E Ele especifica isso: “...por causa do sangue que derramaram sobre a terra.”
Eu não tenho dúvidas de que um grande juízo de Deus está vindo sobre as nações – talvez os juízos
do Apocalipse – por tais coisas como o aborto.
Se pudéssemos multiplicar essa quantidade de fetos pela quantidade de sangue que é derramado
por esses abortos acredito que daria um grande rio de sangue. E onde está a igreja de Jesus diante dessa
situação? Ela está fragilizada, doente e não reage contra situações assim! Calcula-se, hoje, que há em torno
de 46 milhões de abortos por ano em todo mundo. No Brasil pode chegar a um milhão de abortos anuais.
Na última reunião do UM EM CRISTO, pedimos perdão e lavamos os pés de uma mãe que na
década de 90 teve seus quatro filhos arrancados dela e enviados à Europa para serem adotados por outras
famílias, tudo mediante acusações que, segunda ela, não procediam. Nessa época, houve 94 mães que
alegam ter perdido seus filhos (segundo a internet) de forma semelhante e o processo ficou conhecido
como “Movimento das Mães da Praça do Fórum de Jundiaí”. Essa mãe, pela graça de Deus, conseguiu revêlos esse ano (depois de 22 anos). Mais 200 crianças foram levadas para a Europa (com algumas queixas de
que seria ilegal) e a Igreja nada fez para impedir. Então, o Espírito Santo nos mandou, como um ato
profético, pedir perdão a ela representando todas as 94 mães. Por providência divina, nesse dia estava em
nosso meio uma irmã da Pastoral do Menor que estava presenciou naquela época, e que nos representou
nesse pedido de perdão. Pedimos-lhe perdão porque, como igreja, não conseguimos ver injustiça naquela
situação, não reagimos, não fizemos nada para impedir. Um pastor evangélico e um diácono católico,
depois de termos lavado os pés dessa mulher, também lhe pediram perdão.
Jesus disse: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos”
(Mateus 5:6). Mas, infelizmente, vemos hoje uma igreja fragmentada, dividida, apática, doente e
infrutífera, que não reage aos males e injustiças da sociedade. Às vezes algumas denominações tentam
reagir, mas estão isoladas, sem força.
Esta semana recebemos um e-mail do pastor Jamê Nobre, que se encontrava naquele momento no
Haiti em viagem missionária juntamente com outros líderes e pastores. Diz ele:
O tema que estamos tratando aqui é a unidade do corpo de Cristo, suas implicações e
consequências. Eles estão se preparando para formar uma rede de oração pelo país, pois creem que
isso vai trazer o despertamento da igreja e, consequentemente, uma transformação social para a
nação; então, a palavra de unidade é propícia para essa hora.
Ele está dizendo que o Haiti é um país assolado, que a igreja cristã lá está fragmentada, cada um
preocupado com seu próprio projeto e, por isso, não têm forças para reagir contra as tragédias que lá estão
ocorrendo. Assim, eles foram induzidos pelo Espírito Santo a pregar sobre a unidade do Corpo de Cristo.
A tragédia, às vezes, pode vir de Deus para nos alertar, nos unir, levar-nos a arrependimento. Após
a inauguração do Templo, quando a glória do Senhor desceu, Deus disse a Salomão:
“Se eu cerrar os céus de modo que não haja chuva, ou se ordenar aos gafanhotos que consumam a
terra, ou se enviar a peste entre o meu povo; se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se
humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus,
perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.” (2 Crônicas 7:13,14) (Grifos nossos)
Ou seja, o próprio Deus está dizendo que mandaria seca, pragas e pestes entre o Seu povo. Deus
não está falando de arrependimento de uma tribo apenas, mas de todo o povo de Israel. Hoje Ele estaria se
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referindo à igreja. Eu tenho trabalhado nesse movimento de Unidade há muitos anos e, com poucas
exceções, não vejo o povo cristão se humilhar e se converter do seu pecado de divisão.
Estou citando esse versículo porque Helena também teve uma visão a esse respeito. Diz ela que
iremos passar (e já estamos passando) por graves crises políticas e econômicas, mas, futuramente, o
Senhor irá enviar uma outra crise muito maior que nos fará “sentir saudades dessa primeira”. Será uma
crise de seca, de falta de alimentos para comprar; os gados morrerão nos pastos, os rios vão se secar. Tudo
isto será para os líderes das igrejas se arrependerem por estar separados uns dos outros. Se a igreja fosse
unida, não haveria tanta fragilidade para enfrentar essas tragédias. A partir daí, estes líderes entenderão
que foram orgulhosos, egoístas e se arrependerão.
Em seguida, ela teve outra visão, que mostra que há uma grande nuvem de avivamento nos céus,
mas que ele ainda não desceu à terra porque a igreja desunida a está impedindo:
Entramos em um lugar onde tudo é cor de ouro reluzente. São como nuvens ou fumaça de ouro e
estamos mergulhados nela. É um sentimento muito agradável e eu me sinto forte, inatingível. A
impressão é que eu posso ter e fazer tudo o que eu quiser. Agora estou tocando nessa mulher quase
morta, expressão cadavérica, esquelética. Ela começa a ser restaurada, revigorada, fortalecida. Sua
pele está ficando lisa, sua cor natural voltando, seus cabelos crescendo, seu corpo tomando forma
e, de repente, está totalmente curada.
Esse é o avivamento que o Senhor está prestes a derramar sobre Sua igreja na Terra, avivamento
esse que estamos ao mesmo tempo pedindo e impedindo que aconteça. Vejo que tudo isso está muito
próximo de acontecer. No entanto, não haverá mais pessoas ou grupos privilegiados, separados para
receber esse avivamento, mas será algo espalhado e descentralizado. Só que a igreja precisa “remendar a
rede” para que o Senhor envie sobre ela essa nuvem de poder e vida.
No livro de Apocalipse, capítulo 6, a Palavra nos relata a visão de João sobre os quatro cavalos que
virão sobre a Terra nesses últimos dias:
“Vi quando o Cordeiro abriu um dos sete selos e ouvi um dos quatro seres viventes dizendo, como se
fosse voz de trovão: Vem! Vi, então, e eis um cavalo branco e o seu cavaleiro com um arco; e foi-lhe
dada uma coroa; e ele saiu vencendo e para vencer. Quando abriu o segundo selo, ouvi o segundo
ser vivente dizendo: Vem! E saiu outro cavalo, vermelho; e ao seu cavaleiro, foi-lhe dado tirar a paz
da terra para que os homens se matassem uns aos outros; também lhe foi dada uma grande
espada. Quando abriu o terceiro selo, ouvi o terceiro ser vivente dizendo: Vem! Então, vi, e eis um
cavalo preto e o seu cavaleiro com uma balança na mão. E ouvi uma como que voz no meio dos
quatro seres viventes dizendo: Uma medida de trigo por um denário; três medidas de cevada por
um denário; e não danifiques o azeite e o vinho. Quando o Cordeiro abriu o quarto selo, ouvi a voz
do quarto ser vivente dizendo: Vem! E olhei, e eis um cavalo amarelo e o seu cavaleiro, sendo este
chamado Morte; e o Inferno o estava seguindo, e foi-lhes dada autoridade sobre a quarta parte da
terra para matar à espada, pela fome, com a mortandade e por meio das feras da terra.” (vs.1-8)
(Grifos nossos)
Entendemos que o cavalo Vermelho (que tira a paz) já está agindo na Terra. Olhamos hoje para as
nações e vemos que nenhuma delas está vivendo em paz. Agora é a vez do cavalo Preto começar a agir.
Esse representa a escassez, a fome, a falta de alimentos. Independentemente da revelação da Helena
sabemos que essas coisas vão acontecer, pois tudo isso é para a igreja se humilhar, para que todos os
cristãos e líderes orgulhosos e soberbos aprendam a depender uns dos outros e, também, para que haja
um avivamento sobre a Terra. O cavalo amarelo (a destruição de um quarto da população mundial) ainda
virá em um tempo próximo futuro.
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O está acontecendo em Jundiaí, onde quatro congregações se uniram, como um modelo do que
Deus está desejoso de fazer com toda a Sua igreja no mundo. Muitos irmãos e líderes de diversas
denominações em todas as partes do mundo estão se unindo, se envolvendo nessa missão de unidade da
igreja. Então, se fomos chamados para essa missão de remendar redes e se pedirmos isso ao Senhor, com
certeza Ele irá nos revelar a cada dia as estratégias, os passos para assim o fazermos! Amém!
“Guiarei os cegos por um caminho que não conhecem, fá-los-ei andar por veredas desconhecidas;
tornarei as trevas em luz perante eles e os caminhos escabrosos, planos. Estas coisas lhes farei e
jamais os desampararei.” (Isaías 42:16)
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A IMPORTÂNCIA E NECESSIDADE DO PERDÃO
Francisco Vanderlinde
“Esta afirmação é fiel e digna de toda aceitação: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os
pecadores, dos quais eu sou o pior. Mas, por isso mesmo alcancei misericórdia, para que em mim, o
pior dos pecadores, Cristo Jesus demonstrasse toda a grandeza da sua paciência, usando-me como
um exemplo para aqueles que nele haveriam de crer para a vida eterna. Ao Rei eterno, ao Deus
único, imortal e invisível, sejam honra e glória para todo o sempre. Amém.” (1 Timóteo 1:15-17)
O
apóstolo Paulo, no início do seu ministério, dizia ser “o menor dos apóstolos”. Passados alguns anos
dizia ser “o menor dos santos”. Agora, já no final da sua carreira, afirma ser “o pior dos pecadores”.
Que crescimento, que evolução! É o contrário do que normalmente vemos no mundo, onde as pessoas se
julgam cada vez maiores, mais importantes. Essa é uma chave preciosa na vida cristã. A Bíblia diz que o
nosso coração é enganoso e uma das coisas que nos enganam é quando nos comparamos a outras pessoas
para ver se “estamos indo bem”. Ou seja, “eu sou pecador, mas conheço alguns piores do que eu”. É muito
fácil cairmos nessa armadilha e, portanto, muito importante que assim como Paulo reconheçamos ser os
piores dos pecadores.
Mas ele diz em seguida: “...para que em mim, o pior dos pecadores, Cristo Jesus demonstrasse toda
a grandeza da sua paciência”. Em Romanos 5:20, ele diz: “Onde o pecado abundou, superabundou a
graça”. Então essas coisas andam juntas: quando eu tenho consciência da minha maldade, da minha
pecaminosidade, também tenho uma revelação maior da graça e do perdão de Deus. Isso é de fundamental
importância para que eu aprenda a ser misericordioso e perdoador para com o meu próximo e para com
todos. Quando eu entendo o quanto, de fato, Deus me perdoou fica fácil perdoar as pessoas. Ao contrário,
se um cristão tem dificuldade em perdoar é porque tem pouca compreensão ou experiência do perdão de
Deus em sua própria vida. Assim, não podemos relevar, procrastinar, ignorar, não enfrentar esse assunto.
Um pastor que foi despertado para esse assunto relata que começou a pregar sobre o perdão a
cada quatro semanas em sua igreja e, quando o fazia, parecia que as pessoas nunca tinham ouvido falar
sobre isso, mesmo repetindo tanto. Mas isso se deve ao fato de que não gostamos de encarar essa
questão. Perdoar nunca é fácil, mas precisamos fazê-lo.
“...pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Romanos 3:23). Todos pecamos e
necessitamos da misericórdia, do perdão do Senhor. Houve uma única exceção: o próprio Senhor Jesus
Cristo. Ele foi o único homem perfeito que nunca pecou; antes, deu sua vida por nós, pecadores. Ele se fez
pecado por mim e por você (2 Coríntios 5:21) e precisamos estar muito conscientes, convencidos e
lembrados disso. O único santo e puro que pisou nessa terra deu a sua vida por nossos pecados (Isaías
53:4-6).
É muito importante entendermos que precisamos estar totalmente livres de toda mágoa e falta de
perdão para que o Senhor traga o avivamento sobre a Sua igreja. O mover do Espírito sempre caminha
junto com a prática do perdão:
“Quando chegou a tarde daquele dia, o primeiro dia da semana, estando os discípulos reunidos com
as portas trancadas por medo dos judeus, Jesus chegou, colocou-se no meio deles e disse-lhes: Paz
seja convosco! Ao dizer isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se ao verem o
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Senhor. Então Jesus lhes disse pela segunda vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou,
também eu vos envio. E havendo dito isso, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.
Se perdoardes os pecados de alguém, serão perdoados; se os retiverdes, serão retidos.” (João 20:1923) (Grifos nosso)
Se eu quero ser alguém cheio do Espírito preciso liberar perdão às pessoas – falar, demonstrar,
viver essa prática. Gostamos muito de falar que Deus é Bom, mas a maior prova que podemos dar sobre
isso é quando somos rápidos em perdoar e pedir perdão, quando perdoamos antecipadamente. Foi isso
que Jesus fez, morrendo por nós quando ainda éramos pecadores (Romanos 5:8). Mesmo na cruz, quando
zombavam dele, ele orou: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem” (Lucas 23:34). Aquelas pessoas
estavam muito longe de demonstrar qualquer tipo de arrependimento, mas mesmo assim Jesus lhes
perdoou.
Alguém pode dizer: “Ah, mas era Jesus, o filho de Deus!”. E Estevão? Ele era como um de nós! Foi o
primeiro mártir da igreja primitiva e teve a mesma atitude de Jesus: “E, pondo-se de joelhos, clamou com
grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado.” (Atos 7:60). Mesmo não havendo sinal de
arrependimento naqueles que o apedrejavam, Estevão liberou sobre eles o seu perdão.
A oração do Pai Nosso (Mateus 6:9-13) é a maior prova que o perdão caminha lado a lado com a
ação do Espírito Santo em nossas vidas: “E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos
nossos devedores”. Ao final ele ainda reforça: “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também
vosso Pai celestial vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai perdoará
vossas ofensas.” (vs.14,15).
Talvez um dos principais textos no N.T. que mostra a importância do perdão está no ensino de
Jesus aos seus discípulos, relatado em Mateus 18:21,22:
“Então Pedro, aproximando-se dele, perguntou-lhe: Senhor, até quantas vezes deverei perdoar meu
irmão que pecar contra mim? Até sete vezes? Jesus lhe respondeu: Não te digo que até sete vezes;
mas até setenta vezes sete.”
Na sequência do texto (vs.23-35), Jesus conta-lhes a história do servo que devia ao seu senhor dez
mil talentos, uma quantia equivalente a 6 bilhões em nossos dias, algo impagável. No entanto, seu senhor o
perdoou. Saindo dali, encontrou um conservo que lhe devia cem denários, o equivalente a 10 mil reais
hoje, também uma quantia razoável, mas nem um pouco comparada à dívida que lhe foi perdoada. No
entanto, ele não perdoou esse conservo.
David du Plessis (1905-1987), pastor sul-africano, foi muito usado pelo Senhor para levar a
renovação espiritual às igrejas que ainda não a haviam recebido. Ele relata algumas de suas experiências no
livreto “Perdão” (Impacto Publicações). David usava um botton na lapela de seu paletó com os dizeres “70
X 7”, porque isso foi uma marca em sua vida.
Em 1936, ele recebeu a visita de um pastor da Inglaterra chamado Smith Wigglesworth (18591947), que lhe deu uma palavra de como Deus usaria sua vida para levar o movimento pentecostal para
muitos países. Smith foi considerado um grande apóstolo do século passado, usado no ministério de curas,
milagres e dons do Espírito. A ele foram atribuídas e documentadas 14 ressurreições de mortos e mais 9
não documentadas. Era de família muito pobre e analfabeto. Casou-se com uma missionária que lhe
ensinou a ler a Bíblia (o único livro que ele leu em sua vida). Por esse motivo ele tinha, no início de seu
ministério, muita dificuldade para pregar a Palavra. Mas, quando foi batizado com o Espírito Santo, passou
a pregar poderosamente. Sua esposa, que a princípio não aceitava essa experiência e conhecendo a
dificuldade de seu marido, ao vê-lo pregar se convenceu plenamente.
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Houve até situações engraçadas com ele. Em uma delas, ele estava pregando em uma campanha de
curas nos EUA e lhe trouxeram diretamente do hospital, ainda usando camisola e acompanhado de um
médico, um homem com câncer no estômago em estado terminal. Quando foi orar, Smith deu um tapa na
barriga desse homem, que caiu no chão. O médico se assustou e o acusou de ter matado o paciente, mas
ele disse: “Ele não está morto, mas curado”. Dentro de instantes esse homem se levantou e foi pulando na
frente, com camisola e tudo, gritando que havia sido curado.
A palavra que Smith deu para du Plessis se cumpriu em poucos anos em todos os seus detalhes. Ele
perguntou a David: “Quando você viaja de navio ou de avião se sente enjoado?” “Eu nunca viajei de navio
ou avião, respondeu David. “Pois eu vou orar para que você nunca passe mal em nenhuma viagem que
fará!”, disse Smith. E assim aconteceu. Inclusive, quando estava com algum problema de saúde, brincava
com sua esposa dizendo: “Se eu adoecer em casa, compre uma passagem para mim, e deixe-me viajar!”
Ele foi ordenado em 1928 pela Missão da Fé Apostólica da África do Sul e mudou-se para o Estados
Unidos em 1949, onde trabalhou junto à Assembleia de Deus, exercendo seu ministério como Deus lhe
havia predito.1 No livro “Perdão”, páginas 6 e 7, ele relata que, estando no Hospital se recuperando de um
acidente de carro, o Senhor falou com ele:
“Chegou a hora para se cumprir a profecia dada a você por Smith Wigglesworth. É hora de
começar. Quero que você vá aos líderes do Conselho Mundial de Igrejas.” Respondi em tom de
argumento: “Senhor, mas o que posso dizer àquelas igrejas mortas?” “Eu ressuscito os mortos!” A
resposta veio com uma simplicidade chocante. “Mas, Senhor, eles são nossos inimigos!” Eu estava
quase choramingando. “Sim, mas eu já lhe disse que deve amar seus inimigos.” Ignorando a
verdade das Escrituras na minha frustração, continuei argumentando. “Como posso amar pessoas
assim? Não concordo nem com suas doutrinas e nem com suas práticas.” “Bem”, o Senhor
respondeu firmemente no meu interior, “você terá que perdoá-los.” “Meu Senhor”, - agora estava
choramingando de verdade - “como posso perdoá-los se não posso justificá-los?” “Eu nunca lhe dei
autoridade para justificar pessoa alguma. Eu lhe dei autoridade apenas para perdoar. E se perdoálos, você vai amá-los. E se os amar, você vai querer perdoar. Agora pode escolher.”
A conversa estava terminada. Mas a batalha tinha apenas iniciado. Uma pequena luz tinha raiado,
suficiente para mostrar-me quão pouco eu conhecia a respeito do perdão aos olhos do Senhor. Nos
dias vindouros eu teria que lutar com o Senhor, aprender, sofrer as dores internas de uma genuína
revolução. Um novo rei teria que dominar aquela parte da minha vida.
Enquanto eu meditava ali, durante a noite, com as luzes apagadas, vi o tamanho do meu erro. Eu
estava esperando que Jesus me usasse como um pentecostal para abalar as igrejas. Pensava que
poderia forçar as pessoas a entenderem a verdade, dizendo-lhes onde estavam erradas e
sacudindo-as em justa indignação. Mas o Senhor disse que este não é o caminho. “O avivamento
virá se você perdoar. Se você lutar — não acontecerá nada!” Durante este período, o Senhor me
levou vez após vez ao capítulo 13 de 1 Coríntios, onde estão as palavras mais poderosas que jamais
foram escritas sobre o amor.”
Essa experiência o levou a lugares onde sequer imaginava. Primeiramente, ele não imaginava que
levaria sua experiência pentecostal para evangélicos tradicionais; depois, o Senhor o levou a falar para os
católicos romanos. Pouco antes da abertura do Segundo Concílio Vaticano II (1962-1967), o Papa João XXIII
1
Originalmente evitando outros movimentos, ele se tornou um crente ativo no ecumenismo, a partir de seus esforços em 1950 para
compartilhar a experiência pentecostal com cristãos de denominações históricas, principalmente o catolicismo romano. Sua principal
porta de entrada para o ecumenismo foi através de sua amizade com John McKay, então Presidente do Seminário de Princeton, Nova
Jersey. McKay convidou Du Plessis para aderir ao Concílio Missionário Internacional em Willingen, Alemanha Ocidental, em 1952. Lá,
ele ganhou o apelido de "Sr. Pentecostes". Ele foi um membro de apoio e "observador" pentecostal no Concílio Mundial de Igrejas em
1954 e 1961 respectivamente, e foi convidado para servir como representante pentecostal no Concílio do Vaticano II.
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chamou representantes das várias vertentes evangélicas. Do ramo pentecostal ninguém queria ir, mas
David se fez presente. O secretário do Papa perguntou aos líderes protestantes o que eles tinham a dizer e
estes fizeram alguns comentários. Mas, ao ser perguntado o que os pentecostais queriam dizer a Roma,
David respondeu: “Os pentecostais não querem conversa com Roma, mas eu lhes digo: coloquem a Bíblia
nas mãos do povo, na língua do povo e deixem o Espírito Santo agir!” E uma das maiores decisões desse
Concílio foi exatamente isso, pois até então era algo não permitido pela Igreja. Alguns anos depois, em
1967, a Renovação Carismática chegou à Igreja Católica e David foi muito usado por Deus nesse processo.
Esse fato foi tão expressivo que o Papa João Paulo II, anos antes de sua morte, deu uma
condecoração a David, sendo o único evangélico nesses 500 anos de história do protestantismo a receber
uma homenagem desse tipo. Quando ele começou a se envolver com os católicos, sua igreja de origem, a
Assembleia de Deus nos EUA, tirou sua credencial de ministro e o desligou do seu quadro. Mas, alguns anos
antes de sua morte, essa Igreja reconheceu seu erro e devolveu-lhe a credencial de pastor, honrando-o
novamente, porque em todos os anos que conviveu com o catolicismo nunca comprometeu o evangelho de
Jesus Cristo e nem criticou as igrejas evangélicas.
Assim, o perdão está intimamente ligado ao avivamento, ao mover do Espírito no meio do povo de
Deus. Muitas pessoas ficam anos paradas, não crescem espiritualmente e um dos principais motivos é a
falta da prática do perdão. Esses dias eu ouvi a seguinte frase: “Perdoar alguém poderá custar seu orgulho;
não perdoar lhe custará a liberdade.” Essa é exatamente a grande lição e advertência que Jesus nos dá em
Mateus 18:
“Este, então, chamou-o à sua presença e disse-lhe: Servo mau, perdoei-te toda aquela dívida,
porque me suplicaste. Tu também não devias ter compaixão do teu companheiro, assim como tive
de ti? E, irado, entregou-o aos carrascos, até que ele pagasse tudo o que lhe devia. Assim também
vos fará meu Pai celestial, se cada um de vós não perdoar de coração ao seu irmão.” (vs.32-35)
(Grifos nosso)
Ou seja, não perdoar é permanecer preso. Por isso, não espere alguém se arrepender para perdoála, pois não é dessa forma que Deus age.
Temos realizado nos primeiros sábados de cada mês um encontro denominado “Um em Cristo” e
uma das suas características é promover o perdão. No dia 05.11.2016, tivemos conosco uma irmã chamada
Luzia, uma das mulheres de Jundiaí que nos anos 90 tiveram seus filhos retirados pela justiça e levados
para adoção no exterior. Foram aproximadamente 400 crianças tiradas de mais de 90 mães, que formaram
um grupo denominado “Mães da Praça do Fórum”. Luzia teve seus quatro filhos (2 a 6 anos) levados para a
Europa. Depois de alguns anos ela se casou novamente (pois seu marido na época era drogado, tornou-se
morador de rua e abandonou a família) e se converteu ao evangelho. Quando esses filhos completaram 20
anos, quiseram conhecer a mãe e a encontraram em Jundiaí.
Por ocasião dessa reunião, o Espírito Santo nos mandou, como um ato profético, pedir perdão a ela
representando todas as 94 mães. Fizemos isso porque na época, como igreja, não reagimos, não fizemos
nada para impedir. Não a conhecíamos, mas sabemos que a omissão também é pecado. Então, com
representantes católicos e evangélicos em nosso meio, pedimos-lhe perdão pela dor que ela sentiu por
mais de 20 anos, por esse peso que ela carregou por todo esse tempo. Há poucos dias ela nos testemunhou
que pela primeira vez se sentiu curada, que um peso muito grande foi tirado da sua vida! Isso é perdão, é
reconciliação. Foi para isso que Deus nos chamou e comissionou!
Temos feito um trabalho de capelania há vários anos no Hospital São Francisco e também no
Grendacc Jundiaí. Muitos funcionários usam o botton “70 X 7” nesses lugares, junto com seus crachás.
Tempos atrás, uma funcionária do Grendacc relatou-nos que tomava remédios fortíssimos e tinha
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inúmeros problemas de saúde. Ao falarmos com ela sobre o perdão, ela entendeu que essa era a raiz dos
seus problemas, pois não conseguia perdoar sua sogra. Há poucos dias ela nos mandou uma mensagem
dizendo que havia conseguido fazê-lo e, com isso, acabaram todos os seus problemas de saúde. Seus
próprios colegas de trabalho testemunharam que até a sua aparência mudou. Ela entendeu que estava
presa e, ao liberar perdão, ficou livre e foi curada.
Assim, em primeiro lugar precisamos entender e receber o perdão de Deus em nossas vidas e, em
segundo lugar, liberar esse mesmo perdão a todos, o tempo todo.
No livro “Perdão” (página 11), du Plessis relata o que o Senhor lhe falou ao meditar sobre a questão
do “70 X 7”:
“Pedro ficou preocupado também, certo dia. Perguntou ao Senhor: “Quantas vezes tenho que
perdoar o meu irmão — sete vezes?” “Não”, Jesus respondeu. “Não sete vezes, mas setenta vezes
sete. Quatrocentos e noventa vezes.” Um dos evangelhos fala a respeito do perdão “num dia”
(Lucas 17:4). Falei: “Senhor, 490 vezes, para uma pessoa num só dia! Por certo ela deve ser mau
elemento para fazer tantas coisas erradas.” Para perdoar alguém 490 vezes em dezesseis horas
(nas oito horas restantes estou dormindo e portanto estou bem feliz) significa 30 vezes por hora, ou
uma vez de dois em dois minutos! É uma tarefa de tempo integral! Você acha que existe alguém tão
perverso que seja necessário perdoá-lo trinta vezes por hora? Sim - seu marido! Sua esposa, seus
filhos! Temos que praticar isto em casa. Suas orações não estão sendo respondidas? Experimente
isto, da próxima vez que for orar. Se tiver algo contra alguém, perdoe. E não tem importância quem
é este alguém. Jesus não qualifica que tipo de pessoa. Se você tiver alguma coisa contra alguém. Eu
já tive que perdoar pessoas que nem sabia quem eram, de onde vieram, o que são — eu
simplesmente tive que perdoá-las.”
Essa é uma realidade. Muitas vezes, as pessoas mais difíceis de perdoarmos são as mais próximas a
nós. E tem uma pessoa que talvez seja a mais difícil de todas – eu mesmo! Você já falou a si mesmo: “Eu
não me conformo, não aceito que fiz isso, não me perdoo por isso!”? Se você não se perdoar ficará sempre
preso ao seu passado.
Paulo relata um pouco da sua história de vida em Filipenses 5:
“...circuncidado no oitavo dia, da descendência de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus;
quanto à lei, fui fariseu; quanto ao zelo, persegui a igreja; quanto à justiça que há na lei, eu era
irrepreensível. Mas o que para mim era lucro, passei a considerar perda, por amor de Cristo. Sim, de
fato também considero todas as coisas como perda, comparadas com a superioridade do
conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, pelo qual perdi todas essas coisas. Eu as considero como
esterco, para que possa ganhar Cristo; (...) Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado;
mas faço o seguinte: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que
estão adiante...” (vs.5-8, 13) (Grifos nosso)
Quando Estevão estava sendo apedrejado, Paulo estava lá presente apoiando. Ele tinha suas mãos
sujas do sangue daqueles irmãos a quem perseguia e matava. Mas, o que ele fez a esse respeito? Deixou
para trás! Se perdoou! Ele conheceu, aceitou, recebeu a misericórdia e o perdão de Deus em sua vida!
Uma moça de família cristã saiu da sua casa para trabalhar e estudar em outra cidade. No trabalho,
um homem casado começou a assediá-la, fazendo muitas promessas, até que conseguiu seduzi-la. Mas,
após conseguir seu objetivo, ele não olhou novamente para ela. Essa moça ficou muito mal, doente e
voltou para sua casa. Teve problemas na coluna, passou por várias cirurgias e só caminhava com andador.
Certo dia, conversando com um pastor, esse lhe perguntou: “Você pediu perdão a Deus por esse pecado
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que cometeu?” “Sim”, respondeu ela. “Você crê que Deus lhe perdoou?” “Sim, eu creio!” “Você pediu
perdão a seus pais e crê que eles a perdoaram?” “Sim”, disse ela. Mas ele discerniu que ela não conseguia
perdoar a si mesma. Então, com muito choro e lágrimas, ela foi conduzida a se perdoar. Naquele mesmo
momento seu semblante mudou, ela se colocou em pé e começou a pular de alegria, completamente
curada. Estava presa pela falta de perdão e foi curada.
Muitos também não conseguem perdoar o próprio Deus. Se perguntam: “Por que essas coisas só
acontecem comigo? Por que os outros são mais abençoados do que eu?” Mesmo sem perceber, estão
magoadas com o Senhor; parece que Ele não foi justo com elas. Às vezes, uma criança perde seus pais e
alguém lhe diz: “Papai do Céu os levou para Ele”; assim, a possibilidade dela ficar com mágoa de Deus é
muito grande. É óbvio que o Senhor não precisa do nosso perdão, mas, se está difícil de entender ou
aceitar determinadas situações da vida, vamos “perdoá-Lo”. Não entendemos os motivos, mas “O
perdoamos”!
A chave para entendermos essa questão está em Romanos 8:28: “Sabemos que Deus faz com que
todas as coisas concorram para o bem daqueles que o amam, dos que são chamados segundo o seu
propósito.” Muitas vezes não conseguimos enxergar algum “bem” quando algo ruim nos acontece, mas
precisamos nos agarrar a essa palavra. “Senhor, eu não estou entendendo porque Tu estás permitindo isso
na minha vida, mas eu aceito e recebo como algo bom e proveitoso, porque o Senhor é bom, é Pai e não
falha, não erra!”
Então, essas três coisas – perdoar aqueles que nos feriram, perdoar a si mesmo e perdoar a Deus –
são fundamentais para nossa cura e saúde espiritual. José passou por inúmeras frustrações: foi vendido
como escravo pelos seus irmãos, foi preso, injustiçado, traído, sofreu por 17 anos até Deus mudar
totalmente sua situação. Mas, quando encontrou-se com seus irmãos, ele os perdoou (Gênesis 45). Ele
entendeu que seus irmãos de fato lhe fizeram mal, mas o Senhor estava por trás de tudo, providenciando
salvação para toda sua família por seu intermédio. Inclusive, ajudou seus irmãos a se perdoarem pelo mal
que cometeram. Perdoou-os totalmente, mesmo tendo passado 17 anos desde que tudo aconteceu.
Anos depois, após a morte de Jacó, os irmãos de José temeram que agora ele se vingaria deles, mas
ele voltou a renovar seu perdão: “José lhes respondeu: Não temais. Por acaso estou no lugar de Deus?
Certamente planejastes o mal contra mim. Porém Deus o transformou em bem, para fazer o que se vê neste
dia, ou seja, conservar muita gente com vida.” (Gênesis 50:19,20). Ele já havia tomado essa decisão desde
que fora vendido por eles como escravo e permaneceu firme nesse propósito até o fim da sua vida.
Também temos o exemplo de Jó, que orou pelos seus amigos e os abençoou mesmo após tudo o
que lhe falaram. Depois disso ele foi curado e restituído duas vezes mais de tudo o que antes possuía (Jó
42:10). Com certeza não foi fácil para Jó fazer isso, mas sua sorte foi mudada quando o fez. Se você acha
que não tem ninguém para perdoar, examine seu coração para ver se consegue pedir a Deus que abençoe
a todos com quem se relaciona. Esse é o teste maior e final.
Deus quer mudar a sua vida, curá-lo, libertá-lo e abençoá-lo por completo. Mas, para isso, você
precisa liberar perdão àqueles que lhe ofenderam ou prejudicaram e, da mesma forma, pedir perdão
àqueles para quem fez o mesmo. Perdoe as pessoas, perdoe a si mesmo, perdoe o Senhor. Não deseje mais
vingança e, sim, o bem a todos. Tire todo o sentimento de amargura do seu coração e ore, interceda,
abençoe essas pessoas, pois o Senhor já lhe perdoou antecipadamente e totalmente muito mais do que
você merecia. Amém!
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UMA VIVA ESPERANÇA
Harold Walker
A
ntes de iniciar esse tema, sinto uma palavra para a igreja sobre o desânimo. O livreto intitulado
“Defesa Contra o Desânimo”, de Derek Prince, confirma o que vou falar. Deus tem falado com esta
igreja e com muitas outras no Brasil sobre a questão da transformação da nossa mente, e que é a Palavra
de Deus que opera essa transformação.
Billy Graham, viúvo de 98 anos e um dos maiores evangelistas de todos os tempos, escreveu (com
94 anos) o livro “A Caminho de Casa”. Ele diz no livro que sempre o ensinaram como morrer, e ele mesmo
se encarregou de ensinar a outros que “cristão morre alegre porque vai estar com Jesus”. Porém, ninguém
o ensinou como é difícil ficar velho. Apesar disso, o livro não é desanimador, mas mostra os desafios da
doença, da solidão, do sentimento de inutilidade e o caminho para tudo isso. Por exemplo, ele fala sobre
como tratar os netos, como não desistir da vida, etc. Billy Graham é um homem de Deus que está vivendo
isso há muito tempo e sem a esposa querida, que morreu há anos. Paulo dizia que morrer e estar com Jesus
é muito melhor, mas este homem de Deus está totalmente sozinho, solitário, cheio de doenças e com
vontade de partir para estar com Jesus.
No seu aniversário de 98 anos (na ocasião usava cadeira de rodas e balão de oxigênio), dirigiu um
assunto para Max Lucado sobre o seu funeral. Seu pedido me tocou profundamente, porque fico muito
alegre em saber que há pessoas assim. Ele disse: Eu não quero que falem meu nome no funeral, eu quero
que falem de Jesus. Eu não sou “o cara”, ele é! Tal atitude é de valor inestimável.
O motivo porque estou falando isso é que no livreto “Defesa Contra o Desânimo”, Derek Prince diz
ter estado em uma pregação de Billy Graham em 1954 e o ouvido dizer: “Deus não pode usar um crente
desanimado”. Prince ficou chocado com essas palavras, uma vez que ele próprio sofria de depressão. Ele
diz no livreto: “Isso é injusto! Além de eu estar desanimado e deprimido, ele vem falar que Deus não pode
me usar?” Billy Graham usou Gideão como ilustração. Quando o Anjo lhe apareceu, ele só exclamava: “Ai,
ai!” Gideão era o desânimo em pessoa.
Deus não pode usar uma pessoa desanimada, mas ele não a manda embora nem a rejeita. Ele
anima o desanimado! Ele não pode usar o desanimado porque este está numa posição que é de Satanás,
isto é, ele não está com sua mente transformada, antes, está no terreno de Satanás, que tem acesso à essa
pessoa. Ao entrar em desânimo, a pessoa entra no território de Satanás e é ele que manda ali. É por isso
que Deus precisa, primeiro, animar o desanimado para só depois usá-lo.
“Ó homem valente!” – disse o Anjo a Gideão. Gideão estava escondido malhando o trigo e com
medo. Como podia ser valente? Ele deve ter olhado para os lados procurando a pessoa para quem o Anjo
pronunciara tais palavras. Mas o Anjo disse: “Você é o homem valente!” A Bíblia está cheia de pessoas as
quais Deus chamou e que se esquivaram dizendo: “Eu não, Senhor!” Moisés e Jeremias falaram assim, mas
Deus lhes disse: “Não fale as
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