A BÍBLIA E MISSÕES CARRIKER, Timóteo Charles. Missão integral: Uma teologia bíblica. São Paulo: SEPAL, 1992. O autor tem todas as qualificações para o que se propões realizar – uma teologia autenticamente bíblica sobre missões. Ele participou de vários projetos no Brasil de crescimento e expansão de igrejas bem como capacitação de liderança nesta área. Foi diretor acadêmico de uma instituição no norte do Rio de Janeiro especializada em missões, a primeira em treinamento longo na América Latina. Serviu no Instituto Mackenzie como presidente do departamento de teologia pastoral em São Paulo onde ainda hoje continua dando conferências quando convidado. Seu interesse sempre foi concentrado nas fundações bíblicas para a missão e contribuições das ciências sociais ao desenvolvimento de contextual local. Ele é o autor de quatro livros e de vários artigos, o editor de sete volumes e coordenador da tradução de dois livros, tudo dentro da língua portuguesa. Atualmente está com a igreja presbiteriana independente do Brasil trabalhando com pesquisa e escrevendo materiais de recurso da missão para a igreja e para o treinamento de candidatos latino-americanos para o serviço da missão. Sua formação 1975, B.A. na religião na Universidade do Note da Carolina em Charlotte, 1978, M.Div. em Gordon-Conwell Seminário de Teologia, 1987, th.M. em Missiologia na Escola de Missões do Mundo, 1994, Ph.D. Além de outros cursos e títulos adquiridos. A divisão do seu livro obedece ao Antigo Testamento e o Novo Testamento. Após a introdução a ênfase recai em Gênesis que se torna a sua base conceitual com os capítulos 2, 3 e 4. Os capítulos seguintes tratam de Êxodo - Josué (cap.5), profetas anteriores (cap. 6), os escritos (cap. 7) e os profetas posteriores (cap. 8). A transição para o Novo Testamento se dá através do capítulo 9, que é uma síntese de tudo o que apresentou. No Novo testamento, após a introdução (cap.1), o autor desvenda o conceito de missão nos evangelhos (cap.2), a missão de Paulo (cap. 3), fornece um tratamento prático com a primeira carta de Pedro (cap. 4), discute a missão frente à escatologia (cap. 5) e sintetiza no cap. 6. O autor procura apresentar as bases da vocação missionária da igreja ao longo da história bíblica. Procura ainda convidar os leitores para uma reflexão acerca da missão de Deus e da missão da igreja, tendo as Escrituras como base referencial. Seu objetivo é ressaltar as diversas dimensões, na palavra de Deus, da identidade e tarefa missionária do povo de Deus. No Antigo Testamento Javé é o Deus soberano sobre toda a sua criação. Esta imagem de Deus está no coração do Novo Testamento também. Um Deus soberano e misericordioso é o ator último das parábolas de Jesus. É este Deus salvador que alcança além das leis judaicas. Sua 1 aproximação do homem exige a atitude de conversão. O seu reino tem um escopo universal até cósmico. Os marginalizados, mulheres, samaritanos, e gentios recebem a misericórdia de Deus. Deus tem um plano salvífico que alcança tanto judeu quanto gentio, e Ele vai cumpri-lo. A confiança no cumprimento do seu plano dá a igreja motivação para perseverar até o fim. A igreja, contudo, não fica passiva em relação à soberania de Deus. Reconhecer que a missão é essencialmente de Deus, missio Dei, não significa que a participação da igreja na evangelização mundial tem pouca significância. Muito pelo contrário, a missio Dei exige os missiones eclesiae. São praticamente dois lados da mesma moeda. O Deus da Bíblia é o Deus que age na história. Não é principalmente apresentado como um conceito ou idéia, uma doutrina que podemos elaborar. Ele é, acima de tudo, pessoal e age nos eventos e experiências concretas das nossas vidas. Deus não se restringe a uma dimensão mística da nossa vida. Atua através do êxodo, do dilúvio e do cativeiro no Velho Testamento, todos eventos históricos até "seculares". Ele atua através da vida humana do seu filho Jesus, através da sua morte e ressurreição, eventos bem visíveis que fazem parte da nossa história. É na nossa história humana que Deus se revela e o faz com movimento para frente. Percebemos, através da história, a sua conclusão. Assim, a perspectiva cristã da história é essencialmente escatológica. A humanidade está indo na direção do cumprimento, julgamento e salvação, e este movimento entrou na sua fase final com a ressurreição de Cristo. Hoje é o dia da salvação. Este é um livro desafiador e certamente uma importante fonte de pesquisa para estudantes de quaisquer áreas. Especialmente para entende como mesmo fora da área técnica da teologia, o fazer missões acontece, ou seja, descobrir como a importante tarefa missionária se desdobra diante da multifacetada vida contemporânea. Na versão de 2000 o autor procurou apresentar uma formulação de capítulos mais didática, utilizou-se de menos linguagem técnico-missiológica e tratou as discussões político-culturais como periféricas (questões como o feminismo, a teologia da libertação etc., em alguns casos foi abrandada e,em outros, totalmente retirada). O falta modelos de missão plenamente adaptados a contemporaneidade só aumentam a importância desta leitura. 2