CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA E GEOCRONOLOGIA DE ORTOGNAISSES ITACAIU, FAIXA PARAGUAI NA REGIÃO DE COCALINHO, LESTE DE MATO GROSSO 1 i UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO Reitora Maria Lucia Cavalli Neder Vice-Reitor Francisco José Dultra Solto Pró-Reitora de Pós-Graduação Leny Cavelli Anzai INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA Diretor do ICET Carlos Antônio Dornellas DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS Chefe Jackson Douglas Silva da Paz Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Geociências Rúbia Ribeiro Viana 2 ii CONTRIBUIÇÕES ÀS CIÊNCIAS DA TERRA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO N° 06 iii3 CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA E GEOCRONOLOGIA DE ORTOGNAISSES ITACAIU, FAIXA PARAGUAI NA REGIÃO DE COCALINHO, LESTE DE MATO GROSSO Jamil Xavier dos Santos Orientadora Profa. Dra. Rúbia Ribeiro Viana Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geociências do Departamento de Geologia da Faculdade de Geologia da Universidade Federal de Mato Grosso como requisito parcial à obtenção do Título de Mestre em Geologia, Área de Concentração: Geologia Regional e Recursos Minerais CUIABÁ, 2008 iv 4 Universidade Federal de Mato Grosso – http://www.ufmt.br Instituto de Ciências Exatas e da Terra – http://www.ufmt.br Departamento de Recursos Minerais – http://www.ufmt.br/Icet/geologia Programa de Pós-Graduação em geociências – http://www.ufmt.br/Geociencias Campus Cuiabá – Avenida Fernando Corrêa, s/nº - Coxipó 78.060-900 – Cuiabá, Mato Grosso Fone: (65) 3615-8000 – Fax: (65) 3628-1219 – E.mail: [email protected] Os direitos de tradução e reprodução são reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser gravada, armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada ou reproduzida por meios mecânicos ou eletrônicos, ou utilizada sem a observância das normas de direito autoral. Depósito Legal na Biblioteca Nacional Edição 1ª Catalogação elaborada pela Biblioteca Central do Sistema de Bibliotecas e Informação – SISBIB –Universidade Federal de Mato Grosso Santos, Jamil Xavier dos Caracterização geoquímica e geocronólogia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa Paraguai na região de Cocalinho-leste de Mato Grosso [manuscrito]. /Jamil Xavier dos Santos – 2008 xiv, 39f.; il. Color; grafs.; tabs.; mapas (Contribuições às Ciências da Terra, vol. X n. X). Orientadora: Prof(a). Dra. Rúbia Ribeiro Viana Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Mato Grosso. Instituto de Ciências Exatas e da Terra. Departamento de Recursos Minerais. Programa de Pós-Graduação em Geociências. Área de Concentração: Geologia Regional e Recursos 1.Geoquímica 2. Geocronologia 3. granitos tipo-A 4. Cocalinho 5. Mato Grosso CDU: ... v5 Dedicatória Dedico este trabalho a os meus pais e a minha esposa Vânia Valesca com muito carinho e afeto . 6vi Agradecimentos Agradeço a Deus primeiramente por te me dado força em todos esses anos de muito trabalho e dedicação. Agradeço a minha orientadora Doutora Rúbia Ribeiro Viana pelas suas cobranças e discussões diárias sobre questões relativas ao bom andamento do trabalho. Agradeço a Professora Dra Gislaine Amores Battilani pela paciência na revisão de texto e nas diversas discussões dos dados, pois fico muito grato. Agradeço a minha família em especial a minha esposa que sempre esteve ao meu lado nos momentos difíceis, Agradeço aos meus pais Quintiliana e João Reis, pelo incentivo e apoio em todo momento de minha caminhada. Agradeço aos professores doutores Ana Claudia Dantas, Amarildo Salina Ruiz e Maria Zélia Aguiar, pelas discussões sobre geoquímica e geocronologia Agradeço ao professor João Batista Matos e ao Geólogo Gerçino da Metamat por terem acompanhado em uma etapa de campo. Agradeço também aos alunos da pós-graduação pelo companheirismo na realização dos trabalhos referentes a seminários e pela amizade adquirida todo esse período que estivermos juntos. Agradeço a Mrs: Vera (secretária) pelas cobranças diárias para o fechamento do trabalho. Agradeço aos alunos da graduação que me ajudaram na etapa de campo. Enfim agradeço a todos com carinho e esterno a minha gratidão. vii7 SUMÁRIO CAPITULO I .............................................................................................................. 14 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 14 I.1 - INTRODUÇÃO .............................................................................................. 14 I.2 - OBJETIVOS .................................................................................................. 15 I.3 – LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO.......................................................... 15 I.4 - MATERIAS E MÉTODOS ............................................................................. 16 I.4.1 - Etapa Preparatória .......................................................................................... 17 I.4.2 - Etapa de Campo ............................................................................................. 17 I.4.3 – Etapa de Laboratório ...................................................................................... 17 I.4.4- Etapa de Tratamento e Sistematização dos Dados ......................................... 19 CAPÍTULO II ............................................................................................................. 20 CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL .................................................................... 20 II.1 - INTRODUÇÃO ............................................................................................. 20 II.2 - PROVÍNCIA TOCANTINS ........................................................................... 20 II.3 - ARCO MAGMÁTICO DE GOIÁS ................................................................. 22 II.4 - FAIXA PARAGUAI ....................................................................................... 23 II 4.1 - Complexo Ponta do Morro ........................................................................ 25 CAPITULO III ............................................................................................................ 26 ESTUDOS PETROGRÁFICOS E ............................................................................. 26 ESTRUTURAIS PRELIMINARES ............................................................................. 26 III.1 - INTRODUÇÃO ............................................................................................ 26 III.2-Caracterização Petrográfica das Rochas do Grupo Cuiabá ......................... 26 III.2.1-Metapelitos ...................................................................................................... 26 III.2.2-Quartzitos ........................................................................................................ 28 III.2.3-Deformação e Metamorfismo das rochas do Grupo Cuiabá ........................... 30 III.3 - GRUPO ALTO PARAGUAI ......................................................................... 31 III.3.1 - Caracterização litológica e petrográfica da Formação Araras ....................... 31 III.4 – ROCHAS GRANÍTICAS DEFORMADAS................................................... 32 III.4.1 – Caracterização dos Otorgnaisses Itacaiu ..................................................... 33 III.4.2 - Deformação e Metamorfismo dos ortognaisses Itacaiu................................. 35 CAPITULO IV ............................................................................................................ 38 ARTIGO SUBMETIDO .............................................................................................. 38 CAPITULO V ............................................................................................................. 62 CONCLUSÕES ......................................................................................................... 62 CAPITULO VI ............................................................................................................ 63 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... vii 63 8 Listas de Figuras Figura 1- Mapa de localização da área estudada leste de Mato Grosso e sul do município de Cocalinho. Modificado de Mapa Rodoviário de Mato Grosso 2002 ..... 16 Figura 2- Mapa Geológico da Província Tocantins e a localização da área de estudo. Modificado de Fuck et al. 1994.................................................................................. 21 Figura 3 - (A) Metapelito do Grupo Cuiabá; (B) Cava feita por garimpeiros onde afloram os metapelitos; (C) Intercalação de siltito e areia fina demarcando o acamamento original da rocha e sua laminação horizontal. ...................................... 27 Figura 4: Fotomicrografia de amostras de metapelitos: (A) orientação dos minerais de sericita formando a foliação Sn (B) intercalação de areia fina e camada siltosa formando o S0 da rocha (C) clivagem de crenulação nos metapelitos do Grupo Cuiabá. (Nicóis cruzados, objetiva de 40) ................................................................. 28 Figura 5: (A) Afloramento de quartzito (B) Morros alinhados de direção NE dos quartzitos do Grupo Cuiabá (C) Acamamento original dos quartzitos do G. Cuiabá com valores de atitude de 120/45 (D) Foliação Sn nos quartzitos do G. Cuiabá essas foliações estão sempre paralelas a o S0 da rocha. (E) Estratificação Cruzada de pequeno porte nos quartzitos do Grupo Cuiabá. (F) Veios de quartzo cortando a rocha quartzíticas do Grupo Cuiabá. ......................................................................... 29 Figura 6: Fotomicrografias mostrando em: (A) contatos poligonizados nos quartzitos do Grupo Cuiabá formando uma textura em mosaico (B) Ripas de muscovita deformadas por compactação mecânica. (Nicóis cruzados, objetiva de 40x) ........... 30 Figura 7: Evidências de foliação Sn paralela ao S0 e posterior surgimento de uma clivagem de crenulação Sn e lineação mineral ln+1. (nicóis cruzados, objetiva 40x) 31 Figura 8: (A) Fotomicrografia de rocha carbonática mostrando cristal de dolomita euédrica envolvida por sílica fibrorradiada (nicóis cruzados, objetiva 20X). (B) Veio de material silicoso na forma de sílica fibrorradiada na borda e na porção interna ocorrem minerais de quartzo recristalizado com textura em mosaico (nicóis cruzados, 20X). (C) Detalhe da fotomicrografia B em nicóis descruzados e cruzados (objetiva 40X). ........................................................................................................... 32 Figura 9: (A) Formas aflorantes dos Ortognaisses Itacaiu (B) Amostra de granito deformado itacaiu mostrando lineação de estiramento mineral. ............................... 34 Figura 10: Fotomicrografias de: (A) Feldaspato Alcalino do tipo microclina; (B) Plagioclásio do tipo oligoclásio; (C) Piroxênio (aegirina) de cor verde mostrando uma clivagem perfeita de 90 graus, associada a cristais de biotita; (D) Anfibólio do tipo riebeckita com cor azul característica. ...................................................................... 35 Figura 11: Estereogramas para pólos de foliação Sn, dos Ortognaisses Itacaiu. .... 36 9 Figura 12: Estereogramas para pólo de foliação Sn, dos quartzitos e meta pelitos do Grupo Cuiabá. ........................................................................................................... 37 Figura 13: Bloco de diagrama mostrando direção de lineação e .............................. 37 Listas de Figuras do Artigo Figura 1 - Esboço geológico da área de estudo entre a Faixa Paraguai e o Maciço de Goiás, ........................................................................................................................ 40 Figura 02: Mapa Geológico da Província Tocantins e a localização da área de estudo. Modificado de Fuck et al. 1994. .................................................................... 42 Figura 3: Fotomicrografias de: (A) Feldaspato Alcalino do tipo microclina; (B) Plagioclásio do tipo oligoclásio; (C) Piroxênio (aegirina) de cor verde mostrando uma clivagem perfeita de 90 graus, associada a cristais de biotita; (D) Anfibólio do tipo riebeckita com cor azul característica.. ..................................................................... 47 Figura 4: Diagrama de classificação petrográfica de rochas plutônicas no qual estão plotados os dados das análises geoquímicas das amostras estudadas, calculado a partir das proporções catiônicas R1 = 4Si-11(Na+ K)-2(Fe+Ti) e R2 = 6Ca + 2Mg + Al. (Modificado de de la Roche et al., 1980). ............................................................. 49 Figura 5 - Diagramas Harker para ortognaisses Itacaiú, utilizando SiO2 como diferenciador.............................................................................................................. 51 Figura 6: Distribuição dos elementos de terras raras dos ortognaisse Itacaiú, normalizada para dados de: (A) Nakamura 1977 e (B) condrito. .............................. 52 Figura 7: Diagrama de saturação de alumínio, segundo critérios de classificação proposto por Maniar & Piccoli (1989), para as rochas estudadas. ............................ 53 Figura 8 - Diagramas discriminantes de ambiente tectônico de Pearce et al. (1984), para as rochas estudadas. ........................................................................................ 54 Figura 9: Diagrama de classificação dos granitos estudados em relação aos parâmetros Nb-Y-Zr/4, (modificado de Eby 1992). A1 = granitos tipo A derivados de fontes semelhantes às de basalto de ilhas oceânicas; A2 = granitos tipo A derivados da crosta continental. ................................................................................................ 54 Figura 10 e 11: Diagrama Discórdia e Concórdia U-Pb mostrando idade de cristalização dos ortognaisses em aproximadamente idade 667± 8 Ma. Diagrama concórdia U-Pb mostrando a herdada de 815± 35 Ma. ............................................. 57 10 Listas de Tabelas do Artigo Tabela 1: Resultados das análises químicas para elementos maiores (% peso) e elementos menores (ppm) dos ortognaisses Itacaiu. ................................................ 48 Tabela 2: Composição dos Elementos Terras Raras, expressos em ppm, para as amostras estudadas. ................................................................................................. 52 Tabela 3 – Dados Analíticos obtidos para zircão datados com razões 207Pb/206Pb dos ortognaisses Itacaiu. ................................................................................................. 56 Tabela 4 - Síntese da evolução tectônica do Arco Magmático de Goiás, (adaptado de Pimente et al., 2004 e Dantas et al., 2006) citado por Chianiri 2007......................... 58 11 RESUMO O reconhecimento geológico na porção leste de Mato Grosso, a sul do município de Cocalinho, permitiu identificar alguns corpos de granitos deformados, aqui denominados de Ortognaisse itacaiu, além de algumas unidades metassedimentares da Faixa Paraguai (grupos Cuiabá e Alto Paraguai). Não foi possível observar o contato dessas rochas com as rochas da Faixa Paraguai, em função da escassez de afloramentos devido ao intenso processo de pediplanização ocorrido na área. Os ortoggnaisses apresentam cores cinza a cinza escuro, estruturas foliadas, e quando a textura reliquiar está preservada a rocha é porfiritica a equigranular. Apenas um padrão de foliação foi observado nessas rochas com atitudes que variam de 120/25 a 135/80 sempre com mergulho para sudeste. Observou-se também lineações de estiramento mineral contido nesta foliação com atitudes que variam entre 200/10 a 198/10. De acordo com o padrão de foliação e lineação existente na rocha foi possível definir que o movimento que gerou essa deformação foi um movimento obliquo. Essas feições estruturais, quando comparadas com as apresentadas pelas rochas do Grupo Cuiabá, na porção nordeste e noroeste de Cocalinho mostram o mesmo padrão, o que permite inferir que essas duas xiii unidades foram afetadas por um mesmo evento deformacional. Como fase posterior à deformação ocorrem de veios de quartzo com atitudes de 60/90 a 65/90 cortando de forma discordante a foliação. Petrograficamente, essas rochas são constituídas por feldspato alcalino (microclina), quartzo, plagioclásio (oligoclásio), biotita, piroxênio (aegirina), anfibólio (riebekita), além de opacos, titanita, zircão como acessórios e sericita, clorita e epidoto como minerais secundários. Os resultados geoquímicos mostraram que essas rochas apresentam um caráter alcalino e natureza peralcalina. Com relação ao ambiente tectônico, as rochas estudadas apresentam similaridade com granitos pósorogênicos, sendo classificadas como granitos do tipo-A de alto Zr, Y e K2O e baixos teores de Ca, Ba, Sr e Ta, uma forte anômalia de Eu e enriquecimento de terras raras leves e empobrecimento de terras raras pesados. Dados geocronológicos através do método U-Pb mostraram duas idades, uma em aproximadamente 667 Ma, atribuída como idade de cristalização dessa rocha e outra em torno de 815 Ma que pode estar relacionada a herança isotópica. 12 Abstract xiv The geological recognizing in the east portion of the Mato Grosso State, the southern city of Cocalinho, permitted to identify some of the deformed bodies of granites, named of orthogneiss Itacaiu and also some metassedimentary units from the Paraguai Belt (Cuiabá and Alto Paraguai Groups). The contact of these rocks with the orthogneiss wasn’t observed, due to few outcrops present, resulted of the intense process of pediplanization that occurred in the area. The orthogneiss outcrops show grey whitish to dark grey, foliated structure and porfiritic and equigranular texture can be observed when is preserved relic texture. Only a foliation pattern was observed in these rocks with attitudes ranging from 120/25 to 135/80 always diving to southeast. There is also stretching to mineral lineation contained in this foliation with attitudes that range from 200/10 to 198/10. According to the rock foliation and lineation patterns was possible define that was an oblique movement that give the origin to the deformation. These structural features when compared with those show by the Cuiabá Group rocks, at the northeast and northwest Cocalinho, show the same patterns, what probably indicates that these two units were affected by the same deformational event. The posterior deformation face are the quartz veins with attitudes ranging from 60/90 to 65/90 which cute the foliation. The petrography studies showed that the rocks are composed by alkali feldspar (microcline), quartz, plagioclase (oligoclase), biotite, pyroxene (aegirine), amphibole (riebeckite), and also opaque, titanite, zircon as accessories minerals and sericite, chlorite and epidote as secondary minerals. The geochemical result indicates that these rocks present a peralcaline character. The diagrams of tectonic environment using the discriminate elements Y x Nb, Y x Nb x Zr/4 and Y/Nb e show that these rocks are similar to those emplacement post orogenetic and that can be classified as a A-type granite with high Zr, Y, and K2O and low Ca, Ba, Sr and Ta with a strong Eu anomaly. The rocks are rich in light rare elements and poor in hardy rare elements. The geochronology dates by the U-Pb method show two consistent ages, one in 667 Ma, assigned as the crystallization age of rock and another around 815 Ma that could be related to an inheritance isotope. xv13 Santos, J.X 2008 Caracterização Geoquímica e Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa Paraguai. CAPITULO I INTRODUÇÃO I.1 - INTRODUÇÃO A região, alvo deste estudo situa-se na porção leste de Mato Grosso, a sul do município de Cocalinho, limitada pelo Arco Magmático de Goiás a leste e pela Faixa de dobramento Paraguai a oeste. A escolha dessa área é devido à escassez de trabalhos de reconhecimento geológico na região, principalmente na área de estudo onde ocorrem alguns corpos de granitos deformados, definidos como Ortognaisses Itacaiu, devido sua proximidade do vilarejo homônimo. Na literatura, são poucas as informações referentes a existências desses corpos graníticos, sendo que, no mapa da CPRM 1998, estas rochas são interpretadas como parte dos “ortognaisses do oeste de Goiás” e apresentam composição tonalítica. No entanto, não se sabe ao certo a origem desses corpos, bem como sua relação com a Faixa Paraguai ou com o Arco Magmático de Goiás. Esse trabalho vem de encontro com a necessidade de se definir a origem do magmatismo que originou estas rochas, suas idades e suas relações com as unidades da Faixa Paraguai e com o Arco Magmático de Goiás. Esta dissertação consta de 4 capítulos os quais englobam: Capítulo I – Introdução, Objetivo Matérias e Métodos; Capitulo II – Contexto Geológico Regional; Capitulo III – Petrografia e Metamorfismo; Capitulo IV- Artigo submetido; Capitulo VI – Conclusões e, Capítulo VI - Referências Bibliográficas. 14 I.2 - OBJETIVOS Tendo em vista, poucos conhecimentos sobre a geologia da Faixa Paraguai a leste de Mato Grosso, principalmente no limite com o Arco Magmático de Goiás onde afloram alguns corpos de gnaisses em meio à cobertura fanerozóica. Este trabalho vem de encontro com a Santos, J.Xa2008 Caracterização De pois Ortognaisses Faixa .. são necessidade de conhecer melhor origem dessesGeoquímica corpos Geocronologia gnaisssicos, até oItacaiu, momento poucas informações referentes a sua origem, e sua relação com as unidades da Província Tocantins, que é representado pela Faixa Paraguai e o Arco Magmático de Goiás. Portanto torna-se necessário o seu estudo petrográfico, geoquímico e geocronológico, visando alcançar o maior conhecimento da geologia da área e inserir essas rochas em uma dessas unidades tectônicas ou então defini-la como uma unidade nova para a área em apreço. I.3 – LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO A região estudada situa-se na porção leste de Estado de Mato Grosso a 700 km da capital Cuiabá, abrangendo as folhas topográficas de Nova Xavantina e Barra do Garças (escala 1:250.000), a 45 km a sul do município de Cocalinho. O acesso se faz pela BR 364 e BR 070 até Barra do Garças e a partir daí, pela BR 158 até Água Boa, onde então, toma-se a MT 326 até o Município de Cocalinho. Ao sul do município de Cocalinho seque-se pela MT 100 até a divisa com o vilarejo de Itacaiu (Figura 01). 15 Santos, J.X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia De Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. Figura 1- Mapa de localização da área estudada leste de Mato Grosso e sul do município de Cocalinho. Modificado de Mapa Rodoviário de Mato Grosso 2002 I.4 - MATERIAS E MÉTODOS As etapas da pesquisa e os respectivos métodos e materiais empregados para alcançar os propósitos esperados são destacados a seguir. O trabalho foi realizado em quatro etapas: Etapa Preparatória, Etapa de Campo, etapa de Laboratório e Etapa de Tratamento e Sistematização dos Dados. 16 Santos, J.X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia De Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. I.4.1 - Etapa Preparatória Esta etapa consiste da revisão bibliográfica, centrada na evolução do conhecimento geológico da área e de temas de interesse que foram tratados na pesquisa, além de consultas a mapas geológicos, especialmente a Carta Topográfica do IBGE, Folhas Nova Xavantina e Barra do Garças, ambas na escala 1:250.000. As duas cartas topográficas foram utilizadas como base para os trabalhos de campo. I.4.2 - Etapa de Campo Esta etapa consistiu em 3 etapas de campo; A primeira e a segunda etapa de campo corresponderam a estudo geológico regional de áreas adjacentes à área de estudo. As atividades desenvolvidas em campo foram descrição de afloramentos, relação de contato entre os litotipos e suas feições estruturais, além de coleta de amostras para estudo em laboratório. A ultima etapa consistiu no detalhamento dos corpos de ortognaisses itacaiu que ocorrem na área de estudo. As atividades desenvolvidas em campo foram; Descrição de afloramentos, relação de contato entre o litotipos e suas feições estruturais, e coleta de amostras para laboratório, para um posterior estudo petrográfico geoquímico e geocronológico. I.4.3 – Etapa de Laboratório Nessa etapa foram realizadas a seleção e preparação de amostras para os estudos petrográficos, geoquímicos e geocronológicos, bem como a aquisição de dados referentes aos estudos realizados. Análises petrográficas Das amostras coletadas em campo selecionou-se 09 amostras, que foram enviadas ao Laboratório de Laminação Petrográfica DRM - UFMT para a confecção das lâminas delgadas. A descrição microscópica foi feita com o auxílio de um microscópio binocular modelo BX41 17 marca Olympus. Este estudo visou à caracterização mineralógica, feições texturais e estruturais das amostras. Análises geoquímicas As amostras coletadas em campo e selecionadas para estudos geoquímicos foram preparadas no Laboratório Multiusuários de Técnicas Analíticas (LAMUTA) do DRM – UFMT e enviadas para análise no ACMELAB em Ontário, Canadá. A preparação das amostras constou da fragmentação, com uso de marreta até o tamanho aproximado de 1,5 cm e posterior pulverização, com ciclos de 1 minuto para cada amostra, em um moinho de disco da Marca AMEF com panela de carbeto de tungstênio. Após a pulverização as amostras foram enviadas ao ACME para análises, onde foram dosadas pelos métodos de Fluorescência de Raios-X (WDS) para os elementos maiores e menores e ICP-MS para os elementos traços e terras raras. Os resultados obtidos são apresentados e discutidos no capítulo IV. O tratamento dos dados geoquímicos foram realizados com o auxílio do programa Minpet. Análises Geocronológicas Para este estudo foi selecionada uma amostra de aproximadamente 15kg. A preparação ocorreu no laboratório de Preparação de amostra para estudos de geocronologia do DRM/UFMT e, contaram de: Cominuição por marreta e britagem até alcançar o tamanho de 1,5 a 2 cm, pulverização de moinho de disco modelo MAS-2000, Marca AMEF. Após, foi realizado o peneiramento a seco em intervalos de 80 e 170 mesh (0,250 e 0,062 mm). O material passante na peneira de 0,062 mm foi utilizado para separação de minerais pesados. Nesta etapa, fez-se inicialmente remoção de material magnético com auxílio de imã de mão e separação por líquido denso (bromofórmio D = 2,85). Após esta etapa o concentrado de minerais pesados passou por separação magnética em um separador magnético isodinâmico Frantz modelo LB-1 e, finalmente, a fração não magnética foi utilizada para a separação dos cristais de zircão, feita com o auxílio de uma lupa binocular modelo STEMI 2000-C. Nessa fase, foram separados aproximadamente 50 cristais de zircão que foram enviados ao Laboratório de Estudos Geocronológicos, Geodinâmicos e Ambientais do Instituto de Geociências, Universidade de Brasília. As análises foram realizadas em um aparelho modelo ThermoFinnigan Neptune através do método MC-ICP-MS Lasers Ablation (Multi-collector 18 inductively coupled plasma mass spectrometry) acoplado a um sistema laser NewWave de 213 nm, para obtenção de isótopos de U-Pb . I.4.4- Etapa de Tratamento e Sistematização dos Dados Esta etapa consistiu nos tratamentos e sistematização de dados obtidos por meio dos métodos utilizados, através de estudos petrográficos geoquímicos, geocronológicos. A confecção de mapas temáticos (geológico e de localização) foi realizado com auxilio do softwares Arc Giz e CorelDraw. Os resultados geoquímicos obtidos foram tratados com o auxílio de programa para processamento de dados petrológicos Minpet for Windows (versões 2.0 e 2.02, Minpet Geological Software; Richard 1995) e Newpet for DOS (versão 7.10, Newpet Copyrigth Microsoft Corporation; Clarke 1993). O tratamento estatístico dos dados estruturais foi realizado com o auxílio de software específico (Stereonet for Windows). 19 Santos, J.X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia De Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. CAPÍTULO II CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL II.1 - INTRODUÇÃO A área de estudo está inserida entre duas unidades geotectônicas de grande expressão pertencentes à Província Tocantins, a Faixa Paraguai a oeste e o Arco Magmático de Goiás a Leste (Figura 02). O propósito deste capítulo é apresentar um cenário da evolução dos conhecimentos relativos a litoestratigrafia e aos modelos de compartimentação tectônica da Província Tocantins e algumas de suas unidades, em particular, da sua porção sul, que compreende parte dos estados de Mato Grosso e Goiás. II.2 - PROVÍNCIA TOCANTINS A Província Estrutural Tocantins (Almeida 1977) está posicionada entre os Crátons São Francisco e Amazônico, sendo representada por um sistema de orógenos brasilianos caracterizados por cinturões de dobras e empurrões denominados de Faixas Brasília, Paraguai e Araguaia, resultantes da convergência e colisão de três blocos continentais: Cráton do Amazonas, a oeste; Cráton São Francisco, a leste; e Cráton Paranapanema, a sudoeste, o qual segundo Mantovani e Brito Neves (2005), encontra-se encoberto pelas rochas da Bacia do Paraná. A Faixa Brasília ocorre na borda do Cráton São Francisco, enquanto que as Faixas Paraguai e Araguaia e o Arco Magmático de Goiás ocorrem nas bordas do Cráton Amazonas (Pimentel et al. 2000). 20 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia De Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. Figura 2- Mapa Geológico da Província Tocantins e a localização da área de estudo. Modificado de Fuck et al. 1994. 21 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia De Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. II.3 - ARCO MAGMÁTICO DE GOIÁS O modelo que sugere a existência de um arco magmático neoproterozóico no oeste da Faixa Brasília foi apresentado por Pimentel & Fuck (1987). Estes pesquisadores estudaram a origem e evolução de rochas metavulcânicas da região de Arenópolis, sudoeste de Goiás e, posteriormente, expandiram seus estudos às várias unidades gnáissicas, vulcano-sedimentares e graníticas da região. Com a expansão da área estudada Pimentel & Fuck (op.cit) constataram que os dados obtidos indicavam que as rochas estudadas foram geradas a partir da convergência do Cráton Amazônico e de um possível conjunto de microplacas, representado pelo Maciço de Goiás. Esta convergência ocorreu durante o Neoproterozóico, a partir da subducção de crosta oceânica e envolvimento de um arco de ilhas imaturo acompanhado de um magmatismo derivado do manto (87Sr/86Sr < 0,710), gerando corpos sina tardi-tectônicos similares a granitóides calci-alcalinos de regiões orogênicas e corpos póstectônicos ricos em álcalis típicos de estágios finais de eventos orogênicos. Os dados geocronológicos, geoquímicos e isotópicos sugerem que o Arco Magmático de Goiás é resultado de um sistema de arcos de ilhas intraocêanico, caracterizados por tonalitos a dioritos cálcio-alcalinos, e vulcânicas associadas. Estas rochas foram formadas em dois eventos de acreção crustal, o primeiro compreendendo o período de aproximadamente 900 a 800Ma e o outro entre 670 a 600Ma (Pimentel et al. 2004, Laux et al. 2005). Assim, estes autores inferiram que os terrenos do Arco Magmático de Goiás são testemunhos da fase précolisional, com características geoquímicas e isotópicas similares aos modernos arcos de ilhas que ocorrem em ambientes de margem ativa. Laux et al. (2004) embasados em dados isotópicos U-Pb e Sm-Nd descrevem que o primeiro evento de acreção crustal do arco ocorreu em um ambiente intra-oceânico, e o segundo mais provavelmente em um ambiente de margem continental ativa no final da Orogênese Brasiliana. Vários pesquisadores (Pimentel et al. 2000, Dardene 2000, Valeriano 2004) descrevem que o Arco Magmático de Goiás consiste em estreitas faixas de rochas metavulcânicas freqüentemente milonitizadas. Segundo Pimentel 1987 o Arco Magmático de Goiás foi dividido em duas seqüências: Arco de Mara Rosa situado a norte da Província Tocantins e o Arco de Arenópolis, situado no centro sul da Província Tocantins. O Arco de Mara Rosa, inicialmente considerado como uma seqüência greenstone-belts do Arqueano foi redefinido por Ribeiro Filho (1981), como sendo uma seqüência do neoproterozóico devido às discordâncias entre as rochas que compõem o arco e as da faixa 22 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia De Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. Arqueana de Pilar e correlacionou-a com as seqüências vulcano-sedimentares de Palmeirópolis, Indianópolis e Juscelândia, todas pertencentes ao Neoproterozóico. Kuyumjian (1994) destacou que a seqüência Mara Rosa sofreu um processo de cavalgamento por meio da falha de empurrão Rio dos Bois, sobrepondo-a aos terrenos granito-greenstone de Pilar de Goiás-Hidrolina, corroborando com a sugestão de Ribeiro Filho (1981). Pimentel et al. (1993) datou os gnaisses tonaliticos dessa unidade e as rochas metavulcânicas pelo método U-Pb, cujos resultados foram de 856+/- 13 Ma e 862+/-8 Ma, respectivamente, evidenciando a idade neoproterozóico para esta seqüência. O metamorfismo da fáceis xisto-verde alto a anfibolito desta seqüência tem idade de 632+/-4 Ma (Pimentel et al. 1993). Aparentemente o Arco Magmático de Goiás experimentou duas fases de metamorfismo com características distintas: i) alta P/T entre 760-730 Ma, atribuídas à provável colisão do arco com o Cráton do São Francisco; e ii) baixa P/T entre 610-600 Ma, marcando o fechamento da bacia oceânica existente entre os Crátons Amazônico e São Francisco (Junges et al. 2002). Fuck & colaboradores (2001) estudaram tonalito-gnaisse e granitos que ocorrem na porção norte do Arco Magmático de Goiás e apresentaram dados U-Pb de cristais de zircão e Sm-Nd de rocha total. Os dados U-Pb mostraram idade em torno de 850 Ma, foram interpretados como idade de cristalização, enquanto os dados Sm-Nd forneceram idade modelo TDM de 1,3 Ga e valores Nd(t) positivos. Esses dados indicam que essas rochas fornecem as primeiras evidências da continuação do arco para norte, adentrando o estado de Tocantins. Palermo (1996) analisando rochas da mina de Posse (na faixa leste) e outras ocorrências na faixa oeste do arco classificou as rochas anteriormente descritas como metavulcânicas félsicas, como granitos intrusivos póstectônicos e deformados por episódios posteriores. II.4 - FAIXA PARAGUAI A Faixa Paraguai constitui um cinturão móvel do Orógeno Brasiliano e situa-se na porção ocidental da Província Tocantins (Almeida et al. 1977). Esta faixa é caracterizada por uma seqüência de rochas metassedimentares depositadas na borda sul do Cráton Amazonas e leste do Bloco Rio Apa as quais foram deformados entre 550–500 Ma associadas a um magmatismo granítico pós-orogênico (Suíte São Vicente) e intrusões alcalinas (Oliveira & Leonardos 1943, Almeida 1945, Maciel 1959, Oliveira 1964, Vieira 1965, Almeida 1964, 1965, Figueiredo & Olivatti 1974, Ribeiro Filho et al. 1975, Nogueira & Oliveira 1978, Correa et al. 1979, Luz et al. 1980, Schobbenhaus & Oliva 1979, Schobbenhaus & Soares 1979, Araújo 1982, Barros et al. 1982, Almeida 1984, Boggiani 1997). Esta faixa dobrada 23 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia De Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. exibe forma de arco com concavidade para leste-sudeste, orientado NE–SW no seggmento norte e N–S no segmento sul, com extensão de 1.500 km e largura média de 300 km. Estendese desde a região de Nova Xavantina–MT, até o interior da Bolívia (Alvarenga et al. 2000). Segundo Alvarenga et al. (2000), essa faixa apresenta idade deposicional de 600-540 Ma e exibe zonação sedimentar, tectônica e metamórfica, caracterizada pelos compartimentos (de oeste para leste): 1 – Zona cratônica, com estratos suborizontais; 2 – Zona pericratônica, com dobras holomórficas de grande amplitude e extensão; e 3 – Zona bacinal profunda, metamórfica, com dobras e empurrões com vergência para oeste (Almeida 1945, 1964, 1974, Alvarenga & Trompette 1992, 1993, Boggiani 1990, 1997, Alvarenga et al. 2000, Dardenne & Schobbenhaus 2001). As zonas cratônica e pericratônica são repositórias de depósitos sedimentares típicos de bacias rifte e de antepaís, enquanto a zona bacinal é representada por sedimentação de bacia de margem passiva, compostas pelas rochas metassedimentares do Grupo Cuiabá. Essas três zonas foram definidas por Alvarenga & Trompette (1993) como cobertura sedimentar de plataforma, zona externa não dobrada, com pouco ou sem metamorfismo e, zona interna metamórfica com intrusões graníticas. A Zona Interna é na sua maior parte representada pelas rochas do Grupo Cuiabá. As deformações sucessivas que afetaram o Grupo Cuiabá foram inicialmente estudadas no sul da Faixa Paraguai, na região de Bonito-Aquidauana, MS. Nessa região a zona interna foi dobrada por três fases de deformação co-axiais, orientadas ao longo da faixa, com uma vergência dirigida para o cráton (Nogueira & Oliveira 1978, Corrêa et al. 1979). O contato basal dos metassedimentos do Grupo Cuiabá foi citado apenas na região do Alto Araguaia, na localidade de Bom Jardim de Goiás, onde as rochas que possivelmente constituem o prolongamento da zona interna se apresentam em contato tectônico com o embasamento do Maciço Mediano de Goiás (Almeida 1984, Seer 1985, Pimentel & Fuck 1986, 1987). A Zona externa da Faixa Paraguai compreende os sedimentos remanescentes da borda de margem passiva, caracterizados por uma unidade inferior glacio-marinha com sedimentos de natureza turbidítica (Grupo Jacadigo e Formação Puga) e uma unidade plataformal transgressiva carbonática (Grupo Corumba e Formação Araras). Essa seqüência é sobreposta por sedimentação continental de antepaís, representada por extensas coberturas siliciclásticas neoproterozóicas do Grupo Alto Paraguai (formações Raizana e Diamantino), de idade isocronica Rb-Sr de 568 ± 20 Ma, interpretada como a idade da diagênese, e que apresenta apenas os últimos estágios deformacionais do fechamento do orógeno (Bonhomme et al. 1982, Cordani et al1985). Essas rochas foram afetadas pela Orogênese Brasiliana, dando 24 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. origem a dobras abertas cortadas por falhas inversas, sendo que na Província Serrana, que corresponde à zona externa, as rochas foram localmente afetadas por um metamorfismo muito fraco, anquizonal (Alvarenga 1990). II 4.1 - Complexo Ponta do Morro Segundo Sousa (1997) O Complexo Ponta do Morro, constitui uma associação de rochas de caráter dominantemente alcalino, tem como representante do Pré-Cambriano Superior o Grupo Cuiabá, e do Paleozóico Inferior o Granito São Vicente e as Vulcânicas de Mimoso; sobre essas rochas, depositaram-se em discordância litológica, os sedimentos devono-silurianos da Formação Furnas e os Depósitos Cenozóicos. Litotipos de composição granítica, e sienítica levemente supersaturada, se dispõem neste complexo, classificam-se, de acordo com o diagrama QAP, como álcali-feldspato granito, quartzo álcali-feldspato sienito, álcali-feldspato sienito, quartzo sienito e sienito; correspondentes aos granitos peralcalinos e às séries alcalina sódica e alumino-potássica, apresentando características de ambientes intraplacas, da classificação proposta por Bowden et al. (1984). Contexto geotectônico este, também confirmado, através do comportamento de elementos maiores e traços. Os estudos petrográficos e geoquímicos evidenciaram que o Complexo Ponta do Morro é constituído por uma típica associação de granitóides alcalinos, anorogênicos, do tipo A. 25 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. CAPITULO III ESTUDOS PETROGRÁFICOS E ESTRUTURAIS PRELIMINARES III.1 - INTRODUÇÃO O mapeamento geológico regional efetuado a nordeste do Estado de Mato Grosso entre os municípios de Água Boa e Cocalinho permitiu definir a presença de dois Grupos do Neoproterozóico pertencentes a Faixa Paraguai, descrito como Grupo Cuiabá e Grupo Alto Paraguai, além de pequenos corpos de rochas ortognaissicas que afloram de forma aleatória na área. Durante trabalhos de campo para reconhecimento geológico foi possível discriminar algumas unidades que representam a Faixa Paraguai. As unidades reconhecidas em campo pertencem ao Grupo Cuiabá Unidade Inferior e a Unidade Carbonática do Grupo Alto Paraguai, ocorrem à oeste e noroeste do município de Cocalinho nas regiões denominadas como Serra Formosa e Fazenda Salinas e Mina Cavasa. O Grupo Cuiabá é representado por metapelitos e quartzitos, enquanto o Grupo Alto Paraguai é representado na região pela Formação Araras. III.2-Caracterização Petrográfica das Rochas do Grupo Cuiabá Na área de estudo foram reconhecida duas unidades do Grupo Cuiabá, os metapelitos e os quartzitos que são descritos a seguir. III.2.1-Metapelitos Os metapelitos são rochas de cor cinza, marron e marrom-avermelhado, sendo que a cor é dependente do grau de alteração da rocha que varia de médio a alto. Estas rochas são cortadas por veios de quartzo de espessura centimétrica, os quais correspondem a uma fase posterior ao metamorfismo, já que são discordantes da foliação. Estratigraficamente os metapelitos ocorrem sobrepostos aos quartzitos da Unidade Inferior do Grupo Cuiabá. Os afloramentos são escassos, e só podem ser observados em áreas de drenagens intermitentes, cortes de estradas ou em cavas feitas por garimpeiros, sendo que nestes afloramentos é 26 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. possível identificar estruturas primárias preservadas, tais como, laminação horizontal e laminação plana paralela (Figura 03). Figura 3 - (A) Metapelito do Grupo Cuiabá; (B) Cava feita por garimpeiros onde afloram os metapelitos; (C) Intercalação de siltito e areia fina demarcando o acamamento original da rocha e sua laminação horizontal. Microscopicamente essas rochas são constituídas por quartzo, sericita e argila. Os grãos micáceos apresentam-se orientados demarcando o plano de foliação (Sn) da rocha (Figura 04). Observa-se, em lâmina delgada, que os grãos de quartzo apresentam duas frações granulométricas, uma composta por areia fina e a outra por grãos na granulometria silte, as quais demarcam o acamamento da rocha (Figura 04). Ambas as frações mostram-se angulosos a sub-angulosos, normalmente estirados, imersos numa matriz argilosa. Nos níveis compostos pela fração síltica ocorrem lentes onduladas, compostas por grãos de quartzo na fração areia fina intercalados com lentes de argila. O empacotamento é aberto, e a rocha é suportada pela matriz que mostra sinais de alteração para óxidos de ferro. Observou-se na lâmina ripas de sericitas onduladas formando clivagem de crenulação (Figura 04). 27 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia De Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. Figura 4: Fotomicrografia de amostras de metapelitos: (A) orientação dos minerais de sericita formando a foliação Sn (B) intercalação de areia fina e camada siltosa formando o S0 da rocha (C) clivagem de crenulação nos metapelitos do Grupo Cuiabá. (Nicóis cruzados, objetiva de 40) III.2.2-Quartzitos Na área, os quartzitos apresentam cor cinza a cinza esbranquiçada com estrutura maciça ou estratificada e o grau de alteração varia de baixo a médio (Figura 05). Os afloramentos ocorrem sempre em forma de cristas alinhadas com direção para NE (Figura 05), nos quais são observados planos de acamamento (S0) bem visíveis, devido a sua reologia e disposição em campo com atitudes médias de 125/35 (Figura 05). Os planos de foliação Sn com valores de atitudes 123/45 são bem marcados e estão sempre paralelos ao plano de acamamento S0 da rocha (Figura 05). Na base destes afloramentos ocorrem intercalações de níveis pelíticos com níveis arenosos que caracteriza uma passagem gradacional do metapelito para o quartzito. As estruturas primárias ainda preservadas são estratificação cruzada de pequeno porte (Figura 05) e laminação plano-paralela. Duas famílias de veios de quartzo se desenvolveram nos quartzitos a primeira com valores de atitudes de 128/74 e a segunda com valores de atitudes de 300/75 (Figura 05). 28 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia De Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. Figura 5: (A) Afloramento de quartzito (B) Morros alinhados de direção NE dos quartzitos do Grupo Cuiabá (C) Acamamento original dos quartzitos do G. Cuiabá com valores de atitude de 120/45 (D) Foliação Sn nos quartzitos do G. Cuiabá essas foliações estão sempre paralelas a o S0 da rocha. (E) Estratificação Cruzada de pequeno porte nos quartzitos do Grupo Cuiabá. (F) Veios de quartzo cortando a rocha quartzíticas do Grupo Cuiabá. Os estudos microscópicos revelaram que os quartzitos são constituídos essencialmente por aproximadamente 98% de quartzo, além de sericita, muscovita e opacos que perfazem cerca de 2% da rocha. Os grãos de quartzo possuem extinção ondulante, grãos alongados e, na grande maioria, recristalizados e mostrando contatos poligonais, formando textura em mosaico (Figura 06). Os tipos mais freqüentes de contatos observados entre os grãos são do tipo suturado, de arestas e côncavoconvexo. Existe também recristalização de sub-grãos. Observou-se em algumas lâminas duas modas para os grãos de quartzo onde os grãos variam de 2 a 0,25mm. Essa intercalação de grãos maiores e menores corresponde ao acamamento original da rocha e, paralelo a esse acamamento S0 ocorre à foliação Sn evidenciada pela orientação de ripas de muscovita. Na maioria das vezes o empacotamento 29 é fechado, embora tenha sido observado, também, empacotamento aberto com poros preenchidos por Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. cimento de sílica e raramente de óxido de ferro. Figura 6: Fotomicrografias mostrando em: (A) contatos poligonizados nos quartzitos do Grupo Cuiabá formando uma textura em mosaico (B) Ripas de muscovita deformadas por compactação mecânica. (Nicóis cruzados, objetiva de 40x) III.2.3-Deformação e Metamorfismo das rochas do Grupo Cuiabá As rochas pelíticas são marcadas por uma clivagem ardosiana e por uma estrutura foliada/lamina bem proeminente paralela a subparalela a uma estrutura primária sedimentar (S0), além da clivagem de crenulação Sn + 1, cujas atitudes variam de 125/35 a 140/40 (Figura 07). Os indicadores metamórficos observados nos quartzitos do Grupo Cuiabá foram: recristalização de grãos de quartzo, cujas evidências são grãos alongados e orientados, contatos poligonais formando textura em mosaico, extinção ondulante, orientação de palhetas de muscovita. As rochas do Grupo Cuiabá sofreram dois eventos deformacionais, o Evento Deformacional D1 foi responsável pelo aparecimento da foliação (Sn) paralela ao plano de acamamento (S0) e veios de quartzo concordantes e discordantes, posteriores a deformação Sn+1 dando origem a clivagem de crenulação perpendicular a foliação Sn. 30 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. Figura 7: Evidências de foliação Sn paralela ao S0 e posterior surgimento de uma clivagem de crenulação Sn e lineação mineral ln+1. (nicóis cruzados, objetiva 40x) III.3 - GRUPO ALTO PARAGUAI As rochas do Grupo Alto Paraguai presentes na área são representadas pela Formação Araras unidades e são descritas abaixo III.3.1 - Caracterização litológica e petrográfica da Formação Araras São rochas de cor cinza a cinza-avermelhada, coesas, com estrutura maciça a brechada e apresentando níveis de recristalização de calcita e de material silicoso que preenchem fraturas. Suas melhores exposições ocorrem na região denominada de Morro do Calcário próxima das mineradoras Pedra Preta e Mina Cavasa a noroeste do município de Cocalinho. Os morros aflorantes estão sempre alinhados para Nordeste com valores de N35E a N45E coincidindo com o alinhamento dos quartzitos do Grupo Cuiabá, descritos nos arredores do município de Cocalinho. Os calcários brechados silicosos são constituídos de fragmentos angulosos de calcário de cores vermelha e cinza, cimentados por dolomita ou calcita. 31 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. Microscopicamente, os minerais presentes nos calcários do Grupo Araras são calcita e componente terrígenos representados por quartzo recristalizado. Os veios e pequenos poros de dissolução são preenchidos por calcitas recristalizadas e material silicoso, caracterizado como franjas de sílica micro cristalina fibrorradiada. Calcitas mostrando forma anédrica, recristalizada formam textura em mosaico (Figura 08). Os grãos de quartzo, quando presentes, encontram-se recristalizados com contatos poligonais, formando textura em mosaico. Figura 8: (A) Fotomicrografia de rocha carbonática mostrando cristal de dolomita euédrica envolvida por sílica fibrorradiada (nicóis cruzados, objetiva 20X). (B) Veio de material silicoso na forma de sílica fibrorradiada na borda e na porção interna ocorrem minerais de quartzo recristalizado com textura em mosaico (nicóis cruzados, 20X). (C) Detalhe da fotomicrografia B em nicóis descruzados e cruzados (objetiva 40X). III.4 – ROCHAS GRANÍTICAS DEFORMADAS Ao sul do município de Cocalinho, próximo às margens do Rio Araguaia, afloram corpos isolados de rochas gnáissicas, que foram mapeadas pela CPRM como pertencentes os ortognaisses do oeste de Goiás. No presente estudo, estas rochas são denominadas de ortognaisse Itacaiu definido como uma nova unidade litoestratigráfica para a Faixa Paraguai. Este termo foi empregado devido à proximidade dos afloramentos ao vilarejo homônimo no Estado de Goiás. 32 III.4.1 – Caracterização dos Otorgnaisses Itacaiu Os afloramentos dessas rochas se destacam através de lajeados ou pequenos morrotes em meio a pastagens Figura (09). São rochas mesocráticas de cor cinza claro a cinza escuro, com grau de alteração médio, granulação fina a média, com destacada foliação Sn contínua em bandamento gnáissico, formado por níveis de minerais máficos, principalmente biotita e níveis de minerais félsicos como feldspato e quartzo. Na rocha ocorrem lineações de estiramento bem marcado com atitude média de 210/100 (Figura 10). Veios de quartzo de espessura milimétrica a centimétrica estão presentes de forma discordante ao plano de foliação e alguns destes veios estão dobrados. Nessas rochas são freqüentes as presenças de sulfetos disseminados que ocorre paralelo à foliação o que representa que a sua geração devido ao metarmofismo. 33 Figura 9: (A) Formas aflorantes dos Ortognaisses Itacaiu (B) Amostra de granito deformado itacaiu mostrando lineação de estiramento mineral. Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. Microscopicamente, as rochas gnáissicas da área são constituídas por quartzo, feldspato alcalino, plagioclásio, biotita, anfibólio e piroxênio. Deacordo com o diagrama de classificação petrográfica de rochas plutônicas R1 xR2 (Modificado de de la Roche et al., 1980), todas as amostras caíram no campo dos Álcali Granitos. Os minerais acessórios são opacos, titanita e zircão. A porcentagem de quartzo varia de 25 a 30% da rocha e na sua maioria estão recristalizados, extinção ondulante, formando subgrãos, mostrando contatos poligonais, com alguns cristais fraturados e estirados, o tamanho varia de 0.25mm 34 á 1.66mm. O feldspato alcalino descrito é do tipo microclina e correspondem a cerca de 40 a 60% da rocha, podem apresentar textura pertítica e mesopertítica e o tamanhos médio dos cristais é de 0.77mm (Figuras 10). O plagioclásio (oligoclásio) mostra variação entre 10 a 15%. (Figura 10). O piroxênio descrito é o aegirina, apresentando pleocroismo em tons de verde oliva passando para um amarelo (Figura 10), enquanto os anfibólios apresentam pleocroismo em tons azulados, sendo descrito riebekita (Figura 10). As biotitas apresentam forma de palhetas, normalmente deformadas e exibem cores acastanhadas e alguns cristais estão alterando para clorita, evidenciando um retrometamorfimo. Os minerais acessórios são opacos, zircão e titanita. Ocorre ainda alteração do plagioclásio para sericita e epidoto. Muscovita. Os minerais opacos são magnéticos e ocorrem de forma disseminada na rocha. Os minerais acessórios e secundários alcança até 10% em rochas. Figura 10: Fotomicrografias de: (A) Feldaspato Alcalino do tipo microclina; (B) Plagioclásio do tipo Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. oligoclásio; (C) Piroxênio (aegirina) de cor verde mostrando uma clivagem perfeita de 90 graus, associada a cristais de biotita; (D) Anfibólio do tipo riebeckita com cor azul característica. III.4.2 - Deformação e Metamorfismo dos ortognaisses Itacaiu Os indicadores metamórficos encontrados nos ortognaisses Itacaiu foram contatos poligonais entre os cristais de quartzo, estiramento de grãos, extinção ondulante, além da orientação de minerais máficos. A rocha foi submetida a um retrometamorfismo o que é evidenciado pela presença de clorita como produto de alteração da biotita. 35 A principal feição estrutural observada nos granitos deformados é uma foliação Sn bem marcada que varia de baixo a alto ângulo com domínio de baixo ângulo sempre com mergulho para sudeste, com atitudes em torno de 140/20 a 120/70 e contido nesta foliação observou-se também lineações de estiramento mineral, cujas atitudes variam entre 185/10 á 203/11. Essas feições estruturais quando comparadas com as rochas do Grupo Cuiabá, na porção nordeste e noroeste de Cocalinho, apresentam o mesmo padrão, cujas atitudes de foliação variam de 125/35 a 140/70 o que permite definir que essas duas unidades foram afetadas por um mesmo evento deformacional. Junges et al. (2002) descreve duas fases de metamorfismo com características distintas para o Arco Magmático de Goiás, a primeira de alta P/T entre 760-730 Ma, atribuído a provável colisão do arco com o Cráton do São Francisco e a segunda de baixa P/T entre 610-600 Ma, marcando fechamento da bacia oceânica existente entre os crátons Amazônico e São Francisco e provavelmente a colocação desses granitóides se dá entre esses dois importantes episódios que ocorreram no Arco Magmático de Goiás, que pode estar relacionado a uma abertura de crosta. Os estereogramas para pólos da foliação (Figuras 11 e 12), construído com atitudes medidas nos granitos deformados e nas rochas do Grupo Cuiabá, ressaltam o efeito dessa fase de deformação. Comparando os valores de atitudes que representam a lineação de estiramento mineral com os da foliação dos Ortognaisses Itacaiu é possível definir que o movimento que gerou essa deformação foi um movimento obliquo como mostra o bloco diagrama (Figura 13). Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. Figura 11: Estereogramas para pólos de foliação Sn, dos Ortognaisses Itacaiu. 36 Figura 12: Estereogramas para pólo de foliação Sn, dos quartzitos e meta pelitos do Grupo Cuiabá. Figura 13: Bloco de diagrama mostrando direção de lineação e foliação ocorrida nos Ortognaisses Itacaiu. 37 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. CAPITULO IV ARTIGO SUBMETIDO Geoquímica e Geocronologia de Granitóides tipo A da Região de Cocalinho, leste do Estado de Mato Grosso JAMIL XAVIER DOS SANTOS – Programa de Pós Graduação em Geociências - Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, Rua Paranatinga, Q17 numero 01 CPA II – 78050-000 – Cuiabá – MT Telefone (65) 3641 8626, [email protected] RUBIA RIBEIRO VIANA – UFMT - Departamento de Recursos Minerais. Av. Fernando Correa, S/N, Coxipó 68060-900 - Cuiaba, MT – Brasil Telefone: (65) 36158946, [email protected] ANA CLAUDIA DANTAS - UFMT - Departamento de Recursos Minerais. Av. Fernando Correa, S/N, Coxipó 68060-900 - Cuiaba, MT – Brasil Telefone: (65) 36158750, [email protected] AMARILDO SALINA RUIZ - UFMT - Departamento de Geologia Geral. Av. Fernando Correa, S/N, Coxipó 68060-900 - Cuiaba, MT – Brasil Telefone: (65) 36158750, [email protected] GISLAINE AMORÉS BATTILANI - UFMT - Departamento de Recursos Minerais. Av. Fernando Correa, S/N, Coxipó 68060-900 - Cuiaba, MT – Brasil Telefone: (65) 36158946, [email protected] RESUMO Neste trabalho são apresentados resultados preliminares de estudos geoquímicos e geocronológicos de granitos deformados, denominados neste trabalho de Ortognaisse Itacaiu, que afloram na porção leste do Estado de Mato Grosso, a sul do Município de Cocalinho. Os dados geoquímicos de elementos maiores, menores e traços de 09 amostras analisadas, indicaram que essas rochas apresentam um magmatismo evoluído, de composição álcali-granítica, extremamente ácida e diferenciada. Os elevados valores nos conteúdos de Zr e K2O evidenciam que essas rochas têm as mesmas características dos granitos tipo A. Observou-se um enriquecimento dos elementos de terras raras leves (ETRL) sobre os terras raras pesados (ETRP) e acentuada anomalia negativa de Eu, sendo esta última feição, indicativa da evolução por fracionamento de plagioclásio. Os dados geocronológicos mostraram valores aproximados de 815Ma que podem ser interpretados como produto de uma herança isotópica e outro cerca de 667 Ma, interpretado como a idade de cristalização da rocha, sendo portanto inseridas no Neoproterozóico. Novos dados estão sendo realizados para tentar elucidar o posicionamento dessas rochas no contexto regional da área, principalmente em relação ao Arco Magmático de Goiás e a Faixa PALAVRAS CHAVE: Geoquímica, Geocronologia Paraguai, já que as mesmas estão inseridas entre estas duas unidades., Ortognaisse Itacaiu, granito tipo A, Cocalinho, MT 38 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. ABSTRACT In this work are presented the preliminar dates of geochemical and geochronological studies of deformed granite, here named of Itacaiu Orthogneiss, that crop up in the east portion of the Mato Grosso State, the southern of Cocalinho city. Chemical analyzed of none samples were performed in terms of major, minor and trace elements. The chemical information indicates evaluated magmatism and alkali-granite composition, extremely differentiated. The high in the contents of Zr and K2O, shows that the protholit of this rocks is a type-A granite. Also is observed that there is an enrichment of the light earth rare elements in relation to hardy earth rare elements with a strong Eu anomaly. The strong Eu anomaly is typical from plagioclase fractionate. The geochronology dates by the U-Pb method show two consistent ages, one in 667 Ma, assigned as the crystallization age of rock and another around 815 Ma that could be related to an inheritance isotope, being therefore Neoproterozoic age. New dates to elucidate the questions about the geological context of these rocks and their relationship with those from the Arc magmatic of Goias and Paraguai Belt are being performed, already that rocks are between these two units. KEYWORDS: Geochemical, geochronology, Itacaiu orthogneiss, type-A granite, Cocalinho, MT INTRODUÇÃO O arcabouço geológico da área é representado pelas rochas que compõem a Faixa Paraguai e o Arco Magmático de Goiás. A Faixa Paraguai é um cinturão curvilinear situado ao sul do Cráton Amazônico e composto por rochas metassedimentares e metavulcânicas dos Grupos Cuiabá, Alto Paraguai e Formações Puga, Bauxi, Araras e Diamantino (Almeida 1974, Figueiredo & Olivatti 1974). O Arco Magmático de Goiás, definido por Pimentel & Funk (1987) deu-se com a subdução de crosta oceânica e o envolvimento de um arco de ilhas imaturo acompanhado de um magmatismo mantélico que gerou corpos sin- a tardi-tectônicos (granitóides calci-alcalinos, típicos de regiões orogênicas), além de corpos pós-tectônicos ricos em álcalis e típicos de estágios finais de eventos orogênicos. Os dados apresentados são referentes aos estudos petrográficos, geoquímicos e geocronológicos de rochas coletadas na porção leste do estado de Mato Grosso a sul do município de Cocalinho, próximo às margens do Rio Araguaia (Figura 1). Estas rochas são pouco conhecidas e este é o primeiro artigo que aborda o significado tectônico desta unidade nova. 39 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. Figura 1 - Esboço geológico da área de estudo entre a Faixa Paraguai e o Maciço de Goiás, 40 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. Dados preliminares indicam que as rochas estudadas neste trabalho pertencem à suíte de rochas graníticas do tipo A. O termo granito do tipo A foi usado pela primeira vez por Loiselle & Wones (1979) para caracterizar granitóides anorogênicos, anídricos que ocorrem ao longo de zonas de riftes e no interior de blocos continentais estáveis, ou seja, uma definição que engloba termos de ambiente tectônico e características químicas. Eby (1992) subdividiu granitos tipo A em dois grupos quimicamente distintos, o primeiro denominado de A1 seria caracterizado por concentrações de elementos similares àquelas observadas em basaltos de ilhas oceânicas, enquanto que no segundo grupo, A2, as concentrações dos elementos variariam desde aquelas observadas em rochas da crosta continental até basaltos de arcos de ilhas, o que, segundo esse pesquisador, implica em dois tipos de fonte muito distintos, tanto química quanto tectonicamente. Bonin (2007) faz uma revisão sobre a evolução de granitos tipo A, no qual apresenta várias teorias e discussões apresentadas na literatura sobre o tema e deixa claro que estas rochas são alcalinas, enriquecidas em elementos traços incompatíveis, e pobres em elementos traços compatíveis em magmas silicáticos máficos (Co, Sc, Cr, Ni) e feldspatos (Ba, Sr, Eu). Granitos do tipo A são localizados em diferentes localidades, ocorrendo desde a América do Norte até a América do Sul, tanto quanto nos continentes europeu, africano e Oceania e a idade de colocação vai do Arqueano até o recente. Qiu et al. (2005) definem que de acordo com as características químicas e mineralógicas, um granito tipo A pode ser subdividido em dois subgrupos, um aluminoso caracterizado pela presença de minerais ricos em alumínio (espessartita e muscovita rica em Mn) e outro peralcalino que contém riebequita, arfvedsonita e aegirina. Ainda segundo esses autores, granites aluminosos tipo A apresentam menores concentrações de Nb, Zr, Ga, elementos terras raras e das razões FeO*/MgO and Ga/Al que os granitos do subgrupo peralcalino. O objetivo principal deste trabalho foi o de caracterizar as rochas de filiação granítica encontradas na área de estudo, além de procurar responder a questões essenciais para a melhor compreensão da geologia local: São estas rochas prolongamento do Arco Magmático de Goiás? São as rochas estudadas o embasamento das rochas da Faixa Paraguai na região? Ou são unidades mais jovens e estão intrudidas nas seqüências da Faixa Paraguai? ARCABOUÇO GEOLÓGICO A área de estudo está inserida entre duas unidades geotectônicas de grande expressão pertencentes à Província Tocantins, a Faixa Paraguai a oeste e o Arco Magmático de Goiás a Leste (Figura 2) 41 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. Figura 02: Mapa Geológico da Província Tocantins e a localização da área de estudo. Modificado de Fuck et al. 1994. 42 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. Os primeiros pesquisadores a sugerirem a existência a existência do Arco Magmático de Goiás, foram Pimentel e Funk (1987), cuja origem, segundo estes autores, deu-se a partir da convergência do Cráton Amazônico e de um possível conjunto de microplacas, representado pelo Maciço de Goiás, durante o Neoproterozóico. A formação deste arco se deu com a subdução de crosta oceânica e o envolvimento de um arco de ilhas imaturo acompanhado de um magmatismo derivado do manto (87Sr/86Sr<0,710), gerando corpos sin- a tardi-tectônicos, similares a granitóides calci-alcalinos de regiões orogênicas, além de corpos pós-tectônicos ricos em álcalis típicos de estágios finais de eventos orogênicos. O Arco Magmático de Goiás foi dividido em duas seqüências: o Arco de Mara Rosa, situado a norte da Província Tocantis e o Arco de Arenópolis, situado no centro sul da Província Tocantins. O Arco de Mara Rosa foi primeiramente considerado como uma seqüência greenstone-belts do Arqueno (Machado et al 1984, Almeida 1984, Schobbenhaus et al 1984), entretanto Ribeiro Filho (1981) definiu-o como uma seqüência do neoproterozóico e demonstrou a ocorrência de uma discordância entre o Arco de Mara Rosa e a faixa Arqueana de Pilar e correlacionou-o com as seqüências vulcano-sedimentares de Palmeirópolis, Indianópolis e Juscelândia, pertencentes ao Neoproterozóico. Kuyumjian (1994) destacou que a seqüência Mara Rosa sofreu um processo de cavalgamento por meio da falha de empurrão Rio dos Bois, sobrepondo-a aos terrenos granitogreenstone de Pilar de Goiás-Hidrolina, corroborando com a sugestão de Ribeiro Filho (1981). Pimentel et al. (1993) datou os gnaisses tonalíticos dessa unidade e as rochas metavulcânicas pelo método U-Pb, cujos resultados foram de 856 + 13 Ma e 862 + 8 Ma, respectivamente, evidenciando a idade neoproterozóica para esta seqüência. O metamorfismo da fáceis xisto verde alto a anfibolito desta seqüência tem idade de 632 + 4 Ma. Viana et al. (1995), propõem cinco grupos distintos para as unidades litológicas de Mara Rosa: ortognaisses, rochas metavulcânicas máficas, rochas metassedimentares, granitos deformados e corpos intrusivos de composição gabróica e granítica. Portanto, essas interpretações a respeito das rochas que ocorrem na região de Mara Rosa modificaram o papel que elas exerciam de um ambiente greenstone para um ambiente de arco de ilhas. As unidades vulcanossedimentar, gnáissica e os corpos intrusivos, que antes eram interpretadas separadamente, passaram a ser considerados como uma continuidade dentro do processo evolutivo de um ambiente de arco de ilhas. O arco de Arenópolis é formado essencialmente por ortognaisses e seqüências vulcanosedimentares do Neoproterozóico e granitóides pós-orogênicos do paleozóico inferior, que intrudem a crosta juvenil neoproterozóica (Pimentel & Fuck 1992, Rodrigues, 1996, Gioia et al., 1997). Os ortognaisses apresentam granulação média, com presença de hornblenda e biotita na sua composição 43 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. mineralógica, que varia de tonalítica a granítica. Os conteúdos de elementos traços destes ortognaisses apresentam feições típicas de granitóides calci-alcalinos. Os dados U-Pb e Rb-Sr mostram idades entre 900 e 640 Ma para a cristalização e 632 Ma para último evento tectono- metamórfico a que foram submetidas essas rochas. A Faixa Paraguai é um cinturão curvilinear com mais de 1500 km, situada ao sul do Cráton Amazônico, circundando a borda SE desse mesmo craton, é composta por rochas metassedimentares dos grupos Cuiabá, Alto Paraguai e formações Puga, Bauxi, Araras e Diamantino (Almeida 1974, Figueiredo & Olivatti 1974). Pinho (1990) subdividiu o Grupo Cuiabá, individualizando uma seqüência metavulcanossedimentar, que denominou de Nova Xavantina e que foi renomeada por Martinelli & Batista (2003) como Seqüência Araés, que definiram da base para o topo três associações: 1) Meta-Vulcânica, com meta-basalto e meta-tufo na base, seguida por xistos, meta-andesito e lapili-tufo; 2) Química, com formações ferríferas bandadas, filitos carbonáticos e metacherts; 3) Clástica, com meta-siltitos, metaargilitos e quartzitos. A Faixa Paraguai foi subdividida por Lacerda Filho et al. (2001) em dois domínios principais, um de Margem Passiva, apresentando rochas remanescentes de crosta oceânica e o outro domínio correspondente a uma seqüência típica de Bacia de Ante-País. Segundo esses autores, o domínio de Margem Passiva é marcado por uma seqüência de rochas sedimentares, na qual, a base apresenta sedimentos químicos e camadas de filitos carbonosos, indicando ambiente redutor profundo, sugerindo uma posição de talude e distal da margem da plataforma. Esse domínio corresponde ao Grupo Cuiabá. O domínio de Bacia de Ante-País é representado por uma seqüência siliciclástica, na base, que encobre a plataforma carbonática. As rochas desta seqüência foram associadas ao Grupo Alto Paraguai e são constituídas predominantemente por arenitos com estratificação cruzada e arcósios finos a grosseiros (correspondente a Formação Raizama) e por folhelhos vermelhos, siltitos e arcósios, correspondentes a Formação Diamantino. Datação radiométrica Rb-Sr das rochas deste domínio forneceram idade de 568 + 20 Ma que foi interpretada como a idade da diagênese (Bonhomme et al. 1982). Segundo Pinho et al. (2003), as rochas da Faixa Paraguai sofreram deformação entre 500-560 Ma (Orogênese Brasiliana) e foram afetadas por magmatismo granítico pós orogenético (Suíte São Vicente) de idade 504 + 5 Ma. Alvarenga & Trompette (1993), usando os índices de cristalinidade da illita determinaram a evolução metamórfica, identificando quatro episódios sucessivos de deformação progressiva para a faixa, sendo que as três primeiras fases são quase co-axiais com direção NE-SW e o quarto episódio apresenta direção NW-SE. Segundo Sousa (1997) define que os litotipos ígneos do Complexo Ponta do Morro são composição granítica, e sienítica levemente supersaturada, classificam-se, de acordo com o diagrama QAP, como álcali-feldspato granito, quartzo álcali-feldspato sienito, álcali44 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. feldspato sienito, quartzo sienito e sienito; correspondentes aos granitos peralcalinos e às séries alcalina sódica e alumino-potássica, apresentando características de ambientes intraplacas, da classificação proposta por Bowden et al. (1984). Contexto geotectônico este, também confirmado, através do comportamento de elementos maiores e traços. Os estudos O Complexo Ponta do Morro, constitui uma associação de rochas de caráter dominantemente alcalino, tem como representante do Pré-Cambriano Superior o Grupo Cuiabá, e do Paleozóico Inferior o Granito São Vicente e as Vulcânicas de Mimoso; sobre essas rochas, depositaram-se em discordância litológica, os sedimentos devono-silurianos da Formação Furnas e os Depósitos Cenozóicos. petrográficos e geoquímicos evidenciaram que o Complexo Ponta do Morro é constituído por uma típica associação de granitóides alcalinos, anorogênicos, do tipo A. No entanto comparando a unidade nova de ortognaisses encontrados a sul de Cocalinho com os granitos do Complexo Ponta do Morro, definido por Sousa (1977) é possível definir que essas duas unidades apresentam idades de cristalização distintas e composição química semelhantes, colocando os mesmos em ambiente de intraplaca e associação de granitóides alcalinos do tipo A. Outro fator importante o que descarta a origem dessas duas unidades em um mesmo evento magmático é a presença de deformação e metamorfismo nos ortognaisses itacaiu o que não ocorre nas rochas ígneas do Complexo Ponta do Morro. MATERIAIS E MÉTODOS Para o desenvolvimento deste trabalho foram realizadas atividades de campo que envolveram mapeamento e coleta de amostras, estudos petrográficos e geoquímicos de 9 amostras previamente selecionadas e estudos geocronológicos. As amostras geoquímicas foram desenvolvidas no Laboratório ACMELAB pelo método de fluorescência de Raios-X (WDS) para elementos maiores e por ICP-MS para elementos traços e terras raras. As análises geocronológicas foram realizadas em um aparelho modelo Thermo-Finnigan Neptune pelo método MC-ICP-MS (Lasers Ablation (Multicollector inductively coupled plasma mass spectrometry) acoplado com um sistema laser NewWave de 213 nm: para obtenção de isótopos U-Pb em cristais de zircão. 45 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. PETROGRAFIA E METAMORFISMO DO ORTOGNAISSES ITACAIU Os estudos de campo permitiram identificar pequenos afloramentos de corpos graníticos que ocorrem na forma de lajeados ou blocos soltos em meio a uma área pediplanizada, o que impede que se definam as relações de contato dessas rochas com outras seqüências que ocorrem na área. As rochas estudadas são corpos deformados, foliados a isotrópicos, apresentam cor cinza escuro a cinza claro, sendo que a cor é dependente da quantidade de minerais máficos (principalmente, biotita) presentes na rocha. A textura quando preservada é, predominantemente, porfirítica inequigranular de granulometria média a grossa, embora em poucos locais tenha sido identificada textura equigranular de granulometria média. Estas rochas apresentam foliação ao longo da qual ocorre uma lineação de estiramento mineral. A principal feição estrutural observada em campo é uma foliação bem marcada que varia de baixo a alto ângulo com mergulho para sudeste, com atitudes em torno de 140/20 á 120/70 e contido nesta foliação observou-se também lineações de estiramento mineral, cujas atitudes variam entre 185/10 á 203/11. Essas feições estruturais quando comparadas com as rochas do Grupo Cuiabá, na porção nordeste e noroeste de Cocalinho, apresentam o mesmo padrão de foliação, o que permite inferir que essas duas unidades foram afetadas por um mesmo evento deformacional, provavelmente em uma segunda fase de metamorfismo do Arco Magmático de Goiás entre 610-600 Ma, o que, segundo (Junges et al., 2002) marca o fechamento da bacia oceânica existente entre os crátons Amazônico e São Francisco. Ao se comparar os valores de atitudes que representam a lineação de estiramento mineral com os da foliação dos Ortognaisses Itacaiu foi possível definir que o movimento que gerou essa deformação foi um movimento obliquo. Os estudos microscópicos permitiram identificar como principais minerais constituintes feldspato alcalino (microclina), plagioclásio (oligoclásio) (Figura 3), quartzo e biotita, enquanto que piroxênio sódico (aegerina), anfibólio (riebekita) e zircão são os principais minerais acessórios. A percentagem de quartzo varia de 25 á 30% da rocha, sendo que a maioria dos cristais mostram-se recristalizados, com extinção ondulante e alguns cristais estão fraturados e estirados, o tamanho dos grãos varia de 0.25mm á 1.66mm. O feldspato alcalino é do tipo microclina (Figura 3) e a porcentagem este mineral varia de 40 a 60%, alguns grãos exibem intercrescimento pertítico e mesopertítico (Figura 3). A percentagem de oligoclasio varia de 10 a 15%. A Biotita (2 a 8 %) é intersticial, apresenta hábitus tabular e algumas palhetas estão deformadas. Os piroxênios (aegirina), anfibólios (riebekita) (Figura 3), opacos, zircão, titanita, representam a assembléia de minerais acessórios, enquanto que sericita, minerais do grupo do epidoto (epidoto, zoizita e clinozoisita) e clorita são produto de alteração do feldspato e da biotita. 46 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. Figura 3: Fotomicrografias de: (A) Feldaspato Alcalino do tipo microclina; (B) Plagioclásio do tipo oligoclásio; (C) Piroxênio (aegirina) de cor verde mostrando uma clivagem perfeita de 90 graus, associada a cristais de biotita; (D) Anfibólio do tipo riebeckita com cor azul característica.. RESULTADOS E DISCUSSÕES ESTUDOS GEOQUÍMICOS Na tabela 1 são apresentados os resultados das análises geoquímicas para elementos maiores, menores e traços de nove amostras de ortognaisses. As análises são caracterizadas por variação moderada na composição em peso de SiO2 e Fe2O3(total), cuja concentração média, no caso do primeiro, ou seja, do SiO2 é de 77%, sendo o mínimo de 72,64 e máxima de 78,34% (Tabela 1), que correspondem às amostras I-4 e I-9A, respectivamente, enquanto a soma de álcalis variam de 8,27 a 8,9 %. Os demais óxidos, incluindo os álcalis, apresentam pequena variação em suas concentrações, assim como a perda ao fogo, exceto para uma das amostras que apresenta uma baixa concentração de SiO2, quando comparadas com as demais. A alta saturação em sílica reflete um magma de natureza evoluída com composição granítica extremamente ácida e diferenciada. A composição dessas rochas gnáissicas, em relação a concentração dos elementos maiores e menores, mostrado na Tabela 1 e Figura 4 (R1 = 4Si-11(Na+ K)-2(Fe+Ti) e R2 = 6Ca + 2Mg + Al) reflete os aspectos petrogenéticos desses gnaisses, que imprimem a eles uma assinatura de granito tipo A e de composição de um álcali granito. Essa composição, também é observada pelas baixas 47 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. concentrações de CaO e MgO e altas concentrações de álcalis e razões TiO2/MgO de acordo com dados de literatura (Collins et al. 1982, Wallens et al. 1987, Anderson & Bender 1989, Eby 1992, Patino Douce 1997, Bonin 2007). Tabela 1: Resultados das análises químicas para elementos maiores (% peso) e elementos menores (ppm) dos ortognaisses Itacaiu. (% peso) I5A I5B I7B I8A I9A I4 I5 I8 I9 SiO2 77,45 77,79 77,58 77,18 78,34 72,64 75,84 75,19 76,3 TiO2 0,14 Al2O3 11,17 11,09 11,52 11,6 0,13 0,12 0,14 0,13 11 0,45 0,11 0,16 0,12 11,34 11,12 11,12 11,02 Fe2O3 2 1,79 1,78 1,72 1,68 6,29 4,46 4,6 4,31 MgO 0,01 0,01 0,01 0,02 0,01 0,17 0,01 0,03 0,01 CaO 0,22 0,23 0,09 0,21 0,11 0,66 0,14 0,23 0,16 Na2O 3,82 3,87 3,62 3,86 3,6 3,72 3,67 3,86 3,72 K 2O 4,63 4,53 4,7 4,83 4,56 4,49 4,67 4,55 4,52 P 2O 5 0,01 0,01 0,03 0,03 0,01 0,08 0,03 0,02 0,03 MnO 0,03 0,03 0,04 0,03 0,03 0,09 0,04 0,05 0,05 LOI 0,2 0,4 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 0,1 0,4 Total 99,68 99,68 99,9 99,91 99,77 99,63 99,79 99,91 99,83 (ppm) Ba 142 148 189 179 148 269 122 208 141 Rb 113 110 88 112 108 139 107 102 103 Sr 7 6 12 7 4 30 5 7 3 Y 213 205 162 182 167 338 109 239 126 Zr 973 660 475 516 563 1142 551 532 388 Nb 73 43 31 35 37 58 39 36 25 Th 15 8 6 7 8 19 8 8 6 Pb 17 17 13 23 8 22 11 16 12 Ga 26 26 25 27 25 31 26 24 26 Zn 171 164 101 81 39 144 123 83 64 Cu 1 3 1 3 2 4 3 4 11 Ni 7 10 nd nd 10 nd nd nd 8 Cr 479 445 411 479 445 3 3 3 3 Hf 40 23 18 20 19 27 18 17 12 Cs 2 2 nd 1 1 2 1 1 1 Sc nd nd nd nd nd 4 nd nd nd Ta 4 3 2 3 3 3 2 2 1 Co 99 94 78 69 60 92 58 46 39 48 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. Be 5 4 5 4 2 6 4 4 4 U 5 3 2 3 2 5 3 3 2 W 641 573 516 479 384 719 440 321 282 Sn 11 10 6 9 7 12 7 9 6 Au 5 4 5 2 3 4 25 25 24 (Na+K)/Al 2,1 2,1 2,0 2,1 2,0 2,0 2,0 2,1 2,0 Al/(Na+K+ca) 0,85 0,84 0,91 0,86 0,88 0,81 0,87 0,84 0,87 Al/(Na+K) 0,89 0,89 0,93 0,89 0,90 0,93 0,89 0,89 0,90 Fe/Mg 116 104 104 50 98 22 259 89 251 Ti/Mg 14 13 12 7 13 3 11 5 12 10000×Ga/Al 8,7 9,0 8,3 8,9 8,6 10,3 8,9 8,2 8,8 3 5 5 5 4 6 3 7 5 Rb+Th+U+Ta 137,2 124,2 98,5 124 121 166,3 119,7 115,1 111,8 Zr+Y+Ce+Sm+Yb 1397 1095 777 863 903 1927 Y/Nb 811 1081 604,4 Figura 4: Diagrama de classificação petrográfica de rochas plutônicas no qual estão plotados os dados das análises geoquímicas das amostras estudadas, calculado a partir das proporções catiônicas R1 = 4Si-11(Na+ K)-2(Fe+Ti) e R2 = 6Ca + 2Mg + Al. (Modificado de de la Roche et al., 1980). No caso dos elementos traços, exceto a composição do Rb, Ga, Hf e Sn que exibem pequena variação, os demais, especialmente Sr, Y, Ba, Zr, Zn, Cr, W e Au mostram uma ampla variação entre as amostras (Tabela 1). O protólito de granitos tipo-A para essas rochas, também é confirmado pela razão 10000×Ga/Al >2,6 (Whalen et al. 1987). 49 Utilizando a sílica como índice de diferenciação, em diagramas de variação binários Harker (Figura 4), pode-se observar o comportamento dos elementos maiores na evolução magmática dessas rochas. A correlação entre SiO2 versus Al2O3 não é muito clara e parece ter duas tendências. As melhores tendências negativas estão evidenciadas entre SiO2 e TiO2, CaO, Fe2O3, MnO, MgO, (Figura 4). Os diagramas que correlacionam P2O5 e Na2O (Figura 4), não evidenciam um padrão de evolução bem definido, observando um relativo paralelismo entre os pontos que as representam, resultante da maior mobilidade apresentada por estes elementos durante a atuação de processos pós-magmáticos. O único elemento que apresenta uma correlação positiva com a sílica é o K2O o que corrobora a hipótese de uma cristalização mais tardia de biotita e k-feldspato (Figura 5), que pode estar relacionada com a grande quantidade de k-feldspato nas rochas. A correlação negativa entre conteúdos de CaO, F2O3, MnO, MgO, TiO2 e P2O5, quando se contrasta com a concentração de SiO2 pode estar relacionado à redução de minerais como plagioclásio cálcico e minerais máficos, tais como biotita, ilmenita, magnetita, titanita e apatita. 50 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. Figura 5 - Diagramas Harker para ortognaisses Itacaiú, utilizando SiO2 como diferenciador. A análise dos elementos terras raras por serem menos móveis, mostra maior confiança na interpretação petrogenética, quando comparados às dos elementos maiores. Nas amostras estudadas, os 51 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. elementos terras raras, cujas concentrações estão expressas na Tabela 2 evidencia um maior enriquecimento nos elementos terras raras leves (ETRL), sobre pesados (ETRP). Os diagramas da Figura 3, normalizados para condritos, corrobora melhor um único padrão REE, caracterizado pelo enriquecimento ETRL em relação aos ETRP, e evidencia também uma acentuada anomalia negativa de Eu (Figura 6). Todas as amostras seguem o mesmo padrão, exceto a amostra I4 (aquela de menor concentração em SiO2), que mostra uma deficiência em Ce. A forte anomalia negativa de Eu é um indício da evolução por fracionamento do plagioclásio e também é mais uma evidencia de que o protólito das rochas é um granito tipo-A. Tabela 2: Composição dos Elementos Terras Raras, expressos em ppm, para as amostras estudadas. Elemento I4 I5 I5A I5B I7B I8 I8A I9 I9A (ppm) La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb Lu 48.5 125.3 15.79 65.7 14.96 1.16 14.83 2.94 16.92 3.23 10.65 1.67 11.16 1.56 74.4 168 22.74 91.5 22.81 1.81 27.11 5.71 31.50 6.51 20.07 3.24 20.30 2.96 82.2 184.5 25.49 112.3 28.29 2.59 35.87 6.94 36.46 6.90 19.25 2.95 17.70 2.50 44.6 109.5 15.53 67.1 17.03 1.33 20.10 4.15 24.02 4.91 14.67 2.32 13.89 2.06 160.7 244.6 51.78 209.6 47.95 3.74 43.07 7.72 37.46 6.41 19.21 2.64 17.47 2.47 49.0 127.4 16.78 75.7 21.5 2.02 28.23 5.76 31.80 6.16 17.61 2.68 16.10 2.29 27.4 68.4 9.92 40.7 11.08 0.92 14.05 3.01 17.78 3.58 11.02 1.61 10.94 1.51 55.0 137 19.57 81.4 21.71 1.80 25.03 5.06 28.13 5.42 15.78 2.46 14.78 23.19 199.5 369.3 53.26 220.5 46.71 4.01 50.58 9.87 53.53 10.04 30.67 4.47 30.83 4.21 Figura 6: Distribuição dos elementos de terras raras dos ortognaisse Itacaiú, normalizada para dados de: (A) Nakamura 1977 e (B) condrito. 52 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. O caráter peralcalino está demosntrado nessas rochas através da relação (Na + K)/Al que é maior que 2 (Giret et al. 1980, Whalen et al. 1987) e através do diagrama de Maniar & Piccoli (1989), que considera as proporções moleculares (Al2O3/CaO+Na2O+K2O) x (Al2O3/Na2O+K2O), mostrado na Figura 7. O caráter peralcalino, pode ter relação com a presença de feldspato potássico, mesopertita, e também da alta concentração de zircônio que é típico de rochas peralcalina. Figura 7: Diagrama de saturação de alumínio, segundo critérios de classificação proposto por Maniar & Piccoli (1989), para as rochas estudadas. Granitos tipo-A normalmente são formados em ambiente extensional, que é o caso das rochas estudadas, e frequentemente ocorrem em ambiente anorogênico (Barbarin 1999) ou em ambiente pósorogênico, no intervalo de 10 a 20Ma depois de cessada a última orogênese (subducção ou colisão continente-continente) (Eby 1992). A investigação do ambiente geotectônico, feita a partir de diagramas de Pearce et al. (1984) que utilizam os elementos traços, Rb x (Y+Nb) e Nb x Y, como discriminantes (Figura 8) mostra resultados para granitóides intraplaca (intervalo WPG do gráfico). Eby (1992) verificou que a razão Y/Nb é relativamente constante em cada tipo de granito e, assim, poderia ser usado para discriminar ambientes tectônicos, classificando granitos tipo-A em dois subtipos, aqueles cuja relação Y/Nb < 1.2 como sendo intraplaca e aqueles, cuja razão Y/Nb > 1.2, denominados de pós-colisional Figura 9. Para as rochas estudadas, conforme pode ser observado na Tabela 3, esta razão varia de 2 a 7, classificando estas rochas como granitos tipo-A pós-colisionais. 53 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. Figura 8 - Diagramas discriminantes de ambiente tectônico de Pearce et al. (1984), para as rochas estudadas. Nb G ranitos Anorogênicos G ranitos P ós-O rogênicos Y Zr/4 Figura 9: Diagrama de classificação dos granitos estudados em relação aos parâmetros Nb-Y-Zr/4, (modificado de Eby 1992). A1 = granitos tipo A derivados de fontes semelhantes às de basalto de ilhas oceânicas; A2 = granitos tipo A derivados da crosta continental. ESTUDOS GEOCRONOLÓGICOS Dezoito amostras de zircão foram analisadas isotopicamente pelo método U-Pb e os resultados serão apresentados e discutidos abaixo. Descrição das Amostras 54 Morfologicamente, os cristais de zircão apresentam-se euédricos a subédricos, mostrando, na sua maioria, hábito prismático curto e tamanhos variados. As características morfológicas permitiram observar que a relação comprimento/largura é de (2:1) ou (1:1), sendo que a maioria desses cristais Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. encontra-se metamitizados. As cores variam de incolor, amarelo e marrom, sendo comum ocorrer zoneamento interno nos cristais, evidência típica de cristalização magmática. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os dados analíticos obtidos para os zircões são mostrados na Tabela 3, totalizando 28 análises. As razões 207 Pb/206Pb apontam para dois conjuntos de idades. Utilizando as frações de zircão analisadas e corrigidas para chumbo comum, foi montado um diagrama concórdia (Figura 10) que mostra resultado concordante em 815±35 Ma, para o primeiro conjunto de idade, que corresponde, provavelmente, a herança isotópica da encaixante, conforme indicado pela presença de sobrecrescimento nos cristais e, também por este dado ter sido obtido nos centros dos cristais analisados. Um segundo conjunto de dados em torno de 667±35 Ma foi obtido nas bordas dos cristais, conforme diagrama concórdia, apresentado na Figura 11, que pode ser interpretado como idade de cristalização desses granitóides. Na região estudada são poucos os dados geocronológicos, no entanto utilizamos algumas datações executadas no Arco Magmático de Goiás e na Faixa Paraguai, para critério de comparação com a idade obtida dos ortognaisses itacaiu. Os dados geocronológicos estão expressos na Tabela 4. 55 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. Tabela 4 – Dados Analíticos obtidos para zircão datados com razões 207Pb/206Pb dos ortognaisses Itacaiu. Ratio 2s Ratio 1s 2s Ratio 1s 2s 1s 2s Age 1s 2s 1s 2s 7/6* 1s (%) (%) 6/8* (%) (%) 7/5* (%) (%) Age 7/6 (Ma) (Ma) 6/8 (Ma) (Ma) Age 7/5 (Ma) (Ma) Rho 003 Z1 1-14 0,061 1,8 3,5 0,111 2,5 5,1 0,929 3,1 6,2 627,4 37,8 75,6 679,0 16,4 32,7 667,1 15,1 30,2 0,8 04 Z2 1-23 0,067 1,7 3,4 0,128 3,9 7,8 1,191 4,3 8,5 844,8 35,4 70,7 779,3 28,7 57,5 796,4 23,6 47,1 0,9 08 brb 0,079 2,1 4,2 0,119 3,4 6,8 1,291 4,0 8,0 1162,3 41,6 83,2 725,7 23,3 46,6 841,9 22,9 45,7 0,9 08 Z4 0,067 1,3 2,6 0,131 3,1 6,2 1,209 3,4 6,7 827,1 27,3 54,5 796,4 23,2 46,4 804,6 18,7 37,4 0,9 11 Z5 1-19 0,060 4,5 8,9 0,113 5,6 11,1 0,938 7,1 14,3 614,1 96,5 192,9 689,0 36,3 72,6 671,7 35,0 70,0 0,8 12 Z6 0,071 1,8 3,6 0,125 3,6 7,2 1,219 4,0 8,0 945,7 37,2 74,5 760,5 25,7 51,4 809,2 22,4 44,8 0,9 15 Z7 0,095 2,9 5,7 0,122 3,4 6,8 1,583 4,4 8,9 1518,2 53,8 107,7 739,3 23,7 47,3 963,7 27,6 55,1 0,8 16 Z8 0,068 1,5 3,1 0,123 3,3 6,6 1,157 3,6 7,3 866,6 31,8 63,6 750,6 23,3 46,6 780,4 19,8 39,5 0,9 19 Z9 0,065 2,1 4,2 0,131 3,0 6,0 1,180 3,7 7,4 777,9 44,7 89,3 796,0 22,6 45,2 791,3 20,3 40,6 0,8 20 Z10 0,068 1,5 3,0 0,131 2,7 5,5 1,235 3,1 6,3 881,5 30,9 61,7 793,0 20,5 41,0 816,6 17,5 35,1 0,9 23 Z11 0,079 1,5 3,0 0,132 3,3 6,6 1,431 3,6 7,3 1162,2 29,3 58,7 799,7 24,9 49,8 902,1 21,7 43,4 0,9 24 Z12 0,072 2,0 4,0 0,117 3,7 7,4 1,163 4,2 8,5 981,1 41,0 82,0 715,5 25,2 50,4 783,2 23,1 46,2 0,9 27 Z13 0,069 1,3 2,6 0,131 3,6 7,2 1,241 3,8 7,6 893,6 26,9 53,7 792,6 26,8 53,5 819,6 21,5 42,9 0,9 28 Z14 0,063 1,2 2,3 0,110 2,6 5,3 0,959 2,9 5,8 712,4 24,8 49,7 673,6 16,8 33,7 682,6 14,3 28,6 0,9 31 Z15 0,102 3,1 6,3 0,126 3,7 7,4 1,781 4,9 9,7 1663,9 58,1 116,2 767,5 26,9 53,9 1038,6 31,7 63,3 0,8 32 Z16 0,069 2,0 4,1 0,109 3,7 7,3 1,038 4,2 8,4 899,8 42,0 84,1 667,5 23,2 46,5 723,1 21,7 43,4 0,9 Amostras 56 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. Figura 10 e 11: Diagrama Discórdia e Concórdia U-Pb mostrando idade de cristalização dos ortognaisses em aproximadamente idade 667± 8 Ma. Diagrama concórdia U-Pb mostrando a herdada de 815± 35 Ma. 57 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. Tabela 4 - Síntese da evolução tectônica do Arco Magmático de Goiás, (adaptado de Pimente et al., Tabela Resumo da Evolução Tectônico do Arco Magmático de Goiás Ca. 890-800 Ma Formação de sistemas de arcos de ilhas intraoceânicos, caracterizados por rochas vulcânicas cálcio-alcalinas e corpos plutônicos tonaliticos e dioriticos, alguns dos quais com características geoquímicas semelhantes a magmas adakiticos. Ca. 800 Ma Intrusões das séries inferiores dos complexos acamadados da Niquelândia, Barro Alto e Cana Brava, possivelmente em ambiente de rift localizado em ambiente de back arc. 770-760 Ma Metamorfismo de alto grau registrado especialmente nos três grandes complexos acamadados e menos fortemente, no Arco de Arenópolis. Eventos preliminares interpretado como colisão entre a porção norte do Arco de Goiás e a borda do Cráton São Francisco. 760-680 Período de relativa quiescência ígnea. A pequena intensidade da atividade ígnea cálci-alcalina pode representar inclinação rasa da zona de subducção e limitada fusão da cunha do manto sobre esta. 670-600 Ma Período de intensa atividade ígnea e tectônica com alojamento de inúmeros corpos tonaliticos-granodioriticos-granitos e abundantes corpos máficosultramáficos diferenciados, não somente no Arco Magmático de Goiás, como também no Complexo Anápolis-Itauçu. Assim são caracterizados no Arco dois períodos de geração de magmas tonaliticos e acresção crustal. (Junges et al ., 2003, Laux et al., 2004, Pimentel et al., 2004) 630-600 Ma Pico do metamorfismo Brasiliano registrado em todas as rochas da Faixa Brasilia. 600 Ma Soerguimento regional e magmatismo tipicamente pós-orogênico de caráter bimodal. 2004 e Dantas et al., 2006) citado por Chianiri 2007. 58 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. CONCLUSÕES Os dados aqui apresentados permitem concluir que os ortognaisses Itacaiu que afloram nas imediações de Cocalinho são resultado do metamorfismo de uma rocha granítica com assinatura magmática típica de magma granítico do tipo A. Os dados geocronológicos mostraram valores aproximados de 815Ma que podem ser interpretados como produto de uma herança isotópica e outro valor de cerca de 667 Ma, interpretado como a idade de cristalização da rocha. Junges et al ., 2003, Laux et al., 2004, Pimentel et al., 2004, consideram este período de 667 Ma, como um período de intensa atividade ígnea e tectônica com alojamento de inúmeros corpos tonaliticos-granodioriticos-granitos e abundantes corpos máficos-ultramáficos diferenciados, não somente no Arco Magmático de Goiás, como também no Complexo Anápolis-Itauçu. Assim são caracterizados no Arco dois períodos de geração de magmas tonaliticos e acresção crustal. Estes dados merecem ser melhores investigados, inclusive procurando informações sobre qual evento causou as deformações observadas nas rochas, ou seja, qual o último evento metamórfico a que estas rochas foram submetidas. Para responder as 3 perguntas aventadas na introdução, será necessária a realização de outros estudos, já em andamento, e que visam elucidar o posicionamento destas rochas graníticas em relação às outras rochas aflorantes na região o que permitirá concluir o posicionamento tectônico das mesmas. Agradecimentos Este trabalho foi financiado pela CAPES. Os autores agradecem a Maria Zélia Aguiar pelas discussões durante a interpretação dos dados petrológicos. Referências Almeida, F.F.M. de. 1974. Sistema Tectônico Marginal do Cráton do Guaporé. In: SBG, Cong. Bras. Geol, 28, Anais, Porto Alegre, 4: p.09–17. Almeida, F.F.M. de. 1984. Província Tocantins – setor sudoeste, In: ALMEIDA F.F.M. & HASUI, Y. (eds.). O PréCambriano do Brasil, São Paulo, Ed. Blücher. p.: 265-281. Alvarenga, C. J. S. & Trompette, R. 1993. Evolução Tectônica Brasiliana da Faixa Paraguai: A estruturação da região de Cuiabá. Rev.Bras. Geoc., 23:18-30. Anderson J.L. & Bender B. 1989. Nature and origin of Proterozoic Atype,granitic magmatism in the southwestern United States of America. Lithos. 23:19-52 59 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. Barbarin B. 1999. 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X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. CAPITULO V CONCLUSÕES Os trabalhos desenvolvidos permitiram alcançar alguns avanços no contexto geológico da região estudada e também levantaram algumas dúvidas que deverão ser respondidas com o desenvolvimento de outros estudos envolvendo a aquisição de novos dados de campo, petrográficos, geoquímicos e isotópicos. Pode-se concluir que os ortognaisses que afloram nas imediações de Cocalinho são o resultado do metamorfismo de uma rocha granítica com assinatura magmática típica de magma granítico tipo A, sendo que os resultados dos elementos discriminantes que permitem inferir ambiência tectônica mostram limite entre os campos de ambiente pós-orogênico a intraplaca. Mais amostras será analisada para definir melhor esta questão. Não foi possível observar o contato dessas rochas com as rochas da Faixa Paraguai, ou qualquer relação de campo com as rochas do Arco magmático de Goiás, em função da escassez de afloramentos, devido ao intenso processo de pediplanização ocorrido na área. Entretanto, é observado o mesmo padrão de foliação e lineações minerais para estes ortognaisses e as rochas do Grupo Cuiabá, que afloram na região, cujos valores são 120/25 a 135/80 e 200/10 a 198/10, respectivamente, o que permite inferir que essas duas unidades foram afetadas por um mesmo evento deformacional. Os dados geocronológicos mostraram duas idades, uma de aproximadamente 815Ma, obtida no núcleo dos cristais de zircão e que pode ser interpretada como produto de uma herança isotópica e, uma segunda idade de cerca de 667 Ma, obtida nas bordas dos cristais e que foi interpretada como a idade de cristalização da rocha. Estes dados merecem investigações mais precisas, inclusive procurando analisar as diferenças existentes entre os cristais de zircão e buscar informações sobre qual evento causou as deformações observadas nas rochas, ou seja, qual o último evento metamórfico a que estas rochas foram submetidas. 62 Santos, J. X 2008 Caracterização Geoquímica Geocronologia de Ortognaisses Itacaiu, Faixa .. CAPITULO VI REFERÊNCIAS Almeida, F.F.M. de. 1945. Geologia do sudoeste Mato-Grossense. Boletim da Divisão de Geologia e Mineralogia, Rio de Janeiro, 1l6:l-1l8. Almeida F.F.M. de. 1965. Geossiclíneo Paraguaio. In: Centro Acad. Est. Geol. Porto Alegre, Semana de Debates Geológicos, 1, Atas, p.: 87-101. Almeida, F.F.M. de. 1974. Sistema Tectônico Marginal do Cráton do Guaporé. In: SBG, Cong. Bras. Geol, 28, Anais, Porto Alegre, 4: p.09-17. Almeida F.F.M. de. 1964. Geologia do Centro-Oeste matogrossense. Rio de Janeiro, DNPM, Boletim 215, p.:1-53. Almeida, F. F. M. de. 1977. O cráton do São Francisco. Rev. 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