UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO Análise genético-quantitativa de características de precocidade sexual na raça Nelore PEDRO ALEJANDRO VOZZI RIBEIRÃO PRETO 2008 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO Análise genético-quantitativa de características de precocidade sexual na raça Nelore PEDRO ALEJANDRO VOZZI Tese apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, para a obtenção do título de Doutor pelo curso de Pós-Graduação em Ciências – Área de contração em Genética RIBEIRÃO PRETO 2008 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO Análise genético-quantitativa de características de precocidade sexual na raça Nelore Quantitative and Genetics analysis of sexual precocity in Nellore Breed PEDRO ALEJANDRO VOZZI Tese apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, para a obtenção do título de Doutor pelo curso de Pós-Graduação em Ciências – Área de contração em Genética Orientador: Prof. Dr. Raysildo Barbosa Lôbo RIBEIRÃO PRETO 2008 FICHA CATALOGRÁFICA VOZZI, PEDRO ALEJANDRO Análise genético-quantitativa de características de precocidade sexual na raça Nelore. Ribeirão Preto, 2008; 112 p.; Il 30 cm Tese de Doutorado, apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo – Área de concentração: Genética. Orientador: Raysildo Barbosa Lôbo. 1. Correlação genética ; 2. Herdabilidade; 3. Idade ao primeiro parto; 4. Inferência Bayesiana; 5. Nelore; 6. Perímetro escrotal; 7. Precocidade sexual DATA DE DEFESA: ___/___/___ Banca Examinadora Assinatura Prof. Dr. _______________________________/__________________________________ Prof. Dr. _______________________________/__________________________________ Prof. Dr. _______________________________/__________________________________ Prof. Dr. _______________________________/__________________________________ Prof. Dr. _______________________________/__________________________________ Dedico A meu amor Silvina A meus anjos Francisco e Victoria AGRADECIMENTOS Ao professor Raysildo Barbosa Lôbo, pelos ensinamentos, oportunidades oferecidas, confiança e principalmente pela amizade. Muito Obrigado!! A Henrique Nunes de Oliveira e Luiz Bezerra, pelos ensinamentos e conselhos recebidos durante o desenvolvimentos desta tese. Aos amigos Funcionários do Bloco C da Genética: Luiz, Paulo, Marli, Reginaldo, Silvio e Marco Corrado. Aos Criadores de Programa de Melhoramento Genético da Raça Nelore por disponibilizar as informações para esta tese. Aos Amigos Jeferson, Cintia, Dudão, João Claudio Fernanda, Luciana, Erik, Juliana, Fernando, Fabio, Carol, Murilo, Juliana, Fran, Lisandra, Ivi, Dante, Cecília, Tom, Reginaldo, Marli, Silvio, Athos, Mauricio e Paulo. Aos Colegas do Bloco C da Genética. Às Professoras Lúcia e Ester, pela agradável convivência durante minha PósGraduação. À equipe de técnicos e funcionários da ANCP e CTAG pelo apoio recebido durante a realização desta tese. À Pós-Graduação em Genética, especialmente aos professores Lúcia Martelli e Ademilson Espencer Soares pelo apoio recebido durante o curso de mestrado e doutorado e pelo auxilio financeiro para a realização do estagio de doutorado no INRA - Jouy-em-Josas, França. A FAEPA e ANCP, pelos auxilio financeiros concedidos para eventos no país e no exterior. A Capes pela bolsa de estudo concedida. A minha família, por tudo. SUMÁRIO RESUMO ABTRACT CAPÍTULO 1________________________________________________________________________ A ENDOCRINOLOGIA DA PUBERDADE PUBERDADE NOS TRÓPICOS ESTADO ATUAL DO CONHECIMENTO SOBRE PRECOCIDADE SEXUAL NO BRASIL ANÁLISE DE CARACTERÍSTICAS DE LIMIAR OU THRESHOLDS ORIGEM DAS INFORMAÇÕES PROGRAMA ANCP DE PRECOCIDADE SEXUAL BIBLIOGRAFIA 1 2 5 7 13 17 19 20 CAPÍTULO 2________________________________________________________________________ RESUMO INTRODUÇÃO OBJETIVOS MATERIAL E MÉTODOS RESULTADOS E DISCUSSÃO CONCLUSÕES BIBLIOGRAFIA 30 30 31 32 33 38 43 44 CAPÍTULO3 ________________________________________________________________________ RESUMO INTRODUÇÃO OBJETIVOS MATERIAL E MÉTODOS RESULTADOS E DISCUSSÃO CONSLUSÕES BIBIOGRAFIA 48 48 49 51 52 56 66 66 CAPÍTULO 4 ________________________________________________________________________ RESUMO INTRODUÇÃO OBJETIVOS MATERIAL E MÉTODOS RESULTADOS E DISCUSSÃO CONCLUSÕES BIBLIOGRAFIA 70 70 71 73 74 79 90 91 CONSIDERAÇÕES FINAIS _____________________________________________________________ 95 ARTIGO PARA PUBLICAÇÃO __________________________________________________________ 98 ÍNDICE DE TABELAS E FIGURAS CAPÍTULO 2 TABELA 1.2 TABELA 2.2 TABELA 3.2 FIGURA 1 e 2 FIGURA 3 e 4 FIGURA 5 e 6 FIGURA 7 e 8 FIGURA 9 e 10 FIGURA 11 e 12 FIGURA 13 e 14 FIGURA 15 e 16 Média, Desvio padrão e região de credibilidade dos componentes de variância obtidos nos diferentes modelos Distribuições posteriores das estimativas de herdabilidade obtidas nos diferentes modelos (média, moda e mediana) Comparação dos diferentes modelos estudados Distribuições posteriores das estimativas de herdabilidade e da variância genética resultante do Modelo 1 Distribuições posteriores das estimativas de herdabilidade e da variância genética resultante do Modelo 2 Distribuições posteriores das estimativas de herdabilidade e da variância genética resultante do Modelo 3 Distribuições posteriores das estimativas de herdabilidade e da variância genética resultante do Modelo 4 Distribuições posteriores das estimativas de herdabilidade e da variância genética resultante do Modelo 5 Distribuições posteriores das estimativas de herdabilidade e da variância genética resultante do Modelo 6 Distribuições posteriores das estimativas de herdabilidade e da variância genética resultante do Modelo 7 Distribuições posteriores das estimativas de herdabilidade e da variância genética resultante do Modelo 8 41 41 42 38 38 39 39 39 39 40 40 CAPÍTULO 3 TABELA 1.3 TABELA 2.3 TABELA 3.3 TABELA 4.3 FIGURA 1 e 2 FIGURA 3 e 4 FIGURA 5 e 6 FIGURA 7 e 8 FIGURA 9 e 10 FIGURA 11 e 12 FIGURA 13 e 14 FIGURA 15 e 16 FIGURA 17 e 18 FIGURA 19 e 20 FIGURA 21 e 22 FIGURA 23 e 24 FIGURA 25 e 26 FIGURA 27 Estatísticas descritivas das características lineares consideradas na análise Distribuição posterior média das variâncias genética, residual e regiões de credibilidade obtidas no modelo bayesiano multicaracterística Distribuição posterior media das variâncias e (co)variâncias genéticas obtidas do modelo bayesiano multicaracterística Distribuição posterior média das estimativas de herdabilidades e correlações genéticas obtidas no modelo Bayesiano multicaracterística Distribuições posteriores das estimativas de herdabilidade e variância genética aditiva resultante de um modelo multivariado para a característica 3P Distribuições posteriores das estimativas de herdabilidade e variância genética aditiva resultante de um modelo multivariado para a característica PE365 Distribuições posteriores das estimativas de herdabilidade e variância genética aditiva resultante de um modelo multivariado para a característica PE450 Distribuições posteriores das estimativas de herdabilidade e variância genética aditiva resultante de um modelo multivariado para a característica PE550 Distribuições posteriores das estimativas de herdabilidade e variância genética aditiva resultante de um modelo multivariado para a característica CT 365 - 450 Distribuições posteriores das estimativas de herdabilidade e variância genética aditiva resultante de um modelo multivariado para a característica CT 450 - 550 Distribuições posteriores da correlação genética entre 3P e PE365 e entre 3P e PE450, respectivamente Distribuições posteriores da correlação genética entre 3P e PE550 e entre 3P e CT365 – 450, respectivamente Distribuições posteriores da correlação genética entre 3P e CT450 - 550 e entre PE365 e PE450, respectivamente Distribuições posteriores da correlação genética entre PE365 e PE550 e entre PE365 e CT 365 – 450, respectivamente Distribuições posteriores da correlação genética entre PE365 e CT 450 - 550 e entre PE450 e PE550, respectivamente Distribuições posteriores da correlação genética entre PE450 e CT 365 - 450 e entre PE450 e CT 450 – 550, respectivamente Distribuições posteriores da correlação genética entre PE550 e CT 365 - 450 e entre PE550 e CT 450 – 550, respectivamente Distribuição posterior da correlação genética entre CT 365 - 450 e CT 450 - 550 56 57 58 60 58 58 58 59 59 59 62 62 62 62 63 63 63 63 CAPÍTULO 4 TABELA 1.4 TABELA 2.4 TABELA 3.4 TABELA 4.4 FIGURA 1 e 2 Estatísticas descritivas das características consideradas na análise multivariada Distribuição posterior média das variâncias genética, residual e regiões de credibilidade obtidas no modelo bayesiano multivariado Distribuição posterior média das herdabilidades e correlações genéticas obtidas no modelo bayesiano multivariado Componentes de (co)variâncias e parâmetros genéticos obtidos em análises bicaracter entre as características 3P e IPP Distribuições marginais posteriores médias da estimativa de herdabilidade e da variância genética, respectivamente, da idade ao primeiro parto 79 80 83 87 81 FIGURA 3 e 4 FIGURA 5 e 6 FIGURA 7 e 8 FIGURA 9 e 10 FIGURA 11 e 12 FIGURA 13 e 14 FIGURA 15 e 16 FIGURA 17 e 18 FIGURA 19 e 20 FIGURA 21 e 22 FIGURA 23 e 24 FIGURA 25 e 26 FIGURA 27 FIGURA 28 e 29 FIGURA 30 e 31 FIGURA 32 Distribuições marginais posteriores médias da estimativa de herdabilidade e da variância genética, respectivamente, do perímetro escrotal aos 365 dias Distribuições marginais posteriores médias da estimativa de herdabilidade e da variância genética, respectivamente, do perímetro escrotal aos 450 dias Distribuições marginais posteriores médias da estimativa de herdabilidade e da variância genética, respectivamente, do perímetro escrotal aos 365 dias Distribuições marginais posteriores médias da estimativa de herdabilidade e da variância genética, respectivamente, do crescimento testicular entre e os 365 e 450 dias Distribuições marginais posteriores médias da estimativa de herdabilidade e da variância genética, respectivamente, do crescimento testicular entre e os 450 e 550 dias Distribuição posterior da correlação genética entre IPP e PE365 e IPP e PE450 respectivamente Distribuição posterior da correlação genética entre IPP e PE550 e IPP e CT365 - 450 respectivamente Distribuição posterior da correlação genética entre IPP e CT450 - 550 e PE365 e PE450 respectivamente Distribuição posterior da correlação genética entre PE365 e PE550 e PE365 e CT 365 450 respectivamente Distribuição posterior da correlação genética entre PE365 e CT 450 - 550 e PE450 e PE550 respectivamente Distribuição posterior da correlação genética entre PE450 e CT 365 - 450 e PE450 e CT 450 - 550 respectivamente Distribuição posterior da correlação genética entre PE550 e CT 365 - 450 e PE550 e CT 450 - 550 respectivamente Distribuição marginal posterior da correlação genética entre CT 365 - 450 e CT 450 - 550 Distribuição Posterior das estimativas de herdabilidade e variância genética para a característica 3P, obtidas em análise bicaracter Distribuição Posterior das estimativas de herdabilidade e variância genética para a característica IPP, obtidas em análise bicaracter Distribuição posterior da estimativa de correlação genética entre 3P e IPP 81 81 81 81 82 83 83 83 84 84 84 84 85 87 88 88 ÍNDICE DE ABREVIATURAS SIGLA 3P ANCP CIVP CT 365-450 CT 450-550 DEP GC IPP LH MGT NRC P210 P365 PE365 PE450 PE550 PMGRN PP14 Pr16 DESCRIÇÃO PROBABILIDADE DE PARTO PRECOCE ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE CRIADORES E PESQUISADORES CLASSE DE IDADE DA VACA AO PARTO CRESCIMENTO TESTICULAR ENTRE OS 365 E 450 DIAS DE IDADE CRESCIMENTO TESTICULAR ENTRE AOS 450 E 550 DIAS DE IDADE DIFERENÇA ESPERADA NA PROGENIE GRUPO DE CONTEMPORÂNEOS IDADE AO PRIMEIRO PARTO HORMONIO LUTEINIZANTE MÉRITO GENÉTICO TOTAL NATIONAL RESEARCH COUNCIL PESO AJUSTADO AOS 210 DIAS PESO AJUSTADO AOS 365 DIAS PERÍMETRO ESCROTAL AOS 365 DIAS PERÍMETRO ESCROTAL AOS 450 DIAS PERÍMETRO ESCROTAL AOS 550 DIAS PROGRAMA DE MELHORAMENTO DA RAÇA NELORE PROBABILIDADE DE PRENHEZ AOS 14 MESES PROBABILIDADE DE PRENHEZ AOS 16 MESES Resumo Utilizou-se inferência Bayesiana para estimar componentes de variância e parâmetros genéticos para a característica Probabilidade de Parto Precoce (3P), Idade ao Primeiro Parto (IPP), Perímetro Escrotal aos 365, 450 e 550 dias (PE365, PE450 e PE550), Crescimento Testicular entre os 365 e 450 dias de idade (CT 365-450) e entre os 450 e 550 dias de idade (CT 450-550) em animais da raça Nelore do Programa de Melhoramento Genético da raça Nelore (PMGRN). Modelos estatísticos que contemplem a estação de nascimento das novilhas, classe de idade da novilha ao parto e peso da mesma à desmama poderiam ser adequados para a utilização da característica nas avaliações genéticas. Independentemente do modelo, a característica 3P apresentou estimativas de herdabilidade próximas a 50% indicando que a utilização como critérios de seleção deveria responder eficiente à seleção. Nas análises multivariadas, as distribuições posteriores médias das estimativas de herdabilidade obtidas entre as características 3P, PE365, PE450, PE550, CT 365-450 foram de média a alta magnitude. A IPP e o CT 450-550 apresentaram menores valores de variabilidade genética. As maiores correlações genéticas entre 3P e IPP com os perímetros escrotais ocorreram aos 450 e 365 dias de idade respectivamente, indicando que possivelmente seja esta a melhor idade para selecionar machos jovens com o objetivo de melhorar a precocidade sexual dos rebanhos. A correlação genética obtida entre 3P e IPP com Crescimento Testicular entre as diferentes idades sugerem que o crescimento testicular entre os 365 e 450 dias de idade estaria relacionado aos eventos fisiológicos associados à puberdade precoce. A IPP e a 3P apresentaram correlações genética favoráveis, próximas a -90%, indicando que a IPP pode ser utilizada como critério de seleção para precocidade sexual embora um considerável efeito ambiental afete a expressão da característica. Palavra-chave: Correlação genética, Herdabilidade, Idade ao Primeiro Parto, Inferência Bayesiana, Nelore, Perímetro escrotal, Precocidade sexual. Abstract Bayesian Inference was used to estimate the variance components and genetic parameters for the traits Probability of precocious calving (3P), Age to the First Calving (AFG) Scrotal Circumference to 365, 450 and 550 days (SC365, SC450 and SC550), Testicular Growth between 365 and 450 days (TG 365-450) and between the 450 and 550 days (TG 450-550) in animals of the breed Nellore participants of the Program for Genetic Improvement of Nellore Breed (PMGRN). Statistical models that provide the season of birth of the heifers, dam class age of the heifer to the birth and weaning and yearling weight of heifers must be useful for use in the genetic evaluations of the precocity traits. Independently of the model, the 3P trait presents estimates of the heritability next to 50% indicating that the use as selections criteria should respond efficiently to the selection for sexual precocity. In the multivariate analyses, the posterior distributions of the estimates of the heritability obtained in the 3P, SC365, SC450, SC550, TG 365-450 were of medium to high levels. The AFC and CT 450-550 showed lower values of genetic variability. The largest genetic correlations between 3P and AFC with the scrotal circumference occurred at 450 and 365 days of age respectively, indicating that this is possibly the best age to select young males with the goal of improving the sexual precocity of the herds. The genetic correlation between 3P and AFC with Testicular Growth between different ages, suggest that the testicular growth between 365 and 450 days of age would be related to the physiological events associated with early puberty. The AFC and 3P traits showed genetic correlations next to -90%, indicating that the AFC can be used as a criterion for selection for sexual precocity despite a considerable environmental effect that affects the expression of the trait. Key-word: Bayesian Inference, Genetic correlations, Heritability, Age of First Calving, Nellore, Scrotal Circumference, Sexual Precocity. 1 Capítulo 1 Os sistemas de produção das raças zebuínas, no Brasil, possuem como grande desafio a busca de precocidade nas novilhas, pois além da entrada mais cedo em reprodução, essas fêmeas teriam mais progênies ao longo da vida útil, resultando em forte impacto econômico na propriedade. No Brasil existe dificuldade em detectar a precocidade sexual dos rebanhos. O atraso na entrada em reprodução das fêmeas deve-se, principalmente ao manejo praticado, às condições de ambiente, à complexa expressão fenotípica das características indicadoras de precocidade sexual e pela complexidade das interações genéticas, ambientais e fisiológicas que afetam a produtividade dos rebanhos. Geralmente, em ambientes de clima tropical, na primeira exposição das novilhas (ou desafio) boa parte dos animais atinge a puberdade sem ser detectada. Estatísticas oficiais publicadas pelo Programa de Melhoramento Genético da Raça Nelore (PMGRN) indicam que a média da idade ao primeiro parto, nos rebanhos participantes, é de 37 meses. No Brasil, o primeiro parto ocorre após os 40 meses de idade. A seleção para precocidade sexual e o desenvolvimento de pesquisas voltadas à identificação da existência de variabilidade genética, para ser utilizada na melhoria da eficiência reprodutiva dos rebanhos e antecipar a entrada evidenciadas, talvez consideradas tardias. das novilhas em reprodução, têm sido pouco agravado pelo fato das raças zebuínas serem 2 A estimação das fontes de variação relacionadas às características de precocidade sexual em bovinos da raça Nelore é necessária para o conhecimento dos fatores genéticos que afetam a puberdade das novilhas. A endocrinologia da puberdade Em animais, a interação entre diferentes hormônios e entre os hormônios com diferentes tecidos e glândulas está relacionada com o processo fisiológico da puberdade. A puberdade das fêmeas representa uma “derrota” dos efeitos supressivos do estradiol sobre o eixo Hipotálamo - Hipófise. Como resultado desta “derrota”, primeiramente é induzida uma súbita liberação de gonadotrofinas com conseqüente estímulo para a ovulação. O efeito supressivo do estradiol é conhecido como um “feedback negativo” e indica uma imaturidade da resposta do hipotálamo para o estradiol. O “feedback negativo” que o estradiol exerce sobre o hipotálamo diminui progressivamente no período pré-puberdade, o hipotálamo começa a incrementar a liberação de hormônios liberadores de gonadotrofina (LH) resultando na liberação de gonadotrofinas pela pituitária. A ascendência do hipotálamo sobre os efeito do estradiol determinam um processo de “feedback positivo” que domina o momento hormonal. Conforme o “feedback negativo” diminui progressivamente e o positivo aumenta fortemente, a liberação de hormônio folículo estimulante é realizada constantemente, enquanto a pulsátil secreção de hormônio luteinizante é aumentada dramaticamente durante o período pré-puberdade devido à resposta acentuada do eixo hipotálamo – hipófises. 3 Quando o ciclo circadiano é alcançado o limiar permite a continuidade do processo de maturação dos folículos, o que leva finalmente à primeira ovulação. Endocrinologicamente, portanto, a puberdade representa o clímax de um longo processo de transição de quiescência sexual a uma função sexual controlada por uma série de interações entre hormônios liberados pelas gônadas, pelo hipotálamo e a pituitária anterior, com o hipotálamo atuando sobre a pituitária anterior para liberar suficiente quantidade de gonadotrofina para induzir a ovulação (Quirke et al., 1983). O processo que leva à puberdade nos machos é basicamente semelhante. O eixo hipotálamo – pituitária modera as mudanças entre quiescência sexual a função sexual. O hormônio luteinizante é liberado da pituitária sob influência dos hormônios liberadores de gonadotrofinas e atua nas células de Leydig no testículo para facilitar a produção de testosterona. A testosterona é igualmente importante tanto à espermatogênese quanto ao comportamento sexual. Nas diferentes raças bovinas, o efeito da taxa de crescimento do animal sobre a puberdade é importante. Alguns aspectos da reprodução, incluindo a puberdade, são afetados por fatores ambientais. Existem claras evidências que a idade à puberdade é afetada pelas diferentes estações de nascimento e acasalamento (Hansen, 1985). Novilhas desafiadas sexualmente em temperaturas e fotoperíodos típicos de primavera e verão, em idades próximas aos nove meses, tiveram sua puberdade detectada antes que as novilhas expostas nas estações de outono e inverno. Não está claro como o efeito ambiental afeta a puberdade, mas provavelmente o 4 fotoperíodo é um fator muito importante que influencia a puberdade (Hansel et al., 1983). Enquanto existe a dificuldade de separar os efeitos da taxa de crescimento e dos fatores ambientais sobre a puberdade, há evidências da relação curvilinear entre nível nutricional e puberdade com um ótimo nível de alimentação (Foxcroft, 1980). Novilhas com maiores taxas de crescimento tendem a atingir a puberdade mais precocemente. O efeito materno parece ser importante também como um efeito que influencia a idade e o peso à puberdade. Taxas de crescimento elevadas no período pré-desmama possuem um efeito positivo maior sobre puberdade precoce que o crescimento pós-desmama. Segundo Vizcarra et al. (1995), as novilhas que iniciam a puberdade em idades jovens são menos propensas a ter futuros ciclos estrogênicos interrompidos por alimentação deficiente se comparado com novilhas que atingiram a sua puberdade mais tardiamente, concluindo-se que a seleção para puberdade precoce pode não somente diminuir os custos com alimentação para a manutenção das mesmas, mas também melhorar a eficiência reprodutiva posterior em condições sub-ótimas de alimentação. Diversas pesquisas evidenciaram a importância que a raça do pai da novilha exerce sobre a puberdade da mesma (Keane et al., 1991). Isto pode ser explicado como diferentes pressões de seleção aplicadas para precocidade sexual em cada raça. Prova disso são os valores de variabilidade genética encontrados entre as raças taurinas e índicas. Em raças taurinas como a Angus e a Hereford, onde a média de idade ao primeiro parto é 24 meses, Koots et al. (1994), Doyle et al. (1996), Snelling et al. (1996) e Evans 5 et al. (1999) obtiveram valores baixos a médios de herdabilidade para a característica prenhez das novilhas (entre 0,05 e 0,30), porém escassos relatos publicados para a raça Nelore (Bos índicus) indicariam que as estimativas de herdabilidade das características associadas à precocidade sexual de novilhas seriam superiores a 0,50 (Eler et al.,2002; Eler et al., 2004; Van Mellis et al., 2007, Vozzi et al., 2008), portanto existiria diferença genética entre reprodutores para ser utilizada em programas de melhoramento genético visando a melhoria da precocidade sexual dos rebanhos brasileiros. Puberdade nos trópicos A puberdade das novilhas zebuínas envolve um sistema de interação hormônios – tecidos – glândulas semelhante ao observado nas raças taurinas (Evans et al., 1999). A progressiva diminuição na resposta do hipotálamo ao estradiol segue a estimulação da pituitária determinado pelos altos níveis de secreção do hormônio LH (Day et al., 1987). Alguns dos fatores que determinam quando uma novilha entrará em estro são a idade e a condição corporal, dado que o hipotálamo está programado via secreção de leptinas pelos adipócitos. Segundo Nogueira et al. (2003), em novilhas precoces com folículos maiores aos 12 – 14 meses, a secreção de hormônio LH pelo hipotálamo não foi diferente ao observado em novilhas não precoces, sugerindo que animais precoces responderiam mais eficazmente a baixas concentrações de hormônio LH. A idade à puberdade é uma característica importante para selecionar novilhas que parem aos 24 meses, visando incrementar a vida produtiva das 6 mesmas sem efeitos negativos sobre a longevidade ou pesos à desmama das progênies se comparados com novilhas paridas aos 36 meses (Tran et al., 1988). A idade à puberdade nas novilhas zebuínas em ambientes tropicais e subtropicais oscila entre 16 e 40 meses. Isto é atribuído tanto aos efeitos genéticos e ambientais como à nutrição, à sanidade, à temperatura, à umidade e à estação de nascimento (Nogueira, 2004). Em sistemas de manejos extensivos, freqüentemente presentes no Brasil, existe dificuldade em identificar a idade à puberdade, sendo a idade ao primeiro parto o principal indicador. No Brasil, a idade ao primeiro parto é superior aos 40 meses o que pode ser atribuído à inadequada nutrição e muitos outros fatores (Pereira et al., 2000). Melhorar a nutrição pós-desmama é um fator determinante para reduzir a idade à puberdade e ao primeiro parto (Patterson et al., 1992), segundo Oyedipe et al. (1982) um incremento na ingestão de proteínas nessa idade resultaria em diminuição da idade ao primeiro parto e aumento no peso e na precocidade dos animais. Baixos níveis nutricionais em novilhas suprime o pulso de LH a partir do hipotálamo (Rawling et al., 2003) retardando a primeira ovulação. As novilhas zebuínas em ambientes tropicais e seguindo as recomendações protéicas do NRC (National Research Council), poderiam alcançar a puberdade aos 12,3 meses e parir em média aos 27 meses (Fajersson et al., 1991). O clima tropical pode ser outro fator que afeta a puberdade das novilhas. Apesar das novilhas zebuínas estarem termicamente adaptadas, mudanças na dinâmica folicular, expressas como uma diminuição na taxa de crescimento folicular e um incremento da duração do crescimento do folículo 7 foram associados com o incremento na temperatura corporal durante o verão (Gama Filho et al., 2002). Altas temperaturas afetariam a idade à puberdade devido à menor circulação de LH ou de prolactina no organismo. Em ambientes subtropicais, novilhas com uma importante proporção de genes zebuínos sofreram influência direta do fotoperíodo na atividade ovulatória, fato não observado em raças taurinas (Mezzadra et al., 1993). Novilhas Nelores selecionadas para precocidade sexual e mantidas sob adequados regimes nutricionais ovulam aos 14-15 meses de idade (Nogueira, 2004). Recentes estimativas de herdabilidade indicariam valores altos de variabilidade genética na raça, sugerindo que pouca seleção foi aplicada nos rebanhos visando a diminuição da idade à puberdade nas raças zebuínas. Estado atual do conhecimento sobre precocidade sexual no Brasil Pesquisas sobre parâmetros genéticos e avaliação genética de características relacionadas à precocidade sexual estão sendo desenvolvidas na maioria dos programas de melhoramento genético de bovinos de corte (Eler, 2005; Hill, 2005; Boligon et al., 2008; Lôbo et al., 2008). As características indicadoras de precocidade sexual em novilhas, como a Probabilidade de Prenhez aos 14 meses (PP14) (Eler et al., 2002); Probabilidade de Prenhez aos 16 meses (Pr16) (Silva et al., 2005), Probabilidade de Parto Precoce (3P) (Lôbo et al., 2008; Vozzi et al., 2008) e Idade ao Primeiro Parto de fêmeas desafiadas precocemente (Gressler, 2004; Boligon et al., 2008) apresentariam variabilidade genética suficiente para serem incluídas como critérios de seleção em programas de melhoramento. 8 A Idade ao Primeiro Parto (IPP) é o critério de seleção mais utilizado como indicativo de precocidade sexual e fertilidade das novilhas nos programas de melhoramento genético do Brasil. Segundo Azevedo et al. (2006) a mesma é de fácil mensuração e estaria relacionada à longevidade reprodutiva das matrizes. As estimativas de herdabilidade oscilam entre um e 38%, dependendo do modelo estatístico utilizado para seu cálculo (Pereira et al., 2000; Dias et al., 2004; Gressler, 2004; Bergmann et al., 2006; Boligon et al., 2008). Devido à importância atual que a precocidade sexual possui nos variados sistemas de produção do Brasil, a IPP foi recentemente incluída no índice de seleção (Mérito Genético Total – MGT) adotado pelo Programa de Melhoramento Genético da raça Nelore (PMGRN) para aumentar a pressão de seleção para precocidade sexual nos rebanhos participantes (Lôbo et al., 2008). Apesar de ser amplamente utilizada, a mesma apresenta algumas desvantagens teóricas para sua utilização, o que levou à grande maioria dos programas de melhoramento genético a procurar novas alternativas para realizar a seleção para precocidade sexual. Um considerável efeito ambiental (principalmente em ambientes tropicais), dado que geralmente as novilhas são expostas depois de alcançada uma determinada condição fenotípica, possivelmente por deficiências nutricionais após a desmama, sendo que quando desafiadas sexualmente pela primeira vez aos 24 meses de idade, aproximadamente, a maioria já atingiu a puberdade sem ter sido detectada (Dias et al., 2004). Outra desvantagem é que novilhas que não pariram não são incluídas no modelo estatístico, portanto uma considerável fonte de 9 variação fenotípica da população não seria considerada no modelo para a predição dos valores genéticos. Mercadante et al. (2000) sugeriram a necessidade do estudo de diferentes modelos estatísticos para analisar a IPP. Nesse sentido, Gressler (2004) e Boligon et al. (2008) propuseram contemplar no modelo o manejo reprodutivo das novilhas, identificando as novilhas que pariram precocemente até os 29-30 meses de idade após sua primeira estação de monta, assumindo que as novilhas dos diferentes manejos reprodutivos foram desafiadas conjuntamente. Embora as estimativas de herdabilidade tenham oscilado entre 15 e 20%, a inclusão do manejo reprodutivo alterou a ordenação dos touros em relação aos valores genéticos para IPP. Em outro modelo proposto por Bergmann et al. (2006), no qual somente foram consideradas na análise as novilhas desafiadas precocemente em idades próximas ao ano e o manejo reprodutivo, como descrito acima, a estimativa de herdabilidade foi de 38% indicando que importante fonte de variação ambiental tem sido removida do modelo ao excluir animais mais velhos que foram desafiados sexualmente após terem atingido sua maturidade sexual. As características de limiar, como a Probabilidade de Prenhez ou Parto Precoce, possuem vantagens sobre a idade ao primeiro parto para realizar a seleção para precocidade sexual como: todas as fêmeas são incluídas nas análises, inclusive as novilhas vazias no final da estação de monta e o fato de possuírem valores de herdabilidade de média a alta magnitude, o que possibilitaria importantes ganhos genéticos quando utilizadas como critério de seleção no programas de melhoramento. 10 Utilizando o método ℜ (Reverter at al., 1994), Eler et al. (2002) e Silva et al. (2005) obtiveram estimativas de herdabilidade de 0,57 e 0,52 para a característica Probabilidade de Prenhez aos 14 meses (PP14) e Probabilidade de Prenhez aos 16 meses (Pr16), respectivamente, na raça Nelore. Utilizando Inferência Bayesiana, Shiotsuki et al. (2006), Van Melis et al. (2007) e Vozzi et al. (2008) obtiveram valores de 0,54; 0,56 e 0,50 para as características Pr16, PP14 e Probabilidade de Parto Precoce (3P), respectivamente, também para a raça Nelore. Independentemente do modelo estatístico utilizado e das variantes que a característica de precocidade sexual apresenta, em diferentes programas de melhoramento genético no Brasil, existiria importante variabilidade genética a ser explorada em termos de precocidade sexual, podendo-se difundir posteriormente esses genes associados à precocidade nos rebanhos multiplicadores e comerciais. As diferenças nos valores de herdabilidade obtidos em animais taurinos (Doyle et al., 1996, Evans et al., 1999) e zebuínos (Eler et al., 2002; Eler et al., 2004; Silva et al., 2005; Shiotsuki et al., 2006; Van Melis et al., 2007 e Vozzi et al., 2008) poderiam ser explicadas pela diferente pressão de seleção aplicada para precocidade sexual em cada grupo e cada condição nutricional em clima temperado, o que favoreceria a identificação da puberdade nas novilhas. Nos machos o perímetro escrotal e as características seminais são as características indicadoras da puberdade, sendo esta alcançada quando animais produzem ejaculados com capacidade de fecundar o óvulo (Fonseca, 1989). O perímetro escrotal em diferentes idades tem sido o critério de seleção mais utilizado para melhorar a eficiência reprodutiva e precocidade 11 sexual dos rebanhos, devido à sua alta correlação genética com características reprodutivas e crescimento nos machos (Garnero, 1999) e com reflexos positivos na reprodução e precocidade sexual das filhas e netas (Martins Filho & Lobo, 1991). O mesmo é facilmente mensurável e possui valores médios a altos de herdabilidade (Quirino & Bergmann, 1998; Eler et al., 2006; Fridrich et al., 2006; Gressler et al., 2006). A importância da seleção para perímetro escrotal visando precocidade sexual está, principalmente, na maior pressão seletiva que pode ser praticada nos machos. No Brasil, segundo Pinto, (1987) as pesquisas sobre a utilização do perímetro escrotal como critério de seleção para fertilidade e precocidade sexual iniciaram-se na década de 70. Na raça Nelore Pinto et al. (1989); Martins-Filho & Lobo (1991); Lôbo et al. (1995); Reyes et al. (1995) e Pinto (1994) ressaltam a importância do perímetro escrotal como critério de seleção para fertilidade e precocidade sexual dos machos e seus reflexos positivos na eficiência reprodutiva das fêmeas. O PMGRN (Lôbo et al., 1995) publica Diferenças Esperadas nas Progênies (DEPs) para perímetro escrotal como critério de seleção para fertilidade e precocidade sexual desde 1995, dando inicio a uma nova etapa do melhoramento genético das raças zebuínas no Brasil que evidencia a importância de melhorar a eficiência reprodutivas dos rebanhos. Recentes pesquisas no Brasil têm procurado determinar a melhor idade para selecionar machos jovens utilizando o perímetro escrotal como critério de seleção para precocidade sexual do rebanho (Eler et al., 2006; Bergmann et al., 2006; Gressler et al., 2006; Van Melis et al., 2007; Boligon et al., 2008). Os resultados indicam correlações medianamente favoráveis entre as 12 características expressas em sexos diferentes, embora a mesma varie de acordo com a idade em que o perímetro escrotal é utilizado como critério de seleção nos machos jovens. Boligon et al. (2007) obtiveram correlações genéticas negativas e favoráveis entre perímetro escrotal aos 12 (-0,15) e aos 18 meses de idade (-0,21) com IPP na raça Nelore utilizando o método de Máxima Verossimilhança Restrita (REML). Também na raça Nelore, Gressler et al. (2006) analisaram a correlação genética da IPP com o perímetro escrotal aos 365, 450 e 550 dias de idade, contemplando diversos modelos estatísticos. As correlações oscilaram entre 0,08 e -0,38 nos diferentes modelos. A correlação genética mais favorável entre IPP e perímetro escrotal foi obtida aos 365 e 450 dias respectivamente, em aqueles modelos que contemplavam para a IPP um único efeito fixo constituído pela fazenda de nascimento, mês e ano de nascimento e nos perímetros escrotais aos 365 e 450 dias o grupo de contemporâneo como fixo e uma (co)variável linear e quadrática da idade da mão ao parto desse animal. No modelo proposto por Bergmann et al. (2006), onde o arquivo de dados foi constituído por fêmeas desafiadas precocemente em idades próximas ao ano, as correlações genéticas encontradas foram de menor magnitude às publicadas por Gressler et al. (2006). A associação entre perímetro escrotal e idade à puberdade foi extensamente analisada em várias raças. Morris e Wilson (1997) e Morris et al. (2000) encontraram considerável associação genética entre as duas características (-0,30 e -0,25, respectivamente). Morris et al. (1992) nas raças Hereford, Angus e animais cruzados e Vargas et al. (1998) na raça Brahman, obtiveram correlações da ordem de -0,39 e -0,32, respectivamente. Martínez- 13 Velázques et al. (2003) encontraram correlações desfavoráveis, embora de baixa magnitude, entre as duas características. Analisando o nível de associação genética entre prenhez precoce das novilhas e perímetro escrotal, Evans et al. (1999) e Martínez-Velázques et al. (2003) encontraram correlações genéticas próximas a zero nas raças Hereford, Limousine, Red Poll, Simental, Charolês, Pinzgauer, Gelbvieh e Braunvieh. No Brasil, Eler et al. (2004) e Eler et al. (2006), utilizando o Método ℜ e Van Melis et al. (2007), sob um enfoque Bayesiano, analisaram a correlação genética entre PP14 e perímetro escrotal aos 15 e 18 meses de idade. Os resultados obtidos pelo método ℜ indicaram que a melhor idade para selecionar o perímetro escrotal visando precocidade sexual foi aos 18 meses (0,27 e 0,20 respectivamente). Já a distribuição posterior da média da correlação genética entre PP14 e perímetro escrotal aos 18 meses foi de 0,28 (Van Melis et al., 2007). Análise de características de limiar ou Threshold Existem muitas características de interesse biológico ou econômico cuja herança é multifatorial, mas cuja distribuição é descontínua, como, por exemplo, facilidade de parto, probabilidade de prenhez e resistência a doenças. Características deste tipo parecem estar fora do enfoque quantitativo por não apresentarem variação contínua. Ao serem analisadas em detalhe, porém, há indícios de ação poligênica, como nas características quantitativas. Gruneber (1952) descreve estas características como “quase contínuas”. 14 A variação observada nas características de limiar é de natureza genética e ambiental, onde, por exemplo, a concentração de uma determinada substância impõe uma descontinuidade sobre a expressão visível da característica (Falconer,1989). A utilização de modelos lineares parece não ser adequada nas análises de dados categóricos ou binários (Hudson & Van Vleck, 1981; Van Dormaal et al., 1985; Ducrocq et al., 1988; Short & Lawlor, 1992; Snelling et al., 1995; Mwansa et al., 2002). As características de limiar (em inglês, threshold) são discretas com fenótipos possíveis, por exemplo, morto ou vivo, prenhe ou vazia. Algumas vezes podem apresentar categorias ordenadas, como no caso dos escores para dificuldade de parto. Para análise de características como probabilidade de prenhez numa determinada idade, um modelo de limiar é o mais apropriado, o qual assume uma distribuição contínua de fenótipos não observados. Os denominados fenótipos realizados (aquelas categorias fenotípicas observadas) surgem pelo truncamento dos fenótipos adjacentes com uma série de limites. Características que possuem distribuição próxima da Normal poderiam aproveitar-se das metodologias usuais de estimação dos componentes de (co)variância, entre elas: Métodos I, II e III de Henderson (Henderson, 1953), Método de Máxima Verossimilhança – ML (Hartley & Rao, 1967) e Método de Máxima Verossimilhança Restrita – REML (Patterson & Thompson, 1971). Gianola & Foulley (1983) publicaram o primeiro trabalho sobre inferência Bayesiana no melhoramento animal justamente com características de limiar (ou threshold), propondo o cálculo da moda de uma densidade 15 posterior conjunta. O modelo de limiar relaciona a resposta observada na escala categórica com uma escala subjacente normal contínua (Silva et al., 2005). Assumindo que a escala subjacente tem distribuição normal: U | θ ∼ N(Wθ, Iσ2e), em que: U é o vetor da escala base de ordem r; θ' = (b', a') é o vetor dos parâmetros de locação de ordem s com b (definidos sob um ponto de vista freqüentista, como efeitos fixos), e a (como efeito aleatório); W é uma matriz de incidência conhecida de ordem r por s; I é uma matriz de identidade de ordem r por r; e σ2e é a variância residual. De acordo com a perspectiva Bayesiana, assume-se que as distribuições iniciais para os efeitos genéticos e os residuais seguem distribuições normais multivariadas: p (a | σ2a) ∼ N (0, Aσ2a) p (e | σ2e) ∼ N (0, Iσ2e), em que: A é a matriz de parentesco e σ2a é a variância genética aditiva. Como σ2e não é estimável (Gianola & Foulley, 1983), um valor arbitrário deve ser então atribuído. Conforme sugerido por Silva et al. (2005), atribui-se o valor 1. Após a definição dos parâmetros do modelo, o encadeamento entre as duas escalas (categórica e contínua) pode ser estabelecido inequivocamente, com a contribuição da probabilidade de uma observação que cai na primeira categoria sendo proporcional a P (yv = 0 | t, θ) = P (Uv < t | t, θ) = Φ ((t – w’vθ) / σe), em que: yv, é a variável resposta para a vth observação, tomando valores 0 ou 1 se a observação pertence a primeira ou segunda categoria, respectivamente; 16 t é o valor do limiar que, por não ser estimável, será fixado um valor arbitrário; Uv é o valor da variável subjacente para a mencionada observação; Φ é a função de distribuição cumulativa de uma variável normal padrão; e w’v é um vetor coluna de incidência que une θ a observação vth. observações condicionalmente independentes dado θ, Por serem as a função de verossimilhança é definida pelo produto das contribuições de cada registro. De acordo com a inferência Bayesiana, o produto da distribuição anterior pela função de verossimilhança é proporcional à distribuição posterior conjunta de θ e σ2s. São então obtidas as distribuições posteriores marginais dos parâmetros usando a Amostragem de Gibbs (Gelfand & Smith, 1990). A introdução de métodos de Monte Carlo baseados em Cadeias de Markov (MCMC) tem contribuído significativamente no sentido de viabilizar a implementação do paradigma Bayesiano no melhoramento genético animal (Sorensen, 1996). Os métodos MCMC constituem uma família de processos interativos utilizados para a integração de amostras de uma determinada distribuição posterior. A amostragem de Gibbs é um tipo de MCMC freqüentemente utilizado na Genética Quantitativa Animal. A mesma é um procedimento de integração numérica usada na distribuição conjunta e marginal de todos os parâmetros do modelo, por meio da reamostragem de todas as distribuições condicionais. O objetivo da Amostragem de Gibbs é a obtenção de amostras aleatórias das distribuições posteriores. As mesmas podem ser utilizadas para a construção de histogramas de freqüências, resultando na distribuição posterior dos parâmetros genéticos estudados. 17 Também podem ser obtidas a média, moda e mediana da distribuição marginal e determinar as “regiões de credibilidade” de um determinado parâmetro (Blasco, 2001; Marcondes, 2004; Faria, 2007; Faria et al., 2007). Segundo Van Tassel (1995) o uso da amostragem de Gibbs apresenta varias vantagens com relação aos métodos usuais de estimação de componentes de variâncias e valores genéticos: • Não requer soluções para as equações de modelos mistos; • Propicia estimativas acuradas de parâmetros genéticos e regiões de credibilidade para essas estimativas; • Permite a análise de conjunto de dados maiores do que quando se utiliza REML com técnicas de matrizes esparsas. • Pode ser utilizado em microcomputadores ou servidores. Origem das informações Para o presente estudo foram utilizadas informações referentes a animais da raça Nelore participantes do PMGRN. 413 fazendas distribuídas em 15 estados da federação e quatro países sul americanos, com 1.119.045 animais cadastrados. A base de dados possui 3.595.015 pesagens e 607.859 medidas de perímetro escrotal, participam do PMGRN, coordenada pela Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP). Geralmente, nos estados com solos de baixa a média fertilidade são cultivadas gramíneas do gênero Bracharia, especialmente da espécie B. decumbens e B. humidicola. Em solos de média fertilidade predominam as gramíneas B. decumbens, B. brizantha e Andropogon guayanus. Finalmente em solos de média a alta fertilidade é encontrada com maior freqüência as 18 gramíneas B. brizantha e outras pertencentes ao gênero Panicum, principalmente P. maximum. As fazendas participantes do PMGRN ao ingressarem, adotam estação de acasalamentos, cuja duração varia entre 90 a 120 dias depois de estabelecida no intervalo de outubro a março, conforme a região e o ano. No entanto, a base de dados possui animais nascidos ao longo de todo o ano, devido ao uso de transferência de embriões (TE) e fecundação in vitro (FIV) pelos criadores do programa. É freqüente a utilização de Inseminação Artificial (IA), com repasse de touros após a primeira ou segunda oportunidade. A TE e a FIV são duas técnicas muitos utilizadas visando aproveitar multiplicar o material genético das fêmeas melhoradoras. A desmama dos bezerros é feita geralmente entre sete e oito meses de idade. Os cuidados sanitários são realizados de acordo ao estabelecido pelos órgãos sanitários federais/regionais. Os animais do PMGRN são submetidos a um criterioso controle das características produtivas e reprodutivas sendo as informações colhidas na fazenda e enviadas eletronicamente ao setor técnico da ANCP, onde é realizada uma rigorosa consistência das informações cadastrais e fenotípicas antes de serem incorporadas na base de dados. As pesagens dos animais são realizadas trimestralmente desde o nascimento até os 21 meses de idade. A mensuração do perímetro escrotal é realizada dos nove até os 21 meses de idade. Além dessas medidas trimestrais são realizadas pesagens das vacas e do bezerro ao desmame, das matrizes ao parto e das matrizes adultas nos meses de abril ao outubro. 19 O intervalo entre as pesagens e medidas ocorre no máximo a cada 185 dias com o objetivo de gerar informações para estudo da curva de crescimento e para padronizar os pesos e medidas a determinadas idades. Alem das pesagens e medidas tradicionais de perímetro escrotal, algumas fazendas realizam medidas de Ultra-sonografia para avaliar características quantitativas de carcaça como a Área do Olho do Lombo (AOL), Espessura de gordura entre a 12 e 13 costela (EG), Espessura de Gordura na Garupa (P8) e Porcentagem de gordura intramuscular (Marmoreio) e avaliações morfológicas para avaliar a estrutura corporal, a precocidade de acabamento e musculosidade da carcaça. Programa ANCP de precocidade sexual O programa ANCP de precocidade sexual, inicia suas atividades em 1995 e visa identificar novilhas precoces sexualmente que concebem precocemente em idades próximas ao ano e parem um bezerro vivo até os 30 meses da idade, e tendo como objetivo final disponibilizar Diferenças Esperadas nas Progênies (DEPs) para precocidade sexual às fazendas participantes do PMGRN (3P). As principais etapas do programa são: a) Desafio reprodutivo das novilhas entre os 12 e 20 meses de idade durante uma estação de monta de aproximadamente 90 dias, onde todas as novilhas da fazenda devem participar do programa e ser submetidas às mesmas condições de manejo; 20 b) No final da estação de monta e mediante palpação retal ou por ultrasonografia é realizado o diagnóstico de gestação. As novilhas com diagnóstico de prenhez positivo recebem o escore 1 e as vazias o escore 0; d) Seguimento das progênies das novilhas precoces (peso ao nascimento, desmama, ganho de peso) e dos subseqüentes partos das matrizes (re-concepção, longevidade, etc.) e avaliação quantitativa de carcaça para determinar o nível de associação entre precocidade sexual e precocidade de acabamento de carcaça. e) As informações são enviadas desde a fazenda para o PMGRN por meio de um sistema ON-LINE de processamento das informações, o que garante a qualidade das informações colhidas nas fazendas. Os procedimentos sanitários, pesagens e outros tipos de medidas seguem o cronograma do PMGRN descrito anteriormente. Bibliografia AZEVÊDO, D.M.M.R.; MARTINS FILHO, R.; LÔBO, R.N.B (2006). Desempenho reprodutivo de vacas Nelore no Norte e Nordeste do Brasil. Rev. Bras. Zootec, 35: 988- 996 (supl. 3). BERGMANN, J. A. G.; GRESSLER, S. L. ; GRESSLER, M. G. M (2006) Heritability estimates for age at first calving of Nellore mated as yearling and two-yearold heifers, using different models and data structure8th World Congress on Genetics Applied to Livestock Production, Belo Horizonte, MG, Brasil, 2006. BLASCO, A (2001). The Bayesian controversy in animal breeding. J. Anim. Sci., 79: 2023-2046 21 BOLIGON, A.A.; RORATO, P.R.N.; ALBUQUERQUE, L.G (2007). Correlações genéticas entre medidas de perímetro escrotal e características produtivas e reprodutivas de fêmeas da raça Nelore. Rev. Bras. Zootec,36: 565-571. 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Diferentes modelos foram testados para identificar aquele de melhor ajuste. Observouse pequena variação na distribuição posterior media dos componentes de variância e parâmetros genéticos. A distribuição posterior dos coeficientes de herdabilidade obtidos nos diferentes modelos foram semelhantes e próximos a 50%, indicando que a característica responde a seleção e pode ser utilizada como critério de seleção para precocidade sexual nos programas de melhoramento genético das raças zebuínas. Os modelos que apresentaram melhor ajuste foram aqueles que consideraram a classe da idade da mãe de novilha ao parto como um segundo efeito fixo e o peso da novilha à desmama, indicando que a condição fenotípica das novilhas no inicio da estação de acasalamento é uma considerável fonte de variação e pode afetar a expressão fenotípica da puberdade precoce. Palavra-chave: Herdabilidade, Inferência Bayesiana, Nelore, Precocidade sexual. 31 Introdução A identificação precisa dos fatores genéticos e ambientais que influenciam a precocidade sexual das fêmeas zebuínas tornou-se o principal desafio dos principais programas de melhoramento genético das raças índicas no Brasil. A antecipação na entrada em reprodução das novilhas possui importantes reflexos econômicos na atividade da pecuária de corte já que por meio da seleção para essas características procura-se aumentar a vida produtiva e o número de progênies produzido por vaca. A puberdade das novilhas zebuínas envolve um sistema de interação hormônios – tecidos – glândulas semelhante ao observado nas raças taurinas (Evans et al., 1999). A progressiva diminuição na resposta do hipotálamo ao estradiol segue a estimulação da pituitária determinado pelos altos níveis de secreção do hormônio LH (Day et al., 1987). Fatores que afetam a puberdade das novilhas zebuínas foram extensamente revisados por Nogueira (2004) onde o nível nutricional, o clima, as estações de nascimento e a genética dos animais são os que maiores efeitos exercem sobre a puberdade. Estudos sobre características de limiar (thresholds) associadas à precocidade sexual na raça Nelore (Eler et al., 2002; Eler et al., 2004; Silva et al., 2005; Shiotsuki et al., 2006; Faria et al., 2007; Van Melis et al., 2007; Vozzi et al., 2008) indicam que as mesmas apresentam variabilidade genética suficiente para responder à seleção e atualmente estão sendo utilizadas como critério de seleção nos programas de melhoramento genético brasileiros para a raça Nelore (Eler et al., 2002; Eler, 2005; Hill, 2005; Lôbo et al., 2008). 32 Objetivos Gerais O trabalho teve como objetivo estimar componentes de variâncias e parâmetros genéticos para a característica Probabilidade de Parto Precoce analisando diferentes modelos estatísticos sob um modelo Bayesiano de limiar. Objetivos Específicos • Propor um modelo estatístico apropriado para a análise Bayesiana da característica de limiar 3P; • Obter distribuições posteriores dos componentes de variâncias e parâmetros genéticos da característica 3P; • Estabelecer se há variabilidade genética suficiente a ser trabalhada na raça Nelore. 33 Material e Métodos Origem das informações: O arquivo de dados foi constituído por informações provenientes do Programa ANCP de Precocidade sexual (Lôbo et al., 2008), sendo 10.558 informações reprodutivas de novilhas nascidas entre 2.000 e 2004, colhidas em 11 fazendas participantes do programa foram utilizadas na análise. As 10.558 novilhas utilizadas nesta análise são filhas de 479 touros e de 7.459 matrizes. Definição da característica Probabilidade de Perto Precoce (3P): Novilhas desafiadas precocemente entre os 12 e 21 meses, diagnosticadas com prenhez positiva (diagnóstico por ultra-sonografia ou palpação retal), que mantiveram a gestação e pariram um bezerro vivo receberam o escore 1 (sucesso). As contemporâneas que não atingiram algum critério anteriormente descrito receberam o escore 0 (fracasso). Modelo Genético: Formação do grupo de contemporâneas O grupo de contemporâneos foi definido como animais da mesma fazenda, nascidos no mesmo ano e mesmo trimestre e pertencente ao mesmo lote de manejo. Grupos de contemporâneos com menos de cinco animais e grupos descendentes de um mesmo reprodutor não foram considerados nas análises. No total foram constituídos 94 grupos de contemporâneos. 34 Modelos estatísticos avaliados Com o intuito de analisar os fatores que afetam a expressão da característica foram analisados oito modelos estatísticos univariados para a característica 3P. Foram contemplados nos diferentes modelos além do grupo de contemporâneos as seguintes variáveis: CIVP: Corresponde à classe da idade da vaca ao parto no nascimento da novilha, tomado como efeito fixo. Foram contempladas nove classes de idades diferentes. P210: Peso padronizado aos 210 dias de idade da novilha. Característica indicativa do peso à desmama da novilha, o mesmo foi considerado no modelo como uma (co)variável linear. O peso padronizado aos 210 dias foi calculado de acordo à seguinte fórmula (Garnero et al., 2001): P210 = Pa + GMD x da em que Pa é o peso anterior à idade padrão, GMD é ganho de peso diário e da corresponde aos dias compreendidos entre a idade anterior e a idade padrão O ganho médio diário foi obtido de acordo a seguinte formula: GMD=(Pp-Pa)/(Ip-Ia) Em que Pp é o peso posterior à idade padrão, Pa é o peso anterior à idade padrão, Ip é a idade do animal em dias na pesagem posterior e Ia é a idade do animal em dias na pesagem anterior. P365: Peso padronizado aos 365 dias de idade da novilha. Característica indicativa do peso da novilha ao inicio da estação de monta, o mesmo também foi considerado no modelo como uma (co)variável linear. O peso 35 padronizado aos 365 dias foi calculado seguindo-se a mesma fórmula utilizada para o peso aos 210 dias. A estrutura dos diferentes modelos é detalhada a seguir: Modelo 1 (M1): Modelo thresholds considerando o grupo de contemporâneas como efeito fixo. Modelo 2 (M2): Modelo thresholds considerando o grupo de contemporâneas e a classe da Idade da mãe da novilha ao parto como efeitos fixos. Modelo 3 (M3): Modelo thresholds considerando o grupo de contemporâneas e a classe da Idade da mãe da novilha ao parto como efeitos fixos e o peso à desmama da novilha (peso aos 210 dias) como (co)variável. Modelo 4 (M4): Modelo thresholds considerando o grupo de contemporâneas e a classe da Idade da mãe da novilha ao parto como efeitos fixos e o peso à entrada da novilha da estação de monta (peso aos 365 dias) como (co)variável. Modelo 5 (M5): Modelo thresholds considerando o grupo de contemporâneas e a classe de idade da mão de novilha ao parto como efeitos fixos e o peso à desmama da novilha (peso aos 210 dias) e o peso à entrada da novilha na estação de monta (peso aos 365 dias) como (co)variáveis. Modelo 6 (M6): Modelo thresholds considerando o grupo de contemporâneas como efeito fixo e o peso à desmama da novilha (peso aos 210 dias) como (co)variável. Modelo 7 (M7): Modelo thresholds considerando o grupo de contemporâneas como efeito fixo, o peso à desmama da novilha (peso aos 210 dias) e o peso 36 à entrada da novilha na estação de monta (peso aos 365 dias) como (co)variáveis. Modelo 8 (M8): Modelo thresholds considerando o grupo de contemporâneas como efeito fixo e o peso à entrada da novilha na estação de monta (peso aos 365 dias) como (co)variável. Para a estimação de parâmetros genéticos nos diferentes modelos foi utilizado um modelo Bayesiano Thresholds (de limiar), por meio do processo interativo da amostragem de Gibbs utilizando o software THRGIBBS1F90 (Tsuruta et al., 2006) de acordo ao com o seguinte modelo genético de limiar: y = Xβ + Zµ + e onde ⎡a ⎤ ⎡ V ⊗ A 0 ⎤ V⎢ ⎥ = ⎢ ⎥ ⎣e ⎦ ⎣ 0 R ⊗ I ⎦ em que y é o vetor das informações para a característica 3P, β é o efeito dos grupos de contemporâneos, µ é o vetor de efeitos genéticos diretos, X e Z são as matrizes que relacionam os dados com seus respectivos efeitos e e representa os efeitos residuais do modelo, A é a matriz de parentesco contendo todos os animais presentes no pedigree, I é a matriz de identidade, ⊗ é o produto de Kronecker, V é a matriz de variância e (co)variâncias para os efeitos genéticos aditivos e R é a matriz de variância e (co)variâncias para os efeitos residuais. Nas diferentes análises a variância residual sobre a 37 escala não observável foi fixada em 1 de acordo com Gianola & Foulley (1983). Para todos os modelos foi utilizada uma cadeia simples de 1.000.000 de amostras de Gibbs, com um descarte inicial de 20.000 amostras, realizando a amostragens das mesmas a cada 50 ciclos. As análises postgibbs foram realizadas utilizando os softwares POSTGIBBSF90 (Tsuruta et al., 2006) e Gibanal (Van Kaam, 1997). Para a determinação do ajuste dos diferentes modelos foi utilizado o PROC GENMOD (Modelos Lineares Generalizados) considerando-se a distribuição de Poisson e função logarítmica específica para características binárias (SAS, 2003). Para a comparação dos ganhos de pesos e dos pesos ajustados entre as novilhas precoces e não precoces foi utilizado PROC TTEST (SAS, 2003). 38 Resultados e Discussão As novilhas que receberam o escore 1 (sucesso) e 0 (fracasso) totalizaram 13 e 87% respectivamente, do total de dados. Considerando as novilhas que pariram precocemente, a idade média de prenhez aconteceu aproximadamente aos 16 meses. Estes resultados foram semelhantes aos obtidos por (Shiotsuki et al., 2006) também na raça Nelore em novilhas desafiadas aos 16 meses de idade. Os ganhos médios em peso no período compreendido entre a desmama e o ano de idade e o peso ajustado médio das novilhas aos 365 dias foram superiores nas novilhas precoces (p<0,01). Nas figuras 1 a 16 foram apresentadas as distribuições posteriores da herdabilidade e a variância genética obtida nas diferentes análises. 2500 9000 Densidade Posterior Densidade Posterior 8000 7000 6000 5000 4000 3000 2000 2000 1500 1000 500 1000 0 H2 1,757 1,683 1,608 1,534 1,459 1,385 1,311 1,236 1,162 1,087 1,013 0,939 0,864 0,790 0,715 0,641 0,567 0,492 0,660 0,642 0,624 0,606 0,589 0,571 0,553 0,535 0,517 0,499 0,481 0,463 0,445 0,428 0,410 0,392 0,374 0,356 0 Va Figura 1 e 2: Distribuições posteriores das estimativas de herdabilidade e da variância genética resultante do Modelo 1 2000 1800 8000 Densidade Posterior 6000 5000 4000 3000 2000 1000 1600 1400 1200 1000 800 600 400 2,409 2,295 2,181 2,067 1,953 1,839 1,725 1,611 1,497 1,383 1,269 1,155 1,041 0,927 0,813 0,699 0,766 0,741 0,715 0,690 0,665 0,639 0,614 0,589 0,563 0,538 0,513 0,487 0,462 0,437 0,412 0,386 0,361 0,336 H2 0,585 200 0 0 0,471 Densidade Posterior 7000 Va Figura 3 e 4: Distribuições posteriores das estimativas de herdabilidade e da variância genética resultante do Modelo 2 H2 3000 2000 0 2,063 4000 1,960 5000 1,858 6000 1,755 9000 1,653 H2 2,096 1,990 1,885 1,779 1,674 1,569 0 1,550 200 0 1,463 1000 1,448 2000 1,358 3000 1,346 H2 1,252 4000 2,104 2,000 1,895 1,791 1,686 1,582 1,477 1,372 1,268 1,163 1,059 H2 1,243 5000 1,147 1600 1,141 1800 7000 1,042 8000 1,038 0 0,954 200 0 0,936 1000 0,936 2000 0,850 3000 0,831 4000 0,833 5000 0,745 1600 0,725 1800 7000 0,731 8000 2,347 2,241 2,134 2,028 1,922 1,816 1,710 1,604 1,497 1,391 1,285 1,179 1,073 0,966 0,860 0,754 0,648 0 0,641 200 0 0,620 1000 0,629 2000 0,542 3000 0,536 4000 0,432 5000 Densidade Posterior 1600 0,515 6000 Densidade Posterior 0,706 0,685 0,664 0,642 0,621 0,600 0,579 0,558 0,537 0,516 0,494 0,473 0,452 0,431 0,410 0,389 0,368 0,346 Densidade Posterior 6000 0,409 6000 Densidade Posterior 0,704 0,684 0,664 0,644 0,623 0,603 0,583 0,562 0,542 0,522 0,501 0,481 0,461 0,441 0,420 0,400 0,380 0,359 Densidade Posterior 1800 7000 0,526 7000 Densidade Posterior 0,708 0,685 0,663 0,640 0,618 0,595 0,572 0,550 0,527 0,505 0,482 0,460 0,437 0,414 0,392 0,369 0,347 0,324 Densidade Posterior 8000 0,424 0,685 0,662 0,639 0,616 0,594 0,571 0,548 0,526 0,503 0,480 0,458 0,435 0,412 0,390 0,367 0,344 0,322 0,299 Densidade Posterior 39 1400 1200 1000 800 600 400 Va Figura 5 e 6: Distribuições posteriores das estimativas de herdabilidade e da variância genética resultante do Modelo 3 1400 1200 1000 800 600 400 Va Figura 7 e 8: Distribuições posteriores das estimativas de herdabilidade e da variância genética resultante do Modelo 4 1400 1200 1000 800 600 400 Va Figura 9 e 10: Distribuições posteriores das estimativas de herdabilidade e da variância genética resultante do Modelo 5 8000 2500 2000 1500 1000 1000 500 0 Va Figura 11 e 12: Distribuições posteriores das estimativas de herdabilidade e da variância genética resultante do Modelo 6 2500 Densidade Posterior 10000 9000 8000 7000 6000 5000 4000 3000 2000 1000 0 2000 1500 1000 500 H2 1,768 1,685 1,603 1,520 1,438 1,356 1,273 1,191 1,109 1,026 0,944 0,861 0,779 0,697 0,614 0,532 0,450 0,367 0,675 0,650 0,626 0,601 0,576 0,551 0,526 0,501 0,476 0,451 0,426 0,402 0,377 0,352 0,327 0,302 0 0,277 Densidade Posterior 40 Va Figura 13 e 14: Distribuições posteriores das estimativas de herdabilidade e da variância genética resultante do Modelo 7 9000 2500 Densidade Posterior Densidade Posterior 8000 7000 6000 5000 4000 3000 2000 2000 1500 1000 500 1000 0 H2 1,978 1,880 1,782 1,684 1,586 1,488 1,390 1,293 1,195 1,097 0,999 0,901 0,803 0,705 0,607 0,509 0,411 0,662 0,641 0,619 0,597 0,575 0,553 0,531 0,510 0,488 0,466 0,444 0,422 0,400 0,378 0,357 0,335 0,313 0,291 0 Va Figura 15 e 16: Distribuições posteriores das estimativas de herdabilidade e da variância genética resultante do Modelo 8 Independentemente do modelo, as distribuições posteriores dos componentes de variância genética e das estimativas de herdabilidade foram semelhantes nos diferentes modelos empregados. Conforme pode ser observado nas figuras 1 a 16 a distribuição das amostras tendem ser Normais, com valores próximos da media, moda e mediana (Tabela 2.2) o que indicaria uma correta implementação da técnica Bayesiana por médio da utilização do processo interativo da amostragem de Gibbs para a característica 3P (Blasco et al., 2001; Magnabosco et al., 2002). Na tabela 1.2 são apresentados os resultados obtidos na análise Bayesiana nos diferentes modelos. 41 Tabela 1.2: Média, Desvio padrão e região de credibilidade dos componentes de variância obtidos nos diferentes modelos M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8 Variância Va Vr Va Vr Va Vr Va Vr Va Vr Va Vr Va Vr Va Vr Média 1,044 1,002 1,140 1,003 1,187 1,003 1,138 1,003 1,161 1,003 1,060 1,003 1,027 1,003 1,011 1,003 Desvio-Padrão 0,223 0,020 0,269 1,003 0,284 0,020 0,272 0,020 0,270 0,020 0,223 0,020 0,216 0,020 0,210 0,020 Região de credibilidade (95%) 1,028 a 1,061 1,002 a 1,003 1,120 a 1,161 1,002 a 1,003 1,164 a 1,210 1,002 a 1,003 1,116 a 1,160 1,002 a 1,003 1,142 a 1,180 1,002 a 1,003 1,046 a 1,075 1,002 a 1,003 1,011 a 1,044 1,002 a 1,003 0,997 a 1,025 1,002 a 1,003 Va: Variância genética aditiva; VR: Variância residual Na tabela 2.2 são apresentadas as médias, modas e medianas das distribuições posteriores das estimativas de herdabilidade para a característica Probabilidade de Parto Precoce (3P), obtidas nos diferentes modelos via inferência Bayesiana. Tabela 2.2: Distribuições posteriores das estimativas de herdabilidade obtidas nos diferentes modelos (média, moda e mediana) Média Moda Mediana M1 0,504 0,502 0,504 M2 0,525 0,518 0,524 M3 0,534 0,527 0,534 M4 0,524 0,512 0,524 M5 0,529 0,533 0,529 M6 0,508 0,520 0,508 M7 0,500 0,502 0,501 M8 0,497 0,490 0,496 As tabelas 1.2 e 2.2 mostram que os diferentes modelos resultaram em variâncias e herdabilidades semelhantes, sendo que estas últimas foram todas próximas a 50% o que indica que a característica possui variabilidade genética suficiente para ser incluída como critério de seleção nos programas de melhoramento genético. Resultados de herdabilidade semelhantes foram 42 obtidos por Eler et al. (2002) para a característica Probabilidade de Prenhez aos 14 meses utilizando o Método ℜ, Probabilidade de Prenhez aos 16 meses (Silva et al., 2005; Shiotzuki et al., 2006) aplicando método ℜ e inferência Bayesiana respectivamente e por Van Melis et al. (2007) também utilizando um modelo Bayesiano multivariado, também para a característica Probabilidade de Prenhez aos 14 meses. Na tabela 3.2 é apresentado o resultado do PROC GENMOD para a determinação do modelo que apresentou maior ajuste. Tabela 3.2: Comparação dos diferentes modelos estudados Modelo M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8 Desvio 753,6825 749,2373 716,4000 698,5226 683,4805 719,9492 687,1414 702,0893 Log Verossimilhança -10405,2300 -10403,0091 -10386,5905 -10377,7657 -10370,1307 -10388,3650 -10371,9612 -10379,4351 P 0,0720 0,0717 0,0697 0,0685 0,0682 0,0700 0,0685 0,0688 Log verossimilhança: quanto menor maior ajuste Os modelos que apresentaram melhor ajuste foram os M1, M2 e M6 indicando que a condição fenotípica das novilhas á desmama pode afetar seu desempenho reprodutivo quando as mesmas são desafiadas precocemente em idades próximas aos 12 meses. Segundo Foxcroft (1980), Vizcarra et al. (1995) e Nogueira (2004) as novilhas com maiores taxas de crescimento no período pré e pós-desmama tendem a atingir mais cedo a puberdade que aquelas novilhas com menores índices de crescimento o que reforçam os resultados obtidos com esses modelos. Os maiores ganhos entre a desmama e ano de idade e os maiores pesos ao início da estação de monta das novilhas que receberam o escore 1 reforçam esta hipótese. As estações de 43 nascimentos das novilhas afetam consideravelmente o desempenho das mesmas após da desmama, sendo a disponibilidade de alimentos o principal fator que determine a condição fenotípica das mesmas ao inicio da estação de monta, portanto considerar as diferentes estações de nascimento nos grupos de contemporâneas contribui significativamente para ajustar o modelo. Embora a densidade posterior dos componentes de variâncias e dos parâmetros genéticos tenham sido semelhante nos diferentes modelos, a inclusão da classe de idade da mãe da novilha ao parto e dos pesos das novilhas à desmama e ao início da estação de monta podem aumentar as acurácias das estimativas de parâmetros genéticos e das Diferenças Esperadas nas Progênies (DEPs) para Probabilidade de Parto Precoce nas avaliações genéticas para esta característica. Conclusões Existe variabilidade genética potencial em termos de precocidade sexual para ser utilizada nos programas de melhoramento da raça Nelore. As estimativas de herdabilidade obtidas no estudo mostram que a característica Probabilidade de Parto Precoce (3P) pode ser utilizada como critério de seleção para precocidade sexual na raça Nelore com importantes reflexos econômicos para a pecuária de corte já que a mesma contempla a prenhez precoce, a manutenção da gestação e a parição de um bezerro vivo. A condição fenotípica das novilhas à desmama tem efeito significativo na expressão de característica 3P, portanto os fatores que atuam nessa fase 44 deveriam ser considerados nos modelos das avaliações genéticas para característica de precocidade sexual. Bibliografia BLASCO, A (2001). The Bayesian controversy in animal breeding. J. Anim. Sci., 79: 2023-2046 BOLIGON, A.A.; VOZZI, P.A.; NOMELINI, J.; RORATO, P.R.N.; BEZERRA, L.A.F.; LÔBO, R.B. Parâmetros genéticos para idade ao primeiro parto estimados por diferentes modelos para rebanhos da raça Nelore. Ciência Rural, Santa Maria, v.38, n.2, p.432-436. DAY, M.L.; IMAKAWA, K, WOLFE, P.L.; KITTOK, R.J.; KINDER. E.J. (1987). Endocrine mechanism of puberty in heifers. Role of hypothalamo-pituitary estradiol receptors in the negative feedback of estradiol on luteinizing hormone secretion. Biol. Reprod. 37: 1054-1065. ELER, J.P.; SILVA, J.A.; FERRAZ J.B.S.; DIAS F, et al. (2002). 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O estudo teve como objetivo estimar componentes de (co)variâncias e parâmetros genéticos para as características Probabilidade de Parto Precoce (thresholds), para os perímetros escrotais aos 365, 450 e 550 dias de idade e para o crescimento testicular entre essas idades (todas contínuas) mediante a utilização de um modelo Bayesiano multivariado em animais da raça Nelore participantes do PMGRN. As distribuições posteriores médias das estimativas de herdabilidades obtidas foram de média a alta magnitude. A maior correlação genética entre parto precoce e os perímetros escrotais ocorreu aos 450 dias de idade, o que indicaria que possivelmente seja esta a melhor idade para selecionar machos jovens com o objetivo de melhorar a precocidade sexual dos rebanhos. A correlação genética obtida entre Parto Precoce e crescimento testicular entre as diferentes idades comprovou estes resultados sugerindo-se que o crescimento testicular entre os 365 e 450 dias de idade estaria relacionado aos eventos fisiológicos associados à puberdade precoce. Palavra-chave: Correlação Genética, Inferência Bayesiana, Precocidade sexual, Nelore. 49 Introdução Recentes pesquisas no Brasil têm procurado determinar a melhor idade para selecionar machos jovens utilizando-se o perímetro escrotal como critério de seleção para precocidade sexual do rebanho (Bergmann et al., 2006; Eler et al., 2006; Gressler et al., 2006; Van Melis et al., 2007; Boligon et al., 2008). Os resultados indicam correlações medianamente favoráveis entre as características expressas em sexos diferentes, porém a mesma varia de acordo com a idade em que o perímetro escrotal é utilizado como critério de seleção. O perímetro escrotal em diferentes idades é o critério de seleção para precocidade sexual e fertilidade mais utilizado em machos nas raças zebuínas principalmente pela importante variabilidade genética que apresenta (Quirino & Bergmann, 1998; Eler et al., 2006; Gressler et al., 2006; Fridrich et al., 2006; Van Melis et al., 2007) e pelos reflexos que sua seleção têm sobre a eficiência reprodutiva e precocidade sexual dos rebanhos. Com a identificação de qual idade nos machos jovens teria maior correlação genética com a precocidade sexual das fêmeas, poderia ser intensificada a seleção para precocidade sexual em ambientes tropicais, devido principalmente à dificuldade de detecção da puberdade em novilhas. Segundo Eler (2005) o perímetro escrotal não possuiria correlação genética suficiente com a puberdade precoce das novilhas na raça Nelore para ser utilizado exclusivamente na seleção para precocidade sexual. Sua utilização consistiria em aumentar a acurácia das avaliações genéticas para prenhez precoce das novilhas, quando em modelos bi ou multicaracterística com as características indicadoras de precocidade acrescentando informação ao modelo genético. sexual nas fêmeas para 50 Nesta mesma linha de raciocínio diversas pesquisas foram conduzidas em raças taurinas e índicas para determinar a associação genética entre características expressas em sexos diferentes. Evans et al. (1999) e MartínezVelázques et al. (2003) encontraram correlações genéticas próximas a zero nas raças taurinas como a Hereford, Limousine, Red Poll, Simental, Charolaise, Pinzgauer, Gelbvieh e Braunvieh. Porém, no Brasil, Eler et al. (2004) e Eler et al. (2006) utilizando o Método ℜ e Van Melis et al. (2007) sob um enfoque Bayesiano analisaram a correlação genética entre PP14 (probabilidade de prenhez aos 14 meses) e perímetro escrotal aos 15 e 18 meses de idade observando correlações positivas e favoráveis entre precocidade sexual das novilhas e perímetro escrotal na raça Nelore. Os resultados obtidos com o método ℜ indicaram que a melhor idade para selecionar o perímetro escrotal visando precocidade sexual ocorreria aos 18 meses de idade, sendo que as correlações genéticas variaram de 0,20 a 0,27. A distribuição posterior média da correlação genética entre PP14 e perímetro escrotal aos 18 meses estimada por Van Melis et al. (2007) foi de 0,28. 51 Objetivos gerais O trabalho teve como objetivo estimar componentes de (co)variâncias e parâmetros genéticos para as características Probabilidade de parto Precoce e os perímetros escrotais em diferentes idades implementando um modelo Bayesiano multivariado. Objetivos específicos • Estimar componentes de (co)variâncias e parâmetros genético para Probabilidade de parto precoce, perímetro escrotal aos 365 (PE365), 450 (PE450) e 550 dias (PE550), crescimento testicular entre os 365 e 450 dias (CT 365-450) e crescimento testicular entre os 450 e 550 dias de idade (CT 450-550). • Determinar a correlação genética entre todas as características mediante uso de modelo Bayesiano multivariado. • Comparar os componentes de variâncias e parâmetros genéticos obtidos de modelos univariados e multivariados para a característica 3P. 52 Material e métodos Origem das informações: O arquivo de dados foi constituído por informações provenientes do Programa ANCP de Precocidade sexual (Lôbo et al., 2008), sendo 10.558 informações reprodutivas de novilhas nascidas entre 2.000 e 2004, colhidas em 11 fazendas participantes do programa foram utilizadas na análise. As 10.558 novilhas utilizadas nesta análise são filhas de 479 touros e de 7.459 matrizes. As medidas de perímetro escrotal foram obtidas do arquivo zootécnico do Programa de Melhoramento Genético da Raça Nelore (PMGRN), totalizando-se 128.634 informações de perímetros escrotais provenientes de 43.247 animais, nascidos entre os anos de 1.991 e 2.005, filhos de 2.428 touros e 36.296 matrizes. Definição da característica Probabilidade de Perto Precoce (3P): Novilhas desafiadas precocemente entre os 12 e 20 meses, diagnosticadas com prenhez positiva (diagnóstico por ultra-sonografia ou palpação retal), que mantiveram a gestação e pariram um bezerro vivo receberam o escore 1 (sucesso). As contemporâneas que não atingiram algum critério anteriormente descrito receberam o escore 0 (fracasso). Definição das características Perímetro Escrotal aos 365 (PE365), 450 (PE450) e 550 (PE550) dias de idade: Estas medidas correspondem à mensuração do perímetro escrotal ajustada a uma determinada idade de seguindo-se à seguinte fórmula: 53 PEi = Ma + GMD x da em que PEi é a medida de perímetro escrotal padronizada a uma determinada idade, Ma é a medida anterior à idade padrão, GMD é ganho em milímetros diários e da corresponde aos dias compreendidos entre a idade anterior e a idade padrão. O ganho médio diário foi obtido de acordo a seguinte formula: GMD=(Mp-Ma)/(Ip-Ia) Em que Mp é a medida posterior à idade padrão, Ma é a medida anterior à idade padrão, Ip é a idade do animal em dias na medida posterior e Ia é a idade do animal em dias na medida anterior. Definição das características Crescimento Testicular entre os 365 e 450 dias (CT 365-450) e entre os 450 e 550 dias de idade (CT 450-550): As características foram calculadas como a diferença entre as medidas padronizadas para perímetro escrotal entre as duas idades consecutivas. Modelo Genético: Grupo de contemporâneas para 3P (efeito fixo 1) O grupo de contemporâneas foi definido como animais da mesma fazenda, nascidos no mesmo ano e mesmo trimestre e pertencente ao mesmo lote de manejo. Grupos de contemporâneas com menos de cinco novilhas e grupos descendentes de um mesmo reprodutor não foram considerados nas análises. No total foram constituídos 94 grupos de contemporâneas. 54 Classe de idade da vaca ao parto (CIVP) (efeito fixo 2) Corresponde à classe da idade da vaca ao parto no nascimento da novilha, considerado como um segundo efeito fixo. Foram contempladas nove classes de idade diferentes. Grupos de contemporâneos para perímetro escrotal (efeito fixo 1) O grupo de contemporâneos para perímetro escrotal foi definido com animais nascidos na mesma fazenda, ano e trimestre de nascimento e pertencentes ao mesmo lote de manejo. Grupos de contemporâneos com menos de cinco animais e grupos filhos de um mesmo touro não foram considerados na análise. Animais com 3,5 desvios-padrão acima ou abaixo da média de seu grupo de contemporâneo foram desconsiderados nas análises. Classe de Idade da Vaca ao Parto (CIVP) (efeito fixo 2) Mesma definição de CIVP considerada para a característica 3P. Para a estimação de parâmetros genéticos foi utilizado um modelo Bayesiano multivariado onde a primeira característica foi considerada como de limiar (thresholds) e as outras cinco como contínuas (Lineares). Seis características foram analisadas simultaneamente por meio do processo iterativo da amostragem de Gibbs utilizando o software THRGIBBS1F90 (Tsuruta et al., 2006) de acordo com o seguinte modelo genético: y = Xβ + Zµ + e onde 55 ⎡a ⎤ ⎡ V ⊗ A 0 ⎤ ⎥ ⎥=⎢ ⎣e ⎦ ⎣ 0 R ⊗ I ⎦ V⎢ em que y é o vetor das informações para a característica 3P, PE365, PE450, PE550, CT 365-450, CT 450-550, β é o efeito dos grupos de contemporâneos, µ é o vetor de efeitos genéticos diretos, X e Z são as matrizes que relacionam os dados com seus respectivos efeitos e e representa os efeitos residuais do modelo, A é a matriz de parentesco contendo todos os animais presentes no pedigree, I é a matriz de identidade, ⊗ é o produto de Kronecker, V é a matriz de variâncias e (co)variâncias para os efeitos genéticos aditivos e R é a matriz de variâncias e (co)variâncias para os efeitos residuais. Nas diferentes análises a variância residual para a característica 3P sob a escala não observável foi fixada em um (1) de acordo com Gianola e Foulley (1983) e as (co)variâncias residuais entre 3P e os perímetros escrotais foram consideradas como zero. O modelo Bayesiano consistiu numa cadeia simples de 1.000.000 de amostras de Gibbs, com um descarte inicial de 20.000 amostras, realizando amostragens das mesmas a cada 50 ciclos. As análises post-gibbs foram realizadas utilizando os programas POSTGIBBSF90 (Tsuruta et al., 2006) e Gibanal (Van Kaam, 1997). Para a obtenção das informações a priori dos componentes de variâncias dos perímetros escrotais foram realizadas análises univariadas utilizando o software REMLF90 (Misztal, 2004) e o MTDFREML (Boldman et al., 1995), já para a característica 3P foi utilizado o software THRGIBBSF90. 56 Resultados e Discussão As novilhas que receberam o escore 1 (sucesso) e 0 (fracasso) totalizaram 13 e 87% dos dados, respectivamente para a característica 3P descrita no Capítulo 2. Considerando as novilhas que pariram precocemente, a idade média de prenhez ocorreu aproximadamente aos 16 meses. Estes resultados foram semelhantes aos obtidos por Shiotsuki et al. (2006) também na raça Nelore em novilhas desafiadas aos 16 meses de idade. Na Tabela 1.3 são apresentadas as estatísticas descritivas das características lineares utilizadas na análise. Tabela 1.3: Estatísticas descritivas das características lineares consideradas na análise Característica Número de animais PE365 (cm) PE450 (cm) PE550 (cm) CT 365-450 (mm) 34.433 32.347 15.270 23.292 CT 450-550 (cm) 23.292 GC Media DP C.V 1.337 20,01 2,30 0,11 1.350 22,86 2,99 0,13 778 26,18 3,35 0,12 965 3,04 1,36 0,45 965 3,56 1,44 0,40 Número de animais: Número de animais utilizado em cada característica na análise multivariada; GC: Números de Grupos de contemporâneos por característica; DP: desvio padrão; C.V: Coeficiente de Variação da característica. As médias fenotípicas de PE365, PE450 e PE550 dias de idade foram semelhantes às médias oficiais do PMGRN – Nelore Brasil (Lôbo et al., 2008). Em relação a CT 365-450 e CT 450-550 características crescimento testicular entre os 365 e 450 dias e entre 450 e 550 houve, considerável variação nos dados, fatos demonstrados pelos coeficientes de variação. Embora o processo de consistência das informações fenotípicas tenha sido rigoroso, possíveis erros ou pouca precisão no momento de realizar a mensuração do perímetro escrotal poderia afetar estas características. 57 Na tabela 2.3 são apresentadas as distribuições posteriores dos componentes de variâncias e suas respectivas regiões de credibilidade a 95% e as estimativas de herdabilidade para as seis características consideradas na análise. Tabela 2.3: Distribuição posterior média das variâncias genética, residual e regiões de credibilidade obtidas no modelo Bayesiano multicaracterística Característica 3P PE365 PE450 PE550 CT 365-450 CT 450-550 Va 0,943 1,136 2,162 2,827 0,344 0,247 RC (95%) 0,905 a 0,980 1,132 a 1,140 2,156 a 2,169 2,819 a 2,835 0,3419 a 0,346 0,2435 a 0,252 Vr 1,001 1,739 2,852 3,536 1,263 1,470 RC (95%) 0,998 a 1,010 1,736 a 1,742 2,847 a 2,856 3,530 a 3,542 1,261 a 1,264 1,468 a 1,473 h2 0,48 0,39 0,43 0,44 0,21 0,14 Va: Variância genética aditiva; RC (95%): Região de credibilidade de 95%; Vr: Variância Residual; h2: Herdabilidade Na tabela 3.3 são apresentadas a distribuições posteriores dos componentes de (co)variâncias entre as seis características. Na diagonal da matriz se apresenta a variância genética aditiva de cada característica e fora da diagonal as covariâncias entre cada característica. Já as densidades posteriores das herdabilidades e das variâncias genéticas para cada característica resultantes desta análise estão na figura 1 a 12. As variâncias e a estimativa de herdabilidade da característica 3P no modelo multivariado foram semelhantes às observadas no modelo univariado (Capítulo 2), pelo que a inclusão de informações de perímetro escrotal em diferentes idades no modelo não contribuiu para remover a variação ambiental que a característica apresente, devido provavelmente a que a expressão das características é em sexos diferentes. 58 Tabela 3.3: Distribuição posterior media das variâncias e (co)variâncias genéticas obtidas do modelo Bayesiano multicaracterística 3P PE365 PE450 PE550 CT 365-450 CT 450-550 3P 0,943 0,448 0,694 0,614 0,246 -0,080 PE365 0,448 1,136 1,477 1,560 0,341 0,082 PE450 0,694 1,477 2,162 2,371 0,685 0,209 PE550 0,614 1,560 2,371 2,827 0,812 0,456 CT 365-450 0,246 0,341 0,685 0,812 0,344 0,127 CT 450-550 -0,080 0,082 0,209 0,456 0,127 0,247 10000 9000 8000 7000 6000 Densidade Posterior 2000 1800 5000 4000 3000 2000 1000 0 1600 1400 1200 1000 800 600 400 H2 3P - modelo multivariado 1,397 1,321 1,245 1,169 1,093 1,017 0,941 0,866 0,790 0,714 0,638 0,562 0,486 0,601 0,585 0,568 0,552 0,535 0,518 0,502 0,485 0,469 0,452 0,436 0,419 0,402 0,386 0,369 0,353 200 0 0,336 Densidade Posterior 3P: probabilidade de parto precoce; PE365: perímetro escrotal aos 365 dias; PE450: perímetro escrotal aos 450 dias; PE550: perímetro escrotal aos 550 dias; CT 365-450: crescimento testicular entre os 365 e 450 dias de idade; CT 450-550: crescimento testicular entre os 450 e 550 dias de idade. Va 3P - modelo multivariado Figura 1 e 2: Distribuições posteriores das estimativas de herdabilidade e variância genética aditiva resultante de um modelo multivariado para a característica 3P 12000 20000 10000 Densidade Posterior 25000 15000 10000 5000 0 8000 6000 4000 2000 H2 PE365 - modelo multivariado 1,294 1,276 1,258 1,240 1,222 1,204 1,186 1,167 1,149 1,131 1,113 1,095 1,077 1,059 1,041 1,023 1,005 0,434 0,429 0,423 0,418 0,412 0,407 0,401 0,395 0,390 0,384 0,379 0,373 0,368 0,362 0,357 0,351 0,345 0,340 0 Va PE365 - modelo multivariado Figura 3 e 4: Distribuições posteriores das estimativas de herdabilidade e variância genética aditiva resultante de um modelo multivariado para a característica PE365 5000 4500 30000 Densidade Posterior 25000 20000 15000 10000 5000 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 2,375 2,345 2,315 2,285 2,255 2,225 2,195 2,165 2,135 2,105 2,075 2,045 2,015 1,985 1,955 0,469 0,464 0,459 0,454 0,449 0,443 0,438 0,433 0,428 0,423 0,418 0,412 0,407 0,402 0,397 0,392 0,386 H2 PE450 - modelo multivariado 1,925 500 0 0 1,895 Densidade Posterior 35000 Va PE450 - modelo multivariado Figura 5 e 6: Distribuições posteriores das estimativas de herdabilidade e variância genética aditiva resultante de um modelo multivariado para a característica PE450 59 4000 25000 Densidade Posterior Densidade Posterior 3500 20000 15000 10000 5000 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 H2 PE550 - modelo multivariado 3,296 3,238 3,180 3,122 3,065 3,007 2,949 2,891 2,833 2,775 2,717 2,659 2,602 2,544 2,486 2,428 2,370 2,312 0,491 0,485 0,479 0,473 0,467 0,461 0,455 0,449 0,443 0,438 0,432 0,426 0,420 0,414 0,408 0,402 0,396 0 Va PE550 - modelo multivariado Figura 7 e 8: Distribuições posteriores das estimativas de herdabilidade e variância genética aditiva resultante de um modelo multivariado para a característica PE550 25000 30000 Densidade Posterior 25000 20000 15000 10000 5000 0 20000 15000 10000 5000 H2 CT 365 - 450 - modelo multivariado 0,406 0,397 0,388 0,379 0,370 0,361 0,352 0,343 0,334 0,325 0,316 0,307 0,299 0,290 0,281 0,263 0,250 0,245 0,240 0,235 0,229 0,224 0,219 0,213 0,208 0,203 0,198 0,192 0,187 0,182 0,176 0,171 0,166 0 0,272 Densidade Posterior 35000 Va CT365 - 450 - modelo multivariado Figura 9 e 10: Distribuições posteriores das estimativas de herdabilidade e variância genética aditiva resultante de um modelo multivariado para a característica CT 365 - 450 16000 14000 25000 Densidade Posterior 20000 15000 10000 5000 12000 10000 8000 6000 4000 2000 0 H2 CT 450 - 550 - modelo multivariado 0,329 0,319 0,309 0,299 0,289 0,278 0,268 0,258 0,248 0,238 0,228 0,217 0,207 0,197 0,187 0,177 0,190 0,184 0,178 0,173 0,167 0,161 0,156 0,150 0,144 0,139 0,133 0,127 0,121 0,116 0,110 0,104 0,099 0 0,167 Densidade Posterior 30000 Va CT 450 - 550 - modelo multivariado Figura 11 e 12: Distribuições posteriores das estimativas de herdabilidade e variância genética aditiva resultante de um modelo multivariado para a característica CT 450 - 550 Como observado nas figuras 1 a 12 as densidades posteriores das amostras de Gibbs geradas nesta análise apresentaram distribuição próxima da normal tanto para as estimativas de herdabilidades obtidas, quanto para a variância genética de cada característica, indicando proximidade entre os valores de médias, moda e mediana. Valores médios a altos de herdabilidade foram obtidos para as características 3P, PE365, PE450 e PE550 conforme 60 pode ser visualizado na tabela 4.3. As características CT 365 – 450 e CT 450 – 550 apresentaram valores menores valores de estimativas de herdabilidade. Tabela 4.3: Distribuição posterior média das estimativas de herdabilidades e correlações genéticas obtidas no modelo Bayesiano multicaracterística 3P PE365 PE450 PE550 CT 365-450 CT 450-550 3P 0,48 0,43 0,49 0,38 0,43 -0,16 PE365 0,43 0,39 0,94 0,87 0,54 0,15 PE450 0,49 0,94 0,43 0,95 0,79 0,29 PE550 0,38 0,87 0,95 0,44 0,82 0,55 CT 365-450 0,43 0,54 0,79 0,82 0,21 0,44 CT 450-550 -0,16 0,15 0,29 0,55 0,44 0,14 Coeficiente de herdabilidade: Diagonal; Correlação Genética: Fora da diagonal. 3P: probabilidade de parto precoce; PE365: perímetro escrotal aos 365 dias; PE450: perímetro escrotal aos 450 dias; PE550: perímetro escrotal aos 550 dias; CT 365-450: crescimento testicular entre os 365 e 450 dias de idade; CT 450-550: crescimento testicular entre os 450 e 550 dias de idade. A estimativa de herdabilidade para a característica 3P no modelo multivariado foi semelhante à aquela obtida no modelo univariado (0,50) (Capítulo 2) o que reforça a hipótese que existem suficientes diferenças genéticas em termos de precocidade sexual entre os animais a serem aproveitadas nos programas de melhoramento genético. Resultados de análises multivariadas semelhantes publicados por Eler et al. (2004) e Eler et al. (2006) utilizando o Método ℜ indicaram valores semelhantes de herdabilidade para a característica Probabilidade de Prenhez aos 14 meses (PP14), ou seja próximos ao 68%. Van Melis et al. (2007), também para PP14, sob o mesmo enfoque estatístico utilizado neste trabalho (Inferência Bayesiana) obtiveram valores de herdabilidade de 53%, próximos aos 48% obtidos neste estudo. Independentemente do modelo estatístico utilizado nas diferentes definições de precocidade sexual na raça Nelore, os parâmetros genéticos indicariam a existência de variabilidade genética suficiente a ser explorada e que pouca seleção foi praticada para melhorar a 61 precocidade sexual dos rebanhos em condições tropicais. Comparações com resultados obtidos em raças taurinas (Doyle et al., 1996, Evans et al., 1999), onde a pressão de seleção para precocidade sexual é intensa e os índices de partos precoces são superiores aos observados neste estudo explicariam parte das diferenças entre raças taurinas e zebuínas. Os resultados de herdabilidade para PE365, PE450 e PE550 (0,39; 0,43 e 0,44 respectivamente) indicam importante variabilidade genética para perímetro escrotal nas diferentes idades. Valores superiores de herdabilidade foram publicados por Fridrich et al. (2006) utilizando Máxima Verossimilhança Restrita (REML) para as mesmas características (0,52; 0,53 e 0,55 para PE365, PE450 e PE550 respectivamente) e por Faria et al. (2007) utilizando Inferência Bayesiana (0,67 e 0,61 para PE365 e PE450 respectivamente). Eler et al. (2006) em análise multivariada entre a característica PP14 com perímetro escrotal aos 15 e 18 meses publicaram valores de herdabilidades entre 57 e 64% utilizando o método ℜ. Utilizando um enfoque Bayesiano Van Melis et al. (2007) encontraram valores de herdabilidades de 42% para perímetro escrotal aos 18 meses o que comprovaria que independente o enfoque estatístico utilizado o perímetro escrotal possui variabilidade genética suficiente nas diferentes idades em que é utilizado como critério de seleção para fertilidade e precocidade sexual. A estimativa media posterior das correlações genéticas entre todas as características são apresentadas nas figuras 13 a 24 e na tabela 4.3. 7000 6000 6000 5000 Densidade Posterior 5000 4000 3000 2000 1000 3000 2000 1000 Correlação Genética 3P x PE365 0,681 0,657 0,632 0,608 0,583 0,558 0,534 0,509 0,485 0,460 0,436 0,411 0,386 0,362 0,337 0,313 0,263 0,652 0,627 0,603 0,578 0,554 0,529 0,505 0,480 0,455 0,431 0,406 0,382 0,357 0,332 0,308 0,283 0,259 0 0,234 0 4000 0,288 Densidade Posterior 62 Correlação Genética 3P x PE450 Figura 13 e 14: Distribuições posteriores da correlação genética entre 3P e PE365 e entre 3P e PE450, respectivamente 8000 6000 Densidade Posterior 6000 5000 4000 3000 2000 1000 4000 3000 2000 1000 Correlação Genética 3P x PE550 0,657 0,626 0,595 0,564 0,533 0,502 0,471 0,440 0,408 0,377 0,346 0,315 0,284 0,253 0,222 0,160 0,582 0,555 0,528 0,501 0,474 0,446 0,419 0,392 0,365 0,338 0,311 0,284 0,257 0,230 0,203 0,175 0,148 0 0,121 0 5000 0,191 Densidade Posterior 7000 Correlação Genética 3P x CT 365 - 450 5000 4500 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 90000 Densidade Posterior 80000 70000 60000 50000 40000 30000 20000 Correlação Genética 3P x CT 450 - 550 0,955 0,953 0,951 0,949 0,947 0,945 0,943 0,941 0,939 0,937 0,935 0,933 0,931 0,929 0,928 0,924 0,926 0 0,127 0,097 0,066 0,036 0,005 -0,025 -0,056 -0,086 -0,117 -0,147 -0,178 -0,208 -0,239 -0,269 -0,300 -0,330 10000 -0,361 Densidade Posterior Figura 15 e 16: Distribuições posteriores da correlação genética entre 3P e PE550 e entre 3P e CT365 – 450, respectivamente Correlação Genética PE365 x PE450 35000 14000 30000 12000 Densidade Posterior 25000 20000 15000 10000 5000 8000 6000 4000 2000 Correlação Genética PE365 x PE550 0,631 0,619 0,607 0,594 0,582 0,570 0,558 0,545 0,533 0,521 0,509 0,496 0,484 0,472 0,460 0,447 0,912 0,906 0,900 0,894 0,888 0,882 0,876 0,871 0,865 0,859 0,853 0,847 0,841 0,835 0,830 0,824 0 0,818 0 10000 0,435 Densidade Posterior Figura 17 e 18: Distribuições posteriores da correlação genética entre 3P e CT450 - 550 e entre PE365 e PE450, respectivamente Correlação Genética PE365 x CT 365 - 450 Figura 19 e 20: Distribuições posteriores da correlação genética entre PE365 e PE550 e entre PE365 e CT 365 – 450, respectivamente 80000 8000 70000 30000 Correlação Genética PE365 x CT 450 - 550 0,970 0,968 0,967 0,965 0,963 0,962 0,960 0,958 0,943 0,309 0,290 0,271 0,252 0,233 0,214 0,194 0,175 0,156 0,137 0,118 0,099 0,080 0,060 0,041 0 0,022 10000 0 0,957 20000 1000 0,955 2000 0,953 3000 40000 0,952 4000 50000 0,950 5000 60000 0,948 6000 0,947 7000 0,945 Densidade Posterior 9000 0,003 Densidade Posterior 63 Correlação Genética PE450 x PE550 Figura 21 e 22: Distribuições posteriores da correlação genética entre PE365 e CT 450 - 550 e entre PE450 e PE550, respectivamente 8000 25000 Densidade Posterior Densidade Posterior 7000 20000 15000 10000 5000 6000 5000 4000 3000 2000 1000 Correlação Genética PE450 x CT 365 - 450 0,522 0,497 0,473 0,448 0,424 0,399 0,374 0,350 0,325 0,301 0,276 0,251 0,227 0,202 0,178 0,153 0,129 0,843 0,836 0,829 0,822 0,815 0,808 0,801 0,794 0,787 0,780 0,774 0,767 0,760 0,753 0,746 0,739 0 0,732 0 Correlação Genética PE450 x CT 450 - 550 25000 10000 9000 20000 8000 7000 6000 Densidade Posterior 15000 10000 5000 5000 4000 3000 2000 0,653 0,638 0,623 0,608 0,594 0,579 0,564 0,549 0,534 0,519 0,504 0,490 0,475 0,460 0,415 0,875 0,866 0,857 0,847 0,838 0,829 0,820 0,810 0,801 0,792 0,783 0,773 0,764 0,755 0,746 0,736 0,727 Correlação Genética PE550 x CT 365 - 450 0,445 1000 0 0 0,430 Densidade Posterior Figura 23 e 24: Distribuições posteriores da correlação genética entre PE450 e CT 365 - 450 e entre PE450 e CT 450 – 550, respectivamente Correlação Genética PE550 x CT 450 - 550 Figura 25 e 26: Distribuições posteriores da correlação genética entre PE550 e CT 365 - 450 e entre PE550 e CT 450 – 550, respectivamente Densidade Posterior 7000 6000 5000 4000 3000 2000 1000 0,638 0,611 0,584 0,557 0,531 0,504 0,477 0,451 0,424 0,397 0,370 0,344 0,317 0,290 0,263 0,237 0,210 0,183 0 Correlação Genética CT 365 - 450 x CT 450 - 550 Figura 27: Distribuição posteriores da correlação genética entre CT 365 - 450 e CT 450 - 550 64 De acordo com as figuras 12, 13 e 14 e a tabela 4.3 foi observado que a maior correlação genética entre 3P e perímetro escrotal nas diferentes idades ocorreu aos 450 dias (15 meses) com um valor de 49%. O resultado é diferente ao exposto por Eler et al. (2004), Eler et al. (2006) e Van Melis et al. (2007), que encontraram que a maior correlação genética entre PP14 e perímetro escrotal foi aos 18 meses na raça Nelore e com valores de correlação que oscilaram entre 20 e 29%. A distribuição posterior média da correlação genética entre os perímetros foi de alta magnitude, principalmente entre os 12 e 15 meses de idade (94%) indicando que uma importante proporção de genes que afetam a expressão do perímetro escrotal aos 12 meses também se expressa aos 15 meses de idade, reafirmando a importância a importância da mensuração do PE em idades jovens. As correlações favoráveis entre 3P e perímetro escrotal indicam que a seleção para perímetro escrotal entre os 12 e 15 meses de idade teriam reflexos positivos na precocidade sexual dos rebanhos em um curto de tempo. Touros jovens com valores genéticos superiores para perímetro escrotal seriam mais férteis e precoces e suas filhas e netas teriam maior probabilidade de apresentar puberdade em idades próximas ao ano de idade que as descendentes de touros com valores genéticos negativos para precocidade sexual. Os resultados obtidos em raças taurinas (correlação genética próxima de zero) (Evans et al., 1999; Martinez-Velazques et al., 2003) também são diferentes dos achados neste estudo, comprovando assim as diferenças encontradas entre taurinos e zebuínos. 65 A correlação genética entre 3P e CT 365-450 foi favorável e de magnitude semelhante à observada com os perímetros aos 12 e 15 meses de idade, no entanto a correlação entre 3P e CT 450-550 foi negativa (-12%) indicando que o crescimento testicular após os 450 dias (15 meses) não estaria relacionado com a puberdade das fêmeas e sim com eventos reprodutivos do próprio individuo. A curva de crescimento testicular na raça Nelore foi estudada por Quirino et al. (1999) e Parma et al. (2006), os quais observaram que ponto de inflexão da curva de crescimento ocorre entre os 390 e 450 dias de idade. Os autores encontraram que o parâmetro K da curva de crescimento apresentou considerável variabilidade o que poderia ser explicado como variações na velocidade de crescimento testicular entre os animais. Do o ponto de vista da precocidade sexual, as diferentes curvas de crescimento testicular poderiam ser aproveitadas como um complemento às medidas ajustadas dos perímetros escrotais a uma determinada idade. Pesquisas visando estabelecer a idade à puberdade nos machos zebuínos nos trópicos indicam que a puberdade ocorre entre os 12 e 14 meses de idade (Quirino et al., 1999), período caracterizado por um incremente no peso corporal, no desenvolvimento testicular, nas secreção do Hormônio LH e o inicio da espermatogêneses (Bergmann et al., 1996 e Castro, 1977 – citado por Quirino et al., 1999). A correlação genética inferior a 50% entre as duas características de crescimento testicular indicaria que muitos genes envolvidos no processo estariam presentes somente em uma das fases do desenvolvimento, não sendo expressos na metabólicas distintas. outra, possivelmente por participarem de vias 66 Conclusões As características 3P e perímetro escrotal aos 365, 450 e 550 dias apresentam variabilidade genética suficiente para sua utilização como critério de seleção para fertilidade e precocidade sexual nos programas de melhoramento genéticos da raça Nelore. A seleção eficiente para perímetro visando precocidade sexual poderia ser realizada entre os 12 e 15 meses de idade com uma importante resposta à seleção na puberdade precoce dos rebanhos, dada pela alta correlação genética existentes entre as características. O crescimento testicular entre os 12 e 15 meses estaria relacionado com os eventos fisiológicos que levam à puberdade e apresentaria resposta favorável na puberdade das filhas dos mesmos, dada a correlação favorável observada neste trabalho. As estimativas de herdabilidades resultantes do modelo univariado e multivariado foram semelhantes, indicando que a inclusão do perímetro escrotal no modelo não permitiu identificar mais variabilidade genética para precocidade sexual que a observada no modelo univariado. Bibliografia BERGMANN, J.A.G.; ZAMBORLINI, L.C.; PROCÓPIO, L.C.O.; ANDRADE, V.J, VALE FILHO, VR (1996). Estimativas de parâmetros genéticos do perímetro escrotal e do peso corporal em animais da raça Nelore. Arq. Bras. Med. 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Nos machos, o perímetro escrotal é freqüentemente utilizado como critério de seleção para fertilidade e precocidade sexual, sendo que em novilhas o critério comumente utilizado é a idade ao primeiro parto (IPP), característica que apresenta um forte componente ambiental em ambientes tropicais. O estudo teve como objetivo estimar componentes de (co)variâncias e parâmetros genéticos para as características Idade ao Primeiro Parto, para os perímetros escrotais aos 365, 450 e 550 dias e para o crescimento testicular entre essas idades (todas continuas) mediante a utilização de um modelo Bayesiano multivariado em animais da raça Nelore participantes do PMGRN. As distribuições posteriores médias das estimativas de herdabilidades obtidas foram de média a alta magnitude para os perímetros escrotais e baixas para IPP. A maior correlação genética entre IPP e os perímetros escrotais foi aos 365 dias de idade, o que indicaria que possivelmente é a melhor idade para selecionar machos jovens com o objetivo de melhorar a precocidade sexual dos rebanhos. A correlação genética obtida entre IPP e crescimento testicular entre as diferentes idades comprovou estes resultados sugerindo que o crescimento testicular entre os 365 e 450 dias estaria associado a eventos fisiológicos relacionados à puberdade precoce. A IPP e a 3P apresentaram correlações genética favoráveis, próximas a -90%, indicando que a IPP pode ser utilizada como critério de seleção para precocidade sexual embora um considerável efeito ambiental afete a expressão da característica. Palavra-chave: Correlação Genética, Inferência Bayesiana, Idade ao Primeiro Parto, Perímetro escrotal, Nelore. 71 Introdução A idade ao primeiro parto (IPP) é um critério de seleção freqüentemente utilizado como indicativo de precocidade sexual e fertilidade das novilhas nos programas de melhoramento genético do Brasil. A idade com que as novilhas parem pela primeira vez influencia diretamente o desempenho reprodutivo do rebanho (Martin et al., 1992), porque fêmeas que parem mais cedo têm maiores chances de produzirem maior número de progênies em relação às fêmeas mais tardias. Diversas pesquisas demonstram que em ambientes tropicais, a expressão da característica é afetada grandemente pelo ambiente, principalmente por deficiências nutricionais após a desmama das novilhas, o que atrasa a entrada dessas novilhas em reprodução dificultando a identificação da puberdade das mesmas (Nogueira, 2004). Estimativas de herdabilidade para IPP na raça Nelore oscilam entre zero e 0,40 (Mercadante et al., 2000; Pereira et al., 2000; Dias et al., 2004; Gressler, 2004; Bergmann et al., 2006; Boligon et al., 2007; Faria et al., 2007; Boligon et al., 2008) indicando que dependendo do modelo empregado o ambiente afetaria consideravelmente a expressão da mesma. Em machos jovens a seleção para perímetro escrotal é comumente utilizada no programas de melhoramento genético das raças zebuínas como critério de seleção para precocidade sexual e características reprodutivas de machos, com reflexos positivos na eficiência reprodutiva dos rebanhos (Martins-Filho & Lobo, 1991). Segundo Eler et al. (2006) com a correlação genética existente entre perímetro escrotal e características associadas à precocidade sexual em fêmeas, a seleção unicamente utilizando o perímetro em diferentes idades seria pouco eficiente. Resultados de correlação genética 72 na raça Nelore entre IPP e perímetro escrotal oscilam entre -0,08 e -0,38 (Gressler et al., 2006; Boligon et al., 2007) o que indicaria que dependendo do modelo utilizado e a idade na qual o perímetro escrotal é utilizado como critério de seleção para precocidade sexual a resposta à seleção poderia ser eficiente. 73 Objetivos gerais Estimar componentes de (co)variâncias e parâmetros genéticos para idade ao primeiro parto, probabilidade de parto precoce e perímetro escrotal em diferentes idades utilizando um modelo Bayesiano multivariado. Objetivos específicos • Estimar componentes de (co)variâncias e parâmetros genéticos para Idade ao primeiro parto (IPP), perímetro escrotal aos 365 (PE365), 450 (PE450) e 550 dias (PE550), crescimento testicular entre os 365 e 450 dias (CT 365-450) e crescimento testicular entre os 450 e 550 dias de idade (CT 450-550) mediante a um modelo Bayesiano multivariado. • Determinar componentes de variâncias e parâmetros genéticos para as características IPP e 3P em análise bicaracterística. 74 Material e Métodos Origem das informações: O arquivo de dados com informações de Idade ao primeiro parto foi constituído com informações provenientes do Programa de Melhoramento Genético da raça Nelore (PGMRN) (Lôbo et al., 2008), referentes a 84.952 informações reprodutivas de novilhas nascidas entre 1991 e 2004, colhidas em 314 fazendas participantes do PMGRN. As 84.952 novilhas utilizadas nesta análise são filhas de 5.442 touros e de 63.389 matrizes. Para as medidas de perímetro escrotal foi utilizado o arquivo zootécnico de PMGRN. No total foram utilizadas 128.634 informações de perímetros escrotais provenientes de 43.247 animais, nascidos entre os anos de 1.991 e 2.005, filhos de 2.428 touros e 36.296 matrizes. Definição da característica Idade ao primeiro parto (IPP): A IPP corresponde à idade da novilha em meses na qual ocorre o primeiro parto da mesma. Foi calculada como a diferença entre a data do primeiro parto e a data de nascimento. Definição das características Perímetro escrotal aos 365 (PE365), 450 (PE450) e 550 (PE550) dias: Estas medidas correspondem à medida do perímetro escrotal ajustada a uma determinada idade de acordo à seguinte fórmula: PEi = Ma + GMD x da em que PEi é a pedida de perímetro escrotal padronizada a uma determinada idade, Ma é a medida anterior à idade padrão, GMD é ganho em milímetros 75 diários e da corresponde aos dias compreendidos entre a idade anterior e a idade padrão. O ganho médio diário foi obtido de acordo a seguinte formula: GMD=(Mp-Ma)/(Ip-Ia) Em que Mp é a medida posterior à idade padrão, Ma é a medida anterior à idade padrão, Ip é a idade do animal em dias na medida posterior e Ia é a idade do animal em dias na medida anterior. Definição das características Crescimento Testicular entre os 365 e 450 dias (CT 365-450) e entre os 450 e 550 dias (CT 450-550): As características foram calculadas como a diferença entre as medidas padronizadas para perímetro escrotal entre as duas idades consecutivas. Definição da característica Probabilidade de Perto Precoce (3P): Novilhas desafiadas precocemente entre os 12 e 20 meses, diagnosticadas com prenhez positiva (diagnóstico por ultra-sonografia ou palpação retal), que mantiveram a gestação e pariram um bezerro vivo receberam o escore 1 (sucesso). As contemporâneas que não atingiram algum critério anteriormente descrito receberam o escore 0 (fracasso). Modelo Genético: Grupo de contemporâneo para IPP O grupo de contemporâneas foi definido como novilhas da mesma fazenda, nascidas no mesmo ano e mesmo trimestre e pertencente ao mesmo lote de manejo. Grupos de contemporâneas com menos de cinco animais e grupos 76 descendentes de um mesmo reprodutor não foram consideradas nas análises. No total foram constituídos 2.724 grupos de contemporâneas. Novilhas com IPP 3,5 desvios-padrão acima ou abaixo dentro de grupo de contemporâneas foram desconsideradas da análise. Grupos de contemporâneos para perímetro escrotal (efeito fixo 1) O grupo de contemporâneos para perímetro escrotal foi definido com animais nascidos na mesma fazenda, ano e trimestre de nascimento e pertencentes ao mesmo lote de manejo. Grupos de contemporâneos com menos de cinco animais e grupos filhos de um mesmo touro não foram considerados na análise. Animais com 3,5 desvios-padrão acima ou abaixo da média de seu grupo de contemporâneo foram desconsiderados nas análises. Classe de Idade da Vaca ao Parto (CIVP) (efeito fixo 2) Corresponde à classe da idade da vaca ao parto no nascimento da novilha, considerado como um segundo efeito fixo. Foram contempladas nove classes de idades diferentes. Grupo de contemporâneas para 3P O grupo de contemporâneas foi definido como animais da mesma fazenda, nascidos no mesmo ano e mesmo trimestre e pertencente ao mesmo lote de manejo. Grupos de contemporâneas com menos de cinco novilhas e grupos descendentes de um mesmo reprodutor não foram considerados nas análises. No total foram constituídos 94 grupos de contemporâneas. 77 Para a estimação de parâmetros genéticos foi utilizado um modelo Bayesiano multivariado onde seis características foram consideradas como contínuas (Linear) (IPP, PE365, PE450, PE550, CT 365-450, CT 450-550). As Seis características foram analisadas simultaneamente por meio do processo iterativo da amostragem de Gibbs utilizando o Software Gibbs2f90 (Misztal, 2006) de acordo ao seguinte modelo genético: y = Xβ + Zµ + e onde ⎡a ⎤ ⎡ V ⊗ A 0 ⎤ ⎥ = ⎢ 0 R ⊗ I⎥ e ⎣ ⎦ ⎣ ⎦ V⎢ em que y é o vetor das informações para a característica IPP, PE365, PE450, PE550, CT 365-450, CT 450-550, β é o efeito dos grupos de contemporâneos, µ é o vetor de efeitos genéticos diretos, X e Z são as matrizes que relacionam os dados com seus respectivos efeitos e e representa os efeitos residuais do modelo, A é a matriz de parentesco de contendo todos os animais presentes no pedigree, I é a matriz de identidade, ⊗ é o produto de Kronecker, V é a matriz de variância e (co)variâncias para os efeitos genéticos aditivos e R é a matriz de variância e (co)variâncias para os efeitos residuais. As (co)variâncias residuais entre IPP e os perímetros escrotais foram consideradas como zero. O modelo bayesiano consistiu numa cadeia simples de 1.000.000 de amostras de Gibbs, com um descarte inicial de 20.000 amostras, realizando a amostragens das mesmas a cada 50 ciclos. As análises post-gibbs foram 78 realizadas utilizando o programas POSTGIBBSF90 (Tsuruta et al., 2006) e Gibanal (Van Kaam, 1997). Para a obtenção das informações a priori dos componentes de variâncias dos perímetros escrotais foram realizadas análises univariadas utilizando os softwares REMLF90 (Misztal, 2004) e MTDFREML (Boldman et al., 1995). Para a determinação dos componentes de (co)variâncias e parâmetros genéticos entre IPP e 3P foi implementada uma análise Bayesiana bivariada, considerando como efeitos fixos os grupos de contemporâneas acima descritos para cada característica utilizando o software THRGIBBSF90 (Tsutura, 2006). O modelo Bayesiano consistiu numa cadeia simples de 1.000.000 de amostras de Gibbs, com um descarte inicial de 20.000 amostras, realizando amostragens das mesmas a cada 50 ciclos. As análises post-gibbs foram realizadas utilizando os programas POSTGIBBSF90 (Tsuruta et al., 2006) e Gibanal (Van Kaam, 1997). Nesta análise a característica 3P foi considerada como de limiar e a IPP como contínua. 79 Resultados e Discussão Associação genética entre IPP, perímetros escrotais e crescimento testicular entre as diferentes idades Na tabela 1.4 são apresentadas as estatísticas descritivas das características lineares utilizadas na análise. Tabela 1.4: Estatísticas descritivas das características consideradas na análise multivariada Característica Número de animais GC Média Desvio-Padrão C.V IPP (meses) PE365 (cm) PE450 (cm) PE550 (cm) CT 365-450 (mm) 84.952 34.433 32.347 15.270 23.292 2.724 1.337 1.350 778 965 36,53 20,01 22,86 26,18 3,04 5,25 2,30 2,99 3,35 1,36 0,14 0,11 0,13 0,12 0,45 CT 450-550 (mm) 23.292 965 3,56 1,44 0,40 Número de animais: Número de animais utilizado para cada característica na análise multivariada; GC: Números de Grupos de contemporâneos por característica; DP: desvio padrão; C.V: Coeficiente de Variação da característica. As médias fenotípicas para a IPP e os perímetros escrotais aos 365, 450 e 550 dias de idade foram semelhantes às médias oficiais do PMGRN – Nelore Brasil (Lôbo et al., 2008). O crescimento testicular nas duas fases consideradas apresentou importante variação demonstrada pelo Coeficiente de Variação (CV). Na tabela 2.4 são apresentadas as distribuições posteriores dos componentes de variâncias e suas respectivas regiões de credibilidade a 95% para as seis características consideradas na análise e as estimativas da herdabilidade obtidas na análise multivariada. 80 Tabela 2.4: Distribuição posterior média das variâncias genética, residual e regiões de credibilidade obtidas no modelo bayesiano multivariado IPP PE365 PE450 PE550 CT 365-450 CT 450-550 Va 1,989 1,145 2,167 2,846 0,304 0,201 RC (95%) 1,962 a 2,016 1,142 a 1,148 2,163 a 2,172 2,838 a 2,854 0,299 a 0,307 0,194 a 0,207 Vr 15,16 1,733 2,848 3,523 1,013 1,214 RC (95%) 15,14 a 15,18 1,731 a 1,715 2,845 a 2,851 3,517 a 3,528 1,001 a 1,002 1,208 a 1,220 h2 0,11 0,39 0,43 0,45 0,23 0,14 Va: Variância genética aditiva; RC (95%): Região de credibilidade de 95%; Vr: Variância Residual; h2: Herdabilidade As (co)variâncias genéticas e ambientais obtidas para os perímetros escrotais e o crescimento testicular entre as diferentes idades foram semelhantes às obtidas na análise multivariada destas características com a característica Probabilidade de parto precoce (3P) (Tabela 2.4) As densidades posteriores médias das estimativas de herdabilidades e das variâncias genéticas para cada característica resultante desta análise estão nas figuras 1 a 12. 2000 1800 40000 Densidade Posterior 30000 25000 20000 15000 10000 5000 1600 1400 1200 1000 800 600 400 H2 IPP - modelo multivariado 2,677 2,600 2,522 2,444 2,366 2,288 2,210 2,132 2,055 1,977 1,899 1,821 1,743 1,665 1,588 1,354 0,158 0,154 0,149 0,144 0,140 0,135 0,130 0,126 0,121 0,116 0,111 0,107 0,102 0,097 0,093 0,088 0,083 1,510 200 0 0 1,432 Densidade Posterior 35000 Va IPP - modelo multivariado Figura 1 e 2: Distribuições marginais posteriores médias da estimativa de herdabilidade e da variância genética, respectivamente, da idade ao primeiro parto 10000 9000 30000 Densidade Posterior 25000 20000 15000 10000 5000 8000 7000 6000 5000 4000 3000 2000 1,290 1,272 1,253 1,234 1,215 1,196 1,177 1,158 1,139 1,121 1,102 1,083 1,064 1,045 1,026 0,442 0,437 0,431 0,425 0,419 0,413 0,408 0,402 0,396 0,390 0,385 0,379 0,373 0,367 0,362 0,356 0,350 H2 PE365 - modelo multivariado 1,007 1000 0 0 0,989 Densidade Posterior 35000 Va PE365 - modelo multivariado Figura 3 e 4: Distribuições marginais posteriores médias da estimativa de herdabilidade e da variância genética, respectivamente, do perímetro escrotal aos 365 dias 30000 6000 25000 5000 Densidade Posterior 20000 15000 10000 5000 0 4000 3000 2000 1000 H2 PE450 - modelo multivariado 2,418 2,385 2,352 2,319 2,286 2,254 2,221 2,188 2,155 2,122 2,089 2,056 2,023 1,991 1,958 1,892 0,473 0,468 0,463 0,458 0,452 0,447 0,442 0,437 0,432 0,427 0,421 0,416 0,411 0,406 0,401 0,396 0,391 0 1,925 Densidade Posterior 81 Va PE450 - modelo multivariado 35000 4500 30000 4000 Densidade Posterior 25000 20000 15000 10000 5000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 H2 PE550 - modelo multivariado 3,243 3,195 3,147 3,098 3,050 3,001 2,953 2,904 2,856 2,807 2,759 2,711 2,662 2,614 2,565 2,468 0,497 0,490 0,484 0,478 0,472 0,465 0,459 0,453 0,447 0,440 0,434 0,428 0,422 0,415 0,409 0,403 0,397 0 2,517 Densidade Posterior Figura 5 e 6: Distribuições marginais posteriores médias da estimativa de herdabilidade e da variância genética, respectivamente, do perímetro escrotal aos 450 dias Va PE550 - modelo multivariado 20000 18000 16000 14000 12000 Densidade Posterior 12000 10000 8000 6000 4000 2000 0 10000 8000 6000 4000 2000 H2 CT 365 - 450 0,406 0,392 0,379 0,365 0,351 0,337 0,323 0,309 0,295 0,282 0,268 0,254 0,240 0,226 0,212 0,198 0,184 0,287 0,279 0,272 0,264 0,256 0,248 0,240 0,232 0,224 0,216 0,208 0,201 0,193 0,185 0,177 0,169 0 0,161 Densidade Posterior Figura 7 e 8: Distribuições marginais posteriores médias da estimativa de herdabilidade e da variância genética, respectivamente, do perímetro escrotal aos 365 dias Va CT 365 - 450 - modelo multivariado Figura 9 e 10: Distribuições marginais posteriores médias da estimativa de herdabilidade e da variância genética, respectivamente, do crescimento testicular entre e os 365 e 450 dias 16000 25000 Densidade Posterior Densidade Posterior 14000 20000 15000 10000 5000 12000 10000 8000 6000 4000 2000 0 H2 CT 450 - 550 0,290 0,279 0,268 0,256 0,245 0,234 0,223 0,211 0,200 0,189 0,177 0,166 0,155 0,143 0,132 0,121 0,109 0,204 0,196 0,188 0,180 0,172 0,164 0,156 0,149 0,141 0,133 0,125 0,117 0,109 0,101 0,093 0,085 0,077 0 Va CT 450 - 550 Figura 11 e 12: Distribuições marginais posteriores médias da estimativa de herdabilidade e da variância genética, respectivamente, do crescimento testicular entre e os 450 e 550 dias 82 Nas figuras de distribuição posterior médias das variâncias e herdabilidades resultantes do modelo Bayesiano multivariado (figuras 1 a 12 e tabela 2.4) a distribuições das amostras foram aproximadamente normais, onde tanto moda, mediana e média tiveram valores próximos. As variâncias e herdabilidades dos perímetros escrotais e do crescimento testicular nas duas fases estudadas apresentaram pouca variação com relação aos valores obtidos na análise multivariada com a característica 3P. As estimativas de herdabilidade de IPP obtidas neste estudo foram similares aquelas publicadas para a raça Nelore (Mercadante et al., 2000; Pereira et al., 2000; Dias et al., 2004; Gressler, 2004; Bergmann et al., 2006; Boligon et al., 2007; Boligon et al., 2008) e inferior à informada por Faria et al. (2007). A IPP apresentou uma herdabilidade de 11%, mesmas estimativas encontradas por Boligon et al. (2007) em analise bivariada de perímetro escrotal e pouco inferior aos resultantes de modelos unicaracterística (15%) encontrados por Boligon et al. (2008) na raça Nelore. Faria et al. (2007) relataram estimativas de herdabilidades próximas a 40% resultante de modelo bayesiano multivariado. As estimativas de correlação genética entre todas as características são apresentadas na tabela 3.4 e nas figuras 13 a 27. 83 Tabela 3.4: Distribuição posterior média das herdabilidades (diagonal) e correlações genéticas obtidas no modelo bayesiano multivariado IPP IPP 0,11 PE365 -0,44 PE450 -0,39 PE550 -0,35 CT 365_450 CT 450_550 -0,23 0,11 PE365 -0,44 0,41 0,94 0,87 0,54 0,15 PE450 -0,39 0,94 0,43 0,96 0,79 0,29 PE550 CT 365_450 CT 450_550 -0,35 -0,23 0,11 0,87 0,54 0,15 0,96 0,79 0,29 0,45 0,82 0,55 0,82 0,23 0,31 0,55 0,31 0,14 IPP: idade ao primeiro parto; PE365: perímetro escrotal aos 365 dias de idade; PE450: perímetro escrotal aos 450 dias de idade; PE550: perímetro escrotal aos 550 dias de idade; CT 365-450: crescimento testicular entre os 365 e 450 dias de idade; CT 450-550: crescimento testicular entre os 450 e 550 dias de idade. 12000 9000 Densidade Posterior 7000 6000 5000 4000 3000 2000 1000 10000 8000 6000 4000 2000 Correlação Genética IPP x PE365 - modelo multivariado -0,266 -0,281 -0,297 -0,313 -0,329 -0,345 -0,360 -0,376 -0,392 -0,408 -0,424 -0,439 -0,455 -0,471 -0,487 -0,519 -0,275 -0,295 -0,314 -0,333 -0,352 -0,371 -0,390 -0,409 -0,428 -0,448 -0,467 -0,486 -0,505 -0,524 -0,543 -0,562 0 -0,581 0 -0,503 Densidade Posterior 8000 Correlação Genética IPP x PE450 - modelo multivariado 10000 9000 8000 7000 6000 5000 4000 3000 2000 1000 0 4500 Densidade Posterior 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 Correlação Genética IPP x PE550 - modelo multivariado 0,031 -0,004 -0,038 -0,072 -0,106 -0,141 -0,175 -0,209 -0,244 -0,278 -0,312 -0,347 -0,381 -0,415 -0,450 -0,484 -0,518 -0,245 -0,260 -0,275 -0,291 -0,306 -0,321 -0,337 -0,352 -0,368 -0,383 -0,398 -0,414 -0,429 -0,444 -0,460 -0,475 0 -0,490 Densidade Posterior Figura 13 e 14: Distribuição posterior da correlação genética entre IPP e PE365 e IPP e PE450 respectivamente Correlação Genética IPP x CT 365 - 450 3500 70000 3000 60000 Correlação Genética IPP x CT 450 - 550 10000 0,958 0,955 0,953 0,951 0,949 0,947 0,945 0,943 0,941 0,939 0 0,937 0,471 0,424 0,378 0,331 0,285 0,238 0,192 0,145 0,099 0,052 0,005 -0,041 -0,088 -0,134 -0,181 -0,228 -0,274 0 20000 0,934 500 30000 0,932 1000 40000 0,930 1500 50000 0,928 2000 0,926 2500 0,924 Densidade Posterior Densidade Posterior Figura 15 e 16: Distribuição posterior da correlação genética entre IPP e PE550 e IPP e CT365 - 450 respectivamente Correlação Genética PE365 x PE450 Figura 17 e 18: Distribuição posterior da correlação genética entre IPP e CT450 - 550 e PE365 e PE450 respectivamente 35000 14000 30000 12000 Densidade Posterior 25000 20000 15000 10000 5000 8000 6000 4000 2000 Correlação Genética PE365 x PE550 - modelo multivariado 0,631 0,619 0,607 0,594 0,582 0,570 0,558 0,545 0,533 0,521 0,509 0,496 0,484 0,472 0,460 0,435 0,913 0,907 0,902 0,896 0,891 0,885 0,880 0,874 0,869 0,863 0,858 0,853 0,847 0,842 0,836 0,831 0 0,825 0 10000 0,447 Densidade Posterior 84 Correlação Genética PE365 x CT 365 - 450 Figura 19 e 20: Distribuição posterior da correlação genética entre PE365 e PE550 e PE365 e CT 365 - 450 respectivamente 9000 120000 Densidade Posterior 7000 6000 5000 4000 3000 2000 1000 100000 80000 60000 40000 20000 Correlação Genética PE365 x CT 450 - 550 0,975 0,973 0,971 0,969 0,967 0,965 0,963 0,961 0,959 0,957 0,955 0,953 0,951 0,949 0,947 0,943 0,309 0,290 0,271 0,252 0,233 0,214 0,194 0,175 0,156 0,137 0,118 0,099 0,080 0,060 0,041 0,022 0 0,003 0 0,945 Densidade Posterior 8000 Correlação Genética PE450 x PE550 - modelo multivariado Figura 21 e 22: Distribuição posterior da correlação genética entre PE365 e CT 450 - 550 e PE450 e PE550 respectivamente 8000 25000 Densidade Posterior Densidade Posterior 7000 20000 15000 10000 5000 6000 5000 4000 3000 2000 1000 Correlação Genética PE450 x CT 365 - 450 0,522 0,497 0,473 0,448 0,424 0,399 0,374 0,350 0,325 0,301 0,276 0,251 0,227 0,202 0,178 0,153 0,129 0,843 0,836 0,829 0,822 0,815 0,808 0,801 0,794 0,787 0,780 0,774 0,767 0,760 0,753 0,746 0,739 0 0,732 0 Correlação Genética PE450 x CT 450 - 550 25000 10000 9000 20000 8000 7000 6000 Densidade Posterior 15000 10000 5000 5000 4000 3000 2000 0,653 0,638 0,623 0,608 0,594 0,579 0,564 0,549 0,534 0,519 0,504 0,490 0,475 0,460 0,445 0,875 0,866 0,857 0,847 0,838 0,829 0,820 0,810 0,801 0,792 0,783 0,773 0,764 0,755 0,746 0,736 0,727 Correlação Genética PE550 x CT 365 - 450 0,430 1000 0 0 0,415 Densidade Posterior Figura 23 e 24: Distribuição posterior da correlação genética entre PE450 e CT 365 - 450 e PE450 e CT 450 550 respectivamente Correlação Genética PE550 x CT 450 - 550 Figura 25 e 26: Distribuição posterior da correlação genética entre PE550 e CT 365 - 450 e PE550 e CT 450 550 respectivamente 85 Densidade Posterior 6000 5000 4000 3000 2000 1000 0,561 0,528 0,495 0,463 0,430 0,398 0,365 0,332 0,300 0,267 0,235 0,202 0,170 0,137 0,104 0,072 0,039 0 Correlação Genética CT 365 - 450 x CT 450 - 550 Figura 27: Distribuição marginal posterior da correlação genética entre CT 365 - 450 e CT 450 - 550 As distribuições das amostras para as correlações genéticas apresentaram um comportamento aproximadamente normal, porém para as características que apresentaram correlações genéticas muito altas observouse distribuição bi modal como foi o caso da correlação genética entre o PE365 e PE450 (Figura 18). Reyes et al. (1995) obtiveram menores correlações genéticas entre os perímetros escrotais entre os 365 e 550 dias (97%) utilizando o método REML às obtidas neste estudo. A associação genética entre os perímetros escrotais aos 365 e 450 dias de idade e a correlação destas duas características com IPP e 3P indicariam que a seleção para perímetro escrotal poderia ser antecipada aos 15 meses de idade. As correlações genéticas entre IPP e perímetro escrotal foram negativas e favoráveis, correspondendo ao perímetro escrotal aos 365 dias a maior correlação genética com IPP (-0,45). Os resultados são comparáveis aos obtidos na análise multivariada com a característica 3P e os perímetros escrotais, porém um pouco inferiores. Resultados diferentes de correlação genética foram obtidos por Gressler et al. (2006) (entre -0,38 e -0,08) e Boligon et al. (2007) (-0,13 para PE12 e -0,21 para PE18) utilizando o método REML. As correlações genéticas obtidas por meio de Inferência Bayesiana por 86 Faria et al. (2007) também foram inferiores (-0,19) às publicadas neste estudo. De acordo com os resultados de herdabilidade e correlação genética a seleção para perímetro escrotal aos 12 e 15 meses poderia ter um impacto positivo na precocidade sexual dos rebanhos. Nomelini et al. (2005) verificaram um progresso genético e fenotípico considerável para a característica IPP no PMGRN, o que poderia ser explicado por: melhorias ambientais que favorecem a identificação das novilhas precoces, pressão de seleção intensa praticada para perímetro escrotal nos rebanhos do PMGRN e a utilização da IPP como critério de seleção para precocidade sexual. As correlações da IPP com crescimento testicular apresentaram o mesmo comportamento que o observado para a característica 3P. Somente o crescimento testicular entre os 365 e 450 dias apresentou uma correlação negativa e favorável com IPP (-0.23), reforçando a hipótese de que o crescimento do testículo até os 15 meses de idade estaria relacionado a eventos fisiológicos que determinam a puberdade. A correlação genética entre o CT 365-450 e CT 450-550 indicaria que uma importante proporção de genes expressos numa fase de crescimento testicular não atua na outra fase. 87 Correlação genética entre 3P e IPP Na tabela 5.4 são apresentados os componentes de (co)variâncias e parâmetros genéticos resultantes de uma análise bicaracter entre 3P e IPP e nas figuras 28 a 32 são apresentados os gráficos de distribuição posterior da média da herdabilidade, variância genética e da correlação genética entre as duas característica. Tabela 5.4: Componentes de (co)variâncias e parâmetros genéticos obtidos em análise bicaracter entre as características 3P e IPP Va 2,164 3,356 3P IPP RC (95%) 2,065 a 2,262 3,335 a 3,378 Vr 1,001 16,699 RC (95%) 0,998 a 1,003 16,525 a 16.879 h2 0,68 0,17 Cov12 -2,3615 r12 -0,88 Va: Variância Genética; RC (95%): Região de credibilidade de 95%; Vr: Variância Residual; h 2: Coeficiente de herdabilidade; Cov12: (co)variância genética entre 3P (1) e IPP (2); r12: Correlação genética entre 3P e IPP. As variâncias genéticas obtidas nesta análise e as respectivas estimativas de característica herdabilidade 3P em foram modelo superiores às unicaracterística obtidas para a (Capítulo 2) e multicaracterística (Capítulo 3) e para a característica IPP (Capítulo 4). 800 700 500 Densidade Posterior 400 300 200 100 600 500 400 300 200 100 0 H2 3,997 3,814 3,632 3,449 3,267 3,085 2,902 2,720 2,537 2,355 2,173 1,990 1,808 1,625 1,443 1,078 0,826 0,807 0,787 0,768 0,749 0,730 0,710 0,691 0,672 0,652 0,633 0,614 0,595 0,575 0,556 0,537 0,517 0 1,260 Densidade Posterior 600 Va 900 800 800 300 H2 4,544 4,399 4,254 4,109 3,964 3,819 3,674 3,529 0,218 0,211 0,205 0,198 0,191 0,185 0,178 0,172 0,165 0,159 0,152 0,146 0,139 0,132 0 0,126 100 0 3,384 200 100 3,239 200 400 3,093 300 500 2,948 400 600 2,803 500 700 2,658 600 2,513 700 2,368 Densidade Posterior 900 0,119 Densidade Posterior Figura 28 e 29: Distribuição Posterior das estimativas de herdabilidade e variância genética para a característica 3P, obtidas em análise bicaracter Va Figura 30 e 31: Distribuição Posterior das estimativas de herdabilidade e variância genética para a característica IPP, obtidas em análise bicaracter 88 Densidade Posterior 600 500 400 300 200 100 -0,736 -0,751 -0,765 -0,780 -0,794 -0,809 -0,823 -0,838 -0,852 -0,867 -0,881 -0,896 -0,910 -0,924 -0,939 -0,953 -0,968 0 Correlação Genética D3P x IPP Figura 32: Distribuição posterior da estimativa de correlação genética entre 3P e IPP As distribuições das amostras para os componentes de variâncias e os parâmetros genéticos foram aproximadamente normais, porém a distribuição posterior média da correlação genética entre as duas características apresentou uma leve assimetria, fato observado na distribuição das amostras das características com elevada correlação genética. As estimativas de herdabilidade foram semelhantes às obtidas por Eler et al. (2002) para a característica PP14 (Probabilidade de Prenhez aos 14 meses) e superiores às obtidas por Silva et al. (2005) e Shiotsuki et al. (2006) para a característica Pr16 (Probabilidade de Prenhez aos 16 meses) e Van Melis et al. (2007) também para a característica PP14. Também as variâncias genéticas e as herdabilidades foram superiores às observadas nos Capítulos anteriores para as características 3P e IPP. A estimativa de correlação genética entre as duas características indicou uma alta correlação genética entre as mesmas e, portanto apesar da IPP apresentar um considerável efeito ambiental é uma característica eficiente para selecionar para precocidade sexual. As correlações genéticas semelhantes entre IPP e 3P com os perímetros escrotais nas diferentes idades e o crescimento testicular reforçam esta hipótese. Simoni (2002) e Forni & Albuquerque (2005) obtiveram correlações genéticas favoráveis entre IPP e a 89 característica Dias para o Parto (DC) (0,36 e 0,94 respectivamente), também considerada uma característica indicadora de precocidade sexual, concluindo que a seleção para IPP pode ser um mecanismo eficiente para reduzir a idade ao primeiro serviço. As estimativas de herdabilidade para IPP, embora superiores às obtidas nas análises multicaracterística, foram semelhantes às publicadas por Mercadante et al. (2000); Pereira et al. (2000); Dias et al. (2004); Gressler et al. (2004); Bergmann et al. (2006); Boligon et al. (2007) e Boligon et al. (2008). Provavelmente as maiores estimativas de herdabilidade para 3P e IPP nesta análise bicaracterística deva-se ao fato que as mesmas são muito correlacionadas e expressas no mesmo sexo, o que possivelmente contribuiu para que o modelo identifique uma maior proporção de variância genética em cada característica. Este comportamento não foi observado nas análises multivariadas das características 3P e IPP com os perímetros escrotais e o crescimento testicular, provavelmente devido às correlações genéticas observadas e a expressão diferenciada das características nos sexos. Modelos de avaliação genética que contemplem simultaneamente 3P e IPP podem contribuir para aumentar as acurácias das avaliações genéticas para precocidade sexual na raça Nelore. A inclusão dos perímetros escrotais nas avaliações genéticas para precocidade sexual conforme sugerido por Eler (2005) poderia ser útil principalmente devido ao número de animais com mensurações de perímetro escrotal disponível nas bases de dados dos programas de melhoramento genético no Brasil. 90 A melhoria nos índices reprodutivos como principalmente a redução significativa na IPP observada por Nomelini et al. (2005) nos rebanhos participantes do PMGRN podem ser explicados como melhorias ambientais para detectar a puberdade precoce de machos e novilhas e principalmente a pressão de seleção que é aplicada para precocidade sexual por meio dos perímetros escrotais e da IPP nos programas de melhoramento genético das raças zebuínas. A inclusão da 3P como critério de seleção para precocidade deve acentuar esta tendência. Conclusões Apesar da IPP apresentar valores médios a baixos de variabilidade genética, a mesma pode ser eficiente como mecanismo para melhorar a precocidade sexual dos rebanhos. Os perímetros escrotais apresentaram herdabilidade média a alta e correlação genética favorável com IPP, portanto sua utilização como critério de seleção para precocidade sexual aos 12 e 15 deveria ter reflexos positivos na precocidade sexual dos rebanhos. O crescimento testicular entre os 365 e 450 dias e entre o 450 e 550 dias estaria determinado por conjuntos de genes diferentes, sendo que o crescimento na primeira fase estaria correlacionado à precocidade sexual. A correlação genética existente entre 3P e IPP indica que a IPP utilizada como critério de seleção para precocidade sexual poderia ser uma valiosa ferramenta para melhorar a precocidade sexual dos rebanhos. Os progressos fenotípicos observados para precocidade sexual podem ser explicados como melhorias ambientais para detectar a puberdade 91 precoce de machos e novilhas e principalmente a pressão de seleção que é aplicada para precocidade sexual por meio do uso de perímetros escrotais e IPP nos programas de melhoramento genético das raças zebuínas. Bibliografia BERGMANN, J. A. G.; GRESSLER, S. L. ; GRESSLER, M. G. 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A condição fenotípica das novilhas à desmama e no inicio da estação de monta em climas tropicais parece ser determinante para o inicio das reações hormonais que levam à ovulação em idades próximas aos 12 meses. A inclusão nos modelos de avaliação genética da idade da vaca da novilha ao parto, estação de nascimento das novilhas, pesos à desmama e ao ano ao início da estação de acasalamentos poderia ser importante para aumentar as acurácias das avaliações genéticas para as características relacionadas a precocidade sexual. As estimativas de herdabilidade para a característica Probabilidade de Parto Precoce (3P) obtidas em modelos uni e multicaracterística indicam que a mesma pode ser utilizada nos programas de melhoramento genético de raças zebuínas com respostas favoráveis em períodos curtos de tempo. 96 A Idade ao Primeiro Parto (IPP) freqüentemente utilizada como critério de seleção para precocidade sexual na raça Nelore apresenta uma considerável variabilidade ambiental em ambientes tropicais, porém, de acordo com as correlações genéticas obtidas neste estudo com a característica 3P e com os perímetros escrotais em diferentes idades, a IPP parece ser uma ferramenta valiosa e simples para aumentar a pressão de seleção para precocidade sexual nos rebanhos da raça Nelore. Os perímetros escrotais aos 365, 450 e 550 dias de idade apresentaram estimativas de herdabilidade de meia a alta magnitude e correlações genéticas favoráveis com as características 3P e IPP, principalmente os PE365 e PE450, o que indicaria ser melhor idade para realizar a seleção para precocidade sexual nos machos visando precocidade sexual das novilhas. Devido à ampla utilização do perímetro escrotal nos programas de melhoramento genético e às correlações favoráveis com precocidade sexual das novilhas, uma maior pressão seletiva para precocidade sexual que pode ser aplicada nos rebanhos da raça Nelore com importantes respostas a curto e meio prazo. A redução na IPP observada no PMGRN poderia ser explicada como melhorias nutricionais das novilhas antes do inicio da estação de monta e também pela seleção praticada pelos criadores para perímetro escrotal e Idade ao primeiro parto. O crescimento testicular entre os 365 e 450 dias e entre os 450 e 550 dias de idade sugere que uma importante proporção de genes que atuam no crescimento testicular em uma fase não se expressam na outra e de acordo 97 com as correlações genéticas obtidas neste estudo somente o crescimento testicular até os 450 dias de idade estaria relacionado com eventos fisiológicos da puberdade em machos e fêmeas. A Identificação de famílias “precoces” na raça Nelore e o estudo da associação genética da precocidade sexual com outras características, como acabamento de carcaça, ganho de peso e longevidade reprodutiva devem contribuir para aumentar o conhecimento da precocidade sexual em ambientes tropicais e para viabilizar sua utilização nos rebanhos da raça Nelore. 98 Probability of precocious calving as a selection criterion for sexual precocity in the Nellore cattle Pedro Alejandro Vozzi, Raysildo Barbosa Lôbo 2 Departamento de Genética, FMRP-USP, Ribeirão Preto, SP. Abstract - The Gibbs sampling was used to establish the variance components for the Probability of Precocious Calving (3P) used as a selection criterion for sexual precocity in the Nellore Genetic Breeding Program (PMGRN) in Nellore heifers. Different models were evaluated to identify the best option. Low variation in the posterior distribution of the variance components and in the genetic parameters was observed. The posterior distribution of the heritability obtained along the different models was similar and close to 50% indicating that the trait can be used for the selection for sexual precocity in the genetic breeding programs of the Nellore Breed. The models that presented a better adjustment indicating that the phenotypic condition of the heifers at weaning may affect their reproductive performance when they are precociously exposed at the age near 12 months. Key-words: Heritability, Bayesian Inference, Nellore, Sexual Precocity. Introduction The identification of genetic and environmental factors that influence the sexual precocity in Bos índicus cattle became the main challenge of animal breeding programs in Nellore cattle in Brazil. The earlier reproduction of the cows has important economic response in the cattle breeding because using this selection attempt it is possible to increase the productive life and the calving number per cow. Puberty in the Zebu cows involves an interaction system of hormonetissue-glandule as observed in Bos Taurus cattle (Evans et al., 1999). The decreasing response of the hypothalamus to the estradiol follows the stimulation of the pituitary determined by the high levels of the LH hormone (Day et al., 1987). The factors that affect puberty in the Zebu cows have been 99 reviewed by Nogueira (2004) where nutritional level, weather, season of birth and the genetic of the animals are the characteristics that most affect puberty. Reports on thresholds traits associated to sexual precocity in Nellore cattle (Eler et al., 2002; Eler et al., 2004; Silva et al., 2005; Shiotsuki et al., 2006; Van Melis et al., 2007; Vozzi et al., 2008) indicate that this trait has enough genetic variability to respond to selection and has been used as a selection criterion in Brazilian breeding programs of the Nellore cattle (Eler et al., 2002; Eler, 2005; Hill, 2005; Lôbo et al., 2008). This study aimed to estimate the variance components and genetic parameters for the probability of precocious calving trait analyzing different statistical models using a Bayesian model of thresholds. Material and Methods Data background: the databases were constituted by information from the Sexual Precocity Program coordinated by ANCP (Lôbo et al., 2008). In this archive, 10.558 reproductive data regard cows born between 2000 and 2004, provided by 11 farms from the PMGRN. The 10.558 cows used in this analysis are daughters of 479 bulls and 7.459 dams. Definition of the probability of precocious calving trait (3P): Heifers exposed precociously between the 12th and 21st month, diagnosed with positive pregnancy, that maintained the gestation and delivered a living bullcalf received the score 1 (success). The others that did not reach these criteria received 0 (failure). 100 Genetic model: Formation of the contemporary group The contemporary group consisted of animals of the same farm, born in the same year and same trimester, belonging to the same management group. Contemporary groups with less than five animals and groups with descendants of the same bull were not considered in the analysis. Ninety-four contemporary groups were used in the analysis. Statistical models evaluated To analyze the factors that affect the expression of this trait we analyzed eight statistical models for the 3P trait. The following variables were contemplated in the different models besides the contemporary group: CIVP: Class of age of the cow at heifer’s delivery, taken as a fixed effect. Nine classes of different ages were contemplated. P210: Standard weight at 210 days of age of the heifer. As an indicative trait of the weight at heifers weaning, this was considered a linear co-variant. The standard weight at 210 days was set in agreement to the following formula (Garnero et al., 2001): P210 = Pa + GMD x da Pa: anterior weight to the standard age, GMD: daily weight gain, da: days between anterior age and standard age. 101 The daily average gain was obtained using this formula: GMD=(Pp-Pa)/(Ip-Ia) Pp: posterior weight at standard age, Pa: anterior weight at standard age, Ip: animal age (in days) in the posterior weight and Ia animal age (in days) in the anterior weight. P365: standard weight at 365 days of age of the heifer. This trait indicated the weight of the heifer at the beginning of mating season; this was considered a linear co-variable. The standard weight at 365 days was calculated following the same formula used above. Structure of the different models Model 1(M1): Thresholds model considering the contemporary group as fixed effect. Model 2 (M2): Thresholds model considering the contemporary group and the class of age of dam at delivery as fixed effects. Model 3 (M3): Thresholds model considering the contemporary group and the class of age of dam at delivery as fixed effects and the heifer’s weight at weaning (P210) as co-variable. Model 4(M4): Thresholds model considering the contemporary group and the class of age of dam at delivery as fixed effects and the heifer’s weight at the beginning of the mating season (P365) as co-variable. 102 Model 5(M5): Thresholds model considering the contemporary group and the class of age of dam at delivery as fixed effects and the heifer’s weight at weaning (P210) and the heifer’s weight at the beginning of the mating season (P365) as co-variable. Model 6 (M6): Thresholds model considering the contemporary group as fixed effect and the heifer’s weight at weaning (P210) as co-variable. Model 7 (M7): Thresholds model considering the contemporary group as fixed effect and the heifer’s weight at weaning (P210) and the heifer’s weight at the beginning of the mating season (P365) as co-variable. Model 8 (M8): Thresholds model considering the contemporary group as fixed effect and the heifer’s weight at the beginning of the mating season (P365) as co-variable. A threshold Bayesian model was applied for the assessment of genetic parameters in the different models, using the interactive process of the Gibbs sampling by the THRGIBBS1F90 software (Tsuruta et al., 2006) in agreement with the following genetic thresholds model: y = Xβ + Zµ + e where ⎡a ⎤ ⎡ V ⊗ A 0 ⎤ V⎢ ⎥ = ⎢ ⎥ ⎣e ⎦ ⎣ 0 R ⊗ I ⎦ y: information vector for the 3P trait, β: contemporary group effect, µ: direct genetic effect vector, 103 X and Z: matrix that correlate the data with their effects, respectively, e: represents residual effect of the model, A: relationship matrix comprising all animals of the pedigree, I: identity matrix, ⊗: Kronecker product V: variance and (co)variance matrix for the genetic effects, R: variance and (co)variance matrix for the residual effects. In the different analyses the residual variance on the non observable scale was fixed in 1 in agreement with Gianola & Foulley (1983). A simple chain of 1.000.000 Gibbs samples was used for all models with an initial discard of 20.000 samples, sampling them each 50 cycles. The post-Gibbs analyses were performed by the POSTGIBBSF90 program (Tsuruta et al., 2006) e Gibanal (Van Kaam, 1997). For the establishment of the different models adjustment, the PROC GENMOD (generalized linear models) was used, considering the Poisson distribution and the specific logarithmic function for binary traits (SAS, 2003). For the comparison of the weight gain and the adjusted weight between the precocious and non-precocious heifers, the PROC TTEST was used (SAS, 2003). Results and Discussion From our data, 13% of the heifers received the score 1 (success) and 87% received the score 0 (failure). Considering the heifers that delivered precociously, the mean age of deliver was 16 mouths. These results were similar to those obtain by Shiotsuki et al. (2006) in Nellore cattle incited at 104 16 mouths of age. The average weight gain in the period between weaning and the yearling and the average adjusted weight of the heifers at 365 days were superior in the precocious heifers (p<0.01). The posterior distributions of the heritability and genetic variance obtained in the different analysis are presented in figures 1 to 16. 2500 9000 Densidade Posterior Densidade Posterior 8000 7000 6000 5000 4000 3000 2000 2000 1500 1000 500 1000 0 H2 1,757 1,683 1,608 1,534 1,459 1,385 1,311 1,236 1,162 1,087 1,013 0,939 0,864 0,790 0,715 0,641 0,567 0,492 0,660 0,642 0,624 0,606 0,589 0,571 0,553 0,535 0,517 0,499 0,481 0,463 0,445 0,428 0,410 0,392 0,374 0,356 0 Va Figure 1 and 2: Posterior distributions of the heritability estimative and the genetic variance resulting from model 1 8000 2000 1800 Densidade Posterior 6000 5000 4000 3000 2000 1000 1600 1400 1200 1000 800 600 400 H2 2,409 2,295 2,181 2,067 1,953 1,839 1,725 1,611 1,497 1,383 1,269 1,155 1,041 0,927 0,813 0,471 0,766 0,741 0,715 0,690 0,665 0,639 0,614 0,589 0,563 0,538 0,513 0,487 0,462 0,437 0,412 0,386 0,361 0,336 0,699 200 0 0 0,585 Densidade Posterior 7000 Va 1800 7000 1600 800 600 H2 2,347 2,241 2,134 2,028 1,922 1,816 1,710 1,604 1,497 1,391 1,285 0,706 0,685 0,664 0,642 0,621 0,600 0,579 0,558 0,537 0,516 0,494 0,473 0,452 0,431 0,410 0,389 0 0,368 200 0 1,179 400 1000 1,073 2000 1000 0,966 3000 1200 0,860 4000 1400 0,754 5000 0,648 6000 0,542 Densidade Posterior 8000 0,346 Densidade Posterior Figure 3 and 4: Posterior distributions of the heritability estimative and the genetic variance resulting from model 2 Va Figure 5 and 6: Posterior distributions of the heritability estimative and the genetic variance resulting from model 3 H2 1,768 1,685 1,603 1,520 1,438 1,356 1,273 H2 1,191 2,063 1,960 1,858 1,755 1,653 1,550 1,448 0 1,346 2000 1,109 H2 1,243 3000 2,096 1,990 1,885 1,779 1,674 1,569 1,463 1,358 1,252 1,147 1,042 H2 1,026 4000 1,141 5000 0,944 6000 1,038 9000 0,861 0 0,936 200 0 0,936 1000 0,779 2000 0,831 3000 0,833 4000 0,697 5000 0,725 1600 0,731 1800 7000 0,614 8000 2,104 2,000 1,895 1,791 1,686 1,582 1,477 1,372 1,268 1,163 1,059 0,954 0,850 0,745 0,641 0,536 0 0,620 200 0 0,629 1000 0,532 2000 0,432 3000 0,515 4000 0,409 5000 Densidade Posterior 1600 0,526 6000 Densidade Posterior 0,704 0,684 0,664 0,644 0,623 0,603 0,583 0,562 0,542 0,522 0,501 0,481 0,461 0,441 0,420 0,400 0,380 0,359 Densidade Posterior 6000 0,424 7000 Densidade Posterior 0,708 0,685 0,663 0,640 0,618 0,595 0,572 0,550 0,527 0,505 0,482 0,460 0,437 0,414 0,392 0,369 0,347 0,324 Densidade Posterior 1800 7000 0,450 5000 4000 3000 2000 1000 0 Densidade Posterior 10000 9000 8000 7000 6000 0,685 0,662 0,639 0,616 0,594 0,571 0,548 0,526 0,503 0,480 0,458 0,435 0,412 0,390 0,367 0,344 0,322 0,299 Densidade Posterior 8000 0,367 0,675 0,650 0,626 0,601 0,576 0,551 0,526 0,501 0,476 0,451 0,426 0,402 0,377 0,352 0,327 0,302 0,277 Densidade Posterior 105 1400 1200 1000 800 600 400 Va Figure 7 and 8: Posterior distributions of the heritability estimative and the genetic variance resulting from model 4 1400 1200 1000 800 600 400 Va Figure 9 and 10: Posterior distributions of the heritability estimative and the genetic variance resulting from model 5 8000 2500 2000 1500 1000 1000 500 0 Va Figure 11 and 12: Posterior distributions of the heritability estimative and the genetic variance resulting from model 6 2500 2000 1500 1000 500 0 Va Figure 13 and 14: Posterior distributions of the heritability estimative and the genetic variance resulting from model 7 106 2500 9000 Densidade Posterior Densidade Posterior 8000 7000 6000 5000 4000 3000 2000 2000 1500 1000 500 1000 0 H2 1,978 1,880 1,782 1,684 1,586 1,488 1,390 1,293 1,195 1,097 0,999 0,901 0,803 0,705 0,607 0,509 0,411 0,662 0,641 0,619 0,597 0,575 0,553 0,531 0,510 0,488 0,466 0,444 0,422 0,400 0,378 0,357 0,335 0,313 0,291 0 Va Figure 15 and 16: Posterior distributions of the heritability estimative and the genetic variance resulting from model 8 Independently of the model, the posterior distributions of the genetic variance components and the heritability estimative were similar in the different models. In figures 1 to 16 the distributions of the samples tend to the normal pattern, with values close to the mean, mode and median (Table 2) which indicates a correct implementation of the Bayesian technique using the interactive process of Gibbs sampling for the 3P trait (Blasco et al., 2001; Magnabosco et al., 2002). The results obtained in the Bayesian analysis in the different models are observed in Table 1. Table 1: Mean, standard deviation and credibility region of the variance components obtained in the different models. M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8 Variance Means Standard Deviation Region credibility (95%) 1,044 0,223 1,028 a 1,061 Va 1,002 0,020 1,002 a 1,003 Vr 1,140 0,269 1,120 a 1,161 Va 1,003 1,003 1,002 a 1,003 Vr 1,187 0,284 1,164 a 1,210 Va 1,003 0,020 1,002 a 1,003 Vr 1,138 0,272 1,116 a 1,160 Va 1,003 0,020 1,002 a 1,003 Vr 1,161 0,270 1,142 a 1,180 Va 1,003 0,020 1,002 a 1,003 Vr 1,060 0,223 1,046 a 1,075 Va 1,003 0,020 1,002 a 1,003 Vr 1,027 0,216 1,011 a 1,044 Va 1,003 0,020 1,002 a 1,003 Vr 1,011 0,210 0,997 a 1,025 Va 107 1,003 0,020 1,002 a 1,003 Vr The means, modes and medians of the posterior distributions of the heritability estimative for the Probability of Precocious Calving (3P) trait, obtained in the different models using Bayesian inference are represented in Table 2. Table 2: Posterior distribution of the heritability estimative in the different models (mean, mode and median). Mean Mode Median M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8 0,504 0,525 0,534 0,524 0,529 0,508 0,500 0,497 0,502 0,518 0,527 0,512 0,533 0,520 0,502 0,490 0,504 0,524 0,534 0,524 0,529 0,508 0,501 0,496 Tables 1 and 2 show that different models resulted in similar heritability and variance. Heritability was next to 50 %, which indicates that the trait has enough genetic variability to be included as a selection criterion in genetic breeding programs. Similar results of heritability were obtained by Eler et al. (2002) for the probability of pregnancy at 14 months trait using the ℜ method, and by Silva et al. (2005) and Shiotzuki et al. (2006) for the probability of pregnancy at 16 months trait using the ℜ method and the Bayesian inference, respectively. Also, Van Melis et al. (2007) applied a Multivariate Bayesian model for the probability of pregnancy at 14 months trait. Table 3: Comparison of the different models studied. Model Deviation Log likelihood M1 753,6825 -10405,2300 M2 749,2373 -10403,0091 M3 716,4000 -10386,5905 M4 698,5226 -10377,7657 M5 683,4805 -10370,1307 M6 719,9492 -10388,3650 M7 687,1414 -10371,9612 p 0,0720 0,0717 0,0697 0,0685 0,0682 0,0700 0,0685 108 M8 702,0893 -10379,4351 0,0688 Log likelihood: the lower, the better. The models that presented a better adjustment were M1, M2 and M6 indicating that the phenotypic condition of the heifers at weaning may affect their reproductive performance when they are precociously exposed at the age near 12 months. According to Foxcroft (1980) and Nogueira (2004), heifers with higher growth rates in the pre and post weaning period tend to reach puberty earlier than those with lower growth rates, which emphasizes the results obtained with these models. The highest gain between the weaning and the yearling and the highest weight at the beginning of the mating season of the heifers that received the score 1 support this hypothesis. The seasons of birth of the heifers considerably affect their performance after the weaning, where the availability of food is the main factor that determines the phenotypic condition of the heifers at the beginning of the mating season. Therefore, considering the different seasons of birth in the contemporary group contributes significantly for the model adjustment. Although the posterior density of the variance components and the genetic parameters have been similar in the different models, the inclusion of the class of age of the mother at delivery and of the weight of the heifers at weaning and at the beginning of the mating season could increase the accuracy of the estimative of the genetic parameters and the Expected Progeny Differences (EPDs) for Probability of Precocious Calving in the genetic evaluations for this trait. 109 Conclusions The estimative of heritability obtained in this study indicates that the Probability of Precocious Calving (3P) trait could be used as a selection criterion for sexual precocity in Nellore cattle with important economic impact for the cattle breeding once it regards precocious calving, the maintenance of the gestation and the delivery of a living calf. Potential genetic variability in sexual precocity can be explored in the breeding program of Nellore cattle. The phenotypic conditions of the heifers at weaning have significant effect in the expression of the 3P trait, thus the factors that play a role in this phase should be considered in the models of genetic evaluation for the sexual precocity trait. References BOLIGON, A.A.; VOZZI, P.A.; NOMELINI, J.; RORATO, P.R.N.; BEZERRA, L.A.F.; LÔBO, R.B. Parâmetros genéticos para idade ao primeiro parto estimados por diferentes modelos para rebanhos da raça Nellore. Ciência Rural, Santa Maria, v.38, n.2, p.432-436. ELER, J.P.; SILVA, J.A.; FERRAZ J.B.S.; DIAS F, et al. (2002). Genetic evaluation of probability of pregnancy at 14 months for Nellore heifers. J. Anim. Sci. 80: 951-954. 110 ELER, J.P.; SILVA, J.A.; EVANS, J.L.; FERRAZ, J.B.S.; et al. (2004). Additive genetic relationships between heifer pregnancy and scrotal circumference in Nellore cattle. J. Anim. Sci. 82: 2519-2527. ELER, J.P (2005). Seleção para precocidade sexual em novilhas de corte. 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