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A Sintaxe da Ordem
no Português,
1400-1900
P rojet o d e Pes qu i s a
Maria Clara Paixão de Sousa
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7
Con teúdo
Resumo...................................................................................................................................................... 3
1. Introdução.............................................................................................................................................. 4
2. Justificativas e Fundamentação Teórica.............................................................................................. 23
2.1 Justificativas ..................................................................................................................................................... 23
2.2 Fundamentação Teórica .................................................................................................................................24
3. Plano de Trabalho................................................................................................................................ 28
3.1 Formação da Base Documental..................................................................................................................... 28
3.3.1 Objetivo ........................................................................................................................................................... 28
3.3.2 Principais Procedimentos.............................................................................................................................. 28
3.1.3 Resultados Preliminares: Corpus Inicial...................................................................................................... 28
3.1.4 Trabalhos em Andamento............................................................................................................................. 29
3.2 Descrição e Análise dos Dados Empíricos.................................................................................................. 30
3.2.1 Objetivo ........................................................................................................................................................... 30
3.3.2 Principais Procedimentos.............................................................................................................................. 30
3.2.3 Resultados Preliminares: Desenho da Estrutura Descritiva.................................................................... 30
3.2.4 Trabalhos em Andamento............................................................................................................................ 32
3.3 Reflexão Teórica e Modelagem da Mudança: .............................................................................................33
3.3.1 Objetivo ........................................................................................................................................................... 33
3.3.2 Principais Procedimentos.............................................................................................................................. 33
3.3.3 Resultados Preliminares: Levantamento de tópicos e bilbiografia ........................................................ 33
3.3.4 Trabalhos em Andamento............................................................................................................................ 35
4. Resultados Esperados – Resumo ........................................................................................................ 36
4.1 Desenvolvimento do Quadro Teórico......................................................................................................... 36
4.2 Desenvolvimento de Metodologias de Pesquisa.........................................................................................36
4.3 Produtos para a Comunidade de Pesquisa................................................................................................... 36
4.4 Formação Discente.......................................................................................................................................... 36
Referências Bibliográficas....................................................................................................................... 37
:|: A Sintaxe da ordem no Português, 1400-1900 :|: Projeto :|:
:|2|:
Resumo
Esta pesquisa tem por objetivo principal demonstrar que a evolução diacrônica dos padrões de
ordem atestados em textos escritos em português entre os anos 1400-1900 refletem uma mudança
gramatical que remete, centralmente, à codificação das relações entre sintaxe e discurso na frase
abstrata, conforme entendidas no quadro teórico gerativista, em sua versão minimalista. Neste
plano teórico, as mudanças gramaticais consituem-se como alterações nas propriedades lexicais
dos núcleos funcionais (ou seja: nos planos não-universais da arquitetura da gramática), que serão
refletidas na produção lingüística de gerações diacronicamente subsequentes de falantes de uma
língua particular. O fator central na mudança gramatical envolvida no fim do assim chamado
“Português Clássico” (1500-1600) seriam as propriedades lexicais do núcleo funcional responsável
pela articulação entre a sintaxe e o discurso nas línguas naturais. Proponho como hipótese inicial
para a sentença abstrata na gramática representada nos textos até o século 17 a estrutura [ CP ... [ C
] [FP ... [F]] [IP ... [ I ] [vP ...[ v ] [VP ...[ V ] ]]]] , onde F (lócus de codificação das relações entre sintaxe
e discurso) tem traços [+φ]. Essa hipótese estrutural corresponde satisfatoriamente às condições
de interpretação contextual das diferentes ordens superficiais dos constituintes (em especial,
quanto aos sujeitos referenciais), e descreve satisfatoriamente a variação empírica detectada nos
textos quanto aos constituintes que podem ocupar a posição pré-verbal interna. Defenderei que
uma mudança nas propriedades lexicais do núcleo F (de traços [+φ] para traços traços [-φ]
noPortuguês Europeu; e a desativação do traço [afetivo]/[afetivo] no Português Brasileiro) é o
fator central responsável pela reorganização da sintaxe da ordem a partir dos textos
representativos do século 18.
O desenvolvimento dessa hipótese fundamenta-se em uma análise que articula as propriedades
computacionais e as propriedades semântico-discursivas envolvidas no ordenamento de
constituintes, tal como essas podem ser investigadas em textos escritos.
O trabalho inclui
portanto a descrição e análise de dados, a reflexão sobre as condições de interpretação de dados
documentais no quadro metodológico autorizado pela teoria gerativa da gramática, e a reflexão
sobre os mecanismos responsáveis pelas mudanças gramaticais nesse quadro teórico.
:|: A Sintaxe da ordem no Português, 1400-1900 :|: Projeto :|: Resumo
:|3|:
1. Introdução
Nos textos portugueses escritos até o século 17 é bastante freqüente a ordem superficial {XVS}1 (onde
X é um complemento do verbo):
(1)
(a) Uma carta de Vossa Reverência me deu o padre Frei Ene perto de Cascais (Chagas, 1631)
(b) A este livro chamão elles: “Quid pro quo”: quer dizer, huma couza por outra (Costa, 1601)
(c) Na Côrte andou este Rei dous anos (Couto, 1554)
As ordens {XVS} são epecialmente representativas de uma propriedade gramatical central da língua
representada nos textos do Português Clássico: a organização da frase em torno de uma posição
sintática codificadora da saliência informacional na periferia esquerda. Essa propriedade gramatical
promove o termo mais saliente, entre os participantes da diátese verbal, para essa posição de destaque à
esquerda. Na estrutura abstrata refletida nos padrões em (1) acima, {X} especifica um núcleo funcional
localizado acima de I, ao qual o verbo (V-I) está integrado. Esse núcleo (F) codifica sintaticamente as
relações discursivas que podem ser expressas no interior da frase por meio de traços abstratos
morfológicos. O verbo é o núcleo lexical que compartilha este traço [+φ] com F, e que portanto deve
(sempre) se integrar a F, e constituintes que compartilhem este traço [+φ] podem especificar F-V:
(2)
[CP [C] [FP X-[+φ] [ F-V-[+φ] ][IP [ I-t ] [vP [ v-t ] [VP [ V-t ] ] ] ] ]
onde
F [+φ]
Demonstrarei nesta pesquisa que esta formalização para a estrutura da frase permite explicar todas as
ordens superficiais atestadas nos textosdo Português Clássico, e as proporções relativas entre elas
(inclusive quanto à variação empírica na posição de pronomes clíticos). Além disso, a hipótese se
adequa às interpretações contextuais correspondentes às construções nos textos: os dados preliminares
desta pesquisa indicam que as ordens {XVS} no Português Clássico remetem à maior saliência
contextual de {X} em relação aos demais constiuintes da frase2. A adequação intepretativa é uma
propriedade importante da hipótese, por dois motivos: primeiro, porque a interpretação dos dados
permitirá formalizar as propriedades abstratas de F. Segundo, porque a interpretação é um dos aspectos
centrais a diferenciar as ordens {XVS} no Português Clássico das ordens {XVS} do Português Europeu
moderno e a aproximá-las das ordens {XV} do Português Brasileiro onde {X} é um tópico sentencial.
1 Nesta apresentação usarei a marca {...}, colchetes, para indicar a ordem superficial dos termos; ou seja, a
seqüência{XVS}, por exemplo, não faz referência à posição estrutural de {X}, de {V} ou de {S}.
:|: A Sintaxe da ordem no Português, 1400-1900 :|: Projeto :|: Resumo
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No detalhamento que segue apresentarei os dados iniciais que fundamentam essa interpretação dos
constituintes pré-verbais nos textos representativos do Português Clássico (em contraste com sujeitos e
outros elementos pós-verbais). Esses dados indicam que nesta língua, a organização da sentença gravita
em torno de uma posição pré-verbal discursivamente saliente, que me parece poder ser adequadamente
formalizada como a projeção FP proposta em URIAGERAKA (1998), RAPOSO & URIAGEREKA (2005). FP,
para esses autores, é a categoria funcional onde se codifica a relação sintaxe-discurso no interior da frase
na línguas românicas; a realização do verbo em F e sua especificação por um de seus complementos
modela na frase o “ponto de vista” da proposição. A propriedade abstrata de F marca a saliência relativa
ao ponto de vista a ser codificado na frase; os constituintes que especificam F são os mais salientes em
relação aos demais participantes da diátese verbal – tanto tópicos sentenciais, como focos e operadores
de ênfase. RAPOSO & URIAGEREKA (2005) sugerem que o caso abstrato realizado em F é o caso “citativo”;
assumirei, inicialmente, esta formulação, pois ela parece adequada à observação da possibilidade de se
encontrarem tanto focos como tópicos nesta posição nos textos clássicos 3. Precisar formalmente a
natureza da “saliência” codificada em F, detalhando seus condicionantes discursivos e formais, será uma
das tarefas centrais no desenvolvimento dessa pesquisa.
Nesta Introdução, quero indicar como a hipótese estrutural (2) acima, considerada a análise preliminar
de {X} em spec-FP como “saliente” (foco/tópico), se associa a uma perspectiva diacrônica interessante,
especialmente no que se refere às estruturas de deslocamento e apagamento de argumentos nas
variantes modernas do português: o Português Europeu (PE) e o Português Brasileiro (PB). De um
lado, o contraste interpretativo (e certas diferenças sintáticas) que observei entre {XVS} no Português
Clássico e {XVS} no Português Europeu mostrariam que a mudança para o PE incide
numa
reorganização dos mecanismos de codificação entre sintaxe e discurso na frase abstrata, onde a
propriedade de “saliência à esquerda” parece ficar desativada. De outro lado, no que se refere à
2 Fundamentalmente, os sujeitos pós-verbais nos textos da época não aceitam inequivocamente a interpretação de focos,
como acontece com os sujeitos “invertidos” no Português Europeu Moderno. Isso já indica ser mais adequado analisar
{XVS}, no Português Clássico, como análogo às assim chamadas “inversões germânicas”– que não são, a rigor, inversões
de {S}, mas fronteamentos de {X}-{V}; e não às “inversões românicas”, que são focalizações de sujeito. Além do
contraste interpretativo quando ao estatuto de S, as inversões românicas e germânicas diferenciam-se por subconfigurações específicas da porção pós-verbal das sentenças: as germânicas são tipicamente {XVSX}, como em (1a-c)
acima; as românicas, tipicamente {(X)VXS}. Os dados preliminares mostram que a configuração específica {XVSX} é a
ordem {VS} cuja freqüência cai mais agudamente nos textos com o fim do período clássico.
3 Parece-me adequado sugerir que, uma vez que F codifica “ponto de vista”, a “importância relativa” entre os constituintes
pode estar ligada à topicalidade em alguns casos, e à saliência informacional em outros. Isso explicaria, portanto, a
possibilidade de se encontrarem tanto focos como tópicos nesta posição: se o importante é salientar a topicalidade, o
tópico sentencial é movido à esquerda. Se o importante é salientar a referencialidade, há um foco (“informação nova”), e
este deve ser movido à esquerda. O caso “citativo” reflete também a idéia de “aboutness”, delineada em VALLDUVÍ (1993)
para encompassar as propriedades de topicalidade e saliência referencial que se mesclam em diferentes medidas nos
elementos focais e tópicos.
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mudança do Português Clássico para o PB, também se abre uma perspectiva diacrônica interessante: se
a posição estrutural à esquerda no Português Clássico codifica a saliência informacional de tal modo a
poder abrigar “focos” e “tópicos sentenciais” (e se a extensão do levantamento de dados comprovar a
indicação preliminar da elevada freqüência de ocorrência de {XV} onde {X} é um tópico sentencial no
Português Clássico), forma-se um quadro interessante para interepretar os antecedentes diacrônicos das
construções de topicalização e promoção argumental no PB.
Comecemos por notar que no Português Europeu moderno, a ordem superficial {XVS} ainda é
atestada:
(3) PE:
(a) A sopa comeu o Paulo
onde foco: o Paulo (Costa 1998:109)
(b) A esse teu amigo tem dado atenção só o Pedro onde foco: o Pedro (Ambar 1992:81)
(c) Em Lisboa mora o Pedro
onde foco: o Pedro (Ambar 1992:78)
As ordens {XVS} no PE e no PC, embora superficialmente semelhantes, apresentam diferenças
interpretativas importantes: no PE, {S} recebe aí a interpretação de foco (segundo Ambar, 1992, e
Costa, 1998, entre outros); no Português Clássico, como demonstrarei mais adiante, não recebe. No PE,
portanto, essas ordens derivam da “demoção” do sujeito para uma posição pós-verbal – ou seja, são aí,
de fato, “inversões” da ordem canônica {SV} (que, defendo, não é canônica no PC). Coerentemente,
enquanto no PE {XVS} é menos atestado que {SVX}, nos textos clássicos há um equilíbrio entre as
duas ordens superficiais.
A principal diferença de {XVS} no PC e no PE, portanto, é que no PC esta ordem deriva de uma
operação sintática sobre {X}, e no PE, em geral, de uma operação sintática sobre {S}. Proponho que
isso corresponde a uma mudança gramatical na qual a propriedade morfológica de F como [+CITATIVO]
se perdeu no PE.
Por outro lado, a propriedade que permite {XVS} como operação de {X} (e não de {S}) no PC tem
como contraparte, no PE, uma construção muito especial, o chamado “movimento afetivo”:
(4)
Muito uísque bebeu o capitão!
(Raposo, 1998)
As construções de “movimento afetivo” são também atestadas nos textos clássicos:
(5)
Muito estimara eu que fôsse tal o meu desembaraço
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(Chagas, 1631)
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A possibilidade do “movimento afetivo” no PE indica que a associação de F a um traço (nãomorfológico) [afetivo] se manteve nesta gramática4. Assim, enquanto no PC F é morfológico e sempre
presente nas derivações (podendo ou não carregar o traço adicional [afetivo]), no PE F cumpre
exclusivamente a função de abrigar o traço [afetivo], e portanto só participa das derivações em que há
um constituinte marcado com este traço. Já no Português Brasileiro, a construção {XVS} com com
valor afetivo de {X} não é gramatical – o que seria uma indicação inicial de que no PB o traço [afetivo]
de F não está mais ativo:
(6)
PB:
* Muito uísque bebeu o capitão!
De fato, no PB ordens {XVS} não parecem naturais nem com a associação de um valor afetivo para
{X}, nem como focalizações do sujeito, como acontece no PE:
(7) PB:
(a) * A sopa comeu o Paulo
(b) * A esse teu amigo tem dado atenção só o Pedro
(c) * Em Lisboa mora o Pedro
Segundo importantes estudos (cf. Kato 2000, sobretudo), apenas ordens {VS} com verbos monoargumentais são possíveis e naturais no PB:
(8)
(a) Chegou a encomenda.
(b) Apareceu a menina.
Entretanto, os estudos também indicam que o estatuto de {a encomenda} ou {a margarida} nas
sentenças acima como “sujeitos” é discutível; tais elementos, apesar de poderem ser analisados como
sujeitos semânticos do verbo, parecem se comportar, de fato, como complementos sintáticos:
(9)
(a) Chegou as encomendas.
(b) Apareceu as meninas.
Inversamente, no PB os complementos semânticos do verbo (argumentais e outros, como locativos,
4 Talvez esta manutenção reflita, de fato, um resquício conservador do PE em relação à gramática clássica; encontro, por
exemplo, em Costa (1998), a seguinte possibilidade para a posição dos sujeitos em “construções afetivas (portanto,
sujeitos não focalizados:
(i)
Muito vinho o João bebeu !
A ordem acima ({X-afetivo SV}) está mais de acordo com a descrição do PE moderno proposta por Costa, em que a
ordem {VS} só se explica por focalização de {S}.
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circunstanciais), quando são tópicos sentenciais, podem aparecer em posição pré-verbal. Mas, nessa
configuração, esses “complementos semânticos” parecem comportar-se como sujeitos gramaticais:
(10)
(c) O filé acompanha fritas.
(d) A máquina está lavando os tapetes.
Uma boa hipótese para comparar PB e PC quanto à ocupação da posição esquerda FP seria a seguinte:
no PB, o traço abstrato de caso [CITATIVO] não se perdeu; daí a produtividade das construções {XV}
onde {X} é um topico sentencial, nessa gramática. Assim, no PB a propriedade morfológica que
permite {XVS} como operação sobre {X} (caso abstrato [CITATIVO]) permanece. Entretanto, em
associação a outras propriedades da gramática do PB (essencialmente, no que respeita as possibilidades
de apagamento dos argumentos), a operação do caso [CITATIVO] sobre {X} complemento não resulta
em “inversão” dos constituintes sujeitos – mas sim na promoção de {X} a sujeito sintático (como indica
a concordância entre {o filé} e {acompanha}, {a máquina} e {está}, nos exemplos acima).
Ou seja: as construções de “promoção argumental” no PB seriam diacronicamente derivadas das
construções de fronteamento{XVS} noPC:
(11)
(e) A esse livro chamam eles “Quid pro quo” (A esse livro: complemento fronteado)
(f) Esse livro chama
“Quid pro quo” (Esse livro: complemento promovido)
Assim, o PB refletiria do PC não uma ordem superficial particular, mas sim uma propriedade abstrata: a
de sempre posicionar o tópico sentencial à esquerda do verbo. No PC, quando o tópico sentencial não
coincide com o sujeito gramatical, superficializa-se a ordem {XVS} – simplesmente porque {S}
permanece em IP. No PB, quando o tópico sentencial não coincide com o sujeito gramatical, ele é
promovido a sujeito gramatical. De certa forma, no PB a propriedade de se deslocar o tópico sentencial
à esquerda se radicaliza, em relação ao PC; mas nos dois casos, o traço morfológico de F pode ser o
mesmo. A questão da da perda de {VS} no PB estaria relacionada a propriedades que governam IP
(como a impossibilidade de categorias vazias no especificador de I), não com as propriedades abstratas
de F.
Na minha hipótese, portanto, o fim da gramática clássica estaria relacionado fundamentalmente a
mudanças nas propriedades lexicais de F. No PE, F fica associado exclusivamente ao traço [afetivo] e
portanto só aparece quando há um X com traço [afetivo], perdendo o traço morfológico de caso
[CITATIVO]. No PB, o traço [afetivo/afetivo] se desativa, e o traço morfológico [CITATIVO] permanece
ativo.
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Com relação às propriedades de F (ou seja: com relação às propriedades sintáticas que codificam valores
discursivos no interior da frase), estes seriam os contrastes centrais entre PC, PB e PE. Entretanto, as
ordens {XV} superficias, nas três gramáticas, podem envolver outras propriedades, que não analiso
como relacionadas às propriedades de F: centralmente, os casos em que o {X} pré-verbal superficial
não é um tópico sentencial (nem um foco), mas sim um tópico do discurso. Sob a rubrica “tópicos do
discurso” compreendo os elementos {X} em {XV} que não fazem parte da diátese verbal – e portanto,
não participam da derivação da sentença no plano sintático. O estatuto de {X} enquanto tópico do
discurso ou tópico sentencial é ambíguo em muitos casos, como discutirei mais à frente; considerarei
que {X} é inequivocamente um tópico do discurso (e não um constituinte do interior da frase) quando
não for possível atribuir a {X} um estatuto de argumento do verbo, estando todos os argumentos já
representados na frase. Ou seja: incluo aqui os assim chamados “tópicos pendentes”, e também os assim
chamados “tópicos retomados” (que na minha perspectiva apenas coincidem referencialmente com um
constituinte que, na sentença, participa da diátese verbal):
(12)
(a)
(b)
(c)
(d)
O ir para o Natal, como lá se disse, eu o tenho quási por impossível ...(Chagas, 1631)
A Rainha, deram-lhe as dores do parto (Couto, 1554)
Esses rapazes, dêem-lhe muitos recados (Mão Inábil, 1691)
A gente, parte dela se afogou, por se querer lançar a nado à terra, e a outra, que se deixou
ficar na náo, toda se salvou, porque da terra lhe acudiram logo muitas almadias
(Couto, 1554)
Minha análise para {XV} em exemplos como (2) acima seria a de {X} como adjunto da frase:
(13) {TÓPICO DO DISCURSO} [CP ... ]
Considerando que construções deste tipo são comuns no PE moderno e no PB,
a construção
{TOP}[frase] poderia ser analisada como diacronicamente estável (e universal):
(14)
(a) PE:
(b) PB:
Os gerentes, trata-os como se foram míseros contínuos
A Patrícia, ela não faz nada o dia inteiro.
REF
REF
Diferenças importantes são observadas: no PC e no PE, quando o tópico do discurso coincide
referencialmente com o argumento “objeto”, este é representado lexicalmente no interior da frase (é a
assim chamada “retomada clítica”). No PB, quando o tópico do discurso coincide referencialmente com
o argumento “sujeito”, este é representado lexicalmente no interior da frase (é a assim chamada
“retomada pronominal”). Essa diferença, entretanto, se explica plenamente pelas diferentes condições
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quanto ao apagamento de argumentos em cada caso (cf. Kato & Negrão, 2000; Cyrino, 1994). Se
levarmos isso em conta, construções acima no PC, no PE e no PB são paralelas.
Podemos então resumir da seguinte forma os contrastes preliminares entre as três variantes, quanto às
operações que poderiam se relacionar à superficialização de ordens {XV}:
(15) Operações Resultantes na Ordem Superficial {XV}:
Português Clássico, Europeu e Brasileiro
ADJUNÇÃO
PC
PE
PB
MOVIMENTO NA SINTAXE
adjunção à esquerda:
tópicos do discurso
movimento à esquerda:
tópicos sentenciais
movimento à esquerda:
focos
movimento à
esquerda:
“afetivo”
√
√
√
√
√
*
*
√
√
√
*
*
No PE, {X} pré-verbal superficial pode ser um sujeito “normal” ou um tópico do discurso, um
constituinte afetivo, mas não um foco; no PB {X} pré-verbal superficial pode ser um um sujeito
“normal”, um tópico sentencial, um tópico do discurso, mas não um foco nem um constituinte afetivo.
No PC, os elementos pré-verbais superficiais podem ser focos, tópicos sentenciais, ou tópicos do
discurso; isso vale tanto para complementos como para sujeitos. Os sujeitos em {VS}, como já sugeri,
são menos salientes que os pré-verbais. Mostro para isso algumas evidências preliminares.
◊
Começo por evidências relativas à proporção relativa das ordens superficiais nos textos, pelo estudo
preliminar de um texto português escrito em 1552 (A História da Província Santa Cruz, de Pero Magalhães
de Gandavo, nascido em 1502, cf. GANDAVO, 1576). Ali, as sentenças {S V} representam 42% das
orações principais absolutas:
(16) { S V ...}:
(a) Os louros
(b) As mulheres
têm um cabelo muito fino
trazem uns paus grossos à maneira de maças
As sentenças com outros constituintes precedendo o verbo representam 41% do total de principais
(sendo 58% delas com sujeitos nulos e 32% com sujeitos pós-verbais):
(17) { X V ...}:
(a) A quinta capitania a que chamam Porto Seguro, conquistou Pero do Campo Tourinho.
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(b) Alguns deles
houveram já os Portugueses às mãos
Os 17% de dados restantes são sentenças verbo-iniciais, como em (3) acima (sendo 86% delas com
sujeitos nulos e 14% com sujeitos pós-verbais):
(18) { V...}:
(a) Carece de três letras, convém a saber , não se acha nela , f, nem, l, nem , R, coisa digna de
espanto
(b) Tem esta província assim como vai lançada da linha Equinocial para o Sul, oito capitanias
povoadas de Portugueses
Em resumo: neste texto, do total de sentenças que não são iniciadas pelo verbo, 50% são iniciadas pelo
sujeito, e 50% por outros constituintes. Isso já é indicativo da generalização de que nos textos clássicos,
os sujeitos não predominam, em relação a outros constituintes, na posição pré-verbal. Outra perspectiva
interessante para olhar esses dados é a constatação de que os sujeitos nulos são a opção preferida, neste
e em outros textos preliminarmente estudados, oscilando entre 50 a 70% das realizações nas sentenças
principais. Restam portanto 50 a 30% de casos com sujeitos lexicais. Os sujeitos lexicais, por sua vez,
dividem-se, em média, entre 50 a 40% pós-verbais, e 50 a 60% pré-verbais. Isso, por si, já mostra uma
característica marcante da sintaxe superficial dos textos clássicos: a opção pelo sujeito pré-verbal, nesses
textos, compete francamente com a opção pós-verbal – ao contrário do que acontece nos textos do PE
moderno, nos quais a maioria dos sujeitos lexicais tende a ser pré-verbais. Essas duas constatações
empíricas estritamente quantitativas já justificam desconfiar que não estamos, aqui, diante de uma
gramática “SV” padrão. Estamos, ao menos, diante de um fato empírico interessante: enquanto nas
variantes modernas do português as ordens as ordens { X V S} claramente fogem à ordem “canônica”
({S V}), isso já não é claro para o Português anterior ao século 17.
A questão das quantidades brutas de ocorrência, entretanto, precisa ser modulada por um segundo
fator, antes de se chegar a uma proposta de análise abstrata: qual a qualidade informacional dos sujeitos
lexicais pré-verbais e pós-verbais nesse sistema? Evidentemente, num sistema SV espera-se que os
sujeitos pré-verbais sejam menos salientes informacionalmente que os sujeitos pós-verbais – uma vez
que nesses sistemas, VS corresponde a uma inversão do sujeito por conta de requerimentos semânticopragmáticos, ou seja, VS é uma focalização do sujeito. Mas os dados preliminares indicam que, quando
se estudam os contextos de ocorrência das ordens SV e VS nos textos clássicos, o que se constata é
exatamente o contrário: ali, às ordens SV corresponde, sempre, uma saliência semântico-pragmática do
sujeito, em maior grau do que se atesta para as ordens VS.
Mostro aqui exemplos de construções com sujeito pré-verbal do tipo {S
CLÍTICO
V}, a partir de
constatações preliminares em Paixão de Sousa (1998a, 2004a). Os sujeitos nessa configuração são
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interpretáveis como focos (ou ao menos: como informação nova), como fica claro quando observamos
os contextos dos exemplos (1) (a)-(g) abaixo:
(19) Exemplos de SV com próclises, séculos 16 e 17:
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
(f)
(g)
Os Índios da terra as costumam tomar em seus ninhos quando são pequenas (Gandavo, 1502)
Os moradores da terra os matam com arpões (Gandavo, 1502)
Os Índios da terra lhe chamam em sua língua Hipupiára... (Gandavo, 1502)
Dom Jorge de Castro o foi buscar (Gandavo, 1502)
Jordão de Freitas lhe mandou responder com um Requerimento (Couto, 1548)
Duarte Nunes me avisa tem comprado sessenta peças de boa artilharia... (Vieira, 1608)
Jerónimo Nunes me escreveu hoje tivera carta de V. Ex.a. ...(Vieira, 1608)
(20) Contexto de (1a), Os Índios da terra as costumam tomar em seus ninhos quando são pequenas:
Há nesta província muitas aves de rapina muito formosas e de várias castas ,
convém a saber , Águias , Açores, e Gaviões , e outras de outros gêneros
diversos e cores diferentes , que também tem a mesma propriedade. As Águias
são muito grandes e forçosas : e assim remetem com tanta fúria a qualquer ave
, ou animal que querem prear, que às vezes acontece nestas partes virem
algumas tão desatinadas seguindo a presa , que marram nas casas dos
moradores, e ali caem à vista da gente sem mais se poderem , levantar. Os
Índios da terra as costumam tomar em seus ninhos quando são pequenas , e
criam-nas em umas sorças, para depois de grandes se aproveitarem das penas
em suas galantarias acostumadas.
(21) Contexto de (1b), Os moradores da terra os matam com arpões:
É tão grande a cópia do saboroso e sadio pescado que se mata, assim no mar
alto , como nos rios e baías desta província de que geralmente os moradores
são participantes em todas as capitanias, que esta só fertilidade bastara a
sustentá-los abundantíssimamente , ainda que não houvera carnes nem outro
gênero de caça na terra de que se prouveram como atrás fica declarado. E
deixando a parte a muita variedade daqueles peixes que comumente não
diferem na semelhança de cá, tratarei logo em especial de um certo gênero deles
que há nestas partes, a que chamam peixes bois: os quais são tão grandes , que
os maiores pesam quarenta cinqüenta arrobas. Tem o focinho como de boi , e
dois cotos com que nadam à maneira de braços. As fêmeas têm duas tetas com
o leite das quais se criam os filhos. O rabo é largo rombo e não muito
comprido. Não tem feição alguma de nenhum peixe somente na pele quer-se
parecer com tuninha. Estes peixes pela maior parte se acham em alguns rios, ou
baías desta costa , principalmente onde algum ribeiro, ou regato se mete na
água salgada são mais certos: porque botam o focinho fora, e pastam as ervas
que se criam em semelhantes partes, e também comem as folhas de umas
árvores a que chamam Mangues, de que há grande quantidade ao longo dos
mesmos rios. Os moradores da terra os matam com arpões, e também em
pesqueiras costumam tomar alguns , porque vem com a enchente da maré aos
tais lugares, e com a vazante se tornam a ir para o mar de onde vieram.
(22) Contexto de (1c), Os Índios da terra lhe chamam em sua língua Hipupiára, ...
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E tanto que o Monstro se lançou em terra deixa o caminho que levava , e assim
ferido urrando com a boca aberta sem nenhum medo, remeteu a ele e indo para
o tragar a unhas e a dentes , deu-lhe na cabeça uma cutilada muito grande: com
a qual ficou já muito débil , e deixando sua vã porfia, tornou então a caminhar
outra vez para o mar. Neste tempo acodiram alguns escravos aos gritos da
Índia que estava em vela : e chegando a ele o tomaram todos já quase morto, e
dali o levaram dentro à povoação , onde esteve o dia seguinte à vista de toda
gente da terra. E com este mancebo se haver mostrado neste caso tão animoso
como se mostrou e ser tido na terra por muito esforçado, saiu todavia desta
batalha tão sem alento, e com a visão deste medonho animal ficou tão
perturbado e suspenso , que perguntando-lhe o pai , que era o que lhe havia
sucedido , não lhe pode responder: e assim esteve como assombrado sem falar
coisa alguma por um grande espaço. O retrato deste Monstro, é este que no fim
do presente capítulo se mostra , tirado pelo natural. Era quinze palmos de
comprido e semeado de cabelos pelo corpo, e no focinho tinha umas sedas
muito grandes como bigodes. Os Índios da terra lhe chamam em sua língua
Hipupiára, que quer dizer demônio d'água.
(23) Contexto de (1d), Dom Jorge de Castro o foi buscar,
e (1e), Jordão de Freitas lhe mandou responder com um Requerimento:
Chegado o Galeão a Malaca, sabendo Ruy Vaz Pereira, Capitão da Cidade, que
ali vinha ElRei de Maluco já feito Christão, o foi buscar, e o levou comsigo,
fazendo-lhe a Cidade um grande recebimento, e foi aposentado em casas, que
para êle estavam já prestes. Aqui acharam novas, que ElRei Aeiro (o irmão que
governava o Reino) estava muito poderoso, e bem, e quieto. E como Jordão de
Freitas era homem, que entendia mui bem a terra, receou que com a chegada
d'ElRei Dom Manoel, feito Christão, houvesse alguma alteração em os
naturaes, e que lhe não quizessem entregar o Reino, com achaque de mudar lei,
porque havia o Aeiro de os ter persuadido, que se o recebessem, logo os havia
de obrigar a se fazerem Christãos.
E querendo atalhar a isto, ajuntando-se com o Capitão em casa d'ElRei,
apresentou-lhe êstes inconvenientes, dizendo, que pelos escusar lhe parecia
bem ficar ElRei Dom Manuel naquela fortaleza, e que iria êle tomar posse da
de Maluco; e que na monção prenderia o Governador Aeiro, e o embarcaria
pera a India, e que então iria ElRei Dom Manoel, e que tomaria livre, e
desembaraçadamente posse do seu Reino. Pareceo aquilo bem a ElRei, e ao
Capitão de Malaca, e mais Fidalgos, e Capitães, que ali havia, que pera isso se
chamaram.
Vinda a monção, se embarcou Jordão de Freitas, e foi surgir em Talangame,
como atrás dissemos. Dom Jorge de Castro o foi buscar, e o levou para sua
casa, e logo lhe fez entrega da fortaleza, dando-lhe conta do estado em que as
cousas estavam. Ruy Lopes de Villa-Lobos, sabendo ser chegado Capitão novo,
o mandou visitar; Jordão de Freitas lhe mandou responder com um
Requerimento, em que lhe dizia, que logo se fôsse fóra daquelas Ilhas, que eram
d'ElRei de Portugal, fazendo sôbre isso seus protestos, como os passados de
Dom Jorge.
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(24) Contexto de (1f), Duarte Nunes me avisa tem comprado sessenta peças ...
e (1g), Jerónimo Nunes me escreveu hoje tivera carta de V. Ex.a. ...
Do Pôrto chegou aqui navio em catorze dias com cartas de 15 do passado, em
que se avisa por muitas vias haver chegado a Portugal caravela da Baía, com
nova de Sigismundo ter deixado a ilha de Taparica: nisto concordam todos, e
alguns acrescentam que ao embarcar lhe mataram os nossos novecentos
homens. Os navios em que se retirou Sigismundo eram dezoito. Os que de aqui
partiram encorporados padeceram no cabo de Finisterra uma terrível
tempestade, de que arribou uma nau a Amsterdam muito destroçada, dando
semelhantes novas dos que lá ficaram, e se nos disse ontem que alguns haviam
arribado a Rochela, de que V. Ex.a. lá terá mais verdadeiras notícias. Da mesma
armada do Brasil arribou a Roterdam outra nau de guerra, que haverá quinze
dias que partiu, obrigada da contrariedade dos tempos e muito mais da rebelião
dos soldados. Tudo se arma contra esta gente, e em tudo peleja Deus por nós.
Esperamos que com tantos desenganos se lhe abram os olhos, e que acabem de
vir em algum acomodamento, que sempre será melhor que a continuação da
guerra, e nos deixará mais hábeis para fazermos outros, que tanto nos
importam. Duarte Nunes me avisa tem comprado sessenta peças de boa
artilharia para as duas naus, mas não diz o calibre: fala com grandes temores do
grande empenho em que se tem metido, receando que faltem as assistências de
Portugal; e verdadeiramente que é matéria digna de grande admiração que
venham cada dia navios de tantos portos do Reino, e que, tendo os mais tristes
mercadores avisos de seus correspondentes, só aos ministros de S. M. faltem,
sendo tantos e de tanta importância os negócios que aqui se tratam. Jerónimo
Nunes me escreveu hoje tivera carta de V. Ex.a. com recado de virem as letras
no correio seguinte, e por isso o não torno a lembrar a V. Ex.a.
Em todos esses exemplos, os termos {S} em {S
CLÍTICO
V} têm em comum o fato de constituirem a
primeira remissão a um determinado referente (num contexto textual longo; por vezes, sua primeira
referência no texto inteiro). Essa característica contextual das ocorrências de {S
CLÍTICO
V} é
notavelmente recorrente, tanto em textos escritos nos séculos 16 e 17, como em textos escritos entre os
séculos 13 e 15 (cf. Paixão de Sousa, 1998, 2004a). No caso de alguns tipos de “sujeitos” específicos, até
o presente momento não encontrei nenhuma exceção a esta generalização (é o caso dos sujeitos SN
nomes próprios; por sinal, como sugeri em Paixão de Sousa, 2004a, essa propriedade dos sujeitos SNs
nomes próprios pode explicar o fato de alguns gêneros textuais apresentarem uma proporção de {S
CLÍTICO
V} mais elevada que a média: tipicamente, as crônicas históricas e narrativas em geral, nas quais
há plena oportunidade para o aparecimento desse contexto discursivo). Castro Alves & Paixão de Sousa
(em andamento) proporá uma sistematização desta constatação com uma análise metodológica mais
rigorosa dos contextos de ocorrência.
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Por ora resumo as constatações preliminares: os dados empíricos relativos à freqüência de ocorrência e
à interpretação contextual dos sujeitos nas ordens { S V } indicam que os sujeitos pré-verbais nos textos
clássicos apresentam sempre a propriedade de serem contextualmente salientes.
Essa “saliência” se desdobra em dois casos estruturalmente independentes: ou são focos/tópicos
sentenciais (que analiso como movidos à esquerda; e que, em sentenças com clíticos, realizam-se como
{S
CLÍTICO
V }), ou são tópicos do discurso (que analiso como adjuntos à frase; e que, em sentenças
com clíticos, realizam-se como { S V CLÍTICO}), como veremos agora. Quanto ao estatuto interpretativo
dos sujeitos em {S V
CLÍTICO},
Paixão de Sousa (2004a) e Galves Britto e Paixão de Sousa (2006) já
mostraram que os sujeitos pré-verbais nessa configuração podem ser consistentemente interpretados
como tópicos contrastivos5. Vejamos alguns exemplos:
(25) Exemplos de SV com ênclises
(a) Elles conheciam-se , como homens , Christo conhecia-os , como Deus. (Vieira, 1608)
(b) Deus julga-nos a nós por nós ; os homens julgam-nos a nós por si (Vieira, 1608)
(26) Contexto para Elles conheciam-se , como homens , Christo conhecia-os , como Deus:
Mas qual é, ou póde ser a razão porque onde dois homens tão grandes, tão
qualificados e tão santos, como Job e S. Paulo, não reconhecem nada de culpa,
lh'a haja de arguir Deus, e pedir-lhes conta? A primeira razão, e da parte de
Deus (a qual só póde ignorar quem o nãoconhece) é, porque ainda nas coisas
mais interiores nossas, conhece Deus muito mais de nós, do que nós de nós.
Quando Christo na meza da ultima Cêa revelou aos Apostolos, que um d'elles
o havia de entregar: “Amen dico vobis, quia unus vestrum metraditurus est”,
diz o Evangelista, que muito tristes todos com tal noticia, começou cada um a
perguntar: “Nunquid ego sum, Domine?” Por ventura, Senhor, sou eu esse?
Pedro, André, João e os demais, excepto Judas, bem sabia cada um de si, que
não era o traidor, nem tal coisa lhe passára pelo pensamento; pois porque se
não deixam estar muito seguros na boa fé da sua lealdade, mas pondo em
duvida o de que não duvidavam, pergunta cada um a Christo se é elle o traidor:
“Nunquid ego sum?” Porque ainda a propria consciencia os não accusava,
sabiam todos que sabia Christo mais de cada um d'elles, do que elles de si.
Elles conheciam-se, como homens, Christo conhecia-os, como Deus. Esse foi
o erro e engano de S. Pedro, que estava á mesma meza!
5 A idéia dos sujeitos com ênclise como tópicos contrastivos nos textos clássicos é herdeira de uma longa tradição de se
analisarem as contruções com ênclise em geral, no português clássico e arcaico (como nas demais línguas românicas
medievais), em função da famosa “Lei de Tobler-Mussafia”, que descreve a impossibilidade dos pronomes átonos
aparecerem em primeira posição estrutural nessas línguas. Salvi (2002), entre outros, propõe que as ordens { X V clítico}
correspondem, no romance medieval, a uma estrutura verbo-inicial. A partir deste quadro geral, Galves (2002) sugeriu
que as construções SV com ênclises, no Português Clássico, corresponderiam a topicalizações do sujeito com valor
contrastivo – uma proposta que foi plenamente comprovada por Galves, Britto e Paixão de Sousa (2006).
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(27) Contexto de Deus julga-nos a nós por nós ; os homens julgam-nos a nós por si :
No Juiso de Deus havemos de ser julgados pelos mandamentos: quem guardou
os mandamentos póde estar seguro; no juiso dos homens não aproveita
guardar os mandamentos. Fizestes o que vos mandaram, e muito melhor do
que vol-o mandaram, e sobre isso sois julgado e condemnado. Como a semrazão é tão moderna, não ha exemplo d'ella nas Escripturas; tel-o-hão os
vindoiros, se o crêrem. Deus julga a cada um pelo que é, os homens julgam a
cada um pelo que são. Mais claro. Deus julga-nos a nós por nós; os homens
julgam-nos a nós por si.
Observe-se, nos dois exemplos, como os pares {Elles}/{Cristo} e {Deus}/{os homens} são
contrastados entre si ao longo do período; em Galves, Britto e Paixão de Sousa (2006) mostramos que
esta configuração contextual se confirma na maioria dos casos em que se encontra essa construção (ou
em sua totalidade, a depender do texto) nos textos escritos por autores nascidos até 1700 (depois disso,
os contextos de ocorrência de {S V CLÍTICO} são os mais variados, levando-nos a considerar que, aí, essa
construção já não remete a qualquer configuração discursiva especial).
Mostramos também, naquele trabalho, que o mesmo contexto de contrastividade se observa com a
topicalização de complementos nos textos clássicos:
(28) Exemplos de Deslocamentos com Retomada Clítica:
(a) A José deu-lhe Jacob por benção, que crescesse: Filius accrescens Joseph, filius
accrescens: A Ruben deu-lhe Jacob por benção, que não crescesse: Ruben primogenitus
meus non crescas. (Vieira, 1608).
Assim, as construções com sujeitos pré-verbais seguidos de ênclise e as construções de deslocamento
com retomada clítica podem receber a mesma análise nesta gramática: são estruturas verbo-iniciais, nas
quais o elemento pré-verbal é um tópico marcado, adjunto à sentença. Nas topicalizações de
complementos, o tópico adjunto coincide referencialmente com o complemento expresso na sentença
por meio de um pronome clítico; nas topicalizações de sujeitos, o tópico adjunto coincide
referencialmente com o sujeito pro, nulo, na sentença.
A ênclise se explica como derivada da restrição ao clítico em posição inicial, fato fartamente descrito
para o português desta época (e explicado recentemente, no quadro da morfologia distribuída, por
Galves e Sandalo, 2004). Ou seja: basicamente, no português escrito antes do século 18, nas ordens {S
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V
CLÍTICO}
não está em jogo o estatuto de {S} pré-verbal enquanto sujeito, mas sim enquanto tópico
adjunto6.
Em resumo, a posição de {S}, em qualquer das duas configurações pré-verbais aqui analisadas, é a
mesma posição que outros {X} pré-verbais (a posição externa própria para tópicos do discurso e a
posição interna própria para elementos fronteados).
Daí surge uma pergunta evidente: onde estarão os sujeitos não-salientes nesta gramática? Como lembrei
em Paixão de Sousa (2004a), numa língua que permite o sujeito nulo (como é, claramente, o caso do
Português Clássico), é natural supor que todo sujeito lexicalmente realizado carregue alguma relevância
informacional. Assim, os sujeitos “menos salientes” podem ser, simplesmente, não-lexicalizados.
Entretanto, no Português Clássico, entre os sujeitos lexicalizados, os pós-verbais seriam relativamente
menos salientes que os pré-verbais. Para sustentar essa hipótese, é preciso demonstrar que se podem
encontrar nos dados sujeitos pós-verbais que não recebem a interpretação de focos; vamos analisar
neste sentido os seguintes exemplos:
(29) Exemplos de { X (CLÍTICO) V (CLÍTICO) S}
(a) Então despediu logo Pedro Álvares um navio com a nova a el-Rei Dom Manuel (Gandavo,
1502)
(b) Nisto conheceu o mancebo que era aquilo coisa do mar: (Gandavo, 1502)
(c) Partidos êstes navios, daí a oito dias o fez também o Villa-Lobos na sua náo (Couto, 1548)
(d) Na Côrte andou este Rei dous anos (Couto, 1548)
(e) Morre enfim Cristo na cruz (Vieira, 1608)
(f) aprazivel, e generoso lhe respondeo Dom Duarte (Céu, 1658)
Observando-se o contexto maior das ocorrências, constata-se que em nenhum dos casos os sujeitos
pós-verbais são “informação nova” - ao contrário, todos eles têm sua referência estabelecida no
contexto anterior. Ou seja, exatamente o contrário do que observamos acima para os sujeitos préverbais:
(30) Contexto de (1a), Então despediu logo Pedro Álvares um navio com a nova a el-Rei Dom Manuel:
Reinando aquele muito católico e sereníssimo Príncipe el-Rei Dom Manuel,
fez-se uma frota para a Índia de que ia por capitão mór Pedro Álvares Cabral:
que foi a segunda navegação que fizeram os Portugueses para aquelas partes do
Oriente. A qual partiu da cidade de Lisboa a nove de Março no ano de 1500. E
sendo já entre as ilhas do Cabo Verde (as quais iam demandar para fazer aí
aguada) deu-lhes um temporal, que foi causa de as não poderem tomar, e de se
6 Do ponto de vista estatístico, Paixão de Sousa (2004a) reforça essa análise: demonstrei ali que o padrão de evolução
diacrônica de {S V clítico} é paralelo ao padrão de {X V clítico} em que {X} é um complemento retomado nos textos
dos séculos 16 e 17 (período clássico); entretanto, nos textos dos séculos 18 e 19 (início do PE moderno), o padrão de
evolução da construção {S V clítico} se diferencia significativamente, até o ponto desta passar a ser a ordem mais comum
nos textos do final do período.
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apartarem alguns navios da companhia. E depois de haver bonança junta outra
vez a frota, empegaram-se ao mar, assim por fugirem das calmarias de Guiné,
que lhes podiam estorvar sua viagem, como por lhes ficar largo poderem
dobrar o cabo de Boa Esperança. E havendo já um mês , que iam naquela volta
navegando com vento próspero , foram dar na costa desta província : ao longo
da qual cortaram todo aquele dia, parecendo a todos que era alguma grande ilha
que ali estava , sem haver Piloto, nem outra pessoa alguma que tivesse notícia
dela , nem que presumisse que podia estar terra firme para aquela parte
Ocidental. E no lugar que lhes pareceu dela mais acomodado , surgiram aquela
tarde, onde logo tiveram vista da gente da terra: de cuja semelhança não ficaram
pouco admirados, porque era diferente da de Guiné, e fora do comum parecer
de toda outra que tinham visto. Estando assim surtos nesta parte que digo,
saltou aquela noite com eles tanto tempo, que lhes foi forçado levarem as
âncoras , e com aquele vento que lhes era largo por aquele rumo, foram
correndo a costa até chegarem a um porto limpo e de bom surgidouro onde
entraram : ao qual puseram então este nome, que hoje em dia tem de Porto
Seguro , por lhes dar colheita e os assegurar do perigo da tempestade que
levavam. Ao outro dia seguinte , saiu Pedro Álvares em terra com a maior
parte da gente: na qual se disse logo Missa cantada , e houve pregação : e os
Índios da terra que ali se ajuntaram ouviam tudo com muita quietação , usando
de todos os atos e cerimônias que viam fazer aos nossos. E assim se punham de
joelhos e batiam nos peitos , como se tiveram lume de Fé, ou que por alguma
via lhes fora revelado aquele grande e inefável mistério do Santíssimo
Sacramento. No que mostravam claramente estarem dispostos para receberem
a doutrina Cristã a todo tempo que lhes fosse denunciada como gente que não
tinha impedimento de ídolos , nem professava outra lei alguma que pudesse
contradizer a esta nossa , como adiante se verá no capítulo que trata de seus
costumes. Então despediu logo Pedro Álvares um navio com a nova a el-Rei
Dom Manuel, a qual foi dele recebida com muito prazer e contentamento: e daí
por diante começou logo de mandar alguns navios a estas partes, e assim se foi
a terra descobrindo pouco a pouco e conhecendo de cada vez mais, até que
depois se veio toda a repartir em capitanias e a povoar da maneira que agora
está.
(31) Contexto de (1b), Nisto conheceu o mancebo que era aquilo coisa do mar:
Na capitania de São Vicente, sendo já alta noite a horas em que todos
começavam de se entregar ao sono , acertou de sair fora de casa uma Índia
escrava do capitão: a qual lançando os olhos a uma várzea que está pegada com
o mar, e com a povoação da mesma capitania, viu andar nela este monstro,
movendo-se de uma parte para outra, com passos e meneios desusados, e
dando alguns urros de quando em quando tão feios , que como pasmada e
quase fora de si , se veio ao filho do mesmo capitão , cujo nome era Baltesar
Ferreira, e lhe deu conta do que vira, parecendo-lhe que era alguma visão
diabólica. Mas como ele fosse homem não menos sisudo que esforçado, e esta
gente da terra seja digna de pouco crédito , não lho deu logo muito a suas
palavras , e deixando-se estar na cama, a tornou outra vez a mandar fora
dizendo-lhe que se afirmasse bem no que era. E obedecendo a Índia a seu
mandado foi : e tornou mais espantada , afirmando-lhe e repetindo-lhe uma vez
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e outra , que andava ali uma coisa tão feia , que não podia ser senão o demônio.
Então se levantou ele muito depressa , e lançou mão a uma espada que tinha
junto de si , com a qual botou somente em camisa pela porta fora, tendo para si
(quando muito) que seria algum Tigre, ou outro animal da terra conhecido com
a vista do qual se desenganasse do que a Índia lhe queria persuadir. E pondo os
olhos naquela parte que ela lhe assinalou , viu confusamente o vulto do
monstro ao longo da praia , sem poder divisar o que eram por causa da noite
lho impedir e o monstro também ser coisa não vista , e fora do parecer de
todos os outros animais. E chegando-se um pouco mais a ele para que melhor
se pudesse ajudar da vista , foi sentindo do mesmo monstro : o qual em
levantando a cabeça, tanto que o viu , começou de caminhar para o mar de
onde viera. Nisto conheceu o mancebo que era aquilo coisa do mar, e antes
que nele se metesse , acodiu com muita presteza a tomar-lhe a dianteira.
(32) Contexto de (1c), Partidos êstes navios, daí a oito dias o fez também o Villa-Lobos na sua náo (Couto, 1548):
Com isto se despedio Belchior Fernandes, e os Castelhanos ficaram naquele
lugar esperando pela galeota, que era nas Filipinas, e uns poucos deles sairam
um dia em terra pera tomarem mantimentos, e deram os negros neles, e
mataram alguns, ao que acudiu Francisco Marinho, Mestre do campo, com
alguma gente, e também o mataram com muitos de sua companhia, e o Ruy
Lopes de Villa-Lobos imaginou sempre que fora ardil do Belchior Fernandes
Correa, e que deixara peitados os da terra pera darem aos Hespanhoes, se
fôssem a ela.
Neste mesmo tempo chegou a galeota das Filipinas com muitos mantimentos, e
deo por novas, que o galeão São Joanilho era partido pera a Nova Hespanha, e
que aquela terra era muito boa, e fertil, e que os naturaes os desejavam lá muito.
Com estas novas tornou o Villa-Lobos a mandar a galeota, e um bargantim,
em que foi o mesmo Pero Ortiz, pera que se confederasse com os da terra, e
lhe trouxessem mantimentos. Partidos êstes navios, daí a oito dias o fez
também o Villa-Lobos na sua náo, e dous bergantins que fez, (porque outro
navio dos da sua companhia era perdido), e tomou a derrota das Filipinas, e
tendo navegado cincoenta léguas, lhe deram os brizas, com que não pôde
passar, e despedio os bergantinas pera as Filipinas, e neles Frei Jerónimo de
Santo Estevão, Prior dos Agostinhos, e êle se foi meter em uma baía da Ilha de
Cesarea, chamada Blancai, onde se deixou ficar mais de um mês esperando
pelos bergantins, e ali lhe vendiam os da terra algum pouco mantimento.
(Couto, 1548)
(33) Contexto de (1d), Na corte andou este Rei dous anos.
E assim agora daremos conta do que aconteceo ao Rei dos Magores, que
deixámos desbaratado de Xircan, e acolhido pera Pérsia, porque são cousas,
que convém a nossa história, pera melhor entendimento dela. Pelo que se há de
saber, que partido Hamau Paxá do Reino do Cinde, (como atrás dissemos no
Capítulo III do X Livro da quarta Década), foi ter à Corte de Casbim, onde Xá
Ismael residia, que o recebeo honradamente, compadecendo-se de suas
misérias, e consolando-o, prometeu-lhe tôda ajuda, e favor que pudesse pera
cobrar seus Reinos, mandando-lhe dar aposentos, e tôdas as cousas necessárias
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à sua pessoa, e Estado. Na Côrte andou este Rei dous anos, dilatando-lhe o
Ismael de dia em dia o socorro, sem acabar de concluir em alguma cousa. O
Hamau Paxá sempre trouxe suas inteligências antre os inimigos pera ser avisado
do que passava, andando muito enfadado das dilações daquele Rei. (Couto p
16)
(34) Contexto de (1d), Morre enfim Cristo na cruz (Vieira, 1608):
A maior defeza e justificação que Christo teve de sua innocencia, foi o
depoimento de Pilatos, quando pedindo agua lavou as mãos, e pronunciou que
elle era innocente no sangue d'aquelle Justo: “Accepta aqua, lavit manus coram
populo, dicens: Innocens ego sum à sanguine Justi hujos”. Reparou n'esta agua
e n'este sangue São Cyrillo Jerosolymitano, e disse com opinião singular, que
aquella agua e aquelle sangue, que sahiu do lado de Christo na cruz, faziam
alusão a esta agua e a este sangue: “Erant hæc duo de latere, judicant aqua,
clamantibus verò sanguis”. A agua significava a agua com que Pilatos lavou as
mãos: “Accepta aqua, lavit manus”: o sangue significava o sangue que o mesmo
Pilatos declarou por justo, e os accusadores tomaram sobre si: “Sanguis ejus
super nos”: de maneira, que assim como cá o réo ou o homiziado traz no seio
os papeis de sua defeza, assim Christo metteu no coração aquella agua e
aquelle sangue, em que consistiam os testemunhos authenticos de sua
innocencia. Ora vêde agora sahir a Christo do Pretorio de Pilatos,
acompanhado de grande tropel de justiças, e vereis, na representação d'aquella
tragedia, o que cada dia acontece no mundo. O innocente caminhava para o
supplicio, o pregão dizia as culpas, o coração levava as defezas. As culpas do
pregão eram falsas, as defezas do coração eram verdadeiras; mas como o
coração no mundo não vale testemunha, morreu crucificada a innocencia.
Quantos traslados d'este processo se formam cada dia no juiso humano! Por
isso os innocentes padecem, e os culpados triumpham. Quem mais innocente
que José, quem mais culpado que a Egypcia? Mas a culpada mostrava os
indícios na capa, e o innocente tinha as defezas no coração; por isso ella
triumpha, e elle padece. Morre emfim Christo na cruz, abre-lhe uma lança o
peito, fica o coração patente, e então sahiram em publico as suas defezas: Exivit
sanguis, et aqua. Pois agora depois de Christo morto? Sim, agora, que essa é a
diferença que ha de um Juiso a outro juiso. No Juiso depois da morte, que é o
Juiso de Deus, então valem as defezas do coração; no juiso d'esta vida, que é o
juiso dos homens, nenhuma valia teem.
(35) Contexto de (1e), aprazivel, e generoso lhe respondeo Dom Duarte (Céu, 1658):
Vendo a Noviça que este naõ queria contribuir para os gastos da profissaõ por
escuzala; mandou chamar a Dom Duarte de Castellobranco seu cunhado,
marido de sua segunda irmã Dona Luiza de Mendoça, que morreo a poucos
annos de cazada sem deixar successaõ. Vindo Dom Duarte lhe communicou a
resoluçaõ em que se achaua, sem meyos para conseguila, pello injusto enfado
de seu Pay, e lhe pedio que em quanto este nao passasse, lhe fizesse
emprestimo daquella soma de dinheyro que hauia de mister para os gastos da
funçaõ; aprazivel, e generoso lhe respondeo Dom Duarte, seria logo
obedecida, acrecentando que naquelle dia tinha cobrado de hum rendeyro a
mesma quantia. (Céu, 1558)
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Nos exemplos acima, os referentes correspondentes aos sujeitos nas sentenças {XVS} são mencionados
de uma a quatro vezes antes das sentenças em análise (o referente correspondente a {Pedro Álvares},
duas vezes; o referente correspondente a {o mancebo}, quatro vezes; o referente correspondente a {o
Villa-Lobos}, três vezes; o referente correspondente a {este Reis},
uma vez; o referente
correspondente a {Christo} quatro vezes e o referente correspondente a {Dom Duarte} duas vezes). Se
nos ativermos estritamente à definição clássica de “focos” como “informação nova”, veremos que em
nenhum desses casos os sujeitos pós-verbais pode ser considerado focalizado (como o seriam na
interpretação de um falante do PE moderno). 7
◊
Nos textos representativos do português clássico, as evidências empíricas iniciais apontam, portanto,
para um sistema fortemente “pro-drop”, no qual os sujeitos lexicais podem aparecer em posição préverbal ou pós-verbal em proporções variáveis. Entretanto, a proporção de sujeitos pós-verbais é sempre
considerável, representando uma média de 20% das sentenças principais ao longo do período (cf.
Paixão de Sousa, 2004a). Em termos interpretativos, constata-se que os sujeitos pré-verbais são sempre
pragmaticamente salientes. Nas construções SV com próclises, correspondem a informação nova –
podendo, portanto, ser considerados focos discursivos. Nas construções SV com ênclises,
correspondem a tópicos contrastivos. Já os sujeitos pós-verbais, nos casos sistematizados até o
momento, não recebem necessariamente uma interpretação de saliência informacional, não constituindo
informação nova, nem elementos contrastados. Além disso, Paixão de Sousa (2004a) demonstrou que o
comportamento das freqüências de SV com próclises nestes textos evolui de modo perfeitamente
paralelo com as freqüências de quaisquer outros XV com próclises (em especial, àquelas construções
tradicionalmente interpretadas como afetivas ou focalizadas, como Quantificador-V, Complemento-V
sem retomada), e que o comportamento das freqüências de SV com ênclises nestes textos evolui de
modo perfeitamente paralelo com as freqüências de quaisquer outros XV com ênclises.
As duas constatações preliminares – quanto às proporções relativas das construções, e quanto às suas
interpretações contextuais – parecem indicar fortemente a hipótese de que nos textos clássicos, a
posição pré-verbal em que se superficializam os sujeitos não é uma posição canônica de sujeitos, mas
7 Note-se, ainda, que em todos esses casos vemos que a configuração da “inversão germânica” ({XVSX}), e não
“românica” ({(X)VXS}) – essa última, de fato relacionada à focalização do sujeito. Os dados de Paixão de Sousa (2004a)
mostram, por sinal, que na queda generalizada das ordens {VS} a partir do século 17, a configuração particular {XVSX}
é a que apresenta a taxa de queda mais aguda. De fato, as ordens {VS} restantes nos textos dos anos 1800 são as
“inversões românicas”.
:|: A Sintaxe da ordem no Português, 1400-1900 :|: Projeto :|: Resumo
:|21|:
sim uma posição governada por requerimentos pragmático-discursivos, e que abrigará constituintes
focalizados ou topicalizados em geral.
◊
A hipótese de trabalho desta pesquisa para compreender a mudança deste padrão clássico para os
padrões modernos (português e brasileiro) são as mudanças nas propriedades do núleo funcional F em
diferentes sentidos em cada uma das variantes modernas. A seguir, busco fundamentar esta proposta de
trabalho e justificar a relevância de seu desenvolvimento, argumentando centralmente que:
1. A proposta se justifica no plano das análises gramaticais disponíveis para a sintaxe do português
entre os períodos arcaico e clássico, e aprofunda algumas das propostas mais recentes no quadro
gerativo. Entretanto, a hipótese faz avançar consideravelmente esse debate, ao abordar de
maneira inovadora dois fatos empíricos problemáticos para as demais análises: o problema da
interpretação dos sujeitos pré-verbais e pós-verbais nos textos clássicos enquanto tópicos
marcados, focos, ou “neutros”; e o problema da identificação estatística das variantes
superficiais em jogo na evolução diacrônica dos dados.
2. A proposta permite modelar a mudança gramatical que dá fim à sintaxe “clássica” de forma
apropriada ao espírito mais recente da teoria gerativa. Na versão minimalista da teoria, a
variação lingüística – e portanto, a mudança – deve se localizar no plano das propriedades
lexicais: sendo a computação inerte, neste quadro, a rigor, não há mudança sintática. Minha
hipótese coaduna-se a este espírito, ao indicar que a “reorganização” da sintaxe do Português
Clássico na sintaxe do Português Europeu Moderno é um reflexo superficial da mudança em
um único traço formal de uma categoria funcional (o traço [φ] de F, referente ao caso abstrato
[CITATIVO]); e a “reorganização” da sintaxe do Português Clássico na sintaxe do Português
Brasileiro é um reflexo superficial da mudança em um único traço formal de uma categoria
funcional (o traço [afetivo] de F), em combinação com outras mudanças já bem descritas na
literatura quanto às possibilidades de apagamento de argumentos.
:|: A Sintaxe da ordem no Português, 1400-1900 :|: Projeto :|: Resumo
:|22|:
2. Justificativas e Fundamentação
Teórica
2.1 Justificativas
A relevância dessa proposta se desdobra em três planos: trata-se de um estudo relevante para a
expansão dos conhecimentos sobre a diacronia do Português e sobre a sintaxe das variantes atuais; para
o aprofundamento dos conhecimentos sobre as relações entre sintaxe-discruso na arquitetura da
gramática e na mudança gramatical; e para o avanço nas metodologias de pesquisa de base teórica
gerativista fundadas em dados documentados.
No contexto dos estudos sobre a sintaxe do português, a natureza da posição superficial pré-verbal no
Português Clássico é um tema importante de pesquisa tendo em vista as mudanças gramaticais
posteriores, que originam o Português Europeu e o Português Brasileiro. Os estudos gerativistas sobre
essas variantes sincrônicas do português têm mostrado propriedades contrastivas interessantes no que
tange os fenômenos de deslocamento e apagamento de constituintes argumentais. Em muitos trabalhos
dedicados a esses temas, os padrões de ordem nos textos clássicos têm constituido uma referência
comparativa importante, tanto no que tange os pontos de semelhança entre a sintaxe desses textos e a
sintaxe atual do PB (de um lado) e do PE (de outro lado), como no que tange os pontos de contraste.
Entretanto, o interesse recente frente ao Português Clássico ainda não pode contar com algo que
deveria constituir o ponto de partida para estudos comparados: uma descrição sistemática e rigorosa dos
padrões de ordem na língua que antecede PE e PB, e uma investigação teórica sobre os condicionantes
gramaticais desses padrões. Esta pesquisa se lança a este desafio, considerando que um quadro
descritivo sistemático da sintaxe da ordem no Português Clássico será de grande valor para as pesquisas
sobre PE e PB que incluam uma perspectiva diacrônica dos fenômenos relacionados com a ordem
superficial.
Este estudo se insere ainda em um quadro mais amplo das investigação em teoria gramatical sobre a
relação sintaxe-discurso na arquitetura da gramática. Pela relação que pretende estabelecer entre a
ordem dos constutintes e seu estatuto informacional, esta pesquisa pode contribuir para as linhas que
investigam a relação entre o componente computacional e o componente informacional na arquitetura
da gramática no quadro gerativo. O estudo da sintaxe do Português Clássico interessa ainda ao âmbito
geral das pesquisas sobre mudança gramatical por representar um “estudo de caso” bastante particular:
:|: A Sintaxe da ordem no Português, 1400-1900 :|: Projeto :|: Resumo
:|23|:
um caso de mudança com duas “filhas”, que implica mudança na sintaxe com manutenção do léxico
não-funcional básico.
Por fim, a proposta se reveste de relevância no plano metodológico, ao trabalhar um problema crucial
para os estudos baseados em documentação e quantificação de dados no quadro gerativo: o problema
da interpretação dos dados quantificados. Numa perspectiva gerativista, os dados, e sua quantificação,
devem ser mediados por hipóteses sobre as estruturas abstratas, de modo que a quantificação funcione
como guia das pesqusias, mas não como seu fim.
2.2 Fundamentação Teórica
A proposta de trabalho delineada nesta pesquisa fundamenta-se em desenvolvimentos recentes dentro
do quadro da teoria gerativa sobre a mudança gramatical, mais especificamente no que remete à
contribuição do programa minimalista para o estudo da mudança sintática. Para sintetizar essa
contribuição, remeto à seguinte afirmação de E. Raposo, em Raposo (1998): “there is no syntactic change.”8
Essa noção fundamentalmente minimalista de que “não há mudança sintática” é (paradoxalmente) o
caminho inicial para que os estudos lingüísticos por fim abordem a história das línguas no nível que
sempre foi o mais desafiador, ou seja, no plano das mudanças na sintaxe.
Entre as questões principais que ocuparam o estudo histórico das línguas desde os primeiros anos do
século 19, a mudança sintática representou um grande desafio para os paradigmas clássicos da
Lingüística Histórica: a concepção de gênese e evolução; o conceito de famílias de línguas; a
concentração das reflexões no plano das mudanças aparentes, sob a forma de diversidade fonética,
morfológica, e lexical9. A concentração sobre as mudanças lingüísticas na dimensão do observável
marca as principais linhas teóricas sobre a mudança entre os séculos 19 e 20. É também marcante,
nessas linhas, a concepção da mudança como um fato da ordem do evidente, do esperado, do não-
8
“Strictly speaking, there is no syntactic change. The principles of the computational system are inert, reacting blindly to
the lexical properties of functional words like ele. The properties of these words do indeed change over time, and that is
all there is. The subject matter of historical studies should thus be how and why these properties change, and how these
changes interact with an inert computational system” (Raposo 1998:89).
9 Questões bem sintetizadas na seguinte pergunta de MaxMüller, em seu ensaio sobre a história do Indo-Europeu
publicado em 1864: “Wherever we look at language, we find that it changes. But what makes language change? How is it
that one and the same word assumes different forms in different dialects (and we intentionally apply the name of dialect
not only to Scotch as compared with English, but to French as compared with Italian, to Latin as compared with Greek,
to Old Irish as compared with Sanskrit. These are all dialects; they are members of the same family, varieties of the same
type, and each variety may, under favoring circumstances, become a species). How is then, we ask, that the numeral four
is four in English, quatuor in Latin, cethir in Old Irish, chatvar in Sanskrit, keturi in Lithuanian, tettares in Greek,
pysires in AEolic, fidvor in Ghotic, fior in Old High-German, quatre in French, patru in Wallachian? Are all these
varieties due to accident, or are they according to law; and, if according to law, how is that law to be explained?” (Max
Müller, 1864: 187)
:|: A Sintaxe da ordem no Português, 1400-1900 :|: Projeto :|: Resumo
:|24|:
problematizado – visto que empiricamente vivenciado. Neste ponto podemos compreender o
deslocamento radical que o surgimento da teoria gerativa causa na concepção da “Mudança” 10. O
conceito gerativista de Gramática como um objeto mental que emerge, nas mentes individuais, a partir
da experiência lingüística num período específico do desenvolvimento dos falantes, permite um olhar
renovado sobre os problemas centrais da Lingüística Histórica, em particular por obrigar a uma
reformulação da questão central dos estudos da mudança – tal seja: “Como o tempo age sobre as línguas?”.
Numa abordagem gerativista, essa pergunta pode ser refeita nos seguintes termos: “Como o tempo age sobre
as sucessivas gerações de falantes, alterando as condições para a emergência de gramáticas particulares”? O foco dos
estudos históricos, no quadro gerativo, desloca-se portanto da produção lingüística para os mecanismos
que geram esta produção11.
Na teoria gerativa, “Language change is by definition a failure in the transmission across time of lingusitic features”12.
Há dois caminhos lógicos para se entender as causas da mudança definida como relativa ao processo de
aquisição da linguagem: como resultante de uma propriedade do mecanismo de aquisição (uma falha da
aquisição) ; ou como resultante de uma contingência externa que afeta o processo de aquisição (uma
diferença nos dados disponíveis). As diferentes propostas para se compreender a Mudança irão variar
conforme diferentes modelos para compreender o processo e o mecanismo de aquisição da linguagem.
Entre as linhas que, neste quadro teórico, propõem modelos de mudança centrados em motivações
fundamentalmente internas, destaca-se a proposta de um algoritmo da aquisição da linguagem, em Clark
& Roberts (1993), cujo equilíbrio pode ser afetado por mudanças (graduais) em variáveis-chave: ao se
atingir um nível crítico, se desencadeia a mudança no sistema, e o algoritmo gera um novo conjunto de
regras. O algoritmo objetiva chegar o mais próximo possível do conjunto de dados da experiência
lingüística; nessa perspectiva a mudança gramatical surge de alterações em uma ou mais variáveis,
10 Bem representado pelas palavras de D. Lightfoot : “Grammars, in our perspective, are mental entities which arise in the
minds of individuals when they are exposed as children to some triggering experience. In that case, the central mistery for
historical linguists is why they have anything to study: why do languages have histories? Why do changes take place, and
why are languages not generally stable?” (...) David Lightfoot, “The Development of language”, 1999.
11 “When traditional historical linguists speak of a language changing, somebody with a biological view of grammars takes a
reductionist stance and thinks of individual grammars changing and the changes spreading through a population. When
others ask why a language should have changed in such a way, we ask why grammars should have changed, aiming to
explain the complex by the simple. This shift of perspective makes a big difference. So when we think about change over
the course of time, diachronic change, we shall now think not in terms of sound change or language change but in terms
of changes in these grammars, which are represented in the mind/brains of individuals” David Lightfoot, “The
Development of language”, 1999.
12 “Language change is by definition a failure in the transmission across time of lingusitic features. Such failures, in
principle, could occur within groups of adult native speakers of language, who for some reason substitute one feature for
another in their usage, as happens when new words are coined and substituted for old ones; but in the case of syntactic
and other grammatical features, such innovation by monolingual adults is largely unattested. Instead, failures of
transmission seem to occur in the course of language acquisition; that is, they are failures of learning”. (Kroch 2001:2)
:|: A Sintaxe da ordem no Português, 1400-1900 :|: Projeto :|: Resumo
:|25|:
capazes de ocasionar um erro no algoritmo. Entre as linhas que propõem modelos de mudança
centrados em motivações fundamentalmente externa, destacam-se as propostas de Lightfoot13 (1999)
(para quem a mudança gramatical surge de uma alteração nos dados lingüísticos primários cruciais, cues,
capaz de gerar a hipótese de uma gramática diferente)14, e Kroch (2001)15.
Conforme venho sugerindo em algumas oportunidades (cf. Paixão de Sousa 2006b), em termos
gerativistas, o efeito fundamental dos eventos externos em termos de mudança é o de abalar a situação
ótima de experiência lingüística, afetando assim o surgimento de uma gramática particular em
determinada geração. Nesse sentido o estudo da Mundaça Gramatical no quadro gerativo pode
contribuir significativamente no antigo debate entre internalismo e externalismo; aqui, as situações de
contato serão consideradas importantes por constituirem fatores potencialmente perturbadores das
condições necessárias para a emergência de uma gramática particular. Ressalte-se que a aquisição da
linguagem não é concebida aqui como “transmissão da língua”; a relação entre mudança e aquisição não se
limita portanto ao problema da “transmissão lingüística irregular”, como se dá em outros quadros teóricos.
No quadro gerativo, as situações de contato de populações podem ter por conseqüência a emergência
de novas gramáticas a partir de reestruturações, limitadas por dois fatores principais: os dados primários
disponíveis para a aquisição para aquela geração, e as possibilidades e limites estabelecidos pela GU.
Neste sentido, o “resultado” das situações importantes de contato não será necessariamente observável
na forma de “rastros” ou “marcas” visíveis na produção lingüística da nova geração (por exemplo, sob
forma de estruturas mistas ou empréstimos), mas por exemplo na forma inovações conformes à GU, e
que emergem nas gramáticas dos falantes diante das condições a que estiveram expostos no processo de
aquisição. Com isso, a resposta gerativista para alguns dos principais problemas enfrentados pelas
teorias da mudança quanto ao papel do contato se torna muito interessante.
13 “If people produce utterances corresponding fairly closely to the capacity of their grammars, then children exposed to
that production would be expected to converge on the same grammar. This is what one would expect if grammars have
structural stability, as we have claimed. In that case, diachronic change would be expected only if there were some major
disruption due to population movement. Not only is this what one would expect naively and pre-theoretically; it is also
what many learnability models would lead one to expect.” (Ligntfoot, 1999)
14 Crucialmente, para Lightfoot: “...children´s linguistic development results from their finding certain abstract structures
in their chaotic environment, in much the same way that the development of their visual systems results from exposure
to very specific, abstract, visual stimuli like edges and horizontal lines. This is pretty much what one would expect of
selective learning quite generally. (...) One line of argument for this cue-based approach to acquisition is that it permits
the right kind of contingent explanation for structural changes which may take place as one generation of speakers comes
to converge on a grammar chich is structurally distinct from grammars of earlier generations”. (Lightfoot 1999:19)
15 “Since, in an instance of syntactic change, the feature that the learners fail to acquire is learnable in principle, having been
part of the grammar of the language in the immediate past, the cause of the failure must lie either in some change,
perhaps subtle, in the character of the evidence available to the learner or in some difference in the learner, for example
in the learner´s age at acquisition, as in the case of change induced through second-language acquisition by adults in a
situation of language contact.” (Kroch, 2001)
:|: A Sintaxe da ordem no Português, 1400-1900 :|: Projeto :|: Resumo
:|26|:
Da perspectiva gerativista, portanto, não importa o estudo da mudança como instância da evolução de
um organismo externo (social, cultural ou abstrato) “língua” - mas sim o estudo da mudança como
instância auxiliar para a compreensão dos mecanismos que relacionam a capacidade inata dos falantes
com os dados da experiência lingüística. É este, por sua vez, o ponto que determina a relevância teórica
dos estudos históricos sobre as línguas neste quadro . Os desafios do estudo da mudança gramatical sob
a perspectiva gerativista residem na relação entre variações no particular e determinações do universal16.
Cabem, nesses estudos da mudança, perguntas teóricas cruciais: o lugar da variação na arquitetura da
gramática; o papel dos dados de língua externa na aquisição da língua; o que se aprende, o que se sabe
(Pintzuk, Tsoulas & Warner, 2001) .
Ao mesmo tempo, o estudo da Mudança traz para o quadro gerativo questões metodológicas centrais:
como trabalhar no com o dado documental e sem acesso a experimentos elicitados; como distinguir
metodologicamente as propriedades gramaticais e os acidentes históricos nos dados de língua externa.
Na confluência dessas questões teóricas e metodológicas, temos visto os principais desafios e as
principais contribuições das pesquisas nesta linha17. As pesquisas sobre mudança gramatical têm
procurado construir metodologias mais adequadas para o trabalho com os dados históricos; sobretudo,
buscam apoiar-se na ampliação dos universos empíricos de análise, com grandes recolhas de dados e
quantificação estatística. No entanto, e este é o passo interessante, a análise desses dados precisa ser
enfrentada de forma mediada; a evolução dos fatos de língua não é a evolução das gramáticas, mas
apenas seu possível reflexo. O termo “reflexo” surge da investigação que dá início, no ambiente
gerativista, a esta busca por uma pesquisa com dados aliada à uma mediação teórica da análise: o
“Reflexes of Grammar in Patterns of Language Change”, de A. Kroch, em 1989. O trabalho neste projeto se
filia à linha proposta por Kroch (1989, 1994, 2001).
16 “Over historical time languages change at every level of structure: vocabulary, phonology, morphology and syntax. How
and why such change occurs are the key questions addressed by the discipline of historical linguistics. From the
perspective of modern generative grammar, language change is narrowly constrained by the requirement that all
languages conform to the specifications of the human language faculty; but the fact of language change, like the brute fact
of the structural diversity of the world´s languages, marks a limit to the biological specification of language. Just how wide
a range of variation biology allows is perhaps the major open question of theoretical linguistics; but whatever that range
may be, it is the field on which historical developments play themselves out.” Anthony Kroch, Syntactic Change, 2001 .
17 Como resumi em Paixão de Sousa (2006a), “a metodologia da lingüística gerativa construiu um mecanismo que, em tese,
dá suporte analítico à investigação: a pesquisa nesse quadro teórico se dá como experimentação. O que os gerativistas
fazem, quando estudam as gramáticas, é partir da produção lingüística como dado empírico, e propor experimentos nos
quais se consulta a intuição gramatical dos falantes. É de fato o julgamento dos falantes sobre os dados (e não os dados
imediatos) o objeto da observação e da investigação nessas pesquisas. O acesso à intuição dos falantes é portanto a
ferramenta metodológica fundante, que dá sentido e possibilita a análise dos fatos da gramática. Evidentemente, essa
ferramenta não está disponível para o estudo de línguas faladas no passado”.
:|: A Sintaxe da ordem no Português, 1400-1900 :|: Projeto :|: Resumo
:|27|:
3. Plano de Trabalho
3.1 Formação da Base Documental
3.3.1 Objetivo
Formar uma base documental para o período em estudo, representativa do ponto de vista de
volume de dados e qualidade filológica das fontes.
3.3.2 Principais Procedimentos
3.3.2.1 Desenvolver técnicas de pesquisa relativas a processamento de textos e busca de dados
(data-mining) que favoreçam o trabalho ágil e preciso com o material empírico de trabalho.
3.3.2.2 Desenvolver uma reflexão historiográfica crítica sobre a representatividade dos textosfonte em relação às propriedades gramaticais em análise.
3.1.3 Resultados Preliminares: Corpus Inicial
I
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
16.
17.
18.
19.
20.
21.
22.
23.
24.
25.
26.
27.
28.
autor
nasc.
obra
n.palavras
Lopes, Fernão
Galvão, Duarte
Pina, Ruy de
Barros, João de
D. João III
Gandavo, Pero Magalhães de
Pinto, Fernão Mendes
Holanda, F.
Couto, Diogo do
Luis de Sousa
Brito, Bernardo de
Lobo, F. R.
Severim de Faria, M.
Brandão, Antonio
Almeida, Manuel Pires de
Galhegos, M.
Costa, Manuel da
Melo, F. M. de
Melo, F. M. de
Vieira, A.
Vieira, A.
Vieira, A.
Chagas, António das
Bernardes, Manuel
Brochado, José da Cunha
Céu, Maria do
Manuel dos Santos
Barros, André
(1380)
(1435)
(1440)
(1497)
(1502)
(1502)
(1510)
(1517)
(1542)
(1556)
(1569)
(1579)
(1583)
(1584)
(1597)
(1597)
(1601)
(1608)
(1608)
(1608)
(1608)
(1608)
(1631)
(1644)
(1651)
(1658)
(1672)
(1675)
Chronica del Rey D. Ioam I
Crônica del-Rei D. Afonso Henriques
Crônica del-Rei D. Diniz
Gramática
Cartas
História da Província de Santa Cruz
Perigrinação
Da pintura antiga
Décadas
A vida de Frei Bertolameu dos Mártires
Da Monarquia Lusitana
Côrte na Aldeia e Noites de Inverno
Discursos vários políticos
Monarchia Lusitana
Poesia e Pintura
Gazeta
A Arte de Furtar
Cartas Familiares
Tácito
Cartas
Historia do Futuro
Sermões
Cartas Espirituais
Nova Floresta
Cartas
Vida e Morte de Madre Helena da Cruz
História Sebástica
Vida do apostólico padre Antonio Vieira
(93.781)
(53.500)
(80.188)
(41.333)
(56.479)
(22.944)
(52.555)
(52.538)
(47.605)
(53.986)
(50.394)
(52.837)
(53.471)
(51.293)
(26.988)
(35.714)
(52.867)
(58.070)
(35.039)
(57.088)
(50.190)
(53.855)
(54.477)
(52.374)
(35.058)
(27.419)
(100.345)
(52.005)
:|: A Sintaxe da ordem no Português, 1400-1900 :|: Projeto :|: Resumo
:|28|:
29.
30.
31.
32.
33.
34.
35.
36.
37.
38.
39.
40.
41.
42.
43.
44.
45.
Argote, Jeronimo Contador de
Gusmão, Alexandre de
Cavaleiro de Oliveira
Aires, Matias
Verney, L. A.
Costa, Antonio
Garção, Correia
Pina Manique, D. I. de
Alorna, Marquesa de
Costa, J.D. Rodrigues da
Garrett, J.B.S.L. de Almeida
Garrett, J.B.S.L. de Almeida
Garrett, J.B.S.L. de Almeida
Alorna, Marquês da Fronteira e
Branco, Camilo Castelo
Eça de Queirós, J.M.
Ortigão, R.
(1676)
(1695)
(1702)
(1705)
(1713)
(1714)
(1724)
(1733)
(1750)
(1757)
(1799)
(1799)
(1799)
(1802)
(1826)
(1836)
(1836)
Regras da Língua Portuguesa
Cartas
Cartas
Reflexões sobre a Vaidade dos Homens
Verdadeiro Método de Estudar
Cartas
Obras Completas
Cartas
Cartas, Marquesa de Alorna
Entremezes de Cordel
Cartas
Teatro
Viagens na minha terra
Memórias do Marquês da Fronteira e d'Alorna
Amor de Perdição
Cartas
Cartas a Emília
(47.080)
(32.253)
(51.234)
(56.479)
(49.335)
(27.096)
(24.932)
(28.975)
(49.900)
(26.078)
(42.947)
(44.252)
(51.544)
(54.588)
(21.541)
(33.703)
(32.441)
II
46.
47.
48.
autor
nasc.
obra
n.palavras
Vários
Vários
Vários
(séc. 19) Atas da Irmandade do Rosário
(séc. 19) Cartas Brasileiras
(séc. 17) Manuscritos das Mãos Inábeis
total de palavras
total de textos
(8.670)
(124.000)
(18.014)
(150.684)
2.279.455
48
(cf. Referências bibliográficas completas em http://www.ime.usp.br/~tycho/corpus)
3.1.4 Trabalhos em Andamento
3.1.4.1 Memórias do Texto: Aspectos tecnológicos na construção de um corpus histórico do
português, cf. http://www.ime.usp.br/~tycho/participants/psousa/memorias/
:|: A Sintaxe da ordem no Português, 1400-1900 :|: Projeto :|: Resumo
:|29|:
3.2 Descrição e Análise dos Dados Empíricos
3.2.1 Objetivo
Descrever e analisar a ordem de constituintes da sentença em textos portugueses clássicos e
modelar a dinâmica da evolução diacrônica dos padrões de ordem atestados.
3.3.2 Principais Procedimentos
3.3.2.1 Desenvolver um quadro metodológico rigoroso que oriente o trabalho de identificação e
classificação dos dados:
•
Desenvolver uma reflexão sobre a participação das propriedades sintáticas e semânticopragmáticas na atividade de descrição gramatical;
•
Pesquisar as teorias sobre a relação entre o componente informacional e o compoente
computacional na arquitetura da gramática;
3.3.2.2 Desenvolver produtos de referência para estudos históricos e teóricos da sintaxe da língua
portuguesa, a partir dos resultados dos levantamentos de dados, com alcance na comunidade de
pesquisa:
•
Dicionário das valências verbais no Português Clássico (1400-1700);
•
Gramatica Descritiva da Ordem de Constituintes no Português (1400-1700).
3.3.2.3 Desenvolver a modelagem e quantificação estatística dos dados empíricos, nos termos de
Kroch 1989 (Constant Rate Effect).
3.2.3 Resultados Preliminares: Desenho da Estrutura Descritiva
I. Termos da Oração
I.1 Predicadores/Núcleos da oração, segundo
I.1.1.1 Predicadores verbais com estrutura
I.1.1.2 Predicadores verbais com estrutura
I.1.1.3 Predicadores verbais com estrutura
I.1.1.4 Predicadores verbais com estrutura
estrutura argumental
de três argumentos
de dois argumentos
de um argumento
sem argumento
I.2 Argumentos (Sintagmas Maiores selecionados pelo predicador)
I.2.1 Argumentos Externos (“sujeito”)
I.2.1.1 Argumentos Externos com Referência Definida
I.2.1.1.1 Expressos
I.2.1.1.2 Não-expressos
I.2.1.2 Argumentos Externos com Referência Indefinida
I.2.1.2.1 Expressos
I.2.1.2.2 Não-expressos
I.1.2.3 Argumentos Externos sem referência
I.2.2 Argumentos internos
I.2.2.1 Complementos Diretos
I.2.2.2 Complementos Dativos
I.2.2.3 Outros Complementos
I.3 Adjuntos do verbo (Sintagmas Maiores não selecionados pelo predicador)
:|: A Sintaxe da ordem no Português, 1400-1900 :|: Projeto :|: Resumo
:|30|:
I.4 Adjuntos do nome, ou Sintagmas Menores
II. Arquitetura da Oração
II.1 Concordância
II.1.1 Relações de Concordância entre os Sintagmas (concordância verbal)
II.1.1 Relações de Concordância Internas aos Sintagmas (concordância
nominal)
II.2 Regência
II.2 Relações de Regência entre os Sintagmas (regência verbal)
II.2 Relações de Regência Internas aos Sintagmas (regência
preposições)
das
II.3 Ordem
II.3.1 Padrões de Ordenação Relativa entre os Sintagmas
II.3.2 Padrões de Ordenação Relativa Internas aos Sintagmas
III. Arquitetura do Período
III.1 Relações de Coordenação
III.1.1 Relações de Coordenação Mediadas
III.1.2 Relações de Coordenação Imediatas (Justaposição)
III.2 Relações de Subordinação
III.2.1 Relações de Subordinação Entre Sintagmas
III.2.1.1 Complementação
III.2.1.2 Adjunção
III.2.2 Relações de Subordinação nos Sintagmas
III.2.2.1 Relativização
IV. Arquitetura da Oração e Hierarquia Pragmático-funcional
IV.1 Padrões de Ordem Segundo as Freqüências de Ocorrência
IV.1.2 Padrão de Ordem Básico entre Sintagmas
IV.1.3 Padrão de Ordem Básico nos Sintagmas
IV.1.4 Padrões de Ordem Especiais entre Sintagmas
IV.1.5 Padrões de Ordem Especiais nos Sintagmas
IV.2 Construções de Fronteamento:
Tópico Sentencial, Focalização e Fronteamentos Afetivos
IV.2.1. Tópicos Sentenciais
IV.2.2. Focos (Amplos, Estreitos, Contrastivas)
IV.2.3. Fronteamentos Afetivos
IV.2.3 Construções com Tópicos Discursivos
IV.2.3.1 Tópicos Discursivos co-referentes com argumentos do verbo
IV.2.3.2 Tópicos Discursivos não co-referentes com argumentos do verbo
:|: A Sintaxe da ordem no Português, 1400-1900 :|: Projeto :|: Resumo
:|31|:
3.2.4 Trabalhos em Andamento
3.2.4.1. Castro Alves, F. & Paixão de Sousa, M.C. Continuidade do Tópico e Ordem de
Constituintes em Textos Portugueses do Século 16. (cf. Anexo: Versão Preliminar )
:|: A Sintaxe da ordem no Português, 1400-1900 :|: Projeto :|: Resumo
:|32|:
3.3 Reflexão Teórica e Modelagem da Mudança:
3.3.1 Objetivo
Analisar estruturalmente a ordem superficial atestada nos dados, explicar as propriedades
gramaticais em jogo em cada etapa, e modelar a interpretação da evolução diacrônica dos dados
modelados como reflexos de uma mudança gramatical.
3.3.2 Principais Procedimentos
3.3.2.1 Desenvolver a hipótese de trabalho sobre a estrutura da frase no Português Clássico:
{TOP } [CP ... C [FP ... F [IP ... I [vP ...v [VP ...V ]]]]
•
Formalizar a natureza do núcelo funcional FP e modelar a derivação da operação de
fronteamento (“movimento” para FP);
•
Formalizar a relação entre o elemento externo {TOP} e a sentença, em particular quanto
ao estabelecimento de co-referencialidade, no discurso, entre este elemento e constituintes
internos.
3.3.2.2 Pesquisa teórica sobre sobre a relação entre o componente informacional e o compoente
computacional na arquitetura da gramática, e sobre a teoria da Mudança Gramatical no quadro
gerativo: motivações e instanciamentos; o lugar da variação diacrônica na arquitetura da
gramática.
3.3.3 Resultados Preliminares: Levantamento de tópicos e bilbiografia
3.3.3.1 Teoria da Mudança: Motivações e Instanciamentos
A) Principais questões a serem exploradas quanto à mudança do Português Clássico ao PE:
a) como o núcleo funcional F teria passado a ser interpretado como não morfológico;
noutros termos, como uma determinada geração de falantes passa a interpretar sujeitos
não focalizados ({VS}) como focalizados, e vice-versa?
b) qual a relação desta mudança com a mudança nos padrões rítmicos (que diferenciam PC
e PE, mas aproximam PC e PB) segundo (Galves & Galves 1998)?
B) Principais questões a serem exploradas quanto à mudança do Português Clássico ao PB:
a) como se dá a manutenção do traço [CITATIVO] no PB, e como esse se radicaliza de
modo a passar do movimento de argumentos para a periferia esquerda para o
movimento e promoção de argumentos?
b) como esta radicalização se relaciona com as mudanças nas propriedades de apagamento
de argumentos?
c) como compreender essas mudanças e manutenções no contexto do debate sobre a
gramática do PB como fruto do “contato lingüístico” versus “deriva orgânica da
língua”?
3.3.3.1 Formulação conceitual para “saliência”, “foco”, “tópico” (“sentencial”, “do discurso”)
:|: A Sintaxe da ordem no Português, 1400-1900 :|: Projeto :|: Resumo
:|33|:
A) Pesquisa Bibliográfica Preliminar:
a) O “Information Packaging” de Chafe, (1976), Vallduví, (1992); a “topicality framework”
de Givón (1992, 1993);
b) diferentes noções de “tópico”: “pressuposição” (Chomsky 1971, Jackendoff 1972),
“background” (Dahl 1974, Chafe 1976), “tema” (Contreras 1976), “informação antiga”
(Välimaa-Blum 1988), “given” (Halliday 1984);
c) diferentes noções de “foco”: “foco” em oposição a “ground-tail”, Vallduví, (1992);
“foco” como referencialidade forte (Grosz 1981, Garrod & Stanford 1982, Gundel,
Hedberg & Zacharski 1992); “foco” como operador lógico de “saturação” referencial
(exhaustiveness) (Szabolcsi, 1981); “foco” como operador da estrutura quantificacional
(Partee 1991).
3.3.3.2 Desenvolvimento da hipótese estrutural abstrata
A) Principais questões a serem exploradas quanto à hipótese estrutural:
a) formalização da “saliência” codificada em F;
b) formalização do traço [citativo];
c) formalização do traço [afetivo]/[afetivo];
d) derivação relativa ao cancelamento dos traços morfológico e não-morfológico de F por
V e por DPs;
e) combinação do núcleo da predicação com o núcleo F;
f) combinação do núcleo F com o núcleo C;
g) natureza formal do núcleo C (C lexical versus não-lexical; o problema do “que” nulo)
h) cliticização dos pronomes átonos à esquerda de F;
i) estabelecimento da coincidência de caso gramatical entre “tópicos do discurso” adjuntos
e as categorias no interior da frase;
j) combinação das propriedades de FP com as propriedades de IP no que se refere ao
apagamento de argumentos
B) Pesquisa Bibliográfica Preliminar:
a) Sobre as propriedades de F e seus traços formais; sobre a derivação relativa a F:
Uriagereka (1998), Raposo (1998), Nunes & Raposo (1998), Kato & Raposo (2000),
Nunes & Uriageraka (2002), Hornstein, Nunes, & Grothman (2005), Raposo e
Uriageraka (2005), Corver & Nunes (2006);
b) Sobre a relação entre “informação” e sintaxe no interior da frase: Li (1976), Hawkins
(1994), Lambrecht (1994), Kiss (1995), Reinhart (1995), Britto (1998), Naro & Votre
(1999), Negrão & Viotti (2007);
c) Sobre movimento de focos e topicalizações em geral: Pontes (1987), Duarte (1997),
Ambar (1999), Rochemont & Culicover (1990), Zubizarreta (1998, 2002);
:|: A Sintaxe da ordem no Português, 1400-1900 :|: Projeto :|: Resumo
:|34|:
d) Sobre as propriedades de F em relação a C/I-V: Thurneysen (1992), Roberts (1993),
Galves (1994), Vance (1995), Schwartz, & Vikner (1996), Torres Morais (1995, 1996),
Ribeiro (1996), Kroch & Taylor (1997), Kaiser (2002);
e) Sobre as propriedades da periferia esquerda em geral: Raposo (1996), Cinque (1990,
1983), Fontana (1993), Rizzi (2003, 1991);
f) Sobre a idéia da cliticização dos pronomes átonos a F: Benincá (1989), Pagotto (1996),
Riemsdijk (1999), Cardinaletti (1999), Raposo (2000), Duarte & Matos (2000), Luján
(2000), Martins (1994, 2000), Galves (2002), Costa & Martins (2003), Galves & Sandalo
(2005);
g) Sobre as propriedades dos argumentos no português (concordância e apagamento):
Schellert (1958), Perlmutter (1976), Vance (1989, 1997), Ambar (1992), Duarte (1992,
1993); Cyrino (1993, 1994); Kato (1993); Negrão & Müller (1996), Barbosa (1996, 2000);
Berlinck (1997), Eguzkitza & Kaiser (1999), Galves (2000), Kato & Negrão (2000),
Ferreira (2000), Costa & Duarte (2002), Costa & Galves (2002), Costa (2004, 2001,
1996);
h) Sobre a diacronia da sintaxe da ordem em geral: Benincá (1995), Hawkins (1990),
Pinkster (1991), Ribeiro (1995a), Salvi (1990, 1992, 2004) .
3.3.4 Trabalhos em Andamento
3.3.4.1. Paixão de Sousa, M.C.: Uma posição à esquerda para tópicos sentenciais no Português
Clássico. (cf. Anexo: Versão Preliminar )
:|: A Sintaxe da ordem no Português, 1400-1900 :|: Projeto :|: Resumo
:|35|:
4. Resultados Esperados – Resumo
4.1 Desenvolvimento do Quadro Teórico
1. Contribuição para a reflexão teórica sobre Mudança Gramatical no programa minimalista.
2. Contribuição para a reflexão teórica sobre a relação sintaxe-discurso na periferia esquerda
da frase.
4.2 Desenvolvimento de Metodologias de Pesquisa
1. Sistematização de um corpo metodológico para estudos gramaticais com base em copora
de documentação lingüística.
2. Aprofundamento do debate sobre o estatuto dos dados atestados na linguagem escrita
para a reflexão lingüística de base internalista.
4.3 Produtos para a Comunidade de Pesquisa
1. Ampliação da base empírica para estudos históricos da língua portuguesa.
2. Construção do Dicionário das Valências Verbais no Português Clássico (1400-1700).
3. Construção da Gramatica Descritiva da Ordem de Constituintes no Português Clássico (1400-1700).
4.4 Formação Discente
1. Contribuição formadora para pesquisadores das áreas de gramática e lingüística histórica,
com interesse de pesquisa sobre a sintaxe e a história da língua portuguesa;
2. Contribuição formadora para pesquisadores da área de sintaxe, com interesses de pesquisa
sobre a sintaxe da ordem e a codificação de relações discursivas na frase abstrata.
:|: A Sintaxe da ordem no Português, 1400-1900 :|: Projeto :|: Resumo
:|36|:
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