SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ Disciplina Oficina de Compreensão e Produção de Textos I Belém-PA 2013 SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ LICENCIATURA EM LETRAS – MODALIDADE A DISTÂNCIA DISCIPLINA: OFICINA DE COMPREENSÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS I Modalidade oral e escrita, pontuação, colocação pronominal, edição. Aula IX OBJETIVOS1 • Focalizar os processos de retextualização e de edição de um texto. • Evidenciar que a fala e a escrita são duas modalidades de um mesmo sistema linguístico. AULA V • Entender as regras e funcionamento da pontuação em um texto escrito. • Mostrar que o aprendizado das operações deIItransformação do texto falado para o escrito AULA garante melhor domínio da produção escrita. Para início de conversa... A relação entre e fala e escrita, segundo Marcuschi (2010), Fávero (2005) e Koch(2002), é de que oralidade e a escrita se dão num continuum tipológico. Ou seja, embora cada uma tenha suas especificidades, não existem diferenças essenciais entre elas, tão pouco grandes oposições. Pensar que existe uma superioridade de alguma das duas modalidades é uma visão equivocada, embora exista a ideia de que a escrita possui mais prestígio que a fala; isso ocorre devido a uma postura ideológica. Ambas se destinam à interação verbal, em diferentes gêneros textuais, na diversidade dialetal e de registro. A fala e escrita são duas modalidades pertencentes ao mesmo sistema linguístico: em nosso caso, ao sistema da Língua Portuguesa. Segundo Marcuschi (idem), existem entre elas diferenças estruturais, porque diferem nos seus modos de aquisição, nas suas condições de produção, transmissão, recepção e uso, e nos meios pelos quais os elementos de estrutura são organizados. As questões que nós pretendemos focalizar concernem ao processo de retextualização e ao de edição, que são comuns em nossa comunicação, o primeiro consiste na passagem do oral para o escrito e o segundo refere-se à passagem de um texto escrito para outro texto escrito. Esses processos não são mecânicos, já que envolvem operações complexas e que evidenciam uma série de aspectos nem sempre compreendidas na relação oralidade/escrita ou escrita/escrita. O aprendizado das operações de transformação do texto falado para o escrito e dos processos de edição são imprescindíveis para um melhor domínio da produção escrita formal, foco de nossa disciplina. ? V A M O S R E F L E T I R U M P O U C O ...... Muitas pessoas, na hora de produzir um texto escrito formal, como um texto acadêmico, sentem muita dificuldade e, às vezes, até desistem de fazê-lo. Nesse caso, algumas questões devem ser consideradas: Que tipos de operações devem ser realizadas ao se elaborar um texto escrito formal? No processo de elaboração de um texto escrito formal, por onde posso começar? O que realmente preciso saber para escrever formalmente? 1 Esta aula foi elaborada pelas professoras Eládia Duarte e Cinthia Neves Para clarificar essas questões, a seguir, apresentamos alguns processos que envolvem a produção de um texto escrito, tais como a retextualização e a edição. POR ONDE COMEÇAR 1- Processos de retextualização Como dissemos, retextualizar é uma tarefa que envolve operações complexas. Marcuschi (Idem) as expõe em seu estudo, determinando nove delas – no caso da passagem do texto oral para o escrito -, de modo que essas se agrupam em dois conjuntos: operações que se fundem nas estratégias de eliminação e inserção; e operações estratégias de substituição, seleção, acréscimo, reordenação e condensação, sendo esse último grupo o responsável pelas mudanças mais acentuadas no texto. Embora o autor exponha nove operações, há textos que dispensam a execução de todas essas, nos quais a retextualização já se completa após os primeiros procedimentos como a eliminação de marcas interacionais e a introdução de pontuação no texto-base.2 Exemplo1: A- Texto falado “eh...eu vou falar sobre a minha família... sobre os meus pais...o que eu acho deles...como eles me tratam...bem...eu tenho uma família...pequena...ela é composta pelo meu pai... pela minha mãe... pelo meu irmão... eu tenho um irmão pequeno de ... dez anos... eh... o meu irmão não influencia em nada... minha mãe é uma pessoa superlegal...sabe?” Retextualização: -Eliminação de marcas estritamente interacionais, hesitações e partes de palavras. -Introdução da pontuação. -Retirada de repetições, reduplicações e redundâncias. Se forem efetuadas essas operações, o texto acima poderá ficar assim, dependendo da decisão que for tomada: B- Texto escrito: “Vou falar de minha família e de como eles me tratam. Minha família é pequena – meu pai, minha mãe e um irmão pequeno de 10 anos que não influencia em nada. Minha mãe é legal.” Outro exemplo de retextualização é apresentado por Fávero et alii (2005, p. 84). Nessa proposta foi sugerido que os alunos da 7ª série elaborassem, num primeiro momento, narrativas orais e, imediatamente, produzissem a mesma narrativa utilizando o mesmo tópico ao narrar sob a forma de texto escrito. Exemplo 2: A- Texto falado: A Civilização Mexicana “Inf. Primeiro eram os olmecas né? daí:: eles... começaram onde que é a Cidade do México hoje... começaram a fazer os templos aí depois veio os astecas né? Que começaram tudo fizeram mais templos fizeram templos mais luxuosos assim fizeram tinham mais crenças... religiões essas coisa assim... depois vieram os toltecas que deram origem à civilização mexicana e toda essa civilização milenar foi construída 2 Para se aprofundar nos processos de retextualização consultar Marcuschi, 2010. pelos espanhóis que quando chegaram ao México assim é :: de :: struíram tudo as pirâmides os templos aí foi o fim da ... da civilização. B - Texto escrito: A Civilização Mexicana “Os primeiros foram os olmecas, que fizeram suas pirâmides, seus templos onde fica a cidade do México; tinham técnicas muito atrasadas. Depois os astecas, que tinham templos mais luxuosos e tinham técnicas mais aperfeiçoadas. Os últimos foram os toltecas, povo que deu origem à atual civilização mexicana. Toda essa civilização milenar foi destruída pelos espanhóis que invadiram suas terras e acabaram com muito do que encontraram. 1.1. A PONTUAÇÃO A pontuação é um recurso que permite, através de um conjunto sistematizado de sinais gráficos e não gráficos, expressar na língua escrita um espectro de matizes rítmicas e melódicas características da língua falada. No intuito de suprir esta lacuna e tentar aproximar a escrita da variedade da elocução oral recorre-se à pontuação. Já a questão de paragrafação, como já vimos na Aula IV, não está obrigatoriamente ligada à questão da pontuação, mas sim a questões de foco e unidade. Como o domínio da pontuação é essencial ao processo de produção de um texto escrito, a seguir, apresentamos algumas regras básicas sobre um dos assuntos que mais nos causam dúvidas: a vírgula.3 1.1.1. O USO DA VÍRGULA O emprego da vírgula obedece a três regras. Ela separa: Termos e orações coordenados, termos e orações explicativos, termos e orações deslocados. Na frase aparecem termos independentes cuja relação é apenas de estarem postos um ao lado do outro. Sempre que numa oração aparecer mais de um sujeito, mais de um objeto, mais de um adjunto, haverá termos coordenados, que precisam ser separados ou por vírgula ou por conjunção. Exemplo 3: Pedro, Rafael e João Marcelo (sujeito composto) foram ao cinema. Adoro cinema, teatro, música e livros (objeto composto) Maria viaja de trem, carro, ônibus, avião. (adjunto adverbial composto) # ORAÇÕES COORDENADAS Assim como existem termos coordenados, existem arações coordenadas, que se dividem em dois grupos: os das assindéticas, que se separam sempre por vírgula; e os das sindéticas, que exigem a conjunção e a vírgula. Antes dos exemplos, vamos lembrar algumas conjunções coordenadas: Aditivas (e, nem), adversativas (mas, porém, todavia, contudo, no entanto), alternativas (ou, ou; ora, ora), expliativas (pois, que, porque), conclusivas (pois, portanto, logo). Exemplo 4: O candidato falou muito, mas não convenceu. Ou estuda, ou trabalha. Feche a porta, que vai chover. Penso, logo existo. Vamos pensar um pouco no caso do e. Ele dispensa vírgula, com exceção dos casos em que há sujeitos diferentes ou possibilidade de confusão. 3 Caro aluno, a pontuação é um assunto vasto, portanto você deve buscar outras fontes de informação sobre esse tema, principalmente, porque ainda é necessário entender o funcionamento do ponto e vírgula, dois pontos, travessão, ponto, etc. Você pode consultar Squarisi e Salvador (2011). Exemplo 5: Sem vírgula Trabalho e estudo Vou a Pernambuco e depois à Bahia. Exemplo 6: Com vírgula O Iraque atacou o Kuweit, e os Estados Unidos reagiram. (sujeitos diferentes) Nesse caso, sem a vírgula, poder-se-ia provocar uma confusão de que o Iraque atacou tanto o Kuweit quanto os Estados Unidos. # A EXPLICAÇÃO OU APOSTO O aposto é um termo explicativo que pode ser retirado da frase sem causar prejuízo de sentido. Exemplo 7: O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, prepara outra reforma ministerial. #CLAREZA A língua muitas vezes apresenta desafios, como no caso de deixar claro se um termo é explicativo ou restritivo. Vamos aos exemplos para entender melhor essa questão. Exemplo 8: Meu filho Marcelo estuda na universidade. Meu filho, Marcelo, estuda na universidade. No primeiro caso, trata-se de uma restrição, entende-se, portanto, que a pessoa tem mais de um filho. No segundo caso, trata-se de uma explicação, logo, entende-se que pessoa tem apenas um filho. # ORAÇÃO EXPLICATIVA E RESTRITIVA A oração dispensa vírgula, já a restritiva a exige. Observe os exemplos. Exemplo 9: O aluno que estuda tira boas notas (Não é qualquer um que tira boas notas, apenas o que estuda, ou seja, está restringindo) O homem, que é mortal, tem alma imortal.(todo homem é mortal, logo a oração é apenas explicativa) # Deslocamento O Adjunto adverbial na ordem direta vem no fim da frase, nesse caso não aceita vírgula. Mas, quando vem no início ou no meio da frase, exige a vírgula. Exemplo 10: A gripe aviária matou duas pessoas no Brasil. No Brasil, a gripe aviária matou duas pessoas. A gripe aviária, no Brasil, matou duas pessoas. A oração adverbial segue a mesma regra. Quando vem depois da oração principal não aceitam vírgula, mas se mudarem de lugar, a vírgula será obrigatória. Exemplo 11: O judiciário pode interferir na eleição para evitar confronto. Paulo retirou-se da sala quando o presidente entrou. O carro agradou a todos porque apresenta design moderno e bom desempenho. Para evitar confronto, o judiciário pode interferir na eleição. o judiciário, para evitar confronto, pode interferir na eleição. Quando o presidente entrou, Paulo retirou-se da sala. Paulo, quando o presidente entrou, retirou-se da sala. Porque apresenta design moderno e bom desempenho, o carro agradou a todos. O carro, porque apresenta design moderno e bom desempenho, agradou a todos. Os predicativos também recebem vírgulas quando são deslocados. Exemplo 12: Maria entrou nervosa na sala. Nervosa, Maria entrou na sala. Maria, nervosa, entrou na sala. As conjunções adversativas e conclusivas também podem ser deslocadas, então, nesse caso, devem ficar entre vírgulas. Exemplo 13: Trabalho muitas horas por dia, porém meu salário é baixo. Trabalho muitas horas por dia, meu salário, porém, é baixo. Trabalho muitas horas por dia, portanto meu salário é alto. Trabalho muitas horas por dia, meu salário, portanto, é alto. # Vocativo O vocativo é sempre separado por vírgula. Exemplo 14: Avança, ó Brasil. Não há vírgula: a- Entre sujeito e predicado: Exemplo 15: Luís comprou um carro novo. b- Entre o verbo e o seu objeto: Exemplo 16: Maria, seu marido e seus três filhos compraram um novo terreno. c- Entre o nome e o seu adjunto: Exemplo 17: Casa de pedra tomba, mas não desiste. d- Entre o nome e o seu complemento: Exemplo 18: Eles queriam que tudo permanecesse favorável ao deputado. e- entre a oração subordinada substantiva e a subordinada diretamente ligadas. Exemplo 19: É evidente que o culpado é o mordomo. 1.2 COLOCAÇÃO PRONOMINAL Trataremos agora de outro assunto que gera discussões e dúvidas: a colocação pronominal, especialmente no que diz respeito aos pronomes átonos – me, te, se, nos, vos, o, a, os, as, lhe, lhes. Observe o texto abaixo: Papos - Me disseram... - Disseram-me. - Hein? - O correto e "disseram-me". Não "me disseram". - Eu falo como quero. E te digo mais... Ou é "digo-te"? - O quê? - Digo-te que você... - O "te" e o "você" não combinam. - Lhe digo? - Também não. O que você ia me dizer? - Que você está sendo grosseiro, pedante e chato. E que eu vou te partir a cara. Lhe partir a cara. Partir a sua cara. Como é que se diz? - Partir-te a cara. - Pois é. Parti-la hei de, se você não parar de me corrigir. Ou corrigir-me. - É para o seu bem. - Dispenso as suas correções. Vê se esquece-me. Falo como bem entender. Mais uma correção e eu... - O quê? - O mato. - Que mato? - Mato-o. Mato-lhe. Mato você. Matar-lhe-ei-te. Ouviu bem? - Pois esqueça-o e pára-te. Pronome no lugar certo e elitismo! - Se você prefere falar errado... - Falo como todo mundo fala. O importante é me entenderem. Ou entenderem-me? - No caso... não sei. - Ah, não sabe? Não o sabes? Sabes-lo não? - Esquece. - Não. Como "esquece"? Você prefere falar errado? E o certo é "esquece" ou "esqueça"? Ilumine-me. Me diga. Ensines-lo-me, vamos. - Depende. - Depende. Perfeito. Não o sabes. Ensinar-me-lo-ias se o soubesses, mas não sabes-o. - Está bem, está bem. Desculpe. Fale como quiser. - Agradeço-lhe a permissão para falar errado que mas dás. Mas não posso mais dizer-lo-te o que dizer-te-ia. - Por que? - Porque, com todo este papo, esqueci-lo. (Luis Fernando Veríssimo) De acordo com Bechara (2005) e Cunha & Cintra (2005), os pronomes átonos relacionados ao verbo podem em três formas: a) Enclíticos: posposição do pronome átono ao verbo. Exemplo 18: Sente-se, por favor. b) Proclíticos: anteposição do pronome átono ao verbo. Exemplo 19: Não me venha com desculpas esfarrapadas. c) Mesoclíticos: interposição do pronome átono ao verbo. Exemplo 20: Procurar-te-ei se precisar de ajuda. 1.2.1 AS DIVERSAS ABORDAGENS GRAMATICAIS SOBRE OS PRONOMES ÁTONOS Bechara (2005) Bechara (2005) apresenta os seguintes critérios para a colocação pronominal em estruturas verbais simples: 1. Não se inicia período por pronome átono; 2. Não se pospõe pronome átono a verbo quando este verbo estiver: a. flexionado em oração subordinada; b. modificado diretamente por advérbio ou precedido de palavra de sentido negativo, sem que haja pausa entre os dois, indicada ou não por vírgula14; c. no futuro do presente e futuro do pretérito (condicional) e se não forem contrários às regras anteriores, o pronome ficará proclítico ou mesoclítico ao verbo; d. com gerúndio precedido da preposição em; e. nas orações exclamativas e optativas, com o verbo no subjuntivo e sujeito anteposto ao verbo. 3. Não se pospõe ou intercala pronome átono a verbo flexionado em oração iniciada por palavra interrogativa ou exclamativa. Cunha & Cintra (2005) Cunha & Cintra (2005) apresentam a colocação dos pronomes pessoas átonos n as seguintes regras: 1. Quando o verbo está no futuro do presente ou no futuro do pretérito, admite-se somente a próclise ou a mesóclise; 2. A próclise torna-se preferencial nos seguintes casos: a. quando a oração possui palavras negativas não, nunca, jamais, ninguém, nada, e não houver pausa entre ela e o verbo; b. em orações iniciadas com pronomes e advérbios interrogativos quem, por que e como; c. em orações iniciadas por palavras exclamativas, bem como nas orações que exprimem desejo (optativas); d. em orações subordinadas desenvolvidas, mesmo que a conjunção esteja oculta; e. com gerúndio regido pela preposição em. 3. Não ocorre a próclise nem a ênclise com particípio, mas se este não for acompanhado por um auxiliar, usa-se a forma oblíqua regida por preposição; 4. Nas orações com infinitivos soltos é permitida a próclise ou a ênclise, “embora haja acentuada tendência para esta última colocação pronominal”; 5. Há a tendência a próclise pronominal: a. quando o verbo vem antecedido por certos advérbios, como bem, mal, ainda, já, sempre, só, talvez, etc., ou expressões adverbiais e não há pausa que os separe; b. quando a oração, disposta na ordem inversa, se inicia por objeto direto ou predicativo; c. quando o sujeito da oração contém o numeral ambos ou algum dos pronomes indefinidos todo, tudo, alguém, outro, qualquer, etc.; d. e nas orações alternativas. 6. Pode ocorrer a ênclise sempre que houver pausa entre um elemento capaz de provocar a próclise e o verbo. Luft (1987) e Perini (2010) apresentam regras mais simples para o assunto: Luft (1987) Em Luft (1987) há a observação de que a regra geral de colocação pronominal em PB é a ênclise, na qual o pronome se incorpora ao verbo que o precede. Para Luft (1987, p. 19), a próclise é condicionada por “elementos de atração”, como as partículas QU e as negações. O gramático afirma que a próclise pode ser um dos traços que “procuram evocar fala ou imprimir um tom coloquial, intimista, ou descontraído. Por contraste, a ênclise soa à cerimônia, linguagem objetiva, técnica, etc.“ (LUFT, 1987, p. 39). Perini (2010) Sobre a colocação pronominal em PB, Perini (2010, p. 119) observa que “o pronome oblíquo (sem preposição) se posiciona sempre antes do verbo principal da oração”. Para o autor, a próclise é, então, a regra geral em português. 2- PROCESSOS DE EDIÇÃO DO TEXTO No processo de escrita e rescrita de um texto, é importante atentar ao passo a passo da edição que deve anteceder uma versão final do texto, especialmente de um texto acadêmico. A seguir, apresentamos alguns exemplos de como proceder na edição de um texto4. Versão original O referendo sobre o desarmamento revelou, além da intensidade de sentimento negativo de eleitorado em relação à atuação do poder público, a vitalidade da chamada sociedade global, fenômeno que caracteriza as sociedades modernas que, com os meios tecnológicos de que dispõem hoje, pode existir independentemente das instituições políticas e do sistema de comunicação de massa, segundo análise do sociólogo Manuel Castells, da Universidade Sourthern Califórnia, nos Estados Unidos, um dos seus principais teóricos. VERSÃO EDITADA O referendo sobre o desmatamento revelou a vitalidade da sociedade global. Moderno, o fenômeno tem duas marcas. Uma: dispensa o sistema de comunicação de massa porque dispõe de meios tecnológicos. A outra: independe das instituições políticas. Essa é a análise do sociólogo Manuel Castells, da Universidade Sourthern Califórnia, nos Estados Unidos, um dos principais teóricos da sociedade global. O PASSO A PASSO DA EDIÇÃO a- O principal problema desse texto é o fato dele ter apenas um período. Então, usaram-se pontos para dividir o período em três. Aparecendo, assim, frases mais curtas: O referendo sobre o desarmamento revelou, além da intensidade de sentimento negativo de eleitorado em relação à atuação do poder público, a vitalidade da chamada sociedade global. Fenômeno que caracteriza as sociedades modernas, que, com os meios tecnológicos de que dispõem hoje, pode existir independentemente das instituições políticas e do sistema de comunicação de massa. A análise do sociólogo Manuel Castells, da Universidade Sourthern Califórnia, nos Estados Unidos, um dos seus principais teóricos. b- Em seguida, eliminaram-se palavras e substituíram-se estruturas sintáticas confusas: O referendo sobre o desarmamento revelou, além da intensidade de sentimento negativo de eleitorado em relação à atuação do poder público, a vitalidade [chamada] da chamada sociedade global, fenômeno [que caracteriza as] sociedades modernas que, [com os] meios tecnológicos [de que dispõem hoje, pode existir independentemente] das instituições políticas e do sistema de comunicação de massa, segundo análise do sociólogo Manuel Castells, da Universidade Sourthern Califórnia, nos Estados Unidos, um dos seus principais teóricos. c- Acrescentou-se retoques de “botox” (partículas de transição) para criar mais frases. 4 Os exemplos e os procedimentos de edição foram extraídos de Squarisi e Salvador, 2011. O referendo sobre o desarmamento revelou, além da intensidade de sentimento negativo de eleitorado em relação à atuação do poder público, a vitalidade da chamada sociedade global. Moderno, o fenômeno tem duas marcas. Uma: dispensa o sistema de comunicação de massa porque dispõe de meios tecnológicos. A outra: independe das instituições políticas. Essa é a análise do sociólogo Manuel Castells, da Universidade Sourthern Califórnia, nos Estados Unidos, um dos principais teóricos da sociedade global. d- A versão editada exclui a informação “de que o reverendo revelou a descrença da sociedade nos poderes públicos”, porque ela é secudária. VERSÃO ORIGINAL O presente estudo teve como objetivo conhecer e analisar as vivências e os significados em torno da paternidade, durante a adolescência, para homens que vivenciaram esse fenômeno, buscando identificar os significados atribuídos por esses homens a essa vivência e distinguir como percebem as influências familiares frente ao processo de gravidez e paternidade adolescentes. VERSÃO EDITADA O estudo analisou a paternidade durante a adolescência sob o ponto de vista dos jovens. Eles relataram os significados da experiência e a influência familiar. O PASSO A PASSO DA EDIÇÃO a- Eliminou-se palavras repetidas e redundâncias. As duas ideias principais do parágrafo foram selecionadas e separadas pelo ponto, além disso, usou-se partículas de ligação. O presente estudo teve como objetivo conhecer e analisar as vivências e os significados em torno da paternidade, durante a adolescência, para homens que vivenciaram esse fenômeno. Identificou os significados atribuídos por esses homens a essa vivência e distinguir como percebem as influências familiares frente ao processo de gravidez e paternidade adolescentes. b- Atacou-se o excesso de palavras como locuções verbais e adjetivas. Utilizaram-se termos específicos. “Uma palavra bem escolhida vale por mil”. O [presente] estudo [teve como objetivo conhecer e analisa]analisou [ as vivências e os significados em torno da]a paternidade, durante a adolescência [ para homens que vivenciaram esse fenômeno]sob o ponto de vista dos jovens. [Buscou identificar] Identificou os significados [atribuídos por esses homens a essa vivência] desta experiência para os pais e [distinguir] como eles percebem as influências familiares [frente ao processo de gravidez e paternidade adolescentes. c- No último período, ainda havia um problema: falta de paralelismo: Identificou os ...e como. Identificou os significados desta experiência para os pais e as suas percepções das influências familiares. d- Por fim, cortou-se o ainda era desnecessário: [Identificou] eles relataram os significados da experiência [para os pais] e as [suas percepções das] influências familiares. Exemplo 5: Versão original Muitos jovens gostariam de trabalhar em atividades que não fossem caracterizadas como subemprego e possibilitassem pouca mobilidade social. Versão editada Muitos jovens gostariam de trabalhar em empregos formais com possibilidade de ascensão social. O PASSO A PASSO DA EDIÇÃO a- A versão original apresenta duas orações que não “conversam” entre si, pois apresentam construções sintáticas e gramaticais diferentes, ou seja, havia falta de paralelismo. Squarisi e Salvador (2011, p. 212) assim expressam essa questão “promovemos a paz entre as frases que não fossem caracterizadas como subemprego e não possibilitassem pouca mobilidade social. Para harmonizá-las, aplicamos o paralelismo, ou seja, o uso da mesma estrutura sintática nas duas.” Muitos jovens gostariam de trabalhar em atividades que não fossem caracterizadas como subemprego e que não possibilitassem pouca mobilidade social. b- Então, para que ficasse mais inteligível, optou-se pela ordem positiva. Para essa mudança, buscaram-se palavras específicas. Muitos jovens gostariam de trabalhar em atividades que não fossem caracterizadas como subemprego e possibilitassem pouca mobilidade social.[empregos formais com possibilidade de ascensão social]. V AMOS AO FÓRUM Depois de nosso estudo sobre alguns processos que envolvem a produção de um texto escrito, como a retextualização e edição, é hora de irmos ao fórum para contribuir com mais informações sobre o tema, ou para tentar esclarecer possíveis dúvidas. Enfim, esse fórum intenta, entre outras coisas, ampliar nosso conhecimento sobre a questão de se produzir textos escritos. C OM A MÃO NA MASSA 1- Reescreva as orações, empregando a vírgula corretamente e fazendo pequenas modificações, quando necessário: 5 a) Joana Carolina menina pobre do interior chegou a Belém assustada b) O encanador sorriu e disse se a senhora quiser eu posso trocar também a torneira dona c) Quando tudo vai mal nós devemos parar e pensar onde é que estamos errando desta maneira podemos começar a melhorar isto é a progredir. 5 Atividade extraída do site: www.ic.unicamp.br d) Socorro alguém me ajude. e) Ao voltar para casa encontrei um ambiente assustador móveis revirados roupas jogadas pelo chão lâmpadas quebradas e torneiras abertas. f) De MPB eu gosto mas de música sertaneja não. g) Não critique seu filho homem de Deus dê o apoio que ele necessita e tudo terminará bem se você não apoiá-lo quem irá fazê-lo. h) Os nossos sonhos não são inatingíveis a nossa vontade deve torná-los realidade. i) O computador que é uma invenção deste século torna a nossa vida cada dia mais fácil. j) Eu venderei todas as minhas terras mesmo que antes disso a lavoura se recupere. l) Naquele instante quando ninguém mais esperava de longe avistamos uma figura estranha que se aproximava quando chegou bem perto ele perguntou o que fazem aqui neste fim-de-mundo e nós respondemos graças a Deus o senhor apareceu estamos perdidos nesta mata há dias. m) Quando lhe disserem para desistir persista quando conseguir a vitória divida com seus amigos a sua alegria. n) Quanta burocracia levei dois meses para tirar um documento de identidade. o) Você tem duas opções desiste da carreira ou do casamento. p) O presidente pode se tiver interesse colocar na cadeia os corruptos ou seja aqueles que só fazem mal ao país. 2- A seguir, apresentamos alguns textos “problemáticos”. Você deve reescrever os textos solucionando os problemas apontados. Faça as alterações que julgar necessárias. Texto A- Acho perfeitamente aceitável que o Sr. José Serra se candidate à presidência, mesmo assinando um documento dizendo que não o faria, pois não devemos esquecer que o ex-prefeito de Ribeirão Preto, Antônio Palocci, abandonou seu cargo para se tornar ministro da Fazenda, e seguiram seu exemplo o ex-prefeito de Porto Alegre, Tarso genro, e o ex-prefeito de Manaus, Alfredo Nascimento, que deixaram suas cidades nas mãos de seus vices antes do fim de seus mandatos. Ora, por que só os petistas podem deixar seus cargos para disputar eleições? Que a regra seja igual para todos. Problemas do texto: excesso de pronomes possessivos, vírgulas e advérbios; faltam pontos e partículas de transição; redundância no meio do parágrafo. Texto B - Michelle Barchelet, a presidente eleita do país, representa continuidade na economia. Os chilenos não querem mexer em um time que está ganhando. Problemas do texto: uso desnecessário de artigos indefinidos. Texto C- O Brasil, é um país avançado, com uma infraestrutura para sediar uma copa do mundo de futebol e uma olimpíada esportiva, mas é pouco fiscalizado quando trata-se de licitação, o que gera um grande número de fraudes. Problemas do texto: falta de conexão sintática entre as duas informações manipuladas no período; nomes de eventos esportivos mundiais em minúsculas; vírgula separando o sujeito do verbo; desrespeito às normas de colocação pronominal. Texto D - A dificuldade de solucionar a corrupção e solucionar os crimes no Brasil, não se da pelos processos burocraticos, mas sim pela falta de auditores e policiais bem qualificados. Problemas do texto: falta de sujeito (de solucionar); repetição de palavras; vírgula separando sujeito do verbo; elementos articuladores inadequados (não se dá pelos processos burocráticos); acentuação gráfica adequada ausente. Texto E- Há um manto de impunidade aos nossos líderes corruptos que desviam dinheiro que deveriam ser destinados a projetos educativos, a hospitais de saúde e desenvolvimento sustentável, através de empresas fantasmas, projetos de super faturação econômico, e centro de ongs que não seguem padrões propostos em projetos. Problemas do texto: afirmação categórica; concordância; falta de conexão sintática entre as informações apresentadas no texto; desrespeito às regras de colocação pronominal; redundância ou pleonasmo; falta de conexão lógica (como se desvia dinheiro do desenvolvimento sustentável); inadequação vocabular (super faturação); sigla escrita com letra minúscula. REFERÊNCIAS BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. CUNHA, C. & CINTRA, L. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. FÁVERO, Leonor L. et alii. Oralidade e escrita: perspectivas para o ensino de língua materna. São Paulo: Cortez, 2005. LUFT, C. P. Moderna gramática brasileira. Edição revista e atualizada por M. Módulo e M. E. Viaro. São Paulo: Globo, 2002. MARCUSCHI, Luís Antônio. Concepção de língua falada nos manuais de português de 1º. e 2º. Graus: uma visão crítica. Trabalhos em Lingüística Aplicada, 30: 39-79, 1997. ______. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, 2001. PERINI, M. A. Gramática do português brasileiro. São Paulo: Parábola, 2010. SQUARISI, Dad; SALVADOR, Arlete. Escrever melhor: guia para passar os textos a limpo. 2. Ed. São Paulo: Contexto, 2011.