Albert Eckhout Artista Plástico Domínio Holandês Nasceu em 1610 e faleceu em 1665 Observação Encarecemos aos eventuais leitores que, caso detenham informações que possam enriquecer este verbete, encaminhá-las à Fundação José Augusto através do seu Centro de Estudos e Pesquisas Juvenal LamartineCEPEJUL, situado na Rua Jundiaí, 641, Tirol, CEP 59020-120, ou, pelo E-mail [email protected] ECKHOUT, Albert - Nasceu em Croningen, Holanda, em 1610. Integrou a comitiva de Maurício de Nassau (16041680), junto com outros artistas como Zacharias Wagner (*) e Franz Post (V. “POST, Franz Janszoon”, Século XVII), durante os oito anos de estada no Brasil (1637-1644). Eckhout retratou e fixou com fidelidade (era minucioso, rigorosamente detalhista e de debuxo preciso) a paisagem tropical, a vida agrícola, a dinâmica dos engenhos; as matas, os campos e o que ali pontificava: a flora, a fauna, o homem. Ganhavam vida em suas telas o negro, o índio e a mestiçagem, afeitos à terra comum; o habitat indígena, seus costumes, danças, vestes, apetrechos e adereços, derivando em amplo documentário de significativa expressão etnográfica. Para Fernando de Azevedo (A Cultura Brasileira, p. 436), essa percepção da realidade e capacidade comunicativa não são atributos exclusivos de Eckhout: Durante a sua permanência no Brasil, os pintores holandeses estudaram e fixaram, em suas telas e desenhos (...), a paisagem, aspectos da vida e da técnica agrícola dos engenhos e tipos locais, negros, índios e mestiços. Daí a originalidade e o interesse histórico e geográfico dessas produções artísticas, inspiradas no ambiente e impregnadas da cor local que os flamengos foram os primeiros a levar à Europa. O nome de Albert Eckhout - como dos demais - ficou esquecido por longo tempo, no entanto: Nos quinze grossos volumes da famosa Enciclopédia Universale dell’Arte nenhuma referência ao seu trabalho, ou nome, ou a qualquer de seus apelidos: Albert Eckholt, Aeckhout, Eeckhout, Eyckhout, Achout, d’Acov... (Clarival do Prado Valladares e Luiz Emygdio de Mello Filho, ALBERT ECKHOUT - A Presença da Holanda no Brasil, Século XVII, p. 20). Os mesmos autores referem outras fontes de importância similar e que, também, desconhecem o pintor. Joaquim de Souza Leão, em estudo publicado em 1958, menciona A Sereia Escandinava, de Argeu Guimarães, (1936), como sendo a primeira abordagem, no Brasil, a obra de A. Eckhout, (...) tanto das pinturas que se encontram em Copenhague quanto as do Theatrum Rerum Naturalium Brasiliae (Biblioteca de Cracóvia, Polônia), op. cit., p. 22. A propósito, já em 1942 Affonso de E. Taunay escrevera: Sobre a obra de Eckhout, há um capítulo sugestivo no recente livro A Sereia Escandinava, em que Argeu Guimarães desvenda o vulto pouco conhecido do pintor, fazendo-lhe a relação de quadros, que são os retratos mais antigos das raças ameríndias (Escorço Biográfico de Jorge Marcgrave, p. XXI, inserto em História Natural do Brasil, de Jorge Marcgrave). Mais recentemente (1976) seus quadros assumem posição de destaque e, daí em diante, sucessivas exposições os têm divulgado pelo mundo, especialmente os que tratam dos nativos: (...) os dois excelentes estudos de índio tapuia, em desenho a crayon, que se encontram na Biblioteca Pública de Berlim, bastariam para consagrá-lo entre os pintores da missão artística holandesa (Fernando de Azevedo, op. cit., p. 437). D. Pedro II, visitando o Museu Nacional de Copenhague (1876), visivelmente impressionado com o realismo que apresentam as telas de Albert Eckhout, encomendou cópias de várias delas, dentre as quais “Dança dos Tapuias”, “Índio Tapuia”, “Índio Tupi”, “Mulher Tapuia” e “Mulher Tupi com criança”. Faleceu em Groningen, sua terra, em 1665. Zacharias Wagner viera como “simples soldado” e se tornaria “escrivão doméstico do Conde”. Aproveitaria as horas de folga para desenhar e pintar, revelando-se mais tarde dono de extraordinária habilidade pictórica. Notabilizou-se com um livro sobre animais, o Thierbuch, conforme assinalam Clarival do Prado Valladares e Luiz Emygdio de Mello Filho (op. cit., p. 17). (*) Fonte: “Personalidades Históricas do Rio Grande do Norte (séc. XVI a XIX), Coordenação e redação Tarcisio Rosas. Natal: Fundação José Augusto - Centro de Estudos e Pesquisas Juvenal Lamartine-CEPEJUL, 1999. Págs. 44 / 45. Como Portugal comprou o Nordeste dos holandeses R$ 3 bilhões Em livro relançado, historiador brasileiro diz que lusitanos pagaram o equivalente a 63 toneladas de ouro para ter região de volta mesmo depois de derrotar holandeses no século 17. Luís Guilherme Barrucho - Da BBC Brasil em Londres Quadro do pintor brasileiro Victor Meirelles de Lima retrata Batalha dos Guararapes (1648/1649), que encerrou período do domínio holandês no Brasil (Foto: BBC/Wikipedia) Mesmo depois de terem sido derrotados, os holandeses receberam dos portugueses o equivalente a R$ 3 bilhões em valores atuais para devolver o Nordeste ao controle lusitano no século 17. O pagamento ─ que envolveu dinheiro, cessões territoriais na Índia e o controle sobre o comércio do chamado Sal de Setúbal – correspondeu à época a 63 toneladas de ouro, como conta Evaldo Cabral de Mello, historiador e imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), no livro "O negócio do Brasil", que está sendo relançado em uma nova edição ilustrada pela Editora Capivara, de Pedro Correia do Lago, ex-presidente da Fundação Biblioteca Nacional. A edição original foi lançada em 1998. Em valores atuais, o montante equivaleria a 480 milhões de libras esterlinas (ou cerca de R$ 3 bilhões). O cálculo foi feito à pedido da BBC Brasil por Sam Williamson, professor de economia da Universidade de Illinois, em Chicago, nos Estados Unidos, e co-fundador do Measuring Worth, ferramenta interativa que permite comparar o poder de compra do dinheiro ao longo da história. "Esta foi a solução diplomática para um conflito militar. O pagamento fez parte da negociação de paz. O que não quer dizer que a guerra não tenha sido necessária", afirmou Cabral de Mello à BBC Brasil. 'Pechincha' Bandeira da Nova Holanda, como ficou conhecida a colônia da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais no Brasil (Foto: BBC/Wikipedia) Os holandeses ocuparam o Nordeste por cerca de 30 anos, de 1630 a 1654, em uma área que se estendia do atual Estado de Alagoas ao Estado do Ceará. Eles também chegaram a conquistar partes da Bahia e do Maranhão, mas por pouco tempo. Por trás das invasões, havia o interesse sobre o controle do comércio e comercialização da matéria-prima. Isso porque, como conta Cabral de Mello, antes mesmo de ocupar o Nordeste, os holandeses já atuavam na economia brasileira com o apoio de Portugal, processando e refinando a cana de açúcar brasileira. Gravura holandesa retrata o cerco a Olinda em 1630 (Foto: BBC) "Quando o reino português foi incorporado pela Espanha, essa parceria acabou. Os espanhóis romperam esse acordo, que rendia altos lucros aos holandeses. Além disso, a relação entre os holandeses e os espanhóis já não era boa, já que a Holanda havia se tornado independente do império espanhol em 1581", diz o historiador. Durante o período em que ocuparam parte do Nordeste, os holandeses foram responsáveis por inúmeras mudanças importantes, inclusive urbanísticas, principalmente durante o governo de Johan Maurits von NassauSiegen, ou Maurício de Nassau. Com o intuito de transformar Recife na "capital das Américas", Nassau investiu em grandes reformas, tornando-a uma cidade cosmopolita. Apesar de benquisto, ele acabou acusado por improbidade administrativa e foi forçado a voltar à Europa em 1644. 'Sem heroísmo' Quadro do pintor espanhol Juan Bautista Maíno retrata reconquista de Salvador pelas tropas hispano-portuguesas (1635) (Foto: BBC) Naquele ano, Portugal já havia se separado da Espanha, mas demorou para enviar soldados para retomar o Nordeste. A região só foi reintegrada em janeiro de 1654. Cabral de Mello, que é especialista no período de domínio holandês, diz que a tese de que os holandeses foram expulsos pela valentia dos portugueses, índios e negros "não é completa". "Os senhores de engenho locais financiaram a luta pela expulsão dos holandeses, já que deviam mundos e fundos à Companhia das Índias Ocidentais, que lhe havia emprestado dinheiro. Eles, no entanto, não tinham como pagar a dívida", explica o historiador. "Os holandeses acabaram derrotados, mas não sem antes pressionar Portugal pelo pagamento dessa dívida, inclusive chegando a bloquear o Tejo (Rio Tejo). O pagamento não foi feito em ouro, mas um observador da época fez a correspondência para o metal precioso". "Portugal teve de pagar 10 mil cruzados aos holandeses. Também fez parte do acordo a transferência do controle de duas possessões territoriais portuguesas na Índia ─ Cranganor e Cochim ─ e o monopólio do comércio do Sal de Setúbal". Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/10/como-portugal-comprou-o-nordeste-dos-holandeses-r-3-bilhoes.html Notas Em 1621 - “Hoje podemos assegurar que Ambrósio Machado (de Carvalho, reza este documento) foi substituído por André Pereira Temudo. A carta de sua nomeação é de 18 de março de 1621 e foi publicada por Manuel Barata (op. cit., pág. 56), que dele diz: Por inexplicável omissão, nenhum dos cronistas que escrevem da conquista do Pará, nem mesmo Manuel Severim de Faria, diz uma única palavra de André Pereira; mas nem por isto é menos certo que como capitão de infantaria fez parte da expedição de Francisco Caldeira ao Pará”.. Em 1630 - Empregando-se assim o maior cuidado na defesa do porto e fortes, o mesmo havia para com as outras fortificações particularmente a do Rio Tapado, por ser a defesa do porto e praias de Pau-Amarelo, que estava a cargo do capitão André Pereira Temudo, que havia sido capitão-mor do Rio Grande. A maior razão vinha a ser que para as praias do Pau-Amarelo estava pronta à defesa a maior parte da gente que havia com o capitão André Pereira Temudo, e André Dias de Franca com a cavalaria. - As invasões holandesas não visavam o escambo, mas sim a exploração de cana-de-açúcar; - Em decorrência do patrocínio holandês para a vinda portuguesa, a Coroa de Portugal deu o monopólio do refino e comércio de açúcar; - Com a criação da União Ibérica, a Espanha proíbe a exploração e comércio de açúcar pela Holanda. Isto foi uma retaliação, pela Holanda ter se libertado da dominação espanhola. Com isso, houve uma desestruturação do comércio de açúcar na região; - A Espanha não teve o lucro esperado com este comércio, então, em 1609 instalou a Trégua dos 12 anos, liberando que a Holanda voltasse a explorar o comércio de açúcar; - A Trégua dos 12 anos não durou muito tempo, por causa da Guerra dos 30 anos, ocorrida na Europa entre católicos e protestantes. Holanda e Espanha estavam em lados opostos nessa guerra, acabando então, o pacto feito entre elas; - Em 1621, a Holanda forma a Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais( WIC), esta, ficou encarregada de tratar das questões no Atlântico e aplicar a filosofia holandesa; - Em 1624, a Holanda tenta invadir Salvador, por sua grande importância sendo a capital da colônia, entretanto, foram rapidamente expulsos; - Sem recursos financeiros para programar outra invasão, a WIC decide saquear a Frota da Prata Espanhola, a qual levava as riquezas encontradas nas colônias espanholas para a metrópole. Com o capital roubado, a Holanda expande sua frota e então invade Pernambuco( maior produtor de cana-de-açúcar); - A primeira fase da invasão foi de 1630 a 1637, e a Holanda sofreu com a não aceitação da população. Passado este período, iniciou-se o auge da cultura canavieira; - Então, de 1637 a 1644, Maurício de Nassau, um holandês, implementou diversas mudanças em Pernambuco, como por exemplo: a garantia de terra aos colonos, liberdade religiosa, empréstimos com juros baixos e venda de escravos a prazo. Com isso, houve o crescimento econômico de Recife e Olinda; - Em 1640, há a restauração portuguesa, dando fim a União Ibérica. Com medo de revolta portuguesa querendo retomar as terras, a Holanda, visando lucrar mais, faz um arrocho fiscal - todos os empréstimos foram cobrados, foi proibida a venda de escravos a prazo, caso algo não fosse pago por determinado colono, engenhos eram confiscados - fazendo assim, com que fosse perdido o apoio dos colonos; - Em 1644, Nassau é demitido; - De 1645 a 1654, ocorre a Insurreição Pernambucana. Com isso, os holandeses foram expulsos e passaram a explorar a cana-de-açúcar nas Antilhas, causando uma grande concorrência, levando o açúcar brasileiro a entrar em crise.