Aula Arritmias Prof. Carlos Peres 1ª parte – Transcrita por Mariana Santos (Slide 2) Vamos ver o que são arritmias. Primeiro, água mole pedra dura, tanto bate até que fura. Então, vocês devem saber essa seqüência de excitação. Essa é a seqüência normal. Às vezes você pode ter feixes anormais, que podem aparecer. Mas esses feixes anormais não nascem da noite para o dia. Somente quando você nasce com o feixe anormal e você registra desde a infância, você vai ter esse feixe. Então, não há feixes anormais que “nascem”. Eles nascem no momento que você nasceu, eles não aparecem mais tarde. Vamos ver quais são, eu vou mostrar para vocês alguns e quem vai produzir. Não esqueçam aqui do retardo, que é importante para levar um tempo para o ventrículo contrair, o átrio contrair e esvaziar o ventrículo. Após uma pergunta, o professor completa: o retardo são umas fibras de transição(acho que ele queria dizer que o retardo é provocado por umas fibras de transição), onde o estímulo leva tempo para atravessar, na transição do átrio para o ventrículo. (Slide 3) Agora vejam: nós já vimos a seqüência. Vamos ver como é o Sistema Nervoso Autônomo que controla o coração. É importante isso e vale a pena “bater” 2 ou 3 vezes. O vago para o nosso sistema circulatório, temos o seguinte: o vago direito vai para o lado direito do coração, mas ele vai só para os átrios. Então, átrio direito vai receber fibras vagais direitas. Algumas fibras passam do direito para o esquerdo. Portanto, quando você estimula o lado direito, você vai ter a liberação da acetilcolina. A acetilcolina liberada vai hiperpolarizar as células cardíacas, as células nodais. Consequentemente, o que vai fazer o vago sobre as propriedades? Vai produzir bradicardia. Não façam isso, mas às vezes é feito: se você tiver pressão nos olhos é perigoso um pouco, você lentifica o seu coração e é através da estimulação vagal. Se você vai mergulhar na água, molhando um pano na sua face, a sua freqüência cardíaca diminui. Como? Estimulação vagal. Pessoas, moças, tensão prémenstrual. Devido ao aumento da motilidade uterina, o que se sucede? Você estimula o vago. Ali, elas têm hipotensão, ficam mais tontas. Então, sempre que você mexe com suas vísceras, você vai estimular o nervo vago. Por isso que pessoas, quando vão ser operadas do abdômen, de vísceras, sempre usam uma droga chamada atropina(não sei se é atropina ou tropina, mas acho que é atropina), a gente vai discutir isso. A atropina bloqueia o vago. Então, moral da lição: vago direito para o lado/ átrio direito do coração. Vago esquerdo vai também para o átrio esquerdo, só que tem uma diferença: quando se estimula o vago direito, ele diminui a atividade do nódulo sinoatrial. Quando você estimula o vago esquerdo, a ação bradicardizante não é tão marcante, mas a ação do prolongamento do intervalo PR. Que dizer, ele lentifica a transmissão do estímulo para os átrios. São diferenças pequenas. Sinoatrial influenciado pelo vago direito, diminui a freqüência. Quando você estimula o átrio esquerdo, a ação de diminuição da freqüência não é tão marcante; a ação de transmissão do estímulo do átrio para o ventrículo é mais marcante. Você lentifica, o intervalo PR aumenta. NÃO TEM FIBRAS VAGAIS PARA OS VENTRÍCULOS. O vago estimulado não tem ação direta sobre os ventrículos. Pergunta Quando você estimula o vago direito, você estimula o átrio direito. E, consequentemente, diminui/ lentifica as propriedades do coração, mas mais(acho que foi isso que ele disse) o automatismo e cronotropismo. Pergunta Se você estimular o vago esquerdo, ele vai ter ação sobre o átrio esquerdo mais do que a ação sobre o átrio direito. O coração tem automatismo, dromotropismo, cronotropismo, batmotropismo. Se o seu coração está íntegro e agora eu estimular o seu vago direito, ele vai agir sobre o átrio direito. Se eu estimular o vago esquerdo, ele vai agir sobre o átrio esquerdo. Pergunta Vejam bem. Eu tenho os dois átrios, tenho vago esquerdo e o vago direito. Então, o que sucede? Do lado do átrio direito, você tem a emergência do nódulo sinoatrial. Quando você estimula o vago direito, o vago direito vai agir sobre o lado direito do coração e é ali que se situa o nódulo sinoatrial. Por isso que você vai notar lentificação da freqüência. As fibras do vago esquerdo vão para o nódulo AV, então a ação de lentificação não é tão marcante. O que faz o nódulo AV? Ele é o corredor dos estímulos que vão do átrio para o ventrículo e ele produz lentificação aqui, diminui o dromotropismo, diminui a transmissão do estímulo. Quando se estimula o vago direito, você vai notar que a freqüência cardíaca diminui e não diminui o intervalo dos ? Quando se estimula o vago esquerdo, você vai notar a lentificação do intervalo PR Para reforçar, não tem fibras vagais para os ventrículos. Pergunta Existe uma pequena sobreposição, o predomínio é esse. * Pergunta O estímulo elétrico no coração nasce no NSA, atinge o átrio direito, atinge o átrio esquerdo. Isso é o estímulo normal, elétrico. Pergunta: “Vai do lado direito para o lado esquerdo através de quê?” Sincício miocárdio. Pergunta Você tem as fibras cardíacas. Sobre essas fibras você tem as fibras do nervo vago, que se você estimular, você tem essa ação. Se você cortar o coração, não tem nenhuma ação. Isso é um assunto interessante. Como seria o indivíduo com o coração transplantado? ? é só o coração mecânico. 2ª Parte – Transcrita por Mariana Guerra Muito bem, vamos ver os vasos. O professor Fabiano, não sei se disse a vocês que os vasos sangüíneos não têm terminações vagais, mas em contrapartida, os vasos sangüíneos têm receptores colinérgicos muscarínicos. Então veja uma coisa interessante: se eu der acetilcolina no sangue pelo coração, ele vai diminuir as propriedades do coração, vai diminuir a atividade elétrica do ventrículo e vai relaxar a musculatura lisa, porque a acetilcolina, você está injetando, mas se vc estimular o nervo vago ele não tem nenhuma ação sobre os vasos. Ele não relaxa os vasos. Quero que deixe isso muito bem fixado. Depois não digam que eu coloquei casca de banana. Portanto, quanto ao simpático, simpático direito acelera, vai para o coração, vai para os átrios, vai para os ventrículos, vai pros vasos. Simpático esquerdo tbm. Então no caso do simpático, vai depender do receptor que vc estimula. No caso do vago, depende do receptor, mas nesse caso só tem um tipo de receptor, que é o colinérgico. Pergunta...... Resposta: O vago tem ação sobre os átrios, sobre os ventrículos e vai ter ação sobre os vasos periféricos. Tem um ponto conhecido como conhecido como período vulnerável. Mas o que é esse período vulnerável? Quando vc estudo o músculo esquelético, vc estudo período refratário absoluto, período refratário relativo e período super normal. Não foi isso? Então, no período refratário absoluto veja: no potencial de ação cardíaco do miocárdio, compreende toda a parte 0 a parte 3(eu acho!). Existe um pequeno espaço na parte 3 do potencial cardíaco que corresponde ao período super normal. Então a pergunta é a seguinte: Como no ECG vc pode estimular e produzir o potencial de ação. Se eu estimular aqui não produz potencial de ação, pois aqui é o período refratário absoluto. Somente essa segunda parte da onda T corresponde ao período super normal e é conhecido como período vulnerável. Porque o ventrículo é susceptível à estimulação, vc estimulando aí, vc pode fazer com que o ventrículo despolarize. Por que isso tem importância? No caso de taquicardias, o ventrículo bate depressa e não dá tempo esvaziar. Portanto, nesses corações de taquicardia ventricular, o que que os médicos fazem? Eles aplicam um choque no ventrículo para despolarizar todo o coração, esperando que o nódulo sinoatrial assuma o comando. Então como ele vai fazer isso? Ele vai registrar no ECG, com um estimulador, vai escolher esse ponto, aperta o botão e aplica o choque. Porque se usar o choque aqui não têm ação. Então ele tem que saber em que ponto ele deve aplicar o choque. Então, período vulnerável é o período que o ventrículo é susceptível a uma nova estimulação quando se aplica o choque para reverter a taquicardia ventricular. Reverter significa voltar ao normal. Pergunta........... Resposta: Sim, choque elétrico. Para a linguagem do cardiologista vc usa esse termo: período vulnerável. Pra vcs e a mim fisiologista, pode ser tanto super normal como vulnerável. Pergunta..........Não. Período refratário relativo e super normal não são a mesma coisa. Pergunta...... No músculo esquelético vc tem três períodos de estimulação. Tem período refratário absoluto. Quando qualquer intensidade de estimulo, não faz com que ele despolariza. Tem o período refratário relativo que ele pode gerar potencial de ação com um estimulo maior e tem o período super normal onde um estímulo de valor menor produz. Pergunta...Aquilo é músculo esquelético. Aqui, no ECG, no coração, vc quer saber onde é esse período. Aqui está dizendo a vc esse é o período vulnerável. O período super normal onde é susceptível de aplicar o estimulo. Pergunta: O estimulo aplicado é maior do que ....? Sim. Vc tem desfibriladores e tem distúrbios da atividade elétrica do coração. Antigamente, a desfibrilação era feita manualmente. Vc põe eletrodos grandes em volta do coração no tórax e aplica o estimulo e era preciso monitorizar o ECG. Mas, hoje não se precisa fazer isso. Vc programa o estimulador para reconhecer a onda T na parte posterior e aplicar automaticamente o estimulo, porque humanamente naquele instante era difícil. Então, eletronicamente vc programa isso. Larissa faz uma pergunta sobre o slide e ele pede para corrigir, pois não se trata do período refratário relativo como no slide, mas sim, o super normal. O que eu quero mostrar nesse slide é a correspondência e quis mostrar o período refratário relativo e super normal. O período que eu quero chamar vulnerável é o instante de tempo susceptível a um novo estimulo. Pergunta..... Verdadeiramente tem, mas os dois ficam incorporados. Eu não vou entrar em discussão. Eu estou dizendo que a segunda parte da onda T é susceptível ao estimulo. Bom.... Desculpem, mas não consegui entender as perguntas. Bons estudos! 3ª parte – Transcrita por Marilia Buregio Agora vamos ver quais são os mecanismos responsáveis pelas arritmias. Então, se eu tenho uma arritmia, são duas alterações importantes ou a mistura das duas. Então eu posso ter distúrbios de impulso, tudo bem? O que é distúrbio de impulso? O estímulo, ele é formado normalmente, só que ele forma-se com maior freqüência ou com menor freqüência. Esse é distúrbio de geração de impulso. Também posso incluir aqui: o estímulo não se forma naquele local normal, o nodo sino-atrial, mas se forma em um outro ponto estranho. E temos alterações na condução de impulso. Já discutimos toda seqüência, por qualquer razão, uma área ao longo do trajeto faz com que o estímulo não passe ou passe com dificuldade. E essas são conhecidas como arritmias de condução de impulso. São conhecidas como bloqueio, a maioria. Também posso ter mistura dos dois tipos. Então vamos analisar o primeiro grupo: As anormalidades de condução de impulso. Então podem ser alterações no automatismo, por exemplo, você mergulha, tem a bradicardia do mergulho, você inspira, respira, Sem alteração do ritmo normal. Só que ele aumentou, o automatismo diminuiu. Ou geração do impulso em ponto fora do normal, que pode estar no miocárdio atrial ou no miocárdio ventricular. Hoje de manhã eu contei a história que às vezes ocorre, você tem um acidente de carro, danifica sua costela, sua costela fura seu ventrículo. E ele pode estimular a você ter arritmias estimulação mecânica quando você inspira e expira. Então, o distúrbio do automatismo cardíaco, os mais comuns, o local é o normal, só que ele diminui a freqüência do sino-atrial. Ali eu diminuo a freqüência e chamo bradicardia. O nó sinusal aumenta a freqüência, eu chamo taquicardia. E tenho a arritmia sinusal respiratória, ou inspiração acelera, ou inspiração lentifica. Também, o distúrbio do automatismo é provocado por um ponto de origem fora do normal que ocorre no ventrículo ou no átrio. E ali, os médicos, existe uma diferença entre a linguagem do fisiologista e a linguagem do clínico. O clínico vai dizer supra ventricular ou infraventricular, quando é supra ventricular nós chamamos arritmia atrial. Nós caracterizamos atrial, direita ou esquerda. E temos o que chamamos extra-sístoles atriais ou ventriculares. Neste caso, embora sístole signifique contração também é usada pra atividade elétrica. Ocorre de repente, por acaso, extra-sístoles ou despolarizações no átrio ou no ventrículo, como se você ficar acordado de noite, por várias noites seguidas, com preocupações, podem desenvolver extra-sístoles. [Pergunta] Não. A extra-sístole é gerada num ponto do coração, não é no sinoatrial. São células ventriculares ou atriais que despolarizam por qualquer razão. Não é automática contínua. Então aqui vejam, esse é um ECG normal, de 60 a 100bpm que é normal. Agora, voce pode ter diminuição do ritmo sinusal, um exemplo é o aumento de tônus vagal. Todos nós humanos temos uma predominância do nervo vago sobre o simpático, o nodo sino-atrial sofre influência do nervo vago. Como é que você pode saber isso? Se eu usar bloqueador do nervo vago, atropina é um exemplo, a nossa frequência cardíaca aumenta. Então quando voce tem susto, não dorme, diminui a frequencia, diminui débito, diminui pressão. Quando voce não dorme, sua pressão baixa. Bem aqui você tem o ECG normal e aqui você tem a bradicardia, a distancia entre um batimento e outro fica alargada. Temos taquicardia sinusal, quando se faz exercício, sua frequência cardíaca aumenta, o ECG está na sua forma normal, só que o número de despolarizações aumenta. Vejam onda P, está normal. Vamos ver o que taquicardia ventricular. Nela, o que é que eu noto? Não noto as ondas QRS que são ventriculares. Como é que você pode corrigir, tratar essa pessoa? Você teria que lentificar a atividade desse ventrículo. Então o que é que traz característica disso, os batimentos do ventrículos chegam a 120bpm. Agora vamos ver o que é extra-sístole, batimento anormal, extra que apareceu fora do tempo. Aqui é um ACG normal e de repente por qualquer razão o coração disparou. Pode ser por medicamento que você toma, por estímulo mecânico, se fura o coração, ou uma inflamação do pericárdio. Aqui está o foco ectópico, o marcapasso que devia estar aqui ele mudou, e naquele instante isolado ele foi aqui. Agora, visto as alterações do ritmo, de formação de impulso, gostaria de mostrar pra vocês os bloqueios de condução. O que é um bloqueio de primeiro grau, segundo e terceiro? Então o sistema de transmissão está com defeito, por qualquer razão o estímulo não passa do átrio pro ventrículo. Veja aqui, você tem a onda P, QRS, isso é normal. De repente, P despolarizou e o intervalo PR, segmento PR prolongou-se. Por quê? Porque houve lentificação além do normal. A faixa tolerável vai depender da frequência, é em volta de 0,19 ou 0,20 segundos. Se ele ficar a mais, significa que alguma coisa está interrompendo, prolongando. É o caso da doença de chagas, febre reumática, frequentemente produzem bloqueio. Aqui vejam, segundo grau, tem QRS normal, tem [?] QRS, não tem complexo ventricular, voltou ao normal, quer dizer, tem o batimento normal, um anormal, isso é conhecido como bloqueio do segundo grau. Vamos ver terceiro grau, bloqueio átrio-ventricular, ou de grau completo, nesse caso não há sincronia, as ondas P não estão relacionadas com o complexo ventricular, esse é o caso de bloqueio completo, aí depois você tem o tratamento, que não vamos falar agora.