Departamento de História PALAVRAS DO BRASIL – VOCABULÁRIO E EXPERIÊNCIA HISTÓRICA NO IMPÉRIO DO BRASIL Aluna: Beatriz Campos Pantaleão Orientador: Ilmar Rohloff de Mattos I – Relatório Técnico – Período: Agosto de 2009 – Julho de 2010 Este relatório tem por finalidade descrever as atividades realizadas por mim na pesquisa, ao longo desse ano que se passou. O projeto “Palavras do Brasil – Vocabulário e Experiência Histórica no Império do Brasil” conta com uma equipe composta pelo orientador professor Ilmar Rohloff de Mattos e pela pesquisadora bolsista Alessandra Gonzalez de Carvalho Seixlack e pesquisadora voluntária Vera Bastos-Tigre. • Práticas do Grupo Em nossa pesquisa mantemos a prática de encontros em reuniões semanais, quando realizamos leituras e discussões de textos, sob a forma de seminários. Os textos trabalhados podem ser tanto substantivos (historiográficos) quanto fontes primárias, e apresentam uma relação orgânica entre si. Uma outra atividade também realizada pelas pesquisadoras é a elaboração de relatórios e fichamentos, que respeitam o ritmo das leituras. Por meio dessa atividade torna-se possível questionar, pertinentemente, o texto lido, além de selecionar passagens relevantes para a compreensão dos conceitos como Nação, Soberania, Povo e Felicidade. No que diz respeito mais especificamente aos textos teóricos e às fontes primárias, aqueles são capítulos de livros e artigos de diversos autores; já estes situam-se em material editado e publicado sob a forma de livros e de revistas. Inicialmente, começamos na elaboração de uma cronologia do período de 1808 até 1831, focando nos acontecimentos ocorridos no Rio de Janeiro, nas demais províncias do Brasil, Portugal, Europa, América e África e traçando uma interligação entre essas localidades. Essa cronologia nos permitiu traçar o cenário mundial e o recorte dos anos de 1821 a 1823 que foi o principal foco da nossa pesquisa. 1 Departamento de História • Bibliografia Básica LEITURAS TEÓRICAS: ANDERSON, Benedict. Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. BANDEIRA, Julio e LAGO, Pedro Corrêa do. Debret e o Brasil, obra completa, 18161831. Rio de Janeiro: Capivara Editora Ltda, 2008. BOURDIEU,Pierre. A ilusão biográfica. IN: FERREIRA, Marieta de Moraes. Usos e abusos da História oral. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1996. BURKE, Peter. Testemunha Ocular, história e imagem. Bauru, São Paulo: EDUSC, 2004. FEBVRE, Lucien. Prólogo a Honra e pátria. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,1998. JASMIN, Marcelo Gantus e FERES JÚNIOR, João. “História dos conceitos: dois momentos de um encontro intelectual”. In: Marcelo Gantus Jasmin e João Feres Júnior (org.) História dos Conceitos. Debates e Perspectivas. Rio de Janeiro: Editora PUC-Rio Edições Loyola : IUPERJ, 2006 JASMIN, Marcelo, Lenguajes políticos em el mundo de la acción: historia conceptual y teoria política. Prismas. Revista de História Intelectual, 11, Buenos Aires, Editorial de la Universiad Nacional de Quilmes, 2007, pp.171-176. Traducción: Ada Solari (ISSN 1666-1508). KOSELLECK, Reinhart. Futuro Passado: a contribuição semântica dos tempo históricos. Rio de Janeiro: Contraponto/Editora PUC-Rio, 2006. KOSELLECK, Reinhart. Estudos Históricos. Rio de Janeiro: Contraponto/Editora PUC, vol.5, n.10, 1992. LIMA, Valéria. J.-B. Debret Historiador e Pintor. São Paulo: Editora Unicamp, 2007. NAVES, Rodrigo. A forma difícil. São Paulo: Editora Ática, 2001. PEREIRA, Luisa Rauter. Povo/Povos. IN: FERES JÚNIOR, João. Léxico da História dos Conceitos Políticos do Brasil. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009. 2 Departamento de História SILVA, Ana Cristina Fonseca Nogueira da. Nação federal ou Nação bi-hemisférica ? O Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves e o “modelo” colonial português do século XIX. IN: Almanaque Brasiliense 09, maio 2009, pp 68 ao 83. VIANNA, Hélio. História do Brasil. São Paulo: Editora Melhoramentos, 1962, vol 2. FONTES PRIMÁRIAS: BARATA, Cipriano. Sessão de 13 de agosto de 1822. Diário das Cortes Geraes, Extraordinárias, e Constituintes da Nação Portugueza, Lisboa, 1822. COSTA E SILVA, Alberto. “Cartas de um embaixador de Onim” In: Um Rio Chamado Atlântico. DEBRET, Jean Baptiste. Viagem Pitoresca e História do Brasil. São Paulo: Editora Martins, 1965. 4ª Edição, vol II. FERREIRA, Silvestre Pinheiro. Ideias Políticas. Rio de Janeiro: Editora Documentário, 1976. JAUCOURT, Chevalier de. Despostismo IN Diderot e D’Almabert, Verbetes Políticos da Enciclopédia. São Paulo: E. UNESP, 2006. CIPRO NETO, Pasquale. Nossa língua em letra e música. São Paulo: EP&A, 2002 IPANEMA, Marcello de (org.). Instrumentação da edição fac-similar do Revérbero Constitucional Fluminense,1821-1822. Rio de Janeiro: Edições Biblioteca Nacional, 2005. SALDANHA, José da Natividade, Argos Pernambucano, 1824. SILVA, José Bonifácio de Andrada e. Discurso na Assembléia Constituinte do Império do Brasil, Sessão de 15 de julho de 1823. Anais da Assembléia Constituiente, t.3, 1876, pp 88. VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. História da Independência do Brasil. Brasília: MEC/INL, 1972. II – Relatório Substantivo • Introdução Nesta etapa do projeto de pesquisa “Palavras do Brasil” focamos na trajetória individual de três importantes representantes da História do Brasil: Dom Pedro I, José Bonifácio e Jean Baptiste Debret. Esses três personagens estavam empenhados na construção 3 Departamento de História de um projeto de Nação brasileira e inseridos em um contexto de aceleradas transformações, onde conceitos como Nação, Soberania, Povo e Felicidade, também sofriam constantes mutações. Dentre os três personagens estive mais concentrada no percurso feito pelo pintor francês e no simbolismo das suas obras realizadas durante esse processo, destinando um olhar especial para as pinturas do Pano de Boca e da Aclamação de Dom Pedro quadros considerados ícones para o período abordado. • Objetivo O cenário político brasileiro no momento da Independência era bem conturbado, com muitas rebeliões que estouravam por todos os lados. Algumas províncias não aceitavam a supremacia do Rio de Janeiro e o autoritarismo de D. Pedro, entre elas teriam principal destaque a de Pernambuco, Pará e Bahia, chegando a preterir a independência, como alega em 1824 o pernambucano José da Natividade Saldanha que dizia preferir “antes ser livre e não ser independente, do que ser independente e não ser livre”1. D. Pedro estava em meio a um contexto onde deveria contornar os conflitos internos e também a pressão externa exercida pelas Cortes Portuguesas. No dia 7 de setembro voltando de Santos, quando se encontrava às margens do rio Ipiranga, D. Pedro recebe uma carta onde exigia o seu retorno imediato a Portugal. Como não estava de acordo com essa exigência declara a independência do Brasil em relação a sua antiga metrópole. O longo processo de emancipação culminou no dia 12 de outubro de 1822, e no dia 1 de dezembro do mesmo ano D. Pedro I é aclamado imperador. Nesse período se instaura um grande clima de euforia pelo país, com uma energia nacional que circulava entre as pessoas e o teatro, sendo considerado um local de democratização do cenário político não poderia ficar a margem desse momento. “E a regeneração nacional imprimiu repentinamente no estilo do Elogio, português de origem, a marca viril do paulista e do mineiro, cuja veracidade espiritual mais de uma vez apavorara os antigos ministros de Lisboa.” 2 1 SALDANHA, José da Natividade. Argos Pernambucano 1824 2 DEBRET, Jean Baptiste. Viagem Pitoresca e História do Brasil. São Paulo: Editora Martins, 1965. 4ª Edição, vol II. Pág.274 4 Departamento de História O Pano de Boca, uma das mais importantes obras de Debret irá marcar essa “regeneração nacional”. Nesse momento o povo embriagado de sentimentos como Liberdade, Independência e Felicidade se foca em dois principais objetivos: a preparação da cerimônia de coroação e de D. Pedro, como defensor perpétuo e Imperador constitucional do Brasil e com as atividades militares que buscavam expulsar as tropas portuguesas que se encontravam refugiadas. No Pano de Boca, Debret teve justamente a preocupação de deixar transparecer a participação desse povo entusiasmado e participativo dos acontecimentos políticos. É uma tela rica em personagens diversificados, onde cada detalhe tem seu significado. Debret consegue representar uma união entre os diferentes habitantes do Brasil: negro, índio, branco, soldado, crianças, caboclos, todos com a mesma “finalidade de representar uma fidelidade geral da população brasileira ao governo imperial ”3 Exposto pela primeira vez dia 1 de dezembro de 1822 no Teatro da Corte (atual Teatro João Caetano) por ocasião da aclamação de D. Pedro I Imperador o Pano de Boca provocou uma grande euforia entre os espectadores, uma tela que conservava a marca e o aspecto da província natal. A única modificação pedida por José Bonifácio foi a substituição das palmeiras por um motivo de arquitetura regular a fim de não haver nenhuma idéia de estado de selvageria. A intenção era justamente de representar a construção de um nova etapa da história de um país emancipado e com condições de crescer. As obras Jean Baptiste Debret apresentam uma enorme importância na história, onde o seu caráter documental pesa mais do que seu caráter artístico. Debret teve um preciosismo significativo em descrever cada prancha que realizava com riqueza de detalhes, o que se tornou o grande diferencial do seu trabalho, pois permitiu uma análise precisa dos elementos componentes das suas obras. A partir da análise de algumas de suas obras, principalmente o Pano de Boca e a Aclamação de Dom Pedro, junto com as respectivas descrições é fácil destacar passagens onde os conceitos de Nação, Soberania, Povo e Felicidade eram evidentes. Conceitos esses que ganhavam força a cada momento por refletir com muita intensidade o sentimento que fluía entre as pessoas naquele momento vivido no Brasil. Abaixo procurei destacar algumas passagens onde os conceitos citados acima encontram-se em evidência: DEBRET, Jean Baptiste. Viagem Pitoresca e História do Brasil. São Paulo: Editora Martins, 1965. 4ª Edição, vol II. Pág.274 3 5 Departamento de História NAÇÃO “ O sistema liberal estabelecido em Lisboa encontrara simpatias demasiado vivas entre os brasileiros para que não lhes inspirasse a resolução de manter a qualquer preço a integridade do seu território a fim de sonegá-lo à recolonização tentada pelos portugueses.” “Por isso, reconhecendo no jovem príncipe regente uma tendência natural para a equidade e um devotamento sincero ao bem público, tentaram a emancipação do Brasil nomeando-o Imperador.”4 “ Tendo o Senado do Rio de Janeiro comunicado ao povo a necessidade de erigir o Reino em Império independente, a fim de escapar ao domínio português, foi a sua resolução transmitida às províncias do interior que a ela aderiram por escrito.”5 “Às dez horas chegaram com grande pompa SS.MM., numa elegante carruagem, com criados libré verde e ouro, cores nacionais recém-adotadas.”6 4 PRANCHA 47 - Aclamação de D.Pedro I no Campo de Santa’Ana DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Pág. 270 5 PRANCHA 47 – Aclamação de D. Pedro, Imperador Constitucional do Brasil DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil, pág 76 6 PRANCHA 47 – Aclamação de D. Pedro, Imperador Constitucional do Brasil DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil, pág 77 6 Departamento de História “O fim do ano de 1822 foi de admirável entusiasmo no Rio de Janeiro: a independência fizera de D.Pedro o defensor perpétuo e Imperador constitucional do Brasil: por toda a parte via-se a energia nacional dividir-se entre os preparativos suntuosos da coroação e as atividades militares destinadas a rechaçar do território imperial os exércitos portugueses ainda refugiados em alguns pontos do Brasil.”7 “E a regeneração nacional imprimiu repentinamente no estilo do Elogio, português de origem, a marca viril do paulista e do mineiro, cuja veracidade mais de um vez apavorara os antigos ministros de Lisboa.”8 “ Famas lançam-se do interior da cúpula do templo para promulgar às quatro partes do mundo a emancipação do Brasil.”9 “O governo imperial é representado, nesse trono, por uma mulher sentada e coroada, vestindo uma túnica branca e o manto imperial brasileiro de fundo verde ricamente bordado a ouro, traz no braço esquerdo um escudo com as armas do 7 PRANCHA 49 – Pano de Boca executado para a representação extraordinária dada no teatro da corte por ocasião da coroação de D. Pedro I, Imperador do Brasil DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Pág. 274 8 PRANCHA 49 – Pano de Boca executado para a representação extraordinária dada no teatro da corte por ocasião da coroação de D. Pedro I, Imperador do Brasil DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Pág. 274 9 PRANCHA 49 – Pano de Boca executado para a representação extraordinária dada no teatro da corte por ocasião da coroação de D. Pedro I, Imperador do Brasil DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Pág. 275 7 Departamento de História Imperador e com a espada na mão direita sustenta as tábuas da Constituição brasileira.” 10 SOBERANIA “... cada uma dessas províncias elegeu um procurador geral encarregado de trazer a determinação assinada de todos os municípios respectivos e de representar, pessoalmente, no Rio de Janeiro, por ocasião da aclamação do Imperador.”11 “Às dez horas chegaram com grande pompa SS.MM., numa elegante carruagem, com criados libré verde e ouro, cores nacionais recém-adotadas.”12 “O presidente da Câmara avançou até S.M. e deu o sinal de silêncio. Restabelecendo-se a calma usou ele a palavra em nome do povo e dirigiu ao príncipe um discurso no qual, entre as expressões de respeito e de estima para sua augusta pessoa, manifestou o desejo unânime de celebrar esse dia para sempre memorável, oferecendo-lhe, por aclamação do povo, o título de Imperador constitucional e defensor perpétuo do Brasil.”13 10 PRANCHA 49 – Pano de Boca executado para a representação extraordinária dada no teatro da corte por ocasião da coroação de D. Pedro I, Imperador do Brasil DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Pág. 275 11 PRANCHA 47 – Aclamação de D. Pedro, Imperador Constitucional do Brasil DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil, pág 77 12 PRANCHA 47 – Aclamação de D. Pedro, Imperador Constitucional do Brasil DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil, pág 77 13 PRANCHA 47 – Aclamação de D. Pedro, Imperador Constitucional do Brasil DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil, pág 77 8 Departamento de História “O imperador saiu pela passagem interna, que conduz da capela ao palácio, e dirigiu-se para a sala do trono onde se realizou o primeiro beija-mão imperial.”14 “Por isso, reconhecendo no jovem príncipe regente uma tendência natural para a equidade e um devotamento sincero ao bem público, tentaram a emancipação do Brasil nomeando-o Imperador.”15 “ O fim do ano de 1822 foi de admirável entusiasmo no Rio de Janeiro: a independência fizera de D.Pedro o defensor perpétuo e Imperador constitucional do Brasil.”16 “Pintor do teatro, fui encarregado de nova tela, cujo bosquejo representava a fidelidade geral da população brasileira ao governo imperial., sentado em um trono coberto por uma rica tapeçaria estendida por cima de palmeiras.” 17 14 PRANCHA 47 – Aclamação de D. Pedro, Imperador Constitucional do Brasil DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil, pág 79 15 PRANCHA 47 - Aclamação de D.Pedro I no Campo de Santa’Ana DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Pág. 270 16 PRANCHA 49 – Pano de Boca executado para a representação extraordinária dada no teatro da corte por ocasião da coroação de D. Pedro I, Imperador do Brasil DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Pág. 274 17 PRANCHA 49 – Pano de Boca executado para a representação extraordinária dada no teatro da corte por ocasião da coroação de D. Pedro I, Imperador do Brasil DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Pág. 274 9 Departamento de História “ Então essa cena de fidelidade, vivamente sentida na presença do Imperador, causou todo o efeito que dela esperava o primeiro ministro.”18 “Não longe, uma indígena branca ajoelhada ao pé do trono e carregando à moda do país o mais velho de seus filhos, apresenta dois gêmeos recém-nascidos para os quais implora a assistência do governo, único esteio de sua jovem família durante a ausência do pai, que combate em defesa do território imperial.” 19 “ Logo após esse grupo, caboclos ajoelhados mostram com sua atitude respeitosa o primeiro grau de civilização que os aproxima do soberano.”20 POVO ”O povo desde cedo aglomerado no vasto recinto, atulhava o lado sul, ocupando todo o terreno até a varanda no palacete e 18 PRANCHA 49 – Pano de Boca executado para a representação extraordinária dada no teatro da corte por ocasião da coroação de D. Pedro I, Imperador do Brasil DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Pág. 274 19 PRANCHA 49 – Pano de Boca executado para a representação extraordinária dada no teatro da corte por ocasião da coroação de D. Pedro I, Imperador do Brasil DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Pág. 275 20 PRANCHA 49 – Pano de Boca executado para a representação extraordinária dada no teatro da corte por ocasião da coroação de D. Pedro I, Imperador do Brasil DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Pág. 275 10 Departamento de História aguardando com impaciência o momento da aclamação do Imperador do Brasil.”21 ”Esse primeiro aparecimento provocou aclamações unânimes do povo reunido no largo.”22 “O presidente da Câmara avançou até S.M. e deu o sinal de silêncio. Restabelecendo-se a calma usou ele a palavra em nome do povo e dirigiu ao príncipe um discurso no qual, entre as expressões de respeito e de estima para sua augusta pessoa, manifestou o desejo unânime de celebrar esse dia para sempre memorável, oferecendo-lhe, por aclamação do povo, o título de Imperador constitucional e defensor perpétuo do Brasil.”23 “Logo em seguida o presidente comunicou ao povo a resposta do Imperador e deu sinal dos diferentes vivas, pronunciados na seguinte ordem e repetidos com entusiasmo...”24 “...e atrás dos soldados se comprimia um séquito numeroso de povo que vinha acompanhando o cortejo desde o Campo de Sant’Ana e que, aumentando a cada passo, prolongava 21 PRANCHA 47 – Aclamação de D. Pedro, Imperador Constitucional do Brasil DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil, pág 77 22 PRANCHA 47 – Aclamação de D. Pedro, Imperador Constitucional do Brasil DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil, pág 77 23 PRANCHA 47 – Aclamação de D. Pedro, Imperador Constitucional do Brasil DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil, pág 77 24 PRANCHA 47 – Aclamação de D. Pedro, Imperador Constitucional do Brasil DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil, pág 78 11 Departamento de História tumultuosamente o eco dos vivas que se sucediam durante o trajeto.”25 “E a regeneração nacional imprimiu repentinamente no estilo do Elogio, português de origem, a marca viril do paulista e do mineiro, cuja veracidade mais de um vez apavorara os antigos ministros de Lisboa.” 26 “Índios armados e voluntariamente reunidos aos soldados brasileiros enchem o fundo do templo fechado por uma tapeçaria e rodeiam o trono.”27 “No segundo plano um ancião paulista, apoiado a um de seus jovens filhos que carrega o fuzil a tiracolo, protesta fidelidade: atrás dele outros paulistas e mineiros, igualmente dedicados e entusiasmados, exprimem seus sentimentos de sabre na mão.”28 25 PRANCHA 47 – Aclamação de D. Pedro, Imperador Constitucional do Brasil DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil, pág 78 26 PRANCHA 49 – Pano de Boca executado para a representação extraordinária dada no teatro da corte por ocasião da coroação de D. Pedro I, Imperador do Brasil DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Pág. 274 27 PRANCHA 49 – Pano de Boca executado para a representação extraordinária dada no teatro da corte por ocasião da coroação de D. Pedro I, Imperador do Brasil DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Pág. 275 28 PRANCHA 49 – Pano de Boca executado para a representação extraordinária dada no teatro da corte por ocasião da coroação de D. Pedro I, Imperador do Brasil DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Pág. 275 12 Departamento de História FELICIDADE ”Esse primeiro aparecimento provocou aclamações unânimes do povo reunido no largo.”29 “Logo em seguida o presidente comunicou ao povo a resposta do Imperador e deu sinal do diferentes vivas, pronunciados na seguinte ordem e repetidos com entusiasmo... ” 30 “...e atrás dos soldados se comprimia um séquito numeroso de povo que vinha acompanhando o cortejo desde o Campo de Sant’Ana e que, aumentando a cada passo, prolongava tumultuosamente o eco dos vivas que se sucediam durante o trajeto.”31 “Os músicos e os cantores da capela rivalizaram entre si em talento e entusiasmo para completar o efeito do belo conjunto musical a que se haviam acrescentado alguns novos solos. Em resumo, tudo no templo parecia adquirir energia e nobreza, coisa até então desconhecida aos olhares dos brasileiros, os quais se retiraram comovidos a um tempo de orgulho e esperança.”32 29 PRANCHA 47 – Aclamação de D. Pedro, Imperador Constitucional do Brasil DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil, pág 77 30 PRANCHA 47 – Aclamação de D. Pedro, Imperador Constitucional do Brasil DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil, pág 78 31 PRANCHA 47 – Aclamação de D. Pedro, Imperador Constitucional do Brasil DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil, pág 78 32 PRANCHA 47 – Aclamação de D. Pedro, Imperador Constitucional do Brasil DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil, pág 79 13 Departamento de História • Conclusão Podemos concluir que em um momento de aceleradas transformações, advindas sobretudo da Revolução Francesa, nossos três personagens Dom Pedro, José Bonifácio e Debret se encontram com o objetivo de um projeto político que se caracterizava por um processo de construção do Estado imperial do Brasil, de maneira autônoma e dando uma nova roupagem para os conceitos que circulavam naquele cenário e que expressavam a democratização, a politização, a ideologização e a temporalização do vocabulário. Apesar de ter sido alvo de críticas de algumas Províncias que compunham o Império do Brasil, como também das Cortes Portuguesas o projeto de Nação brasileira tem início e as obras de Debret foram o melhor símbolo para ilustrar esse momento. 14