palavras do brasil – vocabulário e experiência histórica - PUC-Rio

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Departamento de História
PALAVRAS DO BRASIL – VOCABULÁRIO E EXPERIÊNCIA
HISTÓRICA NO IMPÉRIO DO BRASIL
Aluna: Beatriz Campos Pantaleão
Orientador: Ilmar Rohloff de Mattos
I – Relatório Técnico – Período: Agosto de 2009 – Julho de 2010
Este relatório tem por finalidade descrever as atividades realizadas por mim na pesquisa, ao
longo desse ano que se passou. O projeto “Palavras do Brasil – Vocabulário e Experiência
Histórica no Império do Brasil” conta com uma equipe composta pelo orientador professor
Ilmar Rohloff de Mattos e pela pesquisadora bolsista Alessandra Gonzalez de Carvalho
Seixlack e pesquisadora voluntária Vera Bastos-Tigre.
• Práticas do Grupo
Em nossa pesquisa mantemos a prática de encontros em reuniões semanais, quando
realizamos leituras e discussões de textos, sob a forma de seminários. Os textos trabalhados
podem ser tanto substantivos (historiográficos) quanto fontes primárias, e apresentam uma
relação orgânica entre si.
Uma outra atividade também realizada pelas pesquisadoras é a elaboração de relatórios
e fichamentos, que respeitam o ritmo das leituras. Por meio dessa atividade torna-se possível
questionar, pertinentemente, o texto lido, além de selecionar passagens relevantes para a
compreensão dos conceitos como Nação, Soberania, Povo e Felicidade.
No que diz respeito mais especificamente aos textos teóricos e às fontes primárias,
aqueles são capítulos de livros e artigos de diversos autores; já estes situam-se em material
editado e publicado sob a forma de livros e de revistas.
Inicialmente, começamos na elaboração de uma cronologia do período de 1808 até
1831, focando nos acontecimentos ocorridos no Rio de Janeiro, nas demais províncias do
Brasil, Portugal, Europa, América e África e traçando uma interligação entre essas
localidades. Essa cronologia nos permitiu traçar o cenário mundial e o recorte dos anos de
1821 a 1823 que foi o principal foco da nossa pesquisa.
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• Bibliografia Básica
LEITURAS TEÓRICAS:
ANDERSON, Benedict. Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão
do nacionalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
BANDEIRA, Julio e LAGO, Pedro Corrêa do. Debret e o Brasil, obra completa, 18161831. Rio de Janeiro: Capivara Editora Ltda, 2008.
BOURDIEU,Pierre. A ilusão biográfica. IN: FERREIRA, Marieta de Moraes. Usos e abusos
da História oral. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1996.
BURKE, Peter. Testemunha Ocular, história e imagem. Bauru, São Paulo: EDUSC, 2004.
FEBVRE, Lucien. Prólogo a Honra e pátria. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,1998.
JASMIN, Marcelo Gantus e FERES JÚNIOR, João. “História dos conceitos: dois momentos
de um encontro intelectual”. In: Marcelo Gantus Jasmin e João Feres Júnior (org.)
História dos Conceitos. Debates e Perspectivas. Rio de Janeiro: Editora PUC-Rio
Edições Loyola : IUPERJ, 2006
JASMIN, Marcelo, Lenguajes políticos em el mundo de la acción: historia conceptual y
teoria política. Prismas. Revista de História Intelectual, 11, Buenos Aires, Editorial
de la Universiad Nacional de Quilmes, 2007, pp.171-176. Traducción: Ada Solari
(ISSN 1666-1508).
KOSELLECK, Reinhart. Futuro Passado: a contribuição semântica dos tempo históricos.
Rio de Janeiro: Contraponto/Editora PUC-Rio, 2006.
KOSELLECK, Reinhart. Estudos Históricos. Rio de Janeiro: Contraponto/Editora PUC,
vol.5, n.10, 1992.
LIMA, Valéria. J.-B. Debret Historiador e Pintor. São Paulo: Editora Unicamp, 2007.
NAVES, Rodrigo. A forma difícil. São Paulo: Editora Ática, 2001.
PEREIRA, Luisa Rauter. Povo/Povos. IN: FERES JÚNIOR, João. Léxico da História dos
Conceitos Políticos do Brasil. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009.
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SILVA, Ana Cristina Fonseca Nogueira da. Nação federal ou Nação bi-hemisférica ? O
Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves e o “modelo” colonial português do
século XIX. IN: Almanaque Brasiliense 09, maio 2009, pp 68 ao 83.
VIANNA, Hélio. História do Brasil. São Paulo: Editora Melhoramentos, 1962, vol 2.
FONTES PRIMÁRIAS:
BARATA, Cipriano. Sessão de 13 de agosto de 1822. Diário das Cortes Geraes,
Extraordinárias, e Constituintes da Nação Portugueza, Lisboa, 1822.
COSTA E SILVA, Alberto. “Cartas de um embaixador de Onim” In: Um Rio Chamado
Atlântico.
DEBRET, Jean Baptiste. Viagem Pitoresca e História do Brasil. São Paulo: Editora
Martins, 1965. 4ª Edição, vol II.
FERREIRA, Silvestre Pinheiro. Ideias Políticas. Rio de Janeiro: Editora Documentário,
1976.
JAUCOURT, Chevalier de. Despostismo IN Diderot e D’Almabert, Verbetes Políticos da
Enciclopédia. São Paulo: E. UNESP, 2006.
CIPRO NETO, Pasquale. Nossa língua em letra e música. São Paulo: EP&A, 2002
IPANEMA, Marcello de (org.). Instrumentação da edição fac-similar do Revérbero
Constitucional Fluminense,1821-1822. Rio de Janeiro: Edições Biblioteca Nacional,
2005.
SALDANHA, José da Natividade, Argos Pernambucano, 1824.
SILVA, José Bonifácio de Andrada e. Discurso na Assembléia Constituinte do Império do
Brasil, Sessão de 15 de julho de 1823. Anais da Assembléia Constituiente, t.3, 1876,
pp 88.
VARNHAGEN, Francisco Adolfo de.
História da Independência do Brasil. Brasília:
MEC/INL, 1972.
II – Relatório Substantivo
• Introdução
Nesta etapa do projeto de pesquisa “Palavras do Brasil” focamos na trajetória
individual de três importantes representantes da História do Brasil: Dom Pedro I, José
Bonifácio e Jean Baptiste Debret. Esses três personagens estavam empenhados na construção
3
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de um projeto de Nação brasileira e inseridos em um contexto de aceleradas transformações,
onde conceitos como Nação, Soberania, Povo e Felicidade, também sofriam constantes
mutações. Dentre os três personagens estive mais concentrada no percurso feito pelo pintor
francês e no simbolismo das suas obras realizadas durante esse processo, destinando um olhar
especial para as pinturas do Pano de Boca e da Aclamação de Dom Pedro
quadros
considerados ícones para o período abordado.
• Objetivo
O cenário político brasileiro no momento da Independência era bem conturbado, com
muitas rebeliões que estouravam por todos os lados. Algumas províncias não aceitavam a
supremacia do Rio de Janeiro e o autoritarismo de D. Pedro, entre elas teriam principal
destaque a de Pernambuco, Pará e Bahia, chegando a preterir a independência, como alega em
1824 o pernambucano José da Natividade Saldanha que dizia preferir “antes ser livre e não
ser independente, do que ser independente e não ser livre”1. D. Pedro estava em meio a um
contexto onde deveria contornar os conflitos internos e também a pressão externa exercida
pelas Cortes Portuguesas. No dia 7 de setembro voltando de Santos, quando se encontrava às
margens do rio Ipiranga, D. Pedro recebe uma carta onde exigia o seu retorno imediato a
Portugal. Como não estava de acordo com essa exigência declara a independência do Brasil
em relação a sua antiga metrópole. O longo processo de emancipação culminou no dia 12 de
outubro de 1822, e no dia 1 de dezembro do mesmo ano D. Pedro I é aclamado imperador.
Nesse período se instaura um grande clima de euforia pelo país, com uma energia
nacional que circulava entre as pessoas e o teatro, sendo considerado um local de
democratização do cenário político não poderia ficar a margem desse momento.
“E a regeneração nacional imprimiu repentinamente no estilo
do Elogio, português de origem, a
marca viril do paulista e do
mineiro, cuja veracidade espiritual mais de uma vez apavorara
os antigos ministros de Lisboa.” 2
1
SALDANHA, José da Natividade. Argos Pernambucano 1824
2
DEBRET, Jean Baptiste. Viagem Pitoresca e História do Brasil. São Paulo: Editora Martins,
1965. 4ª Edição, vol II. Pág.274
4
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O Pano de Boca, uma das mais importantes obras de Debret irá marcar essa
“regeneração nacional”.
Nesse momento o povo embriagado de sentimentos como
Liberdade, Independência e Felicidade se foca em dois principais objetivos: a preparação da
cerimônia de coroação e de D. Pedro, como defensor perpétuo e Imperador constitucional do
Brasil e com as atividades militares que buscavam expulsar as tropas portuguesas que se
encontravam refugiadas. No Pano de Boca, Debret teve justamente a preocupação de deixar
transparecer a participação desse povo entusiasmado e participativo dos acontecimentos
políticos.
É uma tela rica em personagens diversificados, onde cada detalhe tem seu
significado. Debret consegue representar uma união entre os diferentes habitantes do Brasil:
negro, índio, branco, soldado, crianças, caboclos, todos com a mesma “finalidade de
representar uma fidelidade geral da população brasileira ao governo imperial ”3
Exposto pela primeira vez dia 1 de dezembro de 1822 no Teatro da Corte (atual Teatro
João Caetano) por ocasião da aclamação de D. Pedro I Imperador o Pano de Boca provocou
uma grande euforia entre os espectadores, uma tela que conservava a marca e o aspecto da
província natal.
A única modificação pedida por José Bonifácio foi a substituição das
palmeiras por um motivo de arquitetura regular a fim de não haver nenhuma idéia de estado
de selvageria. A intenção era justamente de representar a construção de um nova etapa da
história de um país emancipado e com condições de crescer.
As obras Jean Baptiste Debret apresentam uma enorme importância na história, onde o
seu caráter documental pesa mais do que seu caráter artístico. Debret teve um preciosismo
significativo
em descrever cada prancha que realizava com riqueza de detalhes, o que se
tornou o grande diferencial do seu trabalho, pois permitiu uma análise precisa dos elementos
componentes das suas obras.
A partir da análise de algumas de suas obras, principalmente o Pano de Boca e a
Aclamação de Dom Pedro, junto com as respectivas descrições é fácil destacar passagens
onde os conceitos de Nação, Soberania, Povo e Felicidade eram evidentes. Conceitos esses
que ganhavam força a cada momento por refletir com muita intensidade o sentimento que
fluía entre as pessoas naquele momento vivido no Brasil.
Abaixo procurei destacar algumas passagens onde os conceitos citados acima
encontram-se em evidência:
DEBRET, Jean Baptiste. Viagem Pitoresca e História do Brasil. São Paulo: Editora Martins,
1965. 4ª Edição, vol II. Pág.274
3
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NAÇÃO
“ O sistema liberal estabelecido em Lisboa encontrara
simpatias demasiado vivas entre os brasileiros para que não
lhes inspirasse a resolução de manter a qualquer preço a
integridade do seu território a fim de sonegá-lo à recolonização
tentada pelos portugueses.”
“Por isso, reconhecendo no jovem príncipe regente uma
tendência natural para a equidade e um devotamento sincero ao
bem público, tentaram a emancipação do Brasil nomeando-o
Imperador.”4
“ Tendo o Senado do Rio de Janeiro comunicado ao povo a
necessidade de erigir o Reino em Império independente, a fim
de escapar ao domínio português, foi a sua resolução
transmitida às províncias do interior que a ela aderiram por
escrito.”5
“Às dez horas chegaram com grande pompa SS.MM., numa
elegante carruagem, com criados libré verde e ouro, cores
nacionais recém-adotadas.”6
4
PRANCHA 47 - Aclamação de D.Pedro I no Campo de Santa’Ana
DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Pág. 270
5
PRANCHA 47 – Aclamação de D. Pedro, Imperador Constitucional do Brasil
DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil, pág 76
6
PRANCHA 47 – Aclamação de D. Pedro, Imperador Constitucional do Brasil
DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil, pág 77
6
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“O fim do ano de 1822 foi de admirável entusiasmo no Rio de
Janeiro: a independência fizera de D.Pedro o defensor perpétuo
e Imperador constitucional do Brasil: por toda a parte via-se a
energia nacional dividir-se entre os preparativos suntuosos da
coroação e as atividades militares destinadas a rechaçar do
território imperial os exércitos portugueses ainda refugiados em
alguns pontos do Brasil.”7
“E a regeneração nacional imprimiu repentinamente no estilo
do Elogio, português de origem, a marca viril do paulista e do
mineiro, cuja veracidade mais de um vez apavorara os antigos
ministros de Lisboa.”8
“ Famas lançam-se do interior da cúpula do templo para
promulgar às quatro partes do mundo a emancipação do
Brasil.”9
“O governo imperial é representado, nesse trono, por uma
mulher sentada e coroada, vestindo uma túnica branca e o
manto imperial brasileiro de fundo verde ricamente bordado a
ouro, traz no braço esquerdo um escudo com as armas do
7
PRANCHA 49 – Pano de Boca executado para a representação extraordinária dada no
teatro da corte por
ocasião da coroação de D. Pedro I, Imperador do Brasil
DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Pág. 274
8
PRANCHA 49 – Pano de Boca executado para a representação extraordinária dada no
teatro da corte por ocasião da coroação de D. Pedro I, Imperador do Brasil
DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Pág. 274
9
PRANCHA 49 – Pano de Boca executado para a representação extraordinária dada no
teatro da corte por ocasião da coroação de D. Pedro I, Imperador do Brasil
DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Pág. 275
7
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Imperador e com a espada na mão direita sustenta as tábuas da
Constituição brasileira.” 10
SOBERANIA
“... cada uma dessas províncias elegeu um procurador geral
encarregado de trazer a determinação assinada de todos os
municípios respectivos e de representar, pessoalmente, no Rio
de Janeiro, por ocasião da aclamação do Imperador.”11
“Às dez horas chegaram com grande pompa SS.MM., numa
elegante carruagem, com criados libré verde e ouro, cores
nacionais recém-adotadas.”12
“O presidente da Câmara avançou até S.M. e deu o sinal de
silêncio. Restabelecendo-se a calma usou ele a palavra em nome
do povo e dirigiu ao príncipe um discurso no qual, entre as
expressões de respeito e de estima para sua augusta pessoa,
manifestou o desejo unânime de celebrar esse dia para sempre
memorável, oferecendo-lhe, por aclamação do povo, o título de
Imperador constitucional e defensor perpétuo do Brasil.”13
10
PRANCHA 49 – Pano de Boca executado para a representação extraordinária dada no
teatro da corte por ocasião da coroação de D. Pedro I, Imperador do Brasil
DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Pág. 275
11
PRANCHA 47 – Aclamação de D. Pedro, Imperador Constitucional do Brasil
DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil, pág 77
12
PRANCHA 47 – Aclamação de D. Pedro, Imperador Constitucional do Brasil
DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil, pág 77
13
PRANCHA 47 – Aclamação de D. Pedro, Imperador Constitucional do Brasil
DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil, pág 77
8
Departamento de História
“O imperador saiu pela passagem interna, que conduz da
capela ao palácio, e dirigiu-se para a sala do trono onde se
realizou o primeiro beija-mão imperial.”14
“Por isso, reconhecendo no jovem príncipe regente uma
tendência natural para a equidade e um devotamento sincero ao
bem público, tentaram a emancipação do Brasil nomeando-o
Imperador.”15
“ O fim do ano de 1822 foi de admirável entusiasmo no Rio de
Janeiro: a independência fizera de D.Pedro o defensor perpétuo
e Imperador constitucional do Brasil.”16
“Pintor do teatro, fui encarregado de nova tela, cujo bosquejo
representava a fidelidade geral da população brasileira ao
governo imperial., sentado em um trono coberto por uma rica
tapeçaria estendida por cima de palmeiras.” 17
14
PRANCHA 47 – Aclamação de D. Pedro, Imperador Constitucional do Brasil
DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil, pág 79
15
PRANCHA 47 - Aclamação de D.Pedro I no Campo de Santa’Ana
DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Pág. 270
16
PRANCHA 49 – Pano de Boca executado para a representação extraordinária dada no
teatro da corte por ocasião da coroação de D. Pedro I, Imperador do Brasil
DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Pág. 274
17
PRANCHA 49 – Pano de Boca executado para a representação extraordinária dada no
teatro da corte por ocasião da coroação de D. Pedro I, Imperador do Brasil
DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Pág. 274
9
Departamento de História
“ Então essa cena de fidelidade, vivamente sentida na presença
do Imperador, causou todo o efeito que dela esperava o
primeiro ministro.”18
“Não longe, uma indígena branca ajoelhada ao pé do trono e
carregando à moda do país o mais velho de seus filhos,
apresenta dois gêmeos recém-nascidos para os quais implora a
assistência do governo, único esteio de sua jovem família
durante a ausência do pai, que combate em defesa do território
imperial.” 19
“ Logo após esse grupo, caboclos ajoelhados mostram com sua
atitude respeitosa o primeiro grau de civilização que os
aproxima do soberano.”20
POVO
”O povo desde cedo aglomerado no vasto recinto, atulhava o
lado sul, ocupando todo o terreno até a varanda no palacete e
18
PRANCHA 49 – Pano de Boca executado para a representação extraordinária dada no
teatro da corte por ocasião da coroação de D. Pedro I, Imperador do Brasil
DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Pág. 274
19
PRANCHA 49 – Pano de Boca executado para a representação extraordinária dada no
teatro da corte por ocasião da coroação de D. Pedro I, Imperador do Brasil
DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Pág. 275
20
PRANCHA 49 – Pano de Boca executado para a representação extraordinária dada no
teatro da corte por ocasião da coroação de D. Pedro I, Imperador do Brasil
DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Pág. 275
10
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aguardando com impaciência o momento da aclamação do
Imperador do Brasil.”21
”Esse primeiro aparecimento provocou aclamações unânimes
do povo reunido no largo.”22
“O presidente da Câmara avançou até S.M. e deu o sinal de
silêncio. Restabelecendo-se a calma usou ele a palavra em nome
do povo e dirigiu ao príncipe um discurso no qual, entre as
expressões de respeito e de estima para sua augusta pessoa,
manifestou o desejo unânime de celebrar esse dia para sempre
memorável, oferecendo-lhe, por aclamação do povo, o título de
Imperador constitucional e defensor perpétuo do Brasil.”23
“Logo em seguida o presidente comunicou ao povo a resposta
do Imperador e deu sinal dos diferentes vivas, pronunciados na
seguinte ordem e repetidos com entusiasmo...”24
“...e atrás dos soldados se comprimia um séquito numeroso de
povo que vinha acompanhando o cortejo desde o Campo de
Sant’Ana e que, aumentando a cada passo, prolongava
21
PRANCHA 47 – Aclamação de D. Pedro, Imperador Constitucional do Brasil
DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil, pág 77
22
PRANCHA 47 – Aclamação de D. Pedro, Imperador Constitucional do Brasil
DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil, pág 77
23
PRANCHA 47 – Aclamação de D. Pedro, Imperador Constitucional do Brasil
DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil, pág 77
24
PRANCHA 47 – Aclamação de D. Pedro, Imperador Constitucional do Brasil
DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil, pág 78
11
Departamento de História
tumultuosamente o eco dos vivas que se sucediam durante o
trajeto.”25
“E a regeneração nacional imprimiu repentinamente no estilo
do Elogio, português de origem, a marca viril do paulista e do
mineiro, cuja veracidade mais de um vez apavorara os antigos
ministros de Lisboa.” 26
“Índios armados e voluntariamente reunidos aos soldados
brasileiros enchem o fundo do templo fechado por uma
tapeçaria e rodeiam o trono.”27
“No segundo plano um ancião paulista, apoiado a um de seus
jovens filhos que carrega o fuzil a tiracolo, protesta fidelidade:
atrás dele outros paulistas e mineiros, igualmente dedicados e
entusiasmados, exprimem seus sentimentos de sabre na mão.”28
25
PRANCHA 47 – Aclamação de D. Pedro, Imperador Constitucional do Brasil
DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil, pág 78
26
PRANCHA 49 – Pano de Boca executado para a representação extraordinária dada no
teatro da corte por ocasião da coroação de D. Pedro I, Imperador do Brasil
DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Pág. 274
27
PRANCHA 49 – Pano de Boca executado para a representação extraordinária dada no
teatro da corte por ocasião da coroação de D. Pedro I, Imperador do Brasil
DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Pág. 275
28
PRANCHA 49 – Pano de Boca executado para a representação extraordinária dada no
teatro da corte por ocasião da coroação de D. Pedro I, Imperador do Brasil
DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Pág. 275
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Departamento de História
FELICIDADE
”Esse primeiro aparecimento provocou aclamações unânimes
do povo reunido no largo.”29
“Logo em seguida o presidente comunicou ao povo a resposta
do Imperador e deu sinal do diferentes vivas, pronunciados na
seguinte ordem e repetidos com entusiasmo... ” 30
“...e atrás dos soldados se comprimia um séquito numeroso de
povo que vinha acompanhando o cortejo desde o Campo de
Sant’Ana e que, aumentando a cada passo, prolongava
tumultuosamente o eco dos vivas que se sucediam durante o
trajeto.”31
“Os músicos e os cantores da capela rivalizaram entre si em
talento e entusiasmo para completar o efeito do belo conjunto
musical a que se haviam acrescentado alguns novos solos. Em
resumo, tudo no templo parecia adquirir energia e nobreza,
coisa até então desconhecida aos olhares dos brasileiros, os
quais se retiraram comovidos a um tempo de orgulho e
esperança.”32
29
PRANCHA 47 – Aclamação de D. Pedro, Imperador Constitucional do Brasil
DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil, pág 77
30
PRANCHA 47 – Aclamação de D. Pedro, Imperador Constitucional do Brasil
DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil, pág 78
31
PRANCHA 47 – Aclamação de D. Pedro, Imperador Constitucional do Brasil
DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil, pág 78
32
PRANCHA 47 – Aclamação de D. Pedro, Imperador Constitucional do Brasil
DEBRET, Jean Baptiste, A viagem pitoresca e histórica ao Brasil, pág 79
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Departamento de História
• Conclusão
Podemos concluir que em um momento de aceleradas transformações, advindas
sobretudo da Revolução Francesa, nossos três personagens Dom Pedro, José Bonifácio e
Debret se encontram com o objetivo de um projeto político que se caracterizava por um
processo de construção do Estado imperial do Brasil, de maneira autônoma e dando uma nova
roupagem para os conceitos que circulavam naquele cenário e que expressavam a
democratização, a politização, a ideologização e a temporalização do vocabulário.
Apesar de ter sido alvo de críticas de algumas Províncias que compunham o Império
do Brasil, como também das Cortes Portuguesas o projeto de Nação brasileira tem início e as
obras de Debret foram o melhor símbolo para ilustrar esse momento.
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