instituto federal de educação, ciência e tecnologia de santa

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E
TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA.
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE SAÚDE E SERVIÇO
CURSO TÉCNICO EM METEOROLOGIA
Angelica Silva Basilio
Elizabeth Guesser Leite
Kelly Cristina Lehmkuhl
Paula Huller Cruz Wilvert
Tuanny Steffane da Silva Rodrigues
TEMPESTADES: CICLO DE VIDA, PREVISÃO E IMPACTOS CAUSADOS À
SOCIEDADE.
Florianópolis
2013
2
Angelica Silva Basilio
Elizabeth Guesser Leite
Kelly Cristina Lehmkuhl
Paula Huller Cruz Wilvert
Tuanny Steffane da Silva Rodrigues
TEMPESTADES: CICLO DE VIDA, PREVISÃO E IMPACTOS CAUSADOS À
SOCIEDADE.
Trabalho
de
conclusão
de
módulo
submetido
ao
Instituto Federal de Santa Catarina como parte dos requisitos
para a conclusão do Módulo I do Curso Técnico de
Meteorologia.
Prof. Orientadora: Márcia Fuentes.
Florianópolis
2013
3
Angelica Silva Basilio
Elizabeth Guesser Leite
Kelly Cristina Lehmkuhl
Paula Huller Cruz Wilvert
Tuanny Steffane da Silva Rodrigues
TEMPESTADES: CICLO DE VIDA, PREVISÃO E IMPACTOS CAUSADOS À
SOCIEDADE.
Trabalho
de
conclusão
de
módulo
submetido
ao
Instituto Federal de Santa Catarina como parte dos requisitos
para a conclusão do Módulo I do Curso Técnico de
Meteorologia.
Prof. Orientadora: Márcia Fuentes.
Comissão examinadora
______________________________________
Profª Orientadora – Márcia Fuentes
______________________________________
Profº - Daniel Calearo
______________________________________
Profº - Amauri Antunes
Aprovada em______ de __________de_________
Florianópolis
2013
4
AGRADECIMENTOS
Agradecemos primeiramente à nossa orientadora Márcia Fuentes, pois seus auxílios, suas
explicações e sua dedicação foram essenciais para nos dar força e assim concluir a
monografia. Agradecemos também aos meteorologistas Daniel Bitencourt e Marilene de Lima
e também à Defesa Civil por nos conceder uma entrevista e melhorar nosso presente
conteúdo. E um agradecimento final a todos que acreditaram no nosso potencial e hoje podem
desfrutar um pouco do nosso conhecimento nesta monografia.
5
“Para ver o arco-íris, é preciso não temer a chuva”
Paulo Coelho
i
BASILIO, Angelica S, LEITE, Elizabeth G, LEHMKUHL, Kelly C, WILVERT, Paula H. C,
RODRIGUES, Tuanny S. S. Tempestades: ciclo de vida, previsão e impactos causados à
sociedade, 2013. Monografia, curso técnico em Meteorologia, Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Santa Catarina, IFSC, Florianópolis.
RESUMO
A presente monografia tem como objetivo apresentar os principais aspectos relativos às
tempestades. De uma forma dinâmica, pretende-se entender o ciclo de vida e os tipos
existentes de cumulonimbus (CB) que iniciam e morrem na troposfera, camada mais baixa
da atmosfera. Não só como também, pretende-se identificar os fortes impactos causados
pelos diferentes ingredientes (chuvas, raios...) que uma CB oferece, como morte por raios e
como perdas materiais por deslizamentos, como por exemplo. O assunto a ser discutido é de
extrema importância para a população, pois as previsões de tempo servem como alerta para
as pessoas se precaverem. O estudo das nuvens mais violentas existentes é de bastante
interesse do grupo, uma vez que o fenômeno natural apesar de ser muitas vezes destrutivo, é
também um fenômeno que enche os olhos e a mente de curiosidades.
PALAVRAS-CHAVE: Tempestades; Ciclo de vida; Impactos; Previsão.
ii
BASILIO, Angelica S, LEITE, Elizabeth G, LEHMKUHL, Kelly C, WILVERT, Paula H. C,
RODRIGUES, Tuanny S. S. Tempestades: ciclo de vida, previsão e impactos causados à
sociedade, 2013. Monografia, curso técnico em Meteorologia, Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Santa Catarina, IFSC, Florianópolis.
ABSTRACT
This monograph aims to present the main aspects of the storms. In a dynamic way, we intend
to understand the life cycle and the existing types of cumulonimbus (CB) that start and die in
the troposphere, the lowest layer of the atmosphere. Not only but also, have we intended to
identify strong impacts caused by the different ingredients (rain, lightning ...) that a CB
offers, such as death by lightning and material losses by landslides, for example. The subject
to be discussed is of utmost importance to the people because the weather forecasts serve as a
warning for people to beware. The study of clouds most violent existing is enough interest in
the group, since the natural phenomenon despite being often destructive, it is also a
phenomenon that fills the eye and mind of curiosities.
KEYWORDS: Storms; Life cycle; Impacts; Forecast.
iii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Grande cumulonimbus (CB) encobrindo o céu.........................................................2
Figura 2 - Tornado que atingiu o aeroporto internacional de Denver, nos Estados unidos em
junho de 2013.............................................................................................................................3
Figura 3 - CB em estágio de nascimento....................................................................................4
Figura 4- Cumulonimbus alimentando-se de ar quente da superfície e promovendo seu
crescimento.................................................................................................................................5
Figura 5- Estágio em que a CB já desenvolve raios, relâmpagos e trovões...............................5
Figura 6- Nuvem em estágio de amadurecimento, com ocorrências de chuva e de raios...........6
Figura 7- Modelo de uma CB em estágio dissipativo.................................................................6
Figura 8- Cumulonibus se dissipando após tempestade.............................................................7
Figura 9- Única célula de CB......................................................................................................8
Figura 10- Modelo empírico de uma única célula de cumulonimbus construído após análise de
90 voos dentro da nuvem............................................................................................................9
Figura 11- Tempestade de duas ou mais cumulonimbus...........................................................10
Figura 12- Desenho esquemático de uma nuvem de tempestade multicelular.........................10
Figura 13- Nuvem supercelular, a mais violenta de todas........................................................11
Figura 14- Morfologia de uma tempestade de supercelula no hs. A frente da tempestade
encontra-se na parte esquerda da figura e a traseira da tempestade na parte direita................12
Figura 15- Visão do topo da representação do radar em uma super célula clássica.................13
Figura 16- Visão do topo da representação do radar numa super célula de alta precipitação..13
Figura 17- Visão do topo da representação do radar em uma super célula de baixa
precipitação...............................................................................................................................13
Figura 18- Tornado cunha.........................................................................................................14
Figura 19- Landspout, tornado não supercélula........................................................................15
Figura 20- Tornado com duas colunas de ar.............................................................................15
Figura 21- Tornado de satélite..................................................................................................16
Figura 22- Tornado formado sob superfície marinha...............................................................16
Figura 23- Tipos de relâmpagos nuvem-solo, (A) negativos, (B)positivos..............................20
Figura 24- Ramificações dos diferentes tipos de relâmpagos. (A) Nuvem-solo, (B) solonuvem, (C) intra-nuvem, (D) da nuvem para o ar ou entre nuvens..........................................21
Figura 25- Esquema de uma supercélula..................................................................................22
iv
Figura 26- Figura esquemática do granizo dentro da nuvem...................................................23
Figura 27- Comparação de granizo com objeto........................................................................24
Figura 28- Radar meteorológico no estado do Rio de Janeiro..................................................25
Figura 29 – Imagem do satélite GOES10 do dia 08/09/2009 – 00:00h....................................30
Figura 30- Ginásio destruído em Guaraciaba (SC). .................................................................31
Figura 31- Propriedade de Pedro Paulo Schwaab – Linha Vinte e Quatro – Guaraciaba.........31
Figura 32- Casa caiu e família se protegeu embaixo da mesa em Linha Guataparema...........32
Figura 33- Árvore foi arrancada pela força do vento em Linha Guataparema.........................32
v
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1
2.
TEMPESTADES..................................................................................................................... 2
3.
CICLO DE VIDA DAS TEMPESTADES ............................................................................. 4
3.1.
Nascimento (estágio de cumulus)........................................................................................ 4
3.2.
Estágio maduro.................................................................................................................... 5
3.3.
Dissipação ........................................................................................................................... 6
4.
TIPOS DE NUVENS DE TEMPESTADES ........................................................................... 8
4.1.
Tempestade de Nuvens Isoladas.......................................................................................... 8
4.2.
Tempestade Multicelular ..................................................................................................... 9
4.3.
Tempestade de uma Supercélula ....................................................................................... 11
5.
INGREDIENTES DE UMA TEMPESTADE ...................................................................... 14
5.1.
Tornados ............................................................................................................................ 14
5.2.
Raios .................................................................................................................................. 19
5.3.
Vento ................................................................................................................................. 21
5.4.
Granizo .............................................................................................................................. 23
6.
PREVISÃO DE TEMPESTADES ........................................................................................ 25
7.
MEDIDAS DE PREVENÇÃO DE TEMPESTADES .......................................................... 27
vi
8.
GUARACIABA 2009 ........................................................................................................... 29
8.1.
A noite da tragédia ............................................................................................................ 29
8.2.
Danos Materiais................................................................................................................. 31
8.3.
Depoimentos...................................................................................................................... 32
9.
CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 34
Referências
1
1. INTRODUÇÃO
Existem vários tipos de nuvens, porém todas se distinguem da maior e mais violenta
de todas: a Cumulonimbus. Está nuvem está associada a fenômenos naturais como chuvas,
ventos fortes, raios, em alguns casos forma granizos em tamanhos grandes e também o
temido tornado. A nuvem Cumulonimbus, conhecida pela sigla CB tem como toda nuvem um
ciclo de vida. Este ciclo de vida se inicia no seu nascimento, passando pelo amadurecimento
e por final se dissipando. Além dos três estágios de vida, a nuvem CB ainda tem três
diferentes tipos, são eles: tempestade de nuvem isolada, tempestade multicelular e tempestade
de uma supercélula, sendo este último o mais raro, porém mais violento dentre os outros. A
previsibilidade das tempestades no Brasil é muito precária, porém já evoluiu bastante desde
os últimos anos. Juntamente com a previsibilidade de tempestades, a Defesa Civil tem um
papel de extrema importância para com os desastres que podem ser causados na sociedade.
Qualquer medida preventiva tomada antes do início de uma tempestade pode salvar muitas
vidas, pois as tempestades causam mortes por raios, deslizamentos devido ao excesso de
chuva, enchentes e milhares de outros fatores que podem causar mortes ou perdas materiais.
Um bom exemplo é o caso de Guaraciaba no extremo oeste de Santa Catarina, que no ano de
2009 causou estragos na região, além de deixar muitas pessoas mortas. As tempestades, por
fim, não são bem vindas, entretanto as nuvens cumulonimbus desempenham um papel
importante ao proporcionar chuva ao nosso planeta Terra.
2
2. TEMPESTADES
A tempestade é um fenômeno atmosférico marcado por ventos fortes, relâmpagos,
trovoadas, raios, chuvas e em tempestades severas pode inclusive ocorrer tornados, está
geralmente associada à nuvem CUMULONIMBUS, ilustrada na figura 1.
Fonte: National Severe Storms Laboratory (NSSL)
Figura 1- Grande cumulonimbus (CB) encobrindo o céu
A formação de uma nuvem de tempestade se dá através de três fatores: Umidade,
instabilidade – o aquecimento do ar próximo à superfície associado com o aumento da
umidade relativa faz com que o ar menos denso (quente) suba e o ar mais denso (frio) desça; e
por fim o levantamento que é a ascensão do ar.
As nuvens de tempestade tem um diâmetro de 10 a 20 km, alcançam de 5 a 10 km de
altitude e duram em média 30 a 90 minutos. Uma nuvem de tempestade contém algo em torno
de meio milhão de toneladas de gotículas de água e partículas de gelo de diferentes tamanhos,
das quais cerca de 20% atingem o solo sob a forma de chuva, os 80% restantes evaporam ou
simplesmente permanecem na atmosfera sob a forma de nuvens. As partículas que se
encontram dentro das nuvens tendem a ser levadas para cima por fortes correntes de ar
ascendentes com velocidades que variam entre poucos quilômetros por hora a 100 km/h. No
entanto, elas tendem a cair devido à força gravitacional. (Pinto, 2000)
Uma nuvem cumulonimbus madura tipicamente cresce a uma altura vertical de 10 km
ou mais. Conforme a nuvem cresce, seu topo pode espalhar-se devido ao efeito combinado
dos ventos de baixos e altos níveis. Isto dá ao topo da nuvem a forma de “bigorna”, que é
característica de CB.
Nuvens de tempestade podem se apresentar de dois modos: isoladas ou em grupos,
formando tempestades organizadas, como as multicelulares ou supercelulares. Ao longo de
sua vida, um tipo de tempestade pode evoluir para outro tipo, como por exemplo: uma única
célula de cumulonimbus pode se juntar a outras e formar uma tempestade multicelular.
3
A maioria das tempestades são de curta duração e não apresentam sinais severos
(exceto os relâmpagos). Contudo, uma ou outra tempestade pode ocasionalmente crescer mais
que a média e desenvolver uma estrutura interna muito diferente. As tempestades severas
estão associadas com rajadas de vento com força destrutiva (velocidade acima de 26 m s-¹),
granizos que podem exceder dois cm em diâmetro e até mesmo tornados, conforme ilustra a
figura 2. (Nascimento 2005)
Fonte: Metsul
Figura 2- Tornado que atingiu o aeroporto internacional de Denver, nos Estados unidos em junho de 2013
Estima-se que haja 40 mil ocorrências de tempestades a cada dia em todo o mundo,
sendo assim 14,6 milhões de ocorrências por ano. Tempestades são mais comuns durante o
verão e em regiões tropicais e temperadas, embora também ocorram em regiões próximas aos
polos e em outras estações do ano. Há mais ocorrência sobre os continentes do que sobre os
oceanos. (NOAA)
4
3. CICLO DE VIDA DAS TEMPESTADES
As tempestades de convecção têm sua formação em três fases, Nascimento,
Maturidade e Dissipação, que podem ter uma duração de aproximadamente uma hora.
3.1. Nascimento (estágio de cumulus)
Conforme as nuvens se desenvolvem, a transformação do vapor de água em partículas
líquidas ou sólidas da nuvem liberam grandes quantidades de calor latente. Isso mantém o ar
dentro da nuvem mais quente do que o ar que circula. A nuvem continua a crescer na
atmosfera instável enquanto estiver sendo alimentada por ar ascendente da superfície. Desta
forma, uma nuvem cúmulos pode apresentar um extenso desenvolvimento vertical em apenas
alguns minutos (figura3), desenvolvendo-se aproximadamente a partir de 7 km de altura,
neste estágio não há ocorrência de trovões e relâmpagos. (ICESS)
Fonte: NOAA
Figura 3- CB em estágio de nascimento
As correntes ascendentes de ar levam a formação de uma nuvem Cumuloninbus. Elas
são alimentadas por convergência de ar quente em superfície, como mostra a figura 4 e
intensificadas pela liberação de calor latente, resultado da condensação do vapor de água no
topo da nuvem, com isso tem-se o crescimento de cristais de gelo e a formação de partículas
de precipitação. (Frediani)
5
Fonte: Redmet
Figura 4- Cumulonimbus alimentando-se de ar quente da superfície e promovendo seu crescimento
3.2. Estágio maduro
Esta é a fase cuja nuvem cumulonimbus se desenvolve, tendo características mais
“maduras” (figura 5), as correntes ascendentes podem transportar até 8.000 toneladas de água
por minuto. O vapor d'água condensa ao colidir nas gotículas da nuvem, as quais aumentam
de tamanho à medida que vão sendo levadas para cima. Durante o estágio maduro acontecem
fenômenos como chuva, relâmpago, granizos ventos fortes e também há em algumas vezes a
ocorrência de tornados. (Redmet)
Fonte: NOAA
Figura 5- Estágio em que a CB já desenvolve raios, relâmpagos e trovões
Devido o crescimento, as gotículas de água e as partículas de gelo vão ficando cada
vez mais pesadas e a partir disso os movimentos descendentes começam a ocorrer. Deste
modo, com a queda da chuva e do granizo o ar descendente se intensifica junto da
intensificação das correntes de ar na horizontal, estas chamadas de frente de rajadas.
6
O diâmetro de uma nuvem é de tipicamente 10 km, porém, em alguns casos o
diâmetro da nuvem pode atingir dezenas de quilômetros, já o topo da nuvem pode atingir
alturas que variam de 8 a 20 km. Neste estágio os movimentos ascendentes e descendentes,
podem chegar a atingir velocidades bastante elevadas, podendo atingir 100 km/h. Devido a
influencia dos ventos, o topo da nuvem assemelha-se a uma bigorna apontada na direção do
vento (figura 6), esta que é basicamente formada a por cristais de gelo. (Pinto 2000)
Fonte: Redmet
Figura 6- Nuvem em estágio de amadurecimento, com ocorrências de chuva e de raios
3.3. Dissipação
Este estágio se inicia quando as correntes descendentes frias atingem o solo, a chuva
resfria o ar nos níveis mais baixos e nenhuma nova fonte de instabilidade está
presente. Segundo Pinto (2000), neste estágio as correntes de ar descendentes inibem novas
correntes ascendentes dentro da nuvem, a partir disso a nuvem começar a se dissipar,
prevalecendo assim as correntes de ar descendentes (figura 7).
Fonte: Redmet
Figura 7- Modelo de uma CB em estágio dissipativo
7
Neste estagio a intensidade das chuvas e dos relâmpagos são inapreciáveis. A altura
do topo da nuvem de tempestade neste estagio tende a diminuir até que a nuvem seja
totalmente dissipada. Os ventos nos níveis superiores espalham cristais de gelo, e a ultima
parte que resta da nuvem é a bigorna, assumindo uma forma semelhante a das nuvens
Altostratus e Cirrustratus (representada na figura 8).
Fonte: NOAA
Figura 8- Cumulonibus se dissipando após tempestade
8
4. TIPOS DE NUVENS DE TEMPESTADES
Houze (1993) analisa muitos aspectos dinâmicos de mesoescala das tempestades,
desde as menores tempestades isoladas que são as nuvens cumulonimbus isoladas, bem como
as tempestades maiores as quais são divididas em multicelulares ou supercélula. A partir de
então, descreve-se estas tempestades segundo este autor.
4.1. Tempestade de Nuvens Isoladas
Uma nuvem cumulonimbus, representada na figura 9 por uma única célula de CB,
possui característica muito própria como ser formada em sua parte superior por gelo e por
espalhar-se em forma de bigorna alisada, fibrosa ou estriada, enquanto na sua parte inferior
estas
nuvens
possuem
forma
de
torres
montanhosas
de
bulbos.
A figura 10 mostra o modelo dinâmico de uma nuvem cumulonimbus isolada, este modelo
empírico foi construído a partir de um experimento onde foram realizados cerca de 90 voos
atravessando nuvens cumuliformes.
Fonte: Xweather
Figura 9- Única célula de CB
9
Fonte: Houze (1993)
Figura 10- Modelo empírico de uma única célula de cumulonimbus construído após análise de 90 voos dentro da nuvem
Neste modelo percebe-se um lado mais jovem da nuvem onde as correntes ascendentes
mais intensas estão presentes, e também se percebe um lado mais maduro onde a
concentração de gelo é maior. O lado em desenvolvimento da nuvem é caracterizado por
correntes ascendentes, nesta região existem vários núcleos de forte ascendência e o topo de
cada corrente ascendente pode ser visualizada como uma torre de aproximadamente 1-3 km
na horizontal. Algumas torres chegam a atingir 0ºC e algumas gotas excedem os 20 µm, sendo
condições excelentes para o desenvolvimento de gelo. Nesse contexto, grandes concentrações
de partículas de gelo aparecem dentro de alguns minutos depois de a torre ter atingido a sua
altura máxima. As partículas de gelo estendem-se verticalmente através da nuvem em fios de
gelo, enquanto nos níveis mais baixos da nuvem eles estão em forma de granizo. As partículas
mais pesadas de gelo caem através das correntes de ar ascendentes e como algumas partículas
de gelo na maior parte da bigorna caem lentamente elas se derretem logo acima da isoterma
de 0ºC e caem em forma de chuva estratiforme.
4.2. Tempestade Multicelular
A significância das tempestades de nuvens isoladas (nuvens cumulonimbus
pequenas), em termos de precipitação ou danos (exceto pelos raios), é relativamente pequena,
uma simples célula de cumulonimbus passa a ter uma importância maior quando ela participa
da construção de um bloco de tempestades multicelulares mais amplas, conforme mostra a
figura 11.
10
Fonte: Xweather
Figura 11- Tempestade de duas ou mais cumulonimbus
Uma tempestade multicelular assume uma forma de organização ilustrada na figura
12.
Fonte: Houze (1993)
Figura 12- Desenho esquemático de uma nuvem de tempestade multicelular
Na figura 12, as células novas (em n + 1) formam-se no inicio da tempestade. À
medida que as células se movem durante a tempestade, elas passam por seus ciclos de vida.
No instante n + 1 e n, as células estão na fase de desenvolvimento, com correntes ascendentes
e crescimento das partículas de precipitação. Acima do nível de 0°C contém principalmente
partículas de gelo, cujo crescimento acontece pelo acúmulo de gelo.
As tempestades multicelulares são divididas em dois tipos: aglomerado multicelular e
linhas de instabilidade. As tempestades multicelulares aglomeradas são um grupo de células
em diferentes estágios se movendo em conjunto. As linhas de instabilidade são tempestades
em linhas, geralmente acompanhadas de rajadas de vento e fortes chuvas. Essas tempestades
11
tendem a passar rapidamente e podem ter centenas de quilômetros de comprimento e de
largura apenas entre 10 e 20 quilômetros. (NOOA National Severe Storms Laboratory)
4.3. Tempestade de uma Supercélula
Tempestades supercelulares são consideradas as maiores tempestades e embora sejam
mais raras, elas são mais violentas (figura 13). Elas duram em geral de 2 a 6 horas e são,
basicamente, caracterizadas por uma forte corrente de ar ascendente (com velocidades em
alguns casos maiores que 150 km/h). São diferenciadas por sua vorticidade que ocasiona os
tornados. O vórtice do tornado é visível como uma nuvem em forma de funil que se estende
na base da nuvem. Também é característica de uma supercélula o granizo em tamanhos
grandes, estes que são causados devido às correntes de ar ascendentes extremamente fortes
que incentivam o crescimento de granizo.
Fonte: National Severe Storms Laboratory (NSSL)
Figura 13- Nuvem supercelular, a mais violenta de todas
Segundo Nascimento, uma típica tempestade do tipo supercélula no hemisfério Sul se
desloca de noroeste para sudeste ou de leste para oeste. O que diferencia a super célula dos
outros tipos de tempestades é que ela possui uma profunda e persistente corrente vertical
ascendente de vento rotante, chamado de mesociclone, este que de todas as estruturas
morfológicas indicadas na figura 14 é a característica mais importante de uma tempestade de
supercélula.
12
Fonte: Nascimento, Ernani
Figura 14- Morfologia de uma tempestade de supercelula no hemisfério sul. A frente da tempestade encontra-se na parte esquerda da
figura e a traseira da tempestade na parte direita.
Existem quatro tipos de supercélulas: Clássica (figura 15), as quais são difíceis de
definir com precisão, são visivelmente identificadas por uma “parede” de nuvens bem
definida, uma base livre de chuva, uma corrente descendente na parte traseira, e áreas distintas
e separadas de corrente ascendente e descendente. Supercelular de alta precipitação (figura
16), estas frequentemente se formam em ambientes com alto grau de umidade atmosférica e
nos níveis médios com ventos fracos com relação à tempestade. A corrente vertical
ascendente tende a se tornar encoberta pela chuva o que dificulta a visualização das
características nos baixos níveis, incluindo a parede de nuvens e o tornado. Já as supercélulas
de baixa precipitação (figura 17), são formadas em ambientes com baixa umidade atmosférica
e este tipo de tempestade supercélula não está associada a muita precipitação, porém, é
caracterizada por formação de grandes granizos. Por fim, as supercélulas miniaturas são
versões menores das clássicas e geralmente ocorrem no inverno. (NOAA)
13
Fonte: NOAA
Figura 15- Visão do topo da representação do radar em
uma super célula clássica.
Fonte: NOAA
Figura 16- Visão do topo da representação do radar em
uma super célula de alta precipitação
Fonte: NOAA
Figura 17- Visão do topo da representação do radar em
uma super célula de baixa precipitação
O meio ambiente é um fator importante na organização de uma supercélula. Ventos
são provenientes de diferentes direções para causar a rotação. E, como a precipitação é
produzida na exaustão, os fortes ventos de altos níveis sopram a precipitação na direção do
vento.
14
5. INGREDIENTES DE UMA TEMPESTADE
5.1. Tornados
Segundo Voigt (2010), o tornado é uma violenta coluna de ar giratória, em formato de
nuvem funil, que se estende desde a nuvem de tempestade até tocar a superfície do solo. O
tornado torna-se visível por causa da poeira e sujeira levantadas do solo.
Existem diferentes tipos de tornados:
O tornado cunha (figura 18) é um dos tipos mais comuns. É reto nas laterais em forma
de funil. Geralmente é mais largo que alto. (Tempo João Pessoa)
Fonte: Tempo João Pessoa
Figura 18: Tornado cunha
Landspout (figura 19) é um tipo de tornado não supercélula. Eles normalmente se
formam quando uma tempestade está em sua fase de desenvolvimento, onde o movimento
ascendente da nuvem de desenvolvimento é mais forte. (Austrália severe wheater)
15
Fonte: Robert Elvington
Figura 19- Landspout, tornado não supercélula
Um tornado de vórtices múltiplos é um tipo de tornado no qual duas ou mais colunas
(figura 20) de ar giram ao redor de um centro comum. (Tempo João Pessoa)
Fonte: Ricardo Assumpção
Figura 20- Tornado com duas colunas de ar
Um tornado satélite (figura 21) é um tornado mais fraco que se forma perto de um
tornado mais forte, contido dentro do mesmo mesociclone. O tornado satélite parece estar
orbitando o tornado maior. (Tempo João Pessoa)
16
Fonte: Ricardo Assumpção
Figura 21- Tornado de satélite
As trombas d’água (figura 22) são tornados que se formam sobre corpos de água,
conectando-se às nuvens Cumulus ou Cumulonimbus. Elas são consideradas tornados por
apresentarem características similares a estes, como sua corrente de ar rotativa em forma de
cone. (Tempo João Pessoa)
Fonte: Ana Pini
Figura 22- Tornado formado sob superfície marinha
Oliveira afirma que o tornado acontece de natureza permanente e não
esporadicamente, eles acontecem com razoável frequência no estado Catarinense. Isso pode
ser afirmado se observarmos a tabela 1, que mostra as ocorrências de tornados e trombas
d’água no estado Catarinense entre 1996 e início de 2010.
17
Tabela 1: Tornados e Trombas d’Água ocorridos em Santa Catarina.
Fonte: Guaraciaba - Tornado 2009
Segundo Brooks, os tornados não podem ser classificados apenas pela sua largura e
pelo seu caminho percorrido, estas constantes possuem diversas possibilidades (gráficos 1 e
2). Em geral quanto maior a intensidade do tornado maior é a largura do cone, e maior é a sua
distância percorrida. Os tornados de força 0, pela escala Fujita, (F0) pode percorrer entre
dezenas a centenas de metros. Já os F1, F2, F3 e F4 percorrem de dezenas de metros a
centenas de quilômetros e sua largura pode variar de dezenas a milhares de metros. O tornado
18
mais intenso como o F5 geralmente apresentam largura de centenas de metros e se deslocam
por no mínimo dezenas de quilômetros até centenas de quilômetros. Abaixo uma figura onde
podemos ver a probabilidade do caminho percorrido por cada intensidade de tornado. Desta
forma, fica evidente que quanto mais intenso o tornado maior é a probabilidade de um longo
caminho percorrido, no entanto por vezes isso não acontece.
Fonte: Brooks
Gráfico 1- caminho percorrido por cada intensidade de tornado, desde o F0 ao F5.
Fonte: Brooks
Gráfico 2- largura do cone para cada intensidade de tornado, desde o F0 ao F5.
Então em 1971 foi criada a escala Fujita (tabela 2), a qual denomina a intensidade do
tornado pelas destruições por ele causadas. Essa escala tem seis níveis de intensidade,
variando entre o F0 (menos intenso) e o F5 (mais intenso).
19
Nível
Velocidade
do
Possível dano
vento
F0
64 – 116 km/h
Danos leves: quebra de galhos; arranca árvores de raízes
rasas; pode danificar postes de sinalização, semáforos e
chaminés.
F1
117-180 km/h
Danos moderados: materiais de telhado e revestimentos de
parede de vinil podem ser deslocados; casas móveis são
altamente vulneráveis e podem ser facilmente derrubadas das
fundações ou tombadas; motoristas podem perder o controle e
possivelmente capotar.
F2
181-253 km/h
Danos
consideráveis:
árvores
bem
enraizadas
são
facilmente arrancadas; casas móveis são destruídas; telhados
inteiros podem ser arrancados das casas; vagões e reboques
podem ser tombados; pequenos objetospodem se tornar
projéteis perigosos.
F3
254-332 km/h
Danos severos: florestas destruídas e a maioria das árvores
arrancadas do solo; trens inteiros são descarrilhados e
tombados; paredes e telhados são arrancados das casas.
F4
333-419 km/h
Danos devastadores: casas e outras pequenas contruções
podem ser inteiramente demolidas; carros podem ser
impulsionados pelo ar.
F5
420-511 km/h
Danos incríveis: carros tornam-se projéteis ao serem
arremessados pelo ar; casas inteiras são completamente
destruídas depois de arrancadas das fundações e arremessadas,
rolando a certa distância; estrutura de concreto reforçadas com
aço podem ser seriamente danificadas.
Tabela 2: Nível de classificação de tornados conforme escala Fujita de velocidade do vento, obtida de NOAA (2003).
5.2. Raios
20
Os raios (descargas elétricas) e os trovões (estrondos) constituem o que se chama de
relâmpago.
Pinto
(2000)
descreve
os
tipos
de
relâmpagos
abaixo:
Relâmpagos nuvem-solo:
Estes relâmpagos são divididos em dois tipos: negativos que transferem cargas
negativas da nuvem ao solo e representam 90% do total de relâmpagos, ou positivos, os quais
transferem cargas positivas da nuvem ao solo e representam apenas 10% do total de
relâmpagos (figura 23). A duração desses relâmpagos são aproximadamente de 0,1 a 2
segundos. O diferencial desses relâmpagos nuvem-solo são suas ramificações que são sempre
para baixo.
Figura 23- Tipos de relâmpagos nuvem-solo, (A) negativos, (B)positivos
De um modo geral, os elétrons na região de cargas negativas são atraídos por cargas
positivas criando um canal condutor. Após esse processo forma-se uma fraca descarga
luminosa (geralmente não visível), denominada Líder Escalonado, propagando-se em direção
ao solo com velocidade de 400 mil km/h. O líder escalonado ramifica-se ao longo de vários
caminhos, mas apenas um ramo atinge o solo. A descarga é geralmente branca, mas
dependendo das propriedades da atmosfera entre o relâmpago e o observador, podem
apresentar outras cores como amarelo, roxo, laranja e até verde. Os trovões são provenientes
do ar aquecido, ele se expande em uma velocidade em torno de 10 km/h. Estes trovões podem
ser utilizados para calcular a distância de um relâmpago. Após o clarão conta-se os segundos
até escutar o trovão, e é feita a divisão desses segundos pelo número 3 e o resultado é a
distância aproximada do relâmpago em quilômetros. O percentual de erro é de 20%.
21
Relâmpago solo-nuvem:
Esse tipo de relâmpago costuma ocorrer a partir de locais altos no solo, como árvores e
torres. Igualmente à nuvem-solo também se classificam em negativos e positivos. Os
relâmpagos solo-nuvem iniciam-se a partir de um relâmpago intra-nuvem, e costumam ser
mais fracos que o relâmpago nuvem-solo.
Relâmpagos entre nuvens:
Existem três tipos de relâmpagos entre nuvens:
• Intra-nuvem: São normalmente vistos como um clarão no céu e são os primeiro
a ocorrer durante as tempestades (figura 25).
• Nuvem-nuvem: Ocorre entre duas nuvens
• Nuvem para o ar: Descargas de dentro da nuvem para o ar, ilustrado na figura
24 pela letra D
Figura 24- Ramificações dos diferentes tipos de relâmpagos. (A) Nuvem-solo, (B) solo-nuvem, (C) intra-nuvem, (D) da nuvem para o ar ou
entre nuvens.
5.3. Vento
Os ventos horizontais mais intensos que ocorrem em função da tempestade ocorrem na
frente de rajada. Frentes de rajada são correntes descendentes que encontram a superficie e se
espalham na horizontal, desta forma o ar quente que está na superfície sobe, isso é similar a
uma frente fria, pois se estabelece uma linha de descontinuidade que se chama de frente
22
rajada. Frediani mostra algumas características da frente de rajada as quais iremos apresentar
neste estudo. Segundo a autora, quando surge essa corrente descendente em uma nuvem no
estágio maduro, ela é intensificada por causa do ar frio e seco que entra na nuvem e ajuda esse
vento subsidente ser mais intenso. Este processo do ar frio é chamado de entranhamento.
Como este ar frio e seco é mais pesado ele descende mais rápido. A velocidade de propagação
da frente de rajada aumenta à medida que aumenta o fluxo de ar que sai da nuvem. Se a
frente de rajada estiver com a mesma velocidade de deslocamento da propria tempestade este
deve ser o momento de maior condição de tempestade em si, pois neste caso a ascendência do
ar causada pela própria frente de rajada pode intensificar a necessária subida do ar para
fortalecimento da tempestade. Na fase de dissipação, a frente de rajada se distancia do sistema
e não colabora mais para a intensificação do mesmo. Neste momento as correntes descentes
das nuvens prevalecem com chuva leve de caráter estratiforme, apenas a parte superior da
nuvem ainda terá movimento ascendente. Pelo exposto, conclui-se que na fase de formação da
nuvem praticamente existem apenas ventos verticais ascendentes, nesse momento o vento em
superficie não sofre grandes alterações pela inicio da formação da tempestade, no momento
que a tempestade está no estagio maduro ela apresenta um lado mais novo de ar ascendente e
um lado mais velho com movimento vertical descendente. Esse movimento quando acrescido
de entranhamento de ar frio desce com mais força, essa região que é formada por esse ar
gelado, frio e denso que chega à superficie juntamente com o ar quente que é forçado a
ascender é chamada de frente de rajada. E é justamente nesta fase madura da tempestade que a
frente de rajada é mais intensa (figura25).
Fonte: Portal São Francisco
Figura 25- Esquema de uma supercéula
23
5.4. Granizo
Granizo é uma forma de precipitação que se forma no interior de uma nuvem
cumulonimbus. A formação do Granizo (figura26) acontece quando as gotículas de água são
arrastadas pelo vento até as camadas superiores da nuvem (13 ou 15 km de altitude), lá elas se
resfriam a 0ºC ou menos, e se tornam pedras de gelo cada vez mais pesadas, estas pedras
caem, porém são atingidas novamente por correntes de ar ascendente, neste ciclo as pedras
vão adquirindo volume, quando este volume se torna expressivo a força da gravidade faz com
que as pedras de gelo finalmente caiam. (Portal são Francisco)
Fonte: Geocuriosos
Figura 26- Figura esquemática do granizo dentro da nuvem
Granizo também é conhecido como saraiva, que é a precipitação de pedras de gelo,
normalmente com um formato esferoide, podendo ter um diâmetro igual ou até mesmo
superior a cinco mm, transparentes e translúcidas. (Portal são Francisco)
Santa Catarina é um dos estados mais atingido por este fenômeno, que ocasiona perdas
materiais e agrícolas no estado. Estas ocorrências estão relacionadas aos complexos
convectivos de mesoescala (CCM) que atua de forma intensa, principalmente no oeste, e estão
relacionados também com a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) que interfere
com maior frequência e intensidade.
As estações mais propícias para a formação do granizo é a primavera e o inverno,
confirmando a atuação dos CCMs e dos sistemas frontais intensos, respectivamente.
(Marcelino 2004)
Podemos estimar o tamanho de um granizo comparando-o com outros objetos (figura 27).
A maioria das tempestades de granizo é composta de diferentes tamanhos de granizo, e só as
maiores pedras de granizo representam sério risco para as pessoas. A tabela 3 ilustra uma
24
comparação de tamanho de granizos.
Fonte: NOOA
Figura 27- Comparação de granizo com objetos
TABELA 3
Objetos
Tamanho (cm)
Ervilha
0,64
Centavo
1,8
Meio Dólar
3,2
Bola de Golfe
4,4
Ovo de galinha
5,1
Bola de tênis
6,4
Fruta
10,1
25
6. PREVISÃO DE TEMPESTADES
A partir de entrevista com Marilene de Lima, meteorologista, relata-se sobre a
previsão no Brasil:
A previsão de tempestades, no Brasil, não conta com uma tecnologia muito avançada.
Nesse contexto, a modelagem numérica é o método mais utilizado para a previsibilidade. A
modelagem numérica é basicamente feita com leis físicas e matemáticas aplicando dados
atmosféricos, na teoria parece simples, mas a modelagem numérica demanda mão de obra
qualificada e dedicação dos pesquisadores. Com a prática se descobre os modelos de maior
confiabilidade, porém, pode-se obter resultados superestimados ou subestimados e o CREA,
que habilita o meteorologista a fazer previsões, permite que esse previsor faça sua correção
subjetiva para uma previsibilidade mais precisa. Além da modelagem numérica, a previsão
conta com o radar meteorológico que é bastante eficiente, pois obtêm informações precisas
(figura 28). No Brasil esse sistema ainda é precário, no entanto há indícios de que a rede de
radares irá aumentar a partir do ano de 2013.
Fonte: R7 notícias
Figura 28- Radar meteorológico no estado do Rio de Janeiro
Todas as previsões contam com um acompanhamento de imagens de satélites do
CPTEC (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos), juntamente com informações
de dados METAR (traça a condição sinótica da atmosfera próxima à superfície) e por fim,
utiliza-se também para monitoramento as estações automáticas. Em Santa Catarina,
especificamente, há também acompanhamentos de regiões que sofrem grandes impactos dos
sistemas de maior escala, como Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro.
Baseado nos acompanhamentos é possível em cinco dias, sem precisão de quantidade e de
26
local prever a formação de uma tempestade. Entretanto, é possível informar que o sistema
está se formando, mas não é possível saber se vai se intensificar ou não. Em função disso, o
monitoramento é avaliado até fazer a previsão da intensificação da tempestade, que se dá num
prazo médio de 72hrs. Contudo, em 15 minutos, a tempestade é detectada com plena certeza.
Nem sempre é possível prever tempestades, pois a termodinâmica da atmosfera acelera
alguns processos físicos, essa aceleração, por vezes, acaba dificultando a previsibilidade.
Alguns sistemas se organizam com muita rapidez, algumas nuvens sobre o oceano, por
exemplo, podem encontrar condições de temperaturas favoráveis e formar núcleos muito
pequenos. Essas tempestades repentinas (que não haviam sido previstas) acabam sendo
analisadas após sua ocorrência e o pequeno núcleo é descoberto com certo atraso.
Após obter certeza que uma tempestade está por vir, o meteorologista primeiramente
informa a Defesa Civil, essa comunicação é de extrema importância, pois o previsor precisa
ter certeza de que o agente da defesa entendeu exatamente as informações, logo, a
importância de um meteorologista na defesa civil consiste na comunicação. Informa-se o
início da tempestade, sua intensidade e quanto tempo irá durar, assim a defesa civil tem base
para saber qual a melhor forma de agir. Somente depois de informar a defesa civil a população
é alertada através dos meios de comunicação.
No Brasil, o processo de previsão tem muito que crescer ainda, apesar de não
ocorrerem tempestades severas com tanta frequência como nos Estados Unidos, uma chuva
forte e de longa duração é o bastante para que ocorram deslizamentos, como por exemplo,
causando mortes e destruição. O meteorologista Daniel Bitencourt afirma que nos Estados
Unidos a ocorrência é muito maior e a previsibilidade é mais avançada, pois eles contam com
a eficiência de radares meteorológicos e todas as outras técnicas de previsão de tempestades.
Os meteorologistas estão sempre em alerta, e assim que as tempestades são previstas, toca-se
uma sirene na cidade indicando que um tornado pode estar por vir podendo arrasar uma
cidade inteira, como foi o caso de Oklahoma, em maio de 2013. Apesar de o Brasil não ter
muitas ocorrência de tornados, deve-se investir muito mais para que a população tenha tempo
de agir e não sofrer com a fúria da natureza.
27
7. MEDIDAS DE PREVENÇÃO DE TEMPESTADES
Para compreender o trabalho feito pela defesa civil, o geógrafo e agente da defesa civil há
cinco anos, Luiz Eduardo Machado, o qual já foi coordenador e diretor, e atualmente se
encontra na condição de defesa civil na cidade de Florianópolis, nos concedeu uma entrevista.
A defesa civil trabalha com dois órgãos: um órgão oficial de Santa Catarina que é a Epagri
(Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina), onde se faz uma
consulta diária com datas para chuva (manhã tarde e noite), se existe algum tipo de fenômeno,
questões de vento e se existe algum alerta já deflagrado pela Epagri. O outro órgão é o
CEMADEM (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas). Quando há alguma previsão de
chuva ou de alerta, uma carta de monitoramento é enviada e emitida pelo Senad (trabalha em
conjunto com o Cemaden) localizado em Brasília, deste modo, um alerta formalizado é
emitido e a defesa civil pode se preparar para caso o evento venha a se concretizar.
Cada cidade tem uma peculiaridade no sentido de emergência. Blumenau tem
principalmente a parte de inundações. Em função disso, as unidades de medição do rio ficam
alerta quando certa precipitação se inicia e já avisam a cidade de Blumenau, assim eles já
acionam o plano de contingência. Os sistemas de alertas, no Brasil, têm como principais
operadores os meteorologistas e são eles que são responsáveis para deflagrar os alertas.
Em Florianópolis, por exemplo, é aplicado o plano municipal de redução de riscos, que
através do mapeamento da área, faz o levantamento das casas de maiores riscos e as áreas que
precisam ser isoladas. Existe também o plano habitacional, que em conjunto com a prefeitura
cede um fundo de desenvolvimento do governo às famílias que são deslocadas.
A
organização é feita por um plano de defesa ou plano de contingentes, que são ações dentro do
município. Quem faz as buscas e resgates de deslizamentos e enchentes, inicialmente, é o
corpo de bombeiro, pois eles são o corpo de apoio. O papel da defesa civil é abrigar as
pessoas juntamente com a secretaria de assistência social, que levam os desabrigados para um
abrigo provisório.
Quando há casos de óbitos, a defesa civil aciona o órgão responsável, o IGP (Instituto
geral de pericias), pois sendo uma causa não hospitalar é feita uma pericia para saber a causa
do óbito, avisando familiares, confortando e encontrando o laudo técnico do desastre.
28
A defesa civil não faz resgate, eles apenas fazem o deslocamento das famílias,
proporcionando uma melhoria e as retirando das áreas de risco, trabalham em conjunto com o
corpo de bombeiro, Prefeitura municipal e o Meteorologista.
Ao certo não se tem estimavas concretas de quantas ocorrências foram feitas nos últimos
anos, mas no ano de 2008, foi um ano bem marcante, pois houve bastantes deslizamentos e
enchentes em geral causados por uma tempestade.
A defesa civil atua com apenas um meteorologista. Não é cogitada a hipótese de terem
outros meteorologistas, pois eles obtêm informações de outros órgãos como Cemaden e
Epagri.
29
8. GUARACIABA 2009
Nesta secção apresenta-se um estudo de caso da ocorrência de uma tempestade severa,
com presença de tornado, na cidade de Guaraciaba, no Extremo Oeste Catarinense ocorrida
entre os dias 07 e 08 de setembro de 2009.
As principais características climáticas de Guaraciaba, segundo Voigt (2010), são que
a região possui clima subtropical, com temperaturas que variam de 0 a 35 °C. O regime
pluviométrico anual fica em torno de 1.700 a 2.000 mm. Uma região afetada tanto por chuvas
abundantes como por episódios de estiagem, períodos de frio rigoroso e geada ou ondas de
calor, e ainda fenômenos considerados adversos, frequentes como tempestades e granizo, ou
recorrentes como neve ou tornado. Tendo sua posição geográfica em latitudes médias, o
Estado de Santa Catarina é atingido por sistemas atmosféricos que provocam frequentes
mudanças de tempo. Na primavera, as passagens frontais são ligeiramente mais frequentes em
Santa Catarina e a Baixa do Chaco, sistema de baixa pressão atuante no norte da Argentina e
Paraguai. Esta se torna mais ativa, favorecendo elevados índices de umidade e a consequente
ocorrência de chuvas no Oeste de Santa Catarina. Assim, a região tem na primavera seu
período mais favorável às chuvas acompanhadas de temporais, com intensas rajadas de vento
e granizo. Além disso, no Oeste verifica-se uma grande influência do fenômeno global El
Niño, que se reflete na intensificação das chuvas e no aumento da frequência de tempestades,
no período da primavera, época do ano em que os totais de precipitação já são normalmente
mais elevados na região. E foi exatamente o que ocorreu no ano de 2009, quando estava
estabelecido um episódio de El Niño: a primavera foi chuvosa no Oeste catarinense com
ocorrência de frequentes tempestades, especialmente em setembro. Neste mês, o total de
precipitação ficou entre 350 mm e 400 mm na região, o que representa o dobro da média
climatológica. Com relação a tempestades severas, Brooks (2003), indica a porção oeste do
Sul do Brasil e o norte da Argentina, região que inclui Guaraciaba, com uma região de
ambiente favorável à formação de tempestades, mas com menores áreas em relação aos EUA.
As características que se destacam comparando essas duas regiões é que a localização fica em
uma extensa área plana e a presença de uma barreira montanhosa, no caso as Montanhas
Rochosas na América do Norte e a Cordilheira dos Andes na América do Sul.
8.1. A noite da tragédia
30
Para a população da cidade de Guaraciaba, talvez fosse apenas mais uma tempestade
que frequentemente ocorrem na primavera. Mas diferente das outras, essa deixou sua marca
na história dessa cidade.
Na manhã do dia 07 de setembro, segundo Voigt (2010), era observada uma extensa
área de baixa pressão no Uruguai, norte da Argentina e Sul do Brasil, como uma frente fria
posicionada na Argentina, ao sul do Uruguai. Núcleos de chuva foram observados neste
período, nas regiões do Oeste, Meio-Oeste e Planalto Sul de Santa Catarina, registrados pelo
radar meteorológico do Simepar (Sistema Meteorológico do Paraná). O aeroporto de Chapecó
reportou, ainda na manhã do dia 07, a presença de nuvens do tipo cumulunimbus e de
trovoada na sua região observada. Na tarde de 07 de setembro, as temperaturas estavam
elevadas no Oeste catarinense, ficando em torno de 28 °C a máxima do dia. A frente fria
deslocou-se rapidamente para o Rio Grande do Sul, atingindo Santa Catarina entre a noite do
dia 07 e madrugada do dia 08, acompanhada de forte instabilidade, o que resultou na
formação de tempestades generalizadas no Estado, acompanhadas de granizo e de rajadas de
vento em geral superiores a 70 km/h. Na imagem do satélite GOES10 do dia 08/09/2009 –
00h00minh (Figura 29), gerada pela NOAA (National Oceanic and Atmospheric
Administration) e disponibilizada pelo INPE (Instituto de Pesquisas Espaciais), observa-se a
formação de nuvens com desenvolvimento vertical profundo no norte do Rio Grande do Sul e
Oeste de Santa Catarina, associadas à presença da frente fria, favorecendo a ocorrência de
chuva intensa acompanhada de núcleos de tempestade (tons de azul mais escuro, sendo os
tons de rosa os núcleos de tempestade mais intensa). Na madrugada do dia 08, as áreas de
chuva e de tempestade acompanharam o deslocamento da frente fria na direção sudoestenordeste, atingindo as demais regiões catarinenses.
Figura 29 – Imagem do satélite GOES10 do dia 08/09/2009 – 00h00minh, gerada pela NOAA (National Oceanic and Atmospheric
Administration) e disponibilizada pelo INPE (Instituto de Pesquisas Espaciais).
31
Em grande parte das estações meteorológicas localizadas em Santa Catarina e
monitoradas na Epagri/Ciram, na noite do dia 07 e madrugada do dia 08 houve registro de
rajadas de vento entre 70 km/h e 100 km/h, e todos os aeroportos do Estado reportaram
condição de chuva com trovoada. As regiões mais atingidas pelos ventos e chuvas intensas
foram o Extremo-Oeste, Oeste, Meio-Oeste e Vale do Itajaí. As condições de forte
instabilidade, verificadas entre a noite do dia 07 e madrugada do dia 08, favoreceram a
ocorrência de tempestades mais intensas e organizadas em uma ampla área dos estados de
Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com um tempo de atuação prolongada, gerando um
ambiente propício à formação de fenômenos de tempo severo como tornado e downburst. Na
noite do dia 07/09, o radar do Simepar indicava a presença de supercélulas no Oeste
catarinense, que caracterizam formação de nuvens típicas para a geração de tornados.
Segundo nota registrada no site da metsul, o tornado teve intensidade F4 na escala Fujita, que
vai até F5.
8.2. Danos Materiais
A tempestade severa causou muita destruição na cidade de Guaraciaba. Os fortes
ventos derrubaram árvores, casas, e deixaram muitos estragos (Figura 30, 31, 32 e 33).
Figura 30- Ginásio destruído em Guaraciaba (SC). (Foto Everson Diego PanizzonVC no G1)
Foto: Imprensa Prefeitura de Guaraciaba.
Figura 31- Propriedade de Pedro Paulo Schwaab – Linha Vinte e Quatro – Guaraciaba.
32
Figura 32- Casa caiu e família se protegeu embaixo da mesa em Linha Guataparema, Guaraciaba (SC). (Foto Elton Davi StaubVC no G1)
Figura 33- Árvore foi arrancada pela força do vento em Linha Guataparema, Guaraciaba (SC). (Foto Elton Davi StaubVC no G1 )
8.3. Depoimentos
A pequena cidade de Guaraciaba, que segundo o censo (IBGE, junho 2004) possui
11.038 habitantes foi surpreendida por um fenômeno assustador. Cidade tranqüila, localizada
a 730 km de capital do estado de Santa Catarina, Florianópolis. A cidade é destaque na
produção agrícola e na produção animal. Moradores vivenciavam a calmaria que é morar no
campo, longe dos tumultos e estresses das grandes cidades. Mas foi na noite do dia 07 para o
dia 08 de setembro de 2009 que a população que morava em um “paraíso” viveu momentos
de desespero. Voigt (2010) colheu alguns depoimentos dos moradores.
Jusceli perdeu a irmã de nove anos na passagem do tornado em Guaraciaba.
“Ver minha casa sendo levada pelo vento, junto com todas as coisas que nela havia, foi
horrível; Uma cena que me marcou, foi não saber onde minha irmã estava, quando percebi
que ela estava sobre mim, já sem vida...” (Jusceli – Guaraciaba – SC – 2009).
Pedro Paulo Schwaab (55 anos) perdeu a esposa e o pai na mesma noite.
33
“Meu maior sentimento é que tudo o que tínhamos foi conquistado com muito suor,
trabalhamos toda nossa vida, para que num sopro tudo se fosse. Não sinto mais vontade para
nada.” (Pedro Paulo Schwaab – Guaraciaba – SC – 2009).
Esses e os demais moradores da cidade, com certeza jamais esquecerão o desespero
vivido naquela noite.
Mas depois do ocorrido, vários outros municípios e estados do Brasil enviaram
donativos e ajudas para a cidade.
“Quando perdi tudo o que tinha, achei que não tinha mais jeito, mas quando vi toda esta
gente vindo ajudar, então me animei e pensei, vamos reconstruir tudo de novo.”
Ivanir Gabrielli, agricultor atingido da Linha Tigre
Segundo Voigt (2010), profissionais como psicólogos, médicos, psiquiatras e
membros de Rotary Clube num total de 25 pessoas que fazem parte do PAH (Programa de
Ajuda Humanitária) estiveram nos dias 04, 05 e 06 de dezembro de 2009, dando sua
contribuição às vítimas do tornado. Profissionais estes provindos de outros Estados do Brasil
e também de Santa Catarina. Eles atenderam crianças e adolescentes dos colégios e seus
funcionários, comunidades e funcionários do Hospital São Lucas. Foram mais de mil
atendimentos.
Dados finais segundo a Defesa Civil: 9.100 atingidos, 89 feridos, quatro mortos (duas
mulheres, um homem e uma criança de nove anos), 302 desabrigados, 852 desalojados e 944
edificações danificados.
Após toda essa devastação, com certeza os morados de Guaraciaba procurarão ter
maiores precauções diante de tempestades. Devem ser dadas instruções de como agir nesse
tipo de acontecimento, e como evitar perdas humanas. Depois de todo o ocorrido, pode-se
notar que essa população composta de pessoas fortes, que mesmo diante de todas as perdas,
lutaram e reconstruíram a cidade devastada pelo tornado.
34
9. CONCLUSÃO
Este estudo conclui que as tempestades severas trazem um grande risco à sociedade,
por isso, a informação sobre como agir em situações de risco precisa ser mais acessível. A
previsibilidade nos ultimos anos teve um progresso significativo, mas ainda precisa de muitos
avanços. Esses avanços combinam com a qualificação profissional dos previsores que
precisam saber o que fazer diante das informações observadas. O meteorologista na defesa
civil é de extrema importância, pois é ele quem mantém contato com os previsores e a partir
das informações recebidas, ele deve repassar de forma clara aos agentes da defesa. Percebe-se
que a meteorologia tem uma grande influência na vida da população, pois pode assegurar a
vida de muitas pessoas, juntamente com a ação cautelosa da defesa civil. Em suma, o Brasil
necessita de novas tecnologias para aprimorar a previsibilidade de tempestades severas,
mesmo que estas não ocorram com uma frequência elevada, pois o que está em jogo é a vida
da cada cidadão.
35
REFERÊNCIAS
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http://www.australiasevereweather.com/forum/general-weather-all-topics-that-are-notcurrent-severe-weather-should-be-posted-here/re-vicsanswqld-severe-thunderstorms-31dec-2009-4-jan-2010/ Acesso em: 15/05/2013
BITENCOURT, Daniel. Previsibilidade. Florianópolis.27/Maio/2013. Entrevista concedida
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