aves associadas aos manguezais

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE BRAGANÇA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA AMBIENTAL
MESTRADO EM ECOLOGIA DE ECOSSISTEMAS COSTEIROS E ESTUARINOS
AVES ASSOCIADAS AOS MANGUEZAIS:
LEVANTAMENTO DE ESPÉCIES E DIETA DE PASSERIFORMES NOS
MANGUEZAIS DA PENÍNSULA DE AJURUTEUA, BRAGANÇA, PARÁ
KLEBSON DANIEL SODRÉ DO ROSÁRIO
Bragança-PA
2007
KLEBSON DANIEL SODRÉ DO ROSÁRIO
AVES ASSOCIADAS AOS MANGUEZAIS:
LEVANTAMENTO DE ESPÉCIES E DIETA DE PASSERIFORMES NOS
MANGUEZAIS DA PENÍNSULA DE AJURUTEUA, BRAGANÇA, PARÁ
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Biologia Ambiental: Mestrado em Ecologia de Ecossistemas
Costeiros e Estuarinos da Universidade Federal do Pará,
Campus de Bragança, como requisito para a obtenção do título
de Mestre em Biologia Ambiental.
Orientador: Dr. Marcus Emanuel Barroncas Fernandes
UFPA, Campus Bragança.
Bragança-PA
2007
KLEBSON DANIEL SODRÉ DO ROSÁRIO
AVES ASSOCIADAS AOS MANGUEZAIS:
LEVANTAMENTO DE ESPÉCIES E DIETA DE PASSERIFORMES NOS
MANGUEZAIS DA PENÍNSULA DE AJURUTEUA, BRAGANÇA, PARÁ
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Biologia Ambiental: Mestrado em Ecologia de Ecossistemas
Costeiros e Estuarinos da Universidade Federal do Pará,
Campus de Bragança, como requisito para a obtenção do título
de Mestre em Biologia Ambiental.
Aprovado por:
Dr. Marcus E. B. Fernandes (UFPA, Bragança) (Presidente)
Conceito: _________
Drª. Renata M. Valente (UFPA, Belém) (Titular)
Conceito: _________
Drª. Cláudia Nunes Santos (UFPA, Bragança) (Titular)
Conceito: _________
Dra. Wilsea Figueiredo (UFPA, Bragança) (Titular)
Conceito: _________
Dr. Marcelo N. V. Souza (UFPA, Bragança) (Suplente)
Conceito: _________
UFPA, Campus Bragança.
Bragança-PA
2007
i
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à pessoa que sempre me apoiou incondicionalmente, nos melhores e
piores momentos da vida, a pessoa responsável pela minha formação moral e ética, a pessoa
que, para mim, sempre representará um exemplo de determinação, dedicação, esforço e
principalmente, AMOR. À senhora Maria do Carmo Sodré do Rosário, carinhosamente...,
mamãe.
ii
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal do Pará, Campus Universitário de Bragança, pela oportunidade
de ingressar em um excelente curso de Pós-graduação;
Ao professor Dr. Marcus Fernandes (ou simplesmente, Marquinho), pela competente
orientação, contribuição ao conhecimento técnico-científico, aperfeiçoamento profissional,
pela confiança e incentivo, e principalmente, pela amizade; fatores fundamentais para a
realização desse trabalho;
À minha mãe, por sempre me apoiar, incentivar e facilitar meu acesso ao conhecimento;
Ao meu querido amigo Ezequias Rabelo (Quinzinho), pela ajuda impagável nas coletas,
muitas vezes deixando aconchego de sua cama, para entrar no manguezal as 4:00 hs da
madrugada;
Aos colegas de classe, “A liga do mestrado” Guilherme, Soraya, Adriana, Kelli, Gabi,
Laiana, Darlan, Milena, Euzébio e, em especial aos caros colegas, Luciano Queiroz (menas),
Luciano Aviz (o largata), Théssyo Nirlano (siriqueijo) e Júnior (leão lobo), pelos momentos
de descontração nas reuniões da liga e classificações nas noites bragantinas.
À senhorita Karen Katrine (meu xerinho) por apaziguar meu espírito nos momentos
mais tempestuosos de finalização desse trabalho, com seu amor e carinho.
A todos os parentes e amigos, em especial ao meu filho Jean Lucas; meus irmãos
Marcos e Danielle, meus amigos Claiton (bucão) e Patrícia, pelo incentivo.
A todas as pessoas que contribuíram de forma direta ou indireta, para realização desse
trabalho.
Sem a contribuição de todos, por menor que fosse, não seria possível fechar esse ciclo
da minha vida e subir mais um degrau na longa escada do conhecimento.
Muito obrigado a todos.
iii
EPÍGRAFE
“Há mais mistérios entre o céu e terra, do que possa imaginar nossa vã filosofia”
William Shakespeare
iv
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA ............................................................................................................
i
AGRADECIMENTOS ..................................................................................................
ii
EPÍGRAFE ....................................................................................................................
iii
SUMÁRIO ......................................................................................................................
iv
LISTA DE FIGURAS E TABELAS ............................................................................
vi
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO GERAL ....................................................................
1
INTRODUÇÃO .....................................................................................................
2
As florestas de mangue ..................................................................................
2
Os manguezais do Brasil ................................................................................
3
Os manguezais da costa norte brasileira ......................................................
4
As aves associadas ao manguezal ..................................................................
4
Aves costeiras residentes ................................................................................
6
Aves costeiras visitantes .................................................................................
7
A avifauna amazônica ....................................................................................
8
A Ordem Passeriformes .................................................................................
9
A análise da dieta de Passeriformes ..............................................................
9
Escopo da Dissertação ....................................................................................
11
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIA ......................................................................
14
CAPÍTULO II: AVES ASSOCIADAS AOS MANGUEZAIS DA PENÍNSULA
DE AJURUTEUA, BRAGANÇA, PARÁ .................................................................... 18
Resumo .............................................................................................................
19
Abstract ............................................................................................................
19
v
INTRODUÇÃO ......................................................................................................
20
MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................
21
Área de estudo .................................................................................................. 21
RESULTADOS ......................................................................................................
26
DISCUSSÃO ..........................................................................................................
30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................
34
ANEXO ...................................................................................................................
38
CAPÍTULO III :
FLORESTAS
DE
DIETA DE PASSERIFORMES ASSOCIADOS ÀS
MANGUE
DA
PENÍNSULA
DE
AJURUTEUA,
BRAGANÇA, PARÁ ....................................................................................................
43
Resumo ...........................................................................................................
44
Abstract ...........................................................................................................
44
INTRODUÇÃO ....................................................................................................
45
MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................
46
Área de estudo ................................................................................................. 46
Captura dos Passeriformes .............................................................................
46
Análise do conteúdo estomacal .......................................................................
49
Identificação dos itens alimentares ................................................................
49
Análise estatística ............................................................................................. 50
RESULTADOS ....................................................................................................
51
Determinação da dieta dos Passeriformes ...................................................
56
Diversidade trófica .........................................................................................
59
DISCUSSÃO .........................................................................................................
60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................
65
vi
LISTA DE FIGURAS E TABELAS
CAPÍTULO II
Figura 1. Mapa localizando a área de estudo: A) costa amazônica brasileira; B)
península de Ajuruteua, sendo: 1) Furo do Taici; 2) km 21 da rodovia PA-458; 3)
Furo Grande (modificado de Mehlig 2001) .................................................................
23
Figura 2. Variação da média mensal de temperatura e precipitação pluviométrica da
área de estudo no período de março de 2005 a fevereiro de 2006................................
24
Figura 3. Percentual das ordens taxonômicas das aves registradas nos manguezais
da península de Ajuruteua, Bragança, Pará .................................................................
27
Figura 4. Fotos da espécie Chrysomus ruficapillus, A) macho adulto e B) fêmea
adulta ............................................................................................................................ 27
Tabela 1. Lista das espécies registradas nos manguezais da península de Ajuruteua,
Bragança-Pará. Av = Avistamento, Cap = Captura, FT = Furo do Taici, km21 =
Quilômetro 21 e FG = Furo Grande. * = Capturados por terceiros ou encontrados
mortos às margens da rodovia PA-458 ........................................................................
28
Tabela 2. Lista de espécies de aves associadas às florestas de mangue ao longo da
costa amazônica brasileira. AM = Amapá; PA = Pará; MA = Maranhão, segundo os 38
critérios estabelecidos no presente estudo (1, 2 e 3) ....................................................
CAPÍTULO III
Figura 1. Mapa apresentando a localização da área de estudo, A) costa amazônica
brasileira; B) península de Ajuruteua, Bragança-Pará: 1) área de estudo no km 21
Km da
rodovia PA-458 ............................................................................................................
Figura 2. Espécies de Passeriformes capturadas nos bosques de mangue próximos
ao km 21 da rodovia PA-458, onde: A) Chrysomus ruficapillus; B) Sturnella
militaris; C) Conirostrum bicolor; D) Tyrannus melancholicus; e E) Certhiaxis
47
vii
mustelinus (Fotos: http//www.mangoverde.com) ........................................................
53
Figura 3. Variação do número absoluto de indivíduos capturados e os valores de
precipitação pluviométrica ao longo do ciclo anual, na península de Ajuruteua,
Bragança, Pará .............................................................................................................
54
Figura 4. Variação do número absoluto de indivíduos das cinco espécies mais
capturadas ao longo do ciclo anual, na península de Ajuruteua, Bragança, Pará ........
55
Figura 5. Número absoluto de capturas de aves (Passeriformes) no período
circadiano (manhã e tarde), considerando apenas os meses do período chuvoso, na
península de Ajuruteua, Bragança, PA ........................................................................
56
Figura 6. Valor percentual de itens alimentares por categoria taxonômica para todas
as espécies capturadas ao longo do ciclo anual, na península de Ajuruteua,
Bragança, Pará .............................................................................................................
57
Figura 7. Número absoluto de itens alimentares presentes no conteúdo estomacal
dos indivíduos capturados no período circadiano (manhã e tarde), considerando
apenas os meses do período chuvoso, na península de Ajuruteua, Bragança, Pará ..... 59
Tabela 1. Espécies capturadas nos bosques de mangue próximos ao km 21 da
rodovia PA-458, na península de Ajuruteua, Bragança, Pará. Apresentando o nome
científico e popular das espécies, organizados de acordo com as normas sugeridas
pelo Comitê de Registros Ornitológicos (CBRO 2007) ..............................................
52
Tabela 2. Quantidade percentual dos itens alimentares presentes no conteúdo
estomacal das cinco espécies de Passeriformes com maior número de indivíduos
capturados nos manguezais da península de Ajuruteua, Bragança, Pará ..................... 58
1
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO GERAL
2
INTRODUÇÃO
As florestas de mangue
As florestas de mangue formam um ecossistema costeiro intertropical, reconhecido
pelo seu importante papel ecológico e por sua alta produtividade primária (Schaeffer–Novelli
1995, Augustinus 1995, Loubry e Prost 2000). É caracterizado pela ocorrência de espécies
vegetais bem adaptadas à variação de salinidade e inundação diária das águas das marés
(Vannucci 2003). Apresentam uma baixa diversidade de espécies arbóreas, as quais
normalmente formam bosques com sucessão de zonas vegetacionais mais ou menos
monoespecíficas (Loubry e Prost 2000).
Segundo Alongi et al. (2000), os bosques de mangue exercem influência no controle
contra a erosão, criam diferentes micro-hábitats (Augustinus 1995), os quais são utilizados
como berçários e local de desova para diversas espécies de peixes e crustáceos (Kjerve e
Lacerda 1993). Além disso, os manguezais formam um ambiente propício para abrigar tanto
formas microscópicas quanto grandes organismos (Fernandes 2000), bem como proporcionam
locais seguros para refúgio e procriação de vários táxons de vida terrestre e marinha,
incluindo as aves (Saenger et al. 1983). As espécies de animais e de plantas que habitam as
florestas de mangue possuem adaptações morfológicas e fisiológicas, bem como ritmos
biológicos adaptados aos diferentes ciclos sazonais, os quais lhes garantem a sobrevivência
nesse ecossistema (Vannucci 2003).
Nas Américas, as florestas de mangue são formadas principalmente por três espécies
arbóreas: Rhizophora mangle L., Avicennia germinans (L.) Stearn e Laguncularia racemosa
(L.) Gaertn.f. Muito embora não sejam citadas em trabalhos sobre composição florísticas,
algumas espécies epífitas também são frequentemente encontradas em bosques de mangue de
maior densidade (Vannucci 2003). Essa autora ressalta ainda, que a biomassa total da floresta
de mangue é bastante variável, mesmo quando a composição específica é semelhante. Além
disso, o desenvolvimento, refletido no tamanho do bosque, pode variar de acordo com as
3
condições ambientais, ou seja, sofre influência direta da variação da composição do solo, das
taxas de precipitação pluviométrica total e da amplitude das marés (Vannucci 2003). Assim, a
grande adaptabilidade dessas espécies vegetais arbóreas e a alta variabilidade das condições
ambientais parecem ser fatores que influenciam não só na produtividade das espécies vegetais
típicas do manguezal, mas também na distribuição espacial, estrutural e na dinâmica das
comunidades vegetais formadas nesse ecossistema (Silva e Fernandes 2004).
Os manguezais do Brasil
De acordo com Lacerda (2003), as florestas de mangue, no Brasil, distribuem-se ao
longo de 6800 km de costa, do rio Oiapoque, Amapá (latitude 4° 30’ N), à Praia do Sonho,
Santa Catarina (latitude 28° 53’ S), sendo seu limite oriental, a ilha oceânica de Fernando de
Noronha (longitude 32° 24’ W e latitude 3° 50’ S). Segundo este autor, as estimativas mais
recentes sobre a área total de mangues do Brasil variam de 1,01 a 1,38 milhões de hectares.
Os manguezais brasileiros têm grande importância sócio-econômica desde o período
colonial e, historicamente, esse sistema tem sido explorado como fonte de extração de
madeira e, principalmente, como fonte de recursos naturais para a subsistência das populações
ribeirinhas tradicionais (Vannucci 2003). Ainda no período colonial, os manguezais
brasileiros chamaram a atenção de estudiosos e naturalistas, por abrigarem fauna e flora de
grande relevância ambiental, cujo maior interesse recaiu na descrição dessa biodiversidade,
resultando em uma grande produção literária sobre esse ecossistema. Entretanto, grandes
extensões de manguezais, particularmente no litoral norte brasileiro, ainda continuaram com
sua fauna típica e associada praticamente desconhecida (Lacerda 2003).
4
Os manguezais da costa amazônica brasileira
Cerca de 85% dos manguezais brasileiros ocorrem ao longo de 1800 km do litoral
norte nos estados do Amapá, Pará e Maranhão, dentre os quais, o Estado do Maranhão possui
a maior extensão dessas florestas ao longo da costa amazônica, com cerca de 500000 ha,
seguido pelo Estado do Pará, com cerca de 389400 ha, e o Amapá com 182300 ha (Kjerfve e
Lacerda 1993).
Os manguezais da costa amazônica brasileira são os maiores e mais desenvolvidos do
país (Lacerda 2003), sendo toda essa magnitude refletida na diversidade de habitats
produzidos e, por conseguinte, na abundância das espécies da flora e fauna que ocorrem nos
manguezais dessa região do Brazil (Mendes 2005). Nessa região, os manguezais possuem
extensas planices inundadas por marés semidiurnas de mais ou menos 8m de amplitude e um
nível de precipitação pluviométrica que pode exceder 2000 mm nos meses mais chuvosos
(Lacerda 2003).
No estado do Pará destacamos a península Ajuruteua (46°50' e 46°30' W e 0°45' e
1°07' S), com uma extensão de aproximadamente 250 km2 (Kjerfve e Lacerda 1993). Essa
península apresenta manguezais com uma cobertura vegetal bem desenvolvida, com árvores
atingindo mais de 20 m, observando-se a dominância de três espécies: Rhizophora mangle,
seguida por Avicennia germinans e Laguncularia racemosa, também apresenta áreas de
vegetação mista, áreas degradadas, ilhas de terra firme e campos salinos (Krause et al. 2001,
Mehlig 2001). A península é recortada por inúmeros canais de marés, os quais inundam
diariamente as florestas de mangue com marés do tipo semidiurnas (Koch e Wollf 2002).
As aves associadas ao manguezal
De acordo com a compilação realizada por Fernandes (2000) as aves representam 38%
da fauna de vertebrados associados às florestas de mangue ao redor do mundo, o que
mostrando a importância desse ecossistema para a manutenção da diversidade desse grupo
5
animal. Contudo, não é fácil estabelecer uma espécie exclusiva do manguezal, principalmente
porque a maioria das espécies animais que ocorrem nesse ecossistema também ocorre em
outros ambientes costeiros, como lagunas e estuários. Entretanto, alguns desses animais têm
suas maiores populações em áreas de manguezal, sendo dessa forma, considerados típicos,
porém não exclusivos, desse ecossistema (Vannucci 2003).
O ecossistema manguezal apresenta um número considerável de aves associadas,
inclusive Passeriformes, tais como a figuinha-do-mangue (Conirostrum bicolor), que é um
dos poucos pássaros exclusivos do manguezal. Outras espécies também são típicas dos
manguezais, como por exemplo, o guará (Eudocimus ruber), o savacu de coroa (Nyctanassa
violacea) e o gavião-caranguejeiro (Buteogallus aequinoctialis) (Sick 1997). No Brasil são
registradas 35 famílias e 86 espécies de aves que utilizam o manguezal, de alguma forma, ao
longo de seu ciclo biológico (Vannucci 2003). No entanto, poucos estudos foram realizados a
respeito da associação das aves com esse ecossistema. Em geral, os trabalhos já realizados
enfatizam somente algumas espécies que habitam o manguezal, as quais são facilmente
notadas, tais como: guarás (E. ruber), garças (Ardeidae) e maçaricos (Charadriiformes)
(Martínez 2005). Ainda segundo esse autor alguns estudos realizados na costa norte do Brasil
ressaltam a importância dos manguezais para a sobrevivência de alguns grupos de aves, como
os Ciconiiformes e os Charadriiformes. Martínez (2005), por exemplo, apresentou um
levantamento dos estudos realizados com alguns grupos de Ciconiiformes na costa do
Maranhão, analisando a ecologia reprodutiva e trófica, além do status populacional em
colônias reprodutivas. Martínez (2005) ainda discute o fato de que os Ciconiiformes da costa
amazônica brasileira ocupam tanto áreas úmidas de água doce, como as Baixadas
Maranhenses e os manguezais. A colonialidade e a fácil detectabilidade nas áreas de forrageio
são fatores que facilitam a observação e, por conseguinte, a pesquisa de algumas espécies
dessa ordem taxonômica (Martínez 2005).
6
Aves costeiras residentes
Na região neotropical foram registradas 1801 espécies residentes, sendo todas também
observadas no Brasil (CBRO 2007). Desse total, 182 são consideradas aves exclusivas do
território brasileiro, ou seja, são endêmicas do país (Sick 1997). Segundo Vooren e Brusque
(1999), 33 espécies nidificam na costa continental brasileira, 13 espécies nidificam somente
na região costeira e 10 espécies nidificam tanto na costa como no interior das florestas
continentais. Segundo esses autores, do total de 23 espécies costeiras, 16 têm o manguezal
como hábitat e sete nidificam nas praias oceânicas e estuarinas; das 16, sete espécies ocorrem
exclusivamente nos manguezais, são elas: Nyctanassa violacea, Egretta caerulea, Eudocimus
ruber, Phoenicopterus ruber, Buteogallus aequinoctialis, Aramides mangle e Ralllus
longirostris.
Para a maioria das espécies de aves costeiras, que nidificam na costa continental e no
interior do Brasil, a informação publicada sobre os locais de nidificação carece de detalhes e
consiste apenas de registros do tipo de hábitat (Vooren e Brusque 1999). Somente quatro
espécies das citadas acima têm sua distribuição geográfica bem definida, Nyctanassa
violacea, Eudocimus ruber, Phoenicopterus ruber, Buteogallus aequinoctialis (Sick 1997). O
guará, Eudocimus ruber, está distribuído nos manguezais dos estados do Amapá, Pará e
Maranhão, sendo registrada, desde 1982, uma pequena população nos manguezais de
Cubatão, no Estado de São Paulo (Silva 1998). Ninhais desta espécie existem na Ilha de
Marajó (Sick 1997), Ilha Canela (Roma 1996) e na foz do rio Gurupi no Estado do Pará
(Rodrigues e Fernandes 1994); no trecho entre as cidades de Guimarães e Turiaçu (Morrison
et al. 1986) e na Ilha do Cajual, baía de São Marcos (Roth e Scott 1987, Rodrigues 1993,
Hass et al. 1999), no Estado do Maranhão.
7
Aves costeiras visitantes
Todo ano, com a aproximação do outono, milhões de aves deixam suas frias áreas de
reprodução em busca de locais com temperaturas mais amenas e com maior disponibilidade
de alimento, as chamadas Áreas de Invernada (no Hemisfério Sul). Os hábitats selecionados
pelas aves migratórias, ao longo de suas rotas, são diversos e estão relacionados aos hábitos
alimentares, disponibilidade de recursos e táticas de forrageio. Essas espécies utilizam toda a
área litorânea da costa brasileira, adentrando inclusive as florestas de mangue e áreas
adjacentes em sua rota migratória(Vooren e Brusque 1999). O Brasil é um país que está na
rota de muitas espécies de aves migratórias, tanto das espécies visitantes setentrionais (aves
neárticas), que possuem seus sítios de reprodução no Hemisfério Norte, como as meridionais
(aves neotropicais), que se reproduzem em áreas do Hemisfério Sul (Nunes et al. 2006).
No Brasil foram registradas 152 espécies visitantes, em sua maioria, Não-Passeriformes
e Passeriformes (Sick 1997). Segundo Hayman et al. (1986), das 44 espécies das famílias
Charadriidae e Scolopacidae (Não-Passeriformes), que nidificam na América do Norte, 21
espécies migram sazonalmente para a costa do Brasil e representam 19% do total das espécies
de aves marinhas e costeiras que ocorrem habitualmente no país. Os ecossistemas costeiros
brasileiros têm papel essencial na manutenção da biodiversidade de aves da América do Norte
e vice-versa (Hayman et al. 1986). Os Charadriiformes (maçaricos, batuíras, gaivotas e trintaréis) correspondem ao grupo de aves com a maior representatividade de espécies migrantes
setentrionais (Sabino e Prado 2000). Essas aves, em sua maioria, deslocam-se acompanhando
regiões costeiras, onde são encontrados sítios com grandes concentrações de indivíduos. Na
região norte do Brasil, destaca-se o salgado paraense, a costa do Amapá e as reentrâncias
maranhenses; na região Nordeste destaca-se a costa do Rio Grande do Norte, Pernambuco,
Sergipe e Bahia, e na região Sul, o Parque Nacional da Lagoa do Peixe, no Rio Grande do Sul
(Sabino e Prado 2000).
8
Informações mais detalhadas sobre o número e a distribuição espacial das aves costeiras
neárticas na América do Sul, como um todo, foram descritas no trabalho realizado por
Morrison et al. (1989), através de um censo aéreo de toda a costa sul-americana, ao longo de
um período de quatro anos. O número de aves registradas na costa do Brasil foi de 398212
indivíduos, sendo consideradas as áreas mais importantes do país, a costa dos Estados do Pará
e Maranhão, entre a baía do Marajó e a baía de São Marcos (Vooren e Brusque 1999). De
acordo com estes autores, esse número constitui 82% da abundância das aves neárticas da
costa brasileira e 11% das aves neárticas da costa da América do Sul.
A avifauna amazônica
Em nenhum lugar no mundo existem tantas aves quanto na Amazônia, considerando o
número e a abundância de espécies, em um mesmo hábitat (Sick 1997). Estima-se que a
Amazônia abrigue mais de 1000 espécies de aves e que, em um único quilômetro quadrado de
floresta amazônica, podem ser registradas cerca de 245 espécies (Sick 1997). Estudos
realizados na Guiana Francesa e no Peru (Terborgh et al. 1990) indicam que em um
quilômetro quadrado de floresta vivem 1.658 e 1.910 indivíduos, respectivamente.
Atualmente, a determinação taxonômica da avifauna brasileira a níveis de Família,
Gênero e até Espécie está relativamente bem estabelecida, com identificações podendo ser
feitas através de literatura específica (Sabino e Prado 2000). A Mata Atlântica ainda é o
bioma melhor amostrado e conhecido, apresentando, consequentemente, o maior número de
espécies até então registrado, muito embora a diversidade da avifauna na Amazônia ainda seja
subestimada, muito em função do número de coletas ainda, relativamente, pequeno (Oren
1999).
9
A Ordem Passeriformes
Os Passeriformes (pássaros) são aves de pequeno porte, diferenciadas por apresentarem
a siringe bastante muscular, o que lhes permite produzir cantos mais elaborados (Sick 1997).
A siringe é o órgão responsável pela vocalização das aves; é formada pela mudança da
conformação do suporte esquelético do tubo respiratório na região caudal da traquéia e/ou
cranial dos brônquios (Raposo et al. 2006). Tais mudanças estão relacionadas ao suporte das
membranas, as quais aumentam a superfície de fixação dos músculos responsáveis pela
produção e o controle da vocalização. A anatomia da siringe foi muito utilizada como fonte de
caracteres taxonômicos tendo embasado, recentemente, reconstruções filogenéticas de
diferentes grupos de aves (Raposo et al. 2006). A ordem Passeriformes compreende cerca de
9702 espécies em todo mundo, das quais 938 são registradas para o Brasil (Sick 1997). Em
geral, são onívoros e extremamente dependentes da oferta de alimentos no ambiente,
promovendo deslocamentos populacionais de acordo com a oferta sazonal de frutos,
sementes, insetos, etc. (Sick 1997). Formam guildas, em função de vários fatores ecológicos,
tais como: deslocamentos, migrações, otimização de forrageio e proteção contra predadores:
ou ainda durante parte do dia, sazonalmente ou durante todo o ano, dependendo da função
ecológica do bando (Sick 1997).
A análise da dieta de Passeriformes
O estudo da dieta de aves é essencial para o conhecimento da sua história natural, assim
como para o desenvolvimento de estratégias de conservação. Contudo, a composição da dieta
de muitas espécies de Passeriformes neotropicais ainda é pouco conhecida ou não se tem
informações precisas (Batholomew 1986), o que implica na falta de informações sobre a
associação desse grupo de aves com a variedade de itens alimentares disponíveis/consumidos
ao longo de um ciclo anual (Custer e Pitelka 1975, Karr e Brawn 1990, Loiselle e Blake
1990).
10
Poucos são os estudos que enfocam os padrões de exploração de recursos alimentares de
aves, especialmente para as comunidades de Passeriformes (Rosenberg e Cooper 1990). No
entanto, existem vários métodos, os quais poderiam ser aplicados, viabilizando a realização
desses estudos. Os principais métodos utilizados para a determinação da dieta dos
Passeriformes são os considerados não destrutivos, tais como: análise de amostras fecais
(Davies 1976, Loiselle e Blake 1990); defecação forçada (Moody 1970, Laursen 1978) e
regurgitação forçada (Poulin et al. 1994, Poulin e Lefebvre 1995). Porém, para muitas
espécies, o exame direto do conteúdo estomacal, apesar de ser destrutivo, é o método mais
eficiente, principalmente considerando-se as espécies de difícil captura por redes-neblina ou
armadilhas. Além disso, esse método é o mais confiável no estudo de dietas de aves que se
alimentam de insetos e larvas, pois a análise do estômago permite que os itens alimentares
sejam estudados ainda em um estágio não muito avançado da digestão (Durães 2003). De
fato, o exame direto dos itens do conteúdo estomacal é, geralmente, mal representado em
estudos sobre a ecologia de Passeriformes, uma vez que pouca ênfase é dada à exploração de
recursos alimentares para a melhor compreensão da organização das comunidades nesse
grupo de aves (Rosenberg e Cooper 1990).
É importante ressaltar que a composição da dieta de muitas espécies de Passeriformes
neotropicais é pouco conhecida e, na maioria dos casos, algumas espécies são classificadas
em grupos alimentares segundo sua taxonomia, observações individuais ou dados compilados
da literatura. Portanto, as informações sobre a dieta de várias espécies de Passeriformes são
ainda obtidas de forma casual e não representam toda a variedade de itens alimentares
disponíveis ao longo de um ciclo anual (Karr e Brawn 1990, Loiselle e Blake 1990).
No manguezal, por exemplo, o trabalho realizado por Lefebvre et al. (1994) representa
bem a necessidade de se levar a termo estudos mais detalhados sobre a composição da dieta
de Passeriformes. Esse estudo mostrou que a abundância dos recursos alimentares apresenta
uma periodicidade marcante ao longo do ciclo anual em áreas de manguezais, na Venezuela.
11
Os resultados apontaram diferentes táxons de Artropodes, encontrados no conteúdo estomacal
dos pássaros, os quais tendem a apresentar um padrão temporal semelhante ao padrão de
abundância dos Passeriformes durante o ciclo anual. Tais resultados ressaltam a relevância da
análise do conteúdo estomacal para a melhor compreensão da associação desse grupo
taxonômico com as florestas de mangue.
Os estudos sobre a diversidade de aves associadas aos ecossistemas costeiros ao longo
do litoral amazônico brasileiro, representam apenas uma pequena parcela das informações
disponíveis sobre este grupo taxonômico na Amazônia brasileira. Além do que, existem
poucos trabalhos que enfatizam a associação dessas espécies com o manguezal. Sendo assim,
o presente estudo pretende contribuir para o melhor conhecimento da dieta desse grupo de
aves associado às florestas de mangue, na península de Ajuruteua, Bragança, Pará.
Escopo da Dissertação
O presente trabalho versa sobre a avifauna que utiliza a os manguezais da região norte
do Brasil, especialmente espécies da ordem Passeriformes associadas às florestas de mangue
dessa região. O presente estudo foi desenvolvido nas florestas de mangue da península de
Ajuruteua, Bragança, Pará, e apresenta os seguintes objetivos:
1. Fazer um levantamento das espécies de aves associadas às florestas de mangue;
2. Analisar a distribuição sazonal das espéces mais abundantes de Passeriformes;
3. Identificar e quantificar os itens alimentares que compõem a dieta das espécies
mais abundantes de Passeriformes;
4. Analisar a variação sazonal da dieta das espécies mais abundantes de
Passeriformes longo de um ciclo anual;
5. Estimar a diversidade trófica dos itens alimentares que compõem a dieta das
espécies mais abundantes de Passeriformes.
12
Os resultados encontrados, a partir desses objetivos, subsidiaram o CAPÍTULO II
intitulado “Aves associadas às florestas de mangue da península de Ajuruteua, Bragança,
Pará” e o CAPITULO III intitulado “Determinação da dieta de Passeriformes associados às
florestas de mangue da península de Ajuruteua, Bragança, Pará”.
O CAPÍTULO II é um levantamento das espécies de aves associadas, de alguma
forma, ao ecossistema manguezal ao longo da costa amazônica brasileira. Foi realizado
através de levantamentos de registros disponíveis na literatura e campanhas de observações
nos manguezais da península de Ajuruteua, em dois períodos do ano: em março de 2005
(período chuvoso) e em outubro 2005 (período seco). As observações foram realizadas através
de caminhadas em trilhas paralelas aos furos do Taici e Grande e ao longo da rodovia PA-458,
com o auxilio um binóculo (8 x 40 mm). No km 21 da rodovia PA-458, além das observações,
foram realizadas capturas, através da instalação de redes-neblina ao amanhecer e ao
entardecer, quatro vezes ao mês, durante um ciclo anual.
O segundo estudo é uma analise do conteúdo estomacal e da distribuição sazonal das
espécies mais abundantes de Passeriformes, que freqüentam os bosques de mangue próximos
ao km 21 da rodovia PA-485 na península de Ajuruteua, Bragança, Pará. Foram realizadas
capturas mensais, com a utilização de ornitológicas (rede-neblina), ao longo de um ciclo
anual.
13
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18
CAPÍTULO II
AVES ASSOCIADAS AOS MANGUEZAIS DA PENÍNSULA DE
AJURUTEUA, BRAGANÇA, PARÁ
19
AVES ASSOCIADAS AOS MANGUEZAIS DA PENÍNSULA DE AJURUTEUA, BRAGANÇA, PARÁ
Resumo: O presente estudo apresenta uma listagem das espécies de aves associadas aos manguezais da
península de Ajuruteua, Bragança, Pará, o que serviu como ponto de partida para a elaboração de uma lista para
a costa amazônica brasileira. Foram realizadas duas campanhas de observações, uma no período chuvoso e outra
no seco, bem como realizadas capturas com redes-neblina ao amanhecer e ao entardecer durante um ciclo anual.
A listagem de aves para a costa amazônica brasileira considerou registros de espécies associadas ao manguezal a
partir da literatura e do presente estudo. Foram registradas 50 espécies de aves distribuídas em 18 famílias,
sendo 30% Ciconiiformes e 24% Passeriformes associadas aos manguezais da península de Ajuruteua, Bragança,
Pará. O número de espécies registrado para a península representa 54% daquelas associadas aos manguezais da
costa amazônica brasileira (n=92). Chrysomus ruficapillus e Sturnella militaris foram as espécies com o maior
número de capturas na península, bem como as que foram observadas forrageando ao longo de todo o dia nos
bosques de mangue, diferindo da maioria dos Passeriformes que certamente usam o manguezal como áreas de
dormida. Os manguezais estão tomando cada vez mais, papel importante na sobrevivência das espécies de aves,
antes certamente mais restritas aos outros ambientes florestados.
Palavras-chave: Passeriformes, lista de espécies, manguezais, península de Ajuruteua, Pará.
AVIAN ASSOCIATED TO MANGROVES ON THE AJURUTEUA PENINSULA, BRAGANÇA - PARÁ
Abstract: The present study shows a checklist of the avian species associated to mangroves on the Ajuruteua
peninsula Bragança-Pará, which was used to begin the elaboration of a checklist for the Brazilian Amazon
coastline. Two field excursions for avian observation were carried out during the wet and dry season, as well as
collections by using mist nets during the dawn and sunset during the annual cycle. The avian checklist for the
Brazilian Amazon coastline considered records of species associated to mangrove from the literature and from
the present study. Fifty avian species were recorded that are distributed in 18 families, being 30% Ciconiiformes
and 24% Passeriformes associated to mangroves on the Ajuruteua peninsula, Bragança-Pará. The species number
recorded to the peninsula represents 54% from that associated to mangroves of the Brazilian Amazon coastline
(n=92). Chrysomus ruficapillus and Sturnella militaris were the species that presented higher capture scores on
the peninsula, as well as the species that were watched foraging all day long in the mangrove stands, differing
from the majority of passerines that certainly use mangroves as a sleeping site. The mangroves tend to take a role
more important for the survivorship of the avian species before, certainly, more restricted to other forested
environment.
Key words: Passeriformes, species checklist, mangroves, Ajuruteua peninsula, Pará.
20
INTRODUÇÃO
O manguezal é um ecossistema costeiro de transição, característico de regiões
tropicais e subtropicais, sujeito ao regime das marés (Schaeffer-Novelli 1995). Este sistema
funciona como um local de refúgio, descanso, procriação e desova de diversos táxons de vida
marinha e terrestre (Kjerve e Lacerda, 1993), incluindo as aves (Saenger et al. 1983).
Estima-se que em todo o mundo existam 9700 espécies de aves (Sibley e Monroe
1990) e que o Brasil possua 18,5% desse valor, isto é, 1801 espécies (CBRO 2007). As aves
representam 38% das espécies de vertebrados associados às florestas de mangue em todo o
mundo (Fernandes 2000), sendo que nos manguezais brasileiros são registradas 35 famílias e
86 espécies (Lacerda 2003).
A maioria das espécies de vertebrados registrada no manguezal também ocorre em
outros ecossistemas adjacentes. Entretanto, algumas dessas espécies apresentam maiores
populações em áreas de manguezal, sendo, portanto consideradas típicas desse sistema
(Vannucci 2003). Entre as espécies de aves típicas dos manguezais, destacam-se: a figuinhado-mangue (Conirostrum bicolor Vieillot 1809), que é uma espécie considerada exclusiva das
florestas de mangue, o guará (Eudocimus ruber Linnaeus 1758), o gavião-caranguejeiro
(Buteogallus aequinoctialis Gmelin 1788) e o savacu-de-coroa (Nyctanassa violacea
Linnaeus 1758) (Sick 1997). Na costa norte, estudos realizados com espécies das ordens
Ciconiiformes e Charadriiformes mostram a importância dos manguezais na sobrevivência
dessas espécies (Morrison et al. 1986, Roth e Scott 1987, Rodrigues 1993, Rodrigues e
Fernandes 1994, Roma 1996, Sick 1997, Hass et al. 1999, Oren 1999, Cunha et al. 2000,
Martínez 2000).
Estudos de diversidade da avifauna não são comuns em ambientes estuarinos da
América do Sul, apesar dos manguezais neotropicais apresentarem uma diversidade
expressiva, inclusive de Passeriformes (Tostain 1986, Novaes e Lima 1992, Lefebvre et al.
1992, 1994, Stotz et al. 1996, Lefebvre e Poulin 1997, Sick 1997, Novaes e Lima 1998,
21
Araújo et al. 2006). Nesse sentido, o presente estudo representa mais uma contribuição para o
conhecimento da avifauna associada às florestas de mangue da Amazônia brasileira,
objetivando realizar um levantamento da avifauna que, de alguma maneira, utiliza as florestas
de mangue, ao longo da península de Ajuruteua, Bragança, Pará, comparando-a com a lista
compilada para toda a costa amazônica brasileira.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo
O trabalho de campo foi realizado em três sítios de observação ao longo da península
de Ajuruteua, no município de Bragança, Pará: i) furo do Taici (00º58’216”S, 46º44’370”W),
ii) km 21 da rodovia PA-458 (00º55’26,7”S, 46º40’20,4”W) e iii) furo Grande (00°50’01,7”S,
46°38’27,4”W). O furo do Taici é formado por uma vegetação mista, composta por
Rhizophora mangle L., Avicennia germinans (L.) Gaertn. f. e Laguncularia racemosa (L.)
Stearn. Está localizado na porção mais continental da península, próximo á uma área de
florestas de terra firme. O sítio localizado no furo Grande, também apresenta uma vegetação
mista, com as mesmas espécies, sendo A. germinans a espécie dominante às margens desse
furo. Essa área de mangue está localizada na porção mais costeira da península (Kjerfve e
Lacerda 1993). O terceiro sítio, o km 21 da rodovia PA-458, está localizado na porção mais
elevada da península. É composto por paisagens contíguas de campos salinos, florestas de
mangue e “ilhas” de terra firme (Lara e Cohen 2003) (Figura 1).
Os períodos, chuvoso e seco, da área de estudo foram definidos a partir da confecção de
um gráfico climatológico gerado a partir de dados meteorológicos do Instituto Nacional de
Meteorologia – INMET, 2º Distrito de Meteorologia/PA – SEOMA, estação 82145 –
Tracuateua, Pará (01º 04’ S, 46º 54’ W), que é a estação meteorológica mais próxima da
península de Ajuruteua. Ficaram definidos como período chuvoso, os meses em que a média
22
de precipitação pluviométrica ficou acima de 100 mm mensais e o período seco, os em que a
média ficou abaixo de 100 mm (Figura 2).
Foram realizadas duas campanhas de observação nos furos do Taici e Grande: i)
Campanha 1 - realizada em oito dias não consecutivos no março de 2005, no período chuvoso
(de fevereiro a julho) e ii) Campanha 2 – realizada em oito dias não consecutivos no outubro
2005, no período seco (de agosto a janeiro). As observações foram realizadas através de
caminhadas em trilhas paralelas aos furos e ao longo da rodovia PA-458 nas primeiras horas
da manhã (das 5:00 hs às 9:00 hs) e no fim da tarde (das 15:00 hs às 18:00 hs). Esse período
de observação foi definido através de observações prévias (piloto) na área de estudo. As
observações foram realizadas com o auxilio de um binóculo (8x40 mm) e as espécies
identificadas através do guia de campo de Sousa (2002).
No km 21 da rodovia PA-458, além das observações, foram realizadas capturas, através
da instalação de dez redes-neblina (malha 36 mm, com 7 m comprimento x 2,5 m altura), a
200 m de distância da margem da rodovia, com o intuito de minimizar o efeito de borda.
As redes-neblina foram instaladas em dois períodos do dia, ao amanhecer (das 5:00 às
9:00 hs) e ao entardecer (das 15:00 às 18:00 hs). Nesse período, as redes-neblina foram
visitadas em intervalos médios de uma hora. As capturas foram realizadas em dois dias de
cada mês, ao longo de um ciclo anual completo entre os meses de março de 2005 a fevereiro
de 2006. O esforço de captura (E), expresso em m-2.h-1.ano-1, foi calculado de acordo com o
trabalho de Straube e Bianconi (2002), através da seguinte fórmula:
E= AR x R x T, onde:
E= Esforço amostral;
AR=Área da Rede (altura x comprimento)
R= Número de Redes
T= Tempo de Exposição (horas x dias)
23
3
2
1
PA-458
Figura 1. Mapa localizando a área de estudo: A) costa amazônica brasileira; B)
península de Ajuruteua, sendo: 1) Furo do Taici; 2) km 21 da rodovia PA-458; 3) Furo
Grande (modificado de Mehlig 2001).
24
Precipitação (mm)
600
600
500
500
400
400
300
300
200
200
100
100
0
Precipitação (mm)
Temperatura (°C)
Temperatura (°C)
0
M
A
M
J
J
A
S
O
N
D
J
F
2005/2006
Figura 2. Variação da média mensal de temperatura e precipitação pluviométrica da área
de estudo no período de março de 2005 a fevereiro de 2006.
Todas as espécies observadas e capturadas foram organizadas de acordo com a sua
posição taxonômica (ordem e família) em uma tabela contendo: nome científico, nome
popular, tipo e local de registro de cada espécie. Para efeito comparativo, foi elaborada uma
tabela contendo uma lista de espécies de aves consideradas associadas aos manguezais ao
longo da costa amazônica brasileira, incluindo os estados do Amapá, Pará e Maranhão. Os
seguintes critérios foram utilizados para considerar uma espécie de ave associada ao
manguezal:
1) ter sido registrada diretamente no manguezal em alguma atividade (presente
estudo).
25
2) ter sido citada na literatura, como uma espécie de distribuição em áreas de
manguezal.
3) ter sido citada na literatura, como uma espécie de distribuição em áreas próximas
ao manguezal, sendo uma provável visitante desse ecossistema.
A classificação taxonômica das espécies registradas no presente estudo, bem como a das
espécies descritas para a costa amazônica brasileira, segue a taxonomia sugerida pelo Comitê
Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO 2007).
A captura e coleta dos espécimes utilizados no presente estudo foi autorizada pelo
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), através
da Licença No. 034/2005, com Registro no IBAMA No. 2017419. Os espécimes capturados e
coletados foram depositados na Coleção de Zoologia do Campus de Bragança (CZB),
Bragança, Pará.
26
RESULTADOS
Foram registradas 50 espécies de aves distribuídas em 18 famílias e oito ordens
taxonômicas nos manguezais da península de Ajuruteua, Bragança, Pará. As observações
tiveram com um esforço amostral total de 336 h.ano-1, enquanto que as capturas tiveram uma
esforço de captura (E) de 29.400 m-2.h-1.ano-1. A ordem Ciconiiformes representou 30% das
espécies registradas, enquanto que a ordem Passeriformes representou 24% do total das
espécies (Figura 3)
As capturas representaram 34% dos registros, sendo a maioria das espécies capturadas
(53%) pertencentes à ordem Passeriformes. Os avistamentos representaram 66% dos registros,
sendo a ordem Ciconiiformes a mais frequentemente observada nos três sítios de observações
(Tabela 1).
Só houve captura nos meses chuvosos, porém algumas espécies foram observadas
durante tudo o período de estudo, dentre as quais a garça-branca-grande (Ardea alba), a
garça-branca-pequena (Egretta thula), a garça-tricolor (Egretta tricolor), a graça-azul (Egretta
caerulea), o caracará (Caracara plancus) e o suiriri (Tyrannus melancholicus) foram as
espécies mais frequentemente observadas nos três sítios de observação.
O km 21 da rodovia PA-458 foi o sítio com maior número de registros, sendo a ordem
Passeriformes o grupo como maior número de espécies registradas nesse sítio. Dentre as
espécies capturadas Chrysomus ruficapillus (Vieillot, 1819) (Figura 4) foi a espécie com
maior número de indivíduos capturados.
A lista das espécies de aves registradas nos manguezais da costa amazônica brasileira
apresenta 92 espécies de aves distribuídas em 24 famílias. O estado com maior número de
registros foi o estado do Pará, seguido do estado do Maranhão, o qual apresentou o maior
número de registros de espécies da ordem Charadriiformes (ver Tabela 2, em anexo).
27
PASSERIFORMES
24%
CICONIIFORMES
30%
PICIFORMES 2%
CO
6%
MES
FOR
I
I
C
RA
%
S8
N
CO
RT
IFO
RM
ES
6
%
M
OR
IF
U
HA
L
FA
C
CU
E
RM
O
F
LI
CA
T
6
ES
%
CHARADRIIFORMES
18%
Figura 3. Percentual das ordens taxonômicas das aves registradas nos manguezais da
península de Ajuruteua, Bragança, Pará.
A
B
Figura 4. Fotos da espécie Chrysomus ruficapillus, A) macho adulto e B) fêmea adulta.
28
Tabela 1. Lista das espécies registradas nos manguezais da península de Ajuruteua,
Bragança, Pará. Av = Avistamento, Cap = Captura, FT = Furo do Taici, km21 = Quilômetro
21 da rodovia PA-458 e FG = Furo Grande. * = Capturados por terceiros ou encontrados
mortos às margens da rodovia PA-458.
Nome científico
CICONIIFORMES Bonaparte, 1854
Ardeidae Leach, 1820
Tigrisoma lineatum (Boddaert, 1783)
Ixobrychus exilis (Gmelin, 1789)
Nycticorax nycticorax (Linnaeus, 1758)
Nyctanassa violacea (Linnaeus, 1758)
Butorides striata (Linnaeus, 1758)
Bubulcus ibis (Linnaeus, 1758)
Ardea cocoi (Linnaeus, 1766)
Ardea alba (Linnaeus, 1758)
Pilherodius pileatus(Boddaert, 1783)
Egretta tricolor (Statius Muller, 1776)
Egretta thula (Molina, 1782)
Egretta caerulea (Linnaeus, 1758)
Nome popular
Tipo de
Registro
Local
socó-boi
socoí-vermelho
savacu
savacu-de-coroa
socozinho
garça-vaqueira
garça-moura
garça-branca-grande
garça-real
garça-tricolor
garça-branca-pequena
garça-azul
Av
Av
Av
Av
Av
Av
Av
Av
Av
Av
Av, Cap*
Av, Cap*
FG
FG
FT; FG
FT; km21; FG
km21; FG
FT; km21
FT; km21; FG
FT; km21; FG
FG
FT; km21; FG
FT; km21; FG
FT; km21; FG
Threskiornithidae Poche, 1904
Eudocimus ruber (Linnaeus, 1758)
Platalea ajaja (Linnaeus, 1758)
guará
colhereiro
Av
Av
FT; km21; FG
FT; FG
Ciconiidae Sundevall, 1836
Ciconia maguari (Gmelin, 1789)
maguari
Av, Cap*
FT; FG
CATHARTIFORMES Seebohm, 1890
Cathartidae Lafresnaye, 1839
Cathartes aura (Linnaeus, 1758)
Cathartes burrovianus (Cassin, 1845)
Coragyps atratus (Bechstein, 1793)
urubu-de-cabeça-vermelha
urubu-de-cabeça-amarela
urubu-de-cabeça-preta
Av
Av
Av
FT, km21
FT, km21
FT, km21
FALCONIFORMES Bonaparte, 1831
Accipitridae Vigors, 1824
Rostrhamus sociabilis (Vieillot, 1817)
Buteogallus aequinoctialis (Gmelin, 1788)
gavião-caramujeiro
caranguejeiro
Av
Av
FT, km21
FT, km21
caracará
Av
km21
batuíra-de-bando
batuíra-de-coleira
Av, Cap
Av, Cap
km21
km21
maçarico-galego
maçarico-pintado
Av
Av, Cap
FG; km21
FG; km21
Falconidae Leach, 1820
Caracara plancus (Miller, 1777)
CHARADRIIFORMES Huxley, 1867
Charadriidae Leach, 1820
Charadrius semipalmatus (Bonaparte, 1825)
Charadrius collaris (Vieillot, 1818)
Scolopacidae Rafinesque, 1815
Numenius phaeopus (Linnaeus, 1758)
Actitis macularius (Linnaeus, 1766)
29
Nome científico
Arenaria interpres (Linnaeus, 1758)
Calidris alba (Pallas, 1764)
Calidris pusilla (Linnaeus, 1766)
Tringa semipalmata (Gmelin, 1789)
Jacanidae Chenu e Des Murs, 1854
Jacana jacana (Linnaeus, 1766)
Nome popular
vira-pedras
maçarico-branco
maçarico-rasteirinho
maçarico-de-asa-branca
Tipo de
Registro
Av
Av, Cap
Av, Cap
Av
Local
FG; km21
FG; km21
km21
FG; km21
jaçanã
Av, Cap
km21
CUCULIFORMES (Wagler, 1830)
Cuculidae Leach, 1820
Coccyzus minor (Gmelin, 1788)
Crotophaga major (Gmelin, 1788)
Crotophaga ani (Linnaeus, 1758)
Guira guira (Gmelin, 1788)
papa-lagarta-do-mangue
anu-coroca
anu-preto
anu-branco
Av
Av
Av
Av
FT; km21
FT; km21
FT; km21
FT; km21
CORACIIFORMES Forbes, 1844
Alcedinidae Rafinesque, 1815
Megaceryle torquata (Linnaeus, 1766)
Chloroceryle amazona (Latham, 1790)
Chloroceryle americana (Gmelin, 1788)
martim-pescador-grande
martim-pescador-verde
martim-pescador-pequeno
Av
Av, Cap
Av, Cap
FT;km21
km21
km21
PICIFORMES Meyer e Wolf, 1810
Picidae Leach, 1820
Campephilus melanoleucos (Gmelin, 1788)
pica-pau-de-topete-vermelho Av
FT
PASSERIFORMES Linné, 1758
Dendrocolaptidae Gray, 1840
Xiphorhynchus guttatus (Lichtenstein, 1820)
arapaçu-garganta-amarela
Cap
km21
Furnariidae Gray, 1840
Certhiaxis mustelinus (Sclater, 1874)
joão-da-canarana
Cap
km21
Tyrannidae Vigors, 1825
Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766)
Tyrannus melancholicus (Vieillot, 1819)
bem-te-vi
suiriri
Av
Av, Cap
FT; km21; FG
FT; km21; FG
Turdidae Rafinesque, 1815
Turdus rufiventris (Vieillot, 1818)
sabiá-laranjeira
Cap
FT; km21
Thraupidae Cabanis, 1847
Tachyphonus rufus (Boddaert, 1783)
Ramphocelus carbo (Pallas, 1764)
Conirostrum bicolor (Vieillot, 1809)
pipira-preta
pipira-vermelha
figuinha-do-mangue
Cap
Cap
Cap
km21
km21
km21
Icteridae Vigors, 1825
Psarocolius decumanus (Pallas, 1769)
Cacicus cela (Linnaeus, 1758)
Chrysomus ruficapillus (Vieillot, 1819)
Sturnella militaris (Linnaeus, 1758)
japu
xexéu
garibaldi
polícia-inglesa-do-norte
Av
Av
Av, Cap
Av, Cap
FT; km21
FT; km21; FG
km21
km21
30
DISCUSSÃO
Passeriformes são freqüentemente citados em listas de espécies de aves associadas aos
manguezais (Novaes e Pimentel 1973, Novaes e Lima 1992, 1998, Lefebvre et al. 1992, 1994,
Poulin e Lefebvre 1996, Schories 2001, Araújo et al. 2006). Lefebvre et al. (1994) listam
mais 90 espécies de Passeriformes presentes nos manguezais da península de Araya, na
Venezuela, destacando a influência de espécies migrantes na quantidade dos recursos
alimentares disponíveis. Poulin e Lefebvre (1996) também destacam a relação alimentar entre
migrantes e residentes e listam 38 espécies de Passeriformes nos manguezais da Gamboa, no
Panamá. No Brasil, Araújo et al. 2006 registraram 61 espécies de Passeriformes em
manguezais da Paraíba, os quais representaram 50% das ocorrências em seu estudo. No Pará,
o trabalho de Novaes e Lima (1992), realizado em manguezais do leste do estado, registrou
nove espécies de Passeriformes, o que representou 50% das espécies inventariadas, ao passo
que Schories (2001) registrou 12 espécies de Passeriformes em áreas de manguezal na ilha
Canela, Bragança, Pará. O presente estudo, por sua vez, registrou 12 espécies desse grupo de
aves, sendo que esse número representa 24% de todos os registros nos manguezais da
península de Ajuruteua. O número de espécies de Passeriformes registrado nos manguezais
mostra que esse grupo taxonômico possui efetiva associação com o ecossistema manguezal e,
por conseguinte, deve exercer alguma influência direta sobre os recursos disponíveis e a
dinâmica desse ecossistema.
Estudos realizados por Mallet-Rodrigues e Noronha (2003) em uma mata de encosta no
município de Guapimirim no estado do Rio de Janeiro, mostram que os Passeriformes
apresentam uma variação diária e sazonal de atividade, e, por conseguinte maior taxa de
captura com redes-neblina. Segundo esses autores, durante o dia os Passeriformes possuem
dois picos de atividades: nas primeiras horas de manhã e nas últimas horas da tarde, e
sazonalmente, a maior taxa de captura foi registrada no mês de abril (período seco), em
quanto que nos meses mais quentes e chuvosos (dezembro a março) a taxa de captura é baixa.
31
Contudo, devemos considerar as diferenças entre espécies, hábitats, condições climáticas e a
sazonalidade do período.
No presente estudo, a maioria dos avistamentos e das capturas das espécies de
Passeriformes ocorreram entre 5:00 hs e 7:00 hs da manhã e 17:00 hs e 18:00 hs da tarde,
sendo que, durante o dia foi observada uma diminuição da atividade dessas espécies no
manguezal. Somente duas espécies de Passeriformes foram observadas em atividades de
forrageio ao longo de todo o dia nos manguezais da península de Ajuruteua, Sturnella
militaris e Chrysomus ruficapillus. Entretanto, essas espécies foram avistadas somente nos
meses chuvosos do período de estudo. Duas espécies de Passeriformes foram observadas
durante todo o ano, Conirostrum bicolor e Tyrannus melancholicus, porém essas espécies
foram observadas somente nas primeiras horas do dia. Assim, é razoável pensar que algumas
espécies utilizam os manguezais da península de Ajuruteua como área de forrageio, enquanto
que outras utilizam esse ecossistema somente como dormitório, forrageando em outros
ambientes adjacentes aos manguezais (ex. terra firme e campos salinos).
De acordo com as observações de Novaes e Lima (1992), o manguezal pode ser dividido
em dois substratos com relação à distribuição das aves nesse sistema: a copa das árvores e o
chão da floresta. Segundo esses autores, os Passeriformes capturam seus alimentos nas copas
das árvores, enquanto que os Não-Passeriformes forrageiam no chão da floresta. No presente
estudo, duas espécies de Passeriformes foram frequentemente observadas forrageando no
chão do manguezal no km 21 da rodovia PA-458, C. ruficapillus e S. militaris. De acordo
com Belton (1985), essas espécies são frequentemente encontradas associadas aos cultivos de
arroz no Rio Grande do Sul, sendo consideradas pragas desse tipo de lavoura. Contudo, Sick
(1997), afirma que essas duas espécies apresentam ampla distribuição e utilizam uma grande
variedade de ambientes e recursos alimentares.
O levantamento das espécies registradas nos manguezais da costa amazônica brasileira
mostra que a ordem Ciconiiformes ainda é o grupo taxonômico com a maioria das espécies
32
que freqüentam os manguezais dessa região (ver Tabela 2 em Anexo). No entanto, sabe-se
que espécies migratórias, pertencentes à ordem Charadriiformes têm suas populações
consideravelmente aumentadas nos períodos mais chuvosos na costa norte brasileira
(Rodrigues 1993).
De acordo com a lista de espécies de aves compilada para os manguezais da costa
amazônica brasileira (ver Tabela 2 em Anexo), existem cerca de 92 espécies de aves que
utilizam esse ecossistema ao longo de toda a costa norte brasileira. A maioria das espécies
listadas está associada aos manguezais dos Estados do Pará e Maranhão, enquanto que no
estado do Amapá, os estudos com aves associadas ao manguezal, são escassos.
Algumas espécies estão listadas somente em um ou dois estados (ex. Phoenicopterus
ruber Linnaeus 1758, Theristicus caudatus Boddaert 1783, Mesembrinibis cayennensis
Gmelin 1789, Milvago chimachima Vieillot, 1816), mas isso não implica na exclusividade
dessas espécies aos manguezais daquele(s) Estado(s). De fato, ainda há muita carência de
informações a respeito da distribuição de aves na Amazônia brasileira, principalmente sobre
as espécies associadas aos manguezais, e isso reflete na dificuldade em se compilar
informações sobre a distribuição dessas espécies. Assim, a distribuição da maioria das
espécies de Passeriformes nos manguezais da costa amazônica brasileira ainda é pouco
conhecida ou, simplesmente, desconhecida. Por outro lado, é notório que esse grupo de aves é
bastante associado às florestas de mangue, haja vista os vários registros pelo Brasil (Novaes e
Lima 1992, 1998, Schories 2004, Araújo 2006). Além do mais, esses registros podem ser
resultado do fato de que os manguezais na Amazônia brasileira, ainda apresentam um bom
estado de preservação (Laceda 2003), e, consequentemente, podem ser utilizados como uma
fonte primária ou secundária de recursos por essas aves.
Por fim, é pertinente pensar que, mesmo considerando essa associação dos
Passeriformes aos manguezais uma interação já pré-existente, que foi estabelecida ao longo da
evolução de ambos, com o desmatamento acelerado das floretas interiores continentais, é de
33
se esperar que os manguezais passem a tomar um papel cada vez mais importante na
sobrevivência dessas espécies de aves, antes mais restritas aos outros ambientes florestados.
Além do mais, os manguezais da costa amazônica brasileira ainda representam importantes
locais de refúgio e procriação para muitas espécies de aves caracteristicamente costeiras, bem
como para aquelas provenientes dos mais diversos ambientes adjacentes aos manguezais.
34
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38
ANEXO
Tabela 2. Lista de espécies de aves associadas às florestas de mangue ao longo da costa amazônica brasileira. AM = Amapá; PA =
Pará; MA = Maranhão, segundo os critérios estabelecidos no presente estudo (1, 2 e 3).
NOME CIENTÍFICO
NOME POPULAR
CRITÈRIO
ESTADO
FONTE
socó-boi
2
AM; PA; MA
Agamia agami (Gmelin, 1789)
Cochlearius cochlearius (Linnaeus, 1766)
garça-da-mata
arapapá
2e3
2e3
AM; PA; MA
AM; PA; MA
Zebrilus undulatus (Gmelin, 1789)
Botaurus pinnatus (Wagler, 1829)
Ixobrychus exilis (Gmelin, 1789)
socoí-zigue-zague
socó-boi-baio
socoí-vermelho
2e3
2e3
AM; PA; MA
AM; PA; MA
AM; PA; MA
Nycticorax nycticorax (Linnaeus, 1758)
savacu
1, 2 e 3
AM; PA; MA
Nyctanassa violacea (Linnaeus, 1758)
Butorides striata (Linnaeus, 1758)
Ardeola ralloides (Scopoli, 1769)
Bubulcus ibis (Linnaeus, 1758)
Ardea cocoi (Linnaeus, 1766)
Ardea alba (Linnaeus, 1758)
savacu-de-coroa
socozinho
garça-caranguejeira
garça-vaqueira
garça-moura
garça-branca-grande
1, 2 e 3
2
2e3
2
1e2
1e2
AM; PA; MA
AM; PA; MA
AM; PA; MA
AM; PA; MA
AM; PA; MA
AM; PA; MA
Pilherodius pileatus (Boddaert, 1783)
garça-real
2
AM; PA; MA
Egretta tricolor (Statius Muller, 1776)
garça-tricolor
1e2
AM; PA; MA
Egretta thula (Molina, 1782)
garça-branca-pequena
1e2
AM; PA; MA
Egretta caerulea (Linnaeus, 1758)
garça-azul
1e2
AM; PA; MA
Roth e Scott 1987, Martínez 1998, Novaes e
Lima 1998, Oren 1999.
Martínez 1998, Sousa 2002.
Roth e Scott 1987, Novaes e Lima 1998, Oren
1999.
Novaes e Lima 1998, Martínez 2005.
Novaes e Lima 1998, Schories 2001.
Roth e Scott 1987, Novaes e Lima 1998, Oren
1999.
Roth e Scott 1987, Martínez 1998, Novaes e
Lima 1998, Oren 1999.
Oren 1999, Schories 2001.
Roth e Scott 1987, Martínez 1998, Oren 1999.
Novaes e Lima 1998, Schories 2001, Sousa 2002.
Roth e Scott 1987, Martínez 1998, Oren 1999.
Roth e Scott 1987, Martínez 1998, Oren 1999.
Roth e Scott 1987, Martínez 1998, Novaes e
Lima 1998, Oren 1999.
Roth e Scott 1987, Novaes e Lima 1998, Oren
1999.
Novaes 1998, Martínez 1998, Oren 1999,
Schories 2001.
Roth e Scott 1987, Martínez 1998, Novaes e
Lima 1998, Oren 1999.
Novaes e Lima 1998, Oren 1999, Schories 2001.
guará
1, 2 e 3
AM; PA; MA
Martínez 1998, Oren 1999, Schories 2001.
CICONIIFORMES Bonaparte, 1854
Ardeidae Bonaparte, 1854
Tigrisoma lineatum (Boddaert, 1783)
Threskiornithidae Poche, 1904
Eudocimus ruber (Linnaeus, 1758)
39
NOME CIENTÍFICO
NOME POPULAR
CRITÈRIO
ESTADO
FONTE
Mesembrinibis cayennensis (Gmelin, 1789)
Phimosus infuscatus (Lichtenstein, 1823)
Theristicus caudatus (Boddaert, 1783)
Platalea ajaja (Linnaeus, 1758)
coró-coró
tapicuru-de-cara-pelada
curicaca
colhereiro
2e3
2e3
2e3
2e3
AM; PA; MA
PA
PA
AM; PA; MA
Novaes e Lima 1998, Oren 1999.
Novaes e Lima 1998, Sousa 2002.
Novaes e Lima 1998, Martínez 2005.
Schories 2001, Sousa 2002.
maguari
1, 2 e 3
AM; PA; MA
Jabiru mycteria (Lichtenstein, 1819)
tuiuiú/jaburu
2e3
AM; PA; MA
Mycteria americana (Linnaeus, 1758)
cabeça seca
2
AM; PA; MA
Novaes e Lima 1998, Schories 2001, Martínez
2005.
Novaes e Lima 1998, Sousa 2002, Martínez
2005.
Roth e Scott 1987, Oren 1999, Martínez 2005.
PHOENICOPTERIFORMES Furbringer, 1888
Phoenicopteridae Bonaparte, 1831
Phoenicopterus ruber (Linnaeus, 1758)
flamingo
2e3
AM; PA
Novaes e Lima 1998, Oren 1999, Sousa 2002.
CATHARTIFORMES Seebohm, 1890
Cathartidae Lafresnaye, 1839
Cathartes aura (Linnaeus, 1758)
Cathartes burrovianus (Cassin, 1845)
Coragyps atratus (Bechstein, 1793)
urubu-de-cabeça-vermelha
urubu-de-cabeça-amarela
urubu-de-cabeça-preta
1, 2 e 3
2e3
1, 2 e 3
AM; PA; MA
AM; PA; MA
AM; PA; MA
Novaes e Lima 1998, Schories 2001.
Novaes e Lima 1998, Sousa 2002.
Novaes e Lima 1998, Schories 2001.
FALCONIFORMES Bonaparte, 1831
Pandionidae Bonaparte, 1854
Pandion haliaetus (Linnaeus, 1758)
águia-pescadora
3
AM; PA; MA
Novaes e Lima 1998, Schories 2001.
Accipitridae Vigors, 1824
Rostrhamus sociabilis (Vieillot, 1817)
Buteogallus aequinoctialis (Gmelin, 1788)
Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788)
gavião-caramujeiro
caranguejeiro
gavião-carijó
1e3
1, 2 e 3
3
AM; PA; MA
AM; PA; MA
PA
Novaes e Lima 1998, Schories 2001.
Novaes e Lima 1998, Sousa 2002.
Novaes e Lima 1998, Schories 2001.
Falconidae Leach, 1820
Caracara plancus (Miller, 1777)
Milvago chimachima (Vieillot, 1816)
caracará
carrapateiro
1, 2 e 3
2e3
AM; PA; MA
PA
Novaes e Lima 1998, Schories 2001.
Novaes e Lima 1992, 1998.
Ciconiidae Sundevall, 1836
Ciconia maguari (Gmelin, 1789)
40
NOME POPULAR
CRITÈRIO
ESTADO
FONTE
GRUIFORMES Bonaparte, 1854
Rallidae Rafinesque, 1815
Rallus longirostris (Boddaert, 1783)
Aramides mangle (Spix, 1825)
Pardirallus maculatus (Boddaert, 1783)
saracura-matraca
saracura-do-mangue
saracura-carijó
2e3
2e3
3
PA; MA
PA; MA
PA; MA
Schories 2001, Sousa 2002.
Schories 2001, Sousa 2002.
Novaes e Lima 1998, Sousa 2002.
CHARADRIIFORMES Huxley, 1867
Charadriidae Leach, 1820
Vanellus chilensis (Molina, 1782)
Pluvialis dominica (Statius Muller, 1776)
Pluvialis squatarola (Linnaeus, 1758)
Charadrius semipalmatus (Bonaparte, 1825)
quero-quero
batuiruçu
batuiruçu-de-axila-preta
batuíra-de-bando
2e3
2e3
2
1, 2 e 3
AM; PA; MA
AM; PA
AM; PA; MA
AM; PA; MA
Charadrius wilsonia (Ord, 1814)
batuíra-bicuda
2e3
AM; PA; MA
Charadrius collaris (Vieillot, 1818)
batuíra-de-coleira
1, 2 e 3
AM; PA; MA
Schories 2001, Sousa 2002.
Novaes e Lima 1992, Sousa 2002.
Rodrigues 1993, Schories 2001, Kober 2004.
Rodrigues 1993, Novaes e Lima 1998, Schories
2001, Kober 2004.
Rodrigues 1993, Novaes e Lima 1998, Schories
2001, Sousa 2002.
Rodrigues 1993, Novaes e Lima 1998, Schories
2001, Kober 2004.
maçarico-de-costas-brancas
2e3
3
1, 2 e 3
1, 2 e 3
AM; PA; MA
PA
AM; PA; MA
AM; PA; MA
2e3
2e3
AM; PA; MA
AM; PA; MA
Tringa semipalmatus (Gmelin, 1789)
Tringa flavipes (Gmelin, 1789)
Arenaria interpres (Linnaeus, 1758)
maçarico-solitário
maçarico-grande-pernaamarela
maçarico-de-asa-branca
maçarico-de-perna-amarela
vira-pedras
1, 2 e 3
3
1, 2 e 3
AM; PA; MA
PA
AM; PA; MA
Calidris canutus (Linnaeus, 1758)
Calidris alba (Pallas, 1764)
Calidris pusilla (Linnaeus, 1766)
maçarico-de-papo-vermelho
maçarico-branco
maçarico-rasteirinho
3
1e3
1e3
AM; PA; MA
AM; PA; MA
AM; PA; MA
Calidris minutilla (Vieillot, 1819)
maçariquinho
2e3
AM; PA; MA
NOME CIENTÍFICO
Scolopacidae Rafinesque, 1815
Limnodromus griseus (Gmelin, 1789)
Limosa fedoa (Linnaeus, 1758)
Numenius phaeopus (Linnaeus, 1758)
Actitis macularius (Linnaeus, 1766)
Tringa solitaria (Wilson, 1813)
Tringa melanoleuca (Gmelin, 1789)
maçarico-galego
maçarico-pintado
Oren 1991, Rodrigues 2000, Kober 2004.
Kober 2004.
Oren 1991, Rodrigues 2000, Kober 2004
Rodrigues 1993, Novaes e Lima 1998, Rosário
2004, Kober 2004.
Novaes e Lima 1998, Schories 2001.
Oren 1991, Rodrigues 1993, Schories 2001,
Kober 2004.
Oren 1991, Rodrigues 1993, 2000, Kober 2004
Schories 2001
Rodrigues 1993, 2000, Novaes e Lima 1992,
Kober 2004.
Rodrigues 1993, 2000, Kober 2004.
Rodrigues 1993, 2000, Kober 2004.
Oren 1991, Rodrigues 1993, 2000, 2001, Kober
2004.
Rodrigues 1993, Novaes e Lima 1992.
41
NOME POPULAR
CRITÈRIO
ESTADO
FONTE
Jacanidae Chenu e Des Murs, 1854
Jacana jacana (Linnaeus, 1766)
jaçanã
1, 2 e 3
AM; PA; MA
Novaes e Lima 1998, Schories 2001.
COLUMBIFORMES Latham, 1790
Columbidae Leach, 1820
Columbina passerina (Linnaeus, 1758)
Columbina talpacoti (Temminck, 1811)
rolinha-cinzenta
rolinha-roxa
3
2e3
AM; PA; MA
PA
Novaes e Lima 1998, Schories 2001.
Novaes e Lima 1992, 1998.
CUCULIFORMES Wagler, 1830
Cuculidae Leach, 1820
Coccyzus minor (Gmelin, 1788)
Crotophaga major (Gmelin, 1788)
Crotophaga ani (Linnaeus, 1758)
Guira guira (Gmelin, 1788)
papa-lagarta-do-mangue
anu-preto
anu-coroca
anu-branco
1, 2 e 3
1e3
1e3
1e3
AM; PA
AM; PA; MA
AM; PA; MA
PA; MA
Novaes e Lima 1998, Schories 2001.
Novaes e Lima 1998, Schories 2001.
Novaes e Lima 1998, Schories 2001.
Novaes e Lima 1998, Sousa 2002.
APODIFORMES Peters, 1940
Trochilidae Vigors, 1825
Amazilia leucogaster
beija-flor-de-barriga-branca
3
PA
Schories 2001.
CORACIIFORMES Forbes, 1844
Alcedinidae Rafinesque, 1815
Megaceryle torquata (Linnaeus, 1766)
Chloroceryle amazona (Latham, 1790)
Chloroceryle aenea (Pallas, 1764)
Chloroceryle americana (Gmelin, 1788)
Chloroceryle inda (Linnaeus, 1766)
martim-pescador-grande
martim-pescador-verde
martinho
martim-pescador-pequeno
martim-pescador-da-mata
1e3
1e3
3
1e3
3
AM; PA; MA
AM; PA; MA
AM; PA; MA
AM; PA; MA
AM; PA; MA
Novaes e Lima 1998, Schories 2001.
Novaes e Lima 1998.
Novaes e Lima 1998, Sousa 2002.
Novaes e Lima 1998, Schories 2001.
Novaes e Lima 1998, Sousa 2002.
GALBULIFORMES Furbringer, 1888
Bucconidae Horsfield, 1821
Notharchus macrorhynchos (Gmelin, 1788)
macuru-de-testa-branca
2e3
PA
Novaes e Lima 1992, 1998
PICIFORMES Meyer e Wolf, 1810
Picidae Leach, 1820
Celeus torquatus (Boddaert, 1783)
pica-pau-de-coleira
3
PA
Novaes e Lima 1998, Sousa 2002.
NOME CIENTÍFICO
42
NOME CIENTÍFICO
NOME POPULAR
CRITÈRIO
ESTADO
FONTE
Campephilus melanoleucos (Gmelin, 1788)
pica-pau-de-topete-vermelho
1, 2
PA
Novaes e Lima 1992, 1998.
PASSERIFORMES Linné, 1758
Dendrocolaptidae Gray, 1840
Glyphorynchus spirurus (Vieillot, 1819)
Xiphorhynchus picus (Gmelin, 1788)
Xiphorhynchus guttatus (Lichtenstein, 1820)
arapaçu-de-bico-de-cunha
arapaçu-de-bico-branco
arapaçu-de-garganta-amarela
2
2e3
1, 2 e 3
PA
AM; PA; MA
AM; PA; MA
Novaes e Lima 1992.
Novaes e Lima 1992, 1998.
Novaes e Lima 1992, 1998.
Furnariidae Gray, 1840
Xenops minutus (Sparrman, 1788)
bico-virado-miúdo
2
PA
Novaes e Lima 1992.
Tyrannidae Vigors, 1825
Todirostrum maculatum (Desmarest, 1806)
Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766)
Myiodynastes maculatus (Statius Muller, 1776)
Tyrannus malancholicus (Vieillot, 1819)
ferreirinho-estriado
bem-te-vi-verdadeiro
bem-te-vi-rajado
Suiriri-tropical
3
1e3
2e3
1e3
AM; PA; MA
AM; PA; MA
AM; PA; MA
AM; PA; MA
Novaes e Lima 1998, Schories 2001.
Novaes e Lima 1998, Sousa 2002.
Novaes e Lima 1992, 1998.
Novaes e Lima 1998.
Vireonidae Swainson, 1837
Cyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789)
pitiguari
3
PA
Novaes e Lima 1998, Schories 2001.
Turdidae
Turdus rufiventris (Vieillot, 1818)
Sabiá laranjeira
1e3
PA
Novaes e Lima 1998.
Thraupidae Cabanis, 1847
Tachyphonus rufus (Boddaert, 1783)
Ramphocelus carbo (Pallas, 1764)
Conirostrum bicolor (Vieillot, 1809)
pipira-preta
pipira-vermelha
figuinha-do-mangue
1e2
1, 2 e 3
1, 2 e 3
PA
AM; PA; MA
AM; PA; MA
Novaes e Lima 1992.
Novaes e Lima 1992, 1998.
Novaes e Lima 1992, 1998, Sick 1997.
Icteridae Vigors, 1825
Psarocolius decumanus (Pallas, 1769)
Cacicus cela (Linnaeus, 1758)
Chrysomus ruficapillus (Vieillot, 1819)
Molothrus bonariensis (Gmelin, 1789)
Sturnella militaris (Linnaeus, 1758)
japú
xexéu
garibaldi
vira-bosta
polícia-inglesa-do-norte
1e3
1, 2 e 3
1e3
3
1e3
PA
AM; PA; MA
AM; PA; MA
PA
PA
Novaes e Lima 1998.
Novaes e Lima 1992, 1998, Schories 2001.
Novaes e Lima 1998, Schories 2001.
Schories 2001.
Novaes e Lima 1998, Schories 2001.
43
CAPÍTULO III
DIETA DE PASSERIFORMES ASSOCIADOS ÀS
FLORESTAS DE MANGUE DA PENÍNSULA DE
AJURUTEUA, BRAGANÇA, PARÁ
44
DIETA DE PASSERIFORMES ASSOCIADOS ÀS FLORESTAS DE MANGUE DA PENÍNSULA DE
AJURUTEUA, BRAGANÇA, PARÁ
Resumo: O presente estudo discute sobre a distribuição sazonal e a dieta das espécies mais abundantes de
Passeriformes associadas às florestas de mangue da península de Ajuruteua, Bragança, Pará. Nesse estudo
foram realizadas capturas mensais nos bosques de mangues próximos ao km 21 da rodovia PA-458. Dez
redes-neblina foram utilizadas em dois períodos do dia (ao amanhecer e ao entardecer), ao longo de um ciclo
anual. Foram capturados 122 indivíduos, distribuídos em 12 famílias e 15 espécies, sendo cinco pertencentes
à Ordem Passeriformes. As espécies capturadas utilizam as florestas de mangue da península de Ajuruteua de
forma claramente sazonal e apresentam uma dieta com baixa diversidade trófica, alimentando-se
principalmente de insetos (Coleoptera), sementes de gramíneas e alguns gastrópodes marinhos. A grande
maioria das espécies de Passeriformes que tem registro em áreas de manguezal usa esse ecossistema como
dormitório, corredor migratório e de acesso aos outros sistemas, como terra firme e campo alagado.
Palavras-chave: Dieta, Passeriformes, manguezais, península de Ajuruteua, Pará.
DIET OF PASSERIFORMES ASSOCIATED TO MANGROVE FORESTS ON THE AJURUTEUA
PENINSULA, BRAGANÇA, PARÁ
Abstract: The present study discuss on the seasonal distribution and the diet of the most abundant species of
Passeriformes associated to mangrove forests on the Ajuruteua peninsula, Bragança, Pará. In the present
study captures were carried out on a monthly basis in the mangrove stands nearby km 21 PA-458 highway.
Ten mist-nets were used in two periods during the day (dawning and sunset) during the annual cycle. One
hundred-twenty-two individuals, distributed in 12 families and 15 species were captured, being five
belonging to the order Passeriformes. The species captured use the mangrove forests of the Ajuruteua
península on an evident seasonal way and present a diet with low trophic diversity feeding mainly on insects
(Coleoptera), grass seeds and some marine gastropods. The great majority of the Passeriformes species that
present records in mangrove areas use this ecosystem as sleeping sites, migratory corridor and to access other
systems, as terra firm and flooded fields.
Key words: Diet, Passeriformes, mangroves, Ajuruteua península, Pará.
45
INTRODUÇÃO
Poucos estudos foram realizados sobre a ecologia das aves Passeriformes nas
florestas de mangue neotropicais (Lefebvre et al. 1992, 1994, Lefebvre e Poulin 1997),
sendo esses estudos realizados nos bosques de mangue da Venezuela e do Panamá.
Para o Brasil, são registradas 1.010 espécies de Passeriformes (CBRO 2007).
Algumas dessas espécies, frequentemente, compõem as listas das espécies de aves
associadas aos manguezais brasileiros (Novaes e Lima 1992, 1998, Sick 1997, Schories
2001, Araújo et al. 2006). No entanto, raros são os trabalhos realizados na costa amazônica
brasileira (Amapá, Pará e Maranhão) que enfatizam a importância dos manguezais na
sobrevivência das aves, como, por exemplo, os Ciconiiformes e os Charadriiformes
(Martínez 2005). Assim, é de se esperar que mais raros sejam os estudos que enfoquem as
espécies de pequeno porte e/ou de difícil captura, as quais utilizam as florestas de mangue
em algum período ao longo do ciclo anual, como os Passeriformes. De acordo com
Batholomew (1986), não existem informações precisas a respeito da composição da dieta
de muitas espécies de Passeriformes neotropicais, principalmente considerando toda a
variedade de recursos alimentares disponíveis no ambiente.
Nesse sentido, o presente estudo objetiva identificar as espécies de Passeriformes
associadas aos bosques de mangue na península de Ajuruteua, Bragança - Pará, analisando
de forma quantitativa e qualitativa os itens alimentares que compõem a dieta dessas
espécies no manguezal, levando em consideração a estimativa da diversidade trófica e a
variação temporal, ao longo de um ciclo anual.
46
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo
A área de estudo situa-se no km 21 da rodovia PA-458 (00º55’26,7”S,
46º40’20,4”W), que corta os manguezais na península de Ajuruteua, Bragança, Pará
(Figura 1). O km 21 da rodovia PA-458 está localizado na porção mais elevada da
península, cuja paisagem é dominada por florestas de mangue contíguas aos campos
salinos e às “ilhas” de terra firme. O sítio de trabalho selecionado é um bosque de mangue
jovem, o qual apresenta a dominância de duas espécies de Avicennia germinans (L.) Stearn
e Laguncularia racemosa (L.) Gaertn. f. com alturas de aproximadamente 2 m. É
diariamente inundada pelas marés e no período de poucas chuvas é observada a queimada
da vegetação do entorno dessa área (Lara e Cohen 2003)
A região da área de estudo apresenta um período seco nos meses de agosto a janeiro e
o período chuvoso de fevereiro a julho. Esses períodos foram definidos a partir da análise
dados de precipitação pluviométrica do Instituto Nacional de Meteorologia – INMET, 2º
Distrito de Meteorologia/PA – SEOMA, estação 82145 – Tracuateua, Pará (01º 04’ S, 46º
54’ W), que é a estação meteorológica mais próxima da península de Ajuruteua.
Captura dos Passeriformes
Foram realizadas capturas com o auxílio de redes ornitológicas (rede-neblina)
instaladas em duas transecções abertas no bosque de mangue. O local das capturas foi
escolhido através de observações prévias, levando em consideração dois fatores: i) a
grande atividade de bandos de pássaros em períodos específicos do dia (ao amanhecer e ao
entardecer) e ii) por conter árvores jovens de A. germinans, com cerca de 2 m de altura, o
que segundo Develey (2003) é uma altura adequada para a instalação das redes-neblina.
47
1
PA-458
Figura 1. Mapa apresentando a localização da área de estudo, A) costa amazônica
brasileira; B) península de Ajuruteua, Bragança, Pará: 1) área de estudo noKmkm 21 da
rodovia PA-458.
48
Foram instaladas dez redes-neblina (malha 36 mm, com 7 m comprimento x 2,5 m
largura), a 200 m de distância da margem da rodovia para minimizar o feito de borda. As
redes foram abertas em dois períodos do dia, ao amanhecer (das 5:00 às 9:00 hs) e ao
entardecer (das 15:00 às 18:00 hs), sendo visitadas intervalos de uma hora. Foram
realizadas duas campanhas mensais de captura, no período de março de 2005 a fevereiro de
2006. O esforço de captura (E), expresso em m-2.h-1.ano -1, foi calculado de acordo com o
trabalho de Straube e Bianconi (2002), através da seguinte fórmula:
E= AR x R x T, onde:
E= Esforço amostral;
AR=Área da Rede (altura x comprimento)
R= Número de Redes
T= Tempo de Exposição (horas x dias)
Os espécimes capturados foram imediatamente asfixiados, através da técnica de
compressão do tórax (Auricchio 2002), cuidadosamente retirados das redes para evitar
ferimentos externos (ex. perfuração da pele ou perda de penas) e colocados em sacos de
panos individuais, onde foram pesados com balanças do tipo Pesola de 100 g. No
laboratório, foi aplicada uma solução de formol a 10% em todo o trato digestivo,
principalmente na região do abdômen da ave, com o intuito de conservar o conteúdo
estomacal. Todos os espécimes foram colocados em sacos de papel etiquetados e,
posteriormente, congelados em freezer. Todas as espécies foram identificadas utilizando o
guia de Sousa (2002). Os espécimes com identificação duvidosa foram levados para
comparação com aqueles depositados na Coleção Ornitológica do Museu Paraense Emilio
Goeldi, em Belém, Pará. A nomenclatura das espécies registradas no presente estudo segue
a ordem e a classificação taxonômica sugerida do Comitê Brasileiro de Registros
Ornitológicos (CBRO 2007).
48
Análise do conteúdo estomacal
Através de um pequeno corte na região do abdômen, foi retirado o estômago
muscular (moela) de cada espécime coletado, com cuidados para não comprometer a
integridade da pele e das penas da ave. Os estômagos foram analisados separadamente em
placas de Petri, onde foram abertos, e, com o auxilio de pequenos jatos de água destilada,
os itens alimentares foram separados do bolo alimentar para facilitar a identificação. Os
itens alimentares presentes na cavidade estomacal foram analisados com o auxilio de um
microscópio estereoscópico (aumento de 10 a 40x), separados e agrupados em dois grandes
grupos: i) material animal e ii) material vegetal. Em seguida, foram colocados em tubos do
tipo “Ependorf” com álcool a 80%, devidamente etiquetados, para identificação posterior.
Identificação dos itens alimentares
Os itens alimentares foram separados em categorias, de acordo com menor nível
taxonômico possível. Os insetos, por sua vez, foram identificados a nível de ordem
taxonômica e separados de acordo com seus estágios de desenvolvimento (adulto, larva e
pupa). Os fragmentos de insetos foram contados de acordo com a anatomia do mesmo (ex.
uma cabeça = um individuo; duas asas ou dois hélidros = um individuo) e os fragmentos
não identificados foram considerados um indivíduo. As larvas de insetos fragmentadas
foram contadas a partir da identificação da cabeça, enquanto que as pupas foram contadas
a partir da identificação da parte terminal do corpo do individuo, por esta apresentar um
menor nível de fragmentação. Para os aracnídeos, foram consideradas as seguintes partes
anatômicas: cefalotórax, quelíceras e pernas (ex. um cefalotórax, um par de quelíceras ou
quatro pares de pernas inteiras = um indivíduo). Fragmentos de entidades taxonômicas não
identificadas foram colocados em uma categoria à parte chamada miscelânea (Pinheiro et
50
al. 2002). As sementes foram separadas, quantificadas e incluídas em um único grupo,
assim como os gastrópodes.
Os dados quantitativos de captura e dos itens alimentares presentes no conteúdo
estomacal dos pássaros foram inseridos em planilhas dos programas Microsoft Excel v.
7.0, onde foi calculada a diversidade trófica dos itens alimentares através do índice de
Brillouin (Brillouin 1965):
H = (1/N) (log2 N - ∑ log2 Ni), onde:
N = número total de entidades taxonômicas encontradas no estômago de cada indivíduo e
Ni = número total de presas da espécie em cada estômago.
Análise estatística
Com o programa Primer v. 6.0 (Clarke e Gorley 2001), foi realizada a análise de
similaridade (ANOSIM), para analisar as capturas e a quantidade de itens alimentares dos
estômagos dos espécimes. Na análise, foram considerados os seguintes fatores: a)
sazonalidade - período seco e chuvoso b) variação circadiana – manhã e tarde. A ANOSIM
é uma análise multivariada que opera sobre uma matriz de similaridade gerada a partir de
dados transformados, sendo no presente estudo, através da expressão log (x + 1). A análise
de similaridade foi realizada para testar se houve diferenças significativas entre o número
de capturas e a sazonalidade do período de estudo, e o número de capturas e variação
circadiana. Também foi testada a similaridade entre a quantidade de itens alimentares em
relação à sazonalidade, e a variação circadiana.
51
RESULTADOS
Foram capturados 124 indivíduos, distribuídos em 10 famílias e 15 espécies, sendo
quatro espécies pertencentes à Ordem Charadriiformes, dois pertencentes à ordem
Coraciformes e cinco à ordem Passeriformes (Tabela 1). O esforço de captura empregado
no presente estudo foi de 29400 m-2.h-1.ano-1. Dos indivíduos capturados 72% são
representantes da espécie Chrysomus ruficapillus (Vieillot, 1819), 12% de Sturnella
militaris (Linnaeus, 1758), 6% de Conirostrum bicolor (Vieillot, 1809), 5% de Tyrannus
melancholicus (Vieillot, 1819) e 3% de Certhiaxis mustelinus (Sclater, 1874) (figura 2).
Para as análises estatísticas foram consideradas somente àquelas espécies que tiveram
indivíduos capturados em um número de acima de cinco ou em pelo menos três meses do
período de estudo.
A variação do número de indivíduos capturados no período sazonal (seco e chuvoso)
mostrou-se bastante significativa (ANOSIM, R=0,448; p<0,001), sendo que nos meses
mais chuvosos, houve maior quantidade de indivíduos capturados, em comparação com o
período mais seco, onde não houve capturas (Figura 3).
Entre os meses chuvosos, o mês de junho apresentou maior quantidade de indivíduos
capturados, sendo C. ruficapillus a espécie com maior número de capturas nesse mês
(Figura 4).
52
Tabela 1. Espécies capturadas nos bosques de mangue próximos ao km 21 da rodovia PA458, na península de Ajuruteua, Bragança, Pará. Apresentando o nome científico e popular
das espécies, organizados de acordo com as normas sugeridas pelo Comitê de Registros
Ornitológicos (CBRO 2007)
Nome científico
CHARADRIIFORMES Huxley, 1867
Charadriidae Leach, 1820
Charadrius semipalmatus (Bonaparte, 1825)
Charadrius collaris (Vieillot, 1818)
Nome popular
batuíra-de-bando
batuíra-de-coleira
Scolopacidae Rafinesque, 1815
Calidris pusilla (Linnaeus, 1766)
maçarico-rasteirinho
Jacanidae Chenu e Des Murs, 1854
Jacana jacana (Linnaeus, 1766)
jaçanã
CORACIIFORMES Forbes, 1844
Alcedinidae Rafinesque, 1815
Chloroceryle amazona (Latham, 1790)
Chloroceryle americana (Gmelin, 1788)
martim-pescador-verde
martim-pescador-pequeno
PASSERIFORMES Linné, 1758
Dendrocolaptidae Gray, 1840
Xiphorhynchus guttatus (Lichtenstein, 1820)
arapaçu-de-garganta-amarela
Furnariidae Gray, 1840
Certhiaxis mustelinus (Sclater, 1874)
joão-da-canarana
Tyrannidae Vigors, 1825
Tyrannus melancholicus (Vieillot, 1819)
suiriri
Turdidae Rafinesque, 1815
Turdus rufiventris (Vieillot, 1818)
sabiá-laranjeira
Thraupidae Cabanis, 1847
Conirostrum bicolor (Vieillot, 1809)
Ramphocelus carbo (Pallas, 1764)
Tachyphonus rufus (Boddaert, 1783)
figuinha-do-mangue
pipira-vermelha
pipira-preta
Icteridae Vigors, 1825
Sturnella militaris (Linnaeus, 1758)
Chrysomus ruficapillus (Vieillot, 1819)
polícia-inglesa-do-norte
garibaldi
53
A
B
C
D
E
E
Figura 2. Espécies de Passeriformes capturadas nos bosques de mangue próximos ao km
21 da rodovia PA-458, onde: A) Chrysomus ruficapillus; B) Sturnella
militaris; C)
Conirostrum bicolor; D) Tyrannus melancholicus; e E) Certhiaxis mustelinus (Fotos:
http//www.mangoverde.com).
54
Número absoluto de capturas
Precipitação pluviométrica (mm)
600
28
26
24
Número absoluto de capturas
20
400
18
16
14
300
12
10
200
8
6
Precipitação pluviométrica (mm)
500
22
100
4
2
0
0
M
A
M
J
J
A
S
O
N
D
J
F
2005/2006
Figura 3. Variação do número absoluto de indivíduos capturados e os valores de
precipitação pluviométrica ao longo do ciclo anual, na península de Ajuruteua, Bragança,
Pará.
55
A
C. ruficapillus
Chrysomus
ruficapillus
B
S. militaris
Sturnella
militaris
12
24
22
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Nº de capturas
Nº de capturas
10
8
6
4
2
0
M
A
M
J
J
A
S
2005/2006
O
N
D
J
M
F
A
C
Conirostrum
bicolor
C. bicolor
M
J
J
A
S
2005/2006
O
N
D
J
F
D
Certhiaxis
mustelinus
C. mustelina
3
Nº de capturas
Nº de capturas
3
2
2
1
1
0
0
M
A
M
J
J
A
S
O
2005/2006
N
D
J
F
M
A
M
J
J
A
S
2005/2006
O
N
D
J
F
E
T. melancholicus
Tyrannus
melancholicus
Nº de capturas
3
2
1
0
M
A
M
J
J
A
S
2005/2006
O
N
D
J
F
Figura 4. Variação do número absoluto de indivíduos das cinco espécies mais
capturadas ao longo do ciclo anual, na península de Ajuruteua, Bragança, Pará.
56
Considerando apenas os meses onde houve capturas (março a agosto), a análise de
similaridade mostrou que não houve diferenças significativas entre o número de capturas
da manhã comparado ao número de capturas da tarde (ANOSIM, R=0,027; p>0,05)
(Figura 5).
Manhã
Tarde
22
20
Número absoluto de capturas
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
M
A
M
J
J
A
2005/2006
Figura 5. Número absoluto de capturas de aves (Passeriformes) no período circadiano
(manhã e tarde), considerando apenas os meses do período chuvoso, na península de
Ajuruteua, Bragança, Pará.
Determinação da dieta dos Passeriformes
Os itens alimentares mais freqüentes nos conteúdos estomacais dos espécimes de
Passeriformes foram: insetos das Ordens Coleoptera, Hemiptera, Orthoptera, Diptera e
Odonata; Aracnídeos da Ordem Arenae; moluscos da classe Gastropoda e sementes de
gramíneas não identificadas. Dentre os táxons de insetos mais encontrados, a ordem
57
Coleoptera obteve maior representatividade em diferentes estágios desenvolvimento, sendo
o pulpa o estágio mais abundante (52,1% do total de itens alimentares encontrados) (Figura
6).
Quantidade de itens alimetares (% )
Misc e lâ ne a 0,2
p te ra
to C o
l eo
en
te
13
,6
Adul
d a 3, 5
m
A re n
5 ,7
G as tro p o
Se
Odona ta 0,6
a e 3,
4
Orthopte ra 3,1
L a rva dipte ra 0,6
He m ipte ra 1,2
L
a
a rv
Co
le o
a
ter
7, 0
P upa C ole opte ra
52,1
p
Figura 6. Valor percentual de itens alimentares por categoria taxonômica para todas
as espécies capturadas ao longo do ciclo anual, na península de Ajuruteua, Bragança, Pará.
De forma geral, as espécies apresentaram uma dieta bastante insetívora, sendo pupa
de coleópteros, o item alimentar mais consumido pela maioria das espécies estudas, com
exceção de T. malancholicus. Gastrópodes e sementes de gramíneas não identificadas,
foram bastante consumidas por duas espécies: C. ruficapillus e S. militaris (Tabela 2).
58
Tabela 2. Quantidade percentual dos itens alimentares presentes no conteúdo
estomacal das cinco espécies de Passeriformes com maior número de indivíduos
capturados nos manguezais da península de Ajuruteua, Bragança, Pará.
2,7 0,4 1,1 0,5
8,4 3,1 3,1 3,8 0,8
21,4 - 7,1
- 22,2 -
É importante lembrar que no período seco (setembro a janeiro) não houve captura,
sendo os dados do período circadiano analisados apenas para o período chuvoso (fevereiro
a agosto). O resultado da análise comparativa entre o número de itens alimentares
presentes nos estômagos dos espécimes capturados de manhã e daqueles capturados à
tarde, mostrou diferença significativa (ANOSIM, R=0,67; p<0,05) (Figura 7). Sendo a
maior quantidade de itens alimentares observada nas espécies capturadas no período da
tarde.
Miscelânea
Odonata
Hemiptera
Larva de Diptera
Orthoptera
4,2 3,9 2,9
20,6 6,1 7,6
20,7 - 17,2
3,6
- 25,0
77,8 -
Arenae
6,0
24,4
34,5
-
Gastropoda
Adulto de Coleoptera
63,2 15,0
3,1 19,1
27,6
42,9
-
Larva de Coleoptera
Chrysomus ruficapillus
Sturnella militaris
Conirostrum bicolor
Certhiaxis mustelinus
Tyrannus melancholicus
Sementes
Espécie
Pupa de Coleoptera
Itens alimentares
59
manhã
tarde
18
1200
16
12
800
10
600
8
6
400
4
Número absoluto de itens (tarde)
Número absoluto de itens (manhã)
1000
14
200
2
0
0
M
A
M
J
J
A
2005/2006
Figura 7. Número absoluto de itens alimentares presentes no conteúdo estomacal dos
indivíduos capturados no período circadiano (manhã e tarde), considerando apenas os
meses do período chuvoso, na península de Ajuruteua, Bragança, Pará.
Diversidade trófica
Entre as espécies de Passeriformes estudadas, C. ruficapillus foi a que apresentou o
maior número de indivíduos capturados. Considerando essa espécie, em particular, as
pupas da ordem Coleoptera foi o item mais abundante na sua dieta. De forma geral, as
todas as espécies apresentaram uma preferência alimentar por dois de item analisados:
adulto e pupa de coleópteros.
A análise da diversidade trófica dos itens alimentares mostrou que a dieta dos
Passeriformes associados às florestas de mangue apresenta uma diversidade baixa
(Hmédio=0,002; Htotal= 0,03), de acordo com o índice de Brillouin.
60
DISCUSSÃO
As espécies de Passeriformes associadas às florestas de mangue da península de
Ajuruteua apresentam deslocamentos sazonais, chegando nessa região em meados do mês
de março, período em que as chuvas são mais freqüentes. Deixam os manguezais da
península por volta do final do mês de junho, quando a freqüência das chuvas começa a
diminuir. Segundo Sick (1997), os deslocamentos populacionais são comuns para alguns
Passeriformes, como os tiranídeos e os icterídeos, os quais apresentam deslocamentos
diários de uma determinada área de forrageio para uma área de descanso. Existem,
também, alguns Passeriformes que promovem grandes migrações sazonais, os quais
percorrem todo território brasileiro à procura de ambientes com recursos alimentares
abundantes (ex. Tyrannus tyrannus, Hirundo rústica, Vireo olivaceos, Sturnella militaris,
Dendroica striata, Piranga rubra, Spiza americana entre outros) (Sick 1997).
Duas espécies, apesar de não serem capturadas no período seco, foram observadas
durante todo o período de estudo nos manguezais da península de Ajuruteua: Tyrannus
malancholicus e Conirostrum bicolor. Porém, os avistamentos dessa espécie foram
esporádicos e sempre no período da tarde. É possível que essas espécies permaneçam nos
manguezais durante todo o ano, por apresentarem uma forma distinta de forrageio em
ralação às outras espécies capturadas no presente estudo. Segundo Sick (1997), espécies
como T. melancholicus, são atraídos pelo movimento de suas prezas (insetos), capturandoas quando estas estão em pleno vôo. Mesmo que seja notório que a quantidade de insetos
diminui bastante no período seco nos manguezais da península de Ajuruteua (observação
pessoal).
Lefebvre et al. (1992) mostraram que os recursos alimentares disponíveis nos
manguezais da península de Araya, na Venezuela, apresentam uma periodicidade marcante
em relação aos períodos chuvoso e seco, influenciando na estratégia de forrageio e
61
deslocamento populacional
de algumas espécies de aves. Segundo esses autores os
recursos disponíveis no manguezal, tais como: flores, sementes, pequenos moluscos,
crustáceos e insetos são mais abundantes no período chuvoso, sendo nesse período também
registrado um aumento populacional de grupos aves devido as migração. Poulin e Lefebvre
(1997), estudando a disponibilidade e distribuição sazonal dinâmica dos recursos
alimentares nos manguezais do Panamá, mostraram que o período chuvoso apresentar um
aumento na quantidade de insetos. Araújo et al. (2006), por sua vez, concluíram que mais
de 40% das espécies de aves registradas nos manguezais do Estado da Paraíba, no Brasil,
são dependentes ou semi-dependentes dos recursos das florestas de mangue para sua
sobrevivência.
De fato, a dinâmica da disponibilidade dos recursos alimentares nos manguezais é um
fator determinante no que diz respeito às estratégias de forrageio, bem como os
deslocamentos e populacionais de muitas espécies de Passeriformes, inclusive algumas
espécies típicas de outros ecossistemas, que aproveitam a disponibilidade desses recursos.
No estudo realizado por Poulin et al. (1994), nos manguezais da Venezuela, os
Passeriformes
mostram uma clara
preferência
por
insetos nesse ecossistema,
principalmente coleópteros e himenópteros. No presente estudo, as espécies de
Passeriformes mostraram uma clara preferência por insetos coleópteros (principalmente no
estágio de pupa). Considerando a quantidade de coleópteros em todos os estágios (adulto,
pupa e larva), o percentual desse item alimentar chega a 71% do conteúdo estomacal das
espécies capturadas na península de Ajuruteua. Essa grande quantidade de insetos
presentes no conteúdo estomacal dos Passeriformes, sugere que esse grupo de aves,
consumam esse recurso alimentar no manguezal, de forma preferencial, talvez pela sua
estratégia de forrageio, ou por não possuírem adaptações ao forrageio no solo do
manguezal.
62
Novaes e Lima (1992), considerando a estratégia de forrageio, destacam dois estratos
vegetacionais no manguezal, importantes na busca de alimento e distribuição espacial das
aves nesse ecossistema: a copa e o chão da floresta. Segundo esses autores, espécies NãoPasseriformes têm sua área de forrageio no chão, enquanto que os Passeriformes
forrageiam nos troncos e copas das árvores. Isso poderia explicar a grande quantidade de
insetos no conteúdo estomacal das espécies capturadas nos bosques de mangue da
península de Ajuruteua. Por outro lado, é importante lembrar que a península de Ajuruteua
apresenta um mosaico vegetacional bastante diversificado, fato este que parece exercer
alguma influência na composição da dieta dos Passeriformes, haja vista também ter sido
registrada a presença de sementes de gramíneas nos conteúdos estomacais analisados.
Assim, é razoável pensar que a maior quantidade de itens alimentares no conteúdo
estomacal das espécies capturadas no período da tarde, sugere que essas espécies de
pássaros, possivelmente, forrageiam nas “ilhas” de terra firme e/ou nos campos salinos,
próximas ao sitio de captura no km 21 da rodovia PA-458. Dessa forma, os bosques de
mangue seriam utilizados apenas como um dormitório, sendo que as espécies se
alimentariam nesse ecossistema somente de forma complementar.
C. ruficapillus e S. militaris foram as espécies mais capturadas durante o período do
estudo. O garibaldi (C. ruficapillus) é uma espécie paludícula comum, de vasta distribuição
na América do Sul e residente abundante em banhados e arrozais no Rio Grande do Sul, a
qual se reproduz entre setembro e maio dentro das lavouras de arroz (Cirne e Lópes-Iborra
2005). Segundo Votto et al. (2006), espécies como C. ruficapillus, consideradas residentes
no Rio Grande do Sul, promovem deslocamentos sazonais em busca de recursos mais
adequados, porém, esses autores afirmam que tais deslocamentos são de curta distância
para áreas próximas.
63
É provável que esses bandos de C. ruficapillus que freqüentam os manguezais da
península de Ajuruteua, sejam bandos migratórios vindos do sul do Brasil, porém, são
necessários estudos mais aprofundados a respeito das rotas migratórias dessa espécie,
através de anilhamentos e recapturas em locais onde essa espécie é observada.
No presente estudo, S. militaris foi frequentemente avistada no período de março a
julho forrageando nos campos alagados dessa região. Segundo Sick (1997), S. militaris
(policia-inglesa) é uma espécies típica de áreas não florestadas da Amazônia brasileira,
incluindo ilhas com vegetação pioneira, pastos recém criados e campos alagados. Essa
espécie é frequentemente granívora em regiões de campos alagados. A análise do conteúdo
estomacal de S. militaris, no presente estudo, mostra que a dieta dessa espécie é
frequentemente insetívora. Mesmo com a presença de gramíneas nos campos salinos, as
sementes representaram somente 13% do total dos itens alimentares componentes da dieta
das espécies capturadas.
Espécies tipicamente insetívoras, tais como C. bicolor e T. melancholicus (Sick
1997), foram avistadas durante quase todo o período do presente estudo, porém, foram
capturados somente nos messes chuvosos. O suiriri-tropical (T. melancholicus) é
observado durante tudo o ano nos manguezais da península de Ajuruteua. A análise do
conteúdo estomacal dessa espécie no presente estudo, mostra uma dieta totalmente
insetívora, sendo composta principalmente de inseto adultos. Esse tipo de dieta também foi
observado em T. melancholicus em estudos de ecologia trófica de outros autores (ver
Scherer et al. 2005, Araújo et al. 2006).
A figuinha-do-mangue (C. bicolor) é uma espécie considerada endêmica do
ecossistema manguezal, sendo no Brasil, registradas em florestas de mangue nos estados
do Paraná, Rio de janeiro, Amazonas e Amapá. (Sick 1997). No presente estudo, foram
capturados seis indivíduos dessa espécie no período chuvoso, porém, registramos sua
64
presença nos bosques de mangue da península de Ajuruteua no período de março a
setembro em que foi realizado o estudo. Segundo Rosenberg (1990), Poulin et al. (1994) e
Lefebvre et al. (1992) essa espécie apresenta uma dieta essencialmente insetívora nos
manguezais, essa característica também foi observada na análise da dieta dessa espécie no
presente estudo.
A análise do conteúdo estomacal das espécies de Passeriformes capturadas no
presente estudo, mostrou uma baixa diversidade trófica. É possível que essa baixa
diversidade trófica seja em decorrência do fato que, as espécies que freqüentam os
manguezais da península de Ajuruteua, são frequentemente insetívoras por uma questão de
preferência alimentar, não aproveitando todos os recursos disponíveis nesse ecossistema.
A grande maioria dos Passeriformes que freqüentam o manguezal usa esse
ecossistema como dormitório, corredor migratório e de acesso aos outros sistemas (terra
firme e campo). Alguns apresentam habilidades para capturar os recursos disponíveis nas
florestas de mangue (insetos, gastrópodes, anelídeos e alguns crustáceos, apesar destes
também serem comum nas áreas de campo salino). O manguezal, incontestavelmente é
uma rica fonte de recursos alimentares para muitas espécies de aves. As espécies que
fazem uso desse ecossistema parecem apresentar adaptações que lhes são fundamentais ao
forrageio no manguezal. Porém, para a maioria das espécies de Passeriformes o forrageio
no chão do manguezal ainda apresenta uma série de dificuldades. Contudo, com
freqüentem degradação das florestas interiores continentais, o manguezal possivelmente
será um ecossistema bastante utilizado por espécies, típicas de outros ecossistemas, como é
o caso de muitas espécies de Passeriformes.
65
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