A 22ª Conferência das Partes (COP22) realizou-se entre os dias 7 e 19 de novembro em Marraquexe, Marrocos, e era vista pela maioria dos participantes como sendo um ponto de partida para a implementação do Acordo assinado em Paris o ano passado. Ao mesmo tempo, a sequência de eventos que antecederam a COP e ainda a eleição de Donald Trump como o 45º presidente dos Estados Unidos marcaram os resultados da Conferência. assinaram em Kigali, capital do Ruanda, um acordo que visa eliminar progressivamente a produção de hidrofluorocarbonetos (HFC), um dos gases com efeito de estufa (GEE) mais nocivos para o clima. Olhos postos na ação Após o “passo de gigante” nas negociações climáticas dado em Paris, a COP22 foi apelidada como a “COP da Implementação” e até como “uma oportunidade de lidarmos com as ‘porcas e i os parafusos’ do Acordo” . ii Antecedentes O ano passado, a COP21 foi globalmente vista como uma COP de sucesso ao culminar na adoção do Acordo de Paris. O Acordo institui um novo regime, no qual cada Parte informa como, em que período e qual o volume de redução de emissões que se compromete a realizar. Essas contribuições nacionais (Nationally Determined Contributions - NDCs) são revistas e re-submetidas periodicamente pelas Partes. A entrada em vigor do Acordo de Paris exigia a ratificação de pelo menos 55 países que representassem pelo menos 55% das emissões globais. Ao contrário das expectativas, este processo foi muito mais célere do que se esperava e no dia 4 de novembro o Acordo entrou em vigor, 30 dias depois da ratificação pela União Europeia. Apesar desse acontecimento ter sido bastante positivo para as negociações, apanhou de surpresa muitas das Partes, não dando tempo para uma preparação mais eficaz para implementação do Acordo. O período que antecedeu a COP foi ainda marcado por dois acontecimentos que reforçaram positivamente a ambição climática mundial: no dia 6 de outubro a Organização Internacional de Aviação Civil das Nações Unidas (ICAO) aprovou o Carbon Offsetting and Reduction Scheme for International Aviation (CORSIA), um mecanismo de mercado que visa reduzir de forma substancial as emissões no setor; e no dia 15 de outubro, mais de 190 países Como dava conta um artigo da Get2C, ecos da COP7, realizada também em Marraquexe, pareciam ressoar ao fim da primeira semana das negociações de volta à cidade vermelha. Quinze anos depois, os negociadores regressaram com o objetivo de dar início ao processo de adoção das regras de implementação do Acordo de Paris (há 15 anos atrás foi a vez das regras do Protocolo de Quioto). Marraquexe voltou assim a ser o palco de uma negociação sobretudo técnica. Como expectável, os avanços notados foram ao nível processual, ou seja, de que forma as negociações irão evoluir. Como referiu David Waskow, diretor do World Resources Institute, “já temos a receita [Acordo de Paris]; agora precisamos ir para a cozinha iii e cozinhar” . Na sombra americanas das eleições À semelhança de toda a comunidade internacional, a COP22 não passou ao lado da eleição presidencial americana, sobretudo pela posição negativa de Donald Trump sobre o tema das alterações climáticas. Na madrugada do dia 9 de novembro foi conhecida a sua vitória nas presidenciais e a participação americana no Acordo de Paris começou a ser fonte de especulação assim como a própria viabilidade do Acordo. De qualquer forma, o Acordo está legalmente em vigor e foi deliberadamente desenhado para ser resiliente ao longo do tempo e sobreviver a potenciais saídas de alguma das Partes. Isso não invalidou a preocupação de vários países em saber se o processo iniciado em Paris teria continuidade sem a participação de uma das maiores economias do mundo que é também um dos mais importantes financiadores climáticos. Os resultados das negociações Negociadores das diferentes Partes desdobraram-se numa panóplia de consultas informais sobre temas-chave como a adoção de um plano de trabalho até 2018 e respetivos timings, a identificação das principais questões associadas à complexa estrutura necessária para colocar em prática o Acordo de Paris, assim como a identificação de áreas de convergência e divergência entre Partes. Ao fim de uma semana de negociações, com as diferentes Partes a colocar os seus argumentos em cima da mesa, chegaram aos primeiros entendimentos sobre o modo de tornar o Acordo operacional. Orientações para nacionais (NDC) as contribuições As negociações permitiram arrancar com a definição dos procedimentos operacionais para os pontos principais do Acordo. Os grupos de trabalho focaram-se em temas como a mitigação, adaptação, transparência e o global stocktake (ciclo de revisões das contribuições nacionais que começará em 2020). As principais questões para cada um dos pontos foram identificadas e discutidas numa série de consultas informais. Das negociações resultou um programa de trabalho para ser discutido em maio de 2017, incluindo a submissão da contribuição das diferentes Partes nestes temas, realização de workshops e de mesas redondas. O trabalho futuro passará por detalhar os conteúdos das contribuições nacionais, a informação a fornecer pelas Partes na submissão das contribuições futuras e propor um normativo que permita a análise comparativa das diversas NDCs (com âmbitos tão diferentes entre si!). Importa lembrar que as contribuições nacionais submetidas partem dos interesses e prioridades individuais de cada umas das Partes, pelo que a formulação de um normativo que permita uma comparação consolidada não constitui tarefa fácil. Para cada um dos temas, as Partes levam da COP22 trabalho de casa que, na opinião de alguns, permitirá avançar nestes temas de uma forma equilibrada. Regras concluídas em 2018 2018 será decisivo para a conclusão do processo de operacionalização do Acordo de Paris. Por um lado, ficou estabelecido como o deadline para a conclusão do Rulebook do Acordo de Paris, ou seja, do conjunto de regras da operacionalização do mesmo. Este foi um dos temas quentes em cima da mesa das discussões. A complexidade da sua discussão reside na importância de assegurar um roteiro justo e robusto que permita a partilha e análise comparativa das diversas NDCs. Embora não se saia de Marraquexe com um roteiro concluído, a mensagem da sua urgência foi passada com clareza. E só isso, já é uma (modesta) vitória. Por outro lado, em 2018 terá lugar um Diálogo Facilitativo uma espécie de balanço e revisão preliminar (preliminary stocktake) das contribuições nacionais que visa informar sobre o budget de carbono mundial. Sobre este tema estão ainda previstos processos consultivos durante a COP23 que detalhem a forma como este diálogo será organizado. O resultado destes processos será reportado à COP23. Avanços tímidos no tema do mercado de carbono Os mercados de carbono também estiveram em cima da mesa das negociações. No que diz respeito aos mecanismos de mercado, o Artigo 6 do Acordo de Paris estabelece: (1) a definição e utilização das unidades resultantes de projetos de mitigação transferidos internacionamente ou as ITMOs (Internationally Transferred Mitigation Outcomes); e (2) a criação de um novo mecanismo de mitigação, mecanismo de desenvolvimento sustentável. Este novo mecanismo, que pretende suceder aos mecanismos de Quioto (CDM e JI), poderá ser concebido, em conjunto com as ITMOs, para definir um preço global de carbono. As discussões centraram-se na operacionalização do Artigo 6, no entanto com poucos avanços desde Paris. A COP22 estabeleceu 2018 como ano limite para fixação das regras de operacionalização do Artigo 6, a tempo do Diálogo Facilitativo. Entretanto, as Partes poderão submeter as suas posições sobre os temas em agenda até março de 2017. Outros temas em cima da mesa Por fim, outros temas foram colocados em cima da mesa. Lançaram-se as bases para a discussão sobre o papel do Fundo de Adaptação (do Protocolo de Quioto) no Acordo de Paris. Embora os países em desenvolvimento pretendessem que verbas para a adaptação continuassem a ser canalizadas por este Fundo, não se chegou a qualquer conclusão, ficando as diferentes Partes de submeter as suas posições sobre o tema até 31 de março de 2017. Os negociadores também discutiram, embora sem resolução, os denominados orphan issues, que, embora façam parte do Acordo de Paris, não constaram da agenda das negociações de Marraquexe. Estes incluem questões como a adoção de um calendário comum para a submissão das NDCs futuras, regras para um eventual ajustamento das mesmas e a definição de um objetivo global de financiamento climático pós 2025. A COP22 trouxe ainda vários desenvolvimentos no que diz respeito a financiamento para mitigação e adaptação, transparência, loss-and-damage (que lida com os impactos efetivos das alterações climáticas apesar dos esforços de mitigação e para além das medidas de adaptação). iv a eBay, manifestaram a sua intenção de continuar a pautar os seus negócios tendo como referência o Acordo de Paris, apelando ao recentemente eleito presidente que respeite este acordo, mantendo os Estados Unidos na linha da frente da ação climática. Este conjunto de empresas reiterou ainda que a ação perante os desafios resultantes das Alterações Climáticas constituem não só um dever social mas também uma vantagem competitiva que os Estados Unidos deve aproveitar, que contribuirá para a criação de emprego e a promoção da competitividade do país. Segmento ministerial de alto nível O segmento ministerial de alto nível teve início na segunda semana em Marraquexe, tendo a cerimónia de abertura acontecido no dia 15 de novembro. Em plenário, os chefes de estado (ou seus representantes) tiveram a oportunidade de discursar para as Partes. Em particular, os discursos dos membros dos países de língua portuguesa foram pautados pelo positivismo relativamente ao Acordo de Paris, apesar de a maioria ter manifestado preocupação relativamente à vulnerabilidade dos seus países às alterações climáticas. A reafirmação do compromisso climático Fora das salas de negociação, várias iniciativas foram lançadas aproveitando o momentum de ação climática gerado por Paris e Kigali. Um sinal claro do compromisso climático assumido por um setor tão importante como o da aviação foi o ponto de partida para uma COP que se previa de ação. Na primeira semana de negociações, e no rescaldo da eleição de Donald Trump para a Casa Branca, mais de 360 empresas multinacionais, entre elas a Nike, IKEA e O Primeiro-ministro de Portugal António Costa manifestou a intenção de que o país seja neutro “em emissões de gases com efeito de estufa até ao final da primeira metade do século”. Ainda no seu discurso, ficou bem vincado que o país está comprometido com a “ambição política do Acordo de Paris”. O Primeiro-ministro mencionou ainda que o país conta financiar os “esforços de mitigação e adaptação às alterações climáticas” em África, “tendo já decidido canalizar para esse efeito um montante de 10 milhões de Euros para o período 2017-2020”. O Primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, Patrice Trovoada, vê o Acordo de Paris com otimismo, mas reconhece que por enquanto é apenas um acordo de boas intenções, que tem que ser posto em prática por todos os atores, tanto políticos como empresariais. Referiu ainda que a implementação da sua INDC está dependente de ajuda internacional, e, enquanto primeiro-ministro de um país altamente vulnerável, manifestou a sua preocupação relativamente à ação adicional necessária que evite a subida da temperatura À superfície da terra superior a 2ºC. A Ministra do Ambiente de Angola, Fátima Jardim, referiu que “Angola continuará a implementar o Acordo” e pretende ratifica-lo, pois tem a consciência que ”o Acordo de Paris é irreversível”. A Ministra manifestou ainda a sua preocupação relativamente ao baixo nível de crescimento do continente africano, em particular da África subsariana, “refletindose nos desafios de desenvolvimento”, tendo ainda mencionado que os preços baixos do petróleo fizeram baixar os níveis de crescimento do país. Mencionou ainda que o Governo está a trabalhar no sentido de retomar o crescimento económico, “onde os setores primários da agricultura e pescas poderão participar com iniciativas integradas de mitigação e adaptação de forma a responder às necessidades das Alterações Climáticas”. A ministra focou ainda a Estratégia Energética recentemente lançada, com grande enfoque à implementação de energias renováveis em Angola. Assinalou igualmente o reconhecimento do papel importante que o financiamento internacional vai ter no cumprimento das metas da INDC, e ainda o apoio que as agências multilaterais têm dado ao país. José Sarney Filho, Ministro do Ambiente do Brasil, comunicou que o país está comprometido com as metas da Paris, e que todo o apoio internacional que ajude o Brasil a concretizar as suas metas será bem-vindo. O ministro mencionou ainda que o Brasil, em conjunto com outros países, lançou a “Plataforma Biofuturo para promover o uso de biocombustíveis avançados como uma estratégia eficaz para enfrentar a mudança do clima”. Gilberto Silva, Ministro da Agricultura e Ambiente de Cabo Verde, afirmou o compromisso político do país perante os desafios das alterações climáticas, tendo anunciado que a ratificação do Acordo está para breve, esperando-se que aconteça no final de dezembro. O Ministro mencionou ainda que o país tem a intenção de em 2030 atingir uma penetração elevada de energias renováveis, e que os pequenos estados insulares como Cabo Verde precisam de atenção especial na medida em que estão altamente vulneráveis aos fenómenos climáticos extremos que se têm vindo a verificar. Por fim, e reconhecendo a agricultura como um importante vetor de desenvolvimento do continente, elogiou o papel impulsionador que Marrocos teve no lançamento da iniciativa Adaptação da Agricultura Africana às Alterações Climáticas (iniciativa “AAA”), uma coligação lançada no primeiro semestre de 2016, que pretende contribuir para a redução da vulnerabilidade da agricultura africana. O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, Soares Sambú, sublinhou que o país é especialmente vulnerável às Alterações Climáticas, e apresenta “fraca capacidade técnica e financeira para fazer face a este fenómeno”. O discurso ficou marcado pelo elencar de ações que o país está a levar a cabo para lidar com esta problemática, e pela indicação de que a ratificação do Acordo de Paris pela Guiné-Bissau irá acontecer “no tempo oportuno”. No final, Soares Sambú mencionou as expetativas que o país tinha relativamente aos resultados de Marraquexe, em especial no que respeita à “remoção de barreiras ligadas ao financiamento climático”, a “operacionalização do Fundo Verde do Clima”, o “reforço da capacidade institucional através da criação de um Centro Regional de Excelência sobre alterações climáticas” e a implementação das “decisões saídas no Acordo de Paris sobre REDD+ e mercados de carbono”. O Ministro do Comércio, Indústria e Ambiente de Timor-Leste, Constâncio da Conceição Pinto, sublinhou o importante papel de liderança que os países desenvolvidos têm no que respeita à diminuição das suas emissões de GEE e ao apoio que devem dar aos países menos desenvolvidos. O Ministro manifestou ainda a preocupação do país no que respeita ao estado do financiamento disponível no Fundo para os Países Menos Desenvolvidos (LDCF), que Timor-Leste considera precisar de mais donativos por parte dos países desenvolvidos. Referiu ainda a perspetiva de aumentar a penetração de energias renováveis até 2030. O Ministro assinalou também a urgência de financiamento, capacitação e transferência de tecnologia que os países desenvolvidos devem proporcionar aos países menos desenvolvidos para fazer face aos danos e perdas causados pelas alterações climáticas. O Ministro informou ainda que a INDC de Timor-Leste será submetida brevemente, e que o país se encontra no processo de ratificação do Acordo de Paris. Outras iniciativas de destaque A par do segmento ministerial de alto nível, a segunda semana continuou a ser palco de lançamento de uma série de iniciativas e divulgação de projetos. O Governo Moçambicano e a UE assinaram uma declaração conjunta sobre energias renováveis, comprometendo-se a última a apoiar o desenvolvimento do setor no país através da elaboração e revisão de políticas, troca de conhecimento e identificação de potencialidades do país para desenvolvimento de projetos que mobilizem o setor privado do país. Co-presidida pelos governos de Marrocos e Alemanha, a iniciativa NDC Partnership foi lançada com o objetivo de juntar países desenvolvidos, países em desenvolvimento e instituições internacionais numa coligação cujo objetivo é a promoção da cooperação destes atores para assegurar que os países recebem a ajuda técnica e financeira que necessitam para acelerar a ação climática que permita implementar as NDC. Contando já com uma série de iniciativas de ação climática a decorrer, esta coligação pretende juntar países, especialistas, investidores e instituições multilaterais numa plataforma que permita através da partilha de experiencias, o desenvolvimento mais rápido das ações necessárias para fazer face aos desafios das Alterações Climáticas. Uma base de dados que congrega os inúmeros programas de apoio existentes (tanto ao nível de capacitação, como de transferência de tecnologia ou financiamento), por temas (mitigação e adaptação) e por zona do globo ou país, podendo as partes interessadas pesquisar especificamente o tema lhe convém, é uma das ferramentas úteis (“NDC funding and initiatives navigator”) que esta plataforma tem. Suportada pelo GEF, dia 16 de novembro foram revelados pormenores relativamente à operacionalização da Iniciativa de Capacitação para Transparência (CBIT) prevista no Acordo de Paris. A CBTI foi declarada aberta para negócios, e na mesma ocasião soube-se que 12 países já alocaram cerca de 50 milhões de dólares para este fim. O primeiro conjunto de projetos no Quénia, Costa Rica e África do Sul já foram aprovados, assim como uma plataforma de partilha de lições e experiências que ajude a desenvolver mais projetos. Em representação dos “campeões do clima” França e Marrocos, a Ministra marroquina da Energia, Minas, Água e Ambiente, Hakima El Haite, e a embaixatriz francesa para as Negociações Climáticas e representante especial da COP 21 em Marrocos, Laurence Tubiana, divulgaram o documento “Parceria de Marraquexe para a Ação Climática Global”, com o objetivo de acelerar a ação climática pré-2020 num processo mais coordenado. A parceria pretende assim facilitar a ligação entre Partes e stakeholders, potenciando a cooperação que permita ultrapassar barreiras, ser uma plataforma de partilha de casos de sucesso de ação climática, que procurará contribuir para o showcasing de projetos e medir o progresso da ação climática relativamente aos objetivos de desenvolvimento sustentável e ao Acordo de Paris. A COP22 foi também palco do lançamento da “2050 Pathways Platform”, uma plataforma que pretende ser um espaço onde países, cidades, estados ou empresas podem trocar experiências, recursos e conhecimentos que contribuam para o desenvolvimento de estratégias de descarbonização de longo prazo, a nível nacional ou empresarial. Em linha com esta iniciativa e o Artigo 4 do Acordo de Paris, a Alemanha, Estados Unidos, Canadá e México aproveitaram para submeter à UNFCCC as suas estratégias de longa duração para as Alterações Climáticas, tendo como horizonte o ano de 2050. Assim, os Estados Unidos comprometem-se a reduzir 80% das suas emissões relativamente a 2005, o México pretende reduzir as suas emissões em 50% relativamente às emissões de 2000, o Canadá reduzir 80% as suas emissões relativamente a 2005 e a Alemanha com o objetivo mais ambicioso de ser neutra em emissões em 2050. Relativamente ao financiamento climático, em especial no que se refere ao Green Climate Fund (Fundo Climático Verde), a Convenção reafirmou o seu pedido a todas as Partes de priorizar as suas contribuições financeiras ao Fundo, que pretende ser o principal veículo financeiro de combate às alterações climáticas mobilizando anualmente 100 mil milhões de dólares. A Convenção pediu igualmente ao órgão de gestão do Fundo para facilitar o acesso a financiamento através de processos mais eficientes e simplificados para aprovação de projetos e através de um apoio continuo aos países em desenvolvimento no acesso a financiamento com atividades de readiness. As Autoridades Nacionais Designadas (National Designated Authorities – DNA) e Pontos Focais das Partes foram também convidados pela Convenção a utilizar o Readiness and Preparatory Support Programme do Fundo e colaborar com as entidades acreditadas usando o Project Preparation Facility de forma a preparar propostas de adaptação e mitigação de maior qualidade e impacto. A Convenção convidou ainda todas as Partes e submeter anualmente as suas opiniões e recomendações sobre os elementos de orientação do GCF. Em jeito de cereja em cima do bolo, e após a divulgação praticamente diária de ações e iniciativas climáticas durante a COP, as negociações encerraram em Marrocos com a Proclamação de Ação de Marraquexe (Marrakech Action Proclamation), um manifesto de uma página da autoria das Partes que reitera o compromisso climático assumido em Paris, reconhecendo o aumento irreversível e sem precedentes da temperatura à superfície da terra, tendo as Partes a missão de se unirem para dar resposta aos desafios presentes e futuros que as Alterações Climáticas vão trazer para as sociedades. Conclusões A COP22 conseguiu juntar todas as Partes, alinhá-las com a ambição climática já definida com o Acordo de Paris e estabelecer um programa de trabalhos de curto e médio prazo. Os países participantes acordaram num roteiro rápido e claro para que a operacionalização do Acordo possa estar concluída em 2018 com uma revisão intercalar de progresso já em 2017. Para já apenas se desenvolveram as principais orientações que irão operacionalizar o Acordo, lançando um conjunto de iniciativas que apoiarão os países a atingir os seus objetivos climáticos. Movidos pelas altas expectativas criadas pela COP histórica de Paris e pela ratificação em tempo record do Acordo, a COP22 propôs-se concluir a operacionalização em dois anos. Para alguns este timeline é considerado ambicioso, tendo em conta o processo semelhante aquando da discussão das regras de operacionalização de Quioto que demorou 3 anos. As Partes contam agora com muito trabalho pela frente. Tal ambição obrigará a um esforço conjunto e assertivo das Partes de forma a completar em tempo útil as tarefas propostas até 2018. Apesar da eleição de Donald Trump trazer alguma incerteza ao processo, e como referido pela ministra do Ambiente da Alemanha, Barbara Hendricks, “a conferência demonstrou que o espírito de Paris está vivo e mais forte que nunca". Os PALOP, através dos seus representantes, também reafirmaram o seu compromisso perante as metas de Paris. aquando da reunião dos Órgãos Subsidiários da Convenção. As Ilhas Fiji irão agora assumir a presidência da COP23 que se irá realizar em novembro em Bona. As negociações irão ser retomadas em maio de 2017, em Bona, Alemanha, i https://meioambienterio.com/2016/11/cop22-nova-negociacao-climatica http://get2c.pt/get2c/blog/uma-semana-quinze-anos-depois-cop22 iii http://epoca.globo.com/ciencia-e-meio-ambiente/blog-do-planeta/noticia/2016/11/negociacoes-sobreaquecimento-global-avancam-apos-nova-rodada-da-conferencia-do-clima.html iv http://www.lowcarbonusa.org ii