o que é a doença de alzheimer - Instituto Camiliano de Pastoral da

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O QUE É A DOENÇA DE ALZHEIMER?
A doença de Alzheimer é uma doença progressiva, de causa e tratamentos
ainda desconhecido, que atinge preferencialmente as pessoas idosas.
Acomete o cérebro causando fundamentalmente perda de memória, séria
deterioração intelectual e distúrbios de comportamento.
Estima-se que nos EUA existam cerca de quatro milhões de pacientes;
no Brasil pelo menos um milhão.
Foi descrita pela primeira vez pelo médico Alois Alzheimer em 1907.
Essa doença é erroneamente conhecida pela população como “esclerose” ou
caduquice. É uma forma de demência cuja causa não se relaciona com a
circulação ou com a arteriosclerose. É divida à morte das células cerebrais
levando a atrofia do cérebro. As demências por arteriosclerose se representam
apenas um quinto de todas as demências.
QUAIS OS SINTOMAS?
No começo são ao pequenos esquecimentos, normalmente aceitos pelos
familiares como parte do processo normal de envelhecimento, que vão
agravando-se gradualmente.
Os pacientes tornam-se confusos e por vezes agressivos, passam a
apresentar alteração da personalidade, com distúrbio de conduta e terminam
por não reconhecer os próprios familiares e até a si mesmo quando colocados
frente a um espelho.
À medida que a doença evolui, tornam-se cada vez mais dependentes de
terceiros, iniciam-se as dificuldades de locomoção, tornam-se mudos à
comunicação e passam a necessitar de cuidados e supervisão integral, até
menos para as atividades elementares do cotidiano como alimentação, higiene,
vestir, etc.
QUAL A CAUSA?
A causa da doença de Alzheimer ainda não é conhecida. Existem várias
teorias, porém, de concreto aceita-se que seja uma doença geneticamente
determinada, não necessariamente hereditária ( transmissão entre familiares).
COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO?
Não há um teste específico que estabeleça de modo inquestionável a
doença. O diagnóstico é eito a partir da exclusão de uma série de outras
doenças que apresentam os mesmos sintomas. Essa investigação é
extremamente importante, uma vez que algumas dessas doenças são curáveis,
como depressão hipotireoidismo, etc.
Alguns exames como a tomografias de crânio e testes de laboratórios
são solicitados para estabelecer essa diferenciação. O médico também realiza
testes de memória e outras avaliações para medir o grau de comprometimento
intelectual.
O diagnóstico definitivo só é possível a partir do exame do tecido
cerebral, por biópsia, procedimento raramente realizado. Perda de memória
não é anormal; à medida que vamos envelhecendo, é comum! Ao primeiro
sinal de que a memória
Está comprometida é imperativo que o médico examine o paciente, pois
muitas doenças que prejudicam a memória são tratáveis e até curáveis.
COMO É FEITO O TRATAMENTO?
Só existe um medicamento aprovado especificamente para esse fim: o
Tacrine. Esse medicamento, entretanto, não representa a cura da doença e não
beneficia a todo o pacientes. Apenas cerca de um terço dos pacientes
apresentam alguma resposta é só 80% respondem bem ao tratamento que deve
ser iniciado o mais cedo possível.
O tratamento e gerenciamento dos distúrbios de comportamento
(agitação, insônia, agressividade, etc.) é eficaz na maior dos casos.
COMO A DOENÇA AFETA OS FAMILIARES?
Afeta de modo devastador. As dúvidas e incertezas com o futuro, a
grande responsabilidade, a inversão de papéis em que os filhos passam a se
encarregar dos cuidados de seus pais, além da enorme carga de trabalho e
sobrecarga emocional, acabam por gerar no meio familiar intenso conflito e
angústia.
A sensação de estar só, isolado, desamparado e a inevitável pergunta
“por que isso está acontecendo comigo?”, submete os cuidados a uma enorme
pressão psicológica, acompanhada por depressão, estresse, queda da
resistência física, problema de ordem conjugal, etc.
O QUE PODE AJUDAR?
A grande arma no enfrentamento dessa doença é a informação associada
à solidariedade. À medida que os familiares conhecem melhor a doença e sua
provável evolução, vários recursos e estratégias podem ser utilizados com
sucesso.
É fundamental que os familiares saibam que sempre há lago a fazer,
sempre é possível melhorar a qualidade de vida dos pacientes e de seus
familiares. Existem doenças incuráveis, porém não existem pacientes
“intratáveis”.
O QUE É A ABRAZ?
A ABRAz (Associação Brasileira de Alzheimer) é uma entidade sem
fins lucrativos, que objetiva a melhoria da condições de vida do paciente e de
seus familiares. Fundada em agosto de 1991, reúne em sua diretoria familiares
e profissionais para, em conjunto, unidos por suas vivências e conhecimentos,
desenvolverem ações concretas em favor dos vitimados.
Os familiares recebem informações atualizadas sobre os avanços em
pesquisas, freqüentam grupos de suporte familiar, assistem palestras e cursos,
e aprendem sobre a doença e suas características no sentido de aliviar parte da
carga a que estão sendo submetidos.
A ABRAz está organizada em praticamente todo o território nacional.
A HOMEOPATIA NO BRASIL
Entrevista a ANA LÚCIA PROA dada por DRA. MARIANI, Publicada na
REVISTA SAÚDE PARA TODOS, Abril 1996. Ano 1, N.º12.
Saúde Para Todos – Hoje a homeopatia não é mais considerada uma
medicina alternativa, paralela. Como se deu esse processo para que ela se
tornasse oficial?
Dra. Mariani - A homeopatia desde 1980 sofreu mudanças, graças aos
esforços do Prof. Alberto Soares de Meirelles, que foi um dos seus
propugnadores mais importantes no século XX no Brasil: ele foi médico,
general, gozou de muita influência entre os Presidentes, e por 25 anos, oi
presidente do Instituto Hahnemanniano. No governo Costa e Silva
transformou o Instituto Hahnemanniano em Faculdade Federal e, em 1980,
conseguiu que o Conselho Federal de Medicina reconhecesse a homeopatia.
A homeopatia, portanto, é uma especialidade médica reconhecida há 16 anos.
Mas ainda não é matéria obrigatória nas Escolas de Medicina. Ela é disciplina
optativa em algumas Faculdades, entre as quais a UNI-Rio (Universidade
Federal do Rio de Janeiro).
Se ela ainda não é uma matéria obrigatória, como está a situação do
ensino da homeopatia no Brasil?
Quem quer ser médico homeopata deve cursar uma faculdade como
qualquer outro médico. Depois é que vai procurar um curso de especialização.
Nós temos vários em todos o Brasil: em São Paulo, na Bahia, em Santa
Catarina, no Ceará... E aqui no Rio de Janeiro quem oferece esse curso de
especialização é o Instituto Hahnemanniano do Brasil. É o centro mais antigo
de homeopatia na América do Sul, tendo sido fundado em 1859, pelo belga
Benoir Mure, criador de uma Faculdade e de um hospital-escola. Em 1921, o
Conselho Superior de Ensino equiparou a faculdade criada por Mure às suas
congêneres federais, o que atribuía validade aos títulos de seus diplomados em
Medicina. Mas foi apenas em 1954 que o governo federal determinou que a
então Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro deveria manter o
ensino da homeopatia, com três cadeiras. Com isso, a homeopatia, que era a
medicina obrigatória e principal da escola, passou a ser uma cadeira optativa.
Assim, no quinto período (que corresponde ao terceiro ano de medicina),
quem quiser pode começar a estudar homeopatia.
Quais os avanços que a homeopatia sofreu ao longo desses 200 na anos?
A homeopatia é uma ciência maravilhosa, porquê suas bases são
eternas, não mudam. Os princípios da homeopatia não evoluíram, eles são
verdades imutáveis. Por exemplo, o princípio básico de que o semelhante cura
o semelhante não mudará nunca, é uma lei. E o fato de se fazer em as
experiências dos remédios no homem saudável também não mudos. É a
chamada patogenesia. Você toma uma droga e vai observando os sintomas
que aparecem, e depois cura o indivíduo que apresente aqueles sintomas. O
outro princípio de um remédio único para cada pessoa, independente do
diagnóstico, também permanece o mesmo. A maneira como a pessoa reage à
doença é que vai determinar qual é esse remédio. Se tratasse a doença
diretamente, seria alopatia. Os alopatas dão antiinflamatório para trata um
sem número de doenças. Já os homeopatas consideram que para cada tipo de
inflamação você tem um sintoma diferente. Portanto, prescrevem um remédio
único para cada um, com dose mínima. Essa é uma dose energizada, que vai
fazer o corpo reagir; e não uma dose de massa como faz a alopatia. A alopatia
quer apagar o incêndio, já homeopatia atua na causa, e vai fazendo com o que
seu corpo reaja àquilo. Então, existe uma verdadeira cura, de dentro para fora.
Mas não houve qualquer mudança em todos esses anos para cá?
Novas drogas oram experimentadas, novas patogenesias (estudos da
atuação dos remédios no organismo humano).
Nós temos patogenesias que estão sendo criadas pela própria evolução
da medicina, como é o caso do uso de cortisona, que cria uma doença artificial
na pessoa, provocando hipertensão arterial, deficiência renal, aparecimento de
manchas escuras, rosto inchado... de estreptomicina que pode causar surdez, e
de vários outros remédios e drogas que oram surgindo. O médico homeopata,
então, receitaria essas mesmas substâncias, só que dinamizadas, numa dose
mínima que conseguiria reverter esses problema. Outro dado novo é a
poluição. Hoje, temos muito elementos tóxicos que estão envenenando os
seres humanos. Hahnemann experimentou aproximadamente 60 substâncias,
que eram usadas na época como medicamentos (o enxofre, o mercúrio, a
beladona, o aconitum, o enxofre, o arsênico...). Mas ele sabia que eram
substância muito venenosas, então passou a usá-las em dose mínimas.
Para tratar a toxidade da poluição, a homeopatia hoje está sendo usada
em conjunto com a medicina ortomolecular?
Claro! A homeopatia já lida com selênio, cobre, zinco, níquel etc. há
200 anos. E a medicina ortomolecular está apenas começando... Muitas
pessoas hoje estão sofrendo intoxicação. Por exemplo: pelo chumbo (é a mais
comum atualmente), alumínio ( não dá uma intoxicação aguda, mas a longo
prazo já está praticamente provado que altera as funções cerebrais, gerando
síndromes como a de Alzheimer)... Então, devem fazer um mineralograma
para detectar, pelo fio de cabelo, a presença desses metais em quantidades
altamente acima do tolerável. Tenho tido muitos pacientes intoxicados com
chumbo que apresentam dores de cabeça horríveis, cólicas, prisão de ventre,
irritabilidade, insônia... Então o tratamento com oplubo metalicum , mas com
a dinamização a 30 CH, ou seja, só existe energia (o medicamento é 30 vezes
diluído de 1 para 99). Com isso, o chumbo começa a ser eliminado do
organismo. E além das pessoas melhorarem de seus sintomas, o exame de fio
de cabelo comprova a desintoxicação. Os ortomoleculares também fazem
isso, mas não com remédio homeopáticos, e sim com os queladores. E qual a
vantagem da homeopatia sobre os agente quelantes? Você compra um
vidrinho que custa R$4,00 e dura dois meses, coloca o remédio debaixo da
língua e não tem qualquer efeito colateral. Já a medicina ortomolecular
muitas vezes faz isso através de injeções intravenosas. Tudo bem que também
não há qualquer efeito colateral, mas o tratamento é caro, eito no consultório
médico e muitas pessoas não gostam de tomar injeção. Além disso, muitas
vezes essa quelação tira do organismo não apenas o chumbo. Aí é preciso
repor os minerais de interesse da saúde. Já na homeopatia você tira só o que
interessar: se quiser diminuir o chumbo, ataca diretamente o chumbo; se quer
aumentar a quantidade de selênio, trabalha só com selênio. É uma coisa mais
simples, barata, e que você dá até para crianças. Quer dizer, eles agora
realizam o mesmo trabalho que a homeopatia vem fazendo há 200 anos, de
maneira mais simplificada. É claro que não tínhamos os meios de diagnóstico
atuais para provar a eficácia da homeopatia nesses tratamentos. Mas o
mineralograma, que é uma coisa nova, está conseguindo demonstrar que a lei
das semelhanças realmente existe.
E quanto à medicina tradicional, está havendo um bom entendimento
com a homeopatia?
O entrosamento está cada vez melhor. Porquê os alopatas estão vendo
que a terapeuta funciona. E outra prova disso é que a procura por nosso curso
de formação de especialistas é cada vez maior. Estamos recebendo não só
médicos, mas também veterinários, odontólogos e farmacêuticos. A
homeopatia realmente passou por um boom nos últimos dez anos. Hoje nós
chegamos a ter 120 alunos em uma única turma o que é muita coisa.
A que atribui o boom? A sociedade estaria em busca de terapias mais
naturais?
Há vários fatores. A homeopatia era estimadíssima no final do século
passado e no começo desse século. Na Segunda Guerra Mundial, felizmente
descobriram o antibiótico, senão muito mais gente teria morrido. Naquela
época, em dois dias de tratamento as pessoas ficavam boas. Só que agora
você tem uma espinha, um furúnculo, e é preciso prescrever 15 dias de
antibiótico, porque os micróbios estão ficando mais resistentes, ao passo que
pessoas estão ficando mais fracos. Mas essa terapêutica gera muitos efeitos
colaterais, porque o nosso fígado, por exemplo, não foi feito para suportar 15
dias de tratamento com antibióticos. Resultado: as pessoas começaram a se
voltar novamente para a homeopatia. E atrás delas, os médicos, porquê
estavam perdendo a clientela. Então, é o público que está pedindo, e é a classe
médica que está se rendendo às evidências. Mas nade impede que você tenha
o seu médico alopata, até porquê, na hora de uma emergência, de uma
cirurgia, de uma hemorragia, você tem que procurar mesmo é o alopata.
Agora, a homeopatia está sendo muito procurada por pediatras, porque as
criança reagem de uma maneira espetacular. E os geriatras também estão
encontrando fortes aliados homeopatas, porque os idosos são muito sensíveis
aos efeitos colaterais dos remédios alopáticos. Eu tenho uma paciente de 91
anos, por exemplo, que se trata comigo desde os 78 anos. Ela tinha muito mais
queixas em sua primeira consulta, 13 anos atrás, do que agora.
Então a homeopatia não seria só para fortalecer o sistema imunológico?
Sem dúvida. O corpo vai ficando um instrumento muito afinado. As
pessoas que estão acostumadas a se tratar com homeopatia adoecem muito
pouco.
Se cada pessoa deve ser tratada com o mesmo remédio, não importa a
doença, por que surgiu a homeopatia pluralista? Qual a diferença entre
homeopatia unicista e pluralista?
A homeopatia, por princípio, é unicista. O remédio único que cobrirá
todos os sintomas da pessoa, nas doenças agudas e crônicas. Mas o unicismo
nem sempre funciona tão maravilhosamente bem, quanto gostaríamos.
Primeiro porque é muito difícil acertar “na mosca” na escolha do
medicamento de fundo. Segundo, porquê o paciente, para se tratar com o
unicismo, muitas vezes tem que ser uma pessoa que desde pequena já se trata
com homeopatia. Ela já estaria acostumada, e seu organismo está muito limpo.
Eu, por exemplo, me trato há 30 anos com homeopatia e tenho o meu remédio
único, que me equilibra. Mas quando chega no consultório aquele adulto
cheio de complicações, que de dia toma remédio para baixar a pressão, de
tarde para controlar a úlcera, de noite um Lexotan para dormir... é muito mais
difícil. Nesse caso, para que o remédio único funcione, é preciso inicialmente
fazer uma drenagem, uma limpeza no organismo, melhorando a função
hepática, renal etc. É preciso tirar os bloqueio que o uso regular de certos
medicamentos pode trazer. Damos remédios em potência mais baixa, menos
energéticas, para atuar como uma faxina. Depois disso é que entra o papel do
unicista, com o remédio único, na dose energética, para dar aquele toque que
vai equilibrar todo o corpo.
Atualmente, os hospitais tanto da rede pública quanto da particular estão
cheios de homeopatas. É a prova de que a homeopatia está sendo aceita pela
mais diversas camadas?
Quando Hahnemann iniciou o seu trabalho, a homeopatia tratava
principalmente das elites. E quando esta especialidade chegou ao Brasil, foi a
mesma coisa: o Presidente da República, os Ministros etc. É que a ela
recorriam. Os hoemopatas tinham um grande poder nessa época. Depois,
quando as vacinas, os antiinlamatórios e a anestesia foram desenvolvidos, a
homeopatia foi deixada de lado. Ela se restringiu à população que não tinha
acesso a essas terapias mais caras. Foi para o interior, para os centros espíritas,
onde ficou latente. Caiu em descrédito. Mas, depois, começou a ser uma
alternativa efetiva contra os efeitos colaterais das terapias agressivas.
Resultado: agora as pessoa mais esclarecidas voltam novamente à homeopatia.
Os consultórios dos homeopatas estão cheios! Até os planos de saúde já
cobrem consultas de homeopatia.
Quais são as perspectivas futuras no campo da homeopatia?
A homeopatia é, sem dúvida, a medicina do século XXI, em virtude do
fato do holismo, em franca ascensão, tratar o homem como um todo – corpo,
mente, sentimento e espírito – dando importância, portanto, à personalidade e
à individualidade. E é isso que a homeopatia faz: trata da personalidade,
levando em conta a nossa individualidade. E a homeopatia engloba tudo. Você
pode tratar desde uma simples torção (em vez de tomar um antiinflamatório,
toma, por exemplo, a arnica, que terá um efeito melhor, mais rápido e sem
nenhum efeito colateral) até um grande conflito emocional, e ainda permite a
prevenção de doenças, equilibrando o organismo.
PROCURA-SE UM AMIGO
Não precisa se homem, basta ser humano, basta ter sentimento, basta
ter coração. Precisa saber calar e falar, sobretudo saber ouvir. Tem que gosta
de poesia, da madrugada, de pássaros, do sol, da luz, do canto dos ventos e
das canções da brisa. Deve ter amor por alguém, ou então senti falta de ter
esse amor. Deve amar o próximo e respeita a dor que os passantes levam
consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar. Não é preciso que seja de
primeira mão. Pode já ter sido enganado, pois, todos os amigos são enganados.
Não é preciso que seja puro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e
medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que
isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser
o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio
dos solitário.
Deve gostar de criança e lastimar os que não puderam nascer. Procurase um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova quando chamado
de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes
chuvas e das recordações da infância. Precisa-se de um amigo para não
enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos
anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas
desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de
mato depois da chuva, e de deitar no capim.
Precisa-se de amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é
bela, mas porquê se tem um amigo.
Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver
debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que bata nos ombros
sorrindo e chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se consciência de
que ainda se vive.
CARTA AO PACIENTE DO SUS
Depois de tantas cartas inutilmente escritas para tantas cartas
inutilmente escritas para tanta gente e sempre com o mesmo conteúdo, só nos
sobrou uma última alternativa, a de escrever-lhe. Não sei se você tem esse
hábito de escrever catas, aliás, diga-se de passagem, poucas pessoas ainda
guardam o milenar hábito de envelopar sentimentos e notícias. Alías, você não
deve ter esquecido que todas as vezes que se manda uma carta dica ima
esperança e é de esperança em esperança que vamos conseguindo superar as
frustrações e o desestímulo de continuar nessa lua inglória de defender o seu
direito a uma saúde digna.
Você deve ter observado que chegamos a insustentável condição onde
médicos e pacientes coabitam uma atmosfera de desrespeito, não mais à
cidadania, mas sobretudo à vida.
Gemidos, dores, reclamos, vida que escorrem em nossas mãos sem te
como estanca-las. Crianças, jovens e adultos amontoados nos corredores como
objetos, num desafio de persistência à vida, compõem a rotina nefasta do
nosso dia-a-dia. Não suportamos mais! Hoje, mais do que nunca, precisamos
de você. A sua vida não é uma responsabilidade só nossa, é acima de tudo um
direito seu, lute por ele. Você também tem obrigação de defender o direito de
seu filho, afinal você o trouxe à vida.
E aqueles velhinhos frágeis, cansados e doentes que nos passado oram o
bálsamo da sua dor? Eles lhe chamam de filho e pedem a Deus por você. Não
podem ser esquecido, não podem ser entregues à própria sorte.
Outro dia vi na televisão que mais que quinhentas mil pessoas às ruas
no rio de Janeiro na caminhada contra a violência e fiquei pensando. O que
falta para que o caos da saúde seja considerado um atentado à vida e desta
forma a população vai às ruas protestar e exigir uma saúde pública digna?
Já vi, e várias ocasiões, o povo na rua. Vi multidões atrás do trio, vi
multidões comemorando o tetra, vi multidões pedindo diretas já, vi multidões
pedindo o impeachment, vi multidões movidas pela é em penitência rogar a
Deus saúde. Mas, confesso em nenhum momento ter visto qualquer
aglomerado protestando pelas condições desumanas da saúde pública, que
não fosse de profissionais da área e mesmo assim de forma muito tímida e
pouco representativa. Tudo isso demonstra uma passividade comprometedora,
o que nos torna cúmplice e participe do caos instalado na saúde.
Não faz muito tempo que a nação envergonhada ruborizou e escondeu o
rosto ante a comunidade internacional, quando expôs seu lado grotesco e
desumano nas chacinas da Candelária, Carandiru e Vigário Geral. Ainda ouço
discursos inflamados levados pelo mormaço do massacre dos Sem Terra. Em
todos estes tristes momentos levantaram-se do seio da sociedade vozes
ferozes, inconformadas, implacáveis e sobretudo legítimas rogando e
cobrando dos governamentais justiça. Era a pastoral da terra, pastoral
carcerária, pastoral da criança. Movimento do direitos humanos, MST, entre
outros. Mas você também não esqueceu as dezenas de vítimas da hemodiálise
de Caruaru, dos velhinhos da Sta. Genoveva, nem dos quarenta bebês de
Fortaleza, não é? E a legião de anônimos que morre desassistidos nas portas
dos hospitais ou nas infindáveis filas à espera do remédio, da cirurgia ou do
exame que nunca chega ou chega tarde demais? Eu me pergunto: para esse
tipo de massacre que voes clamariam por jestiça?
Só nos reta você e sua capacidade de se indignar, reivindicar e cobrar
dos governante os direitos legítimos do cidadão. Uma grande nação só terá a
dimensão de grandeza desejada se construída pelo seu povo, e isso não será
tarefa difícil para nós que por mais de uma vez devolvemos as eições
democráticas ao Estado.
E a primeira ação neste sentido, logo que você sare ou melhore da
doença que lhe atormenta, é participar e cobrar o carácter reinvindicatório e
fiscalizador dos centros comunitários, fortalecer os conselhos gestores das
unidades de saúde, conselhos municipais e estadual de saúde. E não esquecer
que os governantes não estão dentro dos Hospitais e Universidades de Saúde,
lá estão profissionais que também são povo e sofrem do mesmo descaso.
Caro paciente, ninguém mais do que você pode demonstrar o amor pela
sua própria vida e pela vida de quem você ama. É preciso resgata sua
dignidade e só você pode fazer isso. A coragem tem um preço, por sinal,
infinitamente menor que o preço da omissão.
Paulo Davim Vice-presidente da AMB e ex-presidente da Associação Médica
do RN. Publicado no JANB – Jornal da Associação Médica Brasileira. Ano
38. Janeiro/ Fevereiro de 1997.
ÉTICA MÉDICA E AIDS
A síndrome da imundefici6encia adquirida (AIDS) não trouxe nenhuma
novidade aos conceitos éticos que presidem o exercício da medicina, mas
tornou reais, deforma cruel, vários aspectos da aplicação de tais máximas.
Outrossim, mostrou as dificuldades para aplicá-las no dia-a-dia, como ainda
no uso da camisinha, da atuação dos médicos e serviços de saúde. Destacamos
a seguir alguns tópicos, a propósito.
- O médico não deve condescender com a ação dos charlatães. AIDS, da
mesma maneira que tantas doenças crônicas e sem cura ainda possível pelo
meios científicos até hoje documentados, presta-se demais a pseudo-solução
ALTERNAIVAS. Nesse contexto, é triste ver que muitos colegas aceitam o
uso de bruxarias ou de remédios de fundo de quintal, inclusive porque,
teoricamente, “isso não deve fazer nada, ou seja, não faz mal”. Errado,
porquanto muito chazinho de bruxa faz mal sim, senhor, e por outro lado, não
é lícito compactuar com a maladragem.
- O médico não é, no seu trabalho, ainda que em empresas, subserviente
ao patrão no sentido de fazer o que ele quer, mais sim constitui profissional
que deve exercer atuação com respeito às normas éticas, ainda que vinculado
a salário. Assim, por exemplo, não é lícito providenciar, antes da contratação,
teste para saber se o candidato está infectado pelo HIV. Igualmente, não é
correto infringir o sigilo profissional quando sabe que um funcionário da firma
é soropositivo ou doente e passa o informe à administração.
-O médico, em qualquer situação, não tem o direito de discriminar
quando vigente determinada moléstia. Empresas de seguro-saúde,
teoricamente dirigidas por médicos, quase sempre contrapõem-se ao
infectados pelo HIV, coibindo o pagamento esperado. Felizmente, a Justiça
tem entendido como leonino e não justo tais contratos. Mais curioso ainda é
que cooperativas médicas que funcionam como empresas de seguro-saúde
também fazem a mesma gracinha.
-O médico sistematicamente considerará que há norma ética que proíbe
publicidade imoderada. A instrução é meio complicada porque entre
divulgação comedida e “marketing” pessoal a fronteira é tênue. De qualquer
maneira, é extremamente deselegante, para não falar em ética, que muitas
pessoa vivam à custa da AIDS ao lado dos que por causa dela morrem,
propondo condutas ou “remédios” sem respaldo científico e fazendo onda
promocional.
-O médico não pode negar-se a atender paciente com doença
contagiosa, amenos que não haja segurança. Contudo, determinados
facultativos, essencialmente por desinformação e também por preconceito,
recusam-se a conceder assistência a soropositivo ou a enfermo com AIDS.
-O médico jamais deve solicitar exame laboratorial sem motivo
relevante e, idealmente, sem a permissão do consultante. Porém, a título de
ilustração, citamos os que solicitam teste o para anti-HIV em rotina préoperatória, sem pedir autorização, valendo essencialmente a adoção das
técnicas de precauções universais, independentemente o resultado do exame
mencionado.
Aonde chegamos? Na verificação de que a AIDS torna princípio
abstratos de ética em eventos reais e cruciais. Talvez, em relação à ática,
estejamos repetindo o que sucedeu com a transfusão de sangue: a existência
da AIDS fez com que nos preocupássemos com a qualidade do sangue e,
finalmente, agora a hemoterapia é muito mais cuidada e segura do que antes
dos tempos prévios à nova enfermidade.
Vicente Amato Neto, 67, infectologista, é professor titular e chefe do
Departamento de Doença infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina
da USP (Universidade de São Paulo).
Jacyr Pasternak, 53, infectologista, é médico assistente da Divisão de
Clínica e Moléstias infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas da USP.
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