ANEXO 1 TERMO DE REFERÊNCIA 1. Introdução Este Termo de Referência tem por objetivo orientar os participantes do Concurso Expansão do Museu do Meio Ambiente na elaboração de Estudo Preliminar para o conjunto, de acordo com o objeto, as regras e as condições definidos no Edital e nas Bases do Concurso. São aqui apresentadas informações necessárias à compreensão do problema a ser trabalhado pelos arquitetos concorrentes, bem como as diretrizes gerais a serem atendidas e o detalhamento do programa de necessidades a ser resolvido no projeto. O Museu do Meio Ambiente integra o conjunto do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, situado na zona sul da Cidade, junto ao Parque Nacional da Tijuca O Museu do Meio Ambiente integra a estrutura organizacional do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), que por sua vez é uma autarquia federal vinculada ao Ministério do Meio Ambiente. Trata-se de um espaço cultural com a missão de: “estimular o desenvolvimento de uma consciência pública sobre os grandes temas e problemas socioambientais, por meio de atividades de divulgação científica, educação e pesquisa, tendo como finalidade sensibilizar a sociedade para a importância da conservação da biodiversidade e da promoção de formas sustentáveis de relação entre a humanidade e o meio ambiente”. Instalado em um edifício histórico do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, o Museu do Meio Ambiente atualmente requer novos espaços para sua consolidação como instituição de referência no campo museológico sobre questões ambientais, debatendo problemas, desafios e estratégias de sustentabilidade. De acordo com as perspectivas de expansão do Museu do Meio Ambiente, a atual sede abrigará os programas acervo, educativo e divulgação científica, além de exposições temporárias, enquanto as duas novas edificações a serem construídas abrigarão: Exposição de Longa Duração e Administração e Auditório. O Edifício Histórico em que o Museu do Meio Ambiente foi inicialmente instalado integra o conjunto de edificações, monumentos e obras de arte pertencentes ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro, em área tombada pelo IPHAN. Tal edificação, construída no final do século XIX, passou por diversas modificações no início do século XX, quando foram incorporados ao prédio principal corpos laterais. O telhado original em ardósia foi substituído por telhas francesas e o beiral cedeu lugar, parcialmente, a uma platibanda neoclássica. Posteriormente, na década de 40, recebeu um acréscimo nos fundos, para instalação da Biblioteca. Recentemente, a edificação principal foi restaurada, justamente para abrigar o Museu do Meio Ambiente. A Biblioteca, que ainda hoje ocupa o prédio anexo, será transferida para outra edificação, liberando espaço para uma das novas construções destinadas a atender à expansão do Museu do Meio Ambiente, na qual será instalada a Exposição de Longa Duração. Desta forma, os espaços internos de visitação e exposições do Museu do Meio Ambiente estarão distribuídos em dois edifícios e o projeto deverá prever solução de interligação entre os mesmos. Edifício Histórico: fotos da fachada frontal Edifício Histórico (à direita) e anexo, onde hoje funciona a Biblioteca (à esquerda) Outra construção existente na área objeto do presente Concurso, onde atualmente funciona o setor de Fitopatologia do JBRJ, dará lugar à nova edificação que abrigará a Administração e o Auditório do Museu do Meio Ambiente. Esta área localiza-se entre dois importantes edifícios de valor histórico e cultural do Jardim Botânico: a “Residência Pacheco Leão” e o “Centro de Visitantes”. A “Residência Pacheco Leão”, cuja designação deve-se a Antônio Pacheco Leão, diretor do Jardim Botânico, médico e professor, que nela residiu de 1915 a 1931, quando faleceu, foi edificada no final do século XIX, em estilo eclético, de inspiração normanda. Ao longo dos anos, passou por algumas reformas e abrigou diversos setores do JBRJ. Atualmente funciona no local o Serviço de Educação Ambiental, que permanecerá após implantação do projeto de Expansão do Museu do Meio Ambiente. “Residência Pacheco Leão” O “Centro de Visitantes” do Jardim Botânico está localizado no casarão que foi sede do Engenho de Nossa Senhora da Conceição da Lagoa, fundado em 1576 com o nome de Engenho Del Rei. Trata-se de uma das construções mais antigas da Cidade do Rio de Janeiro. Em 1808, o Engenho e outras propriedades na região da Lagoa, foram desapropriadas por ordem do príncipe Regente D. João. A partir daí, naquela área, foi instalada a Fábrica de Pólvora e o Real Horto Botânico. Desde então, a sede do Engenho passou por várias modificações arquitetônicas, sendo utilizada como residência da Família Real, quando visitava o Jardim Botânico, residência de funcionários e setores administrativos. Desde 1993, quando foi restaurado, o casarão passou a abrigar o Centro de Visitantes do Jardim Botânico. “Centro de Visitantes” do Jardim Botânico O tratamento paisagístico do espaço externo no âmbito da área de intervenção será igualmente importante no desenvolvimento do projeto de Expansão do Museu do Meio Ambiente, pois, além de dar unidade ao conjunto, deverá ele próprio ser compreendido como um dos espaços do Museu. Do ponto de vista científico, o “Arboreto” é a área do Jardim Botânico do Rio de Janeiro de maior representatividade e sobre a qual recai maior rigor tanto dos institutos de proteção do patrimônio histórico, quanto dos critérios de acesso à coleção viva. Apesar de aberto à visitação pública, o “Arboreto” é o lugar de cultivo das árvores e plantas com fins científicos e educacionais. É no “Arboreto” que estão as famosas coleções temáticas do Jardim Botânico: “Bromeliário”, “Orquidário”, “Medicinais”, “Jardim Sensorial”, “Insetívoras”, “Cactário”. Além do “Arboreto”, outros espaços compõem o conjunto do Jardim Botânico do Rio de Janeiro dando suporte às suas atividades, dentre os quais se destacam: o “Centro de Visitantes”, o “Serviço de Educação Ambiental”, o “Teatro Tom Jobim”, a “Casa do Acervo Tom Jobim” e o “Galpão das Artes”, além do próprio Museu do Meio Ambiente. A diversidade de atividades desenvolvidas nesses espaços vem se consolidando também como importante referência para a Cidade do Rio de Janeiro. Planta Geral do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (Situação Atual) “Centro de Visitantes e portão de acesso ao “Arboreto”. Praça junto ao acesso ao “Arboreto” com o famoso lago das tartarugas “Teatro Tom Jobim”; “Casa do Acervo Tom Jobim. Embora se possa distinguir espacialmente a área do “Arboreto” dos demais espaços, pode se dizer que o Jardim Botânico do Rio de Janeiro não é constituído por unidades territoriais autônomas. Pelo contrário, os diferentes espaços incorporam significados que decorrem de uma compreensão sistêmica sobre o seu uso e ocupação. Neste ponto de vista, o “Arboreto” não deve ser entendido de maneira isolada, mas como elemento chave da articulação entre as atividades de suporte à visitação pública e as diferentes unidades do Jardim Botânico como as de Pesquisa Científica, de Ambiente e Tecnologia e a Escola Nacional de Botânica. Do mesmo modo, os espaços destinados a atividades abertas ao público conformam um conjunto que se abre para a cidade e ao mesmo tempo cumpre papel estratégico de porta de entrada para o “Arboreto”. Em linhas gerais, espera-se que a solução arquitetônica-paisagística para o projeto de Expansão do Museu do Meio Ambiente seja desenvolvida com a compreensão mais ampla do significado atual do Jardim Botânico na cidade do Rio de Janeiro e como patrimônio histórico, cultural e ambiental do país, englobando os seguintes aspectos: Contribuição para valorização do conjunto histórico e tombado do Jardim Botânico; Implantação de construções sustentáveis e que sejam elas mesmas, por suas qualidades arquitetônicas, objeto de visitação do Museu do Meio Ambiente; Caracterização do espaço externo como um dos espaços do Museu do Meio Ambiente, destinado a atividades lúdicas e planejado como área de conexão da rua com o Jardim Botânico e seus diferentes espaços; Adequação às exigências de funcionamento, de circulação e acomodação de diferentes públicos; Atendimento às normas de acessibilidade universal; Previsão de infraestrutura adequada às exigências tecnológicas de um museu contemporâneo, englobando sistemas especiais de acessibilidade, luminotécnica, acústica, climatização, segurança patrimonial, incêndio, multimidia e automação predial. De modo a oferecer informações e orientações mais detalhas para elaboração das propostas para Expansão do Museu do Meio Ambiente, este Termo de Referência aborda os seguintes itens: Do Jardim Botânico do Rio de Janeiro Do Museu do Meio Ambiente e seus Programas Das Diretrizes para Sustentabilidade Ambiental das Construções Das Diretrizes para o Tratamento Paisagístico do Conjunto Dos Condicionantes e do Programa de Necessidades para Expansão do Museu do Meio Ambiente 2. Do Jardim Botânico do Rio de Janeiro O Jardim Botânico do Rio de Janeiro, uma das mais antigas instituições brasileiras, é pioneira no campo da Botânica e ciências afins relacionadas à conservação da flora no país, desempenhando importante papel na pesquisa científica, na conservação da biodiversidade e na preservação do meio ambiente. O Jardim Botânico ocupa hoje uma área total de 137 hectares, dos quais 55 cultivados, o chamado “Arboreto”, onde estão situados os acervos científico, paisagístico, artístico e arquitetônico. Estas características associada ao seu papel fundamental no estudo, experimentação e produção científica no campo da Botânica, consolidaram o Jardim como um importante espaço de ciência, lazer e de cultura da Cidade do Rio de Janeiro, recebendo hoje cerca de 600 mil visitantes ano. Arboreto: vistas gerais Arboreto: vistas gerais O Jardim Botânico do Rio de Janeiro foi o primeiro e o mais expressivo dos reais hortos botânicos fundados no Brasil por D. João VI, inclusive por ter sido instalado na capital colonial em 1808. Foi criado como um local estratégico para cultivo e aclimatação de plantas, na época, de alto valor econômico. A área da antiga Fazenda da Lagoa Rodrigo de Freitas abrigou também a Real Fábrica de Pólvora, criada para defender o Brasil Colônia, da qual ainda restaram os muros de pedras unidas por óleo de baleia e um portal em arco abatido e a “Casa dos Pilões”, uma das unidades de produção da fábrica. Portão da Real Fábrica de Pólvora e “Casa dos Pilões”, monumentos localizados dentro do “Arboreto”. As funções de estudo e experimentação científicas vinculam-se ao início do desenvolvimento do então Real Jardim Botânico, em 1823. A partir de 1824, o Jardim Botânico é também utilizado como um espaço destinado à visitação pública e sendo assim um espaço de afirmação da cidadania carioca. Os remanescentes florestais da Mata Atlântica, assim como a rede hidrográfica que permeia o território do Jardim Botânico, destacam-se também como elementos valiosos do patrimônio ambiental da cidade. As encostas do Morro da Margarida, onde a menor pressão antrópica permitiu o desenvolvimento de significativa representatividade da flora nativa, atualmente, é protegida como Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Do ponto de vista histórico, cultural e ambiental, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro é um espaço de grande relevância para a Cidade do Rio de Janeiro e para o país. Qualquer ação ou intervenção em seu território precisa ter a compreensão dessas dimensões e neste sentido destacam-se alguns aspectos: a) a condição de bem tombado, definido por 3 tombamentos pelo IPHAN - Processo de Tombamento n° 101-T-38 e 157-T. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, inclusive o Pórtico da Academia de Belas Artes, Portão da Antiga Fábrica de Pólvora e o Antigo Aqueduto da Levada - Inscrição n° 02/fls.02, datada de 30/05/38, no Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico; - Processo de Tombamento n° 762-T-65. Parque Nacional da Tijuca e Remanescentes Florestais da Mata Atlântica situados acima da cota de 100 metros do nível médio do mar dentro da área do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, parte integrante do JBRJ – Inscrição n° 42/fls.10, datada de 27/04/67, no Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico; - Processo de Tombamento n° 633-T-73. Conjunto Paisagístico do Antigo Horto Florestal – Inscrição datada de 17/12/73 no Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico. b) a condição de área ambientalmente protegida - “(...) constituída no seu todo ou em parte, por coleções de plantas vivas cientificamente reconhecidas, organizadas, documentadas e identificadas, com a finalidade de estudo, pesquisa e documentação do patrimônio florístico do País, acessível ao público, no todo ou em parte, servindo à educação, à cultura, ao lazer e à conservação do meio ambiente”.(Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA, Resolução n° 266, de 03 de agosto de 2000). c) a condição de autarquia federal - “(...) com finalidade de promover, realizar e divulgar o ensino e as pesquisas técnico-científicas sobre os recursos florísticos do Brasil, visando o conhecimento e a conservação da biodiversidade, bem como manter as coleções científicas sob sua responsabilidade, competindo-lhe, em especial, em consonância com as diretrizes das políticas nacionais de meio ambiente fixadas pelo Ministério do Meio Ambiente (...):” (Lei federal n° 10.316 de dezembro de 2001, artigo 2º). 3. Do Museu do Meio Ambiente e seus Programas O Museu do Meio Ambiente é um órgão específico singular do JBRJ e tem como competência planejar, promover, coordenar e avaliar a execução das atividades museológicas e museográficas relacionadas às questões ambientais. São objetivos gerais do Museu do Meio Ambiente: Adquirir, conservar, pesquisar, comunicar e exibir acervos e informações que contribuam para o cumprimento de seus objetivos e de sua missão. Comunicar, por meio de exposições, atividades educativas e de divulgação científica, as grandes temáticas socioambientais, usando uma abordagem transdisciplinar. Propiciar o diálogo com a sociedade, no que se refere à produção de conhecimentos científicos e culturais, favorecendo a educação ambiental e a valorização da cultura e do meio ambiente. Ressaltar a necessidade de conservar a biodiversidade e o patrimônio cultural e natural da humanidade. São objetivos específicos do Museu do Meio Ambiente: Trabalhar em sinergia com diferentes áreas do JBRJ e do MMA. Divulgar, de diversas formas, as questões ligadas ao desenvolvimento sustentável. Estabelecer intercâmbios com instituições afins, nacionais e internacionais, visando à realização de ações e projetos conjuntos. Realizar atividades direcionadas aos públicos não freqüentadores do Museu, por meio de exposições itinerantes e atividades extramuros. Realizar estudos de público a fim de avaliar as atividades desenvolvidas pelo Museu e fornecer subsídios ao planejamento de atividades futuras. Desenvolver ações de responsabilidade socioambiental. A atuação do Museu do Meio Ambiente está estruturada nos seguintes programas: Programa de Acervos; Programa de TI e Informatização de Acervos; Programa de Divulgação Científica, Difusão Cultural e Pesquisa; Programa Educativo e de Atendimento ao Público; Programa de Exposições; São informações sobre o funcionamento relevantes para o desenvolvimento do projeto de Expansão do Museu do Meio Ambiente: O acervo do Museu do Meio Ambiente é de natureza audiovisual (imagem estática e imagem em movimento), sendo o único no Brasil totalmente dedicado à temática ambiental. O Museu conta com o acervo fotográfico do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que possui cerca de 14.000 imagens. Esta coleção de fotografias representa registros de momentos relevantes de história da Instituição, bem como expedições brasileiras e estrangeiras realizadas no território brasileiro. São importantes documentos que subsidiam a construção do conhecimento acerca da biodiversidade brasileira. Estes acervos serão integrados numa plataforma de informática que suporta um sistema de armazenamento e gerenciamento de informações, abrangendo também aplicativos e interfaces dos programas museológicos. O Centro de Referência Ambiental, localizado no Edifício Histórico, é um espaço de divulgação científica destinado à consulta pública do acervo audiovisual, bem como a realização de atividades de seminários, fóruns de debate e sessões de vídeo. Visa divulgar informações sobre as pesquisas realizadas no JBRJ, ações do Ministério Meio Ambiente e informações acerca do meio ambiente. É expectativa do Museu do Meio Ambiente promover uma política de dinamização cultural que deverá contar com a organização de eventos regulares, tais como os Festivais de Cinema Ambiental, sempre em sinergia com outras áreas do JBRJ. As ações educativas que ocorrem no Edifício Histórico têm o caráter de mediação na discussão dos temas abordados nos diversos programas do Museu. Seu programa é responsável pela organização das atividades voltadas para os diferentes públicos visitantes com o objetivo de provocá-los a discutir questões ambientais. As exposições temporárias abrigadas no prédio histórico abrangem uma ampla gama de temas ambientais, incluindo, entre outros, biodiversidade, botânica, mudanças climáticas, energia, desafios ambientais rurais e urbanos, projetos e experiências de economia sustentável, que estejam em consonância com a missão e objetivos do Museu. A Exposição de Longa Duração do Museu do Meio Ambiente terá como eixo temático o meio ambiente brasileiro, apresentando a riqueza e diversidade do território e de suas paisagens biofísicas e socioculturais, sempre revelando o vínculo entre as realidades brasileira e planetária. A Exposição de Longa Duração abordará a temática ambiental de maneira integrada e interativa, direcionada para diversos públicos, com amplo uso de recursos multimídia, tendo com objetivos específicos: Promover a compreensão da interdependência e da inter-relação entre os fenômenos e problemas sociais e naturais; Instigar a percepção do ser humano como parte integrante do meio ambiente, superando a imagem dicotômica convencional; Estimular a percepção da natureza e do meio ambiente como sendo uma história dinâmica ao invés de um cenário estático; Promover a interdisciplinaridade através do diálogo entre as ciências e as diversas manifestações da arte e da cultura. 4. Das Diretrizes para Sustentabilidade Ambiental das Construções Quando se tem como objetivo realizar construções sustentáveis, deve-se considerar que os edifícios devam ser mais eficientes, duráveis, saudáveis, confortáveis, flexíveis, seguros, econômicos e práticos, apresentando desempenho superior aos convencionais. Trata-se de repensar o empreendimento, reduzindo perdas e evitando desperdício de materiais de construção, gerenciando corretamente os resíduos e incentivando a reutilização e a reciclagem. A busca por sistemas de energia que reduzam consumo e desperdício, optando por alternativas energéticas menos impactantes, assim como a viabilidade de implantação de sistemas de reuso de água e de tecnologias para boa gestão do consumo e desperdício, tornam-se soluções de grande importância. Em arquitetura, para se alcançar um empreendimento sustentável, este necessita atender a certos requisitos básicos, que devem ser em sua plenitude: ecologicamente corretos; economicamente viáveis; socialmente justo; culturalmente aceito. Isto significa que, devese projetar e construir de maneira sustentável, atendendo à legislação trabalhista, fiscal e ambiental, buscando maneiras de fomentar a adoção de boas práticas socioambientais entre fornecedores e parceiros. No Brasil, existem alguns processos de certificações desenvolvidos como modelo de sustentabilidade para edificações. Dentre eles, o critério LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), desenvolvido pelo USGBC (Green Building Council) nascido nos EUA na década de 90, com ênfase na área de energia elétrica. Dentro do mesmo pensamento, a USP, por meio da Fundação Vanzolini, tem traduzido o referencial francês HQE, que trata sobre a qualidade ambiental nas edificações, gerando o referencial AQUA (Alta Qualidade Ambiental) para o Brasil. O selo PROCEL edifica, que trabalha questões de iluminação, ar-condicionado e envoltória do edifício, está voltado para as questões energéticas, e será mais uma possibilidade de se alcançar uma edificação eficiente. As diretrizes de sustentabilidade para a expansão do Museu do Meio Ambiente visam a que novas construções atendam aspectos essenciais para uma certificação, sem, no entanto, ser necessário a sua concretização. O importante é que sejam seguidos os preceitos calcados na realidade climática, ambiental e social do empreendimento, atendendo aos requisitos básicos tais como a busca de processos construtivos mais eficientes, seleção de materiais visando à redução do impacto ambiental, eficiência energética dos sistemas especificados dentre outros, garantidores de uma arquitetura de certa forma sustentável. A fase de planejamento de empreendimentos sustentáveis é considerada de grande importância, sendo aconselhável que exista um processo de projeto integrado, desenvolvido de maneira tal que as diversas equipes envolvidas neste processo (arquitetos, projetistas de hidráulica, elétrica, ar condicionado e ventilação, paisagismo, estrutura, luminotécnica, etc.), estejam trabalhando juntas desde o início da concepção do projeto, onde os profissionais das mais variadas competências opinem sobre suas especialidades ou não. O resultado obtido será conseqüência de um processo onde todas as opiniões serão levadas em consideração, e as soluções trabalhadas em conjunto, até que se atinjam os níveis de qualidade e segurança estipulados, evitando “retrabalho”. Esta metodologia deve levar em conta a gestão das equipes de projeto em relação a esclarecimentos gerais, cronograma, formas de comunicação, mapeamento do processo, custos, relacionamento entre equipes e profissionais, estímulos à produtividade e inovação entre outros. Neste momento ressalta-se a importância do gestor de projetos, que deve ser capaz de coordenar as equipes e manter o cliente informado sobre o perfeito progresso dos trabalhos. A concepção de projetos sustentáveis deverá observar aspectos relacionados aos seguintes itens: a) Eficiência Energética Redução do consumo energético através da exploração de formas alternativas de fornecimento de energia que melhor se adequarem ao local de implantação. Especificação de materiais e equipamentos com o selo PROCEL de eficiência energética, sistemas de automação predial, escolha de equipamentos e acessórios com alto rendimento e baixo consumo. b) Conforto Ambiental do Edifício: conforto térmico, conforto lumínico e conforto acústico Garantir um bom desempenho térmico do edifício através da aplicação de materiais e componentes adequados e da própria concepção arquitetônica. Deve-se considerar o posicionamento e dimensionamento das aberturas, proteções solares, iluminação natural e, quando possível, a ventilação natural. Garantir o conforto acústico, através da aplicação de materiais e componentes adequados, de acordo com o tipo de atividade do espaço. c) Conservação da Água: consumo eficiente; aproveitamento de águas servidas; aproveitamento de águas pluviais Emprego de equipamentos hidráulicos e componentes economizadores. Utilização de sistema para reutilização das águas pluviais e reutilização dos efluentes dos equipamentos sanitários. d) Seleção de Materiais: procedência; ciclo de vida; impactos sobre o meio ambiente; facilidade de manutenção; processos construtivos e aplicação em canteiro de obras Selecionar materiais e componentes dando preferência aos que provêm de fábricas preocupadas com questões socioambientais e procedentes de fontes renováveis ou que contenham componentes reciclados ou reutilizados. Utilizar madeira proveniente de fontes manejadas, certificadas ou em condições de reutilização. Adotar sistemas construtivos modulares e de montagem que evitem as perdas nos processos construtivos, visando um processo produtivo mais limpo. e) Saúde e Bem-Estar do Usuário Conceber ambientes adequados em termos de condições de higiene e facilidades de limpeza. Prever instalações prediais, redes de distribuição e armazenamento bem estruturadas e seguras quanto aos riscos de vazamentos e contaminações. Prever ventilação eficaz que garanta um bom nível de qualidade do ar. Proporcionar acesso visual ao exterior. f) Qualidade do empreendimento Acesso seguro e facilitado para as atividades de manutenção dos elementos construtivos e equipamentos. Garantia de acessibilidade e possibilidade de deslocamento de pessoas com necessidades especiais. Gestão dos resíduos de uso, possibilitando a implantação de sistemas de coleta de lixo eficientes e que permitam a triagem feita pelo próprio usuário. Confecção do manual do usuário, registrando as práticas de sustentabilidade adotadas e as responsabilidades dos gestores e futuros usuários. 5. Das Diretrizes para o Tratamento Paisagístico do Conjunto O tratamento paisagístico para o espaço externo delimitado para o projeto de Expansão do Museu do Meio Ambiente deverá ser pensado como uma infraestrutura capaz de desempenhar múltiplas funções. Neste sentido não deverá apresentar um caráter cosmético ou simplesmente coadjuvante, complementar ao edifício. Ao contrário, deverá fazer parte ativa do novo conjunto arquitetônico-paisagístico a ser implantado no Jardim Botânico, contribuindo para ressaltar que se trata de uma instituição que se renova constantemente, sem perder de vista sua tradição, história, e o valor internacional de seu patrimônio botânico, cultural, arquitetônico, urbanístico e paisagístico. São diretrizes a serem observadas: a) Serviços Ambientais Manutenção e melhoria do solo; controle na retenção, infiltração e filtragem no escoamento superficial das águas das chuvas; redução de ruídos; promoção de biodiversidade; presença de conforto térmico. Para este fim, o projeto paisagístico deverá privilegiar materiais de pavimentação com alto índice de permeabilidade, assim como soluções de projeto que se articulem com a dinâmica ambiental do local. b) Conectividade O tratamento paisagístico deverá promover e valorizar a conectividade principalmente a partir dos seguintes aspectos: - entre os Edifícios do Museu do Meio Ambiente e o espaço externo, relacionando as atividades e funções que acontecem tanto no espaço interno quanto externo, contribuindo para a construção de um conjunto único e integrado; - entre o conjunto arquitetônico-paisagístico do Museu do Meio Ambiente com o “Arboreto” e os demais equipamentos do Jardim Botânico. c) Identidade A proposta deverá buscar a construção de uma identidade paisagística em consonância com a proposta arquitetônica do museu, assim como deste conjunto com o Jardim Botânico. d) Aspectos Botânicos Para o Concurso, o projeto paisagístico deverá privilegiar a indicação da vegetação pelo seu aspecto estruturante, qual seja, a partir de seus extratos arbóreo, arbustivo e herbáceo, enfatizando as volumetrias, e sem a especificação botânica das espécies vegetais. Estas especificações botânicas serão trabalhadas posteriormente pela equipe vencedora do concurso, ao longo do da fase de anteprojeto, com a orientação e aprovação prévia da Coordenação de Coleções Vivas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. 6. Dos Condicionantes do Projeto e do Programa de Necessidades O projeto de Expansão do Museu do Meio Ambiente compreende os seguintes espaços: a) Edifício Histórico (edificação existente): é o prédio da Antiga Administração do Jardim Botânico, já ocupado pelo Museu do Meio Ambiente, cuja utilização dos espaços está parcialmente definida. b) Edifício da Exposição de Longa Duração (edificação a ser projetada): será implantado na área onde atualmente existe a edificação que abriga a Biblioteca. c) Edifício da Administração e Auditório (edificação a ser projetada): será implantado na área onde atualmente existe o edifício da Fitopatologia. d) Área Externa: compreende a área delimitada como área de intervenção para a qual deverá ser desenvolvido projeto paisagístico. Planta da Área de Intervenção (Situação Atual) 6.1. Dos Condicionantes do Projeto A área externa situada entre o Edifício Histórico e o atual edifício da Biblioteca é registrada como sítio arqueológico. Na hipótese de construção em subsolo, antes do início das escavações dever-se-á apresentar projeto arqueológico a ser submetido ao IPHAN, que expedirá portaria autorizativa. Em caso de achado fortuito de material arqueológico durante escavações ou execução de fundações, a obra deverá ser paralisada e o IPHAN comunicado para que determine o procedimento a ser seguido. O Edifício Histórico, a “Residência Pacheco Leão” e seus jardins e o “Centro de Visitantes” são bens de valor histórico, de especial relevância no conjunto tombado do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. O Edifício Histórico e o Edifício da Exposição de Longa Duração (a ser projetado) deverão ser interligados, de modo que a circulação por todos os espaços dos mesmos seja possível a partir de um acesso único para visitantes. A solução adotada no projeto de Expansão do Museu do Meio Ambiente deverá preservar a visibilidade e continuidade da fachada de fundos do Edifício Histórico, podendo esta ser rompida por elementos construtivos necessários ao atendimento do programa, desde que ocupem no máximo 10% (dez por cento) de sua área. No máximo 20% (vinte por cento) da área externa entre o Edifício Histórico e o Edifício da Exposição de Longa Duração poderão ser ocupados por elementos construtivos acima do nível do solo. A projeção do Edifício da Exposição de Longa Duração não poderá exceder os limites da área indicada para sua implantação (ver planta abaixo). A altura máxima do Edifício da Exposição de Longa Duração, incluídos todos os elementos construtivos, não poderá exceder o limite de 15 (quinze) metros. A projeção do Edifício da Administração e Auditório não poderá exceder os limites da área indicada para sua implantação. (ver planta abaixo). A altura máxima do Edifício da Administração e Auditório, incluídos todos os elementos construtivos, não poderá exceder o limite de 7,5 (sete e meio) metros. As árvores existentes, localizadas e identificadas (ver planta abaixo), deverão ser mantidas em seu lugar, protegidas e valorizadas, uma vez que pertencem ao patrimônio botânico, histórico e científico do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Além das árvores referidas no item acima, nenhuma árvore localizada dentro do “Arboreto” poderá ser transplantada. O traçado dos canteiros em frente à “Residência Pacheco Leão”, onde atualmente funciona o Serviço de Educação Ambiental (ver planta abaixo) deverá ser recuperado e integrado ao projeto paisagístico, devido à sua importância histórica e vinculação ao estilo romântico característico dos jardins de chalés. O principal acesso de veículos e pedestres ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro, indicado na planta abaixo, continuará funcionando como atualmente após a implantação do projeto de Expansão do Museu do Meio Ambiente. Pelos portões ali localizados, têm acesso visitantes, funcionários, carros, ônibus escolares, caminhões de carga e descarga, caminhões de lixo. A saída de veículos é feita, normalmente, por outro portão, localizado na Rua Major Rubens Vaz. Caminhões e ônibus de grande porte, em função de suas dimensões, saem pela entrada da rua Jardim Botânico. O portão situado em frente ao Edifício Histórico do Museu do Meio Ambiente permanecerá fechado, não sendo possível a previsão de acesso pelo mesmo. Será mantido o portão de acesso ao “Arboreto” pela Aléa Cândido Batista para uso exclusivo do Museu do Meio Ambiente na realização de suas atividades com grupos escolares. Planta da Área de Intervenção (Áreas de Projeto) 6.2. Do Programa de Necessidades 6.2.1. O Edifício da Exposição de Longa Duração deve conter no mínimo os seguintes itens do programa: Área para a Exposição de Longa Duração: aproximadamente 1.000m2. Central de gerenciamento multimídia da Exposição de Longa Duração (servidores e controle dos equipamentos): 25m2. Terraço / copa de apoio: o terraço deve poder atender a atividades vinculadas ao Museu, assim como a possíveis eventos. 6.2.2. O Edifício da Administração e Auditório deve conter no mínimo os seguintes itens do programa: Auditório / Salão Multifuncional com capacidade para 80 pessoas: aproximadamente 130m2; Copa: aproximadamente 15m2; Banheiros masculino e feminino: aproximadamente 24m2; Depósito para equipamentos e cadeiras: aproximadamente 15m2; Área de administração, de acesso restrito, com previsão dos seguintes espaços indicados no quadro abaixo Setor Área Total Estimada Direção 48m2 Área Técnica 56m2 Serviços de Apoio 25m2 Espaço Diretor Assistente técnico e secretária Gestor Reuniões Museologia (3 pessoas) Divulgação Científica (3 pessoas) Divulgação Cultural (3 pessoas) Programa Educativo (3 pessoas) Banheiros Depósito de limpeza Copa Terraço para eventos (recepção, coquetéis, etc.). 6.2.3. O projeto de Expansão do Museu do Meio Ambiente deve conter ainda: Bilheteria e ponto de informação; Foyer / Recepção do Museu; Banheiros de acordo com porte do Museu e as atividades nele desenvolvidas; Área de guarda-volumes para cerca de 70 (setenta) escaninhos de auto-atendimento; Espaço para acolhimento de grupos escolares (aproximadamente 50 alunos por turma) com guarda volumes próprio para 120 mochilas, as quais devem ser armazenadas em conjunto por turmas. Neste espaço as crianças serão recepcionadas. Deverá ser previsto também um espaço para lanches dos alunos. Cafeteria; Loja do Museu. 6.2.4. O projeto paisagístico da Área Externa do Museu do Meio Ambiente deverá atender ao seguinte programa: Área, preferencialmente situada próxima à entrada do Museu, que possa servir como espaço opcional para acolhimento de grupos escolares. Área para exposições temporárias com temáticas ligadas ao Museu; Área para o desenvolvimento de atividades educativas; Área(s) para convívio social; Separação de fluxos de pedestres e veículos, com previsão de área de carga e descarga do Museu do Meio Ambiente e ponto de parada de ônibus escolar ou terceira idade; Demarcação de 30 (trinta) vagas de estacionamento, sendo 1 (uma) reservada para portador de necessidades especiais.