representação simbolicas regionais em musicas

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REPRESENTAÇÃO SIMBOLICAS REGIONAIS EM MUSICAS: UMA ANÁLISE
COMPARATIVA DOS TRABALHOS DE LUIZ GONZAGA E CESAR OLIVEIRA E
ROGERIO MELO.
Mauro Augusto Musiat (PROIC - UNICENTRO), Alides Baptista Chimin Junior,
e-mail: [email protected]
Universidade Estadual do Centro-Oeste/Departamento de Geografia/Irati
Área CNPq: Ciências Humanas Sub-Área CNPq: Geografia Humana
Palavras-chave: geografia, música, simbolismo, regional.
Resumo:
O presente trabalho teve como objetivo central compreender como se faz a representação
simbólica regional nas músicas de Luiz Gonzaga e César de Oliveira e Rogério Melo. A
pesquisa enfoca em uma experiência metodológica onde serão realizadas análises
discursivas de letras de músicas enfocando no campo da Geografia da Música. O trabalho
tratará de categorizar evocações comparativas entre duas realidades distintas do Brasil a
fim de criar, conforme denominado por Massey (2008), uma análise de contrastes. A relação
entre música e representação simbólica espacial assume viés de linguagem de
comunicação expressa por sujeitos que procuram dar visibilidade a problemas sociais ou
simplesmente ao cotidiano lírico. Com isso o trabalho pretende demonstrar que o campo da
Geografia da Música é uma fértil área para compreender as distintas realidades brasileira.
Introdução
Tomando a música como meio de comunicação que expressa valores simbólicos e
identitários assim como emergências e carências espaciais, trabalharemos
interpretando as letras das músicas de Luiz Gonzaga a respeito do nordeste e César
de Oliveira e Rogério Melo a respeito do sul do Brasil. As letras das músicas de
Gonzaga são famosas por destacar problemas sociais relacionados tanto a seca,
falta de alimento, desemprego do nordeste, quando pela identidade lírica regional
construída pelo sertanejo. Já César de Oliveira e Rogério Melo traz nas letras de sua
música o lirismo poético do cotidiano gaúcho mostrando forte apego regionalista aos
pampas do Rio Grande do Sul. Os trabalhos de Luiz Gonzaga, deflagrando uma
realidade vivenciada pelo autor no nordeste, e César de Oliveira e Rogério Melo
deflagrando uma realidade lírica nos pampas gaúcha é possível realizar um trabalho
comparativo demonstrando as diferenças regionais do Brasil expressas nas
respectivas letras musicais.
Compreendemos no presente trabalho que a relação entre música e representação
simbólica espacial assume viés de linguagem de comunicação expressa por sujeitos
que procuram dar visibilidade a problemas sociais ou simplesmente ao cotidiano
lírico. Tomando a música como meio de comunicação que expressa valores
simbólicos e identitários assim como emergências e carências espaciais,
trabalhamos interpretando as letras das músicas de Luiz Gonzaga a respeito do
Anais da XIX Semana de Iniciação Científica
25 e 26 de setembro de 2014, UNICENTRO, Guarapuava –PR, ISSN – ISSN: 2238-7358
nordeste e César de Oliveira e Rogério Melo a respeito do sul do Brasil. As letras
das músicas de Gonzaga são famosas por destacar problemas sociais relacionados
tanto a seca, falta de alimento, desemprego do nordeste, quando pela identidade
lírica regional construída pelo sertanejo. Já César de Oliveira e Rogério Melo traz
nas letras de sua música o lirismo poético do cotidiano gaúcho mostrando forte
apego regionalista aos pampas do Rio Grande do Sul. Os trabalhos de Luiz
Gonzaga deflagra uma realidade vivenciada pelo autor no nordeste, e César de
Oliveira e Rogério Melo deflagra uma realidade lírica nos pampas gaúcho, é possível
realizar um trabalho comparativo demonstrando as diferenças (contrastes) regionais
do Brasil expressas nas respectivas letras musicais.
Materiais e métodos
A pesquisa realizada foi de cunho qualitativo, buscando assim a interpretação das
músicas regionais, tendo como recorte espacial as representações simbólicas das
letras das músicas de Luiz Gonzaga (nordeste) e César de Oliveira e Rogério Melo
(sul). Para que os objetivos propostos no trabalho sejam atingidos, foram realizadas
pesquisas biográficas contextualizando as espacialidades, conforme Massey (2008),
de vivência dos respectivos autores das músicas. Este levantamento serviu como
base para construir uma relação de problematizações que foram analisadas a partir
da sistematização de evocações simbólicas regionais identificadas nas letras das
músicas de Luis Gonzaga (nordeste do Brasil) e César de Oliveira e Rogério Melo
(sul do Brasil). Buscando em sites e blogs sobre a vida e o cotidiano dos autores,
foram pesquisadas todas as músicas que Gonzaga compôs só ou em parceria com
outros músicos. Da mesma forma foram as pesquisas sobre Cesar Oliveira e
Rogério Melo, buscando todas as músicas em que os integrantes da dupla
participaram em compor, buscando nessas letras elementos simbólicos que os
autores mais evidenciam, sendo desde os problemas enfrentados pela sociedade, a
superação do povo com esses problemas, a Fé, os amores pelo lugar, etc. O
agrupamento destas evocações serviram como base para analisarmos as
regionalizações, por meio do que Massey (2008) denomina de contrastes espaciais.
Resultados e Discussão
Com o levantamento de dados foram analisados os títulos das músicas e suas relações com as letras, ano, e a temática sendo que foram analisados como uma base
as questões de família, bares, festas, características regionais e sertão, que Gonzaga retratava em suas músicas. Os conceitos e categorias geográficos analisados
paisagens, território, região e lugar. A análise da critica ou ostentação lírica a uma
espacialidade feita por Gonzaga, sendo o lírico uma forma de elogiar, exaltar o nordeste, as festas e costumes religiosos, contos e causos dos dias de trabalhos ou dos
amores encontrados e perdidos nas noites festivas, e o povo que mesmo sofrendo
pela falta de água ou outros motivos, batalham e sobrevive a dureza da vida. Com
os mesmos critérios de pesquisas foram analisadas as letras de Cesar Oliveira e Rogério Melo.
Nas letras de Luiz Gonzaga buscamos refletir sobre o apego de Gonzaga com o
Nordeste e o povo Nordestino, encontrados em muitas letras o amor que o autor retratava, mulheres as quais o autor retrata uma forte paixão. Nas festas religiosas
com costumes nordestinos o autor relata histórias das brincadeiras, fogueiras, comidas típicas, mulheres que conheceu paixões passageiras, amores vividos em noites
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de festas, a critica a seca é notável. Retratando o Rio Grande do Sul temos o entusiasmo e o orgulho que os músicos tem em pertencer a sua região, cantam de forma
lírica um lugar talhado com lutas de um povo batalhador, vindo de guerras, suor de
um povo que mantém seus costumes e tradições, uma terra onde tem o valor do esforço e do trabalho de cada um, oferecendo como recompensa um lugar incrível
para se viver. No romantismo temos as letras que trazem amores vividos ou presenciados pelos autores, namoros de fim de semana deixando uma triste saudade nos
dias em que está longe de sua prenda, a vontade de rever e estar junto, na ausência
uma dor superada pelo trabalho ou nas lutas do dia a dia.
A comparação entre as músicas demonstram por um lado a descrição de uma
paisagem de um Sertão com graves problemas sociais causados pela seca nas
letras de Gonzaga. Os problemas sociais são muitas vezes associados a fé religiosa
em forma de preces de ajuda a Deus. Por outro lado Gonzaga também descreve um
ufanismo regional, uma paixão pela sua terra apresentando um sentimento de
pertencimento a um “Sertão Lugar” acreditando em futuras mudanças. As paixões
por outras espacialidades também são observadas no ritmo de um baião de bailes,
onde o sanfoneiro descreve paixões pelas festas e dedicatórias as mulheres.
Já nas letras das músicas de Cesar Oliveira e Rogério Melo percebemos que não
são citados problemas sociais, porém existem evocações tanto no quesito religioso
quanto nas festas, amor a terra e romance. Comparando o contexto das evocações
entre as diferentes regiões percebemos que a relação destas evocações são
distintas no quesito espacial. A religiosidade tratada nas músicas dos gaúchos são
orientadas a gratidão, enquanto que nas do sertanejo são de preces. As festas
gaúchas retratam características regionalistas dos pampas, do churrasco, da fartura
de alimento. O ufanismo por uma paisagem residual, conceito este tratado por
Cosgrove (2004), de tropeirismo configurado atualmente como um rito das festas
gaúchas fazem forte contraste com a paixão pelo sertão sofrido descrito por
Gonzaga. Percebemos que apesar das evocações serem parecidas, a significação
destas evocações são diferenciadas quando variamos a espacialidade. Ao mesmo
tempo a fartura, a terra fértil, o gado gordo nos pastos, a dura vida de trabalho,
sonhos, saudades de um Rio Grande antigo e pelos amores quando estão longe,
amor pelas belas prendas, esperança e fé para sobreviver nos lombos dos cavalos e
para uma vida farta com boas condições de sobreviver, descritas nas músicas
sulinas. Se comparado a Gonzaga temos uma terra seca e infértil, o gado morrendo
pela falta de pasto e água, a dura vida de se manter em uma região onde o povo
judiado pela seca, falta trabalho e plantações não nascem, mas o amor e a saudade
das belas mulheres e pela terra nordestina, a esperança pela chuva e melhorias e a
fé para sobreviver todo os dias numa terra que jamais será abandonada por quem la
nasceu e junto cresceu um amor por aquele chão é demonstrado em ambas as
culturas. Percebemos que apesar das evocações serem parecidas, a significação
destas evocações são diferenciadas quando variamos a espacialidade.
Conclusões
Observamos com esta pesquisa que as letras das músicas são ótimas fontes de
informações para pesquisa em Geografia Cultural. O elemento comparativo por meio
de contrastes entre regiões distintas evidenciou um promissor caminho para
criarmos diálogos discursivos entre a diversidade regional do Brasil. A riqueza
simbólica e as múltiplas descrições das paisagens feitas tanto por Gonzaga quanto
por Cesar Oliveira e Rogério Melo evidenciou tanto problemas sociais quanto
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prosperidades. Paisagens residuais e ufanismo regional são também elementos
marcantes quando comparadas as evocações das letras das músicas.
Espera-se que este estudo contribua para a compreensão e para a
valorização da análise metodológica e teórica da dimensão simbólica regional das
letras de músicas que caracterizam espacialidades distintas. Uma analise
comparativa entre o sul e o nordeste Brasileiro, entre músicos e compositores mais
velhos e atuais, valorizando ainda mais as culturas regionais. A sistematização da
análise deverá resultar tanto nas informações obtidas a partir das letras das músicas
quanto na metodologia empregada na pesquisa. Espera-se com isso que outros
pesquisadores, a partir do contato com este trabalho, realizem novos estudos sobre
a temática, o que contribuirá para o conhecimento das especificidades simbólicas
expressas nas músicas de autores com cunho regional que deflagram a música não
apenas como uma rica fonte de informações, mas também a música como a voz dos
sujeitos com grande utilidade para a pesquisa na ciência geográfica.
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a meus familiares pelo apoio e incentivo nos estudos,
também a todos os amigos, professores e pessoas próximas que acompanham meu
desenvolvimento como aluno.
Referências
CARNEY, G. O. Música e lugar. In. CORRÊA, R. L.; ROSENDAHL, Z.
Literatura, Música e Espaço. Rio de Janeiro: Editora UERJ, 2007.
2. CORRÊA, R. L.; ROSENDAHL, Z. Literatura, Música e Espaço. Rio de
Janeiro: Editora UERJ, 2007.
3. KONG, L. Popular music in geographical analysis. Progress in Human
Geography, 1995, n. 19, p. 183-198.
4. MASSEY, Dorren. Pelo Espaço – Uma Nova Política da Espacialidade. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.
1.
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