No 20 Novembro/2013 Centro de Farmacovigilância da UNIFAL-MG Site: www2.unifal-mg.edu.br/cefal Email: [email protected] Tel: (35) 3299-1273 Equipe editorial: prof. Dr. Ricardo Rascado; profa. MsC. Luciene Marques; Bruna Dias; Marcela Forgerini; Michele Neri. Papilomavírus humano (HPV) A incidência do Condiloma Acuminado infectadas pelo HPV, bem como, com a Quando pensamos nas Doenças imunização através da vacina bivalente Sexualmente Transmissíveis (DST´s), a primeira que nos vêm à cabeça é a AIDS. Contudo, algumas outras ou quadrivalente. O vírus HPV é responsável por acabam 95% dos casos de câncer de colo do passando despercebidas, como é o caso útero, que é o 2º tumor mais frequente na do HPV (Vírus Papiloma Humano), que população feminina, atrás apenas do segundo dados do Instituto Nacional de câncer de mama e é a 4ª causa de morte Ciência e Tecnologia das Doenças do de mulheres por câncer no Brasil. Papilomavirus Humano (INCT-HPV), é a DST mais comum no mundo e as Mas, o que é HPV? estimativas são de que 50% da população O HPV, sigla em inglês, vírus do sexualmente ativa tenham sido infectados papiloma humano, tem mais de 100 pelo vírus e uma em cada cinco mulheres subtipos de vírus, dentre estes mais de 30 é portadora do vírus. afetando a região genital, a infecção pelo O Ministério da Saúde registra a HPV é conhecida como uma das doenças cada ano 137 mil novos casos no país. Os sexualmente transmissíveis de maior especialistas chamam a atenção para o prevalência no mundo, com estudos desenvolvimento da doença, responsável estimando que até 75% das pessoas por 90% dos casos de câncer de colo de sexualmente ativas terão contato com este útero, câncer que atinge principalmente vírus durante a vida. mulheres de 20 anos a 29 anos de idade, Desde 1995 é conhecida a relação sendo que a morbidade nesta faixa etária entre o HPV com o câncer de colo pode ser diminuída com o rastreamento uterino, principalmente os subtipos 16 e de lesões do colo de útero e células 18. Mais recentemente, demonstrou-se 1 também a relação destes vírus com de substâncias cáusticas, ácidas, retirada tumores malignos em outros locais, como cirúrgica ou tratamento a laser. o pênis, ânus, orofaringe, vulva e vagina. O diagnóstico da infecção pelo HPV é Este subgrupo é conhecido como de alto feito por meio do exame clínico dos risco, que pacientes. Nas mulheres, o teste do predispõem a lesões mais benignas são Papanicolaou pode destacar alterações denominados de baixo risco. Este último celulares iniciais no colo do útero. Em grupo está mais relacionado às verrugas homens, o teste da peniscopia pode genitais, se ajudar na identificação de lesões planas assemelham à crista do galo, nome não visíveis a olho nu. A confirmação da popular pelo qual a doença é conhecida. infecção pelo HPV e classificação do seu enquanto lesões que aqueles indolores que A transmissão do HPV acontece grau de risco se dá a partir exames mais por contato com a pele infectada, sendo específicos. E uma vez estabelecido o que a transmissão por relação sexual é a diagnóstico da infecção pelo HPV, é mais comum. Acredita-se que a maioria importante que a (o) parceira (o) também das infecções seja transitória, combatida procure o especialista para investigação espontaneamente pelo sistema imune. do contágio pelo vírus. Quando não for possível a visualização Como prevenir a doença? das verrugas genitais no exame clínico, a doença só é identificada por meio de aplicação de reagentes específicos, como nos exames de peniscopia, vulvoscopia ou colposcopia. Uma vez que não são conhecidos os fatores exatos que levam ao desenvolvimento das lesões bem como seu período de incubação, não é possível estabelecer uma relação de causa-efeito com as lesões de HPV, nem o momento do contágio inicial. Algumas medidas são indispensáveis para fugir do HPV, como evitar ter vários parceiros e usar camisinha, porém essas não garantem 100% de proteção. Para os especialistas, de longe a arma mais eficiente contra o HPV é a vacinação. Há cerca de três anos, começou a ser comercializada uma vacina contra o HPV. Atualmente, existem dois tipos de vacina: quadrivalente e bivalente que Há tratamento? O tratamento consiste na retirada das lesões genitais, por meio de aplicação foram desenvolvidas e aprovadas para o uso em meninas antes da vida sexual ativa. Estudos em homens ainda estão em 2 andamento, porém com resultados quadrivalente contra o papilomavírus aparentemente promissores- “Estudos já humano (HPV) no calendário nacional de mostram os benefícios da vacinação em vacinação. De acordo com a pasta, todas pessoas com mais de 26 anos e até em as meninas de 10 e 11 anos já poderão ser homens”, Broker, imunizadas pelo Sistema Único de Saúde presidente da Sociedade Internacional de (SUS) já em 2014. A meta da pasta é Papilomavírus. Ou seja, é muito provável vacinar 80% dessas jovens, o equivalente que, em breve, ela também seja aplicada a 3,3 milhões de meninas. Esta é a nesses públicos.- primeira vez em que a rede pública revela Thomas É importante lembrar que não disponibiliza uma vacina que protege existe qualquer risco de contaminação da contra o câncer. A vacina quadrivalente é pessoa que receber a vacina com o HPV, fabricada pela Merck Sharp & Dohme porque ela contém apenas um Fragmento (MSD) e oferece proteção contra quatro do DNA do vírus, suficiente para tipos do vírus (6, 11, 16 e 18). Dois desencadear uma reação no organismo desses tipos (16 e 18) são responsáveis que produz anticorpos específicos contra por 70% dos casos de câncer de colo do estes subtipos de HPV. Ainda existem útero. A vacina também protege contra o dúvidas quanto à duração do efeito da surgimento de verrugas genitais. vacina, seu uso em pessoas infectadas ou E agora, no mês de outubro, que já estejam com vida sexual ativa e os houve uma nova modificação, em relação efeitos sobre os outros tipos de HPV. Por a vacina irá proteger meninas de 9 a 13 este motivo e devido à falta de estudos anos contra quatro variáveis do vírus e a mais abrangentes, a vacinação contra o partir de 2014, começa a vacinação para HPV o grupo de 11 a 13 anos e, em 2015, para ainda não é indicada como obrigatória pelo Ministério da Saúde. A vacina deve ser tomada em três as adolescentes de 9 a 11 anos. As três doses serão aplicadas nas pré- doses, a primeira dose, a segunda após adolescentes com autorização dos pais ou dois meses e a terceira, seis meses após a responsáveis. A estratégia de imunização primeira. será mista, ocorrendo tanto nas unidades de saúde quanto nas escolas públicas e Mas o que está sendo feito para que essa vacina se torne gratuita? privadas. A incorporação da vacina complementa as demais ações O Ministério da Saúde anunciou, preventivas do câncer de colo do útero, no mês de agosto, a inclusão da vacina como a realização rotineira do exame 3 preventivo (Papanicolau) e o uso de camisinha em todas as relações sexuais. Referências bibliográficas A inclusão da vacina no SUS foi Ministério aumenta faixa etária da vacina contra HPV. Disponível em: possível graças ao acordo de parceria <http://portalsaude.saude.gov.br/po para o desenvolvimento produtivo (PDP), com transferência de tecnologia entre o laboratório internacional Merck Sharp & rtalsaude/noticia/13360/162/minist erio-da-saude-amplia-faixa-etariada-vacina-contra-hpv.html>. Acesso em 16 de outubro de 2013 Dohme (MSD) e o Instituto Butantan, Vacina contra o HPV. Disponível em: que passará a fabricar o produto no <http://portalsaude.saude.gov.br/po Brasil. A economia estimada na compra rtalsaude/arquivos/pdf/2013/Jul/01 /Apresentacao_HPV_0107.pdf>. da Acesso em 18 de outubro de 2013. vacina durante o período de transferência de tecnologia é de R$ 154 milhões. Além disso, a produção do imunobiológico contará com investimento de R$ 300 milhões para a construção de uma fábrica de alta tecnologia pelo Instituto Butantan, baseada em engenharia genética. HPV atinge 50% da população. Disponível em: <http://www.fundacaosanepar.com .br/noticias/hpv-atinge-50-dapopulacao-mundial>. Acesso em 17 de outubro de 2013. Especialistas alertam sobre HPV. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/s aude/visualizar_texto.cfm?idtxt=22 444>. Acesso em 15 de outubro de Conclusão 2013. Com a inclusão da vacina no calendário imunológico, disponibilizada pelo SUS, tenderá a uma adesão efetiva a imunização com consequente menor incidência de lesões de colo de útero e de vagina. Assim, em longo prazo, será possível obter gastos menores com tratamento curativo e com subsídio a Caso queira notificar reação adversa a algum medicamento, desvio de qualidade ou erro de medicação, acesse o portal do CEFAL (http://www.unifal-mg.edu.br/cefal) e preencha o formulário. pacientes acometidas durante a idade produtiva. Com isso, a diferença entre tratamento profilático e curativo será positiva para o SUS. https://www.facebook.com/cefal.unifal [email protected] (35) 3299-1273 4