AGO/2014 - Revista Attalea Agronegócios

Propaganda
1
AGO/2014
2
AGO/2014
3
AGO/2014
EVENTOS
36ª Nacional do
Cavalo Mangalarga
mais uma vez em
Franca (SP)
49
Organizado pela ABCCRM - Associação Brasileira dos Criadores
de Cavalo da Raça Mangalarga,
a 36ª Exposição Nacional da raça
será realizada mais uma vez na
cidade de Franca (SP), entre os
dias 17 e 27 de setembro próximo, nas dependências do Parque
de Exposições “Fernando Costa”.
Além dos aguardados julgamentos de morfologia e andamento,
responsáveis por eleger os novos
campeões nacionais, a programação está repleta de atrações
para o público.
Dia Nacional do Campo
Limpo em Ituverava (SP)
06
A FAFRAM - Faculdade “Dr. Francisco Maeda” organizou ao lado de parceiros o 10º Dia Nacional do Campo
Limpo, nas estruturas da Central de
Recebimento de Embalagens Vazias
de Agrotóxicos.
Pastejo Rotacionado e os
pontos críticos na implantação
LEITE
A
10
Artigo dos pesquisadores da
APTA-SP que aborda questões
importantes sobre a importância
da implantação do Pastejo Rotacionado na crialção de bovinos
leiteiros.
9º Espaço Café Brasil 2014
HORTALIÇAS CAFÉ
AGO/2014
criação de equinos sempre acompanhou a humanidade
desde tempos remotos. Para uns é uma paixão, mas para
muitos representa um dos grandes setores econômicos do
país, do Estado e da região. O Brasil possui o maior rebanho
de equinos na América Latina e o terceiro maior rebanho do Mundo.
Somados aos muares (mulas) e asininos (asnos) são 8 milhões de cabeças, movimentando R$ 7,3 bilhões anuais, somente com a criação
de cavalos. O rebanho envolve mais de 30 segmentos, distribuídos entre insumos, criação, esportivo e destinação final e compõe a base do
chamado Complexo do Agronegócio Cavalo, responsável pela geração
de 3,2 milhões de empregos diretos e indiretos.
Somente na região de Franca (SP), estima-se que o Agronegócio
Cavalo movimenta anualmente R$ 5 milhões com a comercialização de
animais, escolas de hipismo, provas e eventos, leilões, produção e comercialização de insumos do setor (como roupas, botas, selas, acessórios,
ração, medicamentos, feno e pastagem), além dos empregos diretos
de profissionais: médicos veterinários, zootecnistas, tratadores, transportadores e os diversas pessoas necessárias na equipe operacional.
É neste contexto que a Prefeitura de Franca lançará nos próximos
dias a FESTA DO CAVALO DE FRANCA, com a participação das escolas de Hipismo Clássico, os participantes do Campeonato Regional
de Corridas Hípicas, praticantes de Team-Penning e Ranch Sorting e
os praticantes de Três Tambores.
Destacamos, ainda, nesta edição, os artigos dos pesquisadores da
APTA-SP sobre “Pastejo Rotacionado” e da “Adubação Verde na Entrelinha da Cana-Soca”. Também importante é a abordagem dos pesquisadores do Instituto Biológico de SP sobre a utilização de extratos
vegetais da Primavera e da Maravilha no controle de viroses no cultivo
do alface.
Na cafeicultura, destaque para a participação dos cafeicultores da
IG Alta Mogiana na 2ª Semana Internacional do Café e no 9º Espaço
Café Brasil, em Belo Horizonte (MG).
Boa leitura a todos!
36
De 15 a 18 de setembro próximo
será realizada a 2ª Semana Internacional do Café e o 9º Espaço
Café Brasil, em Belo Horizonte
(MG). Com o apoio de várias
instituições, cafeicultores da Alta
Mogiana representarão a IG Alta
Mogiana no evento.
Utilização do Trichoderma
na produção de alface
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Artigo de pesquisadores do Instituto Biológico de SP que mostram
a importância da utilização de extratos vegetais da Maravilha e da
Primavera no controle de viroses
na produção do alface.
Adubação Verde na
entrelinha da cana soca
CANA
4
Agronegócio Cavalo formata
setor econômico importante
DESTAQUE: Equinos
EDITORIAL
44
Artigo de pesquisadores da
APTA-SP apresentam alternativas com a utilização de espécies
de adubos verdes em consórcio
com a cana-de-açúcar, principalmente para suprir em nitrogênio.
MÁQUINAS
O trator ideal para quem não
pode parar na lavoura
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AGO/2014
TECNOLOGIA
E
m evento realizado na Central de Recebimento de
Embalagens Vazias de Agrotóxicos de Ituverava
(SP), durante todo o dia 18 de agosto e organizado
pela FAFRAM - Faculdade “Dr. Francisco Maeda”
- que também gerencia a estrutura - e dirigida aos diversos
profissionais do setor, professores, alunos e toda a comunidade envolvida, participaram do 10º Dia Nacional do Campo
Limpo da Região de Ituverava (SP).
O evento contou ainda com o apoio da FFCL - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, com apoio da Prefeitura
Municipal, Escolas Técnicas Agropecuárias, Arysta LifeScience, Bayer CropScience, Dupont, Syngenta, Campagro,
Casa da Lavoura, Coram, Polícia Ambiental do Estado de São
Paulo, Centro de Formação de Condutores União e alunos e
professores do novo curso de Enfermagem da FAFRAM.
Durante a solenidade de abertura, a Comissão Organizadora prestou homenagens aos representantes de cada
setor envolvido no processo que se destacaram em 2014 no
Dia Nacional do Campo Limpo neste último ano. Paulo Sergio de Moura Jr. foi homenageado como o produtor do ano;
a Campagro, na pessoa do gerente operacional Adriano Martins; o Posto de Franca (SP) - ARPAF - Associação de Revendas de Produtos Agrícolas de Franca e Região, na pessoa
do diretor Allan de Menezes Lima, representado por Mônica
Antônia dos Santos; o Posto de Batatais (SP) - ARAB - As-
FOTOS: Revista Attalea Agronegócios
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AGO/2014
FAFRAM realiza em Ituverava (SP) o
10º Dia Nacional do Campo Limpo
O presidente César Luiz Mendonça na abertura do evento.
Estande da Syngenta durante o Dia Nacional do Campo Limpo.
Estandes da Dupont e da Campagro, participantes do evento
sociação das Revendas Agrícolas de Batatais, representado
pelo presidente Francisco Luis Marques Pereira; a Usina Alta
Mogiana; a Casa da Lavoura, na pessoa da coordenadora de
marketing Marina Bagaiolo Moraes Villela Rosa; a Dupont,
na pessoa de Anesio Meloni Neto; a Arysta LifeScience, na
pessoa da Claudia Barreto e o Centro de Formação de Condutores de Ituverava, na pessoa de Moacir Gilberto David.
“O Sistema Campo Limpo já é considerado exemplo
de gestão de resíduos sólidos no Mundo todo. O modelo de
responsabilidade compartilhada garante que 94% das embalagens plásticas de defensivos agrícolas comercializadas
anualmente sejam destinadas de forma correta”, explicou
César Luiz Mendonça, presidente do Conselho de Curadores da Fundação Educacional de Ituverava, mantenedora da
FAFRAM.
Além do trabalho que beneficia o meio ambiente, a
equipe da Central de Recebimento de Embalagens Vazias de
Agrotóxicos de Ituverava faz também um trabalho social e
comemora neste ano 10 anos de compromisso com a conscientização e reflexão das comunidades onde atua.
“Palestras são planejadas todos os anos para jovens universitários e estudantes de cursos técnicos; ações comunitárias fazem a diferença em algumas cidades; alunos, professores e escolas de todos os municípios são convidados a
TECNOLOGIA
FOTOS: Revista Attalea Agronegócios
participar de um concurso para concorrerem a prêmios;
portas são abertas nas centrais, no mesmo dia, para que a
comunidade, as autoridades, as empresas associadas e os
produtores de todo o Brasil possam comemorar o Dia Nacional do Campo Limpo juntos, como estamos fazendo
no dia de hoje”, explica a Profª Regina Eli de Almeida
Pereira, diretora da Central de Recebimento de Embalagens Vazias de Agrotóxicos de Ituverava.
Como proposta do Sistema Campo Limpo foi instituído o Programa de Educação Ambiental (PEA), com o
objetivo apoiar as instituições de ensino na complementação de conteúdos curriculares por meio de temas relacionados ao meio ambiente e alinhados às recomendações dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN).
Participaram 31 escolas de 10 municípios da região (Ituverava, Restinga, Itirapuã, Guará, Miguelópolis, Nuporanga, Ipuã, Morro Agudo, Buritizal e Aramina).
Os participantes também puderam conferir, em
À esquerda, a Profª Regina Eli de Almeida Pereira e seu esposo, o Biólogo Márcada uma das estações do Dia de Campo, as principais cio Pereira, diretor da FAFRAM. À direita, o agricultor homenageado, Paulo
novidades que cada uma das empresas participantes Sérgio de Moura Jr. e o presidente César Luiz Mendonça.
trouxeram para orientar o público.
Como parte da programação deste dia, também, a Cen- vores na escola e realização de um dia de campo com pequetral de Recebimento de Embalagens Vazias de Agrotóxicos nos agricultores familiares do Assentamento 17 de abril, em
de Ituverava abriu suas portas para a visitação do público. O Restinga (SP).
Professores de três escolas participantes do programa
intuito foi o de explicar o funcionamento de uma central de
recebimento, que é parte da logística reversa realizada pelo de educação ambiental estão realizando projetos em suas escolas sobre o assunto.
Sistema Campo Limpo.
Outras atividades voltadas à comunidade também
RECONHECIMENTO - No último dia 21 de julho,
foram incluídas, como: ação comunitária com plantio de ár-
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AGO/2014
NOTÍCIAS
Tradecorp adquire empresa de algas marinhas
8
AGO/2014
A
Tr a d e c o r p ,
empresa especializada
em fisiologia vegetal
e nutrição das culturas, e a empresa
irlandesa OGT, especializada na colheita
e processamento de
algas marinhas, assinaram o acordo pelo qual a empresa irlandesa passa a fazer
parte da Tradecorp e da área de AGRO BUSINESS do GRUPO SAPEC. Através da
aquisição, ambas as empresas reforçam a sua posição. A Tradecorp reconhece a importância dos bioestimulantes na agricultura e terá acesso preferencial a uma matéria-prima de qualidade superior. Isto permitirá o desenvolvimento da sua gama
de bioestimulantes, um mercado global que está em forte crescimento devido às
necessidades de uma agricultura cada vez mais exigente. “A integração da OGT
na Tradecorp garante o fornecimento de matérias-primas para Bioestimulantes, e
abre um novo mercado de Gramados, Campos esportivos e Áreas Verdes em todo
o mundo” afirmou Nicolas Lindemann, Diretor Executivo da Tradecorp. INF: www.
tradecorp.com.br
Inseticida biológica contra a Helicoverpa
O
inseticida
biológico
Diplomata promete
sanar um dos grandes
problemas no controle da Helico-verpa armigera: os efeitos
tóxicos após a aplicação. Lançado pela empresa holandesa
Koppert Biological Systems,
o produto contém somente
aditivos de grau alimentício, o
que não altera o ecossistema.
O Diplomata tem como princípio ativo o vírus núcleo – poliédrico Helicoverpa armigera. Este inseticida biológico, devido à sua especificidade, preserva os inimigos
naturais da lagarta. Espécies aquáticas, pássaros e mamíferos não são afetados.
“Além das perdas econômicas, cada vez mais as pragas e doenças estão ficando
tolerantes e resistentes aos defensivos convencionais. Temos uma tecnologia exclusiva para os produtores, que minimiza o impacto ambiental, conserva a biodiversidade local e combate efetivamente as pragas”, informou o diretor industrial
da Koppert do Brasil, Danilo Pedrazzoli. No entanto, neste primeiro momento ainda
não será possível atender todo o Brasil, uma vez que o produto precisa ser mantido
refrigerado, informa a empresa.
UpLexis e Agrometrika firmam parceria
A
upLexis, empresa especializada na análise e interpretação de grandes volumes de
dados, acaba de fechar uma parceria com a Agrometrika, plataforma
de serviços para análise de crédito
para o agronegócio. Com o acordo,
a Agrometrika passa a contar com a upMiner, solução de mineração de dados da
upLexis, integrada em sua plataforma web. Segundo Fernando Pimentel, diretor de
operações da Agrometrika, a plataforma de serviços da Agrometrika é hoje a mais
completa para análise de crédito para o agronegócio. INF: www.uplexis.com.br
contatos
EURIPEDES CARLOS FERREIRA
([email protected])
Empresário no Setor de Agronegócios Franca (SP). “Gostaria de assinar a Revista
Attalea Agronegócios”.
RACHEL MACHADO DE SOUSA
([email protected])
Pesquisadora - Varginha (MG). “Atuo no
segmento do café há mais de 11 anos e gostaria de publicar artigos e receber a Revista
Attalea Agronegócios”.
JOSÉ ALBERTO DI LELLO
([email protected])
Agricultor - Batatais (SP). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”.
OLAVO BORGES
([email protected])
Pecuarista de Leite - Arcos (MG). “Queroreceber a Revista Attalea Agronegócios”.
RICARDO DOMICIANO FIGUEIREDO
([email protected])
Engenheiro Agrônomo - Três Pontas
(MG). “Gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”.
ANDREA SQUILACE CARVALHO
([email protected])
ATER, Cafeicultor e Criador de Ovinos Espírito Santo do Pinhal (SP). “Gostaria de
receber a Revista Attalea Agronegócios”.
ERNESTO ROGÉRIO PEREIRA MELO
([email protected])
Estudante de Agronomia - São Pedro da
União (MG). “Gostaria de assinar a Revista
Attalea Agronegócios”.
JACIARA APARECIDA OLIVEIRA
([email protected])
Engª Agrônoma - Perdizes (MG). “Gostaria
de assinar a Revista Attalea”.
CARLOS ALBERTO LIMA
([email protected])
Comércio de Insumos Agrícolas - Alfenas
(MG). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios”.
ABRÃO FADUL JUNIOR
([email protected])
Pecuarista - Itaú de Minas (MG). “Quero
assinar a Revista Attalea Agronegócios”.
QUER ASSINAR?
Para assinar a Revista Attalea
Agronegócios, acessar o nosso site:
www.revistadeagronegocios.com.br
e preencher corretamente as
informações na aba Fale Conosco.
nas dependências do Esporte Clube Sírio, em São Paulo
(SP), a Central de Recebimento de Embalagens Vazias de
Agrotóxicos de Ituverava (SP) foi premiada no Prêmio “ANDEF 2013/2014 - Categoria Campo Limpo” como a melhor
Central entre as 112 participantes do Brasil.
Inaugurada em 1999 e gerenciada pela Profª Regina
Eli de Almeida Pereira, a Central de Ituverava recebe embalagens de produtores de 31 munícipios do estado de São
Paulo (Adamantina; Altinópolis; Aramina; Barretos; Batatais; Buritizal; Franca; Guará Igarapava; Ipuã; Ituverava;
Jardinópolis; Jeriquara; Miguelópolis; Monte Alegre; Morro
agudo; Nuporanga; Orlândia; Pedregulho; Restinga; Sales de
Oliveira; Santo Antônio da Alegria; São Joaquim da Barra) e
Minas Gerais (Capetinga; Claraval; Ibiraci; Patrocinio; Sacramento; São Sebastião do Paraiso; Uberaba; Uberlândia).
Recebe também embalagens proveniente dos Postos de Recebimento Franca (Franca, Ibiraci, Pedregulho,
Claraval, Itirapuã, restinga, Cristais Paulista, Patrocinio
Paulista, Ribeirão Corrente, Capetinga, Cassia, Sacramento,
Sales de Oliveira) e Batatais (Patrocinio Paulista, Restinga,
Jardinópolis, Bodowski, Nuporanga, Serrana, Ribeirão Preto, Altinópolis, Cassia dos Coqueiros).
Por fim a Central realiza o Recebimento Itinerante
recebendo embalagens de pequenos produtores de 12 municípios do entorno e de 05 usinas da região: Alta Mogiana,
Louis Dreyfus, Pedra Agroindustrial, Raizen, Biosev.
A COLETA NO BRASIL - No ano de 2013 o Brasil destinou 40.404 toneladas de embalagens vazias de agrotóxicos,
deste total a Central de Ituverava destinou 323,78 toneladas. No 1º semestre de 2014 nossa Central já destinou 181,55
toneladas de embalagens.
Existem no Brasil 410 unidades de recebimento (298
FOTO: Revista Attalea Agronegócios
TECNOLOGIA
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Premiação da ARPAF durante o Dia Nacional do Campo Limpo 2014.
postos e 112 centrais), distribuídas por 25 estados e Distrito
Federal (DF).
Desde 2002, quando o INPEV - Instituto Nacional de
Processamento de Embalagens Vazias iniciou as operações,
foram destinadas mais de 280 mil toneladas de embalagens
plásticas vazias de defensivos agrícolas pós-consumo, graças
ao engajamento da indústria (representada pelo INPEV), dos
canais de distribuição, dos agricultores e do poder público.
A responsabilidade compartilhada entre os elos do programa explica a capacidade do Sistema Campo Limpo de encaminhar para a reciclagem 94% das embalagens primárias
(ou seja, em contato direto com o produto) e 80% do total de
embalagens vazias de defensivos agrícolas comercializadas
no mercado brasileiro (plástico, papelão e metal).
LEITE
Pastejo Rotacionado: pontos
1
críticos na implantação
10
AGO/2014
N
Augusto Zonta 1
Márcia Cristina de Mello Zonta 2
FOTO: Monique Schuabb
a pecuária moderna constantemente adotamos
novas tecnologias e cada uma delas nos oferecem vantagens e desafios. Debater se o sistema
de pastejo rotacionado é melhor que o pastejo
contínuo é perda de energia. O que realmente faz sentido é
discutir se determinada tecnologia é adequada para minha
realidade e se tenho condições de conduzi-la corretamente
pelo tempo necessário.
Entre as vantagens do sistema de pastejo rotacionado
podemos citar o melhor aproveitamento do pasto, consumo
mais uniforme e menor gasto energético do animal para a
busca de alimento de qualidade. As pesquisas mostram que
esta tecnologia proporciona melhores ganhos por área e
menores ganhos por animal. Isto ocorre devido ao menor
poder de seleção do animal.
Em regiões onde o custo da terra é alto esta característica torna-se interessante. Os maiores desafios desta técnica são os custos com cercas para a divisão da área e a capacitação do produtor para entender, observar e ajustar as
variações no sistema ao longo do ano.
É imprescindível o acompanhamento de um profissional nos dois primeiros anos da implantação do sistema. No
início, recomenda-se um ritmo menos intenso e introdução
parcial do rebanho neste novo sistema.
ASPECTOS GERAIS - Em um sistema de pastejo ro-
AUTORES
1 - Zootecnista, Ms, PqC do Polo Regional da Alta Paulista/APTA. Email:
[email protected]
1 - Zootecnista, Ms, Técnica do Polo Regional da Alta Paulista/APTA. Email:
[email protected]
tacionado a área da pastagem é dividida em piquetes que são
utilizados durante um certo intervalo de tempo que chamamos de período de ocupação. Ao fim deste período o piquete
ficará em descanso com a transferência dos animais para o
piquete seguinte. Observa-se um pastejo mais uniforme
quando os piquetes são retangulares.
Para reduzir os custos de implantação, as novas divisões devem ser planejadas de forma a aproveitar as cercas e
divisões já existentes e o acesso por um corredor a uma área
coletiva única com sombra, água e sal mineral. Nesta área os
animais irão descansar e ruminar.
LEITE
11
AGO/2014
Recomenda-se que a área de descanso fique estrategicamente localizada de forma que o piquete mais distante não
exceda a 500 metros. O tamanho da área de descanso deve
ser adequada para abrigar todos os animais do sistema e não
prejudicar a vegetação de cobertura do solo. Evitando-se assim a produção de lama no local em épocas de chuva, o que
causaria prejuízos sanitários e produtivos.
Conforme a categoria animal a ser trabalhada, o espaço
individual varia de 15 a 30m² para cada animal. Visando
evitar quebra de cercas e facilitar a manobra das máquinas
por ocasião da adubação ou outros processos, o corredor de
acesso à área de descanso deve ser de 10 metros de largura e
as entradas com 5 metros no mínimo. Duas opções de croqui
exemplificando os piquetes e área de descanso.
Os cochos de sal mineral devem fornecer 5 centímetros lineares por animal e 10 centímetros por animal para o
cocho de água. O sal mineral deverá estar sempre disponível e soltinho. Esta verificação deve ser feita diariamente
FOTO: Gir Brasil
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FOTO: Univers. Federal Tecnológica do Paraná
LEITE
aproveitando a ocasião para observar a condição dos animais
e da pastagem.
Quanto ao cocho de água devemos prestar atenção
ao volume de água do reservatório e a vazão para o rápido preenchimento após o consumo. A limpeza dos cochos
é algo que o produtor não dá a devida atenção, mas é de
grande importância. Se não há água disponível e de qualidade os animais não bebem, não há consumo de alimento e
consequentemente não há ganho de peso.
No verão o consumo de água por animal varia entre 30
a 50 litros por dia conforme a categoria. Para exemplificar:
Com 50 animais no sistema, o consumo total médio seria de
2.000 litros por dia. A vazão de entrada deverá repor 50% do
consumo diário em 2 a 3 horas. Ou seja 1.000 litros.
Recomenda-se que o valor de consumo diário seja
multiplicado por 3 (6.000 litros para os 50 animais), pois
desta forma, se houver algum problema na entrada de água,
bomba ou tubulação, o produtor terá 3 dias para resolver o
problema. Este prazo é muito útil principalmente se o problema ocorrer no final de semana.
NÚMERO DE PIQUETES - O número de divisões depende principalmente das características da gramínea predominante na área. No caso de novas áreas dependerá da
gramínea escolhida. A fisiologia, ciclo, hábito de crescimento, facilidade de propagação, velocidade de rebrota, resposta
a adubação e adequação às condições climáticas da região
são algumas informações que precisam ser levadas em consideração na escolha.
Por exemplo, se o sistema for instalado em áreas com
gramíneas de hábito cespitoso, como no caso do gênero Panicum (Colonião, Mombaça, Tanzânia), haverá um maior
LEITE
FOTO: EMATER-GO
número de piquetes.
• Quanto menor o período de ocupação maior o desafio.
• Quanto maior o período de descanso maior será o número de piquetes.
• Maior número de piquetes implica em maior custo com
estrutura.
número de piquetes e um menor número dos dias de ocupação, em comparação com as gramíneas de crescimento prostrado, no caso as braquiárias.
Isto ocorre porque as plantas cespitosas sofrem mais
com as desfolhas, principalmente as rebrotas, uma vez que
são de fácil apreensão pelos bovinos. Por este motivo, precisam de maior número de dias de descanso. Já com as prostradas ocorre o inverso.
Observe a fórmula:• Quanto maior o período de ocupação menor será o
ERRATA:
Queijo Canastra carece de
boas práticas de produção
Conclui-se que é de grande importância encontrar o
equilíbrio entre o nivel de desafio, ou seja, a intensidade do
sistema e o custo de implantação deste. Intensidade do sistema implica em grande remoção de material vegetal, maior
nível ou frequência de adubação, menor área por animal,
maiores perdas por acamamento, dependendo da categoria
maior disputa, exige melhor controle de cerca e melhor mão
de obra.
De forma geral utiliza-se 25, 30 ou 35 dias de descanso e 1, 3 ou 5 dias de ocupação. Estes intervalos atendem a
maioria das gramíneas normalmente utilizadas. Recomenda-se período de ocupação de 1 dia apenas para os experientes. Não é recomendado períodos de ocupação maiores que
5 dias pois desta forma os animais passariam a comer a rebrota. Esta situação não é desejável. Alguns trabalhos apontam também que neste caso ocorre uma maior infestação por
helmintos.
Observe a tabela:
PERÍODO DE
DESCANSO
(dias)
25
30
35
Na edição anterior (Edição 93 - Julho 2014), na matéria intitulada “Pesquisadora avalia que Queijo Canastra
carece de boas práticas de produção” (páginas 13 e 14)
publicamos equivocadamente créditos para as fotos para
ESALQ/USP.
Na verdade, os créditos das fotografias são para a
pesquisadora Mayra Fernanda Silveira Diniz, Cientista
de Alimentos e Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela ESALQ/USP.
PERÍODO DE
OCUPAÇÃO
(dias)
NÚMERO
DE
PIQUETES
1
26
3
9
5
6
1
31
3
11
5
7
1
36
3
13
5
8
CERCAS - A utilização de cerca elétrica para as divisões internas da área é a escolha mais comum, uma vez
que apresenta custo por quilometro inferior ao da cerca de
arame farpado tradicional. Porém, nesta hora o produtor fica
tentado a economizar no eletrificador, painel fotovoltaico,
baterias, isoladores e outras peças. Não vale a pena.
Trabalhe com peças de qualidade e consulte um profissional para a construção das cercas, proteção contra raios e
adequado aterramento. A cerca elétrica funciona desde que
instalada adequadamente e não haja vazamentos de corrente
devido a peças ruins ou falta de roçada do capim nas linhas
de condução.
O correto dimensionamento do sistema é um ponto
importante para a redução de custos com estrutura e um
relacionamento harmônico com a fisiologia da gramínea
disponível. A escolha do tipo de cerca utilizada depende do
capital disponível na fase de implantação e a orientação de
um profissional para a construção de cercas elétricas é uma
questão de segurança e economia.
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AGO/2014
GRÃOS
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Espécies silvestres como fontes de
resistência à pragas e doenças no amendoim
AGO/2014
O
amendoim representa uma importante fonte
de proteína e óleo. Seu impacto econômico se
deve principalmente à sua grande diversidade
de formas de consumo. Os grãos possuem teores
de óleo em torno de 45% e de proteína entre 20 a 25%. A
produção de amendoim no Brasil foi de aproximadamente
324 mil toneladas em casca, na safra 2012/13. O país vem
sendo recentemente considerado pelos principais importadores como um grande e novo pólo produtor para exportação visando confeitaria. A produção brasileira está concentrada no Estado de São Paulo, onde a área de plantio, nos
últimos anos, tem estado perto de 90.000 ha entre a 1ª e 2ª
safras (IEA, 2013; CONAB, 2013).
As pragas e doenças da parte aérea estão entre os fatores
que mais limitam a produção economicamente sustentável
do amendoim no Brasil. A mancha castanha (Cercospora
arachidicola), mancha preta (Cercosporidium personatum) e
ferrugem (Puccinia arachidis) são as doenças de maior importância atual para a cultura em São Paulo. A mancha preta
e ferrugem, em especial, quando não controladas quimicamente, podem causar reduções de até 70% além de afetar a
qualidade do produto. Em conseqüência, a aplicação de fungicidas é necessária, o que contribui significativamente para
os altos custos da produção agrícola.
FOTOS: APTA REGIONAL
Marcos Doniseti Michelotto 1, Ignácio José de Godoy 2
e Alessandra Pereira Fávero 3
Sintomas da Mancha-Castanha nas folhas do Amendoinzeiro.
Cultivares moderadamente resistentes e aplicação de
técnicas de monitoramento das doenças ou das condições
climáticas têm sido difundidos aos produtores como formas
de reduzir a dependência da cultura ao uso de agroquímicos,
entretanto o impacto dessas tecnologias tem sido moderado.
A cultura do amendoim na região Centro-Sul do Brasil
deve também estar protegida quimicamente das pragas, especialmente dos insetos que atacam a parte aérea, para que
as máximas produtividades sejam obtidas.
Particularmente em São Paulo, o Tripes-do-Prateamento, Enneothrips flavens (Thysanoptera: Thripidae) e a
Lagarta-do-Pescoço-Vermelho, Stegasta bosquella (Lepidoptera: Gelechidae) são consideradas pragas-chave, pelos
prejuízos causados, ocorrência generalizada nas culturas e
elevados níveis populacionais. Estima-se em cerca de 30% as
reduções de produtividade na ausência de controle ou pelo
controle químico não eficiente desses insetos.
Sintomas da Mancha-Preta nas folhas do Amendoinzeiro.
AUTORES
1 - Eng. Agr., Dr., PqC. do Polo Regional Centro Norte. Email: [email protected]
1 - Eng. Agr., Dr., PqC. do Polo Regional Centro Norte. Email: ijgodoy@
apta.sp.gov.br
1 - Eng. Agr., Drª, PqC da Embrapa Pecuária Sudeste. Email: alessandra.
[email protected]
Sintomas da Ferrugem nas folhas do Amendoinzeiro.
As infestações desses insetos têm um aspecto característico importante e peculiar: ambos se alojam nos brotos
(ponteiros) dos ramos, provocando danos mais ou menos
severos ao desenvolvimento vegetativo das plantas. Este
hábito de ataque faz com que os próprios produtos químicos (inseticidas) a serem usados para o seu controle sejam de
diferenciada eficiência e composição, o que torna esse controle mais eficiente, mas ainda mais caro.
Por essas razões, a busca de cultivares resistentes torna-se de grande importância para o melhoramento genético
da espécie. Trabalhos têm mostrado que os cultivares atuais
apresentam alguma diferença em relação à tolerância a essas
pragas, porém o impacto dessas vantagens ainda é pequeno
a ponto de propiciar uma redução ou supressão do controle
químico.
Portanto, tanto nas doenças quanto nas pragas aqui
citadas, a busca por germoplasma altamente resistente e a sua
utilização no melhoramento genético é de grande importância para a obtenção de avanços genéticos mais expressivos na
obtenção de cultivares resistentes. As maiores perspectivas
podem estar no germoplasma silvestre de amendoim.
O amendoim é uma espécie cujo gênero ocorre naturalmente em cinco países da América do Sul, inclusive no
Brasil, formando uma diversidade com mais de 80 espécies já
identificadas. Sendo o Brasil riquíssimo nessa diversidade do
gênero Arachis, a conservação, caracterização e uso sustentável do germoplasma autóctone são de grande importância para a sua utilização nos trabalhos de melhoramento do
FOTOS: APTA REGIONAL
GRÃOS
15
AGO/2014
A Lagarta-do-Pescoço-Vermelho e os sintomas de danos nas folhas.
amendoim no país.
O Banco Ativo de Germoplasma de Espécies Silvestres
de Arachis localiza-se na EMBRAPA-CENARGEN - Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília (DF) e conta com
1.250 acessos desse germoplasma, em sua grande maioria
coletados em território brasileiro. Em relação à espécie cultivada, o IAC - Instituto Agronômico de Campinas (SP) é o
que detém a maior coleção do país (2.100 acessos).
FOTO: Universidade da Califórnia
16
AGO/2014
Esse acervo genético torna essas duas instituições parceiras naturais na utilização dessa variabilidade para o aprimoramento tecnológico da cultura através da criação de
cultivares.
Em todos os países que possuem programas de melhoramento de amendoim, apenas uma pequena porcentagem
da diversidade nativa é aproveitada. Isto ocorre, em alguns
casos, porque o germoplasma não está totalmente caracterizado para identificação de resistência a fatores bióticos e
abióticos ou outras características de interesse. Em outros
casos, porque os projetos de introgressão, dificultados por
barreiras genéticas, envolvem estratégias de prazo mais longo, inibindo os melhoristas a ampliar essa diversidade.
Assim, a tendência é o estreitamento da base genética
da cultura, dificultando a criação de cultivares mais resistentes a pragas e doenças ou limitando os ganhos genéticos
para outros caracteres de importância para os agricultores ou
para o mercado dos produtos.
Em pesquisas realizadas no Brasil e em diversos países,
no caso das doenças foliares, várias espécies do gênero Arachis têm sido consideradas altamente resistentes. No caso
das pragas aqui consideradas, as pesquisas são mais restritas
porque elas ocorrem como pragas apenas no Brasil. Pesquisas recentes aqui realizadas têm mostrado perspectivas de
variabilidade para resistência entre acessos do germoplasma
silvestre. Entretanto, a variabilidade potencialmente existente nas espécies silvestres de Arachis tem sido pouco explorada ao longo de muitos anos.
O principal entrave é que a grande maioria delas é
diplóide, enquanto que a espécie cultivada é alotetraplóide,
ou seja, a espécie cultivada (Arachis hypogaea), alotetraplóide, possui dois genomas, A e B, enquanto que a grande
maioria das espécies silvestres, diplóides, possui alternativamente, genomas A ou B. A barreira da ploidia faz com que
os híbridos obtidos sejam estéreis.
Mais recentemente, este problema foi resolvido em
função da possibilidade de obtenção de indivíduos anfidiplóides. O anfidiplóide é obtido através do cruzamento
de espécies dos dois grupos (A e B), obtendo-se híbridos
diploides estéreis AB. Posteriormente, faz-se o tratamento
desses híbridos com colchicina, ocorrendo a duplicação dos
cromossomos, produzindo indivíduos AABB, que podem ser
cruzados com Arachis hypogaea por terem a mesma constituição genômica da espécie cultivada.
A cultivar COAN de amendoim foi o primeiro caso de
genes transferidos a partir de Os primeiros trabalhos realizados no Brasil geraram informações valiosas sobre o potencial de resistência a doenças em diversos acessos de Arachis
spp. Paralelamente, trabalhos envolvendo o anfidiploide
(A. ipaënsis x A. duranensis) contribuíram para o estudo da
evolução da espécie cultivada, constituindo-se em um marco
na estratégia do uso de anfidiploides para superar a barreira
de incompatibilidade com o amendoim cultivado.
Assim como as espécies silvestres, os anfidiplóides
apresentam diversas características indesejáveis do ponto de
vista agronômico, relacionadas com a arquitetura da planta,
padrão de vagens e sementes e baixa produtividade. Devido a
isto, é necessário, após o primeiro cruzamento do anfidi-plóide
com um cultivar representante da espécie cultivada (Arachis
hypogaea L.), realizar uma série de retrocruzamentos do mate-
FOTO: APTA REGIONAL
GRÃOS
O Tripes-do-Prateamento e sintomas de danos nas folhas do amendoinzeiro.
rial segregante resistente, com cultivares elite do programa de
melhoramento (genitores recorrentes) visando recuperar os
caracteres agronômicos desejáveis (Godoy et al., 2011).
Com a implementação da parceria Embrapa – IAC
– APTA Regional e a inclusão de outros colaboradores ao
grupo, intensificaram-se os trabalhos de prospecção de
caracteres desejáveis no germoplasma silvestre de Arachis.
Obtiveram-se informações sobre a germinação e dormência
das sementes silvestres (Carrega et al. 2010) e resistência às
doenças foliares (Fávero et al., 2008; Michelotto et al., 2008)
bem como iniciaram-se os estudos para busca de resistência
ou tolerância de espécies silvestres ao tripes e à lagarta-dopescoço-vermelho (Janini, 2011). Ao mesmo tempo, o IAC e
a Embrapa já vêm realizando os primeiros retrocruzamentos
a partir de alguns anfidiploides considerados como resistentes
às doenças foliares, utilizando como genitores recorrentes os
cultivares elite do programa IAC (Santos et al., 2013).
CONSIDERAÇÕES FINAIS - Apesar das dificuldades
apontadas em relação à incompatibilidade genômica com a
espécie cultivada, e à inadequação agronômica das espécies
silvestres, é possível afirmar, por esses primeiros resultados
obtidos em nossas condições, que a resistência às pragas e
doenças aqui consideradas poderá, em futuro não tão distante, ser incorporada aos nossos cultivares a partir deste
germoplasma silvestre, resultando em significativos ganhos
no melhoramento genético do amendoim para as regiões
produtoras de São Paulo e outros estados brasileiros.
SOLOS
A importância da análise química
das folhas na agricultura
A
diagnose consiste na avaliação do estado nutricional de uma planta tomando uma amostra, seja de
um tecido vegetal, seja do solo, e compará-la com
seu padrão preestabelecido. Este padrão consiste
em uma planta ou solo que apresenta todos os nutrientes
e proporções adequadas capazes de proporcionar condições
favoráveis para a planta expressar seu máximo potencial
genético para a produção.
Para avaliar o estado nutricional da planta, existem
algumas ferramentas de diagnose que apresentam características específicas, a qual pode ser feita no tecido vegetal ou
no solo. No tecido vegetal, normalmente, utilizam-se as folhas, podendo ser a partir da diagnose visual ou da análise
química que, por sua vez, pode ser interpretada, tomando
um único nutriente através do método do nível crítico, da
faixa de suficiência, ou alternativamente, tomando como
base a relação dos nutrientes, feita pelo método denominado
DRIS (Sistema Integrado de Diagnose e Recomendação).
Indiretamente, o solo, através da análise química, pode
ser também utilizado para avaliar o estado nutricional da
planta. Assim, existem várias ferramentas que podem ser
utilizadas, preferencialmente de maneira integrada, para o
conhecimento do sistema solo-planta, com subsídios suficientes para a interferência, se for o caso, na adoção de práticas de adubação mais eficientes.
A diagnose visual permite avaliar os sintomas de deficiência ou excesso de nutrientes, e é possível fazer correções
no programa de adubação, com certas limitações. Entretanto, este método recebe críticas, uma vez que, no campo, a
planta é passível de sofrer interferências de pragas e patógenos que podem mascarar a exatidão da detecção do nutriente-problema. Além disto, a diagnose visual não quantifica o
nível de deficiência ou de excesso do nutriente em estudo.
Cabe salientar que somente quando a planta apresenta
uma desordem nutricional aguda, é que ocorre claramente a
manifestação dos sintomas visuais de deficiência ou excesso
característicos, passíveis de diferenciação; entretanto, neste
ponto, parte significativa da produção (cerca de 40-50%)
está comprometida. Portanto, o uso da diagnose visual não
deve ser a regra e, sim, como um complemento da diagnose.
Os sintomas visuais de deficiência e excesso são apresentados no próximo capítulo (item 3.4).
A diagnose vegetal presta-se para identificar o estado
nutricional da planta, através da análise química de um tecido vegetal que seja mais sensível em demonstrar as variações
dos nutrientes e que seja o centro das atividades fisiológicas
da planta, ou seja, na maioria das vezes, a folha. É necessário,
ainda, que a planta esteja em uma época de máxima atividade fisiológica, como no florescimento ou início da frutificação.
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AGO/2014
Sintomas de deficiência de magnésio no Maracujá-Doce: folhas velhas com
clorose internerval (A) e com a progressão da deficiência, as folhas tornamse amareladas com parte das margens necrosada (B)
de coleta de folhas e pecíolos para a diagnose foliar do algodoeiro. A coleta das folhas seguiu-se com os seguintes estádios de desenvolvimento: 1ª coleta – época 1 : 44 dias – botão
floral ; 2a coleta – época 2 : 59 dias – flor ; 3a coleta – época
3 : 74 dias – fruto imaturo. Observou-se que o pecíolo é a
parte mais sensível às variações de concentração de nutrientes do que o limbo foliar. Verifica-se que nos cultivares
de ciclo anual a concentração de fósforo no limbo e pecíolo
decrescem linearmente com o tempo. A absorção de fósforo
é contínua durante todo o ciclo de desenvolvimento da cultura, mas a maior parte do fósforo absorvido no período do
crescimento vegetativo é translocado das folhas para os frutos. A época mais adequada para a coleta das folhas é de 44
dias após florescimento ou no botão floral.
Nem sempre a constatação de deficiência nutricional
através do levantamento visual de sintomas permite a possibilidade de correção da carência no próprio ano agrícola.
Entre os critérios de interpretação normalmente usados, pode-se citar o baseado no nível crítico que exprime um
único valor ou um intervalo de valores, ou seja, uma faixa
com teor adequado. É comum, nas tabelas dos órgãos oficiais, o uso de faixas de teores adequados, visto que engloba
maior número de condições edafoclimáticas ou cultivares
distintas. Além disso, não existe um determinado ponto de
ótima produção, mas sim uma determinada faixa, porque o
aumento da produção obtido com doses crescentes de nutrientes é sempre associado a um erro estatítisco. Nos resultados de pesquisas locais, é comum expressar, como valor
adequado de nutrientes, o nível crítico.
Sintomas de deficiência de potássio em folhas velhas de Seringueira, onde
se observa uma clorose na borda e no ápice da folha, seguida por necrose
marginal.
Em virtude desta última exigência da análise química
das folhas no auge do desenvolvimento da planta, coloca-se
a diagnose foliar com pouca ação na eventual correção da
deficiência de nutrientes em plantas anuais no mesmo ciclo de produção da cultura. Entretanto, em culturas perenes
como cafeeiro, a diagnose foliar apresenta potencial elevado
no diagnóstico do estado nutricional da planta e possibilidade de correção no mesmo ano agrícola, com satisfatória
eficiência.
Portanto, a idéia de se usar conteúdo mineral como critério para se avaliar o estado nutricional de plantas perenes
é bastante atraente, visto que a diagnose foliar tem como
vantagem utilizar a própria planta como extrator.
Para a amostragem correta da folha-diagnose propriamente dita, devem-se considerar a época de coleta, tipo de
folha e o número suficiente, que garantirá validade do resultado da análise química foliar, sua interpretação e a correção das deficiências com as futuras adubações. É relevante
salientar a importância dessa etapa de amostragem, visto que
a maioria dos erros que podem ocorrer em um programa de
adubação, advêm da amostragem malfeita e não por problemas analíticos de laboratório ou ainda do uso de tabelas
de recomendação inadequadas.
Para a diagnose foliar do algodoeiro devem ser
amostradas folhas no período de florescimento (quinta folha
da haste principal, 80 – 90 dias da emergência), e os resultados interpretados segundo os dados da Tabela 1.
MEDEIROS & HAAG (1990) estudou a melhor época
Tabela 1 - Teores adequados de nutrientes na matéria seca
de folhas de algodoeiro, no período de florescimento (MALAVOLTA, 1992).
FOTO: Embrapa Tabuleiro Costeiros
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AGO/2014
FOTO: Rilner Alves Flores / Dr. Renato Mello Prado
SOLOS
N
Mg
P
K
S
Ca
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (g.kg-1) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 35-40
3-5
2.0-2.5
14-16
2-3
30-40
B
Zn
Cu
Fe
Mo
Mn
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (mg.kg-1) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 20-30
5-35
60-80
30-100
20-60
1-2
Sintomas de deficiência de cobre em Coqueiro, com destaque para o arqueamento do ráquis, folhas pequenas e cloróticas, folíolos secos nas extremidades, aspecto queimado, evoluindo para toda a folha e para a planta toda.
FOTO: Arthur Vieira
FOTO: Luis Antônio S. de Castro
SOLOS
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AGO/2014
Sintomas de deficiência de potássio em folhas de Ameixeira.
Normalmente, os experimentos de adubação, que definem os níveis críticos ou faixas adequadas, como os apresentados anteriormente, devem seguir alguns procedimentos chamados padrões, como:
1) - Escolher uma área, com um grupo de solos representativos, que predomine na região, e que apresente
um teor de nutrientes baixo, para que haja a resposta da
planta. Os demais nutrientes não estudados devem ser fornecidos em quantidades ótimas para o máximo desenvolvimento das plantas.
2) - Utilizar técnicas de cultivo das plantas de acordo
com as recomendações locais e amplamante empregadas
pelos produtores e, ainda, usar fontes de fertilizantes normalmente disponíveis e com custo por unidade de nutriente satisfatório.
3) - Estabelecer as relações de resposta, ou seja:
a) - Dose do nutriente aplicado x teor do nutriente
no solo;
b) - Teor do nutriente no solo x teor do nutriente
na folha;
c) - Teor do nutriente na folha x produção, conhecida como curva de calibração.
4) - Repetir experimentos em diferentes condições
edafoclimáticas, a fim de que a informação seja válida para
o maior número de propriedades rurais, e que sejam beneficiados mais produtores.
Além da avaliação do estado nutricional da planta,
Landivar & Benedict (1997) recomendam uma avaliação
sistêmica em todo ciclo de vida da planta, conhecido como
mapeamento ou monitoramento, durante cada fase de
desenvolvimento: a) Vegetativa primária, emergência da
planta até o aparecimento do primeiro quadrado; b) Juvenil, do primeiro quadrado à primeira floração; c) Reprodutiva, primeira floração ao desbaste; d) Maturação, desbaste
à maturação das maças e colheita. Nestas fases é levantado
vários dados das plantas como tipo de estrutura reprodutiva presente (quadrado, maça ou fruto), nas duas primeiras
posições de cada ramo reprodutivo, bem como medidas de
Tabela 1 - Interpretação dos níveis de retenção de frutos
obtidos durante a fase reprodutiva.
FATORES
AFETADOS
RETENÇÃO DE FRUTOS NA
PRIMEIRA E SEGUNDA POSIÇÕES
ABAIXO DE 60% ACIMA DE 70%
abaixo da média
acima da média
Potencial de Crescimento Excessivo
mais alta
mais baixa
Necessidade de PIX
mais alta
mais baixa
mais baixa
mais alta
Potencial Produtivo
Necessidade de Nutrientes
Obs. A retenção de frutos de 60 a 70% é considerada média.
Sintomas de deficiência de nitrogênio em folhas de Cafeeiro.
altura, número de nós vegetativos. Tomando-se como exemplo a segunda fase de monitoramento, onde a planta está na
fase de floração inicial, a qual quantifica a retenção de frutos medido na primeira e segunda posições de cada ramo e
suas inferências no manejo da cultura. Estes dados obtidos são
processados em um programa específico de microcomputador
(PMAP).
Segundo os autores, o desempenho do monitoramento da
cultura durante os estágios chaves de desenvolvimento da planta deve ser entendido como ferramenta valiosa pelos produtores
para identificarem problemas e estabelecerem prazos para iniciar ação corretiva. (FONTE: Nutrição de Plantas)
EMPRESAS
20
AGO/2014
Empresa francana produz bags
para diversos segmentos
C
ontando com profissionais com grande experiência de mercado, a FranBag atua no segmento de
bags para transporte de grãos, atende cooperativas, fazendas, usinas e diversos outros segmentos
empresariais. Qualidade e durabilidade são os principais
diferenciais da empresa, que conta com uma equipe técnica treinada e equipamentos de última geração. Toda esta
eficácia e agilidade estão associadas ao melhor custo. Esses
princípios e valores fazem com que a empresa conquiste
junto ao cliente, credibilidade e confiança necessárias para
a sua fidelização.
A empresa, sediada no Distrito Industrial de Franca
(SP), atende os setores: alimentício, mineral, agrícola, fertilizante, farmacêutico, cerâmico, petroquímico, químico
e refratário. Os produtos da FranBag são confeccionados
em fibra de polipropileno de alta resistência aditivado com
tratamento anti-UV (raios ultra violetas), possuindo laminação ou não, garantindo a impermeabilidade do mesmo.
Através de seu departamento técnico, a empresa está preparada para analisar as necessidades de cada cliente e desenvolver um modelo de big bag que atenda suas expectativas
e necessidades.
A FranBag trabalha com bags de inúmeros tipos e opções de armazenamento e transporte. São confeccionados de
acordo com as especificações técnicas e necessidades de cada
cliente, oferecendo várias opções de tamanho e capacidade
de carga. São ideais para o acondicionamento, armazenagem
e transporte de açúcar, farinha de trigo, grãos e sementes
em geral, fertilizantes, minérios, rações, produtos químicos
e petroquímicos, farmacêuticos, herbicidas e refratários, resíduos industriais e outros. Possui tecnologia de ponta que
possibilitam a impressão em uma ou duas faces, visando a
identificação e promoção do produto acondicionado. Disponibilizamos diferentes tipos de alças, válvula de carga e
descarga, para que o mesmo se adeque perfeitamente as suas
necessidades.
HORTALIÇAS
21
AGO/2014
CAFÉ
A
pós 10 meses do início
das obras (novembro de
2013), a nova base de armazenagem da COCAPEC
em Cristais Paulista (SP) começa a
receber a safra de café.
A estrutura de aproximadamente 12 mil m² está preparada para
receber os cafés através do sistema de
granelização e tem a capacidade para
cerca de 300 mil sacas de café. Para
se ter ideia do tamanho da obra o até
então maior armazém da cooperativa, localizado em Franca (SP), possui
3.600 mil m².
A balança foi aferida pelo
IPEM-SP - Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo no início de agosto e está de acordo com os
padrões para funcionamento. Para Os colaboradores empilham os big bags com muita habilidade dentro do grande armazém.
entrada, por questões de segurança,
será necessário utilizar o trevo de acesso a Cristais Paulista
(Águas Quentes) tanto na ida quanto na volta.
A necessidade da construção de uma nova área de armazenagem foi para atender demanda dos cooperados que,
a cada safra, cresce mais, mesmo com a bienalidade, característica da produção cafeeira. Todos os recursos para a
obra foram aprovados pelos associados em Assembleia Geral
Ordinária de 2013 e 2014.
FOTO: Divulgação COCAPEC
22
AGO/2014
COCAPEC inicia as atividades de
armazenagem em Cristais Paulista (SP)
CRESCIMENTO COM RESPONSABILIDADE - O local onde está o novo armazém funcionava o antigo Horto
Florestal de Cristais Paulista. Para que pudesse ser efetivada
a aquisição, no dia 27 de setembro de 2013, a Câmara Municipal de Cristais Paulista aprovou por unanimidade o projeto de lei do executivo autorizando a permuta de imóveis,
O núcleo está recebendo cafés através dos sistema de granelização o que
proporciona mais agilidade na entrega.
A balança aferida pelo IPEM já está em pleno funcionamento com todos os
equipamentos necessários.
já garantindo também um novo local de funcionamento para
o Horto Municipal.
Por conta dos trabalhos, foi autorizado pela CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, órgão
ambiental ligado à Secretaria Ambiental do Estado de São
Paulo, o corte de 112 árvores e, como compensação, cerca
de 2.000 mudas nativas foram plantadas no manancial localizado na Fazenda Jandira, responsável pelo fornecimento
de água a população de Cristais Paulista. A COCAPEC fará
todo o acompanhamento para o desenvolvimento da Área
de Preservação Permanente (APP) até 2016.
Outras 800 mudas serão destinadas a Reserva Legal
nas dependências da área da própria cooperativa em Cristais
Paulista, totalizando assim 2.800 árvores reflorestadas.
CAFÉ
Irmãs apostam na moda do food truck e criam cafeteria móvel
A
FOTO: Andréa Graiz/Agência RBS
s irmãs Jeanny e Aline Bavaresco sempre
sonharam em trabalhar juntas, e o projeto foi concretizado em um food truck
de café, simpático carrinho itinerante chamado
de Delicafé.
A dupla de empreendedoras se divide nas
tarefas da sociedade: enquanto Aline comanda a
cozinha, Jeanny (que deixou para trás a rotina
de executiva de uma grande multinacional) diverte-se administrando o novo negócio e conversando com os clientes. “A aceitação tem sido
muito boa por onde passamos. Percebemos que
Porto Alegre está aberta para uma gastronomia
nesses moldes, com uma estrutura de rua e cuidados dignos de chef. As pessoas olham o carrinho de longe, ficam curiosas e se aproximam
– conta Aline, que se apaixonou pela culinária e estudou o
assunto durante uma viagem para a Austrália.
Além de vários tipos de cafés, o cardápio colado na
parte da frente do carrinho sob medida oferece ainda alternativas de lanches quentes e rápidos. E olha que bacana: elas
fazem parte de um grupo de empreendedores que se reúne
nos finais de semana, de sexta à noite até domingo, em um
estacionamento na Venâncio Aires, 946, batizado de Bom
Fim Food Park. O evento já foi assunto no blog nas semanas
anteriores, mas vale a pena repetir a dica e incluir uma refeição por lá na agenda do próximo final de semana. (FONTE: CCCMG)
23
AGO/2014
CAFÉ
24
AGO/2014
Caracterização da deficiência de fósforo em cafeeiros
jovens por erros na distribuição do adubo no plantio
J.B. Matiello1, Marcelo
Jordão1 e Iran B. Ferreira1
N
a presente nota técnica objetiva-se relatar e caracterizar
problemas em cafeeiros jovens, ligados à falta de fósforo no sulco/cova de plantio.
A deficiência de fósforo aparece cedo, na fase de formação da
lavoura, nos 2 primeiros anos de
campo. Ela pode ser observada
em plantas salteadas ou um conjunto de plantas na linha, as
quais apresentam folhas de coloração verde claro a amarelado, e com o ápice da folha necrosado. Também, ocorrem nas
folhas muitas lesões da Cercospora negra. As plantas com
problemas tem menor crescimento e apresentam aspecto de
fraqueza ou stress nutricional.
O problema de falta de P tem origem em problemas na
distribuição ou mistura irregular do adubo fosfatado aplicado no sulco/cova de plantio. Aquelas plantas que ficam sem
adubo disponível por falha na adubadeira do sulco, apresentam os sintomas de fraqueza relatados. Situação comum é o
desligamento da adubadeira antes de terminar a linha, ou
se prolonga o plantio alem da área do sulco onde o adubo
fosfatado foi distribuído.
Ao examinar o sistema radicular das plantas deficientes, verifica-se que ele se apresenta pouco desenvolvido,
com as raízes primárias sem problemas, porém, com poucas
raízes finas.
Na Fazenda Experimental do Convênio Fundação Procafé e a Fundação do Café da Alta Mogiana, em Franca (SP),
foram verificados, agora em maio/14, plantas com 1,5 ano de
idade, de cafeeiros Mundo Novo, mostrando sintomas típicos de deficiência de fósforo, conforme relatados anteriormente. O plantio desse talhão foi feito depois da abertura
de sulco e distribuição do adubo fosfatado com adubadeira
AUTORES
1 - Engenheiros Agrônomos da Fundação Procafé. Site: www.fundacaoprocafe.com.br
Tabela 1 - Níveis de P no solo, em amostras de 0-40cm, em
condições de plantas com e sem sintomas de amarelecimento.
FEF, Franca (SP), 2014.
1 - Com problemas
NÍVEL DE P (Melich) no solo, 0-40cm
em ppm, média de 6 amostras cada
11,6
2 - Sem problemas
69,5
CONDIÇÃO DAS PLANTAS
mecanizada e mistura com subsolador.
Para analisar e correlacionar o problema com a carência de P tomou-se amostra de solo, na profundidade de 0-40
cm, tomada entre plantas, bem no meio de onde foi feito o
sulco. Foram tomadas amostras de duas condições, onde as
plantas apresentavam problema e onde tinham seu desenvolvimento normal.
As amostras foram tomadas em 6 locais em cada
condição. Elas foram analisadas quimicamente e foram obtidos os resultados, cujas médias estão colocadas na Tabela 1.
Pode-se verificar, pela Tabela 1, que os níveis de P no
solo, junto às plantas com problemas, se encontram deficientes, enquanto aqueles correspondentes à condição normal
das plantas se apresenta bastante superior, mais de 6 vezes
maior.
Pode-se concluir que – a caracterização da deficiência de P em plantas jovens de café, por falta ou má distribuição de adubo fosfatado no sulco de plantio, pode ser feita
visualmente, pelos sintomas de amarelecimento e seca do
ápice das folhas. Sua comprovação pode ser obtida através de
análise de solo, para quantificar o teor de P presente na área
do antigo sulco de plantio.
CAFÉ
Estudo prevê migração do café
das montanhas para áreas planas
25
AGO/2014
CAFÉ
26
Novo método detecta impurezas do
café falsificado “com 95% de precisão”
AGO/2014
G
Luiz Guilherme Trevisan Gomes1
arçom, tem manose demais no meu café!”: nova
técnica desenvolvida por pesquisadores brasileiros
visa detectar, com facilidade, substâncias fraudulentas no café.
Logo ao acordar, após o almoço, durante o expediente
ou os estudos, o café é uma das fontes de energia preferidas
por milhões de pessoas ao redor do mundo. Mas quanto do
seu “cafezinho” é realmente café?
Cientistas do Departamento de Química da Universidade Estadual de Londrina (UEL), no Paraná, apresentaram
um teste para a detecção de café falsificado, ou seja, misturado com impurezas (soja, milho, cevada, açaí e outras)
frequentemente adicionadas para aumentar o volume do
produto vendido, em exposição realizada em São Francisco,
AUTOR
1 - Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual Paulista
(Unesp). Atualmente, cursa o MBA em Controladoria e Finanças na Universidade de São Paulo (USP). Entusiasta da razão e da ciência, fundou o
espaço de divulgação científica Make It Clear Brasil, em 2013.
na Califórnia.
Os adulterantes não necessariamente representam risco à saúde do consumidor, mas podem comprometer a qualidade e o sabor do produto final, e sua detecção em meio
ao café torrado e moído se torna muito complicada: “não
podemos ver este tipo de adulteração a olho nu”, afirmou
Suzana Nixdorf, pesquisadora da UEL que estuda métodos
de avaliação do café há mais de 20 anos. Para Nixdorf, a
microscopia, técnica usualmente empregada, pode ser subjetiva, além denão determinar a porcentagem de impurezas
inserida no pó de café.
O novo método desenvolvido por Nixdorf utiliza um
cromatógrafo, equipamento que separa os componentes, no
caso, carboidratos, de uma mistura e provê o observador de
gráficos contendo as proporções relativas de cada componente. A técnica funciona a partir da comparação entre os
perfis de açúcares encontrados nas plantas que produzem
os diversos tipos de café e nas que produzem as impurezas
acrescidas ao café.
Assim, os tipos de açúcar mais abundantes nas espécies vegetais são utilizados como marcadores na fase de detecção de sua presença em uma amostra. A análise do café
arábica, por exemplo, revelou que a galactose é o sacarídeo
(açúcar) predominante neste tipo de café. Por outro lado,
no triticale — adulterante comum, híbrido de trigo e centeio —, abunda a glicose, enquanto que, no açaí, predomina
a manose.
Com o uso do cromatógrafo, é possível distinguir substâncias presentes em misturas aparentemente homogêneas
de café e impurezas “com 95% de precisão”, segundo Nixdorf. A pesquisadora ressalta também ser possível avaliar a
contaminação por partes da planta do café que não o próprio
grão, como galhos e folhas, uma vez que estas partes se caracterizam por proporções distintas de carboidratos.
CAFÉ
Bureau de Inteligência do Café apresenta
Relatório de Tendências do mês de julho
Luis Gonzaga de Castro Junior 1
O
1. PRODUÇÃO
panorama da cafeicultura nos diversos países
produtores varia bastante. Enquanto alguns se
mantêm competitivos no mercado, expandindo sua produção e desenvolvendo-se de acordo
com as exigências do mercado, outros não conseguem o
mesmo, encontrando diversos problemas e com declínio
na produção. Diversos fatores acarretam essa separação em
dois grupos e, dentre eles, a tomada de decisões corretas é o
principal determinante entre o sucesso e o fracasso. Porém,
há uma grande dependência do clima que é muitas vezes o
ponto chave para garantir uma boa safra ou para devastar
lavouras e arruinar todo o trabalho feito em prol da cafeicultura.
A América Central luta para recuperar-se o mais rápido possível do estrago causado pelo surto de ferrugem na
região. Para isto as iniciativas públicas e privadas adotam
uma série de medidas que permitem aos cafeicultores contar
com apoio de diversas instituições estrangeiras que lançam
projetos de mitigação para o problema. Estes auxílios partem principalmente de programas governamentais, ONGs
e empresas do ramo que estão preocupadas com a redução
do fornecimento de café centro-americano, famoso pela boa
qualidade da bebida.
A busca pela produção sustentável é o foco das estratégias de diversos produtores, que desejam não apenas receber
prêmios pela certificação, mas também manejar de maneira
mais eficiente suas lavouras através do planejamento e do
gerenciamento adequado da propriedade. Com isso, eles
conseguem aumentar a competitividade de sua atividade,
tanto pela maior eficiência de produção e processamento,
reduzindo os custos, quanto pelo aumento no valor agregado
de seus produtos.
Alguns países destacam-se na realização de iniciativas para promover a cafeicultura local e aproveitar oportunidades do mercado. Na África, o foco é a retomada da
produção em regiões que já foram tradicionais e que possuem boas condições ambientais, mas que hoje se encontram
em péssima situação e produzem muito pouco. Na América
do Norte, o objetivo é melhorar o manejo das lavouras no
que diz respeito ao combate de pragas, que há tempos incomodam os cafeicultores, e também na recuperação da
produção local. Na Ásia a situação é mais delicada e a maioria dos produtores encontra-se em situação de declínio
27
AGO/2014
CAFÉ
na produção, alguns por enfrentarem problemas e outros por
estarem passando por um processo de renovação que será
benéfico no longo prazo.
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AGO/2014
FAIR TRADE - As campanhas de conscientização social como estratégia de marketing fazem o café Fair Trade
cada vez mais demandado no mercado norte-americano.
A sensibilização dos consumidores para o comércio justo,
em suas diversas categorias (dentre elas o café), cresceu de
34% para 55% nos últimos dois anos e os prêmios pagos aos
fornecedores cresceram de 13 milhões para 39 milhões de
dólares nos últimos cinco anos. Os consumidores se preocupam mais, além da qualidade, com a origem e a forma de
produção daquilo que consomem. Cafeicultores antenados
a esta tendência conseguem aumentar a sustentabilidade de
sua produção com manejo diferenciado e acesso a apoio técnico e financeiro de diversas instituições públicas e privadas
que buscam valorizar a iniciativa. Além disso, tornam suas
atividades mais competitivas através da comercialização do
café com valor agregado.
APOIO FINANCEIRO - Continuando seus esforços
para mitigar os impactos causados pelo surto da ferrugem
na América Latina, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) firmou parceria com
a empresa Starbucks para fornecer 23 milhões de dólares em
programas de recuperação da cafeicultura da região. O fundo
será utilizado para conceder assistência técnica, defensivos
e fertilizantes aos agricultores, além de empréstimos a ju-
ros reduzidos para que eles possam se manter na atividade.
Inicialmente, US$ 8 milhões serão destinados para parceiros
que realizarão o treinamento de produtores no México,
Guatemala, Honduras, El Salvador, Nicarágua e Peru. Além
disso, US$15 milhões serão utilizados para financiar a revitalização de lavouras devastadas. A crise da ferrugem na
região afeta o abastecimento de cafés especiais que é cada
vez mais demandado no mercado global. Esta iniciativa é
apenas parte de várias medidas tomadas pela USAID, que
busca diversas parcerias para fornecer recursos, e pela Starbucks que, além de fornecer apoio técnico e financeiro aos
produtores, comprou uma fazenda experimental na Costa
Rica a fim de realizar pesquisas e estudos para o desenvolvimento de cultivares resistentes ao fungo.
PRODUÇÃO - A instabilidade do mercado cafeeiro é o
principal fator de preocupação da grande maioria dos produtores. Nesta situação fica mais difícil a tomada de decisões
sobre onde e como agir na busca pelo desenvolvimento da
atividade. Neste contexto, os cafeicultores e governantes são
mais exigidos quanto à sua capacidade gerencial e devem
trabalhar na busca por dados e informações que lhes dêem
base para encontrar as melhores oportunidades.
Diversos países produtores têm adotado políticas de
expansão de áreas e aumento da produtividade como uma
forma de reduzir os custos e aumentar a competitividade.
Apesar de ser uma estratégia interessante, ela traz reflexos
no mercado global, podendo causar a queda dos preços.
Outros focam na diferenciação que é um meio mais
eficiente pela valorização do café e que não gera impacto
negativo no preço, uma vez que a demanda por este produto
cresce cada vez mais em todo o mundo. A oferta neste segmento apesar de ter diminuído com o surto de ferrugem na
América Central, volta a aumentar com a recuperação da
produção colombiana.
AMÉRICA CENTRAL - Pesquisas apresentam novos
dados sobre os danos causados pela ferrugem na cafeicultura da região. Levantamentos realizados pela Organização
Internacional do Café (OIC) revelam que os prejuízos na
produção chegam a 74% em El Salvador, 64% na Costa Rica,
37% na Nicarágua e 25% em Honduras. Segundo a revista
internacional Fair Trade Magazine o fungo atingiu cerca de
50% das lavouras, resultando em uma quebra de aproximadamente 2,7 milhões de sacas, que já resulta em elevações
no preço do café. Essa situação já vem alterando o comportamento das indústrias e compradores, que antes se uniam aos
cafeicultores na tomada de medidas de apoio à recu-
peração da produção de café. Como
estas medidas em sua maioria trarão
resultados apenas no longo prazo
e o mercado já responde à falta do
produto, os compradores viram-se
obrigados a buscar novos fornecedores que não foram atingidos pelo
surto da doença e que produzam cafés com características semelhantes
à tradicional qualidade centroamericana.
MÉXICO - O governo mexicano lançou um novo plano agrícola que coloca a cafeicultura como
foco das ações de desenvolvimento
da produção e aumento da competitividade. Para incentivar os agricultores, a Secretaria de Agricultura do
país destinará aproximadamente 30
milhões de dólares para proteção
contra possíveis baixas no preço do
produto. Além deste incentivo, a
próxima safra contará ainda com o início da fase produtiva
de várias lavouras que foram replantadas há quatro anos e
que deverão trazer um aumento de 15% na produção de café
do México.
BRASIL - MINAS GERAIS - O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento anunciou o fornecimento
CAFÉ
de R$ 800 mil à EMATER-MG para
apoiar programas para o desenvolvimento e qualificação técnica
de extensionistas e cafeicultores. O
dinheiro será destinado à realização
de dias de campo, como o Circuito
Mineiro de Cafeicultura em 2014 e
2015, para a distribuição de materiais sobre a cadeia
produtiva do café e visitas de técnicos da instituição. Este serviço de
extensão se baseará na capacitação
de 160 extensionistas que assistirão
6,2 mil produtores em gestão, implantação, produção, colheita, processamento, armazenamento e comercialização. Isso tudo tem como
finalidade desenvolver nos cafeicultores a capacidade de trabalhar
de forma sustentável nos aspectos
produtivos, sociais, econômicos e
ambientais, para que assim possam
se tornar mais competitivos.
ÁFRICA - CAMARÕES - Medidas públicas incorretas
fizeram com que a cafeicultura do país apresentasse constante declínio desde a crise econômica mundial dos anos 80,
o que prejudicou fortemente sua produção de café. Muitos
produtores acusam o governo de omitir-se frente às dificuldades deixando que o caos tomasse conta da atividade
29
AGO/2014
CAFÉ
safra 2014 de café do Vietnã quebrará em aproximadamente
1,6 milhões de sacas devido a problemas climáticos e ao
início de um intenso programa de replantio de lavouras velhas (com mais de 20 anos de produção) a fim de torna-las
mais produtivas. O projeto visa substituir aproximadamente
95 milhões de plantas em um prazo de 10 anos e, apesar de
provocar queda imediata na produção, será extremamente
benéfico e necessário ao aumento da competitividade da
cafeicultura vietnamita no longo prazo. As especulações da
queda na produção de café robusta já refletem na elevação
de seu preço no mercado global.
30
AGO/2014
dade, fazendo com que eles passassem por situações como
a incapacidade de transportar sua produção pela falta de
condições das estradas públicas e a falta de acesso a insumos.
Tudo isto fez com que a produção caísse gradativamente, chegando a espantosos 50% da safra 2011-12 para a safra 2012-13.
Visando corrigir esta grave situação e recuperar a
cafeicultura de Camarões em um cenário de aumento na
demanda pelo produto no mercado global, o governo deu
ênfase à atividade na nova campanha agrícola 2014. Dentre
as principais propostas está o investimento na melhoria das
técnicas de manejo por meio da contratação de especialistas,
dentre eles alguns brasileiros. O Conselho do Cacau e Café
concedeu 1,5 milhões de dólares ao projeto e a Organização
Internacional do Café fornecerá treinamento e tecnologia
aos cafeicultores. A União Europeia também anunciou que
destinará aproximadamente US$30 milhões para a revitalização da produção de café robusta no país, por meio da
renovação de lavouras, plantio em novas áreas, restauração
de cooperativas e fortalecimento da comercialização.
COSTA DO MARFIM - Visando garantir a boa
produção de matéria prima para suas indústrias, a Nestlé investe em grande parte dos países que são seus fornecedores
de café, proporcionando assistência técnica aos agricultores,
apoio financeiro e acesso a insumos em geral. Honrando
este compromisso, lançou um programa que visa aumentar
a produção cafeeira da Costa do Marfim em 40% nos próximos 6 anos. Para atingir este objetivo, a empresa forneceu
aos agricultores 2 milhões de mudas de cultivares resistentes
a diversas doenças, trabalhando para a formação de lavouras
cada vez mais produtivas.
ÁSIA - ÍNDIA - Em Karnataka, uma das principais
regiões produtoras de café da Índia, os cafeicultores estão
passando por sérios problemas com a “broca do tronco”.
O inseto já causou graves danos às lavouras resultando em
grande queda na produção. Segundo a Associação de Café
do Estado, este é o ataque mais severo dos últimos 40 anos
e mais de 40% dos cafezais deverão ser arrancados. O Conselho do Café já foi acionado e tomou medidas corretivas
que incluem o rastreamento e erradicação das lavouras infestadas, além do fornecimento de recursos financeiros para
realização de replantios.
VIETNÃ - De acordo com estimativas da Volcafe, a
2. INDÚSTRIA
O mercado é definido por um ambiente bastante
dinâmico e competitivo, devido ao grande número de corporações que concorrem entre si, a fim de obterem posições
favorecidas na economia global. Para estabilização de preço
e aumento dos lucros, as grandes companhias necessitam
implantar barreiras à entrada de novos concorrentes no
mercado, e muitas vezes possuem vantagens competitivas
frente à empresas entrantes, como a existência de lucros extraordinários no longo prazo, além de vantagens nos custos,
por estarem estabelecidas há um bom tempo no mercado.
Outro tipo de barreira à entrada considerada no cenário
atual é a diferenciação de produtos, que pode ser vista por
fatores como marca, design, especificações técnicas e formas
de comercialização.
As gigantes do café sofrem constantes processos judiciais, devido à acusação de empresas menores que atribuem
as tentativas de defesa da concorrência por parte das torrefadoras dominantes, a práticas abusivas, como formação de
monopólio no mercado. Por esse motivo, as grandes corporações enfrentam problemas judiciais, que as obrigam disponibilizar suas máquinas à concorrência.
O segmento de doses únicas sem dúvida é a grande
tendência do mercado atual e indústrias brasileiras têm
tomado seu lugar no mercado. A oportunidade de investimento no segmento, faz com que empresas de médio porte
consigam expandir seus negócios e aumentar seu portfólio,
disponibilizando aos clientes um maior número de produtos, a fim de atender a grande demanda.
3. CAFETERIAS
Com o constante aumento de cafeterias por todo mundo, o mercado torna-se, com o tempo, altamente saturado.
Com grandes marcas disputando por um mesmo mercado,
encontra-se épocas com constantes novidades e inovações.
Com uma realidade que passa por mudanças diárias, os consumidores exigem sempre algo novo, tornando períodos de
estagnação extremamente prejudiciais aos negócios.
A parceria entre empresas, com duas ou mais companhias, pode apresentar uma solução para uma época sem significativas mudanças. É possível notar, na maior parte das
vezes, que parcerias acabam fornecendo novos produtos,
novas ideias, novos públicos consumidores e ampla propagação das marcas envolvidas.
Além de redução nos custos, por produzirem em maior
escala, a troca de informações torna esta medida algo extremamente positivo. Por verem e entenderem o mercado
de formas diferentes, a parceria de duas ou mais empresas
contribui para melhores discussões e estudos do mercado em
que estão inseridas.
CAFÉ
Cooperativas conquistam
desenvolvimento sustentável para todos
31
AGO/2014
CAFÉ
A
Yara lançou, durante o IV Congresso ANDAV,
que aconteceu de 18 a 20 de agosto, em São Paulo
(SP), o aplicativo CheckIT, que possibilita ao agricultor detectar as deficiências nutricionais de
sua lavoura, entender o motivo pelo qual acontecem e receber recomendações da adubação e nutrição adequada no seu
plantio, bem como dicas de qual produto do portfólio da empresa se encaixa melhor às necessidades de sua propriedade.
“O CheckIT propicia, ao alcance de um clique, a exibição do diagnóstico da lavoura e as deficiências de nutrientes nas culturas, trazendo recomendações de uso e aplicação
correta de nutrientes e fertilizantes. Dessa forma o produtor
poderá eliminar as carências nutricionais de sua plantação
e escolher o fertilizante correto, aumentando a qualidade,
rentabilidade e produtividade”, afirma Lívia Tiraboschi, especialista em Produto, Pesquisa e Inovação da Yara. A ferramenta está disponível, gratuitamente, no Brasil para as culturas de soja e milho e pode ser acessada em smartphones ou
tablets com os sistemas operacionais iOS, Android e Windows Phone. Basta acessar a Play Store (Android), a App
Store (iOS) ou Windows Store e procurar por “CheckIT”.
O CheckIT mostra aos usuários um acervo fotográfico
com os sinais físicos das deficiências nutricionais na soja e no
milho, para que o agricultor compare a imagem com a ocorrência da planta, permitindo uma rápida correção e evitando
perdas de produtividade. A ferramenta também exibe informações de como a deficiência nutricional afeta a lavoura, os
tipos de solo mais propensos ao problema e os fatores que
podem agravar a deficiência nutricional.
O aplicativo foi desenvolvido para operar em todas
as regiões agrícolas do País, inclusive em áreas com baixo
sinal de telefonia celular. “Estamos desenvolvendo o aplicativo para que, muito em breve, os produtores brasileiros
de outras culturas, como trigo e algodão, possam ter acesso
à ferramenta. Dessa forma poderemos oferecer um banco de
dados completo sobre as deficiências nutricionais e as dicas para uma melhor nutrição, manejo e escolha correta do
fertilizante”, esclarece Lívia. A empresa pretende atualizar
mensalmente o aplicativo, incluindo novas culturas agrícolas e melhorias de navegação.
Em palestra na Bahia, diretor da Piraí ressalta
importância da adubação verde
O
engenheiro agrônomo e Diretor Comercial da
Sementes Piraí, José Aparecido Donizeti Carlos,
esteve recentemente na Bahia – a convite da Associação dos Engenheiros Agrônomos de Luís
Eduardo Magalhães (BA) (AGROLEM) – para ministrar
uma palestra acerca do uso e manejo dos adubos verdes
como rotação de cultura e sua importância no controle ou
quebra do ciclo de pragas e doenças, além de todos os outros benefícios.
Durante o encontro Donizeti alertou sobre a importância do combate aos nematoides, uma praga que se
alastrou e está presente em todas as áreas de produção – afetando, por exemplo, as culturas de soja, algodão, milho e
FOTOS: Divulgação Sementes Piraí
32
AGO/2014
Yara lança aplicativo para identificar
deficiências de nutrição nas lavouras
feijão – inclusive e, com mais força, nas áreas irrigadas. “O
que facilitou o diálogo foi à aceitação que o solo está infestado e a crotalária é uma ferramenta importante no controle
de nematóides, mas faltavam informações simples como:
espécies mais recomendadas, época e densidade de plantio,
uso de misturas de espécies, manejo de biomassa e, principalmente, o controle de ervas daninhas”, constata Donizeti.
O evento lotou o auditório da Fundação de Apoio a
Pesquisa e Desenvolvimento do Oeste Baiano (Fundação
BA), confirmando o grande interesse do público e a necessidade de orientação especializada.
Mais informações sobre adubação verde em culturas
irrigadas em: www.pirai.com.br/irrigacao (Fonte: Redação
Join Agro
EVENTOS
Dia do Engenheiro Agrônomo 2014
acontecerá no dia 11 de outubro
E
m comemoração ao Dia do Engenheiro Agrônomo
2014, a Comissão Organizadora informa que o jantar será realizado no dia 11 de outubro, no Salão da
Boipec, na Rodovia Ronan Rocha (Franca sentido Patrocínio Paulista), com início marcado para as 20 horas.
Os convites estarão disponíveis a partir do dia 10 de setembro, nos seguintes pontos de venda: COCAPEC, CATI-Franca,
Dedeagro e Bolsa Agronegócios.
A Comissão Organizadora do Evento 2014 é composta
pelos profissionais: Fabrício David (COCAPEC), Amanda Hernandes (CATI-Batatais), Pamela Radi, Felipe de Carlos Ferreira,
Allan de Meneses Lima (Bolsa Agronegócios), Ivam Mendonça
(Dedeagro) e Shigueru Kondo (CATI-Franca).
Aguardamos a presença de todos os agrônomos com suas
famílias. Venham participar conosco não podemos deixar esta
oportunidade de nos confraternizarmos.
33
AGO/2014
No evento do ano passado, os agrônomos João Dedemo, Iran Francisconi e Edson Castro do Couto Rosa.
CAFÉ
34
AGO/2014
Casa das Sementes e Montana apresentam novo
conceito de tecnologia em pulverizador de café
F
oi apresentada à equipe Casa das Sementes e à vários
produtores rurais da região de Franca (SP) o pulverizador Twister, da Montana, com um novo sistema de pulverização denominado sistema de “mãozinhas”. Este sistema é um conjunto de cinco ou três bicos,
em uma haste que é totalmente ajustada à altura e à largura
da lavoura, podendo o mesmo pulverizador trabalhar em
lavouras novas (porte baixo) a lavouras adultas (muito altas),
com a mesma eficiência. Estas mãozinhas possuem fluxo de
ar independente para cada conjunto, o que faz com que esta
gota seja mais fracionada e melhor direcionada para atingir
o alvo (pé de café).
O pulverizador Twister Mãozinha possui outro grande
diferencial. Não existem correias, somente “cardãs”, o que
facilita para manobrá-lo (não quebram cruzetas) e não consome potência do trator. Também não há problema de patinar as correias. Ligou o pulverizador, já começa a funcionar
na hora.
O sistema de filtragem do pulverizador é feito por dois
filtros, um mais grosso e outro mais fino. E são de inox, o que
dá uma maior durabilidade, menor entupimentos de bicos,
e possui um agitador com duas velocidades, o que melhora a
eficiência da pulverização, pois os produtos formulados com
pó requerem melhor agitação dentro do tanque para não decantarem.
E para facilitar para o operador, o Twister Mãozinha
possui sistema elétrico liga-desliga do acionamento, onde
com um simples toque no final ou no início da rua de café,
há o desligamento ou o acionamento (o que evita que o ope-
rador tenha que olhar para trás).
A Montana, com todas estas inovações,
começou a mudar o conceito de pulverização,
buscando qualidade, maior eficiência e praticidade ao mesmo tempo.
Já para a equipe da Casa das Sementes, que
busca sempre trazer coisas novas e eficientes
para os produtores rurais da região de Franca
(SP), será a representante oficial desta marca na
região. “E teremos mais novidades, não só em
pulverizadores, mas vários implementos”, disse
Paulo Figueiredo, diretor da Casa das Sementes.
Para o diretor, o setor agrícola está aberto e necessitado da novas tecnologias. “Nós,
como empresa, somos esse meio de apresentar
ao produtor uma nova visão de trabalho, oferecendo um produto que reduz custo, tempo e
muito mais agilidade no campo, pois o produtor hoje precisa e merece de ferramentas a seu
favor”, disse.
CAFÉ
Uso de inseticida para combater a
broca do café é autorizado no Brasil
P
ara combater a praga Hypothenemus hampei,
chamada de broca do café, o MAPA - Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento divulgou a
liberação de um produto base de Ciantraniliprole
e que seu uso deve ser realizado em intervalos de 30 a 60
dias, com doses de 175 g por hectare e, no máximo, em duas
aplicações.
A decisão foi publicada no mês passado no Diário Oficial da União (Portaria nº 711) e menciona que o combate
só poderá ser iniciado após a confirmação de que a praga
atingiu 3% da produção.
Segundo o MAPA, o produto, de baixa toxidade, já foi
registrado nos EUA, na União Européia, no Canadá e no
Japão. Teve, ainda, aprovação da OMS - Organização Mundial de Saúde e da FAO - Organização das Nações Unidas
para a Alimentação e a Agricultura e previamente autorizado pelos órgãos de saúde e meio ambiente.
Estes fatores, além dos critérios de aceitação internacional embasaram a decisão do ministro da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, Neri Geller, em liberar a utilização do produto. A expectativa é que o inseticida seja registrado no Brasil até o final do ano.
35
AGO/2014
O secretário de Defesa Agropecuária, Rodrigo
Figueiredo, acredita que a aprovação dessa alternativa de
controle reduz os riscos iminentes com a broca do café nas
próximas safras. “Não podemos permitir o reaparecimento
de uma praga já devidamente controlada pelo Brasil e, por
isso, essa ação emergencial foi adotada”.
Segundo a secretária de Produção e Agroenergia,
Cleide Laia, o atendimento a essa emergência possibilitará a
redução de perdas de qualidade do café.
CAFÉ
36
AGO/2014
IG Alta Mogiana presente no 9º Espaço
Café Brasil em Belo Horizonte (MG)
A
cidade de Belo Horizonte
contribuiram com destaque para o
(MG) abrigará de 15 a 18
evento do ano passado, outras imde setembro próximo a seportantes instituições se juntaram
gunda edição da Semana
ao projeto com o objetivo de fazer
Internacional do Café, evento conpresente toda a região da IG - Indisiderado um dos maiores do setor
cação Geográfica da Alta Mogiana,
cafeeiro do país, que será promovida
como a AMSC - Associação dos
pelo SEBRAE, FAEMG - Federação
Produtores de Cafés Especiais da
da Agricultura e Pecuária do Estado
Alta Mogiana, o Sindicato Rural de
de Minas Gerais e Café Editora.
Franca (SP), o Sindicato Rural de
São esperados mais de 14 mil
Batatais (SP), o Sindicato Rural de
visitantes e R$ 85 milhões em geraAltinópolis (SP), o Sindicato Rural
ção de negócios - incremento de 15%
de Patrocínio Paulista (SP) e o Sinsobre os resultados de 2013. O evendicato Rural de Itirapuã (SP).
to surgiu em 2013, durante o enconNo ano passado, a amostra da
tro da Organização Internacional do
Fazenda “Santa Terezinha”, muCafé (OIC) no Brasil, como opornicípio de Pedregulho (SP) - pertentunidade para divulgar a cafeicultura
cente ao cafeicultor Antonio Grisi
mineira brasileira e dar impulso aos
Sandoval e supervisionada pelo
negócios do setor.
Engº Agrº Eder de Carvalho Sandy
A Semana Internacional do
- foi a vencedora, empatado com a
Café contará com a participação de
fazenda “Sertãozinho”, de Botelhos
O Engº Agrº Eder Sandy e o cafeicultor Antônio Grisi
três mil produtores e 100 marcas
(Sul de Minas). Ambas superaram as
Sandoval, vencedor no ano passado.
participantes, além de Rodadas de
162 demais amostras vindas de toNegócios, com mais de 150 compradores participantes e 200 das as regiões produtoras de café do País, incluindo algumas
amostras de cafés verdes recebidas. Encontros, seminários, menos conhecidas, como Rondônia e Pernambuco.
concursos e sessões de cupping também fazem parte da proNa etapa final da disputa, as dez melhores amostras gramação.
escolhidas por um júri de especialistas e Q-Graders -, foram
preparadas em método filtrado e ficaram durante o evento à
ALTA MOGIANA PRESENTE MAIS UMA VEZ - Um disposição dos visitantes para a degustação às cegas (em gardos destaques da Semana Internacional do Café mais uma rafas decodificadas) gratuitamente. Um público animado e
vez será o 9º Espaço Café Brasil, o Coffee of The Year 2014. curioso provou as bebidas e escolheu as preferidas, somando
Cafeicultores da região da Alta Mogiana participarão nova- cerca de 2.000 votos, com uma participação quatro vezes
mente do evento.
maior que a edição de 2012.
Neste ano, além das instituições pioneiras (Prefeitura
O Espaço Café Brasil é uma plataforma de negócios
de Pedregulho/SP e Sindicato Rural de Pedregulho/SP), que para o mercado de cafés. Possui área de exposições e atrações focadas para os produtores rurais, cooperativas, torrefadores, exportadores, varejistas, empreendedores, baristas
e consumidores. Depois de sete anos em São Paulo, a maior
feira de café do país foi incluída na Semana Internacional do
Café no ano passado. Os resultados de público e negócios fizeram com que a capital mineira fosse escolhida novamente
para sua realização.
Para este ano, a expectativa é que a região da Alta
Mogiana seja novamente bem representada, mesmo com as
dificuldades climáticas que o setor vive nesta safra. “Apesar da quebra da produção, temos um ano de preços mais
equilibrados. Quem apostou em qualidade, está otimista.
Acreditamos que crescerá o interesse em mais opções de investimentos, em recursos materiais e em conhecimento técnico e mercadológico”, destacou Caio Alonso Fontes, diretor
da Café Editora e realizador do Espaço Café Brasil.
Para Roberto Simões, presidente da FAEMG, o
CAFÉ
evento é importante para a valorização das atividades relacionadas ao café. “Por uma semana, faremos com que a atenção dos brasileiros, se volte para o café, que é o principal
produto do nosso agronegócio e um dos maiores de toda a
nossa economia”.
As ações de fomento à atividade também foram destacadas pelo superintendente do Sebrae Minas, Afonso Rocha. “A valorização do café nacional passa por todas as etapas
da cadeia; da capacitação do produtor ao apoio à certificação
de origem e à comercialização por qualidade. O evento é muito
bem sucedido ao reunir eventos técnicos, rodadas de negócios,
cursos, palestras e encontros”. Confiram os eventos simultâneos que acontecem durante Semana Internacional do Café:
DNA Café 2014
(15 e 16 de setembro)
Encontro de atores da cadeia cafeeira nacional e internacional para debater tendências, desafios e ações para o
futuro do mercado de café mundial. Os encontros são realizados em formato de mesas redondas, com representantes
de diversos setores do café e mediadores e abertos à participação do público visitante.
Cafeteria Gourmet/ Circuito Food Service
(15 a 18 de setembro)
Direcionada ao mercado de food service, a atração conta
com capacitação técnica para empreendedores e orientação
em planejamento de negócios. Oferece também workshops
práticos, com conceituados profissionais brasileiros sobre o
preparo de espressos e drinques, leite com café, torra, degustações e os mais diferentes métodos de preparo da bebida.
Fórum da Agricultura Sustentável 2014
(17 e 18 de setembro)
Reunirá os principais profissionais do setor para debater ações na cafeicultura e os próximos passos para o desenvolvimento sustentável das gerações futuras. O Brasil, maior
produtor e exportador de café do mundo, tem na agricultura
nacional o exemplo para o mercado internacional no tema
sustentabilidade da cadeia produtiva.
SERVIÇOS
SEMANA INTERNACIONAL DO CAFÉ - ESPAÇO CAFÉ BRASIL
DATA: de 15 a 18 de setembro // HORÁRIO: das 12h às 20h
LOCAL: Pavilhão da EXPOMINAS, Belo Horizonte (MG)
SITE: www.espacocafebrasil.com.br
INGRESSOS: R$ 30,00 pessoa física // R$ 0,00 pessoa jurídica
37
AGO/2014
Cursos Técnicos de Café SCAA
(15 a 18 de setembro)
A Associação Americana de Cafés Especiais (SCAA)
ministrará cursos técnicos, do campo à xícara, para os visitantes da Semana, mediante inscrição prévia. Serão cursos
de espresso, extração de café filtrado e prova de café profissional.
I Encontro de Produtores do Programa Café+Forte
(17 de setembro)
Encontro promovido pela FAEMG com 300 produtores participantes do programa, que realiza a transferência
de tecnologia nas áreas de gestão e custos, melhorando a capacidade de gerenciamento do cafeicultor mineiro.
CAFÉ
S
empre pensando na melhoria da prestação
de serviços aos seus associados, a AMSC
(Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana) transferiu, neste
segundo semestre, suas atividades para uma nova
sede. O lugar, mais amplo, conta agora com espaço
para reuniões, sala de seleção e prova de cafés.
Para formalizar a inauguração do novo espaço, a Diretoria organizou um encontro com os
cafeicultores associados no início de agosto. Na
oportunidade, André Luis da Cunha, diretor-presidente, falou sobre as conquistas recentes e ações
futuras. Já a superintendente da AMSC, Patricia
Milan, apresentou alguns dados sobre o mercado
de cafés especiais.
Entre as facilidades que os associados encontram na nova sede, está o serviço de degustação e
classificação de cafés. Os interessados podem levar
os lotes para que o classificador da AMSC, Rodrigo
Menezes, faça a prova dos cafés gratuitamente. Ao final, será
emitido um laudo técnico com a classificação e avaliação
sensorial do lote, disponibilizado online para a consulta.
A nova sede da AMSC está localizada na rua Diogo
Feijó, 1915, bairro Estação, em Franca.
FOTOS: Divulgação AMSC
38
AGO/2014
AMSC inaugura nova sede e
promove encontro de associados
CAFETERIA DE SÃO PAULO ADQUITE LOTE
VENCEDOR DO CONCURSO 2013 - O café produzido em
Pedregulho por Antonio Grisi Sandoval, vencedor do 11º
Concurso de Qualidade do Café da Alta Mogiana, na catego-
ria microlote, foi negociado com uma cafeteria de São Paulo,
a San Babila.
A AMSC (Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana) foi responsável pelo desenvolvimento
do contato, resultado das suas ações de promoção dos cafés
especiais da Alta Mogiana no mercado.
A entrega do lote especial foi realizada na primeira
quinzena de agosto pelo gestor da AMSC, Gabriel Borges, e
o classificador da Associação, Rodrigo Menezes, diretamente
aos profissionais da empresa compradora.
FOTOS: Divulgação FAZENDINHA
CAFÉ
39
AGO/2014
HORTALIÇAS
Lígia M. L. Duarte1, Cleusa
M. M. Lucon2, Maria A. V.
Alexandre2, Alexandre L. R.
Chaves2, Joaquim A. A. Filho3 e
Alceu Donadelli4
missores de vírus como os pulgões
e tripes, uma vez que não há, até
o momento, nenhuma substância
com ação “viricida”. Assim, extratos de plantas com atividade antiviral vêm sendo pesquisados há
entre as hortaliças, a
muito tempo, sendo que, no Braalface é uma das mais
sil, estudos pioneiros foram desenimportantes devido à
volvidos em laboratório por pessua qualidade nutriquisadores do Instituto Biológico
tiva e baixo custo de produção, o
(IB). Dentre as espécies já testadas,
que a torna intensivamente emdestacam-se Bougainvillea specpregada na dieta da população. O
tabilis L. (Primavera) e Mirabilis
Estado de São Paulo consolida-se
jalapa L. (Maravilha) que têm se
como o maior produtor brasileiro
mostrado eficientes no controle
de alface com uma área cultivada
preventivo de vírus, como o causade 7.500 ha, gerando uma renda
dor da doença vira cabeça em toanual de R$ 40 milhões.
mateiros.
Entretanto, a produção pode
Por outro lado, o controle
ser comprometida por diversas
biológico de fungos e bactérias fidoenças como as causadas por:
topatogênicos, por meio da utiliza(i) fitopatógenos de solo,
ção de fungos do gênero Trichodercomo Pythium sp. e Rhizoctoma, também vem sendo realizado
Figura 1 - Campos de produção de alface.
nia solani, que chegam a causar
experimentalmente por pesquisaperdas de até 100%, acarretando no abandono de áreas de dores do IB, e constitui uma estratégia de grande interesse e
produção;
importância para viabilizar a redução ou substituição do uso
(ii) o vírus do mosaico da alface (Lettuce mosaic vi- de agrotóxicos. Com a finalidade de produzir alface de marus - LMV), que é transmitido por inúmeras espécies de afí- neira competitiva e sustentável e com maior produtividade,
deos (pulgões) e o vira cabeça do tomateiro, transmitido por qualidade, lucratividade e com um mínimo de impacto ao
tripes;
meio ambiente, quando comparado ao sistema de cultivo
(iii) o espessamento das nervuras da alface ou “big- convencional, experimentos foram realizados em campo de
vein”, induzido pelo complexo viral Lettuce big-vein associ- alface (Figura 1), em Pinhalzinho (SP) utilizando-se:
ated virus (LBVaV) e Mirafiori lettuce virus (MiLV), trans(i) três isolados de Trichoderma spp. (IB07/09, IB18/22,
mitidos por fungos de solo do gênero Olpidium.
IB19/17), mantidos por pesquisadores do IB, ainda em
Quanto ao controle dessas doenças, em áreas produtoras de alface, são mais utilizados os métodos de manejo
convencionais como a utilização de sementes e mudas comprovadamente sadias; erradicação de fontes alternativas de
patógenos como plantas daninhas e canteiros abandonados
com plantas velhas de alface; utilização de variedades resistentes e aplicação de fungicida e/ou inseticida. Este último
manejo visa principalmente ao controle dos insetos transFOTO: Lígia M.L. Duarte
D
FOTO: Alexandre L.R. Chaves
40
AGO/2014
Efeito da aplicação de extratos vegetais e
isolados de Trichoderma na produção de alface
AUTORES
1 - Pesquisadora do Centro de P&D de Sanidade Vegetal do Instituto Biológico de SP. Email:- [email protected]
2 - Pesquisadores do Centro de P&D de Sanidade Vegetal do Instituto Biológico de SP.
3 - Pesquisador da APTA Regional/Polo Leste Paulista, em Monte Alegre
do Sul (SP).
4 - Pesquisador da APTA Regional/Polo Leste Paulista, em Monte Alegre
do Sul (SP). Email:- [email protected]
Figura 2 - Planta de Bougainvillea spectabilis (Primavera).
HORTALIÇAS
FOTO: Lígia M.L. Duarte
ao sistema convencional de cultivo de alface, foi obtido,
descontados todos os gastos envolvidos no sistema produtivo, ou seja, 36,4% com mão-de-obra e 63,6% com insumos,
incluindo os agrotóxicos.
Figura 3 - Planta de Mirabilis jalapa (Maravilha).
fase experimental de eficácia, aplicados separadamente;
(ii) um produto comercial a base de Trichoderma harzianum (Trichodermil SC, Itaforte Bioprodutos, Itapetininga, SP) e
(iii) extratos foliares de Primavera (Figura 2) e maravilha (Figura 3), aplicados isoladamente ou em combinação
com os três isolados de Trichoderma.
Os resultados desses tratamentos foram comparados
com os obtidos a partir de plantas tratadas com produtos
químicos.
Simultaneamente, com o objetivo de avaliar a flutuação e densidade populacional dos pulgões vetores do mosaico da alface e tripes vetores do vira cabeça, bem como de
outros insetos, foram utilizadas armadilhas amarelas de impacto (dupla face), durante todo o ciclo da cultura da alface
introduzida na área monitorada.
Nas aplicações dos extratos vegetais separadamente ou
em conjunto com Trichoderma, foram constatados que:
a) - Os isolados de Trichoderma (IB07/09 + IB18/22
+ IB19/17) não tiveram qualquer ação sobre o crescimento
das plantas de alface. Porém, foram observadas reduções na
população de bactérias totais próximas as raízes (rizosfera)
de plantas de alface nos tratamentos:
=> extrato de primavera + três isolados de Trichoderma
=> isolado IB18/22 de Trichoderma.
Nesta avaliação, constatou-se que o isolado IB18/22 de
Trichoderma foi mais eficiente para competir e colonizar a
rizosfera das plantas de alface;
b) - Ocorreu aumento da população de fungos na rizosfera das plantas de alface pulverizadas com extrato de maravilha;
c) - O número de plantas com sintomas de espessamento das nervuras (Figura 5) foi menor nos tratamentos:
=> extrato foliar de Maravilha
=> extrato foliar de Maravilha + os isolados de Trichoderma (IB07/09 + IB18/22 + IB19/17), mostrando que o extrato foliar de maravilha (sozinho ou em combinação com
os isolados de Trichoderma) foi mais eficiente no controle da
virose do que o extrato de primavera;
d) - Um índice de lucratividade de 27,8%, comparado
A presença do mosaico da alface não foi observada,
possivelmente pela recente introdução da cultura da alface
na área monitorada. Porém, desde então, o cultivo de alface
vem sendo intensivamente realizado e, uma vez introduzido
o vírus no campo, é facilmente disseminado para plantas sadias pelo afídeo vetor. Vale lembrar que o LMV é transmitido também por sementes e, como foram constatados cerca
de 60% de espécimes de afídeos, que são potenciais vetores
do LMV, pode haver também um aumento no número de
plantas doentes, comprometendo a produção. No monitoramento da flutuação populacional de insetos vetores,
constatou-se também a presença de tripes (24%), potenciais
vetores do vírus causador da doença vira cabeça, coleópteros
crisomelídeos e cigarrinhas (16%).
Convém ressaltar que a aplicação dos extratos vegetais
e/ou de Trichoderma não atuou sobre a população de insetos
vetores de vírus, mas propiciou às plantas de alface mecanismos de defesa que impedem o avanço da doença na planta e,
consequentemente, a sua disseminação no campo. Por outro
lado, a combinação destes tratamentos permitiu uma modificação nas populações microbianas (fungos e bactérias)
próximos à raiz (rizosfera) e, provavelmente, auxiliou no
controle de fungos do gênero Olpidium, que são responsáveis pela transmissão dos vírus que induzem o espessamento das nervuras em alface (Figura 5).
41
AGO/2014
HORTALIÇAS
FOTO: Alexandre L.R.,Chaves
42
É importante destacar que os experimentos foram conduzidos como parte do PROSAF - Programa de Sanidade em
Agricultura Familiar, coordenado pelo Instituto Biológico,
com a colaboração de pesquisadores da APTA Regional Polo Leste Paulista – Monte Alegre do Sul (SP).
REFERÊNCIAS
AGO/2014
Figura 5 - Sintoma de espessamento das nervuras, causado
pelo complexo de vírus Lettuce big-vein associated virus e
Mirafiori lettuce virus.
Os resultados obtidos também permitiram concluir
que a aplicação de isolados de Trichoderma, especialmente
o IB18/22, durante o processo de plantio, associado à aplicação de extrato foliar de maravilha até o trigésimo dia após o
plantio, pode ser um manejo alternativo recomendado para
a cultura da alface.
Contatou-se que, comparado ao cultivo convencional,
em que foram aplicados produtos químicos como fungicida e
inseticida, o lucro da produção foi maior, uma vez que tanto
os isolados de Trichoderma spp. quanto os extratos foliares
de primavera e maravilha são de fácil aquisição e seguros em
termos de aplicação, meio ambiente e para o consumidor.
Azevedo Filho, J.A.; Lucon, C.M.M.; Duarte, L.M.L.;
Chaves, A.L.R.; Donadelli, A.; Alexandre, M.A.V.; Kano, C.
Efeito da aplicação de maravilha (Mirabilis jalapa), primavera (Bougainvillea spectabilis) e isolados de Trichoderma na
produção de alface. Revista Brasileira de Plantas Medicinais,
v. 13, p. 612-618, 2011.
Cometti, N.N.; Matias, G.C.S.; Zonta, E.; Mary, W.;
Fernandes, M.S. Compostos nitrogenados e açúcares solúveis
em tecidos de alface orgânica, hidropônica e convencional.
Horticultura Brasileira, v. 22, p. 748-753, 2004.
Lucon, C.M.M. Trichoderma no controle de doenças
de plantas causadas por patógenos de solo. Artigo em Hypertexto. Disponível em: Link. 2008. Acesso em: 5/set./2011.
Lucon, C.M.M. Promoção de crescimento de plantas
com o uso de Trichoderma spp. Artigo em Hypertexto. Disponível em: Link. 2009. Acesso em: 5/set./2011.
Matsunaga, M.; Bemelmans, P.F.; Toledo, P.E.N.;
Dulley, R.D.; Okawa, H.; Pedroso, I.A. Metodologia de custo
de produção utilizado pelo IEA. Boletim Técnico do Instituto de Economia Agrícola, v. 23, p. 123-139, 1976.
Noronha Ab; Alexandre, Mav; Duarte, Lml; Vicente,
C. Controle alternativo de fitovírus com a utilização de inibidores naturais. O Biológico, v. 58, p. 7-12, 1996.
A
EMBRAPA Recursos Genéticos e Biotecnologia
desenvolve uma variedade de alface transgênica
capaz de prevenir a má-formação fetal causada
pela carência de ácido fólico. Prevista para chegar
ao mercado em cinco anos, a cultivar tem 15 vezes mais
concentração do nutriente que a convencional. Isso significa que apenas duas folhas suprem 100% da necessidade
diária de um adulto. “Os primeiros ensaios a campo foram
concluídos. A alface transgênica, cultivada em condições comerciais, manteve os níveis de ácido fólico obtidos em laboratório. O desempenho agronômico foi idêntico ao de plantas
convencionais. Agora trabalhamos nos testes com animais”,
diz o pesquisador Francisco Aragão, responsável pelo projeto.
Segundo o CIB - Conselho de Informações sobre Biotecnologia, a EMBRAPA “introduziu na alface um gene da
Arabidopsis thaliana, planta modelo usada em cruzamentos
genéticos. A função desse gene é elevar a produção natural
de ácido fólico na hortaliça. Presente em vegetais verdeescuros, como brócolis e espinafre, a substância (uma forma
FOTO: Leonardo Gottens
Embrapa cria alface transgênica que previne
má formação fetal
de vitamina B) colabora com os processos de multiplicação
celular, como o desenvolvimento fetal”.
“Por essa razão, a suplementação com ácido fólico
é recomendada dois meses antes da concepção até o fim
da gestação. A prática pode prevenir 50% dos casos de má
formação, que, no Brasil, acomete 1,6 bebês em cada mil
nascidos vivos. A anencefalia, acúmulo de líquido amniótico
no cérebro, um dos tipos mais graves, ocorre em 0,6 bebês por
mil nascidos vivos”, completa o CIB. (FONTE: Agrolink)
MEIO AMBIENTE
Proprietários rurais tem até maio 2015
para fazer o Cadastro Ambiental Rural
O
Cadastro Ambiental Rural (CAR) é um instrumento fundamental para auxiliar no processo de
regularização ambiental de propriedades e posses rurais. Consiste no levantamento de informações georreferenciadas do imóvel, com delimitação das
Áreas de Proteção Permanente (APP), Reserva Legal (RL),
remanescentes de vegetação nativa, área rural consolidada,
áreas de interesse social e de utilidade pública, com o objetivo de traçar um mapa digital a partir do qual são calculados
os valores das áreas para diagnóstico ambiental. Segundo a
determinação oficial do Ministério do Meio Ambiente, cerca
de 5,6 milhões de propriedades rurais do País, devem fazer a
inscrição e registro do imóvel, gratuitamente, até 6 de maio
de 2015. O procedimento deve ser feito no site do SiCAR Sistema de Cadastro Ambiental Rural - SICAR
Ferramenta importante para auxiliar no planejamento do imóvel rural e na recuperação de áreas degradadas, o
CAR fomenta a formação de corredores ecológicos e a conservação dos demais recursos naturais, contribuindo para a
melhoria da qualidade ambiental, sendo atualmente utilizado pelos governos estaduais e federal.
No governo federal, a política de apoio à regularização
ambiental é executada de acordo com a Lei nº 12.651, de 25
de maio de 2012, que criou o CAR em âmbito nacional, e de
sua regulamentação por meio do Decreto nº 7.830, de 17 de
outubro de 2012, que criou o Sistema de Cadastro Ambiental Rural - SICAR, que integrará o CAR de todas as Unidades
da Federação.
Na Amazônia, o CAR já foi implantado em vários estados, constituindo-se em instrumento de múltiplos usos
pelas políticas públicas ambientais e contribuindo para o
fortalecimento da gestão ambiental e o planejamento municipal, além de garantir segurança jurídica ao produtor,
dentre outras vantagens. O Ministério do Meio Ambiente
tem trabalhado ativamente para a implementação do CAR
na região, por meio de projetos tais como: Projeto de Apoio
à Elaboração dos Planos Estaduais de Prevenção e Controle
dos Desmatamentos e Cadastramento Ambiental Rural; Projeto Pacto Municipal para a Redução do Desmatamento em
São Félix do Xingu (PA) e Projeto de CAR, em parceria com
a TNC (The Nature Conservancy), este último, encerrado
em dezembro de 2012.
Para mais informações sobre o CAR, acesse o site
www.car.gov.br
43
AGO/2014
CANA DE AÇÚCAR
AGO/2014
D
Edmilson José Ambrosano1,
Fábio Luis Ferreira Dias2 e Fabrício Rossi3
os cultivos mundialmente usados para a produção
industrial de etanol, a cana-de-açúcar produzida
no Brasil tem destaque no cenário internacional
por sua elevada eficiência fotossintética e produtividade nos ambientes tropical e subtropical, o que lhe garante superioridade de balanço energético, por exemplo,
com o etanol produzido a partir de milho.
Com a utilização de adubos verdes em consórcio com
a cana-de-açúcar pode-se suprir, em parte ou totalmente,
os adubos nitrogenados (XAVIER, 2002; TRENTO FILHO,
2009) os quais, por estarem atrelados ao aumento do preço
do petróleo, têm custo muito elevado.
Com o objetivo de caracterizar e avaliar o potencial de
algumas espécies de adubos verdes em integrar um sistema
de produção intercalar com a primeira soqueira da cana-deaçúcar e seu efeito na produtividade, bem como sua capacidade de fixar nitrogênio simbioticamente, o Pólo Centro Sul
(APTA/DDD) vem desenvolvendo trabalhos nessa linha de
estudo no município de Piracicaba (SP).
Há grande perspectiva de utilização da adubação verde
intercalar para garantia de produtividade, além de preservação ambiental e poupança de insumos, principalmente adubos nitrogenados, na cana colhida sem queima. Ressalta-se
que a adubação verde é importante, sobretudo pelo auxílio
na recuperação da fertilidade do solo e controle da erosão
Área de plantio de Crotalaria juncea
AUTORES
1 - Engº Agrº, Dr., PqC do Pólo Regional Centro Sul/APTA. Email: ambrosano@
apta.sp.gov.br
2 - Engº Agrº, Dr., PqC do Centro de Cana/IAC-APTA. Email: [email protected]
3 - Engº Agrº, Dr., Departamento de Biossistemas, FZEA/USP. Email: rossi@apta.
sp.gov.br
* O estudo foi conduzido com apoio do CNPq (Bolsa de produtividade em pesquisa
do primeiro autor) e da PIRAÍ Sementes.
FOTOS: APTA/SAA
44
Adubação verde nas entrelinhas da
primeira soca da cana de açúcar *
(AMBROSANO et al., 2011).
O trabalho foi desenvolvido no período de setembro
de 2001 a agosto de 2003, em área agroecológica do Pólo
do Centro Sul (APTA/DDD), em Piracicaba (SP), (22o42’S,
47o38’W e 560 m de altitude) em um solo classificado como
Latossolo Vermelho eutroférrico, textura média, cujas características químicas em amostras coletadas antes do plantio da cana-de-açúcar, nas profundidades de 0-0,20 e 0,200,40 m, são apresentadas na Tabela 1.
O plantio da cana-de-açúcar foi realizado em setembro
de 2001, utilizando-se do cultivar RB 72-454, com o primeiro corte realizado em setembro de 2002. Nesse corte se
produziu em média 115,50 t/ha. A semeadura dos adubos
verdes foi realizada no final de novembro de 2002, nas entrelinhas da primeira soca em sistema de consórcio.
As plantas utilizadas como adubos verdes foram: mucuna-anã (Mucuna deeringiana (Bort.) Merrill), girassol (Helianthus annuus L.) cv. IAC-Uruguai, Crotalaria ocrholeuca
L., Crotalaria mucronata L., Crotalaria brevifolia L., guanduanão (Cajanus cajan L. Millsp.) cv. IAPAR-43, Crotalaria
juncea L. var. IAC-1, e feijão-de-porco (Canavalia ensiformis DC). Os adubos verdes foram semeados na entrelinha
do canavial, em duas linhas espaçadas de 0,5 m com 10 m
de comprimento. Após 120 dias da semeadura, em março
de 2003, foram amostrados 1 m2 de área útil de cada parcela, para avaliar produtividade de massa de matéria seca
dos adubos verdes.
As leguminosas apresentaram um bom desenvolvimento nas entrelinhas da cana-de-açúcar e não causaram
queda expressiva de produtividade na cultura, com exceção
da Crotalaria juncea que prejudicou a produtividade da
cana-de-açúcar (Tabela 3). Observa-se também que o
Tabela 1: Caracterização química de amostras de solo coletadas antes do início do experimento. Piracicaba (SP), 2003.
PROF.
(m)
pH
M.O. P resina Ca
Mg
K
Al+H Al SB CTC V
(CaCl2) (g.dm-3) (mg.dm-3) -------------------- (mmolc.dm-3) ------------------- (%)
0,0 - 0,2
5,5
19,8
13,2
32,8 21,4 0,64 23,4 10 54,8 78,5 68,4
0,2 - 0,4
5,5
18,8
10,4
28,8 19,2 0,40 25,4 11 48,4 74,1 64,4
CAFÉ
45
AGO/2014
CANA DE AÇÚCAR
FOTOS: APTA/SAA
46
Tabela 2: Massa verde (MV) e seca (MS) de parte aérea,
raízes, produção de sementes, potencial de fixação biológica
do nitrogênio (FBN) e relação carbono: nitrogênio (C/N) dos
adubos verdes utilizados em consórcio nas entrelinhas da primeira soqueira da cana-de-açúcar. Piracicaba (SP), 2003.
TRATAMENTOS
Mucuna-anã
AGO/2014
Parte Aérea
Raízes
Sementes
MV
MS
MV
MS
MS
----------------------- (g/m2) ----------------------*
820 690
127,68
-
FBN
(%)
56
C/N
27
Girassol
1.080
29,90
18,46
C. ochroleuca
2.620 1.070 144,53
47,27
2,52
99
15
C. mucronata
5.230 2.050 247,47
74,53
89,11
90
29
C. breviflora
1.160
91,79
49,55
26,87
88
36
Guandu-anão
2.880 1.020 174,28
68,19
73,29
79
19
C. juncea
136,77
88
21
Feijão-de-porco
6.560 2.820 334,99 118,39
4.810 1.560 53,38 23,15
94,97
76
17
MÉDIA
3.150 1.380 153,76
75,00
82
960
870
57,07
43,72
-
164
FBN=Fixação biológica do nitrogênio; C/N=Relação carbono nitrogênio
*Massa considerando a semeadura em área total. Para efeitos de produtividade real considerar metade da área semeada com adubos verdes.
potencial para suprir ou contribuir para uma adequada nutrição nitrogenada da cana-de-açúcar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Área de plantio de Guandu-Anão.
girassol provocou perdas em produtividade, devendo ser introduzido no sistema de consórcio com os devidos cuidados,
assim como a Crotalaria juncea.
Nota-se da Tabela 2 que a Crotalaria juncea foi uma
das mais produtivas e a que apresentou maior quantidade
de massa seca de raízes, o que pode estar contribuindo para
uma maior competição com a cultura da cana-de-açúcar ocasionando menor produtividade de colmos (Tabela 3).
Vale ressaltar a baixa relação C/N das leguminosas, em
comparação com o girassol (não leguminosa) e o elevado potencial de fixação biológica do nitrogênio, ficando em média
82%, o que significa dizer que do total de nitrogênio presente nas leguminosas utilizadas no experimento cerca de
80% em média, vieram da fixação simbiótica do nitrogênio,
implicando esse fato em economia com adubo nitrogenado.
A exceção da Crotalaria juncea pode-se recomendar o
cultivo intercalar de adubos verdes para cana de primeira
soca. As leguminosas utilizadas apresentaram valor alto para
fixação biológica do nitrogênio indicando assim um grande
AMBROSANO, E. J.; TRIVELIN, P. C. O.; CANTARELLA, H.; AMBROSANO, G. M. B.; SCHAMMASS, E. A. ;
MURAOKA, T.; ROSSI, F. 15N-labeled nitrogen from green
manure and ammonium sulfate utilization by the sugarcane
ratoon. Scientia Agrícola, v. 68, n.3, p. 361-368, 2011.
TRENTO FILHO, E. Consorciação intercalar em linha
com crotalaria e feijão-guandu anão na soqueira de cana-deaçúcar. 2009. 28p. Dissertação (Mestrado) Universidade do
Oeste Paulista.
XAVIER, R. P. Adubação verde em cana-de-açúcar:
influência na nutrição nitrogenada e na decomposição dos
resíduos da colheita. Seropédica, Rio de Janeiro, 2002. 108p.
Dissertação (Mestrado) Universidade Federal Rural do Rio
de Janeiro.
Tabela 3: Toneladas de cana-de-açúcar produzida por hectare
(TCH) do cultivar RB 72-454 cultivado em consórcio com leguminosas adubos verdes. Piracicaba (SP), 2003.
ESPÉCIE DE PLANTA ADUBO VERDE
TCH
(t/ha)
C. ochroleuca
79
Controle (sem adubo verde intercalar)
72
Mucuna-anã
70
Guandu-anão
70
C. mucronata
67
C. breviflora
66
Feijão-de-porco
65
Girassol
59
C. juncea
43
Área de plantio de Mucuna-Anã.
CANA DE AÇÚCAR
Produtores de cana da região de Batatais (SP)
reúnem-se em evento organizado pela CATI
Os organizadores Tec. Agr. Cláudio Enrique Frata (CATI), Roberto Tofeti
(Presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural), Engª Agrª
Sofia de Castro Gouvea Leal (Prefeitura de Batatais) Engª Agrª Drª Amanda
Hernandes Stefani (CATI) e Tercio Tostes (Vice-Presidente do Conselho
Municipal de Desenvolvimento Rural)
Acima, Engº Agrº Mauro Alexandre Xavier, pesquisador do Centro Cana do
IAC. Abaixo, Gley Barbosa Camillo, gerente comercial do CHB Sistemas.
Olívia Conceição Pinheiro Merlin, gerente de Qualidade e Meio Ambiente
da Usina Batatais.
47
AGO/2014
FOTOS: Revista Attalea Agronegócios
A
CATI - Coordenadoria de Assistência Técnica Integral, o Conselho de Desenvolvimento Rural e a
Prefeitura da Estância Turística de Batatais (SP),
com o apoio do Sindicato Rural de Batatais e da
Usina Batatais S/A, realizaram no último dia 16 de agosto
de 2014, a 2ª Reunião dos Produtores de Cana de Batatais
e Região. O evento contou com a participação de cerca de
90 pessoas, entre elas agricultores, engenheiros agrônomos,
técnicos agrícolas, autoridades e outros ligados à cadeia
produtiva da cana-de-açúcar.
A reunião teve início com a palestra do pesquisador Dr.
Mauro Alexandre Xavier, Centro Cana do IAC em Ribeirão
Preto (SP), que abordou os “Sistemas de produção de mudas
pré-brotadas”. Logo a seguir, o Engº Agrº Alberto Adriano
Verruna, gerente corporativo do Grupo Colorado Máquinas
abordou o tema “Agricultura de Precisão”.
Já Olívia Conceição Pinheiro Merlin, gerente de Qualidade e Meio Ambiente da Usina Batatais abordou em palestra o tema “Boas Práticas Ambientais no Cultivo da Cana
de Açúcar”.
Gley Barbosa Camillo, gerente comercial da CHB
Sistemas, abordou o tema “O Software para o Produtor Rural”, seguido da apresentação institucional do Engº Agrº João
Valdir Svertzut Jr, diretor da Coopercitrus.
O município paulista de Batatais possui cerca de
90.000 hectares, sendo que 50.000 são cultivados com canade-açúcar em cerca de 550 propriedades, onde a maior parte
ainda se trata de produtores independentes que apenas são
fornecedores de cana para a Usina.
EQUINOS
Prefeitura lança a 1ª Festa do Cavalo de
Franca (SP) que será realizada em novembro
48
FOTO: Liga de Corridas Hipicas
FOTO: imagem da internet
FOTO: Equestrian Center
FOTO: imagem da internet
C
om a proposta de promover as atividades esportivas
equestres que são praticadas em Franca (SP) e na
região, mas com ênfase nas atividades
econômicas envolvidas na cadeia
produtiva do cavalo - como as indústrias de botas, cintos, selas e demais
artefatos de couro, o prefeito Alexandre Ferreira lançará, em breve, a Festa do Cavalo de Franca, evento que
será realizado no mês de novembro,
no Parque de Exposições “Fernando
Costa” e deve constar no calendário
anual de eventos do Município.
De acordo com Alexandre Ferreira, a diversidade das
atividades esportivas equestres na região, por si só, já justificaria a realização de um evento promocional como este.
“Contudo, queremos também mostrar a representatividade
econômica do Complexo do Agronegócio Cavalo. Estimamos que na região movimenta-se anualmente em torno de
R$ 5 milhões com a comercialização de animais, escolas de
hipismo, provas e eventos diversos, leilões, produção e comercialização de insumos do setor (como roupas, botas, selas, acessórios, ração, medicamentos, feno e pastagem), além
dos empregos diretos de profissionais: médicos veterinários,
zootecnistas, tratadores, transportadores e os diversas pessoas necessárias na equipe operacional. Isto é extremamente
importante para a economia da cidade”, explicou o prefeito.
No evento, a proposta é envolver os participantes das
AGO/2014
escolas de Hipismo Clássico; os participantes do Campeonato Regional de Corridas Hípicas (onde atualmente abriga
competidores de 7 clubes de 8 municípios de São Paulo e
Minas Gerais); os praticantes do Polo Clube de Franca (cidade reconhecida nacionalmente como ‘berço’ dos melhores
jogadores de polo do país); praticantes de Team-Penning e
Ranch Sorting (atividades com manejo de gado que vem crescendo muito na região); os praticantes de Três Tambores
(que envolve milhares de jovens em toda a região, iniciantes
ou não na prática do hipismo); além dos amantes de Cavalgadas e Encontros de Muladeiros.
Além das provas, a Festa do Cavalo de Franca pretende
abrigar estandes comerciais de empresas do setor, shows
musicais e praça de alimentação. “Será um evento que privilegia o lado econômico das atividades, mas também com
opções de diversão e lazer”, explica Carlos Arantes Corrêa,
secretário municipal de Desenvolvimento.
A Festa do Cavalo de Franca será acrescentada aos
demais eventos já existentes do projeto “Franca - Cidade
do Cavalo” - programa criado no início de 2014 pela Administração Municipal como estratégia de marketing para
promoção das atividades equestres esportivas realizadas na
região. Inicialmente, fazem parte do programa as 10 etapas
do Ranking Equestrian Center de Hipismo de Salto (organizado pela Equestrian Center) e a Copa Regional Agroserv
de Três Tambores (organizado pela IL Produções).
EQUINOS
Cidade de Franca (SP) recebe mais uma vez a
Exposição Nacional do Cavalo Mangalarga
O
rganizado pela ABCCRM - Associação Brasileira
dos Criadores de Cavalo da Raça Mangalarga, a
36ª Exposição Nacional será realizada de 17 a 27
de setembro próximo, mais uma vez na cidade de
Franca (SP), nas dependências do Parque de Exposições “Dr.
Fernando Costa”, o qual, dentre outras facilidades e atrativos,
conta com uma infraestrutura excelente, garantindo assim a
segurança e o conforto dos animais e do público presente.
Além dos aguardados julgamentos de morfologia e
andamento, responsáveis por eleger os novos Campeões e
Grandes Campeões Nacionais, a programação incluirá coquetéis, provas funcionais, happy hours, leilões, jantares de
confraternização, exposição fotográfica e até um show especial com a dupla Rio Negro e Solimões.
O presidente da ABCCRM, Mário Alves Barbosa Neto,
destaca que a diretoria vem se empenhando nos últimos três
anos para que a Nacional se caracterize por um ambiente
de camaradagem e de harmonia entre os associados. “Tudo
isso foi pensado para oferecer um encontro especial à comunidade mangalarguista, conciliando o competitivo clima
da pista de julgamento com uma ocasião ímpar de confraternização para todos os apaixonados pelo Cavalo de Sela
Brasileiro”, ressalta o dirigente mangalarguista.
Contando com o apoio direto do Núcleo de Criadores
Mangalarga da Alta Mogiana - ‘capitaneado’ pelo criador
francano Paulo Francisco Gomes Della Torre -, junto com o
diretor Jayme Ignácio Rehder Netto, a Exposição Nacional
definiu a programação e regras para orientar os criadores
interessados em participar do evento.
A expectativa é de superar os números do ano passado,
quando mais de 500 criadores de todo o país e exterior efetivaram 600 inscrições para participação nas provas e julgamentos.
Com vista em incentivar o turismo e a agropecuária, o
prefeito de Franca (SP), Alexandre Ferreira, formalizou parceria com a ABCCRM com vistas a contar com a realização
do evento para os próximos anos. O hotel oficial do evento é
o Tower Franca. Maiores informações no site da ABCCRM:
www.cavalomangalarga.com.br
PROGRAMAÇÃO
Quarta e Quinta-feira
17 e 18/09/2014
07h00 as 18h00 - chegada
dos animais
Sexta-feira - 19/09/2014
09h00 - início do julgamento geral e pelagem
16h30 - abertura oficial
18h00 - cocktail Núcleo Feminino // exposição de fotos Guta Alonso //
abertura das venda de coberturas em prol da ABCCRM
Sábado - 20/09/2014
08h00 - continuação do julgamento geral e pelagem
18h00 - palestra com o Dr. Pagoto (ferrageamento)
19h30 - happy hour camarote Mangalarga
Domingo - 21/09/2014
08h00 - continuação do julgamento geral e pelagem
19h30 - happy hour camarote Mangalarga
Segunda-feira - 22/09/2014
08h00 - continuação do julgamento geral e pelagem
18h00 - jantar de confraternização dos peões
Terça-feira - 23/09/2014
08h00 - continuação do julgamento geral e pelagem
18h00 - happy hour camarote Mangalarga
Quarta-feira - 24/09/2014
08h00 - continuação do julgamento geral e pelagem
18h00 - happy hour camarote Mangalarga
Quinta-feira - 25/09/2014
08h00 - julgamento dos campeonatos: geral e pelagem
19h30 - jantar de confraternização dos criadores // leilão de barrigas em prol
da ABCCRMangalarga // show com Rio Negro e Solimões
Sexta-feira - 26/09/2014
08h00 - julgamento dos campeonatos: geral e pelagem, progênie de pai,
progênie de mãe, conjunto de raça
18h00 - apresentação leilão Gênesis
21h00 - leilão Gênesis
Sábado - 27/09/2014
10h00 - prova mini mirim, mirim, juvenil, feminina e patrão
13h00 - julgamento dos grandes campeonatos: geral e pelagem
encerramento oficial e saída dos animais
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AGO/2014
ARTIGO
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AGO/2014
GARANTIAS NO CRÉDITO RURAL (Parte 2)
- PENHOR MERCANTIL E INDUSTRIAL
Luis Felipe Dalmedico Silveira - Sócio na empresa MTC Advogados. [ [email protected] - www.mtcadv.com.br ]
N
a última edição, demos início a uma série de
colunas que abordará os instrumentos admitidos
pela Lei nº 4.829/65 como aptos a garantir operações de crédito rural. A coluna inicial tratou
do penhor agrícola e pecuário – previstos, respectivamente,
nos incisos I e II da Lei nº 4.829/65. É momento, portanto,
de avançarmos para os dois outros tipos de penhor contemplados pela referida lei: o penhor mercantil e o penhor industrial.
O penhor mercantil e o penhor industrial são tratados de forma indistinta pela legislação comum. A Lei nº
10.406/2002 (Código Civil) trata de ambos os tipos de
penhor, especificamente, nos arts. 1.447 a 1.450. Também
se aplicam a esses dois tipos de penhor as normas comuns
aplicáveis a todas as outras espécies de penhor - inclusive o
penhor agrícola e pecuário de que tratamos em nossa última
coluna -, conforme disposto nos arts. 1.431 a 1.437 do Código Civil. É claro, todavia, que, havendo confronto entre as
normas gerais e as normas especiais, estas prevalecem sobre
aquelas, em razão do chamado “princípio da especialidade”.
Desse modo, não se aplica ao penhor mercantil e ao
penhor industrial, por exemplo, o art. 1.433, I do Código
Civil, segundo o qual o credor pignoratício (no caso do
crédito rural, a entidade financiadora) tem direito à posse
sobre a coisa dada em penhor. E isto porque, especialmente,
aplica-se ao penhor industrial e ao penhor mercantil o disposto no parágrafo único do art. 1.431 do Código Civil, que
dispõe que, em tais casos, “as coisas empenhadas continuam
em poder do devedor”.
Mas como, então, constitui-se o penhor mercantil e o
penhor industrial? No penhor comum, a posse sobre a coisa
dada em penhor é direito do credor pignoratício justamente
porque o penhor comum constitui-se mediante a entrega
efetiva da coisa empenhada. Ocorre que o penhor mercantil
e o penhor industrial incidem sobre “máquinas, aparelhos,
materiais, instrumentos (...) animais utilizados na indústria
(...), produtos de suinocultura, animais destinados à industrialização de carnes e derivados, matérias-primas e produ-
tos industrializados” (art. 1.447 do Código Civil). Tratam-se,
como se vê, de bens vertidos na própria atividade do devedor pignoratício – e que, portanto, deles depende para a
exploração de sua empresa.
Por isso, prevê o art. 1.448 do Código Civil que o
penhor industrial e o mercantil constituem-se a partir do
registro do respectivo contrato no Cartório de Registro de
Imóveis competente – e em se tratando de penhor industrial
e de penhor mercantil para fins de garantia de financiamento rural, basta a celebração do contrato para que a garantia
passe a valer entre as partes (art. 28 da Lei nº 4.829/65). Esse
mecanismo permite, por exemplo, que o produtor rural que
toma crédito junto à instituição financeira permaneça na
posse do bem dado em penhor, dele fruindo e gozando para
fins de exploração de sua atividade.
É preciso estar atento, todavia, às limitações impostas
pela lei quanto à disposição dos bens dados em penhor mercantil ou industrial. Embora autorizado a fazer uso da coisa,
o produtor não poderá, por exemplo, alterar a natureza ou
a substância do bem objeto do penhor sem autorização da
instituição financeira. Muito menos poderá, ainda, alienar
a coisa a terceiros. Se o fizer, deverá substituir os bens alienados ou alterados por outros, conforme dispõe o art. 1.449
do Código Civil.
E isto porque, segundo o art. 1.436, V do Código Civil,
a alienação da coisa empenhada com autorização do credor
pignoratício importa extinção do penhor que recai sobre ela.
Neste sentido, a eventual venda de um maquinário utilizado
na indústria agrícola, por exemplo, sem a necessária autorização por parte da instituição financeira, poderá acarretar,
em caso de inadimplemento do financiamento, na alienação
judicial da coisa, ainda que em posse de terceiro – trazendo
problemas futuros, portanto, na relação entre o devedor pignoratício e o adquirente do maquinário.
Na próxima edição, voltaremos com alguns comentários sobre a hipoteca, enquanto instrumento de garantia
de contratos de financiamento rural.
EQUINOS
Copa Regional Agroserv de Três Tambores
realizou a etapa final em Franca (SP)
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FOTOS: Revista Attalea Agronegócios
AGO/2014
Ivam Lopes de Paula (IL Produções), Ricardo Rodrigues da Silva (diretor
da Agroserv) e a competidora Lael Cristóvão, campeã Avançada.
A
pista nº 2 do Parque de Exposições “Fernando Costa”
recebeu, no último dia 16 de agosto, a etapa final da
Copa Regional Agroserv de Três Tambores, organizado pela IL Produções de Rodeios, do empresário Ivam Lopes
de Paula, que contou com o apoio da Agroserv - revenda de
produtos agropecuários sediada em Patrocínio Paulista (SP)
- e da Prefeitura de Franca (SP). O evento faz parte do programa “Franca - Cidade do Cavalo”.
A Copa contou com com a narração do locutor Edmar
Naves e a sonorização da equipe Montana Sem Limites. Foi
disputada em cinco etapas (Sales Oliveira/SP, Ribeirão Corrente/SP, Ituverava/SP, Orlândia/SP e Franca/SP) e a etapa
final foi um sucesso absoluto. Dividida em duas categorias
A competidora Beatriz Bertanha, com o animal “Louça”, na etapa final.
- Iniciante e Avançada - a final da Copa Regional Agroserv
contou com a participação de 24 competidores e recebeu
uma premiação total de R$ 20 mil, incluindo duas selas profissionais de tambor.
Danilo ‘Montana Sem Limite’, Carlos Arantes Corrêa e Edmar Naves.
52
AGO/2014
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