PROGRAMA DE MESTRADO E DOUTORADO EM FISIOTERAPIA UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO FERNANDA FERREIRA FUHRO ANÁLISE DISCRIMINATIVA E PREDITIVA DO ÖREBRO MUSCULOSKELETAL PAIN SCREENING QUESTIONNAIRE (ÖMPSQ) SHORT–FORM SÃO PAULO 2016 PROGRAMA DE MESTRADO E DOUTORADO EM FISIOTERAPIA UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO FERNANDA FERREIRA FUHRO ANÁLISE DISCRIMINATIVA E PREDITIVA DO ÖREBRO MUSCULOSKELETAL PAIN SCREENING QUESTIONNAIRE (ÖMPSQ) SHORT–FORM Defesa apresentada ao Programa de Mestrado e Doutorado em Fisioterapia da Universidade Cidade de São Paulo, como requisito para obtenção do título de Mestre, sob orientação da Prof. Dra. Cristina Maria Nunes Cabral. SÃO PAULO 2016 Banca Examinadora ________________________________ Prof. Dra. Cristina Maria Nunes Cabral Universidade Cidade de São Paulo ___________________________________ Prof. Dra. Lucíola da Cunha Menezes Costa Universidade Cidade de São Paulo ______________________ Prof. Dr. Ney Meziat Filho Centro Universitário Augusto Motta DEDICATÓRIA Dedico esta dissertação à minha família que são meus principais incentivadores e responsáveis pela minha formação. Ao meu pai, João Martim Fuhro, por ser meu maior exemplo, por todo seu profissionalismo, ética, caráter e responsabilidade em tudo o que faz. À minha mãe, Lucimar Terezinha Ferreira Fuhro, por ser a minha base e por todo o apoio incansável durante todos esses meses, me lembrando que valeria a pena todo o meu esforço e dedicação. AGRADECIMENTOS Sem dúvidas, começarei meus agradecimentos à minha orientadora, Prof. Dra. Cristina Maria Nunes Cabral, por me escolher e acreditar no meu potencial e na minha responsabilidade há seis anos. Obrigada pela confiança no meu trabalho, por todo o seu empenho e comprometimento em me orientar, por toda a sua dedicação, paciência e cuidado em todos esses anos. Devo grande parte da minha formação acadêmica à você e com certeza, também levarei aprendizados pessoais. Entre muitas conquistas, rejeições, medos e desafios, você me fez não desacreditar e me mostrou ferramentas para alcançar o que eu julguei por muitas vezes, inalcançável. Com direito à alguns sustos em meio de uma reta (quase) final, você se mostrou mais do que uma orientadora! Acredito que Deus sabe exatamente quem colocar em nossas vidas. Obrigada mais uma vez pela sua compreensão e por tudo o que colaborou para o meu amadurecimento pessoal. Sempre serei grata e sempre me lembrarei com muito carinho de todos esses anos! Agradeço aos meus pais, por confiarem nas minhas escolhas e por investirem em meu crescimento profissional e pessoal. Por serem meus maiores exemplos de vida e por não me deixarem desacreditar em nenhum momento de que eu seria e sou capaz de realizar meus sonhos. Vocês são a minha força e eu nunca encontrarei formas suficientes de agradecer por tudo o que fazem por mim, amo vocês incondicionalmente. Agradeço a minha grande amiga e parceira Ana Carolina Taccolini Manzoni, por ter sido a maior companheira desde a graduação, por toda a sua atenção e disposição em me ajudar em todos os momentos. À Georgia Freschi por ser uma amiga única e ter me passado tanta força durante todos esses anos, sua ajuda foi indispensável. Também aos meus amigos, César Suzuki, Naiane Teixeira, Yuri Franco, Gisela Cristiane Miyamoto e Indiara Oliveira pela preocupação e disponibilidade em me ajudar nessa última fase. À todos os meus amigos, familiares e colegas que presenciaram de alguma maneira e me incentivaram durante esse período de esforço e dedicação. Agradeço a minha melhor amiga Paula Alves Gonella e ao Anderson Finkbeiner Dal Medico pelo apoio essencial em uma das fases mais difíceis e exaustivas, obrigada pelo incentivo e por me mostrarem quantas vezes tenha sido necessário o quanto sou capaz. Agradeço a equipe do Hospital do Servidor Público Municipal, médicos, fisioterapeutas, colaboradores, por terem me recebido de forma tão agradável e por me ensinarem tantas coisas durante o meu período de coleta de dados. Não poderia deixar de agradecer também dois grandes incentivadores, Maurício Luz e Felipe Ribeiro Cabral Fagundes, por todos os ensinamentos que me passaram até hoje, pela parceria nas pesquisas e pelas experiências incríveis acadêmicas que me proporcionaram. Estarei sempre a disposição no que for preciso. Obrigada à Gabriele Zoldan pela disponibilidade e atenção em aprimorar na minha análise de dados. Por fim agradeço a todos os professores da Universidade Cidade de São Paulo, pelo reconhecimento e compreensão a respeito das dificuldades que passei durante esse período, principalmente ao Prof. Dr. Leonardo Costa. E mais uma vez, agradeço à Deus a oportunidade e por ter me concedido ter saúde em todos esses anos além de força nos momentos mais difíceis. SUMÁRIO PREFÁCIO................................................................................................................ ix RESUMO................................................................................................................... x ABSTRACT............................................................................................................... xi CAPÍTULO 1 – CONTEXTUALIZAÇÃO 1 DOR LOMBAR...................................................................................................... 12 1.1Definição........................................................................................................... 12 1.2 Classificação ................................................................................................... 12 1.3 Epidemiologia.................................................................................................. 13 1.4 Identificação de bandeiras................................................................................ 14 1.5 Prognóstico....................................................................................................... 16 1.6 Tratamento....................................................................................................... 16 2 CLASSIFICAÇÃO EM SUBGRUPOS............................................................... 18 2.1 Classificação em subgrupos com ênfase no prognóstico.................................. 19 3 ANÁLISE DA VALIDADE PREDITIVA........................................................... 22 4 OBJETIVO E JUSTIFICATIVA......................................................................... 25 5 REFERÊNCIAS..................................................................................................... 27 CAPÍTULO 2 RESUMO................................................................................................................... 1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 37 38 2 MÉTODOS............................................................................................................. 39 2.1 Tipo de estudo................................................................................................... 39 2.2 Amostra............................................................................................................. 40 2.3 Instrumentos de medida.................................................................................... 40 2.3.1 ÖMPSQ–Short............................................................................................ 40 2.3.2 Questionário de incapacidade de Roland Morris........................................ 41 2.3.3 Escala numérica de dor............................................................................... 42 2.4 Procedimentos................................................................................................... 42 2.5 Análise estatística............................................................................................. 42 3 RESULTADOS...................................................................................................... 44 4 DISCUSSÃO........................................................................................................... 52 5 CONCLUSÃO........................................................................................................ 56 REFERÊNCIAS....................................................................................................... 57 CAPÍTULO 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... REFERÊNCIAS........................................................................................................ 62 64 ANEXOS.................................................................................................................... 65 ix PREFÁCIO Esta dissertação de mestrado apresenta temas relacionados à dor lombar, abordando sua classificação em subgrupos, a importância da avaliação de fatores biopsicossociais relacionados a dor lombar e o aprofundamento na identificação das bandeiras amarelas através do questionário Örebro Musculoskeletal Pain Screening Questionnaire (ÖMPSQ) Short-Form. É constituída por três capítulos, sendo que cada um deles apresenta a sua própria lista de referências. O Programa de Mestrado e Doutorado em Fisioterapia da Universidade Cidade de São Paulo permite a inclusão de artigos publicados, aceitos, submetidos ou em preparação para publicação em seu formato de publicação ou submissão no corpo do exemplar da dissertação. O capítulo 1 apresenta uma contextualização de temas relevantes relacionados à dor lombar como classificação, apresentação e identificação de bandeiras, prognóstico, custos, tratamento, relevância da validade preditiva, apresentação do questionário ÖMPSQ Short-Form e o objetivo da dissertação. O capítulo 2 consiste na apresentação do artigo científico com os resultados finais do estudo, a ser submetido ao periódico European Journal of Pain. O capítulo 3 apresenta as considerações finais do estudo. Ao final do capítulo 3 foram incluídos os anexos referentes aos instrumentos de medida utilizados durante o estudo, o termo de consentimento livre e esclarecido e as aprovações nos comitês de ética em pesquisa da instituição principal e das coparticipantes. x RESUMO A disponibilização de questionários de dor lombar que auxiliem na predição de desfechos clínicos durante a triagem pode facilitar na escolha e melhor direcionamento da terapia a ser propor. Na atuação primária não existem bases suficientes, tempo e formação necessária de profissionais que possam realizar uma avaliação complementar das variáveis psicológicas envolvidas com a dor lombar. Considerando que o Örebro Musculoskeletal Pain Screening Questionnaire – Short Form (ÖMPSQ-Short) versão português-brasileiro é um questionário de triagem prognóstica que ainda não tem a sua validade preditiva definida, o objetivo deste estudo é analisar a capacidade discriminativa e preditiva do ÖMPSQ–Short em português-brasileiro. O questionário foi aplicado em 150 pacientes com dor lombar não específica aguda, subaguda e crônica (50 pacientes em cada grupo) seguido de um follow-up de seis meses para avaliar a predição do questionário para o risco de desenvolvimento de problemas crônicos considerando afastamento do trabalho, dor e incapacidade. Os outros instrumentos aplicados foram: questionário de incapacidade de Roland Morris, escala numérica de dor, questões demográficas relacionadas ao trabalho e uma questão adicional de afastamento do trabalho. Para determinar o melhor ponto de corte do ÖMPSQ-Short para a população brasileira foi realizada a curva ROC e análise da especificidade e sensibilidade; para avaliar a capacidade discriminativa foram realizadas tabelas de contingência 2x2; e para avaliar a capacidade discriminativa, foram realizadas análises de regressão linear univariadas. O ponto de corte ideal para a população brasileira do ÖMPSQ-Short foi de 44 pontos. Observou-se que o ÖMPSQ-Short classificou melhor os pacientes com alto risco de envolvimento de fatores psicossociais considerando dor. A capacidade de predição, apesar de estatisticamente significante, foi pequena em todos os grupos e variáveis analisadas. Dessa forma, o ÖMPSQ-Short pode ser utilizado para identificar pacientes com altos níveis de dor, mas não para predizer dor, incapacidade e afastamento do trabalho ao longo de seis meses. Palavras-chave: dor lombar, validação, prognóstico, sensibilidade, especificidade xi ABSTRACT The availability of low back pain questionnaires to assist with the prediction of clinical outcomes during a screening assessment would help in the choice and better targeting of the therapy to be proposed. In primary care there is no time and the professionals are not trained to perform the assessment of the psychological variables involved with low back pain. The Örebro Musculoskeletal Pain Screening Questionnaire-Short Form (ÖMPSQ-Short) Brazilian-Portuguese version is a screening questionnaire that assesses prognosis, despite not having the predictive validity defined. The objective of this study is to analyze the discriminative and predictive capacity of the ÖMPSQ-Short in Brazilian-Portuguese language. The questionnaire was applied in 150 patients with acute, subacute and chronic non-specific low back pain (50 patients in each group) followed by six month follow-up to evaluate the prediction of the questionnaire to the risk of developing chronic problems considering absenteeism, pain and disability. The Roland-Morris disability questionnaire, pain numerical rating scale, demographic issues related to work and an additional issue of absence from work were also applied. To determine the best cutoff point of ÖMPSQ-Short for the Brazilian population, ROC curve analysis and specificity and sensitivity were performed; to evaluate the discriminative capacity, contingency tables 2x2 were performed; and to evaluate the discriminative capacity, univariate linear regression analyzes were performed. The best cutoff for the ÖMPSQ-Short for the Brazilian population was 44 points. It was observed that the ÖMPSQ-Short was better to classify the patients at high risk of involvement of psychosocial factors considering pain. The predictive capacity, although statistically significant, was small in all groups and variables. Thus, the ÖMPSQ-Short can be used to identify patients with high levels of pain, but not to predict pain, disability and absence from work over six months. Keywords: low back pain, validation, prognosis, sensitivity, specificity 12 CAPÍTULO 1 – CONTEXTUALIZAÇÃO 1 DOR LOMBAR 1.1 Definição A dor lombar é a designação de qualquer dor e/ou desconforto localizada abaixo da margem costal e acima da região glútea, sendo ou não acompanhada de irradiação para os membros inferiores1. De acordo com a literatura, a dor lombar representa um importante problema de saúde, sendo relacionada a altos custos ao paciente e à sociedade como também a elevados níveis de absenteísmo no trabalho, além de ser uma condição comum na prática clínica2, 3. Sendo assim, a dor lombar contribui para grandes custos sociais e econômicos à sociedade, representando um problema de saúde pública4. 1.2 Classificação A classificação da dor lombar pode ser realizada de acordo com a sua etiologia, assim como a duração dos seus sintomas. Em relação a etiologia, a dor lombar pode ser classificada em três grupos: 1) dor lombar não específica, relacionada à dor de origem musculoesquelética, apresentando dor entre as margens costais e prega glútea inferior com ou sem irradiação para membros inferiores, variando com o tempo e com atividade física, representando aproximadamente 95% dos casos; 2) dor lombar por compressão de raiz nervosa, responsável por menos de 5% dos casos; e 3) dor lombar por doenças severas da coluna vertebral incluindo doenças inflamatórias (espondilite anquilosante, tumores, fraturas e infecções), correspondendo por cerca de 1% dos casos5. Quanto ao tempo de duração de seus sintomas define-se em dor lombar aguda (até seis semanas), subaguda (de seis a 12 semanas) e crônica (mais de 12 semanas)1. A dor lombar não específica também pode ser classificada como aguda ou subaguda quando a presença da 13 dor é superior a um dia e inferior a três meses, precedida por um período de, pelo menos, um mês sem dor6, 7. 1.3 Epidemiologia A dor lombar está entre as 10 principais causas de anos vividos com incapacidade com um aumento importante em 20 anos na população mundial (19902010)8. Além disso, a dor lombar apresenta uma alta prevalência quando comparada com outras disfunções musculoesqueléticas, sendo a sua prevalência pontual estimada em 11,9% e prevalência nos últimos 30 dias em 23,2% 9, 10. É considerada um problema de saúde pública global, com estimativa de 632 milhões de pessoas com presença do sintoma em todo o mundo10. É a segunda condição de saúde mais citada entre a população brasileira segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística11 e a terceira maior causa de anos afastados do trabalho quando comparada a outras condições de saúde12. Estudo brasileiros de prevalência da dor lombar apresentam valores de prevalência pontual de 14,7%13 e nos últimos 12 meses de 63,1%14. No Brasil não há dados referentes aos custos com o tratamento da dor lombar. No entanto, de acordo com a literatura, as evidências referem que apesar de não existir uma relação entre o aumento nos custos com o tratamento da dor lombar e o tempo de comprometimento funcional em pacientes crônicos4, há uma diminuição significativa dos custos quando os pacientes são encaminhados e tratados de maneira adequada logo no início dos sintomas15, 16. Nos Estados Unidos, os custos diretos (consultas médicas, exames diagnósticos, internações, serviços de emergência e medicamentos) e indiretos (absenteísmo, aposentadoria precoce, licença por doença, comprometimento do desempenho funcional e ocupacional e prejuízos de produção) são responsáveis por gastos de cerca de 100 14 bilhões de dólares anuais17, enquanto os afastamentos do trabalho geram uma perda de aproximadamente 149 milhões de dias de trabalho anualmente18, correspondendo a uma perda de produtividade de aproximadamente 28 bilhões de dólares19, 20 . No entanto, ainda em um estudo realizado nos Estados Unidos, os autores relatam que a maior parte dos custos com a dor lombar crônica ocorreu devido ao aumento na sua prevalência21. Outros estudos também apresentam resultados com altos gastos. Em 1991, na Holanda, os custos indiretos associados com incapacidade e absenteísmo causados pela dor lombar foram os mais altos em relação a outras doenças22. No Reino Unido, no ano de 1998, a dor nas costas apresentou o maior gasto econômico quando comparada a outras doenças23. A dor nas costas é a segunda principal causa de perda de produtividade, ficando abaixo apenas do relato de dor de cabeça24. De acordo com estudo realizado há cinco anos no Brasil, a dor nas costas idiopática foi a primeira causa de invalidez entre as aposentadorias previdenciárias e acidentárias, em que a maioria dos beneficiários eram residentes de área urbana e comerciantes. O estudo apresentou que no Brasil, a taxa de incidência de dor nas costas como causa das aposentadorias por invalidez foi de 29,96 por 100.000 contribuintes, sendo esse valor mais alto entre as pessoas de maior idade e homens no ano de 2007, apresentando grandes diferenças entre um estado e outro25. 1.4 Identificação de bandeiras Em casos onde existe o risco de cronificação da dor lombar relacionado a fatores psicossociais, o tratamento baseado em informações anatômicas e fisiológicas não é indicado, demonstrando um possível desacordo com o sistema de saúde atual durante as 15 condutas terapêuticas com esses pacientes. Para a avaliação do envolvimento desses fatores psicossociais recomenda-se a identificação de sinais clínicos (bandeiras)5. As bandeiras vermelhas são sinais e sintomas clínicos (por exemplo: febre, sintomas neurológicos, trauma, deformidade estrutural) que podem ser indicativo de doenças graves da coluna vertebral como tumores, infecções ou doenças inflamatórias graves5. Se o paciente está nessas condições, deve ser encaminhado para uma avaliação médica mais específica. Nesse caso, a realização de exames complementares, como de imagem, tem um papel importante. As bandeiras amarelas indicam o envolvimento de fatores relacionados às condições psicossociais e de ambiente de trabalho que podem contribuir com a manutenção dos sintomas a longo prazo26. Esses fatores englobam as atitudes e crenças do paciente relacionadas à condição, comportamento, humor, depressão e aspectos familiares e trabalhistas como importantes fatores prognósticos de pacientes com dor lombar não específica aguda e subaguda5, 27. As condições relacionadas ao trabalho são divididas em outras duas subclassificações: as bandeiras pretas, que indicam as condições do local de trabalho que podem contribuir para a incapacidade do paciente, e incluem tanto características da relação empregado-empregador quanto das demandas físicas do trabalho em questão; e as bandeiras azuis, que indicam fatores relacionados a percepção individual do trabalho pelo paciente28. Alguns estudos epidemiológicos indicam que fatores psicológicos, trabalhistas, pessoais, além de atitudes e crenças sobre a dor lombar, são importantes ao avaliar cronificação da dor e incapacidade27, 29 . Assim, a identificação de sinais clínicos, ou bandeiras, que indiquem o envolvimento de fatores biopsicossociais é recomendada na avaliação clínica do paciente5. 16 1.5 Prognóstico O prognóstico da dor lombar aguda é favorável nas primeiras seis semanas em relação à dor e incapacidade30. Desse momento em diante, a melhora é menos notável com pequenos níveis residuais após um ano e a possibilidade de se tornar uma dor lombar crônica associada à dor e incapacidade30. Para a dor lombar crônica, o prognóstico também é favorável nas primeiras seis semanas, porém, há uma menor diminuição nos níveis de dor e incapacidade após este ponto em relação à dor lombar aguda, podendo-se esperar dor e incapacidade de leve a moderada após um ano30. Segundo um estudo de coorte31 realizado em 2009, com uma amostra de 973 pacientes com presença de dor lombar crônica, a melhora da dor pôde ser observada em um terço dos pacientes no período de um ano. Os pacientes que apresentam baixo nível educacional, autopercepção de ser uma pessoa em risco de desenvolvimento de dores persistentes e altos índices de dor e incapacidade no início dos sintomas, também possuem um prognóstico menos favorável30, 31 . A dúvida sobre qual o melhor tipo de tratamento para pacientes classificados de acordo com o risco de cronificação ainda permanece em questão. O diagnóstico detalhado e específico do paciente com dor lombar auxilia no pensamento clínico do terapeuta e na tomada de decisão em sua conduta 30-32. 1.6 Tratamento Na presença de dor lombar aguda, recomenda-se informar e orientar o paciente de forma adequada para que ele permaneça ativo e sem interromper suas atividades diárias e profissionais, como exemplo, utilizar cartilhas educativas. O repouso, exercícios específicos, tração, terapia comportamental, massagem, estimulação elétrica nervosa transcutânea, ultrassom, laser e acompanhamento multidisciplinar não são 17 recomendados1, 33. Em relação à dor lombar subaguda, é recomendado acompanhamento multidisciplinar, exercícios e restauração funcional com terapia comportamental34. Para a dor lombar crônica, é recomendada a prescrição de medicamentos (anti-inflamatórios não esteróides, opióides fracos, relaxantes musculares e antidepressivos), exercícios supervisionados, terapia comportamental, terapia manual, intervenções educativas (Back School) e acompanhamento multidisciplinar. Não são recomendados massagem, recursos físicos e tração3, 33, 34. Três revisões sistemáticas que investigaram o papel de variáveis psicológicas na dor lombar mostraram evidências da depressão como um preditor de resultados insatisfatórios como o desenvolvimento da cronificação, incapacidade e absenteísmo no trabalho35-37. Uma revisão sistemática com metanálise recente38 sugere que pacientes que apresentam maiores níveis de sintomas de depressão têm um risco maior de desenvolver dor lombar em comparação com aqueles que não estão deprimidos ou possuem baixos níveis de sintomas depressivos. De acordo com a literatura, a depressão afeta cerca de 121 milhões de pessoas adultas no mundo39 e segundo a Organização Mundial de Saúde, estima-se que em 2030 a depressão será responsável pelo mais alto índice de incapacidade entre todas as doenças em ambos os países desenvolvidos e subdesenvolvidos40. Custos diretos de saúde com a dor lombar são mais altos em pacientes com depressão e geralmente associados a uma abordagem mais complexa de diagnóstico e tratamento38. Uma vez que a dor lombar está associada a alterações psicossociais como crenças e medos sobre dor, depressão e ansiedade3, 41, é importante considerar que essas alterações podem afetar de maneira direta a incapacidade e a dor de pacientes com dor lombar, consequentemente influenciando no seu prognóstico e tratamento33, 42, 43. Sendo 18 assim, confirma-se a relevância da recomendação sobre a necessidade da identificação das bandeiras amarelas que indiquem o envolvimento de fatores biopsicossociais na avaliação do paciente5. 2 CLASSIFICAÇÃO EM SUBGRUPOS Existe um grande interesse em pesquisas que auxiliem a entender detalhadamente os subgrupos de pacientes para predizerem de qual tratamento mais se beneficiarão, sendo considerado como prioridade de pesquisa para dor lombar44, 45. A avaliação de pacientes classificados em subgrupos de tratamento de acordo com a duração dos sintomas, comportamento da dor e/ou fatores de risco associados pode facilitar a tomada de decisão clínica e a construção de um raciocínio clínico adequado, como também minimizar a preocupação dos pacientes sobre a sua própria condição, auxiliar a diminuição de gastos com exames diagnósticos e predizer o prognóstico da evolução da condição46, 47. Os modelos de estratificação em subgrupos descritos na literatura são baseados no mecanismo, em que os pacientes recebem o tratamento baseado no mecanismo de dor que pode ser instabilidade, fratura ou causa anatomopatológica; no prognóstico, cuja ênfase está em informar o paciente sobre o seu risco em desenvolver incapacidade crônica; e na capacidade de resposta ao tratamento, em que a informação é obtida a partir de aspectos encontrados na história do paciente em seu exame físico e outros resultados de testes, para guiar o paciente de acordo com uma possível capacidade de resposta a um tratamento específico. Esses modelos são destinados a adaptar decisões terapêuticas visando aprimorar o benefício do tratamento e aumentar a eficiência dos 19 cuidados de saúde, oferecendo um melhor cuidado específico para cada um dos pacientes e em seu tempo certo48. Para entender melhor a importância da classificação em subgrupos, no Reino Unido foi realizada uma pesquisa49 com pacientes com dor lombar em seu primeiro contato com profissionais clínicos. Foi demonstrado que a escolha do melhor tratamento orientada por um instrumento de triagem com base em fatores psicossociais tem uma importância fundamental para uma melhor conduta no tratamento da dor lombar, gerando custos menores quando comparados à conduta tradicional de tratamento da dor lombar, mais benefícios em relação à qualidade de vida dos pacientes e à função49. Considerando que a dor lombar engloba uma população heterogênea, com variações em seus prognósticos e inúmeras opções de tratamento, é considerada uma condição clínica ideal para classificação em subgrupos, uma vez que parte desses prognósticos está associada a riscos maiores50-52. Além disso, o número de pacientes com dor lombar é elevado, o que dificulta tratamentos intensivos em recursos para todos48. 2.1 Classificação em subgrupos com ênfase no prognóstico A classificação em subgrupos de acordo com o prognóstico dos pacientes tem demonstrado alterações no comportamento dos médicos e pacientes para a conduta a ser seguida, além de redução de custo49, 53. Os questionários disponíveis até o momento para classificação com relação ao prognóstico são: a Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF)54; Subgroups for Targeted Treatment (STarT) Back Screening Tool55; Örebro Musculoskeletal Pain Screening Questionnaire (ÖMPSQ)56 e ÖMPSQ Short-Form (ÖMPSQ-Short)57. No entanto, a classificação da CIF não possui função de 20 triagem e sim de classificação funcional do paciente, enquanto que o STarT, apesar de classificar os pacientes em subgrupos, não avalia o risco de afastamento para o trabalho, que é um fator importante a ser considerado para a predisposição da cronificação futura. O ÖMPSQ é um questionário que tem por objetivo identificar o risco de desenvolvimento da dor lombar crônica e incapacidade relacionado a fatores psicossociais, ou seja, as bandeiras amarelas58. É composto por itens selecionados a partir de uma revisão59 que identificou importantes fatores de risco relacionados ao afastamento do trabalho e incapacidade. Esses itens são relacionados aos fatores de risco de cronificação em pacientes com dor lombar, tais como: intensidade da dor, função, variáveis psicológicas, crenças relacionadas ao medo do movimento e questões demográficas, ambientais e relacionadas ao trabalho. São 25 questões que compõem o ÖMPSQ, sendo quatro questões demográficas e as demais pontuadas de acordo com uma escala do tipo Likert de 11 pontos. O escore total varia de 2 a 210 pontos, em que valores maiores indicam um alto risco de cronificação56. O ÖMPSQ-Short é um questionário com o mesmo objetivo do ÖMPSQ para avaliação de fatores de risco57. É considerado um questionário de rastreio precoce para uso em ambientes de atenção primária, com ênfase no trabalho e na previsão de incapacidade para o trabalho, sendo considerado um questionário referência de triagem, de importância considerável para o paciente e sociedade57. Ao compararmos com a versão original, o questionário ÖMPSQ-Short pode ser concluído mais rapidamente, além de ter aplicação mais fácil. Assim, o questionário é apropriado para triagem e estudos epidemiológicos. Além disso, o questionário tem sido recomendado para servir como um guia para discutir a situação clínica com o paciente60, 61, uma vez que a versão 21 é mais curta que a original e a idéia do rastreio precoce é identificar se um paciente necessita de uma avaliação mais aprofundada e/ou uma intervenção mais específica. O ÖMPSQ-Short foi traduzido e adaptado para o português-brasileiro e teve suas propriedades de medida avaliadas pelo nosso grupo de pesquisa, em que demonstrou consistência interna adequada (alfa de Cronbach = 0,72), confiabilidade substancial (coeficiente de correlação intraclasse tipo 2,1 = 0,78; intervalo de confiança a 95% = 0,61 a 0,84), concordância boa (erro padrão de medida = 6,67 pontos), ausência de efeitos de teto e piso e boa correlação com incapacidade e moderada correlação com dor e cinesiofobia62. O ÖMPSQ-Short é composto por 10 itens que foram selecionados a partir de uma revisão que identificou importantes fatores de risco relacionados ao afastamento do trabalho e incapacidade63. Cada fator de risco possui duas questões correspondentes. Todas as questões são respondidas em uma escala numérica que varia de 0 a 10, exceto pela questão 1, que varia de 1 a 10. As questões 1 e 2 são relacionadas à dor, as questões 3 e 4 são relacionadas à função percebida, as questões 5 e 6 são relacionadas ao estresse, as questões 7 e 8 à expectativa de retorno ao trabalho e as questões 9 e 10 às crenças e medo do movimento. O escore total é realizado a partir da soma das questões, sendo que as questões 3, 4 e 8 têm a pontuação invertida. A pontuação total do questionário varia de 1 a 100 pontos. De acordo com o ponto de corte sugerido em um estudo inglês57, pacientes que obtêm escores de 1 a 50 pontos são considerados de baixo risco e de 51 a 100 são classificados como de alto risco de afastamento de 14 dias do trabalho nos próximos seis meses57. 22 3 ANÁLISE DA VALIDADE DISCRIMINATIVA E PREDITIVA Os testes e medidas clínicas nem sempre são capazes de auxiliar na confirmação ou exclusão de uma doença específica58. Sendo assim, a disponibilização de instrumentos que auxiliem com a predição de desfechos clínicos durante uma avaliação de triagem facilitaria na escolha e melhor direcionamento da terapia a ser proposta58. A validade preditiva pode ser relatada através de valores preditivos positivos e valores preditivos negativos, sensibilidade e especificidade e das medidas diagnósticas de razão de verossimilhança64, 65 . Também é possível analisar a validade preditiva de questionários por meio de análises de regressão66. Estudos anteriores58, 67 , que analisaram a validade preditiva do ÖMPSQ e do STarT, também realizaram análise da sensibilidade e especificidade e da razão de verossimilhança. Um estudo66 realizado em 2013 avaliou a validade preditiva da versão chinesa do ÖMPSQ na identificação de pacientes com dor lombar em risco de desenvolver incapacidade para o retorno ao trabalho. Foram incluídos 241 pacientes com dor lombar não específica aguda ou subaguda, sendo avaliados no início do estudo com os instrumentos ÖMPSQ, questionário de incapacidade de Roland Morris, escala numérica de dor, escala de percepção do efeito global e Fear avoidance beliefs questionnaire, em que foi considerado o seu atual estado de trabalho, acidentes de trabalho e afastamento e também o início do tratamento com fisioterapia. Após realizarem a fisioterapia, 173 pacientes finalizaram o tratamento e receberam alta, enquanto 68 deram início ao tratamento e não o concluíram. A escala numérica de dor, o questionário de incapacidade de Roland Morris e a escala de percepção do efeito global foram respondidos novamente por esses pacientes após a alta da fisioterapia. O follow-up foi realizado por telefone após um ano (n = 220) em que foram avaliados os desfechos retorno para o trabalho e duração do afastamento durante esse período. O estudo 23 encontrou uma pontuação média do ÖMPSQ de 112 (DP = 26,5) pontos no baseline, de um total de 210 pontos. Para retorno ao trabalho, foram verificados valores acima da curva ROC de 0,693 (IC 95% = 0,623 a 0,763), o que foi considerado estatisticamente significante. O ponto de corte de 105 apresentou uma sensibilidade de 50,3% e uma especificidade de 21,4% para predizer corretamente o retorno ao trabalho e também foi verificado valor acima da curva de 0,714 (IC 95% = 0,644 a 0,783) para a duração do afastamento do trabalho, que foi estatisticamente significante. Para predizer o afastamento, o ponto de corte de 105 do ÖMPSQ apresentou uma sensibilidade de 76,1% e uma cidade especificidade de 41,6%. De acordo com as análises de regressão desse mesmo estudo, o ÖMPSQ foi o único instrumento que pôde prever de forma significativa uma diminuição da probabilidade de retorno ao trabalho (Odds ratio = 0, 975, IC 95% = 0,960 a 0,990, p = 0,001) e o afastamento do trabalho a longo prazo (Odds ratio = 1,022, IC 95% = 0,996 a 1,049, p = 0,002) ao ser comparado com os outros instrumentos, como por exemplo, o questionário de incapacidade de Roland Morris. Como conclusão o estudo apresenta que, para população chinesa, o questionário ÖMPSQ foi mais eficaz na identificação de pacientes de alto risco encaminhados para a reabilitação multidisciplinar, a fim de evitar o desenvolvimento de uma possível cronificação66. Em 2003, a validade preditiva do ÖMPSQ original foi analisada58. O objetivo do estudo foi avaliar a capacidade do ÖMPSQ em identificar pacientes que teriam afastamento do trabalho, explorar a análise preditiva como uma forma de fornecer informações sobre a capacidade do questionário em prever o resultado, incluindo dor e função, além da incapacidade para o trabalho medida através do afastamento. Os pacientes foram seguidos por um follow-up de seis meses e um item sobre a situação 24 atual do trabalho foi adicionado também às perguntas. O ÖMPSQ identificou corretamente 68% dos pacientes classificados em um dos três grupos para absenteísmo do trabalho (sem licença médica por doença, de um a 30 dias de licença e superior a 30 dias), 81% para função e 71% para a dor em um de dois grupos (recuperado e não recuperado). A análise do estudo também demonstrou uma nota de corte de 90 pontos com uma sensibilidade de 89% e uma especificidade de 65% para absenteísmo do trabalho por doença e sensibilidade de 74% e especificidade de 79% para a incapacidade. O estudo concluiu que o questionário é de valor para pacientes com necessidade de intervenções precoces e pode promover o uso apropriado de intervenções para pacientes com fatores de risco psicológicos. No entanto, o ÖMPSQ já foi adaptado para uma versão curta57 (ÖMPSQ-Short), que ainda não tem a sua validade discriminativa e preditiva determinada. O uso de instrumentos de triagem adequados e de rápida aplicação pode ser considerado como a melhor forma prévia de conduzir os pacientes com dor lombar para um tratamento mais específico e melhor direcionado. Portanto, ressaltamos a importância em analisar a validade preditiva do ÖMPSQ-Short e estipular um ponto de corte adequado para a população brasileira para predizer o risco de cronificação ao considerar a predição do instrumento para os desfechos de dor, incapacidade e afastamento do trabalho ao longo do tempo61. Assim, será possível aprimorar o conhecimento sobre a possibilidade do risco de cronificação e direcionar o melhor tratamento para o paciente com dor lombar. 25 4 OBJETIVO E JUSTIFICATIVA O objetivo deste estudo é analisar a validade discriminativa e preditiva do ÖMPSQ–Short para o risco de desenvolvimento de problemas crônicos, considerando dor, incapacidade e afastamento do trabalho no período de seis meses em pacientes com dor lombar não específica aguda, subaguda e crônica. A literatura sugere que o risco de desenvolvimento da cronificação está diretamente relacionado às variáveis psicológicas, considerando que os fatores psicossociais são potentes fatores de risco principalmente na transição de uma dor aguda para crônica37, 68, 69. Sendo assim, os fatores psicossociais devem ser considerados na identificação precoce de pacientes em risco de desenvolver uma dor crônica. Esses fatores, também conhecidos como “bandeiras amarelas”, representam variáveis que podem impedir uma possível recuperação, tais como atitudes e crenças do paciente relacionadas à condição, comportamento, humor, depressão e aspectos familiares e trabalhistas58. As variáveis psicológicas ou bandeiras amarelas são normalmente avaliadas a partir de entrevistas, em que se tem um maior detalhamento do caso clínico dos pacientes, mas que demandam tempo. Como não é possível sistematizar a maneira com que essas entrevistas são realizadas, os seus resultados podem ser questionáveis, o que aumenta a necessidade de instrumentos que possam fornecer uma primeira avaliação dessas variáveis56. Na atuação primária, não existem bases suficientes, tempo e formação necessária de profissionais que possam realizar uma avaliação completa e detalhada dessas variáveis58. Isso reforça a necessidade de utilizar ferramentas complementares e breves, aumentando a importância dos instrumentos que avaliam fatores psicossociais em pacientes com dor lombar, uma vez que a avaliação de fatores psicossociais 26 relacionados ao risco de cronificação em pacientes com dor lombar deve ser feita por meio de instrumentos adequados. Dessa forma, possivelmente, o ÖMPSQ-Short poderá ser utilizado como um complemento na avaliação das bandeiras amarelas para o exame clínico padrão, após analisar a sua validade preditiva, considerando que é um instrumento de avaliação simples e de rápida aplicação. 27 REFERÊNCIAS 1. van Tulder M, Becker A, Bekkering T, Breen A, del Real MT, Hutchinson A, et al. Chapter 3. European guidelines for the management of acute nonspecific low back pain in primary care. Eur Spine J. 2006;15(2):S169-91. 2. Henschke N, Ostelo RW, van Tulder MW, Vlaeyen JW, Morley S, Assendelft WJ, et al. Behavioural treatment for chronic low-back pain. 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CAPÍTULO 2 - ARTIGO ANÁLISE DISCRIMINATIVA E PREDITIVA DO ÖREBRO MUSCULOSKELETAL PAIN SCREENING QUESTIONNAIRE (ÖMPSQ) SHORT–FORM Autores: Fernanda Ferreira Fuhro1, Felipe Ribeiro Cabral Fagundes1, Ana Carolina Taccolini Manzoni1 , Cristina Maria Nunes Cabral1* 1 Programa de Mestrado e Doutorado em Fisioterapia - Universidade Cidade de São Paulo, São Paulo SP, Brasil Estudo realizado com concessão de bolsa de mestrado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP – 2014/13620-0) * Autor Correspondente: Rua Cesário Galeno 448/475, CEP 03071-000, Tatuapé, São Paulo, SP, (11) 2178 1565, [email protected] 37 RESUMO A classificação em subgrupos considerando o prognóstico é uma opção para o tratamento de pacientes com dor lombar crônica não específica. O questionário Örebro Musculoskeletal Pain Screening Questionnaire – Short Form (ÖMPSQ–Short) versão português-brasileiro é um instrumento de triagem prognóstica em relação ao risco de afastamento do trabalho em que avalia dor e incapacidade considerando os fatores psicossociais, que ainda não tem a sua validade discriminativa e preditiva definida. Assim, o objetivo deste estudo foi analisar a validade discriminativa e preditiva do ÖMPSQ–Short versão português-brasileiro. O questionário foi aplicado em 150 pacientes com dor lombar não específica aguda, subaguda e crônica (50 pacientes em cada grupo) seguido de um follow-up de seis meses para avaliar a capacidade de predição do questionário, considerando afastamento do trabalho, dor e incapacidade. Outros instrumentos aplicados foram o questionário de incapacidade de Roland Morris, escala numérica de dor, questões relacionadas ao trabalho e uma questão adicional de afastamento do trabalho. Para determinação do ponto de corte, foi realizada análise da curva ROC, sensibilidade e especificidade do ÖMPSQ–Short em cada um dos grupos para obter valores da área abaixo da curva e o valor de p. O ponto de corte mais apropriado para a população brasileira foi de 44 pontos. Através da análise das tabelas de contingência 2x2 foi possível observar que o ÖMPSQ–Short foi melhor para classificar pacientes de alto risco com relação à dor. A capacidade de predição foi avaliada pela análise de regressão linear univariada. O ÖMPSQ-Short mostrou-se capaz de predizer dor, incapacidade e afastamento do trabalho nos pacientes agudos e crônicos e somente dor e incapacidade nos subagudos, porém com uma capacidade de predição pequena. Assim, o ÖMPSQ-Short não deve ser considerado um questionário recomendado para predição de dor, incapacidade e afastamento do trabalho ao longo de seis meses, mas recomendamos utilizá-lo como guia para discutir a condição clínica do paciente. Palavras-chave: validação, dor lombar, prognóstico, sensibilidade, especificidade 38 1. INTRODUÇÃO A dor lombar apresenta uma alta prevalência quando comparada com outras disfunções musculoesqueléticas, sendo a sua prevalência pontual estimada em 11,9% e prevalência nos últimos 30 dias em 23,2%[1, 2]. A realização de um diagnóstico adequado da dor lombar é importante para excluir doenças graves, direcionar o tratamento e predizer o prognóstico dos pacientes e é considerada uma decisão complexa na prática profissional[3]. A grande variedade de características físicas e psicossociais presentes na dor lombar tem sido considerada como um fator prognóstico potencialmente relevante[4]. Diretrizes de prática clínica em dor lombar destacam a necessidade dos profissionais considerarem influências psicossociais quando examinam um paciente[5, 6]. Além disso, uma das prioridades de pesquisa atuais para dor lombar é a realização de estudos que auxiliem a entender os subgrupos de pacientes para predizerem em qual tratamento mais os pacientes se beneficiarão[7, 8]. Uma das formas de classificação de pacientes com dor lombar em subgrupos é considerando os fatores de risco psicossociais[5]. O Örebro Musculoskeletal Pain Screening Questionnaire – Short Form (ÖMPSQ–Short) é um questionário para uso em ambientes de atenção primária, que possibilita a classificação de pacientes com dor lombar de acordo com o prognóstico[9]. Possui ênfase no trabalho e na previsão de incapacidade para o trabalho, sendo considerado um questionário referência de triagem, de importância considerável para o paciente e sociedade, além de ser recomendado para servir como um guia para discutir a situação com o paciente[10, 11]. A classificação de pacientes em subgrupos com base no risco prognóstico tem mostrado resultados promissores e está sendo recomendada na prática clínica internacional[12]. Porém, a falta de modelos preditivos faz com que os profissionais de saúde confiem mais em sua 39 experiência e, consequentemente, no seu julgamento subjetivo ao estabelecer o prognóstico do paciente[13]. A validade preditiva do ÖMPSQ original já foi analisada[14] e buscou verificar a capacidade do questionário em identificar pacientes que teriam absenteísmo do trabalho e analisar a sua predição com relação à dor e incapacidade. O estudo concluiu que o questionário é de valor para predizer incapacidade (sensibilidade de 74% e especificidade de 79%) e absenteísmo do trabalho (sensibilidade de 89% e especificidade de 65%) com um ponto de corte de 90, mas não é um bom preditor para dor. A maioria dos estudos[15-18] publicados sobre o ÖMPSQ foram realizados na Europa e Ásia[19], porém não se sabe se esse questionário, com o ponto de corte de 90 pontos, também pode ser utilizado de forma adequada na população brasileira. O ÖMPSQ–Short foi traduzido para o português-brasileiro e teve suas propriedades de medidas avaliadas[20] e, apesar de ter aplicação simples e rápida, ainda não se conhece a sua capacidade de predição. Assim, o objetivo deste estudo é analisar a validade discriminativa e preditiva do ÖMPSQ–Short para o risco de prognóstico comprometido por envolvimento de fatores psicossociais, considerando dor, incapacidade e afastamento do trabalho no período de seis meses em pacientes com dor lombar não específica aguda, subaguda e crônica. 2. MÉTODOS 2.1 Tipo de estudo Coorte longitudinal prospectivo. 40 2.2 Amostra Foi recrutada uma amostra de 150 pacientes, sendo 50 pacientes com dor lombar não específica para cada classificação da dor lombar por duração dos sintomas: aguda (duração dos sintomas até seis semanas), subaguda (de seis a 12 semanas) e crônica (mais de 12 semanas)[6]. Não foram encontradas diretrizes que direcionem o cálculo do tamanho amostral, portanto, a nossa amostra por subgrupo de pacientes foi determinada considerando o tamanho da amostra de pesquisas com objetivo semelhante, [14, 21, 22]. Os pacientes foram recrutados na clínica-escola de fisioterapia da Universidade Cidade de São Paulo, pronto-socorro do Hospital do Servidor Público Municipal e Coordenadoria Regional de Saúde Norte da Prefeitura do Município de São Paulo, havendo aprovação pelos respectivos comitês de ética para realização da pesquisa. Foram incluídos pacientes com presença de dor lombar aguda, subaguda e crônica não específica que aceitaram participar por meio de assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, com idade entre 18 e 80 anos, que tivessem vínculo empregatício, domínio de leitura e escrita da língua portuguesa e intensidade da dor maior ou igual a 3 pontos avaliada pela escala numérica de dor[23]. Foram excluídos do estudo pacientes que apresentaram doenças associadas a comprometimento cognitivo, que realizaram cirurgia na coluna nos últimos dois anos, pacientes gestantes e com sinais de doenças graves (como doenças inflamatórias, câncer, deficit neurológico, comprometimento nervoso e síndrome de cauda equina). 2.3 Instrumentos de medida 2.3.1 ÖMPSQ–Short O ÖMPSQ–Short é um questionário de triagem prognóstica em relação ao risco de afastamento do trabalho e avalia dor e incapacidade considerando os fatores 41 psicossociais. Avalia os seguintes fatores: dor, função percebida, variáveis psicológicas, crenças relacionadas ao medo do movimento e expectativa de retorno ao trabalho[9]. É composto por 10 itens que foram selecionados a partir de uma revisão que identificou importantes fatores de risco relacionados ao afastamento do trabalho e incapacidade[24]. Cada fator de risco possui duas questões correspondentes. Todas as questões são respondidas em uma escala numérica que varia de 0 a 10, exceto pela questão 1, que varia de 1 a 10. As questões 1 e 2 são relacionadas à dor, as questões 3 e 4 são relacionadas à função percebida, as questões 5 e 6 são relacionadas ao estresse, as questões 7 e 8 à expectativa de retorno ao trabalho e as questões 9 e 10 às crenças e medo do movimento. O escore total é realizado a partir da soma das questões, sendo que as questões 3, 4 e 8 têm a pontuação invertida. A pontuação total do questionário varia de 1 a 100 pontos. O ponto de corte sugerido pelo estudo original[9]classifica os escores de 1 a 50 pontos como baixo risco e de 51 a 100 como de alto risco de afastamento de 14 dias do trabalho nos próximos seis meses[9]. 2.3.2 Questionário de incapacidade de Roland Morris O questionário de incapacidade de Roland Morris é considerado um questionário de prática clínica e comumente utilizado por pesquisadores com o objetivo de avaliar o desempenho funcional associado à dor lombar[25, 26]. É composto por 24 itens referentes a situações do dia a dia que os pacientes podem apresentar dificuldades em realizar devido a presença da dor lombar. Os valores obtidos variam de 0 a 24 pontos, sendo que a cada questão anotada como verdadeira é somado um ponto. Quanto maior o número de questões verdadeiras, maior é a incapacidade do paciente. 42 2.3.3 Escala numérica de dor A escala numérica de dor[23] é composta por 11 pontos em que o paciente mensura a intensidade da sua dor, sendo 0 = “nenhuma dor” e 10 = “pior dor possível”. Neste estudo os pacientes foram questionados quanto a sua dor no momento da avaliação. 2.4 Procedimentos Os participantes do estudo foram solicitados a responder a um questionário demográfico contendo idade, gênero, informações sobre o trabalho e uma questão sobre o tempo de afastamento do trabalho devido a dor lombar. Na sequência foram aplicados os instrumentos: ÖMPSQ–Short[20], questionário de incapacidade de Roland Morris[25, 26] e escala numérica de dor[23]. Os pacientes também foram previamente avisados que, após seis meses, os mesmos instrumentos seriam aplicados novamente por telefone. O prazo estabelecido de seis meses é suficiente para predizer os desfechos de dor, incapacidade e afastamento do trabalho com base em estudo de prognóstico da doença[27] considerando que um paciente torna-se crônico a partir de três meses de duração da dor lombar[28]. O mesmo avaliador realizou todas as coletas no baseline e follow-up de seis meses. 2.5 Análise Estatística A análise da curva ROC, sensibilidade e especificidade do ÖMPSQ-Short foi realizada em cada um dos grupos de pacientes (agudos, subagudos e crônicos) para obter os valores da área abaixo da curva (AUC), o valor de p e encontrar o melhor ponto de corte do ÖMPSQ-Short para a população brasileira. Primeiramente foi realizada a somatória do escore do ÖMPSQ–Short, escala numérica de dor e questionário de 43 incapacidade de Roland Morris aplicados no baseline. Para a realização da análise de sensibilidade e especificidade, os valores das pontuações da intensidade da dor e incapacidade foram dicotomizados em 0 e 1, considerando 0 como baixos níveis de dor e incapacidade e 1 como médios a altos níveis de dor e incapacidade. Assim, para a dor pela escala numérica de dor, valores entre 0 e 3 foram dicotomizados como 0, enquanto os valores acima de 4 como 1[29]. Para incapacidade pelo questionário de incapacidade de Roland Morris, os valores obtidos entre 0 e 14 foram dicotomizados como 0 e entre 15 e 24 pontos como 1[23, 25, 26]. Na sequência foram realizadas tabelas de contigência 2x2 entre o ÖMPSQ–Short e dor (escala numérica de dor), ÖMPSQ–Short e incapacidade (questionário de incapacidade de Roland Morris) e ÖMPSQ–Short e afastamento do trabalho, para verificar o quanto o ÖMPSQ-Short foi capaz de identificar os pacientes com altos níveis de dor e incapacidade (dicotomizados como 1) e vice-versa, de acordo com o ponto de corte previamente determinado pela análise de sensibilidade e especificidade. Para isso, o escore do ÖMPSQ-Short também foi dicotomizado: valores iguais ou inferiores ao ponto de corte encontrado pela análise anterior (baixo risco) foram dicotomizados como 0 e valores superiores ao ponto de corte (alto risco) como 1. Assim, foi possível visualizar a quantidade de classificações em acordo e em desacordo entre os instrumentos. A análise das tabelas de contingência foi realizada em cada um dos grupos de pacientes e na amostra total. Com objetivo de avaliar a capacidade preditiva do ÖMPSQ–Short para dor, incapacidade e afastamento do trabalho após seis meses da avaliação inicial, foram realizadas análises de regressão linear univariada considerando a associação entre a variável dependente (escore do ÖMPSQ–Short no baseline) com cada uma das variáveis 44 independentes após o período de seis meses (dor, incapacidade e afastamento). Oito participantes, apesar de terem vínculo empregatício, já estavam afastados do trabalho quando responderam aos instrumentos no baseline, portanto não foram incluídos nesta análise. Essa análise também foi feita em cada um dos grupos de pacientes e foi considerado valor de p igual ou menor do que 0,20[30]. 3 RESULTADOS Os questionários foram aplicados em 150 pacientes no baseline e foram realizados 149 follow-ups após seis meses. Houve perda de um follow-up no grupo dos pacientes subagudos. A Tabela 1 apresenta as principais características demográficas dos pacientes avaliados. 45 Tabela 1. Principais características demográficas dos pacientes avaliados. Variáveis Agudos Subagudos Crônicos Total (n= 50) (n=50) (n=50) (n= 150) 44,8 (11) 52 (11) 49,9 (12) 48,9 (11,7) 42 (84) 42 (84) 34 (68) 118 (78,7) Altura (cm), média (DP) 162,7 (8) 165 (10) 165,3 (9,9) 164,4 (9,4) Massa (kg), média (DP) 78,1 (15,8) 73,4 (17,2) 76,2 (15,3) 75,9 (16,3) Solteiro, n (%) 18 (36) 11 (22) 14 (28) 43 (28,7) Casado, n (%) 22 (44) 24 (48) 25 (50) 71 (47,3) Divorciado, n (%) 7 (14) 6 (12) 5 (10) 18 (12) Viúvo, n (%) 3 (6) 9 (18) 6 (12) 18 (12) Fundamental incompleto, n (%) 1 (2) 3 (6) 2 (4) 6 (4) Fundamental completo, n (%) 4 (8) 6 (12) 3 (6) 13 (8,7) Ensino médio incompleto, n (%) 1 (2) 1 (2) 0 2 (1,3) Ensino médio completo, n (%) 4 (8) 3 (6) 7 (14) 14 (9,3) Ensino superior incompleto, n (%) 12 (24) 8 (16) 12 (24) 32 (21,3) Ensino superior completo, n (%) 28 (56) 29 (55,6) 26 (52) 83 (55,3) Idade (anos), média (DP) Gênero Feminino, n (%) Estado Civil Escolaridade 46 Continuação da Tabela 1 Duração da dor (semanas), média (DP) 1,6 (1) 8,6 (2) 312,8 (416,8) 107, 7 (279,9) 35 (70) 27 (54) 25 (50) 87 (58) 4 (8) 1 (2) 3 (6) 8 (5,3) Não realizou, n (%) 29 (58) 21 (42) 22 (44) 72 (48) Fisioterapia, n (%) 11 (22) 8 (16) 15 (30) 34 (22,7) Medicamentoso, n (%) 7 (14) 16 (32) 7 (14) 30 (20) Fisioterapia e medicamentoso, n (%) 3 (6) 4 (8) 6 (12) 13 (8,7) 58,1 (11,5) 54,7 (15) 54,2 (16,5) 55,7 (14,5) Escala numérica de dor no baseline (0 a 10) 6,8 (2,8) 5,67 (2,7) 5,2 (2,7) 5,9 (2,8) Roland Morris (0 a 24) no baseline 13,8 (4,7) 12,5 (6,2) 11,2 (5,9) 12,5 (5,7) ÖMPSQ–Short após 6 meses* 49,4 (18,4) 50,1 (20,7) 48,3 (17,9) 49,3 (18,9) 3 (3) 4 (3) 3,5 (2,9) 3,5 (3) 9,5 (5,9) 10 (6,3) 9,98 (6,7) 9,8 (6,31) Dor referida para membro inferior Sim, n (%) Afastamento do trabalho após 6 meses* Sim, n (%) Realização de tratamento no período de seis meses* ÖMPSQ–Short no baseline (0 a 100) Escala numérica de dor após 6 meses* Roland Morris após 6 meses* *Os valores para afastamento do trabalho, realização do tratamento no período de seis meses, follow-up do ÖMPSQ–Short, escala numérica de dor e Roland Morris, para os pacientes subagudos, foram calculados com um n de 49 participantes. 47 Após a construção das curvas ROC (Figura 1), a análise dos pontos de corte foi feita individualmente para cada grupo de 50 pacientes considerando os valores dicotomizados de dor e incapacidade. Assim, foi determinado um ponto de corte de 44 pontos no escore do ÖMPSQ–Short, em que valores iguais ou inferiores permitem classificar os pacientes como baixo risco e valores superiores como alto risco, baseados nos seguintes valores de sensibilidade e especificidade: para a dor nos pacientes agudos, foi observado 95% de sensibilidade e 71% de especificidade, e para incapacidade, 95% de sensibilidade e 88% de especificidade; para a dor nos pacientes subagudos, foi obtido 79% de sensibilidade e 54% de especificidade, e para incapacidade, 91% de sensibilidade e 57% de especificidade; e para dor nos pacientes crônicos, foi observado 75% de sensibilidade e 50% de especificidade, e para incapacidade, 92% de sensibilidade e 58% de especificidade. 48 ÖMPSQ–Short x Dor ÖMPSQ–Short x Incapacidade Agudos AUC = 0,671; p = 0,150 AUC = 0,665 p = 0,045 Subagudos AUC = 0,784; p = 0,004 AUC = 0,837; p = 0,000 Crônicos AUC = 0,692; p = 0,036 AUC = 0,792; p = 0,001 Figura 1. Curvas ROC realizadas por grupo de pacientes. AUC: área abaixo da curva 49 A Tabela 2 apresenta as classificações em acordo e desacordo entre os valores dicotomizados do ÖMPSQ–Short e os valores dicotomizados obtidos pela escala numérica de dor e ÖMPSQ–Short e questionário de incapacidade de Roland Morris no baseline em cada um dos grupos e para o grupo total de pacientes. Foram consideradas classificações em acordo, quando um paciente com a pontuação do ÖMPSQ-Short ≤ 44 pontos também tinha pontuação ≤ 3 pontos na escala numérica de dor e ≤ 14 pontos no questionário de incapacidade de Roland Morris, e vice-versa. Para o desfecho dor, os pacientes agudos, subagudos e crônicos tiveram maior classificação em acordo entre o ÖMPSQ–Short e a escala numérica de dor. 50 Tabela 2. Classificações em acordo e desacordo entre ÖMPSQ–Short, dor e incapacidade, por número absoluto de pacientes. ÖMPSQ–Short Pontuação ≤ 44 Pontuação >44 Escala numérica de dor, pontuação ≤ 3 2 5 Escala numérica de dor, pontuação > 3 2 41 Roland Morris, pontuação ≤ 14 3 23 Roland Morris, pontuação > 14 1 23 Escala numérica de dor, pontuação ≤ 3 5 6 Escala numérica de dor, pontuação > 3 8 31 Roland Morris, pontuação ≤ 14 11 15 Roland Morris, pontuação > 14 2 22 Escala numérica de dor, pontuação ≤ 3 7 7 Escala numérica de dor, pontuação > 3 9 27 Roland Morris, pontuação ≤ 14 15 21 Roland Morris, pontuação > 14 1 13 Escala numérica de dor, pontuação ≤ 3 14 18 Escala numérica de dor, pontuação > 3 19 99 Roland Morris, pontuação ≤ 14 29 59 Roland Morris, pontuação > 14 4 58 Agudos Subagudos Crônicos Total A Tabela 3 apresenta a análise de regressão linear para predição do ÖMPSQ– Short no baseline com relação à dor (Escala numérica de dor), incapacidade (Questionário de incapacidade de Roland Morris) e afastamento do trabalho. Nos pacientes agudos, o ÖMPSQ-Short foi capaz de predizer dor (p = 0,012), de forma que uma variação de 1 ponto no escore da dor adiciona 0,37 ponto no escore do ÖMPSQ- 51 Short; o ÖMPSQ-Short também foi capaz de predizer incapacidade (p=0,002) em que a cada 1 ponto no escore de incapacidade adiciona 0,44 no escore do ÖMPSQ-Short; por fim, o ÖMPSQ-Short também foi capaz de predizer afastamento do trabalho (p=0,010), em que estar afastado adiciona 0,37 ponto. Nos pacientes subagudos, o ÖMPSQ-Short foi capaz de predizer dor (p=0,000), a cada variação de 1 ponto no escore da dor adiciona 0,52 no escore do ÖMPSQ-Short; o ÖMPSQ-Short também foi capaz de predizer incapacidade (p=0,000), a cada 1 ponto no escore de incapacidade adiciona 0,58 no escore do ÖMPSQ-Short; porém o ÖMPSQ-Short não foi capaz de predizer afastamento do trabalho (p=0,393). Nos pacientes crônicos, o ÖMPSQ-Short foi capaz de predizer dor (p=0,108), a cada variação de 1 ponto adicionando 0,23 no escore do ÖMPSQ-Short; também foi capaz de predizer incapacidade (p=0,000) adicionando 0,48 ponto; e foi capaz de predizer afastamento do trabalho (p=0,035) em que adicionou 0,30 no escore do ÖMPSQ-Short quando ocorreu afastamento. Tabela 3. Regressão linear do ÖMPSQ–Short e as variáveis independentes Constante Coeficiente β IC 95% p Dor 54 0,37 0,32 a 2,50 0,012* Incapacidade 49 0,44 0,35 a 1,50 0,002* Afastamento do trabalho 78 0,37 0,00 a 0,04 0,010* Dor 43,7 0,52 1,29 a 3,77 0,000* Incapacidade 40,2 0,58 0,80 a 1,96 0,000* Afastamento do trabalho 66,65 0,12 -0,01 a 0,05 0,393 Dor 49,4 0,23 -0,29 a 2,90 0,108* Incapacidade 42,3 0,48 0,55 a 1,81 0,000* Afastamento do trabalho 77,5 0,30 0,00 a 0,05 0,035* Grupos Agudos Subagudos Crônicos * Estatisticamente significante, p ≤ 0,20 52 4 DISCUSSÃO Este estudo apresenta uma análise discriminativa e preditiva do ÖMPSQ-Short para o risco de desenvolvimento de problemas crônicos, considerando dor, incapacidade e afastamento do trabalho no período de seis meses em pacientes com dor lombar não específica aguda, subaguda e crônica. Após a análise das curvas ROC e dos valores de sensibilidade e especificidade, foi considerado como mais adequado o ponto de corte de 44 pontos para a população brasileira. Pontos de corte mais altos aumentam a possibilidade de identificar corretamente pacientes com baixo risco de envolvimento de fatores psicossociais. No entanto, diminuem o percentual de pacientes identificados com alto envolvimento e prognóstico comprometido[14], que são justamente os pacientes que mais precisam de atendimento clínico diferenciado. O nosso ponto de corte foi inferior ao observado no estudo original[9] do ÖMPSQ-Short, que recomendou um ponto de corte de 50, identificando corretamente 85% dos pacientes que desenvolveram incapacidade no trabalho e 83% incapacidade na atenção primária. Podemos compreender essa diferença nos valores de ponto de corte também ao considerarmos que a população brasileira tem produtividade de trabalho, características sociodemográficas, de qualidade de vida, crenças e hábitos culturais próprios[31, 32]. As AUCs obtidas nesse estudo foram consideradas equivalentes a estudos anteriores, em que também foi observada dor, incapacidade e afastamento do trabalho. No estudo de Grotle et al[33]que analisou o questionário de incapacidade de Roland Morris, escala de intensidade da dor e escala de recuperação de incapacidade, foi obtido AUC de 0,70 para dor, 0,72 para incapacidade e 0,72 para afastamento do trabalho com acompanhamento de 12 meses de follow-up. Linton e Boersma[14], que analisaram o ÖMPSQ, obtiveram AUCs entre 0,70 e 0,80 para os desfechos de dor, incapacidade e 53 afastamento do trabalho. No estudo[19] que avaliou a validade preditiva da população chinesa, em que analisou o ÖMPSQ, questionário de incapacidade de Roland Morris, escala numérica de dor e escala de recuperação global foi obtida AUC de 0,71 para afastamento do trabalho e 0,69 para retorno ao trabalho. O estudo original de desenvolvimento do ÖMPSQ-Short[9] obteve uma sensibilidade de 75% para identificar pacientes que desenvolveram incapacidade na atenção primária, sendo a mesma sensibilidade da versão longa original do ÖMPSQ[21], e especificidade de 78%, enquanto a versão longa apresentou especificidade de 84%. Já no estudo[14] em que foi analisada a validade preditiva do ÖMPSQ original, em um ponto de corte de 90 pontos foi obtida uma sensibilidade de 89% e especificidade de 65% para afastamento do trabalho e uma sensibilidade de 74% e especificidade de 79% para função. Na população chinesa[19], para predizer retorno ao trabalho, para o ponte de corte de 105 observou-se uma sensibilidade de 50,3% e uma especificidade de 21,4%, enquanto que o ponto de corte de 130 obteve uma sensibilidade de 81,9% e especificidade de 62,9%, para predizer afastamento do trabalho, o ponto de corte de 105 obteve uma sensibilidade de 76,1% e especificidade de 41,6% e para o ponto de corte de 130 uma sensibilidade de 33,7% e especificidade de 13,3%. Neste estudo que determinou um ponto de corte de 44 pontos no ÖMPSQ-Short para a população brasileira, foram encontrados valores mais altos de sensibilidade para os pacientes agudos para dor (95%) e incapacidade (95%), nos subagudos para incapacidade (95%) e nos crônicos para incapacidade (92%). Ainda não foi encontrada na literatura uma referência considerada padrão com valores ideais para estimar sensibilidade e especificidade. Atualmente, os estudos estipulam os melhores valores 54 para escolha de ponto de corte baseados na melhor associação entre valores mais altos de sensibilidade e especificidade. Linton e Boersma[14] sugerem que as variáveis que avaliam os fatores psicossociais podem ser utilizadas para identificar o risco precoce de uma cronificação. Assim, é importante ter uma ferramenta que seja confiável para identificar corretamente pacientes que estão em risco de sofrer cronificação dos sintomas. Nesse estudo o ÖMPSQ-Short identificou melhor os pacientes com dor, tendo classificado 43 pacientes agudos, 36 subagudos e 34 crônicos em acordo, enquanto para incapacidade classificou 26 agudos, 33 subagudos e 28 crônicos em acordo. Foi possível observar que a classificação correta para dor foi diminuindo em pacientes subagudos e crônicos quando comparado aos pacientes agudos, enquanto para incapacidade, a classificação correta aumentou em pacientes subagudos e crônicos. Linton e Boersma[14] também apresentam a importância de avaliar dor e incapacidade, tendo em vista que estudos anteriores estavam utilizando apenas retorno ao trabalho como desfecho. Em seu estudo[14] mostraram que o ÖMPSQ-Short identificou corretamente pacientes com incapacidade. No entanto, para dor, a validade preditiva foi considerada limitada. Na população brasileira o ÖMPSQ-Short classificou corretamente mais de 50% dos pacientes com alto risco para dor em todos os grupos e teve sua capacidade de predição com p significante nos três grupos. Apesar do ÖMPSQ-Short possuir ênfase no trabalho e na previsão de incapacidade para o trabalho[9], neste estudo o questionário não foi capaz de predizer afastamento do trabalho no período de seis meses nos pacientes subagudos. No entanto, apesar de o ÖMPSQ-Short ter se mostrado capaz de predizer dor, incapacidade e afastamento do trabalho nos pacientes agudos e crônicos, e dor e incapacidade nos 55 pacientes subagudos, a sua capacidade de predição foi muito pequena para alterar a classificação do paciente em alto ou baixo risco. Por exemplo, nos pacientes agudos, para cada 1 ponto de variação na escala numérica de dor, seria alterado 0,37 (Coeficiente β) em sua pontuação total (constante). Assim, os pacientes teriam que alterar muito as pontuações das variáveis independentes para que a classificação de risco fosse alterada. Um achado importante é que diferentemente dos outros estudos[14, 19], o questionário se mostrou melhor para predizer dor. E em relação ao ÖMPSQ versão longa[21], o ÖMPSQ-Short pode também ter apresentado resultados diferentes devido ao fato de que o ÖMPSQ-Short é uma versão reduzida e portanto pode ter tido perdas consideráveis de informação. Um estudo realizado em 2005, que avaliou os fatores de risco individuais e psicológicos no local de trabalho para investigar a sua relação com dores na coluna com um ano de acompanhamento, identificou estresse, catastrofização e carga de trabalho como altamente relacionados ao desenvolvimento da dor. Em um estudo anterior do nosso grupo de pesquisa[20] foi verificado um alto envolvimento de fatores psicossociais na população brasileira, sugerindo a necessidade de novos estudos na população brasileira em outros períodos de follow-up, uma vez que a pontuação do ÖMPSQ-Short poderia ter sido maior já que avalia fatores psicossociais. Um ponto forte deste estudo foi ter sido a primeira análise preditiva do questionário ÖMPSQ-Short e ter avaliado dor e incapacidade, além do afastamento do trabalho, como recomendado por Linton e Boersma[14]. Um ponto fraco foi ter incluído também pacientes com dor lombar crônica com o objetivo de verificar a influência de dor, incapacidade e afastamento do trabalho na dor já cronificada. 56 5 CONCLUSÃO Com esse estudo foi possível concluir que o ÖMPSQ-Short é eficaz para classificar pacientes com alto e baixo risco de envolvimento de fatores psicossociais e é capaz de predizer dor, incapacidade e afastamento do trabalho em seis meses de followup. Porém a sua capacidade de predição é pequena, não sendo um questionário recomendável para predizer risco de cronificação e incapacidade para o trabalho no período de seis meses. 57 REFERÊNCIAS 1. Hoy D, Bain C, Williams G et al. (2012) A Systematic review of the global prevalence of low back pain. Arthritis and Rheumatism. 64:2028-2037. 2. Vos T, Flaxman AD, Naghavi M et al. (2012) Years lived with disability (YLDs) for 1160 sequelae of 289 diseases and injuries 1990-2010: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2010. 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Frauendorf R, de Medeiros Pinheiro M, Ciconelli RM (2014) Translation into Brazilian Portuguese, cross-cultural adaptation and validation of the Stanford presenteeism scale-6 and work instability scale for ankylosing spondylitis. Clinical Rheumatology. 33:1751-1757. 33. Grotle M, Brox JI, Veierod MB et al. (2005) Clinical course and prognostic factors in acute low back pain: patients consulting primary care for the first time. Spine. 30:976-982. 62 CAPÍTULO 3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS O nosso grupo de pesquisa traduziu e adaptou transculturalmente o questionário ÖMPSQ com objetivo de testar as propriedades de medida da versão portuguêsbrasileiro1. Como resultado, o ÖMPSQ apresentou valores aceitáveis de propriedades de medida para pacientes brasileiros com dor lombar não específica, aguda ou subaguda. Dessa forma, concluímos que o questionário poderia ser utilizado para a triagem e avaliação clínica de fatores psicossociais relacionados à cronificação em pacientes com dor lombar. A partir desse estudo, foram realizados dois outros estudos de iniciação científica: 1) o primeiro teve o objetivo de traduzir e adaptar transculturalmente e analisar as propriedades de medida da versão curta do ÖMSPQ1. Foi possível concluir que todas as propriedades de medida apresentaram valores aceitáveis sugerindo que o ÖMPSQ-short também pode ser utilizado na prática clínica e em pesquisa para uma melhor avaliação de pacientes com dor lombar aguda e subaguda; e 2) o segundo estudo proposto foi a realização de uma análise da correlação e da concordância entre o ÖMPSQ–short e o STarT Back Screening Tool (STarT)2 em que os resultados demonstraram que o ÖMPSQ-Short e STarT possuem boa correlação entre os seus escores totais e concordância moderada para classificar os pacientes em baixo ou alto risco de desenvolvimento de dor e incapacidade crônica relacionados à bandeiras amarelas, deixando a opção pelo uso de um ou outro questionário a critério do clínico ou pesquisador. A partir dessas pesquisas realizadas anteriormente, consideramos importante a realização de novas pesquisas que verificassem a utilidade e a capacidade do ÖMPSQ- 63 Short em predizer o prognóstico, auxiliar na classificação dos pacientes e, consequentemente, melhorar a qualidade do tratamento destes pacientes. Portanto, o objetivo dessa dissertação de mestrado foi realizar a análise da capacidade preditiva e discriminativa do instrumento ÖMPSQ–Short em uma amostra de 150 pacientes com dor lombar aguda, subaguda e crônica, seguido de um follow-up de seis meses para avaliar a predição do instrumento para o risco de desenvolvimento de problemas crônicos considerando afastamento do trabalho, dor e incapacidade. Conforme discutido no Capítulo 2, o ÖMPSQ-Short foi capaz de predizer dor, incapacidade e afastamento do trabalho para os pacientes agudos e crônicos e para os pacientes subagudos, foi capaz de predizer dor e incapacidade, porém não foi capaz de predizer afastamento do trabalho. Não foi possível criar um modelo de regressão multivariada tendo em vista que os valores de p não foram significantes. Com o resultado desse estudo esperamos que os profissionais de saúde tenham ciência do instrumento que estão utilizando e que tenham definido qual o objetivo da utilização do instrumento e o momento em que o mesmo deverá ser aplicado. O ÖMPSQ–Short não foi um bom instrumento para predição a longo prazo, mas é confiável para ser utilizado em um primeiro contato na atenção primária, discriminando bem os pacientes com alto e baixo risco de prognóstico com relação a dor e incapacidade. 64 REFERÊNCIAS 1. Fagundes FR, Costa LO, Fuhro FF, Manzoni AC, de Oliveira NT, Cabral CM. Orebro Questionnaire: short and long forms of the Brazilian-Portuguese version. Qual Life Res. 2015;24(11):2777-88. 2. Fuhro FF, Fagundes FR, Manzoni AC, Costa LO, Cabral CM. Orebro Musculoskeletal Pain Screening Questionnaire - Short Form and Start Back Screening Tool: Correlation and Agreement Analysis. Spine (Phila Pa 1976). 2015. 65 ANEXOS ÖMPSQ–Short ÖREBRO MUSCULOSKELETAL PAIN SCREENING QUESTIONNAIRE SHORT FORM – versão português-brasileiro Nome: ________________________________________________________________ Endereço:______________________________________________________________ Telefone: _________-____________ Estas perguntas e afirmações se aplicam se você tem queixas ou dores na coluna, ombros ou pescoço. Por favor, leia e responda cada questão com cuidado. Não gaste muito tempo para responder as questões. No entanto, é importante que você responda todas as questões. Há sempre uma resposta para a sua situação particular. EXEMPLO: Responda circulando uma alternativa Eu gosto de laranjas: 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 nem um pouco muito Ou assinale uma alternativa Quantos dias da semana você pratica exercícios? ⃝ 2-3 dias 0-1 dias ⃝ 4-5 dias ⃝ 6-7 dias 1. Há quanto tempo você vem apresentando essa dor? Assinale uma alternativa. ⃝ 0-1 semanas ⃝ 10-11 semanas ⃝ 2-3 semanas ⃝ 4-5 semanas ⃝ 12-23 semanas ⃝ 6-7 semanas ⃝ 24-35 semanas ⃝ 8-9 semanas ⃝ 36-52 semanas ⃝ > 52 semanas 2. Como você classificaria a dor que você tem tido durante a última semana? Circule um número 0 sem dor 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 pior dor possível 66 Aqui está uma lista de duas atividades. Por favor circule o numero que melhor descreve sua atual 10 – X capacidade para participar em cada uma dessas atividades. 3.Eu posso realizar trabalho leve por uma hora. 0 1 2 3 4 5 não posso realizar por causa da dor 6 7 8 9 10 posso realizar, pois a dor não me atrapalha 10 – X 4. Eu consigo dormir à noite. 0 1 2 3 4 5 não posso realizar por causa da dor 6 7 8 9 10 posso realizar, pois a dor não me atrapalha 5. Qual o nível de estresse ou ansiedade você sentiu na semana passada? Circule um número. 0 1 2 3 4 totalmente calmo e relaxado 5 6 7 8 9 10 estressado e ansioso como eu nunca havia me sentido 6. Quanto vem lhe incomodando o fato de estar se sentindo deprimido na semana passada? Circule um número. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 nem um pouco 10 extremamente 7. Na sua opinião, qual o risco da sua atual dor se tornar persistente? Circule um número. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 sem risco 9 10 risco muito alto 8. Em sua estimativa, quais são as chances de que você estará apto a trabalhar em seis meses? Circule um número. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 sem chance 9 10 chance muito grande 9. Um aumento da dor é um sinal de que eu deveria parar de fazer o que eu estou fazendo até que a dor diminua. 0 1 2 3 4 5 6 7 discordo completamente 8 9 10 concordo completamente 10. Eu não deveria realizar minhas atividades normais, inclusive trabalhar, com a minha dor atual. 0 1 2 discordo completamente 3 4 5 6 7 8 9 10 concordo completamente 10 – X 67 Questionário de incapacidade de Roland Morris 68 Escala numérica de dor Eu gostaria que você desse uma nota para sua dor numa escala de zero a 10 onde zero seria nenhuma dor e 10 seria a pior dor possível. Por favor, dê um número para descrever sua média de dor. 69 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Eu,____________________________________________________________________ RG.: _________________________, nascido em ______________________, do sexo _________________, residente à ___________________________________________ ______________________________________________________________________ na cidade de _________________________________, estou sendo convidado a participar do projeto intitulado “Análise da validade preditiva do Örebro Musculoskeletal Pain Screening Questionnaire – Short Form (ÖMPSQ – Short) ” cujo objetivo é analisar a validade preditiva do instrumento ÖMPSQ - Short, considerando dor, incapacidade e afastamento do trabalho no período de seis meses em pacientes com dor lombar aguda, subaguda e crônica. Para isto será necessária a participação de 150 pacientes portadores de dor lombar aguda, subaguda e crônica com idade entre 18 e 80 anos, e que tenham o domínio de leitura e escrita da língua portuguesa, possuam dor lombar aguda, subaguda e crônica e que tenham preenchido os questionários originais em português-brasileiro. Serão excluídos do estudo pacientes que apresentarem doenças associadas a comprometimento cognitivo, que realizaram cirurgia na coluna nos últimos dois anos, pacientes gestantes e com sinais de doenças graves (como artrite inflamatória, câncer e síndrome de cauda equina). Para analisar a validade preditiva é necessário que os participantes respondam três questionários. Estes questionários serão aplicados no dia da sessão de terapia a ser realizada na clínica frequentada pelo paciente. A duração do preenchimento de tais documentos não excede o tempo de 15 min. Os pesquisadores do estudo ficarão durante toda a duração da pesquisa à disposição para o esclarecimento de quaisquer dúvidas que venham a surgir antes, durante e após a realização do estudo. Seis meses após aplicar os questionários o avaliador entrará em contato com o paciente, via telefone, para este responder novamente aos questionários. As informações obtidas neste trabalho serão mantidas em sigilo e não poderão ser consultadas por outras pessoas, salvo prévia autorização. No entanto, poderão ser utilizadas para fins científicos, ressaltando que a privacidade dos participantes será resguardada. A participação no estudo não envolve risco, mesmo assim, no caso de ocorrerem riscos não previstos e, caso seja necessário, os próprios pesquisadores se responsabilizam pelas condutas de primeiros socorros. A participação no estudo é estritamente voluntária, bem como não há nenhuma forma de remuneração ou custo pela participação no estudo. Os resultados obtidos a partir deste serão propriedade exclusiva dos pesquisadores, podendo ser divulgados de qualquer forma científica, a critério dos mesmos. A recusa em participar do trabalho não trará qualquer prejuízo, estando livre para abandonar o estudo a qualquer momento. Qualquer dúvida ou esclarecimento poderá ser dado pelo pesquisador responsável, Cristina Maria Nunes Cabral, que pode ser encontrado na Cesário Galeno 475,Tatuapé, São Paulo SP, ou pelo telefone 11-21781565. 70 O voluntário tem a garantia de sigilo de todas as informações coletadas e pode retirar seu consentimento a qualquer momento, sem nenhum prejuízo ou perda de benefício. Declaro ter sido informado e estar devidamente esclarecido sobre os objetivos deste estudo, sobre as técnicas e procedimentos a que estarei sendo submetido e sobre os riscos e desconfortos que poderão ocorrer. Recebi garantias de total sigilo e de obter novos esclarecimentos sempre que desejar. Assim, concordo em participar voluntariamente deste estudo e sei que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem nenhum prejuízo ou perda de qualquer benefício (caso o sujeito de pesquisa esteja matriculado na Instituição onde a pesquisa está sendo realizada). Data: ___ /___ / ______ _____________________________________________ Assinatura do sujeito da pesquisa ou representante legal _____________________________________________ Pesquisador responsável / orientador 71 Aprovação do Comitê de Etica da Instituição Proponente 72 73 Aprovações dos Comitês de Ética das Instituições Coparticipantes 74 75