estudo dos casos de agressões por cães

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BEATRIZ PRADA MARTINEZ ALONSO
ESTUDO DOS CASOS DE AGRESSÕES POR CÃES
NO MUNICÍPIO DE ARARAQUARA,
ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL.
Araraquara
2005
BEATRIZ PRADA MARTINEZ ALONSO
ESTUDO DOS CASOS DE AGRESSÕES POR CÃES
NO MUNICÍPIO DE ARARAQUARA,
ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL.
Monografia
apresentada
ao
Programa
de
Especialização em Saúde Pública da Faculdade de
Ciências Farmacêuticas da Universidade Estadual
Paulista “Júlio de Mesquita Filho” para obtenção do
título de Especialista em Saúde Pública.
Orientadora: Profa. Dra. Maria Jacira Silva Simões
Araraquara
2005
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, pelo incentivo e acesso aos estudos.
Ao meu cão Toy, já falecido, com quem passei momentos de grande alegria e
compreendi a importância que os animais têm em nossas vidas.
AGRADECIMENTOS
À orientadora Prof. Dra. Maria Jacira Silva Simões pela paciência.
Aos funcionários do Serviço Especial de Saúde de Araraquara (SESA), que tornaram
possível a realização deste estudo, permitindo e facilitando o acesso ao material de
pesquisa.
Agradecimento especial dedico aos funcionários do SESA, Ariovaldo Diniz, Edson
Cervan e Eduardo Abekawa, pela atenção e gentileza que dispensaram a mim.
A todos que direta ou indiretamente colaboraram com este trabalho.
SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE GRÁFICOS
1. INTRODUÇÃO
9
2. REVISÃO DE LITERATURA
12
2.1. O vírus rábico
12
2.2. Forma de transmissão
13
2.3. Risco de transmissão do vírus rábico por cães e gatos
14
2.4. Período de incubação
16
2.5. Período de transmissibilidade
16
2.6. Cadeia epidemiológica
17
2.7. A doença
17
2.8. A doença no homem
18
2.9. A doença no animal
19
2.10. Situação da Raiva no mundo
20
2.11. Situação da Raiva no Brasil
22
2.12. População canina
25
2.13. Educação em saúde
27
3. JUSTIFICATIVA
29
4. OBJETIVOS
30
4.1. Geral
30
4.2. Específicos
30
5. METODOLOGIA
32
5.1. Caracterização do local de estudo
32
5.2. Serviço Especial de Saúde de Araraquara - SESA
33
5.3. Obtenção de dados
34
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
36
7. CONCLUSÃO
45
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
47
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo conhecer o perfil das agressões por
cães no Município de Araraquara/SP – Brasil. Para isto, foram coletados dados das
Fichas de Investigação de Atendimento Anti-Rábico Humano de Araraquara,
fornecidas pelo Serviço Especial de Saúde de Araraquara (SESA), no período
compreendido entre, janeiro de 2003 a novembro de 2005. Foram analisadas as
seguintes variáveis: mês do agravo; sexo e idade do agredido; local do acidente
(mucosa,
cabeça/pescoço,mãos/pés,
tronco,
membros
superiores,
membros
inferiores); tipos de acidente (mordedura, arranhadura, lambedura); zona (urbana,
rural, urbana/rural); espécie do animal agressor; condição do animal (sadio, suspeito,
desaparecido, raivoso, observável, sacrificado); modo de ocorrência da agressão
(lazer, animal feroz, animal com comportamento alterado); agressão provocada;
indicação de tratamento; onde ocorreu a lesão (residência, via pública); situação
vacinal do animal. Observou-se que setembro foi o mês com maior número de
agressões. A ocorrência foi maior para o sexo masculino (50,68%) A faixa etária
mais atingida foi entre 15 e 44 anos, sendo as mãos e os pés os locais agredidos
com maior freqüência. A mordedura foi a agressão mais freqüente (91,02%), sendo
que o cão, destacou-se como principal autor das agressões (85,53%). Os casos
ocorreram com maior freqüência na zona urbana e a maioria dos animais
apresentavam-se sadios (81,05%). A maioria das agressões ocorreram nas
residências (65,98%) e 54,37% dos animais agressores eram vacinados. Dos
atendimentos, 91,30% dos casos não tiveram indicação de tratamento. Baseado nos
resultados concluiu-se que há necessidade de práticas educativas que envolvam
toda população, de forma a ensinar a lidar e interpretar seus animais. A
conscientização quanto a Posse responsável é importante e pode contribuir para
que ocorram menos agressões.
PALAVRAS-CHAVE: agressões por cães, mordedura, arranhadura, raiva.
ABSTRACT
Study of the cases of aggressions for dogs, in the municipal district of
Araraquara, State of São Paulo, Brazil.
This report aims at identifying the profile of dog agression in the city of
Araraquara/SP – Brazil. In order to accomplish this goal, files from the Humam AntiRabic Investigation Service of Araraquara, provided by the Special Health Center of
Araraquara (SESA), within the period of January 2003 and November 2005 were
collected. The following variables have been analysed: month of the aggression
event; sex and age of the attacked; place of the accident (mucous membrane,
head/neck, hands/feet, trunk, upper members, lower members); types of accident
(bite, scratch, lick); area (urban, rural, urban/rural); agressor animal species; animal
condition (healthy, suspicious, missing, rabid, observable, sacrififial); the way
aggression took place (leisure, angry animal, animal with altered behavior); provoked
aggression; treatment recommendation; where lesion occurred (home, public area);
animal vaccine situation.
It’s been observed that September was the month with the biggest number of
aggressions. It occurred more with males (50,68%). The age group which suffered
the biggest number of aggressions was the one within 15 and 44 years old. Hands
and feet were attacked more often. Bite was the most frequent aggression (91,02%),
and the dog, stood out as the main aggressor (85,53%). The cases happened more
ofen in the urban area and most animals were found healthy (81,05%). Most of
aggression happened in homes (65,98%) and 54,37% of the dog attackers were
immunized. From the emergencies, 91,30% of cases did that there’s the need of
education practices which involve the whole population, in order to teach people how
to deal with and interpret their pets. Making the population aware of responsible
possession is really important and it may contribute to diminish the number of
aggressions.
KEYWORDS: aggressions for dogs; bite, scratch, rabies.
LISTA DE GRÁFICOS
1. Freqüência da distribuição mensal dos agredidos, entre janeiro de
35
2003 e novembro de 2005.
2. Freqüência da distribuição da idade dos agredidos por animais, no
35
período de janeiro de 2003 a novembro de 2005.
3. Freqüência da distribuição da localização da agressão provocada por
36
animais, no período de janeiro de 2003 a novembro de 2005.
4. Freqüência do modo de ocorrência das agressões por animais, no
36
período entre janeiro de 2003 a novembro de 2005.
5. Freqüência da distribuição sobre o local onde ocorreu a agressão por
37
animal, no período de janeiro de 2003 a novembro de 2005.
6. Freqüência da distribuição da situação vacinal dos animais
agressores, no período de janeiro de 2003 a novembro de 2005.
37
9
1. INTRODUÇÃO
O comportamento social é resultado de um processo evolutivo, no qual ser
social possibilitou vantagens adaptativas, ou seja, mantendo-se juntos, os animais
da mesma espécie ganham em termos de sobrevivência. As vantagens incluem a
proteção contra predadores, eficiência na alimentação, eficiência na reprodução,
criação da prole, altruísmo, divisão de tarefas e evolução cultural. Porém, pode-se
citar como desvantagens a competição entre os indivíduos e as doenças.
Mesmo pertencendo a grupos sociais distintos, a associação entre o homem e
o cão, revelou-se vantajosa para ambas as espécies. Embora, tenha o cão, ficado
sob o controle e a seleção realizada pelo homem.
Atualmente, sabe-se que as vantagens que os cães promovem às pessoas
vão além das suas funções do passado (caça, defesa, alerta). É cada vez mais
crescente o reconhecimento de seu valor terapêutico. A utilização desses animais
em terapias confere melhora física, mental e emocional ao paciente, bem como gera
benefícios em vários aspectos da vida social do mesmo.
O crescimento e adensamento populacional urbano observado, contribuiu
para uma maior convivência dos seres humanos com os animais, o que facilita a
ocorrência de transmissão de zoonoses. Deve-se considerar que fatores como
alimentação, moradia, saneamento básico, meio ambiente, trabalho, educação e
laser também estão relacionados com o aumento de casos de zoonoses. (DIETZ,
2000).
A carência no controle da população canina e da responsabilidade dos
proprietários permite um elevado número desses animais soltos nas ruas, que pode
promover um aumento de acidentes de trânsito, de crueldade com os animais,
agressões destes às pessoas e doenças transmissíveis.
10
As agressões por animais ocorrem por diversos motivos, podendo citar a
imprudência ou ignorância no trato com os animais associados aos comportamentos
naturais dos animais, à índole natural daquele animal em especial, aos
comportamentos induzidos, a manutenção inadequada e o convívio com animais
silvestres (POR, 2005).
As conseqüências das agressões vão desde traumas psíquicos, físicos
(ferimentos leves ou graves, mutilações o óbito) até infecções (RISCOS, 2005).
As agressões constituem grande relevância em virtude da possibilidade da
inoculação de patógenos, uma vez que todos os animais apresentam diversas
bactérias em sua cavidade oral. É importante considerar que a lesão provocada
serve como porta de entrada para diversos agentes etiológicos. Dentre os acidentes,
os mais comuns são a mordedura e a arranhadura, sendo a maior preocupação a
ocorrência do tétano e da raiva (DIETZ, 2000).
O tétano só se torna um problema quando a pessoa agredida não apresenta
imunidade adequada (DIETZ, 2000).
Já a raiva, representa um sério problema de saúde pública, pois, trata-se de
uma zoonose de letalidade 100%. É uma enfermidade das mais antigas que se tem
notícia. É transmitida por mamíferos e não existe tratamento específico para a
doença. (DIETZ, 2000; COSTA et al., 2000; DINIZ et al., s.d).
A profilaxia da raiva humana pode ser feita pré ou pós exposição ao vírus,
sendo que a profilaxia pré-exposição é devido à atividade profissional do indivíduo. A
profilaxia pós-exposição refere-se aos indivíduos que se expuseram ao vírus rábico
acidentalmente. Tal profilaxia combina a eliminação mecânica dos agentes através
da limpeza da lesão (lavar o ferimento com água corrente e sabão, desinfetando a
11
seguir com álcool-iodado ou similares) e a administração da vacina isoladamente ou
em associação com o soro. (DIETZ, 2000; COSTA et al., 2000).
Para a adoção da conduta adequada é importante a identificação da espécie
animal agressora e sua condição.
Em áreas consideradas de raiva controlada, se o animal agressor (cão ou
gato) for observado por dez dias após a agressão, e permanecer sadio, não se faz
necessário a indicação de tratamento profilático anti-rábico. Isso é importante, pois,
a indicação desnecessária da profilaxia expõe o paciente a riscos de eventos
adversos, além de constituir um desperdício de recursos. (DIETZ, 2000; DINIZ et al.,
s.d.).
O controle dos animais deve envolver uma série de ações, de forma a se
considerar aspectos biológicos, sociais, culturais, técnicos e econômicos, permitindo
que as relações entre homens, animais e ambiente, não representem riscos de
agravo à saúde humana e animal. A “posse responsável” é uma ferramenta
importante no controle da raiva humana e animal.
12
2. REVISÃO DE LITERATURA
A raiva é umas das enfermidades mais antigas. Foi a primeira doença
transmissível dos animais ao homem a ser descrita. A primeira vacina anti-rábica foi
realizada por Pasteur, e usada em um menino mordido por um cão raivoso. (DIETZ,
2000).
2.1 O vírus rábico
A raiva é uma zoonose de grande repercussão, pois é uma doença
transmissível que afeta todos os mamíferos, cuja evolução é fatal (100% de
letalidade). Trata-se de uma doença infecto-contagiosa, causada pelo vírus rábico,
que tem a característica de comprometer o Sistema Nervoso Central (SNC) sob a
forma de encefalite. (REICHMANN, 2000; DIETZ, 2000; DINIZ et al., s.d.; DIAS,
2001).
O agente etiológico é um vírus RNA de cadeia simples com peso molecular
de 4,6 X 106 Daltons. Pertencente ao gênero Lyssavirus, da família Rhabdoviridae.
Possui a forma de uma bala de revolver (uma extremidade achatada e a outra
abaulada). Tem cerca de 180 nm de comprimento e 70 nm de diâmetro. È
constituído por duas unidades: a ribonucleoproteína (RPN) e um envelope viral.
Possui cinco proteínas, sendo que a glicoproteína do envelope viral é o antígeno
capaz de induzir a síntese de anticorpos neutralizantes, que vai proporcionar
proteção contra a doença. (DIETZ, 2000; DINIZ et al., s.d.).
Acreditava-se até a década de 70 que o vírus rábico possui apenas uma
unidade antigênica. Hoje já se conhecem 6 sorotipos, sendo o sorotipo I o vírus
13
clássico. Os sorotipos de 2 a 6 foram isolados na África e na Europa, sendo
denominados como “relacionados” ao da raiva. Na Austrália, em 1995 e nos anos
seguintes, foi isolado em morcegos e humanos um vírus que ainda está em estudo,
porém, alguns pesquisadores o consideram como sorotipo 7. (DINIZ et al., s.d.).
Existem variantes do sorotipo I, de acordo com a espécie animal e a região
proveniente. Pela técnica de anticorpos monoclonais, no continente americano foram
encontradas 12 cepas variantes. (DIETZ, 2000; DINIZ et al., s.d.).
A inativação do vírus rábico ocorre por vários agentes químicos e físicos,
como detergentes e sabões, éter, acetona, álcool, compostos iodados, formol,
ácidos com ph menor que 3 e bases com ph maior que 10, radiação ultravioleta, raio
X, calor (resiste 35 segundos em temperatura de 60ºC, 4 horas a 40ºC e vários dias
a 4ºC). (DIETZ, 2000; DINIZ et al., s.d.).
2.2 Forma de transmissão
A forma de transmissão mais comum do vírus rábico, tanto de animal a animal
como de animal ao homem, ocorre pela deposição da saliva contendo o vírus em
pele com solução de continuidade ou mucosa, mesmo que íntegra. Isto pode se dar
em conseqüência de mordeduras ou lambeduras de ferimentos, de mucosas, de
pele lesada. Pela intensa salivação, os animais podem contaminar suas patas
permitindo a transmissão por arranhaduras. (DIETZ, 2000; DINIZ et al., s.d.,
MODOS, 2005).
A inalação de partículas virais também é uma forma de transmissão do vírus,
porém, muito rara. Pode ocorrer em casos de indivíduos que entraram em cavernas
14
densamente povoadas por morcegos, ou acidentalmente em laboratório. (DIETZ,
2000; DINIZ et al., s.d.).
Também figurando como forma rara de transmissão, encontra-se a
transmissão inter-humana. Esta é possível pelo contato direto com o doente e suas
secreções, por via transplacentária e transplante de córnea. Na literatura científica,
há registro de oito casos de raiva por transplante de córnea, um caso por via
transplacentária e dois casos de transmissão inter-humana através da saliva.
(COSTA, 2000; DINIZ et al., s.d.).
A possibilidade de transmissão do vírus através da ingestão de carne e leite
de animal raivoso é bastante remota, é necessário alta carga viral e ulceração em
trato digestivo alto, uma vez que o ph do suco gástrico inativa o vírus. A ingestão
destes “in natura” não é recomendada. (DINIZ et al.,s.d.).
2.3 Risco de transmissão do vírus rábico por cães e gatos
É importante considerar o estado de saúde do animal agressor:
A agressão considerada provocada, em sua maioria é ocasionada por um
animal sadio, de forma que este reagiu em defesa própria ou em resposta a um
estímulo (COSTA, 2000).
Já a agressão sem causa específica é sugestiva de doença no animal
(COSTA, 2000).
Os hábitos de vida e a condição sanitária do animal também são relevantes:
Cão e gato podem ser classificados de acordo com seu modo de vida:
15
- os animais domiciliados são inteiramente dependentes do proprietário, são
vacinados, saem às ruas com coleiras e guias e são considerados de baixo risco de
transmissão da raiva;
- os semi-domiciliados são representados pelos animais dependentes dos
proprietários, mas que permanecem desacompanhados por tempo indeterminado
nas ruas, são vacinados e recebem algum cuidado;
- comunitários ou de vizinhança são os animais semi-dependentes que não
têm proprietários e, portanto, permanecem soltos nas ruas e ficam a disposição dos
cuidados de alguém;
- os animais errantes são independentes, não recebem qualquer tipo de
atenção, vivem soltos nas ruas na luta pela sua sobrevivência (COSTA, 2000).
Os três últimos grupos são importantes na transmissão da raiva devido a
carência de cuidados, já os dois primeiros a preocupação se dá pelo convívio mais
estreito com o ser humano (COSTA, 2000).
A possibilidade de observação do animal é muito importante. Pode ser feita
por médico veterinário ou mesmo pelo responsável pelo animal, no próprio domicilio,
ou pelo serviço municipal de controle da raiva diante de visitas em domicilio ou
isolamento em canil público. Deve-se observar a capacidade locomotora, de
alimentação e ingestão de água e a capacidades de reconhecimento das pessoas
que interagem com o animal (COSTA, 2000).
Deve ser verificado também a área geográfica de procedência do animal, que
tem sua classificação como:
- área de raiva controlada: locais onde existe serviço de controle da raiva
animal, com campanhas anuais de vacinação, medidas de vigilância sanitária e
16
epidemiológica. Amostras para investigação laboratorial são enviadas regularmente
e em bom número. Neste tipo de área o risco de transmissão do vírus rábico é baixo;
- área de raiva não controlada: conhecidas como áreas produtivas, ou
silenciosas. Não são desenvolvidas avaliação clínica dos animais e não são
enviadas amostras para exame laboratorial na quantidade esperada. As ações
preventivas são insuficientes e se limitam à vacinação dos animais. A situação
epidemiológica é desconhecida (COSTA, 2000).
2.4 Período de incubação
O período de incubação, ou seja, desde a infecção até os primeiros sintomas
da doença, é extremamente variável. Depende da localização e gravidade da
mordedura, arranhadura ou lambedura dos animais infectados, da proximidade de
troncos nervosos e da quantidade de partículas virais inoculadas. No homem varia
de 2 a 10 semanas, em média 30 a 45 dias. Para cão e gato, este período varia de
duas semanas a mais de um ano, sendo em média de 45 a 60 dias (COSTA, 2000;
DINIZ et al., s.d.).
2.5 Período de transmissibilidade
O período em que o animal transmite a doença, chamado de período de
transmissibilidade, precede ao aparecimento dos sinais e sintomas e persiste
durante toda evolução da doença. Em cães e gatos inicia-se de 2 a 4 dias antes do
surgimento dos sintomas. A morte do animal ocorre no máximo em cinco a sete dias
17
após a apresentação dos sintomas. Por isso, recomenda-se a observação do animal
(cão e gato) durante dez dias a partir da agressão. (DINIZ et al., s.d.).
2.6 Cadeia epidemiológica
Atualmente, consideram-se quatro ciclos: aéreo, urbano, rural e silvestre.
O ciclo aéreo tem grande importância na manutenção vírus, ocorre entre as
espécies de morcegos. A disseminação do vírus é facilitada pelo fato dos morcegos
serem os únicos mamíferos voadores, desta forma transpõem as barreiras
geográficas. Independente da espécie, todos os morcegos são susceptíveis à raiva,
com sintomatologia e conseqüente morte. São responsáveis pela manutenção da
cadeia (DINIZ et al., s.d.; SURTO, 2004).
O ciclo urbano, caracteriza-se pela presença do vírus entre os animais
domésticos de estimação (DINIZ et al., s.d.; SURTO, 2004).
O ciclo rural tem no morcego o maior transmissor da raiva aos animais
herbívoros. A raiva destes animais é responsável por prejuízos econômicos na
América Latina, cerca de 30 milhões de dólares por ano. No Brasil este gasto chega
a 15 milhões de dólares, sendo que 40 mil animais vão a óbito (SURTO, 2004;
KOTAIT et al., 1998).
O ciclo silvestre é representado por macaco, raposa, lobo, quati e outros. É
sustentado principalmente pelo hábito alimentar dos morcegos hematófagos (DINIZ
et al. s.d.; SURTO, 2004).
2.7 A doença
18
O vírus se prolifera primeiro no local de inoculação e posteriormente atinge as
terminações nervosas periféricas. Progride pelos nervos em sentido ao Sistema
Nervoso Central. A resposta imune não é estimulada devido a este processo ser
realizada pela bainha dos nervos (DINIZ et al., s.d.).
Ao atingir o Sistema Nervos Central, o vírus rábico se multiplica rapidamente
em diferentes locais, que varia de acordo com a espécie animal. Os anticorpos são
ineficientes contra a enfermidade porque somente depois de instalada a doença (ao
atingir o Sistema Nervoso Central) é que o vírus chega a uma concentração
suficiente para estimular as células de defesa (DINIZ et al., s.d.).
Em seguida, o vírus se espalha pelo organismo através de nervos, podendo
ser encontrado em vários locais mas, principalmente, nas glândulas salivares – fator
importante na transmissão da doença (DINIZ et al., s.d.).
2.8 A doença no homem
O quadro clínico pode ser dividido em quatro momentos: fase prodrômica;
fase neurológica aguda; coma e morte (DINIZ et al., s.d.).
No primeiro momento os sintomas são febre, cefaléia, mal-estar, anorexia,
náusea e dor de garganta, no local da mordedura ocorre queimação, formigamento,
adormecimento, prurido e/ou dor (DINIZ et al., s.d.).
O Comprometimento do Sistema Nervoso Central é caracterizado pelo quadro
de ansiedade, inquietude, desorientação, alucinação, convulsões, podendo ser
desencadeadas por estímulos táteis, auditivos ou visuais. Ocorre espasmos ou
dificuldade de deglutição (hidrofobia – o paciente tem sede mas não consegue
ingerir líquidos, ficando desidratado e mais ansioso), dificuldade de engolir a própria
19
saliva, que o faz babar. Os espasmos ainda podem ocorrer por fluxo de ar
(aerofobia) e a luz (fotofobia) (DINIZ et al., s.d.; SINAIS, 2005; BORGES, 1998).
O indivíduo apresenta ainda intensa agitação psicomotora, crises convulsivas,
torpor, como, insuficiência respiratória e morte, que ocorre aproximadamente em 5 a
8 dias após o início dos sintomas (DINIZ et al., s.d.; SINAIS, 2005; BORGES, 1998).
A raiva humana é de notificação compulsória (DINIZ et al., s.d.).
2.9 A doença no animal
A raiva pode ser apresentada sob as formas: raiva furiosa, raiva paralítica,
raiva, raiva pruriginosa e raiva muda (RAIVA, 2005).
Em cães e gatos a raiva se apresenta sob a forma furiosa, cujos sintomas são
expressos pela mudança de hábito, como a busca por lugares escuros; mudança de
comportamento representada pela agitação e agressividade mais intensa; mudança
de hábitos alimentares, o animal adulto volta a roer objetos, ingerir terra, metais etc;
têm dificuldade para engolir água e alimentos devido a paralisia da musculatura da
laringe e faringe, portanto, apresenta salivação intensa (não consegue engolir a
saliva); ocorre a paralisia da patas traseiras ( no início determina a incoordenação
motora, sintoma importante, evoluindo para paralisia ). O latido dos cães assemelhase a um “uivo rouco” ou bitonal (REICHMANN, 2000; DINIZ et al., s.d.).
A raiva paralítica é muito comum ocorrer em herbívoros. Ocorrem
incoordenações e contrações da musculatura do pescoço, tronco e extremidades. O
andar é cambaleante, chegam a arrastar os membros posteriores. Há dificuldade de
deglutição, dando a aparência de engasgo. Por fim, caem e não conseguem mais
20
levantar. A duração da doença é de 4 a 5 dias, culminando na morte por paralisia da
musculatura envolvida na respiração (DINIZ et al., s.d.; KOTAIT et al., 1998).
Raiva pruriginosa: sinais indefinidos, com predominância de prurido intenso
que leva o animal a se auto-mutilar. Em especial em eqüinos, esta forma de raiva
promove danos graves e intensos (REICHMANN, 2000; RAIVA, 2005).
Raiva muda: os sinais de doença são indefinidos, o animal se esconde e vem
a morrer sem diagnóstico clínico (REICHMANN, 2000; RAIVA, 2005).
2.10 Situação da raiva no mundo
A distribuição da raiva é universal, apenas não ocorre na Oceania. Porém,
neste lugar foi encontrado um Lyssavirus, fazendo com que esta situação seja
revista (DIETZ, 2000; DINIZ et al., s.d.; SOUZA et al., 2005).
Estima-se que a cada 10 a 15 minutos um indivíduo morre de raiva, e a cada
hora 1.000 recebem tratamento pós-exposição no mundo. O cão figura como
principal transmissor da raiva para os humanos (BELOTTO, 2005.)
A variação dos casos de raiva, quanto ao ciclo, está ligada às condições
sócio-econômicas do país ou da região e da ecologia das espécies envolvidas
(DIETZ, 2000).
Nos países onde ocorre, sua distribuição não é uniforme, existem áreas em
que a situação permanece sob controle e existem áreas em que não há controle da
doença, nas quais a epizootia possui número de casos significativos, podendo
ocorrer ainda sob a forma de surtos (DIETZ, 2000).
O continente asiático tem uma ocorrência de cerca de 35.000 a 55.000 casos
de raiva, sendo que aproximadamente 7 milhões de pessoas recebem tratamento
21
anti-rábico. É a região que apresenta maior número de casos no mundo,
concentrados, principalmente na Índia, onde a raiva é endêmica. Acredita-se que
neste país ocorram cerca 25.000 a 50.000 casos de raiva humana, na sua maioria
provocados por mordeduras de cães, sendo que 500.000 são submetidas a
tratamento (DIETZ, 2000; BELOTTO, 2005).
Na Indonésia, registra-se em 1983, 691 casos, a maioria em cães. É possível
que ocorra subnotificação, pois o diagnóstico é feito com base nos sinais clínicos e
na história de mordedura por animal. 63% dos materiais enviados para o laboratório
deram positivos para raiva (DIETZ, 2000).
No Sri Lanka, 95% dos óbitos são causados por mordeduras de cães, sendo
que esta região constitui área endêmica (DIETZ, 2000).
No continente africano, estima-se que o número de mortes humanas por ano
é de 5.000 a 15.000, sendo que cerca de 500.000 pessoas são vacinadas. Neste
continente, a doença só não está presente nas Ilhas Maurício. A subnotificação
também é muito comum (DIETZ, 2000; BELOTTO, 2005).
Na América do Norte e na Europa, o número de raiva humana está limitado a
menos de 50, sendo que aproximadamente 100.000 pessoas recebem tratamento
pós-exposição. Na Europa e Austrália, a espécie que responde por 78% dos casos
de raiva é a raposa, fazendo com que a raiva adquira comportamento silvestre. Por
conta disso, alguns países europeus adotaram vacinação oral de raposas, sendo
observado a redução dos casos (DIETZ, 2000; BELOTTO, 2005).
Nos Estados Unidos, cerca de um milhão de pessoas são agredidas por cães
e gatos anualmente. A maioria dos agredidos são mordidos nos braços, sendo que
nos acidentes com cães errantes, a agressão ocorre com maior freqüência nas
pernas. Em 1994, os custos com a profilaxia são elevados, em Connecticut,
22
aproxima-se de US$ 1.430 por pessoa. Acredita-se que na Califórnia, ocorra
369.000 agravos causados por animais anualmente (DIETZ, 2000).
No Canadá e nos estados Unidos o problema é maior com o ciclo Sivestre,
pois a raiva é mais encontrada nos carnívoros, sendo os morcegos hematófagos os
principais transmissores (DIETZ, 2000; BELOTTO, 2005).
Na América Latina o número de casos de raiva humana está entre 100 a 200
por ano, sendo que 500.000 pessoas iniciam tratamento anti-rábico. De 1990 a
1996, foram registrados 73.719 casos de raiva animal, sendo que cães e gatos
foram responsáveis por 70,7% dos casos (DIETZ, 2000; BELOTTO, 2005).
Em El Salvador, no de 1985, foi observado a ocorrência de 24 casos de raiva
humana, sendo que no mesmo ano, o México e o Brasil apresentaram mais casos. A
Bolívia e a Colômbia registram, em 1979, 1.000 casos de raiva canina (DIETZ,
2000).
2.11 Situação da raiva no Brasil
No Brasil, o número de municípios que mantêm a vigilância epidemiológica
ativa ainda é muito baixo. Entre 1995 e 1999, a Região Nordeste apresentou 44,1%
dos casos de raiva humana, já a Região Norte contribuiu com 31,6%, seguida da
região Centro-Oeste com 12,5% e a Região Sudeste com 11,8%. A Região Sul não
registra casos de raiva desde 1987 (SOUZA, 2005; ARAÚJO, 2005).
O principal animal transmissor da raiva à espécie humana no Brasil é o cão,
responsável por cerca de 85% dos casos. Em segundo lugar, encontram-se os
morcegos. Em seguida, aparecem os gatos e as demais espécies mamíferas, como
bovinos, eqüinos, caprinos, suínos e outros animais (REICHMANN et al., 2000).
23
A raiva canina o Brasil apresentou 1.746 casos em 1998 e 1.223 em 1999,
sendo que em cada ano foram enviadas, respectivamente, 20.717 e 30.059
amostras. O enviou de amostras ao laboratório triplicou nos últimos cinco anos,
sendo que a cobertura vacinal nesse período foi superior a 80%, chegando a atingir
em 1999, 88,3%. Porém, muitos estados das regiões Norte e Nordeste não
cumpriram a meta de vacinação (SOUZA, 2005).
No período de 1980 a 2003 ocorreu uma redução importante no número de
casos de raiva humana, devido ao maior controle da raiva canina. Neste período, o
cão foi a espécie agressora predominante, respondendo por quase todos os casos
humanos. Já no ano de 2004, o morcego hematófago figurou como o principal
agressor, diante da ocorrência de dois surtos nos municípios de Portel-PA, com 15
casos, e Viseu-PA, com 6 casos. De janeiro a junho de 2005 houve a ocorrência de
um caso de raiva humana transmitida por cão em Sergipe, um surto no município de
Augusto Côrrea-PA com 15 casos e este surto em Godofredo Viana (BRASIL, 2005).
O aumento do número de casos relacionados aos morcegos se deve ao fato
da grande invasão que os ambientes silvestres vêem sofrendo. No Estado de São
Paulo, no ano de 1994, o número de atendimentos humanos dos acidentes por
morcegos foi de 223, já em 2001 este número saltou para 410 (OCUPAÇÃO, 2005).
Em Aparecida de Goiânia – GO, no período de 1993 a 2003, foi verificado
uma incidência variável de casos de raiva animal. Quanto a raiva canina, 1996
apresentou o maior índice, sendo 177 casos, sendo que no mesmo ano foi
registrado 8 casos de raiva felina, também o maior durante o período da pesquisa.
Os eqüinos, os bovinos e os primatas também aparecem nos casos, porém, em
menor número. Nos anos compreendidos por 2002 e 2003, não ocorreram casos
(ARAÚJO, 2005).
24
Em Minas Gerais, no período de 1991 a 1999, foi verificado 33 casos de raiva
humana, sendo 21 transmitidos por cães. O morcego apareceu como segundo
transmissor da doença. Também foi observado que o Estado possui graus de risco
diferenciados e que as áreas de alto risco coincidem com as maiores áreas de
pobreza e analfabetismo, desse modo, em áreas mais desenvolvidas a possibilidade
de transmissão para o homem é menor (MIRANDA et al., 2003).
Um fato importante observado no Estado de Minas Gerais, é que não há
controle da qualidade da vacina, sendo que houve casos de raiva em cães
vacinados com três doses (MIRANDA et al., 2003).
Em outro estudo realizado, ainda no Estado de Minas Gerais, foi verificado
que no período de 1999 a 2002, ocorreram 88 casos de raiva canina e felina. Já em
relação á Raiva humana, foi registrado um caso em 2002, no município de Curvelo,
sendo o animal transmissor o morcego. No ano de 2002, foram vacinados 2.322.637
cães e 268.126 gatos, correspondendo a 98% da população desses animais (BRITO
et al., 2002).
Na cidade de Salvador – Bahia, no período de 1975 a 1991, foram registrados
96 casos de raiva humana. Destes, 80 a forma de agressão foi a mordedura. Apenas
em um paciente recebeu tratamento profilático quase correto, devido a carência se
soro na unidade de saúde. Os demais pacientes procuraram o serviço de saúde
tardiamente ou quando o quadro clínico já estava instalado. Isso reforça a
impotência da educação continuada destinada aos profissionais de saúde, de forma
a se valorizar os cuidados oferecidos aos agredidos por animais (TAVARES NETO,
2005).
De acordo com o Instituto Pasteur, o número de casos de raiva canina e
felina, no Estado de São Paulo, apresentou-se alto no ano de 1996, sendo 95 cães e
25
9 gatos. Posteriormente ocorreu um declínio dos casos, chegando, em 2000, a 4
casos de cães e nenhum para gato, aumentando para 8 e 4, respectivamente, no
ano de 2001 (OCUPAÇÃO, 2005).
Na cidade de Araçatuba – SP, 1.984 cães foram submetidos a diagnóstico de
raiva no período de 1993 a 1997. Deste total, 351 foram positivos, sendo 89% dos
casos ocorreram na área urbana. Da avaliação das fichas que continham informação
sobre a vacinação do animal, um total de 182, 51% dos cães não eram vacinados
(SILVA, 2004).
No Estado de São Paulo, o último caso de raiva humana foi registrado em
2001, tendo como animal transmissor o gato. Importante ressaltar que este animal
havia capturado um morcego dias antes e não estava vacinado (OCUPAÇÃO, 2005).
São Paulo foi o Estado pioneiro em criar, no final de 1973, a Comissão
Permanente de Controle da Raiva (CPCR), que seguia as recomendações da
Organização Panamericana de Saúde/OMS. Foi iniciado uma política de vacinação
contra raiva em massa de cães – campanha. No ano de 1981, consegui-se atingir
uma cobertura vacinal de 70% e em 1983 a totalidade dos municípios passou a
realizar essa campanha anual (Takaoka, 2005).
À medida que a cobertura vacinal foi aumentando, houve um decréscimo nos
casos de raiva humana, entre 1975 a 1982, ocorreram mais de 130 casos. Já no
período compreendido entre 1983 a 2000, houve notificação de 19 óbitos humanos.
O que também contribui para este declínio foi que a partir da década de 90 a
Vigilância Epidemiológica passou a ser mais adequada (Takaoka, 2005).
2.12 População canina
26
Desde os primórdios, a interação entre homem e animais já existia. Foram os
lobos que inicialmente se adaptaram ao convívio com os humanos. Desta
convivência, muitos benefícios surgiram, como a proteção (propriedades, rebanhos,
dos próprios indivíduos), caça, companhia entre outros. A partir desta interrelação,
as espécies foram sendo selecionadas dando origem ao cão, que até hoje conserva
algumas características ancestrais, sendo observadas a formação de matilhas e
organização hierárquica bem definida (REICHMANN et al., 2000).
O excesso do número de animais domésticos, devido à procriação
descontrolada e deterioração da qualidade de vida das comunidades humanas,
constitui-se num grave problema pela possibilidade de agressões, aspectos estéticos
ambientais, abandonos dos animais e possíveis crueldades e transmissão de
doenças (REICHMANN et al., 2000).
Devido a super população, os serviços de controle de zoonoses recolhem os
animais soltos nas ruas, e como não dispõem de condições de alojar por tempo
indeterminado tais animais, na ausência de um destino adequado (procura pelo
dono ou adoção), estes são encaminhados para eutanásia ou para as instituições de
ensino e pesquisa.
Os cães desempenham várias funções como de trabalho (pastoreio, guarda,
policiamento, guias de deficientes, auxiliares de terapias, recuperação de
presidiários); de esporte (corridas, caçadas, puxadores de veículos e trenós); de
exposição (companhia, lazer, exposições, aprimoramento de raças) e de companhia,
convivendo numa estreita relação com seus proprietários (REICHMANN et al.,
2000).
A satisfação e o bem-estar que o cuidar de animais de estimação promove,
leva crianças e adultos a ampliarem seus conhecimentos em outras áreas afetivas,
27
como sentimento de proteção, carinho, responsabilidade e paciência, acarretando na
melhora das relações humanas (REICHMANN et al., 2000).
Porém, a opção por ter um ou mais animais de estimação deve ser feita de
forma consciente e requer uma série de condutas responsáveis, de forma a
proporcionar qualidade de vida a todos os envolvidos na relação. É importante a
Posse Responsável, em que se encaixam os seguintes cuidados: higiene do animal,
higiene do ambiente, vermifugação, controle de ectoparasitas, alimentação,
alojamentos e abrigos, vacinas, passeios, atenção e carinho (REICHMANN et al.,
2000; REICHMANN et al., 2000).
A domiciliação é uma forma interessante no controle da reprodução animal,
pois impede que este entre em contato com outro animal do sexo oposto. Uma
fêmea no cio solta na rua atrai muitos machos, e isso pode causar riscos de
acidentes, agravos a seres humanos, transmissão de doenças específicas da
espécie e de zoonoses, sendo a raiva a maior preocupação. O aglomerado de
animais e a disputa pelas fêmeas aumenta a possibilidade de disseminação do vírus
rábico entre eles (REICHMANN et al, 2000).
2.13 Educação em saúde
Os agentes de educação em saúde compreendem todas as pessoas da
comunidade que de alguma forma contribua para que se adotem condutas positivas
de saúde, tornando sua comunidade um lugar mais sadio para se viver. Ele deve ser
capaz de ensinar e aprender com as pessoas. Seu papel é ajudar as pessoas a
compreender as causas de seus problemas e buscar soluções para eles. E, para ser
eficiente, é necessário transformar seus conhecimentos em ação (BORGES, 1998).
28
Programas de educação em saúde tem-se concentrado na educação
comunitária, escolar, ocupacional e de pacientes. Porém, pode-se aplicar
naturalmente na família, no trabalho, no clube, na rua entre outros (BORGES, 1998).
O “educar preventivamente” é uma tarefa complexa que requer muito mais
que o simples repasse de informação, portanto, a conscientização da população
constitui seu alicerce, de forma a assumirem a responsabilidade por sua própria
saúde e bem-estar, e desenvolverem a capacidade de contribuir para o
desenvolvimento da sociedade (BORGES, 1998).
No diálogo a intercâmbio de idéias, opiniões e conceitos, portanto, o educador
não pode trabalhar isoladamente. É importante a reflexão para repensar a educação
em saúde, juntamente com as demais ações em saúde (BORGES, 2998).
Em áreas endêmicas e epidêmicas, os programas de educação em saúde
devem ser constantes, de forma a estimular a adoção de medidas profiláticas e a
conscientização da comunidade (KOTAIT, 1998).
29
3. JUSTIFICATIVA
Como as agressões por cães podem causar ao homem várias complicações
de saúde, sendo a Raiva a maior preocupação, por se tratar de uma doença de
letalidade 100% e, que não foi erradicada no nosso meio, conhecer o perfil das
agressões é fundamental para que se possa identificar onde se concentra o
problema e tomar medidas mais adequadas que minimizem a situação, contribuindo
com o sistema de saúde pública já existente e proporcionando aos humanos e
animais melhores condições de vida.
30
4. OBJETIVOS
4.1 Geral
Conhecer o perfil das agressões por cães que ocorrem no Município de
Araraquara – Estado de São Paulo, Brasil.
4.2 Específicos
Segundo o perfil das agressões por cães pesquisar as seguintes variáveis
associadas:
- mês do agravo;
- sexo e idade do agredido;
- local do acidente (mucosa, cabeça/pescoço,mãos/pés, tronco, membros
superiores, membros inferiores);
- tipos de acidente (mordedura, arranhadura, lambedura);
- zona (urbana, rural, urbana/rural);
- espécie do animal agressor;
- condição do animal (sadio, suspeito, desaparecido, raivoso, observável,
sacrificado);
- modo de ocorrência da agressão (lazer, animal feroz, animal com
comportamento alterado);
- agressão provocada;
- indicação de tratamento;
- onde ocorreu a lesão (residência, via pública);
31
- situação vacinal do animal.
32
5. METODOLOGIA
5.1 Caracterização do local de estudo
O presente estudo foi realizado na cidade de Araraquara/SP.
Está localizada na região central do Estado de São Paulo, tendo como
coordenadas geográficas 21º47'37" de latitude sul e 48º10'52" de longitude oeste.
Apresenta altitude média de 646 metros
em relação ao nível do mar
(LOCALIZAÇÃO, 2005).
Possui clima Tropical de Altitude caracterizado por duas estações bem
definidas, sendo o verão com temperaturas altas (média de 30ºC) e pluviosidade
elevada; o inverno apresenta temperaturas amenas e pluviosidade reduzida
(LOCALIZAÇÃO, 2005).
Sua vegetação primária era composta de floresta Latifoliada Tropical, cujos
representantes são a peroba, o pau d’alho, a figueira branca, vegetação
característica de áreas de solos Latosolo Roxo. Grande parte do município
apresenta vegetação de cerrado (LOCALIZAÇÃO, 2005).
É conhecida como uma das cidades mais arborizadas que o país possui,
sendo 34,2m2 de área verde por habitante, distribuídos nas vias públicas e nas 105
praças.
O município apresenta área total de 1.312 Km2, sendo 80 Km2 ocupados pelo
espaço urbano.
De acordo com o IBGE, censo realizado em 2000, o número de pessoas
residentes é de 182.471, sendo a distribuição de 88.742 homens e 93.729 mulheres
(SÍNTESE, 2005).
33
5.2 Serviço especial de saúde de Araraquara – SESA
O Serviço Especial de Saúde de Araraquara (SESA), foi criado em 1947. Até
1956 foi subvencionado pela Fundação Rockefeller, sendo em 1958, transferido para
a USP, estando subordinado diretamente à Faculdade de Saúde Pública (SERVIÇO,
2005).
A profilaxia da Raiva, desde 1970, sempre se destacou como uma das
prioridades da vigilância sanitária. Em relação à profilaxia vacinal, a ação era
baseada muito mais no tipo da lesão do que na espécie agressora e seu
conseqüente estado de saúde e, portanto, a indicação de tratamento variava entre
30 a 60% dos casos (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, [2003]).
Até 1983, o SESA representou o único serviço de saúde pública de
Araraquara, conveniado à Secretaria de Estado da Saúde e, atualmente desenvolve
ações e atividades em saúde para o atendimento de toda comunidade, através do
convênio com o Ministério da Saúde – SUS, e intermédio de gestores municipal e
estadual (SERVIÇO, 2005).
Em 1987, diante de um caso de reação vacinal grave, houve uma
reorganização do atendimento, através da adoção de várias estratégias, de forma
que o tratamento tivesse indicação absoluta, a fim de minimizar os casos de reação
vacinal grave sem que o paciente fosse colocado em risco de contrair a doença.
Para aumentar a eficiência do serviço, este passou a efetuar atendimentos aos finais
de semana e feriados (UNIVESIDADE DE SÃO PAULO, [2003]).
Diante desta nova organização do serviço de saúde, em 1992, Araraquara
passou a ser considerada Município de Raiva Controlada pela Comissão Estadual
de Controle da Raiva e Profilaxia da Raiva Humana da Secretaria Estadual da
34
Saúde. O Centro de Controle de Zoonoses, a partir 1994, devido ao envio de
material de animais domésticos e silvestres para exame, contribuiu para que o
município mantivesse esta posição (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, [2003]).
Em conseqüência do rigoroso trabalho efetuado, a proporção dos pacientes
submetidos a tratamento foi diminuindo progressivamente com a organização do
programa (INIVERSIDADE DE SÃO PAULO, [2003]). Sua ação está baseada na
observação do animal agressor, durante os dez dias após a agressão. Desta forma,
evita-se a indicação desnecessária de tratamento, o que minimiza o risco de reações
adversas que possivelmente este possa causar, bem como previne o desperdício
público.
5.2 Obtenção dos dados
Os dados foram obtidos através de informações das Fichas de Investigação
de Atendimento Anti-Rábico Humano de Araraquara, fornecidas pelo Serviço
Especial de Saúde de Araraquara (SESA).
Os dados coletados compreendem o período de janeiro de 2003 a novembro
de 2005. Durante este período, a partir de outubro de 2003, ocorreu a inserção da
informação sobre o local onde ocorreu a agressão.
As fichas analisadas são preenchidas pelos funcionários do setor de Profilaxia
da Raiva Humana, bem como pelo corpo de enfermagem e médicos. A equipe
médica é a responsável pela avaliação clínica, conduta de tratamento e alta do
paciente.
As informações colhidas se limitam nas variáveis:
35
Mês do agravo; sexo e idade do agredido; local do acidente (mucosa,
cabeça/pescoço,mãos/pés, tronco, membros superiores, membros inferiores); tipos
de acidente (mordedura, arranhadura, lambedura); zona (urbana, rural, urbana/rural);
espécie do animal agressor; condição do animal (sadio, suspeito, desaparecido,
raivoso, observável, sacrificado); modo de ocorrência da agressão (lazer, animal
feroz, animal com comportamento alterado); agressão provocada; indicação de
tratamento; onde ocorreu a lesão (residência, via pública); situação vacinal do
animal.
36
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O número de pessoas agredidas por animais, atendidas pelo Serviço Especial
de Saúde de Araraquara/SP, no período de janeiro de 2003 a novembro de 2005, foi
2654, que corresponde a uma média anual de 885 indivíduos.
Durante o período estudado, o ano de 2004, apresentou o maior número de
pacientes, registrando 1023 casos.
O mês com maior casos de agressões foi setembro, com 266 registros
(10,02%). É possível que isto ocorra devido a campanha de vacinação animal
realizada neste mês, e que pode contribuir para que as pessoas fiquem mais atentas
em relação à doença e procurem mais a assistência médica. Também com números
elevados de casos, encontram-se os meses de janeiro, agosto e julho, com as
respectivas freqüências, 9,72%, 9,01% e 8,97%. O fato de janeiro e julho serem os
meses das férias escolares, bem como agosto ser conhecido popularmente como o
“mês do cachorro louco”, pode contribuir para uma maior incidência de casos.
(Gráfico 1). Os meses de agosto, junho e julho, respectivamente, na ordem de
importância, também aparecem como significativos no estudo realizado por Dietz
(2000)
Quanto ao sexo do agredido, não houve diferença significativa. Porém, os
pacientes do sexo masculino foram os mais agredidos, representando, 50,68%
(1345 indivíduos) do total. Isto está em concordância com outros estudos realizados
(PINTO; ALLEONI., 1986; DEL CIAMPO et al., 2000; DIETZ, 2000).
Dos três anos observados, a maioria dos ofendidos compreendem a faixa
etária entre 15 e 44 anos (36,20%), isto pode ser explicado pelo fato de nesta faixa
de idade as pessoas serem mais independentes e ativas. Em seguida aparecem os
37
indivíduos com idade entre 5 a 14 anos (24,77%) e 45 a 64 anos (20,59%). As
crianças e os jovens têm uma tendência maior a provocar os animais, tanto de forma
intencional (puxar o rabo, assoprar a cara, apertar o animal entre outros) como de
forma não intencional (andar, correr, andar de bicicleta etc). Por isso, as atividades
educativas voltadas a estes cuidados são importantes. (Gráfico 2). Estes dados
concordam com os obtidos por Dietz (2000).
Quanto ao local do corpo mais freqüentemente agredido, destacam-se as
mãos e os pés (32,47%), seguido pelos membros inferiores (26,87%) e membros
superiores (20,52%). Estes locais são de fácil acesso para os animais, portanto,
apresentam os índices mais altos. Os pacientes com idade entre 15 e 44 anos e 45 e
64 anos, tiveram as mãos e os pés mais agredidos (respectivamente 37,12% e
43,96%) , já os indivíduos entre 5 e 14 anos sofreram mais agressões nos membros
inferiores (30,96%), este dado está de acordo com o encontrado por Del Ciampo
(2000), que verificou uma freqüência de 27,9% de agressões nesses membros. As
crianças até 4 anos de idades foram mais agredidas na cabeça e no pescoço
(35,51%), a estatura mais baixa permite um melhor acesso dos animais nas áreas
superiores do corpo, sendo que também deve ser considerado o hábito que as
crianças têm de apertarem o rosto do animal e os abraçarem, bem como à tentativa
de fuga e defesa quando estão brincando ou provocando o cão. (Gráfico 3).
Algumas pessoas foram agredidas em mais de um lugar do corpo. O tipo de
agressão em alguns casos também foi múltiplo. Porém, ambas situações ocorreram
pouco.
A mordedura foi o tipo de agressão mais freqüente, ocorrendo em 91,02% dos
ofendidos. Logo em seguida, com 5,68%, encontra-se a arranhadura. Em menor
escala aparece a lambedura com 1,72% dos casos. Apresentando freqüências muito
38
baixas, aparecem as situações de contato indireto (0,70%), ignorado (0,84%) e o
caso em que houve perfuração com a injeção (0,04%). Pinto e Alleoni (1986) e Del
Ciampo (2000) também encontraram resultados semelhantes em seus estudos,
comprovando que as mordeduras são as formas de agressão mais comum.
Em relação ao animal agressor, o cão destaca-se como principal autor,
correspondendo a 85,53% dos casos. Os gatos aparecem em segundo lugar,
representados por 9,46%. Outras espécies animais como rato, porco, coelho,
esquilo, gambá e porco da índia, juntos registram 2,52%. A porcentagem de casos
que não continham registrados a espécie animal agressora foi de 1,24%. Os
morcegos foram responsáveis por 0,94% dos casos de agressões. Ocorreram
apenas 7 agressões por macacos e 1 por raposa. O cão também figura como
principal agente causador das agressões em vários estudos, podendo ser citada a
pesquisa realizada por Miranda et al. (2003), em que dos 33 casos de raiva humana,
21 foram transmitidos por cães.
A maioria das agressões ocorreram na zona urbana (66,01%), isto já era
esperado diante da maior parte da população se encontrar nesta região, e uma
pequena parcela na zona rural (0,94%) e urbana/rural (0,23%). Porém, dos casos
atendidos, 32,82% não apresentavam o campo sobre esta informação preenchido. O
estudo Surto de Raiva humana transmitida por morcegos no município de PortelPará, março/abril de 2004 (2004), registra que 80% dos casos de raiva humana
pertencem ao ciclo urbano.
Na área urbana, a espécie agressora mais freqüente foi o cão, registrando
84,70% das agressões, os felinos responderam por 10,56%. Na área rural o cão
também foi o principal responsável pela maioria dos casos (80%), seguidos pelos
39
gatos (12%) e demais espécies como rato, porco, coelho, esquilo, gambá e porco da
índia (8%).
Em 81,05% dos casos a condição do animal agressor era sadia, sendo que
9,83% das fichas analisadas não apresentavam tal informação preenchida. Animais
desaparecidos representaram 3,43% dos casos e, nesta condição a indicação do
tratamento é imediata, já que não existe a possibilidade de observar o animal. 3,32%
dos animais foram considerados suspeitos e 1,09% foram sacrificados. As condições
observável, raivoso, grávida, doente convulsão, somos juntos 1,29%.
Quanto ao modo de ocorrência da agressão, em 41,82% dos casos o animal
foi considerado feroz. O item lazer registrou 40,47%, e em 13,75% das agressões
faltava essa informação. Animal com comportamento alterado foi considerado em
3,88% dos casos. (Gráfico 4).
Uma variável muito importante que deve ser considerada é a causa da
agressão, se esta foi provocada ou não, pois, deve-se suspeitar de raiva quando a
agressão é considerada como não provocada. Das agressões registradas no
período do estudo, 56,63% não foram provocadas, 32,67% foram provocadas e
10,70% não continham a informação. Porém, tanto a causa da agressão, como o
modo de ocorrência da agressão, são muito subjetivos e dependem da interpretação
que o profissional que está preenchendo a ficha dá ao caso, e ao que o ofendido
fala, pois, muitas atitudes do paciente, que para ele podem parecer normais, para o
animal são provocativas. Dietz (2000) também encontrou resultado semelhante, de
forma que, em sua pesquisa 61,1% dos agravos foram acidentais.
O local onde ocorreu a agressão foi considerado a partir do mês de outubro
de 2003 devido a esta variável ter sido incluído neste mês nas fichas analisadas.
Deste período até novembro de 2005, foi observado que a maioria dos casos
40
ocorreram nas residências (65,98%), seguido da via pública (19,79%) e outros
locais, como sítio e zoológico (1,05%). Em 13,18% das fichas não foi encontrada
esta informação por não ter sido preenchido o campo. (Gráfico 5). Mesmo que a
maioria das agressões tenham ocorrido nas residências, uma parcela interessante
ocorreu na via pública, por isso, é importante diminuir o número de animais errantes
e não permitir a procriação descontrolada, bem como conscientizar os proprietários a
não deixaram que seus animais saiam desacompanhados e sem guia nas ruas.
Importante ressaltar que dos casos ocorridos nas residências, geralmente, foi o
próprio dono do animal o ofendido, ou vizinho, amigos e parentes. Isso leva a
questionar a forma como as pessoas estão educando seus animais, será que estão
atentas às suas necessidades e conhecem seu comportamento? Em 1999, no
município de São Paulo, a doutora Rúbia Burnier (QUESTÕES, 2005) concluiu que a
maioria das agressões ocorrem devido a uma situação de privação em que o animal
é colocado (privação por alimento, espaço, abrigo, contato com pessoas e outros
animais e limites na criação).
No que se refere a situação vacinal dos animais, verificou-se que a maioria
deles são vacinados (54,37%). A freqüência dos animais não vacinados é 22,23%,
sendo que dentro desse número, encontram-se aqueles que normalmente não são
vacinados como morcego, rato, raposa, gambá e macaco. Em 23,40% não foi
possível coletar esta informação devido o campo não ter sido preenchido. Foi
observado que grande parte dos animais domiciliados e que possivelmente
agrediram o próprio dono, parente, amigo ou vizinho, não haviam sido vacinados,
indicando a falta de responsabilidade de muitos proprietários, que correm o risco de
adquirir a doença. O fato do animal ser vacinado não significa que ele esteja
realmente imunizado contra a raiva, pois, a vacinação não tem eficácia em 100%
41
dos indivíduos, mas, essa medida deve ser adotada como forma preventiva. Muitos
ofendidos podem deixar de procurar a assistência médica por saber que o animal
agressor foi vacinado, e achar que isso lhe dá garantia contra a doença. Portanto,
esclarecimentos sobre o assunto é de fundamental importância. (Gráfico 6).
Em 91,30% dos casos atendidos não foi indicado tratamento anti-rábico e
somente 8,70% dos pacientes iniciaram tratamento. O bom trabalho realizado pelos
profissionais do SESA, no que diz respeito à observação animal, conjuntamente com
o trabalho do Centro de Controle de Zoonoses permite que Araraquara ocupe uma
posição privilegiada, sendo considerada como Município de Raiva Controlada.
Através da observação animal, e este permanecendo sadio e vivo durante os dez
dias após a agressão, previne-se a indicação desnecessária de tratamento,
minimizando possíveis reações adversas e gastos públicos.
Atividades educativas com a população em geral, que envolvessem todas as
questões abordadas pela Posse Responsável, beneficiaria um grande número de
vítimas potenciais, contribuindo para que o número de pessoas agredidas
diminuíssem, já que se trabalharia a conscientização das pessoas, ensinando-as a
lidar e interpretar melhor seus animais, principalmente os cães, que constituem os
animais domésticos mais freqüentes. Trabalhos educativos com crianças, mostramse sempre muito positivos, pois, o que é passado se estende aos familiares e, desde
cedo elas aprendem a respeitar os animais e como lidar com eles.
Também é importante que as campanhas de vacinação aumentem sua
cobertura vacinal, bem como seja feito o controle da natalidade dos animais.
42
6.1 Gráficos
Gráfico 1: Freqüência da distribuição mensal dos agredidos, entre janeiro de
2003 e novembro de 2005.
40
35
30
25
20
15
10
5
0
0 a 4 anos
5 a 14 anos
15 a 44 anos
45 a 64 anos
65 anos ou mais
Gráfico 2: Freqüência da distribuição da idade dos agredidos por animais, no
período de janeiro de 2003 a novembro de 2005.
43
Gráfico 3: Freqüência da distribuição da localização da agressão provocada
por animais, no período de janeiro de 2003 a novembro de 2005.
À trabalho em
casa
Estressado
Ignorado
Animal
comportamento
alterado
Animal feroz
Laser
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Gráfico 4: Freqüência do modo de ocorrência das agressões por animais, no
período entre janeiro de 2003 a novembro de 2005.
44
70
60
50
40
30
20
10
0
Residência
Via pública
Outro
Ignorado
Gráfico 5: Freqüência da distribuição sobre o local onde ocorreu a agressão
por animal, no período de janeiro de 2003 a novembro de 2005.
23,40%
54,37%
22,23%
Sim
Não
Ignorado
Gráfico 6: Freqüência da distribuição da situação vacinal dos animais
agressores, no período de janeiro de 2003 a novembro de 2005.
45
7. CONCLUSÃO
Entre janeiro de 2003 e novembro de 2005, foram atendidas pelo Serviço
Especial de Saúde de Araraquara/SP, 2654 pessoas, correspondendo a uma média
anual de 885 agredidos.
O ano de 2004 apresentou o maior número, de casos.
Setembro foi o mês com maior casos de agressões e não houve diferença
significativa entre os sexos dos agredidos.
A maioria dos ofendidos estavam na faixa etária entre 15 e 44 anos de idade,
seguido por indivíduos entre 5 e 14 anos.
As mãos e os pés foram as partes do corpo mais agredidas, seguido dos
membros inferiores e dos membros superiores.
Pacientes entre 15 e 44 anos de idade e 45 e 64 anos tiveram as mãos e pés
mais agredidos. Os indivíduos com idade entre 5 e 14 anos sofreram mais
agressões nos membros inferiores e as crianças até 4 anos de idade foram mais
agredidas na cabeça e no pescoço.
A mordedura foi a agressão mais comum (91,02%), seguida da arranhadura e
da lambedura.
O cão destacou-se como principal autor das agressões, representando
85,53% dos casos. O gato assumiu 9,46% e os outros animais como rato, porco,
coelho, esquilo, gambá e porco da índia, juntos registram 2,52%. Os morcegos
foram responsáveis por 0,94% dos casos.
As agressões aconteceram predominantemente na zona urbana, porém, um
número elevado de fichas não continham preenchidos este campo (32,82%). Na
zona urbana e rural o cão foi o principal agressor.
46
A grande maioria dos animais estavam sadios, mas, 9,83% das fichas não
tinham a informação preenchida. Os animais desaparecidos foram representados
por 3,43%.
Das agressões registradas, 56,63% não foram provocadas e 10,70% não foi
informado. Vale citar que esta variável é muito subjetiva, depende da interpretação
de quem preenche a ficha e do que o agredido fala.
A maioria dos casos ocorreram nas residências A via pública foi responsável
por 19,79% e outros lugares por 1,05%. Das fichas analisadas, 13,18% não
continham a informação.
A maioria dos animais estavam vacinados (54,37%). Porém, 22,23% não
haviam sido vacinados. As fichas que não continham a informação representaram,
23,40%.
Não houve indicação de tratamento em, 91,30% dos casos.
47
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