a ação do cálcio no controle do ganho de peso corporal

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A AÇÃO DO CÁLCIO NO CONTROLE DO GANHO DE PESO CORPORAL:
UMA ABORDAGEM EXPERIMENTAL COM LEITE DE SOJA
ENRIQUECIDO.
Amariles Diniz Ramires¹ (Acadêmica de Nutrição); Fernanda Sollberger Canale¹
(Orientadora), Normandis Cardoso Filho1 (Co-orientador), Leda Marcia Regina Bento¹
(Co-orientadora)
¹Anhanguera - Uniderp. Rua Alexandre Herculano, 1.400, Bairro Parque dos Poderes, CEP
79.037 280, Campo Grande MS. Fone/Fax: 3341-9252. E-mail:
[email protected]
RESUMO
A obesidade, hoje um dos maiores problemas de saúde pública, é uma das Doenças
Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) que, epidemiologicamente, mais cresce em todo o mundo. O
desequilíbrio do balanço energético tem contribuído para o agravamento da doença. A ingestão do
cálcio dietético, de origem láctea, tem um papel essencial na regulação deste metabolismo
energético. As dietas ricas deste cálcio atenuam tanto o aumento dos adipócitos e o ganho de peso,
durante período de super consumo, quanto o aumento da lipólise durante períodos de restrição
calórica, preservando a termogênese, acelerando desta forma a perda de peso. O presente estudo
teve como objetivo avaliar a eficácia do cálcio, como mineral, contido no leite de soja enriquecido, no
controle do ganho de peso corporal em ratos Wistar, quando utilizado como suplementação. Foram
utilizados vinte ratos da espécie Rattus Norvegicus, da linhagem Wistar, por um período de 28 dias.
Divididos em dois grupos experimentais: GCO - Grupo controle (n=10) e GCA - Grupo Cálcio (n= 10),
este com administração de leite de soja enriquecido com cálcio. Utilizou-se análise de variância
(ANOVA) onde não se observou diferença estatisticamente significativa entre os grupos
experimentais (p<0,05).
Palavras-chave: Obesidade; Cálcio; Leite de Soja; Ratos Wistar.
INTRODUÇÃO
A obesidade considerada uma Doença Crônica não Transmissível (DCNT), pode ser
o resultado mais característico da má nutrição, caracterizada pelo Índice de Massa Corporal
(IMC), expresso no peso em quilos, dividido pela altura em metros ao quadrado (kg/m2), cujo
valor deve ser maior ou igual a 30 (NHANES, 2010). Atingindo uma grande parcela da
população, onde o desequilíbrio do balanço energético é um fator contribuinte para o
agravamento da doença (SILVA, 2007).
Um dos maiores problemas de saúde pública e uma das DCNT que,
epidemiologicamente, mais cresce em todo o mundo, a obesidade vem sendo objeto de
políticas de saúde pública, sendo que no Brasil, esse fenômeno é marcante, com aumento
da prevalência em adolescentes, adultos e idosos (SILVA, 2007; SICHIERI, SOUZA, 2008).
As causas são multifatoriais, dentre elas podemos citar a influência genética e
ambiental, sendo que a disponibilidade de dietas com altas densidades energéticas tem
contribuído para o aumento desta prevalência, (COZZOLINO, 2007).
Além da influência exercida pelos macronutrientes no desenvolvimento da
obesidade, estudos mostram a influência exercida, também, pelos micronutrientes, de forma
especial pelos minerais, no controle do peso corporal, o cálcio é um dos exemplos mais
recentes nessa área (SICHIERI; SOUZA, 2008). Ensaios clínicos e experimentais
demonstraram que o mecanismo mais provável de relação cálcio e obesidade seria a maior
disponibilidade do cálcio intracelular, capaz de promover aumento da lipogênese e inibição
da lipólise (COZZOLINO, 2007; SANTOS, 2005).
Outro mecanismo de ação do cálcio de origem láctea seria associar-se ao controle
da adiposidade e alterações metabólicas por meio da associação com ácidos graxos livres
no trato gastrointestinal, diminuindo desta forma a absorção intestinal da gordura (SANTOS,
2008).
Novas técnicas estão sendo desenvolvidas para melhorar a biodisponibilidade do
cálcio em alimentos poucos biodisponíveis (SOUZA, 2007), já é possível encontrar
variedade de alimentos a base de soja, enriquecidos com este mineral.
A soja, uma leguminosa, de alto valor nutritivo e de grande importância na
alimentação humana, rica em isoflavonas, porém com valores insignificantes de cálcio,
sendo necessária a sua adição, são também denominadas fitoestrógeno, a qual, segundo
estudos experimentais, tem demonstrado também ser uma alternativa interessante para o
controle do metabolismo lipídico e da obesidade (BEDANI, 2005; HEANEY et al, 2000).
Neste contexto tem o presente estudo o objetivo de avaliar a eficácia do cálcio, como
mineral, presente no leite de soja enriquecido, no controle do ganho de peso corporal,
quando utilizado como suplementação.
MATERIAL E MÉTODOS
Utilizou-se 20 ratos da espécie Rattus Norvegicus, da linhagem Wistar, machos, com
80 dias de idade, provenientes do Biotério Central da Universidade, por um período de 28
dias, acondicionados em gaiolas metabólicas de aço inoxidável, com temperatura de 22 ±
2°C, foto período de 12/12 horas claro/escuro, divididos em dois grupos experimentais,
distribuídos da seguinte forma:
Grupo controle - GCO (n=10): 187,00 ± 11,34, ração padrão e água ad libitum e
administração de solução fisiológica 0,9%, via gavagem.
Grupo Cálcio - GCA (n= 10): 187,50 ± 11,84, ração padrão e água ad libitum e
administração de leite de soja enriquecido com cálcio, via gavagem.
A solução fisiológica foi administrada em condições e quantidade equivalente,
submetendo-os, assim, às mesmas condições de stresse.
Estipulou-se o valor de 200g de ração semanal, oferecido para cada animal. O
consumo de ração foi calculado através da sobra coletada diariamente (oferta sobra) e
pesada ao final de cada semana.
Após os animais terem seu peso aferido, em balança Filizola® com precisão de
0,005g, era reajustado a quantidade administrada de leite de soja, através do procedimento
de gavagem, proporcional ao peso dos animais, dividido em duas vezes ao dia, respeitandose desta forma a capacidade gástrica do animal, de 5ml,
a cada procedimento
(WAYNFORTH,1992).
As necessidades de cálcio foram calculadas em quantidades equivalentes ao dobro
da recomendação diária para este tipo de animal, que é 20mg/kg, de acordo com Waynforth
(1992), caracterizando desta forma a suplementação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A ingestão de ração foi, analisada pelo total calórico ingerido (kcal), no GCO
(1.359,53 ± 118,82) e no GCA (1.360,22 ± 140,91), conforme descrito na figura 1:
Figura 1: Gráfico ilustrando consumo calórico no GCO e GCA
O ganho de peso, aferido em gramas (g), no GCO (70,00 ± 18,70) e no GCA (64,97 ±
23,67), conforme descrito na figura 2.
Figura 2: Gráfico ilustrando o ganho de peso no GCO e GCA
De acordo com os resultados obtidos, não houve diferença estatisticamente
significativa, com nível de significância de 5% (p<0,05), na variável total calórico ingerido
(p=0,99), e também na variável ganho de peso (p=0,61), entre os grupos experimentais,
conforme evidenciado nas figuras acima.
Diferentemente dos resultados encontrados neste estudo, Zemel (et al, 2004) afirma
que as fontes de cálcio, presentes nos leites, de origem animal, atenuam consideravelmente
o peso e o ganho de gordura, além de acelerar a perda em maior grau quando comparado
com as fontes de suplementação com sais de cálcio nas dietas.
Vale ressaltar que os estudos utilizando este mineral baseiam-se em fontes animais,
sendo que o presente estudo utilizou fontes de origem vegetal, podendo-se assim explicar
resultados diferentes dos encontrados na literatura.
CONCLUSÃO
Conforme apresentado, existem poucas evidências e dados experimentais
relacionados ao uso do cálcio, quando adicionado ao leite de soja, e seus efeitos sobre o
controle do ganho de peso corporal. Desta forma, são necessários novos experimentos,
para fortalecer a relação do cálcio no controle da obesidade, através de uma nova
abordagem sobre a utilização deste mineral, considerando-se, também, os benefícios da
soja para a alimentação humana.
com novos estudos seria possível apresentar à comunidade científica, mais uma
abordagem sobre a utilização deste mineral, considerando-se, também os benefícios da
soja, para a alimentação humana.
O consumo de alimentos com fontes de cálcio deve ser incentivado, independente de
sua participação no controle da adiposidade, considerando sua fundamental importância
para a saúde óssea, em todas as fases da vida.
AGRADECIMENTOS
A Universidade Anhanguera-Uniderp pelo apoio financeiro e aos professores
colaboradores, que disponibilizaram seu tempo para a realização deste projeto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BEDANI. R.; Efeito do Consumo de Iogurte de Soja Suplementado com Isoflavonas e
Cálcio Sobre o Tecido Ósseo de Ratas Maduras Ovariectomizadas. Universidade
Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho e Faculdade de Ciências Farmacêuticas, São
Paulo (Araraquara), 2005.
Disponível
em:
<http://www.fcfar.unesp.br/posgraduacao/alimentosenutricao/Disertacao/2005/Raquel_Beda
ni-completo.pdf>. Acesso em: 12 de Setembro de 2010.
COZZOLINO, S.M.F.; Biodisponibilidade de Nutrientes. 2.ed. Barueri, SP: Manole, 2007.
HEANEY, R.P.; DOWELL, M.S.; RAFERTY, K.; BIERMAN, J. Bioavailability of the calcium in
fortified soy imitation milk, with some observations on method. Am J Clin Nutr. 2000.
NHANES National Health and Nutrition Examination Survey: Prevalence of Overweight,
Obesity, and Extreme Obesity Among Adults: United States, Through 2007 2008. 2010
SANTOS, L. C.; Ingestão de Cálcio: Influência na Adiposidade e Alterações
Metabólicas.
Disponível
em:
http://www.nutricaoempauta.com.br/artigo_completo.
Maio/Junho, 2010.
SICHIERI, R.; SOUZA R.A.G.S.; Epidemiologia da Obesidade. In: KAC, G.; SICHIERI, R.;
GIGANTE, D.P. Epidemiologia Nutricional. Rio de Janeiro: Fiocruz/ Atheneu, 2008.
ZEMEL,M.B. Role of calcium and dairy products in energy partitioning and weight
management. Am J Clin Nutr. 2004.
WAYNFORTH, H.B.; FLECKNELL, P.A. Experimental And Surgical Technique In The
Rat. Academic Press, 1992.
WORLD HEALT ORGANIZATION. Food And Agriculture Organization Of The United Nation.
Vitamin and mineral requeriments in human: Report of a Joint FAO/ WHO, 2006.
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