SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF PSICOLOGIA VOLUME 05 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 1 ISSN 1676-6814 Anais PSICOLOGIA- VOLUME 05 GARÇA/SP - 2016 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Exemplares desta publicação podem ser solicitados à: SOCIEDADE CULTURAL E EDUCACIONAL DE GARÇA FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR E FORMAÇÃO INTEGRAL - FAEF Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros km 420, via de acesso a Garça, km 1, CEP 17400-000, Garça/SP www.grupofaef.edu.br / [email protected] Telefone: (14) 3407-8000 EDIÇÃO, EDITORAÇÃO ELETRÔNICA e ARTE FINAL Aroldo José Abreu Pinto Ficha Catalográfica elaborada pela biblioteca da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral - FAEF 630 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF. S621 XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF. Anais... – Garça: Editora FAEF, 2016. 264 p. vol 05 - (14 vols.) 15x22cm. ISSN 1676-6814 1. Ciências Agrárias 2.Ciências Contábeis 3. Administração 4. Agronomia 5. Engenharia Florestal 6. Medicina Veterinária 7. Pedagogia 8. Psicologia 9. Direito. 10 Enfermagem. Os autores são responsáveis pelo conteúdo dos trabalhos científicos. Reprodução permitida desde que citada a fonte. Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros km 420, via de acesso a Garça, km 1. CEP 17400-000, Garça/SP www.grupofaef.edu.br / [email protected] (14) 3407-8000 4 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SUMÁRIO Apresentação ....................................................... 9 Comissão Organizadora ......................................... 11 Agradecimentos .................................................. 15 TRABALHOS APRESENTADOS A FALTA DE LIMITES E O COMPORTAMENTO AGRESSIVO DE PRÉ-ESCOLARES Siléia Batista SOARES; Fernanda Piovesan DOTA ............. 21 FAMÍLIAS FANTASMAS: INVESTIGANDO O ENFRENTAMENTO SOCIAL E EMOCIONAL DE FAMÍLIAS COM PESSOAS DESAPARECIDAS Andréa MAGALHÃES; Bárbara C. R. FONSECA ................ 31 A HISTORA DOS ENJEITADOS DO BRASIL Gabriel Gonçalves MATTOS ...................................... 41 A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO AMBIENTE ESCOLAR Dayse P. Cardoso; Leila G. dos Santos; Fernanda P. Dota ................................................................ 51 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 5 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA A INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA SOBRE O DESENVOLVIMENTO DO INDIVÍDUO PARA A CONSTRUÇÃO DO TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ANTISSOCIAL - SERIAL KILLER TINETTI, Milena de Oliveira; SANTOS, José Wellington dos .................................................. 59 A MÁ VIVÊNCIA DO LUTO PODE AFETAR O SISTEMA FAMILIAR? Amanda Paula dos REIS; Izabel Cristina Brambatti GRANJEIRO; Bárbara Cristina Rodrigues FONSECA ........... 69 A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DE DEPENDENTES QUÍMICOS E A IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO DE RECAÍDAS Adilson de Almeida; Marlon Ferreira Figueiredo; Graziele Kerges Alcantara .................................................. 79 ADOLESCÊNCIA E ORIENTANÇÃO VOCACIONAL Hilton Aparecido SANTOS; Maria Thatiani BRATFICHE; Viviane MEDEIROS; Fernanda Piovesan DOTA ................ 87 ANGÚSTIA E APRENDIZADO José Wellington dos Santos; Carlos Aberto de Figueiredo .. 95 ATENÇÃO A GESTANTE: ESTADO EMOCIONAL E PSICOTERAPIA GRUPAL PEREZ, Débora Nicolino Anunciação .......................... 103 CUIDADOS PSICOLOGICOS AO PACIENTE ONCOLÓGICO BREVE HISTÓRICO DA PSICO-ONCOLOGIA NO BRASIL MOLINA, Bruna Nassif; BARACAT, Juliana .................... 111 DEPRESSÃO NO IDOSO: DISTANCIAMENTO FAMILIAR ALVARES, Barbara Rejane da Silva; SENSÃO, Aparecida Iracema ........................................................... 119 6 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF DEPRESSÃO PÓS-PARTO PATERNA (DPPP): ESTUDO BIBLIOGRÁFICO SOBRE A INCIDÊNCIA E OS IMPACTOS NO ÂMBITO FAMILIAR LIMA, Chriscia Maria dos Santos de; SANTOS, Amanda Aparecida dos; FONSECA, Bárbara Cristina Rodrigues ..... 125 DISFORIA DE GÊNERO, SEUS ASPECTOS BIOLÓGICOS, COMPORTAMENTAIS, INTERVENÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL: REVISÃO DE LITERATURA José Luís Fuzer, Juliana Marques Barboza, Vitória Zocca Nunes de Barros, Graziele Kerges Alcantara ................. 137 EDUCAÇÃO DE GÊNERO: GÊNERO NA EDUCAÇÃO BÁSICA, PEDAGOGIA CONTEMPORÂNEA RODRIGUES, Thales Del Vechio; GERALDO, Lorena Brunieri ........................................................... 147 EDUCAÇÃO DE GÊNERO: IMPASSES E DESAFIOS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL NA CONTEMPORANEIDADE RODRIGUES, Thales Del Vechio; GERALDO, Lorena Brunieri; FONSECA, Bárbara Cristina Rodrigues ........................ 155 ENSINO EM PERÍODO INTEGRAL, UMA NECESSIDADE OU UMA PRIORIDADE? Daniela Luise Nicolau dos SANTOS; Giovana Bruno da SILVA; Fernanda Piovezan DOTA ....................................... 163 AS FASES DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL SOB A PERSPECTIVA FREUDIANA Pereira, Andréia M.; Carmo, Bruna M.; Oliveira, Karina Marques F.; Santos, José Wellington dos. .................... 173 FOBIA SOCIAL: O IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES SINAQUE, Luciana; DOTA, Fernanda Piovesan ............... 179 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 7 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA LUTO COMPLICADO: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO COM OBJETIVO DE LEVAR CONHECIMENTO À FAMÍLIA DO ENLUTADO AMORIS, Talita Kelly de Brito; NASSAR, Edilene ............. 189 O ABUSO SEXUAL INFANTIL: O INDIVÍDUO, A FAMÍLIA E O PAPEL DOS PROFISSIONAIS NO ATENDIMENTO À CRIANÇA Siléia Batista SOARES; Fernanda Piovesan DOTA ............ 199 PERCURSO FREUDIANO DA ETIOPATOGÊNIA DA NEUROSE OBSESSIVA SILVA, Guilherme A. L. S. da; Dos Santos, José Wellington ....................................................... 209 PERSPECTIVA DO USUÁRIO DE CRACK NA RESSOCIALIZAÇÃO Viviane MEDEIROS; Hilton SANTOS; Gabriel Gonçalves MATTOS ............................................................ 219 TRANSEXUALIDADE: O PRECONCEITO E A INDIVIDUALIZAÇÃO VOLTADA A IDENTIFICAÇÃO DO INDIVÍDUO TRANSEXUAL Daniela Luise Nicolau dos SANTOS; Giovana Bruno da SILVA ............................................................... 231 VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: CONSEQUÊNCIAS PSICOLÓGICAS MENDES, Valdirene; NOGUEIRA, Nayra; BAPTISTA, Maiara; DOS SANTOS, Prof. José Wellington ........................... 243 VIOLÊNCIA SEXUAL: VULNERABILIDADES DO ADULTO IDOSO HANDA, Luciana Zombini; SILVA, Suzana Carolina; FONSECA, Bárbara Cristina Rodrigues ..................................... 251 Normas para elaboração de artigo científico do Simpósio da FAEF .......................................................... 263 8 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF APRESENTAÇÃO A FAEF de Garça/SP vem se consolidando como Instituição de Ensino Superior capaz de contribuir para o desenvolvimento da região, do Estado e também do País colocando profissionais competentes no mercado de trabalho. Sua história inicia em 1989 e, de lá para cá, a respeitabilidade e o compromisso da Instituição é constatável, especialmente quanto à percepção de seu esforço para enveredar pelo caminho próprio das escolas sérias de nível superior, com eixo na tríade: Ensino, Pesquisa e Extensão. Em sua 19a edição, o evento vem enriquecido o desenvolvimento de virtudes, tendo como principais objetivos: - Estimular a criação cultural e o desenvolvimento humanístico; - Formar recursos humanos nas áreas de conhecimento que atua, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira; - Incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando ao desenvolvimento da ciência, da tecnologia e a difusão da cultura; - Promover a divulgação de conhecimentos cultural, científico e técnico que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação junto à sociedade. No evento, alunos e professores da FAEF, bem como alunos e profissionais de outras Instituições e demais interessados, puderam aprimorar seus conhecimentos, publicar suas pesquisas, apresentar Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 9 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA trabalhos científicos, além de terem mantido contatos com palestrantes renomados nas diversas áreas do saber e desenvolver suas virtudes. Todas estas atividades e produção científica deram origem a mais uma edição dos Anais do Simpósio da FAEF que, com imensa satisfação, oferecemos aos leitores. Acima de tudo, os Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas são resultantes de um esforço conjunto dos nossos alunos, professores, coordenadores, diretores e mantenedora e concretizam o estímulo e a valorização à pesquisa científica promovidos por esta Faculdade. COMISSÃO ORGANIZADORA 10 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF COMISSÃO ORGANIZADORA - Presidente de Honra: Profª. Drª. Dayse Maria Alonso Shimizu - Presidente Excecutivo: Prof. MSc. Augusto Gabriel Claro de Melo - Vice-presidente: Prof. MSc. Martinho Otto Gerlack Neto COMISSÃO CIENTÍFICA Prof MSc. Augusto Gabriel Claro de Melo Prof. MSc. Martinho Otto Gerlack Neto Profª. Drª. Vanessa Zappa Profª MSc. Renata Shimizu Locatelli da Rosa Profª Msc. Kelly Karine Paschoal Profª Esp. Deise Aparecida Estanislau Dereça Prof. Msc. Odair Vieira da Silva Prof. Msc. Rangel Antônio Gazzola Prof. Esp. Lucas Tombi Scaramuzza Prof. MSc. Osni Álamo Pinheiro Júnior Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 11 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA COMISSÃO DE SECRETÁRIA, TESOURARIA E EXPEDIÇÃO DE CERTIFICADOS Prof MSc. Augusto Gabriel Claro de Melo Sra. Daniela de Almeida Funakawa Cirillo Sr. Leandro Matta Profª Drª Vanessa Zappa Prof. Esp. Lucas Tombi Scaramuzza Profª Esp. Deise Aparecida Estanislau Dereça Prof. Martinho Otto Gerlack Neto Prof. Rangel Antônio Gazzola Profª MSc. Renata Shimizu Locatelli da Rosa Profª Msc. Kelly Karine Paschoal COMISSÃO DE CAPTAÇÃO DE PARCEIROS Prof Msc. Augusto Gabriel Claro de Melo Prof. Martinho Otto Gerlack Neto Prof. Esp. Lucas Tombi Scaramuzza Profª Esp. Deise Aparecida Estanislau Dereça Profª. Júlia Kawazaki Hori Prof. Esp. Paulo Jacobino Prof. Daniel Aparecido Marzola Profª Drª Saara Scolari Profª Drª Suzana Más Rosa Sr. Leandro Matta Sr. Sidney Marques Roberto Sr. Thiago Ramirez Cavalheiro Sr. Adriano Pereira da Silva 12 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF COMISSÃO DE INFRAESTRUTURA Prof. MSc. Osni Álamo Pinheiro Júnior Prof. Esp. Lucas Tombi Scaramuzza Prof. Daniel Aparecido Marzola Sra. Maria Aparecida da Silva Prof. Esp. Paulo Jacobino Profª MSc. Fernanda Tamara Neme Mobaid Agudo Romão Prof. Dr. Renan Botelho Sr. Denis Dias V. Barbosa Sr. Sidney Marques Roberto COMISSÃO DE CULTURA E ENTRETENIMENTO Prof MSc. Augusto Gabriel Claro de Melo Profª. Júlia Kawazaki Hori Prof. Osni Alamo Pinheiro Junior Profª MSc. Fernanda Tamara Neme Mobaid Agudo Romão Profª. Esp. Deise Estanislau Dereça Prof. Esp. Lucas Tombi Scaramuzza Maria Aparecida da Silva COMISSÃO DE MARKETING, COMUNICAÇÃO E MÍDIAS SOCIAIS Prof. MSc. Augusto Gabriel Claro de Melo Profª. Drª. Vanessa Zappa Sra. Suellen Nogueira Martins Alves Sra. Érika Alves de Souza Santos da Costa Sra. Euceny Caroline Pedroso Saccá Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 13 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Sr. Denis Dias V. Barbosa Prof. Paulo César Jacobino COMISSÃO DE APOIO AO ENSINO Prof. MSc. Odair Vieira da Silva Profª. MSc. Deise Aparecida Estanislau Dereça Profª. MSc. Renata Shimizu Locatelli da Rosa Profª. MSc. Kelly Karine Paschoal Profª MSc. Karla Borelli 14 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF AGRADECIMENTOS A Comissão Organizadora da XIX Edição do Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF é grata aos patrocinadores e parceiros que colaboraram com a nossa Instituição. Contribuindo para o desenvolvimento da pesquisa científica do Brasil: Caixa Econômica Federal, CREA-SP, AEAAG – Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Garça, 3s Comércio de Embalagens, Agrofort, Amanda Moretti: Podologia e Estética, Benemara, Bom Gás & Água, Burger King, Cartório 1º Ofício Três Lagoas, Casa de Carnes Panorama, Celeiro Vestuário, Cimento Marília, Comauto Auto Peças Marília, Composição Confecções, Construgar transportes de materiais para construção, Cooperativa Sul Brasil, Damásio Educacional, Dismagril, Eletro Center, Escritório Fiscontábil, Flora Mix, Gamag, Sacca’s Acessórios e Bijuterias, Ivo Madeiras, Javep – Veículos, Peças e Serviços Ltda, Leila Tecidos, Life Sucos, Studio Lu Sestito, Luís Fernando Bautz Gomes, Mafer Marília, Maria Morena Modas, Moreira’s Buffet e Eventos, Ogata Veículos e Peças Ltda Marília, Ortiz Minichiello (Advogacia e Consultoria), Auto Posto Rotatória de Garça – Ltda, Reipel, Santa Maria Park Hotel, Semag, Sicoob Credicitrus, Sindicato Rural de Garça, Status Formaturas, Tintas e Tintas, Top Cell – venda e assistência técnica especializada, Total Utilidades, Vestigiu’s Uniformes, VideoSystem – Filmagens Locações e vendas, Wizard Garça e Academia Work Body Fitness e Khorus. São raras as empresas que têm este grau de consciência da responsabilidade social que deve permear sua atividade comercial. Avante Brasil! Com Educação e Pesquisa Científica! O Grupo FAEF valoriza seus parceiros. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 15 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 16 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 17 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 18 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF XIX TRABALHOS APRESENTADOS Psicologia Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 19 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 20 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A FALTA DE LIMITES E O COMPORTAMENTO AGRESSIVO DE PRÉ-ESCOLARES Siléia Batista SOARES Fernanda Piovesan DOTA RESUMO Este estudo objetivou verificar a agressividade no ambiente escolar, entre crianças de até cinco anos, analisando o quanto a falta de limites contribui para o desenvolvimento desse comportamento. Partiu-se da revisão de artigos e autores para esclarecer o conceito e a origem da agressividade; como e quando ela deve ser declarada atípica, por diversas causas, mais especificamente, pela falta de limites colocados pelos pais, professores e outros envolvidos em sua educação. Se tudo é permitido por não ter limites, a agressividade se desenvolve além do normal. Se isso não for identificado e trabalhado logo, ela pode desenvolver atitudes erradas, difíceis de serem reparadas. A criação de regras e o estabelecimento de limites a fim de que a criança aprenda a controlar sua agressividade natural, é importante, fundamental e necessária à sua socialização e ao seu desenvolvimento. Palavras-chave: Agressividade, Educação Infantil, Falta de limites, Psicologia. 1. INTRODUÇÃO Segundo o Dicionário InFormal, a palavra ‘Agressividade’ significa: “Ato de não controlar os impulsos, incapacitando-o de conviver Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 21 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA pacificamente (desde que tratado) em sociedade ou na qual possa estar inserido”. Já no DICIO (Dicionário Formal Online), este verbete está conceituado como uma “Tendência a atacar, a provocar. Psicologia: Forma de desequilíbrio psíquico que se traduz por uma hostilidade permanente diante de outrem”. No Dicionário Técnico de Psicologia, “do ponto de vista psicanalítico, Freud definiu a agressividade como a aliança e a conjunção imaginárias ou sintomáticas de movimentos afetivos hostis, de uma parte, e erotizados, de outra” (CABRAL, NICK, 2001). Segundo Klein (1970) e Winnicott (1939/1987) a agressividade é um comportamento impulsivo, inato aos seres humanos e aos outros animais, até mesmo por uma questão de sobrevivência e conservação da espécie. Freud dizia que a agressão teria origem numa pulsão inata, a pulsão da morte, e os comportamentos agressivos eram explicados pela disposição instintiva e primitiva do ser humano (MONTEIRO, 2008). Ainda segundo Freud e Lacan a agressividade faz parte do eu, na base de sua constituição e na sua relação com os objetos. Afirmam a agressividade na ordem humana e dizem que ela pode ser exaltada ou recalcada, e que não precisa ser atuada, pois o ser humano conta com o recurso da palavra, da mediação simbólica (FERRARIL, 2006). A agressividade está presente no psiquismo e é uma revelação da pulsão de morte, contrária à pulsão sexual. Tanto uma quanto a outra exige uma acomodação subjetiva entre o eu e o super eu, conforme o peso dos ideais culturais pelos quais se identifica. A cultura impõe restrições à agressividade, e a sexualidade é uma delas contra os desejos de destruição, seja como fusão pulsional, seja como uma forma de defesa (FREUD, 1930). Em sua segunda teoria pulsional, Freud (1920) reconheceu a agressividade como uma pulsão específica, e passou a funcionar como o outro nome dos impulsos da pulsão de morte, cuja finalidade é a destruição: “[...] existem essencialmente duas classes diferentes de pulsões: as pulsões sexuais, compreendidas no mais amplo sentido – Eros – se preferem esse nome – e pulsões agressivas, cuja finalidade é a destruição” (FREUD, 1933). 22 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF As pulsões de vida, para Freud, são instintos de autoconservação. E como a morte é o final de todos os indivíduos, existe inerente a cada um de nós um desejo inconsciente de morrer; assim, a agressividade significa a manifestação da morte (SHIRAHIGE; HIGA, 2004). Para ele, a agressividade é um fator de ameaça à cultura imposta pela sociedade por produzir um mal-estar nos seres humanos; porque obriga que renunciem às suas satisfações para o bem estar da própria sociedade. A inclinação para a agressão, que existe nos seres, constitui o fator que perturba os relacionamentos e força a civilização a um grande gasto de energia. Em consequência disso, a sociedade civilizada se vê permanentemente ameaçada de desintegração. [...] A civilização tem de se esforçar bastante a fim de estabelecer limites para os instintos agressivos do homem e manter suas manifestações sob controle por formações psíquicas reativas (FREUD, 1930). Na concepção de Bandura (1973), a agressão pode incidir no deslocamento de estímulos negativos de forte intensidade, provocando ferimentos físicos ou morais. Ou seja, esse comportamento pode ser aprendido pela observação e imitação de modelos com os quais ele convive. De acordo com Skinner (1974) o comportamento agressivo está relacionado a contingências de sobrevivência e reforço em função do ambiente. Segundo Leme (2004) a agressão é uma conduta que, além de episódica, não é facilmente definível, pois assume diferentes formas de manifestação e sua evolução está sujeita à influência de variáveis tanto biológicas quanto sociais. Devido a observações feitas durante a realização de atividades de Estágio Supervisionado e por experiências vivenciadas profissionalmente como conselheira tutelar surgiu o interesse em falar sobre esse assunto. Foi observado que até as crianças pré-escolares ao se relacionarem, às vezes, trocam “tapas, mordidas, beliscões e empurrões”, a fim de chamar a atenção ou se defender em situações onde se sintam inseguras ou atacadas. Essas reações podem acontecer em casa, com os pais e/ou outros familiares ou em outros grupos ou instituições das quais passa a fazer parte com o decorrer dos anos. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 23 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 2. A AGRESSIVIDADE NA INFÂNCIA E NA ESCOLA Às vezes as crianças agem e adotam comportamentos que, segundo Grünspun (1981), não são julgados pertinentes na visão de educadores, pesquisadores e familiares, causando preocupação, e qualificados como agressivos. As causas podem ser muitas, mas o que intriga é que a criança pode vir a manifestar uma agressividade com uma proporção maior do que a classificada como normal, prejudicando o ambiente e as pessoas que estão a sua volta e seu próprio desenvolvimento. Esse tipo de agressão tem que ser investigada, pois sugere problemas sérios. A etimologia da palavra agressão é ad gradior = mover-se para adiante assim como regressão indica o movimento para trás. A violência (vis, bia, hybris, dynamis) é a agressão destrutiva que busca aniquilar, desintegrar. Nem toda agressividade é violência, mas toda violência é, sim, agressividade (SANTOS, 2002). O comportamento agressivo surge nos primeiros anos de idade quando uma tensão dolorosa, angustiante, de culpa ou de medo, se apresenta à criança por meio de situações conflitantes que ela não sabe como resolver; acredita que a agressividade seja a única forma de resolução desses conflitos (KLEIN, 1970). Como todo sentimento, a agressividade faz parte dos aspectos emocionais das pessoas. Conforme a criança cresce a qualidade desse comportamento se modifica, deixando de manifestar-se para suprir suas necessidades físicas, para surgir como defesa quando esta se sente ameaçada (GAIARSA, 1993). O comportamento agressivo prejudica o desenvolvimento da criança, por isso devem ser investigadas as possibilidades de mudanças no mesmo, pois se não for trabalhada de maneira adequada, pode causar ainda mais dificuldade no decorrer do seu desenvolvimento, resultando em futuros jovens delinquentes, desconhecedores de regras e limites e sem responsabilidades (GOMIDE, 2005). Quando os pais deixam seus filhos livres para fazer o que querem, não pensam que esta atitude poderá trazer consequências negativas. Essas crianças, em sua maioria, não vão adquirir o controle necessário sobre seus impulsos, não aprenderão a entreter tensão interna, a 24 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF tolerar esperas e não saberão lidar com frustração. Como resultante, crianças criadas dessa forma terão prejuízos na capacidade para elaboração mental e prejuízos também no fortalecimento do ego (ARAUJO, 2005). Araujo (2005) afirma ainda que crianças que conviveram sem os “nãos”, procuraram sempre o prazer imediato e se habituaram a exigir a satisfação rápida de suas necessidades e desejos. Não aprenderam a levar em consideração as necessidades e desejos do outro. Egoístas e egocêntricas transformaram seus pais em reféns de suas reivindicações. Assim os pais, modelos primários de identidade, perderam sua importância e autoridade. Elas se acharam superpoderosas e donas do mundo. Por seu caráter arrogante e agressivo, internamente se constituíram como fracas e muito assustadas, pois não tinham quem as resguardassem até delas próprias. Desde bem cedo, os pais já podem nortear e colocar limites para o filho perante as mais derradeiras condutas agressivas por ele apresentadas. A criança já começa a perceber e compreender as regras de convivência a partir dos quatro anos A falta de limites, a superproteção, a intransigência em relação a frustrações, a brutalidade e a falta de carinho podem gerar condutas agressivas. É importante observar também, se a criança não está passando por algum momento de modificação em sua família, como a separação dos pais ou o ganho ou a perda de alguém na família (LOCATELLI, 2002). Na verdade, segundo Calazans (2013), certos estudiosos afirmam que o comportamento agressivo da criança é esperado, no entanto, o importante é saber controlá-lo. Muitas vezes a criança provoca um adulto para que ele possa intervir e controlar seus impulsos agressivos, já que ela não sabe como fazê-lo. As crianças solicitam limites continuamente, necessitando sempre de um “não faça isso” ou “pare com isso”. Do mesmo jeito que os pais ensinam a caminhar, a falar, a comer, etc., aos seus filhos, devem ensinar também a controlar sua agressividade. Segundo Bandura (2008), com sua Teoria da Aprendizagem Social, os comportamentos agressivos podem ser aprendidos por imitação ou observação da conduta de arquétipos agressivos. É muito importante, por exemplo, que a criança tenha e Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 25 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA encontre um bom modelo em seus pais. As crianças se relacionam com outros da mesma maneira que fazem com seus pais. Elas farão da mesma forma com seus colegas, seus professores, e outros. É na educação praticada em casa, pelos pais, que se deve iniciar o hábito de cumprir regras e desenvolver valores éticos. Na maioria das vezes, não é isso que acontece, os pais saem para trabalhar e não têm tempo para os filhos, para acompanhá-los. Muitas crianças ficam tempo integral na escola, sozinhas ou na companhia da empregada ou da televisão. Os pais estressados, intolerantes, sem autoridade, agressivos contribuem para uma má conduta. Com isso, a criança passa a ter um comportamento de acordo com o que está vivenciando (GOMIDE, 2005). Muitos pais erram por falta de limites na educação de seus filhos. Por dificuldade em educar acabam sendo extremamente permissivos, o que resulta por não desenvolver na criança hábitos de obediência e respeito a regras. Na escola essas crianças tem muita dificuldade em se relacionar com os colegas e com o pessoal adulto, pois só fazem o que querem e na hora que querem, com isso não conseguem aprender e ainda perturbam as atividades dos outros (LOPES, 2000). Falta aos pais, muitas vezes, a compreensão de que a falta de autoridade representa, para os filhos, falta de afeto. Dar limites às crianças é dar a elas segurança. Quando a criança apresenta sinais de agressividade, é comum pais e educadores acharem estranho, pois o que eles sentem diante desse tipo de situação é dificuldade para lidar com tais comportamentos, devido ao fato de não entenderem a sua própria agressividade (JUSTO, 2004). A Pedagogia e a Psicanálise caminham em sentidos opostos. Enquanto a primeira tem como meta a estabilidade e a previsibilidade, a segunda trabalha com um ferramental altamente imprevisível (SHIRAHIGE; HIGA, 2004). Entretanto, o professor pode contribuir na formação do aluno ajudando-o a equilibrar suas emoções na construção do EU e assim, o desenvolvimento e aprendizagem irá ocorrer de uma forma mais eficaz. Através do estudo da teoria psicanalítica, a escola pode fazer com que o sujeito busque alternativas e desenvolva o prazer de aprender. Dentro da perspectiva psicanalítica, o professor, pode realizar atividades para aperfeiçoar o desenvolvimento da criança. A contribuição da psicanálise à educação, portanto, seria basicamente 26 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF na descoberta da nocividade da agressividade e, ao mesmo tempo, da sua necessidade. Não há aplicação possível da psicanálise à pedagogia, nem vice-versa. Só o que o pedagogo pode aprender da e pela análise é saber pôr limites à sua ação – um saber que não corresponde a nenhuma ciência, e sim à arte (MILLOT, 2001). É saudável que o professor conheça os fenômenos que permeiam a sua relação com a criança e não reaja às provocações dela de maneira indesejável. O processo de identificação da criança com o professor é importante tanto para a sua aprendizagem quanto para o desenvolvimento da sua personalidade (GOULART, 2000). [...] A identificação é um processo inconsciente encontrado na base de toda a aprendizagem, desde a da criança com a mãe até a que se desenvolve no interior da escola, onde o aluno tem o desejo de tornar-se igual à pessoa admirada, de tornar o professor, seu conhecimento e suas qualidades, parte de si próprio. (GOULART, 2000). 3. CONCLUSÕES Conforme os autores pesquisados, é importante lembrar que, o ambiente familiar influencia significativamente na formação do caráter e da personalidade dos indivíduos. A escola age por outro lado possibilitando à criança experiências tanto de conforto social como de desafio. Além de conteúdos e conhecimento, a escola precisa transmitir valores e comportamentos. É muito importante que o professor esteja preparado para atender as crianças. Na escola, também, existem limites e regras a serem cumpridos e estabelecidos. Sendo assim, a criação de regras e o estabelecimento de limites a fim de que a criança aprenda a controlar sua agressividade natural, é importante, fundamental e necessária à sua socialização e ao seu desenvolvimento. 4. REFERÊNCIAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT-Nbr-6023, Disponível em: https://pt.scribd.com/doc/16893350/ ReferênciasGarça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 27 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA bibliograficas-em-documentos. Acesso em: 16 mai. 2016. ARAUJO, Ceres Alves de. Pais que educam: uma aventura inesquecível. São Paulo: Ed. Gente, 2005. BANDURA, A. Bandura e a Aprendizagem Social - Psicologia da educação. Disponível em: <http://www.portaleducacao.com.br/ educacao/artigos/37930/bandura-e-a-aprendizagem-socialpsicologia-da-educacao#ixzz49FtazOSC>. Acesso em: 10 mai. 2016. ______. A evolução da teoria social cognitiva. In A. Bandura, R. G. Azzi, & S. 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Os autores consultados corroboram no sentido de que as famílias atingidas por esse drama têm formas universais e, ao mesmo tempo singulares, de manifestação de dor e o modo de como lidam com a perda. Nestes casos, toda a família do ente desaparecido lida com sentimentos como raiva, negação, negociação, com a perda e o luto ¹ Acadêmica do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral FAEF – Garça – SP E-mail: [email protected] ² Mestre em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem pela UNESP- Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho - Campus Bauru. Docente no Curso de Graduação em Psicologia; Pós-Graduação em Psicopedagogia e em Especialização em Gestalt-Terapia com ênfase em Processos Clínicos na Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral - FAEF – Garça – SP. E-mail: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 31 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA que não se caracterizam por definitivo, mas se fazem absolutamente presentes. A sensação de perda predomina em todas elas e a confirmação do fato é sempre regada de muito despreparo e mistério por parte dos familiares. Os resultados também apontam para a necessidade de se direcionar políticas públicas para a reestruturação social, emocional e psicológica dessas famílias, tanto no acolhimento das mães e pais, quanto de todo o núcleo familiar envolvido. Verificase a grande relevância e contribuição social neste trabalho uma vez que, ao se realizar o levantamento literário é possível perceber a escassez de trabalhos desenvolvidos sobre o tema; são encontradas informações vagas de histórias de famílias acometidas pelo drama de ter seus entes desaparecidos, mas regadas de sentimentos de angústia e desespero e que não encontram nenhum amparo psicológico ou social. Palavras-chave: Desaparecimento. Emocional. Enfrentamento. Família. Social. ABSTRACT The sudden and mysterious disappearance of a loved one is a complex phenomenon that affects the whole family structure. Are the social and psychological services offered by public policies prepared to perform that function concurrently with the great demand in these cases? The main objective of this bibliographic study focuses on investigating the social and emotional coping families after the loss of one of its elements definitively or not (kidnapping or abduction disappearance). The authors consulted corroborate the sense that the families affected by this drama are universal forms and at the same time natural pain manifestation and the way they deal with the loss. In these cases, all being of the family disappeared deals with feelings such as anger, denial, bargaining, loss and grief that are not characterized by definitive, but do absolutely present. The sense of loss prevails in all of them and the confirmation of the fact is always watered very unpreparedness and mystery by the family. The results also point to the need to direct public policy for social restructuring, emotional and psychological these families both in the reception of mothers and fathers, as the entire household involved. There is a great relevance and social contribution in this 32 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF work since, when performing the literary survey you can see the lack of work done on the subject; families are found stories of vague information affected by the drama of having their missing loved, but watered feelings of grief and despair and that there are no psychological or social support. Keywords: Disappearance. Emotional. Coping . Family. Social. 1.INTRODUÇÃO Segundo a Polícia Civil do Estado de São Paulo e o Centro Internacional de Crianças Desaparecidas e Exploradas, no ano de 2013, São Paulo já tinha mais de 15 mil pessoas desaparecidas; 56 pessoas desaparecem por dia no estado de São Paulo. Dentre essas, 18 delas são adolescentes e 7 são crianças; 80% destes casos apresentam fuga da própria residência. Os principais motivos que levam os jovens a fugirem de casa são, em média, 75% relacionados a conflitos familiares; 15% fugiram por uma simples aventura e os 10% restantes desses meninos e meninas apresentam algum tipo de deficiência seja ela intelectual, cognitiva ou de natureza genética. Segundo a ONG Mães da Sé, fundada em 31 de março de 1996, que trabalha na busca de pessoas desaparecidas, adolescentes do sexo feminino são predominantes nos casos de desaparecimento. O Ministério da Justiça reconhece que existe certa dificuldade em contabilizar o número de desaparecidos no país devido à precariedade dos sistemas de informatização e a ausência de comunicação entre as polícias militar, civil e federal, mas trabalha com números que giram em torno de 10 mil crianças e adolescentes por ano. Segundo a presidente da ABCD (Associação Brasileira de Busca e Defesa de Crianças Desaparecidas) intitulada Mães da Sé, Ivanise Esperidião da Silva “o Brasil não dispõe de um cadastro nacional de desaparecidos, portanto, não se torna possível dar um parecer exato da situação de desaparecimentos de pessoas”. Os números de desaparecidos no país segundo a Polícia Civil do Estado de São Paulo e o Centro Internacional de Crianças Desaparecidas e Exploradas conflitam com os números de casos apresentados pela ABCD. A ONG Mães da Sé em seu panorama geral apresenta números bem mais elevados de casos de desaparecimento. Todos os anos seriam mais de 200 mil pessoas em todo o país. Esse número alarmante foi Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 33 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA revelado pela última pesquisa nacional sobre o estudo, realizada em 1999 num trabalho da ONG Movimento Nacional dos Direitos Humanos com apoio do Ministério da Justiça, que resultou em um livro de distribuição restrita a órgãos públicos e instituições privadas intitulado Cadê Você?. O livro traz o registro de um dos grandes dramas enfrentados pelas famílias dos desaparecidos que é a falta de delegacias especializadas e de um sistema nacional de busca, o que faz com que as famílias dos desaparecidos tenham que recorrer a iniciativas e soluções por conta própria. A relevância desse trabalho se dá principalmente pela escassez de publicações que abarcam o tema, no enriquecimento da bibliografia existente e em possíveis formas de reestruturação social e psicológica de famílias acometidas por esse drama. O objetivo central desta pesquisa está baseado numa ótica posterior ao acontecimento, portanto, é de total relevância desenvolver trabalhos específicos e formas de abordar indivíduos enlutados e famílias nessa forma de perda onde a certeza da morte não impera, mas a presença do elemento não existe “aqueles que estão fisicamente ausentes e psicologicamente presente em uma perda ambígua, que não é oficialmente validada e ritualizada.” (BOSS,1999, apud NASCIMENTO, et al. 2006). 2.ESTRUTURA SOCIAL E PSICOLÓGICA DE FAMÍLIAS COM PESSOAS DESAPARECIDAS Para Ivanise Esperidião da Silva que, após três meses o desaparecimento da filha Fabiana, ajudou a fundar a ONG Mães da Sé, em 31 de março de 1996, a falta de informatização e a falha na comunicação entre as polícias estaduais brasileiras impossibilita apurar com precisão o número anual de desaparecidos no país e suas principais causas o que inviabiliza criar um perfil do desaparecido e dificulta o apontamento de soluções, “engessa” o trabalho pelas buscas e alimenta o desinteresse da sociedade e do próprio estado pelo drama das famílias dos desaparecidos. Ainda segundo histórico e levantamento realizado em 2014 pela Associação Brasileira de Busca e Defesa de Crianças Desaparecidas (ONG MÃES DA SÉ) não existe no Brasil um serviço especializado que atue exclusivamente na assistência social ou psicológica voltado para 34 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF as famílias dos desaparecidos. O auxílio nessas áreas acaba por vir de conselhos tutelares, juizados de menores ou postos de saúde. No caso dos conselhos tutelares ou juizado de menores a ajuda pode ser de grande valia na busca de soluções nos casos de desaparecimentos envolvendo crianças em se tratando de fugas motivadas por problemas familiares, mas no caso da assistência psicológica não há um procedimento estruturado e padronizado de atuação do Estado. Segundo Eliana Levy psicóloga e coordenadora do departamento de assistência psicológica da ABCD, “deveria ser de praxe” nas delegacias de polícia o encaminhamento das famílias de desaparecidos para a assistência psicológica, seja ela do sistema público de saúde ou até mesmo para clínicas particulares. Para ela, o drama vivido por essas famílias merece um acompanhamento psicológico sistemático já que as sequelas deixadas por toda a situação que envolve essas famílias são na maioria dos casos irreversíveis. Mendes (2001), em seu estudo “Antigos e novos arranjos familiares: um estudo das famílias atendidas pelo Serviço Social” denomina-se Famílias Fantasmas aquelas: Famílias com desaparecimento de um elemento de forma definitiva (falecimento) ou dificilmente reversível (divórcio, rapto, desaparecimento por motivos desconhecidos) em que o elemento em falta continua presente na dinâmica familiar, dificultando a reorganização familiar e impedindo o desenvolvimento individual do restante dos membros. Bareicha (2009), em seu trabalho sobre investigação e reestruturação de famílias com filhos desaparecidos, resume que o desaparecimento de uma criança é um fenômeno complexo que atinge toda a estrutura familiar de diferentes formas e a sensação de perda predomina em todas elas, e que a confirmação do fato é sempre regada de muito despreparo e mistério por parte dos familiares já que não se costuma contar com a possibilidade de tal fato. Constatou ainda que diante do desaparecimento súbito e misterioso, as famílias atingidas por esse drama têm formas universais e ao mesmo tempo singulares de manifestação de dor e o modo de como lidam com a perda. Sentimentos que podem apresentar hesitação e indecisão são acompanhados de medo, culpa, raiva, impotência, negação e fé e são constantes nos discursos das famílias. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 35 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Para Oliveira (2008), além do impacto individual também ocorrem mudanças importantes nas matriarcas no que diz respeito ao relacionamento conjugal, com os outros filhos e demais membros o que deflagra uma desestruturação geral na vida dessas mulheres. Ainda para a autora, os pais são aqueles que mais sofrem com a perda de um filho, mas o impacto maior incide especialmente na mãe, que é de quem se espera onipresença e onipotência em relação à prole. A mulher se sente fracassada no cumprimento do papel parental socialmente atribuído a ela, pois; [...] perde um pedaço de si mesma, a ilusão e a esperança. Perde também a ordem e a lógica do seu próprio universo, na medida que se espera que os adultos ou os mais velhos morram primeiro (...) perdem também a perspectiva de futuro, além da função de cuidadoras e, portanto, parte de sua identidade. (CASELATTO; MOTTA, 2002 apud OLIVEIRA, 2008, p.105). Ainda, segundo Boss (2001 apud OLIVEIRA, 2008), a angústia das famílias é intensificada com frequência pela perda material e social que a família é acometida devido a altos gastos durante o processo de investigação. Ocorre também uma dificuldade de adaptação por parte das famílias à nova situação (reorganização de papéis), no casal e no reinvestimento em novas relações. Como num processo de luto, incide a dúvida se o familiar vai voltar e isso dificulta o trabalho da família, com sentimentos por alguém que ainda pode voltar. Nesse mesmo sentido, Oliveira (2008), em sua dissertação intitulada “Onde está você agora além de aqui, dentro de mim?: o luto das mães de crianças desaparecidas” apresenta alguns relatos de extrema ambiguidade de sentimentos, desde a esperança de mães de encontrar seus filhos (as) sãos e salvos até a certeza de que nunca mais os veria, como no depoimento de Zélia, 44 anos, mãe de Amanda, desaparecida há 4 anos e meio: “Fui ficando agoniada, olhava na janela e nada dela... você não acredita naquilo, não pode ser verdade, mas uma hora tem que tomar uma atitude. Aí eu saí pra procurar... deixei o meu mais velho tomando conta dos mais novos e sai procurando com o Henrique, porque ele sabia quem era o homem, mas nada da gente achar! E eu comecei a ficar mais e mais nervosa...aí decidi ir na delegacia. Pedimos ajuda dos vizinhos, e eles foram comigo...fizemos a ocorrência e voltamos para casa com o coração na boca, né? 36 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Reações fisiológicas como aumento de pressão arterial e dores nas pernas, segundo Oliveira (2008), também estiveram presentes no caso de Zélia, que com sua família, as reações explodiram em demonstração de raiva, impotência, culpa e tristeza : “Eu fiquei arrasada, parecia que a casa estava vazia... logo no início, eu tava muito agressiva, queria me separar do meu marido porque tudo me abusava dentro de casa (...) eu provocava ele pra ver se ele ia embora (...) Eu tomei antipatia pelos meninos, por todos! Deixei eles com uma vizinha acho que quase um mês! No fundo, a culpa foi mais minha (...) Eu senti, no momento que ela não tinha voltado, que quem devia ter ido no mercado era eu (...) no começo, a gente fica perdida, sem saber o que fazer, sem saber o que sentir!” (Zélia, 44 anos, mãe de Amanda, desaparecida há 4 anos e meio). O desaparecimento de um ente querido desestrutura toda a família, gerando reações em cadeia como desamparo em relação a outros filhos e descontentamento em relação ao marido, como no caso apresentado. Sentimentos de culpa e impotência comprometem o processo de reestruturação individual e familiar. (KORDON; EDELMAN, 1987, apud OLIVEIRA, 2008). Constata-se também o conceito de “pensamento mágico”, que se refere à ideia onipotente dos enlutados (em especial das mães) que poderia ter evitado ou desfazer o acontecido (ALVARENGA; VILLA HERRERA, 2004, apud OLIVEIRA, 2008). No relato a seguir a autora identifica a relação entre negação e pensamento mágico: “Eu não aceitava que ela não ia voltar, não dá pra aceitar! Passei uns 15 dias sem ir na minha casa porque eu não conseguia. Eu não ia colocar comida no fogão, não deixava ninguém mexer na minha casa, mas também não entrava, não queria (...)fiquei na casa da minha irmã. Quando eu vi que ela tinha sumido mesmo, eu voltei, mas coloquei minha cama do lado da janela e ficava 24 horas sentada de frente olhando para a rua...24 horas, dia e noite, só saía para ir no banheiro, tomar banho e fazer minhas necessidades, mas saía e voltava direto pra cama. Anoitecia e amanhecia e eu na janela, na esperança de alguém botar ela na rua, na madrugada, ela gritar e eu ouvir...eu não queria sair...e se ela me chamasse e eu não escutasse? Se eu não tivesse lá, iam levar ela embora de novo...até hoje eu ainda olho na janela, na esperança dela chegar.” (Eunice, 32 anos, mãe de Mariana, desaparecida há 1 ano e meio). Os casos podem vir ainda, conforme Oliveira (2008), acompanhados de reações iniciais de negação, choque e raiva, além Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 37 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA do pensamento mágico referido por Alvarenga e Villahererra (2004) apud (OLIVEIRA, 2008), como no reato a seguir: “Na hora eu pensei que era brincadeira...foi anoitecendo e nem assim eu acreditada. Depois de umas três horas, chegou minha madrinha e eu falei pra ela que aquilo devia ser uma brincadeira...eu falei pro meu esposo que tinham pegado pra me colocar medo, sei lá, porque todo mundo sabia que ela era o xodó da casa...mas eles foram me acalmando e me mostrando o que realmente estava acontecendo e aí, de manhã, eu vi de verdade que ela não tava mais ali, do meu lado né? Foi muito difícil. Nessa hora eu falei; “Se eu pegar a pessoa, eu não sei o que eu faço”, de raiva mesmo, mas foi só na hora daquele choque, daquela raiva, mas depois você pensa: ‘Não, não pode ser, uma pessoa normal não tira o filho de outra,’... a pessoa não pode ser normal, e aí não tem como ter raiva de alguém assim...mas é muito difícil entender, não dá pra aceitar nunca uma coisa dessas, ninguém tem o direito de fazer isso com uma mãe (choro).Eu fiquei muito culpada (choro). Eu nunca deixei ela na rua, era primeira vez que ela tava sozinha no portão...a gente acha que pode evitar essas coisas e quando acontece, é duro...(Juliana, 23 anos, mãe de Bianca, desaparecida há 1 ano e meio). Diante desses depoimentos, Oliveira (2008) cita L’Hoste (1987, p.109) quando este diz: “Não nos esqueçamos que em nossa cultura está prescrito que as mães são responsáveis pelo cuidado e pela integridade física dos filhos” . Assim, conclui-se que nestes casos a negação e o entorpecimento se apresentam como importantes mecanismos de defesa, limitando o poder devastador do sentimento de culpa e impotência diante do desaparecimento das filhas. Santos (2013 apud BAREICHA, 2009), em sua pesquisa sobre o desaparecimento de crianças e adolescentes no Distrito Federal, aponta que o termo “perda ambígua” é utilizado para definir a mágoa não resolvida e que pode ocorrer quando não existem formas de atestar se a pessoa desaparecida está vivo ou morto, e que sem essas informações corretas e claras, os familiares adotam uma postura ambivalente à sua dor (sofrer a perda ou aguardar o retorno) e que a incerteza gera sofrimento nos familiares que por muitas vezes decretam a morte do ente, mas não passam pelo processo de elaboração e ritos do luto. 3.CONSIDERAÇÕES GERAIS Poucos são os órgãos, seja nos municípios ou estados, que acolhem e desenvolvem trabalhos na área psicológica e social nas chamadas “famílias 38 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF fantasmas”. Poucas delegacias de polícia no estado de São Paulo oferecem algum tipo de serviço de assistência psicológica às famílias acometidas por esse drama. Santos (2013), que desenvolveu seu trabalho na mesma temática, relata que o Distrito Federal, por exemplo, até o ano de 2006 foi referência no serviço de busca e localização de crianças e adolescentes desaparecidos e que havia o Serviço Integrado de Atenção a Crianças e Adolescentes Desaparecidos e esse também integrava políticas públicas de Assistência Social e Segurança Pública, onde eram desenvolvidas ações articuladas com a busca, a investigação e a localização de crianças e adolescentes desaparecidos, além do suporte psicológico e da assistência social oferecidos às famílias. Os estudos referenciados neste artigo alertam para a importância de se qualificar profissionais das áreas sociais e psicológicas, de se dispor de programas de apoio social e principalmente serviços especializados no acolhimento da família e de mães durante todo o processo que envolve o desaparecimento e, ainda, posterior a ele. Sobre as mães de crianças e adolescentes desaparecidos incide maior atenção e cuidado porque comumente entram num estado de depressão em que fica muito difícil retomar a vida, mesmo após ou quando acontece o reaparecimento dos filhos. As pesquisas relatam ainda a importância de desenvolver trabalhos no sentido de acolhimento dessas mães por grupos especializados como ONGs que realizam reuniões espelhando-se em técnicas cognitivas comportamentais, reestruturando psicologicamente essas mulheres aliviando-as temporariamente dos pensamentos negativos polarizados e indicando caminhos para o árduo trabalho de lidar com a dor e o sentimento de vazio que invade espaços inteiros da vida social e emocional desses indivíduos e famílias. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVARENGA, G.H.; VILLA HERRERA, R.A.L. Tejiendo uestra identidad: intervención psicosocial em la problemática de la niñez desaparecida em El Salvador. 1 ed. El Salvador: Asociación Pro-Búsqueda, 2004. BAREICHA, I. C. A. Investigando a reestruturação de famílias. Tese de Doutorado. Universidade Católica de Brasília, 2009. BOSS, P. La pérdida ambigua: cómo aprender a vivir con un duelo Garça/SP: Editora FAEF, 2016. 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KEYWORDS: Foundlings, dropped, Brazil Cologne 1.INTRODUÇÃO Os Portugueses durante a colonização do Brasil eram conservadores como qualquer europeu da época acerca de seus 1 Bacharel em Psicologia e Formação de Psicólogo Clínico pela Faculdade de Ciências da Saúde de Garça/FASU. Pós graduado em Saúde Pública: Estratégia Saúde da Família e Gestão Estratégica de Pessoas. Ambas pelo Instituto de Ensino, Capacitação e Pós-Graduação Faculdade Iguaçu – FI / INDEP – Marília. Professor Especialista do Curso de Psicologia Pedagogia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF, Garça/SP. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 41 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA deveres e posições sociais, sobretudo no tocante a religião. No entanto eles estavam muito longe de casa para se apegar a velhos princípios. Considerando a beleza e a nudez das Índias e a facilidade de ter relação com elas ficava impossível aos navegadores negarem a si mesmos de tais prazeres. (ARRUDA; PILETTI, 2003). Quando começaram a implantar as primeiras Sesmarias para desenvolver a produção do açúcar, os portugueses utilizaram nos engenhos a mão de obra escrava, os primeiros a serem escravizados foram os indígenas, posteriormente foi utilizada a mão de obra escrava africana, o tráfico negreiro neste período se tornou um atrativo empreendimento juntamente com os engenhos de açúcar (ARRUDA; PILETTI, 2003). O lusitano nesse período carregava a mentalidade medieval com seus dogmas, no entanto agia como um renascentista, pois o colonizador era dinâmico e se adaptava com facilidade, talvez devido à região de onde viera e o contato com outras culturas. Chegando ao território novo, o português buscou explorar o solo, aplicando a monocultura, não se regimentando a um Estado, mas sim os senhoresde-engenho e em meio a miscigenação e a característica híbrida do lusitano, ocorrem os intercursos sexuais e as misturas culturais, além do africano introduzido como mão-de-obra. Assim, se molda o modelo familiar patriarcal no Brasil, quando se unem o nativo (chamado indígena), o colonizador (chamado português) e o africano (chamado escravo), (DEL PRIORE, 1997; ARIÈS, 1981; BUENO, 2016). Não era o Estado ou o indivíduo que tinham o domínio, mas sim as famílias que nasceram das Casas Grandes, onde se moldava desde menino o “protótipo do senhor-de-engenho”, com suas brincadeiras sádicas e suas relações de domínio, que vão desde os jugos agressivos até exploração sexual sadista. Pois eram necessárias que em uma sociedade escravocrata fossem propagadas as relações escravistas, e observa-se tal comportamento, até mesmo nas relações mais íntimas. Com isso podemos inferir que se construiu o sistema escravista no âmago da sociedade brasileira (DEL PRIORE, 1997; ARIÈS, 1981; BUENO, 2016). Haviam ainda aqueles que não eram escravos mas também não eram senhores e tampouco índios. São os náufragos e degredados que mendigavam e se prostituíam para sobreviver. No entanto a monocultura traz em si sérios agravos, pois mesmo os senhores de 42 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF engenho poderiam passar fome visto que a terra produzia pouca coisa sendo infértil então era um povo sofrido desde a elite e os conflitos eram inevitáveis (BUENO, 2016). Conforme (Del Priore, 1997) foi nessa luta pela sobrevivência e em meio ao crescimento descontrolado da Colônia que surge a história dos abandonos de crianças no Brasil. Considerando o contexto descrito é possível deduzir acerca dos conflitos que ocorriam entre e dentro das Capitanias Hereditárias e que se desdobravam em inúmeros órfãos filhos dessas guerras e disputas por territórios e motins. Há de se considerar ainda os filhos cuja maternidade lhes foi negada devido às condições em que nasceram, por exemplo: filhos de negros, ou índios, filhos de relações extraconjugais ou ainda frutos de relações com algum degredado que estava à margem da sociedade da época. É nesse contexto que se origina a história dos enjeitados no Brasil. 2. DESENVOLVIMENTO A mentalidade colonial de Portugal era que as mulheres tinham que sempre se submeter aos maridos, como cristãos eles tratavam as mulheres conforme o apostolo Paulo havia escrito em sua carta aos efésios (5: 22-24): “as mulheres estejam sujeitos aos seus maridos, como ao Senhor, porque o homem é cabeça da mulher assim como Cristo é cabeça da igreja” O marido era portanto o representante de Cristo no lar. (ARAUJO, 1993. p.193). O recato, humildade e continência eram exigidos da mulher com mais rigor na sociedade patriarcal. A igreja intervia em todas as ações familiares até o ato sexual, para igreja era apenas para reprodução não para satisfação ou prazer, se caso as mulheres tivessem relações sexuais que não fossem com esse fim ela era considerada pecadora das mais negadas por Cristo. As mulheres também não poderiam ser cortejadas por muito tempo não poderiam ficar comprometidas com um homem por tempo indeterminado pois sucumbiam a fornicação e a luxuria sem contar que deveria ter algo de errado com essa mulher cujo homem mostra-se relutante em toma-la como esposa (DEL PRIORE, 1997). A história da sedução de da gravidez de mulheres sós e disponíveis é um importante ponto de partida ao se considerar a representação social: “mãe”. É preciso pensar o que significava e o que significa Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 43 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ser mulher numa sociedade que foi construída por homens no comando e a “luz da ignorância”. Pensava-se no papel das mulheres mas a despeito de qualquer ideal a força dos desejos, paixões e corrupções o sexo antes do casamento e fora dele sempre existiu. Haviam leis que protegiam as mulheres contra a defloração e o rapto, pois a sociedade considerava que as mulheres uma vez seduzidas e desonradas ficavam sujeitas e suscetíveis a pecar novamente. O caso é que uma mulher sem honra dificilmente conseguiria arrumar um casamento que era a forma de proteção das mulheres por muito tempo. E ficar sem homem que a quisesse não excluía o fato de que ela talvez quisesse sentir o prazer novamente já que não servia pra casar. Outro problema a considerar é a fuga dos homens que descobriam que sua parceira sexual estava gravida. (DEL PRIORE, 1997). Em meio a fuga dos noivos, ao abando das mães solteiras e o problema dos enjeitados mencionado anteriormente a igreja reaviva um conceito muito simples: O casamento deve ser conferida a função de reprodução. A igreja chegava a exortar aos noivos não conversarem antes do casamento; a não serem próximos e que as práticas de “namoro” a fornicação eram indecentes e pecaminosas. Isso nos leva a mulheres que tinham medo dos homens. A mulher não deveria se quer falar com homens para não sugerir que estavam flertando, tentando, provocando seja como for. Temiam que pudessem ser desonradas e assim amaldiçoadas. As famílias pregavam com vigor que uma mulher poderia ser abusada e abandonada por um homem se não tomasse os devidos cuidados. De certo que não havia espaço para amor e tampouco para diálogos considerando que se falar com um homem eu posso estar sendo instrumento de satanás e ou que serei para sempre lembrada como rameira. (DEL PRIORE, 1997; ARIÈS, 1981; BUENO, 2016). Já que as leis da igreja eram ferozes apenas com as mulheres, pois os homens não recebiam nenhum tipo de penalidade ao abandonar mães solteiras. As mulheres se valiam das leis eclesiásticas para serem acolhidas e justificar sua condição: “Eu tive minha virgindade roubada”; “Fui desonrada”; “Ele abusou de minha inocência”. Dessa forma essas mulheres acabavam em muitos casos recebendo a proteção da igreja e os filhos poderiam ser educados pela cristandade. (DEL PRIORE, 1997; ARIÈS, 1981; BUENO, 2016). 44 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Considerando o exposto é possível verificar a problemática dos relacionamentos, no entanto outros fatores contribuíram para a geração dos enjeitados conforme expõe Gilberto Freyre: A família, não o indivíduo, nem tampouco o Estado nem nenhuma companhia de comércio, é desde o século XVI o grande colonizador no Brasil, a unidade produtiva, o capital que desbrava o solo, instala as fazendas, compra escravos, bois, ferramentas, a força social que se desdobra em política, constituindose na aristocracia colonial mais poderosa da América.”(FREYRE, 1981, p.92). Em primeiro lugar é importante ressaltar que o contato com o homem branco trouxe ao brasil consequências inimagináveis para os índios. A colonização foi responsável por uma geração de índios órfãos, seja pela morte dos pais em conflitos ou mesmo por conta das doenças trazidas da Europa as quais os nativos não possuíam defesa alguma. Por conta dos números alarmantes de órfãos indígenas os Jesuítas passaram a fundar os primeiros orfanatos e/ou instituições que abrigasse os indiozinhos. Já no século XII os órfãos começaram a ser percebidos pela população dos colonos Portugueses (RIBEIRO, 2007; DEL PRIORE, 1997). O crescente comercio e exploração trouxe cada vez mais exploradores e junto destes os largados, aqueles que Portugal desejava livrar-se e em meio aos diferentes ritmos de crescimento da Colônia ocorria o desequilíbrio populacional junto com a separação de classes, de forma que já no século XVIII não havia lugar nas cidades para abrigar tantos estrangeiros e órfãos. Não havia lugar para os próprios portugueses o que dirá para os órfãos índios e mestiços e para os negros (DEL PRIORE, 1997). No período colonial muitas Mulheres se viram obrigadas a abandonar seus próprios filhos. Durante o segundo e terceiro século de colonização surgiu uma modalidade de abandono selvagem de crianças recém nascidas e/ou de poucos meses: em calçadas, praias e lixeiras. Em uma sociedade que trouxera a religião católica da Europa tais ações não poderiam ser permitidas. Daí as edificações de casas de caridades do século XVIII. A repercussão foi tamanha que as Santas Casas de Misericórdia de Salvador e do Rio acolheram 50 mil enjeitados durante os séculos XVIII e XIX. O início do auxílio do governo (DEL PRIORE, 1997; ARIÈS, 1981; BUENO, 2016). Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 45 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA O abandono de crianças raramente ocorria em ambientes rurais nos quais os camponeses eram pobres e não possuíam escravos. A título de exemplo a Cidade de Ubatuba do século XVIII não passava de 1% a taxa de abandono. Nesses ambientes as crianças desempenhavam tarefas desde a tenra idade propiciando assim lugar na sociedade ainda que de forma exploratória e por motivos produtivos. Já nas regiões portuárias nas quais o trabalho demandava exclusivamente mão-de-obra adulta as taxas chegavam a 25% como era o caso da Bahia e do Rio de Janeiro. Há também uma diferença econômica gritante entra as áreas urbanas e as regiões rurais: A população da zona rural era mais homogênea em termos econômicos: “Todos tinham pouco” já nos sistemas citadinos “Poucos tinham muito e muitos não tinham nada”, ou seja a diferença social era maior nas áreas urbanas propiciando muitos miseráveis. Então a desigualdade financeira acompanhada com a peculiaridade dos trabalhos disponíveis não deixava espaço crianças. (D’ONÓFRIO, 2005; ARRUDA; PILETTI, 2003; DEL PRIORE, 1997; ARIÈS, 1981; BUENO, 2016) Segundo (Del Priori, 1997) Não apenas os miseráveis abandonavam as crianças nas rodas, ou à famílias criadeiras. Muitas vezes mulheres brancas de famílias “nobres” também o faziam para proteger o bom nome da família; para não serem perseguidas e/ou perder o seu próprio lugar nessa família. Obviamente que esses enjeitados eram filhos fora do casamento e por vezes até mesmo de índios, mestiços entre outros. Outra situação que ocorria com frequência era a própria mãe registrar o filho como um órfão para se proteger, mas ao mesmo tempo não entregar a criança a própria sorte. É importante ressaltar que assim como nos dias atuais muitas crianças passavam de mãos em mãos até encontrar alguém que aceitasse o fardo. Conforme (Del Priori, 1997), Havia ainda uma outra forma de “abandono” que nos leva a relativizar o mesmo. Algumas mulheres deixavam seus filhos recém nascidos às portas da roda e depois de um certo tempo retornavam para buscar seus filhos, pois haviam se recuperado e se estabelecido financeiramente. O que sugere também o imaginário do órfão a respeito do retorno de seus pais para busca-lo. As mães criadeiras poderiam ser brancas ou escravas desde que seu senhor assinasse o termo de compromisso junto a instituição que proveria ajuda financeira. O negócio de criar enjeitados não é diferente do que ocorre hoje no Brasil em termos de distribuição de 46 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF renda porque as mães criadeiras recebiam muito pouco pela serviço prestado de criar um órfão, no entanto em alguns casos ainda era melhor do que nada. O enjeitado por sua vez não recebia cuidados impecáveis, apenas sobrevivia. Um bastardo num sociedade como a nossa já é fardo psicológico bastante no entanto o tratamento dado a estes marca claramente seu lugar na sociedade (DEL PRIORE, 1997). As campanhas para as mães criadeiras eram fortíssimas: a igreja e os pregadores nunca sessavam em dizer que aceitar um rejeitado é prova de fé, de obediência e que seria um caminho para a graça de Deus. A falta de higiene era tamanha que algumas doenças começaram a ser atribuídas a infância (as crianças são portadoras). O caso é que os instrumentos ou mesmo o alimento fornecido às crianças enjeitadas por vezes acabava por matar a criança. (DEL PRIORE, 1997). Segundo a autora ser criadeira era negócio e não caridade então havia formas de burlar o sistema: uma criadeira emprestava o filho de outra mulher para levar a câmara e provar que cuidava bem da criança. Isso para conseguir manter a profissão de criadeira ou para esconder a ausência do enjeitado. As criadeiras se irritavam com as crianças e adicionavam água ardente na amamentação artificial para acalmar as crianças. Tal prática foi tão difundida que surgiu uma lei prevendo 30 dias de prisão para quem assim o fizesse. Além de existir aqueles que morriam sufocados e esmagados pelas criadeiras, por porem os expostos em seu leito. As roupas desses enjeitados beirava o ridículo da inapropriação, pois não se pareciam em nada com uma criança “bem nascida”. A falta de roupa era tão evidente que os pais que abandonavam as crianças já deixavam enxovais no momento do abandono. Em meio a esses movimentos mantem-se o retrogrado costume Europeu de enfaixar as crianças imobilizando-as e propiciando atraso no desenvolvimento bem como doenças de pele, uma vez que o clima tropical não poderia aceitar invólucros de lã ou de tecidos quentes como era feito na Europa. A questão da Infância e da criança surgem como objeto de estudo apenas a partir do século XIX, tanto no Brasil como no mundo. A falta de história sobre a infância revela a incapacidade do adulto de reconhece-la ou até mesmo o processo histórico de nega-la. Durante a Idade Média, antes da escolarização das crianças, estas e os adultos compartilhavam os mesmos lugares e situações, fossem eles Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 47 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA domésticos, de trabalho ou de festa. Na sociedade medieval não havia a divisão territorial e de atividades em função da idade (Ariès, 1973). Esses fatos somados ao exposto por (Del Priore, 1997) culminam na direção de que durante vários séculos da nossa história as crianças foram negligenciadas e abusadas, somente no século XVII, nas classes dominantes começam a surgir as primeiras concepções reais de infância, a partir da observação dos movimentos de dependência das crianças muito pequenas. O adulto passou, então, pouco a pouco a preocupar-se com a criança, enquanto ser dependente e fraco. Fato este, que ligou esta etapa da vida a ideia de proteção (ARIÈS, 1973). Mas Ainda hoje podemos observar como a sociedade tem dificuldade de reconhecer a infância ou primar por cuidados especiais devido a condição peculiar da criança. 3. CONCLUSÃO Conforme (ARAÚJO, 2008) A lei de proteção aos Menores tinha no texto a questão da proteção e vigilância dos menores em situação irregular. A frase se referia aos os abandonados, os carentes, os inadaptados e os infratores, ou seja, era uma lei para os enjeitados. Posteriormente temos A Lei 8.069 dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente que caracteriza de fato o que é criança e adolescente: Considera-se criança, para os efeitos dessa Lei, a pessoa até doze anos de idade incompleto, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. Segundo essa lei, é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à proteção integral: Sobrevivência: Direito à vida; Direito à alimentação e a saúde; Desenvolvimento Pessoal e Social; Educação: Profissionalização Cultura Lazer Esporte; Respeito e Integridade Física, Psicológica e Moral; Direito ao respeito; Direito à liberdade; Direito à convivência e a dignidade familiar e comunitária. Conforme (Guará, 2010) existem vários serviços e dispositivos de proteção para crianças e adolescentes como, por exemplo: Centro de referencia de assistência social – CRAS, Centro de Referencia Especializado de Assistência Social - CREAS, Serviço de Acolhimento Institucional – Casa Abrigo e/ou casa Lar, Conselho Tutelar, Família 48 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Acolhedora, além das Varas de Infância e a promotoria. No entanto esses equipamentos funcionam norteados pelo ECA e a constituição federal, ou seja, O Estado precisa garantir meios para que as crianças e adolescentes sejam protegidos e que seus direitos sejam garantindo. Os serviços fazem sim um bom trabalho, mas em razão das desigualdades sociais, da condição econômica do país e da vulnerabilidade social na qual as famílias estão inseridas a demanda sempre é maior do que a capacidade de atendimento dos serviços. Segundo (Gulassa, 2010) lei é clara em destacar que o serviço de acolhimento deve acolher a criança num prazo de seis meses a dois anos, só que muitos passam a vida dentro de lares e abrigos tendo que ir embora ao completar dezoito anos – tendo lugar pra ficar ou não. Outra proposta segundo (Costa; Frretti-Ferreiraque, 2008) é da família acolhedora que tem como proposta a concessão da guarda provisória passando-lhes total responsabilidade pela criança acolhida, tendo para com ela todos os deveres de guardião. Segundo essa proposta a família deve ser voluntária no processo de acolhimento, este por sua vez é provisório objetivando o regresso do acolhido à família de origem. Como podemos observar não há muita diferença das propostas das famílias criadeiras ou das câmaras ou ainda da roda dos enjeitados com as propostas atuais de proteção acriança e adolescente. O que temos é uma nova maquiagem para esconder os problemas sociais que se arrastam desde os primórdios da fundação desse país. E fica evidente a dificuldade que temos de construir uma mentalidade que possa superar esse problema devido toda nossa historia de abandono selvagem e desenfreado de crianças. 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ABSTRACT The survey comes with the intention of we aggregate knowledge about the importance of the relationship between the family and the school as the main foundation for the development of children. It is intended to also show the role of the school psychologist to strengthen the alliance built between the pillars of early childhood education. 1 Dicente do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF Docente do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF E-mail: [email protected] 2 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 51 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Keywords: School, Family, Importance. 1. INTRODUÇÃO A sociedade contemporânea tem destacado a importância da criança frequentar a escola, para que adquira condições favoráveis no desenvolvimento e crescimento pessoal. Por meio desse contexto e entre tantos problemas que ocorrem nas escolas, este estudo tem como objetivo investigar qual a importância da participação da família no ambiente escolar, visto que a família é o alicerce para a educação da criança, é nela que se inicia o primeiro contato social e o prepara para os relacionamentos futuros. Na escola as crianças passam grande parte do dia e nesta adquirem conhecimento para conviver em sociedade, são preparadas para a vida. Acredita-se que a família deve dar sua contribuição, formando uma parceria e objetivando o cuidado de qualidade para a criança como um todo. Na escola, o professor assume um papel que complementa a ação familiar, transmitindo a criança conhecimento, segurança e respeito, dividindo compromissos com a família e nessa parceria caminhando para uma boa formação, onde uma depende da outra para garantir o sucesso. Para Carraro (2008), a construção da parceria entre pais e escola deveria partir dos professores, visando com sua proximidade, que a família esteja cada vez mais preparada para ajudar seus filhos uma vez que muitas famílias, pelo fato de não estarem prontas, sentemse impotentes ao receberem em suas mãos os problemas de seus filhos, que lhes são passados pelos professores. O mesmo autor ainda destaca que para que o aluno seja compreendido e respeitado na sua individualidade é necessário que haja observação, comunicação e confiança onde os laços são estreitados e limites são estabelecidos e respeitados. Juntos profissionais da educação e família devem incentivar os alunos, destacando pontos positivos da criança e estimulando a prática de bons comportamentos, assim ganham a confiança, as atividades tornam-se prazerosas e alcançam bons resultados para todos os envolvidos. 52 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A família deve, portanto, se esforçar em estar presente em todos os momentos da vida de seus filhos. Presença que implica envolvimento, comprometimento e colaboração. Deve estar atenta a dificuldades não só cognitivas, mas também comportamentais. Deve estar pronta para intervir da melhor maneira possível, visando sempre o bem-estar de seus filhos, mesmo que isso signifique dizer sucessivos “nãos” às suas exigências. Em outros termos, a família deve ser o espaço indispensável para garantir a sobrevivência e a proteção integral dos filhos e demais membros, independentemente do arranjo familiar ou da forma como se vêm estruturando (KALOUSTIAN, 1988). É muito comum os pais colocarem sobre os professores total responsabilidade na educação dos seus filhos, no entanto por vezes confundem os papéis de que a base e os valores vêm de casa, é muito comum ouvir o professor tendo que passar aos alunos orientações básicas que deveria ter vindo dos pais. Na escola o professor tem responsabilidade na aprendizagem dos alunos e de identificar dificuldades realizando os encaminhamentos, não excluindo a participação dos pais na qual devem estar totalmente envolvidos e estimulando esse processo. É importante destacar que educar não é uma tarefa fácil que contem fórmulas ou receitas prontas, diante dos problemas encontrados é necessário identificar meios para solucioná-los. A interação entre educadores e família é a principal fonte para proporcionar um desenvolvimento saudável e de qualidade. Consideramos que quando a escola e a família estabelecem um contato, refletindo como vão educar as crianças e os adolescentes muitos conflitos são superados. Para que isso aconteça é necessário que realmente a família tenha o seu espaço no ambiente escolar, e não apenas compareçam na reunião de pais quando a situação já estiver fora do controle. Quando existe a sintonia entre ambos os alunos sentem-se amparados, acolhidos e amados, gerando melhores resultados e o ambiente escolar torna-se mais harmonioso e atrativo. A introdução de modelos e maneiras de propiciar a interação entre a família e a escola, reconhecendo a contribuição e os limites da família na educação formal é fundamental para “diversificar os sistemas de ensino e envolver, nas parcerias educativas, as famílias e os diversos atores sociais” (MEC & UNESCO, 2000). Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 53 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 Métodos O método utilizado para coleta de dados foi o levantamento bibliográfico, por meio de busca eletrônica de artigos, em bases indexadas do SCIELO (Scientific Electronic Library Online), utilizando os descritores: Família, Escola e Importância. 2.2 A RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA Para Polonia e Dessen (2005), a família e a escola são duas instituições fundamentais para o desenvolvimento dos processos evolutivos do indivíduo, atuando como propulsores ou inibidores do seu crescimento, tanto físico, intelectual e social, principalmente no que se refere às implicações para o desenvolvimento social e cognitivo do aluno e suas relações com o sucesso escolar. Em outro artigo Polonia e Dessen (2007), destacam também que assim como a escola, as famílias compartilham funções sociais, pois, contribuem e influenciam de maneira significativa a formação da pessoa como cidadão. Portanto, ambas são responsáveis pela transmissão e construção do conhecimento culturalmente organizado, modificando as formas de funcionamento psicológico, de acordo com as expectativas de cada ambiente. Em 1993, Bastiani (apud por Bhering e Siraj-Blatchford, 1999) afirmava que “o envolvimento de pais com a escola passou a ser considerado como uma preocupação necessária e não pode ser mais como uma opção que as escolas poderiam ou não ter”. Em 1999, Bhering e Siraj-Blatchford apontavam a importância da relação de parceria entre a escola e a família para o desempenho ideal de uma escola e o desenvolvimento sadio da criança, essa relação tem como beneficio o sucesso escolar na vida da mesma. O papel da escola constitui-se como um contexto no qual as crianças investem seu tempo, se envolvem em atividades diferenciadas ligadas às tarefas formais e aos espaços informais de aprendizagem. Neste ambiente, o atendimento às necessidades cognitivas, psicológicas, sociais e culturais da criança é realizado 54 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF de uma maneira mais estruturada e pedagógica que no ambiente de casa (POLONIA & DESSEN, 2007). A família tem como principal papel a socialização da criança, isto é, sua inclusão no mundo cultural mediante o ensino da língua materna, dos símbolos e regras de convivência em grupo, englobando a educação geral e parte da formal, em colaboração com a escola (POLONIA & DESSEN, 2007). Devemos ressaltar aqui que essa relação não deve ser apenas em situações consideradas problemas, mas em qualquer situação para que ambos os lados possam se beneficiar e que não venham causar prejuízos principalmente para o desenvolvimento escolar da criança. Quando o assunto é como inserir os pais na educação dos filhos, a literatura nos apresenta que o envolvimento não só é importante para um diálogo mais aberto entre os pais e professores e os pais e seus filhos e entre a tríade pais-criança-professores, mas também é de vital importância para que os pais compreendam os objetivos da escola, que é uma meta considerada de extrema importância, o desenvolvimento de crianças e o processo educacional, assim como a atuação do professor como provedor de situações que viabilizam a aprendizagem (BHERING; SIRAJ-BLATCHFORD, 1999). Polonia e Dessen (2005) ressaltam que quando o foco de debate é o papel dos pais na escolarização dos filhos e suas implicações para a aprendizagem, na escola, há aspectos que devem ser ressaltados. Carvalho (2000) afirma que tradicionalmente a família tem estado por trás do sucesso escolar e tem sido culpada pelo fracasso escolar. Portanto ela pode servir como impulsionadora da produtividade escolar e do aproveitamento acadêmico e o distanciamento da mesma podem provocar o desinteresse escolar e a desvalorização da educação, especialmente nas classes menos favorecidas (POLONIA; DESSEN, 2005). Quando a relação família-escola não funciona, outro profissional deve ser inserido nessa relação, o psicólogo escolar, que vai agir para que essa aliança seja construída e que tanto a família como a escola possam ver quais os prejuízos essa falta de parceria trouxe para a criança. O psicólogo escolar nessa perspectiva pode ser visto como agente de mudanças dentro da instituição-escola, onde funcionaria como Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 55 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA um elemento catalizador de reflexões, um conscientizador dos papéis representados pelos vários grupos que compõem a instituição (ANDALÓ, 1984). Ao reconhecer a importância da psicologia no contexto escolar, junto aos alunos, às suas famílias e aos professores, Souza (1997, citado por VOKOY & PEDROZA, 2005) aponta a necessidade de mudança na atuação do psicólogo. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Pensamos que a família é a base para que esse processo ensinoaprendizagem obtenha sucesso. Quando a família e a escola mantêm boas relações, as condições para um melhor aprendizado e desenvolvimento da criança podem ser potencializadas. Assim, pais e professores devem ser estimulados a discutirem e buscarem estratégias conjuntas e específicas ao seu papel, que resultem em novas opções e condições de ajuda mútua (Leite & Tassoni, 2002 citado por POLONIA & DESSEN, 2005). A escola deve reconhecer a importância da colaboração dos pais na história e no projeto escolar dos alunos. Já o psicólogo pode auxiliar as famílias a exercerem o seu papel na educação, na evolução e no sucesso profissional dos filhos e, concomitantemente, na transformação da sociedade. 4. REFERÊNCIAS ANDALO, C. S. A. O papel do psicólogo escolar. Psicol. Cienc. prof., v. 4, n. 1, p. 43-46, Brasília, 1984. BHERING, Eliana; SIRAJ-BLATCHFORD, Iram. A relação escola-pais: um modelo de trocas e colaboração. Cad. Pesqui., n. 106, p. 191216, São Paulo, 1999 . CARRARO, F. A Relação Família/ Escola. In: OLIVEIRA, Sônia. São Paulo, 2008. Disponível em: Âhttp://www.artigos.com/artigos/ humanas/educacao/a-relacao-familia%10escola-3012/artigo. CARVALHO, M. E. P. Relações entre Família e Escola e suas 56 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF implicações de gênero. Centro de Educação UFBP - Cadernos de Pesquisa, nº 110, p. 143-155, João Pessoa, 2000. KALOUSTIAN, S. M. (org.) 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Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA SOBRE O DESENVOLVIMENTO DO INDIVÍDUO PARA A CONSTRUÇÃO DO TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ANTISSOCIAL - SERIAL KILLER TINETTI, Milena de Oliveira¹ SANTOS, José Wellington dos² RESUMO Notícias sobre crimes bárbaros e mortes impensáveis chocam a maioria dos indivíduos pela existência de crueldade por parte de seus semelhantes, mas o que levaria um indivíduo aparentemente “normal” a cometer assassinatos em séries sem qualquer tipo de remorso e apenas para satisfação de seu prazer? Seriam eles loucos? O que separa a sanidade da insanidade? O artigo desenvolvido vem ao encontro de certos questionamentos, com o intuito de descrever as possíveis hipóteses para o desenvolvimento do Transtorno de Personalidade Antissocial, mostrando a relevância de um ambiente familiar suficientemente bom, sem privações à criança para o desenvolvimento da personalidade da mesma. Palavras chaves: Transtorno de personalidade antissocial, serial killer, influência da família, hipóteses. ¹ Acadêmica do Curso de Psicologia - Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral - FAEF. Email: [email protected] ² Professor Mestre do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação IntegralFAEF. E-mail para contato: [email protected] Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral- FAEF - Garça - SP- Brasil - http:// www.grupofaef.edu.br/ Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 59 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT News barbarous and unthinkable deaths crimes shocked most people by the existence of cruelty by their peers, but what would a seemingly individual “normal” to commit murders in series without any remorse and just to satisfy your pleasure? Are they crazy? What separates sanity from insanity? Article developed meets certain questions, in order to describe possible scenarios for the development of Antisocial Personality Disorder, showing the relevance of a sufficiently good family environment, without privations the child to the development of the personality of it. Keywords: Antisocial personality disorder, serial killer, family influence, assumptions. 1.INTRODUÇÃO O transtorno de personalidade antissocial, já foi conhecido como psicopatia ou sociopatia, visto que falsidade e manipulação são aspectos centrais do transtorno. A característica essencial do respectivo transtorno é um padrão difuso de indiferença e violação dos direitos dos outros, ao qual surge na infância ou no inicio da adolescência e continua na vida adulta (DSM - 5, 2014). Levando em consideração o transtorno de personalidade antissocial, faz-se um paralelo à expressão serial killer, que tem por definição indivíduos que cometem uma série de assassinatos durante um período de tempo, com pelo menos alguns dias de intervalo entre esses assassinatos (CASOY, 2014). No entanto o que leva um indivíduo a praticar atos extremos como assassinatos em série? São questões genética, ambientais, psicológicas? As respectivas questões foram à base para uma possível compreensão do indivíduo com tais atos, tendo como principal hipótese a relação dos pais, em especial a mãe, com a criança em um ambiente com privações intensas. O presente artigo tem o intuito de discorrer sobre as possíveis causas para a construção do Transtorno de Personalidade Antissocial, abrangendo o Serial Killer, levando em consideração, a priori, a influência da família sobre o desenvolvimento do indivíduo. Para 60 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF isso, será descrito alguns conceitos como: Transtorno de Personalidade Antissocial; Serial Killer; Diagnóstico; causas genéticas, ambientais, relação com os pais, traumas infantis. Descrição do Transtorno de Personalidade Antissocial Quando os traços de personalidade mostram-se inflexíveis e desadaptativos para a cultura do sujeito, causando mal estar ou prejuízo funcional importante, podem ser caracterizados como um transtorno. A psicopatia consiste em um transtorno de personalidade que envolve tanto características comportamentais desviantes, quanto aspectos afetivos e relacionais (DAVOGLIO et al, 2012). Segundo Farrington (apud Davoglio et al, 2012) psicopatia é definida e sintetizada nas pesquisas atuais envolvendo três importantes dimensões, além dos comportamentos antissociais em si: um estilo interpessoal enganador e arrogante, incluindo desinibição ou charme superficial; egocentrismo ou um senso grandioso de autoestima; mentira; trapaça; manipulação e enganação; experiência afetiva deficiente, com pouca capacidade de sentir remorso, culpa e empatia; uma consciência fraca; insensibilidade; afeto superficial e falha em aceitar responsabilidade pelas ações (utilizando-se de negação, desculpas, etc.); um estilo de comportamento impulsivo ou irresponsável, incluindo tédio; busca contínua por emoção; falta de metas em longo prazo; falha em pensar antes de agir e um estilo de vida parasita (tais como, dívidas, hábitos de trabalho insatisfatórios). A característica essencial do transtorno de personalidade antissocial é um padrão difuso de indiferença e violação dos direitos dos outros, ao qual surge na infância ou no inicio da adolescência e continua na vida adulta (DSM - 5, 2014). De acordo com a descrição do transtorno de personalidade antissocial do DSM - 5 (2014), indivíduos com o transtorno não têm êxito em ajustar-se às normas sociais referentes ao comportamento legal; desrespeitam os desejos, direitos ou sentimentos alheios; enganam e manipulam para obter ganho ou prazer pessoal; mentem reiteradamente; as decisões são tomadas sem análise e sem consideração às consequências a si ou aos outros; tendem a ser irritáveis e agressivos; demonstram descaso pela própria segurança Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 61 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ou pela de outras pessoas; não demonstram remorso ou emoção pelas consequências de seus atos, são indiferentes a ter ferido, maltratado ou torturado alguém, racionalizando de modo superficial essas situações, culpando as vítimas pelos seus atos cruéis; carecem de empatia e tendem a ser insensíveis, cínicos e desdenhosos em relação aos sentimentos, direitos e sofrimentos dos outros; tem autoconceito inflado e arrogante; autoconfiantes; muito volúveis e verbalmente fluentes; irresponsáveis e exploradores nos seus relacionamentos sexuais. A probabilidade de desenvolvimento do transtorno na idade adulta aumenta se o transtorno de conduta do indivíduo teve início na infância (antes dos 10 anos), abuso ou negligência infantil, paternidade/maternidade instável ou errática ou disciplina inconsistente podem aumentar a probabilidade de o transtorno de conduta evoluir para o transtorno da personalidade antissocial (DSM - 5, 2014). O transtorno de conduta é um padrão de comportamento repetitivo e persistente no qual são violados direitos básicos de outras pessoas ou normas e regras sociais, onde a criança é fisicamente agressiva contra pessoas e animais, enfim, tem relacionamentos conturbados com os pares. Inicia-se na infância e geralmente os indivíduos são do sexo masculino (DSM - 5, 2014). Serial Killer O que significa a expressão serial killer? A expressão foi usada pela primeira vez nos anos 1970 por Robert Ressler, tendo por definição indivíduos que cometem uma série de assassinatos durante um período de tempo, com pelo menos alguns dias de intervalo entre esses assassinatos (CASOY, 2014). Segundo Casoy (2014) os serial killers são divididos em quatro tipos: visionário, são os indivíduos que ouvem vozes dentro de sua cabeça e lhes obedecem, com ou sem alucinações; missionário, sente em seu interior que precisa “livrar” o mundo do que é imoral e indigno, por isso, escolhem certo tipo de grupo para matar; emotivo, mata por pura diversão, tem prazer em matar e utilizar requisitos sádicos e cruéis, o prazer começa no planejamento do crime; sádico, é o assassino sexual, mata por desejo, a ação de torturar, mutilar e 62 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF matar lhe causa prazer sexual. Também são divididos em duas categorias: organizados e desorganizados. Existem algumas características essenciais entre os serial killers organizados e desorganizados. Os organizados são metódicos e astutos; bem apessoados; inteligência média para alta; socialmente competentes, mas antissociais e de personalidade psicopata; teve disciplina inconsistente na infância; cena planejada e controlada; leva suas armas e instrumentos para a realização do crime, sendo que após o acontecido não as deixam no local; a vítima é torturada e tem morte dolorosa e lenta; o corpo é levado e muitas vezes esquartejado para dificultar a identificação pela polícia; acompanham os acontecimentos relacionados com o crime pela mídia. Os desorganizados são capturados mais rapidamente; têm inteligência abaixo da média; socialmente inadequados; teve disciplina severa na infância; cena do crime desorganizada; nenhuma ou pouca premeditação; utilizam a arma de oportunidade, deixandoa, com frequência, no local do crime; a vítima é rapidamente dominada e morta; o corpo da vítima é frequentemente deixado na cena do crime, quando levado, é como lembrança e não para evitarem provas; mínimo interesse nas novidades da mídia (CASOY, 2014). De acordo com o Dr. Joel Norris (apud Casoy, 2014) existem seis fases do ciclo do serial killer: fase áurea é quando o assassino começa a perder a compreensão da realidade; fase da pesca é a procura pela sua vítima ideal; fase galanteadora, seduz ou engana sua vítima; fase da captura, vítima cai na armadilha; fase do assassinato ou totem, auge da emoção para o assassino; fase da depressão ocorre após o assassinato. Quando o assassino entra em depressão, engatilha novamente o início do processo, gerando um ciclo vicioso. O serial killer escolhe suas vítimas ao acaso ou por algum estereótipo que tenha significado para ele, têm necessidade de dominar, controlar e possuir a pessoa como um objeto, por isso tende a escolher vítimas mais fracas fisicamente do que ele, facilitando seu domínio. Um dos meios de estabelecer o controle é degradar e desvalorizar a vítima por longos períodos de tempo. Levando em consideração que um serial killer compreende exatamente o que é humilhante, degradante ou doloroso para a vítima e sabe como obter esse resultado, é um erro pressupor que o mesmo não sabe criar empatia (CASOY, 2014). Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 63 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Segundo Casoy (2014), o serial killer desenvolve um fino verniz social planejado com premeditação, uma personalidade completamente dissociada de seus comportamentos violentos e agressivos, para misturar-se às outras pessoas de forma a não levantar suspeitas; esse fato de controlar sua conduta mostra que o criminoso sabe que seu comportamento não é aceito pela sociedade. Eles aprendem a imitar as pessoas “normais”, é um ato manipulativo, que aprendem por observação e ajudará a levar sua vítima para dentro da armadilha. O serial killer tem seu modus operandi, que seria o que o criminoso faz de necessário para cometer os crimes sempre da mesma maneira (local e arma utilizados, tipo de vítima selecionada, forma de agir passo a passo); e sua assinatura, um aspecto comportamental em seus crimes que os realizam psicologicamente, só matar não satisfaz a necessidade do transgressor, ele precisa seguir um ritual completamente individual, pois seu ódio é expressado apenas pelo ritual utilizado em seus crimes (CASOY, 2014). Possíveis Hipóteses: relação objetal, traumas infantis, ambiente com privações, causas genéticas e biológicas Segundo Casoy (2014) não existe um aspecto isolado que define a criança como serial killer, mas a chamada “terrível tríade” parece estar presente no histórico de todos eles: enurese em idade avançada, abuso sádico de animais ou outras crianças, e destruição de propriedade e piromania. De acordo com Winnicott (1999) existe uma relação entre delinquência e a privação da vida familiar, a criança sofre privação quando passa a lhe faltar certas características essenciais da vida familiar. Quando há um bom relacionamento entre o bebê ou a criança em desenvolvimento e os pais, a continuidade dessa relação deve ser respeitada e jamais interrompida sem uma boa causa. Cerca de 82% dos serial killers sofreram abusos na infância, sejam eles físicos, sexuais, emocionais ou relacionados com negligência e ou abandono. A falta de laços familiares na infância com os pais é o grande fator do desenvolvimento da psicopatia, pois a conexão estabelecida nos primeiros meses de vida da criança é necessária para ajudá-la progredir intelectualmente, desenvolver uma 64 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF consciência, lidar melhor com frustrações, ter mais autoconfiança e autoestima, construir um caráter que controla seus impulsos, administrar sua raiva e resolver seus conflitos. A característica encontrada com maior facilidade em serial killers é seu tenso e difícil, às vezes até inexistente, relacionamento familiar (CASOY, 2014). O envolvimento (palavra usada para cobrir de modo positivo um fenômeno que é coberto, de modo negativo, pela palavra culpa, vinculada ao conceito de ambivalência) é uma característica importante na vida social. Os psicanalistas geralmente buscam as origens antissociais no desenvolvimento emocional do indivíduo, pois a criança não está integrada e, sua personalidade, psique e ego estão em construção, dependendo de um ambiente suficientemente bom, de cuidados adequados ao bebê e à criança, principalmente pela função-mãe. A criança em que o lar não lhe ofereceu um sentimento de segurança busca fora de casa, recorrendo aos avós, tios e tias, amigos, escola, uma estabilidade externa sem a qual poderá enlouquecer (WINNICOTT, 1999). Os comportamentos agressivos em crianças podem ter sua gênese nas rupturas relacionais dos primeiros anos de vida, podendo explicar os problemas futuros (BENAVENTE, s.d.). A criança antissocial busca na sociedade uma estabilidade para transpor os primeiros e essenciais estágios de seu crescimento emocional (WINNICOTT, 1999). Segundo Davoglio et al (2012) diversos estudos confirmam que crianças e jovens submetidos a experiências traumáticas, como abuso físico/psicológico, negligência, doença mental parental, punição excessiva e agressiva, seriam, potencialmente, mais vulneráveis à presença de traços ou sintomas de transtornos de personalidade. De acordo com Jonathan Pincus (apud Casoy, 2014) existe um tripé causador de condutas de extrema violência anormal: ser maltratado e ou abusado na infância, paranoia e dano cerebral. Na tendência antissocial não há apenas uma carência, existe um verdadeiro desapontamento, ou seja, a perda de algo bom e positivo na experiência da criança, porém foi retirado, contudo essa retirada estendeu-se por um período maior do que aquele em que a criança pode manter viva a lembrança da experiência (WINNICOTT, 1999). De acordo com Winnicott (1999) as coisas corriam bem para a criança; alguma coisa perturbou essa situação; a criança foi exigida além de sua capacidade (defesas do ego desmoronaram); a criança Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 65 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA reorganizou-se com base em um novo modelo de defesa do ego, inferior em qualidade; a criança começa a ter esperanças de novo e organiza atos antissociais na esperança de compelir a sociedade a retroceder com ela para a posição em que as coisas deram errado, e a reconhecer esse fato; se isso for feito, então a criança pode retornar ao período que antecedeu o momento de privação e redescobrir o objeto bom e bom ambiente humano controlador que, por existir originalmente, tornou-a capaz de experimentar impulsos, inclusive os destrutivos. O comportamento psicopata é consequência de fatores familiares ou sociológicos, no entanto alguns pesquisadores encontraram diferenças cerebrais entre psicopatas e pessoas “normais”, porém não existe nenhuma evidência comprovada cientificamente que apoie a teoria do gene criminoso. Segundo Dr. Paul Bernhardt (apud Casoy, 2014) é necessário um equilíbrio entre testosterona e serotonina, pois quando há elevada taxa de testosterona combinada por baixos níveis de serotonina causa desequilíbrio no indivíduo, onde a frustração pode levá-lo à agressividade e comportamentos sádicos. Outra explicação possível seria a de que criminosos violentos têm traços de alta dosagem de metais pesados no sangue (manganês, chumbo, cádmio, cobre), sendo que o manganês diminui os níveis de dopamina e serotonina no organismo contribuindo para um comportamento agressivo. O Dr. Christopher Patrick alega que psicopatas têm menor taxa de mudanças cardíacas e de condução elétrica na pele como reação ao medo, apresentando uma deficiência em sua capacidade de sentir medo (CASOY, 2014). O Dr. Dominique LaPierre (apud Casoy, 2014) sugere que o córtex pré-frontal, área responsável pelo planejamento a longo prazo, julgamento e controle de impulsos, não funciona normalmente em psicopatas. Em média 11% dos indivíduos antissociais, impulsivos, sem remorso e que cometem crimes violentos, têm menos matéria cinzenta no córtex pré-frontal, apresentando uma anormalidade cerebral anatômica, porém seria apenas a combinação entre fatores biológicos e sociais que “criariam” um criminoso. Na literatura científica, existem relatos, de indivíduos que apresentavam personalidades “normais” e adquiriram personalidades sociopáticas após lesões patológicas do sistema nervoso central, 66 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF acarretando consequências pessoais indesejadas (CARVALHO; SUECKER, 2011). Segundo Casoy (2014) quando o hipotálamo, o lobo temporal e ou o cérebro límbico sofrem estragos, a consequência pode ser incontroláveis agressões por parte do indivíduo; aproximadamente 70% dos pacientes que têm graves ferimentos cerebrais desenvolveram tendências agressivas. Em seus estudos, Lneber, Magnusson, Stattin, Diinér, Patterson, Reid e Dishion (apud Benavente, s.d.), afirmam que a criminalidade adulta relaciona-se com problemas de conduta na infância e na adolescência. De acordo com Morris e Robins (apud Benavente, s.d.) estimam que entre 70% a 80% das crianças com comportamentos antissociais, terão vários tipos de dificuldades quando adultos: problemas psiquiátricos, precariedade laboral, casamentos múltiplos, abuso de substâncias e detenções. 2. Considerações Finais O que leva um indivíduo a praticar atos extremos como assassinatos em série? São questões genética, ambientais, psicológicas? Tendo em vista que cerca de 82% dos serial killers sofreram abusos na infância, sejam eles físicos, sexuais, emocionais ou relacionados com negligência e ou abandono, pode-se afirmar que a relação mãebebê, que inicia-se desde a fecundação, é função da mãe, chamada de ambiente do bebê, impedir que adversidades do meio cheguem a ele precocemente comprometendo seu desenvolvimento psíquico, haja visto que o bebê nasce não-integrado e é através do ambiente que a integração acontecerá. Winnicott (1983) pensa as psicopatologias como consequências das falhas do ambiente, sendo responsabilidade da mãe agir como ego auxiliar do bebê, dando a ele o holding (apoio) e o handley (sustentação) para que não haja ameaças ao desenvolvimento/ integração do mesmo. Um ambiente com privações excessivas, falhas intensas e uma mãe que não desenvolve a característica fundamental ao bebê: ser suficientemente boa, são aspectos que tornarão a criança vulnerável à psicopatologias. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 67 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA No entanto é possível verificar outras causas como: diferenças cerebrais, falta de equilíbrio entre testosterona e serotonina, alta dosagem de metais pesados no sangue (manganês, chumbo, cádmio, cobre), menor taxa de mudanças cardíacas e de condução elétrica na pele, menos matéria cinzenta no córtex pré-frontal, quando o hipotálamo, o lobo temporal e ou o cérebro límbico sofrem estragos. Enfim, chega-se a conclusão que todos os seres humanos têm seu comportamento influenciado por causas genéticas, biológicas, psicológicas, sociais, na primeira relação objetal do bebê, ambiente com privações. 3. Referências Bibliográficas AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSM-5. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. p. 659-662. BENAVENTE, R. 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Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A MÁ VIVÊNCIA DO LUTO PODE AFETAR O SISTEMA FAMILIAR? Amanda Paula dos REIS ¹ Izabel Cristina Brambatti GRANJEIRO ² Bárbara Cristina Rodrigues FONSECA³ RESUMO O funcionamento de cada família pode influenciar no movimento do sistema com a perda de um dos membros uma vez que, vivenciam e experienciam, conforme funcionam. Este estudo, de revisão bibliográfica, busca analisar como o processo do luto pode afetar o sistema familiar e potencializar conflitos. O ambiente familiar contribui para vários sintomas como traição, abuso do álcool e outras drogas, separação e muitos outros, que podem ser potencializados pela má vivência do luto pelos seus membros. Portanto, estudar a dinâmica familiar com suas características no processo de luto é de suma importância para a área da Saúde, em especial para a Psicologia, no sentido de poder contribuir para a resolução dos problemas. PALAVRAS-CHAVE: Família. Luto. Dinâmica. ABSTRACT The operation of each family can influence the system move with the loss of a member once, experience and experience as work. This study, a literature review, aims to analyze how the process of Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 69 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA grief can affect the family system and enhance conflict. The family environment contributes to symptoms such as treason, abuse of alcohol and other drugs, separation and many others, which may be exacerbated by poor bereavement experience by its members. Therefore, studying family dynamics with its characteristics in the grieving process is of paramount importance to the area of health, especially for psychology, in order to contribute to solving the problems. KEYWORDS: Family. Mourning. Dynamics. Introdução Quantas relações humanas são pobres e banais porque deixamos que o outro se expresse de modo repetitivo e porque nos desviamos das áreas de atrito, dos pontos vitais, de tudo o que em nosso confronto pudesse causar o crescimento e a dor! (BOSI, 1994, p. 78). Coelho e Renato (2012) discorrem a morte como grande angústia humana e, apesar das crenças e religiões que abordam outras dimensões, coloca um limite à vida na Terra, da forma como foi concebida e é, cotidianamente, vivida por nós. Essa constatação leva o ser humano a uma posição básica universal de conceber a existência como um intervalo entre vida e morte. Crenças, religiões e outros aspectos da cultura onde está inserido, levarão cada indivíduo a conceber a morte de distintas formas. Assim, pode-se dizer que a constatação da morte é universal, enquanto as várias formas de conceber (ou não) o “após a morte”. Cria-se, assim, um ponto comum entre os seres humanos, o de se compreenderem finitos no espaço de vida terrena. Outro aspecto dessa compreensão está relacionado à crença, em geral religiosa, para depois da morte. Ambos os aspectos, relativos à compreensão da vida e da morte, serão relevantes para a atribuição do sentido que as pessoas dão às suas vidas. A interminável preocupação do ser humano com a morte, a transforma, conforme denomina Da Matta (1991) com extrema propriedade, em instrumento definitivo de descontinuidade. Quando a família apresenta um bom funcionamento em sua dinâmica familiar, o apoio mútuo aos seus membros colabora para um processo de ajustamento adaptativo à situação de perda. A liberdade de comunicação e expressão de sentimentos e 70 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF pensamentos, a coesão familiar e a resolução construtiva das diferenças de opinião são os principais requisitos para uma família funcional enfrentar situações de vida estressantes, pois quando o funcionamento familiar é mais limitado os seus membros apresentam maiores dificuldades para se adaptar. (SHULER, 2012) A abordagem sobre esse modo de sofrimento concebe, assim, uma forma peculiar de relação com o tempo, fator crucial de diferenciação acerca do próprio trabalho do luto. Neste sentido e pensando na importância da discussão deste tema, principalmente para a área da Psicologia, este estudo busca analisar, por meio de uma revisão bibliográfica, como o processo do luto pode afetar o sistema familiar e potencializar conflitos. A MÁ VIVÊNCIA DO LUTO NAS FAMÍLIAS O luto é um trabalho ou processo psíquico que se realiza dentro de uma linha temporal que resulta na identificação por traços com uma modificação no “eu” - sustentada pelo ideal do “eu” (FREUD, [1923], 1996) - que funciona como balizador do desejo. Esta condição é o que conduz o sujeito a uma reinserção desejaste e à reconstrução da capacidade de ação ( FREUD [1923] 1996). Eis aí a que a sociedade ocidental contemporânea reduziu a morte e tudo a que ela está associada: um nada. Não satisfeita em privar o indivíduo de sua agonia, de seu luto, e da nítida consciência da morte, de impor à morte um tabu, de marginalizar o moribundo, de esvaziar todo o conteúdo semântico dos ritos tanáticos, a sociedade mercantil vai além, ao transformar a morte num resíduo irreconhecível. Ela já não é mais um destino. O que existe é sua relação negativa com o sistema de produção, de troca e de consumo de mercadorias. É o estado de não produção, não consumação. Ao negar a existência da morte e do morrer, a sociedade realiza a coisificação do homem. (MARANHÃO, 1987, p12 ). O trabalho do psicólogo, em questões como esta, pode estender sua intervenção à equipe profissional da instituição, ao invés de restringi-la apenas ao doente e aos seus familiares. Frequentemente membros da equipe mobilizam-se em situações de terminalidade e morte de pessoas hospitalizadas. Em uma unidade cirúrgica, por exemplo, a equipe de saúde busca salvar vidas de forma heroica, assim, o paciente inoperável e a cirurgia não curativa representam, Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 71 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA para eles, um fracasso (PARKES, 1998). A perda do ente querido é dolorosa para quem a experimenta e para quem observa, pelo sentimento de impotência gerado (BOWLBY, 1998). Tonetto e Gomes (2007), também discorre em seu texto sobre a problemática do Psicólogo trabalhar complementando Além disso, o trabalho do psicólogo junto aos outros profissionais deve ocorrer no sentido de uma participação ativa na definição de procedimentos e tratamentos a serem realizados. Para que a prática profissional do psicólogo em ambientes complexos – como é o caso do hospital, onde atuam profissionais de diferentes formações e especialidades – seja bem-sucedida, é imprescindível que o relacionamento entre os membros da equipe seja caracterizado por um diálogo cooperativo e aberto, no qual haja objetividade e clareza na proposição e justificativas de procedimentos técnicos relativos a cada especialidade (TONETTO; GOMES, 2007). Kissane et al., no estudo realizado em 2003, ao avaliar a morbidade psicossocial de famílias enlutadas, referiram que as famílias disfuncionais apresentaram pior funcionamento social, global, doméstico e no lazer, maior morbidade psicossocial e também relataram piores relacionamentos com os seus filhos. As famílias hostis apresentaram mais membros deprimidos, ansiosos e obsessivos do que os outros grupos, maior nível de angústia e pior ajustamento social; e as famílias mal-humoradas apresentaram níveis mais elevados de raiva, maior pontuação na subescala de psicoticismo e ideação paranoide. As chamadas tarefas no luto consistem no processo de elaboração ao longo do tempo, que no caso da família, de acordo com Walsh e MacGoldrick (1998). Para compreender o luto na família, sugere-se a observação dos movimentos individuais e do todo dentro do sistema familiar, pois nem sempre há consonância entre os processos de luto vividos individualmente pelos integrantes desse sistema. Cada elemento da família pode apresentar fases e manifestações do luto em tempos diferentes ou sobrepostas, em um mesmo indivíduo ou em outros elementos do sistema (SILVA, 2008), inerentes às vicissitudes dos movimentos familiares diante da perda em busca de um equilíbrio funcional (WALSH; MCGOLDRICK, 1998). O Luto consagra-se em quatro fases definidas por Coelho (2000): 1ª - O reconhecimento comum da realidade da perda. É necessário 72 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF que a família como um sistema percorra o processo de luto. Cada membro da família tem um processo individual de reações frente à perda, mas, com o tempo espera-se que haja certa congruência em relação ao significado da perda para o grupo familiar. Quando a família reconhece o sentido comum da perda pode iniciar o segundo trabalho do luto (COELHO, 2000). 2ª. A experiência compartilhada da perda e sua colocação no contexto. Os rituais são bastante importantes porque unem a família, qualificam ou re-qualificam suas crenças e, é uma forma de comportamento organizado, que tem função e sentido. O ritual vai diminuir a força do caos da dor como fator organizador e também demonstra o auxílio da rede social, como no caso do velório e de outras celebrações de morte (religiosas, por exemplo). (COELHO, 2000) 3ª. A reorganização do sistema familiar. Consiste na reorganização adaptativa do sistema familiar para que ele funcione com os membros sobreviventes. As tarefas deverão ser redistribuídas, é provável que mudem funções. O desenho da família fica alterado em certos casos, assim como a função como no caso da perda de filho único, quando cessa a função de pais que passam novamente para a condição de casal. É importante lembrar que esse é mais que um casal sem filho, é um casal que perdeu um filho, o que atribui a esse sistema características próprias. Em geral, um casal caminha para o futuro e pretende aumentar o sistema, tendo filhos. O casal que perde seu único filho parece retroceder, voltando a uma condição não prevista. Esse casal olha para o passado e muitas vezes não aguenta essa nova condição, o que explica um dos fatores de separação em casais enlutados. A rede pode atuar com mais força em momentos de vulnerabilidade, como é o caso do luto, ampliando o sistema de suporte da família. Existe o caso de famílias que agregam novos membros temporária ou definitivamente após a perda. Em geral esse membro agregado veio inicialmente para oferecer seu apoio e pode ter tido uma história de grande proximidade com o morto. (COELHO, 2000) 4ª. O reinvestimento em outros relacionamentos e projetos de vida. A família reorganizada como sistema pode, agora, redefinir seus compromissos e prioridades. Ao cumprir a quarta tarefa a família já se sabe resiliente. Torna-se, assim, um sistema modificado pela Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 73 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA experiência conjunta, mas não necessariamente uniforme da dor. Neste momento, verifica-se a alteração no sistema de crenças e da sua relação com o tempo e, passam a apresentar uma maior capacidade de analisar os fatos relativizando-os. Existe mais complacência e solidariedade em famílias que elaboraram seu luto e (uma) certa sensação de alívio, de que dificilmente uma experiência será pior que a perda. (COELHO, 2012) A ELABORAÇÃO DO LUTO NA FAMÍLIA As chamadas tarefas no luto consistem no processo de elaboração ao longo do tempo, que no caso da família, de acordo com Walsh e MacGoldrick (1998) cumprem quatro fases definidas, que discutiremos a seguir: 1. A anamnese da família enlutada é longa. Por certo o luto fará lembrar outras perdas, de forma que o acompanhamento se torna bastante complexo. A lista dos principais pontos a serem identificados na família cresce à medida que se avança na prática terapêutica, a que segue aponta aspectos principais que contemplam o atendimento de orientação sistêmica e aqueles específicos da compreensão do luto: (COELHO, 2000) 2. Momento do luto em que a família se encontra: a) História de perdas na família (aspectos multigeracionais/legado): função e lugar ocupado por quem morreu; b) Relação dos membros da família com quem morreu: vivência individual da perda por cada um dos membros da família; c) Crença: religiosidade ou valores humanistas de suporte frente à morte; d) Grupo cultural a que a família pertence: crenças funcionais e forma da família lidar com as perdas; e) Rede: amigos, grupos, família estendida, religião e outros tipos; falta de recursos sociais e econômicos. (COELHO, 2000) O tipo de morte e as condições nas quais se deu a perda também vão influenciar diretamente o trabalho da família no processo de elaboração do luto. (COELHO, 2000). Rando (1998) considera que muitos dos sintomas tratados por profissionais de saúde, são relativos ao luto complicado em uma de suas formas de apresentação: sintomas psicológicos, 74 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF comportamentais, sociais e físicos; síndromes de luto ausente, luto atrasado, luto inibido, luto distorcido, luto conflituoso, luto imprevisto e luto crônico; diagnósticos de transtorno físico ou mental e a própria morte. Para facilitar o diagnóstico, relaciona alguns sintomas indicativos de luto complicado que devem ser examinados de acordo com as fases de evitação, confrontação e acomodação. CONSIDERAÇÕES FINAIS Mazorra (2009) ressalta a importância de se reconhecerem as reações habitualmente associadas às complicações do luto, em meio às reações esperadas diante de uma perda, para a identificação de pessoas com risco para luto complicado, embora o limiar entre luto normal e luto complicado seja uma linha tênue, que depende muito da intensidade e da duração das reações de luto. Alguns autores apontam a construção de significados como aspecto central ao processo de luto (WALSH; MCGOLDRICK, 1998; NADEAU, 1998; NEIMEYER, 1998; MAZORRA, 2009; PARKES, 2009). Holland et al. (2006) relatam que as teorias do luto contemporâneas dão ênfase ao papel da construção de significado na adaptação a esse fenômeno, considerando como suas duas construções principais: fazer sentido da perda e achar benefício a partir dessa experiência. O enlutado necessita vivenciar um processo que lhe permita construir um sentido da perda em sua vida e reconciliar-se com ele. Esse processo é chamado de construção de significado e envolve o desenvolvimento de uma explicação a respeito do que aconteceu, que lhe permita a construção de novas visões do mundo. (NADEAU, 1998). Bolze e Castoldi (2005) afirmam que para o psicólogo hospitalar que vive em seu cotidiano situações muito semelhantes e trabalha constantemente no limiar vida e morte, é necessário ter um bom aporte teórico para realizar suas intervenções com êxito. Igualmente, é importante que ele receba apoio psicoterápico, pois é afetado emocionalmente por seu trabalho. Há também algumas características que este profissional deve ter como pessoa, tais como a disponibilidade para a tarefa, além da perseverança, dedicação e certeza de que poderá ajudar. Somente desta forma pode-se oferecer ao paciente terminal uma escuta e uma qualidade de vida, bem como um apoio para sua família. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 75 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Podemos finalizar esse estudo apontando para a importância deste tema para os profissionais da área da Saúde e, principalmente para os da Psicologia, sugerindo novas pesquisas para a aplicabilidade hospitalar e clínica. REFERÊNCIAS ALVES, M. D. D. et al. Pesquisas sobre suicídio na pós-graduação brasileira. In: Online Brazilian Journal of Nursing, [S.l.], v. 6, n. 3, 2007. Disponível em: <http://www.uff.br/ objnursing/index.php/ nursing/article/view/j.1676-4285.2007.1158>. Acesso em: 26/09/ 2016. BARROS, M. B. A.; OLIVEIRA, H. B.; MARÍN-LEÓN, L. Epidemiologia no Brasil. 2008 BOLZE S.D.A; Castoldi, L. (2005). O acompanhamento familiar antes e depois da morte de uma criança: uma proposta de intervenção para o psicólogo hospitalar. Aletheia, 15, 77 – 83. Último acesso em 20/09/2016. BOSI, E. Memória e Sociedade, 1994, p. 78. WERLANG, B. S. G.; BOTEGA, N. 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Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 77 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 78 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DE DEPENDENTES QUÍMICOS E A IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO DE RECAÍDAS Adilson de Almeida1 Marlon Ferreira Figueiredo1 Graziele Kerges Alcantara² RESUMO O uso de drogas ilícitas tem aumentado muito entre a população em geral. Esse assunto é de interesse social e governamental e tem sido uma preocupação das autoridades nacionais e mundiais uma vez que, tal uso traz consequências para a sociedade como um todo. Este artigo, de revisão bibliográfica, visa investigar a influência das drogas ilícitas e o avanço do tratamento através da Terapia CognitivoComportamental (TCC). Os autores pesquisados apontam como a Terapia Cognitivo-Comportamental tem possibilitado melhoras no quadro de dependentes químicos. Em muitos casos o índice de melhora junto ao tratamento é altíssimo. Palavras-chave: Drogas Lícitas. Terapia Comportamental. Dependentes Químicos. 1 2 Cognitivo- Dicente do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF Docente do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 79 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT The use of illicit drugs have increased a lot among the population in general. That subject is of government and social interesting and has been a concerning by national and worldwide authorities once that use to bring consequences for all the society. This article is one bibliographical that aims to investigate the influence of illicit drugs and the advance of treatments by Behavioral Cognitive Therapy (BCT) . The researched authors lead as the Behavioral Cognitive Therapy has made possible rehabilitation in diagnosis to the chemical dependence. In many cases the level of improving along the treatment that could be quite higher. Keywords: illicit, drugs, behavioral, cognitive and therapy 1. INTRODUÇÃO Droga, segundo a classificação da Organização Mundial de Saúde (OMS), é qualquer substancia não produzida pelo organismo que tem a propriedade de atuar sobre um ou mais de seus sistemas, produzindo alterações em seu funcionamento Para Brum, Gabatz, Johan, Padoin, Silva e Terra (2013), é universal e milenar a prática humana de consumir drogas. Para os autores seu uso sempre fez parte da humanidade, seja para rituais religiosos, lazer, ou ainda para aumentar a disposição e a energia, como na antiguidade para curas ou fins terapêuticos, no entanto, a conexão entre o uso de droga e os problemas sociais é recente. Uma droga não é por si só boa ou má. Existem substâncias que são usadas com a finalidade de produzir efeitos benéficos, como no tratamento de doenças, e são considerados medicamentos. Mas também existem substâncias que provocam malefícios à saúde, os venenos ou tóxicos. É interessante que a mesma substância pode funcionar como medicamento em algumas situações e como tóxicos em outras. Este estudo tem como objetivo realizar uma revisão de literatura analisar as técnicas comportamentais e cognitivas como ferramentas terapêuticas no tratamento de dependentes químicos e sua importância na prevenção de recaídas. 80 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 2.MÉTODO Foi realizado o levantamento bibliográfico incluindo as principais bases de bases de artigos periódicos nacionais Scielo e Bireme, utilizando os termos drogas lícitas, terapia cognitivo-Comportamental e dependentes químicos. 3.REVISÃO DE LITERATURA Segundo Melo, Oliveira, Ribeiro e Souza (2013), de acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), a dependência química caracteriza-se pela presença de um agrupamento de sintomas cognitivos, comportamentais e fisiológicos, indicando que o indivíduo continua utilizando uma substância, apesar de problemas significativos relacionados a ela. Para Kaplan, Sadock e Grebb (2007, citado por Melo et al. 2013), o indivíduo dependente prioriza o uso da droga em detrimento de outras atividades e obrigações. Melo (2013), ensina que em virtude de ser um problema bastante complexo, no qual estão envolvidas várias dimensões, deve-se entender a dependência química como sendo uma doença biopsicossocial. A dependência química é caracterizada por um agrupamento de sintomas cognitivos, comportamentais e fisiológicos, indicando o uso contínuo da substância pelo indivíduo. Observa-se nesses pacientes, alterações no circuito cerebral, mesmo em períodos de abstinência, que podem explicar a intensa vontade de usar a droga (fissura) e as constantes recaídas (APA, 2014). As técnicas cognitivocomportamentais são muito utilizadas no tratamento de dependentes químicos apresentando um bom resultado. Elas focam na manutenção da abstinência de substâncias psicoativas e na prevenção de recaídas. (KNAPP, 2008 ; BALESTRERI, 2014). As situações de risco são o foco principal de trabalho na prevenção de recaída, que tem como objetivo reconhecê-las e evitá-las quando necessário, assim como ensinar o indivíduo a lidar efetivamente com elas de outras formas, que não fazendo o consumo da substância. (BALESTRERI, 2014). Nas últimas décadas, houve um grande avanço no uso clínico da Terapia Cognitiva (TC), a qual tem sido aplicada a diversos transtornos Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 81 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA psiquiátricos entre eles o transtorno do uso de substâncias psicoativas. A (TC) obteve resultados promissores de pesquisas controladas que confirmaram sua eficácia para o tratamento da depressão quando comparada a grupos-controles. A partir de então, a Terapia Cognitiva, a Terapia Comportamental (BT) e a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) foram pesquisadas para outros transtornos mentais e mostraram-se eficazes, em vários estudos clínicos, para o tratamento da dependência química e dos outros transtornos psiquiátricos. (SERRA e SILVA, 2004). Para Silva e Serra (2004), segundo a teoria cognitiva, a dependência química resulta de uma interação complexa entre cognições (pensamentos, crenças, idéias, esquemas, valores, opiniões, expectativas e suposições), comportamentos, emoções relacionamentos familiares e contexto sociail, influências culturais, e processos biológicos e fisiológicos. Já a teoria comportamental da dependência química tem seu foco nas teorias so aprendizado social. Embora haja significativas diferenças entre a teoria cognitiva e a teoria comportamental, há um debate, ultimamente, que a teoria cognitiva constitui-se como unificadora para a psicoterapia e para a psicopatologia. A TC utiliza um conjunto de técnicas dentro do enquadre do modelo cognitivo da psicopatologia, mas utiliza também técnicas derivadas dos modelos comportamentais. Algumas técnicas utilizadas pela TCC para a dependência química são as duas técnicas a seguir se baseiam na teoria do aprendizado social,, forma sistemática como os humanos aprendem a agir (Serra & Silva, 2004): Condicionamento clássico: observemos que o foco da teoria comportamental está nas situações de alto risco e no comportamento de uso de droga. Dessa forma o terapeuta comportamental faz um mapeamento, junto com o paciente, sobre as situações, lugares, companhias, etc., que estão condicionados ao uso da droga. Ele ajuda o paciente a reconhecer estes sinalizadores e a traçar novos comportamentos, visando desfazer alguns estímulos que se condicionaram ao uso da droga. (Serra& Silva, 2004) Aprendizagem instrumental: esta teoria decorre da existência de primórdios biológicos que atraem os humanos para a busca de prazer imediato e evitação das situações que os privem de satisfação ou imponham sofrimento. O maior expoente do condicionamento 82 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF operante foi Skinner. Ele demonstrou que reforços positivos (satisfatórios) ou negativos (desprazer) influenciavam o comportamento. Nessa técnica o terapeuta comportamental e /ou Cognitivo comportamental encoraja o paciente a encontrar prazer em outras situações que não ofereçam riscos e ajuda no manejo da síndrome de abstinência, com vistas a encontrar outras recompensas que não sejam pelo uso da droga. (SERRA e SILVA, 2004) Teoria e técnica cognitiva aplicada à dependência química, segundo Serra e Silva (2004), é uma abordagem estruturada ou semiestruturada, diretiva, ativa e de prazo limitado. Ela se fundamenta na racionalidade teórica de que o afeto e o comportamento de um indivíduo são, em grande parte, determinados pelo modo como ele estrutura o mundo; e seu objetivo é reestruturar as cognições disfuncionais e dar flexibilidade cognitiva no momento de avaliar situações específicas. Esquemas de crenças básicas: Serra e Silva (2004) destacam que os esquemas são estruturas psíquicas que contêm avaliações firmemente estabelecidas. O Esquema, se traduzido em palavras, forma criações hipotéticas chamadas de Crenças Básicas. As Crenças Básicas, quando disfuncionais, caracterizam-se por serem irracionais, supergeneralizadas e rígidas. Segundo Back existem dois tipos de crenças básicas disfuncionais desamparo e “crenças de não ser querido”. As crenças básicas influenciam diretamente a percepção sobre as coisas e é expressa como pensamento automático, específico a uma situação. Estratégia compensatória: Para Serra e Silva (2004) São comportamentos que visam aliviar ou anular os pensamentos automáticos e emoções negativas que o indivíduo tem. Artista que irá tocar em uma cerimônia importante, lhe ocorre um pensamento “vou errar” então ele usa uma estratégia compensatória “se eu beber bebida alcoólica ficarei menos nervoso e não erro”. Esse é um exemplo de estratégia compensatória. Conceituação cognitiva: é quando o terapeuta elabora uma hipótese sobre o pensamento, suposições emoções e crenças do paciente, e esse processo de conceituação pode ser mudado durante o tempo do processo terapêutico, à medida que novas informações vão se reunindo. Técnicas cognitivas: Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 83 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 1) Monitoramento dos pensamentos automáticos negativos. Pode ser utilizado um diário no qual o paciente registra seus pensamentos e as situações que o eliciaram 2) Traçar as conexões entre a cognição, o afeto e o comportamento 3) Realizar uma reestruturação cognitiva examinando os pensamentos automáticos disfuncionais e lidando com eles: procurar evidências a favor e contra (teste de realidade); desafiá-los com questões do tipo: “o que de pior vai acontecer?” “quais são meus recursos reais para lidar com isso?” avaliar a real importância dos pensamentos, procurando não catastrofizar, distanciar-se deles, ou enfrentá-los 4) Mapear as cognições tendenciosas e procurar alternativas de avaliação mais orientadas na realidade, adquirindo flexibilidade cognitiva 5) Identificar e alterar as crenças básicas que predispõem a fazer avaliações distorcidas de suas experiências; e, por fim, 6) Prevenção de recaída (PR): segundo Serra e Silva (2004) são técnicas utilizadas para acompanhamento e evitativas para automanejo e visa melhorar o estágio de manutenção do processo de mudança de hábito. Algumas técnicas de (PR) são: identificação do estado de motivação, identificação das situações de risco, mudança do estilo de vida, identificação do processo de recaída, identificar as decisões aparentemente irrelevantes, fatores cognitivos associados à recaída, confluência de risco. E por fim o treino de habilidades sócias. Usando técnicas verbais e a dramatização (Role Play) o terapeuta ajuda o indivíduo ou indivíduos com as dificuldades para lidar com situações específicas como: sentimentos negativos, assertividade, fazer críticas, receber críticas, comunicação, recusar droga, dizer não, socialização, frustrações, adiar prazeres, reconhecer e enfrentar situações de risco, fissura, realizar um planejamento. Durante a representação, não é necessário ser fiel ao roteiro estabelecido. É importante a improvisação, porque ela estimula a criatividade. É aconselhável trocar de personagem, perguntando ao grupo quem daria uma resposta diferente à situação encenada. Desta forma, o paciente adquire flexibilidade de respostas e desenvolve. 84 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Observou-se no ao final do trabalho a importância da terapia Cognitivo Comportamental no tratamento da dependência química e o quanto é complexo o processo terapêutico e até visando possíveis recaídas; para encerrar destacamos uma frase de alguns dos pesquisadores sobre o tema. Serra e Silva “O paciente é instruído sobre seu problema e sobre a terapia. A própria terapia é uma experiência de aprendizado para o paciente. Durante o processo terapêutico, o paciente aprende as técnicas utilizadas pelo terapeuta para que se torne o seu próprio terapeuta”. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS BALESTRERI, J.G (2014) Prevenção de Recaída: identificando situações de risco e construindo estratégias de enfrentamento em um grupo de pacientes com Dependência Química. Vlll Imed 2014 BRUM, J.L. (2013) Percepção do usuário sobre a droga em sua vida. Rosearch- invetigación, set 17 (3) 520-525 MELO, J.R.F (2013) Dependentes Químicos em Tratamento: sobre a Motivação para a Mudança. Temas em Psicologia, Vol 21, 259-268 SERRA, M.A. Silva, D.J.C.(2004) Terapias Cognitiva e CognitivaComportamental em dependência química. Revista Brasileira de Psiquiatria, (sup 1 1) 33-39. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 85 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 86 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF ADOLESCÊNCIA E ORIENTANÇÃO VOCACIONAL Hilton Aparecido SANTOS¹ Maria Thatiani BRATFICHE¹ Viviane MEDEIROS¹ Fernanda Piovesan DOTA² RESUMO O presente artigo irá tratar da importância da orientação vocacional como ferramenta para o adolescente no processo de tomada de decisão para sua escolha profissional. Além de ser discutido os aspectos dessa fase do desenvolvimento e como a orientação vocacional auxiliará o adolescente, evidenciaremos também a importância do profissional psicólogo no que diz respeito à postura profissional e como fazer com que o orientando consiga atingir seu objetivo. De acordo com o conteúdo exposto durante o desenvolvimento do artigo é possível constatar que a orientação vocacional tem um papel fundamental na vida do adolescente quando se trata de fornecer ferramentas para que sua escolha possa ser mais assertiva, e que consequentemente sua formação acadêmica e profissional possa ocorrer de forma satisfatória e prazerosa. A Orientação Vocacional tem como objetivo oferecer aos adolescentes condições para desenvolver suas potencialidades através do autoconhecimento, conhecimento do mercado e das profissões. ¹ Discentes do Curso de Psicologia da Faculdade de Ciências da Saúde -FASU/ACEG –GARÇA/SP – BRASIL. ² Docente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ciências da Saúde - FASU/ACEG –GARÇA/SP – BRASIL. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 87 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Palavras chaves: Orientação vocacional; Adolescência; Psicologia. ABSTRACT This article will address the importance of vocational guidance as a tool for the teenager in the decision-making process for their professional choice. Besides being discussed aspects of this development phase and as vocational guidance assist the teenager also evidenciaremos the importance of professional psychologist with regard to the professional attitude and how to make the coachee will achieve your goal. According to the above content during the development of the article it is clear that vocational guidance plays a key role in adolescent life when it comes to providing tools for your choice to be more assertive, and consequently their academic and professional training can occur in a satisfactory and pleasurable way. Vocational Guidance aims to provide teenagers conditions to develop their potential through self-knowledge, knowledge of the market and the professions. Key words: vocational guidance; Adolescence; Psychology. 1. INTRODUÇÃO A orientação vocacional é uma ferramenta que poderá auxiliar o indivíduo no momento da escolha de uma profissão. De acordo com o censo de educação superior de 2011 o número de matrículas para ingresso no ensino superior foi superior ao número de concluintes. Dentre as diversas variáveis existentes uma explicação para esse fenômeno seria a insatisfação dos indivíduos com a escolha realizada, sendo possível observar a importância do processo de orientação vocacional diante das escolhas (HASTENREITER, 2014). Existem alguns aspectos que devem ser observados dentro da orientação vocacional que ajudará o indivíduo nesse processo de tomada de decisão, tais como: conhecimento de suas habilidades, conhecimento do mercado de trabalho, necessidade de autoconhecimento e relação de segurança. A orientação vocacional pode ser realizada individualmente e/ ou em grupos com a finalidade de promover a busca pelo 88 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF autoconhecimento e conhecimento das profissões e outros aspectos que envolvem esse processo. Com essa ajuda é possível descobrir as diferentes necessidades do orientando e, a partir disso trilhar um caminho em busca de uma escolha profissional satisfatória (JUSTINO, 2015). 1.1 ADOLESCÊNCIA: PERÍODO DE ESCOLHAS A adolescência é um período caracterizado por uma intensificação das dúvidas a respeito do futuro, momento que os interesses profissionais começam a se evidenciar. Como parte desse processo de escolha profissional algumas questões que são de extrema importância para o desenvolvimento do trabalho, tais como: a identificação, aptidões, os contextos familiares e perspectivas do adolescente (NORONHA; AMBIEL, 2006). No desenvolvimento do indivíduo a construção da identidade do eu é fator que se organizada para direcionar as futuras escolhas, a resolução da crise de identidade estabelecerá a ligação do passado com o futuro. Esse processo de formação da identidade do indivíduo adolescente resultará na assimilação e/ou rejeição das identificações sofridas ao longo da vida, assim como as interações que ocorrem entre as influências sociais e o desenvolvimento pessoal. De forma direta a construção da identidade pessoal está vinculada a construção da identidade ocupacional, pois a identidade ocupacional é formada através da auto percepção que o indivíduo tem dos papéis profissionais que entra em contato durante sua existência (ALMEIDA; PINHO, 2008). Piaget considera quatro períodos no processo evolutivo da espécie humana que são caracterizados “por aquilo que o indivíduo consegue fazer melhor” no decorrer das diversas faixas etárias ao longo do seu processo de desenvolvimento (Furtado, op.cit.). São eles: 1° período Sensório-motor de 0 a 2 anos; 2º período: Pré-operatório de 2 a 7 anos; 3º período: Operações concretas 7 a 11 ou 12 anos e 4º período: Operações formais 11 ou 12 anos em diante. (TERRA, s.d.). Nessa fase em que o adolescente se encontra buscando um norte para suas escolhas futuras, há um momento em que há uma confrontação entre as fantasias, as identificações da infância e as exigências reais. Isso não ocorre apenas no âmbito profissional, mas, Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 89 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA também, em relação a todos os aspectos que envolvem o ingresso a fase adulta. Sendo assim essa escolha do adolescente está contida em uma fase transitória, onde mudanças, ajustamentos e adaptações caracterizam a passagem da vida infantil para a vida adulta (ALMEIDA; PINHO, 2008). 1.2 A ORIENTAÇÃO VOCACIONAL A escolha profissional é um processo pelo qual os adolescentes vivenciam para ingressarem no mundo profissional e no mercado de trabalho, que inclusive é marcado por rápidas mudanças. Por estarem num momento de intensas modificações, os adolescentes se sentem inseguros e com muitas dúvidas para fazer uma escolha quanto a sua profissão. Por isso, surge a necessidade de se procurar a orientação vocacional (KRAWULSKY, 1991). Esse processo de escolhas é marcado por ansiedades e medos, contudo a orientação vocacional tem a proposta de auxiliar os adolescentes a lidar melhor com esses sentimentos, promovendo o autoconhecimento e reflexão acerca da escolha da profissão. Dessa forma, o jovem se sentirá mais seguro no momento da decisão, já que esta precisa ser fundamentada no desejo e nos objetivos que o adolescente tem para o futuro. Outro aspecto a ser destacado na orientação vocacional diz respeito ao acesso às informações profissionais sobre cursos, mercado de trabalho, oportunidades, especializações, como também o papel de auxiliar os jovens a fazerem uma reflexão sobre a relevância do trabalho (KRAWULSKY, 1991). Além disso, existem as influências na escolha por parte das pessoas significantes do adolescente, principalmente da família, pois esta é modelo de referência para qualquer pessoa, e geralmente os pais depositam suas expectativas em cima desses jovens. Por conta disso, existe uma pressão que gera angústia no momento da escolha. O processo de Orientação Vocacional interessa à âmbitos distintos, como, por exemplo, à educação em todos os seus níveis, pois proporciona informações sobre a realidade do mercado de trabalho e as necessidades do país. Dessa forma, pode-se dizer que a Orientação Vocacional acompanha o processo 90 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF educativo do aluno, cooperando com ele e não apenas suprindo suas possíveis carências. A orientação vocacional cumpre sua função de extrema importância quando leva o sujeito a refletir sobre si mesmo, analisando suas características, explorando sua personalidade e aprendendo a escolher e abordar situações conflitivas. Além disso, o processo de orientação vocacional auxilia no descobrimento de possíveis problemáticas do sujeito, bem como disposições psicopatológicas, pois condensa toda a história prévia dessa pessoa e, ao mesmo tempo, antecipa seu futuro (MÜLLER, 1988). Por meio do processo de orientação vocacional, os indivíduos tem a possibilidade de se conhecerem melhor como sujeitos reais, percebendo suas identificações, características e singularidades, ampliando e transformando sua consciência e adquirindo, assim, melhores condições de organizar seus projetos de vida e, especificamente no momento, fazer sua escolha profissional, minimizando as fantasias. A orientação vocacional é mais do que um momento para a descoberta de qual profissão seguirá, pois é um processo onde emergem conflitos, estereótipos e preconceitos que são trabalhados para sua superação, onde a desinformação é enfrentada e possíveis caminhos de resolução são traçados, onde o autoconhecimento adquire o status de algo que se constrói na relação com o outro e não como algo que se dá a partir de uma reflexão isolada, descolada da realidade social. A partir desta concepção, pode-se dizer que a orientação vocacional também é um processo que visa à promoção da saúde do indivíduo (ANDRADE, MEIRA; VASCONCELOS, 2002). 1.2 O PAPEL DO PSICÓLOGO NA ORIENTAÇÃO VOCACIONAL Diante do conhecimento que a adolescência é uma fase caracterizada por um desprendimento da fase da infância e a entrada progressiva na vida adulta, o profissional psicólogo terá como principal objetivo ajudar o indivíduo a encontrar sua identidade profissional, auxiliando na estruturação de sua identidade pessoal, para assim favorecer que o adolescente elabore um projeto de vida baseado em suas habilidades. O jovem em questão sente-se pressionado pela complexidade que envolve sua tomada de decisão, as marcas de suas identificações e a vontade de corresponder às Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 91 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA expectativas dos familiares e amigos favorecem para o desenvolvimento de um cenário recheado de conflitos, nesse momento que a orientação vocacional surgirá como um meio facilitador, focando em promover ao jovem o autoconhecimento para que consequentemente ele possa ter subsídios necessários para uma escolha mais adequada (VASCONCELOS, 2002). Um fator importante onde o profissional da área irá trabalhar é a questão das influências familiares que agem direta ou indiretamente sobre a vida dos adolescentes, os conceitos e valores que eles possuem acerca de profissões é constituído em sua maioria pelo que foi passado dentro do contexto familiar. Nesse sentido a orientação vocacional auxiliará o adolescente a reconhecer essas influências familiares e relacionar com o ambiente que ela se desenvolveu, lembrando que não somente a família age de forma influenciadora, mas também a escola, os meios sociais, econômicos e religiosos fazem parte dessa corrente. E a orientação vocacional proporcionará ao adolescente um momento para reflexão sobre o que está por trás de suas escolhas (ALMEIDA; PINHO, 2008). Em relação à parte de formação do profissional, são aconselháveis algumas características para um bom trabalho, primeiro uma sólida formação em psicologia, conhecimentos em dinâmicas de grupo, técnicas de exploração da personalidade e psicopatologia, prática clínica, empátia, respeito e aceitação de seus limites. Além de uma postura criativa, inovadora e científica, e é imprescindível que o profissional orientador passe tranquilidade e segurança de sua própria identidade ao orientando, nesse caso o adolescente (VASCONCELOS, 2002). Wainberg (1997) ressalta que é importante ter claro que a Orientação Profissional não é um momento isolado, particular. Faz parte de um processo maior de busca de identidade pessoal que inicia já antes do nascimento, quando dos planos e expectativas dos pais em relação ao seu futuro bebê, e é o resultado de uma série de decisões tomadas durante muitos anos, algumas vezes, durante toda a vida. Conclui dizendo que escolher é tarefa de quem vai seguir o caminho. Considera-se como papel do orientador o de facilitar o conhecimento da dinâmica da economia local e mundial, buscando possibilidades de inserção consciente no mundo do trabalho e evitando posturas ingênuas ou desesperadas. Nesse sentido, cabe à equipe manter-se atualizada sobre as profundas mudanças no mundo 92 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF do trabalho, objetivando tanto o atendimento como o desenvolvimento do próprio orientador. O autoconhecimento e as informações sobre as profissões sempre foram, e continuam sendo, relevantes na Orientação Profissional. O elemento diferenciador nas intervenções deverá decorrer agora do aprofundamento das questões relativas às mudanças no mundo do trabalho e o significado do trabalho em nossa realidade, como já destacava Ferretti (1988). É preciso destacar esse aspecto nos estágios dos cursos de Psicologia porque neles o profissional está mais atento às condições internas do orientando, aos seus desejos e motivações. O espaço para trabalhar o autoconhecimento é extremamente relevante para o cliente, a ressalva é de que ele não pode ser descolado da realidade política, social, educacional e econômica. (SILVA, 2003). 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do que foi exposto durante o desenvolvimento do artigo é notório perceber que a orientação vocacional exerce papel de grande importância na vida do adolescente quando se trata de fornecer ferramentas para que sua escolha possa ser mais assertiva, e que consequentemente sua formação acadêmica e profissional possa ocorrer de forma satisfatória e prazerosa. Sabemos que a adolescência é caracterizada por um período repleto de inconstâncias, e que o adolescente encontra-se em uma fase do desenvolvimento conflituosa e rodeada de pressões advindas dele mesmo, de sua família, de sua escola e de seus amigos. Com isso tomar uma decisão de qual carreira seguir pode ser algo desastroso se não pensado e refletido de forma coerente. Por fim poder oferecer aos adolescentes condições para desenvolver seu autoconhecimento, conhecimento do mercado de trabalho e conhecimento das profissões contribuirá para que essa fase se torne menos angustiante e mais prazerosa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, M.E.G.G, PINHO, L.V – Adolescência, família e escolhas: implicações na orientação profissional. – Psicologia clínica, Rio de Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 93 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Janeiro, volume 20, n.2, p.173 – 184, 2008. ANDRADE, J.M, MEIRA, G.R.J.M, VASCONCELOS, Z.B – O processo de orientação vocacional frente ao século XXI: perspectivas e desafios. Universidade Federal da Paraíba. 2002. HASTENREITER, F. A importância da orientação profissional/ vocacional. Portal da educação. 2014. JUSTINO, G. Em dúvida sobre que carreira seguir? A orientação vocacional pode ajudar. ZH Educação. 2015 KRAWULSKY, A Orientação profissional e o significado do trabalho. Dissertação de Mestrado e Pós Graduação em administração da UFSC, 1991 MULLER, M. (1988). Orientação Vocacional: Contribuições clínicas e educacionais. Porto Alegre: Artes Médicas. NORONHA, A.P.P, AMBIEL, R.A.M – Orientação profissional e vocacional: análise da produção científica. Psico-USF, v.11, n.1, p. 78-84, jan./jun. 2006 SILVA, L. L. M. 2003. Formação do psicólogo: a contribuição da orientação profissional. USP, Ribeirão Preto, Junho 2003. TERRA, O Desenvolvimento Humano na teoria de Piaget. Disponível em http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/ d00005.htm. WAINBERG, A. K. 1997. Grupos de Orientação Profissional com Alunos Adolescentes. In: Zimerman, D. E., Osorio, L. C. Como trabalhamos com grupos (p. 373-386) Porto Alegre: Artes Médicas. 94 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF ANGÚSTIA E APRENDIZADO José Wellington dos Santos Carlos Aberto de Figueiredo RESUMO A angústia é um fenômeno humano e na investigação psicanalítica da condição humana, a angústia tem uma função no desenvolvimento da personalidade. Não existe vida sem angústia, portanto, o aprendizado constitui uma experiência dolorosa e provoca muita angústia. Porque não se sabe algo ou porque se está confuso e se sentindo ignorante traz muita angústia. A capacidade de suportar esse sentimento determina a capacidade de aprender. O propósito deste trabalho é discutir o processo do aprendizado como uma experiência atravessada pela angústia. Faremos isto a partir de um viés psicanalítico. Palavras chaves: Angústia, aprendizado, cognição, afetividade, frustração, maturidade. ABSTRACT Anxiety is a human phenomenon and psychoanalytic investigation of the human condition, anxiety plays a role in personality development. There is no life without anxiety, so learning is a painful Prof. José Wellington dos Santos - [email protected] cel. 997210133 Prof. Carlos Aberto de Figueiredo - [email protected] cel 997225740 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 95 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA experience and causes a lot of distress. Because you do not know something or because they are confused and feeling ignorant brings a lot of trouble. The ability to support this feeling determines the ability to learn. The purpose of this paper is to discuss the learning process as an experience crossed by anguish. We do this from a psychoanalytic bias. Keywords: Anguish, learning, cognition, affection, frustration, maturity. 1.INTRODUÇÃO Angústia é um fenômeno normal e humano. O que deixa uma pessoa angustiada? Quando alguém vai ao primeiro encontro amoroso, por exemplo, quais são as angústias? Será que vai dar certo? Será que vou agradar? Será que vou me agradar? Não existe vida sem angústia. Na investigação psicanalítica da condição humana, a angústia tem uma função no desenvolvimento da personalidade. O propósito deste trabalho é discutir o processo do aprendizado como uma experiência atravessada pela angústia. Considerando que a angústia é um fenômeno absolutamente humano, falar da aprendizagem como um processo angustiante não representa uma visão negativa, como pode parecer, e sim uma análise mais humanizante de uma experiência através da qual nos tornamos humanos. Por muito tempo a afetividade foi considerada um aspecto irrelevante ou, até mesmo, negada quando se falava em cognição, aprendizado, construção do conhecimento, pois se acreditava que essa era uma tarefa única e exclusiva da razão, o que relegava a afetividade a um plano subjetivo e ambíguo, de difícil verificação. (IMBASCIATI, 1998, p.68). Ninguém chega à escola sem ter sido, de alguma forma, movido em dimensões afetivas. O cotidiano afeta e produz sentimentos que podem redundar em dificuldades de aprendizagem. As emoções são importantes para a saúde psíquica, pois somos um ser psíquico e social. Por isso analisar as angústias do aprendizado significa contribuir para uma discussão que se faz a algum tempo sobre a dimensão afetiva do processo ensino-aprendizagem. Faremos esta análise, a partir de um viés psicanalítico, principalmente freudiano, destacando o conceito de angústia e o 96 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF seu papel no desenvolvimento humano. Como se trata de uma revisão bibliográfica, utilizaremos outros autores como Bolwby, Melanie Klein e Bion que contribuem para enriquecer ainda mais a nossa reflexão. 2.CONCEITO DE ANGÚSTIA Freud define angústia “como um sinal de uma tensão pulsional antecipada manifestado no ego” (p. 121). Freud achou que isso tivesse relação com a experiência avassaladora do nascimento. A função do sinal de angústia é, portanto, tida como crucial e de fundo biológico, para avisar o organismo de um perigo ou uma tensão que ameaça o seu equilíbrio. A angústia é sentida como um aumento na tensão corporal e mental que coloca o indivíduo em estado de vigilância interna. A ideia de angústia de Freud provém do fato de que a criança é um ser indefeso e profundamente dependente dos pais, por um período muito mais longo do qualquer espécie. Portanto, a experiência de dependência é tida como protótipo de todas as situações de angústia. (EMANUEL, 2005, p.18). Este fato é importante para entender a função primordial dos laços afetivos entre os indivíduos. Segundo Bowlby (1984) o comportamento do apego é uma organização inata existente no indivíduo que vigia e avalia as situações e ocorrências, a fim de preservar uma sensação interna de “segurança” e proteção por meio da proximidade ou de um contato maior com um responsável específico, denominado figura de apego. O uso que Bowlby faz do termo angústia restringe-se às situações da falta de alguém que é amado e ansiado. (BOWLBY apud EMANUEL, 2005, p. 19). “Por toda a vida, sentimos angústia quando somos ameaçados por um ambiente hostil ou em razão do afastamento ou da perda das nossas figuras de apego”. (B0WLBY, 1984, p.10). Em “Inibição, sintoma e ansiedade” texto de 1926, Freud faz uma distinção importante entre ansiedade e angústia. A partir deste texto há uma importante mudança no conceito de angústia que antes era vista como uma simples descarga da libido que por alguma razão não foi utilizada ou foi recalcada pelo eu, sendo descarregada em forma de angústia. Agora a angústia é pensada como um sinal que prepara o indivíduo para a ação, eu pode inclusive ser uma ação de auto preservação. “A angústia é a reação original ao desamparo no Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 97 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA trauma, sendo reproduzida depois na situação de perigo como um sinal em busca de ajuda” (FREUD, 1926/1976, p. 192). O eu produz angústia toda vez que se sente invadido por uma experiência que represente uma ameaça à satisfação narcísica de segurança, amparo e preservação. Klein desenvolve a ideia de angústia da depressão que difere do conceito freudiano que relaciona angústia ao medo do desamparo. Para Klein, existe a angústia depressiva eu está relacionada a fantasia da criança de ter causado algum dano ao seu objeto de amor através da expressão de raiva e agressividade. O medo de perder o objeto do amor causa angústia na criança que é aplacada pelo mecanismo de reparação. Em Klein, a angústia é uma dor necessária ao desenvolvimento da capacidade de apreender a realidade e viver nela com suas dores e delícias. (EMANUEL, 2005, p.44-46). 3.O PAPEL DA ANGÚSTIA NA EXPERIÊNCIA DO APRENDIZADO A relação entre cognição e afeto é um tema que despertou o interesse de grandes cientistas na contemporaneidade. Para Piaget (1986, p.22) há um paralelo constante e indissociável entre vida afetiva e a intelectual, formando os dois aspectos da conduta humana. As emoções são o grande motor do processo de aprendizagem. Como afirma Vygotsky “sempre eu comunicamos alguma coisa a algum aluno, devemos procurar atingir seus sentimentos”. (200, p.142) Isso se dá porque as nossas emoções negativas ou positivas interferem no cognitivo. Como afirma Piaget, segundo Bringuier (1977), “Para que a inteligência funcione, é preciso um motor que é o afetivo. Jamais se procurará resolver um problema se ele não lhe interessa. O interesse, a motivação afetiva é o móvel de tudo” (Bringuier, 1977, p. 71-72). Para Piaget, o afeto retarda ou acelera o desenvolvimento das estruturas cognitivas. Segundo La Taille (1992), Piaget afirma que: O desenvolvimento da inteligência permite, sem dúvida, que a motivação possa ser despertada por um número cada vez maior de objetivos ou situações. Todavia, ao longo desse desenvolvimento, o princípio básico permanece o mesmo: a afetividade é a mola propulsora das ações, e a razão está ao seu serviço (LA TAILLE, 1992, p:65) 98 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF É a partir dessa discussão que põe a afetividade no centro do processo de aprendizagem que buscamos compreender o papel da angústia nas experiências humanas de aprender. O aprendizado constitui uma experiência dolorosa e provoca muita angústia. Para que haja aprendizado é inevitável certa dose de frustração. Frustração porque não se sabe algo ou porque se está confuso e se sentindo ignorante. A capacidade de suportar esses sentimentos determina a capacidade de aprender. Segundo o psicanalista Bion, o pensamento deriva da contenção das experiências emocionais. “A capacidade de tolerar frustração possibilita que a psique desenvolva o pensamento como um meio através do qual se torna mais tolerável à frustração que for tolerada”. (BION, 1994, p.130). Para Bion1, a capacidade de suportar a frustração possibilita o aprender com a experiência. Ou seja, o aprendizado é uma experiência que nos proporciona satisfação, sucesso, mas também insatisfação e fracasso. Poder tolerar as insatisfações e fracassos significa, no dizer de Freud, regular o princípio do prazer pelo o princípio da realidade.2 (1994, 129). Portanto, a capacidade de suportar esses sentimentos determina a capacidade de aprender. Certamente as dificuldades de aprendizagem são decorrentes dessa dificuldade de suportar as dores inevitáveis do processo, como: frustração, raiva e angústia. A capacidade de regular os estados emocionais é, portanto, fundamental para o desenvolvimento social e cognitivo. Logo, a capacidade do indivíduo de lidar com a angústia determina o seu preparo para lidar com a própria vida. O neurologista Antônio Damásio afirma de forma convincente que a emoção auxilia o raciocínio e que as evidências neurológicas indicam que “as emoções bem direcionadas e bem situadas parecem constituir um sistema de apoio sem o qual o edifício da razão não pode operar a contento” (DÁMASIO apud EMANUEL, 2005, p.74). Este ponto de vista corrobora as ideias de Bion de que a capacidade de pensar nos fatos de uma experiência emocional exige a contenção da emotividade, especialmente a angústia. Segundo Claúdio Eizirik, é no campo destas relações entre o bebê e os pais, permeadas de percepções fortes, como a fome e o desconforto ou a saciedade e o prazer, sentimentos de frustração e ódio e também de amor e gratidão, sentimentos de abandono e Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 99 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA desamparo alternados com o conforto e a sensação de segurança que é construído o processo de desenvolvimento, incluindo a capacidade de pensar. (2001, p.48). Podemos concluir disso que os primeiros aprendizados da criança são de natureza afetiva, inclusive aprender a lidar com as emoções desconfortáveis através das primeiras relações com a mãe que funciona, como diz Bion, “o continente das angústias do bebê”. (BION, 2003). Uma mãe equilibrada tem condições de receber essa (angústia) e responder terapeuticamente, ou seja, de um modo eu faça a criança sentir que lhe está sendo restituída a sua personalidade assustada, porém num estado que ela consegue tolerar – os medos tornam-se controláveis para a personalidade da criança. Aprender dói. Parece uma visão negativa da experiência do aprendizado se levarmos em conta a perspectiva contemporânea que associa dor a doença ou anormalidade. Mas se considerarmos que dor é sinal de vida porque viver dói, a experiência do aprendizado sem dor seria uma experiência sem vida. Daí, podemos afirmar que o negativo das angústias do aprendizado não seria a dor em si, mas a incapacidade de suportar essas dores que se constituiria, talvez, a origem ou uma das origens das dificuldades de aprendizagem apresentadas pelas crianças na escola. Não seria, portanto, uma incapacidade de aprender, mas de suportar as dores inerentes ao aprendizado. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente artigo teve como objetivo o aprendizado como uma experiência angustiante, querendo compreender a dimensão afetiva do aprendizado e como a angústia influencia na capacidade do indivíduo aprender. Partimos do princípio de que a afetividade é o motor do processo de maturidade e crescimento pessoal do indivíduo. Nesse sentido, utilizamos o ponto de vista de autores psicanalíticos que contribuíram para o campo da educação e para compreender o processo de maturidade psíquica. Verificamos que na Psicanálise, em suas diversas vertentes, a afetividade ocupa um lugar central. Para a Freud a afetividade é a expressão da vida 100 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF pulsional que regula, inclusive, as primeiras relações objetais. Para Klein e Bion suportar a angústia é condição fundamental para crescer e aprender, pois a experiência da aprendizagem abre feridas narcísicas que são inevitáveis, as quais devem ser contidas pelo indivíduo como aspectos positivos do processo de maturidade. BIBLIOGRAFIA BION, W. R. Estudos psicanalíticos revisados. 3ª Ed. Revisada – Rio de Janeiro: Imago, 1994. BOWLBY, JOHN. Apego e Perda. São Paulo: Martins Fontes, 1984. BRINGUIER, J. C. Conversando com Jean Piaget. Rio de Janeiro – São Paulo, 1977. CUNHA, ANTÔNIO EUGÊNIO. Afeto e Aprendizagem. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2008. EMANUEL, RICCKY. Angústia: conceito de psicanálise vol. 10. São Paulo: Relume Dumará, 2005. EIZIRIK, ClAÚDIO, . Noções básicas sobre funcionamento psíquico: O ciclo da vida humana: uma perspectiva psicodinâmica. Porto Alegre: Artmed, 2001. FREUD, Sigmund. Obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Edição Standard. Vol. XVIII. Rio de Janeiro: Imago, 1996. 320p IMBASCIATI, ANTÔNIO. Afeto e Representação. São Paulo: Editora 34, 1998. LA TAILLE, Yves de et alii. Piaget, Vigotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. 8ª edição, São Paulo: Summus, 1992. PIAGET, JEAN. Seis estudos de psicologia. Rio de Janeiro: forense Universitária, 1986. NOTAS 1.Wilfred Bion - passou a infância na Índia. Aos oito anos passou a viver em um pensionato na Inglaterra e nunca mais retornou a Índia, que amava. Formado em medicina, seu interesse na psicanálise aumentou. Submeteu-se então, a um treinamento em análise supervisionado pela Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 101 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA psicanalista Melanie Klein - pioneira no estudo da relação mãe e filho, na idade de latente - que influenciou o pensamento de Bion. Bion foi psiquiatra no exército britânico durante a Segunda Guerra Mundial, trabalhando em maneiras de melhorar a seleção dos oficiais e tratando vítimas. Estudos psicanalíticos revisados. 3ª Ed. Revisada. 2..Princípio do prazer e princípio da realidade. Freud estabeleceu desde o início de seu trabalho clínico um sistema de princípios do funcionamento mental, cuja aplicação adequada seria um fator determinante na psicopatologia de um indivíduo. O princípio de prazer é o desejo de gratificação imediata. Tal desejo conduz o indivíduo a buscar o prazer e evitar a dor. O princípio de prazer opõe-se ao princípio de realidade, o qual caracteriza-se pelo adiamento da gratificação.Faz parte do amadurecimento normal do indivíduo aprender a suportar a dor e adiar a gratificação. Ao fazer isso o indivíduo passa a reger-se menos pelo princípio de prazer e mais pelo princípio de realidade. Humberto Nagera. Metapsicologia. 1970, p.37. 102 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF ATENÇÃO A GESTANTE: ESTADO EMOCIONAL E PSICOTERAPIA GRUPAL PEREZ, Débora Nicolino Anunciação RESUMO A gravidez e a maternidade são acontecimentos que têm repercussões potencialmente transformadoras na vida da mulher. As alterações hormonais garantem a sustentabilidade fisiológica da gestação, através do preparo do corpo para nutrir e acomodar o bebê Os aspectos emocionais da gravidez são reconhecidos como um período de grandes transformações psíquicas, de onde decorre uma importante transição existencial. Outra característica do período é que a chegada do bebê desperta muitas ansiedades e os sintomas depressivos são comuns. A mulher precisa de amparo e proteção ao logo da gravidez e muitas vezes essa necessidade é confundida com a depressão patológica. O trabalho de grupo com gestantes que tenha a participação do parceiro favorecerá para que a construção da maternidade e paternidade se desenvolva de forma mais saudável e consciente, contribuindo para o desenvolvimento físico e psíquico do feto Para a realização deste artigo o meu método de pesquisa utilizado foi o bibliográfico onde, realizei leituras e fichamentos de textos em cima de artigos científicos e de livros referente ao assunto. Palavras-chave: Apoio a gestante. Atendimento grupal. Psicologia. Acadêmica do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEF). e-mail: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 103 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT Pregnancy and motherhood are events that have potentially transformative impact on women’s lives. Hormonal changes ensure the sustainability of physiological pregnancy by preparing the body to nourish and accommodate the baby emotional aspects of pregnancy are recognized as a period of great transformation psychic, which imposes an important transition existential. Another characteristic of the period is that the baby’s arrival awakens many anxiety and depressive symptoms. A woman needs support and protection to the logo of pregnancy and this need is often confused with clinical depression. Group work with women who have a partner’s participation to encourage the construction of maternity and paternity to develop more healthy and conscious, contributing to the physical and mental development of the fetus To carry out this article my research method used was the literature where, book report performed readings and texts on top of scientific articles and books relating to the subject Keywords: Supporting pregnant. Group care. Psychology. INTRODUÇÃO A gravidez e a maternidade são acontecimentos que têm repercussões potencialmente transformadoras na vida da mulher. As alterações hormonais garantem a sustentabilidade fisiológica da gestação, através do preparo do corpo para nutrir e acomodar o bebê. Entretanto, demanda apoio e orientação visando os cuidados para a saúde integral da mulher, o que repercute no fortalecimento do vinculo mãe-bebê, bem como nas condições para amamentação e o retorno do corpo ao estado funcional anterior á gestação de forma saudável (LIMA,S.D.). A maternidade é um momento existencial extremamente importante no ciclo vital da mulher que, pode dar a oportunidade de atingir novos níveis de integração e desenvolvimento da personalidade, sobre tudo, é durante a gravidez que se inicia a formação do vinculo materno-filial e a reestruturação da rede de intercomunicação da família (MALDONADO,1980). 104 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Já a gravidez, segundo Santos et.al.(2011), é um acontecimento único na vida da mulher, no qual ocorrem alterações metabólicas e hormonais que vão influenciar no comportamento e nos sentimentos da mulher. Qualquer pessoa percebe quando uma mulher está gravida pelo tamanho de sua barriga, mas observadores mais atentos percebem também alterações no seu pensar e agir. Para muitas mulheres o período de gravidez é considerado o momento existencial mais importante de suas vidas e seus familiares, que em todos os seus aspectos significa mudança e, como tudo que se transforma, necessita de um tempo para ser reconhecido e assimilado. Durante a gravidez a mulher terá nove meses para se organizar em direção ao encontro com a nova vida e simultaneamente poderá iniciar a construção da função materna (LIMA,S.D.). Toda gestante passa por alterações, mas nem todas manifestam os mesmos sintomas e mesmo quando surgem, há variações quanto á ocorrência e persistência. Entre os sintomas mais comuns são: insônia ou hipersônica, náuseas e vômitos, desejos e aversões, constipação, diarreia, como também as instabilidades emocionais, que nesse momento torna a mulher mais sensível, fazendo com que muitas vezes sinta-se incompreendida e desamparada. Dificuldades ou complicações ao longo da gravidez podem transformar essa fase de transição, considerada normal, numa crise emocional (LIMA, S.D.). Para Maldonado (1980), a gravidez possui varias características de uma situação de crise que faz parte do processo normal do desenvolvimento. A partir do momento da percepção da gravidez se inicia a formação da relação materno-filial e das modificações na rede de intercomunicação familiar. É nesse momento também que se instala o sentimento básico da gravidez que vai se manifestar sob diversas formas no decorrer dos três trimestres e após o parto. Há sempre uma oscilação entre desejar e não desejar aquele filho. O segundo trimestre é considerado o mais estável do ponto de vista emocional. O impacto dos primeiros movimentos fetais é um fenômeno central neste trimestre, é a primeira vez que a mulher sente o feto como uma realidade concreta dentro de si. Maldonado (1980) diz que é nesse período que a mulher geralmente sente maior necessidade de afeto, cuidados e proteção precisa receber mais do que dar e aparentemente as mulheres que mais recebem esta cota extra de afeto são as que posteriormente Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 105 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA mais conseguem dar carinho e amor ao bebê; ao contrario, as que menos recebem tendem a apresentar dificuldades em desempenhar o papel de pessoa fundamentalmente doadora e comumente privam o bebê em suas necessidades de afeto. Já no terceiro trimestre, o nível de ansiedade tende a elevar-se novamente com proximidade do parto e da mudança de rotina da vida após a chegada do bebê (MALDONADO,1980). Os aspectos emocionais da gravidez, parto e puerpério são reconhecidos como um período de grandes transformações psíquicas, de onde decorre uma importante transição existencial. Aspectos como: ansiedade, medos e mudanças no vinculo afetivo são alguns exemplos desses aspectos (SARMENTO,2003). De acordo com Sarmento (2003), na primeira consulta do prénatal, a gestante, já está mais consciente quanto dar continuidade a gravidez. No entanto, há inseguranças e nesse primeiro contato a mulher busca confirmar a gravidez; amparo nas duvidasse ansiedades; certificar-se de que tem um corpo bom para gestar; certificar-se de que o bebê está bem; e apoio para seguir nessa “aventura”. Outra característica do período é que a chegada do bebê desperta muitas ansiedades e os sintomas depressivos são comuns. A mulher continua a precisar de amparo e proteção, assim como ao logo da gravidez e muitas vezes essa necessidade é confundida com a depressão patológica. ATENÇÃO A GESTANTE Segundo Lima (S.D.),a literatura indica que o período de gestação e o puerpério são as fases de maior incidência de transtornos psíquicos na mulher, necessitando de atenção especial para prevenir dificuldades futuras para mãe e pai. A intensidade das alterações psicológicas dependerá de fatores subjetivos, familiares, conjugais, sociais e culturas. Segundo Lima (S.D.), nas ultimas décadas a atenção a saúde da mulher tem sido alvo de programas de assistência integral á saúde, com o intuito de atender a essa clientela de forma integral, sendo um dos objetivos reduzir os riscos referentes ao pré-natal e ao parto. Neste campo o psicólogo torna-se então um profissional integrado á 106 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF equipe interdisciplinar na atenção básica, composto inicialmente pelos auxiliares, enfermeiro e médico obstetra, tendo em vista operar com os usuários no cuidado pré-natal, preparação para o parto através de intervenções psicoprofiláticos que pendem a subjetividade humana. No apoio psicológico a gestante o psicólogo atua como facilitador para o processo de acolhimento, construção de vínculos positivos, aprendizagem e promoção da saúde da gestante e do bebê. O acompanhamento psicológico em grupo, converge para a prevenção primária em saúde mental da gestante potencializando a qualidade de vida de todos que estariam diretamente envolvidos na gestação (LIMA,S.D.). Segundo Lima (S.D.), Oficinas de Grupo Operativo passam a ser um campo de atuação especialmente importante tendo em vista a saúde da mulher gestante e o desenvolvimento do bebê, através da preparação dos futuros pais e famílias, envolvendo os profissionais da saúde que devem estar voltados para o atendimento humanizado. O acompanhamento psicológico á gestante para Lima (S.D.), é importante pois busca a atender as necessidades específicas das mulheres, que se encontram especialmente sensibilizadas para o cuidado materno de maneira absolutamente singular. O atendimento é realizado através de grupos ou individual com psicoterapia breve e é importante para a elaboração do momento em que a mulher terá que viver a maternidade. Em atendimentos em grupo, os participantes representa uma função de espelho, como uma ação continua de identificações projetivas e introjetivas colocadas no campo grupal. Essa dinâmica traduz a ação terapêutica do grupo, que se processa através da possibilidade de cada sujeito olhar e observar em outros membros algo que lhe próprio, especialmente, de poder reconhecer no espelho dos outros, aspectos negativos em si mesmos (LIMA,S.D.). O trabalho de grupo com gestantes que tenha a participação do parceiro favorecerá para que a construção da maternidade e paternidade se desenvolva de forma mais saudável e consciente, contribuindo para o desenvolvimento físico e psíquico do feto (LIMA,S.D.). O psicólogo não só deve diagnosticar e classificar, como tem que entender, compreender o que está envolvido na queixa e no sintoma, Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 107 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA isto é, o que não está manifesto. Tanto paciente quanto sala família necessita ser preparados para a intervenção hospitalar, pois precisase de tempo para a a elaboração do processo, esclarecendo ao paciente e a família sobre os aspectos da hospitalização, da rotina do hospital, o tempo de internação, etc. As explicações iniciais devem ser dadas pelo médico, sendo reforçadas pela equipe, incluído o psicólogo, que contribuirá para diminuir a ansiedade do paciente (SANTOS et.al., 2011). O profissional deve enxergar o cliente de modo simética, onde coloca o profissional e o cliente numa posição de igualdade, respeito e confiança, essa relação sim ética possibilita um desenvolvimento emocional para ambos. No atendimento psicológico, a função do psicólogo é estar presente, facilitando o processo de renascimento da cliente, mas não é o psicólogo que cria um novo ser. A assistência realizada pelo psicólogo no hospital objetiva o alivio emocional da paciente e de sua família, onde a ajuda implica a mobilização de forças, em que a angustia e a ansiedade estão presentes (SANTOS et.al., 2011) CONSIDERAÇÕES FINAIS Através deste trabalho foi possível perceber a importância do exercício profissional do psicólogo com gestantes. O apoio e o acolhimento são fatores importantes para uma gestação e uma maternidade mais saudável, pois esse é um período muito delicado para a mulher, onde precisa de atenção, carinho, apoio e sobretudo, se sentir amada. Durante a gestação observamos alguns aspectos psicológicos onde a mulher pode passar pela ambivalência, onde pode desejar ou não este filho, e que a partir dos movimentos fetais pode tornar real o que era “fantasia”, se sentir ansiosa nos últimos meses de gestação, na qual as mudanças com a chegada do bebê e do parto se aproximam. É importante também que a gestante se sinta satisfeita, segura, tranquila para que não possa ter medo do desconhecido, e é por isso que o apoio é essencial nessa fase. O trabalho do psicólogo com gestantes nada mais é que acolher, respeitando suas dúvidas e sentimentos em relação a gestação e do 108 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF mundo que a cerca nessa nova fase. Ajudando a tirar duvidas sobre essa nova etapa de vida e a construir vínculos positivos com o bebê, pois, a partir deste momento ocorrerão mudanças constantes em sua vida. É importante que o psicólogo busque atender as necessidades especificas da mulher, onde se encontra sensibilizadas para o cuidado materno. É de extrema necessidade o pré-natal da gestante não só como obstetra, mas também com uma equipe multiprofissional onde, serão tiradas todas as dúvidas que tranquilizará a gestante. Não podemos deixar de fora o psicólogo que além de acolher, cuidar e respeitar a gestante tem a função de apoiar, dar orientação que irão contribuir na sua preparação para o momento do parto e pós-parto, fazendo com que a gestante e seu parceiro tenham mais segurança e confiança para cuidar do bebê de maneira saudável em todas as etapas de sua vida. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS LIMA, M.A. ACOMPANHAMENTO PSICOLOGICO Á GESTANTE EM GRUPO OPERATIVO: instrumento de intervenção psicossocial em saúde. Sem Data. MALDONADO,M.T.P. PSICOLOGIA DA GRAVIDEZ: PARTO E PURPERIO. Petrópolis,vozes,1980. SANTOS,A.P. et.al. A IMPORTÂNCIA DA PSICOLOGIA NO ATENDIMENTO A MÃE E PAIS NA MATERNIDADE. IV Jornada em Pesquisa em Psicologia; Desafios atuais nas praticas da psicologia. INISC, Santa Cruz do Sul,2011. SARMENTO,R.;SETÚBAL,M.S.V. ABORDAGEM PSICOLOGICA EM OBSTETRICIA: Aspectos emocionais da gravidez, parto e puerperio. Rev. Cienc. Méd., Campinas,2003. Artigo disponivel em: http:// www.amigasdopartoprofissionais.com/2011/06/abordagempsicologica-em-obstetricia.html. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 109 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 110 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF CUIDADOS PSICOLOGICOS AO PACIENTE ONCOLÓGICO BREVE HISTÓRICO DA PSICOONCOLOGIA NO BRASIL MOLINA, Bruna Nassif1 BARACAT, Juliana 2 RESUMO O Câncer é uma doença crônica de prognóstico nem sempre favorável, responsável por grande parcela de óbitos e cujo tratamento pode exigir níveis de tolerância bastante elevados, sendo assim houve nas ultimas décadas do século XX uma mobilização cientifica e profissional do desenvolvimento de novas modalidades terapêuticas de prevenção e de tratamento do câncer. Antes da década de 60 o foco era a doença, e por volta das décadas de 60 e 70 foi intensificando a atenção aos fatores psicológicos. Partindo da existência de uma grande demanda de pessoas acometidas por doenças crônicas, entre elas o câncer, desde crianças, a idosos, o presente trabalho irá focar o sofrimento psíquico e a contribuição de estratégias terapêuticas no adulto, seus familiares e equipe de saúde. Palavras chaves: Cuidados Psicológicos. Portador de câncer. Holística. 1 Discente do curso de Psicologia da Faculdade de Ciências da Saúde (FASU/ACEG). E-mail para contato: [email protected] 2 Mestre, Doutoranda e Docente do curso de Psicologia da Faculdade de Ciências da Saúde (FASU/ ACEG). E-mail para contato: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 111 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT Cancer is a chronic prognosis is not always favorable, responsible for a large proportion of deaths and whose treatment may require quite high levels of tolerance, so there was in the last decades of the twentieth century mobilizing scientific and professional development of new therapeutic modalities prevention and treatment of cancer. Before the 60s the focus was on the disease, and about the decades of 60 and 70 was intensifying attention to psychological factors. Suppose that there is a great demand for people affected by chronic diseases, including cancer, as children, the elderly, this paper will focus on the contribution of psychological distress and therapeutic strategies in adults, their families and healthcare team. Keywords: Psychological Care, Bringer of câncer, Holistic. INTRODUÇÃO O artigo foi proposto com o intuito de olhar o paciente com câncer holisticamente, analisando os possíveis cuidados psicológicos, tirando o foco da doença e da ideia de condenação à morte e ajudando o paciente a perceber a doença como uma oportunidade de redescobrir a vida. O foco do trabalho é o sofrimento psíquico decorrente do adoecer de câncer e salientar o papel das estratégias terapêuticas no adulto, em seus familiares e na equipe de saúde. É sabido que o câncer caracteriza-se pela anormalidade das células e por sua divisão excessiva. Possui origem multifatorial, pois envolve a predisposição genética, a exposição a fatores ambientais de risco, determinados vírus, algumas substâncias alimentares e acredita-se, também, na contribuição psicológica no crescimento do câncer. A forma como o diagnostico é passado para o paciente faz toda a diferença, no modo como ele irá encarar a vida, podendo utilizar mecanismos de defesa como a negação, depressão, barganha entre outros. Esta monografia justifica-se pela importância de se entender alguns aspectos da situação vivencial de um sujeito com câncer e então auxiliá-lo a compreender suas principais dificuldades com relação à doença. Salientando cada vez mais a dar assistência integral ao enfermo, dentro de uma abordagem multifatorial na compreensão 112 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF da etiologia da enfermidade, aprimorando as técnicas e processos de tratamento, uma vez que são aspectos importantes e fundamentais para possibilitar a recuperação do paciente. Deve-se transcender o modelo biomédico mecanicista tradicional, dando espaço para a psico-oncologia buscando elucidar os aspectos psicológicos envolvidos na doença, em sua remissão ou recidiva e em seu impacto nas famílias e profissionais de saúde. REVISÃO TEÓRICA Segundo Holland (citado por ANGERAMI-CAMON, 2002, p.48), até o início do século XX, o diagnóstico do câncer era uma sentença de morte e levava o doente à estigmatização, ao isolamento e à humilhação. A palavra câncer representava a destruição física, o medo, a autoimagem danificada, a perda da função sexual e há tantos outros aspectos negativos que levavam a uma desestruturação da personalidade. No início do século passou a ser importante a educação do público para a possibilidade de cura, desde que o diagnóstico fosse realizado no estágio inicial da doença. Começava também a ser modificada a visão negativa em relação ao câncer. De acordo com Angerami-Camon (2002), foi indubitável a contribuição do I Encontro para Introdução à Psico-oncologia no Brasil como ampla área de estudo e intervenção a ser organizada a partir da experiência da atuação e da pesquisa realizada por profissionais da área de saúde com formações distintas; participaram, portanto, profissionais e professores universitários de diversas partes do país. Há várias definições de psico-oncologia abordadas por diferentes autores, e a que se enquadra melhor com o proposto trabalho é definido por Holland (citado por NEME, 2010, p.19). A psico-oncologia é uma subespecialidade da oncologia, definindo seus principais objetivos e relacionando-o com elucidação das variáveis psicológicas envolvidas no impacto do câncer na vida emocional do paciente, de seus familiares e dos profissionais de saúde e com o estudo dos aspectos psicológicos e de comportamento implicados na incidência e na reabilitação do câncer. Já a professora-doutora Maria da Glória Gimenes (citado por ANGERAMI-CAMON, 2002 p.53), define psico-oncologia baseada na Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 113 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA análise dos conteúdos apresentados nos dois primeiros Encontros Brasileiros de Psico-oncologia: A psico-oncologia representa a área de interface entre a Psicologia e a Oncologia e utiliza conhecimento educacional, profissional e metodológico provenientes da Psicologia da Saúde para aplicá-lo: 1 na assistência ao paciente oncológico, à sua família e aos profissionais de saúde envolvidos com a prevenção, o tratamento, a reabilitação e a fase terminal da doença; 2 na pesquisa e no estudo de variáveis psicológicas e sociais relevantes para a compreensão da incidência, da recuperação e do tempo de sobrevida após o diagnóstico do câncer; 3 na organização de serviços oncológicos que visem ao atendimento integral ao paciente (físico e psicológico), enfatizando de modo especial a formação e o aprimoramento dos profissionais de saúde envolvidos nas diferentes etapas do tratamento. Segundo Neme (2010): A psico-oncologia surgiu da necessidade de se oferecer ao paciente com câncer, um modelo de atenção integral-biopsicosocial capaz de melhorar sua qualidade de vida;aumentar sua sobrevida e as possibilidades de reversão da doença; fortalecer seus recursos e modos de enfretamento da doença e dos tratamentos, além de criar, desenvolver e promover serviços e programas de atenção primária, secundária e terciária no campo da oncologia que atendem também as necessidades dos familiares e dos profissionais de saúde envolvidos. O início do desenvolvimento de serviços de psico-oncologia no Brasil pode ser atribuído à atuação isolada de psicólogos e outros profissionais não médicos em oncologia, identificada desde a segunda metade da década de 1980 (CARVALHO, 2002). No Congresso de Salvador (1996) foram apresentados dez trabalhos produzidos na experiência e na prática, com a participação de alunos e colaboradores, o que foi solidificando a atuação e o serviço de psico-oncologia implantado no hospital de Bauru. O nome psico-oncologia só passou a ser amplamente utilizado no Brasil a partir de realizações de congressos. Estes eventos propiciaram o encontro de profissionais que desenvolviam trabalhos distintos na área oncológica, assim como de seus métodos de pesquisa e intervenção (NEME, 2009). A partir da articulação e da integração de experiências distintas, vêm se delineando os parâmetros para a avaliação da afetividade 114 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF das intervenções realizadas, como também dos requisitos básicos para a atuação profissional e para o desenvolvimento de serviços psico-oncológicos nas unidades de saúde. Com a expansão e a consolidação da área no país, começou a existir a demanda de uma formação específica que preparasse os profissionais para atuarem com segurança na área (NEME, 2009). A criação do Curso de Especialização reflete a preocupação da atual gestão da Sociedade Brasileira de Psico-oncologia em responder a essa demanda. Esta sociedade, contando com a colaboração de profissionais pioneiros na área, vem dando continuidade a sua consolidação no Brasil, com a mesma seriedade que foi iniciada e desenvolveu-se. Segundo Neme (2010), profissionais e pesquisadores que estão construindo a psico-oncologia no Brasil e no mundo, têm demonstrado as necessidades dos pacientes com câncer em fases diversas do ciclo vital, as necessidades dos familiares e dos principais cuidadores dos doentes e as dificuldades enfrentadas pelos profissionais de saúde, que tratam o paciente oncológico, apontando os diferentes aspectos que permeiam a trajetória de todos esses participantes desde o diagnóstico, o tratamento para o possível controle da doença ou a experiência vivenciada na fase terminal. No campo da psicologia e das intervenções psicológicas com pacientes hospitalizados, é preciso aprimorar, descrever e divulgar alternativas e modalidades interventivas que se mostrem eficazes e respondam às necessidades dinâmicas das instituições e dos pacientes, cujas condições geralmente imprimem um caráter de urgência aos que vivenciam no enfrentamento da doença e dos tratamentos. Para Neme (2010) a psico-oncologia reconhece que o aparecimento e a evolução de doenças como o câncer necessitam de um nível de compreensão e ação que transcendem o modelo biomédico-mecanicista tradicional, buscando esclarecer os fatores biológicos e sociais implicados na gênese e nos tratamentos do câncer, bem como elucidando os aspectos psicológicos envolvidos na doença, em sua remissão ou recidiva e em seu impacto nas famílias e nos profissionais de saúde e relata que: Atualmente, a psico-oncologia pode ser vista como uma área sólida e consistente estabelecida, embora ainda aberta a futuros desenvolvimentos na pesquisa, na prática e na organização de serviços que representem Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 115 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA relevante impacto transformador no campo da saúde em oncologia. Nesse sentido, há ainda muito por fazer: vencer obstáculos derivados de concepções biomédicas resistentes às mudanças; oferecer serviços psicológicos, de fato, a todos os pacientes com câncer, conforme determinação do Ministério da Saúde para serviços credenciados pelo SUS; ampliar e fortalecer os serviços de psico-oncologia existentes no país, aumentando os investimentos em pesquisas e na formação continuada dos profissionais de saúde envolvidos; desenvolver ações humanizadoras, capazes de divulgar e fazer respeitar os direitos das pessoas com câncer de melhorar sua qualidade de vida durante e após o tratamento; investir em pesquisas que esclareçam as possíveis variáveis implicadas nos genes e no desenvolvimento das neoplasias malignas; criar programas informativos e educativos para a saúde na área Oncológica, que incorporem os conhecimentos já disponíveis quanto aos fatores biopsicossociais relevantes no desenvolvimento dos cânceres; criar e avaliar técnicas e recursos psicológicos interventivos para o auxilio efetivo de pacientes oncológicos em tratamento, além de inúmeras outras necessidades e possibilidades de desenvolvimento. CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando a elaboração do presente artigo, é importante ressaltar a relevância social, por ser o câncer uma doença que acomete desde crianças a idosos, e a relevância científica, que é a necessidade da intervenção psicológica por meio de estratégias terapêuticas, que cabe ao psicólogo. Sendo assim, os objetivos do presente foi analisar o sofrimento emocional do portador de câncer, com a finalidade de estabelecer uma estratégia terapêutica, tanto para o paciente quanto para a família e equipe de saúde. Deve-se ressaltar a importância de cuidar desse paciente de forma holística e sair do modelo biomédico mecanicista tradicional; há grande necessidade de fortalecer os serviços de psico-oncologia para que os portadores de câncer tenham melhor qualidade de vida. A sugestão é que esta pesquisa não pare por aqui, pois o tema é de grande relevância social e científica e precisa ser melhorado e explorado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANGERAMI-CAMON, V. A. (Org.); CHIATTONE, H. B. C. et al. E a psicologia entrou no hospital. - São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. 116 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF ANGERAMI-CAMON, V. A. (Org.); VASCONCELLOS. E. G. et al. Psicologia da saúde- Um novo significado a prática clinica.- São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2003 NEME, C.M.B. VI Jornada de Psicossomática e Psicologia HospitalarII Encontro de Psicologia da Saúde - Bauru: Joarte Gráfica e Editora, 2009. NEME, C. M. B. Psico-oncologia: Caminhos e perspectivas. - São Paulo: Summus, 2010. SELLICK, S. M; CROOCKS, D. L. Depressão e câncer: uma avaliação da literatura para a prevalência, detecção e desenvolvimento de diretrizes práticas para intervenções psicológicas. Rev. Psico, julho, 1999, 8 (4) Resumo disponível em: http://www. ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10474850 SPENCE, R. A. J; JOHNSTON, P. G. Oncologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. POLLOCK, R. E. et al. Manual de Oncologia clinica da UICC - Uniao Internacional contra o câncer. São Paulo: Fundação Oncocentro de São Paulo, 8ª edição, 2006. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 117 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 118 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF DEPRESSÃO NO IDOSO: DISTANCIAMENTO FAMILIAR ALVARES, Barbara Rejane da Silva SENSÃO, Aparecida Iracema RESUMO Este artigo tem como objetivo demonstrar a importância da relação familiar na fase adulta tardia, colocando em pauta a depressão acometida durante esta fase. O sentimento de abandono vêm sendo afetado dia após dias em nosso cotidiano, estabelecido em contexto familiar de forma desapercebida. Com o objetivo de colaborar com as, familias e cuidadores, que as habilidades fisícas e os agravamentos de doenças na velhice, pode ser evolutiva quando não percebemos o sentimento de tristeza (DEPRESSÃO),vivenciados pelos mesmos. Palavras-Chave: Depressão. Família. Idoso. ABSTRACT This article aims to demonstrate the importance of family relationship in adulthood, putting at stake the depression affected during this phase. The feeling of abandonment have been affected day after day in our daily life, established in family context so unnoticed. With the objective of collaborating with, families and caregivers, physical skills and the worsening of diseases in old age, can be when we don’t understand the evolutionary sense of sadness Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 119 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA (DEPRESSION), experienced the same. Keywords: Depression. Family. Elderly 1.INTRODUÇÃO As causas de depressão no idoso configuram-se dentro de um conjunto amplo de componentes em que atuam fatores genéticos, eventos vitais, como luto e abandono, e doenças incapacitantes, entre outros. Cabe ressaltar que a depressão no idoso, frequentemente, surge em um contexto de perda da qualidade de vida associada ao isolamento social e ao surgimento de doenças clínicas graves. (FLORINDO et al; 2002, apud ALVES, Edvaldo Moreira Junior et al;18° Edição Maio de 2012). Algo motivador para a disposição deste artigo tem sido a colaboração de fatos vivenciados, uma senhora acometida por uma epilepsia desde a infância, onde foi um dos motivos que à tornou dependente de sua família, lembrando também da morte de um senhor que teve sua vida encerrada pela tristeza e solidão após a morte de sua esposa; uma das causas da depressão e silêncio esta no distanciamento familiar. 2.DESENVOLVIMENTO 2.1 AFETOS X FAMILIA A afetividade é um domínio funcional direcionada as estruturas orgânica e sociais, é vista como forma de apoio básico proporcionando carinho, atenção, ações que expressão sensibilidade afetiva. Alguns lares podem assegurar ao indivíduo este bem estar, ou seja todos nós seres humanos necessitamos desta segurança que traz a sensação de um ser útil e observável, porém são estas condutas que nos conduzem á um crescimento, e desenvolvimento saudável. Durante a infância e a velhice é onde ocorrem ainda mais a necessidade deste afetos, esta carência porem são menos considerados “ importantes” na fase adulta tardia. A família é o principal elo de construção social, dentro da mesma existem os conflitos, e as 120 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF resoluções, existem os afetos e a segurança, no entanto no meio de tantas vivências, tem a formação de um novo lar, uma nova relação familiar e assim sucessivamente. A família é definida como um grupo enraizado numa sociedade e tem uma trajetória que lhe delega responsabilidades sociais. Especialmente perante ao idoso, a família vem assumindo um papel importante na medida em que o envelhecimento acelerado da população cresce. Atualmente pesquisas tem revelado o crescente numero de idosos no mundo. Segundo FRANK SCHIRRMACHER em seu livro A REVOLUÇÃO DOS IDOSOS diz: Pela primeira vez está ocorrendo algo que não foi previsto pela evolução e que por ela deveria ser até mesmo evitado com todos os truques mortais: um grupo não mais capaz de se reproduzir, que há muito cumpriu sua função biológica, que não pode mais ser renovado e está sendo colocado à disposição da natureza constitui a maioria em sociedade. Pela primeira vez na história da humanidade, o numero de idosos será maior que o de jovens. (SCHIRRMACHER, 2005, P.2) A família na fase adulta surgem vários imprevistos e improvisos, a perda do esposo(a), a doença, então mãe ou pai tende a morar com o filho(a).Porém o essencial é a qualidade de vida que esta em pauta. Para a maioria dos adultos na meia- idade os relacionamentos são a chave mais importante para o bem-estar (Markus et al., 2004). Eles podem ser a fonte principal de saúde e satisfação (Lachman, 2004). De fato, ter um(a) companheiro(a) e estar com boa saúde são os maiores fatores no bem –estar para as mulheres na faixa dos cinquenta anos, de acordo com dois levantamentos nacionais. Ter ou não ter filhos fazia pouca diferença. As menos felizes, mais solitárias, e mais deprimidas eram as mães solteiras, divorciadas ou viúvas ( Koropeckyj- Cox, Pienta e Brown, 2007) apud Diane E. Papalia – Ruth Duskin Feldman,2013, p.555). Percebemos que os idosos carregam a expectativa de receberem atenção e cuidados dos filhos e netos, no momento em que tiverem suas capacidades diminuídas. No entanto é onde ocorre o inverso, surge o distanciamento familiar, uma das causas são por terem outros afazeres particulares, que impedem esta aproximação. Embora a família, seja responsável por oferecer a maioria dos cuidados aos idosos, é importante destacar que a estrutura familiar tem sofrido Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 121 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA mudanças significativas. Entretanto na maioria dos casos as famílias não tem estrutura para lidar, cuidar de um(a) idoso(a); Sendo assim asseguramos em defesa do idoso a CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988, que apresenta a família como base da sociedade e coloca como dever da família da sociedade e do ESTADO “amparar as pessoas idosas assegurando sua participação na comunidade defendendo sua dignidade e bem estar e garantindo-lhe o direito á vida”. 2.2DEPRESSÃO A depressão atualmente traz um porcentual preocupante. Segundo IBGE: Estados do Sul têm mais adultos com depressão. São Paulo – No Brasil, 7,6% dos adultos já foram diagnosticados com depressão, o que equivale a 11 milhões de pessoas. Dentre esses brasileiros, mais da metade (52%) usa medicamentos. Os estados que mais concentram adultos deprimidos ficam no Sul do país. O Rio Grande do Sul é o primeiro da lista. Lá, 13,2% das pessoas com 18 anos ou mais já foram diagnosticadas por um profissional de saúde. Em seguida vêm Santa Catarina, com 12,9%, e Paraná, com 11,7%.Varios aspectos podem ser abordados, para melhor compreensão destes atos deprimentes; aspectos sociais, financeiro, âmbito familiar, saúde etc. O sentimento de perda, abandono, tristeza, incapacidade, são os principais desencadeador do agravamento da doença. Embora o envelhecimento pode ser entendido como um processo natural de diminuição progressiva da reserva funcional de um indivíduo em considerações de sobrecarga como por exemplo: Doenças e estresse emocional que pode ocasionar uma condição patológica que requer assistência. O maior desafio na atenção à pessoa idosa é conseguir contribuir para que apesar das limitações que possam ocorrer, é redescobrir possibilidades de viver sua própria vida a máxima qualidade possível. O trabalho das equipes da saúde da ATENÇÃO BASICA/SAÚDE DA FAMÍLIA, As ações coletivas na comunidade, as atividades em grupos, a participação das redes sociais, são alguns dos recursos indispensáveis para a atenção cultural e social. Considerando que o envelhecimento e a saúde da pessoa 122 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF idosa representam dois importantes instrumentos de fortalecimento da atenção básica. Segundo O MINISTÉRIO DA SAÚDE, EM SETEMBRO DE 2005, definiu a Agenda de compromissos pela SAÚDE que agrega três eixos; O PACTO EM DEFESA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS), O PACTO EM DEFESA DA VIDA e o PACTO de GESTÃO. A família é um conjunto de pessoas de muita importância para a vida de qualquer um não importa o quadro socioeconômico cultural, pois a família realmente é uma base para todos nós seres humanos não há como se ter uma estrutura ao longo da vida sem a importância de uma família é através dela que aprendemos valores éticos e sociais. O aprender e escutar tem que ser desenvolvido todos os dias de nossas vidas, sentar se ao lado de um idoso(a) e lhe perguntar o que ele(a) tem a dizer deve ser prazeroso, lhe perguntar quais suas angustias, em que posso lhe ajudar, motivações que não tem preço quando notado em seus olhares a significância de um ser que também foi criança, jovem e hoje um idoso. Alias o que menos se ouve falar é da história de um idoso. Te convido a lêr o livro O QUE VALE A PENA... A Sabedoria de quem realmente tem algo a dizer. Um dos meus pacientes favoritos era um homem de negócios aposentado, com cerca de mais de 70 anos, acamado por um enfisema, que adorava descrever suas muitas horas passadas observando formações de nuvens surgirem e desaparecerem.” Há tantas coisas para se ver no céu... Você faz esculturas com a imaginação.”.Quando jovem, uma tarde passada daquela forma seria inimaginável, disse ele. E no entanto, aquelas haviam sido algumas das melhores tarde da sua vida. Com esse homem, eu comecei a ver como as limitações físicas podiam levar à expansão em outras áreas, tais como a imaginação e o espírito. Infelizmente, na nossa sociedade, as enfermidades do corpo com frequência são igualadas à fraqueza da mente. Jovens e idosos costumam ter um contato reduzido e superficial uns com os outros. Deixamos as aparências nos iludir e desprezamos o que os idosos têm para nos ensinar antes mesmo de darmos a eles a chance de falar. Assim perdemos a sabedoria acumulada ao longo de vidas inteiras.(LUSTBADER, 2002, p. 14 e 15). 2.3 CONCLUSÃO Nesta fase de vida o que o idoso necessita é sentir-se valorizado viver com dignidade tranquilidade de receber atenção e o carinho da família. Quanto à depressão na fase adulta tardia, tem haver Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 123 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA com os distanciamentos familiares, esses se vê isolado de seu convívio social, porém ocasionando uma profunda solidão. No entanto desde que nascemos, nos envelhecendo dia após dia, devemos estar preparados para olhar a velhice como uma etapa que devemos passar, e que todo jovem sera um velho(a), experiências e posturas que serão passadas de geração em geração devem ser valorizadas para que tenhamos uma velhice mais saudável e feliz e sem traumas. REFERENCIAS FLORINDO et al; 2002, apud ALVES, Edvaldo Moreira Junior et al;18° Edição Maio de 2012. Schirrmacher, Frank. A revolução dos idosos: o que muda no mundo com o aumento da população mais velha/ Frank Schirrmacher; tradução Mariado Carmo Ventura Wollny.- Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. Papalia, Diane E. Desenvolvimento humano/ Diane E. Papalia, Ruth Duskin Feldman, com Gagriela Martorell; tradução: Carla Filomena Marques Pinto Vercesi...[et al.]; [revisão técnica: Maria Cecilia de Vilhens Moraes Silva...et al.]. – 12. ed.- Porto Alegre: AMGH, 2013. BARROS.C.S.G. PONTOS DE PSICOLOGIA E DESENVOLVIMENTO.2ª ed. SAO PAULO:ÁFRICA,2902. BRASIL MINISTÉRIO DA SAÚDE.CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE,COMISSÃO NACIONAL DE ÉTICA EM PESQUISA. RESOLUÇÃO N° 196 de 10 de OUTUBRO DE 1996 :APROVA AS DIRETRIZES E NORMAS REGULAMENTADORA DE PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS.BRASILIA: MINISTÉRIO DA SAÚDE;1996. http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/onde-vivem-osbrasileiros-que-mais-sofrem-com-depressao http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/ b5CWFvco5c7mv37_2014-4-15-23-55-44.pdf 124 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF DEPRESSÃO PÓS-PARTO PATERNA (DPPP): ESTUDO BIBLIOGRÁFICO SOBRE A INCIDÊNCIA E OS IMPACTOS NO ÂMBITO FAMILIAR LIMA, Chriscia Maria dos Santos de¹ SANTOS, Amanda Aparecida dos² FONSECA, Bárbara Cristina Rodrigues³ RESUMO A depressão pós-parto (DPP) é tipicamente tratada como um problema exclusivo das mulheres que ocorre, geralmente ao longo do primeiro ano de vida do filho, em 10 a 15% delas. No entanto, durante a gestação da mulher, o pai, assim como a mãe, também passa por diversas adaptações e, ao contrário da grande quantidade de estudos publicados sobre os fatores ligados depressão pós-parto materna (DPPM), pouco se sabe sobre a depressão pós-parto paterna (DPPP). Este artigo busca contribuir com esta lacuna, no sentido de compreender e dar visibilidade a esse assunto, uma vez que tem como objetivo reconhecer a depressão pós-parto paterna como um fenômeno que ocorre com certa frequência e causa impactos no âmbito familiar. Os autores pesquisados apontam que tanto a mãe, quanto o pai vivenciam, durante a gravidez e nos primeiros meses ¹ Discente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF. Email: [email protected] ² Discente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF. Email: [email protected] ³ Pedagoga, Psicóloga Clínica e Docente da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF. E-mail: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 125 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA após o nascimento do bebê, transformações importantes na sua identidade pessoal e nos papéis. Alguns estudos ainda discutem a relação com diversos fatores biológicos (principalmente, uma desregulação hormonal que ocorreria nos homens entre os últimos meses da gravidez da parceira e o primeiro ano do período pósparto) e ambientais, como adaptações às novas rotinas, complicações da relação conjugal e dificuldade de formar uma ligação afetiva com o filho. Verifica-se assim, a relevância deste uma vez que o enriquecimento de discussões e propostas de prevenção e intervenções em casos de DDPP podem promover a saúde e o bemestar para os pais e familiares. Palavras-chave: Depressão. Paternidade. Pós-parto. ABSTRACT Postpartum depression (PPD) is typically treated as a problem unique to women that usually occurs over the first year of the child’s life, in 10 to 15% of them. However, during the pregnancy of the woman, the father, as well as the mother, also passes by several adaptations, and unlike the large amount of published studies about the factors linked to postpartum depression maternal (DPPM), little is known about postpartum depression paternal (DPPP). This article seeks to contribute to this gap, in the sense of to understand and give visibility to this subject, since it aims to recognize postpartum depression paternal as a phenomenon that occurs with some frequency and cause impacts within the family. The authors surveyed point out that both the mother and the father experience, during pregnancy and in the first months after the birth of the baby, important transformations in their personal identity and roles. Some studies also discuss the relationship with various biological factors (primarily, a hormonal deregulation that would occur in men between the last months of pregnancy of the partner and the first year of the post-partum period) and environmental as adaptations to new routines, complications of the marital relationship and the difficulty of forming a bond of affection with the child. Thus, the relevance of this because the enrichment of discussions and proposals of prevention and intervention in cases of DDPP may promote the health and well-being for parents and family members. 126 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Keywords: Depression. Paternity. Pos-partum. INTRODUÇÃO Entende-se a Depressão como um estado anormal do corpo e da mente, em que a pessoa afetada experimenta o sofrimento psicológico, o qual acaba prejudicando sua vida social e familiar. Assim, esta pode relatar que já não se interessa minimamente pelos entretenimentos prediletos e atividades sociais, e suas obrigações são descritas como muito cansativas e desgastantes (MELO et. al., 2015). Considera-se que a saúde física e emocional dos membros da família ocupa um papel muito importante na dinâmica familiar, uma vez que as pessoas estão interconectadas e são dependentes umas das outras. Quando ocorre uma alteração de saúde em um de seus membros, a dinâmica familiar geralmente é afetada, uma vez que a família influencia a saúde e o bem-estar de seus membros (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001). O puerpério é um momento especial do ciclo vital, quando grandes mudanças acontecem e por isso está sujeito a crises na reorganização dos novos papéis a serem desempenhados na família. Por vezes, essas readaptações se tornam mais difíceis e podem aparecer associadas a um processo depressivo na mãe, que pode repercutir em toda família (FRIZZO et al, 2010). Melo et al. (2015), afirmam que a Depressão Pós-Parto (DPP) é um transtorno mental que provoca alterações emocionais, cognitivas, comportamentais e físicas. Moraes e Crepaldi (2011), salientem que a DPP é um importante problema de saúde pública, já que ocorre em um momento crucial no ciclo da vida familiar, na concretização do sentido de parentalidade e do nascimento psíquico da criança, afetando tanto a saúde dos pais quanto o desenvolvimento da criança. De acordo com Silvia e Botti (2005), o Transtorno Depressivo Puerperal também acarreta uma série de consequências; estudos indicam que os principais sintomas da DPP materna são caracterizados por sentimento de tristeza, incompetência, instabilidade emocional, etc. Neste contexto, é possível compreender as dificuldades de se estabelecer um vínculo afetivo favorável ao desenvolvimento do recém-nascido (MATTIELO; COLS, 2015). Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 127 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Vale destacar que a implicação do quadro depressivo puerperal está intimamente relacionada à duração do transtorno, ou seja, quanto mais tempo persistir, mais tocante às consequências para o desenvolvimento psicossocial da criança. (COSTA; MATTIELO; TALLES; et. al 2015). O nascimento de um bebê implica em diversas mudanças no âmbito familiar, social, no estilo de vida do casal, tornando-se o bebê nesse momento, a prioridade de vida dos pais e familiares (MIRANDA et. al., 2011). Segundo Papalia et. al (2000), alguns homens, tanto quanto as mulheres, sentem-se ambivalentes em relação a tornarem-se pais, e vivenciam uma imensa ansiedade sobre a nova responsabilidade de cuidar de uma criança. A Depressão pós-parto paterna (DPPP) surgiu a partir do momento em que foi constatada a carência de estudos sobre o assunto e o desconhecimento das pessoas, em geral, sobre o adoecimento no homem no puerpério. Trata-se de um tema extremamente importante quando pensado na saúde do homem e na qualidade da relação parental. Com sintomas muitas vezes mascarados, diferentes da DPP materna, tais como, irritabilidade, raiva ou distanciamento, a DPP paterna é uma realidade. Mas porque isso acontece com os pais? Tradicionalmente pensava-se que o papel do pai era somente disciplinar os filhos e contribuir com recursos materiais para a família. Mas, recentemente, têm sido encorajados a envolverem-se mais com suas crianças e famílias. No entanto, ao contrário da mulher que é tipicamente preparada pelas gerações anteriores a aprender a lidar com as crianças (além de ter taxas elevadas de ocitocina – hormônio que facilita a formação do vínculo mãe-criança), estes jovens pais sentem ainda a pressão dos modelos tradicionais dos pais e dos avós. Não lhes foi explicado como ser um bom pai, apenas um modelo de moralidade. Não foram ensinados a interagir diretamente com as crianças, mas sempre através da mulher. Isto pode levar a muitas dúvidas, inseguranças e ansiedade, assim consequentemente levando a um caso de depressão pós-parto (FALCETO, FERNANDES, KELBER, 2012) O presente estudo objetivou pesquisar a incidência e motivos em que ocorrem a Depressão Pós-Parto Paterna (DPPP) e ainda, analisar a influência em que a depressão pós-parto paterna causa no âmbito familiar, propondo recomendações de um acompanhamento 128 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF de prevenção. Esta pesquisa apresenta como metodologia uma revisão bibliográfica em pesquisas atuais e fidedignas publicadas na área. Trata-se de um estudo de natureza teórica e com fins exploratórios e explicativos; o tratamento de dados se dará de forma qualitativa, por meio da realização de pesquisas na web para investigação. Incidência e impactos da Depressão Pós-Parto Paterna (DPPP) A inserção de um primogênito no sistema familiar é uma mudança de valor significativo para a vida a dois e toca na subjetividade de cada um dos cônjuges. A questão da participação dos pais nos cuidados com o bebê é um processo que se inicia desde a gestação. (BOTTOLI; JAGER, 2011). O tornar-se pai é algo além do procriar, é implicar-se de forma significativa no processo da paternidade. (HOUZEL, 2004). A partir dessa nova realidade, o ser pai envolve uma responsabilidade muito grande, pois ocorrem transformações no contexto familiar, baseadas em função dos novos desafios. Percebe-se que a mulher possui um papel importante como incentivadora da demanda por um homem mais envolvido e interessado, a fim de torná-lo mais participativo nas questões subjetivas das relações, o que otimiza a qualidade de vida familiar (STAUDT; WAGNER; BORNHOLDT, 2008). Desse modo, o crescente reconhecimento do papel do pai contribuiu para novos direcionamentos das relações da família como um todo. Esses direcionamentos levam a reconsiderar as interações dos pais entre si, como casal, e o modo como a chegada do bebê modifica o equilíbrio conjugal e conduz à ascensão de novos papéis (WEND LAND, 2001). Alguns estudos (CARDOSO, 2013; PRENBERG et al., 2012) verificaram que são comuns após o nascimento dos filhos, manifestações comportamentais dos pais indicando dificuldades que sentem na expressão dos seus sentimentos, o que coincide com o que a sociedade espera do comportamento do gênero masculino: o apoio e a transmissão de segurança aos familiares e, principalmente, à sua companheira. Por isso, muitos pais escondem seus verdadeiros sentimentos. (Insegurança, nervosismo, irritação e frustração) atrás de uma fachada confiante, e calma para com sua parceira. A gravidez também acarreta para o pai uma gama de processos psicológicos. Estes, por sua vez, influenciam desde sua relação conjugal Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 129 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA até o vínculo que o pai estabelecerá com seu filho (BORNHOLDT; WAGNER, 2005). Nesse sentido, um estudo americano menciona algumas possíveis causas para os sintomas de ansiedade e depressão paterna no Pós-Parto. Estas são derivadas de desafios físicos, emocionais, psicológicos próprios da passagem para a paternidade: a exaustão provocada pela falta de sono e pelos constantes apelos da criança; uma perturbação pré-existente (ansiedade/depressão); os diversos desafios por que passa a relação conjugal, mesmo logisticamente, porque o casal precisa cuidar de si e do novo bebê. Este interessante e atual estudo salienta ainda as dificuldades encontradas por alguns pais em equilibrar a relação profissional e familiar durante o período perinatal. Os homens tendo maiores dificuldades de expressão podem optar exclusivamente pelo papel de provedor, passando muito mais tempo fora de casa a trabalhar, aumentando assim a sensação de competência laboral, mas diminuindo o tempo passado com o bebé e a sensação de ser eficaz a cuidar do bebé, aumentando a responsabilidade da mãe que terá de cuidar dele e desdobrar-se em tarefas (SINGLEY; EDWARDS, 2015). Outras pesquisas, como a de Kim e Swain (2007), realizadas sobre o tema, indicam que a depressão pós-parto paterna, poderia ser também desencadeada por fatores biológicos. No fim da gravidez e no período do pós-parto podem ocorrer nos homens uma diminuição do seu nível de testosterona, sendo que, esses níveis podem se manter baixos por vários meses depois do parto na maioria dos pais. Os cônjuges de mulheres com DPP parecem também mais susceptíveis a desenvolver quadros clínicos de depressão, favorecendo o aparecimento ou agravamento dos conflitos conjugais, e seus filhos mostram-se mais propensos a atraso no desenvolvimento cognitivo e social, distúrbios do sono, doenças diarreicas, distúrbios nutricionais e atraso no crescimento. (MELO et al., 2015) De acordo com Falceto et al. (2012), outro fator que pode contribuir no aparecimento da DPPP é que, no período pós-parto, aumentam as preocupações financeiras e, consequentemente, a dedicação do homem ao trabalho, o que pode diminuir ainda mais o tempo destinado ao relacionamento pai-filho. O medo de falhar nas tarefas de provedor, apoiador emocional e parceiro romântico está relacionado ao estresse psicológico paterno, levando, em muitos casos, ao desenvolvimento de sintomas depressivos. 130 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Há estudos que apontam que os pais podem desenvolver Depressão Pós-Parto e sofrimentos psíquicos, principalmente se presenciarem nascimento de gêmeos. (WENZE, BETTLE et al., 2015) A gravidez múltipla é um dos principais fatores de risco para a DPP, entre as hipóteses para isso está a maior exigência física e emocional, segundo a Psicóloga Gabriela Andrade da Silva, pesquisadora da USP (Universidade de São Paulo). (JORNAL CORREIO DO ESTADO, 2011). As consequências da depressão pós-parto podem ser divididas em precoces e tardias. As consequências precoces incluem: suicídio e/ou infanticídio (0,2% dos casos), negligências na alimentação do bebê, bebê irritável, vômitos do bebê, morte súbita do bebê, machucados “acidentais” no bebê, depressão do cônjuge e divórcio; já as tardias seriam: criança maltratada, desenvolvimento cognitivo inferior, retardo na aquisição da linguagem, distúrbio do comportamento e psicopatologias no futuro adulto. Desta forma, as repercussões de uma depressão pós-parto são múltiplas. A mulher que está sofrendo da síndrome corre o risco de suicídio, como em qualquer outra situação depressiva (GUEDES-SILVA et al., 2003). As relações familiares, em geral, podem ser afetadas pela DPPP: as relações interpessoais são perturbadas; o casal - se for o caso também sofre, o que pode provocar uma ruptura (GUEDES-SILVA et al., 2003). A alta prevalência de DPPP tem grandes implicações também sobre o bem-estar da criança. Mães e pais com DPP demonstram menos evidências de apego emocional a seus bebês e capacidade de estimular o seu desenvolvimento. Se ambos os pais experimentarem sintomas depressivos durante o período pós-parto, a interação entre a depressão da mãe e do pai pode acarretar um risco ainda maior para o desenvolvimento da criança (GUEDES-SILVA et al., 2003; FALCETO et al., 2012). CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste estudo foi possível identificar que as famílias em que os pais apresentam a Depressão Pós-Parto (DPP) sofrem alterações negativas após a manifestação dessa doença, uma vez que é muito difícil para o homem expressar seus sentimentos e suas dificuldades. Sendo a etiologia da DPP multifatorial, são importantes e necessárias algumas estratégias preventivas tais como: o trabalho Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 131 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA multiprofissional de psicólogos, assistentes sociais, médicos, enfermeiros e outros em atividades preventivas no Pré-Natal e criar grupos focais com acompanhamento terapêutico e reuniões de equipe, que poderão contribuir para o manejo preventivo da DPP, afastando o desenvolvimento do quadro ou permitindo novas possibilidades terapêuticas (NETO, ALVARES, 2013). Deve-se buscar, desde o período Pré-Natal, uma integração entre profissionais de diversas especialidades. Recomenda-se assim, que o pai seja incluído no maior número de consultas peri-natais possíveis (FALCELTO, FERNANDES, KELBER, 2012). Umas das práticas citadas por Bordignon, Cruz et. al (2014), para melhor relação pai-filho é oferecer ao pai a oportunidade de cortar o cordão umbilical do seu filho na hora do com o intuído de promover o envolvimento emocional do pai com o bebê. Este procedimento, em consonância com as práticas de humanização do parto salienta a importância da ressignificação da figura paterna contemporânea. Sobreira e Pessoa (2012) relatam que o que se tem percebido é que a maioria dos casos de depressão pós-parto não tem sido detectada e com isso permanecem sem tratamento, sendo seu diagnóstico precoce extremamente importante, pois somente dessa forma é possível prevenir possíveis agravos e impactos na qualidade de vida dos pais e do desenvolvimento do bebê. Considerada uma das doenças de maior impacto social do mundo, a depressão transformou-se em problema de saúde pública, doença grave e muitas vezes incapacitante que se tratada inadequadamente pode causar prejuízos tanto para os pacientes, como para a sociedade. (LANDIM et al., 2014). Este estudo buscou chamar a atenção dos profissionais de Saúde, para a necessidade de se desenvolver ações que contemplem conhecimentos e assistência também aos pais desde a gestação dos seus filhos até o puerpério, essencial para a formação do vínculo pai-filho. REFERÊNCIAS BORDIGNON, S.S; CRUZ, V.D et. al. Sentimentos, sensações e emoções dos pais que vivenciaram o nascimento de sus filhos, 132 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 2014. Disponível em: <http://www.scielo.cl/pdf/cienf/v22n1/ art_11/pdf>. Acesso em: set. de 2016. BORNHOLDT, E. A.; WAGNER, A.; STAUDT, A. C. P. A vivência da gravidez do primeiro filho à luz da perspectiva paterna. Psicologia Clínica, Rio de Janeiro, v. 19, n. 1, p. 75-92, 2007. Acesso em: set de 2016. BORNHOLDT, E. A.; WAGNER. A. A gravidez à luz da perspectiva paterna: aspectos relativos a transgeracionalidade. In: WAGNER, A. 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Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF DISFORIA DE GÊNERO, SEUS ASPECTOS BIOLÓGICOS, COMPORTAMENTAIS, INTERVENÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL: REVISÃO DE LITERATURA José Luís Fuzer¹, Juliana Marques Barboza¹, Vitória Zocca Nunes de Barros¹, Graziele Kerges Alcantara² RESUMO Este estudo tem como objetivo realizar uma revisão de literatura sobre estudos que abordem a disforia de gênero, buscando evidenciar aspectos biológicos e comportamentais, assim como intervenções e a inclusão social.Método: foi realizada uma revisão de literatura sobre estudos que abordam a disforia de gênero, buscando evidenciar aspectos biológicos e comportamentais, assim como intervenções e a inclusão social destinada a essa população.Considerações finais: Pode-se concluir a partir dos achados apontados pelos autores ser necessário que o individuo desenvolva autoconhecimento e se conscientize junto com a sociedade sobre a liberdade de escolha perante o direito de ser como se identifica, como também ser reconhecido como tal, assim como o assunto continua polêmico e ainda há poucas informações técnicas sobre o mesmo. Palavras chaves: transexualidade, disforia, gêneros. 1 Dicente do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF Docente do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF E-mail: [email protected], [email protected] , [email protected] , [email protected] 2 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 137 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 1.INTRODUÇÃO Após a II guerra mundial os movimentos feministas criaram força e fundamentaram as questões de distinções sociais que relacionava ao sexo biológico de nascimento, em função da desigualdade, onde havia um poder masculino sobre o feminino. O movimento feminista originou o termo ‘gênero’ a fim de melhorar o conceito de que as diferenças entre o feminino e o masculino não dependiam do sexo biológico, mas sim de inúmeros fatores, como ambientais, culturais, etc. Judith Butler, em 1990, contesta sobre a caracterização de acreditarem em identidades fixas, uma personalidade definida para homens e uma personalidade distinta definida para mulher, onde os papéis de cada um eram concretos e não podiam ser mudados. Para a autora, o gênero vinha muito além de modalidades de identidade, a orientação sexual ou qualquer aspecto de sexualidade não estão relacionados. Joan Scott, em 1999, definiu o gênero como um elemento constituído de relações sociais apoiados pelas diferenças dos sexos, este termo dá ênfase a todo um sistema que podem incluir o sexo, porém não é determinado por ele nem pela orientação sexual (SPIZZIRRIL, PEREIRA, ABDO, 2014). Na história foi preciso ter uma introdução sobre a definição do termo gênero a partir do surgimento de conflitos de alguns indivíduos sobre o seu sexo biológico com o sexo a ser desejado. O papel desempenhado na sociedade perante a identificação do dito “sexo feminino/masculino”, após ser adotado sobre os indicadores do sexo biológico não poderiam vir a serem utilizados da mesma maneira. Desta forma, o termo gênero começou a ser utilizado para denotar o papel do indivíduo na sociedade desempenhado como menino ou menina/homem ou mulher. Designação de gênero refere-se à designação inicial como homem ou mulher. O termo começou a fazer parte do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM) da Associação Psiquiátrica Americana (APA), apenas em 1994, sendo que a primeira edição do DSM foi em 1952. Segundo a APA, no DMS-V (2014), a disforia de gênero decorre de uma incongruência do gênero que foi designado no nascimento e o gênero ao qual pretende adquirir. Este estudo tem como objetivo realizar uma revisão de literatura sobre estudos que abordem a disforia de gênero, buscando evidenciar 138 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF aspectos biológicos e comportamentais, assim como intervenções e a inclusão social. 2.MÉTODO Foi realizado o levantamento bibliográfico nas principais bases de bases de artigos periódicos nacionais Scielo e Bireme, utilizando os termos transexualidade, disforia, gêneros. 3.REVISÃO DE LITERATURA Segundo a APA, no DSM-V (2014), a disforia de gênero varia com a idade, determinando critérios diagnósticos para crianças, adolescentes e adultos. Os critérios para crianças são definidos predominantemente de maneira comportamental. Crianças jovens (podendo se desenvolver entre as idades de três e quatro anos de idade), são menos propensas do que crianças mais velhas, adolescentes e adultos a expressar disforia anatômica extrema e persistente. Muitos dos critérios básicos fundamentam-se nas diferenças comportamentais de gênero bem comprovadas entre meninos e meninas com desenvolvimento normal. Em adolescentes e adultos, a incongruência entre gênero experimentado e sexo biológico é uma característica central do diagnóstico. Fatores relacionados ao sofrimento também variam com a idade. Crianças muito jovens podem demonstrar sinais de angustia somente quando os pais dizem que ela ou ele não é “realmente” membro do outro gênero, mas apenas “deseja” ser. O sofrimento pode não se manifestar em ambientes sociais que apoiam o desejo da criança de viver o papel do outro gênero e pode surgir somente se houver alguma interferência nesse desejo (APA, 2014). Prejuízos como rejeição da escola, desenvolvimento de depressão, ansiedade e abuso de substâncias podem ser consequências da disforia de gênero (APA, 2014; ARÁN, MURTA, 2009). Em crianças há insistência em falar sobre pertencer a outro sexo, elas chamam a si mesmo pelo nome referente ao sexo oposto e criam fantasias persistentes. A angustia de mudanças sexuais permanecem secundárias durante a puberdade e resultam em isolamento durante Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 139 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA interações sociais. Os meninos com disforia de gênero frequentemente não gostam do próprio pênis e testículos desejando o desaparecimento dos seus genitais. As meninas tendem a se recusarem a urinar sentadas e adquirirem aversão às roupas femininas. Os adolescentes e adultos, assim como as crianças também experimentam intenso desejo de pertencerem ao sexo oposto, porém buscam adaptar-se a grupos do sexo biológico a que pertencem. O desejo de viver e ser tratado como o sexo oposto é claramente percebido, apresentando desconforto com seu sexo biológico, inadequação no papel de gênero dado e grande preocupação em livrar-se das características sexuais primárias e secundárias, como seios, pelos faciais e definição muscular (CARDOSO, 2005; APA, 2014). Pessoas com disforia de gênero podem desenvolver sofrimento ou prejuízo em áreas sociais e ou ocupacionais, o que pode afetar na autoestima e escolha de parceiros sexuais. Resultam em sofrimentos de ordem psíquica como transtornos de ansiedade, depressão e sentimentos suicidas (CARDOSO, 2005) Lima Santos (2010), ensina que é importante ter a percepção das diferenças existentes entre a identidade de gênero de uma pessoa, a sua orientação sexual e o gênero em si, pois são conceitos ainda muito confundidos. O gênero é um processo de auto identificação, do seu corpo pessoal e sua personalidade, referente ao físico, ou seja como o próprio individuo se auto identifica, ser pertencente ao gênero masculino, ao feminino, à androginia (características femininas e masculinas em um único ser) ou a fuga completa desses dois polos. A orientação sexual é a atração afetiva sexual que tem por alguém independente do gênero que ela se identifica. Uma dimensão não depende da outra, não há uma norma de orientação sexual em função do gênero das pessoas, assim, nem todo homem e mulher é “naturalmente” heterossexual. Sendo assim, a identidade de gênero não corresponde à realidade em pensar que toda pessoa é naturalmente cisgênero. A identidade diz respeito ao gênero com o qual você se identifica enquanto sujeito, ou seja, o indivíduo pode se identificar com algum gênero diferente do designado no seu nascimento e ter atração afetiva sexual pelo mesmo, ou não. 140 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A doutora em psicologia, Jaqueline Gomes Jesus (2012), esclarece didaticamente as diferenças existentes entre a transgeneridade e a cisgereneridade, aproveitando a oportunidade para conceituá-las de maneira que não seja discriminatória (OLIVEIRA & PORTO, 2016): Crescemos sendo ensinados que “homens são assim e mulheres são assado”, porque “é da sua natureza”, e costumamos realmente observar isso na sociedade. Entretanto, o fato é que a grande diferença que percebemos entre homens e mulheres é construída socialmente, desde o nascimento, quando meninos e meninas são ensinados a agir de acordo como são identificadas, a ter um papel de gênero “adequado”. Como as influências sociais não são totalmente visíveis, parece para nós que as diferenças entre homens e mulheres são naturais, totalmente biológicas, quando, na verdade, parte delas é influenciada pelo convívio social. Além disso, a sociedade em que vivemos dissemina a crença de que os órgãos genitais definem se uma pessoa é homem ou mulher. Porém, essa construção do sexo não é um fato biológico, é social. [...] Sexo é biológico, gênero é social. E o gênero vai além do sexo: O que importa, na definição do que é ser homem ou mulher, não são os cromossomos ou a conformação genital, mas a auto percepção e a forma como a pessoa se expressa socialmente. [...] Chamamos de cisgênero, ou de “cis”, as pessoas que se identificam com o gênero que lhes foi atribuído quando ao nascimento. [...] denominamos as pessoas não-cisgênero, as que não se identificam com o gênero que lhes foi determinado, como transgênero ou trans.[...] A transexualidade é uma questão de identidade. Não é uma doença mental, não é uma perversão sexual, nem é uma doença debilitante ou contagiosa. Não tem nada a ver com orientação sexual, como geralmente se pensa, não é uma escolha nem é um capricho. Ela é identificada ao longo de toda a História e no mundo inteiro. [...] Uma parte das pessoas transexuais reconhece essa condição desde pequenas, outras tardiamente, pelas mais diferentes razões, em especial as sociais, como a repressão (JESUS, 2012, Pp 7-12). Percebe-se, assim, a importância em se respeitar o gênero ao qual uma pessoa se identifica; não se trata de doença ou transtorno mental, mas de mera condição natural, de performance, autodeterminação e subjetividade pura (OLIVEIRA & PORTO, 2016). 3.1 INTERVENÇÃO E A INCLUSÃO SOCIAL O psicólogo atua primeiramente no auxílio de autoconhecimento do paciente direcionando-o para uma adequação que lhe proporciona bem-estar, compreendendo e intervindo no conflito pessoal através da aflição que a paciente passa quando se encontra incongruente com sua identidade de gênero. O profissional carece de empatia e Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 141 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA conhecimentos judiciários para compreender o sofrimento psíquico da atual situação do paciente (REIS, MARCO, 2014). Compreender e intervir no conflito singular de identidade, perante a incongruência do desenvolvimento dos caracteres físicos secundários com os sentimentos do indivíduo. Percebe-se que muitos pela ausência de informações e assistência na situação “ter nascido em um corpo de homem, mas se sentir uma mulher” movem ações de automutilação podendo mesmo chegar ao limite do suicídio. “O psicólogo pode mediar à produção de novas realidades e (re)inserção, abolindo preconceitos potencializando a vida e a existência dos transexuais.” (p-126). A terapia é necessária para a preparação do transexual nas dificuldades sociais ainda decorrentes do preconceito prevalecente. Na terapia o indivíduo através do autoconhecimento proporcionado pelo profissional é capacitado a estar se aceitando e podendo assim se reinserir no meio social, familiar e trabalhista (BENEDET, ALMEIDA, MACHADO, RIBEIRO, NEHLS, 2013). As maiores dificuldades na psicoterapia é tratar a confiança, a autoestima do paciente e trabalhar com ele o auto preconceito. O preconceito que passam no meio social acaba sendo designado a si mesmos, muitos transexuais quando vão à procura de contatos profissionais de saúde, detém uma autoimagem relacionada a ser uma “aberração” ou “monstro”, e depositam na Medicina a salvação ou a condenação ao seu estado. Primeiro o profissional precisa lidar com o aspecto pessoal do paciente com ele mesmo e então tratar o preconceito social e fazê-lo entender que necessita se perceber, se conhecer, se aceitar e respeitar as suas diferenças, e então refletir sobre como as pessoas, no dia a dia tem dificuldades para lidarem com isto, e ajuda-lo a lutar para que os consigam perceber e também respeitar as diferenças do “transexualismo” (REIS, MARCO, 2014). No Brasil, segundo o decreto N° 51.180/2010 a autorização do nome social em ações públicas e lugares com inclusão social é permitida. Tendo o indivíduo todos os direitos fundamentais, constituem também o direito ao nome social. É fundamental que este direito seja constituído, o reconhecimento formal do nome social tutela a dignidade dos transexuais e influência no aprimoramento à inclusão social, evitando situações de 142 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF constrangimento. A importância de tal concretização representa para o indivíduo o primeiro e mais importante passo para a sua identificação pessoal, sendo também a categorização da sua personalidade, individualidade e reconhecimento familiar, social e civil. Pesquisas elaboradas pela gazeta do povo 2009 relatam que o preconceito e o constrangimento causados na escola através das dificuldades que os transexuais sofrem para conquistarem o nome social é a maior causa de não completarem os estudos (MARANGONI, 2015). Sendo eficaz o procedimento do paciente obter reconhecimento e aceitação com o gênero desejado, o procedimento da cirurgia de redesignação sexual é a intervenção concedida para a finalização do procedimento em concretizar o processo. A cirurgia de transgenitalização (cirurgia de redesignação sexual) é significante para uma possibilidade maior de integração individual e social do indivíduo já que a partir deste ato, todas os documentos e quaisquer situações relacionadas ao indivíduo serão tratadas com o nome e o gênero escolhido pelo própria. Virá a oportunidade de eliminar sua dualidade sexual para que se afirme na qualidade em que seu sexo psicológico o define (REIS, MARCO, 2014 & MARANGONI, 2015). Os procedimentos desenvolvidos para a cirurgia de mudança de sexo vêm sendo aprimorados, a construção artificial da genitália masculina e feminina está ficando cada vez mais similar na aparência e na funcionalidade. O objetivo é atender às ansiedades e a expectativa dos pacientes transexuais. Hoje existem diversas técnicas e diferentes procedimentos disponíveis, o que aumenta as possibilidades daqueles que desejam optar por tal procedimento. As cirurgias são irreversíveis, por esta razão é fundamental o esclarecimento para o indivíduo de todas as consequências, sejam funcionais ou estéticas dos procedimentos, assim como o esclarecimento sobre os possíveis riscos. Procurar contatos prévios com os médicos e com pacientes que já realizaram as cirurgias é indicada para melhor auxiliar na tomada da decisão em relação à ocorrência ou não da cirurgia (CARDOSO, 2005 & MAKSOUD, PASSOS, PEGORARO, 2014). No caso de redesignação sexual de mulheres transexuais, são empregadas: a retirada ou o desmembramento do pênis, a retirada parcial do escroto, orquiectomia bilateral, uretroplastia, construção Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 143 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA da neovagina, neoclitoroplastia e neovulvoplastia. Para a modificação dos caracteres sexuais secundários são empregadas a mamoplastia, cricotireoplastia, cirurgia de cordas vocais, cirurgia feminilizante de face e contorno corporal e realização de depilação definitiva. Para cada etapa da tática cirúrgica, seja para a transgenitalização, seja para a modificação dos caracteres secundários, são empregadas diferentes técnicas. Os autores ressaltam que nem todas as cirurgias de modificação de caracteres sexuais secundários são aplicáveis a todas as usuárias, e dependem de resultados da hormonioterapia feminilizante (ÁRAN & MURTA, 2009 apud MAKSOUD, PASSOS, PEGORARO, 2014). Já na redesignação sexual de homens transexuais, classificada como uma cirurgia experimental, as táticas cirúrgicas empregadas envolvem: a histerossalpingo-oforectomia, a colpectomia, a neofaloplastia e a escrotoplastia. Tal qual no caso de transgenitalização de mulheres transexuais, no caso de homens, levase em conta a diversidade de técnicas para cada uma das etapas cirúrgicas. Nesses casos, a mastectomia bilateral é definida como cirurgia de caractere sexual secundário e pode ser realizada antes (ou independentemente) da cirurgia genital. (ÁRAN & MURTA, 2009 apud MAKSOUD, PASSOS, PEGORARO, 2014). Para a legalização da cirurgia de transgenitalização ocorreram inúmeras discussões que começaram a terem repercussões no Brasil em 1979, quando o Conselho Federal de Medicina foi consultado pela primeira vez sobre a inclusão de próteses mamarias em pacientes do sexo masculino. No ano de 1997 ocorreu a primeira manifestação favorável à realização de cirurgia de transgenitalização no “I Encontro Nacional dos Conselhos de Medicina”. Nesse Encontro a cirurgia foi considerada a etapa mais importante no tratamento do “transexualismo”. Inicialmente o procedimento foi justificado pelo princípio da beneficência da Bioética que possibilita a integração entre o corpo e a identidade sexual psíquica do interessado (CARDOSO, 2005). A cirurgia de transgenitalização e as hormonioterapias em casos de “transexualismo” tornaram-se procedimentos médicos legais no Brasil em 1997, a partir da regulamentação de suas condições na resolução nº1.482/97 do Conselho Federal de Medicina, que logo após, em 2002, foi revogada pela resolução do CFM nº1652/2002, que permanece em vigor. 144 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 4 -CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo teve como objetivo realizar um levantamento bibliográfico buscando evidenciar aspectos biológicos e comportamentais, assim como as intervenções e a inclusão social disponíveis a essa população. Pode-se concluir a partir dos achados apontados pelos autores que o assunto continua polêmico e ainda há poucas informações técnicas sobre o mesmo. Esta população não é inteiramente aceita pela sociedade, tornando-se vítima de preconceito e discriminação. Uma parte da sociedade e algumas religiões consideram a disforia de gênero muitas vezes como um comportamento inadequado, podendo levar o indivíduo a acreditar que aceitar sua condição biológica e conviver com esse fato seria a melhor opção. Ao revisarmos a literatura constatamos ser necessário que o individuo desenvolva autoconhecimento e se conscientize junto com a sociedade sobre a liberdade de escolha perante o direito de ser como se identifica, como também ser reconhecido como tal. 4.REFERÊNCIAS AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 5 Ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. ARAUJO, M. C. Setorial LGBT: a invisibilidade da diversidade sexual e de gênero no Direito: PALESTRA. XXXVI Encontro Nacional de Estudantes de Direito. 29 de julho de 2015. ARÁN, M.; MURTA, D. Do diagnóstico de transtorno de identidade de gênero às redescrições da experiência da transexualidade: uma reflexão sobre gênero, tecnologia e saúde. Revista de Saúde Coletiva, RJ, 2009. BENEDET, A. M.; ALMEIDA, C.; MACHADO, I. M.; RIBEIRO, S.; NEHLS, S. S. Psicologia e transtorno de identidade de gênero. 2º Simpósio de Integração Científica e Tecnológica do Sul Catarinense – SICT-Sul, 2013. CARDOSO, F. Inversões do papel de gênero: “drag queens”, travestismo e transexualismo. Psicol. Reflex. Crit. Porto Alegre. V. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 145 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 18, n. 3, p. 421-430, Dec. 2005 . FELISBERTO, J. G.; BARACAT, J. Transexualidade: as particularidades da condição Trans Homem. RCE. PSI. V. 24, nº 1, 2015. HOGEMANN, E. R. Direitos humanos e diversidade sexual: o reconhecimento da identidade de gênero através do nome social. Revista da SJRJ, 2014. JESUS, J. G. Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos: guia técnico sobre pessoas transexuais, travestis e demais transgêneros, para formadores de opinião. Revisão de conteúdo: Berenice Bento, Luiz Mott, Paula Sandrine. Brasília, 2012. LIMA, S.,M.F.A Sexo genero e identidade: a clinica diferenciada da transexualidade. construção dos dispositivos da transsexualidade. Cap 284, pg 87. MAKSOUD, F. 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O gênero é uma característica mutável e não um atributo fixo, e é construído socialmente como uma variável fluida, fica mais que explicita a dimensão do problema. Palavras-chave: Cultura do Respeito. Diversidade. Educação Básica. Gênero. Problema Social. Sexualidade. ¹ Acadêmico do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral- FAEF. Email para contato: [email protected] ² Acadêmico do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral- FAEF. Email para contato: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 147 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT Presenting the respect for gender diversity culture, encouraging understanding of sexuality and showing the gap in the Brazilian educational system as well as reveal the necessary urgency of this methodological application of teaching in basic education to enhance the magnitude of the social problem caused by the lack of their implementation in the educational system of the country it has been the intention of this proposal. Think about gender is also thinking about freedom and citizenship, and this pretext, to find the necessary justification to validate this educational practice becomes intelligible. If gender is a mutable characteristic and not a fixed attribute, and is socially constructed as a fluid variable makes it explicit that the scale of the problem. Keywords: Basic education. Diversity. Genre. Respect Culture. Sexuality. Social issue. 1 INTRODUÇÃO Identidade não é algo inato ao ser, é relacional e portanto dependente de vários fatores para se definir em sua totalidade. Isso implica dizer que a identidade traz a afirmação de si próprio, enquanto a diferença afirma o que o outro é, ou seja, a diferença nega que eu sou aquilo que o outro é (FRANCISCA, 2015). Silva (2012) explica: “as afirmações sobre a diferença também dependem de uma cadeia, em geral oculta, de declarações negativas sobre (outras) identidades. Assim como a identidade depende da diferença, a diferença depende da identidade. Identidade e diferença são, pois, inseparáveis” (p. 75). Entender identidade em um contexto pósmoderno só é possível quando se é levado em consideração o “sujeito pós-moderno” e suas variadas identidades, Hall (2011) afirma que esta é móvel, inconstante, fragmentada e contraditória, é “formada e transformada continuamente em relação às formas pelas quais somos representados ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam” (p. 13). Desse modo, é cabível o pensamento de que em um único sujeito se torne possível a possibilidade de existir várias formas de identidade e isso se deve “à medida que os sistemas de significação e representação cultural se multiplicam” (p. 13). Por 148 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF fim, é inteligível a forma de pensar que identidade ou identidades é/são construída/s historicamente e partem de uma relação com algo externo ao sujeito. O fator diferente nele é o que me torna singular (FRANCISCA, 2015). Gênero por sua vez começa ser usado com o objetivo de enfatizar nossas relações, papeis e características a partir de nosso sexo biológico, o que nos é fundamentalmente atribuído pela nossa condição social (JOAN SCOTT, 1995). Masculinidade e feminidade não são questões inatas ao ser, mas algo aprendido, portanto, a construção da identidade de gênero é baseada substancialmente das relações socioculturais. A autora explica: A masculinidade ou a feminidade de uma pessoa não é inata nem natural, mas algo que é aprendido, que é constantemente retrabalhado e reconfigurado, além de encenado para o self e para os outros. São estados ativos, pois não são apenas o que somos, mas o que fazemos, como nos apresentamos, como pensamos sobre nós próprios em tempos diversos e em lugares específicos (PAECHTER, 2009, p. 24). O desenvolvimento infantil é continuamente ensaiado e encenado, tornando mais que explicito o entendimento de que a construção da identidade de gênero é baseado na incorporação que se provem das relações socioculturais (FRANCISCA, 2015) então, “dizem respeito à identificação dos sujeitos com configurações de masculinidade ou de feminilidade” (CARVALHO, ANDRADE, JUNQUEIRA, 2009, p. 27). Em síntese, gêneros são identidades performativas e baseiam-se por meio das relações socioculturais e das características masculinas e femininas que são empregadas em sua incorporação. Contudo, não são obrigatoriamente fixadas em nossos corpos biológicos nem tampouco estabelecem razão do sexo ao ser. Identidade de gênero é opcional e totalmente livre arbitraria, atribuir e disseminar qualquer ideia diversa é retrogradação. Identidade é critério pessoal de escolha e não mais modo característico atribuído (CARVALO, ANDRADE, JUNQUEIRA, 2009). 2 GÊNERO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Entendo como sociedade progressista um agrupamento que enalteça a equidade no que se refere a construção de identidades Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 149 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA plurais, e que sejam igualmente valorizadas pelo setor social (FRANCISCA, 2015). A teoria feminista entende o conceito de gênero sendo como uma construção social, cultural, histórica e além de tudo educacional, e sabe que os valores de ordem social são atribuídos de forma instituída, mais do que nunca, estereótipos de gêneros precisam ser solucionados (CARVALO, ANDRADE, JUNQUEIRA, 2009). A escola tem como finalidade gravar em nossos corpos biológicos as diferenças de gênero, produzindo e reproduzindo normas estabelecidas culturalmente que são em essência heterossexistas, misóginos e/ou homófobos. Mas, é nessa etapa que se aprende a preferir, é nesse ciclo que todos os sentidos são treinados e todas lições atravessadas, nos produzindo diferenças, nos resultando singulares. O comportamento nesse período é imposto, devem se comportar segundo seu sexo, e se porventura houver alguém contrário a norma, será logo classificado como desviante de gênero e eventualmente recolocado (CARVALHO, 2014; LOURO, 2013; PAECHTER, 2009). Nessa acepção, Louro (2003) nos ressalta, dizendo: Gestos, movimentos, sentidos são produzidos no espaço escolar e incorporados por meninos e meninas, tornam-se parte de seus corpos. Ali se aprende a olhar e a se olhar, se aprende a ouvir, a falar e a calar; se aprende a preferir. Todos os sentidos são treinados, fazendo com que cada um e cada uma conheça os sons, os cheiros e os sabores “bons” e decentes e rejeite os indecentes; aprenda o que, a quem e como tocar (ou, na maior parte das vezes, não tocar); fazendo com que tenha algumas habilidades e não outras... E todas essas lições são atravessadas pelas diferenças, elas confirmam e também produzem diferença (p. 61). O gênero é tendente a uma forma de organizar o mundo, estabelecendo os ambientes adequados para as meninas e meninos, e é como se sem a identidade de gênero, sem a distinção do que é semelhante e diferente as crianças não conseguissem adentrar em um grupo. A importância da equidade de gênero e educação não sexista é deixada em segundo plano, as instituições de educação infantil separam as crianças em razão do sexo e continuam por fazer isso mesmo sendo evidente a irregularidade que isso causa em sentido interpessoal, como por exemplo o machismo e ou a homofobia que são problemas consequentes dessa defasagem (FRANCISCA, 2015; PAECHTER, 2009; CARVALHO, 2014). 150 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A construção de gênero é fundamentada na educação infantil, e é seguro dizer que é alicerçada sob diversas situações de inúmeras aprendizagens práticas de como ser, o que se deve ser, através de modos explícitos ou completamente dissimulados em instancias sociais e culturais (LOURO, 2008). Se a necessidade de uma reforma no domínio escolar é urgente, a restruturação na esfera familiar é improrrogável, agir nesse contexto é primordial para a excelência futura desse conceito. Estruturar a família e a consciencializar do detrimento que é gerado, é parte crucial para formarmos uma sociedade mais condescendente. Os conceitos de sexo e gênero estão obsoletos e se encontram firmemente estruturados em uma sociedade que muda vagarosamente, crianças –principalmente as da primeira infância– necessitam de uma nova e estruturada imagem sobre o que vem a ser gênero, e sobre qual perspectiva deve-se adotar em seu processo de aprendizagem. O esforço é por um ensino sem “coisa de menino” e “coisa de menina”, a escola tem que a acreditar que pode ser parceira da família, e o preconceito não é vencido de uma hora pra outra (ELEUTÉRIA AMORA DA SILVA – PORTAL TERRA, 2015) Crianças crescem e se tornam aquilo que se esperam delas, o modelo a ser seguido define o que serão suas vidas e como suas individualidades serão construídas através desse contexto. O perfil de gênero que se espera das crianças constrói o paradigma comportamental, os meninos são socializados para serem mais desobedientes e agitados, as meninas, organizadas e caprichosas e isso acaba por refletir nos resultados das crianças e em seu desenvolvimento adulto (MARÍLIA PINTO DE CARVALHO, 2015) Dito isso, vale relatar um estudo realizado em 2014 pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que constata a discrepância entre o desenvolvimento das crianças, em geral, as meninas apresentaram um resultado ínfero em matérias como matemática se comparadas aos meninos da mesma série, e isso se deve diretamente à falta de confiança que elas possuem em si mesmas e em relação aos números, ocasionando uma diferença de 11 pontos entre crianças da mesma sala, equivalente a três meses de aula. Enquanto as garotas destacaram na leitura uma diferença de 38 pontos quando comparadas aos meninos, o que resulta em quase um ano escolar inteiro de diferença. Fica claro a disfunção Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 151 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA gerada pela educação sexista que repete o mesmo discurso insistentemente e que não abre espaço para que o comportamento possa ser outro. Para descobrir se um brinquedo é para meninas ou meninos basta se perguntar se para brincar precisa-se usar os órgãos genitais? Se sim, não é brinquedo de criança. Se não, é para ambos os sexos. A distorção na compreensão da realidade pela catalogação de objetos, cores e roupas, por exemplo, é um fator prejudicial ao processo de formação dessas crianças, o saudável é que ela explore suas alternativas sem julgamentos (MARÍLIA PINTO DE CARVALHO, 2015). A educação sexual deve ser implementada em nosso corpo social de uma forma que construa conhecimento não vinculado com qualquer tipo de ideia que associe a sexualidade à impureza ou coisa profana (GONÇALVES, FALEIRO & MALAFAIA, 2013). Por fim, fica mais que apropriado circunscrever-se com as palavras do autor (MICHEL FOUCAULT, 1988), transparecendo-nos: “As crianças, por exemplo, sabe-se muito bem que não têm sexo: boa razão para interditá-lo, razão para proibi-las de falarem dele, razão para fechar os olhos e tapar os ouvidos onde quer que venham a manifestá-lo, razão para impor um silêncio geral e aplicado. Isso seria próprio da repressão e é o que a distingue das interdições mantidas pela simples Lei penal: a repressão funciona, decerto, como condenação ao desaparecimento, mas também como injunção ao silêncio, afirmação da inexistência e, consequentemente, constatação de que, em tudo isso, não há nada para dizer, nem para ver, nem para saber. Assim marcharia, com sua lógica capenga, a hipocrisia de nossas sociedades burguesas. (p.10)” 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS A educação sendo como um estímulo a mudar os valores de uma sociedade e a construção de uma coletividade baseada na igualdade, que se necessita por ser implantada, tanto na escola quanto em casa tendo como abordagem a igualdade de gênero e a educação não sexista, precisam entrar em compasso com o diálogo que requer ser originado entre instituição e família. Oferecer leques amplos de opções para alunos quanto aos seus interesses e brincadeiras é obrigatório e a concepção de igualdade deve estar realmente presente nas aulas e em casa. Otimizar o conceito já existente e elucidar sua importância em contexto social é necessário tanto como 152 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF atribuir uma desconstrução preconceituosa em nossa cultura, o processo é vagaroso e de difícil implementação, mas primordial. É válido reconhecer a iniciativa do documento em abordar gênero, lembrando que não existia no Brasil nenhuma referência anterior (FRANCISCA, 2015); Salvo o único documento que orienta as práticas pedagógicas na Educação Infantil, mas ainda pouco disseminado, que tem como objetivo (BRASIL, 1998) “transmitir por meio de ações e encaminhamentos, valores de igualdade e respeito entre as pessoas de sexos diferentes” (p. 41-42). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL, Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI). v. 2 (Formação Pessoal e Social). Ministério da Educação e do Desporto. Brasília: MEC/SEF, 1998. CARVALHO, Maria Eulina Pessoa de. Construções de desconstruções de gênero na instituição de educação infantil. In. 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Educação Sexual no Contexto Familiar e Escolar: Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 153 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Impasses e Desafios. Campus Urataí, Goiás, 2013. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 11 ed. 1 reimp. Rio de Janeiro. DP&A, 2011. Tradução: Tomaz Tadeu da Silva e Guacira Lopes Louro. LOURO, Guacira Lopes. Gênero e sexualidade: pedagogias contemporâneas. Pró-posições, v. 19, n. 2 (56), p. 17-23, maio/ ago. 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pp/v19n2/ a03v19n2.pdf. Acesso em: 16 set 2016 __________. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. 6 ed. Petrópolis. Vozes, 2003. MALAFAIA, G. Educação Sexual no Contexto Familiar e Escolar: Impasses e Desafios. Campus Urataí, Goiás, 2013. PAECHTER, Meninos e meninas: aprendendo sobre masculinidades e feminidades. Porto Alegre. Artmed, 2009. Tradução: Rita Terezinha Shcmidt. 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Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF EDUCAÇÃO DE GÊNERO: IMPASSES E DESAFIOS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL NA CONTEMPORANEIDADE RODRIGUES, Thales Del Vechio¹ GERALDO, Lorena Brunieri¹ FONSECA, Bárbara Cristina Rodrigues² RESUMO Contextos do desenvolvimento humano como a escola e a família gravam em nossos corpos biológicos as diferenças de gênero, produzindo e reproduzindo normas estabelecidas culturalmente. Este artigo, de revisão bibliográfica, tem como objetivo apresentar a influência cultural em relação à diversidade de gênero, evidenciando impasses e desafios para a Educação Infantil na contemporaneidade. Busca, neste sentido, evidenciar a urgência de uma nova abordagem metodológica de ensino, capaz de ressignificar os estereótipos de gêneros impregnados socialmente. Os autores pesquisados concordam que, pensar em gênero implica refletir na inclusão de cidadania, liberdade e respeito ao diferente, em todos os contextos. Palavras-chave: Cultura. Diversidade. Educação Infantil. Gênero. ¹ Acadêmico do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral- FAEF. Email: [email protected] ¹ Acadêmico do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral- FAEF. Email: [email protected] ² Docente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral. E-mail: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 155 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT Contexts of human development as the school and the family record in our biological bodies gender differences, producing and reproducing standards established culturally. This article, literature review, aims to present the cultural influence in relation to gender diversity, showing impasses and challenges for Early Childhood Education in contemporaneity. Search this sense, highlight the urgency of a new methodological approach to teaching, able to reframe stereotypes impregnated genres socially. The authors surveyed agree that, think of gender implies reflect the inclusion of citizenship, freedom and respect for the different, in all contexts. Keywords: Culture. Diversity. Child education. Genre. 1INTRODUÇÃO A identidade não pode ser compreendida como inata e sim relacional, uma vez que dependente de vários fatores para se definir em sua totalidade. Isso implica dizer que a identidade traz a afirmação de si próprio, enquanto a diferença afirma o que o outro é, ou seja, a diferença nega que eu sou aquilo que o outro é (SILVA, 2015). Silva (2012) explica: “as afirmações sobre a diferença também dependem de uma cadeia, em geral oculta, de declarações negativas sobre (outras) identidades. Assim como a identidade depende da diferença, a diferença depende da identidade. Identidade e diferença são, pois, inseparáveis” (p. 75). Entender identidade em um contexto pós-moderno só é possível quando se é levado em consideração o “sujeito pós-moderno” e suas variadas identidades. Neste sentido, Hall (2011) afirma que esta é móvel, inconstante, fragmentada e contraditória; “formada e transformada continuamente em relação às formas pelas quais somos representados ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam” (p. 13). Desse modo, é cabível o pensamento de que em um único sujeito se torne possível a possibilidade de existir várias formas de identidade e isso se deve “à medida que os sistemas de significação e representação cultural se multiplicam” (p. 13). Por fim, é inteligível a forma de pensar que identidade ou identidades é/são construída/s historicamente e partem de uma relação com algo externo ao sujeito. O fator diferente 156 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF nele é o que me torna singular (FRANCISCA, 2015). Gênero, por sua vez, começa ser usado com o objetivo de enfatizar nossas relações, papeis e características a partir de nosso sexo biológico, o que nos é fundamentalmente atribuído pela nossa condição social (JOAN SCOTT, 1995). Masculinidade e feminidade não são questões inatas ao ser, aprendidas. A construção da identidade de gênero é baseada substancialmente das relações socioculturais. A autora explica: A masculinidade ou a feminidade de uma pessoa não é inata nem natural, mas algo que é aprendido, que é constantemente retrabalhado e reconfigurado, além de encenado para o self e para os outros. São estados ativos, pois não são apenas o que somos, mas o que fazemos, como nos apresentamos, como pensamos sobre nós próprios em tempos diversos e em lugares específicos (PAECHTER, 2009, p. 24). O desenvolvimento infantil é continuamente ensaiado e encenado, tornando mais que explicito o entendimento de que a construção da identidade de gênero é baseado na incorporação que provêm das relações socioculturais (SILVA, 2015), então, “dizem respeito à identificação dos sujeitos com configurações de masculinidade ou de feminilidade” (CARVALHO et. al. 2009, p. 27). Em síntese, gêneros são identidades performativas e baseiam-se por meio das relações socioculturais e das características masculinas e femininas que são empregadas em sua incorporação. Contudo, não são obrigatoriamente fixadas em nossos corpos biológicos nem tampouco estabelecem razão do sexo ao ser. Identidade de gênero é opcional e totalmente livre arbitrária, atribuir e disseminar qualquer ideia diversa é retrogradação. Identidade é critério pessoal de escolha e não mais modo característico atribuído (CARVALO et al, 2009). Na contemporaneidade, os conceitos de sexo e gênero estão obsoletos e se encontram firmemente estruturados em uma sociedade que muda vagarosamente, crianças, principalmente as da primeira e segunda infância, necessitam de uma nova e estruturada imagem sobre o que vem a ser gênero, e sobre qual perspectiva deve ser adotada no processo de aprendizagem do mesmo. O esforço é por um ensino sem “coisa de menino” e “coisa de menina”; a escola tem que a acreditar que pode ser parceira da família, o preconceito não é vencido de uma hora pra outra (SILVA, 2015). Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 157 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Diante desta problemática, este artigo, de revisão bibliográfica, tem como objetivo apresentar a influência cultural em relação à diversidade de gênero, evidenciando impasses e desafios para a Educação Infantil na contemporaneidade. 2 GÊNERO NA EDUCAÇÃO INFANTIL A escola tem como finalidade gravar em nossos corpos biológicos as diferenças de gênero, produzindo e reproduzindo normas estabelecidas culturalmente que são, em essência, heterossexistas, misóginos e homófobos. Mas, é nessa etapa que se aprende a preferir, é nesse ciclo que todos os sentidos são treinados e todas lições atravessadas, nos produzindo diferenças, nos resultando singulares. O comportamento de meninos e meninas na infância é imposto socialmente, devem se comportar segundo seu “sexo”, e se, porventura, houver o contrário ou diferente, logo, será classificado como desviante de gênero e, eventualmente, recolocado (CARVALHO, 2014; LOURO, 2013; PAECHTER, 2009). Nessa acepção, Louro (2003) nos ressalta: Gestos, movimentos, sentidos são produzidos no espaço escolar e incorporados por meninos e meninas, tornam-se parte de seus corpos. Ali se aprende a olhar e a se olhar, se aprende a ouvir, a falar e a calar; se aprende a preferir. Todos os sentidos são treinados, fazendo com que cada um e cada uma conheça os sons, os cheiros e os sabores “bons” e decentes e rejeite os indecentes; aprenda o que, a quem e como tocar (ou, na maior parte das vezes, não tocar); fazendo com que tenha algumas habilidades e não outras... E todas essas lições são atravessadas pelas diferenças, elas confirmam e também produzem diferença (p. 61). O gênero é tendente a uma forma de organizar o mundo, estabelecendo os ambientes adequados para as meninas e meninos; é como se sem a identidade de gênero, sem a distinção do que é semelhante e diferente, as crianças não conseguissem adentrar em um grupo. A importância da equidade de gênero e educação não sexista é deixada em segundo plano, uma vez que as instituições de educação infantil separam as crianças em razão do sexo e continuam por fazer isso mesmo sendo evidente a irregularidade que isso causa em sentido interpessoal, como, por exemplo, o machismo e ou a homofobia (SILVA, 2015; PAECHTER, 2009; CARVALHO, 2014). 158 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A construção de gênero é fundamentada na Educação Infantil, e é seguro dizer que é alicerçada sob diversas situações de inúmeras aprendizagens práticas de como ser, o que se deve ser, através de modos explícitos ou completamente dissimulados em instancias sociais e culturais. Se a necessidade de uma reforma no domínio escolar é urgente, a restruturação na esfera familiar é improrrogável. Enfim, agir nesse contexto é primordial para a excelência futura desse conceito. A família carece ser consciencializada do detrimento que é gerado, é parte crucial para formarmos uma sociedade mais condescendente (LOURO, 2008). Crianças crescem e se tornam aquilo que se esperam delas; o modelo a ser seguido define o que serão suas vidas e como suas individualidades serão construídas através desse contexto. O perfil de gênero que se espera das crianças constrói o paradigma comportamental: os meninos são socializados para serem mais desobedientes e agitados, as meninas, organizadas e caprichosas e isso acaba por refletir nos resultados das crianças e em seu desenvolvimento adulto (CARVALHO, 2015). Vale relatar um estudo realizado, em 2014, pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que constata a discrepância entre o desenvolvimento das crianças: em geral, as meninas apresentaram um resultado ínfero em matérias como Matemática se comparadas aos meninos da mesma série, e isso se deve diretamente à falta de confiança que elas possuem em si mesmas e em relação aos números, ocasionando uma diferença de 11 pontos entre crianças da mesma sala, equivalente a três meses de aula. Enquanto as garotas destacaram na leitura uma diferença de 38 pontos quando comparadas aos meninos, o que resulta em quase um ano escolar inteiro de diferença. Fica claro, a partir dos resultados deste estudo, a disfunção gerada pela educação sexista que repete o mesmo discurso insistentemente e que não abre espaço para que uma mudança de comportamento, diferente do esperado. Para descobrir se um brinquedo é para meninas ou meninos basta perguntar se para brincar precisa-se usar os órgãos genitais? Se sim, não é brinquedo de criança. Se não, é para ambos os sexos. A distorção na compreensão da realidade pela catalogação de objetos, cores e roupas, por exemplo, é um fator prejudicial ao processo de formação dessas crianças, o saudável é que ela explore Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 159 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA suas alternativas sem julgamentos (CARVALHO, 2015). A educação sexual deve ser implementada em nosso corpo social de uma forma que construa conhecimento não vinculado com qualquer tipo de ideia que associe a sexualidade à impureza ou coisa profana (GONÇALVES et al., 2013). Por fim, fica mais que apropriado circunscrever-se com as palavras do autor (MICHEL FOUCAULT, 1988), transparecendo-nos: As crianças, por exemplo, sabe-se muito bem que não têm sexo: boa razão para interditá-lo, razão para proibi-las de falarem dele, razão para fechar os olhos e tapar os ouvidos onde quer que venham a manifestá-lo, razão para impor um silêncio geral e aplicado. Isso seria próprio da repressão e é o que a distingue das interdições mantidas pela simples Lei penal: a repressão funciona, decerto, como condenação ao desaparecimento, mas também como injunção ao silêncio, afirmação da inexistência e, consequentemente, constatação de que, em tudo isso, não há nada para dizer, nem para ver, nem para saber. Assim marcharia, com sua lógica capenga, a hipocrisia de nossas sociedades burguesas. (p.10). 3 CONCLUSÃO A educação, sendo um instrumento de mudança de valores de uma sociedade e para a construção de uma coletividade baseada na igualdade, necessita implantar, tanto na escola quanto na família, uma abordagem metodológica de igualdade de gênero e de uma educação não sexista. Precisa dialogar com contextos de educação infantil – como escola e família- e oferecer leques amplos de opções para as crianças na Educação Infantil quanto aos seus interesses e brincadeiras. Ainda, é necessário atribuir uma desconstrução preconceituosa em nossa cultura, sendo este, no entanto, um processo vagaroso e de difícil implementação. É válido reconhecer a iniciativa do presente artigo em abordar gênero, lembrando que não existia no Brasil nenhuma referência anterior (SILVA, 2015). Salvo o único documento que orienta as práticas pedagógicas na Educação Infantil, mas ainda pouco disseminado, que tem como objetivo (BRASIL, 1998) “transmitir por meio de ações e encaminhamentos, valores de igualdade e respeito entre as pessoas de sexos diferentes” (p. 41-42). 160 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 4 REFERÊNCIAS BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI). v. 2 (Formação Pessoal e Social). Ministério da Educação e do Desporto. Brasília: MEC/SEF, 1998. CARVALHO, M. E. P. Construções de desconstruções de gênero na instituição de educação infantil. In. ASSIS, Gláucia de Oliveira; MINELLA Luzinete Simões; FUNCK, Susana Borneó. (Orgs.) Entre lugares e mobilidades: desafios feministas. v. 3. Copiart. Tubarão/ SC, 2014. CARVALHO, M. E. P.; ANDRADE, F. c. b; JUNQUEIRA, R. D. Gênero e diversidade sexual: um glossário. 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Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pp/v19n2/a03v19n2.pdf. Acesso em: 16 set 2016 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 161 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA __________. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. 6 ed. Petrópolis. Vozes, 2003. MALAFAIA, G. Educação Sexual no Contexto Familiar e Escolar: Impasses e Desafios. Campus Urataí, Goiás, 2013. PAECHTER, C. Meninos e meninas: aprendendo sobre masculinidades e feminidades. Porto Alegre. Artmed, 2009. Tradução: Rita Terezinha Shcmidt. SCOTT, J. W. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade. Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 71-99, jul./ dez.1995. Disponível em: https://ia801403.us.archive.org/9/items/ scott_gender/scott_gender.pdf. Acesso em: 24 set 2016. SILVA, F. J. C. Construções de Identidade de Gênero na Primeira Infância: Uma Análise da Produção Científica e do RCNEI. Florianópolis. 37ª Reunião Nacional da ANPEd – 04 a 08 de outubro de 2015, UFSC. 162 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF ENSINO EM PERÍODO INTEGRAL, UMA NECESSIDADE OU UMA PRIORIDADE? Daniela Luise Nicolau dos SANTOS 1 Giovana Bruno da SILVA 2 Fernanda Piovezan DOTA3 RESUMO A educação integral foi projetada afim de apresentar um desenvolvimento no desempenho escolar dos estudantes. A proposta trouxe posições positivas e negativas sobre a execução do método. O trabalho tem como objetivo denotar o papel das ocorrências desempenhadas perante o meio escolar, familiar e social que acabam sendo relacionadas ao recurso estabelecido pela educação integral das escolas. Palavras Chave: Desempenho educacional. Educação. Ensino Integral. ABSTRACT The integral education is designed with the objective to present a development in the academic performance of students. The 1 Daniela Luise Nicolau dos Santos – Discente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral. E-mail: [email protected]. 2 Giovana Bruno da Silva – Discente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral. E-mail: [email protected]. 3 Fernanda Piovezan Dota – Doscente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral. E-mail: [email protected]. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 163 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA proposal brought positive and negative positions on the implementation of the method. The work aims to denote the role of occurrences performed before the school, family and social environment that end up being related to resource established by the integral education schools. Keywords: Educational performance. Education. Integral Education. 1.INTRODUÇÃO No Brasil, a educação integral esteve presente a partir do século XIX e início do século XX com essa experiência educacional, destacando a criação da instituição Escola União Operária em 1885, seguindo de outras instituições nos anos seguintes. No século XX, década de 20 e 30, através da Escola Nova, o ensino integral passou a ser desenvolvido no Brasil. A Escola Nova foi significativa com o objetivo de criar uma educação integral com base em elevar e priorizar o desenvolvimento intelectual, moral, físico e pensamento críticos, apresentando atividades manuais, exercícios de autonomia, internato, ensino individualizado, com os exercícios voltados e centrados nos alunos. Porém, o ensino de educação integral, em alguns casos, foi perdendo a finalidade real do que foi proposto, é necessária prudência para não engendrar na educação integral um planeamento escusado, com propostas insuficientes, fracas e hipotético. No entanto, ainda há escolas dispostas a desenvolver uma estrutura e propostas gradativamente adequada e procura progredir no propósito e finalidade devida, com aprofundamento no caráter pessoal, social e da educação escolar (ALMEIDA, FIGUEIREDO, 2011). Projetos para o ensino de período integral baseia-se em propostas que alcancem a criança e ao adolescente a preparação para a vida em quesitos sociais e pessoais, além da formação educacional, com matérias que ajudam na história e no crescimento de aprendizagem, e também nas ações pessoais. na formação de personalidade; disciplinas profissionais, atividades extracurriculares de esportes, danças, teatros, lutas e projetos de preparação para o trabalho, de acordo com suas competências; de vida social e oferecer oportunidades para a vida; como um retrato da vida em sociedade 164 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF com suas atividades diversificadas, além de estruturas necessárias; como alimentação e saúde para obterem aptidões ao exercer as atividades e permanecer no tempo determinado (ALMEIDA, FIGUEIREDO, 2011; AMARAL, 2013). Com os recursos e os projetos para formação acadêmica em escola de período integral vieram oposições de circunstâncias, sendo elas tanto positivas quanto negativas. Há casos em que podem virem a favorecer o estudante, mas há casos em que podem vir a prejudicar o desenvolvimento e o desempenho escolar. O trabalho tem como objetivo caracterizar e demonstrar algumas situações e quesitos dessas circunstâncias, elevar há uma reflexão do problema e ao pensamento de acarretar uma evolução na situação acadêmica das crianças e dos adolescentes de escolas de ensino integral. 2.A RELAÇÃO ENTRE O ENSINO INTEGRAL E O DESEMPENHO DOS ALUNOS Há processos de aquisição que influenciam no papel da criança e do adolescente ao estarem incluídos no meio escolar, crescimento pessoal e no aperfeiçoamento educativo, conhecimentos e conscientização pessoal, cultural e social, dificuldades enfrentadas no papel de aprendizagem, rendimento escolar, fatores psicossociais, psicomotores e de convivência sociocultural que estão diretamente ligados ao desenvolvimento cognitivo. Há questões no método educacional integral que favorecem as crianças. As crianças que desde seu primeiro ano de vida integra-se na escola em período integral tendem a ter maior socialização mais cedo, quanto antes o egresso, antes ocorre o desenvolvimento social, assim como as potencialidades cognitivas e afetivas. O aprendizado, a garantia de atividades lúdicas e educacionais. Segundo a abordagem piagetiana o ser humano nasce com potencial à capacidade de inteligência, porém é necessário haver estímulos externos para que haja esse crescimento intelectual. Através destes estímulos, a criança age tanto fisicamente como mentalmente organizando o conhecimento e a exploração externa, e assim, a cognição cresce e os processos se desenvolvem (PIAGET, Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 165 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 1999). A partir disto, é possível perceber que a criança ao criar relações, interagir socialmente e participar de tarefas propostas no cenário educacional auxilia diretamente nas forças impulsionadoras do processo cognitivo e no desenvolvimento intelectual. O egresso e a permanência no tempo de ensino integral elevam fundamentos conceptivos na cognição e na convivência solidária, favorece a relação, ensinando-os através de precisão a manter uma convivência sadia, compartilhar experiência desenvolvendo a perspectiva democrática coletiva. A escola integral possibilita oportunidades de o aluno favorecer em outras atividades complementares diversas aos habituais que são estudadas em escolas regulares, podendo ser incluídas matérias que podem vir a serem produtivas, assim como, em alguns casos nas escolas, serem incluídas atividades esportivas e lúdicas que são essenciais para o desenvolvimento dos alunos, e podem virem a serem o futuro de alguns. Com base nas ideias de Vygotsky (1998), podemos dizer que a aprendizagem é uma experiência social, ou seja, o desenvolvimento educacional cognitivo da criança surge em grande parte da interação social que ela estabelece tanto dentro como fora da escola, até mesmo antes do egresso escolar, que acabam por influenciar por toda a existência do indivíduo. Com isso afirma-se a importância das atividades em grupo aplicadas por professores, o que também acaba por diminuir a solidão de alunos. Percebe-se com isso o grau de influência de fatores externos agindo diretamente no indivíduo, esse fato ressalta a importância do ambiente não só escolar, mas também familiar e social da criança, diante de seu aprendizado (AMORIM, 2012 apud VYGOTSKY, 1998). O ponto de partida dessa discussão é o fato de que o aprendizado das crianças começa muito antes de elas frequentarem a escola. Qualquer situação de aprendizagem com a qual a criança se defronta na escola tem sempre uma história prévia. Por exemplo, as crianças começam a estudar aritmética na escola, mas muito antes tiveram alguma experiência com quantidades – tiveram que lidar com operações de divisão, adição, subtração e determinação de tamanho. Consequentemente, as crianças têm sua própria aritmética préescolar, que somente os psicólogos míopes podem ignorar (VIGOTSKY, 1998, p. 110). A família e a escola são ambientes que podem refletirem tanto como impulsores, como inibidores no desenvolvimento e na 166 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF aprendizagem da criança e do adolescente. Estes círculos contêm conjunções propensas que compartilham entre si muitas funções educativas, como capacidades mentais, cognitivas, motoras, de relação interpessoal, de inserção social, entre outras. Segundo Coll (1999) a família é o fator predominante de início para estabelecer equilíbrios emocionais, nos contextos de desenvolvimento pessoal e da identidade da criança e do adolescente. Através desse suporte evolutivo o processo de escolarização se desenvolve. O meio familiar é um ambiente que favorece a manifestação dos sentimentos, afeto, emoções, e a maneira de lidar com elas, a criação dos pais acarreta diretamente no aluno e no seu desempenho social no meio escolar. As crianças tendem a aprender conforme a conduta habitual que os adultos próximos usam. Não tem como desvincular as aprendizagens das crianças com o enquadramento dos pais, da família e dos adultos que convivem. As crianças vêm as atuações e repetem nas demais situações podendo progredir com o tempo, elas recebem apoios, são estimuladas ou podem ser punidas, repreendidas com os comportamentos. Portanto, as práticas educativas transcorrem conforme a forma que os pais lidam em relação a esses comportamentos dos filhos. A relação entre pais/filhos e o processo de aprendizagem escolar é de suma importância no desenvolvimento da criança e do adolescente, a sua autonomia e a sua maneira de agir no local escolar decorre dessa relação (SILVA, NASCIMENTO, 2005 apud GALLART, 1999). Na escola integral a criança costuma ter uma disciplina especifica, um horário para cada aula, e para cada atividade, regras adaptadas pelos profissionais e pelo método de ensino aplicado pela instituição. Isso pode entrar em conflito com a orientação diferenciada ou a não orientação que os pais estabelecem em casa. Os pais não seguirem a mesma disciplina estabelecida pela escola pode fazer com que a base da criança acaba sendo desenvolvida de forma conflituosa, não sendo capaz de definir qual o modo correto de portar-se perante a sociedade. Pode acontecer da disciplina estabelecida pelo método escolar, pelos professores e outros profissionais que lidam durante o período com os alunos, não serem o mesmo da qual as crianças estão acostumadas a terem em casa, podendo levar a criança a ficar desorientada. Como cita Oliveira (2001): Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 167 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA [...] forte influência na formação do indivíduo, a família é o primeiro grupo social a que pertencemos. Embora as normas sociais institucionalizadas determinem as regras de funcionamento da instituição familial, cada família tem ainda suas próprias regras de comportamento e controle (p. 163). Mesmo a escola tentando definir e introduzir os princípios próprios nos alunos, o comportamento do filho perante a criação e controle dos pais acaba sobressaindo no comportamento da criança, porém ela traz para o ambiente escolar toda sua história, suas concepções, seus conceitos, seu conhecimento, suas experiências e expectativas. Existe uma forte relação entre o vínculo emocional e a ocorrência de aprendizagem. Os fatores negativos podem influenciar tanto na aprendizagem quanto no crescimento e na formação da personalidade da criança, e, nisto inclui a relação entre pais e filhos. Alguns pais colocam os filhos no período integral por falta de opção, considerando uma jornada de trabalho que não disponibiliza um horário do qual a criança possa estar inclusa, mas há ocasiões em que os pais utilizam o ensino como justificativa para terem mais tempo em suas tarefas diárias, que poderiam ser desconsideradas ou até mesmo ser integradas com a criança. Independente do motivo inicial para a decisão de colocar o filho em uma escola integral, a consequência acaba sendo a mesma, maior afastamento na relação entre pais e filhos. Afim de obter maior proveito deste método de ensino, seria interessante que inicialmente, o grupo social e educativo primário da criança (seus pais, dentro de casa) esteja em pleno desenvolvimento, e não regressão, ou seja, se o pais tomarem consciência que precisam suprir o tempo prejudicado e se disporem a estarem juntos. Isso pode ser colocado em prática com passeios entre pais e filhos, brincadeiras interativas, incluído também acompanhamento e ajuda na educação, não só escolar, mas também social, com o intuito de que a criança cresça possuindo diversas vertentes educacionais como base, e não haja pobreza em nenhum quesito educacional. Com estas convicções sendo efetivados, a criança pode usufruir da melhor forma e de tudo que o ensino integral pode oferecer positivamente (DESSEN, POLONIA, 2007; CASTRO, LOPES, 2014; AMARAL, 2013). No processo de maturação da criança e do adolescente ocorrem alterações em várias regiões do cérebro. Ocorrências externas e excessos de atividades podem leva-los a vivenciar situações 168 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF psicológicas e emocionais, submetendo-os a um grande cansaço e a estresse precoces que venham a influenciar no desenvolvimento cerebral, criando dificuldades intelectuais, de linguagem, de atenção, funcionamento executivo e em outras funções cognitivas (OLIVEIRA, SCIVOLETTO, CUNHA, 2010). A escola por ser o primeiro lugar socializante, fora da família, que a criança é submetida pode ser um evento estressante para ela. Excesso de atividades e falta de tempo para descanso e lazer podem sobrecarregar a criança e ao adolescente criando condição de estresse. Há casos em que os pais colocam os filhos para exercerem inúmeras atividades educacionais, tanto dentro da escola, como atividades complementares fora da escola, acabam tornando-os em máquinas educativas e acreditam que desta forma estarão agindo corretamente e aumentando as chances dele no futuro. Mas com isso, podem acabar não focando no talento ou no gosto especifico que seu filho tem por certa atividade, fazendo-o focar em inúmeros exercícios educativos sobrecarregando os filhos não permitindo uma clareza a eles do que pretendem seguir, do que gostam ou no que são melhores. As atividades escolares acabam perdendo o significado real para a criança agindo de maneira automática esquecendo o princípio e o objetivo da atividade. Tal procedimento pode prejudicar o desenvolvimento da propensão da criança. Posteriormente, pode acarretar na decisão do adolescente tanto quando for decidir seus cursos extracurriculares quanto na decisão acadêmica e profissional. Podendo vir a escolher uma faculdade que os pais consideram apta para ele, mesmo não sendo o que ele almeja, causando um conflito entre o que ele quer e o que os seus pais querem. Esta atitude pode ter como base um comportamento compensatório dos pais em depositar nos filhos o que não conseguiram para si mesmo, ou até mesmo fizeram e é a única forma que consideram “correta”. 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS A extensão do tempo dedicado ao estudo assegura o tempo integral efetuado nas escolas, mas não garante uma educação integral apropriada. O tempo pode ser aplicado para um ensino de aprendizagem efetivo, porém se o projeto não for planejado e bem Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 169 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA estruturado com afins propostos com base em estudos e pesquisas que possam vir a testificar a produtividade, não será bem desenvolvido. Os recursos escolares são indispensáveis para a formação global do indivíduo e a família é o primeiro e o mais importante recurso que a criança e o adolescente têm para a constituição do seu desenvolvimento geral. É fundamental que haja uma conciliação em ambos, reconhecendo as diferenças, as semelhanças e as peculiaridades em relação ao aluno, a todas as pessoas envolvidas e os processos de desenvolvimento e aprendizagem relacionadas a elas. A ação educativa escolar e da família tem distintas formas de favorecer o desenvolvimento intelectual e pessoal da criança e do adolescente, porém a diversidade pode ser arquitetada a trabalharem em conjunto e tornar a educação intelectiva, individual e social do indivíduo em uma totalidade eficaz. 4.REFERÊNCIAS ALMEIDA, V. C.; FIGUEIREDO, S. B. O projeto escola de tempo integral: currículo e práticas. Análise de seus desafios e possibilidades. Programa de Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, 2011. AMARAL, E. A. Escola em tempo integral: espaço de construção ou de precarização do processo educacional?; Faculdade católica de Anápolis, 2013. AMORIM, D. S. Teoria de Vygotsky nos processos de ensinoaprendizagem de física. Instituto Federal de Educação, Ciências e tecnologia do Maranhão, IFMA, 2012. CASTRO, A.; LOPES, R. E. A escola de tempo integral: desafios e possibilidades. 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Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF AS FASES DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL SOB A PERSPECTIVA FREUDIANA Pereira, Andréia M. Carmo, Bruna M. Oliveira, Karina Marques F. Santos, José Wellington dos. RESUMO A teoria freudiana em relação ao desenvolvimento da criança e sua personalidade é muito diferenciada e ao mesmo tempo específica, pois contém informações que trazem os instintos sexuais em várias fases, que indicam a dependência e a sexualidade em diferentes períodos e, como o cuidado dos adultos influencia em seu desenvolvimento.Este trabalho tem como objetivo principal, apresentar as fases do desenvolvimento psicossexual segundo a teoria freudiana. Faremos isto através de uma revisão bibliográfica de textos psicanalíticos. Palavras – Chave: Desenvolvimento psicossexual, sexualidade humana, Freud, Psicologia, Psicanálise. ABSTRACT Freud’s theory in relation to the child and his personality is very different and the same specific time,it contains information that bring the sexual instincts in several stages,indicating addiction and sexuality in different periods, such as adult care influences on its Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 173 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA development. This paper has as main objective to present the stages of psychosexual development according to Freudian theory. We will do this through a literature review of psychoanalytic texts. Keywords: Psychosexual Development, human sexuality, Freud, Psychology, Psychoanalysis. 1. INTRODUÇÃO Dentro deste contexto, a importância do tema aqui discutido se dá a partir de uma visão psicanalítica sobre o desenvolvimento da criança, onde voltamos a psique da mesma e compreendemos como essas fases podem influenciar a vida futura. Entende-se que os conflitos mal ou não resolvidos podem ser a base de possíveis transtornos mentais e de comportamento. No presente artigo, são expostas as fases psicossexuais do desenvolvimento segundo Sigmund Freud, suas características e experiências vivenciadas e a contribuição de cada fase na formação e maturação da personalidade. O objetivo é descrever de forma clara tais etapas do desenvolvimento. Foram utilizadas referências bibliográficas (artigos e livros) voltados a linha psicanalítica, a fim de esclarecer o assunto dentro desta abordagem, a qual nos identificamos no curso de Psicologia. 2. AS FASES DO DESENVOLVIMENTO Segundo Freud (BALDWIN, 1914, p. 328), paralelamente ao desenvolvimento cognitivo, a criança passa por estágios de desenvolvimento psicossexual, a medida que a satisfação libidinosa muda da boca para o ânus, e depois para os órgão genitais. Os objetivos instintivos da criança mudam gradualmente, e assim muda também o impacto emocional de alguns acontecimentos socializadores. O Estágio Oral – 0 a 2 anos aproximadamente. O primeiro estágio psicossexual depois do nascimento é denominado Estágio Oral, onde a primeira fonte de prazer e satisfação do bebê é captada pela região oral do corpo (boca, língua e gengivas). 174 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Segundo a teoria de Freud (, esse prazer nas atividades orais se desenvolve através da ligação entre mamar e ser alimentado. A alimentação satisfaz a criança. Esta, fica inquieta e chora quando está com fome, mas rapidamente se acalma quando recebe o bico do seio da mãe a boca e começa a mamar – esta redução da inquietação é a melhor prova do fato de que a criança está satisfeita.Freud acreditava que através dessa associação entre estimulação oral e satisfação da alimentação as sensações tornavamse agradáveis em si mesmas em suas palavras o desenvolvimento do prazer oral era anaclítico a alimentação não somente no ato de mamar. Qualquer estimulação oral se torna fonte de prazer, e isso se percebe claramente na tendência do bebêde levar a boca qualquer objeto que pegue. (BALDWIN, 1914, p. 321) Do ponto de vista do desenvolvimento da libido, o fato de o bebê centralizar-se no prazer oral é a chave para este período de sua vida. Para o bebê, as sensações constituem a realidade. Na primeira infância a criança não distingue sensações de dentro do corpo de sensações que vem fora dele.Qualquer aspecto do comportamento de um indivíduo, sobretudo seu comportamento de busca do prazer e que se assemelhe a algum aspecto do estágio oral, é considerado pela teoria psicanalítica como talvez decorrente do período oral.(BALDWIN, 1914, p. 331, 332) O Estágio Anal – o desejo de posse – 2 a 4 anos aproximadamente. Após o estágio oral ocorre uma mudança na fonte de prazer da criança que passa da boca para a região anal do corpo. Segundo Freud, essa mudança do domínio para a zona erógena anal faz parte do processo de maturação e ocorre universalmente. A fonte do prazer da criança está no controle das fezes e da urina, a atenção se localiza no funcionamento anal e tal região se torna o centro das experiências frustradoras e compensadoras.(BALDWIN, 1914, p. 335, 336). Embora haja divergências quanto ao fato de o estágio anal ser consequência da educação no controle das fezes e urina, existe acordo em todos os autores psicanalistas quanto ao fato de as experiências dessa educação ter influência no desenvolvimento da personalidade. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 175 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Segundo a teoria freudiana, vários aspectos do período anal podem tornar-se decisivos para o desenvolvimento posterior. Por exemplo, a criança pode considerar a defecação como uma espécie de presente para os pais, e assim identificar as fezes como objetos de presente com objetos que agregam valor (dinheiro, por exemplo). Dessa forma, as experiências do período anal podem condicionar toda atitude futura com relação a bense objetos valiosos. A sornice é um prazer em segurar as fezes. É tão comum em certas pessoas que é um dos três traços que constituem a personalidade anal.(BALDWIN, 1914, p. 336). Neste período, acriança pode desenvolver acanhamento, uma reação emocional ao fato de ser observado e trás um sentimento de vergonha, pois em muitas famílias, as crianças que molham as calças ou a cama ao ato de urinar sãoridicularizadas como “bebê”. O Estágio Fálico – 4 a 6 anos aproximadamente. É nesta fase do desenvolvimento que é descoberta de fato a diferença entre meninos e meninas. A criança observa a falta ou a presença dos órgãos genitais masculinos e femininos. Em especial, meninas acreditam que suas genitálias foram retiradas ou que ainda vão se desenvolver. Certo complexo de inferioridade feminino pode ser explicado na fase adulta por conflitos vivenciados nesta fase. É um período marcado por grande curiosidade sexual, onde as crianças apreciam observar pessoas desnudas ao descobrirem seus genitais, vão explorá-los e manipulá-los repetidas vezes, gerando prazer a elas – o prazer sexual está diretamente ligado aos órgãos genitais.Neste estágio do desenvolvimento surge o complexo de Édipo, que explica-se como um “triangulo amoroso entre pai, mãe e filho – onde o genitor é expulso da relação amorosa. Segundo Fadiman e Frager (1939), Freud denominou a situação do complexo de Édipo, segundo a peça de Sófocles: “Na tragédia grega, Édipo mata seu pai (desconhecendo sua verdadeira identidade)e, mais tarde, casa-se com a mãe. Quando finalmente toma conhecimento de quem havia matado r com quem se casara, o próprio Édipo desfigura-se arrancando os dois olhos. Freud acreditava que todo menino revive um drama interno similar. Ele deseja possuir sua mãe e matar seu pai para realizar este destino.” 176 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Nas meninas, a situação edipiana também ocorre, mas de forma mais discreta, menos evidente, pois estas conseguem permanecer nelas mesmas, embora exista o conflito de perceber sua mãe como rival na disputa pelo pai. Latência – 06 a 11 anos aproximadamente. O estágio de latência caracteriza-se pela diminuição das atividades sexuais. A criança desloca sua atenção dos prazeres do corpo e passa a deslocar sua energia para atividades sociais e escolares. É considerado o primeiro passo para a organização de uma identidade pessoal e sexual. È neste período que a criança se influencia com o que é externo (colegas, professores, vizinhos) e não mais com os pais. Tudo que envolve senso moral ou a emoção da vergonha são mais evidentes. Neste período, meninos e meninas tendem a executar atividades diferentes e formar grupos separados. As experiências são focadas principalmente na escola, onde sua visão de mundo passa a ser ampliada. Tal período é marcado pela busca pela própria identidade e os questionamentos quanto aos princípios estabelecidos pela família passam a ser constantemente questionados. O Estágio Genital – 12 a 18 anos aproximadamente Neste estágio a o retorno do objeto erótico para os órgãos sexuais e o objeto de desejo não está somente no próprio corpo, mas também no corpo do outro. Segundo Freud (), atingir a fase genital é fundamental para se chegar ao pleno desenvolvimento intelectual de um adulto sendo capaz de amar.Esta fase é marcada pelas mudanças fisiológicas, que então diz-se, puberdade – onde acontece a maturação sexual. É importante não confundirmos a puberdade com a adolescência, pois a última trata-se da maturação psicológica. Mudanças fisiológicas: Meninas: aumento das mamas, pelos pubianos e axilares, desenvolvimento das glândulas sudoríparas. Meninos: aumento do volume dos testículos, crescimento do pênis, desenvolvimento dos pelos e glândulas sudoríparas, mudança Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 177 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA na voz e a ocorrência da primeira ejaculação (por volta dos 12 anos de idade). CONSIDERAÇÕES FINAIS É importante que familiares, pais, professores e aqueles que tenham um convívio mais próximo a criança tenham ciência das diferenças e dificuldades enfrentadas em cada fase do desenvolvimento, pois tudo que é vivenciado reflete-se nas fases posteriores, positiva ou negativamente, influenciando na qualidade de vida futura. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BALDWIN, Alfred L. Teorias de Desenvolvimento da Criança.São Paulo-SP, Ed. Pioneira, 1973. FADIMAN, James. FRAGER, Robert. Teorias da Personalidade. São Paulo-SP, Ed. Harbra, 1986. FREUD, Sigmund. Sobre a Psicanálise – Obras Completas. São PauloSP, Ed. 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Entre técnicas comportamentais, a exposição e reestruturação cognitiva foram as estratégias mais eficazes; a Terapia cognitivo-comportamental grupal não se apresentou superior à individual, mas também tem sido eficaz no tratamento do Transtorno de ansiedade social. Os estudos avaliados confirmam, tanto técnicas cognitivas quanto comportamentais (convencionais e inovadoras) são eficazes no tratamento deste transtorno. Palavra chave: Adolescentes, Crianças, Desenvolvimento, Fobia social. ¹Discente do curso de Psicologia da Faculdade de Ciências da Saúde (FASU/ACEG) [email protected] 2 Psicóloga e Docente do curso de Psicologia da Faculdade de Ciências da Saúde (FASU/ACEG). [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 179 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT Currently, social phobia is attracting growing interest in research, characterized as anxiety disorder or fear exaggerated to the interaction of the individual in society. This article aims to characterize, social phobia and its impact on the development of children and adolescents. Also sought to investigate how cognitivebehavioral therapy can be used in individuals with this disorder. Among behavioral techniques, exposure and cognitive restructuring were the most effective strategies; the group cognitive behavioral therapy did not appear above the individual, but has also been effective in treating social anxiety disorder. Studies have confirmed both cognitive and behavioral techniques (conventional and innovative) are effective in treating this disorder. Keyword: Teens, Children, Development, Social Phobia. INTRODUÇÃO A fobia social tem um alto índice de impacto negativo na vida de crianças e adolescentes. O transtorno de ansiedade social (TAS), também conhecido como fobia social, é um transtorno de ansiedade caracterizado por medo acentuado e persistente de uma ou mais situações sociais ou de desempenho, nas quais o indivíduo sente-se exposto a desconhecidos ou a avaliação de outros, por medo de resultar em embaraços que sejam humilhantes. Entre os medos mais comuns, estão os de ser o centro das atenções, parecer como ridículo ou cometer erros; as situações fóbicas são evitadas ou enfrentadas com intensa ansiedade e sofrimento (APA, 2004). A ansiedade excessiva, que pode ser considerada patológica, é caracterizada por medos excessivos e preocupações que seja desproporcional com relação a determinados estímulos de eventos ou situações. Além dos medos e preocupações irracionais, o indivíduo está vulnerável a desenvolver problemas somáticos, podendo destacar entre eles dores de cabeça e abdominais, dificuldades para relaxar, visto com maior frequência em meninas (CASTILO et al, 2001; KENDAL; COMER, 2010, apud, GAUY, 2016). 180 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF As crianças com fobia social apresentam vários sintomas, entre eles podemos destacar: os choros, ataques de raiva, manter-se próximo à pessoas da família e a recusa à escola. O mais comum em adolescente do sexo masculino com fobias mais simples é a depressão, que pode aumentar o risco para o transtorno de abuso do álcool (LEALY, 2011). Este estudo tem como objetivo, por meio de revisão bibliográfica, pesquisar o impacto que a fobia social causa no desenvolvimento de crianças e adolescentes. Também, objetiva-se verificar a eficácia de alguns tratamentos com Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). Para nortear o estudo foi utilizado o referencial teórico desta abordagem, uma vez que tem se mostrado eficaz no tratamento desse transtorno. DESENVOLVIMENTO Impacto da fobia social no desenvolvimento de crianças e adolescentes O desenvolvimento de um transtorno está diretamente relacionado à frequência e duração de respostas de ativação provocadas por situações que o indivíduo avalia como estressor a si próprio, no qual, e considerado que aumento excessivo dos níveis de ansiedade atua como resposta a situações que possa se considerada ameaçadoras pelo indivíduo, no entanto, estão relacionados aos diversos tipos de transtornos mentais, salientado que os sintomas ansiosos gerados pelo estresse dependem da interação entre o evento estressor, os fatores ambientais e genéticos (MARGIS; PINCON; COSNE; SILVEIRA 2003). Também, é conhecido como fobia social o TAS caracterizado por um grande medo persistente a uma ou mais situação de desempenho social (APA, 2004). Seu início geralmente ocorre durante a infância ou adolescência e, consiste, também, no medo do contato e interação social, principalmente com pessoas poucos familiares ao indivíduo e nas situações nas quais ele passa a se sentir examinado ou criticado (TURNER, 1986 apud NETO, LOTUFO, 2006). Ela está presente durante todo o nosso desenvolvimento e geralmente precede qualquer compromisso social novo ou desconhecido, podendo ser definida como Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 181 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA um estado desconfortável quanto ao indivíduo, com uma preocupação do que pode ocorrer futuramente em situações não desejáveis; inclui algumas manifestações: sudoreses, tonturas, tensão muscular e outros (D’El REY, 2001). O fóbico social reconhece que o seu medo é exagerado ou irracional e teme mostrar sinais de ansiedade (BEIDEL, 2001). Para diferenciar ansiedade considerada normal de patologia, deve-se observar em determinado evento ou as situações em que o indivíduo se apresenta em estado desconfortável, quantos momentos de ansiedade a pessoa vivencia, com que frequência, duração e o número de comportamentos diversos (D’EY REY, 2002). As fobias específicas em crianças podem ser definidas por um medo exagerado e contínuo relacionado a um determinado objeto ou situação, mas que não é a situação de se expor em público ou medo de ter um ataque de pânico. Neste caso, diante de estímulos fóbicos a criança procura se proteger correndo para próximo de alguém que lhe proporcione segurança; ainda pode apresentar reações de choro, desespero ou ficar em imóvel, mostrando timidez em contexto sociais estranhos (BERNSTEIN 1996 et al apud ASBAHR, 2004). Segundo Dalgalarrondo (2008), existem os medos externos, que podem ser caracterizados como medo de algo concreto; e os medos internos, ou seja, uma inquietação dos estímulos internos quanto a algo não muito especifico. A fobia social, segundo os critérios da CID 10, inicia-se frequentemente com maior impacto na adolescência e está concentrada em torno de um medo das outras pessoas de grupos relativamente pequenos, (em oposição a multidões levando o sujeito a evitar situações sociais), é comum em homens e mulheres e está relacionada à baixo autoestima e ao medo das críticas. Os sintomas relatados em pacientes com esse diagnóstico são: tremor nas mãos, pânico e até o isolamento social. Tais sintomas com frequência pode levar o indivíduo a incapacidade no desempenho em realizar tarefas simples do dia-dia em que esteja sendo observado ou a ansiedade pode ser basicamente social, no caso de interagir com as pessoas (CAETANO, 1993; OMS, 1993). Os pesquisadores constataram que a fobia social vem afetando, também, a relação dos adolescentes no que diz respeito aos vínculos de amizades. Considerando, que é na adolescência que o indivíduo 182 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF estabelece sua identidade, podendo assim se identificar dentro de um grupo. As relações bem sucedidas fazem com que o adolescente se sinta mais seguro quanto aos problemas de adaptação, dificuldades acadêmicas e problemas de saúde mental, bem como, o indivíduo pode ficar isolado socialmente e manifestar comportamentos diferentes em tais situações, se comprometendo as perdas de oportunidades e o desenvolvimento de socialização com o outro, tendo como evidência que a socialização é fundamental, pois dá suporte às ligações românticas, tão importantes no equilíbrio emocional (FURMARK et al., 2000, D’El REY, 2001). O tratamento com Terapia Cognitivo-Comportamental O TAS pode ser tratado com TCC. Com o diagnóstico do transtorno na infância ou adolescência, o terapeuta cognitivo-comportamental tem a possibilidade de iniciar o seu trabalho, contribuindo para que o indivíduo tenha menor sofrimento e perdas de oportunidades (G.J.F.D’El REY et al., 2006). O trabalho da TCC consiste no terapeuta identificar, examinar e corrigir distorções no pensamento que causa sofrimento emocional ao seu paciente. Atualmente a TCC demonstrou-se bastante eficaz no tratamento do TAS com efeitos terapêuticos duradouros, adaptando-se com as exigências da atualidade, pois o tratamento com TCC propõe ao indivíduo a avaliação dos seus medos irracionais e os comportamentos de evitação através de estratégias de enfrentamento adaptativas. Além das técnicas cognitivas e comportamentais da própria terapia deu-se ênfase no fator terapia cognitiva-comportamental grupal (TCCG), que nas pesquisas não se apresentou superior ao tratamento individual, mas, tem sido alternativa de diversos pacientes, contudo, a TCCG possui algumas vantagens que são: membros compartilhando a mesma dificuldade e a própria vivencia grupal promovendo exposições ao vivo, que demonstrou o isolamento de indivíduos com TAS passaram a uma nova forma de agir, ou seja, a exposição e enfrentamento das situações. (KNAPP, 2007; D’El REY; PASICI, 2005 apud, FREITAS; MONTEIRO; MUNIZ; SILVEIRA, 2015). Na atualidade a eficácia no tratamento do TAS está baseada na diminuição dos sintomas, melhorando a qualidade de vida do Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 183 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA indivíduo. Contudo, a combinação de exposição e reestruturação cognitiva foi o tratamento que trouxe maiores benefícios ao indivíduo, mostrando superação de suas dificuldades. Na exposição o terapeuta constrói junto com o paciente uma lista das situações temidas, da situação que causa menos ansiedade a que causa mais ansiedade e desconforto; no início as exposições de situações são feitas junto com o terapeuta até o paciente se habituar à situação, a seguir passa para a próxima, até o paciente enfrentar todas as situações significativas, com redução da ansiedade e desconforto. No entanto, os procedimentos de intervenção em crianças e adolescentes seguem o mesmo padrão no tratamento de adultos, com exceção a exposição aos estímulos, a qual tem maior planejamento. Diversos estudos demonstraram a clara eficácia da exposição no tratamento do TAS (SEGOOL; CARLSON, 2008 apud, FREITAS; MONTEIRO; MUNIZ; SILVEIRA, 2015). Segundo Taylor (1996), em seu estudo comparou grupos de pessoas que apresentavam sintomas de TAS, às quais, foram aplicadas as seguintes técnicas: placebo, exposição, reestruturação cognitiva, uma combinação de exposição e reestruturação cognitiva e treinamento de habilidades sociais no tratamento da fobia social. Diversos estudos demonstraram que a reestruturação cognitiva é uma técnica eficaz no tratamento do TAS, principalmente se for aplicada conjuntamente com técnicas de exposição. Os resultados demonstraram que os tratamentos possibilitaram superação das dificuldades em situações desconfortáveis. A combinação de exposição e reestruturação cognitiva foi o tratamento que trouxe os benefícios significativos aos pacientes como: a redução da ansiedade antecipatória, a melhora dos sintomas fisiológicos próprios da ansiedade, as cognições negativas que mantêm as crenças disfuncionais foram reestruturadas positivamente e consequentemente os comportamentos de esquiva fóbica foram modificados melhorando as habilidades sociais do indivíduo, promovendo um bom relacionamento interpessoal. Segundo Beck (2007), a reestruturação cognitiva consiste em uma série de intervenções que se originaram das teorias e terapias cognitivas. Os pacientes com TAS são ensinados a identificar estes pensamentos, fazer o teste da realidade e corrigir os conteúdos distorcidos e as crenças disfuncionais subjacentes. Esta reavaliação 184 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF e correção das cognições distorcidas permitem ao paciente perceber que na grande maioria das vezes estava hipervalorizando negativamente uma situação e desvalorizando sua capacidade de enfrentamento da mesma situação. Basicamente as estratégias de reestruturação cognitiva objetivam ensinar ao paciente as seguintes modificações: observação e controle dos pensamentos irracionais e negativos; exame das evidências favoráveis e contrárias aos pensamentos distorcidos; e correção das interpretações negativas por interpretações positivas na realidade, o que geralmente resulta em redução sintomática do TAS. Em outro estudo realizado por Masia et al (2001) apud Isolan et al (2007), em seu trabalho inovador foram submetidos ao tratamento do TAS com TCC 6 adolescentes em 14 sessões de terapia em grupo. Ao final do tratamento 3 dos 6 adolescentes não preenchiam mais os critérios diagnósticos para TAS. Posteriormente realizou se outro estudo utilizando esta mesma abordagem em 35 adolescentes, que em seu resultado verificou, além da melhoria significativas dos sintomas fóbicos-sociais, 67% dos pacientes não preenchiam mais os critérios diagnósticos do TAS. Tais resultados são importantes, pois muitos adolescentes com TAS não procuram por atendimento. CONCLUSÃO Neste estudo foi avaliado o impacto do TAS no desenvolvimento de crianças e adolescentes. Conforme as pesquisas dos artigos selecionados e a coleta de dados, foi verificado que tanto em crianças como em adolescentes o estudo apresentou impacto maior no desenvolvimento da interação social e em situações de desempenho em que esteja sendo avaliado. Ressalta-se que cada técnica é somente o início de uma investigação sobre os pensamentos e os sentimentos do paciente. A TCC nos permite coletar novos dados, examinar mais cuidadosamente o transtorno e ver as situações em uma perspectiva diferente, isto é, expandir nossa conceituação acerca do paciente. Os resultados desta pesquisa sugerem que devemos identificar e tratar os casos de TAS nas crianças e adolescentes, pois desta maneira podemos minimizar, senão todas, ao menos as principais sequelas Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 185 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA que o transtorno deixa na vida de seu portador, visando, desta maneira, reduzir o alto preço que o fóbico social tem que pagar pelas limitações impostas em seu funcionamento educacional, social e ocupacional. Os estudos avaliados confirmaram que tanto as intervenções cognitivas quanto as comportamentais padrões e inovadoras são eficazes no tratamento do TAS. Apesar de o tratamento combinado não ter demonstrado superioridade em relação à terapia cognitiva e às técnicas comportamentais isoladamente. Sugerimos que outros estudos em relação ao TAS na infância e adolescência sejam realizados para melhor confirmação dos dados encontrados. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASBAHR, F. R. Transtornos ansiosos na infância e adolescência: aspectos clínicos e neurobiológicos. J. Pediatr. (Rio J.) vol.80 n°2 suppl.0 Porto Alegre Apr. 2004. ASSOCIAÇÃO PSIQUIÁTRICA AMERICANA. American Psychiatric Association (2004). DSM-IV-TR: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (4° ed., texto revisado). Porto Alegre: Artmed. BEIDEL, D.C. et al. O tratamento da infância, desordem de ansiedade social. PsychiatrClin North Am 24, 831-846, 2000. BECK, J. S. Terapia Cognitiva: teoria e prática. Porto Alegre: Artes Medicas, pp. 135-192, 1997. FREITAS, Gisele et al. O Tratamento da Fobia Social ao olhar das vertentes da TCC. Conhecendo Online, v. 2, n. 1, 2015. 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Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF LUTO COMPLICADO: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO COM OBJETIVO DE LEVAR CONHECIMENTO À FAMÍLIA DO ENLUTADO AMORIS, Talita Kelly de Brito¹ NASSAR, Edilene² RESUMO O presente artigo tem como objetivo proporcionar às famílias de pessoas enlutadas conhecimento adequado para que possam diferenciar o luto sadio do luto complicado e assim oferecer aos seus familiares todo o suporte necessário. Dessa forma, é possível concluir que o luto é uma experiência subjetiva de interiorização da perda, na qual cada indivíduo reage de um jeito e leva um período de tempo diferente para assimilar a perda; durante este período é importante que os familiares e amigos da pessoa enlutada ofereçam todo o apoio necessário, e saibam identificar a linha tênue que separa o luto saudável do luto complicado. PALAVRAS CHAVES: luto complicado, luto sadio, família. ABSTRACT This article aims to provide families of mourners adequate knowledge so that they can distinguish the sound of mourning ¹ Acadêmica do Curso de Psicologia - Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral - FAEF. Email: [email protected] Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral- FAEF - Garça - SP- Brasil - http:// www.grupofaef.edu.br Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 189 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA complicated grief and so offer your family all the necessary support. Thus, we conclude that grief is a subjective experience loss of internalization, in which each individual reacts in a way and takes a different amount of time to assimilate the loss; during this period it is important that family members and friends of the bereaved to offer all necessary support and know how to identify the fine line that separates the healthy mourning complicated grief. KEYWORDS: complicated grief, healthy mourning, family. 1.INTRODUÇÃO O artigo se deu com o objetivo de proporcionar às famílias de pessoas enlutadas conhecimento adequado para que possam diferenciar o luto sadio do luto complicado e assim oferecer aos seus familiares todo o suporte necessário; dessa forma explanaremos o que é o luto, as fases do luto, as diferenças entre o luto sadio e o luto complicado, a maneira como os familiares podem identificar o luto complicado e o que podem fazer visando minimizar o sofrimento do enlutado. 2.DESENVOLVIMENTO 2.1.O que é luto De acordo com Jaramillo (2006) luto “é o trabalho pessoal e individual para se reacomodar a uma vida diferente após a perda de alguém ou algo muito valorizado, de reaprender o mundo, irreversivelmente transformado sem o ente querido”. Parkes (1998) complementa esta ideia afirmando que “o luto é o acontecimento vital mais grave que a maior parte de nós pode experienciar, é um processo de aperceber-se, de tornar real o fato da perda”. Oliveira e Lopes (2008) descrevem o luto como uma fase de expressão dos sentimentos decorrentes da perda, o qual pode se manifestar através do choque, desejo, desorganização e organização; é a fase de aprender que a morte deve ser tornada real, a partir do que se torna possível estabelecer novas concepções sobre o mundo, 190 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF favorecendo investimentos pessoais. O luto, não é um processo linear, não tem data para terminar, podendo durar meses e anos, ou mesmo nunca acabar, pois depende diretamente da individualidade de cada um e ainda do nível e intensidade de relação que se manteve com o falecido. 2.2.Fases do luto Kübler-Ross ao escrever a obra “sobre a morte e o morrer” (1985), se baseou em mudanças no modo como os pacientes gravemente enfermos se sentiam, agiam e pensavam ao longo do processo de elaboração de seu próprio luto; diante disso, teorizou cinco estágios que foram generalizados para toda e qualquer experiência de perda ou de luto, os estágios se caracterizam pelos recursos e defesas psíquicas usados pela pessoa para lidar com fatos difíceis de serem aceitos, não surgem em uma ordem específica, podendo haver a coexistência de dois ou mais estágios ao mesmo tempo; são eles: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. 1º Estágio: negação, este é um escudo momentâneo para se defender da situação de perda; diante de uma realidade inaceitável pelo psiquismo, a negação da possibilidade de tal realidade vigorar é o meio mais rápido para “proteger” o Eu; a negação é uma defesa temporária, sendo logo substituída por uma aceitação parcial. A autora entende a negação como uma forma importante e saudável de encarar uma situação dolorosa, podendo, inclusive, ir e voltar a acontecer outras vezes ao longo do processo de elaboração do luto. 2º Estágio: raiva, este acontece após o choque inicial, a pessoa passa para um estágio de ressentimento, raiva e até inveja; sentimentos que representam uma grande dor, que se expressa na forma de agressão ao outro. É o primeiro contato com o sofrimento realmente; a raiva é a manifestação de toda a dor que a possibilidade de aceitação dessa realidade provoca na pessoa enquanto realidade possível. 3º Estágio: barganha, neste estágio a pessoa vê-se completamente sem domínio da situação, e na impossibilidade de agir, volta-se para o absoluto, para o sagrado, para Deus com o intuito de negociar, por meio de promessas, trocas, pactos, etc., “se eu te der isso, você me dá aquilo”. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 191 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 4º Estágio: depressão, este estágio decorre da constatação do fracasso da barganha e envolve uma reorientação de energia para os processos internos; é marcado por uma exaltação dos sentimentos de impotência e remorsos, que geram uma tristeza profunda. 5º Estágio: aceitação, este estágio não deve ser confundido como um momento de felicidade; neste momento a pessoa não precisa mais recorrer ao uso de defesas psíquicas, é caracterizada pela busca de paz e silêncio. Kübler-Ross evidenciou que existe uma espécie de sexto estágio que perpassa todos os outros: a esperança, diz: “Não está na natureza humana aceitar a morte sem deixar uma porta aberta para uma esperança qualquer”. Bromberg (2000) também teorizou sobre as fases do luto, sendo elas nomeadas por ele, como: entorpecimento, caracterizada pela reação inicial após a perda, na qual ocorre choque e descrença; anseio e protesto, caracterizada por emoções fortes, com muito sofrimento psicológico e agitação física (é comum que o indivíduo se mostre afastado e introvertido); desespero, nessa fase o enlutado reconhece a imutabilidade da perda, podendo sentir-se apático e depressivo, o processo de superação costuma ser lento e doloroso; e recuperação e restituição, caracterizada pelo momento em que a depressão e a desesperança começam a se misturar a sentimentos mais positivos e menos devastadores; dá-se o retorno da independência e da iniciativa. O autor não deixa de ressaltar que as fases não ocorrem de maneira rígida e não constituem regra necessária no processo de luto, uma vez que existem a individualidade e a subjetividade do enlutado. 2.3.O luto sadio e o luto complicado Bowlby (1985) defende que o processo de perda é algo particular, que sofrerá grande influência da organização cognitiva e das experiências de cada um; são múltiplos os fatores psicológicos envolvidos no luto, tanto sadio ou complicado, assim, ele acredita que a diferença entre ambos é a intensidade, tempo e frequência desses comportamentos, por estender a dor causada. De acordo com Pincus (1989) o luto sadio é aquele que não promove nenhum tipo de trauma ou consequências que possam afetar a integridade física e psicológica do indivíduo. 192 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Stroebe, Stroebe e Hansson (1993; apud. Alves, 2008) realizaram um levantamento de respostas emocionais esperadas no processo considerado sadio de luto, as quais podemos citar: choque e dificuldade de acreditar na realidade; pesar e tristeza, acompanhados por choro e lamentação; senso de perda devido ao reconhecimento da ausência e da impossibilidade de recuperação; culpa e arrependimento, que pode estar relacionado a culpa por sobreviver; ansiedade e receios, que aparecem sob a forma de insegurança, medos ou crises de angústia; imagens repetitivas da pessoa falecida próxima da morte, com caráter intrusivo e fora de controle; desorganização mental apresentando distração, confusão, esquecimento ou falta de coerência; sobrecarga de tarefas e dificuldades para sua realização; alívio, especialmente após doença longa e sofrida, pelo término do sofrimento; solidão, que se expressa como sentir-se só mesmo quando em grupo e com picos de sentimentos intensos de isolamento; sentimentos positivos também aparecem, a intervalos, em meio ao pesar. Os autores acrescentam ainda que em casos de luto complicado, esses aspectos podem apresentar-se com intensidade ou duração alteradas, apontando para a impossibilidade de caminhar dentro do processo esperado e constituindo-se um indicativo da não resolução do luto. Alves (2008) afirma que o luto complicado acontece quando a reação de luto não funcionou por alguma razão, assim, o luto se torna clinicamente relevante quando as reações depressivas são excessivamente intensas e quando o processo de luto é prolongado demais. Kovács (2008) esclarece que os fatores que podem causar complicações no processo de luto podem ser exacerbados em uma cultura que faz com que as pessoas se controlem, não se manifestem e que vivam como se a morte não existisse. Há uma tendência para “adequar” as pessoas, buscando-se normatização, o que não permite que elas possam viver sua tristeza. 2.4. Como os familiares podem identificar o luto complicado Segundo Worden (1991; apud. Melo, 2004), o processo de luto termina quando as fases descritas acima são completadas; quanto à duração do processo, não existe uma resposta conclusiva, sendo Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 193 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA impossível definir uma data precisa, no entanto, quando se perde uma relação próxima é muito improvável levar menos de um ano e para muitos casos dois anos ou até mais não é muito tempo. O processo de sofrimento é muito variável, levando normalmente muito mais tempo que aquele que as próprias pessoas esperam. O processo de luto traz consigo diversas formas de manifestações que podem ser de natureza psicológica, social, comportamental, afetiva e fisiológica com intensidade e duração bastante variáveis. (ALVES, 2008) Reafirmando esta ideia Worden (1991; apud. Melo, 2004) argumenta que existem sentimentos/comportamentos que são comuns a pessoas que estão passando pelo processo de luto, porém, é importante atentar-se quanto a intensidade e duração de tais sentimentos/comportamentos, considerando que estes são os mesmos para o luto sadio e o luto complicado, apenas com variações de intensidade e duração. A seguir, é apresentado uma síntese das alterações físicas, cognitivas e comportamentais que podem estar presentes nas pessoas em processo de luto: Sensações físicas: vazio no estômago; aperto no peito; nó na garganta; hipersensibilidade ao barulho; sensação de despersonalização (nada parecer real, incluindo o próprio); falta de fôlego; sensação de falta de ar; fraqueza muscular; falta de energia; boca seca. Cognições: descrença (não acreditar na morte); confusão (pensamento confuso, dificuldade de concentração ou esquecimento de coisas); preocupação (obsessão com pensamentos acerca do falecido); sensação de presença; alucinações (visuais e auditivas; são uma experiência frequente nos enlutados; são normalmente experiências ilusórias passageiras, que ocorrem habitualmente após poucas semanas da perda). Comportamentos: distúrbios do sono (insônias); distúrbios do apetite (normalmente há uma redução, mas também pode haver um aumento do apetite); comportamentos de distração; isolamento social; sonhos com a pessoa falecida; evitar lembranças da pessoa falecida; procurar e chamar pelo ente perdido; suspirar; hiperatividade; chorar; transportar consigo objetos que lembrem a pessoa perdida; guardar objetos que pertenciam à pessoa falecida. 194 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Worden (1998) menciona que em alguns casos a elaboração do luto não pode ser feita individualmente, pois, segundo ele chorar sozinho pode levar o indivíduo a um alivio instantâneo mais não chega ser eficaz; assim, ressalta que o suporte dos familiares e amigos é fundamental; e estes, ao perceber que o indivíduo enlutado sente muita raiva, insistindo nesse sentimento e se afastando, deve sugerir a busca pelo suporte profissional. 2.5. O que os familiares podem fazer visando minimizar o sofrimento do enlutado De acordo com Taverna e Souza (2014) o luto é particular, ninguém vive a mesma situação, cada um enfrentará as suas experiências; sendo assim, é importante que os familiares saibam entender as dificuldades da pessoa enlutada; segundo os autores o luto pode ser comparado com um ferimento físico, que necessita de cuidados, a fim de reforçar as defesas e curá-lo, o melhor reforço é o processo de aceitação, acompanhado de simpatia, entendimento e o apoio externo dos amigos e pessoas próximas. Quando em contato com pessoas enlutadas é importante entender suas dificuldades, reconhecendo que não são todas as pessoas que interiorizam o luto e enfrentam a vida de cabeça erguida; assim, o papel dos familiares e amigos é de oferecer apoio, companheirismo, levar esperança, compreendendo cada uma das fases da pessoa que sofreu a perda. Segundo Sequeira e Souza (2014) é extremamente necessário transmitir confiança e apoio ao enlutado, pois assim ele passará a se organizar e aos poucos ir aceitando a nova realidade; complementando esta ideia Worden (1998) afirma que o silêncio também é uma forma de consolar e ajudar, pois demonstra respeito e compreensão ao momento vivido pelo enlutado. Worden (1998) salienta que é de suma importância respeitar o tempo do enlutado e estar sempre perto, principalmente em ocasiões especiais, tais como, data de aniversário, natal e réveillon, que costumam ser datas dolorosas, principalmente no primeiro ano de luto; nesses momentos é importante estar presente, ouvindo e ajudando a celebrar a memória de quem já morreu. Taverna e Souza (2014) argumentam que em alguns casos apenas o apoio por parte dos familiares não é suficiente para o indivíduo Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 195 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA possa concluir o processo do luto de forma saudável, há a necessidade de frequentar grupos de apoio, onde as pessoas possam compartilhar suas dores e em casos mais extremos a ajuda de profissionais da saúde, como psicólogos, psiquiatras, a fim de diagnosticar enfermidades decorrentes dos processos de não assimilação do luto e proporcionar tratamento adequado. 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS Em análise à bibliografia estudada, permite-se concluir que o luto é uma experiência subjetiva de interiorização da perda, pela qual cada pessoa nesta situação de dor emocional reage de forma singular, dentro deste caminho citado como “fases do luto” segundo Kübler-Ross (1985), que permite a esta pessoa vivenciá-las em tempos diferenciados até que se assimile a perda. Bowlby (1985) ressalta que o processo de luto sofre grande influência das experiências vividas e da cultura na qual o indivíduo está inserido. É importante que as pessoas próximas ao enlutado estejam atentas a perceber à linha tênue que separa o luto sadio do luto complicado; pois, considerando que ambos os processos trazem diversas formas de manifestações que podem ser de natureza psicológica, social, comportamental, afetiva e fisiológica; a principal diferença entre o luto sadio e o complicado é a intensidade, o tempo e a frequência dos comportamentos. O papel dos familiares e amigos que estão próximos ao enlutado é de oferecer apoio, companheirismo, levar esperança, compreendendo e respeitando cada uma das fases vivenciadas pela pessoa que sofreu a perda e o tempo que ela precisa para aceitar a nova situação; caso percebam que apenas o apoio dos familiares não está sendo suficiente para que o indivíduo possa concluir o processo do luto de forma saudável, há a necessidade de buscar ajuda de profissionais da saúde, como psicólogos, psiquiatras, a fim de diagnosticar enfermidades decorrentes dos processos de não assimilação do luto e proporcionar tratamento adequado. 4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, K. V. G. Morrer de amor: luto pode causar adoecimento 196 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF físico. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro: Faculdade de Ciências Médicas, mar. 2008. BOWLBY, J. Apego e Perda; Vol. III. Perda – Tristeza e Depressão. São Paulo: Martins Fontes, 1985. BROMBERG, M. H. P. F. A psicoterapia em situações de perdas e luto. Campinas: Editorial Psy II, 2000. JARAMILLO, I. F. Morrer Bem. São Paulo: Editora Planeta, 2006. KOVÁCS, M. J. Desenvolvimento da tanatologia: estudos sobre a morte e o morrer. Universidade de São Paulo, São Paulo - SP, Brasil. Paidéia, 2008, 457-468. KÜBLER-ROSS, E. Sobre a morte e o morrer. São Paulo: Martins Fontes; 1985. MELO, A. R. P. P. Processo de Luto: o inevitável percurso face a inevitabilidade da morte. 2004. Disponível em <http:// www.integra.pt/textos/luto.pdf> OLIVEIRA, J. B. A.; LOPES, R. G. C. O processo de luto no idoso pela morte de cônjuge e filho. Maringá: Psicologia em Estudo, v. 13, n. 2, p. 217-221, abr./jun. 2008. PARKES, C. M. Luto: estudos sobre a perda na vida adulta. São Paulo: Summus. 1998. PINCUS, L. A família e morte: como enfrentar o luto. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1989. SEQUEIRA, B. J.; SOUZA, I. C. A outra face: a reconstrução de vida após o luto. Caderno de Ciências Biológicas e da Saúde, 2014. TAVERNA, G.; SOUZA, W. O luto e suas realidades humanas diante da perda e do sofrimento. Curitiba: Caderno teológico da PUCPR, v.2, n.1, p.38-55, 2014. WORDEN, W. W. Terapia do luto: um manual para o profissional de saúde mental. Porto Alegre: Artes Médicas, 2. ed., 1998. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 197 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 198 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O ABUSO SEXUAL INFANTIL: O INDIVÍDUO, A FAMÍLIA E O PAPEL DOS PROFISSIONAIS NO ATENDIMENTO À CRIANÇA Siléia Batista SOARES Fernanda Piovesan DOTA RESUMO Os casos de abuso infantil sempre existiram, no entanto, nunca foi tão discutido e denunciado como atualmente. Algumas estatísticas levam a saber que este é um problema profundamente encravado na sociedade, compreendido de outra maneira na Antiguidade, com uma imensidade de variáveis, entretanto, elas dão apenas uma representação geral do problema. A principal vítima dessa história é a criança, mas não só ela como as famílias e, por um outro aspecto, o “agressor”. Nesse contexto, há de se verificar a importância do Psicólogo para ouvir, auxiliar e orientar as vítimas, pois elas necessitarão de encaminhamento e tratamento para que voltem a ter uma vida aparentemente “normal”. Palavras-chave: Abuso sexual, Criança, Psicologia. ABSTRACT Cases of child abuse have always existed, however, has never been discussed and denounced as today. Some statistics lead to know that this is a deeply wedged problem in society , otherwise understood Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 199 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA in antiquity , with a multitude of variables , however, they give only a general representation of the problem. The main victim of this story is the child, but not only her as families , and another aspect , the “ aggressor.” In this context, to verify the importance of the psychologist to listen , help and guide the victims because they require referral and treatment to come back to have a “normal” life apparently . Key-words: Child, Psychology, Sexual Abuse. 1. INTRODUÇÃO Antigamente não se compreendia e nem se pensava a infância como na atualidade, ou seja, não se sabia o que representava ser criança; isso porque ela não se diferenciava do adulto e não era representada significativamente na família, era vista somente como alguém ligada ao grupo como qualquer outro personagem do contexto. (ARIÈS, 1979, p.14). A percepção que se tinha era de um “ser em miniatura” que tinha que aprender a viver juntamente com os demais. Atualmente, de acordo com o E.C.A. – Estatuto da Criança e do Adolescente, promulgado oficialmente em 13 de Julho de 1990 pela Lei n. 8.069, no Brasil, a criança passa a ser considerada como qualquer indivíduo desde o seu nascimento até 12 anos de idade. (BRASIL, 2002, p. 20). Mesmo depois de tantos anos, tais crianças ainda não podem ser consideradas adolescentes, ainda que tenham o porte físico de um, pois lhes falta maturidade psicológica para isso. É neste sentido que se diferencia as palavras desenvolvimento e crescimento. Desde o início as crianças aprendem com os pais, imitando seus comportamentos. Assim, se estes passam a negligenciar ou abusar dos mesmos, eles tendem a desenvolver vários transtornos psicológicos e alguns a repetir as ações quando adultos. Vygotsky et. al. (1988) acredita que “as características individuais e até mesmo suas atitudes individuais estão impregnadas de trocas com o coletivo”. Além dos pais, a família, a igreja e a escola fazem parte do processo de desenvolvimento da criança. É comum, enquanto os pais trabalham os filhos ficarem sob os 200 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF cuidados de terceiros ou, passarem o dia sozinhos. Essa espécie de ‘abandono’ poderá trazer sérias consequências até a fase adulta. Essa negligência é apenas uma das formas de violência que existe, no entanto é muito comum nos depararmos com crianças que sofreram outros tipos, como violência física, a psicológica e a sexual. Muitos estudiosos atualmente se mostram preocupados com a temática, buscando compreender e explicar seus vieses, afim de, encontrar alternativas de cuidados, amparo e atendimentos que minimizem os malefícios causados às vítimas, às suas famílias e até mesmo aos agressores. Segundo Azevedo e Guerra (2002) alguns deles se esquecem de que as crianças têm direitos, sobrepondo sobre elas regras e relações de poder dominantes e agressivas mantendo um domínio sobre elas, seja de forma física, econômica, emocional, entre outras. O objetivo deste trabalho é verificar, por meio de uma pesquisa bibliográfica sobre o abuso sexual infantil, assim como, os traumas advindos dessa prática, as possíveis intervenções legais, individuais e multidisciplinares para amenizar o impacto produzido por ela. 2. ABUSO SEXUAL INFANTIL O termo ‘Abuso Sexual Infantil’ foi adotado pela OMS (1999), para referir-se à violência sexual em que a vítima é uma criança ou um adolescente. Nos diversos conceitos criados sobre abuso sexual até hoje, algumas características aparecem em comum: a) a impossibilidade do consentimento da criança que, pela própria fase do desenvolvimento, não tem condições de decidir ou de compreender a natureza do ato; b) a finalidade de obter estimulação sexual para o adulto; c) o abuso do poder do adulto sobre a criança, cujo ato nem sempre é facilmente identificável por provas físicas (PADILHA; GOMIDE, 2004). Conforme a relação estabelecida entre a criança e o autor, podemos diferenciar dois tipos de abuso sexual, o extrafamiliar quando a relação se dá entre a criança e um adulto não membro da família, podendo ser um conhecido ou desconhecido (VIODRES INOUE; Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 201 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA RISTUM, 2008), visitante ocasional ou de confiança por parte dos pais. Pode acontecer fora do ambiente familiar (SEABRA & NASCIMENTO, 1998); e o intrafamiliar quando o abuso é realizado por um membro da família como o pai, o irmão, a mãe (SEABRA; NASCIMENTO, 1998). É também chamado de incesto, englobando avós, tios, padrastos, madrastas e primos. O abuso infantil pode envolver contato físico (atos físicos genitais, exploração sexual para fins econômicos), não físico (abuso verbal, telefonemas obscenos, exibicionismo e voyeurismo), e a violência (estupro, brutalização e assassinato) (AZEVEDO; GUERRA, 2002; CFP, 2009). O local onde os abusos mais ocorrem é o doméstico e os principais abusadores são, de acordo com dados da UNICEF, principalmente pais, padrinhos, avós, irmãos, tios. Isso dificulta saber a realidade das pesquisas sobre o assunto, pois o mesmo que agride é aquele a quem a criança ama e, por isso, eles não são facilmente denunciados. Acredita-se que no Brasil menos de 10% dos casos chegam às delegacias (RIBEIRO; FERRIANI; REIS, 2004). Na maioria dos casos que chegam, o homem é o agressor e a menina é a vítima, porque os meninos revelam a violência menos do que as meninas. Nos casos em que as mulheres são as agressoras, a descoberta é ainda mais difícil porque são elas as responsáveis pelos cuidados da criança. De acordo com autores como Ferreira e Azambuja (2011), Bassols et al. (2011) e Furniss (2002) as consequências de tais atos podem atingir diversas áreas e períodos do desenvolvimento da vitima: podem durar o resto da vida, e dependem, entre outros fatores: do grau de violência sofrida; de quantos anos tinha quando os atos abusivos se deram; da duração, frequência e tipo do abuso; do vínculo com o agressor; da diferença de idade entre a vítima e o agressor; da capacidade de resiliência da criança, da ajuda afetiva e social quando da e após a acusação; do acompanhamento; da presença de outros familiares para protegê-la. Para esses autores, o abuso pode dar origem a transtornos como ansiedade, depressão, ideia de suicídio, estresse pós-traumático e outras manifestações psicopatológicas; como prejuízo no desempenho escolar e no desenvolvimento cognitivo, agressividade, uso de álcool e outras drogas. (BASSOLS et al., 2011). O abuso pode durar anos e dificilmente é interrompido sem a interferência de atores externos. Quando a criança consegue falar o 202 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF que esta ocorrendo, não é raro que não acreditem ou a culpem, sem denunciar o abusador pelo medo das consequências, entre elas a exposição, a quebra de vínculos, e o risco de ficar sem aquele que provê economicamente a família (SANTOS et al., 2006). Existem mães e outros familiares que conseguem funcionar como figuras de proteção, dando apoio e suporte emocional à criança, entretanto, de acordo com Duarte (2008), estima-se que no Brasil, em relação à violência sexual, para cada caso denunciado, 20 não chegam ao conhecimento das autoridades. Existem casos em que, quando o abuso é revelado, a mãe reage com ciúmes, como rival e passa a colocar na filha a responsabilidade pelo ocorrido. A dificuldade de a mãe reconhecer o abuso só piora a situação, pois isso seria a confirmação de seu fracasso como mãe e esposa, enquanto que o abusador usa de todos os meios para manter seus atos em silêncio e encobertos. O abuso sexual infantil é um verdadeiro campo minado para todas as pessoas envolvidas — as que sofreram abuso, as que abusaram e os profissionais envolvidos no tratamento e no cuidado. É um problema genuinamente multidisciplinar, requerendo a cooperação de uma ampla gama de profissionais com diferentes capacidades (FURNISS, 2002). Quando há suspeita ou confirmação de abuso sexual, é muito importante avaliar o grau de risco familiar, antes que a criança volte para casa. Isto requer tempo e a intervenção de uma equipe interdisciplinar especializada composta de psicólogos, assistentes sociais, advogados, polícia, pediatras, psiquiatras, psicólogos, aconselhadores e terapeutas envolvidos no tratamento das crianças que sofreram abuso sexual e de suas famílias. Para evitar que as vítimas fiquem expostas a uma situação de risco pior a assistência e a intervenção planejada a nível governamental e comunitário são fundamentais. Isso demanda soluções adequadas para acabar com o ciclo da dor e tentar cuidar das sequelas importantíssimas, que condicionará a vitima ao longo de toda a sua vida. Uma portaria do Ministério da Saúde tornou a notificação destes casos obrigatória desde 2001. O ECA também prevê que, além de ser responsável pela comunicação dos casos identificados de violência Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 203 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA sexual, o profissional de saúde deve dar proteção às vítimas e o apoio necessário às suas famílias (SCHERER & SCHERER, 2005; Neves, 2008). Ao profissional de saúde cabe ainda contribuir para que haja maior integração entre as instituições de saúde e as instâncias legais, em especial o Conselho Tutelar, encaminhando a família e a criança para a assistência social e psicológica, colhendo exames para evitar doenças sexualmente transmissíveis (DST) e administrando medicamentos nas primeiras 72 horas após a agressão. A escola, na pessoa do professor, ou do diretor tem um papel fundamental na proteção e orientação de crianças e adolescentes. Ela serve como um espaço para discussão de temas importantes, como sexualidade e gênero. Deve também ficar atenta quanto à mudanças de atitudes nas crianças. O vínculo educador-aluno pode ser um caminho para crianças que vivenciam situações de violência sexual saírem de tais situações. Tanto na abordagem, como na escuta, o profissional deve se sentir capacitado e buscar ajuda de outros profissionais para melhor encaminhar esses casos. Os amigos, vizinhos e familiares que convivem diariamente com as pessoas e ouvem de cada uma delas diferentes histórias percebendo se alguém próximo está passando por uma situação de violência sexual, devem tomar a decisão corajosa e importante de agir em defesa da criança, o que pode vir a revelar segredos da família que muitos preferiam esconder. Esse é um momento importantíssimo e uma rede formada por profissionais despreparados pode oferecer risco de revitimização. Segundo Habigzang et al. (2006, p. 381) as ações profissionais e legais devem se complementar na busca de um atendimento eficaz: A intervenção legal deve estar conectada com os profissionais da saúde mental, senão poderão contribuir para um aumento do dano psicológico sofrido pela criança. A proteção social especial é voltada para indivíduos ou famílias que tiveram seus direitos violados ou ameaçados por circunstâncias diversas, como o abuso sexual, exigindo atuação interdisciplinar e especializada, inclusive em contato com outros órgãos de proteção de diretos da Rede de Proteção Social e no Sistema de Garantia de Direitos, como o Ministério Público e Conselhos Tutelares (CFP, 2009). Segundo a Lei 8.069 (BRASIL, 2003), nos artigos 132 e 88, cabe aos conselhos (tutelares e de direitos) o papel de controlar, decidir 204 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF e coordenar. Intervir caso haja o não cumprimento das funções a cargo do Estado, formular políticas de proteção integral a infância, tomar decisões sobre a adequação de programas já implantados e articular os órgãos públicos e iniciativas privadas para a concretização da política de proteção e desenvolvimento das crianças e adolescentes (GABEL, 1997). A intervenção psicológica depende do tipo de abuso sofrido e necessidades específicas da criança. Existem diferentes tipos de intervenção. O tratamento poderá ser feito forma individual, grupal ou de par, poderá ser dirigido à família completa, à vítima e/ou ao agressor(a), selecionando também o lugar e a duração. Podem ser baseados em diferentes escolas: psicanalítica, comportamental, cognitiva e humanista, fazendo uso de técnicas de psicoterapia infantil como discussões, jogo, teatro, desenho, redações, relaxamento, musicoterapia. 3. CONCLUSÕES A violência sexual na infância revela situações limite, e rouba uma fase da vida onde medo, violência, tristeza e sexo não deveriam ter lugar. Ao buscar compreender como os resultados ocasionados pelo abuso sexual são danosos para a vítima, constata-se a importância de um acompanhamento psicoterapêutico, a fim de que a criança vitimada possa estabelecer novos caminhos para seguir e reconstruir a sua vida. No intuito de tratar estes problemas, a atenção deve ser dirigida para intervenções prioritárias, abordagens integradas para tratar o abuso e a garantia de um ambiente favorável para um desenvolvimento físico, social e emocional pleno. 4. REFERÊNCIAS ARIÈS, Philippe. A História Social da Infância e da Família. Rio de Janeiro: Zahar, 1979. p. 14-156 AZEVEDO, M. A.; GUERRA, V. N. A. (Orgs.). Infância e Violência Doméstica: fronteiras do conhecimento (3ª ed.). São Paulo: Cortez. 2002. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. 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Dos Santos, José Wellington RESUMO Este artigo procura traçar o caminho progressivo de Freud acerca da investigação da etiopatogenia do que a psicanalise clássica denomina como neurose obsessiva. Para tal proposição realizar-se-á a leitura cronológica dos textos freudianos pertinentes ao objetivo proposto, fazendo um destaque ao caso do homem dos ratos, considerado um caso clínico bem sucedido de Freud. Palavras-Chave: neurose obsessiva, Freud, etiopatogenia. ABSTRACT This article seeks to trace the progressive path of Freud about the investigation of pathogenesis than classical psychoanalysis as obsessional neurosis. For such a proposition will be held chronological reading of Freudian texts relevant to the proposed objective. It will be added succinctly the important previous conceptions and later Freud’s research on the subject, especially with respect to its pathogenesis. Key Words: obsessional neuroses, Freud, pathogenesis. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 209 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA INTRODUÇÃO Após trinta anos decorrentes da primeira publicação de Freud acerca do que hoje se denomina neurose obsessiva. Esta continuou sendo para ele um dos temas mais importantes em suas investigações clínicas e elaborações teóricas. Silveira (2010) afirma tratar-se de uma tipologia rica para investigação e complexa em conteúdos simbólicos. Por isso, tal neurose é considerada um dos principais quadros da clínica psicanalítica. A psicanalise como foi concebida primeiramente por Freud, e, conforme defende Pinto (2007), nasceu a partir do interesse dele pela histeria. O seu desenvolvimento e constituição se deu igualmente através de seu labor clínico com a neurose obsessiva. Ribeiro (2006) afirma que com a publicação em 1896 do artigo “A hereditariedade e a etiologia das neuroses” Freud pela primeira vez tornou público, com base em seus estudos do inconsciente que seria necessário situar junto à histeria, o que ele denominou de neurose de obsessões. De acordo com Ribeiro (2006), Freud utiliza pela primeira vez a palavra psicanalise em seu artigo de 1896. No presente trabalho será feita uma revisão bibliográfica dos textos de Freud seguindo o percurso e desenvolvimento cronológico do pensamento do autor sobre a etiopatogenia da neurose obsessiva, desde concepções anteriores relacionadas ao tema, até o caso emblemático do homem dos ratos, que foi determinante para que Freud desse continuidade a pesquisa sobre as importantes fases libidinais que constituem o psiquismo humano Faz-se necessário salientar que a contribuição de Freud não se fez em exaurir ou concluir o tema, mas em pavimentar um caminho para que novas elaborações e aplicações clínicas possam se desenvolver, no que consiste esta, que atualmente apresenta-se como um grande desafio à clínica psicanalista. Freud trabalhou retomando e reformulando sempre as suas próprias concepções relacionadas a etiopatogenia dessa neurose como se vera no decorrer do presente trabalho de pesquisa “Freud definiu sucessivamente a especificidade etiopatogênica da neurose obsessiva” (LAPLANCHE 1991). 1. Concepção anterior à elaboração teórica Freudiana O quadro denominado a partir de Freud como neurose obsessiva, foi antes, juntamente com a histeria apresentado como uma tipologia 210 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF clínica da estrutura neurótica agregada as neuroses de transferência. Foi considerada uma manifestação da mania, pertencendo ao quadro clínico das psicoses. Psiquiatras como Pinel, Esquirol, J.P. Falret e Legrand du Saulle, através da prática clínica descreveram, respectivamente o que denominaram de: a mania sem delírio, a monomania de raciocínio, a loucura da dúvida e a patologia da inteligência, que se davam em momentos onde acentuava-se através de alterações na conduta, bem como períodos onde observava-se sublinhada alienação parcial (SILVEIRA 2010). O termo obsessão foi utilizado pela primeira vez por Jules Falret (1824-1902), alienista Francês que o utilizou para descrever o fenômeno em que a pessoa era acometida por ideias patológicas e, ou, enorme culpa (RIBEIRO, 2003). Não muito tardiamente o termo foi traduzido para língua alemã como: Zwang, pelo psiquiatra austríaco Richard Von Krafft-Ebing, remetendo na língua germânica a algo como uma coerção e compulsão a agir e pensar contra a própria vontade (ROUDINESCO & PLON, 1998). Freud de acordo com Pinto (2007) adotou várias noções a partir do trabalho de Richard Von Krafft, professor de psiquiatria em Viena que publicou “Psychopathia sexualis” em 1886. Já de acordo com Ribeiro (2003) a palavra: obsession, datada do século XVII, foi utilizada por um clérico para descrever o comportamento compulsivo de um paroquiano que lia repetitivamente o seu livro de orações. Conforme a contribuição de Pinto (2007) a obsessão apareceu tardiamente na clínica das neuroses se comparada à histeria, que era conhecida desde a antiguidade. Tanto a histeria quanto a obsessão são vistas na história da religião ocidental associadas aos fenômenos relacionados ao dualismo religioso referente à divisão entre corpo e alma. Para Pinto, tal cosmovisão religiosa a concebe como uma possessão sonambúlica, passiva, inconsciente e feminina onde o demônio se apodera do corpo da mulher com intenção de lhe torturar. Na obsessão, a possessão é consciente, ativa e masculina e o possesso se vê torturado internamente também por uma ação demoníaca (2007 apud ROUDINESCO & PLON, 1998, p. 539). Do lado da histeria está a mulher, assimilada a uma feiticeira e culpada através de um corpo diabólico. “De outro lado, está a obsessão, representada pelo homem invadido por uma sujeira moral que o obriga a ser seu próprio inquisidor” (Pinto, 2007, p 25) Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 211 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 2. O percurso Freudiano No percurso desenvolvido por Freud se faz nítido como ele foi ao longo de suas observações clinicas e elaborações teóricas lançando cada vez mais luz ao tema, trazendo sempre novas implicações, formulações e reformulações. Freud até 1897, pautado então em sua teoria da sedução relacionada ao trauma sexual infantil, via a sexualidade das meninas sob o signo da passividade e do pavor, e a dos garotos sob o signo de um prazer ativo, mas vivido como um pecado (ROUDINESCO & PLON, 1998). Apesar de Freud a princípio ter mantido algum grau de correlação entre a histeria e a passividade bem como entre a obsessão e a atividade, ele rejeitou tal polarização substituindo-a por uma nova constatação etiopatogênica ao repensar e delinear uma nova teoria da sexualidade. Deste modo a neurose obsessiva passou a ser compreendida como tendo uma origem em um conflito psíquico afetando tanto os homens quanto as mulheres (ROUDINESCO & PLON, 1998). De acordo com Pinto (2007) pode-se dividir em dois momentos a inovação nosográfica freudiana das relações entre a neurose obsessiva e os sintomas de pensamento ou atos compulsivos: Num primeiro momento, a construção Freudiana dessa neurose por analogia com o mecanismo da histeria foi feita entre os anos de 1894 a 1905. Julian (2002) concomitantemente divide em dois períodos a investigação de Freud, onde num primeiro momento, em relação à ordem etiológica, era visto que na infância haveria uma excitação sexual precoce de inicio provocada pelo adulto, e depois espontânea. De acordo com ele o trauma é vivido de forma passiva na histeria e na neurose obsessiva onde no que consiste a segunda, haveria atividade com prazer. Num segundo momento da divisão proposta por ele, Julian (2002), assinala que os afetos decorrentes do trauma, por sua vez inconciliáveis com o eu, desprendem-se de suas representações primeiras para poder operar uma ligação falsa com as novas representações por deslocamento. Para o autor, tal substituição seria uma defesa do eu, e conforme seu pensamento não existe recalque sem o retorno do recalcado. Afirma também que enquanto na histeria o retorno se dá por intermédio de conversão, na neurose obsessiva se da por transposição para outras representações mais conciliáveis com o eu. O artigo de 1894, denominado “As neuropsicoses de defesa”, 212 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF segundo Camargo (2009) destacou-se como um inicio mais efetivo da investigação da origem das neuroses. A partir desse artigo Freud começou a delimitar em dois distintos grupos o que ele chamou de neurastenia e de psiconeurose. A investigação clinica da psiconeurose, que compreende a histeria e a neurose obsessiva resultou no artigo acima referenciado. Foi a partir desse artigo, que de acordo com Camargo (2009) houve uma inovação freudiana, pois ele passou a perceber algo em comum entre a histeria e a neurose obsessiva, onde tal ligação estaria para ele na origem traumática de experiências sexuais vividas na infância. Em 1896, com o artigo “A hereditariedade e a etiologia das neuroses” Freud demonstra a importância que deu na busca de tentar compreender a etiopatogenia da neurose obsessiva. De acordo com Camargo (2009) ele anuncia ter feito uma inovação nosográfica. Podese ver tal inferência quando ele relaciona a neurose obsessiva “como um distúrbio auto-suficiente e independente” (1896a, p. 141-155). Ele inicia sua investigação por meio da histeria, pois demonstra ter compreendido que o mecanismo psíquico das obsessões está mais próximo da histeria do que antes se imaginava. Pode-se notar, porém, que Freud continua com a mesma hipótese presente no seu artigo anterior de 1894, hipótese essa de que é na vida sexual precoce do sujeito que provem a perturbação do sistema nervoso. A sua abordagem anterior relacionando a histeria a uma experiência sexual passiva e a neurose obsessiva a um evento que proporcionou prazer, não encontra mudanças até então. Em suma ele faz ainda do caráter ativo da experiência sexual na infância a origem da neurose obsessiva, que predominaria no sexo masculino, bem como da passividade na histeria predominante no sexo feminino. Faz-se necessário salientar que mais tarde Freud abandona a afirmativa das relações entre histeria e sexo feminino e neurose obsessiva e sexo masculino. No mesmo ano, em (1896), ele lança um artigo com o seguinte titulo, “Observações adicionais sobre as neuropsicoses de defesa”. Ele descreve nesse artigo o que considerou o curso da neurose obsessiva, afirmando que a consciência não fica totalmente livre do reaparecimento das experiências antigas de prazer, o que as torna passiveis de recriminação. Como defende Camargo (2009) tal reaparecimento pode acontecer, (segundo Freud faz constar em seu texto), de duas maneiras, sendo estas, ou Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 213 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA acidentalmente ou espontaneamente. Freud percebe substratos de sintomas histéricos por detrás da neurose obsessiva, onde uma cena de passividade em geral precede a atividade sexual. “(...) a atividade sexual precoce parece implicar numa experiência de sedução anterior” (Camargo 2009). Ações e pensamentos obsessivos indo das medidas de precaução e de expiação até aos atos cerimoniais, estados de duvida extrema ou numa vida de excentricidades e manias na qual o sujeito se pune por toda e qualquer ação realizada (Camargo 2009). Estes sintomas, classificados como secundários decorrem da tentativa do ego de afastar sinais da lembrança traumática. Em 1907 após um período produtivo de investigação das neuroses, Freud retoma de modo significativo sua pesquisa dispondo o artigo: “Atos obsessivos e práticas religiosas”. Nesse período de reflexão ele defende que os pensamentos, atos e ideias obsessivas fazem parte constituinte dessa neurose. Freud realiza uma análise dos atos cerimoniais religiosos em comparação ao comportamento obsessivo, onde os fiéis e devotos da religião criam práticas como forma de expiação e perdão pelos pecados por eles cometidos como uma maneira de encontrar alívio da culpa. Os rituais religiosos aqui são obsessivos à medida que são caracterizados por alterações nos atos cotidianos através de restrições ou acréscimos realizados de forma semelhante ou com pequenas modificações. É visto, portanto, que existe nos atos cerimoniais religiosos um sentido, como ocorre no ritual obsessivo que aparece como forma de afastar do sujeito uma lembrança ou afeto desagradável da consciência. Tais métodos cumpridos pelo sujeito, apesar de não parecerem fazer o menor sentido, podem gerar imensa ansiedade se não forem por ele realizados, como afirma Camargo, “para o sujeito que o realiza, as pequenas formalidades rigorosamente cumpridas parecem ser desprovidas de sentido. No entanto, não é capaz de renunciar a elas, pois um breve afastamento do cerimonial já é capaz de gerar significativa ansiedade” (CAMARGO 2009) A natureza de tais atos aponta para algo claramente presente no neurótico obsessivo, que é o sentir-se dominado por um sentimento de culpa do qual ele desconhece e que ao ser exposto pelo perigo, intensifica-se gradativamente. Assim o cerimonial obsessivo surge como uma padronização e ferramenta de proteção das situações 214 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF que podem originar as “tentações” (tensões). Tal sistema exige o preenchimento de inúmeras etapas e condições rigorosamente sucessivas que envolvem pausas, repetições, proibições e impedimentos. É sobre tais condições presentes nessa tipologia de neurose que Freud estabelece um paralelo da neurose obsessiva com os rituais religiosos; apontando que são comportamentos patológicos, caracterizando, portanto, a neurose obsessiva como uma forma de religião individual, reflexão essa que retoma de forma efetiva em 1913 em “Totem e Tabu”. Em 1908, Freud escreve “Caráter e erotismo anal” onde traz a luz novamente concepções pertinentes ao tema. Faz-se necessário constar aqui que ele não trata do tema diretamente, e que nem se quer o conceito é mencionado. Porém é exposto no “Caráter e erotismo anal” três traços de caráter intimamente interligados que, segundo Freud são: ordem, avareza e obstinação. Camargo (2009), afirma que ao descrever cada uma destas três características, o artigo de Freud confere uma relevante importância para o estudo da neurose obsessiva, pois, estes mesmos traços são encontrados no obsessivo. Freud defende que as três características acima citadas são nada mais do que vestígios da intensa atividade da zona anal em um período precoce da vida sexual do sujeito. Freud indica que esse grupo “(...) parece ter pertencido ao grupo que se recusava a esvaziar os intestinos ao ser colocado no urinol, porque obtém um prazer suplementar do ato de defecar (...)”(1908, p. 160) o que aponta para o caráter erógeno da zona anal. No período da adolescência porém, com todas as implicações pertinentes a tal fase e que consistem principalmente na ampliação das relações sociais e com ela toda sua cama de inferências, o sujeito através de um sintoma primário de defesa (que consiste na vergonha, nojo e asco), abandona as excitações da zona erógena anal. Tal movimento se torna conhecido pela prevalência destes traços de caráter originados a partir de formações reativas contra os mesmos. Porém, de toda produção de Freud relacionada ao tema, o caso clínico do Homem dos Ratos assumiu um lugar de destaque como paradigma para suas investigações acerca da neurose obsessiva. Freud o publica em 1909 dando a este caso importante o título “Notas sobre um caso de neurose obsessiva” ele admite em tal período uma dificuldade de compreender tal fenomenologia em comparação com Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 215 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA a histeria, mesmo que, de acordo com Julian (2008), seus argumentos pareçam contrários ao passo que desenvolve a escrita do caso clínico do Homem dos Ratos. Ele, a princípio considera que a linguagem da neurose obsessiva pode ser considerada apenas como um dialeto da histeria, porém de forma mais clara tendo em vista que se assemelha “[...] às formas de expressão adotadas pelo nosso pensamento consciente [...]” (1909, p. 140). No que tange a questão referente à ainda o que consiste uma aproximação teórica com a histeria, Camargo (2009) contribui ao mencionar que Freud parece não implicar o salto de um processo psíquico para uma conversão somática como no caso da histeria. Fazendo crer então que Freud acredita que o motivo da dificuldade de entendimento do mecanismo obsessivo se dá pelo contato não suficientemente frequente com seus pacientes, o que dificultou um tratamento analítico mais consistente, outro motivo seria o fato de que os analisados já chegavam à clínica num estágio mais avançado de desenvolvimento da patologia. O que faz do tal caso clínico paradigmático no desenvolvimento freudiano acerca do tema, é que a partir dele pode-se dizer que Freud inaugura uma nova clínica calcada na sexualização dos pensamentos e suas implicações. O homem dos Ratos, na segunda sessão insere em sua narrativa o relato que ouviu de seu capitão enquanto esteve no exercito onde descreve uma técnica oriental de tortura que consistia em introjetar ratos famintos no ânus dos prisioneiros para que estes obtivessem uma morte lenta e dolorosa. Freud afirma ter estranhado a feição de seu analisando, enquanto este relatava a ele o que ouvira do capitão, “[...] uma face de horror ao prazer todo seu do qual ele mesmo não estava ciente” (1909, p.150). Estranhamente após o relato da narrativa por parte do paciente à Freud, este passou a ser acometido por ideias obsedantes direcionadas tanto a uma mulher da qual dizia amar quanto ao seu pai já morto naquele período. Na concepção de Freud o paciente ao se lembrar do castigo com os ratos evoca o erotismo anal estabelecendo uma equivalência simbólica na qual os ratos passam a ganhar significado de dinheiro. O paciente associa a palavra Ratten (ratos) que na sua cadeia associativa evoca Raten (prestações) e que posteriormente levou a Spielratte, referindo-se a dívida que seu pai contrariou no jogo. É visto que nesse caso tão paradigmático existe uma ambivalência 216 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF vivida na relação do paciente com seu pai. O homem dos ratos pensa na morte do pai, ou a deseja à medida em que este se apresenta como um inimigo ou rival no impedimento à realização do desejo amoroso que ele sente pela moça. “Seus pensamentos, sob a égide do recalcamento, tinham o objetivo de suprimi-lo. A morte do pai faz o obsessivo se atormentar pela possibilidade de sua própria morte, daí a presença e manejo de técnicas de deslocamento, anulação, isolamento e negação” (Camargo 2009). CONSIDERAÇÕES FINAIS Em 1913, Freud, com o desenvolvimento da sua teoria dos estágios da libido demostra que há pontos de fixação que são decisivos para a escolha da neurose, onde que no obsessivo se explicita uma regressão ao nível sádico-anal. O caso clínico do homem dos ratos foi determinante para que Freud desse continuidade a pesquisa sobre as importantes fases libidinais que constituem o psiquismo humano. Em 1013 ele então abandona a teoria que faz relação entre neurose obsessiva e caráter ativo e histeria e passividade (que estariam ligadas ao caráter ativo das experiências sexuais). Observa-se no percurso empreendido por Freud que ele foi gradativamente reestruturando sua teoria, e que esta não cessou de evoluir até o fim de sua vida. Porém, o caso clínico do Home dos Ratos publicado em 1909, culminou em uma análise bem sucedida, e que pavimentou etiopotogenicamente um caminho importante para teóricos posteriores. A psicanálise encontra-se em constante evolução, sempre abrindo precedentes para uma efetiva necessidade de aprofundamento a partir da construção freudiana. A neurose obsessiva foi, e continua sendo um conflito intrigante e rico para investigação. Muito há que se investigar sobre tal conflito que por mais consciente – pelo sujeito, de sua irracionalidade, constitui-se numa força devastadora que compromete amplos aspectos da vida de inúmeras pessoas dentro da clínica contemporânea. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. O sujeito e o eu. In: GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. Freud e o inconsciente. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 217 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA CAMARGO, S.G. Considerações freudianas sobre a neurose obsessiva. Revista Eletrônica do Núcleo Sephora, Rio de Janeiro, Volume IV, n°7, nov. 2008. 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O presente estudo tem como objetivo apresentar uma revisão de literatura sobre compreender as principais técnicas envolvidas no processo de ressocialização do usuário de crack. A metodologia utilizada foi à pesquisa bibliográfica, para melhor conhecer as formas pelas quais acontece a ressocialização e investigar as politicas de tratamento. Palavras-chave: Crack, Politicas e Ressocialização. ¹ Discentes do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral –FAEF; Email: [email protected]. ¹ Discentes do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral –FAEF; Email: [email protected]. ² Docente do Curso de Psicologia da Faculdade Ensino Superior e Formação Integral –FAEF; E-mail: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 219 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT This article discusses the importance of prevention and treatment of the use of Crack on the user’s life perspective. It is known that the crack has already become a public health problem, with this research the various means of treatments that can benefit from this drug addict and his family. This study aims to present a literature review about understanding the main techniques involved in the crack user resocialization process. The methodology used was the bibliographical research, to better understand the ways in which happens to resocialization and investigate the policies of treatment. Keywords: Crack, Policies and resocialization. 1.INTRODUÇÃO A dependência química caracteriza-se pelo uso abusivo de substâncias psicoativas, que tornou-se um grave problema social e de saúde pública. No entanto, falar sobre o uso de drogas, especialmente sobre a dependência química, transporta a questões relacionadas diretamente ao campo da saúde, família e relações sociais (PRATTA; SANTOS, 2009). O crack vem tomando cada vez mais força no campo das drogas, segue para a terceira década no Brasil e não se sabe ainda quais os seus reais efeitos ao longo do tempo na vida do usuário. Quando chegam à uma clínica de tratamento de reabilitação em dependência química, a maioria já teve muitas perdas materiais e psicológicas, e na maioria das vezes, faz que tenham medo de voltar a sociedade (RAUPP, 2006). A dependência química é vista como um resultado de uma falta de adaptação e uma deficiência nas habilidades do indivíduo para lidar com o meio social, ou com os seus problemas. Entre os principais fatores que influenciam a dependência química estão os biológicos, psicológicos e sociais (SILVA, 2000). O tratamento de reabilitação tem como desafio, separar o dependente do mundo exterior e com isso prepara-lo para a reinserção. O usuário deve aprender aos poucos como lidar com o mundo real durante o processo de reinserção (FRACASSO, 2011). 220 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Segundo Fracasso (2011) quando o indivíduo aceita a responsabilidade por suas ações e passa a responder por seu próprio comportamento, a recuperação é considerada uma mudança de estilo de vida e de identidade e não somente a abstinência. 2.DESENVOLVIMENTO 2.1. O Surgimento do Crack no Brasil A droga chegou no Brasil no início dos anos 90, e logo se espalhou pelo País, por ser uma droga de custo baixo. Para produzir o Crack, é utilizado uma mistura de cocaína em pó dissolvida em água com bicarbonato de sódio. Para obtenção das pedras de Crack, também são misturadas diversas substâncias tóxicas como gasolina, querosene e água de bateria. Com aquecimento dessa mistura a parte sólida é cortada em forma de pedras. Prontas para consumo, as pedras podem ser fumadas com a utilização de cachimbos ou aquecida numa lata. Quando queima, as pedras emitem um ruído, daí a origem do nome Crack (MARINHO, 2011). Ao fumar os efeitos do Crack são sensação de poder, excitação, hiperatividade, insônia, intensa euforia e prazer. A falta de apetite é intensa no usuário. Um dependente pode perder até 10kg em um mês. A inalação da fumaça chega rapidamente ao cérebro, cerca de 10 segundos, tais efeitos têm duração em média de 5 minutos, com isso o uso passa a ser compulsivo, tornando-se dependente. Com a dependência, o usuário sem a droga entra em profunda “fissura”, que no caso do Crack é destruidora. Com o uso contínuo o usuário se torna uma pessoa extremamente agressiva com problemas mentais e problemas respiratórios, são algumas das consequências mais comuns do uso do Crack.( PACIEVITCH, 2010). O Campo Social é outro ponto importante a ser falado sobre o usuário de Crack, pelo seu agravamento das precárias condições sociais. O abandono do trabalho ou estudo, danos familiares com violência doméstica e abandono do lar com grande frequência, envolvimento com a criminalidade. Com a ruptura de suas relações sociais, familiares e de trabalho, normalmente aumenta sua exclusão social, com isso se torna comum os usuários virem a óbito ou praticar homicídio (CNJ, 2011). Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 221 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 2.2 Usuários no Código Penal A Lei nº 11.343/06 aprimora-se ao combate do tráfico de drogas, reprimindo rigorosamente condutas criminosas, bem como apresentando um novo tratamento penal aos usuários e dependentes de drogas. A lei passa a ceder um tratamento especial ao usuário. Deixando de tratar o usuário como criminoso, com isso a posse de droga para consumo passa a ser restritiva de direitos (PEREIRA, 2009). Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências. (BRASIL, Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006). Segundo Queiroz (2014), esse projeto de Lei ficou conhecido como Lei das Drogas e nele vem prevista a internação involuntária, ou a pedido da família, ou do seu responsável. Deste modo, o Estado ao invés de deixar o usuário solto nas ruas consumindo drogas livremente, deveria dar condições humanas de internações e tratamento. O artigo 28 e seus parágrafos da Lei 11.343/2006, traz o seguinte texto: Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - Advertência sobre os efeitos das drogas; II - Prestação de serviços à comunidade; III - Medida educativa de comparecimento à programa ou curso educativo. § Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica. § Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, 222 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente. § As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses. § Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses. § A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas. Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a: I - Admoestação verbal; II - Multa. § O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado. Ao ler o artigo constata-se que o tratamento dado ao usuário é uma repreensão do quanto ele está sendo prejudicado ao consumir a droga. Isso não é o suficiente para que o usuário tome consciência do mal que a droga faz a sua vida. O mais sensato seria colocar medidas de internações para usuários de qualquer droga ilícita e a duração iria variar de acordo com o tipo de droga achada com o indivíduo. Desta forma, teriam tratamentos especializados somente para dependentes químicos. (QUEIROZ, 2014). 2.3 Processos de tratamento e prevenção da Ressocialização do Usuário de Crack Existem diversas modalidades de tratamento, como por exemplo, comunidades terapêuticas, programas de desintoxicação, grupos de autoajuda, intervenções religiosas, internações, tratamento Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 223 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA medicamentoso, entre outros que ajudam na prevenção e tratamento do dependente (PEREIRA, 2009). O período de tratamento é determinando de acordo com a necessidade do paciente, respeitando algumas fases, como: Desintoxicação: o usuário está bem fragilizado, principalmente pela quantidade de droga no organismo, o processo de eliminação da droga sempre deve ser acompanhada de médico e psicólogo, orientando de que forma será feito o tratamento. Reabilitação psíquica: esta fase é onde deve ser trabalhada as atitudes e comportamentos perante a droga. Reintegração social: nesta fase o paciente já passou pelo tratamento apropriado e será feito a reinserção social, é uma das fases mais complicadas para esse indivíduo, onde a sociedade causa medo e insegurança, e com isso se torna essencial buscar apoio em grupos de ajuda que dará amparo em sua vida social. Ambulatorial: é a fase dos grupos de apoio, acompanhamento psicológico e com o auxílio da família que é essencial, com a finalidade de proporcionar um resultado gratificante no processo da reintegração social (PEREIRA, 2009). O processo de recuperação do usuário de droga é um processo de crescimento e desenvolvimento no qual irá lidar com tarefas básicas e com tarefas mais complexas. Com isso passará por processos, pois para lidar completamente com a droga não é uma tarefa muito fácil para um dependente químico, lidar com essa abstinência por causar alguns danos físicos e psicológicos, é a onde ele vai aprender a lidar com a vida sem a droga, aprendendo a ter uma vida mais produtiva, recomeçar a ter autoestima, recuperar amigos, resgatando sua dignidade e autoconfiança (PEREIRA, 2009). Dentre os métodos mais difundidos acerca do tratamento da dependência química podemos apresentar os Narcóticos Anônimos (NA), o grupo tem como finalidade ajudar uns aos outros a se manter limpo através de reuniões com troca de experiências e também ajuda a identificar alguns sinais de recaída e assim conhecendo a importância e o devido modo de uma recuperação duradoura. A recuperação se inicia com os princípios espirituais compreendidos nos doze passos. Quando o usuário se percebe sua fragilidade perante a droga, ele se concentra nos doze passos. No programa o indivíduo 224 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF pratica todos os passos um por um e aprendendo a admirar a vida e vivendo só por hoje. (NA, 1953). O governo federal possui o programa Crack, É Possível Vencer, estruturado em três eixos: prevenção, cuidado e autoridade. Todas as ações do programa envolvem o compromisso com estados e municípios (BRASIL, 2014). Com isso surge as Comunidades Terapêuticas são instituições privadas, sem fins lucrativos e financiadas, em parte, pelo poder público. Proporcionam acolhimento para dependentes químicos gratuitamente e particulares algumas delas aceitam internações mista, tanto particular como gratuita, voltadas para pessoas que necessitam de um lugar protegido para ajudar em sua recuperação do uso de droga. O tempo de acolhimento pode ter duração de até 06 meses conforme a necessidade do indivíduo. (BRASIL, 2011). Segundo o Portal Do Governo do Estado de São Paulo (2013), encontrar uma vaga em uma instituição gratuita também não é fácil, geralmente há lista de espera. Por conta disso o governo disponibiliza o Cartão Recomeço tornando-se uma grande esperança, pois ele tem como objetivo financiar vagas em comunidades ou instituições terapêuticas. Primeiro passo para conseguir o Cartão Recomeço é buscar o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do seu município. É importante que você saiba que a preferência é que o dependente químico passe por tratamento ambulatorial (sem internação) no próprio CAPS. O dependente químico passará por avaliação por médico e psicólogo. Alguns lugares também fazem a triagem com a assistente social. A partir da constatação de que é preciso internar o dependente químico em uma instituição particular, será feito o Cartão Recomeço. O Cartão Recomeço não entrega o dinheiro para a família ou o dependente químico. Na verdade, o valor de R$1.350 por mês é diretamente encaminhada às comunidades terapêuticas credenciadas pelo governo. O benefício tem a duração de até seis meses e é concedido para maiores de 18 anos (BRASIL, 2011). A Comunidade trabalha com estruturas hierárquicas, sendo assim cada membro tem suas responsabilidades para o bom funcionamento da comunidade. Existem regras e normas a serem seguidas desde a entrada. Sendo um dos objetivos ressocialização, buscando a transformação do indivíduo através das vivências de cada residente, Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 225 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA proporcionado um espaço de recuperação, através dos projetos terapêuticos que a instituição oferece. (FEBRACT, 2001) Na grande maioria as Comunidades Terapêuticas, oferecem uma rede de ajuda no processo de recuperação desses indivíduos. A CT utiliza alguns métodos para a eficácia do tratamento dividindo em três fases. A primeira fase é a adaptação, a segunda é a reestruturação pessoal e a terceira trabalha a ressocialização. Os usuários que desejam realizar um tratamento em Comunidade terapêutica podem procurar a Comunidade ou ainda ser encaminhados pelo sistema formal de encaminhamentos do CAPS AD (Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e outras Drogas). As internações são voluntárias e todos os internos são cuidadosamente avaliados do ponto de vista biopsicossocial. (FEBRACT, 2001). O Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) é um serviço especializado em saúde mental que atende pessoas com problemas de dependência química, utilizando três níveis de cuidado, o cuidado diário, de duas ou três vezes por semana ou de até três vezes por mês. Realiza assistência ao usuário como medicamentos, terapias, oficinas terapêuticas, atenção familiar. O CAPS AD é um tratamento aberto é voltado para quem realmente quer ajuda de recuperação, ou seja, não há internação ou qualquer procedimento sem o consentimento do usuário. Caso queira participar o indivíduo passa por uma triagem, na qual será avaliado e encaminhado ao tratamento mais adequado. (PARRA, 2009). A Clínica de Reabilitação é uma instituição fechada, voltada para um público com maior poder aquisitivo, oferecendo internação voluntária ou involuntária, para tratamento de álcool e outras drogas, em ambiente protegido e estável aonde o tratamento vai além da desintoxicação envolvendo os aspectos biológicos, psicológicos e sociais deste dependente químico, tratamento em regime fechado pode durar de 6 a 9 meses. Opera com o mesmo propósito da Comunidade Terapêutica, recuperar esses indivíduos (MONTEIRO, 2011). Além de todos os programas de tratamento e prevenção, as dificuldades do tratamento para dependentes químicos, intensificadas muitas vezes pela falta de apoio de seus familiares, somando ao sistema público de saúde particularmente despreparado para tratar a dependência química, outro problema detectado é a 226 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF falta de preparo da classe médica para lidar com o dependente químico. Enfim, a ressocialização desse ex-usuário de droga, deve ser da maneira que ele se sinta pertencente dessa sociedade, onde ele possa ser útil e produtivo, exercendo assim sua dignidade e cidadania, assim, a ressocialização tem que ser um procedimento planejado, elaborado e orientado para todos. 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho é resultado de pesquisa bibliográfica sobre importante dos processos de tratamentos do usuário de crack para a ressocialização. Cabe ressaltar que a família é um fator fundamental na dependência e no tratamento do usuário. Juntamente com os relacionamentos interpessoais e as influências ambientais, a família é considerada de importante contribuição para a dependência, pois hábitos e comportamentos são adquiridos através destes relacionamentos. Por isso, transmitir informações sobre drogas à família é de grande importância na recuperação do dependente em tratamento, reduzindo as chances de fracasso. Foi possível concluir que é importante a criação de mais políticas públicas voltadas para a dependência química, devido ao crescente índice de usuários dependentes e pelo fato da síndrome de dependência ser um transtorno crônico, que acompanha toda a vida do paciente e por isso demanda cuidados. 4.REFERÊNCIAS ALVES, Hamer N. P.; RIBEIRO, Marcelo; CASTRO, Daniel S., Cocaína e Crack. In: DIEHL, Alessandra; CORDEIRO, Daniel C.; LARANJEIRA, Ronaldo; (Orgs.). Dependência Química. Porto Alegre, Artmed, 2011. p. 170-179. BLEFARI, Anete Lourdes, A Família e a Drogadição. 2002. Disponível e m : h t t p : / / w w w. s o b r e s i t e s . c o m / d e p e n d e n c i a / p d f / Familia_e_a_Drogadiccao.pdf acesso em 16 de jan. de 2016. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 227 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA BRASIL, Ministério da Justiça. Cidadania e Justiça. Brasília –DF, 2014. BRASIL. 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Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF TRANSEXUALIDADE: O PRECONCEITO E A INDIVIDUALIZAÇÃO VOLTADA A IDENTIFICAÇÃO DO INDIVÍDUO TRANSEXUAL. Daniela Luise Nicolau dos SANTOS 1 Giovana Bruno da SILVA 2 RESUMO O termo gênero é utilizado para denotar o papel do indivíduo na sociedade desempenhado como menino ou menina/homem ou mulher. A transexualidade refere-se à quando o indivíduo define a identificação de seu gênero independente do seu sexo biológico. O preconceito e a discriminação com os indivíduos transexuais ainda são comuns e frequentes pela sociedade. O artigo desempenha o papel de elucidar a fatalidade resignada ao transexual a partir de toda intolerância e crimes submetidos a esses indivíduos pelo simples fato de serem transexuais e denotar meios de percepção de como deve-se lidar perante os problemas que ainda são ocorridos. Palavras Chave: Discriminação. Disforia de Gênero. Preconceito. Transexualismo. 1 Daniela Luise Nicolau dos Santos – Discente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF – Garça-SP. E-mail: [email protected]. Giovana Bruno da Silva – Discente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF – Garça-SP. E-mail: [email protected]. 2 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 231 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT The term gender is used to denote the individual’s role in society played as a boy or girl / man or woman. Transsexualism refers to when the individual defines the identification of its genre independent of their biological sex. Prejudice and discrimination against transgender individuals are still common and frequent by of society. The following article plays the role of elucidating the resigned fatality to transsexual from all intolerance and crimes subject to these individuals simply because they are transgender and denote means of perception of how it should be dealt to the problems are still occurring. Keywords: Discrimination. Gender dysphoria. Prejudice. Transsexualism. 1.INTRODUÇÃO Após a II guerra mundial os movimentos feministas criaram força e fundamentaram as questões de distinções sociais que relacionava ao sexo biológico de nascimento, em função da desigualdade, onde havia um poder masculino sobre o feminino. O movimento feminista originou o termo ‘gênero’ a fim de melhorar o conceito de que as diferenças entre o feminino e o masculino não dependiam do sexo biológico, mas sim de inúmeros fatores, como ambientais, culturais, etc. Judith Butler, em 1990, contesta sobre a caracterização de acreditarem em identidades fixas, uma personalidade definida para homens e uma personalidade distinta definida para mulher, onde os papéis de cada um eram concretos e não podiam ser mudados. Para a autora, o gênero vinha muito além de modalidades de identidade, a orientação sexual ou qualquer aspecto de sexualidade não estão relacionados. Joan Scott, em 1999, definiu o gênero como um elemento constituído de relações sociais apoiados pelas diferenças dos sexos, este termo dá ênfase a todo um sistema que podem incluir o sexo, porém não é determinado por ele nem pela orientação sexual (SPIZZIRRIL, PEREIRA, ABDO, 2014). Na história foi preciso ter uma introdução sobre a definição do termo gênero a partir do surgimento de conflitos de alguns indivíduos 232 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF sobre o seu sexo biológico com o sexo a ser desejado. Desta forma, o termo gênero começou a ser utilizado para denotar o papel do indivíduo na sociedade desempenhado como menino ou menina/ homem ou mulher. O termo começou a fazer parte do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM) da Associação Psiquiátrica Americana (APA), apenas em 1994, sendo que a primeira edição do DSM foi em 1952. Foi incluído na Classificação Internacional de Doenças (CID-10) da Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma perturbação da ‘Identidade Sexual’ e no DMS-V (2014) como ‘disforia de gênero’ identificado como uma incongruência do gênero que foi designado no nascimento e o gênero ao qual pretende adquirir. Portanto, o acontecimento marcante para ‘natividade’ da transexualidade (quando o indivíduo define a identificação de seu gênero independente do seu sexo biológico) em uma categoria nosológica juntamente com a prática de intervenção da cirurgia de redesignação sexual que ganhou destaque após uma cirurgia feita em 1952 na Dinamarca pelo médico Harry Benjamin. Pessoas com disforia de gênero podem desenvolver sofrimento ou prejuízo em áreas sociais e ou ocupacionais, o que pode afetar na autoestima e escolha de parceiros sexuais. Resultam em sofrimentos de ordem psíquica como transtornos de ansiedade, depressão e outros problemas psicológicos. A discriminação, a exclusão social, a opressão e os constrangimentos provocam uma grande probabilidade de risco de suicídios, vida precária, abuso de drogas e comportamentos sexuais preocupantes. O objetivo deste artigo é levar a conscientização sobre o que realmente é, como acontece e como deve ser tratado e lidado a transexualidade. Como a sociedade os conceitua, e como deveria ser reputado, baseando no preconceito que o indivíduo sofre dos demais meios e como isso afeta a sua individualização. 2.A TRANSEXUALIDADE E OS DIREITOS HUMANOS. O gênero é um processo de auto identificação, do seu corpo pessoal e sua personalidade referente ao físico. É como o próprio se auto identifica, ser pertencente ao gênero masculino, ao feminino, à androginia (características femininas e masculinas em um único ser) ou a fuga completa desses dois polos. A identidade diz respeito Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 233 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ao gênero com o qual você se identifica enquanto sujeito. Ou seja, o indivíduo pode se identificar com algum gênero diferente do designado no seu nascimento e ter atração afetiva sexual pelo mesmo, ou não. A identidade de gênero é conceituada na categoria social e biopsicossocial do indivíduo e a forma que ele será visto pela sociedade. A transexualidade refere-se à quando o individuo define a identificação de seu gênero independente do seu sexo biológico. No indivíduo transexual encontra-se um desacordo entre o sexo biológico com o sexo psicológico, alguns usam o termo “tenho o corpo de um sexo e a alma do outro” para se auto definirem. O sujeito deve ser considerado transexual independente de ter passado ou não pela transição de tratamentos hormonais e cirurgia de redesignação sexual, já que este pode e deve ter a opção de tomar a decisão de permanecer com o órgão excretor de origem. (SPIZZIRRIL, 2014). A psicologia, e também a lei dos direitos humanos, enquadra a precisão de tratar qualquer ser humano em igualdade com os demais, por esta razão é necessário a desconstrução das categorias sociais a fim de igualar o bem-estar das comunidades que são tratadas inferiormente, com preconceitos e com minorias leis sendo diretamente oprimidos pelo resto da sociedade. Caracteriza- se que o individuo seja nomeado e reconhecido pelo modo como o mesmo se identifica e será respeitado como tal. Sua decisão está diretamente ligada não apenas a questões ambientais e culturais, mas com aspectos da subjetividade humana que definem as representações e o modo como o sentimento é manifesto, atuando diretamente nas percepções que cada sujeito tem sobre si mesmo. (RODRIGUES, CARNEIRO, NOGUEIRA, 2011; FELISBERTO, BARACAT, 2015). A Constituição Brasileira institui a proteção de dignidade do ser humano, o direito a liberdade a ser o que ele deseja e o respeito a diferenças individuais e de grupos sociais. Hogemann, 2014 cita que “toda pessoa tem o direito a ser igual quando a sua diferença o inferioriza: e todos tem o direito a serem diferentes quando a sua igualdade o descaracteriza. “ (P. 217). Sendo assim, proíbe-se a discriminação adotando um principio constitucional de igualdade. Este princípio não se encontra totalmente presente atualmente, onde deveria ser englobado o conceito de total qualidade de vida, 234 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF garantindo bem-estar físico, psíquico e social. Porém pode-se encontrar diversas dificuldades que estão presentes desde a segurança relacionada a não liberdade de transição até ao reconhecimento de uma família, pois ainda há dificuldades na constituição familiar. A consumação de um casamento no meio transexual, assim como homoafetivo ainda é um tabu, principalmente no fator da adoção, as dificuldades presentes em ambos partem de princípios burocráticos sociais e religiosos limitando os direitos, e obtendo fatores persistentes de preconceitos (HOGEMANN, 2014; MARANGONI, 2015). 3.O PRECONCEITO E A INDIVIDUALIZAÇÃO DO TRANSEXUAL O preconceito que os transexuais sofrem é decorrente de princípios que veem sendo afirmado como anormal, errado e totalmente inaceitável por questões culturais, religiosas e de conceitos familiares. A falta de conhecimentos sobre o assunto ou de um conhecimento equivocado da massa social também são razões significativas na falta da sociedade saber como ponderar com a situação (FELISBERTO, BARACAT, 2015). Esses conceitos estão enraizados fortemente na mente de muitos indivíduos que cegamente discriminam, inferiorizam, punem ou cometem atos de violências em “nome” da cultura, ou da crença e de “questões morais” criadas erroneamente sobre atos e escolhas de outros indivíduos acreditando estarem agindo corretamente perante suas concepções. A disforia de gênero ainda é considerada como uma anomalia, e os transexuais só conseguem tal reconhecimento a partir da visão do outro, vindo de psicólogos, psiquiatras e etc., para dizerem o que ele já se considera. A partir desta questão, ainda acontece o fato onde o transexual necessita assinar um laudo e ser reconhecido como um transtornado para então poder seguir o seu desejo e fazer a cirurgia de redesignação sexual. Há a preocupação do transexual ainda ser visto como uma perturbação patológica. Para o transexual ter que passar por toda esta situação é um total desrespeito e acaba tornando-se mais um tipo de discriminação enfrentada. A sua identidade só poderá existir apenas com a decisão de outro alguém, o que vai contra ao direito à livre expressão da identidade de gênero e ao direito à livre acesso aos cuidados de saúde. O diagnóstico e a Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 235 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA decisão da parte dos profissionais podem vir a serem complicadas quando o especialista visa o indivíduo transexual como um paciente classificado pelo DSM-V na visão de um “transtorno” não considerando todas as questões peculiares do indivíduo, as questões culturais, grupais e de crenças e equivocar-se considerando uma psicopatologia com o seu próprio entender cultural e doutrinas, etc. (RODRIGUES, CARNEIRO, NOGUEIRA, 2011; SAMPAIO, COELHO, 2013). Ressaltando, que desconsiderar a transexualidade como uma perturbação patológica e retirar do DSM-V e do CID-10 como um transtorno não significa apartar a medicação, acompanhamento psicológico, etc., mas considerar a consequência causada por essa situação, como elevação de discriminação, assédios, opressão social, entre outras e descontextualizar a dificuldade do transexual exercer seus direitos como qualquer outro ser humano. Não abrir os olhos para essa realidade e conscientizar-se da importância e do nível de seriedade que a sociedade e profissionais devem estar atentos a estas situações apenas deteriora a transexualidade a riscos e sofrimento. Cohen (1999) considera que as decisões que o indivíduo toma sua própria vida deve ser respeitada e considera-las competentes para decidirem-se. E como Sampaio e Coelho (2013) cita segundo a perspectiva de Ceccarelli (2008): “o que faz enigma na organização psíquica do transexual é justamente, a sua normalidade. O seu funcionamento psíquico é particular, mas não patológico.” Aliás, o indivíduo transexual precisa ser avaliado para decidir a sua capacidade de autonomia e decisão sobre o gênero desejado, mas, e os profissionais que decidem por ele, quem avalia a sua capacidade e competência de tomar decisão sobre a autonomia de um outro alguém? 4.DISCRIMINAÇÃO NO MEIO DE EDUCAÇÃO O acesso a uma educação de qualidade é marca fundamental não apenas para a ascensão social, mas de significação de um indivíduo enquanto parte da sociedade. Nesse sentido, faz-se necessário garantir que todas e todos tenham seu ingresso e permanência no ambiente escolar encorajado. Entretanto, os transexuais encontram-se sendo vítimas de violências e todos os 236 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF âmbitos de suas vivências, sofrendo diariamente inúmeras violações que impedem o acesso à educação ou desestimulam sua permanência em instituições de ensino, suas sexualidades são fetichizadas, suas humanidades questionadas e seus direitos à educação negados (SAMPAIO, COELHO, 2013; OLIVEIRA, PORTO, 2016). Quando não lhe é negado o direito a escola, na maior parte das vezes, é acompanhada de piadas, brincadeiras, brigas e outros comportamentos discriminatórios àquilo que está escondido. O sofrimento não é apenas decorrente do bullying dos alunos que apontam a discriminação diariamente para as pessoas trans, mas por debaterem diretamente com o despreparo de professores e demais profissionais de educação para com a realidade vivenciada. É comum que o corpo docente não saiba como lidar com alunas e alunos transexuais resultando em atitudes desrespeitosas, com seus nomes sociais (alegando a “necessidade”, imaginamos o porquê, de chamar-lhes pelo nome que consta e seus registros civis), não dão atenção as violências sofridas pelos colegas de classe, e ainda diminuindo as pautas dessas alunas e alunos, de muitas outras formas. Não obstante, o sistema de ensino também não se adequa às demandas mais triviais de transexuais, como por exemplo a acessibilidade dos banheiros para os transexuais segundo o seu gênero adequado. (OLIVEIRA, PORTO, 2016). Um transexual deu seu depoimento em um documentário “Eu Sou Homem” (Márcia Cabral, 2008, 22 min) e descreveu sua história com um drástico relato vivido: Tive um fato na minha vida que me marcou muito. Eu tinha quatro amigos na escola e assim... A gente sempre estava jogando bola na quadra da escola, tudo, e eu usava o banheiro masculino. E um dia quando eu entrei no banheiro masculino, não sei se os caras tinham bebido ou usado algum tipo de droga, e eles tiveram uma reação complicada comigo e eu acabei sendo estuprado pelos quatro. [...] Hoje, depois dos 30 anos, eu contei para alguém. Eu acho ainda complicado voltar a escola, eu sei que eu tenho que terminar meus estudos, mas eu não consigo entrar numa escola, eu me sinto em um lugar que eu não tenho saída, quando eu estou dentro de uma escola (XANDE, SÃO PAULO). Não é incomum os transexuais não terminarem a escola por motivos de preconceitos, discriminação e até mesmo pela falta de apoio da família, acarretando a dificuldade futura em ingressar-se Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 237 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA no meio de trabalho, tanto pela falta de estudo, quanto pelo preconceito que ainda existe profissionalmente. As possibilidades de ascensão social e a manutenção de uma vida digna são drasticamente suprimidas, levando a grande maioria dessa população à prostituição e situação de rua. E uma vez inseridas no mercado da prostituição, sujeitam-se às potenciais violações de rufiões, ou, quando trabalham de maneira autônoma, estão à mercê da violência de seus próprios clientes, bem como de indivíduos e grupos de repressão transfóbica (ARAUJO, 2012; OLIVEIRA, PORTO, 2016). No Brasil, segundo o decreto N° 51.180/2010 a autorização do nome social em ações públicas e lugares com inclusão social é permitida. Tendo o indivíduo todos os direitos fundamentais, constituem também o direito ao nome social. É fundamental que este direito seja constituído, o reconhecimento formal do nome social tutela a dignidade dos transexuais e influência no aprimoramento à inclusão social, evitando situações de constrangimento. A importância dessa concretização representa para o indivíduo o primeiro e mais importante passo para a sua identificação pessoal, sendo também a categorização da sua personalidade, individualidade e reconhecimento familiar, social e civil. Pesquisas elaboradas pela gazeta do povo 2009 relatam que o preconceito e o constrangimento causados na escola através das dificuldades que os transexuais sofrem para conquistarem o nome social é a maior causa de não completarem os estudos (MARANGONI, 2015). 5.O PSICOLÓGO E A INCLUSÃO SOCIAL O psicólogo atua primeiramente no auxilio de autoconhecimento do paciente direcionando-o para uma adequação que lhe proporciona bem-estar, compreendendo e intervindo no conflito pessoal através da aflição que o paciente passa quando se encontra incongruente com sua identidade de gênero. O profissional carece de empatia e conhecimentos judiciários para compreender o sofrimento psíquico da atual situação do paciente (REIS, MARCO, 2014). Compreender e intervir no conflito singular de identidade, perante a incongruência do desenvolvimento dos caracteres físicos secundários com os sentimentos do sujeito, não ignorando o fato que cada transexual tem sua própria característica, seus próprios 238 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF problemas, sua personalidade, ou seja, sua individualidade própria e única, um transexual tem sua peculiaridade assim como as pessoas não transexuais. Percebe-se que muitos pela ausência de informações e assistência na situação “ter nascido em um corpo de homem, mas se sentir uma mulher” ou vice-versa, movem ações de automutilação podendo mesmo chegar ao limite do suicídio. “O psicólogo pode mediar à produção de novas realidades e (re) inserção, abolindo preconceitos potencializando a vida e a existência dos transexuais.” (p-126). A terapia é necessária para a preparação do transexual nas dificuldades sociais ainda decorrentes do preconceito prevalecente. Na terapia o individuo através do autoconhecimento proporcionado pelo profissional é capacitado a estar se aceitando e podendo assim se reinserir no meio social, familiar e trabalhista (BENEDET, ALMEIDA, MACHADO, RIBEIRO, NEHLS, 2013). As maiores dificuldades na psicoterapia é tratar a confiança, a autoestima do paciente e trabalhar com ele o auto preconceito. O preconceito que passam no meio social acaba sendo designado a si mesmos, muitos transexuais quando vão à procura de contatos profissionais de saúde, detém uma autoimagem relacionada a ser uma “aberração” ou “monstro”, e depositam na Medicina a salvação ou a condenação ao seu estado. Primeiro o profissional precisa lidar com o aspecto pessoal do paciente com ele mesmo e então tratar o preconceito social e fazê-lo entender que necessita se perceber, se conhecer, se aceitar e respeitar as suas diferenças, e então refletir sobre como as pessoas, no dia a dia tem dificuldades para lidarem com isto, e ajuda-lo a lutar para que os consigam perceber e também respeitar as diferenças do transexualismo (REIS, MARCO, 2014). 6.CONCLUSÃO Pode-se afirmar através deste estudo que atualmente o assunto continua a ser polemizado e há poucas informações profissionais sobre o mesmo. Os transexuais não são inteiramente aceitos pela sociedade e são vítimas de preconceito e discriminação. Perante maior parte da sociedade e dentro das religiões o assunto é tratado de forma discriminativa e é para eles considerado “errado”, agem assim querendo levar o transexual a acreditar ser uma “aberração” e “anormal”, sendo então, a melhor maneira deles viverem é Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 239 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA aceitando o que são biologicamente e conviver com este fato. O individuo precisa desenvolver autoconhecimento e conscientizar-se junto com a sociedade sobre a liberdade de escolha perante o direito de ser como se identifica e reconhecido como tal. Se a sociedade, a religião, os profissionais se empenharem a tentarem compreender o indivíduo transexual, suas escolhas e os motivos que levaram a esta decisão de modo a perceber a psique individual, relevando as questões ambientais, culturais e subjetivas, vendo em geral toda a integridade do ser, não só aceitando, mas respeitando e entendendo que tais escolhas induzem ao desenvolvimento da sociedade e a vivência dos transexuais, a fim de conscientizar a sociedade a aceitação e a aprender não só a respeitar, como incluir e acolhe-los. 7.REFERÊNCIAS AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. 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E por meio das coletas de dados obtidas foi possível estabelecer uma triste relação entre violência doméstica e problemas de saúde mental, tendo como consequências principais um estado constante de medo, ansiedade e tristeza. PALAVRAS-CHAVE: CONSEQUÊNCIAS PSICOLÓGICAS, VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER, VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. ABSTRACT The article aims to identify the harmful consequences to mental health that women victims of domestic violence experience, and 1 Acadêmica do curso de Psicologia da FAEF – Garça – SP – Brasil. E-mail: [email protected] Acadêmica do Curso de Psicologia – FAEF – Garça – SP – Brasil. E-mail: [email protected] 3 Acadêmica do Curso de Psicologia – FAEF – Garça – SP – Brasil. E-mail: [email protected] 4 Docente do Curso de Psicologia – FAEF – Garça – SP – Brasil. E-mail: [email protected] 2 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 243 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA how the factors predisposes. The study refers to a qualitative and quantitative nature of methodology, with references in order to analyze the necessary data. And through the obtained data collection it was possible that a relationship where domestic violence, damage to mental health is inevitable, the main consequential a constant state of fear, anxiety and sadness. KEYWORDS: DOMESTIC VIOLENCE, CONSEQUENCES, VIOLENCE AGAINST WOMEN, PSYCHOLOGICAL INTRODUÇÃO A violência à mulher tem sido manchete frequente nas páginas dos jornais e nas emissoras de TV. Mesmo com a lei Maria da Penha, o Brasil tem apresentado números alarmantes sobre a violência doméstica que apontam para um problema social grave em nosso país. De acordo com a Action Aid mais de 500 mil mulheres serão mortas por seus respectivos parceiros ou familiares até 2030. O Brasil ocupa o 5º lugar entre os países onde mais se comete violência contra a mulher, somente nos dez primeiros meses do ano de 2015 foram feitas 63,090 denúncias de violência contra a mulher, o que corresponde a um relato a cada 7 minutos no país. (Secretária de Política para as mulheres da Presidência da República-SPM- PR). Sendo esta contabilidade referente às denúncias apresentadas de forma “formal”, sendo um número bem superior quando levado em conta as denúncias não levadas ao conhecimento dos órgãos competentes. O presente artigo pretende apresentar dados que apontam a violência doméstica como um dos grandes problemas sociais do Brasil e identificar as possíveis consequências para a saúde mental da mulher brasileira. Faremos isso, a partir de uma revisão bibliográfica e consulta de dados fornecidos por fontes fidedignas que justificam colocar a violência contra a mulher como um dos grandes desafios da sociedade brasileira contemporânea. Estatísticas sobre a violência contra a mulher no Brasil Segundo registro de denúncias do 180, dos registros que são feitos, quase metade 31,432 ou 49,82% são referentes a violência 244 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF física, sendo que 58,55% dos relatos foram feitos por mulheres negras, 19,182 dos registros relacionados a violência psicológica o que representa 30,40%, e a violência de cunho moral 4,627 ou 7,33% e 3,064 de violência sexual, seguido pela violência de cárcere privado 3,071 ou 1,76%. (180, Número da central de atendimento à mulher). Dados dos atendimentos registrados apontam que 77,83% das vítimas tem filhos, sendo que mais de 80% dos mesmos também já presenciaram ou sofreram algum tipo de violência. Segundo relatos de violência 85,85% das agressões correspondem a situações referentes ao ambiente doméstico e familiar. Sendo em sua maioria 67,36%, as violências sofridas foram cometidas por homens com quais as vítimas tinham ou tiveram algum tipo de vínculo afetivo, como maridos/ex-maridos e/ou namorados/ex-namorados. (PM Da Fonseca, TNS LUCAS –newpsi.bvs.psi.org.br) Tipos de violência cometida contra a mulher A violência mais comum dispensada à mulher são as violências físicas que em sua maioria provoca lições corporais, cutâneas, neurológicas, ósseas, oculares, por vezes sendo queimaduras, mordidas, tapas, espancamentos e os mais diversos tipos de ação que leva a mulher a riscos eminentes. Outra forma pela qual a mulher e submetida à violência que reduz a mesma a uma coisa “coisificando” é onde o parceiro se acha no direito de usa-la para práticas sexuais independente de sua vontade, onde se caracteriza a violência sexual, que por vezes a mulher é forçada tanto com imposição física, ou por intermédio de chantagens, manipulações, ameaças, ou quando não por críticas relacionadas ao seu desempenho sexual ou até mesmo obrigando a mesma a relacionar sexualmente com uma outra pessoa, para obtenção do prazer sexual do próprio agressor. Outra violência bastante comum entre os relatos atuais e a violência emocional ou psicológicas a qual a mulher é submetida a oprimir suas ações, crenças e decisões por conta de um parceiro controlador, que intimida, manipula, ameaça, podendo não somente e a mulher, mas também estendendo a seus filhos as agressões, humilhações, exploração e o isolamento. (Ministério da Saúde). Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 245 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Dentre os vários tipos de violência, a violência patrimonial resultante em danos, perdas, subtração ou retenção de objetos, como documentos pessoais, bens de valores da mulher, sendo considerado também uma violência patrimonial e não pagamento de pensão alimentícia ou a tomada de bens, sendo dinheiro, imóvel ou até mesmo um animal de estimação que seja retirado do seu convívio sem que a mesma permita. No que tange a violência psicológica o ato de isolar a mulher é a manifestação principal, com isso o homem consegue que sua parceira estreite laços de afetividades com outras pessoas e com isso diminuindo possíveis redes de apoio quando se fizer necessária. O enfraquecimento da mulher com o social se percebe pelo afastamento imposto pelo parceiro a familiares, amigos, trabalho e estudos. A restrição com o convívio interno deixará a mulher deficitada de recursos de toda natureza, e com isso se tornará mais dependente do parceiro, tornando-se submissa a ele. A partir de uma análise psicanalítica é possível afirmar que as escolhas conjugais de algumas mulheres que sofrem violência doméstica tende a se repetir. Segundo Freud “muitas pessoas nos passam a impressão de estarem sendo perseguidas por destinos malignos, isto é, de haver algo demoníaco em suas vidas” (p.147). Ao passo que as escolhas são feitas pela própria “vítima”, de maneira inconsciente, por influências infantis precoces. A experiência de violência doméstica na família de origem, provavelmente influenciará o tipo de casamento que a criança terá quando adulta. Então é possível dizer o que acontece na infância pode determinar a história pregressa do sujeito de uma forma positiva ou negativa, mesmo de maneira inconsciente. Ainda de acordo com a teoria psicanalítica de Freud, Inibições, sintomas e ansiedades, Freud (1926/1976) pode se considerar que perdas ou separações podem desenvolver um aumento da tensão que elevado a um nível extremo, e capaz de fazer com que o sujeito se sinta incapaz de dominar as excitações, de modo a ser tomado por elas, o que determinará o nível gerador do sentimento de desespero. E quando a angustia e a dor alcançam um patamar de auto elevação de modo a ser insuportável, a pessoa se compõe com o eu e passa a se estabelecer uma relação que se aproxima da vivencia de morte. O nível da dor tornará uma experiência traumática, que 246 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF se dá por conta da singularidade de cada experiência experimentada. Para Freud, a perda do amor é primordial e nos causa danos permanentes ao próprio sentimento. Ao marcar o sujeito de forma narcísica, neste caso a perda dá a sensação de inferioridade. Laplanche e Pontalis (2001) considera a compulsão à repetição de um fator autônomo e industrial em que a pessoa se coloca em situações desprazerosas e já vivenciadas em outras oportunidades em a viva impressão se que se trata da motivação da atualidade. De maneira inconsciente e quase que incontrolável, a compulsão a repetição leva a mulher a se colocar repetitivamente em situações de dor. E o referencial dessas mulheres são seus próprios pais. Possíveis consequências da violência à saúde mental As consequências psicológicas de uma violência doméstica mais frequentes são: falta de concentração, irritabilidade, insônia, falta de apetite, pesadelos e até mesmo problemas relacionados a mente, como: depressão, ansiedade, uso de bebidas alcoólicas, drogas, síndrome do pânico, estresse pós-traumático, comportamentos autodestrutivos e em alguns casos, comportamentos suicidas. (KASH; ALLAN,1998). Objetivando a compreender os sintomas psicológicos a mulher pelo qual vivenciou experiências de violência doméstica foi feita uma pesquisa relacionada ao assunto com 25 mulheres de idades entre 18 e 55 anos. Sendo que 84% não chegaram a concluir o ensino médio e 72% já se encontram separadas dos seus parceiros na data da referente pesquisa. Das entrevistadas 96% disseram sofrer algum tipo de consequência ou trauma decorrente da situação de violência. As queixas relacionadas são diversas, desde um descontrole da preensão arterial, as dores em todo o corpo, especialmente dores na cabeça. Muitas relataram um sentimento de tristeza que implicam no convívio social ou de atividades diárias, desejos de chorar com frequência, além de ter vontade de consumir bebidas alcoólicas mais que costume. Ansiedade, estresse e agressividade também foram mencionado pelas entrevistadas que admitiram ter uma instabilidade emocional constante se tornando mais impacientes e nervosas com filhos, familiares e amigos. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 247 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA As vítimas apresentaram insegurança, dado a falta de apoio, se sentindo em situação de vulnerabilidade, podendo a mulher apresentar distúrbios nas habilidades sociais e com isso a mulher caminha rumo ao desenvolvimento de um auto percepção de incapacidade, inutilidade e de baixo autoestima vindo a perder até mesmo o amor próprio. (MILLE R. 1999). CONSIDERAÇÕES FINAIS A violência contra a mulher é um problema social grave que vem fazendo milhares de vítimas todos os anos. E as vítimas podem contar com o apoio de vários tipos de serviços assistenciais sendo o amparo psicológico, médico e jurista. E a atuação do psicólogo é de grande importância, nestes casos realizando um trabalho de acolhimento, auxiliando a vítima na compreensão da construção do sujeito e sua importância no âmbito social. Trabalhar questões relacionadas a resistência, a desenvolver mecanismos que possam tirar o cliente da posição de vítima, trabalhar a valorização, a auto estima, fazendo com que o cliente retorne sua identidade e se conheça, trabalhar o autoquestionamento, levando o cliente a refletir, e o que impulsiona a suas escolhas. Contar com um apoio de intervenção, multiprofissional e interdisciplinar no atendimento a essas vítimas se faz necessário para que aja melhor eficiência visando suprir toda a necessidade da vítima. Tendo sempre um olhar criterioso e sem prejulgamentos, respeitando cada pessoa, pois cada pessoa tem seu próprio tempo de amadurecimento para romper a situação de violência. REFERÊNCIAS ADEODATO, Vanessa Gurgel et al. 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Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF VIOLÊNCIA SEXUAL: VULNERABILIDADES DO ADULTO IDOSO HANDA, Luciana Zombini¹ SILVA, Suzana Carolina² FONSECA, Bárbara Cristina Rodrigues.³ RESUMO O aumento previsível do número de idosos e a atualidade socioeconômica faz com que o idoso, em especial em idades mais avançadas e mais dependentes, em termos de vulnerabilidade, possa ter que morar com familiares ou em instituições e tornar-se vítima de situações de abuso. O presente artigo tem como objetivo discutir um assunto muito pouco tratado na literatura: a violência sexual contra idosos. Quando se fala em violência contra estes, pensa-se imediatamente somente na violência física, mas esta não é a única, há inúmeras outras formas. Trata, ainda, de questões do envelhecimento ao enfatizar a importância do conhecimento da atuação de equipes de saúde, ações de políticas públicas, papel da família, definição do termo abordado, aspectos legais e éticos da violência sexual contra o idoso. PALAVRAS CHAVES: Idoso. Vulnerabilidades. Violência Sexual. ¹ ² Acadêmicas do Curso de Psicologia - Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral - FAEF. E-mail: [email protected];[email protected] ³ Docente do Curso de Psicologia - Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral - FAEF. Email: [email protected] Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral- FAEF - Garça - SP- Brasil - http:// www.grupofaef.edu.br Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 251 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT The expected rise in the number of elderly and socioeconomic today makes the elderly, especially in older and more dependent ages, in terms of vulnerability, may have to live with family members or institutions and become a victim of abuse. This article aims to discuss a little the subject matter in literature: sexual violence against the elderly. When it comes to violence against them, one thinks immediately only physical violence, but this is not the only one, there are numerous other ways. Also aging issues by emphasizing the importance of knowledge of the health teams performance, public policy actions, family role, defining the term approached, legal and ethical aspects of sexual violence against the elderly. KEYWORDS: Old man. Vulnerabilities. Sexual Violence. INTRODUÇÃO A velhice tem sido pensada, quase sempre, como um processo degenerativo, oposto a qualquer progresso, como se nessa etapa da vida deixasse de existir o potencial de desenvolvimento humano. O estereótipo tradicional da velhice é o de pessoas doentes, incapazes, dependentes, demenciadas, “rabugentas”, impotentes, consideradas por alguns como um problema e um ônus para a sociedade. Envelhecer é um processo inerente a todos os seres humanos, que se inicia na concepção e perpassa todos os dias de nossas vidas. A cada instante tornamo-nos mais velhos que no instante anterior (MINAYO, 2003). Segundo o Censo de 2010 (IBGE, 2011) a população de pessoas idosas é a que mais cresce no Brasil, configurando um fenômeno novo e desafiador para a sociedade, para as famílias e para os governos. A fim de termos uma ideia da dimensão das mudanças que estamos vivendo, no início do século XX, a esperança de vida do brasileiro não passava dos 33.5 anos, chegando aos 50 na metade desse mesmo século. Em 2011, o nível de idade chegou a 74,08 anos, sendo que, as mulheres estão vivendo, em média, sete anos a mais do que os homens. 252 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF No Brasil, assim como na maioria das sociedades, o cuidado com a pessoa idosa é responsabilidade dos familiares (BRASIL, 2003). A presença de idosos no convívio familiar como dependentes constam mais de 95% das pessoas acima de 60 anos que residem com parentes, 26% de todas as famílias brasileiras. Destas, existe pelo menos uma pessoa com mais de 60 anos convivendo com filhos e netos, entre outros componentes familiares (MINAYO, 2005). Nesse contexto, embora a legislação brasileira obrigue os filhos a amparar os pais na velhice, os idosos constituem uma categoria social que inclui uma porcentagem alta de pessoas extremamente frágeis (FORTESBURGOS, 2010) e em decorrência da obrigação de assistência por parte dos filhos, estes idosos podem acabar sendo vítimas de maustratos (SAFFIOTI, 1997). Segundo dados obtidos pelo Disque 100 (canal de denúncia) publicados recentemente pelo Ministério da Justiça e Cidadania (2016) em relação à violação dos direitos dos idosos encontram-se: 77% das denúncias são por negligência; 51% por violência psicológica; 38% por abuso financeiro e econômico ou violência patrimonial; 26% por violência física e maus tratos. O aumento previsível do número de idosos e a atualidade socioeconômica faz com que o idoso, em especial em idades mais avançadas, e mais dependentes, em termos de vulnerabilidade possa ter que viver e conviver com familiares e tornar-se vítima de situações de abuso(s) (BRASIL, 2007). [...] Quando se fala em violência contra as pessoas idosas, pensa-se imediatamente na violência física, mas esta não é a única, pois há inúmeras formas de violência, veladas e mascaradas. A violência também pode manifestar-se como psicológica, econômica, moral, sexual, pode ser familiar, social, institucional, estrutural e pode resultar de atos de omissão e negligência. Muitas vezes não a reconhecemos, pois os idosos têm importância menor num mundo que valoriza o vigor e a beleza da juventude. Mesmo com leis avançadas, seu descumprimento desqualifica sua importância como cidadãos. Apesar da existência do Estatuto do Idoso, os idosos continuam a ter seus direitos desrespeitados, sendo tratados, por vezes, como crianças ou pessoas incapazes. [...] (BRASIL, 2007, p. 15). A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2002) define a violência contra a pessoa idosa como ações ou omissões cometidas uma vez ou muitas vezes, prejudicando a integridade física e emocional da Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 253 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA pessoa idosa, impedindo o desempenho de seu papel social. A violência acontece como uma quebra de expectativa positiva por parte das pessoas que a cercam, sobretudo dos filhos, dos cônjuges, dos parentes, dos cuidadores, da comunidade e da sociedade em geral. Dentre todos os tipos acima citados, a violência sexual, em especial sofrida pelos idosos, chama a atenção, devido ser pouco conhecida e divulgada pela sociedade. Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2011), na elaboração da ficha de notificação suspeita ou confirmada de violência elaborada pela Secretaria Municipal de Saúde, a maioria das situações apenas consegue ser devidamente detectada e encaminhada quando o idoso recorre aos serviços de saúde públicos. Assim, é essencial que os profissionais de saúde estejam atentos e preparados para detectar e sinalizar estas situações. A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (BRASIL, 2014) ao propor estratégias para o enfrentamento à violência contra a pessoa idosa, conceitua a violência sexual como: o ato no jogo que ocorre nas relações hétero ou homossexuais e visa a estimular a vítima ou utilizá-la para obter excitação sexual e práticas 41 eróticas e pornográficas impostas por meio de aliciamento, violência física ou ameaças. Vítimas de abuso sexual costumam sofrer também violência física, psicológica e negligências. Tendem a sentir muita culpa e a ter baixa autoestima e a pensar mais em cometer suicídio que pessoas que não passaram por essa cruel experiência. Este estudo, por meio de uma revisão bibliográfica, objetiva contribuir e informar a respeito da existência da violência sexual praticada contra idosos em situação de vulnerabilidade, bem como alertar as famílias, profissionais da saúde e cuidadores quanto às responsabilidades de vigilância e cuidados no tocante à pratica da violência sexual no idoso. DA VIOLÊNCIA SEXUAL NO IDOSO E VULNERABILIDADES O Ministério da Saúde (BRASIL, 2007) refere-se à “Violência” como processos e relações sociais interpessoais, de grupos, de classes, de gênero, ou objetivadas em instituições, quando empregam 254 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF diferentes formas, métodos e meios de aniquilamento de outrem, ou de sua coação direta ou indireta, causando-lhes danos físicos, mentais e morais. Um dos grandes desafios para a sociedade é a violência contra pessoa idosa. Uma das formas de conceituar este tema é a adotada pela Rede Internacional para a Prevenção dos Maus-tratos contra o Idoso (BRASIL, 2007). De acordo com Faleiros (2007): Pode-se compreender a violência contra pessoas idosas em três grandes dimensões: (a) violência sociopolítica - concernente às relações sociais mais gerais que envolvem grupos e pessoas consideradas delinquentes e às estruturas econômicas e políticas da desigualdade nas relações exclusão/ exploração; (b) violência institucional - diz respeito aos serviços prestados por outras instituições, como hospitais, serviços públicos, que ocorrem por ação ou omissão. Refere-se também a relação existente nas Instituições de Longa Permanência para idosos e instituições de serviço privadas ou públicas, nas quais nega ou atrasa o acesso, hostiliza o idoso e não respeita sua autonomia; (c) violência intrafamiliar - concernente à violência calada, do silêncio, que possui como agressores os familiares (filhos, netos, noras, cônjuges, vizinhos, cuidadores) (p. 394). Mais recentemente, em 2014, o Ministério da Saúde publicou um Manual de Enfrentamento à violência contra a pessoa idosa onde estabeleceu algumas categorias e tipologias para designar as várias formas de violências mais praticadas contra essa população, a saber: a) Abuso físico, maus tratos físicos ou violência física; b) Abuso psicológico, violência psicológica ou maus tratos psicológicos; c) Abuso sexual e violência sexual; d) Abandono; e) Negligência; f) Abuso financeiro e econômico e, g) Autonegligência. Em relação especificamente ao objeto de estudo desta pesquisa, o documento conceitua o abuso sexual e a violência sexual como termos que se referem ao ato ou jogo sexual de caráter homo ou hetero-relacional, utilizando pessoas idosas. Esses abusos visam a obter excitação, relação sexual ou práticas eróticas por meio de aliciamento, violência física ou ameaça. A violência sexual tal qual definida acima ocorre, segundo estudos internacionais e nacionais, com menos de 1% das pessoas idosas. Desse total, um décimo ocorre em casa e os abusos são cometidos por pessoas da família e o restante em residências geriátricas. No Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 255 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA entanto, este número deve ser muito mais expressivo uma vez que, o idoso solitário, por vezes, não comunica a agressão a seus familiares, ou busca ajuda, por medo de represálias e por falta de suporte social na ocorrência da violência (SOUZA, 2010). O idoso, por vezes, encontra-se em situações de extrema vulnerabilidade o que facilita a prática da violência sexual. A maioria (cerca de 95%) envolve mulheres com problemas em pelo menos dois de três domínios cognitivos, (tempo, espaço, e nível pessoal), que vivem em instituições de longa permanência e, são agredidas, com mais frequência, por outros residentes. Outro dado, neste sentido, é apresentado por Souza (2010), quando menciona o perfil do idoso violentado e também relata ocorrências principalmente contra mulheres, maiores de 75 anos, viúvas, em estado de dependência física ou emocional, residentes com familiares, com histórico de violência, alcoolismo e distúrbios psiquiátricos e na sua maioria, portadoras de doenças crônicas. Também são consideradas mais vulneráveis as mulheres com maior dificuldade de andar e, nestas, os principais tipos de abuso cometidos são beijos forçados, atos sexuais não consentidos e bulinação do corpo (BRASIL, 2014). A situação do idoso dependente, acamado ou internado em instituições de saúde se complica ainda mais pela dificuldade de se provar a autoria dos delitos dada às trocas e rotatividade dos funcionários de plantão (SOUZA, 2010). Alguns casos de abuso sexual de idoso já foram divulgados na mídia há tempos atrás: em um deles (JORNAL R7.com, 2012), em 2012, dois enfermeiros foram flagrados por uma câmera em atos sexuais com uma idosa de 98 anos, vítima de AVC com o lado direito do corpo paralisado. A vítima era cuidada em sua própria casa e as câmeras mostraram a dupla se masturbando e acariciando os pés da mulher, que estava presa a uma cama, em San Diego, nos EUA. Familiares disseram que a idosa tinha consciência do que acontecia à sua volta, mesmo não conseguindo se comunicar. Outro caso ocorreu em um hospital do Rio de Janeiro: um técnico de enfermagem foi indiciado por uma idosa de 66 anos que estava em tratamento contra um câncer. O profissional foi acusado de estupro, pois a idosa disse ter sido tocada de maneira imprópria pelo mesmo. Segundo o hospital, o técnico em enfermagem quebrou o protocolo de atendimento ao ficar sozinho com a paciente durante o banho. Os procedimentos de higiene devem ser realizados por dois 256 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF profissionais (SOUZA, 2013). A família de outra senhora de 51 anos, internada há quatro meses, com problemas respiratórios em um hospital na região oeste de Belo Horizonte (MG) também acusou, em março de 2104, um funcionário do hospital de tê-la estuprado (BRAGON, 2014). Segundo dados do Ministério da Saúde (2005), as ocorrências que chegam até o Sistema Único de Saúde (SUS) não demonstram a realidade concreta da situação da violência contra o idoso, pois muitas vezes os atos acontecem dentro do domicílio familiar, locais de difícil acesso para a efetivação de denúncias, bem como, regado de relações e sentimentos de insegurança, medos, conflitos, proximidade e afetividade e até instinto de proteção ao agressor (no caso, os filhos) por parte do idoso (pai/mãe). CONCLUSÃO O abuso sexual deixa sequelas inestimáveis e traumatizantes para as vítimas, independente da fase em que se encontram, mas tornase muito mais para o idoso diante de tantas vulnerabilidades de saúde, cuidado e afeto, ainda tem que se deparar com esse ato deprimente e humilhante no final dos seus dias. É dever da família e do Estado colaborar para uma velhice digna; e a família deve ser conscientizada de seu papel de amparo e cuidado já que poder público é incapaz de oferecer tal subsídio de forma efetiva e totalitária (SOUZA, 2004). A obrigação dos filhos perante os pais idosos está alicerçada nos princípios constitucionais do Direito de Família e nos diplomas legais: Estatuto do Idosos – Lei nº 10.741/ 2003; Código Civil – artigos 1694 a 1699; LOAS- Lei Orgânica de Assistência Social – Lei nº 8.742/1993 e Política Nacional do IdosoLei nº 8.842/1994 (MESQUITA, 2016). No entanto, a responsabilidade da família no cuidado da pessoa idosa vai além da obrigação legal de natureza material. Os filhos têm a obrigação de amparar seus pais na velhice também em suas necessidades físicas, emocionais e sociais, devendo estar sempre vigilantes e atentos aos cuidados que os idosos estão recebendo de terceiros cuidadores. Cabe à ela e cuidadores atenção necessária detectar quaisquer sintomas de abuso de origem sexual, que podem se manifestar na forma física e emocional (MESQUITA, 2016). EntendeGarça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 257 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA se por sintomas físicos: hematomas nas genitálias, seios e outras partes do corpo; infecção genital ou anal; dificuldades de sentar ou caminhar; roupas íntimas rasgadas ou manchadas; sangramento genital; doenças sexualmente transmissíveis como a AIDS, entre outras (BARTHOLOMEW, 2010). Segundo Coler (2008), os profissionais da área de saúde têm a oportunidade de tratar o problema da violência no idoso que chega às diversas Instituições, bem como, levando-se em consideração que esses podem ser os primeiros indivíduos a terem acesso a sinais de abuso e têm como referência seu dever em realizar notificação compulsória sobre a violência no idoso. Só por esses motivos, justificável seria que esses profissionais agissem dessa forma, situação essa que por vezes não acontece. Os profissionais tendem a compreender a violência como problemática que diz respeito à esfera da Segurança Pública e à Justiça, e não à assistência médica. Dessa forma há o “desligamento” do dever de notificar, e a equação correspondente ao fato dela existir independente de sua notificação, é evidentemente comprometida (D’OLIVEIRA; SCHRAIBER, 1999). Infelizmente, a preocupação da criação de equipes multiprofissionais assegurando a cobertura bio-sócio-cultural para vítimas e agressores, não parece ser suficiente para garantir que o profissional se sinta capacitado a abordar o tema. Aí também se perde a oportunidade de realizar prevenção primária, devendo-se pois, adquirir o hábito de abordar o assunto como parte da rotina de consulta não só para educar, mas sobretudo oferecer apoio e suporte aumentando a possibilidade de discussões futuras sobre a violência no idoso.(COLER, 2008) Alguns estudos e depoimentos de familiares ressaltam o pouco envolvimento das equipes que, em geral, não vão além dos problemas físicos, mesmo quando em seu diagnóstico fica evidente a existência de violências como causa básica das ocorrências. A justificativa para esse não envolvimento costuma ser de que os maus-tratos referemse ao âmbito privado e fora da competência da Medicina (BRASIL, 2014). O texto de Hirsch e Loewy (2001), escrito especialmente para médicos e profissionais de saúde, alerta-os para a necessidade de melhorarem seu diagnóstico em casos de maus-tratos e ensina-lhes a reconhecer alguns sinais como resumimos a seguir. 258 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF É preciso prestar atenção à aparência desse cliente; ao fato de que procure seguidamente seus cuidados para o mesmo diagnóstico; a suas repetidas ausências às consultas agendadas; aos sinais físicos suspeitos; e às explicações improváveis de familiares para determinadas lesões e traumas (BRASIL, 2014, p.79). Os autores instruem ainda os médicos e outros profissionais de saúde a observarem a ocorrência de abusos ou negligências, providenciarem um monitoramento mais cuidadoso que inclua visitas domiciliares periódicas. Se for o caso, deve-se ainda denunciar às autoridades competentes a existência dos maus-tratos, para que se tomem providências relativas à proteção das pessoas idosas e à penalização dos abusadores (BRASIL, 2014). Portanto, tornam-se urgente a adoção de medidas por parte dos órgãos competentes, visando a aumentar o número de profissionais que atuam com essa população e especializar a formação em várias áreas como a de Medicina, Psicologia, Serviço Social, Educação Física, Fisioterapia e outras. (BRASIL, 2014, p. 79) O presente artigo não teve a pretensão de esgotar o assunto no que diz respeito à violência sexual contra a pessoa idosa, pelo contrário, diante da escassez na produção científica na última década objetivou, principalmente, abrir caminhos para novas discussões, relatos e pesquisas. REFERÊNCIAS BARTHOLOMEW, M.R., CHEEK & HOYT, J. Abuso e Negligência no Cuidado com Idosos. In Riviello,R. (Ed.), Manual de Medicina Emergencial Forense (pp. 166-169) 2010. 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