VOL 05 ANAIS FAEF 2016

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SOCIEDADE C U LTURAL E
EDUCACIONAL DE G ARÇA
Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF
PSICOLOGIA
VOLUME 05
Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814
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ISSN 1676-6814
Anais
PSICOLOGIA- VOLUME 05
GARÇA/SP - 2016
Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF
SOCIEDADE CU LTURAL E
EDUCACIONAL DE G ARÇA
Exemplares desta publicação podem ser solicitados à:
SOCIEDADE CULTURAL E EDUCACIONAL DE GARÇA
FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR E FORMAÇÃO INTEGRAL - FAEF
Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros km 420, via de
acesso a Garça, km 1, CEP 17400-000, Garça/SP
www.grupofaef.edu.br / [email protected]
Telefone: (14) 3407-8000
EDIÇÃO, EDITORAÇÃO ELETRÔNICA e ARTE FINAL
Aroldo José Abreu Pinto
Ficha Catalográfica elaborada pela biblioteca da
Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral - FAEF
630
Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF.
S621
XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF. Anais... – Garça:
Editora FAEF, 2016.
264 p. vol 05 - (14 vols.)
15x22cm.
ISSN 1676-6814
1. Ciências Agrárias 2.Ciências Contábeis 3. Administração 4.
Agronomia 5. Engenharia Florestal 6. Medicina Veterinária 7. Pedagogia
8. Psicologia 9. Direito. 10 Enfermagem.
Os autores são responsáveis pelo conteúdo dos
trabalhos científicos.
Reprodução permitida desde que citada a fonte.
Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros km 420, via de acesso a Garça, km 1.
CEP 17400-000, Garça/SP
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SUMÁRIO
Apresentação ....................................................... 9
Comissão Organizadora ......................................... 11
Agradecimentos .................................................. 15
TRABALHOS APRESENTADOS
A FALTA DE LIMITES E O COMPORTAMENTO AGRESSIVO DE
PRÉ-ESCOLARES
Siléia Batista SOARES; Fernanda Piovesan DOTA ............. 21
FAMÍLIAS FANTASMAS: INVESTIGANDO O ENFRENTAMENTO
SOCIAL E EMOCIONAL DE FAMÍLIAS COM PESSOAS
DESAPARECIDAS
Andréa MAGALHÃES; Bárbara C. R. FONSECA ................ 31
A HISTORA DOS ENJEITADOS DO BRASIL
Gabriel Gonçalves MATTOS ...................................... 41
A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO
AMBIENTE ESCOLAR
Dayse P. Cardoso; Leila G. dos Santos; Fernanda P.
Dota ................................................................ 51
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A INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA SOBRE O DESENVOLVIMENTO DO
INDIVÍDUO PARA A CONSTRUÇÃO DO TRANSTORNO DE
PERSONALIDADE ANTISSOCIAL - SERIAL KILLER
TINETTI, Milena de Oliveira; SANTOS, José
Wellington dos .................................................. 59
A MÁ VIVÊNCIA DO LUTO PODE AFETAR O SISTEMA
FAMILIAR?
Amanda Paula dos REIS; Izabel Cristina Brambatti
GRANJEIRO; Bárbara Cristina Rodrigues FONSECA ........... 69
A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO
DE DEPENDENTES QUÍMICOS E A IMPORTÂNCIA DA
PREVENÇÃO DE RECAÍDAS
Adilson de Almeida; Marlon Ferreira Figueiredo; Graziele
Kerges Alcantara .................................................. 79
ADOLESCÊNCIA E ORIENTANÇÃO VOCACIONAL
Hilton Aparecido SANTOS; Maria Thatiani BRATFICHE;
Viviane MEDEIROS; Fernanda Piovesan DOTA ................ 87
ANGÚSTIA E APRENDIZADO
José Wellington dos Santos; Carlos Aberto de Figueiredo .. 95
ATENÇÃO A GESTANTE: ESTADO EMOCIONAL E
PSICOTERAPIA GRUPAL
PEREZ, Débora Nicolino Anunciação .......................... 103
CUIDADOS PSICOLOGICOS AO PACIENTE ONCOLÓGICO
BREVE HISTÓRICO DA PSICO-ONCOLOGIA NO BRASIL
MOLINA, Bruna Nassif; BARACAT, Juliana .................... 111
DEPRESSÃO NO IDOSO: DISTANCIAMENTO FAMILIAR
ALVARES, Barbara Rejane da Silva; SENSÃO, Aparecida
Iracema ........................................................... 119
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DEPRESSÃO PÓS-PARTO PATERNA (DPPP): ESTUDO
BIBLIOGRÁFICO SOBRE A INCIDÊNCIA E OS IMPACTOS NO
ÂMBITO FAMILIAR
LIMA, Chriscia Maria dos Santos de; SANTOS, Amanda
Aparecida dos; FONSECA, Bárbara Cristina Rodrigues ..... 125
DISFORIA DE GÊNERO, SEUS ASPECTOS BIOLÓGICOS,
COMPORTAMENTAIS, INTERVENÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL:
REVISÃO DE LITERATURA
José Luís Fuzer, Juliana Marques Barboza, Vitória Zocca
Nunes de Barros, Graziele Kerges Alcantara ................. 137
EDUCAÇÃO DE GÊNERO: GÊNERO NA EDUCAÇÃO BÁSICA,
PEDAGOGIA CONTEMPORÂNEA
RODRIGUES, Thales Del Vechio; GERALDO, Lorena
Brunieri ........................................................... 147
EDUCAÇÃO DE GÊNERO: IMPASSES E DESAFIOS PARA A
EDUCAÇÃO INFANTIL NA CONTEMPORANEIDADE
RODRIGUES, Thales Del Vechio; GERALDO, Lorena Brunieri;
FONSECA, Bárbara Cristina Rodrigues ........................ 155
ENSINO EM PERÍODO INTEGRAL, UMA NECESSIDADE OU UMA
PRIORIDADE?
Daniela Luise Nicolau dos SANTOS; Giovana Bruno da SILVA;
Fernanda Piovezan DOTA ....................................... 163
AS FASES DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL SOB A
PERSPECTIVA FREUDIANA
Pereira, Andréia M.; Carmo, Bruna M.; Oliveira, Karina
Marques F.; Santos, José Wellington dos. .................... 173
FOBIA SOCIAL: O IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO DE
CRIANÇAS E ADOLESCENTES
SINAQUE, Luciana; DOTA, Fernanda Piovesan ............... 179
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LUTO COMPLICADO: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO COM
OBJETIVO DE LEVAR CONHECIMENTO À FAMÍLIA DO
ENLUTADO
AMORIS, Talita Kelly de Brito; NASSAR, Edilene ............. 189
O ABUSO SEXUAL INFANTIL: O INDIVÍDUO, A FAMÍLIA E O
PAPEL DOS PROFISSIONAIS NO ATENDIMENTO À CRIANÇA
Siléia Batista SOARES; Fernanda Piovesan DOTA ............ 199
PERCURSO FREUDIANO DA ETIOPATOGÊNIA DA NEUROSE
OBSESSIVA
SILVA, Guilherme A. L. S. da; Dos Santos, José
Wellington ....................................................... 209
PERSPECTIVA DO USUÁRIO DE CRACK NA RESSOCIALIZAÇÃO
Viviane MEDEIROS; Hilton SANTOS; Gabriel Gonçalves
MATTOS ............................................................ 219
TRANSEXUALIDADE: O PRECONCEITO E A
INDIVIDUALIZAÇÃO VOLTADA A IDENTIFICAÇÃO DO
INDIVÍDUO TRANSEXUAL
Daniela Luise Nicolau dos SANTOS; Giovana Bruno da
SILVA ............................................................... 231
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: CONSEQUÊNCIAS PSICOLÓGICAS
MENDES, Valdirene; NOGUEIRA, Nayra; BAPTISTA, Maiara;
DOS SANTOS, Prof. José Wellington ........................... 243
VIOLÊNCIA SEXUAL: VULNERABILIDADES DO ADULTO IDOSO
HANDA, Luciana Zombini; SILVA, Suzana Carolina; FONSECA,
Bárbara Cristina Rodrigues ..................................... 251
Normas para elaboração de artigo científico do Simpósio
da FAEF .......................................................... 263
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APRESENTAÇÃO
A FAEF de Garça/SP vem se consolidando como Instituição de
Ensino Superior capaz de contribuir para o desenvolvimento da região,
do Estado e também do País colocando profissionais competentes
no mercado de trabalho. Sua história inicia em 1989 e, de lá para
cá, a respeitabilidade e o compromisso da Instituição é constatável,
especialmente quanto à percepção de seu esforço para enveredar
pelo caminho próprio das escolas sérias de nível superior, com eixo
na tríade: Ensino, Pesquisa e Extensão. Em sua 19a edição, o evento
vem enriquecido o desenvolvimento de virtudes, tendo como
principais objetivos:
- Estimular a criação cultural e o desenvolvimento humanístico;
- Formar recursos humanos nas áreas de conhecimento que atua,
aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira;
- Incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica,
visando ao desenvolvimento da ciência, da tecnologia e a difusão da
cultura;
- Promover a divulgação de conhecimentos cultural, científico e
técnico que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicações ou de outras formas de
comunicação junto à sociedade.
No evento, alunos e professores da FAEF, bem como alunos e
profissionais de outras Instituições e demais interessados, puderam
aprimorar seus conhecimentos, publicar suas pesquisas, apresentar
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trabalhos científicos, além de terem mantido contatos com
palestrantes renomados nas diversas áreas do saber e desenvolver
suas virtudes. Todas estas atividades e produção científica deram
origem a mais uma edição dos Anais do Simpósio da FAEF que, com
imensa satisfação, oferecemos aos leitores. Acima de tudo, os Anais
do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas são resultantes de um esforço
conjunto dos nossos alunos, professores, coordenadores, diretores e
mantenedora e concretizam o estímulo e a valorização à pesquisa
científica promovidos por esta Faculdade.
COMISSÃO ORGANIZADORA
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COMISSÃO ORGANIZADORA
- Presidente de Honra:
Profª. Drª. Dayse Maria Alonso Shimizu
- Presidente Excecutivo:
Prof. MSc. Augusto Gabriel Claro de Melo
- Vice-presidente:
Prof. MSc. Martinho Otto Gerlack Neto
COMISSÃO CIENTÍFICA
Prof MSc. Augusto Gabriel Claro de Melo
Prof. MSc. Martinho Otto Gerlack Neto
Profª. Drª. Vanessa Zappa
Profª MSc. Renata Shimizu Locatelli da Rosa
Profª Msc. Kelly Karine Paschoal
Profª Esp. Deise Aparecida Estanislau Dereça
Prof. Msc. Odair Vieira da Silva
Prof. Msc. Rangel Antônio Gazzola
Prof. Esp. Lucas Tombi Scaramuzza
Prof. MSc. Osni Álamo Pinheiro Júnior
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COMISSÃO DE SECRETÁRIA, TESOURARIA E EXPEDIÇÃO DE
CERTIFICADOS
Prof MSc. Augusto Gabriel Claro de Melo
Sra. Daniela de Almeida Funakawa Cirillo
Sr. Leandro Matta
Profª Drª Vanessa Zappa
Prof. Esp. Lucas Tombi Scaramuzza
Profª Esp. Deise Aparecida Estanislau Dereça
Prof. Martinho Otto Gerlack Neto
Prof. Rangel Antônio Gazzola
Profª MSc. Renata Shimizu Locatelli da Rosa
Profª Msc. Kelly Karine Paschoal
COMISSÃO DE CAPTAÇÃO DE PARCEIROS
Prof Msc. Augusto Gabriel Claro de Melo
Prof. Martinho Otto Gerlack Neto
Prof. Esp. Lucas Tombi Scaramuzza
Profª Esp. Deise Aparecida Estanislau Dereça
Profª. Júlia Kawazaki Hori
Prof. Esp. Paulo Jacobino
Prof. Daniel Aparecido Marzola
Profª Drª Saara Scolari
Profª Drª Suzana Más Rosa
Sr. Leandro Matta
Sr. Sidney Marques Roberto
Sr. Thiago Ramirez Cavalheiro
Sr. Adriano Pereira da Silva
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COMISSÃO DE INFRAESTRUTURA
Prof. MSc. Osni Álamo Pinheiro Júnior
Prof. Esp. Lucas Tombi Scaramuzza
Prof. Daniel Aparecido Marzola
Sra. Maria Aparecida da Silva
Prof. Esp. Paulo Jacobino
Profª MSc. Fernanda Tamara Neme Mobaid Agudo Romão
Prof. Dr. Renan Botelho
Sr. Denis Dias V. Barbosa
Sr. Sidney Marques Roberto
COMISSÃO DE CULTURA E ENTRETENIMENTO
Prof MSc. Augusto Gabriel Claro de Melo
Profª. Júlia Kawazaki Hori
Prof. Osni Alamo Pinheiro Junior
Profª MSc. Fernanda Tamara Neme Mobaid Agudo Romão
Profª. Esp. Deise Estanislau Dereça
Prof. Esp. Lucas Tombi Scaramuzza
Maria Aparecida da Silva
COMISSÃO DE MARKETING, COMUNICAÇÃO E MÍDIAS SOCIAIS
Prof. MSc. Augusto Gabriel Claro de Melo
Profª. Drª. Vanessa Zappa
Sra. Suellen Nogueira Martins Alves
Sra. Érika Alves de Souza Santos da Costa
Sra. Euceny Caroline Pedroso Saccá
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Sr. Denis Dias V. Barbosa
Prof. Paulo César Jacobino
COMISSÃO DE APOIO AO ENSINO
Prof. MSc. Odair Vieira da Silva
Profª. MSc. Deise Aparecida Estanislau Dereça
Profª. MSc. Renata Shimizu Locatelli da Rosa
Profª. MSc. Kelly Karine Paschoal
Profª MSc. Karla Borelli
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AGRADECIMENTOS
A Comissão Organizadora da XIX Edição do Simpósio de Ciências
Aplicadas da FAEF é grata aos patrocinadores e parceiros que
colaboraram com a nossa Instituição. Contribuindo para o
desenvolvimento da pesquisa científica do Brasil: Caixa Econômica
Federal, CREA-SP, AEAAG – Associação dos Engenheiros, Arquitetos e
Agrônomos de Garça, 3s Comércio de Embalagens, Agrofort, Amanda
Moretti: Podologia e Estética, Benemara, Bom Gás & Água, Burger
King, Cartório 1º Ofício Três Lagoas, Casa de Carnes Panorama, Celeiro
Vestuário, Cimento Marília, Comauto Auto Peças Marília, Composição
Confecções, Construgar transportes de materiais para construção,
Cooperativa Sul Brasil, Damásio Educacional, Dismagril, Eletro Center,
Escritório Fiscontábil, Flora Mix, Gamag, Sacca’s Acessórios e
Bijuterias, Ivo Madeiras, Javep – Veículos, Peças e Serviços Ltda,
Leila Tecidos, Life Sucos, Studio Lu Sestito, Luís Fernando Bautz
Gomes, Mafer Marília, Maria Morena Modas, Moreira’s Buffet e
Eventos, Ogata Veículos e Peças Ltda Marília, Ortiz Minichiello
(Advogacia e Consultoria), Auto Posto Rotatória de Garça – Ltda,
Reipel, Santa Maria Park Hotel, Semag, Sicoob Credicitrus, Sindicato
Rural de Garça, Status Formaturas, Tintas e Tintas, Top Cell – venda
e assistência técnica especializada, Total Utilidades, Vestigiu’s
Uniformes, VideoSystem – Filmagens Locações e vendas, Wizard Garça
e Academia Work Body Fitness e Khorus.
São raras as empresas que têm este grau de consciência da
responsabilidade social que deve permear sua atividade comercial.
Avante Brasil! Com Educação e Pesquisa Científica! O Grupo FAEF
valoriza seus parceiros.
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XIX
TRABALHOS APRESENTADOS
Psicologia
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A FALTA DE LIMITES E O COMPORTAMENTO
AGRESSIVO DE PRÉ-ESCOLARES
Siléia Batista SOARES
Fernanda Piovesan DOTA
RESUMO
Este estudo objetivou verificar a agressividade no ambiente escolar,
entre crianças de até cinco anos, analisando o quanto a falta de limites
contribui para o desenvolvimento desse comportamento. Partiu-se da
revisão de artigos e autores para esclarecer o conceito e a origem da
agressividade; como e quando ela deve ser declarada atípica, por
diversas causas, mais especificamente, pela falta de limites colocados
pelos pais, professores e outros envolvidos em sua educação. Se tudo
é permitido por não ter limites, a agressividade se desenvolve além
do normal. Se isso não for identificado e trabalhado logo, ela pode
desenvolver atitudes erradas, difíceis de serem reparadas. A criação
de regras e o estabelecimento de limites a fim de que a criança aprenda
a controlar sua agressividade natural, é importante, fundamental e
necessária à sua socialização e ao seu desenvolvimento.
Palavras-chave: Agressividade, Educação Infantil, Falta de
limites, Psicologia.
1. INTRODUÇÃO
Segundo o Dicionário InFormal, a palavra ‘Agressividade’ significa:
“Ato de não controlar os impulsos, incapacitando-o de conviver
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pacificamente (desde que tratado) em sociedade ou na qual possa
estar inserido”.
Já no DICIO (Dicionário Formal Online), este verbete está
conceituado como uma “Tendência a atacar, a provocar. Psicologia:
Forma de desequilíbrio psíquico que se traduz por uma hostilidade
permanente diante de outrem”.
No Dicionário Técnico de Psicologia, “do ponto de vista
psicanalítico, Freud definiu a agressividade como a aliança e a
conjunção imaginárias ou sintomáticas de movimentos afetivos hostis,
de uma parte, e erotizados, de outra” (CABRAL, NICK, 2001).
Segundo Klein (1970) e Winnicott (1939/1987) a agressividade é
um comportamento impulsivo, inato aos seres humanos e aos outros
animais, até mesmo por uma questão de sobrevivência e conservação
da espécie.
Freud dizia que a agressão teria origem numa pulsão inata, a
pulsão da morte, e os comportamentos agressivos eram explicados
pela disposição instintiva e primitiva do ser humano (MONTEIRO,
2008).
Ainda segundo Freud e Lacan a agressividade faz parte do eu, na
base de sua constituição e na sua relação com os objetos. Afirmam
a agressividade na ordem humana e dizem que ela pode ser exaltada
ou recalcada, e que não precisa ser atuada, pois o ser humano conta
com o recurso da palavra, da mediação simbólica (FERRARIL, 2006).
A agressividade está presente no psiquismo e é uma revelação
da pulsão de morte, contrária à pulsão sexual. Tanto uma quanto a
outra exige uma acomodação subjetiva entre o eu e o super eu,
conforme o peso dos ideais culturais pelos quais se identifica. A
cultura impõe restrições à agressividade, e a sexualidade é uma
delas contra os desejos de destruição, seja como fusão pulsional,
seja como uma forma de defesa (FREUD, 1930).
Em sua segunda teoria pulsional, Freud (1920) reconheceu a
agressividade como uma pulsão específica, e passou a funcionar como
o outro nome dos impulsos da pulsão de morte, cuja finalidade é a
destruição: “[...] existem essencialmente duas classes diferentes
de pulsões: as pulsões sexuais, compreendidas no mais amplo sentido
– Eros – se preferem esse nome – e pulsões agressivas, cuja finalidade
é a destruição” (FREUD, 1933).
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As pulsões de vida, para Freud, são instintos de autoconservação.
E como a morte é o final de todos os indivíduos, existe inerente a
cada um de nós um desejo inconsciente de morrer; assim, a
agressividade significa a manifestação da morte (SHIRAHIGE; HIGA,
2004).
Para ele, a agressividade é um fator de ameaça à cultura imposta
pela sociedade por produzir um mal-estar nos seres humanos; porque
obriga que renunciem às suas satisfações para o bem estar da própria
sociedade. A inclinação para a agressão, que existe nos seres,
constitui o fator que perturba os relacionamentos e força a civilização
a um grande gasto de energia. Em consequência disso, a sociedade
civilizada se vê permanentemente ameaçada de desintegração. [...]
A civilização tem de se esforçar bastante a fim de estabelecer limites
para os instintos agressivos do homem e manter suas manifestações
sob controle por formações psíquicas reativas (FREUD, 1930).
Na concepção de Bandura (1973), a agressão pode incidir no
deslocamento de estímulos negativos de forte intensidade,
provocando ferimentos físicos ou morais. Ou seja, esse
comportamento pode ser aprendido pela observação e imitação de
modelos com os quais ele convive.
De acordo com Skinner (1974) o comportamento agressivo está
relacionado a contingências de sobrevivência e reforço em função
do ambiente.
Segundo Leme (2004) a agressão é uma conduta que, além de
episódica, não é facilmente definível, pois assume diferentes formas
de manifestação e sua evolução está sujeita à influência de variáveis
tanto biológicas quanto sociais.
Devido a observações feitas durante a realização de atividades
de Estágio Supervisionado e por experiências vivenciadas
profissionalmente como conselheira tutelar surgiu o interesse em
falar sobre esse assunto.
Foi observado que até as crianças pré-escolares ao se
relacionarem, às vezes, trocam “tapas, mordidas, beliscões e
empurrões”, a fim de chamar a atenção ou se defender em situações
onde se sintam inseguras ou atacadas. Essas reações podem acontecer
em casa, com os pais e/ou outros familiares ou em outros grupos ou
instituições das quais passa a fazer parte com o decorrer dos anos.
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2. A AGRESSIVIDADE NA INFÂNCIA E NA ESCOLA
Às vezes as crianças agem e adotam comportamentos que,
segundo Grünspun (1981), não são julgados pertinentes na visão de
educadores, pesquisadores e familiares, causando preocupação, e
qualificados como agressivos. As causas podem ser muitas, mas o
que intriga é que a criança pode vir a manifestar uma agressividade
com uma proporção maior do que a classificada como normal,
prejudicando o ambiente e as pessoas que estão a sua volta e seu
próprio desenvolvimento. Esse tipo de agressão tem que ser
investigada, pois sugere problemas sérios.
A etimologia da palavra agressão é ad gradior = mover-se para
adiante assim como regressão indica o movimento para trás. A
violência (vis, bia, hybris, dynamis) é a agressão destrutiva que busca
aniquilar, desintegrar. Nem toda agressividade é violência, mas toda
violência é, sim, agressividade (SANTOS, 2002).
O comportamento agressivo surge nos primeiros anos de idade
quando uma tensão dolorosa, angustiante, de culpa ou de medo, se
apresenta à criança por meio de situações conflitantes que ela não
sabe como resolver; acredita que a agressividade seja a única forma
de resolução desses conflitos (KLEIN, 1970).
Como todo sentimento, a agressividade faz parte dos aspectos
emocionais das pessoas. Conforme a criança cresce a qualidade desse
comportamento se modifica, deixando de manifestar-se para suprir
suas necessidades físicas, para surgir como defesa quando esta se
sente ameaçada (GAIARSA, 1993).
O comportamento agressivo prejudica o desenvolvimento da
criança, por isso devem ser investigadas as possibilidades de
mudanças no mesmo, pois se não for trabalhada de maneira
adequada, pode causar ainda mais dificuldade no decorrer do seu
desenvolvimento, resultando em futuros jovens delinquentes,
desconhecedores de regras e limites e sem responsabilidades
(GOMIDE, 2005).
Quando os pais deixam seus filhos livres para fazer o que querem,
não pensam que esta atitude poderá trazer consequências negativas.
Essas crianças, em sua maioria, não vão adquirir o controle necessário
sobre seus impulsos, não aprenderão a entreter tensão interna, a
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tolerar esperas e não saberão lidar com frustração. Como resultante,
crianças criadas dessa forma terão prejuízos na capacidade para
elaboração mental e prejuízos também no fortalecimento do ego
(ARAUJO, 2005).
Araujo (2005) afirma ainda que crianças que conviveram sem os
“nãos”, procuraram sempre o prazer imediato e se habituaram a
exigir a satisfação rápida de suas necessidades e desejos. Não
aprenderam a levar em consideração as necessidades e desejos do
outro. Egoístas e egocêntricas transformaram seus pais em reféns
de suas reivindicações. Assim os pais, modelos primários de
identidade, perderam sua importância e autoridade. Elas se acharam
superpoderosas e donas do mundo. Por seu caráter arrogante e
agressivo, internamente se constituíram como fracas e muito
assustadas, pois não tinham quem as resguardassem até delas
próprias.
Desde bem cedo, os pais já podem nortear e colocar limites para
o filho perante as mais derradeiras condutas agressivas por ele
apresentadas. A criança já começa a perceber e compreender as
regras de convivência a partir dos quatro anos A falta de limites, a
superproteção, a intransigência em relação a frustrações, a
brutalidade e a falta de carinho podem gerar condutas agressivas. É
importante observar também, se a criança não está passando por
algum momento de modificação em sua família, como a separação
dos pais ou o ganho ou a perda de alguém na família (LOCATELLI,
2002).
Na verdade, segundo Calazans (2013), certos estudiosos afirmam
que o comportamento agressivo da criança é esperado, no entanto,
o importante é saber controlá-lo. Muitas vezes a criança provoca um
adulto para que ele possa intervir e controlar seus impulsos
agressivos, já que ela não sabe como fazê-lo. As crianças solicitam
limites continuamente, necessitando sempre de um “não faça isso”
ou “pare com isso”.
Do mesmo jeito que os pais ensinam a caminhar, a falar, a comer,
etc., aos seus filhos, devem ensinar também a controlar sua
agressividade. Segundo Bandura (2008), com sua Teoria da
Aprendizagem Social, os comportamentos agressivos podem ser
aprendidos por imitação ou observação da conduta de arquétipos
agressivos. É muito importante, por exemplo, que a criança tenha e
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encontre um bom modelo em seus pais. As crianças se relacionam
com outros da mesma maneira que fazem com seus pais. Elas farão
da mesma forma com seus colegas, seus professores, e outros.
É na educação praticada em casa, pelos pais, que se deve iniciar
o hábito de cumprir regras e desenvolver valores éticos. Na maioria
das vezes, não é isso que acontece, os pais saem para trabalhar e
não têm tempo para os filhos, para acompanhá-los. Muitas crianças
ficam tempo integral na escola, sozinhas ou na companhia da
empregada ou da televisão. Os pais estressados, intolerantes, sem
autoridade, agressivos contribuem para uma má conduta. Com isso,
a criança passa a ter um comportamento de acordo com o que está
vivenciando (GOMIDE, 2005).
Muitos pais erram por falta de limites na educação de seus filhos.
Por dificuldade em educar acabam sendo extremamente permissivos,
o que resulta por não desenvolver na criança hábitos de obediência
e respeito a regras. Na escola essas crianças tem muita dificuldade
em se relacionar com os colegas e com o pessoal adulto, pois só
fazem o que querem e na hora que querem, com isso não conseguem
aprender e ainda perturbam as atividades dos outros (LOPES, 2000).
Falta aos pais, muitas vezes, a compreensão de que a falta de
autoridade representa, para os filhos, falta de afeto. Dar limites às
crianças é dar a elas segurança. Quando a criança apresenta sinais
de agressividade, é comum pais e educadores acharem estranho,
pois o que eles sentem diante desse tipo de situação é dificuldade
para lidar com tais comportamentos, devido ao fato de não
entenderem a sua própria agressividade (JUSTO, 2004).
A Pedagogia e a Psicanálise caminham em sentidos opostos.
Enquanto a primeira tem como meta a estabilidade e a
previsibilidade, a segunda trabalha com um ferramental altamente
imprevisível (SHIRAHIGE; HIGA, 2004). Entretanto, o professor pode
contribuir na formação do aluno ajudando-o a equilibrar suas emoções
na construção do EU e assim, o desenvolvimento e aprendizagem irá
ocorrer de uma forma mais eficaz.
Através do estudo da teoria psicanalítica, a escola pode fazer
com que o sujeito busque alternativas e desenvolva o prazer de
aprender. Dentro da perspectiva psicanalítica, o professor, pode
realizar atividades para aperfeiçoar o desenvolvimento da criança.
A contribuição da psicanálise à educação, portanto, seria basicamente
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na descoberta da nocividade da agressividade e, ao mesmo tempo,
da sua necessidade. Não há aplicação possível da psicanálise à
pedagogia, nem vice-versa. Só o que o pedagogo pode aprender da e
pela análise é saber pôr limites à sua ação – um saber que não
corresponde a nenhuma ciência, e sim à arte (MILLOT, 2001).
É saudável que o professor conheça os fenômenos que permeiam
a sua relação com a criança e não reaja às provocações dela de
maneira indesejável. O processo de identificação da criança com o
professor é importante tanto para a sua aprendizagem quanto para
o desenvolvimento da sua personalidade (GOULART, 2000).
[...] A identificação é um processo inconsciente encontrado na
base de toda a aprendizagem, desde a da criança com a mãe até a
que se desenvolve no interior da escola, onde o aluno tem o desejo
de tornar-se igual à pessoa admirada, de tornar o professor, seu
conhecimento e suas qualidades, parte de si próprio. (GOULART,
2000).
3. CONCLUSÕES
Conforme os autores pesquisados, é importante lembrar que, o
ambiente familiar influencia significativamente na formação do
caráter e da personalidade dos indivíduos. A escola age por outro
lado possibilitando à criança experiências tanto de conforto social
como de desafio. Além de conteúdos e conhecimento, a escola precisa
transmitir valores e comportamentos.
É muito importante que o professor esteja preparado para atender
as crianças. Na escola, também, existem limites e regras a serem
cumpridos e estabelecidos.
Sendo assim, a criação de regras e o estabelecimento de limites
a fim de que a criança aprenda a controlar sua agressividade natural,
é importante, fundamental e necessária à sua socialização e ao seu
desenvolvimento.
4. REFERÊNCIAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT-Nbr-6023,
Disponível em: https://pt.scribd.com/doc/16893350/ ReferênciasGarça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814
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FAMÍLIAS FANTASMAS: INVESTIGANDO O
ENFRENTAMENTO SOCIAL E EMOCIONAL DE
FAMÍLIAS COM PESSOAS DESAPARECIDAS
Andréa MAGALHÃES ¹
Bárbara C. R. FONSECA ²
RESUMO
O desaparecimento súbito e misterioso de um ente querido é um
fenômeno complexo que atinge toda a estrutura familiar. Estão os
serviços sociais e psicológicos, oferecidos pelas políticas públicas
preparados para desempenharem essa função concomitantemente à
grande demanda nestes casos? O principal objetivo deste estudo
bibliográfico centra-se em investigar o enfrentamento social e
emocional de famílias após a perda de um de seus elementos de
maneira definitiva ou não (sequestro rapto ou desaparecimento).
Os autores consultados corroboram no sentido de que as famílias
atingidas por esse drama têm formas universais e, ao mesmo tempo
singulares, de manifestação de dor e o modo de como lidam com a
perda. Nestes casos, toda a família do ente desaparecido lida com
sentimentos como raiva, negação, negociação, com a perda e o luto
¹ Acadêmica do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral FAEF –
Garça – SP E-mail: [email protected]
² Mestre em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem pela UNESP- Universidade Estadual
Paulista Julio de Mesquita Filho - Campus Bauru. Docente no Curso de Graduação em Psicologia;
Pós-Graduação em Psicopedagogia e em Especialização em Gestalt-Terapia com ênfase em Processos
Clínicos na Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral - FAEF – Garça – SP. E-mail:
[email protected]
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que não se caracterizam por definitivo, mas se fazem absolutamente
presentes. A sensação de perda predomina em todas elas e a
confirmação do fato é sempre regada de muito despreparo e mistério
por parte dos familiares. Os resultados também apontam para a
necessidade de se direcionar políticas públicas para a reestruturação
social, emocional e psicológica dessas famílias, tanto no acolhimento
das mães e pais, quanto de todo o núcleo familiar envolvido. Verificase a grande relevância e contribuição social neste trabalho uma vez
que, ao se realizar o levantamento literário é possível perceber a
escassez de trabalhos desenvolvidos sobre o tema; são encontradas
informações vagas de histórias de famílias acometidas pelo drama
de ter seus entes desaparecidos, mas regadas de sentimentos de
angústia e desespero e que não encontram nenhum amparo
psicológico ou social.
Palavras-chave: Desaparecimento. Emocional. Enfrentamento.
Família. Social.
ABSTRACT
The sudden and mysterious disappearance of a loved one is a
complex phenomenon that affects the whole family structure. Are
the social and psychological services offered by public policies
prepared to perform that function concurrently with the great
demand in these cases? The main objective of this bibliographic study
focuses on investigating the social and emotional coping families
after the loss of one of its elements definitively or not (kidnapping
or abduction disappearance). The authors consulted corroborate the
sense that the families affected by this drama are universal forms
and at the same time natural pain manifestation and the way they
deal with the loss. In these cases, all being of the family disappeared
deals with feelings such as anger, denial, bargaining, loss and grief
that are not characterized by definitive, but do absolutely present.
The sense of loss prevails in all of them and the confirmation of the
fact is always watered very unpreparedness and mystery by the
family. The results also point to the need to direct public policy for
social restructuring, emotional and psychological these families both
in the reception of mothers and fathers, as the entire household
involved. There is a great relevance and social contribution in this
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work since, when performing the literary survey you can see the
lack of work done on the subject; families are found stories of vague
information affected by the drama of having their missing loved,
but watered feelings of grief and despair and that there are no
psychological or social support.
Keywords: Disappearance. Emotional. Coping . Family. Social.
1.INTRODUÇÃO
Segundo a Polícia Civil do Estado de São Paulo e o Centro
Internacional de Crianças Desaparecidas e Exploradas, no ano de
2013, São Paulo já tinha mais de 15 mil pessoas desaparecidas; 56
pessoas desaparecem por dia no estado de São Paulo. Dentre essas,
18 delas são adolescentes e 7 são crianças; 80% destes casos
apresentam fuga da própria residência. Os principais motivos que
levam os jovens a fugirem de casa são, em média, 75% relacionados
a conflitos familiares; 15% fugiram por uma simples aventura e os
10% restantes desses meninos e meninas apresentam algum tipo de
deficiência seja ela intelectual, cognitiva ou de natureza genética.
Segundo a ONG Mães da Sé, fundada em 31 de março de 1996, que
trabalha na busca de pessoas desaparecidas, adolescentes do sexo
feminino são predominantes nos casos de desaparecimento. O
Ministério da Justiça reconhece que existe certa dificuldade em
contabilizar o número de desaparecidos no país devido à precariedade
dos sistemas de informatização e a ausência de comunicação entre
as polícias militar, civil e federal, mas trabalha com números que
giram em torno de 10 mil crianças e adolescentes por ano. Segundo
a presidente da ABCD (Associação Brasileira de Busca e Defesa de
Crianças Desaparecidas) intitulada Mães da Sé, Ivanise Esperidião
da Silva “o Brasil não dispõe de um cadastro nacional de
desaparecidos, portanto, não se torna possível dar um parecer exato
da situação de desaparecimentos de pessoas”. Os números de
desaparecidos no país segundo a Polícia Civil do Estado de São Paulo
e o Centro Internacional de Crianças Desaparecidas e Exploradas
conflitam com os números de casos apresentados pela ABCD. A ONG
Mães da Sé em seu panorama geral apresenta números bem mais
elevados de casos de desaparecimento. Todos os anos seriam mais
de 200 mil pessoas em todo o país. Esse número alarmante foi
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revelado pela última pesquisa nacional sobre o estudo, realizada
em 1999 num trabalho da ONG Movimento Nacional dos Direitos
Humanos com apoio do Ministério da Justiça, que resultou em um
livro de distribuição restrita a órgãos públicos e instituições privadas
intitulado Cadê Você?. O livro traz o registro de um dos grandes
dramas enfrentados pelas famílias dos desaparecidos que é a falta
de delegacias especializadas e de um sistema nacional de busca, o
que faz com que as famílias dos desaparecidos tenham que recorrer
a iniciativas e soluções por conta própria.
A relevância desse trabalho se dá principalmente pela escassez
de publicações que abarcam o tema, no enriquecimento da
bibliografia existente e em possíveis formas de reestruturação social
e psicológica de famílias acometidas por esse drama. O objetivo
central desta pesquisa está baseado numa ótica posterior ao
acontecimento, portanto, é de total relevância desenvolver trabalhos
específicos e formas de abordar indivíduos enlutados e famílias nessa
forma de perda onde a certeza da morte não impera, mas a presença
do elemento não existe “aqueles que estão fisicamente ausentes e
psicologicamente presente em uma perda ambígua, que não é
oficialmente validada e ritualizada.” (BOSS,1999, apud NASCIMENTO,
et al. 2006).
2.ESTRUTURA SOCIAL E PSICOLÓGICA DE FAMÍLIAS COM PESSOAS
DESAPARECIDAS
Para Ivanise Esperidião da Silva que, após três meses o
desaparecimento da filha Fabiana, ajudou a fundar a ONG Mães da
Sé, em 31 de março de 1996, a falta de informatização e a falha na
comunicação entre as polícias estaduais brasileiras impossibilita
apurar com precisão o número anual de desaparecidos no país e
suas principais causas o que inviabiliza criar um perfil do
desaparecido e dificulta o apontamento de soluções, “engessa” o
trabalho pelas buscas e alimenta o desinteresse da sociedade e do
próprio estado pelo drama das famílias dos desaparecidos. Ainda
segundo histórico e levantamento realizado em 2014 pela Associação
Brasileira de Busca e Defesa de Crianças Desaparecidas (ONG MÃES
DA SÉ) não existe no Brasil um serviço especializado que atue
exclusivamente na assistência social ou psicológica voltado para
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as famílias dos desaparecidos. O auxílio nessas áreas acaba por vir
de conselhos tutelares, juizados de menores ou postos de saúde.
No caso dos conselhos tutelares ou juizado de menores a ajuda
pode ser de grande valia na busca de soluções nos casos de
desaparecimentos envolvendo crianças em se tratando de fugas
motivadas por problemas familiares, mas no caso da assistência
psicológica não há um procedimento estruturado e padronizado de
atuação do Estado. Segundo Eliana Levy psicóloga e coordenadora
do departamento de assistência psicológica da ABCD, “deveria ser
de praxe” nas delegacias de polícia o encaminhamento das famílias
de desaparecidos para a assistência psicológica, seja ela do sistema
público de saúde ou até mesmo para clínicas particulares. Para
ela, o drama vivido por essas famílias merece um acompanhamento
psicológico sistemático já que as sequelas deixadas por toda a
situação que envolve essas famílias são na maioria dos casos
irreversíveis.
Mendes (2001), em seu estudo “Antigos e novos arranjos
familiares: um estudo das famílias atendidas pelo Serviço Social”
denomina-se Famílias Fantasmas aquelas:
Famílias com desaparecimento de um elemento de forma definitiva
(falecimento) ou dificilmente reversível (divórcio, rapto, desaparecimento
por motivos desconhecidos) em que o elemento em falta continua presente
na dinâmica familiar, dificultando a reorganização familiar e impedindo o
desenvolvimento individual do restante dos membros.
Bareicha (2009), em seu trabalho sobre investigação e
reestruturação de famílias com filhos desaparecidos, resume que o
desaparecimento de uma criança é um fenômeno complexo que
atinge toda a estrutura familiar de diferentes formas e a sensação
de perda predomina em todas elas, e que a confirmação do fato é
sempre regada de muito despreparo e mistério por parte dos
familiares já que não se costuma contar com a possibilidade de tal
fato. Constatou ainda que diante do desaparecimento súbito e
misterioso, as famílias atingidas por esse drama têm formas universais
e ao mesmo tempo singulares de manifestação de dor e o modo de
como lidam com a perda. Sentimentos que podem apresentar
hesitação e indecisão são acompanhados de medo, culpa, raiva,
impotência, negação e fé e são constantes nos discursos das famílias.
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Para Oliveira (2008), além do impacto individual também ocorrem
mudanças importantes nas matriarcas no que diz respeito ao
relacionamento conjugal, com os outros filhos e demais membros o
que deflagra uma desestruturação geral na vida dessas mulheres.
Ainda para a autora, os pais são aqueles que mais sofrem com a
perda de um filho, mas o impacto maior incide especialmente na
mãe, que é de quem se espera onipresença e onipotência em relação
à prole. A mulher se sente fracassada no cumprimento do papel
parental socialmente atribuído a ela, pois;
[...] perde um pedaço de si mesma, a ilusão e a esperança. Perde também a
ordem e a lógica do seu próprio universo, na medida que se espera que os
adultos ou os mais velhos morram primeiro (...) perdem também a perspectiva
de futuro, além da função de cuidadoras e, portanto, parte de sua identidade.
(CASELATTO; MOTTA, 2002 apud OLIVEIRA, 2008, p.105).
Ainda, segundo Boss (2001 apud OLIVEIRA, 2008), a angústia das
famílias é intensificada com frequência pela perda material e social
que a família é acometida devido a altos gastos durante o processo
de investigação. Ocorre também uma dificuldade de adaptação por
parte das famílias à nova situação (reorganização de papéis), no
casal e no reinvestimento em novas relações. Como num processo
de luto, incide a dúvida se o familiar vai voltar e isso dificulta o
trabalho da família, com sentimentos por alguém que ainda pode
voltar.
Nesse mesmo sentido, Oliveira (2008), em sua dissertação
intitulada “Onde está você agora além de aqui, dentro de mim?: o
luto das mães de crianças desaparecidas” apresenta alguns relatos
de extrema ambiguidade de sentimentos, desde a esperança de mães
de encontrar seus filhos (as) sãos e salvos até a certeza de que nunca
mais os veria, como no depoimento de Zélia, 44 anos, mãe de
Amanda, desaparecida há 4 anos e meio:
“Fui ficando agoniada, olhava na janela e nada dela... você não acredita
naquilo, não pode ser verdade, mas uma hora tem que tomar uma atitude. Aí
eu saí pra procurar... deixei o meu mais velho tomando conta dos mais novos
e sai procurando com o Henrique, porque ele sabia quem era o homem, mas
nada da gente achar! E eu comecei a ficar mais e mais nervosa...aí decidi ir
na delegacia. Pedimos ajuda dos vizinhos, e eles foram comigo...fizemos a
ocorrência e voltamos para casa com o coração na boca, né?
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Reações fisiológicas como aumento de pressão arterial e dores
nas pernas, segundo Oliveira (2008), também estiveram presentes
no caso de Zélia, que com sua família, as reações explodiram em
demonstração de raiva, impotência, culpa e tristeza :
“Eu fiquei arrasada, parecia que a casa estava vazia... logo no início, eu
tava muito agressiva, queria me separar do meu marido porque tudo me
abusava dentro de casa (...) eu provocava ele pra ver se ele ia embora (...)
Eu tomei antipatia pelos meninos, por todos! Deixei eles com uma vizinha
acho que quase um mês! No fundo, a culpa foi mais minha (...) Eu senti, no
momento que ela não tinha voltado, que quem devia ter ido no mercado era
eu (...) no começo, a gente fica perdida, sem saber o que fazer, sem saber o
que sentir!” (Zélia, 44 anos, mãe de Amanda, desaparecida há 4 anos e
meio).
O desaparecimento de um ente querido desestrutura toda a
família, gerando reações em cadeia como desamparo em relação a
outros filhos e descontentamento em relação ao marido, como no
caso apresentado. Sentimentos de culpa e impotência comprometem
o processo de reestruturação individual e familiar. (KORDON;
EDELMAN, 1987, apud OLIVEIRA, 2008). Constata-se também o
conceito de “pensamento mágico”, que se refere à ideia onipotente
dos enlutados (em especial das mães) que poderia ter evitado ou
desfazer o acontecido (ALVARENGA; VILLA HERRERA, 2004, apud
OLIVEIRA, 2008). No relato a seguir a autora identifica a relação
entre negação e pensamento mágico:
“Eu não aceitava que ela não ia voltar, não dá pra aceitar! Passei uns 15 dias
sem ir na minha casa porque eu não conseguia. Eu não ia colocar comida no
fogão, não deixava ninguém mexer na minha casa, mas também não entrava,
não queria (...)fiquei na casa da minha irmã. Quando eu vi que ela tinha
sumido mesmo, eu voltei, mas coloquei minha cama do lado da janela e
ficava 24 horas sentada de frente olhando para a rua...24 horas, dia e noite,
só saía para ir no banheiro, tomar banho e fazer minhas necessidades, mas
saía e voltava direto pra cama. Anoitecia e amanhecia e eu na janela, na
esperança de alguém botar ela na rua, na madrugada, ela gritar e eu ouvir...eu
não queria sair...e se ela me chamasse e eu não escutasse? Se eu não tivesse
lá, iam levar ela embora de novo...até hoje eu ainda olho na janela, na
esperança dela chegar.” (Eunice, 32 anos, mãe de Mariana, desaparecida há
1 ano e meio).
Os casos podem vir ainda, conforme Oliveira (2008),
acompanhados de reações iniciais de negação, choque e raiva, além
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do pensamento mágico referido por Alvarenga e Villahererra (2004)
apud (OLIVEIRA, 2008), como no reato a seguir:
“Na hora eu pensei que era brincadeira...foi anoitecendo e nem assim eu
acreditada. Depois de umas três horas, chegou minha madrinha e eu falei
pra ela que aquilo devia ser uma brincadeira...eu falei pro meu esposo que
tinham pegado pra me colocar medo, sei lá, porque todo mundo sabia que
ela era o xodó da casa...mas eles foram me acalmando e me mostrando o que
realmente estava acontecendo e aí, de manhã, eu vi de verdade que ela não
tava mais ali, do meu lado né? Foi muito difícil. Nessa hora eu falei; “Se eu
pegar a pessoa, eu não sei o que eu faço”, de raiva mesmo, mas foi só na hora
daquele choque, daquela raiva, mas depois você pensa: ‘Não, não pode ser,
uma pessoa normal não tira o filho de outra,’... a pessoa não pode ser normal,
e aí não tem como ter raiva de alguém assim...mas é muito difícil entender,
não dá pra aceitar nunca uma coisa dessas, ninguém tem o direito de fazer
isso com uma mãe (choro).Eu fiquei muito culpada (choro). Eu nunca deixei
ela na rua, era primeira vez que ela tava sozinha no portão...a gente acha
que pode evitar essas coisas e quando acontece, é duro...(Juliana, 23 anos,
mãe de Bianca, desaparecida há 1 ano e meio).
Diante desses depoimentos, Oliveira (2008) cita L’Hoste (1987,
p.109) quando este diz: “Não nos esqueçamos que em nossa cultura
está prescrito que as mães são responsáveis pelo cuidado e pela
integridade física dos filhos” . Assim, conclui-se que nestes casos a
negação e o entorpecimento se apresentam como importantes
mecanismos de defesa, limitando o poder devastador do sentimento
de culpa e impotência diante do desaparecimento das filhas.
Santos (2013 apud BAREICHA, 2009), em sua pesquisa sobre o
desaparecimento de crianças e adolescentes no Distrito Federal,
aponta que o termo “perda ambígua” é utilizado para definir a mágoa
não resolvida e que pode ocorrer quando não existem formas de
atestar se a pessoa desaparecida está vivo ou morto, e que sem
essas informações corretas e claras, os familiares adotam uma
postura ambivalente à sua dor (sofrer a perda ou aguardar o retorno)
e que a incerteza gera sofrimento nos familiares que por muitas
vezes decretam a morte do ente, mas não passam pelo processo de
elaboração e ritos do luto.
3.CONSIDERAÇÕES GERAIS
Poucos são os órgãos, seja nos municípios ou estados, que acolhem e
desenvolvem trabalhos na área psicológica e social nas chamadas “famílias
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fantasmas”. Poucas delegacias de polícia no estado de São Paulo oferecem
algum tipo de serviço de assistência psicológica às famílias acometidas
por esse drama. Santos (2013), que desenvolveu seu trabalho na mesma
temática, relata que o Distrito Federal, por exemplo, até o ano de 2006
foi referência no serviço de busca e localização de crianças e adolescentes
desaparecidos e que havia o Serviço Integrado de Atenção a Crianças e
Adolescentes Desaparecidos e esse também integrava políticas públicas
de Assistência Social e Segurança Pública, onde eram desenvolvidas ações
articuladas com a busca, a investigação e a localização de crianças e
adolescentes desaparecidos, além do suporte psicológico e da assistência
social oferecidos às famílias.
Os estudos referenciados neste artigo alertam para a importância
de se qualificar profissionais das áreas sociais e psicológicas, de se
dispor de programas de apoio social e principalmente serviços
especializados no acolhimento da família e de mães durante todo o
processo que envolve o desaparecimento e, ainda, posterior a ele.
Sobre as mães de crianças e adolescentes desaparecidos incide maior
atenção e cuidado porque comumente entram num estado de
depressão em que fica muito difícil retomar a vida, mesmo após ou
quando acontece o reaparecimento dos filhos. As pesquisas relatam
ainda a importância de desenvolver trabalhos no sentido de
acolhimento dessas mães por grupos especializados como ONGs que
realizam reuniões espelhando-se em técnicas cognitivas
comportamentais, reestruturando psicologicamente essas mulheres
aliviando-as temporariamente dos pensamentos negativos polarizados
e indicando caminhos para o árduo trabalho de lidar com a dor e o
sentimento de vazio que invade espaços inteiros da vida social e
emocional desses indivíduos e famílias.
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A HISTORA DOS ENJEITADOS DO BRASIL
Gabriel Gonçalves MATTOS¹
RESUMO
O artigo tem como objetivo trazer à tona a história de abandono
e de discriminação de crianças e adolescentes ao longo dos séculos
desde a colonização do Brasil até os dias atuais. O trabalho em pauta
busca refletir os fatos que geraram os enjeitados.
PALAVRAS CHAVE: Enjeitados, Largados, Brasil Colônia
ABSTRACT
The article aims to bring to light the history of abandonment
and discrimination of children and adolescents throughout the
centuries since the colonization of Brazil to the present day. The
work looking agenda reflect the facts that led the foundlings.
KEYWORDS: Foundlings, dropped, Brazil Cologne
1.INTRODUÇÃO
Os Portugueses durante a colonização do Brasil eram
conservadores como qualquer europeu da época acerca de seus
1
Bacharel em Psicologia e Formação de Psicólogo Clínico pela Faculdade de Ciências da Saúde de
Garça/FASU. Pós graduado em Saúde Pública: Estratégia Saúde da Família e Gestão Estratégica
de Pessoas. Ambas pelo Instituto de Ensino, Capacitação e Pós-Graduação Faculdade Iguaçu – FI /
INDEP – Marília. Professor Especialista do Curso de Psicologia Pedagogia da Faculdade de Ensino
Superior e Formação Integral – FAEF, Garça/SP.
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deveres e posições sociais, sobretudo no tocante a religião. No
entanto eles estavam muito longe de casa para se apegar a velhos
princípios. Considerando a beleza e a nudez das Índias e a facilidade
de ter relação com elas ficava impossível aos navegadores negarem
a si mesmos de tais prazeres. (ARRUDA; PILETTI, 2003). Quando
começaram a implantar as primeiras Sesmarias para desenvolver a
produção do açúcar, os portugueses utilizaram nos engenhos a mão
de obra escrava, os primeiros a serem escravizados foram os
indígenas, posteriormente foi utilizada a mão de obra escrava
africana, o tráfico negreiro neste período se tornou um atrativo
empreendimento juntamente com os engenhos de açúcar (ARRUDA;
PILETTI, 2003).
O lusitano nesse período carregava a mentalidade medieval com
seus dogmas, no entanto agia como um renascentista, pois o
colonizador era dinâmico e se adaptava com facilidade, talvez devido
à região de onde viera e o contato com outras culturas. Chegando
ao território novo, o português buscou explorar o solo, aplicando a
monocultura, não se regimentando a um Estado, mas sim os senhoresde-engenho e em meio a miscigenação e a característica híbrida do
lusitano, ocorrem os intercursos sexuais e as misturas culturais, além
do africano introduzido como mão-de-obra. Assim, se molda o modelo
familiar patriarcal no Brasil, quando se unem o nativo (chamado
indígena), o colonizador (chamado português) e o africano (chamado
escravo), (DEL PRIORE, 1997; ARIÈS, 1981; BUENO, 2016).
Não era o Estado ou o indivíduo que tinham o domínio, mas sim
as famílias que nasceram das Casas Grandes, onde se moldava desde
menino o “protótipo do senhor-de-engenho”, com suas brincadeiras
sádicas e suas relações de domínio, que vão desde os jugos agressivos
até exploração sexual sadista. Pois eram necessárias que em uma
sociedade escravocrata fossem propagadas as relações escravistas,
e observa-se tal comportamento, até mesmo nas relações mais
íntimas. Com isso podemos inferir que se construiu o sistema
escravista no âmago da sociedade brasileira (DEL PRIORE, 1997; ARIÈS,
1981; BUENO, 2016).
Haviam ainda aqueles que não eram escravos mas também não
eram senhores e tampouco índios. São os náufragos e degredados
que mendigavam e se prostituíam para sobreviver. No entanto a
monocultura traz em si sérios agravos, pois mesmo os senhores de
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engenho poderiam passar fome visto que a terra produzia pouca
coisa sendo infértil então era um povo sofrido desde a elite e os
conflitos eram inevitáveis (BUENO, 2016).
Conforme (Del Priore, 1997) foi nessa luta pela sobrevivência e
em meio ao crescimento descontrolado da Colônia que surge a história
dos abandonos de crianças no Brasil. Considerando o contexto descrito
é possível deduzir acerca dos conflitos que ocorriam entre e dentro
das Capitanias Hereditárias e que se desdobravam em inúmeros órfãos
filhos dessas guerras e disputas por territórios e motins. Há de se
considerar ainda os filhos cuja maternidade lhes foi negada devido
às condições em que nasceram, por exemplo: filhos de negros, ou
índios, filhos de relações extraconjugais ou ainda frutos de relações
com algum degredado que estava à margem da sociedade da época.
É nesse contexto que se origina a história dos enjeitados no Brasil.
2. DESENVOLVIMENTO
A mentalidade colonial de Portugal era que as mulheres tinham
que sempre se submeter aos maridos, como cristãos eles tratavam
as mulheres conforme o apostolo Paulo havia escrito em sua carta
aos efésios (5: 22-24): “as mulheres estejam sujeitos aos seus
maridos, como ao Senhor, porque o homem é cabeça da mulher
assim como Cristo é cabeça da igreja” O marido era portanto o
representante de Cristo no lar. (ARAUJO, 1993. p.193). O recato,
humildade e continência eram exigidos da mulher com mais rigor na
sociedade patriarcal. A igreja intervia em todas as ações familiares
até o ato sexual, para igreja era apenas para reprodução não para
satisfação ou prazer, se caso as mulheres tivessem relações sexuais
que não fossem com esse fim ela era considerada pecadora das mais
negadas por Cristo. As mulheres também não poderiam ser cortejadas
por muito tempo não poderiam ficar comprometidas com um homem
por tempo indeterminado pois sucumbiam a fornicação e a luxuria
sem contar que deveria ter algo de errado com essa mulher cujo
homem mostra-se relutante em toma-la como esposa (DEL PRIORE,
1997).
A história da sedução de da gravidez de mulheres sós e disponíveis
é um importante ponto de partida ao se considerar a representação
social: “mãe”. É preciso pensar o que significava e o que significa
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ser mulher numa sociedade que foi construída por homens no
comando e a “luz da ignorância”. Pensava-se no papel das mulheres
mas a despeito de qualquer ideal a força dos desejos, paixões e
corrupções o sexo antes do casamento e fora dele sempre existiu.
Haviam leis que protegiam as mulheres contra a defloração e o rapto,
pois a sociedade considerava que as mulheres uma vez seduzidas e
desonradas ficavam sujeitas e suscetíveis a pecar novamente. O caso
é que uma mulher sem honra dificilmente conseguiria arrumar um
casamento que era a forma de proteção das mulheres por muito
tempo. E ficar sem homem que a quisesse não excluía o fato de que
ela talvez quisesse sentir o prazer novamente já que não servia pra
casar. Outro problema a considerar é a fuga dos homens que
descobriam que sua parceira sexual estava gravida. (DEL PRIORE,
1997).
Em meio a fuga dos noivos, ao abando das mães solteiras e o
problema dos enjeitados mencionado anteriormente a igreja reaviva
um conceito muito simples: O casamento deve ser conferida a função
de reprodução. A igreja chegava a exortar aos noivos não conversarem
antes do casamento; a não serem próximos e que as práticas de
“namoro” a fornicação eram indecentes e pecaminosas. Isso nos
leva a mulheres que tinham medo dos homens. A mulher não deveria
se quer falar com homens para não sugerir que estavam flertando,
tentando, provocando seja como for. Temiam que pudessem ser
desonradas e assim amaldiçoadas. As famílias pregavam com vigor
que uma mulher poderia ser abusada e abandonada por um homem
se não tomasse os devidos cuidados. De certo que não havia espaço
para amor e tampouco para diálogos considerando que se falar com
um homem eu posso estar sendo instrumento de satanás e ou que
serei para sempre lembrada como rameira. (DEL PRIORE, 1997; ARIÈS,
1981; BUENO, 2016).
Já que as leis da igreja eram ferozes apenas com as mulheres,
pois os homens não recebiam nenhum tipo de penalidade ao
abandonar mães solteiras. As mulheres se valiam das leis eclesiásticas
para serem acolhidas e justificar sua condição: “Eu tive minha
virgindade roubada”; “Fui desonrada”; “Ele abusou de minha
inocência”. Dessa forma essas mulheres acabavam em muitos casos
recebendo a proteção da igreja e os filhos poderiam ser educados
pela cristandade. (DEL PRIORE, 1997; ARIÈS, 1981; BUENO, 2016).
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Considerando o exposto é possível verificar a problemática dos
relacionamentos, no entanto outros fatores contribuíram para a
geração dos enjeitados conforme expõe Gilberto Freyre:
A família, não o indivíduo, nem tampouco o Estado nem nenhuma companhia
de comércio, é desde o século XVI o grande colonizador no Brasil, a unidade
produtiva, o capital que desbrava o solo, instala as fazendas, compra escravos,
bois, ferramentas, a força social que se desdobra em política, constituindose na aristocracia colonial mais poderosa da América.”(FREYRE, 1981, p.92).
Em primeiro lugar é importante ressaltar que o contato com o
homem branco trouxe ao brasil consequências inimagináveis para os
índios. A colonização foi responsável por uma geração de índios
órfãos, seja pela morte dos pais em conflitos ou mesmo por conta
das doenças trazidas da Europa as quais os nativos não possuíam
defesa alguma. Por conta dos números alarmantes de órfãos indígenas
os Jesuítas passaram a fundar os primeiros orfanatos e/ou instituições
que abrigasse os indiozinhos. Já no século XII os órfãos começaram a
ser percebidos pela população dos colonos Portugueses (RIBEIRO,
2007; DEL PRIORE, 1997).
O crescente comercio e exploração trouxe cada vez mais
exploradores e junto destes os largados, aqueles que Portugal
desejava livrar-se e em meio aos diferentes ritmos de crescimento
da Colônia ocorria o desequilíbrio populacional junto com a separação
de classes, de forma que já no século XVIII não havia lugar nas cidades
para abrigar tantos estrangeiros e órfãos. Não havia lugar para os
próprios portugueses o que dirá para os órfãos índios e mestiços e
para os negros (DEL PRIORE, 1997).
No período colonial muitas Mulheres se viram obrigadas a
abandonar seus próprios filhos. Durante o segundo e terceiro século
de colonização surgiu uma modalidade de abandono selvagem de
crianças recém nascidas e/ou de poucos meses: em calçadas, praias
e lixeiras. Em uma sociedade que trouxera a religião católica da
Europa tais ações não poderiam ser permitidas. Daí as edificações
de casas de caridades do século XVIII. A repercussão foi tamanha
que as Santas Casas de Misericórdia de Salvador e do Rio acolheram
50 mil enjeitados durante os séculos XVIII e XIX. O início do auxílio
do governo (DEL PRIORE, 1997; ARIÈS, 1981; BUENO, 2016).
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O abandono de crianças raramente ocorria em ambientes rurais
nos quais os camponeses eram pobres e não possuíam escravos. A
título de exemplo a Cidade de Ubatuba do século XVIII não passava
de 1% a taxa de abandono. Nesses ambientes as crianças
desempenhavam tarefas desde a tenra idade propiciando assim lugar
na sociedade ainda que de forma exploratória e por motivos
produtivos. Já nas regiões portuárias nas quais o trabalho demandava
exclusivamente mão-de-obra adulta as taxas chegavam a 25% como
era o caso da Bahia e do Rio de Janeiro. Há também uma diferença
econômica gritante entra as áreas urbanas e as regiões rurais: A
população da zona rural era mais homogênea em termos econômicos:
“Todos tinham pouco” já nos sistemas citadinos “Poucos tinham muito
e muitos não tinham nada”, ou seja a diferença social era maior nas
áreas urbanas propiciando muitos miseráveis. Então a desigualdade
financeira acompanhada com a peculiaridade dos trabalhos
disponíveis não deixava espaço crianças. (D’ONÓFRIO, 2005; ARRUDA;
PILETTI, 2003; DEL PRIORE, 1997; ARIÈS, 1981; BUENO, 2016)
Segundo (Del Priori, 1997) Não apenas os miseráveis abandonavam
as crianças nas rodas, ou à famílias criadeiras. Muitas vezes mulheres
brancas de famílias “nobres” também o faziam para proteger o bom
nome da família; para não serem perseguidas e/ou perder o seu
próprio lugar nessa família. Obviamente que esses enjeitados eram
filhos fora do casamento e por vezes até mesmo de índios, mestiços
entre outros. Outra situação que ocorria com frequência era a própria
mãe registrar o filho como um órfão para se proteger, mas ao mesmo
tempo não entregar a criança a própria sorte. É importante ressaltar
que assim como nos dias atuais muitas crianças passavam de mãos
em mãos até encontrar alguém que aceitasse o fardo.
Conforme (Del Priori, 1997), Havia ainda uma outra forma de
“abandono” que nos leva a relativizar o mesmo. Algumas mulheres
deixavam seus filhos recém nascidos às portas da roda e depois de um
certo tempo retornavam para buscar seus filhos, pois haviam se
recuperado e se estabelecido financeiramente. O que sugere também
o imaginário do órfão a respeito do retorno de seus pais para busca-lo.
As mães criadeiras poderiam ser brancas ou escravas desde que
seu senhor assinasse o termo de compromisso junto a instituição
que proveria ajuda financeira. O negócio de criar enjeitados não é
diferente do que ocorre hoje no Brasil em termos de distribuição de
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renda porque as mães criadeiras recebiam muito pouco pela serviço
prestado de criar um órfão, no entanto em alguns casos ainda era
melhor do que nada. O enjeitado por sua vez não recebia cuidados
impecáveis, apenas sobrevivia. Um bastardo num sociedade como a
nossa já é fardo psicológico bastante no entanto o tratamento dado
a estes marca claramente seu lugar na sociedade (DEL PRIORE, 1997).
As campanhas para as mães criadeiras eram fortíssimas: a igreja
e os pregadores nunca sessavam em dizer que aceitar um rejeitado
é prova de fé, de obediência e que seria um caminho para a graça de
Deus. A falta de higiene era tamanha que algumas doenças
começaram a ser atribuídas a infância (as crianças são portadoras).
O caso é que os instrumentos ou mesmo o alimento fornecido às
crianças enjeitadas por vezes acabava por matar a criança. (DEL
PRIORE, 1997).
Segundo a autora ser criadeira era negócio e não caridade então
havia formas de burlar o sistema: uma criadeira emprestava o filho
de outra mulher para levar a câmara e provar que cuidava bem da
criança. Isso para conseguir manter a profissão de criadeira ou para
esconder a ausência do enjeitado. As criadeiras se irritavam com as
crianças e adicionavam água ardente na amamentação artificial para
acalmar as crianças. Tal prática foi tão difundida que surgiu uma lei
prevendo 30 dias de prisão para quem assim o fizesse. Além de existir
aqueles que morriam sufocados e esmagados pelas criadeiras, por
porem os expostos em seu leito. As roupas desses enjeitados beirava
o ridículo da inapropriação, pois não se pareciam em nada com uma
criança “bem nascida”. A falta de roupa era tão evidente que os
pais que abandonavam as crianças já deixavam enxovais no momento
do abandono. Em meio a esses movimentos mantem-se o retrogrado
costume Europeu de enfaixar as crianças imobilizando-as e
propiciando atraso no desenvolvimento bem como doenças de pele,
uma vez que o clima tropical não poderia aceitar invólucros de lã ou
de tecidos quentes como era feito na Europa.
A questão da Infância e da criança surgem como objeto de estudo
apenas a partir do século XIX, tanto no Brasil como no mundo. A
falta de história sobre a infância revela a incapacidade do adulto de
reconhece-la ou até mesmo o processo histórico de nega-la. Durante
a Idade Média, antes da escolarização das crianças, estas e os adultos
compartilhavam os mesmos lugares e situações, fossem eles
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domésticos, de trabalho ou de festa. Na sociedade medieval não
havia a divisão territorial e de atividades em função da idade (Ariès,
1973). Esses fatos somados ao exposto por (Del Priore, 1997)
culminam na direção de que durante vários séculos da nossa história
as crianças foram negligenciadas e abusadas, somente no século
XVII, nas classes dominantes começam a surgir as primeiras
concepções reais de infância, a partir da observação dos movimentos
de dependência das crianças muito pequenas. O adulto passou, então,
pouco a pouco a preocupar-se com a criança, enquanto ser
dependente e fraco. Fato este, que ligou esta etapa da vida a ideia
de proteção (ARIÈS, 1973).
Mas Ainda hoje podemos observar como a sociedade tem
dificuldade de reconhecer a infância ou primar por cuidados especiais
devido a condição peculiar da criança.
3. CONCLUSÃO
Conforme (ARAÚJO, 2008) A lei de proteção aos Menores tinha
no texto a questão da proteção e vigilância dos menores em situação
irregular. A frase se referia aos os abandonados, os carentes, os
inadaptados e os infratores, ou seja, era uma lei para os enjeitados.
Posteriormente temos A Lei 8.069 dispõe sobre a proteção integral à
criança e ao adolescente que caracteriza de fato o que é criança e
adolescente: Considera-se criança, para os efeitos dessa Lei, a pessoa
até doze anos de idade incompleto, e adolescente aquela entre doze
e dezoito anos de idade. Segundo essa lei, é dever da família, da
comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar,
com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à
proteção integral: Sobrevivência: Direito à vida; Direito à alimentação
e a saúde; Desenvolvimento Pessoal e Social; Educação:
Profissionalização Cultura Lazer Esporte; Respeito e Integridade
Física, Psicológica e Moral; Direito ao respeito; Direito à liberdade;
Direito à convivência e a dignidade familiar e comunitária.
Conforme (Guará, 2010) existem vários serviços e dispositivos
de proteção para crianças e adolescentes como, por exemplo: Centro
de referencia de assistência social – CRAS, Centro de Referencia
Especializado de Assistência Social - CREAS, Serviço de Acolhimento
Institucional – Casa Abrigo e/ou casa Lar, Conselho Tutelar, Família
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Acolhedora, além das Varas de Infância e a promotoria. No entanto
esses equipamentos funcionam norteados pelo ECA e a constituição
federal, ou seja, O Estado precisa garantir meios para que as crianças
e adolescentes sejam protegidos e que seus direitos sejam garantindo.
Os serviços fazem sim um bom trabalho, mas em razão das
desigualdades sociais, da condição econômica do país e da
vulnerabilidade social na qual as famílias estão inseridas a demanda
sempre é maior do que a capacidade de atendimento dos serviços.
Segundo (Gulassa, 2010) lei é clara em destacar que o serviço de
acolhimento deve acolher a criança num prazo de seis meses a dois
anos, só que muitos passam a vida dentro de lares e abrigos tendo
que ir embora ao completar dezoito anos – tendo lugar pra ficar ou
não. Outra proposta segundo (Costa; Frretti-Ferreiraque, 2008) é da
família acolhedora que tem como proposta a concessão da guarda
provisória passando-lhes total responsabilidade pela criança acolhida,
tendo para com ela todos os deveres de guardião. Segundo essa
proposta a família deve ser voluntária no processo de acolhimento,
este por sua vez é provisório objetivando o regresso do acolhido à
família de origem.
Como podemos observar não há muita diferença das propostas
das famílias criadeiras ou das câmaras ou ainda da roda dos enjeitados
com as propostas atuais de proteção acriança e adolescente. O que
temos é uma nova maquiagem para esconder os problemas sociais
que se arrastam desde os primórdios da fundação desse país. E fica
evidente a dificuldade que temos de construir uma mentalidade que
possa superar esse problema devido toda nossa historia de abandono
selvagem e desenfreado de crianças.
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A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA
NO AMBIENTE ESCOLAR
Dayse P. Cardoso1
Leila G. dos Santos1
Fernanda P. Dota2
RESUMO
A pesquisa realizada vem com o intuito de agregarmos
conhecimentos sobre a importância da relação entre a família e a
escola como principal fundamento para o desenvolvimento das
crianças. Tem o intuito de mostrar, também, a atuação do psicólogo
escolar como um instrumento para fortalecer a aliança construída
entre os pilares da educação infantil.
Palavras-chave: Escola, Família, Importância.
ABSTRACT
The survey comes with the intention of we aggregate knowledge
about the importance of the relationship between the family and
the school as the main foundation for the development of children.
It is intended to also show the role of the school psychologist to
strengthen the alliance built between the pillars of early childhood
education.
1
Dicente do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF
Docente do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF
E-mail: [email protected]
2
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Keywords: School, Family, Importance.
1. INTRODUÇÃO
A sociedade contemporânea tem destacado a importância da
criança frequentar a escola, para que adquira condições favoráveis
no desenvolvimento e crescimento pessoal. Por meio desse contexto
e entre tantos problemas que ocorrem nas escolas, este estudo tem
como objetivo investigar qual a importância da participação da
família no ambiente escolar, visto que a família é o alicerce para a
educação da criança, é nela que se inicia o primeiro contato social e
o prepara para os relacionamentos futuros.
Na escola as crianças passam grande parte do dia e nesta
adquirem conhecimento para conviver em sociedade, são preparadas
para a vida. Acredita-se que a família deve dar sua contribuição,
formando uma parceria e objetivando o cuidado de qualidade para a
criança como um todo.
Na escola, o professor assume um papel que complementa a
ação familiar, transmitindo a criança conhecimento, segurança e
respeito, dividindo compromissos com a família e nessa parceria
caminhando para uma boa formação, onde uma depende da outra
para garantir o sucesso.
Para Carraro (2008), a construção da parceria entre pais e escola
deveria partir dos professores, visando com sua proximidade, que a
família esteja cada vez mais preparada para ajudar seus filhos uma
vez que muitas famílias, pelo fato de não estarem prontas, sentemse impotentes ao receberem em suas mãos os problemas de seus
filhos, que lhes são passados pelos professores.
O mesmo autor ainda destaca que para que o aluno seja
compreendido e respeitado na sua individualidade é necessário que
haja observação, comunicação e confiança onde os laços são
estreitados e limites são estabelecidos e respeitados. Juntos
profissionais da educação e família devem incentivar os alunos,
destacando pontos positivos da criança e estimulando a prática de
bons comportamentos, assim ganham a confiança, as atividades
tornam-se prazerosas e alcançam bons resultados para todos os
envolvidos.
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A família deve, portanto, se esforçar em estar presente em todos
os momentos da vida de seus filhos. Presença que implica
envolvimento, comprometimento e colaboração. Deve estar atenta
a dificuldades não só cognitivas, mas também comportamentais.
Deve estar pronta para intervir da melhor maneira possível, visando
sempre o bem-estar de seus filhos, mesmo que isso signifique dizer
sucessivos “nãos” às suas exigências. Em outros termos, a família
deve ser o espaço indispensável para garantir a sobrevivência e a
proteção integral dos filhos e demais membros, independentemente
do arranjo familiar ou da forma como se vêm estruturando
(KALOUSTIAN, 1988).
É muito comum os pais colocarem sobre os professores total
responsabilidade na educação dos seus filhos, no entanto por vezes
confundem os papéis de que a base e os valores vêm de casa, é
muito comum ouvir o professor tendo que passar aos alunos
orientações básicas que deveria ter vindo dos pais. Na escola o
professor tem responsabilidade na aprendizagem dos alunos e de
identificar dificuldades realizando os encaminhamentos, não
excluindo a participação dos pais na qual devem estar totalmente
envolvidos e estimulando esse processo.
É importante destacar que educar não é uma tarefa fácil que
contem fórmulas ou receitas prontas, diante dos problemas
encontrados é necessário identificar meios para solucioná-los. A
interação entre educadores e família é a principal fonte para
proporcionar um desenvolvimento saudável e de qualidade.
Consideramos que quando a escola e a família estabelecem um
contato, refletindo como vão educar as crianças e os adolescentes
muitos conflitos são superados. Para que isso aconteça é necessário
que realmente a família tenha o seu espaço no ambiente escolar, e
não apenas compareçam na reunião de pais quando a situação já
estiver fora do controle. Quando existe a sintonia entre ambos os
alunos sentem-se amparados, acolhidos e amados, gerando melhores
resultados e o ambiente escolar torna-se mais harmonioso e atrativo.
A introdução de modelos e maneiras de propiciar a interação
entre a família e a escola, reconhecendo a contribuição e os limites
da família na educação formal é fundamental para “diversificar os
sistemas de ensino e envolver, nas parcerias educativas, as famílias
e os diversos atores sociais” (MEC & UNESCO, 2000).
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2. DESENVOLVIMENTO
2.1 Métodos
O método utilizado para coleta de dados foi o levantamento
bibliográfico, por meio de busca eletrônica de artigos, em bases
indexadas do SCIELO (Scientific Electronic Library Online), utilizando
os descritores: Família, Escola e Importância.
2.2 A RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA
Para Polonia e Dessen (2005), a família e a escola são duas
instituições fundamentais para o desenvolvimento dos processos
evolutivos do indivíduo, atuando como propulsores ou inibidores do
seu crescimento, tanto físico, intelectual e social, principalmente
no que se refere às implicações para o desenvolvimento social e
cognitivo do aluno e suas relações com o sucesso escolar.
Em outro artigo Polonia e Dessen (2007), destacam também que
assim como a escola, as famílias compartilham funções sociais, pois,
contribuem e influenciam de maneira significativa a formação da
pessoa como cidadão. Portanto, ambas são responsáveis pela
transmissão e construção do conhecimento culturalmente organizado,
modificando as formas de funcionamento psicológico, de acordo com
as expectativas de cada ambiente.
Em 1993, Bastiani (apud por Bhering e Siraj-Blatchford, 1999)
afirmava que “o envolvimento de pais com a escola passou a ser
considerado como uma preocupação necessária e não pode ser mais
como uma opção que as escolas poderiam ou não ter”.
Em 1999, Bhering e Siraj-Blatchford apontavam a importância
da relação de parceria entre a escola e a família para o desempenho
ideal de uma escola e o desenvolvimento sadio da criança, essa
relação tem como beneficio o sucesso escolar na vida da mesma.
O papel da escola constitui-se como um contexto no qual as
crianças investem seu tempo, se envolvem em atividades
diferenciadas ligadas às tarefas formais e aos espaços informais de
aprendizagem. Neste ambiente, o atendimento às necessidades
cognitivas, psicológicas, sociais e culturais da criança é realizado
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de uma maneira mais estruturada e pedagógica que no ambiente de
casa (POLONIA & DESSEN, 2007).
A família tem como principal papel a socialização da criança,
isto é, sua inclusão no mundo cultural mediante o ensino da língua
materna, dos símbolos e regras de convivência em grupo, englobando
a educação geral e parte da formal, em colaboração com a escola
(POLONIA & DESSEN, 2007).
Devemos ressaltar aqui que essa relação não deve ser apenas
em situações consideradas problemas, mas em qualquer situação
para que ambos os lados possam se beneficiar e que não venham
causar prejuízos principalmente para o desenvolvimento escolar da
criança.
Quando o assunto é como inserir os pais na educação dos filhos,
a literatura nos apresenta que o envolvimento não só é importante
para um diálogo mais aberto entre os pais e professores e os pais e
seus filhos e entre a tríade pais-criança-professores, mas também é
de vital importância para que os pais compreendam os objetivos da
escola, que é uma meta considerada de extrema importância, o
desenvolvimento de crianças e o processo educacional, assim como
a atuação do professor como provedor de situações que viabilizam a
aprendizagem (BHERING; SIRAJ-BLATCHFORD, 1999).
Polonia e Dessen (2005) ressaltam que quando o foco de debate
é o papel dos pais na escolarização dos filhos e suas implicações
para a aprendizagem, na escola, há aspectos que devem ser
ressaltados. Carvalho (2000) afirma que tradicionalmente a família
tem estado por trás do sucesso escolar e tem sido culpada pelo
fracasso escolar. Portanto ela pode servir como impulsionadora da
produtividade escolar e do aproveitamento acadêmico e o
distanciamento da mesma podem provocar o desinteresse escolar e
a desvalorização da educação, especialmente nas classes menos
favorecidas (POLONIA; DESSEN, 2005).
Quando a relação família-escola não funciona, outro profissional
deve ser inserido nessa relação, o psicólogo escolar, que vai agir
para que essa aliança seja construída e que tanto a família como a
escola possam ver quais os prejuízos essa falta de parceria trouxe
para a criança.
O psicólogo escolar nessa perspectiva pode ser visto como agente
de mudanças dentro da instituição-escola, onde funcionaria como
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um elemento catalizador de reflexões, um conscientizador dos papéis
representados pelos vários grupos que compõem a instituição
(ANDALÓ, 1984).
Ao reconhecer a importância da psicologia no contexto escolar,
junto aos alunos, às suas famílias e aos professores, Souza (1997,
citado por VOKOY & PEDROZA, 2005) aponta a necessidade de
mudança na atuação do psicólogo.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pensamos que a família é a base para que esse processo ensinoaprendizagem obtenha sucesso. Quando a família e a escola mantêm
boas relações, as condições para um melhor aprendizado e
desenvolvimento da criança podem ser potencializadas. Assim, pais
e professores devem ser estimulados a discutirem e buscarem
estratégias conjuntas e específicas ao seu papel, que resultem em
novas opções e condições de ajuda mútua (Leite & Tassoni, 2002
citado por POLONIA & DESSEN, 2005).
A escola deve reconhecer a importância da colaboração dos pais
na história e no projeto escolar dos alunos. Já o psicólogo pode
auxiliar as famílias a exercerem o seu papel na educação, na evolução
e no sucesso profissional dos filhos e, concomitantemente, na
transformação da sociedade.
4. REFERÊNCIAS
ANDALO, C. S. A. O papel do psicólogo escolar. Psicol. Cienc. prof.,
v. 4, n. 1, p. 43-46, Brasília, 1984.
BHERING, Eliana; SIRAJ-BLATCHFORD, Iram. A relação escola-pais:
um modelo de trocas e colaboração. Cad. Pesqui., n. 106, p. 191216, São Paulo, 1999 .
CARRARO, F. A Relação Família/ Escola. In: OLIVEIRA, Sônia. São
Paulo, 2008. Disponível em: Âhttp://www.artigos.com/artigos/
humanas/educacao/a-relacao-familia%10escola-3012/artigo.
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implicações de gênero. Centro de Educação UFBP - Cadernos de
Pesquisa, nº 110, p. 143-155, João Pessoa, 2000.
KALOUSTIAN, S. M. (org.) Família Brasileira, a Base de Tudo. São
Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNICEF, 1988.
MEC & UNESCO. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para
UNESCO da Comissão Internacional sobre a Educação para o século
XXI. São Paulo e Brasília: Cortez, MEC/UNESCO, 2000.
POLONIA, A. C. e DESSEN, M. A. Em busca de uma compreensão das
relações entre família e escola. Psicologia Escolar e Educacional,
Vol. 9 nº 2, págs. 303-312, Brasília, 2005.
___________. A Família e a Escola como contextos de
desenvolvimento humano. Paideia, 17 (36), págs. 21-32, Brasília,
2007.
VOKOY, T.; PEDROZA, R. Psicologia Escolar em educação infantil:
reflexões de uma atuação. Psicol. esc. educ., v. 9, n. 1, p. 3746, jun. Campinas, 2005.
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A INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA SOBRE O
DESENVOLVIMENTO DO INDIVÍDUO PARA A
CONSTRUÇÃO DO TRANSTORNO DE
PERSONALIDADE ANTISSOCIAL - SERIAL KILLER
TINETTI, Milena de Oliveira¹
SANTOS, José Wellington dos²
RESUMO
Notícias sobre crimes bárbaros e mortes impensáveis chocam a
maioria dos indivíduos pela existência de crueldade por parte de
seus semelhantes, mas o que levaria um indivíduo aparentemente
“normal” a cometer assassinatos em séries sem qualquer tipo de
remorso e apenas para satisfação de seu prazer? Seriam eles loucos?
O que separa a sanidade da insanidade? O artigo desenvolvido vem
ao encontro de certos questionamentos, com o intuito de descrever
as possíveis hipóteses para o desenvolvimento do Transtorno de
Personalidade Antissocial, mostrando a relevância de um ambiente
familiar suficientemente bom, sem privações à criança para o
desenvolvimento da personalidade da mesma.
Palavras chaves: Transtorno de personalidade antissocial, serial
killer, influência da família, hipóteses.
¹ Acadêmica do Curso de Psicologia - Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral - FAEF. Email: [email protected]
² Professor Mestre do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação IntegralFAEF. E-mail para contato: [email protected]
Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral- FAEF - Garça - SP- Brasil - http://
www.grupofaef.edu.br/
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ABSTRACT
News barbarous and unthinkable deaths crimes shocked most
people by the existence of cruelty by their peers, but what would a
seemingly individual “normal” to commit murders in series without
any remorse and just to satisfy your pleasure? Are they crazy? What
separates sanity from insanity? Article developed meets certain
questions, in order to describe possible scenarios for the development
of Antisocial Personality Disorder, showing the relevance of a
sufficiently good family environment, without privations the child
to the development of the personality of it.
Keywords: Antisocial personality disorder, serial killer, family
influence, assumptions.
1.INTRODUÇÃO
O transtorno de personalidade antissocial, já foi conhecido como
psicopatia ou sociopatia, visto que falsidade e manipulação são
aspectos centrais do transtorno. A característica essencial do
respectivo transtorno é um padrão difuso de indiferença e violação
dos direitos dos outros, ao qual surge na infância ou no inicio da
adolescência e continua na vida adulta (DSM - 5, 2014).
Levando em consideração o transtorno de personalidade
antissocial, faz-se um paralelo à expressão serial killer, que tem por
definição indivíduos que cometem uma série de assassinatos durante
um período de tempo, com pelo menos alguns dias de intervalo entre
esses assassinatos (CASOY, 2014).
No entanto o que leva um indivíduo a praticar atos extremos
como assassinatos em série? São questões genética, ambientais,
psicológicas? As respectivas questões foram à base para uma possível
compreensão do indivíduo com tais atos, tendo como principal
hipótese a relação dos pais, em especial a mãe, com a criança em
um ambiente com privações intensas.
O presente artigo tem o intuito de discorrer sobre as possíveis
causas para a construção do Transtorno de Personalidade Antissocial,
abrangendo o Serial Killer, levando em consideração, a priori, a
influência da família sobre o desenvolvimento do indivíduo. Para
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isso, será descrito alguns conceitos como: Transtorno de
Personalidade Antissocial; Serial Killer; Diagnóstico; causas genéticas,
ambientais, relação com os pais, traumas infantis.
Descrição do Transtorno de Personalidade Antissocial
Quando os traços de personalidade mostram-se inflexíveis e
desadaptativos para a cultura do sujeito, causando mal estar ou
prejuízo funcional importante, podem ser caracterizados como um
transtorno. A psicopatia consiste em um transtorno de personalidade
que envolve tanto características comportamentais desviantes,
quanto aspectos afetivos e relacionais (DAVOGLIO et al, 2012).
Segundo Farrington (apud Davoglio et al, 2012) psicopatia é
definida e sintetizada nas pesquisas atuais envolvendo três
importantes dimensões, além dos comportamentos antissociais em
si: um estilo interpessoal enganador e arrogante, incluindo
desinibição ou charme superficial; egocentrismo ou um senso
grandioso de autoestima; mentira; trapaça; manipulação e
enganação; experiência afetiva deficiente, com pouca capacidade
de sentir remorso, culpa e empatia; uma consciência fraca;
insensibilidade; afeto superficial e falha em aceitar responsabilidade
pelas ações (utilizando-se de negação, desculpas, etc.); um estilo
de comportamento impulsivo ou irresponsável, incluindo tédio; busca
contínua por emoção; falta de metas em longo prazo; falha em pensar
antes de agir e um estilo de vida parasita (tais como, dívidas, hábitos
de trabalho insatisfatórios).
A característica essencial do transtorno de personalidade
antissocial é um padrão difuso de indiferença e violação dos direitos
dos outros, ao qual surge na infância ou no inicio da adolescência e
continua na vida adulta (DSM - 5, 2014).
De acordo com a descrição do transtorno de personalidade
antissocial do DSM - 5 (2014), indivíduos com o transtorno não têm
êxito em ajustar-se às normas sociais referentes ao comportamento
legal; desrespeitam os desejos, direitos ou sentimentos alheios;
enganam e manipulam para obter ganho ou prazer pessoal; mentem
reiteradamente; as decisões são tomadas sem análise e sem
consideração às consequências a si ou aos outros; tendem a ser
irritáveis e agressivos; demonstram descaso pela própria segurança
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ou pela de outras pessoas; não demonstram remorso ou emoção pelas
consequências de seus atos, são indiferentes a ter ferido, maltratado
ou torturado alguém, racionalizando de modo superficial essas
situações, culpando as vítimas pelos seus atos cruéis; carecem de
empatia e tendem a ser insensíveis, cínicos e desdenhosos em relação
aos sentimentos, direitos e sofrimentos dos outros; tem autoconceito
inflado e arrogante; autoconfiantes; muito volúveis e verbalmente
fluentes; irresponsáveis e exploradores nos seus relacionamentos
sexuais.
A probabilidade de desenvolvimento do transtorno na idade adulta
aumenta se o transtorno de conduta do indivíduo teve início na
infância (antes dos 10 anos), abuso ou negligência infantil,
paternidade/maternidade instável ou errática ou disciplina
inconsistente podem aumentar a probabilidade de o transtorno de
conduta evoluir para o transtorno da personalidade antissocial (DSM
- 5, 2014).
O transtorno de conduta é um padrão de comportamento
repetitivo e persistente no qual são violados direitos básicos de outras
pessoas ou normas e regras sociais, onde a criança é fisicamente
agressiva contra pessoas e animais, enfim, tem relacionamentos
conturbados com os pares. Inicia-se na infância e geralmente os
indivíduos são do sexo masculino (DSM - 5, 2014).
Serial Killer
O que significa a expressão serial killer? A expressão foi usada
pela primeira vez nos anos 1970 por Robert Ressler, tendo por
definição indivíduos que cometem uma série de assassinatos durante
um período de tempo, com pelo menos alguns dias de intervalo entre
esses assassinatos (CASOY, 2014).
Segundo Casoy (2014) os serial killers são divididos em quatro
tipos: visionário, são os indivíduos que ouvem vozes dentro de sua
cabeça e lhes obedecem, com ou sem alucinações; missionário, sente
em seu interior que precisa “livrar” o mundo do que é imoral e
indigno, por isso, escolhem certo tipo de grupo para matar; emotivo,
mata por pura diversão, tem prazer em matar e utilizar requisitos
sádicos e cruéis, o prazer começa no planejamento do crime; sádico,
é o assassino sexual, mata por desejo, a ação de torturar, mutilar e
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matar lhe causa prazer sexual. Também são divididos em duas
categorias: organizados e desorganizados.
Existem algumas características essenciais entre os serial killers
organizados e desorganizados. Os organizados são metódicos e
astutos; bem apessoados; inteligência média para alta; socialmente
competentes, mas antissociais e de personalidade psicopata; teve
disciplina inconsistente na infância; cena planejada e controlada;
leva suas armas e instrumentos para a realização do crime, sendo
que após o acontecido não as deixam no local; a vítima é torturada
e tem morte dolorosa e lenta; o corpo é levado e muitas vezes
esquartejado para dificultar a identificação pela polícia;
acompanham os acontecimentos relacionados com o crime pela
mídia. Os desorganizados são capturados mais rapidamente; têm
inteligência abaixo da média; socialmente inadequados; teve
disciplina severa na infância; cena do crime desorganizada; nenhuma
ou pouca premeditação; utilizam a arma de oportunidade, deixandoa, com frequência, no local do crime; a vítima é rapidamente
dominada e morta; o corpo da vítima é frequentemente deixado na
cena do crime, quando levado, é como lembrança e não para evitarem
provas; mínimo interesse nas novidades da mídia (CASOY, 2014).
De acordo com o Dr. Joel Norris (apud Casoy, 2014) existem seis
fases do ciclo do serial killer: fase áurea é quando o assassino começa
a perder a compreensão da realidade; fase da pesca é a procura
pela sua vítima ideal; fase galanteadora, seduz ou engana sua vítima;
fase da captura, vítima cai na armadilha; fase do assassinato ou
totem, auge da emoção para o assassino; fase da depressão ocorre
após o assassinato. Quando o assassino entra em depressão, engatilha
novamente o início do processo, gerando um ciclo vicioso.
O serial killer escolhe suas vítimas ao acaso ou por algum
estereótipo que tenha significado para ele, têm necessidade de
dominar, controlar e possuir a pessoa como um objeto, por isso tende
a escolher vítimas mais fracas fisicamente do que ele, facilitando
seu domínio. Um dos meios de estabelecer o controle é degradar e
desvalorizar a vítima por longos períodos de tempo. Levando em
consideração que um serial killer compreende exatamente o que é
humilhante, degradante ou doloroso para a vítima e sabe como obter
esse resultado, é um erro pressupor que o mesmo não sabe criar
empatia (CASOY, 2014).
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Segundo Casoy (2014), o serial killer desenvolve um fino verniz
social planejado com premeditação, uma personalidade
completamente dissociada de seus comportamentos violentos e
agressivos, para misturar-se às outras pessoas de forma a não levantar
suspeitas; esse fato de controlar sua conduta mostra que o criminoso
sabe que seu comportamento não é aceito pela sociedade. Eles
aprendem a imitar as pessoas “normais”, é um ato manipulativo,
que aprendem por observação e ajudará a levar sua vítima para
dentro da armadilha.
O serial killer tem seu modus operandi, que seria o que o
criminoso faz de necessário para cometer os crimes sempre da mesma
maneira (local e arma utilizados, tipo de vítima selecionada, forma
de agir passo a passo); e sua assinatura, um aspecto comportamental
em seus crimes que os realizam psicologicamente, só matar não
satisfaz a necessidade do transgressor, ele precisa seguir um ritual
completamente individual, pois seu ódio é expressado apenas pelo
ritual utilizado em seus crimes (CASOY, 2014).
Possíveis Hipóteses: relação objetal, traumas infantis, ambiente
com privações, causas genéticas e biológicas
Segundo Casoy (2014) não existe um aspecto isolado que define
a criança como serial killer, mas a chamada “terrível tríade” parece
estar presente no histórico de todos eles: enurese em idade avançada,
abuso sádico de animais ou outras crianças, e destruição de
propriedade e piromania.
De acordo com Winnicott (1999) existe uma relação entre
delinquência e a privação da vida familiar, a criança sofre privação
quando passa a lhe faltar certas características essenciais da vida
familiar. Quando há um bom relacionamento entre o bebê ou a criança
em desenvolvimento e os pais, a continuidade dessa relação deve
ser respeitada e jamais interrompida sem uma boa causa.
Cerca de 82% dos serial killers sofreram abusos na infância, sejam
eles físicos, sexuais, emocionais ou relacionados com negligência e
ou abandono. A falta de laços familiares na infância com os pais é o
grande fator do desenvolvimento da psicopatia, pois a conexão
estabelecida nos primeiros meses de vida da criança é necessária
para ajudá-la progredir intelectualmente, desenvolver uma
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consciência, lidar melhor com frustrações, ter mais autoconfiança e
autoestima, construir um caráter que controla seus impulsos,
administrar sua raiva e resolver seus conflitos. A característica
encontrada com maior facilidade em serial killers é seu tenso e difícil,
às vezes até inexistente, relacionamento familiar (CASOY, 2014).
O envolvimento (palavra usada para cobrir de modo positivo um
fenômeno que é coberto, de modo negativo, pela palavra culpa,
vinculada ao conceito de ambivalência) é uma característica
importante na vida social. Os psicanalistas geralmente buscam as
origens antissociais no desenvolvimento emocional do indivíduo, pois
a criança não está integrada e, sua personalidade, psique e ego
estão em construção, dependendo de um ambiente suficientemente
bom, de cuidados adequados ao bebê e à criança, principalmente
pela função-mãe. A criança em que o lar não lhe ofereceu um
sentimento de segurança busca fora de casa, recorrendo aos avós,
tios e tias, amigos, escola, uma estabilidade externa sem a qual
poderá enlouquecer (WINNICOTT, 1999).
Os comportamentos agressivos em crianças podem ter sua gênese
nas rupturas relacionais dos primeiros anos de vida, podendo explicar
os problemas futuros (BENAVENTE, s.d.). A criança antissocial busca
na sociedade uma estabilidade para transpor os primeiros e essenciais
estágios de seu crescimento emocional (WINNICOTT, 1999).
Segundo Davoglio et al (2012) diversos estudos confirmam que
crianças e jovens submetidos a experiências traumáticas, como abuso
físico/psicológico, negligência, doença mental parental, punição
excessiva e agressiva, seriam, potencialmente, mais vulneráveis à
presença de traços ou sintomas de transtornos de personalidade.
De acordo com Jonathan Pincus (apud Casoy, 2014) existe um
tripé causador de condutas de extrema violência anormal: ser
maltratado e ou abusado na infância, paranoia e dano cerebral.
Na tendência antissocial não há apenas uma carência, existe um
verdadeiro desapontamento, ou seja, a perda de algo bom e positivo
na experiência da criança, porém foi retirado, contudo essa retirada
estendeu-se por um período maior do que aquele em que a criança
pode manter viva a lembrança da experiência (WINNICOTT, 1999).
De acordo com Winnicott (1999) as coisas corriam bem para a
criança; alguma coisa perturbou essa situação; a criança foi exigida
além de sua capacidade (defesas do ego desmoronaram); a criança
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reorganizou-se com base em um novo modelo de defesa do ego,
inferior em qualidade; a criança começa a ter esperanças de novo e
organiza atos antissociais na esperança de compelir a sociedade a
retroceder com ela para a posição em que as coisas deram errado, e
a reconhecer esse fato; se isso for feito, então a criança pode retornar
ao período que antecedeu o momento de privação e redescobrir o
objeto bom e bom ambiente humano controlador que, por existir
originalmente, tornou-a capaz de experimentar impulsos, inclusive
os destrutivos.
O comportamento psicopata é consequência de fatores familiares
ou sociológicos, no entanto alguns pesquisadores encontraram
diferenças cerebrais entre psicopatas e pessoas “normais”, porém
não existe nenhuma evidência comprovada cientificamente que apoie
a teoria do gene criminoso. Segundo Dr. Paul Bernhardt (apud Casoy,
2014) é necessário um equilíbrio entre testosterona e serotonina,
pois quando há elevada taxa de testosterona combinada por baixos
níveis de serotonina causa desequilíbrio no indivíduo, onde a
frustração pode levá-lo à agressividade e comportamentos sádicos.
Outra explicação possível seria a de que criminosos violentos têm
traços de alta dosagem de metais pesados no sangue (manganês,
chumbo, cádmio, cobre), sendo que o manganês diminui os níveis
de dopamina e serotonina no organismo contribuindo para um
comportamento agressivo.
O Dr. Christopher Patrick alega que psicopatas têm menor taxa
de mudanças cardíacas e de condução elétrica na pele como reação
ao medo, apresentando uma deficiência em sua capacidade de sentir
medo (CASOY, 2014). O Dr. Dominique LaPierre (apud Casoy, 2014)
sugere que o córtex pré-frontal, área responsável pelo planejamento
a longo prazo, julgamento e controle de impulsos, não funciona
normalmente em psicopatas. Em média 11% dos indivíduos
antissociais, impulsivos, sem remorso e que cometem crimes
violentos, têm menos matéria cinzenta no córtex pré-frontal,
apresentando uma anormalidade cerebral anatômica, porém seria
apenas a combinação entre fatores biológicos e sociais que “criariam”
um criminoso.
Na literatura científica, existem relatos, de indivíduos que
apresentavam personalidades “normais” e adquiriram personalidades
sociopáticas após lesões patológicas do sistema nervoso central,
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acarretando consequências pessoais indesejadas (CARVALHO;
SUECKER, 2011).
Segundo Casoy (2014) quando o hipotálamo, o lobo temporal e
ou o cérebro límbico sofrem estragos, a consequência pode ser
incontroláveis agressões por parte do indivíduo; aproximadamente
70% dos pacientes que têm graves ferimentos cerebrais
desenvolveram tendências agressivas.
Em seus estudos, Lneber, Magnusson, Stattin, Diinér, Patterson,
Reid e Dishion (apud Benavente, s.d.), afirmam que a criminalidade
adulta relaciona-se com problemas de conduta na infância e na
adolescência. De acordo com Morris e Robins (apud Benavente, s.d.)
estimam que entre 70% a 80% das crianças com comportamentos
antissociais, terão vários tipos de dificuldades quando adultos:
problemas psiquiátricos, precariedade laboral, casamentos múltiplos,
abuso de substâncias e detenções.
2. Considerações Finais
O que leva um indivíduo a praticar atos extremos como
assassinatos em série? São questões genética, ambientais,
psicológicas?
Tendo em vista que cerca de 82% dos serial killers sofreram abusos
na infância, sejam eles físicos, sexuais, emocionais ou relacionados
com negligência e ou abandono, pode-se afirmar que a relação mãebebê, que inicia-se desde a fecundação, é função da mãe, chamada
de ambiente do bebê, impedir que adversidades do meio cheguem a
ele precocemente comprometendo seu desenvolvimento psíquico,
haja visto que o bebê nasce não-integrado e é através do ambiente
que a integração acontecerá.
Winnicott (1983) pensa as psicopatologias como consequências
das falhas do ambiente, sendo responsabilidade da mãe agir como
ego auxiliar do bebê, dando a ele o holding (apoio) e o handley
(sustentação) para que não haja ameaças ao desenvolvimento/
integração do mesmo. Um ambiente com privações excessivas, falhas
intensas e uma mãe que não desenvolve a característica fundamental
ao bebê: ser suficientemente boa, são aspectos que tornarão a criança
vulnerável à psicopatologias.
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No entanto é possível verificar outras causas como: diferenças
cerebrais, falta de equilíbrio entre testosterona e serotonina, alta
dosagem de metais pesados no sangue (manganês, chumbo, cádmio,
cobre), menor taxa de mudanças cardíacas e de condução elétrica
na pele, menos matéria cinzenta no córtex pré-frontal, quando o
hipotálamo, o lobo temporal e ou o cérebro límbico sofrem estragos.
Enfim, chega-se a conclusão que todos os seres humanos têm
seu comportamento influenciado por causas genéticas, biológicas,
psicológicas, sociais, na primeira relação objetal do bebê, ambiente
com privações.
3. Referências Bibliográficas
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais: DSM-5. 5 ed. Porto Alegre:
Artmed, 2014. p. 659-662.
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sobre a teoria do desenvolvimento emocional. Porto Alegre: Artmed,
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Cabral, 1999. Tradução: Álvaro Cabral.
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A MÁ VIVÊNCIA DO LUTO PODE AFETAR O
SISTEMA FAMILIAR?
Amanda Paula dos REIS ¹
Izabel Cristina Brambatti GRANJEIRO ²
Bárbara Cristina Rodrigues FONSECA³
RESUMO
O funcionamento de cada família pode influenciar no movimento
do sistema com a perda de um dos membros uma vez que, vivenciam
e experienciam, conforme funcionam. Este estudo, de revisão
bibliográfica, busca analisar como o processo do luto pode afetar o
sistema familiar e potencializar conflitos. O ambiente familiar
contribui para vários sintomas como traição, abuso do álcool e outras
drogas, separação e muitos outros, que podem ser potencializados
pela má vivência do luto pelos seus membros. Portanto, estudar a
dinâmica familiar com suas características no processo de luto é de
suma importância para a área da Saúde, em especial para a
Psicologia, no sentido de poder contribuir para a resolução dos
problemas.
PALAVRAS-CHAVE: Família. Luto. Dinâmica.
ABSTRACT
The operation of each family can influence the system move
with the loss of a member once, experience and experience as work.
This study, a literature review, aims to analyze how the process of
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grief can affect the family system and enhance conflict. The family
environment contributes to symptoms such as treason, abuse of
alcohol and other drugs, separation and many others, which may be
exacerbated by poor bereavement experience by its members.
Therefore, studying family dynamics with its characteristics in the
grieving process is of paramount importance to the area of health,
especially for psychology, in order to contribute to solving the
problems.
KEYWORDS: Family. Mourning. Dynamics.
Introdução
Quantas relações humanas são pobres e banais porque deixamos que o outro
se expresse de modo repetitivo e porque nos desviamos das áreas de atrito,
dos pontos vitais, de tudo o que em nosso confronto pudesse causar o
crescimento e a dor! (BOSI, 1994, p. 78).
Coelho e Renato (2012) discorrem a morte como grande angústia
humana e, apesar das crenças e religiões que abordam outras
dimensões, coloca um limite à vida na Terra, da forma como foi
concebida e é, cotidianamente, vivida por nós. Essa constatação
leva o ser humano a uma posição básica universal de conceber a
existência como um intervalo entre vida e morte. Crenças, religiões
e outros aspectos da cultura onde está inserido, levarão cada
indivíduo a conceber a morte de distintas formas. Assim, pode-se
dizer que a constatação da morte é universal, enquanto as várias
formas de conceber (ou não) o “após a morte”. Cria-se, assim, um
ponto comum entre os seres humanos, o de se compreenderem finitos
no espaço de vida terrena. Outro aspecto dessa compreensão está
relacionado à crença, em geral religiosa, para depois da morte. Ambos
os aspectos, relativos à compreensão da vida e da morte, serão
relevantes para a atribuição do sentido que as pessoas dão às suas
vidas. A interminável preocupação do ser humano com a morte, a
transforma, conforme denomina Da Matta (1991) com extrema
propriedade, em instrumento definitivo de descontinuidade.
Quando a família apresenta um bom funcionamento em sua
dinâmica familiar, o apoio mútuo aos seus membros colabora para
um processo de ajustamento adaptativo à situação de perda. A
liberdade de comunicação e expressão de sentimentos e
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pensamentos, a coesão familiar e a resolução construtiva das
diferenças de opinião são os principais requisitos para uma família
funcional enfrentar situações de vida estressantes, pois quando o
funcionamento familiar é mais limitado os seus membros apresentam
maiores dificuldades para se adaptar. (SHULER, 2012)
A abordagem sobre esse modo de sofrimento concebe, assim,
uma forma peculiar de relação com o tempo, fator crucial de
diferenciação acerca do próprio trabalho do luto. Neste sentido e
pensando na importância da discussão deste tema, principalmente
para a área da Psicologia, este estudo busca analisar, por meio de
uma revisão bibliográfica, como o processo do luto pode afetar o
sistema familiar e potencializar conflitos.
A MÁ VIVÊNCIA DO LUTO NAS FAMÍLIAS
O luto é um trabalho ou processo psíquico que se realiza dentro
de uma linha temporal que resulta na identificação por traços com
uma modificação no “eu” - sustentada pelo ideal do “eu” (FREUD,
[1923], 1996) - que funciona como balizador do desejo. Esta condição
é o que conduz o sujeito a uma reinserção desejaste e à reconstrução
da capacidade de ação ( FREUD [1923] 1996).
Eis aí a que a sociedade ocidental contemporânea reduziu a morte e tudo a
que ela está associada: um nada. Não satisfeita em privar o indivíduo de sua
agonia, de seu luto, e da nítida consciência da morte, de impor à morte um
tabu, de marginalizar o moribundo, de esvaziar todo o conteúdo semântico
dos ritos tanáticos, a sociedade mercantil vai além, ao transformar a morte
num resíduo irreconhecível. Ela já não é mais um destino. O que existe é sua
relação negativa com o sistema de produção, de troca e de consumo de
mercadorias. É o estado de não produção, não consumação. Ao negar a
existência da morte e do morrer, a sociedade realiza a coisificação do homem.
(MARANHÃO, 1987, p12 ).
O trabalho do psicólogo, em questões como esta, pode estender
sua intervenção à equipe profissional da instituição, ao invés de
restringi-la apenas ao doente e aos seus familiares. Frequentemente
membros da equipe mobilizam-se em situações de terminalidade e
morte de pessoas hospitalizadas. Em uma unidade cirúrgica, por
exemplo, a equipe de saúde busca salvar vidas de forma heroica,
assim, o paciente inoperável e a cirurgia não curativa representam,
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para eles, um fracasso (PARKES, 1998). A perda do ente querido é
dolorosa para quem a experimenta e para quem observa, pelo
sentimento de impotência gerado (BOWLBY, 1998).
Tonetto e Gomes (2007), também discorre em seu texto sobre a
problemática do Psicólogo trabalhar complementando
Além disso, o trabalho do psicólogo junto aos outros profissionais deve ocorrer
no sentido de uma participação ativa na definição de procedimentos e
tratamentos a serem realizados. Para que a prática profissional do psicólogo
em ambientes complexos – como é o caso do hospital, onde atuam profissionais
de diferentes formações e especialidades – seja bem-sucedida, é
imprescindível que o relacionamento entre os membros da equipe seja
caracterizado por um diálogo cooperativo e aberto, no qual haja objetividade
e clareza na proposição e justificativas de procedimentos técnicos relativos
a cada especialidade (TONETTO; GOMES, 2007).
Kissane et al., no estudo realizado em 2003, ao avaliar a
morbidade psicossocial de famílias enlutadas, referiram que as
famílias disfuncionais apresentaram pior funcionamento social,
global, doméstico e no lazer, maior morbidade psicossocial e também
relataram piores relacionamentos com os seus filhos. As famílias
hostis apresentaram mais membros deprimidos, ansiosos e obsessivos
do que os outros grupos, maior nível de angústia e pior ajustamento
social; e as famílias mal-humoradas apresentaram níveis mais
elevados de raiva, maior pontuação na subescala de psicoticismo e
ideação paranoide.
As chamadas tarefas no luto consistem no processo de elaboração
ao longo do tempo, que no caso da família, de acordo com Walsh e
MacGoldrick (1998). Para compreender o luto na família, sugere-se
a observação dos movimentos individuais e do todo dentro do sistema
familiar, pois nem sempre há consonância entre os processos de luto
vividos individualmente pelos integrantes desse sistema. Cada
elemento da família pode apresentar fases e manifestações do luto
em tempos diferentes ou sobrepostas, em um mesmo indivíduo ou
em outros elementos do sistema (SILVA, 2008), inerentes às
vicissitudes dos movimentos familiares diante da perda em busca de
um equilíbrio funcional (WALSH; MCGOLDRICK, 1998).
O Luto consagra-se em quatro fases definidas por Coelho (2000):
1ª - O reconhecimento comum da realidade da perda. É necessário
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que a família como um sistema percorra o processo de luto. Cada
membro da família tem um processo individual de reações frente à
perda, mas, com o tempo espera-se que haja certa congruência em
relação ao significado da perda para o grupo familiar. Quando a
família reconhece o sentido comum da perda pode iniciar o segundo
trabalho do luto (COELHO, 2000).
2ª. A experiência compartilhada da perda e sua colocação no
contexto. Os rituais são bastante importantes porque unem a família,
qualificam ou re-qualificam suas crenças e, é uma forma de
comportamento organizado, que tem função e sentido. O ritual vai
diminuir a força do caos da dor como fator organizador e também
demonstra o auxílio da rede social, como no caso do velório e de
outras celebrações de morte (religiosas, por exemplo). (COELHO,
2000)
3ª. A reorganização do sistema familiar. Consiste na
reorganização adaptativa do sistema familiar para que ele funcione
com os membros sobreviventes. As tarefas deverão ser redistribuídas,
é provável que mudem funções. O desenho da família fica alterado
em certos casos, assim como a função como no caso da perda de
filho único, quando cessa a função de pais que passam novamente
para a condição de casal. É importante lembrar que esse é mais que
um casal sem filho, é um casal que perdeu um filho, o que atribui a
esse sistema características próprias. Em geral, um casal caminha
para o futuro e pretende aumentar o sistema, tendo filhos. O casal
que perde seu único filho parece retroceder, voltando a uma condição
não prevista. Esse casal olha para o passado e muitas vezes não
aguenta essa nova condição, o que explica um dos fatores de
separação em casais enlutados. A rede pode atuar com mais força
em momentos de vulnerabilidade, como é o caso do luto, ampliando
o sistema de suporte da família. Existe o caso de famílias que agregam
novos membros temporária ou definitivamente após a perda. Em
geral esse membro agregado veio inicialmente para oferecer seu
apoio e pode ter tido uma história de grande proximidade com o
morto. (COELHO, 2000)
4ª. O reinvestimento em outros relacionamentos e projetos de
vida. A família reorganizada como sistema pode, agora, redefinir
seus compromissos e prioridades. Ao cumprir a quarta tarefa a família
já se sabe resiliente. Torna-se, assim, um sistema modificado pela
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experiência conjunta, mas não necessariamente uniforme da dor.
Neste momento, verifica-se a alteração no sistema de crenças e da
sua relação com o tempo e, passam a apresentar uma maior
capacidade de analisar os fatos relativizando-os. Existe mais
complacência e solidariedade em famílias que elaboraram seu luto
e (uma) certa sensação de alívio, de que dificilmente uma experiência
será pior que a perda. (COELHO, 2012)
A ELABORAÇÃO DO LUTO NA FAMÍLIA
As chamadas tarefas no luto consistem no processo de elaboração
ao longo do tempo, que no caso da família, de acordo com Walsh e
MacGoldrick (1998) cumprem quatro fases definidas, que discutiremos
a seguir:
1. A anamnese da família enlutada é longa. Por certo o luto
fará lembrar outras perdas, de forma que o acompanhamento se
torna bastante complexo. A lista dos principais pontos a serem
identificados na família cresce à medida que se avança na prática
terapêutica, a que segue aponta aspectos principais que contemplam
o atendimento de orientação sistêmica e aqueles específicos da
compreensão do luto: (COELHO, 2000)
2. Momento do luto em que a família se encontra: a) História
de perdas na família (aspectos multigeracionais/legado): função e
lugar ocupado por quem morreu; b) Relação dos membros da família
com quem morreu: vivência individual da perda por cada um dos
membros da família; c) Crença: religiosidade ou valores humanistas
de suporte frente à morte; d) Grupo cultural a que a família pertence:
crenças funcionais e forma da família lidar com as perdas; e) Rede:
amigos, grupos, família estendida, religião e outros tipos; falta de
recursos sociais e econômicos. (COELHO, 2000)
O tipo de morte e as condições nas quais se deu a perda também vão influenciar
diretamente o trabalho da família no processo de elaboração do luto. (COELHO,
2000).
Rando (1998) considera que muitos dos sintomas tratados por
profissionais de saúde, são relativos ao luto complicado em uma de
suas formas de apresentação: sintomas psicológicos,
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comportamentais, sociais e físicos; síndromes de luto ausente, luto
atrasado, luto inibido, luto distorcido, luto conflituoso, luto
imprevisto e luto crônico; diagnósticos de transtorno físico ou mental
e a própria morte. Para facilitar o diagnóstico, relaciona alguns
sintomas indicativos de luto complicado que devem ser examinados
de acordo com as fases de evitação, confrontação e acomodação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mazorra (2009) ressalta a importância de se reconhecerem as
reações habitualmente associadas às complicações do luto, em meio
às reações esperadas diante de uma perda, para a identificação de
pessoas com risco para luto complicado, embora o limiar entre luto
normal e luto complicado seja uma linha tênue, que depende muito
da intensidade e da duração das reações de luto.
Alguns autores apontam a construção de significados como
aspecto central ao processo de luto (WALSH; MCGOLDRICK, 1998;
NADEAU, 1998; NEIMEYER, 1998; MAZORRA, 2009; PARKES, 2009).
Holland et al. (2006) relatam que as teorias do luto contemporâneas
dão ênfase ao papel da construção de significado na adaptação a esse
fenômeno, considerando como suas duas construções principais: fazer
sentido da perda e achar benefício a partir dessa experiência. O
enlutado necessita vivenciar um processo que lhe permita construir
um sentido da perda em sua vida e reconciliar-se com ele. Esse processo
é chamado de construção de significado e envolve o desenvolvimento
de uma explicação a respeito do que aconteceu, que lhe permita a
construção de novas visões do mundo. (NADEAU, 1998).
Bolze e Castoldi (2005) afirmam que para o psicólogo hospitalar
que vive em seu cotidiano situações muito semelhantes e trabalha
constantemente no limiar vida e morte, é necessário ter um bom
aporte teórico para realizar suas intervenções com êxito. Igualmente,
é importante que ele receba apoio psicoterápico, pois é afetado
emocionalmente por seu trabalho. Há também algumas
características que este profissional deve ter como pessoa, tais como
a disponibilidade para a tarefa, além da perseverança, dedicação e
certeza de que poderá ajudar. Somente desta forma pode-se oferecer
ao paciente terminal uma escuta e uma qualidade de vida, bem
como um apoio para sua família.
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Podemos finalizar esse estudo apontando para a importância
deste tema para os profissionais da área da Saúde e, principalmente
para os da Psicologia, sugerindo novas pesquisas para a aplicabilidade
hospitalar e clínica.
REFERÊNCIAS
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A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO
TRATAMENTO DE DEPENDENTES QUÍMICOS E A
IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO DE RECAÍDAS
Adilson de Almeida1
Marlon Ferreira Figueiredo1
Graziele Kerges Alcantara²
RESUMO
O uso de drogas ilícitas tem aumentado muito entre a
população em geral. Esse assunto é de interesse social e
governamental e tem sido uma preocupação das autoridades
nacionais e mundiais uma vez que, tal uso traz consequências
para a sociedade como um todo. Este artigo, de revisão
bibliográfica, visa investigar a influência das drogas ilícitas e o
avanço do tratamento através da Terapia CognitivoComportamental (TCC). Os autores pesquisados apontam como a
Terapia Cognitivo-Comportamental tem possibilitado melhoras no
quadro de dependentes químicos. Em muitos casos o índice de
melhora junto ao tratamento é altíssimo.
Palavras-chave: Drogas Lícitas. Terapia
Comportamental. Dependentes Químicos.
1
2
Cognitivo-
Dicente do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF
Docente do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF
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ABSTRACT
The use of illicit drugs have increased a lot among the population
in general. That subject is of government and social interesting
and has been a concerning by national and worldwide authorities
once that use to bring consequences for all the society. This article
is one bibliographical that aims to investigate the influence of
illicit drugs and the advance of treatments by Behavioral Cognitive
Therapy (BCT) . The researched authors lead as the Behavioral
Cognitive Therapy has made possible rehabilitation in diagnosis to
the chemical dependence. In many cases the level of improving
along the treatment that could be quite higher.
Keywords: illicit, drugs, behavioral, cognitive and therapy
1. INTRODUÇÃO
Droga, segundo a classificação da Organização Mundial de Saúde
(OMS), é qualquer substancia não produzida pelo organismo que tem
a propriedade de atuar sobre um ou mais de seus sistemas, produzindo
alterações em seu funcionamento
Para Brum, Gabatz, Johan, Padoin, Silva e Terra (2013), é
universal e milenar a prática humana de consumir drogas. Para os
autores seu uso sempre fez parte da humanidade, seja para rituais
religiosos, lazer, ou ainda para aumentar a disposição e a energia,
como na antiguidade para curas ou fins terapêuticos, no entanto, a
conexão entre o uso de droga e os problemas sociais é recente.
Uma droga não é por si só boa ou má. Existem substâncias que
são usadas com a finalidade de produzir efeitos benéficos, como no
tratamento de doenças, e são considerados medicamentos. Mas
também existem substâncias que provocam malefícios à saúde, os
venenos ou tóxicos. É interessante que a mesma substância pode
funcionar como medicamento em algumas situações e como tóxicos
em outras.
Este estudo tem como objetivo realizar uma revisão de literatura
analisar as técnicas comportamentais e cognitivas como ferramentas
terapêuticas no tratamento de dependentes químicos e sua
importância na prevenção de recaídas.
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2.MÉTODO
Foi realizado o levantamento bibliográfico incluindo as principais
bases de bases de artigos periódicos nacionais Scielo e Bireme,
utilizando os termos drogas lícitas, terapia cognitivo-Comportamental
e dependentes químicos.
3.REVISÃO DE LITERATURA
Segundo Melo, Oliveira, Ribeiro e Souza (2013), de acordo com a
Classificação Internacional de Doenças (CID-10), a dependência
química caracteriza-se pela presença de um agrupamento de sintomas
cognitivos, comportamentais e fisiológicos, indicando que o indivíduo
continua utilizando uma substância, apesar de problemas
significativos relacionados a ela. Para Kaplan, Sadock e Grebb (2007,
citado por Melo et al. 2013), o indivíduo dependente prioriza o uso
da droga em detrimento de outras atividades e obrigações.
Melo (2013), ensina que em virtude de ser um problema bastante
complexo, no qual estão envolvidas várias dimensões, deve-se
entender a dependência química como sendo uma doença
biopsicossocial.
A dependência química é caracterizada por um agrupamento de
sintomas cognitivos, comportamentais e fisiológicos, indicando o uso
contínuo da substância pelo indivíduo. Observa-se nesses pacientes,
alterações no circuito cerebral, mesmo em períodos de abstinência,
que podem explicar a intensa vontade de usar a droga (fissura) e as
constantes recaídas (APA, 2014). As técnicas cognitivocomportamentais são muito utilizadas no tratamento de dependentes
químicos apresentando um bom resultado. Elas focam na manutenção
da abstinência de substâncias psicoativas e na prevenção de recaídas.
(KNAPP, 2008 ; BALESTRERI, 2014). As situações de risco são o foco
principal de trabalho na prevenção de recaída, que tem como objetivo
reconhecê-las e evitá-las quando necessário, assim como ensinar o
indivíduo a lidar efetivamente com elas de outras formas, que não
fazendo o consumo da substância. (BALESTRERI, 2014).
Nas últimas décadas, houve um grande avanço no uso clínico da
Terapia Cognitiva (TC), a qual tem sido aplicada a diversos transtornos
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psiquiátricos entre eles o transtorno do uso de substâncias
psicoativas. A (TC) obteve resultados promissores de pesquisas
controladas que confirmaram sua eficácia para o tratamento da
depressão quando comparada a grupos-controles. A partir de então,
a Terapia Cognitiva, a Terapia Comportamental (BT) e a Terapia
Cognitivo-Comportamental (TCC) foram pesquisadas para outros
transtornos mentais e mostraram-se eficazes, em vários estudos
clínicos, para o tratamento da dependência química e dos outros
transtornos psiquiátricos. (SERRA e SILVA, 2004).
Para Silva e Serra (2004), segundo a teoria cognitiva, a
dependência química resulta de uma interação complexa entre
cognições (pensamentos, crenças, idéias, esquemas, valores,
opiniões, expectativas e suposições), comportamentos, emoções
relacionamentos familiares e contexto sociail, influências culturais,
e processos biológicos e fisiológicos. Já a teoria comportamental da
dependência química tem seu foco nas teorias so aprendizado social.
Embora haja significativas diferenças entre a teoria cognitiva e a
teoria comportamental, há um debate, ultimamente, que a teoria
cognitiva constitui-se como unificadora para a psicoterapia e para a
psicopatologia. A TC utiliza um conjunto de técnicas dentro do
enquadre do modelo cognitivo da psicopatologia, mas utiliza também
técnicas derivadas dos modelos comportamentais.
Algumas técnicas utilizadas pela TCC para a dependência química
são as duas técnicas a seguir se baseiam na teoria do aprendizado
social,, forma sistemática como os humanos aprendem a agir (Serra
& Silva, 2004):
Condicionamento clássico: observemos que o foco da teoria
comportamental está nas situações de alto risco e no comportamento
de uso de droga. Dessa forma o terapeuta comportamental faz um
mapeamento, junto com o paciente, sobre as situações, lugares,
companhias, etc., que estão condicionados ao uso da droga. Ele ajuda
o paciente a reconhecer estes sinalizadores e a traçar novos
comportamentos, visando desfazer alguns estímulos que se
condicionaram ao uso da droga. (Serra& Silva, 2004)
Aprendizagem instrumental: esta teoria decorre da existência
de primórdios biológicos que atraem os humanos para a busca de
prazer imediato e evitação das situações que os privem de satisfação
ou imponham sofrimento. O maior expoente do condicionamento
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operante foi Skinner. Ele demonstrou que reforços positivos
(satisfatórios) ou negativos (desprazer) influenciavam o
comportamento. Nessa técnica o terapeuta comportamental e /ou
Cognitivo comportamental encoraja o paciente a encontrar prazer
em outras situações que não ofereçam riscos e ajuda no manejo da
síndrome de abstinência, com vistas a encontrar outras recompensas
que não sejam pelo uso da droga. (SERRA e SILVA, 2004)
Teoria e técnica cognitiva aplicada à dependência química,
segundo Serra e Silva (2004), é uma abordagem estruturada ou semiestruturada, diretiva, ativa e de prazo limitado. Ela se fundamenta
na racionalidade teórica de que o afeto e o comportamento de um
indivíduo são, em grande parte, determinados pelo modo como ele
estrutura o mundo; e seu objetivo é reestruturar as cognições
disfuncionais e dar flexibilidade cognitiva no momento de avaliar
situações específicas.
Esquemas de crenças básicas: Serra e Silva (2004) destacam que
os esquemas são estruturas psíquicas que contêm avaliações
firmemente estabelecidas. O Esquema, se traduzido em palavras,
forma criações hipotéticas chamadas de Crenças Básicas. As Crenças
Básicas, quando disfuncionais, caracterizam-se por serem irracionais,
supergeneralizadas e rígidas. Segundo Back existem dois tipos de
crenças básicas disfuncionais desamparo e “crenças de não ser
querido”. As crenças básicas influenciam diretamente a percepção
sobre as coisas e é expressa como pensamento automático, específico
a uma situação.
Estratégia compensatória: Para Serra e Silva (2004) São
comportamentos que visam aliviar ou anular os pensamentos
automáticos e emoções negativas que o indivíduo tem. Artista que
irá tocar em uma cerimônia importante, lhe ocorre um pensamento
“vou errar” então ele usa uma estratégia compensatória “se eu beber
bebida alcoólica ficarei menos nervoso e não erro”. Esse é um
exemplo de estratégia compensatória.
Conceituação cognitiva: é quando o terapeuta elabora uma
hipótese sobre o pensamento, suposições emoções e crenças do
paciente, e esse processo de conceituação pode ser mudado durante
o tempo do processo terapêutico, à medida que novas informações
vão se reunindo.
Técnicas cognitivas:
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1) Monitoramento dos pensamentos automáticos negativos. Pode
ser utilizado um diário no qual o paciente registra seus pensamentos
e as situações que o eliciaram
2) Traçar as conexões entre a cognição, o afeto e o
comportamento
3) Realizar uma reestruturação cognitiva examinando os
pensamentos automáticos disfuncionais e lidando com eles: procurar
evidências a favor e contra (teste de realidade); desafiá-los com
questões do tipo: “o que de pior vai acontecer?” “quais são meus
recursos reais para lidar com isso?” avaliar a real importância dos
pensamentos, procurando não catastrofizar, distanciar-se deles, ou
enfrentá-los
4) Mapear as cognições tendenciosas e procurar alternativas de
avaliação mais orientadas na realidade, adquirindo flexibilidade
cognitiva
5) Identificar e alterar as crenças básicas que predispõem a
fazer avaliações distorcidas de suas experiências; e, por fim,
6) Prevenção de recaída (PR): segundo Serra e Silva (2004) são
técnicas utilizadas para acompanhamento e evitativas para
automanejo e visa melhorar o estágio de manutenção do processo
de mudança de hábito. Algumas técnicas de (PR) são: identificação
do estado de motivação, identificação das situações de risco,
mudança do estilo de vida, identificação do processo de recaída,
identificar as decisões aparentemente irrelevantes, fatores cognitivos
associados à recaída, confluência de risco. E por fim o treino de
habilidades sócias. Usando técnicas verbais e a dramatização (Role
Play) o terapeuta ajuda o indivíduo ou indivíduos com as dificuldades
para lidar com situações específicas como: sentimentos negativos,
assertividade, fazer críticas, receber críticas, comunicação, recusar
droga, dizer não, socialização, frustrações, adiar prazeres,
reconhecer e enfrentar situações de risco, fissura, realizar um
planejamento. Durante a representação, não é necessário ser fiel
ao roteiro estabelecido. É importante a improvisação, porque ela
estimula a criatividade. É aconselhável trocar de personagem,
perguntando ao grupo quem daria uma resposta diferente à situação
encenada. Desta forma, o paciente adquire flexibilidade de respostas
e desenvolve.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observou-se no ao final do trabalho a importância da terapia
Cognitivo Comportamental no tratamento da dependência química
e o quanto é complexo o processo terapêutico e até visando possíveis
recaídas; para encerrar destacamos uma frase de alguns dos
pesquisadores sobre o tema. Serra e Silva “O paciente é instruído
sobre seu problema e sobre a terapia. A própria terapia é uma
experiência de aprendizado para o paciente. Durante o processo
terapêutico, o paciente aprende as técnicas utilizadas pelo terapeuta
para que se torne o seu próprio terapeuta”.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BALESTRERI, J.G (2014) Prevenção de Recaída: identificando
situações de risco e construindo estratégias de enfrentamento em
um grupo de pacientes com Dependência Química. Vlll Imed 2014
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ADOLESCÊNCIA E ORIENTANÇÃO VOCACIONAL
Hilton Aparecido SANTOS¹
Maria Thatiani BRATFICHE¹
Viviane MEDEIROS¹
Fernanda Piovesan DOTA²
RESUMO
O presente artigo irá tratar da importância da orientação
vocacional como ferramenta para o adolescente no processo de
tomada de decisão para sua escolha profissional. Além de ser
discutido os aspectos dessa fase do desenvolvimento e como a
orientação vocacional auxiliará o adolescente, evidenciaremos
também a importância do profissional psicólogo no que diz respeito
à postura profissional e como fazer com que o orientando consiga
atingir seu objetivo. De acordo com o conteúdo exposto durante o
desenvolvimento do artigo é possível constatar que a orientação
vocacional tem um papel fundamental na vida do adolescente quando
se trata de fornecer ferramentas para que sua escolha possa ser
mais assertiva, e que consequentemente sua formação acadêmica e
profissional possa ocorrer de forma satisfatória e prazerosa. A
Orientação Vocacional tem como objetivo oferecer aos adolescentes
condições para desenvolver suas potencialidades através do
autoconhecimento, conhecimento do mercado e das profissões.
¹ Discentes do Curso de Psicologia da Faculdade de Ciências da Saúde -FASU/ACEG –GARÇA/SP –
BRASIL.
² Docente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ciências da Saúde - FASU/ACEG –GARÇA/SP –
BRASIL.
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Palavras chaves: Orientação vocacional; Adolescência; Psicologia.
ABSTRACT
This article will address the importance of vocational guidance
as a tool for the teenager in the decision-making process for their
professional choice. Besides being discussed aspects of this
development phase and as vocational guidance assist the teenager
also evidenciaremos the importance of professional psychologist with
regard to the professional attitude and how to make the coachee
will achieve your goal. According to the above content during the
development of the article it is clear that vocational guidance plays
a key role in adolescent life when it comes to providing tools for
your choice to be more assertive, and consequently their academic
and professional training can occur in a satisfactory and pleasurable
way. Vocational Guidance aims to provide teenagers conditions to
develop their potential through self-knowledge, knowledge of the
market and the professions.
Key words: vocational guidance; Adolescence; Psychology.
1. INTRODUÇÃO
A orientação vocacional é uma ferramenta que poderá auxiliar o
indivíduo no momento da escolha de uma profissão. De acordo com
o censo de educação superior de 2011 o número de matrículas para
ingresso no ensino superior foi superior ao número de concluintes.
Dentre as diversas variáveis existentes uma explicação para esse
fenômeno seria a insatisfação dos indivíduos com a escolha realizada,
sendo possível observar a importância do processo de orientação
vocacional diante das escolhas (HASTENREITER, 2014).
Existem alguns aspectos que devem ser observados dentro da
orientação vocacional que ajudará o indivíduo nesse processo de
tomada de decisão, tais como: conhecimento de suas habilidades,
conhecimento do mercado de trabalho, necessidade de
autoconhecimento e relação de segurança.
A orientação vocacional pode ser realizada individualmente e/
ou em grupos com a finalidade de promover a busca pelo
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autoconhecimento e conhecimento das profissões e outros aspectos
que envolvem esse processo. Com essa ajuda é possível descobrir as
diferentes necessidades do orientando e, a partir disso trilhar um
caminho em busca de uma escolha profissional satisfatória (JUSTINO,
2015).
1.1 ADOLESCÊNCIA: PERÍODO DE ESCOLHAS
A adolescência é um período caracterizado por uma intensificação
das dúvidas a respeito do futuro, momento que os interesses
profissionais começam a se evidenciar. Como parte desse processo
de escolha profissional algumas questões que são de extrema
importância para o desenvolvimento do trabalho, tais como: a
identificação, aptidões, os contextos familiares e perspectivas do
adolescente (NORONHA; AMBIEL, 2006).
No desenvolvimento do indivíduo a construção da identidade do
eu é fator que se organizada para direcionar as futuras escolhas, a
resolução da crise de identidade estabelecerá a ligação do passado
com o futuro. Esse processo de formação da identidade do indivíduo
adolescente resultará na assimilação e/ou rejeição das identificações
sofridas ao longo da vida, assim como as interações que ocorrem
entre as influências sociais e o desenvolvimento pessoal. De forma
direta a construção da identidade pessoal está vinculada a construção
da identidade ocupacional, pois a identidade ocupacional é formada
através da auto percepção que o indivíduo tem dos papéis
profissionais que entra em contato durante sua existência (ALMEIDA;
PINHO, 2008).
Piaget considera quatro períodos no processo evolutivo da espécie
humana que são caracterizados “por aquilo que o indivíduo consegue
fazer melhor” no decorrer das diversas faixas etárias ao longo do
seu processo de desenvolvimento (Furtado, op.cit.). São eles: 1°
período Sensório-motor de 0 a 2 anos; 2º período: Pré-operatório
de 2 a 7 anos; 3º período: Operações concretas 7 a 11 ou 12 anos e 4º
período: Operações formais 11 ou 12 anos em diante. (TERRA, s.d.).
Nessa fase em que o adolescente se encontra buscando um norte
para suas escolhas futuras, há um momento em que há uma
confrontação entre as fantasias, as identificações da infância e as
exigências reais. Isso não ocorre apenas no âmbito profissional, mas,
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também, em relação a todos os aspectos que envolvem o ingresso a
fase adulta. Sendo assim essa escolha do adolescente está contida
em uma fase transitória, onde mudanças, ajustamentos e adaptações
caracterizam a passagem da vida infantil para a vida adulta (ALMEIDA;
PINHO, 2008).
1.2 A ORIENTAÇÃO VOCACIONAL
A escolha profissional é um processo pelo qual os adolescentes
vivenciam para ingressarem no mundo profissional e no mercado de
trabalho, que inclusive é marcado por rápidas mudanças. Por estarem
num momento de intensas modificações, os adolescentes se sentem
inseguros e com muitas dúvidas para fazer uma escolha quanto a
sua profissão. Por isso, surge a necessidade de se procurar a
orientação vocacional (KRAWULSKY, 1991).
Esse processo de escolhas é marcado por ansiedades e medos,
contudo a orientação vocacional tem a proposta de auxiliar os
adolescentes a lidar melhor com esses sentimentos, promovendo o
autoconhecimento e reflexão acerca da escolha da profissão. Dessa
forma, o jovem se sentirá mais seguro no momento da decisão, já
que esta precisa ser fundamentada no desejo e nos objetivos que o
adolescente tem para o futuro.
Outro aspecto a ser destacado na orientação vocacional diz
respeito ao acesso às informações profissionais sobre cursos, mercado
de trabalho, oportunidades, especializações, como também o papel
de auxiliar os jovens a fazerem uma reflexão sobre a relevância do
trabalho (KRAWULSKY, 1991).
Além disso, existem as influências na escolha por parte das
pessoas significantes do adolescente, principalmente da família, pois
esta é modelo de referência para qualquer pessoa, e geralmente os
pais depositam suas expectativas em cima desses jovens. Por conta
disso, existe uma pressão que gera angústia no momento da escolha.
O processo de Orientação Vocacional
interessa à âmbitos distintos, como, por exemplo, à educação em
todos os seus níveis, pois proporciona informações sobre a realidade
do mercado de trabalho e as necessidades do país. Dessa forma,
pode-se dizer que a Orientação Vocacional acompanha o processo
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educativo do aluno, cooperando com ele e não apenas suprindo suas
possíveis carências. A orientação vocacional cumpre sua função de
extrema importância quando leva o sujeito a refletir sobre si mesmo,
analisando suas características, explorando sua personalidade e
aprendendo a escolher e abordar situações conflitivas. Além disso, o
processo de orientação vocacional auxilia no descobrimento de
possíveis problemáticas do sujeito, bem como disposições
psicopatológicas, pois condensa toda a história prévia dessa pessoa
e, ao mesmo tempo, antecipa seu futuro (MÜLLER, 1988).
Por meio do processo de orientação vocacional, os indivíduos
tem a possibilidade de se conhecerem melhor como sujeitos reais,
percebendo suas identificações, características e singularidades,
ampliando e transformando sua consciência e adquirindo, assim,
melhores condições de organizar seus projetos de vida e,
especificamente no momento, fazer sua escolha profissional,
minimizando as fantasias. A orientação vocacional é mais do que um
momento para a descoberta de qual profissão seguirá, pois é um
processo onde emergem conflitos, estereótipos e preconceitos que
são trabalhados para sua superação, onde a desinformação é
enfrentada e possíveis caminhos de resolução são traçados, onde o
autoconhecimento adquire o status de algo que se constrói na relação
com o outro e não como algo que se dá a partir de uma reflexão
isolada, descolada da realidade social. A partir desta concepção,
pode-se dizer que a orientação vocacional também é um processo
que visa à promoção da saúde do indivíduo (ANDRADE, MEIRA;
VASCONCELOS, 2002).
1.2 O PAPEL DO PSICÓLOGO NA ORIENTAÇÃO VOCACIONAL
Diante do conhecimento que a adolescência é uma fase
caracterizada por um desprendimento da fase da infância e a entrada
progressiva na vida adulta, o profissional psicólogo terá como
principal objetivo ajudar o indivíduo a encontrar sua identidade
profissional, auxiliando na estruturação de sua identidade pessoal,
para assim favorecer que o adolescente elabore um projeto de vida
baseado em suas habilidades. O jovem em questão sente-se
pressionado pela complexidade que envolve sua tomada de decisão,
as marcas de suas identificações e a vontade de corresponder às
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expectativas dos familiares e amigos favorecem para o
desenvolvimento de um cenário recheado de conflitos, nesse
momento que a orientação vocacional surgirá como um meio
facilitador, focando em promover ao jovem o autoconhecimento para
que consequentemente ele possa ter subsídios necessários para uma
escolha mais adequada (VASCONCELOS, 2002).
Um fator importante onde o profissional da área irá trabalhar é
a questão das influências familiares que agem direta ou indiretamente
sobre a vida dos adolescentes, os conceitos e valores que eles
possuem acerca de profissões é constituído em sua maioria pelo que
foi passado dentro do contexto familiar. Nesse sentido a orientação
vocacional auxiliará o adolescente a reconhecer essas influências
familiares e relacionar com o ambiente que ela se desenvolveu,
lembrando que não somente a família age de forma influenciadora,
mas também a escola, os meios sociais, econômicos e religiosos fazem
parte dessa corrente. E a orientação vocacional proporcionará ao
adolescente um momento para reflexão sobre o que está por trás de
suas escolhas (ALMEIDA; PINHO, 2008).
Em relação à parte de formação do profissional, são aconselháveis
algumas características para um bom trabalho, primeiro uma sólida
formação em psicologia, conhecimentos em dinâmicas de grupo, técnicas
de exploração da personalidade e psicopatologia, prática clínica,
empátia, respeito e aceitação de seus limites. Além de uma postura
criativa, inovadora e científica, e é imprescindível que o profissional
orientador passe tranquilidade e segurança de sua própria identidade
ao orientando, nesse caso o adolescente (VASCONCELOS, 2002).
Wainberg (1997) ressalta que é importante ter claro que a
Orientação Profissional não é um momento isolado, particular. Faz
parte de um processo maior de busca de identidade pessoal que inicia
já antes do nascimento, quando dos planos e expectativas dos pais
em relação ao seu futuro bebê, e é o resultado de uma série de decisões
tomadas durante muitos anos, algumas vezes, durante toda a vida.
Conclui dizendo que escolher é tarefa de quem vai seguir o caminho.
Considera-se como papel do orientador o de facilitar o
conhecimento da dinâmica da economia local e mundial, buscando
possibilidades de inserção consciente no mundo do trabalho e
evitando posturas ingênuas ou desesperadas. Nesse sentido, cabe à
equipe manter-se atualizada sobre as profundas mudanças no mundo
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do trabalho, objetivando tanto o atendimento como o
desenvolvimento do próprio orientador. O autoconhecimento e as
informações sobre as profissões sempre foram, e continuam sendo,
relevantes na Orientação Profissional. O elemento diferenciador nas
intervenções deverá decorrer agora do aprofundamento das questões
relativas às mudanças no mundo do trabalho e o significado do
trabalho em nossa realidade, como já destacava Ferretti (1988). É
preciso destacar esse aspecto nos estágios dos cursos de Psicologia
porque neles o profissional está mais atento às condições internas
do orientando, aos seus desejos e motivações. O espaço para
trabalhar o autoconhecimento é extremamente relevante para o
cliente, a ressalva é de que ele não pode ser descolado da realidade
política, social, educacional e econômica. (SILVA, 2003).
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do que foi exposto durante o desenvolvimento do artigo
é notório perceber que a orientação vocacional exerce papel de
grande importância na vida do adolescente quando se trata de
fornecer ferramentas para que sua escolha possa ser mais assertiva,
e que consequentemente sua formação acadêmica e profissional
possa ocorrer de forma satisfatória e prazerosa.
Sabemos que a adolescência é caracterizada por um período
repleto de inconstâncias, e que o adolescente encontra-se em uma
fase do desenvolvimento conflituosa e rodeada de pressões advindas
dele mesmo, de sua família, de sua escola e de seus amigos. Com
isso tomar uma decisão de qual carreira seguir pode ser algo
desastroso se não pensado e refletido de forma coerente.
Por fim poder oferecer aos adolescentes condições para
desenvolver seu autoconhecimento, conhecimento do mercado de
trabalho e conhecimento das profissões contribuirá para que essa
fase se torne menos angustiante e mais prazerosa.
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ANGÚSTIA E APRENDIZADO
José Wellington dos Santos
Carlos Aberto de Figueiredo
RESUMO
A angústia é um fenômeno humano e na investigação psicanalítica
da condição humana, a angústia tem uma função no desenvolvimento
da personalidade. Não existe vida sem angústia, portanto, o
aprendizado constitui uma experiência dolorosa e provoca muita
angústia. Porque não se sabe algo ou porque se está confuso e se
sentindo ignorante traz muita angústia. A capacidade de suportar
esse sentimento determina a capacidade de aprender. O propósito
deste trabalho é discutir o processo do aprendizado como uma
experiência atravessada pela angústia. Faremos isto a partir de um
viés psicanalítico.
Palavras chaves: Angústia, aprendizado, cognição, afetividade,
frustração, maturidade.
ABSTRACT
Anxiety is a human phenomenon and psychoanalytic investigation
of the human condition, anxiety plays a role in personality
development. There is no life without anxiety, so learning is a painful
Prof. José Wellington dos Santos - [email protected] cel. 997210133
Prof. Carlos Aberto de Figueiredo - [email protected] cel 997225740
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experience and causes a lot of distress. Because you do not know
something or because they are confused and feeling ignorant brings
a lot of trouble. The ability to support this feeling determines the
ability to learn. The purpose of this paper is to discuss the learning
process as an experience crossed by anguish. We do this from a
psychoanalytic bias.
Keywords: Anguish, learning, cognition, affection, frustration,
maturity.
1.INTRODUÇÃO
Angústia é um fenômeno normal e humano. O que deixa uma pessoa
angustiada? Quando alguém vai ao primeiro encontro amoroso, por
exemplo, quais são as angústias? Será que vai dar certo? Será que vou
agradar? Será que vou me agradar? Não existe vida sem angústia. Na
investigação psicanalítica da condição humana, a angústia tem uma
função no desenvolvimento da personalidade. O propósito deste
trabalho é discutir o processo do aprendizado como uma experiência
atravessada pela angústia. Considerando que a angústia é um fenômeno
absolutamente humano, falar da aprendizagem como um processo
angustiante não representa uma visão negativa, como pode parecer,
e sim uma análise mais humanizante de uma experiência através da
qual nos tornamos humanos.
Por muito tempo a afetividade foi considerada um aspecto
irrelevante ou, até mesmo, negada quando se falava em cognição,
aprendizado, construção do conhecimento, pois se acreditava que
essa era uma tarefa única e exclusiva da razão, o que relegava a
afetividade a um plano subjetivo e ambíguo, de difícil verificação.
(IMBASCIATI, 1998, p.68). Ninguém chega à escola sem ter sido, de
alguma forma, movido em dimensões afetivas. O cotidiano afeta e
produz sentimentos que podem redundar em dificuldades de
aprendizagem. As emoções são importantes para a saúde psíquica,
pois somos um ser psíquico e social. Por isso analisar as angústias do
aprendizado significa contribuir para uma discussão que se faz a algum
tempo sobre a dimensão afetiva do processo ensino-aprendizagem.
Faremos esta análise, a partir de um viés psicanalítico,
principalmente freudiano, destacando o conceito de angústia e o
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seu papel no desenvolvimento humano. Como se trata de uma revisão
bibliográfica, utilizaremos outros autores como Bolwby, Melanie Klein
e Bion que contribuem para enriquecer ainda mais a nossa reflexão.
2.CONCEITO DE ANGÚSTIA
Freud define angústia “como um sinal de uma tensão pulsional
antecipada manifestado no ego” (p. 121). Freud achou que isso
tivesse relação com a experiência avassaladora do nascimento. A
função do sinal de angústia é, portanto, tida como crucial e de fundo
biológico, para avisar o organismo de um perigo ou uma tensão que
ameaça o seu equilíbrio. A angústia é sentida como um aumento na
tensão corporal e mental que coloca o indivíduo em estado de
vigilância interna. A ideia de angústia de Freud provém do fato de
que a criança é um ser indefeso e profundamente dependente dos
pais, por um período muito mais longo do qualquer espécie. Portanto,
a experiência de dependência é tida como protótipo de todas as
situações de angústia. (EMANUEL, 2005, p.18).
Este fato é importante para entender a função primordial dos
laços afetivos entre os indivíduos. Segundo Bowlby (1984) o
comportamento do apego é uma organização inata existente no
indivíduo que vigia e avalia as situações e ocorrências, a fim de
preservar uma sensação interna de “segurança” e proteção por meio
da proximidade ou de um contato maior com um responsável
específico, denominado figura de apego. O uso que Bowlby faz do
termo angústia restringe-se às situações da falta de alguém que é
amado e ansiado. (BOWLBY apud EMANUEL, 2005, p. 19). “Por toda
a vida, sentimos angústia quando somos ameaçados por um ambiente
hostil ou em razão do afastamento ou da perda das nossas figuras de
apego”. (B0WLBY, 1984, p.10).
Em “Inibição, sintoma e ansiedade” texto de 1926, Freud faz
uma distinção importante entre ansiedade e angústia. A partir deste
texto há uma importante mudança no conceito de angústia que antes
era vista como uma simples descarga da libido que por alguma razão
não foi utilizada ou foi recalcada pelo eu, sendo descarregada em
forma de angústia. Agora a angústia é pensada como um sinal que
prepara o indivíduo para a ação, eu pode inclusive ser uma ação de
auto preservação. “A angústia é a reação original ao desamparo no
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trauma, sendo reproduzida depois na situação de perigo como um
sinal em busca de ajuda” (FREUD, 1926/1976, p. 192). O eu produz
angústia toda vez que se sente invadido por uma experiência que
represente uma ameaça à satisfação narcísica de segurança, amparo
e preservação.
Klein desenvolve a ideia de angústia da depressão que difere do
conceito freudiano que relaciona angústia ao medo do desamparo.
Para Klein, existe a angústia depressiva eu está relacionada a fantasia
da criança de ter causado algum dano ao seu objeto de amor através
da expressão de raiva e agressividade. O medo de perder o objeto
do amor causa angústia na criança que é aplacada pelo mecanismo
de reparação. Em Klein, a angústia é uma dor necessária ao
desenvolvimento da capacidade de apreender a realidade e viver
nela com suas dores e delícias. (EMANUEL, 2005, p.44-46).
3.O PAPEL DA ANGÚSTIA NA EXPERIÊNCIA DO APRENDIZADO
A relação entre cognição e afeto é um tema que despertou o
interesse de grandes cientistas na contemporaneidade. Para Piaget
(1986, p.22) há um paralelo constante e indissociável entre vida
afetiva e a intelectual, formando os dois aspectos da conduta
humana. As emoções são o grande motor do processo de
aprendizagem. Como afirma Vygotsky “sempre eu comunicamos
alguma coisa a algum aluno, devemos procurar atingir seus
sentimentos”. (200, p.142) Isso se dá porque as nossas emoções
negativas ou positivas interferem no cognitivo. Como afirma Piaget,
segundo Bringuier (1977), “Para que a inteligência funcione, é preciso
um motor que é o afetivo. Jamais se procurará resolver um problema
se ele não lhe interessa. O interesse, a motivação afetiva é o móvel
de tudo” (Bringuier, 1977, p. 71-72). Para Piaget, o afeto retarda ou
acelera o desenvolvimento das estruturas cognitivas.
Segundo La Taille (1992), Piaget afirma que:
O desenvolvimento da inteligência permite, sem dúvida, que a motivação
possa ser despertada por um número cada vez maior de objetivos ou situações.
Todavia, ao longo desse desenvolvimento, o princípio básico permanece o
mesmo: a afetividade é a mola propulsora das ações, e a razão está ao seu
serviço (LA TAILLE, 1992, p:65)
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É a partir dessa discussão que põe a afetividade no centro
do processo de aprendizagem que buscamos compreender o papel
da angústia nas experiências humanas de aprender.
O aprendizado constitui uma experiência dolorosa e provoca
muita angústia. Para que haja aprendizado é inevitável certa dose
de frustração. Frustração porque não se sabe algo ou porque se está
confuso e se sentindo ignorante. A capacidade de suportar esses
sentimentos determina a capacidade de aprender. Segundo o
psicanalista Bion, o pensamento deriva da contenção das experiências
emocionais. “A capacidade de tolerar frustração possibilita que a
psique desenvolva o pensamento como um meio através do qual se
torna mais tolerável à frustração que for tolerada”. (BION, 1994,
p.130). Para Bion1, a capacidade de suportar a frustração possibilita
o aprender com a experiência. Ou seja, o aprendizado é uma
experiência que nos proporciona satisfação, sucesso, mas também
insatisfação e fracasso.
Poder tolerar as insatisfações e fracassos significa, no dizer de
Freud, regular o princípio do prazer pelo o princípio da realidade.2
(1994, 129). Portanto, a capacidade de suportar esses sentimentos
determina a capacidade de aprender. Certamente as dificuldades
de aprendizagem são decorrentes dessa dificuldade de suportar as
dores inevitáveis do processo, como: frustração, raiva e angústia.
A capacidade de regular os estados emocionais é, portanto,
fundamental para o desenvolvimento social e cognitivo. Logo, a
capacidade do indivíduo de lidar com a angústia determina o seu
preparo para lidar com a própria vida.
O neurologista Antônio Damásio afirma de forma convincente
que a emoção auxilia o raciocínio e que as evidências neurológicas
indicam que “as emoções bem direcionadas e bem situadas parecem
constituir um sistema de apoio sem o qual o edifício da razão não
pode operar a contento” (DÁMASIO apud EMANUEL, 2005, p.74). Este
ponto de vista corrobora as ideias de Bion de que a capacidade de
pensar nos fatos de uma experiência emocional exige a contenção
da emotividade, especialmente a angústia.
Segundo Claúdio Eizirik, é no campo destas relações entre o bebê
e os pais, permeadas de percepções fortes, como a fome e o
desconforto ou a saciedade e o prazer, sentimentos de frustração e
ódio e também de amor e gratidão, sentimentos de abandono e
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desamparo alternados com o conforto e a sensação de segurança
que é construído o processo de desenvolvimento, incluindo a
capacidade de pensar. (2001, p.48).
Podemos concluir disso que os primeiros aprendizados da criança
são de natureza afetiva, inclusive aprender a lidar com as emoções
desconfortáveis através das primeiras relações com a mãe que
funciona, como diz Bion, “o continente das angústias do bebê”. (BION,
2003).
Uma mãe equilibrada tem condições de receber essa (angústia) e responder
terapeuticamente, ou seja, de um modo eu faça a criança sentir que lhe está
sendo restituída a sua personalidade assustada, porém num estado que ela
consegue tolerar – os medos tornam-se controláveis para a personalidade da
criança.
Aprender dói. Parece uma visão negativa da experiência do
aprendizado se levarmos em conta a perspectiva contemporânea que
associa dor a doença ou anormalidade. Mas se considerarmos que dor é
sinal de vida porque viver dói, a experiência do aprendizado sem dor
seria uma experiência sem vida. Daí, podemos afirmar que o negativo
das angústias do aprendizado não seria a dor em si, mas a incapacidade
de suportar essas dores que se constituiria, talvez, a origem ou uma
das origens das dificuldades de aprendizagem apresentadas pelas
crianças na escola. Não seria, portanto, uma incapacidade de aprender,
mas de suportar as dores inerentes ao aprendizado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo teve como objetivo o aprendizado como uma
experiência angustiante, querendo compreender a dimensão afetiva
do aprendizado e como a angústia influencia na capacidade do
indivíduo aprender. Partimos do princípio de que a afetividade é o
motor do processo de maturidade e crescimento pessoal do indivíduo.
Nesse sentido, utilizamos o ponto de vista de autores
psicanalíticos que contribuíram para o campo da educação e para
compreender o processo de maturidade psíquica. Verificamos que
na Psicanálise, em suas diversas vertentes, a afetividade ocupa um
lugar central. Para a Freud a afetividade é a expressão da vida
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pulsional que regula, inclusive, as primeiras relações objetais. Para
Klein e Bion suportar a angústia é condição fundamental para crescer
e aprender, pois a experiência da aprendizagem abre feridas
narcísicas que são inevitáveis, as quais devem ser contidas pelo
indivíduo como aspectos positivos do processo de maturidade.
BIBLIOGRAFIA
BION, W. R. Estudos psicanalíticos revisados. 3ª Ed. Revisada – Rio
de Janeiro: Imago, 1994.
BOWLBY, JOHN. Apego e Perda. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
BRINGUIER, J. C. Conversando com Jean Piaget. Rio de Janeiro – São
Paulo, 1977.
CUNHA, ANTÔNIO EUGÊNIO. Afeto e Aprendizagem. Rio de Janeiro:
Wak Editora, 2008.
EMANUEL, RICCKY. Angústia: conceito de psicanálise vol. 10. São
Paulo: Relume Dumará, 2005.
EIZIRIK, ClAÚDIO, . Noções básicas sobre funcionamento psíquico:
O ciclo da vida humana: uma perspectiva psicodinâmica. Porto Alegre:
Artmed, 2001.
FREUD, Sigmund. Obras psicológicas completas de Sigmund Freud.
Edição Standard. Vol. XVIII. Rio de Janeiro: Imago, 1996. 320p
IMBASCIATI, ANTÔNIO. Afeto e Representação. São Paulo: Editora
34, 1998.
LA TAILLE, Yves de et alii. Piaget, Vigotsky, Wallon: teorias
psicogenéticas em discussão. 8ª edição, São Paulo: Summus, 1992.
PIAGET, JEAN. Seis estudos de psicologia. Rio de Janeiro: forense
Universitária, 1986.
NOTAS
1.Wilfred Bion - passou a infância na Índia. Aos oito anos passou a viver em um pensionato na
Inglaterra e nunca mais retornou a Índia, que amava. Formado em medicina, seu interesse na
psicanálise aumentou. Submeteu-se então, a um treinamento em análise supervisionado pela
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psicanalista Melanie Klein - pioneira no estudo da relação mãe e filho, na idade de latente - que
influenciou o pensamento de Bion. Bion foi psiquiatra no exército britânico durante a Segunda
Guerra Mundial, trabalhando em maneiras de melhorar a seleção dos oficiais e tratando vítimas.
Estudos psicanalíticos revisados. 3ª Ed. Revisada.
2..Princípio do prazer e princípio da realidade. Freud estabeleceu desde o início de seu trabalho
clínico um sistema de princípios do funcionamento mental, cuja aplicação adequada seria um
fator determinante na psicopatologia de um indivíduo. O princípio de prazer é o desejo de
gratificação imediata. Tal desejo conduz o indivíduo a buscar o prazer e evitar a dor. O princípio de
prazer opõe-se ao princípio de realidade, o qual caracteriza-se pelo adiamento da gratificação.Faz
parte do amadurecimento normal do indivíduo aprender a suportar a dor e adiar a gratificação. Ao
fazer isso o indivíduo passa a reger-se menos pelo princípio de prazer e mais pelo princípio de
realidade. Humberto Nagera. Metapsicologia. 1970, p.37.
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ATENÇÃO A GESTANTE: ESTADO EMOCIONAL E
PSICOTERAPIA GRUPAL
PEREZ, Débora Nicolino Anunciação
RESUMO
A gravidez e a maternidade são acontecimentos que têm
repercussões potencialmente transformadoras na vida da mulher. As
alterações hormonais garantem a sustentabilidade fisiológica da
gestação, através do preparo do corpo para nutrir e acomodar o
bebê Os aspectos emocionais da gravidez são reconhecidos como
um período de grandes transformações psíquicas, de onde decorre
uma importante transição existencial. Outra característica do período
é que a chegada do bebê desperta muitas ansiedades e os sintomas
depressivos são comuns. A mulher precisa de amparo e proteção ao
logo da gravidez e muitas vezes essa necessidade é confundida com
a depressão patológica. O trabalho de grupo com gestantes que tenha
a participação do parceiro favorecerá para que a construção da
maternidade e paternidade se desenvolva de forma mais saudável e
consciente, contribuindo para o desenvolvimento físico e psíquico
do feto Para a realização deste artigo o meu método de pesquisa
utilizado foi o bibliográfico onde, realizei leituras e fichamentos de
textos em cima de artigos científicos e de livros referente ao assunto.
Palavras-chave: Apoio a gestante. Atendimento grupal. Psicologia.
Acadêmica do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEF).
e-mail: [email protected]
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ABSTRACT
Pregnancy and motherhood are events that have potentially
transformative impact on women’s lives. Hormonal changes ensure
the sustainability of physiological pregnancy by preparing the body
to nourish and accommodate the baby emotional aspects of pregnancy
are recognized as a period of great transformation psychic, which
imposes an important transition existential. Another characteristic
of the period is that the baby’s arrival awakens many anxiety and
depressive symptoms. A woman needs support and protection to the
logo of pregnancy and this need is often confused with clinical
depression. Group work with women who have a partner’s
participation to encourage the construction of maternity and
paternity to develop more healthy and conscious, contributing to
the physical and mental development of the fetus To carry out this
article my research method used was the literature where, book
report performed readings and texts on top of scientific articles and
books relating to the subject
Keywords: Supporting pregnant. Group care. Psychology.
INTRODUÇÃO
A gravidez e a maternidade são acontecimentos que têm
repercussões potencialmente transformadoras na vida da mulher. As
alterações hormonais garantem a sustentabilidade fisiológica da
gestação, através do preparo do corpo para nutrir e acomodar o
bebê. Entretanto, demanda apoio e orientação visando os cuidados
para a saúde integral da mulher, o que repercute no fortalecimento
do vinculo mãe-bebê, bem como nas condições para amamentação
e o retorno do corpo ao estado funcional anterior á gestação de
forma saudável (LIMA,S.D.).
A maternidade é um momento existencial extremamente
importante no ciclo vital da mulher que, pode dar a oportunidade
de atingir novos níveis de integração e desenvolvimento da
personalidade, sobre tudo, é durante a gravidez que se inicia a
formação do vinculo materno-filial e a reestruturação da rede de
intercomunicação da família (MALDONADO,1980).
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Já a gravidez, segundo Santos et.al.(2011), é um acontecimento
único na vida da mulher, no qual ocorrem alterações metabólicas e
hormonais que vão influenciar no comportamento e nos sentimentos
da mulher. Qualquer pessoa percebe quando uma mulher está gravida
pelo tamanho de sua barriga, mas observadores mais atentos
percebem também alterações no seu pensar e agir.
Para muitas mulheres o período de gravidez é considerado o
momento existencial mais importante de suas vidas e seus familiares,
que em todos os seus aspectos significa mudança e, como tudo que
se transforma, necessita de um tempo para ser reconhecido e
assimilado. Durante a gravidez a mulher terá nove meses para se
organizar em direção ao encontro com a nova vida e simultaneamente
poderá iniciar a construção da função materna (LIMA,S.D.).
Toda gestante passa por alterações, mas nem todas manifestam
os mesmos sintomas e mesmo quando surgem, há variações quanto
á ocorrência e persistência. Entre os sintomas mais comuns são:
insônia ou hipersônica, náuseas e vômitos, desejos e aversões,
constipação, diarreia, como também as instabilidades emocionais,
que nesse momento torna a mulher mais sensível, fazendo com que
muitas vezes sinta-se incompreendida e desamparada. Dificuldades
ou complicações ao longo da gravidez podem transformar essa fase
de transição, considerada normal, numa crise emocional (LIMA, S.D.).
Para Maldonado (1980), a gravidez possui varias características
de uma situação de crise que faz parte do processo normal do
desenvolvimento. A partir do momento da percepção da gravidez se
inicia a formação da relação materno-filial e das modificações na
rede de intercomunicação familiar. É nesse momento também que
se instala o sentimento básico da gravidez que vai se manifestar sob
diversas formas no decorrer dos três trimestres e após o parto. Há
sempre uma oscilação entre desejar e não desejar aquele filho.
O segundo trimestre é considerado o mais estável do ponto de
vista emocional. O impacto dos primeiros movimentos fetais é um
fenômeno central neste trimestre, é a primeira vez que a mulher
sente o feto como uma realidade concreta dentro de si.
Maldonado (1980) diz que é nesse período que a mulher
geralmente sente maior necessidade de afeto, cuidados e proteção
precisa receber mais do que dar e aparentemente as mulheres que
mais recebem esta cota extra de afeto são as que posteriormente
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mais conseguem dar carinho e amor ao bebê; ao contrario, as que
menos recebem tendem a apresentar dificuldades em desempenhar
o papel de pessoa fundamentalmente doadora e comumente privam
o bebê em suas necessidades de afeto.
Já no terceiro trimestre, o nível de ansiedade tende a elevar-se
novamente com proximidade do parto e da mudança de rotina da
vida após a chegada do bebê (MALDONADO,1980).
Os aspectos emocionais da gravidez, parto e puerpério são
reconhecidos como um período de grandes transformações psíquicas,
de onde decorre uma importante transição existencial. Aspectos
como: ansiedade, medos e mudanças no vinculo afetivo são alguns
exemplos desses aspectos (SARMENTO,2003).
De acordo com Sarmento (2003), na primeira consulta do prénatal, a gestante, já está mais consciente quanto dar continuidade
a gravidez. No entanto, há inseguranças e nesse primeiro contato a
mulher busca confirmar a gravidez; amparo nas duvidasse ansiedades;
certificar-se de que tem um corpo bom para gestar; certificar-se de
que o bebê está bem; e apoio para seguir nessa “aventura”.
Outra característica do período é que a chegada do bebê desperta
muitas ansiedades e os sintomas depressivos são comuns. A mulher
continua a precisar de amparo e proteção, assim como ao logo da
gravidez e muitas vezes essa necessidade é confundida com a
depressão patológica.
ATENÇÃO A GESTANTE
Segundo Lima (S.D.),a literatura indica que o período de gestação
e o puerpério são as fases de maior incidência de transtornos psíquicos
na mulher, necessitando de atenção especial para prevenir
dificuldades futuras para mãe e pai. A intensidade das alterações
psicológicas dependerá de fatores subjetivos, familiares, conjugais,
sociais e culturas.
Segundo Lima (S.D.), nas ultimas décadas a atenção a saúde da
mulher tem sido alvo de programas de assistência integral á saúde,
com o intuito de atender a essa clientela de forma integral, sendo
um dos objetivos reduzir os riscos referentes ao pré-natal e ao parto.
Neste campo o psicólogo torna-se então um profissional integrado á
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equipe interdisciplinar na atenção básica, composto inicialmente
pelos auxiliares, enfermeiro e médico obstetra, tendo em vista operar
com os usuários no cuidado pré-natal, preparação para o parto através
de intervenções psicoprofiláticos que pendem a subjetividade
humana.
No apoio psicológico a gestante o psicólogo atua como facilitador
para o processo de acolhimento, construção de vínculos positivos,
aprendizagem e promoção da saúde da gestante e do bebê. O
acompanhamento psicológico em grupo, converge para a prevenção
primária em saúde mental da gestante potencializando a qualidade
de vida de todos que estariam diretamente envolvidos na gestação
(LIMA,S.D.).
Segundo Lima (S.D.), Oficinas de Grupo Operativo passam a ser
um campo de atuação especialmente importante tendo em vista a
saúde da mulher gestante e o desenvolvimento do bebê, através da
preparação dos futuros pais e famílias, envolvendo os profissionais
da saúde que devem estar voltados para o atendimento humanizado.
O acompanhamento psicológico á gestante para Lima (S.D.), é
importante pois busca a atender as necessidades específicas das
mulheres, que se encontram especialmente sensibilizadas para o
cuidado materno de maneira absolutamente singular. O atendimento
é realizado através de grupos ou individual com psicoterapia breve
e é importante para a elaboração do momento em que a mulher
terá que viver a maternidade.
Em atendimentos em grupo, os participantes representa uma
função de espelho, como uma ação continua de identificações
projetivas e introjetivas colocadas no campo grupal. Essa dinâmica
traduz a ação terapêutica do grupo, que se processa através da
possibilidade de cada sujeito olhar e observar em outros membros
algo que lhe próprio, especialmente, de poder reconhecer no espelho
dos outros, aspectos negativos em si mesmos (LIMA,S.D.).
O trabalho de grupo com gestantes que tenha a participação do
parceiro favorecerá para que a construção da maternidade e
paternidade se desenvolva de forma mais saudável e consciente,
contribuindo para o desenvolvimento físico e psíquico do feto
(LIMA,S.D.).
O psicólogo não só deve diagnosticar e classificar, como tem que
entender, compreender o que está envolvido na queixa e no sintoma,
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isto é, o que não está manifesto. Tanto paciente quanto sala família
necessita ser preparados para a intervenção hospitalar, pois precisase de tempo para a a elaboração do processo, esclarecendo ao
paciente e a família sobre os aspectos da hospitalização, da rotina
do hospital, o tempo de internação, etc. As explicações iniciais devem
ser dadas pelo médico, sendo reforçadas pela equipe, incluído o
psicólogo, que contribuirá para diminuir a ansiedade do paciente
(SANTOS et.al., 2011).
O profissional deve enxergar o cliente de modo simética, onde
coloca o profissional e o cliente numa posição de igualdade, respeito
e confiança, essa relação sim ética possibilita um desenvolvimento
emocional para ambos. No atendimento psicológico, a função do
psicólogo é estar presente, facilitando o processo de renascimento
da cliente, mas não é o psicólogo que cria um novo ser. A assistência
realizada pelo psicólogo no hospital objetiva o alivio emocional da
paciente e de sua família, onde a ajuda implica a mobilização de
forças, em que a angustia e a ansiedade estão presentes (SANTOS
et.al., 2011)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através deste trabalho foi possível perceber a importância do
exercício profissional do psicólogo com gestantes. O apoio e o
acolhimento são fatores importantes para uma gestação e uma
maternidade mais saudável, pois esse é um período muito delicado
para a mulher, onde precisa de atenção, carinho, apoio e sobretudo,
se sentir amada.
Durante a gestação observamos alguns aspectos psicológicos onde
a mulher pode passar pela ambivalência, onde pode desejar ou não
este filho, e que a partir dos movimentos fetais pode tornar real o
que era “fantasia”, se sentir ansiosa nos últimos meses de gestação,
na qual as mudanças com a chegada do bebê e do parto se aproximam.
É importante também que a gestante se sinta satisfeita, segura,
tranquila para que não possa ter medo do desconhecido, e é por isso
que o apoio é essencial nessa fase.
O trabalho do psicólogo com gestantes nada mais é que acolher,
respeitando suas dúvidas e sentimentos em relação a gestação e do
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mundo que a cerca nessa nova fase. Ajudando a tirar duvidas sobre
essa nova etapa de vida e a construir vínculos positivos com o bebê,
pois, a partir deste momento ocorrerão mudanças constantes em
sua vida. É importante que o psicólogo busque atender as
necessidades especificas da mulher, onde se encontra sensibilizadas
para o cuidado materno.
É de extrema necessidade o pré-natal da gestante não só como
obstetra, mas também com uma equipe multiprofissional onde, serão
tiradas todas as dúvidas que tranquilizará a gestante. Não podemos
deixar de fora o psicólogo que além de acolher, cuidar e respeitar a
gestante tem a função de apoiar, dar orientação que irão contribuir
na sua preparação para o momento do parto e pós-parto, fazendo
com que a gestante e seu parceiro tenham mais segurança e confiança
para cuidar do bebê de maneira saudável em todas as etapas de sua
vida.
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CUIDADOS PSICOLOGICOS AO PACIENTE
ONCOLÓGICO BREVE HISTÓRICO DA PSICOONCOLOGIA NO BRASIL
MOLINA, Bruna Nassif1
BARACAT, Juliana
2
RESUMO
O Câncer é uma doença crônica de prognóstico nem sempre
favorável, responsável por grande parcela de óbitos e cujo tratamento
pode exigir níveis de tolerância bastante elevados, sendo assim houve
nas ultimas décadas do século XX uma mobilização cientifica e
profissional do desenvolvimento de novas modalidades terapêuticas
de prevenção e de tratamento do câncer. Antes da década de 60 o
foco era a doença, e por volta das décadas de 60 e 70 foi
intensificando a atenção aos fatores psicológicos. Partindo da
existência de uma grande demanda de pessoas acometidas por
doenças crônicas, entre elas o câncer, desde crianças, a idosos, o
presente trabalho irá focar o sofrimento psíquico e a contribuição
de estratégias terapêuticas no adulto, seus familiares e equipe de
saúde.
Palavras chaves: Cuidados Psicológicos. Portador de câncer.
Holística.
1
Discente do curso de Psicologia da Faculdade de Ciências da Saúde (FASU/ACEG). E-mail para
contato: [email protected]
2
Mestre, Doutoranda e Docente do curso de Psicologia da Faculdade de Ciências da Saúde (FASU/
ACEG). E-mail para contato: [email protected]
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ABSTRACT
Cancer is a chronic prognosis is not always favorable, responsible
for a large proportion of deaths and whose treatment may require
quite high levels of tolerance, so there was in the last decades of
the twentieth century mobilizing scientific and professional
development of new therapeutic modalities prevention and treatment
of cancer. Before the 60s the focus was on the disease, and about
the decades of 60 and 70 was intensifying attention to psychological
factors. Suppose that there is a great demand for people affected
by chronic diseases, including cancer, as children, the elderly, this
paper will focus on the contribution of psychological distress and
therapeutic strategies in adults, their families and healthcare team.
Keywords: Psychological Care, Bringer of câncer, Holistic.
INTRODUÇÃO
O artigo foi proposto com o intuito de olhar o paciente com câncer
holisticamente, analisando os possíveis cuidados psicológicos, tirando
o foco da doença e da ideia de condenação à morte e ajudando o paciente
a perceber a doença como uma oportunidade de redescobrir a vida.
O foco do trabalho é o sofrimento psíquico decorrente do adoecer
de câncer e salientar o papel das estratégias terapêuticas no adulto,
em seus familiares e na equipe de saúde.
É sabido que o câncer caracteriza-se pela anormalidade das células
e por sua divisão excessiva. Possui origem multifatorial, pois envolve
a predisposição genética, a exposição a fatores ambientais de risco,
determinados vírus, algumas substâncias alimentares e acredita-se,
também, na contribuição psicológica no crescimento do câncer. A forma
como o diagnostico é passado para o paciente faz toda a diferença,
no modo como ele irá encarar a vida, podendo utilizar mecanismos de
defesa como a negação, depressão, barganha entre outros.
Esta monografia justifica-se pela importância de se entender
alguns aspectos da situação vivencial de um sujeito com câncer e
então auxiliá-lo a compreender suas principais dificuldades com
relação à doença. Salientando cada vez mais a dar assistência integral
ao enfermo, dentro de uma abordagem multifatorial na compreensão
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da etiologia da enfermidade, aprimorando as técnicas e processos
de tratamento, uma vez que são aspectos importantes e fundamentais
para possibilitar a recuperação do paciente. Deve-se transcender o
modelo biomédico mecanicista tradicional, dando espaço para a
psico-oncologia buscando elucidar os aspectos psicológicos envolvidos
na doença, em sua remissão ou recidiva e em seu impacto nas famílias
e profissionais de saúde.
REVISÃO TEÓRICA
Segundo Holland (citado por ANGERAMI-CAMON, 2002, p.48), até
o início do século XX, o diagnóstico do câncer era uma sentença de
morte e levava o doente à estigmatização, ao isolamento e à
humilhação. A palavra câncer representava a destruição física, o
medo, a autoimagem danificada, a perda da função sexual e há tantos
outros aspectos negativos que levavam a uma desestruturação da
personalidade. No início do século passou a ser importante a educação
do público para a possibilidade de cura, desde que o diagnóstico
fosse realizado no estágio inicial da doença. Começava também a
ser modificada a visão negativa em relação ao câncer.
De acordo com Angerami-Camon (2002), foi indubitável a
contribuição do I Encontro para Introdução à Psico-oncologia no Brasil
como ampla área de estudo e intervenção a ser organizada a partir
da experiência da atuação e da pesquisa realizada por profissionais
da área de saúde com formações distintas; participaram, portanto,
profissionais e professores universitários de diversas partes do país.
Há várias definições de psico-oncologia abordadas por diferentes
autores, e a que se enquadra melhor com o proposto trabalho é
definido por Holland (citado por NEME, 2010, p.19).
A psico-oncologia é uma subespecialidade da oncologia, definindo seus
principais objetivos e relacionando-o com elucidação das variáveis psicológicas
envolvidas no impacto do câncer na vida emocional do paciente, de seus
familiares e dos profissionais de saúde e com o estudo dos aspectos psicológicos
e de comportamento implicados na incidência e na reabilitação do câncer.
Já a professora-doutora Maria da Glória Gimenes (citado por
ANGERAMI-CAMON, 2002 p.53), define psico-oncologia baseada na
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análise dos conteúdos apresentados nos dois primeiros Encontros
Brasileiros de Psico-oncologia:
A psico-oncologia representa a área de interface entre a Psicologia e a
Oncologia e utiliza conhecimento educacional, profissional e metodológico
provenientes da Psicologia da Saúde para aplicá-lo: 1 na assistência ao paciente
oncológico, à sua família e aos profissionais de saúde envolvidos com a
prevenção, o tratamento, a reabilitação e a fase terminal da doença;
2 na pesquisa e no estudo de variáveis psicológicas e sociais relevantes para
a compreensão da incidência, da recuperação e do tempo de sobrevida após
o diagnóstico do câncer;
3 na organização de serviços oncológicos que visem ao atendimento integral
ao paciente (físico e psicológico), enfatizando de modo especial a formação
e o aprimoramento dos profissionais de saúde envolvidos nas diferentes etapas
do tratamento.
Segundo Neme (2010):
A psico-oncologia surgiu da necessidade de se oferecer ao paciente com câncer,
um modelo de atenção integral-biopsicosocial capaz de melhorar sua qualidade
de vida;aumentar sua sobrevida e as possibilidades de reversão da doença;
fortalecer seus recursos e modos de enfretamento da doença e dos
tratamentos, além de criar, desenvolver e promover serviços e programas de
atenção primária, secundária e terciária no campo da oncologia que atendem
também as necessidades dos familiares e dos profissionais de saúde envolvidos.
O início do desenvolvimento de serviços de psico-oncologia no
Brasil pode ser atribuído à atuação isolada de psicólogos e outros
profissionais não médicos em oncologia, identificada desde a segunda
metade da década de 1980 (CARVALHO, 2002).
No Congresso de Salvador (1996) foram apresentados dez
trabalhos produzidos na experiência e na prática, com a participação
de alunos e colaboradores, o que foi solidificando a atuação e o
serviço de psico-oncologia implantado no hospital de Bauru.
O nome psico-oncologia só passou a ser amplamente utilizado
no Brasil a partir de realizações de congressos. Estes eventos
propiciaram o encontro de profissionais que desenvolviam trabalhos
distintos na área oncológica, assim como de seus métodos de pesquisa
e intervenção (NEME, 2009).
A partir da articulação e da integração de experiências distintas,
vêm se delineando os parâmetros para a avaliação da afetividade
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das intervenções realizadas, como também dos requisitos básicos
para a atuação profissional e para o desenvolvimento de serviços
psico-oncológicos nas unidades de saúde. Com a expansão e a
consolidação da área no país, começou a existir a demanda de uma
formação específica que preparasse os profissionais para atuarem
com segurança na área (NEME, 2009).
A criação do Curso de Especialização reflete a preocupação da
atual gestão da Sociedade Brasileira de Psico-oncologia em responder
a essa demanda. Esta sociedade, contando com a colaboração de
profissionais pioneiros na área, vem dando continuidade a sua
consolidação no Brasil, com a mesma seriedade que foi iniciada e
desenvolveu-se.
Segundo Neme (2010), profissionais e pesquisadores que estão
construindo a psico-oncologia no Brasil e no mundo, têm demonstrado
as necessidades dos pacientes com câncer em fases diversas do ciclo
vital, as necessidades dos familiares e dos principais cuidadores dos
doentes e as dificuldades enfrentadas pelos profissionais de saúde,
que tratam o paciente oncológico, apontando os diferentes aspectos
que permeiam a trajetória de todos esses participantes desde o
diagnóstico, o tratamento para o possível controle da doença ou a
experiência vivenciada na fase terminal. No campo da psicologia e
das intervenções psicológicas com pacientes hospitalizados, é preciso
aprimorar, descrever e divulgar alternativas e modalidades
interventivas que se mostrem eficazes e respondam às necessidades
dinâmicas das instituições e dos pacientes, cujas condições
geralmente imprimem um caráter de urgência aos que vivenciam no
enfrentamento da doença e dos tratamentos.
Para Neme (2010) a psico-oncologia reconhece que o
aparecimento e a evolução de doenças como o câncer necessitam
de um nível de compreensão e ação que transcendem o modelo
biomédico-mecanicista tradicional, buscando esclarecer os fatores
biológicos e sociais implicados na gênese e nos tratamentos do câncer,
bem como elucidando os aspectos psicológicos envolvidos na doença,
em sua remissão ou recidiva e em seu impacto nas famílias e nos
profissionais de saúde e relata que:
Atualmente, a psico-oncologia pode ser vista como uma área sólida e
consistente estabelecida, embora ainda aberta a futuros desenvolvimentos
na pesquisa, na prática e na organização de serviços que representem
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relevante impacto transformador no campo da saúde em oncologia. Nesse
sentido, há ainda muito por fazer: vencer obstáculos derivados de concepções
biomédicas resistentes às mudanças; oferecer serviços psicológicos, de fato,
a todos os pacientes com câncer, conforme determinação do Ministério da
Saúde para serviços credenciados pelo SUS; ampliar e fortalecer os serviços
de psico-oncologia existentes no país, aumentando os investimentos em
pesquisas e na formação continuada dos profissionais de saúde envolvidos;
desenvolver ações humanizadoras, capazes de divulgar e fazer respeitar os
direitos das pessoas com câncer de melhorar sua qualidade de vida durante e
após o tratamento; investir em pesquisas que esclareçam as possíveis variáveis
implicadas nos genes e no desenvolvimento das neoplasias malignas; criar
programas informativos e educativos para a saúde na área Oncológica, que
incorporem os conhecimentos já disponíveis quanto aos fatores biopsicossociais
relevantes no desenvolvimento dos cânceres; criar e avaliar técnicas e recursos
psicológicos interventivos para o auxilio efetivo de pacientes oncológicos em
tratamento, além de inúmeras outras necessidades e possibilidades de
desenvolvimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando a elaboração do presente artigo, é importante
ressaltar a relevância social, por ser o câncer uma doença que
acomete desde crianças a idosos, e a relevância científica, que é a
necessidade da intervenção psicológica por meio de estratégias
terapêuticas, que cabe ao psicólogo.
Sendo assim, os objetivos do presente foi analisar o sofrimento
emocional do portador de câncer, com a finalidade de estabelecer
uma estratégia terapêutica, tanto para o paciente quanto para a
família e equipe de saúde.
Deve-se ressaltar a importância de cuidar desse paciente de forma
holística e sair do modelo biomédico mecanicista tradicional; há
grande necessidade de fortalecer os serviços de psico-oncologia para
que os portadores de câncer tenham melhor qualidade de vida.
A sugestão é que esta pesquisa não pare por aqui, pois o tema é
de grande relevância social e científica e precisa ser melhorado e
explorado.
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DEPRESSÃO NO IDOSO: DISTANCIAMENTO
FAMILIAR
ALVARES, Barbara Rejane da Silva
SENSÃO, Aparecida Iracema
RESUMO
Este artigo tem como objetivo demonstrar a importância da
relação familiar na fase adulta tardia, colocando em pauta a
depressão acometida durante esta fase. O sentimento de abandono
vêm sendo afetado dia após dias em nosso cotidiano, estabelecido
em contexto familiar de forma desapercebida. Com o objetivo de
colaborar com as, familias e cuidadores, que as habilidades fisícas
e os agravamentos de doenças na velhice, pode ser evolutiva quando
não percebemos o sentimento de tristeza (DEPRESSÃO),vivenciados
pelos mesmos.
Palavras-Chave: Depressão. Família. Idoso.
ABSTRACT
This article aims to demonstrate the importance of family
relationship in adulthood, putting at stake the depression affected
during this phase. The feeling of abandonment have been affected
day after day in our daily life, established in family context so
unnoticed. With the objective of collaborating with, families and
caregivers, physical skills and the worsening of diseases in old age,
can be when we don’t understand the evolutionary sense of sadness
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(DEPRESSION), experienced the same.
Keywords: Depression. Family. Elderly
1.INTRODUÇÃO
As causas de depressão no idoso configuram-se dentro de um
conjunto amplo de componentes em que atuam fatores genéticos,
eventos vitais, como luto e abandono, e doenças incapacitantes,
entre outros. Cabe ressaltar que a depressão no idoso,
frequentemente, surge em um contexto de perda da qualidade de
vida associada ao isolamento social e ao surgimento de doenças
clínicas graves. (FLORINDO et al; 2002, apud ALVES, Edvaldo Moreira
Junior et al;18° Edição Maio de 2012).
Algo motivador para a disposição deste artigo tem sido a
colaboração de fatos vivenciados, uma senhora acometida por uma
epilepsia desde a infância, onde foi um dos motivos que à tornou
dependente de sua família, lembrando também da morte de um
senhor que teve sua vida encerrada pela tristeza e solidão após a
morte de sua esposa; uma das causas da depressão e silêncio esta
no distanciamento familiar.
2.DESENVOLVIMENTO
2.1 AFETOS X FAMILIA
A afetividade é um domínio funcional direcionada as estruturas
orgânica e sociais, é vista como forma de apoio básico proporcionando
carinho, atenção, ações que expressão sensibilidade afetiva. Alguns
lares podem assegurar ao indivíduo este bem estar, ou seja todos
nós seres humanos necessitamos desta segurança que traz a sensação
de um ser útil e observável, porém são estas condutas que nos
conduzem á um crescimento, e desenvolvimento saudável. Durante
a infância e a velhice é onde ocorrem ainda mais a necessidade
deste afetos, esta carência porem são menos considerados “
importantes” na fase adulta tardia. A família é o principal elo de
construção social, dentro da mesma existem os conflitos, e as
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resoluções, existem os afetos e a segurança, no entanto no meio de
tantas vivências, tem a formação de um novo lar, uma nova relação
familiar e assim sucessivamente. A família é definida como um grupo
enraizado numa sociedade e tem uma trajetória que lhe delega
responsabilidades sociais. Especialmente perante ao idoso, a família
vem assumindo um papel importante na medida em que o
envelhecimento acelerado da população cresce. Atualmente
pesquisas tem revelado o crescente numero de idosos no mundo.
Segundo FRANK SCHIRRMACHER em seu livro A REVOLUÇÃO DOS
IDOSOS diz:
Pela primeira vez está ocorrendo algo que não foi previsto pela evolução e
que por ela deveria ser até mesmo evitado com todos os truques mortais: um
grupo não mais capaz de se reproduzir, que há muito cumpriu sua função
biológica, que não pode mais ser renovado e está sendo colocado à disposição
da natureza constitui a maioria em sociedade. Pela primeira vez na história
da humanidade, o numero de idosos será maior que o de jovens.
(SCHIRRMACHER, 2005, P.2)
A família na fase adulta surgem vários imprevistos e improvisos,
a perda do esposo(a), a doença, então mãe ou pai tende a morar
com o filho(a).Porém o essencial é a qualidade de vida que esta em
pauta.
Para a maioria dos adultos na meia- idade os relacionamentos são a chave
mais importante para o bem-estar (Markus et al., 2004). Eles podem ser a
fonte principal de saúde e satisfação (Lachman, 2004). De fato, ter um(a)
companheiro(a) e estar com boa saúde são os maiores fatores no bem –estar
para as mulheres na faixa dos cinquenta anos, de acordo com dois
levantamentos nacionais. Ter ou não ter filhos fazia pouca diferença. As menos
felizes, mais solitárias, e mais deprimidas eram as mães solteiras, divorciadas
ou viúvas ( Koropeckyj- Cox, Pienta e Brown, 2007) apud Diane E. Papalia –
Ruth Duskin Feldman,2013, p.555).
Percebemos que os idosos carregam a expectativa de receberem
atenção e cuidados dos filhos e netos, no momento em que tiverem
suas capacidades diminuídas. No entanto é onde ocorre o inverso,
surge o distanciamento familiar, uma das causas são por terem outros
afazeres particulares, que impedem esta aproximação. Embora a
família, seja responsável por oferecer a maioria dos cuidados aos
idosos, é importante destacar que a estrutura familiar tem sofrido
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mudanças significativas. Entretanto na maioria dos casos as famílias
não tem estrutura para lidar, cuidar de um(a) idoso(a); Sendo assim
asseguramos em defesa do idoso a CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988,
que apresenta a família como base da sociedade e coloca como dever
da família da sociedade e do ESTADO “amparar as pessoas idosas
assegurando sua participação na comunidade defendendo sua
dignidade e bem estar e garantindo-lhe o direito á vida”.
2.2DEPRESSÃO
A depressão atualmente traz um porcentual preocupante.
Segundo IBGE:
Estados do Sul têm mais adultos com depressão.
São Paulo – No Brasil, 7,6% dos adultos já foram diagnosticados
com depressão, o que equivale a 11 milhões de pessoas. Dentre esses
brasileiros, mais da metade (52%) usa medicamentos.
Os estados que mais concentram adultos deprimidos ficam no
Sul do país. O Rio Grande do Sul é o primeiro da lista. Lá, 13,2% das
pessoas com 18 anos ou mais já foram diagnosticadas por um
profissional de saúde. Em seguida vêm Santa Catarina, com 12,9%, e
Paraná, com 11,7%.Varios aspectos podem ser abordados, para melhor
compreensão destes atos deprimentes; aspectos sociais, financeiro,
âmbito familiar, saúde etc. O sentimento de perda, abandono,
tristeza, incapacidade, são os principais desencadeador do
agravamento da doença.
Embora o envelhecimento pode ser entendido como um processo
natural de diminuição progressiva da reserva funcional de um
indivíduo em considerações de sobrecarga como por exemplo:
Doenças e estresse emocional que pode ocasionar uma condição
patológica que requer assistência. O maior desafio na atenção à
pessoa idosa é conseguir contribuir para que apesar das limitações
que possam ocorrer, é redescobrir possibilidades de viver sua própria
vida a máxima qualidade possível. O trabalho das equipes da saúde
da ATENÇÃO BASICA/SAÚDE DA FAMÍLIA, As ações coletivas na
comunidade, as atividades em grupos, a participação das redes
sociais, são alguns dos recursos indispensáveis para a atenção cultural
e social. Considerando que o envelhecimento e a saúde da pessoa
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idosa representam dois importantes instrumentos de fortalecimento
da atenção básica.
Segundo O MINISTÉRIO DA SAÚDE, EM SETEMBRO DE 2005, definiu
a Agenda de compromissos pela SAÚDE que agrega três eixos; O
PACTO EM DEFESA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS), O PACTO EM
DEFESA DA VIDA e o PACTO de GESTÃO.
A família é um conjunto de pessoas de muita importância para a
vida de qualquer um não importa o quadro socioeconômico cultural,
pois a família realmente é uma base para todos nós seres humanos
não há como se ter uma estrutura ao longo da vida sem a importância
de uma família é através dela que aprendemos valores éticos e
sociais.
O aprender e escutar tem que ser desenvolvido todos os dias de
nossas vidas, sentar se ao lado de um idoso(a) e lhe perguntar o que
ele(a) tem a dizer deve ser prazeroso, lhe perguntar quais suas
angustias, em que posso lhe ajudar, motivações que não tem preço
quando notado em seus olhares a significância de um ser que também
foi criança, jovem e hoje um idoso. Alias o que menos se ouve falar
é da história de um idoso. Te convido a lêr o livro O QUE VALE A
PENA... A Sabedoria de quem realmente tem algo a dizer.
Um dos meus pacientes favoritos era um homem de negócios aposentado,
com cerca de mais de 70 anos, acamado por um enfisema, que adorava
descrever suas muitas horas passadas observando formações de nuvens
surgirem e desaparecerem.” Há tantas coisas para se ver no céu... Você faz
esculturas com a imaginação.”.Quando jovem, uma tarde passada daquela
forma seria inimaginável, disse ele. E no entanto, aquelas haviam sido algumas
das melhores tarde da sua vida. Com esse homem, eu comecei a ver como as
limitações físicas podiam levar à expansão em outras áreas, tais como a
imaginação e o espírito. Infelizmente, na nossa sociedade, as enfermidades
do corpo com frequência são igualadas à fraqueza da mente. Jovens e idosos
costumam ter um contato reduzido e superficial uns com os outros. Deixamos
as aparências nos iludir e desprezamos o que os idosos têm para nos ensinar
antes mesmo de darmos a eles a chance de falar. Assim perdemos a sabedoria
acumulada ao longo de vidas inteiras.(LUSTBADER, 2002, p. 14 e 15).
2.3 CONCLUSÃO
Nesta fase de vida o que o idoso necessita é sentir-se valorizado
viver com dignidade tranquilidade de receber atenção e o carinho
da família. Quanto à depressão na fase adulta tardia, tem haver
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com os distanciamentos familiares, esses se vê isolado de seu convívio
social, porém ocasionando uma profunda solidão.
No entanto desde que nascemos, nos envelhecendo dia após
dia, devemos estar preparados para olhar a velhice como uma etapa
que devemos passar, e que todo jovem sera um velho(a), experiências
e posturas que serão passadas de geração em geração devem ser
valorizadas para que tenhamos uma velhice mais saudável e feliz e
sem traumas.
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DEPRESSÃO PÓS-PARTO PATERNA (DPPP):
ESTUDO BIBLIOGRÁFICO SOBRE A INCIDÊNCIA E
OS IMPACTOS NO ÂMBITO FAMILIAR
LIMA, Chriscia Maria dos Santos de¹
SANTOS, Amanda Aparecida dos²
FONSECA, Bárbara Cristina Rodrigues³
RESUMO
A depressão pós-parto (DPP) é tipicamente tratada como um
problema exclusivo das mulheres que ocorre, geralmente ao longo
do primeiro ano de vida do filho, em 10 a 15% delas. No entanto,
durante a gestação da mulher, o pai, assim como a mãe, também
passa por diversas adaptações e, ao contrário da grande quantidade
de estudos publicados sobre os fatores ligados depressão pós-parto
materna (DPPM), pouco se sabe sobre a depressão pós-parto paterna
(DPPP). Este artigo busca contribuir com esta lacuna, no sentido de
compreender e dar visibilidade a esse assunto, uma vez que tem
como objetivo reconhecer a depressão pós-parto paterna como um
fenômeno que ocorre com certa frequência e causa impactos no
âmbito familiar. Os autores pesquisados apontam que tanto a mãe,
quanto o pai vivenciam, durante a gravidez e nos primeiros meses
¹ Discente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF. Email: [email protected]
² Discente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF. Email: [email protected]
³ Pedagoga, Psicóloga Clínica e Docente da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral –
FAEF. E-mail: [email protected]
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após o nascimento do bebê, transformações importantes na sua
identidade pessoal e nos papéis. Alguns estudos ainda discutem a
relação com diversos fatores biológicos (principalmente, uma
desregulação hormonal que ocorreria nos homens entre os últimos
meses da gravidez da parceira e o primeiro ano do período pósparto) e ambientais, como adaptações às novas rotinas, complicações
da relação conjugal e dificuldade de formar uma ligação afetiva
com o filho. Verifica-se assim, a relevância deste uma vez que o
enriquecimento de discussões e propostas de prevenção e
intervenções em casos de DDPP podem promover a saúde e o bemestar para os pais e familiares.
Palavras-chave: Depressão. Paternidade. Pós-parto.
ABSTRACT
Postpartum depression (PPD) is typically treated as a problem
unique to women that usually occurs over the first year of the child’s
life, in 10 to 15% of them. However, during the pregnancy of the
woman, the father, as well as the mother, also passes by several
adaptations, and unlike the large amount of published studies about
the factors linked to postpartum depression maternal (DPPM), little
is known about postpartum depression paternal (DPPP). This article
seeks to contribute to this gap, in the sense of to understand and
give visibility to this subject, since it aims to recognize postpartum
depression paternal as a phenomenon that occurs with some
frequency and cause impacts within the family. The authors surveyed
point out that both the mother and the father experience, during
pregnancy and in the first months after the birth of the baby,
important transformations in their personal identity and roles. Some
studies also discuss the relationship with various biological factors
(primarily, a hormonal deregulation that would occur in men between
the last months of pregnancy of the partner and the first year of the
post-partum period) and environmental as adaptations to new
routines, complications of the marital relationship and the difficulty
of forming a bond of affection with the child. Thus, the relevance of
this because the enrichment of discussions and proposals of
prevention and intervention in cases of DDPP may promote the health
and well-being for parents and family members.
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Keywords: Depression. Paternity. Pos-partum.
INTRODUÇÃO
Entende-se a Depressão como um estado anormal do corpo e da
mente, em que a pessoa afetada experimenta o sofrimento psicológico,
o qual acaba prejudicando sua vida social e familiar. Assim, esta pode
relatar que já não se interessa minimamente pelos entretenimentos
prediletos e atividades sociais, e suas obrigações são descritas como
muito cansativas e desgastantes (MELO et. al., 2015).
Considera-se que a saúde física e emocional dos membros da
família ocupa um papel muito importante na dinâmica familiar, uma
vez que as pessoas estão interconectadas e são dependentes umas
das outras. Quando ocorre uma alteração de saúde em um de seus
membros, a dinâmica familiar geralmente é afetada, uma vez que a
família influencia a saúde e o bem-estar de seus membros (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2001).
O puerpério é um momento especial do ciclo vital, quando grandes
mudanças acontecem e por isso está sujeito a crises na reorganização
dos novos papéis a serem desempenhados na família. Por vezes,
essas readaptações se tornam mais difíceis e podem aparecer
associadas a um processo depressivo na mãe, que pode repercutir
em toda família (FRIZZO et al, 2010).
Melo et al. (2015), afirmam que a Depressão Pós-Parto (DPP) é
um transtorno mental que provoca alterações emocionais, cognitivas,
comportamentais e físicas. Moraes e Crepaldi (2011), salientem que
a DPP é um importante problema de saúde pública, já que ocorre
em um momento crucial no ciclo da vida familiar, na concretização
do sentido de parentalidade e do nascimento psíquico da criança,
afetando tanto a saúde dos pais quanto o desenvolvimento da criança.
De acordo com Silvia e Botti (2005), o Transtorno Depressivo
Puerperal também acarreta uma série de consequências; estudos
indicam que os principais sintomas da DPP materna são caracterizados
por sentimento de tristeza, incompetência, instabilidade emocional,
etc. Neste contexto, é possível compreender as dificuldades de se
estabelecer um vínculo afetivo favorável ao desenvolvimento do
recém-nascido (MATTIELO; COLS, 2015).
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Vale destacar que a implicação do quadro depressivo puerperal está
intimamente relacionada à duração do transtorno, ou seja,
quanto mais tempo persistir, mais tocante às consequências para o
desenvolvimento psicossocial da criança. (COSTA; MATTIELO; TALLES;
et. al 2015).
O nascimento de um bebê implica em diversas mudanças no
âmbito familiar, social, no estilo de vida do casal, tornando-se o
bebê nesse momento, a prioridade de vida dos pais e familiares
(MIRANDA et. al., 2011). Segundo Papalia et. al (2000), alguns homens,
tanto quanto as mulheres, sentem-se ambivalentes em relação a
tornarem-se pais, e vivenciam uma imensa ansiedade sobre a nova
responsabilidade de cuidar de uma criança.
A Depressão pós-parto paterna (DPPP) surgiu a partir do momento
em que foi constatada a carência de estudos sobre o assunto e o
desconhecimento das pessoas, em geral, sobre o adoecimento no
homem no puerpério. Trata-se de um tema extremamente importante
quando pensado na saúde do homem e na qualidade da relação
parental. Com sintomas muitas vezes mascarados, diferentes da DPP
materna, tais como, irritabilidade, raiva ou distanciamento, a DPP
paterna é uma realidade. Mas porque isso acontece com os pais?
Tradicionalmente pensava-se que o papel do pai era somente
disciplinar os filhos e contribuir com recursos materiais para a família.
Mas, recentemente, têm sido encorajados a envolverem-se mais com
suas crianças e famílias. No entanto, ao contrário da mulher que é
tipicamente preparada pelas gerações anteriores a aprender a lidar
com as crianças (além de ter taxas elevadas de ocitocina – hormônio
que facilita a formação do vínculo mãe-criança), estes jovens pais
sentem ainda a pressão dos modelos tradicionais dos pais e dos avós.
Não lhes foi explicado como ser um bom pai, apenas um modelo de
moralidade. Não foram ensinados a interagir diretamente com as
crianças, mas sempre através da mulher. Isto pode levar a muitas
dúvidas, inseguranças e ansiedade, assim consequentemente levando
a um caso de depressão pós-parto (FALCETO, FERNANDES, KELBER,
2012)
O presente estudo objetivou pesquisar a incidência e motivos
em que ocorrem a Depressão Pós-Parto Paterna (DPPP) e ainda,
analisar a influência em que a depressão pós-parto paterna causa no
âmbito familiar, propondo recomendações de um acompanhamento
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de prevenção. Esta pesquisa apresenta como metodologia uma revisão
bibliográfica em pesquisas atuais e fidedignas publicadas na área.
Trata-se de um estudo de natureza teórica e com fins exploratórios
e explicativos; o tratamento de dados se dará de forma qualitativa,
por meio da realização de pesquisas na web para investigação.
Incidência e impactos da Depressão Pós-Parto Paterna (DPPP)
A inserção de um primogênito no sistema familiar é uma mudança
de valor significativo para a vida a dois e toca na subjetividade de
cada um dos cônjuges. A questão da participação dos pais nos
cuidados com o bebê é um processo que se inicia desde a gestação.
(BOTTOLI; JAGER, 2011). O tornar-se pai é algo além do procriar, é
implicar-se de forma significativa no processo da paternidade.
(HOUZEL, 2004). A partir dessa nova realidade, o ser pai envolve
uma responsabilidade muito grande, pois ocorrem transformações
no contexto familiar, baseadas em função dos novos desafios.
Percebe-se que a mulher possui um papel importante como
incentivadora da demanda por um homem mais envolvido e
interessado, a fim de torná-lo mais participativo nas questões
subjetivas das relações, o que otimiza a qualidade de vida familiar
(STAUDT; WAGNER; BORNHOLDT, 2008). Desse modo, o crescente
reconhecimento do papel do pai contribuiu para novos direcionamentos
das relações da família como um todo. Esses direcionamentos levam
a reconsiderar as interações dos pais entre si, como casal, e o modo
como a chegada do bebê modifica o equilíbrio conjugal e conduz à
ascensão de novos papéis (WEND LAND, 2001).
Alguns estudos (CARDOSO, 2013; PRENBERG et al., 2012)
verificaram que são comuns após o nascimento dos filhos,
manifestações comportamentais dos pais indicando dificuldades que
sentem na expressão dos seus sentimentos, o que coincide com o
que a sociedade espera do comportamento do gênero masculino: o
apoio e a transmissão de segurança aos familiares e, principalmente,
à sua companheira. Por isso, muitos pais escondem seus verdadeiros
sentimentos. (Insegurança, nervosismo, irritação e frustração) atrás
de uma fachada confiante, e calma para com sua parceira.
A gravidez também acarreta para o pai uma gama de processos
psicológicos. Estes, por sua vez, influenciam desde sua relação conjugal
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até o vínculo que o pai estabelecerá com seu filho (BORNHOLDT;
WAGNER, 2005). Nesse sentido, um estudo americano menciona
algumas possíveis causas para os sintomas de ansiedade e depressão
paterna no Pós-Parto. Estas são derivadas de desafios físicos,
emocionais, psicológicos próprios da passagem para a paternidade: a
exaustão provocada pela falta de sono e pelos constantes apelos da
criança; uma perturbação pré-existente (ansiedade/depressão); os
diversos desafios por que passa a relação conjugal, mesmo
logisticamente, porque o casal precisa cuidar de si e do novo bebê.
Este interessante e atual estudo salienta ainda as dificuldades
encontradas por alguns pais em equilibrar a relação profissional e
familiar durante o período perinatal. Os homens tendo maiores
dificuldades de expressão podem optar exclusivamente pelo papel de
provedor, passando muito mais tempo fora de casa a trabalhar,
aumentando assim a sensação de competência laboral, mas diminuindo
o tempo passado com o bebé e a sensação de ser eficaz a cuidar do
bebé, aumentando a responsabilidade da mãe que terá de cuidar dele
e desdobrar-se em tarefas (SINGLEY; EDWARDS, 2015).
Outras pesquisas, como a de Kim e Swain (2007), realizadas sobre
o tema, indicam que a depressão pós-parto paterna, poderia ser
também desencadeada por fatores biológicos. No fim da gravidez e
no período do pós-parto podem ocorrer nos homens uma diminuição
do seu nível de testosterona, sendo que, esses níveis podem se manter
baixos por vários meses depois do parto na maioria dos pais.
Os cônjuges de mulheres com DPP parecem também mais
susceptíveis a desenvolver quadros clínicos de depressão,
favorecendo o aparecimento ou agravamento dos conflitos conjugais,
e seus filhos mostram-se mais propensos a atraso no desenvolvimento
cognitivo e social, distúrbios do sono, doenças diarreicas, distúrbios
nutricionais e atraso no crescimento. (MELO et al., 2015)
De acordo com Falceto et al. (2012), outro fator que pode
contribuir no aparecimento da DPPP é que, no período pós-parto,
aumentam as preocupações financeiras e, consequentemente, a
dedicação do homem ao trabalho, o que pode diminuir ainda mais o
tempo destinado ao relacionamento pai-filho. O medo de falhar nas
tarefas de provedor, apoiador emocional e parceiro romântico está
relacionado ao estresse psicológico paterno, levando, em muitos
casos, ao desenvolvimento de sintomas depressivos.
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Há estudos que apontam que os pais podem desenvolver
Depressão Pós-Parto e sofrimentos psíquicos, principalmente se
presenciarem nascimento de gêmeos. (WENZE, BETTLE et al., 2015)
A gravidez múltipla é um dos principais fatores de risco para a DPP,
entre as hipóteses para isso está a maior exigência física e emocional,
segundo a Psicóloga Gabriela Andrade da Silva, pesquisadora da USP
(Universidade de São Paulo). (JORNAL CORREIO DO ESTADO, 2011).
As consequências da depressão pós-parto podem ser divididas
em precoces e tardias. As consequências precoces incluem: suicídio
e/ou infanticídio (0,2% dos casos), negligências na alimentação do
bebê, bebê irritável, vômitos do bebê, morte súbita do bebê,
machucados “acidentais” no bebê, depressão do cônjuge e divórcio;
já as tardias seriam: criança maltratada, desenvolvimento cognitivo
inferior, retardo na aquisição da linguagem, distúrbio do
comportamento e psicopatologias no futuro adulto. Desta forma, as
repercussões de uma depressão pós-parto são múltiplas. A mulher
que está sofrendo da síndrome corre o risco de suicídio, como em
qualquer outra situação depressiva (GUEDES-SILVA et al., 2003).
As relações familiares, em geral, podem ser afetadas pela DPPP:
as relações interpessoais são perturbadas; o casal - se for o caso também sofre, o que pode provocar uma ruptura (GUEDES-SILVA et
al., 2003). A alta prevalência de DPPP tem grandes implicações
também sobre o bem-estar da criança. Mães e pais com DPP
demonstram menos evidências de apego emocional a seus bebês e
capacidade de estimular o seu desenvolvimento. Se ambos os pais
experimentarem sintomas depressivos durante o período pós-parto,
a interação entre a depressão da mãe e do pai pode acarretar um
risco ainda maior para o desenvolvimento da criança (GUEDES-SILVA
et al., 2003; FALCETO et al., 2012).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo foi possível identificar que as famílias em que os
pais apresentam a Depressão Pós-Parto (DPP) sofrem alterações
negativas após a manifestação dessa doença, uma vez que é muito
difícil para o homem expressar seus sentimentos e suas dificuldades.
Sendo a etiologia da DPP multifatorial, são importantes e
necessárias algumas estratégias preventivas tais como: o trabalho
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multiprofissional de psicólogos, assistentes sociais, médicos,
enfermeiros e outros em atividades preventivas no Pré-Natal e criar
grupos focais com acompanhamento terapêutico e reuniões de
equipe, que poderão contribuir para o manejo preventivo da DPP,
afastando o desenvolvimento do quadro ou permitindo novas
possibilidades terapêuticas (NETO, ALVARES, 2013). Deve-se buscar,
desde o período Pré-Natal, uma integração entre profissionais de
diversas especialidades. Recomenda-se assim, que o pai seja incluído
no maior número de consultas peri-natais possíveis (FALCELTO,
FERNANDES, KELBER, 2012).
Umas das práticas citadas por Bordignon, Cruz et. al (2014), para
melhor relação pai-filho é oferecer ao pai a oportunidade de cortar
o cordão umbilical do seu filho na hora do com o intuído de promover
o envolvimento emocional do pai com o bebê. Este procedimento,
em consonância com as práticas de humanização do parto salienta a
importância da ressignificação da figura paterna contemporânea.
Sobreira e Pessoa (2012) relatam que o que se tem percebido é
que a maioria dos casos de depressão pós-parto não tem sido
detectada e com isso permanecem sem tratamento, sendo seu
diagnóstico precoce extremamente importante, pois somente dessa
forma é possível prevenir possíveis agravos e impactos na qualidade
de vida dos pais e do desenvolvimento do bebê.
Considerada uma das doenças de maior impacto social do mundo,
a depressão transformou-se em problema de saúde pública, doença
grave e muitas vezes incapacitante que se tratada inadequadamente
pode causar prejuízos tanto para os pacientes, como para a
sociedade. (LANDIM et al., 2014).
Este estudo buscou chamar a atenção dos profissionais de Saúde,
para a necessidade de se desenvolver ações que contemplem
conhecimentos e assistência também aos pais desde a gestação dos
seus filhos até o puerpério, essencial para a formação do vínculo
pai-filho.
REFERÊNCIAS
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DISFORIA DE GÊNERO, SEUS ASPECTOS
BIOLÓGICOS, COMPORTAMENTAIS,
INTERVENÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL: REVISÃO
DE LITERATURA
José Luís Fuzer¹, Juliana Marques Barboza¹, Vitória Zocca Nunes de
Barros¹, Graziele Kerges Alcantara²
RESUMO
Este estudo tem como objetivo realizar uma revisão de literatura
sobre estudos que abordem a disforia de gênero, buscando evidenciar
aspectos biológicos e comportamentais, assim como intervenções e
a inclusão social.Método: foi realizada uma revisão de literatura
sobre estudos que abordam a disforia de gênero, buscando evidenciar
aspectos biológicos e comportamentais, assim como intervenções e
a inclusão social destinada a essa população.Considerações finais:
Pode-se concluir a partir dos achados apontados pelos autores ser
necessário que o individuo desenvolva autoconhecimento e se
conscientize junto com a sociedade sobre a liberdade de escolha
perante o direito de ser como se identifica, como também ser
reconhecido como tal, assim como o assunto continua polêmico e
ainda há poucas informações técnicas sobre o mesmo.
Palavras chaves: transexualidade, disforia, gêneros.
1
Dicente do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF
Docente do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF
E-mail: [email protected], [email protected] , [email protected] ,
[email protected]
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1.INTRODUÇÃO
Após a II guerra mundial os movimentos feministas criaram força
e fundamentaram as questões de distinções sociais que relacionava
ao sexo biológico de nascimento, em função da desigualdade, onde
havia um poder masculino sobre o feminino. O movimento feminista
originou o termo ‘gênero’ a fim de melhorar o conceito de que as
diferenças entre o feminino e o masculino não dependiam do sexo
biológico, mas sim de inúmeros fatores, como ambientais, culturais,
etc. Judith Butler, em 1990, contesta sobre a caracterização de
acreditarem em identidades fixas, uma personalidade definida para
homens e uma personalidade distinta definida para mulher, onde os
papéis de cada um eram concretos e não podiam ser mudados. Para
a autora, o gênero vinha muito além de modalidades de identidade,
a orientação sexual ou qualquer aspecto de sexualidade não estão
relacionados. Joan Scott, em 1999, definiu o gênero como um
elemento constituído de relações sociais apoiados pelas diferenças
dos sexos, este termo dá ênfase a todo um sistema que podem incluir
o sexo, porém não é determinado por ele nem pela orientação sexual
(SPIZZIRRIL, PEREIRA, ABDO, 2014).
Na história foi preciso ter uma introdução sobre a definição do
termo gênero a partir do surgimento de conflitos de alguns indivíduos
sobre o seu sexo biológico com o sexo a ser desejado. O papel
desempenhado na sociedade perante a identificação do dito “sexo
feminino/masculino”, após ser adotado sobre os indicadores do sexo
biológico não poderiam vir a serem utilizados da mesma maneira.
Desta forma, o termo gênero começou a ser utilizado para denotar o
papel do indivíduo na sociedade desempenhado como menino ou
menina/homem ou mulher. Designação de gênero refere-se à
designação inicial como homem ou mulher. O termo começou a fazer
parte do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais
(DSM) da Associação Psiquiátrica Americana (APA), apenas em 1994,
sendo que a primeira edição do DSM foi em 1952. Segundo a APA, no
DMS-V (2014), a disforia de gênero decorre de uma incongruência do
gênero que foi designado no nascimento e o gênero ao qual pretende
adquirir.
Este estudo tem como objetivo realizar uma revisão de literatura
sobre estudos que abordem a disforia de gênero, buscando evidenciar
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aspectos biológicos e comportamentais, assim como intervenções e
a inclusão social.
2.MÉTODO
Foi realizado o levantamento bibliográfico nas principais bases
de bases de artigos periódicos nacionais Scielo e Bireme, utilizando
os termos transexualidade, disforia, gêneros.
3.REVISÃO DE LITERATURA
Segundo a APA, no DSM-V (2014), a disforia de gênero varia com
a idade, determinando critérios diagnósticos para crianças,
adolescentes e adultos. Os critérios para crianças são definidos
predominantemente de maneira comportamental. Crianças jovens
(podendo se desenvolver entre as idades de três e quatro anos de
idade), são menos propensas do que crianças mais velhas,
adolescentes e adultos a expressar disforia anatômica extrema e
persistente. Muitos dos critérios básicos fundamentam-se nas
diferenças comportamentais de gênero bem comprovadas entre
meninos e meninas com desenvolvimento normal. Em adolescentes
e adultos, a incongruência entre gênero experimentado e sexo
biológico é uma característica central do diagnóstico.
Fatores relacionados ao sofrimento também variam com a idade.
Crianças muito jovens podem demonstrar sinais de angustia somente
quando os pais dizem que ela ou ele não é “realmente” membro do
outro gênero, mas apenas “deseja” ser. O sofrimento pode não se
manifestar em ambientes sociais que apoiam o desejo da criança de
viver o papel do outro gênero e pode surgir somente se houver alguma
interferência nesse desejo (APA, 2014). Prejuízos como rejeição da
escola, desenvolvimento de depressão, ansiedade e abuso de
substâncias podem ser consequências da disforia de gênero (APA,
2014; ARÁN, MURTA, 2009).
Em crianças há insistência em falar sobre pertencer a outro sexo,
elas chamam a si mesmo pelo nome referente ao sexo oposto e criam
fantasias persistentes. A angustia de mudanças sexuais permanecem
secundárias durante a puberdade e resultam em isolamento durante
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interações sociais. Os meninos com disforia de gênero
frequentemente não gostam do próprio pênis e testículos desejando
o desaparecimento dos seus genitais. As meninas tendem a se
recusarem a urinar sentadas e adquirirem aversão às roupas
femininas. Os adolescentes e adultos, assim como as crianças
também experimentam intenso desejo de pertencerem ao sexo
oposto, porém buscam adaptar-se a grupos do sexo biológico a que
pertencem. O desejo de viver e ser tratado como o sexo oposto é
claramente percebido, apresentando desconforto com seu sexo
biológico, inadequação no papel de gênero dado e grande
preocupação em livrar-se das características sexuais primárias e
secundárias, como seios, pelos faciais e definição muscular
(CARDOSO, 2005; APA, 2014).
Pessoas com disforia de gênero podem desenvolver sofrimento
ou prejuízo em áreas sociais e ou ocupacionais, o que pode afetar
na autoestima e escolha de parceiros sexuais. Resultam em
sofrimentos de ordem psíquica como transtornos de ansiedade,
depressão e sentimentos suicidas (CARDOSO, 2005)
Lima Santos (2010), ensina que é importante ter a percepção
das diferenças existentes entre a identidade de gênero de uma
pessoa, a sua orientação sexual e o gênero em si, pois são
conceitos ainda muito confundidos. O gênero é um processo de
auto identificação, do seu corpo pessoal e sua personalidade,
referente ao físico, ou seja como o próprio individuo se auto
identifica, ser pertencente ao gênero masculino, ao feminino, à
androginia (características femininas e masculinas em um único
ser) ou a fuga completa desses dois polos. A orientação sexual é
a atração afetiva sexual que tem por alguém independente do
gênero que ela se identifica. Uma dimensão não depende da
outra, não há uma norma de orientação sexual em função do
gênero das pessoas, assim, nem todo homem e mulher é
“naturalmente” heterossexual. Sendo assim, a identidade de
gênero não corresponde à realidade em pensar que toda pessoa
é naturalmente cisgênero. A identidade diz respeito ao gênero
com o qual você se identifica enquanto sujeito, ou seja, o
indivíduo pode se identificar com algum gênero diferente do
designado no seu nascimento e ter atração afetiva sexual pelo
mesmo, ou não.
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A doutora em psicologia, Jaqueline Gomes Jesus (2012), esclarece
didaticamente as diferenças existentes entre a transgeneridade e a
cisgereneridade, aproveitando a oportunidade para conceituá-las de
maneira que não seja discriminatória (OLIVEIRA & PORTO, 2016):
Crescemos sendo ensinados que “homens são assim e mulheres são assado”,
porque “é da sua natureza”, e costumamos realmente observar isso na
sociedade. Entretanto, o fato é que a grande diferença que percebemos entre
homens e mulheres é construída socialmente, desde o nascimento, quando
meninos e meninas são ensinados a agir de acordo como são identificadas, a
ter um papel de gênero “adequado”. Como as influências sociais não são
totalmente visíveis, parece para nós que as diferenças entre homens e
mulheres são naturais, totalmente biológicas, quando, na verdade, parte delas
é influenciada pelo convívio social. Além disso, a sociedade em que vivemos
dissemina a crença de que os órgãos genitais definem se uma pessoa é homem
ou mulher. Porém, essa construção do sexo não é um fato biológico, é social.
[...] Sexo é biológico, gênero é social. E o gênero vai além do sexo: O que
importa, na definição do que é ser homem ou mulher, não são os cromossomos
ou a conformação genital, mas a auto percepção e a forma como a pessoa se
expressa socialmente. [...] Chamamos de cisgênero, ou de “cis”, as pessoas
que se identificam com o gênero que lhes foi atribuído quando ao nascimento.
[...] denominamos as pessoas não-cisgênero, as que não se identificam com o
gênero que lhes foi determinado, como transgênero ou trans.[...]
A transexualidade é uma questão de identidade. Não é uma doença mental,
não é uma perversão sexual, nem é uma doença debilitante ou contagiosa.
Não tem nada a ver com orientação sexual, como geralmente se pensa, não é
uma escolha nem é um capricho. Ela é identificada ao longo de toda a História
e no mundo inteiro. [...]
Uma parte das pessoas transexuais reconhece essa condição desde pequenas,
outras tardiamente, pelas mais diferentes razões, em especial as sociais,
como a repressão (JESUS, 2012, Pp 7-12).
Percebe-se, assim, a importância em se respeitar o gênero ao
qual uma pessoa se identifica; não se trata de doença ou transtorno
mental, mas de mera condição natural, de performance,
autodeterminação e subjetividade pura (OLIVEIRA & PORTO, 2016).
3.1 INTERVENÇÃO E A INCLUSÃO SOCIAL
O psicólogo atua primeiramente no auxílio de autoconhecimento
do paciente direcionando-o para uma adequação que lhe proporciona
bem-estar, compreendendo e intervindo no conflito pessoal através
da aflição que a paciente passa quando se encontra incongruente
com sua identidade de gênero. O profissional carece de empatia e
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conhecimentos judiciários para compreender o sofrimento psíquico
da atual situação do paciente (REIS, MARCO, 2014).
Compreender e intervir no conflito singular de identidade,
perante a incongruência do desenvolvimento dos caracteres físicos
secundários com os sentimentos do indivíduo. Percebe-se que muitos
pela ausência de informações e assistência na situação “ter nascido
em um corpo de homem, mas se sentir uma mulher” movem ações
de automutilação podendo mesmo chegar ao limite do suicídio. “O
psicólogo pode mediar à produção de novas realidades e
(re)inserção, abolindo preconceitos potencializando a vida e a
existência dos transexuais.” (p-126). A terapia é necessária para a
preparação do transexual nas dificuldades sociais ainda decorrentes
do preconceito prevalecente. Na terapia o indivíduo através do
autoconhecimento proporcionado pelo profissional é capacitado a
estar se aceitando e podendo assim se reinserir no meio social,
familiar e trabalhista (BENEDET, ALMEIDA, MACHADO, RIBEIRO,
NEHLS, 2013).
As maiores dificuldades na psicoterapia é tratar a confiança, a
autoestima do paciente e trabalhar com ele o auto preconceito. O
preconceito que passam no meio social acaba sendo designado a si
mesmos, muitos transexuais quando vão à procura de contatos
profissionais de saúde, detém uma autoimagem relacionada a ser
uma “aberração” ou “monstro”, e depositam na Medicina a salvação
ou a condenação ao seu estado. Primeiro o profissional precisa
lidar com o aspecto pessoal do paciente com ele mesmo e então
tratar o preconceito social e fazê-lo entender que necessita se
perceber, se conhecer, se aceitar e respeitar as suas diferenças, e
então refletir sobre como as pessoas, no dia a dia tem dificuldades
para lidarem com isto, e ajuda-lo a lutar para que os consigam
perceber e também respeitar as diferenças do “transexualismo”
(REIS, MARCO, 2014).
No Brasil, segundo o decreto N° 51.180/2010 a autorização do
nome social em ações públicas e lugares com inclusão social é
permitida. Tendo o indivíduo todos os direitos fundamentais,
constituem também o direito ao nome social. É fundamental que
este direito seja constituído, o reconhecimento formal do nome
social tutela a dignidade dos transexuais e influência no
aprimoramento à inclusão social, evitando situações de
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constrangimento. A importância de tal concretização representa
para o indivíduo o primeiro e mais importante passo para a sua
identificação pessoal, sendo também a categorização da sua
personalidade, individualidade e reconhecimento familiar, social e
civil. Pesquisas elaboradas pela gazeta do povo 2009 relatam que
o preconceito e o constrangimento causados na escola através das
dificuldades que os transexuais sofrem para conquistarem o nome
social é a maior causa de não completarem os estudos (MARANGONI,
2015).
Sendo eficaz o procedimento do paciente obter reconhecimento
e aceitação com o gênero desejado, o procedimento da cirurgia de
redesignação sexual é a intervenção concedida para a finalização
do procedimento em concretizar o processo. A cirurgia de
transgenitalização (cirurgia de redesignação sexual) é significante
para uma possibilidade maior de integração individual e social do
indivíduo já que a partir deste ato, todas os documentos e quaisquer
situações relacionadas ao indivíduo serão tratadas com o nome e o
gênero escolhido pelo própria. Virá a oportunidade de eliminar sua
dualidade sexual para que se afirme na qualidade em que seu sexo
psicológico o define (REIS, MARCO, 2014 & MARANGONI, 2015).
Os procedimentos desenvolvidos para a cirurgia de mudança de
sexo vêm sendo aprimorados, a construção artificial da genitália
masculina e feminina está ficando cada vez mais similar na aparência
e na funcionalidade. O objetivo é atender às ansiedades e a
expectativa dos pacientes transexuais. Hoje existem diversas técnicas
e diferentes procedimentos disponíveis, o que aumenta as
possibilidades daqueles que desejam optar por tal procedimento. As
cirurgias são irreversíveis, por esta razão é fundamental o
esclarecimento para o indivíduo de todas as consequências, sejam
funcionais ou estéticas dos procedimentos, assim como o
esclarecimento sobre os possíveis riscos. Procurar contatos prévios
com os médicos e com pacientes que já realizaram as cirurgias é
indicada para melhor auxiliar na tomada da decisão em relação à
ocorrência ou não da cirurgia (CARDOSO, 2005 & MAKSOUD, PASSOS,
PEGORARO, 2014).
No caso de redesignação sexual de mulheres transexuais, são
empregadas: a retirada ou o desmembramento do pênis, a retirada
parcial do escroto, orquiectomia bilateral, uretroplastia, construção
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da neovagina, neoclitoroplastia e neovulvoplastia. Para a modificação
dos caracteres sexuais secundários são empregadas a mamoplastia,
cricotireoplastia, cirurgia de cordas vocais, cirurgia feminilizante
de face e contorno corporal e realização de depilação definitiva.
Para cada etapa da tática cirúrgica, seja para a transgenitalização,
seja para a modificação dos caracteres secundários, são empregadas
diferentes técnicas. Os autores ressaltam que nem todas as cirurgias
de modificação de caracteres sexuais secundários são aplicáveis a
todas as usuárias, e dependem de resultados da hormonioterapia
feminilizante (ÁRAN & MURTA, 2009 apud MAKSOUD, PASSOS,
PEGORARO, 2014).
Já na redesignação sexual de homens transexuais, classificada
como uma cirurgia experimental, as táticas cirúrgicas empregadas
envolvem: a histerossalpingo-oforectomia, a colpectomia, a
neofaloplastia e a escrotoplastia. Tal qual no caso de
transgenitalização de mulheres transexuais, no caso de homens, levase em conta a diversidade de técnicas para cada uma das etapas
cirúrgicas. Nesses casos, a mastectomia bilateral é definida como
cirurgia de caractere sexual secundário e pode ser realizada antes
(ou independentemente) da cirurgia genital. (ÁRAN & MURTA, 2009
apud MAKSOUD, PASSOS, PEGORARO, 2014).
Para a legalização da cirurgia de transgenitalização ocorreram
inúmeras discussões que começaram a terem repercussões no Brasil
em 1979, quando o Conselho Federal de Medicina foi consultado
pela primeira vez sobre a inclusão de próteses mamarias em pacientes
do sexo masculino. No ano de 1997 ocorreu a primeira manifestação
favorável à realização de cirurgia de transgenitalização no “I Encontro
Nacional dos Conselhos de Medicina”. Nesse Encontro a cirurgia foi
considerada a etapa mais importante no tratamento do
“transexualismo”. Inicialmente o procedimento foi justificado pelo
princípio da beneficência da Bioética que possibilita a integração
entre o corpo e a identidade sexual psíquica do interessado
(CARDOSO, 2005). A cirurgia de transgenitalização e as
hormonioterapias em casos de “transexualismo” tornaram-se
procedimentos médicos legais no Brasil em 1997, a partir da
regulamentação de suas condições na resolução nº1.482/97 do
Conselho Federal de Medicina, que logo após, em 2002, foi revogada
pela resolução do CFM nº1652/2002, que permanece em vigor.
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4 -CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo teve como objetivo realizar um levantamento
bibliográfico buscando evidenciar aspectos biológicos e
comportamentais, assim como as intervenções e a inclusão social
disponíveis a essa população. Pode-se concluir a partir dos achados
apontados pelos autores que o assunto continua polêmico e ainda
há poucas informações técnicas sobre o mesmo. Esta população não
é inteiramente aceita pela sociedade, tornando-se vítima de
preconceito e discriminação. Uma parte da sociedade e algumas
religiões consideram a disforia de gênero muitas vezes como um
comportamento inadequado, podendo levar o indivíduo a acreditar
que aceitar sua condição biológica e conviver com esse fato seria a
melhor opção. Ao revisarmos a literatura constatamos ser necessário
que o individuo desenvolva autoconhecimento e se conscientize junto
com a sociedade sobre a liberdade de escolha perante o direito de
ser como se identifica, como também ser reconhecido como tal.
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EDUCAÇÃO DE GÊNERO: GÊNERO NA
EDUCAÇÃO BÁSICA, PEDAGOGIA
CONTEMPORÂNEA
RODRIGUES, Thales Del Vechio ¹
GERALDO, Lorena Brunieri²
RESUMO
Apresentar a cultura do respeito à diversidade de gênero,
motivando a compreensão da sexualidade e evidenciando o
descompasso no sistema educacional brasileiro. Juntamente a
intenção desta proposta é evidenciar a urgência necessária dessa
aplicação metodológica de ensino na educação básica para reforçar
a magnitude do problema social, causado pela falta do mesmo no
regime pedagógico dos pais. Pensar sobre gênero é refletir na inclusão
de cidadania e liberdade, e nesse pretexto, achar a justificação
necessária para validar essa prática educacional se torna inteligível.
O gênero é uma característica mutável e não um atributo fixo, e é
construído socialmente como uma variável fluida, fica mais que
explicita a dimensão do problema.
Palavras-chave: Cultura do Respeito. Diversidade. Educação
Básica. Gênero. Problema Social. Sexualidade.
¹ Acadêmico do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral- FAEF. Email para contato: [email protected]
² Acadêmico do curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral- FAEF. Email para contato: [email protected]
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ABSTRACT
Presenting the respect for gender diversity culture, encouraging
understanding of sexuality and showing the gap in the Brazilian
educational system as well as reveal the necessary urgency of this
methodological application of teaching in basic education to enhance
the magnitude of the social problem caused by the lack of their
implementation in the educational system of the country it has been
the intention of this proposal. Think about gender is also thinking
about freedom and citizenship, and this pretext, to find the necessary
justification to validate this educational practice becomes
intelligible. If gender is a mutable characteristic and not a fixed
attribute, and is socially constructed as a fluid variable makes it
explicit that the scale of the problem.
Keywords: Basic education. Diversity. Genre. Respect Culture.
Sexuality. Social issue.
1 INTRODUÇÃO
Identidade não é algo inato ao ser, é relacional e portanto
dependente de vários fatores para se definir em sua totalidade. Isso
implica dizer que a identidade traz a afirmação de si próprio,
enquanto a diferença afirma o que o outro é, ou seja, a diferença
nega que eu sou aquilo que o outro é (FRANCISCA, 2015). Silva (2012)
explica: “as afirmações sobre a diferença também dependem de
uma cadeia, em geral oculta, de declarações negativas sobre (outras)
identidades. Assim como a identidade depende da diferença, a
diferença depende da identidade. Identidade e diferença são, pois,
inseparáveis” (p. 75). Entender identidade em um contexto pósmoderno só é possível quando se é levado em consideração o “sujeito
pós-moderno” e suas variadas identidades, Hall (2011) afirma que
esta é móvel, inconstante, fragmentada e contraditória, é “formada
e transformada continuamente em relação às formas pelas quais
somos representados ou interpelados nos sistemas culturais que nos
rodeiam” (p. 13). Desse modo, é cabível o pensamento de que em
um único sujeito se torne possível a possibilidade de existir várias
formas de identidade e isso se deve “à medida que os sistemas de
significação e representação cultural se multiplicam” (p. 13). Por
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fim, é inteligível a forma de pensar que identidade ou identidades
é/são construída/s historicamente e partem de uma relação com
algo externo ao sujeito. O fator diferente nele é o que me torna
singular (FRANCISCA, 2015).
Gênero por sua vez começa ser usado com o objetivo de enfatizar
nossas relações, papeis e características a partir de nosso sexo
biológico, o que nos é fundamentalmente atribuído pela nossa
condição social (JOAN SCOTT, 1995). Masculinidade e feminidade
não são questões inatas ao ser, mas algo aprendido, portanto, a
construção da identidade de gênero é baseada substancialmente das
relações socioculturais. A autora explica:
A masculinidade ou a feminidade de uma pessoa não é inata nem natural,
mas algo que é aprendido, que é constantemente retrabalhado e
reconfigurado, além de encenado para o self e para os outros. São estados
ativos, pois não são apenas o que somos, mas o que fazemos, como nos
apresentamos, como pensamos sobre nós próprios em tempos diversos e em
lugares específicos (PAECHTER, 2009, p. 24).
O desenvolvimento infantil é continuamente ensaiado e
encenado, tornando mais que explicito o entendimento de que a
construção da identidade de gênero é baseado na incorporação que
se provem das relações socioculturais (FRANCISCA, 2015) então,
“dizem respeito à identificação dos sujeitos com configurações de
masculinidade ou de feminilidade” (CARVALHO, ANDRADE,
JUNQUEIRA, 2009, p. 27).
Em síntese, gêneros são identidades performativas e baseiam-se
por meio das relações socioculturais e das características masculinas e
femininas que são empregadas em sua incorporação. Contudo, não são
obrigatoriamente fixadas em nossos corpos biológicos nem tampouco
estabelecem razão do sexo ao ser. Identidade de gênero é opcional e
totalmente livre arbitraria, atribuir e disseminar qualquer ideia diversa
é retrogradação. Identidade é critério pessoal de escolha e não mais
modo característico atribuído (CARVALO, ANDRADE, JUNQUEIRA, 2009).
2
GÊNERO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Entendo como sociedade progressista um agrupamento que
enalteça a equidade no que se refere a construção de identidades
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plurais, e que sejam igualmente valorizadas pelo setor social
(FRANCISCA, 2015). A teoria feminista entende o conceito de gênero
sendo como uma construção social, cultural, histórica e além de
tudo educacional, e sabe que os valores de ordem social são atribuídos
de forma instituída, mais do que nunca, estereótipos de gêneros
precisam ser solucionados (CARVALO, ANDRADE, JUNQUEIRA, 2009).
A escola tem como finalidade gravar em nossos corpos
biológicos as diferenças de gênero, produzindo e reproduzindo
normas estabelecidas culturalmente que são em essência
heterossexistas, misóginos e/ou homófobos. Mas, é nessa etapa
que se aprende a preferir, é nesse ciclo que todos os sentidos são
treinados e todas lições atravessadas, nos produzindo diferenças,
nos resultando singulares. O comportamento nesse período é
imposto, devem se comportar segundo seu sexo, e se porventura
houver alguém contrário a norma, será logo classificado como
desviante de gênero e eventualmente recolocado (CARVALHO,
2014; LOURO, 2013; PAECHTER, 2009). Nessa acepção, Louro
(2003) nos ressalta, dizendo:
Gestos, movimentos, sentidos são produzidos no espaço escolar e incorporados
por meninos e meninas, tornam-se parte de seus corpos. Ali se aprende a
olhar e a se olhar, se aprende a ouvir, a falar e a calar; se aprende a preferir.
Todos os sentidos são treinados, fazendo com que cada um e cada uma conheça
os sons, os cheiros e os sabores “bons” e decentes e rejeite os indecentes;
aprenda o que, a quem e como tocar (ou, na maior parte das vezes, não
tocar); fazendo com que tenha algumas habilidades e não outras... E todas
essas lições são atravessadas pelas diferenças, elas confirmam e também
produzem diferença (p. 61).
O gênero é tendente a uma forma de organizar o mundo,
estabelecendo os ambientes adequados para as meninas e meninos,
e é como se sem a identidade de gênero, sem a distinção do que é
semelhante e diferente as crianças não conseguissem adentrar em
um grupo. A importância da equidade de gênero e educação não
sexista é deixada em segundo plano, as instituições de educação
infantil separam as crianças em razão do sexo e continuam por fazer
isso mesmo sendo evidente a irregularidade que isso causa em sentido
interpessoal, como por exemplo o machismo e ou a homofobia que
são problemas consequentes dessa defasagem (FRANCISCA, 2015;
PAECHTER, 2009; CARVALHO, 2014).
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A construção de gênero é fundamentada na educação infantil, e
é seguro dizer que é alicerçada sob diversas situações de inúmeras
aprendizagens práticas de como ser, o que se deve ser, através de
modos explícitos ou completamente dissimulados em instancias
sociais e culturais (LOURO, 2008). Se a necessidade de uma reforma
no domínio escolar é urgente, a restruturação na esfera familiar é
improrrogável, agir nesse contexto é primordial para a excelência
futura desse conceito. Estruturar a família e a consciencializar do
detrimento que é gerado, é parte crucial para formarmos uma
sociedade mais condescendente.
Os conceitos de sexo e gênero estão obsoletos e se encontram
firmemente estruturados em uma sociedade que muda
vagarosamente, crianças –principalmente as da primeira infância–
necessitam de uma nova e estruturada imagem sobre o que vem a
ser gênero, e sobre qual perspectiva deve-se adotar em seu processo
de aprendizagem. O esforço é por um ensino sem “coisa de menino”
e “coisa de menina”, a escola tem que a acreditar que pode ser
parceira da família, e o preconceito não é vencido de uma hora pra
outra (ELEUTÉRIA AMORA DA SILVA – PORTAL TERRA, 2015)
Crianças crescem e se tornam aquilo que se esperam delas, o
modelo a ser seguido define o que serão suas vidas e como suas
individualidades serão construídas através desse contexto. O perfil
de gênero que se espera das crianças constrói o paradigma
comportamental, os meninos são socializados para serem mais
desobedientes e agitados, as meninas, organizadas e caprichosas e
isso acaba por refletir nos resultados das crianças e em seu
desenvolvimento adulto (MARÍLIA PINTO DE CARVALHO, 2015)
Dito isso, vale relatar um estudo realizado em 2014 pela
Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
que constata a discrepância entre o desenvolvimento das crianças,
em geral, as meninas apresentaram um resultado ínfero em matérias
como matemática se comparadas aos meninos da mesma série, e
isso se deve diretamente à falta de confiança que elas possuem em
si mesmas e em relação aos números, ocasionando uma diferença
de 11 pontos entre crianças da mesma sala, equivalente a três meses
de aula. Enquanto as garotas destacaram na leitura uma diferença
de 38 pontos quando comparadas aos meninos, o que resulta em
quase um ano escolar inteiro de diferença. Fica claro a disfunção
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gerada pela educação sexista que repete o mesmo discurso
insistentemente e que não abre espaço para que o comportamento
possa ser outro.
Para descobrir se um brinquedo é para meninas ou meninos basta
se perguntar se para brincar precisa-se usar os órgãos genitais? Se
sim, não é brinquedo de criança. Se não, é para ambos os sexos. A
distorção na compreensão da realidade pela catalogação de objetos,
cores e roupas, por exemplo, é um fator prejudicial ao processo de
formação dessas crianças, o saudável é que ela explore suas
alternativas sem julgamentos (MARÍLIA PINTO DE CARVALHO, 2015).
A educação sexual deve ser implementada em nosso corpo social de
uma forma que construa conhecimento não vinculado com qualquer
tipo de ideia que associe a sexualidade à impureza ou coisa profana
(GONÇALVES, FALEIRO & MALAFAIA, 2013).
Por fim, fica mais que apropriado circunscrever-se com as
palavras do autor (MICHEL FOUCAULT, 1988), transparecendo-nos:
“As crianças, por exemplo, sabe-se muito bem que não têm sexo: boa razão
para interditá-lo, razão para proibi-las de falarem dele, razão para fechar os
olhos e tapar os ouvidos onde quer que venham a manifestá-lo, razão para
impor um silêncio geral e aplicado. Isso seria próprio da repressão e é o que
a distingue das interdições mantidas pela simples Lei penal: a repressão
funciona, decerto, como condenação ao desaparecimento, mas também como
injunção ao silêncio, afirmação da inexistência e, consequentemente,
constatação de que, em tudo isso, não há nada para dizer, nem para ver, nem
para saber. Assim marcharia, com sua lógica capenga, a hipocrisia de nossas
sociedades burguesas. (p.10)”
3
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação sendo como um estímulo a mudar os valores de uma
sociedade e a construção de uma coletividade baseada na igualdade,
que se necessita por ser implantada, tanto na escola quanto em
casa tendo como abordagem a igualdade de gênero e a educação
não sexista, precisam entrar em compasso com o diálogo que requer
ser originado entre instituição e família. Oferecer leques amplos de
opções para alunos quanto aos seus interesses e brincadeiras é
obrigatório e a concepção de igualdade deve estar realmente
presente nas aulas e em casa. Otimizar o conceito já existente e
elucidar sua importância em contexto social é necessário tanto como
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atribuir uma desconstrução preconceituosa em nossa cultura, o
processo é vagaroso e de difícil implementação, mas primordial.
É válido reconhecer a iniciativa do documento em abordar gênero,
lembrando que não existia no Brasil nenhuma referência anterior
(FRANCISCA, 2015); Salvo o único documento que orienta as práticas
pedagógicas na Educação Infantil, mas ainda pouco disseminado,
que tem como objetivo (BRASIL, 1998) “transmitir por meio de ações
e encaminhamentos, valores de igualdade e respeito entre as pessoas
de sexos diferentes” (p. 41-42).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
(RCNEI). v. 2 (Formação Pessoal e Social). Ministério da Educação e
do Desporto. Brasília: MEC/SEF, 1998.
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de gênero na instituição de educação infantil. In. ASSIS, Gláucia
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MALAFAIA, G. Educação Sexual no Contexto Familiar e Escolar:
Impasses e Desafios. Campus Urataí, Goiás, 2013.
PAECHTER, Meninos e meninas: aprendendo sobre masculinidades
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scott_gender/scott_gender.pdf. Acesso em: 24 set 2016.
SILVA, Francisca Jocineide da Costa. Construções de Identidade de
Gênero na Primeira Infância: Uma Análise da Produção Científica
e do RCNEI. Florianópolis. 37ª Reunião Nacional da ANPEd – 04 a 08
de outubro de 2015, UFSC.
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EDUCAÇÃO DE GÊNERO: IMPASSES E DESAFIOS
PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL NA
CONTEMPORANEIDADE
RODRIGUES, Thales Del Vechio¹
GERALDO, Lorena Brunieri¹
FONSECA, Bárbara Cristina Rodrigues²
RESUMO
Contextos do desenvolvimento humano como a escola e a família
gravam em nossos corpos biológicos as diferenças de gênero,
produzindo e reproduzindo normas estabelecidas culturalmente. Este
artigo, de revisão bibliográfica, tem como objetivo apresentar a
influência cultural em relação à diversidade de gênero, evidenciando
impasses e desafios para a Educação Infantil na contemporaneidade.
Busca, neste sentido, evidenciar a urgência de uma nova abordagem
metodológica de ensino, capaz de ressignificar os estereótipos de
gêneros impregnados socialmente. Os autores pesquisados concordam
que, pensar em gênero implica refletir na inclusão de cidadania,
liberdade e respeito ao diferente, em todos os contextos.
Palavras-chave: Cultura. Diversidade. Educação Infantil. Gênero.
¹ Acadêmico do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral- FAEF. Email: [email protected]
¹ Acadêmico do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral- FAEF. Email: [email protected]
² Docente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral. E-mail:
[email protected]
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ABSTRACT
Contexts of human development as the school and the family
record in our biological bodies gender differences, producing and
reproducing standards established culturally. This article, literature
review, aims to present the cultural influence in relation to gender
diversity, showing impasses and challenges for Early Childhood
Education in contemporaneity. Search this sense, highlight the
urgency of a new methodological approach to teaching, able to
reframe stereotypes impregnated genres socially. The authors
surveyed agree that, think of gender implies reflect the inclusion of
citizenship, freedom and respect for the different, in all contexts.
Keywords: Culture. Diversity. Child education. Genre.
1INTRODUÇÃO
A identidade não pode ser compreendida como inata e sim
relacional, uma vez que dependente de vários fatores para se definir
em sua totalidade. Isso implica dizer que a identidade traz a
afirmação de si próprio, enquanto a diferença afirma o que o outro
é, ou seja, a diferença nega que eu sou aquilo que o outro é (SILVA,
2015). Silva (2012) explica: “as afirmações sobre a diferença também
dependem de uma cadeia, em geral oculta, de declarações negativas
sobre (outras) identidades. Assim como a identidade depende da
diferença, a diferença depende da identidade. Identidade e diferença
são, pois, inseparáveis” (p. 75). Entender identidade em um contexto
pós-moderno só é possível quando se é levado em consideração o
“sujeito pós-moderno” e suas variadas identidades. Neste sentido,
Hall (2011) afirma que esta é móvel, inconstante, fragmentada e
contraditória; “formada e transformada continuamente em relação
às formas pelas quais somos representados ou interpelados nos
sistemas culturais que nos rodeiam” (p. 13). Desse modo, é cabível
o pensamento de que em um único sujeito se torne possível a
possibilidade de existir várias formas de identidade e isso se deve
“à medida que os sistemas de significação e representação cultural
se multiplicam” (p. 13). Por fim, é inteligível a forma de pensar que
identidade ou identidades é/são construída/s historicamente e
partem de uma relação com algo externo ao sujeito. O fator diferente
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nele é o que me torna singular (FRANCISCA, 2015).
Gênero, por sua vez, começa ser usado com o objetivo de
enfatizar nossas relações, papeis e características a partir de nosso
sexo biológico, o que nos é fundamentalmente atribuído pela nossa
condição social (JOAN SCOTT, 1995). Masculinidade e feminidade
não são questões inatas ao ser, aprendidas. A construção da identidade
de gênero é baseada substancialmente das relações socioculturais.
A autora explica:
A masculinidade ou a feminidade de uma pessoa não é inata nem natural,
mas algo que é aprendido, que é constantemente retrabalhado e
reconfigurado, além de encenado para o self e para os outros. São estados
ativos, pois não são apenas o que somos, mas o que fazemos, como nos
apresentamos, como pensamos sobre nós próprios em tempos diversos e em
lugares específicos (PAECHTER, 2009, p. 24).
O desenvolvimento infantil é continuamente ensaiado e
encenado, tornando mais que explicito o entendimento de que a
construção da identidade de gênero é baseado na incorporação que
provêm das relações socioculturais (SILVA, 2015), então, “dizem
respeito à identificação dos sujeitos com configurações de
masculinidade ou de feminilidade” (CARVALHO et. al. 2009, p. 27).
Em síntese, gêneros são identidades performativas e baseiam-se
por meio das relações socioculturais e das características masculinas
e femininas que são empregadas em sua incorporação. Contudo,
não são obrigatoriamente fixadas em nossos corpos biológicos nem
tampouco estabelecem razão do sexo ao ser. Identidade de gênero é
opcional e totalmente livre arbitrária, atribuir e disseminar qualquer
ideia diversa é retrogradação. Identidade é critério pessoal de escolha
e não mais modo característico atribuído (CARVALO et al, 2009).
Na contemporaneidade, os conceitos de sexo e gênero estão
obsoletos e se encontram firmemente estruturados em uma sociedade
que muda vagarosamente, crianças, principalmente as da primeira
e segunda infância, necessitam de uma nova e estruturada imagem
sobre o que vem a ser gênero, e sobre qual perspectiva deve ser
adotada no processo de aprendizagem do mesmo. O esforço é por
um ensino sem “coisa de menino” e “coisa de menina”; a escola
tem que a acreditar que pode ser parceira da família, o preconceito
não é vencido de uma hora pra outra (SILVA, 2015).
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Diante desta problemática, este artigo, de revisão bibliográfica,
tem como objetivo apresentar a influência cultural em relação à
diversidade de gênero, evidenciando impasses e desafios para a
Educação Infantil na contemporaneidade.
2 GÊNERO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
A escola tem como finalidade gravar em nossos corpos biológicos
as diferenças de gênero, produzindo e reproduzindo normas
estabelecidas culturalmente que são, em essência, heterossexistas,
misóginos e homófobos. Mas, é nessa etapa que se aprende a preferir,
é nesse ciclo que todos os sentidos são treinados e todas lições
atravessadas, nos produzindo diferenças, nos resultando singulares.
O comportamento de meninos e meninas na infância é imposto
socialmente, devem se comportar segundo seu “sexo”, e se,
porventura, houver o contrário ou diferente, logo, será classificado
como desviante de gênero e, eventualmente, recolocado (CARVALHO,
2014; LOURO, 2013; PAECHTER, 2009). Nessa acepção, Louro (2003)
nos ressalta:
Gestos, movimentos, sentidos são produzidos no espaço escolar e incorporados
por meninos e meninas, tornam-se parte de seus corpos. Ali se aprende a
olhar e a se olhar, se aprende a ouvir, a falar e a calar; se aprende a preferir.
Todos os sentidos são treinados, fazendo com que cada um e cada uma conheça
os sons, os cheiros e os sabores “bons” e decentes e rejeite os indecentes;
aprenda o que, a quem e como tocar (ou, na maior parte das vezes, não
tocar); fazendo com que tenha algumas habilidades e não outras... E todas
essas lições são atravessadas pelas diferenças, elas confirmam e também
produzem diferença (p. 61).
O gênero é tendente a uma forma de organizar o mundo,
estabelecendo os ambientes adequados para as meninas e meninos;
é como se sem a identidade de gênero, sem a distinção do que é
semelhante e diferente, as crianças não conseguissem adentrar em
um grupo. A importância da equidade de gênero e educação não
sexista é deixada em segundo plano, uma vez que as instituições de
educação infantil separam as crianças em razão do sexo e continuam
por fazer isso mesmo sendo evidente a irregularidade que isso causa
em sentido interpessoal, como, por exemplo, o machismo e ou a
homofobia (SILVA, 2015; PAECHTER, 2009; CARVALHO, 2014).
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A construção de gênero é fundamentada na Educação Infantil, e
é seguro dizer que é alicerçada sob diversas situações de inúmeras
aprendizagens práticas de como ser, o que se deve ser, através de
modos explícitos ou completamente dissimulados em instancias
sociais e culturais. Se a necessidade de uma reforma no domínio
escolar é urgente, a restruturação na esfera familiar é improrrogável.
Enfim, agir nesse contexto é primordial para a excelência futura
desse conceito. A família carece ser consciencializada do detrimento
que é gerado, é parte crucial para formarmos uma sociedade mais
condescendente (LOURO, 2008).
Crianças crescem e se tornam aquilo que se esperam delas; o
modelo a ser seguido define o que serão suas vidas e como suas
individualidades serão construídas através desse contexto. O perfil
de gênero que se espera das crianças constrói o paradigma
comportamental: os meninos são socializados para serem mais
desobedientes e agitados, as meninas, organizadas e caprichosas e
isso acaba por refletir nos resultados das crianças e em seu
desenvolvimento adulto (CARVALHO, 2015).
Vale relatar um estudo realizado, em 2014, pela Organização de
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que constata a
discrepância entre o desenvolvimento das crianças: em geral, as
meninas apresentaram um resultado ínfero em matérias como
Matemática se comparadas aos meninos da mesma série, e isso se
deve diretamente à falta de confiança que elas possuem em si
mesmas e em relação aos números, ocasionando uma diferença de
11 pontos entre crianças da mesma sala, equivalente a três meses
de aula. Enquanto as garotas destacaram na leitura uma diferença
de 38 pontos quando comparadas aos meninos, o que resulta em
quase um ano escolar inteiro de diferença. Fica claro, a partir dos
resultados deste estudo, a disfunção gerada pela educação sexista
que repete o mesmo discurso insistentemente e que não abre espaço
para que uma mudança de comportamento, diferente do esperado.
Para descobrir se um brinquedo é para meninas ou meninos
basta perguntar se para brincar precisa-se usar os órgãos genitais?
Se sim, não é brinquedo de criança. Se não, é para ambos os sexos.
A distorção na compreensão da realidade pela catalogação de
objetos, cores e roupas, por exemplo, é um fator prejudicial ao
processo de formação dessas crianças, o saudável é que ela explore
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suas alternativas sem julgamentos (CARVALHO, 2015). A educação
sexual deve ser implementada em nosso corpo social de uma forma
que construa conhecimento não vinculado com qualquer tipo de
ideia que associe a sexualidade à impureza ou coisa profana
(GONÇALVES et al., 2013).
Por fim, fica mais que apropriado circunscrever-se com as
palavras do autor (MICHEL FOUCAULT, 1988), transparecendo-nos:
As crianças, por exemplo, sabe-se muito bem que não têm sexo: boa razão
para interditá-lo, razão para proibi-las de falarem dele, razão para fechar os
olhos e tapar os ouvidos onde quer que venham a manifestá-lo, razão para
impor um silêncio geral e aplicado. Isso seria próprio da repressão e é o que
a distingue das interdições mantidas pela simples Lei penal: a repressão
funciona, decerto, como condenação ao desaparecimento, mas também como
injunção ao silêncio, afirmação da inexistência e, consequentemente,
constatação de que, em tudo isso, não há nada para dizer, nem para ver, nem
para saber. Assim marcharia, com sua lógica capenga, a hipocrisia de nossas
sociedades burguesas. (p.10).
3 CONCLUSÃO
A educação, sendo um instrumento de mudança de valores
de uma sociedade e para a construção de uma coletividade
baseada na igualdade, necessita implantar, tanto na escola
quanto na família, uma abordagem metodológica de igualdade
de gênero e de uma educação não sexista. Precisa dialogar com
contextos de educação infantil – como escola e família- e
oferecer leques amplos de opções para as crianças na Educação
Infantil quanto aos seus interesses e brincadeiras. Ainda, é
necessário atribuir uma desconstrução preconceituosa em nossa
cultura, sendo este, no entanto, um processo vagaroso e de difícil
implementação.
É válido reconhecer a iniciativa do presente artigo em
abordar gênero, lembrando que não existia no Brasil nenhuma
referência anterior (SILVA, 2015). Salvo o único documento que
orienta as práticas pedagógicas na Educação Infantil, mas ainda
pouco disseminado, que tem como objetivo (BRASIL, 1998)
“transmitir por meio de ações e encaminhamentos, valores de
igualdade e respeito entre as pessoas de sexos diferentes” (p.
41-42).
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REFERÊNCIAS
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instituição de educação infantil. In. ASSIS, Gláucia de Oliveira;
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Tradução: Rita Terezinha Shcmidt.
SCOTT, J. W. Gênero: uma categoria útil de análise histórica.
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ENSINO EM PERÍODO INTEGRAL, UMA
NECESSIDADE OU UMA PRIORIDADE?
Daniela Luise Nicolau dos SANTOS
1
Giovana Bruno da SILVA 2
Fernanda Piovezan DOTA3
RESUMO
A educação integral foi projetada afim de apresentar um
desenvolvimento no desempenho escolar dos estudantes. A proposta
trouxe posições positivas e negativas sobre a execução do método.
O trabalho tem como objetivo denotar o papel das ocorrências
desempenhadas perante o meio escolar, familiar e social que acabam
sendo relacionadas ao recurso estabelecido pela educação integral
das escolas.
Palavras Chave: Desempenho educacional. Educação. Ensino
Integral.
ABSTRACT
The integral education is designed with the objective to present
a development in the academic performance of students. The
1
Daniela Luise Nicolau dos Santos – Discente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior
e Formação Integral. E-mail: [email protected].
2
Giovana Bruno da Silva – Discente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e
Formação Integral. E-mail: [email protected].
3
Fernanda Piovezan Dota – Doscente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e
Formação Integral. E-mail: [email protected].
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proposal brought positive and negative positions on the
implementation of the method. The work aims to denote the role of
occurrences performed before the school, family and social
environment that end up being related to resource established by
the integral education schools.
Keywords: Educational performance. Education. Integral
Education.
1.INTRODUÇÃO
No Brasil, a educação integral esteve presente a partir do século
XIX e início do século XX com essa experiência educacional,
destacando a criação da instituição Escola União Operária em 1885,
seguindo de outras instituições nos anos seguintes. No século XX,
década de 20 e 30, através da Escola Nova, o ensino integral passou
a ser desenvolvido no Brasil. A Escola Nova foi significativa com o
objetivo de criar uma educação integral com base em elevar e
priorizar o desenvolvimento intelectual, moral, físico e pensamento
críticos, apresentando atividades manuais, exercícios de autonomia,
internato, ensino individualizado, com os exercícios voltados e
centrados nos alunos. Porém, o ensino de educação integral, em
alguns casos, foi perdendo a finalidade real do que foi proposto, é
necessária prudência para não engendrar na educação integral um
planeamento escusado, com propostas insuficientes, fracas e
hipotético. No entanto, ainda há escolas dispostas a desenvolver
uma estrutura e propostas gradativamente adequada e procura
progredir no propósito e finalidade devida, com aprofundamento no
caráter pessoal, social e da educação escolar (ALMEIDA, FIGUEIREDO,
2011).
Projetos para o ensino de período integral baseia-se em propostas
que alcancem a criança e ao adolescente a preparação para a vida
em quesitos sociais e pessoais, além da formação educacional, com
matérias que ajudam na história e no crescimento de aprendizagem,
e também nas ações pessoais. na formação de personalidade;
disciplinas profissionais, atividades extracurriculares de esportes,
danças, teatros, lutas e projetos de preparação para o trabalho, de
acordo com suas competências; de vida social e oferecer
oportunidades para a vida; como um retrato da vida em sociedade
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com suas atividades diversificadas, além de estruturas necessárias;
como alimentação e saúde para obterem aptidões ao exercer as
atividades e permanecer no tempo determinado (ALMEIDA,
FIGUEIREDO, 2011; AMARAL, 2013).
Com os recursos e os projetos para formação acadêmica em escola
de período integral vieram oposições de circunstâncias, sendo elas
tanto positivas quanto negativas. Há casos em que podem virem a
favorecer o estudante, mas há casos em que podem vir a prejudicar
o desenvolvimento e o desempenho escolar.
O trabalho tem como objetivo caracterizar e demonstrar algumas
situações e quesitos dessas circunstâncias, elevar há uma reflexão
do problema e ao pensamento de acarretar uma evolução na situação
acadêmica das crianças e dos adolescentes de escolas de ensino
integral.
2.A RELAÇÃO ENTRE O ENSINO INTEGRAL E O DESEMPENHO DOS
ALUNOS
Há processos de aquisição que influenciam no papel da criança e
do adolescente ao estarem incluídos no meio escolar, crescimento
pessoal e no aperfeiçoamento educativo, conhecimentos e
conscientização pessoal, cultural e social, dificuldades enfrentadas
no papel de aprendizagem, rendimento escolar, fatores psicossociais,
psicomotores e de convivência sociocultural que estão diretamente
ligados ao desenvolvimento cognitivo.
Há questões no método educacional integral que favorecem as
crianças. As crianças que desde seu primeiro ano de vida integra-se
na escola em período integral tendem a ter maior socialização mais
cedo, quanto antes o egresso, antes ocorre o desenvolvimento social,
assim como as potencialidades cognitivas e afetivas. O aprendizado,
a garantia de atividades lúdicas e educacionais.
Segundo a abordagem piagetiana o ser humano nasce com
potencial à capacidade de inteligência, porém é necessário haver
estímulos externos para que haja esse crescimento intelectual.
Através destes estímulos, a criança age tanto fisicamente como
mentalmente organizando o conhecimento e a exploração externa,
e assim, a cognição cresce e os processos se desenvolvem (PIAGET,
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1999). A partir disto, é possível perceber que a criança ao criar
relações, interagir socialmente e participar de tarefas propostas no
cenário educacional auxilia diretamente nas forças impulsionadoras
do processo cognitivo e no desenvolvimento intelectual. O egresso e
a permanência no tempo de ensino integral elevam fundamentos
conceptivos na cognição e na convivência solidária, favorece a
relação, ensinando-os através de precisão a manter uma convivência
sadia, compartilhar experiência desenvolvendo a perspectiva
democrática coletiva. A escola integral possibilita oportunidades de
o aluno favorecer em outras atividades complementares diversas
aos habituais que são estudadas em escolas regulares, podendo ser
incluídas matérias que podem vir a serem produtivas, assim como,
em alguns casos nas escolas, serem incluídas atividades esportivas e
lúdicas que são essenciais para o desenvolvimento dos alunos, e
podem virem a serem o futuro de alguns.
Com base nas ideias de Vygotsky (1998), podemos dizer que a
aprendizagem é uma experiência social, ou seja, o desenvolvimento
educacional cognitivo da criança surge em grande parte da interação
social que ela estabelece tanto dentro como fora da escola, até
mesmo antes do egresso escolar, que acabam por influenciar por
toda a existência do indivíduo. Com isso afirma-se a importância
das atividades em grupo aplicadas por professores, o que também
acaba por diminuir a solidão de alunos. Percebe-se com isso o grau
de influência de fatores externos agindo diretamente no indivíduo,
esse fato ressalta a importância do ambiente não só escolar, mas
também familiar e social da criança, diante de seu aprendizado
(AMORIM, 2012 apud VYGOTSKY, 1998).
O ponto de partida dessa discussão é o fato de que o aprendizado das crianças
começa muito antes de elas frequentarem a escola. Qualquer situação de
aprendizagem com a qual a criança se defronta na escola tem sempre uma
história prévia. Por exemplo, as crianças começam a estudar aritmética na
escola, mas muito antes tiveram alguma experiência com quantidades –
tiveram que lidar com operações de divisão, adição, subtração e determinação
de tamanho. Consequentemente, as crianças têm sua própria aritmética préescolar, que somente os psicólogos míopes podem ignorar (VIGOTSKY, 1998,
p. 110).
A família e a escola são ambientes que podem refletirem tanto
como impulsores, como inibidores no desenvolvimento e na
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aprendizagem da criança e do adolescente. Estes círculos contêm
conjunções propensas que compartilham entre si muitas funções
educativas, como capacidades mentais, cognitivas, motoras, de
relação interpessoal, de inserção social, entre outras. Segundo
Coll (1999) a família é o fator predominante de início para
estabelecer equilíbrios emocionais, nos contextos de
desenvolvimento pessoal e da identidade da criança e do
adolescente. Através desse suporte evolutivo o processo de
escolarização se desenvolve. O meio familiar é um ambiente que
favorece a manifestação dos sentimentos, afeto, emoções, e a
maneira de lidar com elas, a criação dos pais acarreta diretamente
no aluno e no seu desempenho social no meio escolar.
As crianças tendem a aprender conforme a conduta habitual que
os adultos próximos usam. Não tem como desvincular as
aprendizagens das crianças com o enquadramento dos pais, da família
e dos adultos que convivem. As crianças vêm as atuações e repetem
nas demais situações podendo progredir com o tempo, elas recebem
apoios, são estimuladas ou podem ser punidas, repreendidas com os
comportamentos. Portanto, as práticas educativas transcorrem
conforme a forma que os pais lidam em relação a esses
comportamentos dos filhos. A relação entre pais/filhos e o processo
de aprendizagem escolar é de suma importância no desenvolvimento
da criança e do adolescente, a sua autonomia e a sua maneira de
agir no local escolar decorre dessa relação (SILVA, NASCIMENTO, 2005
apud GALLART, 1999).
Na escola integral a criança costuma ter uma disciplina especifica,
um horário para cada aula, e para cada atividade, regras adaptadas
pelos profissionais e pelo método de ensino aplicado pela instituição.
Isso pode entrar em conflito com a orientação diferenciada ou a não
orientação que os pais estabelecem em casa. Os pais não seguirem a
mesma disciplina estabelecida pela escola pode fazer com que a
base da criança acaba sendo desenvolvida de forma conflituosa, não
sendo capaz de definir qual o modo correto de portar-se perante a
sociedade. Pode acontecer da disciplina estabelecida pelo método
escolar, pelos professores e outros profissionais que lidam durante o
período com os alunos, não serem o mesmo da qual as crianças estão
acostumadas a terem em casa, podendo levar a criança a ficar
desorientada. Como cita Oliveira (2001):
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[...] forte influência na formação do indivíduo, a família é o primeiro grupo
social a que pertencemos. Embora as normas sociais institucionalizadas
determinem as regras de funcionamento da instituição familial, cada família
tem ainda suas próprias regras de comportamento e controle (p. 163).
Mesmo a escola tentando definir e introduzir os princípios próprios
nos alunos, o comportamento do filho perante a criação e controle
dos pais acaba sobressaindo no comportamento da criança, porém
ela traz para o ambiente escolar toda sua história, suas concepções,
seus conceitos, seu conhecimento, suas experiências e expectativas.
Existe uma forte relação entre o vínculo emocional e a ocorrência
de aprendizagem.
Os fatores negativos podem influenciar tanto na aprendizagem
quanto no crescimento e na formação da personalidade da criança,
e, nisto inclui a relação entre pais e filhos. Alguns pais colocam os
filhos no período integral por falta de opção, considerando uma
jornada de trabalho que não disponibiliza um horário do qual a criança
possa estar inclusa, mas há ocasiões em que os pais utilizam o ensino
como justificativa para terem mais tempo em suas tarefas diárias,
que poderiam ser desconsideradas ou até mesmo ser integradas com
a criança. Independente do motivo inicial para a decisão de colocar
o filho em uma escola integral, a consequência acaba sendo a mesma,
maior afastamento na relação entre pais e filhos. Afim de obter
maior proveito deste método de ensino, seria interessante que
inicialmente, o grupo social e educativo primário da criança (seus
pais, dentro de casa) esteja em pleno desenvolvimento, e não
regressão, ou seja, se o pais tomarem consciência que precisam
suprir o tempo prejudicado e se disporem a estarem juntos. Isso
pode ser colocado em prática com passeios entre pais e filhos,
brincadeiras interativas, incluído também acompanhamento e ajuda
na educação, não só escolar, mas também social, com o intuito de
que a criança cresça possuindo diversas vertentes educacionais como
base, e não haja pobreza em nenhum quesito educacional. Com estas
convicções sendo efetivados, a criança pode usufruir da melhor forma
e de tudo que o ensino integral pode oferecer positivamente (DESSEN,
POLONIA, 2007; CASTRO, LOPES, 2014; AMARAL, 2013).
No processo de maturação da criança e do adolescente ocorrem
alterações em várias regiões do cérebro. Ocorrências externas e
excessos de atividades podem leva-los a vivenciar situações
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psicológicas e emocionais, submetendo-os a um grande cansaço e a
estresse precoces que venham a influenciar no desenvolvimento
cerebral, criando dificuldades intelectuais, de linguagem, de atenção,
funcionamento executivo e em outras funções cognitivas (OLIVEIRA,
SCIVOLETTO, CUNHA, 2010). A escola por ser o primeiro lugar
socializante, fora da família, que a criança é submetida pode ser
um evento estressante para ela. Excesso de atividades e falta de
tempo para descanso e lazer podem sobrecarregar a criança e ao
adolescente criando condição de estresse.
Há casos em que os pais colocam os filhos para exercerem
inúmeras atividades educacionais, tanto dentro da escola, como
atividades complementares fora da escola, acabam tornando-os em
máquinas educativas e acreditam que desta forma estarão agindo
corretamente e aumentando as chances dele no futuro. Mas com
isso, podem acabar não focando no talento ou no gosto especifico
que seu filho tem por certa atividade, fazendo-o focar em inúmeros
exercícios educativos sobrecarregando os filhos não permitindo uma
clareza a eles do que pretendem seguir, do que gostam ou no que
são melhores. As atividades escolares acabam perdendo o significado
real para a criança agindo de maneira automática esquecendo o
princípio e o objetivo da atividade. Tal procedimento pode prejudicar
o desenvolvimento da propensão da criança.
Posteriormente, pode acarretar na decisão do adolescente tanto
quando for decidir seus cursos extracurriculares quanto na decisão
acadêmica e profissional. Podendo vir a escolher uma faculdade que
os pais consideram apta para ele, mesmo não sendo o que ele almeja,
causando um conflito entre o que ele quer e o que os seus pais
querem. Esta atitude pode ter como base um comportamento
compensatório dos pais em depositar nos filhos o que não conseguiram
para si mesmo, ou até mesmo fizeram e é a única forma que
consideram “correta”.
3.CONSIDERAÇÕES FINAIS
A extensão do tempo dedicado ao estudo assegura o tempo
integral efetuado nas escolas, mas não garante uma educação integral
apropriada. O tempo pode ser aplicado para um ensino de
aprendizagem efetivo, porém se o projeto não for planejado e bem
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estruturado com afins propostos com base em estudos e pesquisas
que possam vir a testificar a produtividade, não será bem
desenvolvido.
Os recursos escolares são indispensáveis para a formação global
do indivíduo e a família é o primeiro e o mais importante recurso
que a criança e o adolescente têm para a constituição do seu
desenvolvimento geral. É fundamental que haja uma conciliação em
ambos, reconhecendo as diferenças, as semelhanças e as
peculiaridades em relação ao aluno, a todas as pessoas envolvidas e
os processos de desenvolvimento e aprendizagem relacionadas a elas.
A ação educativa escolar e da família tem distintas formas de
favorecer o desenvolvimento intelectual e pessoal da criança e do
adolescente, porém a diversidade pode ser arquitetada a trabalharem
em conjunto e tornar a educação intelectiva, individual e social do
indivíduo em uma totalidade eficaz.
4.REFERÊNCIAS
ALMEIDA, V. C.; FIGUEIREDO, S. B. O projeto escola de tempo integral:
currículo e práticas. Análise de seus desafios e possibilidades.
Programa de Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais, 2011.
AMARAL, E. A. Escola em tempo integral: espaço de construção ou
de precarização do processo educacional?; Faculdade católica de
Anápolis, 2013.
AMORIM, D. S. Teoria de Vygotsky nos processos de ensinoaprendizagem de física. Instituto Federal de Educação, Ciências e
tecnologia do Maranhão, IFMA, 2012.
CASTRO, A.; LOPES, R. E. A escola de tempo integral: desafios e
possibilidades. Programa de Pós-Graduação em Educação,
Universidade Federal de São Carlos, 2014.
COLL, C. (Org). Psicologia da educação. Porto Alegre: Artes Médicas,
1999.
DESSEN, M. A.; POLONIA, A. C. A Família e a Escola como contextos
de desenvolvimento humano. Universidade de Brasília, DF, 2007.
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GALLART, I. S. As práticas educativas como contextos de
desenvolvimento. In: COLL, C. (Org). Psicologia da educação. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1999.
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Diretrizes do Programa Ensino
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LEMES, S. O.; FISBERG, M.; ROCHA, G. M.; FERRINI, L. G. MARTINS,
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avaliação de crianças de 1ª a 4ª série de uma escola pública do
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2003.
OLIVEIRA, P. A.; SCIVOLETTO, S.; CUNHA, P. J. Estudos
neuropsicológicos e de neuroimagem associados ao estresse
emocional na infância e adolescência. Revista psiquiátrica clínica,
São Paulo, 2010.
OLIVEIRA, P. S. de. Introdução à sociologia. 24. ed. São Paulo: Ática,
2001.
PIAGET, J. Seis estudos de psicologia. Rio de Janeiro: Forense, 1999.
SILVA, M. A. C. B.; NASCIMENTO, R. O. Relação pais e filhos e o processo
de aprendizagem escolar: um estudo de caso. Artigo de pós-graduação
publicado pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB,
2005.
VIGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Livraria
Martins Fontes Editora Ltda, 1998.
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AS FASES DO DESENVOLVIMENTO
PSICOSSEXUAL SOB A PERSPECTIVA FREUDIANA
Pereira, Andréia M.
Carmo, Bruna M.
Oliveira, Karina Marques F.
Santos, José Wellington dos.
RESUMO
A teoria freudiana em relação ao desenvolvimento da criança e
sua personalidade é muito diferenciada e ao mesmo tempo específica,
pois contém informações que trazem os instintos sexuais em várias
fases, que indicam a dependência e a sexualidade em diferentes
períodos e, como o cuidado dos adultos influencia em seu
desenvolvimento.Este trabalho tem como objetivo principal,
apresentar as fases do desenvolvimento psicossexual segundo a teoria
freudiana. Faremos isto através de uma revisão bibliográfica de textos
psicanalíticos.
Palavras – Chave: Desenvolvimento psicossexual, sexualidade
humana, Freud, Psicologia, Psicanálise.
ABSTRACT
Freud’s theory in relation to the child and his personality is very
different and the same specific time,it contains information that
bring the sexual instincts in several stages,indicating addiction and
sexuality in different periods, such as adult care influences on its
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development. This paper has as main objective to present the stages
of psychosexual development according to Freudian theory. We will
do this through a literature review of psychoanalytic texts.
Keywords: Psychosexual Development, human sexuality, Freud,
Psychology, Psychoanalysis.
1. INTRODUÇÃO
Dentro deste contexto, a importância do tema aqui discutido se
dá a partir de uma visão psicanalítica sobre o desenvolvimento da
criança, onde voltamos a psique da mesma e compreendemos como
essas fases podem influenciar a vida futura. Entende-se que os
conflitos mal ou não resolvidos podem ser a base de possíveis
transtornos mentais e de comportamento. No presente artigo, são
expostas as fases psicossexuais do desenvolvimento segundo Sigmund
Freud, suas características e experiências vivenciadas e a
contribuição de cada fase na formação e maturação da personalidade.
O objetivo é descrever de forma clara tais etapas do desenvolvimento.
Foram utilizadas referências bibliográficas (artigos e livros) voltados
a linha psicanalítica, a fim de esclarecer o assunto dentro desta
abordagem, a qual nos identificamos no curso de Psicologia.
2. AS FASES DO DESENVOLVIMENTO
Segundo Freud (BALDWIN, 1914, p. 328), paralelamente ao
desenvolvimento cognitivo, a criança passa por estágios de
desenvolvimento psicossexual, a medida que a satisfação libidinosa
muda da boca para o ânus, e depois para os órgão genitais. Os
objetivos instintivos da criança mudam gradualmente, e assim muda
também o impacto emocional de alguns acontecimentos
socializadores.
O Estágio Oral – 0 a 2 anos aproximadamente.
O primeiro estágio psicossexual depois do nascimento é
denominado Estágio Oral, onde a primeira fonte de prazer e satisfação
do bebê é captada pela região oral do corpo (boca, língua e gengivas).
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Segundo a teoria de Freud (, esse prazer nas atividades orais se
desenvolve através da ligação entre mamar e ser alimentado. A
alimentação satisfaz a criança. Esta, fica inquieta e chora quando
está com fome, mas rapidamente se acalma quando recebe o bico
do seio da mãe a boca e começa a mamar – esta redução da
inquietação é a melhor prova do fato de que a criança está
satisfeita.Freud acreditava que através dessa associação entre
estimulação oral e satisfação da alimentação as sensações tornavamse agradáveis em si mesmas em suas palavras o desenvolvimento do
prazer oral era anaclítico a alimentação não somente no ato de
mamar. Qualquer estimulação oral se torna fonte de prazer, e isso
se percebe claramente na tendência do bebêde levar a boca qualquer
objeto que pegue. (BALDWIN, 1914, p. 321)
Do ponto de vista do desenvolvimento da libido, o fato de o
bebê centralizar-se no prazer oral é a chave para este período de
sua vida. Para o bebê, as sensações constituem a realidade. Na
primeira infância a criança não distingue sensações de dentro do
corpo de sensações que vem fora dele.Qualquer aspecto do
comportamento de um indivíduo, sobretudo seu comportamento de
busca do prazer e que se assemelhe a algum aspecto do estágio oral,
é considerado pela teoria psicanalítica como talvez decorrente do
período oral.(BALDWIN, 1914, p. 331, 332)
O Estágio Anal – o desejo de posse – 2 a 4 anos
aproximadamente.
Após o estágio oral ocorre uma mudança na fonte de prazer da
criança que passa da boca para a região anal do corpo. Segundo
Freud, essa mudança do domínio para a zona erógena anal faz parte
do processo de maturação e ocorre universalmente. A fonte do prazer
da criança está no controle das fezes e da urina, a atenção se localiza
no funcionamento anal e tal região se torna o centro das experiências
frustradoras e compensadoras.(BALDWIN, 1914, p. 335, 336).
Embora haja divergências quanto ao fato de o estágio anal ser
consequência da educação no controle das fezes e urina, existe
acordo em todos os autores psicanalistas quanto ao fato de as
experiências dessa educação ter influência no desenvolvimento da
personalidade.
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Segundo a teoria freudiana, vários aspectos do período anal
podem tornar-se decisivos para o desenvolvimento posterior. Por
exemplo, a criança pode considerar a defecação como uma espécie
de presente para os pais, e assim identificar as fezes como objetos
de presente com objetos que agregam valor (dinheiro, por exemplo).
Dessa forma, as experiências do período anal podem condicionar
toda atitude futura com relação a bense objetos valiosos. A sornice
é um prazer em segurar as fezes. É tão comum em certas pessoas
que é um dos três traços que constituem a personalidade
anal.(BALDWIN, 1914, p. 336).
Neste período, acriança pode desenvolver acanhamento, uma
reação emocional ao fato de ser observado e trás um sentimento de
vergonha, pois em muitas famílias, as crianças que molham as calças
ou a cama ao ato de urinar sãoridicularizadas como “bebê”.
O Estágio Fálico – 4 a 6 anos aproximadamente.
É nesta fase do desenvolvimento que é descoberta de fato a
diferença entre meninos e meninas. A criança observa a falta ou a
presença dos órgãos genitais masculinos e femininos. Em especial,
meninas acreditam que suas genitálias foram retiradas ou que ainda
vão se desenvolver. Certo complexo de inferioridade feminino pode
ser explicado na fase adulta por conflitos vivenciados nesta fase.
É um período marcado por grande curiosidade sexual, onde as
crianças apreciam observar pessoas desnudas ao descobrirem seus
genitais, vão explorá-los e manipulá-los repetidas vezes, gerando
prazer a elas – o prazer sexual está diretamente ligado aos órgãos
genitais.Neste estágio do desenvolvimento surge o complexo de
Édipo, que explica-se como um “triangulo amoroso entre pai, mãe e
filho – onde o genitor é expulso da relação amorosa.
Segundo Fadiman e Frager (1939), Freud denominou a situação
do complexo de Édipo, segundo a peça de Sófocles:
“Na tragédia grega, Édipo mata seu pai (desconhecendo sua verdadeira
identidade)e, mais tarde, casa-se com a mãe. Quando finalmente toma
conhecimento de quem havia matado r com quem se casara, o próprio Édipo
desfigura-se arrancando os dois olhos. Freud acreditava que todo menino
revive um drama interno similar. Ele deseja possuir sua mãe e matar seu pai
para realizar este destino.”
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Nas meninas, a situação edipiana também ocorre, mas de forma
mais discreta, menos evidente, pois estas conseguem permanecer
nelas mesmas, embora exista o conflito de perceber sua mãe como
rival na disputa pelo pai.
Latência – 06 a 11 anos aproximadamente.
O estágio de latência caracteriza-se pela diminuição das
atividades sexuais. A criança desloca sua atenção dos prazeres do
corpo e passa a deslocar sua energia para atividades sociais e
escolares. É considerado o primeiro passo para a organização de
uma identidade pessoal e sexual. È neste período que a criança se
influencia com o que é externo (colegas, professores, vizinhos) e
não mais com os pais.
Tudo que envolve senso moral ou a emoção da vergonha são
mais evidentes. Neste período, meninos e meninas tendem a executar
atividades diferentes e formar grupos separados. As experiências
são focadas principalmente na escola, onde sua visão de mundo passa
a ser ampliada. Tal período é marcado pela busca pela própria
identidade e os questionamentos quanto aos princípios estabelecidos
pela família passam a ser constantemente questionados.
O Estágio Genital – 12 a 18 anos aproximadamente
Neste estágio a o retorno do objeto erótico para os órgãos sexuais
e o objeto de desejo não está somente no próprio corpo, mas também
no corpo do outro. Segundo Freud (), atingir a fase genital é
fundamental para se chegar ao pleno desenvolvimento intelectual
de um adulto sendo capaz de amar.Esta fase é marcada pelas
mudanças fisiológicas, que então diz-se, puberdade – onde acontece
a maturação sexual. É importante não confundirmos a puberdade
com a adolescência, pois a última trata-se da maturação psicológica.
Mudanças fisiológicas:
Meninas: aumento das mamas, pelos pubianos e axilares,
desenvolvimento das glândulas sudoríparas.
Meninos: aumento do volume dos testículos, crescimento do
pênis, desenvolvimento dos pelos e glândulas sudoríparas, mudança
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na voz e a ocorrência da primeira ejaculação (por volta dos 12 anos
de idade).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É importante que familiares, pais, professores e aqueles que
tenham um convívio mais próximo a criança tenham ciência das
diferenças e dificuldades enfrentadas em cada fase do
desenvolvimento, pois tudo que é vivenciado reflete-se nas fases
posteriores, positiva ou negativamente, influenciando na qualidade
de vida futura.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Paulo-SP, Ed. Pioneira, 1973.
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Freudiana. Revista Contemplação, Curitiba-PR, Vol. 13, p. 125-138,
2016.
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EDUCACIONAL DE G ARÇA
Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF
FOBIA SOCIAL: O IMPACTO NO
DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS E
ADOLESCENTES
SINAQUE, Luciana¹
DOTA, Fernanda Piovesan²
RESUMO
Atualmente, a fobia social vem despertando crescente interesse
em pesquisas, caracterizada como transtorno de ansiedade ou medo
exagerado para com a interação do indivíduo em sociedade. Este
artigo tem como objetivo caracterizar, fobia social e seu impacto no
desenvolvimento de crianças e adolescentes. Também, buscou
investigar como a Terapia Cognitivo-Comportamental pode ser
utilizada em indivíduos com este transtorno. Entre técnicas
comportamentais, a exposição e reestruturação cognitiva foram as
estratégias mais eficazes; a Terapia cognitivo-comportamental grupal
não se apresentou superior à individual, mas também tem sido eficaz
no tratamento do Transtorno de ansiedade social. Os estudos
avaliados confirmam, tanto técnicas cognitivas quanto
comportamentais (convencionais e inovadoras) são eficazes no
tratamento deste transtorno.
Palavra chave: Adolescentes, Crianças, Desenvolvimento, Fobia social.
¹Discente do curso de Psicologia da Faculdade de Ciências da Saúde (FASU/ACEG)
[email protected]
2
Psicóloga e Docente do curso de Psicologia da Faculdade de Ciências da Saúde (FASU/ACEG).
[email protected]
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ABSTRACT
Currently, social phobia is attracting growing interest in
research, characterized as anxiety disorder or fear exaggerated
to the interaction of the individual in society. This article aims to
characterize, social phobia and its impact on the development of
children and adolescents. Also sought to investigate how cognitivebehavioral therapy can be used in individuals with this disorder.
Among behavioral techniques, exposure and cognitive
restructuring were the most effective strategies; the group
cognitive behavioral therapy did not appear above the individual,
but has also been effective in treating social anxiety disorder.
Studies have confirmed both cognitive and behavioral techniques
(conventional and innovative) are effective in treating this
disorder.
Keyword: Teens, Children, Development, Social Phobia.
INTRODUÇÃO
A fobia social tem um alto índice de impacto negativo na vida de
crianças e adolescentes. O transtorno de ansiedade social (TAS),
também conhecido como fobia social, é um transtorno de ansiedade
caracterizado por medo acentuado e persistente de uma ou mais
situações sociais ou de desempenho, nas quais o indivíduo sente-se
exposto a desconhecidos ou a avaliação de outros, por medo de
resultar em embaraços que sejam humilhantes. Entre os medos mais
comuns, estão os de ser o centro das atenções, parecer como ridículo
ou cometer erros; as situações fóbicas são evitadas ou enfrentadas
com intensa ansiedade e sofrimento (APA, 2004).
A ansiedade excessiva, que pode ser considerada patológica, é
caracterizada por medos excessivos e preocupações que seja
desproporcional com relação a determinados estímulos de eventos
ou situações. Além dos medos e preocupações irracionais, o indivíduo
está vulnerável a desenvolver problemas somáticos, podendo destacar
entre eles dores de cabeça e abdominais, dificuldades para relaxar,
visto com maior frequência em meninas (CASTILO et al, 2001;
KENDAL; COMER, 2010, apud, GAUY, 2016).
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As crianças com fobia social apresentam vários sintomas, entre
eles podemos destacar: os choros, ataques de raiva, manter-se
próximo à pessoas da família e a recusa à escola. O mais comum em
adolescente do sexo masculino com fobias mais simples é a depressão,
que pode aumentar o risco para o transtorno de abuso do álcool
(LEALY, 2011).
Este estudo tem como objetivo, por meio de revisão bibliográfica,
pesquisar o impacto que a fobia social causa no desenvolvimento de
crianças e adolescentes. Também, objetiva-se verificar a eficácia
de alguns tratamentos com Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC).
Para nortear o estudo foi utilizado o referencial teórico desta
abordagem, uma vez que tem se mostrado eficaz no tratamento
desse transtorno.
DESENVOLVIMENTO
Impacto da fobia social no desenvolvimento de crianças e
adolescentes
O desenvolvimento de um transtorno está diretamente
relacionado à frequência e duração de respostas de ativação
provocadas por situações que o indivíduo avalia como estressor a si
próprio, no qual, e considerado que aumento excessivo dos níveis
de ansiedade atua como resposta a situações que possa se
considerada ameaçadoras pelo indivíduo, no entanto, estão
relacionados aos diversos tipos de transtornos mentais, salientado
que os sintomas ansiosos gerados pelo estresse dependem da
interação entre o evento estressor, os fatores ambientais e genéticos
(MARGIS; PINCON; COSNE; SILVEIRA 2003).
Também, é conhecido como fobia social o TAS caracterizado por
um grande medo persistente a uma ou mais situação de desempenho
social (APA, 2004). Seu início geralmente ocorre durante a infância
ou adolescência e, consiste, também, no medo do contato e interação
social, principalmente com pessoas poucos familiares ao indivíduo e
nas situações nas quais ele passa a se sentir examinado ou criticado
(TURNER, 1986 apud NETO, LOTUFO, 2006). Ela está presente durante
todo o nosso desenvolvimento e geralmente precede qualquer
compromisso social novo ou desconhecido, podendo ser definida como
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um estado desconfortável quanto ao indivíduo, com uma preocupação
do que pode ocorrer futuramente em situações não desejáveis; inclui
algumas manifestações: sudoreses, tonturas, tensão muscular e
outros (D’El REY, 2001). O fóbico social reconhece que o seu medo é
exagerado ou irracional e teme mostrar sinais de ansiedade (BEIDEL,
2001).
Para diferenciar ansiedade considerada normal de patologia,
deve-se observar em determinado evento ou as situações em que o
indivíduo se apresenta em estado desconfortável, quantos momentos
de ansiedade a pessoa vivencia, com que frequência, duração e o
número de comportamentos diversos (D’EY REY, 2002).
As fobias específicas em crianças podem ser definidas por um
medo exagerado e contínuo relacionado a um determinado objeto ou
situação, mas que não é a situação de se expor em público ou medo
de ter um ataque de pânico. Neste caso, diante de estímulos fóbicos
a criança procura se proteger correndo para próximo de alguém que
lhe proporcione segurança; ainda pode apresentar reações de choro,
desespero ou ficar em imóvel, mostrando timidez em contexto sociais
estranhos (BERNSTEIN 1996 et al apud ASBAHR, 2004).
Segundo Dalgalarrondo (2008), existem os medos externos, que
podem ser caracterizados como medo de algo concreto; e os medos
internos, ou seja, uma inquietação dos estímulos internos quanto a
algo não muito especifico.
A fobia social, segundo os critérios da CID 10, inicia-se
frequentemente com maior impacto na adolescência e está
concentrada em torno de um medo das outras pessoas de grupos
relativamente pequenos, (em oposição a multidões levando o sujeito
a evitar situações sociais), é comum em homens e mulheres e está
relacionada à baixo autoestima e ao medo das críticas. Os sintomas
relatados em pacientes com esse diagnóstico são: tremor nas mãos,
pânico e até o isolamento social. Tais sintomas com frequência pode
levar o indivíduo a incapacidade no desempenho em realizar tarefas
simples do dia-dia em que esteja sendo observado ou a ansiedade
pode ser basicamente social, no caso de interagir com as pessoas
(CAETANO, 1993; OMS, 1993).
Os pesquisadores constataram que a fobia social vem afetando,
também, a relação dos adolescentes no que diz respeito aos vínculos
de amizades. Considerando, que é na adolescência que o indivíduo
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estabelece sua identidade, podendo assim se identificar dentro de
um grupo. As relações bem sucedidas fazem com que o adolescente
se sinta mais seguro quanto aos problemas de adaptação, dificuldades
acadêmicas e problemas de saúde mental, bem como, o indivíduo
pode ficar isolado socialmente e manifestar comportamentos
diferentes em tais situações, se comprometendo as perdas de
oportunidades e o desenvolvimento de socialização com o outro,
tendo como evidência que a socialização é fundamental, pois dá
suporte às ligações românticas, tão importantes no equilíbrio
emocional (FURMARK et al., 2000, D’El REY, 2001).
O tratamento com Terapia Cognitivo-Comportamental
O TAS pode ser tratado com TCC. Com o diagnóstico do transtorno
na infância ou adolescência, o terapeuta cognitivo-comportamental
tem a possibilidade de iniciar o seu trabalho, contribuindo para que
o indivíduo tenha menor sofrimento e perdas de oportunidades
(G.J.F.D’El REY et al., 2006).
O trabalho da TCC consiste no terapeuta identificar, examinar e
corrigir distorções no pensamento que causa sofrimento emocional
ao seu paciente. Atualmente a TCC demonstrou-se bastante eficaz
no tratamento do TAS com efeitos terapêuticos duradouros,
adaptando-se com as exigências da atualidade, pois o tratamento
com TCC propõe ao indivíduo a avaliação dos seus medos irracionais
e os comportamentos de evitação através de estratégias de
enfrentamento adaptativas. Além das técnicas cognitivas e
comportamentais da própria terapia deu-se ênfase no fator terapia
cognitiva-comportamental grupal (TCCG), que nas pesquisas não se
apresentou superior ao tratamento individual, mas, tem sido
alternativa de diversos pacientes, contudo, a TCCG possui algumas
vantagens que são: membros compartilhando a mesma dificuldade
e a própria vivencia grupal promovendo exposições ao vivo, que
demonstrou o isolamento de indivíduos com TAS passaram a uma
nova forma de agir, ou seja, a exposição e enfrentamento das
situações. (KNAPP, 2007; D’El REY; PASICI, 2005 apud, FREITAS;
MONTEIRO; MUNIZ; SILVEIRA, 2015).
Na atualidade a eficácia no tratamento do TAS está baseada na
diminuição dos sintomas, melhorando a qualidade de vida do
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indivíduo. Contudo, a combinação de exposição e reestruturação
cognitiva foi o tratamento que trouxe maiores benefícios ao
indivíduo, mostrando superação de suas dificuldades. Na exposição
o terapeuta constrói junto com o paciente uma lista das situações
temidas, da situação que causa menos ansiedade a que causa mais
ansiedade e desconforto; no início as exposições de situações são
feitas junto com o terapeuta até o paciente se habituar à situação,
a seguir passa para a próxima, até o paciente enfrentar todas as
situações significativas, com redução da ansiedade e desconforto.
No entanto, os procedimentos de intervenção em crianças e
adolescentes seguem o mesmo padrão no tratamento de adultos,
com exceção a exposição aos estímulos, a qual tem maior
planejamento. Diversos estudos demonstraram a clara eficácia da
exposição no tratamento do TAS (SEGOOL; CARLSON, 2008 apud,
FREITAS; MONTEIRO; MUNIZ; SILVEIRA, 2015).
Segundo Taylor (1996), em seu estudo comparou grupos de pessoas
que apresentavam sintomas de TAS, às quais, foram aplicadas as
seguintes técnicas: placebo, exposição, reestruturação cognitiva,
uma combinação de exposição e reestruturação cognitiva e
treinamento de habilidades sociais no tratamento da fobia social.
Diversos estudos demonstraram que a reestruturação cognitiva é
uma técnica eficaz no tratamento do TAS, principalmente se for
aplicada conjuntamente com técnicas de exposição.
Os resultados demonstraram que os tratamentos
possibilitaram superação das dificuldades em situações
desconfortáveis. A combinação de exposição e reestruturação
cognitiva foi o tratamento que trouxe os benefícios significativos
aos pacientes como: a redução da ansiedade antecipatória, a melhora
dos sintomas fisiológicos próprios da ansiedade, as cognições
negativas que mantêm as crenças disfuncionais foram reestruturadas
positivamente e consequentemente os comportamentos de esquiva
fóbica foram modificados melhorando as habilidades sociais do
indivíduo, promovendo um bom relacionamento interpessoal.
Segundo Beck (2007), a reestruturação cognitiva consiste
em uma série de intervenções que se originaram das teorias e terapias
cognitivas. Os pacientes com TAS são ensinados a identificar estes
pensamentos, fazer o teste da realidade e corrigir os conteúdos
distorcidos e as crenças disfuncionais subjacentes. Esta reavaliação
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e correção das cognições distorcidas permitem ao paciente perceber
que na grande maioria das vezes estava hipervalorizando
negativamente uma situação e desvalorizando sua capacidade de
enfrentamento da mesma situação. Basicamente as estratégias de
reestruturação cognitiva objetivam ensinar ao paciente as seguintes
modificações: observação e controle dos pensamentos irracionais e
negativos; exame das evidências favoráveis e contrárias aos
pensamentos distorcidos; e correção das interpretações negativas
por interpretações positivas na realidade, o que geralmente resulta
em redução sintomática do TAS.
Em outro estudo realizado por Masia et al (2001) apud Isolan
et al (2007), em seu trabalho inovador foram submetidos ao
tratamento do TAS com TCC 6 adolescentes em 14 sessões de terapia
em grupo. Ao final do tratamento 3 dos 6 adolescentes não
preenchiam mais os critérios diagnósticos para TAS. Posteriormente
realizou se outro estudo utilizando esta mesma abordagem em 35
adolescentes, que em seu resultado verificou, além da melhoria
significativas dos sintomas fóbicos-sociais, 67% dos pacientes não
preenchiam mais os critérios diagnósticos do TAS. Tais resultados
são importantes, pois muitos adolescentes com TAS não procuram
por atendimento.
CONCLUSÃO
Neste estudo foi avaliado o impacto do TAS no desenvolvimento
de crianças e adolescentes. Conforme as pesquisas dos artigos
selecionados e a coleta de dados, foi verificado que tanto em crianças
como em adolescentes o estudo apresentou impacto maior no
desenvolvimento da interação social e em situações de desempenho
em que esteja sendo avaliado.
Ressalta-se que cada técnica é somente o início de uma
investigação sobre os pensamentos e os sentimentos do paciente. A
TCC nos permite coletar novos dados, examinar mais cuidadosamente
o transtorno e ver as situações em uma perspectiva diferente, isto
é, expandir nossa conceituação acerca do paciente.
Os resultados desta pesquisa sugerem que devemos identificar e
tratar os casos de TAS nas crianças e adolescentes, pois desta maneira
podemos minimizar, senão todas, ao menos as principais sequelas
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que o transtorno deixa na vida de seu portador, visando, desta
maneira, reduzir o alto preço que o fóbico social tem que pagar
pelas limitações impostas em seu funcionamento educacional, social
e ocupacional.
Os estudos avaliados confirmaram que tanto as intervenções
cognitivas quanto as comportamentais padrões e inovadoras são
eficazes no tratamento do TAS. Apesar de o tratamento combinado
não ter demonstrado superioridade em relação à terapia cognitiva e
às técnicas comportamentais isoladamente. Sugerimos que outros
estudos em relação ao TAS na infância e adolescência sejam
realizados para melhor confirmação dos dados encontrados.
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LUTO COMPLICADO: UM ESTUDO
BIBLIOGRÁFICO COM OBJETIVO DE LEVAR
CONHECIMENTO À FAMÍLIA DO ENLUTADO
AMORIS, Talita Kelly de Brito¹
NASSAR, Edilene²
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo proporcionar às famílias de
pessoas enlutadas conhecimento adequado para que possam diferenciar
o luto sadio do luto complicado e assim oferecer aos seus familiares
todo o suporte necessário. Dessa forma, é possível concluir que o luto é
uma experiência subjetiva de interiorização da perda, na qual cada
indivíduo reage de um jeito e leva um período de tempo diferente para
assimilar a perda; durante este período é importante que os familiares
e amigos da pessoa enlutada ofereçam todo o apoio necessário, e saibam
identificar a linha tênue que separa o luto saudável do luto complicado.
PALAVRAS CHAVES: luto complicado, luto sadio, família.
ABSTRACT
This article aims to provide families of mourners adequate
knowledge so that they can distinguish the sound of mourning
¹ Acadêmica do Curso de Psicologia - Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral - FAEF. Email: [email protected]
Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral- FAEF - Garça - SP- Brasil - http://
www.grupofaef.edu.br
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complicated grief and so offer your family all the necessary support.
Thus, we conclude that grief is a subjective experience loss of
internalization, in which each individual reacts in a way and takes a
different amount of time to assimilate the loss; during this period it
is important that family members and friends of the bereaved to
offer all necessary support and know how to identify the fine line
that separates the healthy mourning complicated grief.
KEYWORDS: complicated grief, healthy mourning, family.
1.INTRODUÇÃO
O artigo se deu com o objetivo de proporcionar às famílias de
pessoas enlutadas conhecimento adequado para que possam
diferenciar o luto sadio do luto complicado e assim oferecer aos
seus familiares todo o suporte necessário; dessa forma explanaremos
o que é o luto, as fases do luto, as diferenças entre o luto sadio e o
luto complicado, a maneira como os familiares podem identificar o
luto complicado e o que podem fazer visando minimizar o sofrimento
do enlutado.
2.DESENVOLVIMENTO
2.1.O que é luto
De acordo com Jaramillo (2006) luto “é o trabalho pessoal e
individual para se reacomodar a uma vida diferente após a perda de
alguém ou algo muito valorizado, de reaprender o mundo,
irreversivelmente transformado sem o ente querido”.
Parkes (1998) complementa esta ideia afirmando que “o luto é o
acontecimento vital mais grave que a maior parte de nós pode
experienciar, é um processo de aperceber-se, de tornar real o fato
da perda”.
Oliveira e Lopes (2008) descrevem o luto como uma fase de
expressão dos sentimentos decorrentes da perda, o qual pode se
manifestar através do choque, desejo, desorganização e organização;
é a fase de aprender que a morte deve ser tornada real, a partir do
que se torna possível estabelecer novas concepções sobre o mundo,
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favorecendo investimentos pessoais. O luto, não é um processo linear,
não tem data para terminar, podendo durar meses e anos, ou mesmo
nunca acabar, pois depende diretamente da individualidade de cada
um e ainda do nível e intensidade de relação que se manteve com o
falecido.
2.2.Fases do luto
Kübler-Ross ao escrever a obra “sobre a morte e o morrer” (1985),
se baseou em mudanças no modo como os pacientes gravemente
enfermos se sentiam, agiam e pensavam ao longo do processo de
elaboração de seu próprio luto; diante disso, teorizou cinco estágios
que foram generalizados para toda e qualquer experiência de perda
ou de luto, os estágios se caracterizam pelos recursos e defesas
psíquicas usados pela pessoa para lidar com fatos difíceis de serem
aceitos, não surgem em uma ordem específica, podendo haver a
coexistência de dois ou mais estágios ao mesmo tempo; são eles:
negação, raiva, barganha, depressão e aceitação.
1º Estágio: negação, este é um escudo momentâneo para se
defender da situação de perda; diante de uma realidade inaceitável
pelo psiquismo, a negação da possibilidade de tal realidade vigorar
é o meio mais rápido para “proteger” o Eu; a negação é uma defesa
temporária, sendo logo substituída por uma aceitação parcial. A
autora entende a negação como uma forma importante e saudável
de encarar uma situação dolorosa, podendo, inclusive, ir e voltar a
acontecer outras vezes ao longo do processo de elaboração do luto.
2º Estágio: raiva, este acontece após o choque inicial, a pessoa
passa para um estágio de ressentimento, raiva e até inveja;
sentimentos que representam uma grande dor, que se expressa na
forma de agressão ao outro. É o primeiro contato com o sofrimento
realmente; a raiva é a manifestação de toda a dor que a possibilidade
de aceitação dessa realidade provoca na pessoa enquanto realidade
possível.
3º Estágio: barganha, neste estágio a pessoa vê-se completamente
sem domínio da situação, e na impossibilidade de agir, volta-se para
o absoluto, para o sagrado, para Deus com o intuito de negociar, por
meio de promessas, trocas, pactos, etc., “se eu te der isso, você me
dá aquilo”.
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4º Estágio: depressão, este estágio decorre da constatação do
fracasso da barganha e envolve uma reorientação de energia para
os processos internos; é marcado por uma exaltação dos sentimentos
de impotência e remorsos, que geram uma tristeza profunda.
5º Estágio: aceitação, este estágio não deve ser confundido como um
momento de felicidade; neste momento a pessoa não precisa mais recorrer
ao uso de defesas psíquicas, é caracterizada pela busca de paz e silêncio.
Kübler-Ross evidenciou que existe uma espécie de sexto estágio
que perpassa todos os outros: a esperança, diz: “Não está na natureza
humana aceitar a morte sem deixar uma porta aberta para uma
esperança qualquer”.
Bromberg (2000) também teorizou sobre as fases do luto, sendo
elas nomeadas por ele, como: entorpecimento, caracterizada pela
reação inicial após a perda, na qual ocorre choque e descrença; anseio
e protesto, caracterizada por emoções fortes, com muito sofrimento
psicológico e agitação física (é comum que o indivíduo se mostre
afastado e introvertido); desespero, nessa fase o enlutado reconhece
a imutabilidade da perda, podendo sentir-se apático e depressivo, o
processo de superação costuma ser lento e doloroso; e recuperação e
restituição, caracterizada pelo momento em que a depressão e a
desesperança começam a se misturar a sentimentos mais positivos e
menos devastadores; dá-se o retorno da independência e da iniciativa.
O autor não deixa de ressaltar que as fases não ocorrem de maneira
rígida e não constituem regra necessária no processo de luto, uma
vez que existem a individualidade e a subjetividade do enlutado.
2.3.O luto sadio e o luto complicado
Bowlby (1985) defende que o processo de perda é algo particular,
que sofrerá grande influência da organização cognitiva e das
experiências de cada um; são múltiplos os fatores psicológicos
envolvidos no luto, tanto sadio ou complicado, assim, ele acredita
que a diferença entre ambos é a intensidade, tempo e frequência
desses comportamentos, por estender a dor causada.
De acordo com Pincus (1989) o luto sadio é aquele que não
promove nenhum tipo de trauma ou consequências que possam afetar
a integridade física e psicológica do indivíduo.
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Stroebe, Stroebe e Hansson (1993; apud. Alves, 2008) realizaram
um levantamento de respostas emocionais esperadas no processo
considerado sadio de luto, as quais podemos citar: choque e
dificuldade de acreditar na realidade; pesar e tristeza, acompanhados
por choro e lamentação; senso de perda devido ao reconhecimento
da ausência e da impossibilidade de recuperação; culpa e
arrependimento, que pode estar relacionado a culpa por sobreviver;
ansiedade e receios, que aparecem sob a forma de insegurança,
medos ou crises de angústia; imagens repetitivas da pessoa falecida
próxima da morte, com caráter intrusivo e fora de controle;
desorganização mental apresentando distração, confusão,
esquecimento ou falta de coerência; sobrecarga de tarefas e
dificuldades para sua realização; alívio, especialmente após doença
longa e sofrida, pelo término do sofrimento; solidão, que se expressa
como sentir-se só mesmo quando em grupo e com picos de
sentimentos intensos de isolamento; sentimentos positivos também
aparecem, a intervalos, em meio ao pesar. Os autores acrescentam
ainda que em casos de luto complicado, esses aspectos podem
apresentar-se com intensidade ou duração alteradas, apontando para
a impossibilidade de caminhar dentro do processo esperado e
constituindo-se um indicativo da não resolução do luto.
Alves (2008) afirma que o luto complicado acontece quando a
reação de luto não funcionou por alguma razão, assim, o luto se
torna clinicamente relevante quando as reações depressivas são
excessivamente intensas e quando o processo de luto é prolongado
demais.
Kovács (2008) esclarece que os fatores que podem causar
complicações no processo de luto podem ser exacerbados em uma
cultura que faz com que as pessoas se controlem, não se manifestem
e que vivam como se a morte não existisse. Há uma tendência para
“adequar” as pessoas, buscando-se normatização, o que não permite
que elas possam viver sua tristeza.
2.4. Como os familiares podem identificar o luto complicado
Segundo Worden (1991; apud. Melo, 2004), o processo de luto
termina quando as fases descritas acima são completadas; quanto à
duração do processo, não existe uma resposta conclusiva, sendo
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impossível definir uma data precisa, no entanto, quando se perde
uma relação próxima é muito improvável levar menos de um ano e
para muitos casos dois anos ou até mais não é muito tempo. O
processo de sofrimento é muito variável, levando normalmente muito
mais tempo que aquele que as próprias pessoas esperam.
O processo de luto traz consigo diversas formas de manifestações
que podem ser de natureza psicológica, social, comportamental,
afetiva e fisiológica com intensidade e duração bastante variáveis.
(ALVES, 2008)
Reafirmando esta ideia Worden (1991; apud. Melo, 2004)
argumenta que existem sentimentos/comportamentos que são
comuns a pessoas que estão passando pelo processo de luto, porém,
é importante atentar-se quanto a intensidade e duração de tais
sentimentos/comportamentos, considerando que estes são os
mesmos para o luto sadio e o luto complicado, apenas com variações
de intensidade e duração. A seguir, é apresentado uma síntese das
alterações físicas, cognitivas e comportamentais que podem estar
presentes nas pessoas em processo de luto:
Sensações físicas: vazio no estômago; aperto no peito; nó na
garganta; hipersensibilidade ao barulho; sensação de
despersonalização (nada parecer real, incluindo o próprio); falta de
fôlego; sensação de falta de ar; fraqueza muscular; falta de energia;
boca seca.
Cognições: descrença (não acreditar na morte); confusão
(pensamento confuso, dificuldade de concentração ou esquecimento
de coisas); preocupação (obsessão com pensamentos acerca do
falecido); sensação de presença; alucinações (visuais e auditivas;
são uma experiência frequente nos enlutados; são normalmente
experiências ilusórias passageiras, que ocorrem habitualmente após
poucas semanas da perda).
Comportamentos: distúrbios do sono (insônias); distúrbios do
apetite (normalmente há uma redução, mas também pode haver
um aumento do apetite); comportamentos de distração;
isolamento social; sonhos com a pessoa falecida; evitar lembranças
da pessoa falecida; procurar e chamar pelo ente perdido; suspirar;
hiperatividade; chorar; transportar consigo objetos que lembrem
a pessoa perdida; guardar objetos que pertenciam à pessoa
falecida.
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Worden (1998) menciona que em alguns casos a elaboração do
luto não pode ser feita individualmente, pois, segundo ele chorar
sozinho pode levar o indivíduo a um alivio instantâneo mais não
chega ser eficaz; assim, ressalta que o suporte dos familiares e amigos
é fundamental; e estes, ao perceber que o indivíduo enlutado sente
muita raiva, insistindo nesse sentimento e se afastando, deve sugerir
a busca pelo suporte profissional.
2.5. O que os familiares podem fazer visando minimizar o
sofrimento do enlutado
De acordo com Taverna e Souza (2014) o luto é particular, ninguém
vive a mesma situação, cada um enfrentará as suas experiências;
sendo assim, é importante que os familiares saibam entender as
dificuldades da pessoa enlutada; segundo os autores o luto pode ser
comparado com um ferimento físico, que necessita de cuidados, a
fim de reforçar as defesas e curá-lo, o melhor reforço é o processo
de aceitação, acompanhado de simpatia, entendimento e o apoio
externo dos amigos e pessoas próximas. Quando em contato com
pessoas enlutadas é importante entender suas dificuldades,
reconhecendo que não são todas as pessoas que interiorizam o luto
e enfrentam a vida de cabeça erguida; assim, o papel dos familiares
e amigos é de oferecer apoio, companheirismo, levar esperança,
compreendendo cada uma das fases da pessoa que sofreu a perda.
Segundo Sequeira e Souza (2014) é extremamente necessário
transmitir confiança e apoio ao enlutado, pois assim ele passará a
se organizar e aos poucos ir aceitando a nova realidade;
complementando esta ideia Worden (1998) afirma que o silêncio
também é uma forma de consolar e ajudar, pois demonstra respeito
e compreensão ao momento vivido pelo enlutado.
Worden (1998) salienta que é de suma importância respeitar o
tempo do enlutado e estar sempre perto, principalmente em ocasiões
especiais, tais como, data de aniversário, natal e réveillon, que
costumam ser datas dolorosas, principalmente no primeiro ano de
luto; nesses momentos é importante estar presente, ouvindo e
ajudando a celebrar a memória de quem já morreu.
Taverna e Souza (2014) argumentam que em alguns casos apenas
o apoio por parte dos familiares não é suficiente para o indivíduo
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possa concluir o processo do luto de forma saudável, há a necessidade
de frequentar grupos de apoio, onde as pessoas possam compartilhar
suas dores e em casos mais extremos a ajuda de profissionais da
saúde, como psicólogos, psiquiatras, a fim de diagnosticar
enfermidades decorrentes dos processos de não assimilação do luto
e proporcionar tratamento adequado.
3.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em análise à bibliografia estudada, permite-se concluir que o luto
é uma experiência subjetiva de interiorização da perda, pela qual cada
pessoa nesta situação de dor emocional reage de forma singular, dentro
deste caminho citado como “fases do luto” segundo Kübler-Ross (1985),
que permite a esta pessoa vivenciá-las em tempos diferenciados até
que se assimile a perda. Bowlby (1985) ressalta que o processo de luto
sofre grande influência das experiências vividas e da cultura na qual o
indivíduo está inserido. É importante que as pessoas próximas ao
enlutado estejam atentas a perceber à linha tênue que separa o luto
sadio do luto complicado; pois, considerando que ambos os processos
trazem diversas formas de manifestações que podem ser de natureza
psicológica, social, comportamental, afetiva e fisiológica; a principal
diferença entre o luto sadio e o complicado é a intensidade, o tempo e
a frequência dos comportamentos.
O papel dos familiares e amigos que estão próximos ao enlutado
é de oferecer apoio, companheirismo, levar esperança,
compreendendo e respeitando cada uma das fases vivenciadas pela
pessoa que sofreu a perda e o tempo que ela precisa para aceitar a
nova situação; caso percebam que apenas o apoio dos familiares
não está sendo suficiente para que o indivíduo possa concluir o
processo do luto de forma saudável, há a necessidade de buscar
ajuda de profissionais da saúde, como psicólogos, psiquiatras, a fim
de diagnosticar enfermidades decorrentes dos processos de não
assimilação do luto e proporcionar tratamento adequado.
4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, K. V. G. Morrer de amor: luto pode causar adoecimento
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O ABUSO SEXUAL INFANTIL: O INDIVÍDUO, A
FAMÍLIA E O PAPEL DOS PROFISSIONAIS NO
ATENDIMENTO À CRIANÇA
Siléia Batista SOARES
Fernanda Piovesan DOTA
RESUMO
Os casos de abuso infantil sempre existiram, no entanto, nunca
foi tão discutido e denunciado como atualmente. Algumas estatísticas
levam a saber que este é um problema profundamente encravado
na sociedade, compreendido de outra maneira na Antiguidade, com
uma imensidade de variáveis, entretanto, elas dão apenas uma
representação geral do problema. A principal vítima dessa história é
a criança, mas não só ela como as famílias e, por um outro aspecto,
o “agressor”. Nesse contexto, há de se verificar a importância do
Psicólogo para ouvir, auxiliar e orientar as vítimas, pois elas
necessitarão de encaminhamento e tratamento para que voltem a
ter uma vida aparentemente “normal”.
Palavras-chave: Abuso sexual, Criança, Psicologia.
ABSTRACT
Cases of child abuse have always existed, however, has never
been discussed and denounced as today. Some statistics lead to know
that this is a deeply wedged problem in society , otherwise understood
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in antiquity , with a multitude of variables , however, they give only
a general representation of the problem. The main victim of this
story is the child, but not only her as families , and another aspect ,
the “ aggressor.” In this context, to verify the importance of the
psychologist to listen , help and guide the victims because they
require referral and treatment to come back to have a “normal” life
apparently .
Key-words: Child, Psychology, Sexual Abuse.
1. INTRODUÇÃO
Antigamente não se compreendia e nem se pensava a infância
como na atualidade, ou seja, não se sabia o que representava ser
criança; isso porque ela não se diferenciava do adulto e não era
representada significativamente na família, era vista somente como
alguém ligada ao grupo como qualquer outro personagem do
contexto. (ARIÈS, 1979, p.14). A percepção que se tinha era de um
“ser em miniatura” que tinha que aprender a viver juntamente com
os demais.
Atualmente, de acordo com o E.C.A. – Estatuto da Criança e do
Adolescente, promulgado oficialmente em 13 de Julho de 1990 pela
Lei n. 8.069, no Brasil, a criança passa a ser considerada como
qualquer indivíduo desde o seu nascimento até 12 anos de idade.
(BRASIL, 2002, p. 20).
Mesmo depois de tantos anos, tais crianças ainda não podem ser
consideradas adolescentes, ainda que tenham o porte físico de um,
pois lhes falta maturidade psicológica para isso. É neste sentido que
se diferencia as palavras desenvolvimento e crescimento.
Desde o início as crianças aprendem com os pais, imitando seus
comportamentos. Assim, se estes passam a negligenciar ou abusar
dos mesmos, eles tendem a desenvolver vários transtornos
psicológicos e alguns a repetir as ações quando adultos. Vygotsky
et. al. (1988) acredita que “as características individuais e até mesmo
suas atitudes individuais estão impregnadas de trocas com o
coletivo”. Além dos pais, a família, a igreja e a escola fazem parte
do processo de desenvolvimento da criança.
É comum, enquanto os pais trabalham os filhos ficarem sob os
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cuidados de terceiros ou, passarem o dia sozinhos. Essa espécie de
‘abandono’ poderá trazer sérias consequências até a fase adulta.
Essa negligência é apenas uma das formas de violência que existe,
no entanto é muito comum nos depararmos com crianças que
sofreram outros tipos, como violência física, a psicológica e a sexual.
Muitos estudiosos atualmente se mostram preocupados com a
temática, buscando compreender e explicar seus vieses, afim de,
encontrar alternativas de cuidados, amparo e atendimentos que
minimizem os malefícios causados às vítimas, às suas famílias e até
mesmo aos agressores. Segundo Azevedo e Guerra (2002) alguns deles
se esquecem de que as crianças têm direitos, sobrepondo sobre elas
regras e relações de poder dominantes e agressivas mantendo um
domínio sobre elas, seja de forma física, econômica, emocional,
entre outras.
O objetivo deste trabalho é verificar, por meio de uma pesquisa
bibliográfica sobre o abuso sexual infantil, assim como, os traumas
advindos dessa prática, as possíveis intervenções legais, individuais
e multidisciplinares para amenizar o impacto produzido por ela.
2. ABUSO SEXUAL INFANTIL
O termo ‘Abuso Sexual Infantil’ foi adotado pela OMS (1999),
para referir-se à violência sexual em que a vítima é uma criança ou
um adolescente.
Nos diversos conceitos criados sobre abuso sexual até hoje,
algumas características aparecem em comum:
a) a impossibilidade do consentimento da criança que, pela
própria fase do desenvolvimento, não tem condições de decidir ou
de compreender a natureza do ato;
b) a finalidade de obter estimulação sexual para o adulto;
c) o abuso do poder do adulto sobre a criança, cujo ato nem
sempre é facilmente identificável por provas físicas (PADILHA;
GOMIDE, 2004).
Conforme a relação estabelecida entre a criança e o autor,
podemos diferenciar dois tipos de abuso sexual, o extrafamiliar
quando a relação se dá entre a criança e um adulto não membro da
família, podendo ser um conhecido ou desconhecido (VIODRES INOUE;
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RISTUM, 2008), visitante ocasional ou de confiança por parte dos
pais. Pode acontecer fora do ambiente familiar (SEABRA &
NASCIMENTO, 1998); e o intrafamiliar quando o abuso é realizado
por um membro da família como o pai, o irmão, a mãe (SEABRA;
NASCIMENTO, 1998). É também chamado de incesto, englobando avós,
tios, padrastos, madrastas e primos.
O abuso infantil pode envolver contato físico (atos físicos genitais,
exploração sexual para fins econômicos), não físico (abuso verbal,
telefonemas obscenos, exibicionismo e voyeurismo), e a violência
(estupro, brutalização e assassinato) (AZEVEDO; GUERRA, 2002; CFP, 2009).
O local onde os abusos mais ocorrem é o doméstico e os principais
abusadores são, de acordo com dados da UNICEF, principalmente
pais, padrinhos, avós, irmãos, tios. Isso dificulta saber a realidade
das pesquisas sobre o assunto, pois o mesmo que agride é aquele a
quem a criança ama e, por isso, eles não são facilmente denunciados.
Acredita-se que no Brasil menos de 10% dos casos chegam às
delegacias (RIBEIRO; FERRIANI; REIS, 2004). Na maioria dos casos
que chegam, o homem é o agressor e a menina é a vítima, porque os
meninos revelam a violência menos do que as meninas. Nos casos
em que as mulheres são as agressoras, a descoberta é ainda mais
difícil porque são elas as responsáveis pelos cuidados da criança.
De acordo com autores como Ferreira e Azambuja (2011), Bassols
et al. (2011) e Furniss (2002) as consequências de tais atos podem
atingir diversas áreas e períodos do desenvolvimento da vitima:
podem durar o resto da vida, e dependem, entre outros fatores: do
grau de violência sofrida; de quantos anos tinha quando os atos
abusivos se deram; da duração, frequência e tipo do abuso; do vínculo
com o agressor; da diferença de idade entre a vítima e o agressor;
da capacidade de resiliência da criança, da ajuda afetiva e social
quando da e após a acusação; do acompanhamento; da presença de
outros familiares para protegê-la.
Para esses autores, o abuso pode dar origem a transtornos como
ansiedade, depressão, ideia de suicídio, estresse pós-traumático e
outras manifestações psicopatológicas; como prejuízo no
desempenho escolar e no desenvolvimento cognitivo, agressividade,
uso de álcool e outras drogas. (BASSOLS et al., 2011).
O abuso pode durar anos e dificilmente é interrompido sem a
interferência de atores externos. Quando a criança consegue falar o
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que esta ocorrendo, não é raro que não acreditem ou a culpem, sem
denunciar o abusador pelo medo das consequências, entre elas a
exposição, a quebra de vínculos, e o risco de ficar sem aquele que
provê economicamente a família (SANTOS et al., 2006).
Existem mães e outros familiares que conseguem funcionar como
figuras de proteção, dando apoio e suporte emocional à criança,
entretanto, de acordo com Duarte (2008), estima-se que no Brasil,
em relação à violência sexual, para cada caso denunciado, 20 não
chegam ao conhecimento das autoridades.
Existem casos em que, quando o abuso é revelado, a mãe reage
com ciúmes, como rival e passa a colocar na filha a responsabilidade
pelo ocorrido. A dificuldade de a mãe reconhecer o abuso só piora a
situação, pois isso seria a confirmação de seu fracasso como mãe e
esposa, enquanto que o abusador usa de todos os meios para manter
seus atos em silêncio e encobertos.
O abuso sexual infantil é um verdadeiro campo minado para todas
as pessoas envolvidas — as que sofreram abuso, as que abusaram e
os profissionais envolvidos no tratamento e no cuidado. É um
problema genuinamente multidisciplinar, requerendo a cooperação
de uma ampla gama de profissionais com diferentes capacidades
(FURNISS, 2002).
Quando há suspeita ou confirmação de abuso sexual, é muito
importante avaliar o grau de risco familiar, antes que a criança volte
para casa. Isto requer tempo e a intervenção de uma equipe
interdisciplinar especializada composta de psicólogos, assistentes
sociais, advogados, polícia, pediatras, psiquiatras, psicólogos,
aconselhadores e terapeutas envolvidos no tratamento das crianças
que sofreram abuso sexual e de suas famílias.
Para evitar que as vítimas fiquem expostas a uma situação de
risco pior a assistência e a intervenção planejada a nível
governamental e comunitário são fundamentais. Isso demanda
soluções adequadas para acabar com o ciclo da dor e tentar cuidar
das sequelas importantíssimas, que condicionará a vitima ao longo
de toda a sua vida.
Uma portaria do Ministério da Saúde tornou a notificação destes
casos obrigatória desde 2001. O ECA também prevê que, além de ser
responsável pela comunicação dos casos identificados de violência
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sexual, o profissional de saúde deve dar proteção às vítimas e o apoio
necessário às suas famílias (SCHERER & SCHERER, 2005; Neves, 2008).
Ao profissional de saúde cabe ainda contribuir para que haja
maior integração entre as instituições de saúde e as instâncias legais,
em especial o Conselho Tutelar, encaminhando a família e a criança
para a assistência social e psicológica, colhendo exames para evitar
doenças sexualmente transmissíveis (DST) e administrando
medicamentos nas primeiras 72 horas após a agressão.
A escola, na pessoa do professor, ou do diretor tem um papel
fundamental na proteção e orientação de crianças e adolescentes.
Ela serve como um espaço para discussão de temas importantes,
como sexualidade e gênero. Deve também ficar atenta quanto à
mudanças de atitudes nas crianças. O vínculo educador-aluno pode
ser um caminho para crianças que vivenciam situações de violência
sexual saírem de tais situações. Tanto na abordagem, como na escuta,
o profissional deve se sentir capacitado e buscar ajuda de outros
profissionais para melhor encaminhar esses casos.
Os amigos, vizinhos e familiares que convivem diariamente com
as pessoas e ouvem de cada uma delas diferentes histórias
percebendo se alguém próximo está passando por uma situação de
violência sexual, devem tomar a decisão corajosa e importante de
agir em defesa da criança, o que pode vir a revelar segredos da
família que muitos preferiam esconder.
Esse é um momento importantíssimo e uma rede formada por
profissionais despreparados pode oferecer risco de revitimização.
Segundo Habigzang et al. (2006, p. 381) as ações profissionais e
legais devem se complementar na busca de um atendimento eficaz:
A intervenção legal deve estar conectada com os profissionais da
saúde mental, senão poderão contribuir para um aumento do dano
psicológico sofrido pela criança.
A proteção social especial é voltada para indivíduos ou famílias
que tiveram seus direitos violados ou ameaçados por circunstâncias
diversas, como o abuso sexual, exigindo atuação interdisciplinar e
especializada, inclusive em contato com outros órgãos de proteção
de diretos da Rede de Proteção Social e no Sistema de Garantia de
Direitos, como o Ministério Público e Conselhos Tutelares (CFP, 2009).
Segundo a Lei 8.069 (BRASIL, 2003), nos artigos 132 e 88, cabe
aos conselhos (tutelares e de direitos) o papel de controlar, decidir
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e coordenar. Intervir caso haja o não cumprimento das funções a
cargo do Estado, formular políticas de proteção integral a infância,
tomar decisões sobre a adequação de programas já implantados e
articular os órgãos públicos e iniciativas privadas para a concretização
da política de proteção e desenvolvimento das crianças e
adolescentes (GABEL, 1997).
A intervenção psicológica depende do tipo de abuso sofrido e
necessidades específicas da criança. Existem diferentes tipos de
intervenção. O tratamento poderá ser feito forma individual, grupal
ou de par, poderá ser dirigido à família completa, à vítima e/ou ao
agressor(a), selecionando também o lugar e a duração. Podem ser
baseados em diferentes escolas: psicanalítica, comportamental,
cognitiva e humanista, fazendo uso de técnicas de psicoterapia
infantil como discussões, jogo, teatro, desenho, redações,
relaxamento, musicoterapia.
3. CONCLUSÕES
A violência sexual na infância revela situações limite, e rouba
uma fase da vida onde medo, violência, tristeza e sexo não deveriam
ter lugar. Ao buscar compreender como os resultados ocasionados
pelo abuso sexual são danosos para a vítima, constata-se a
importância de um acompanhamento psicoterapêutico, a fim de que
a criança vitimada possa estabelecer novos caminhos para seguir e
reconstruir a sua vida. No intuito de tratar estes problemas, a atenção
deve ser dirigida para intervenções prioritárias, abordagens
integradas para tratar o abuso e a garantia de um ambiente favorável
para um desenvolvimento físico, social e emocional pleno.
4. REFERÊNCIAS
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PERCURSO FREUDIANO DA ETIOPATOGÊNIA DA
NEUROSE OBSESSIVA
SILVA, Guilherme A. L. S. da.
Dos Santos, José Wellington
RESUMO
Este artigo procura traçar o caminho progressivo de Freud
acerca da investigação da etiopatogenia do que a psicanalise
clássica denomina como neurose obsessiva. Para tal proposição
realizar-se-á a leitura cronológica dos textos freudianos
pertinentes ao objetivo proposto, fazendo um destaque ao caso
do homem dos ratos, considerado um caso clínico bem sucedido
de Freud.
Palavras-Chave: neurose obsessiva, Freud, etiopatogenia.
ABSTRACT
This article seeks to trace the progressive path of Freud about
the investigation of pathogenesis than classical psychoanalysis as
obsessional neurosis. For such a proposition will be held chronological
reading of Freudian texts relevant to the proposed objective. It will
be added succinctly the important previous conceptions and later
Freud’s research on the subject, especially with respect to its
pathogenesis.
Key Words: obsessional neuroses, Freud, pathogenesis.
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INTRODUÇÃO
Após trinta anos decorrentes da primeira publicação de Freud acerca
do que hoje se denomina neurose obsessiva. Esta continuou sendo para
ele um dos temas mais importantes em suas investigações clínicas e
elaborações teóricas. Silveira (2010) afirma tratar-se de uma tipologia
rica para investigação e complexa em conteúdos simbólicos. Por isso,
tal neurose é considerada um dos principais quadros da clínica
psicanalítica. A psicanalise como foi concebida primeiramente por Freud,
e, conforme defende Pinto (2007), nasceu a partir do interesse dele
pela histeria. O seu desenvolvimento e constituição se deu igualmente
através de seu labor clínico com a neurose obsessiva. Ribeiro (2006)
afirma que com a publicação em 1896 do artigo “A hereditariedade e a
etiologia das neuroses” Freud pela primeira vez tornou público, com
base em seus estudos do inconsciente que seria necessário situar junto
à histeria, o que ele denominou de neurose de obsessões. De acordo
com Ribeiro (2006), Freud utiliza pela primeira vez a palavra psicanalise
em seu artigo de 1896. No presente trabalho será feita uma revisão
bibliográfica dos textos de Freud seguindo o percurso e desenvolvimento
cronológico do pensamento do autor sobre a etiopatogenia da neurose
obsessiva, desde concepções anteriores relacionadas ao tema, até o
caso emblemático do homem dos ratos, que foi determinante para que
Freud desse continuidade a pesquisa sobre as importantes fases libidinais
que constituem o psiquismo humano
Faz-se necessário salientar que a contribuição de Freud não se
fez em exaurir ou concluir o tema, mas em pavimentar um caminho
para que novas elaborações e aplicações clínicas possam se
desenvolver, no que consiste esta, que atualmente apresenta-se como
um grande desafio à clínica psicanalista. Freud trabalhou retomando
e reformulando sempre as suas próprias concepções relacionadas a
etiopatogenia dessa neurose como se vera no decorrer do presente
trabalho de pesquisa “Freud definiu sucessivamente a especificidade
etiopatogênica da neurose obsessiva” (LAPLANCHE 1991).
1. Concepção anterior à elaboração teórica Freudiana
O quadro denominado a partir de Freud como neurose obsessiva,
foi antes, juntamente com a histeria apresentado como uma tipologia
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clínica da estrutura neurótica agregada as neuroses de transferência.
Foi considerada uma manifestação da mania, pertencendo ao quadro
clínico das psicoses. Psiquiatras como Pinel, Esquirol, J.P. Falret e
Legrand du Saulle, através da prática clínica descreveram,
respectivamente o que denominaram de: a mania sem delírio, a
monomania de raciocínio, a loucura da dúvida e a patologia da
inteligência, que se davam em momentos onde acentuava-se através
de alterações na conduta, bem como períodos onde observava-se
sublinhada alienação parcial (SILVEIRA 2010).
O termo obsessão foi utilizado pela primeira vez por Jules Falret
(1824-1902), alienista Francês que o utilizou para descrever o
fenômeno em que a pessoa era acometida por ideias patológicas e,
ou, enorme culpa (RIBEIRO, 2003). Não muito tardiamente o termo
foi traduzido para língua alemã como: Zwang, pelo psiquiatra
austríaco Richard Von Krafft-Ebing, remetendo na língua germânica
a algo como uma coerção e compulsão a agir e pensar contra a própria
vontade (ROUDINESCO & PLON, 1998). Freud de acordo com Pinto
(2007) adotou várias noções a partir do trabalho de Richard Von
Krafft, professor de psiquiatria em Viena que publicou “Psychopathia
sexualis” em 1886. Já de acordo com Ribeiro (2003) a palavra:
obsession, datada do século XVII, foi utilizada por um clérico para
descrever o comportamento compulsivo de um paroquiano que lia
repetitivamente o seu livro de orações.
Conforme a contribuição de Pinto (2007) a obsessão apareceu
tardiamente na clínica das neuroses se comparada à histeria, que
era conhecida desde a antiguidade. Tanto a histeria quanto a obsessão
são vistas na história da religião ocidental associadas aos fenômenos
relacionados ao dualismo religioso referente à divisão entre corpo e
alma. Para Pinto, tal cosmovisão religiosa a concebe como uma
possessão sonambúlica, passiva, inconsciente e feminina onde o
demônio se apodera do corpo da mulher com intenção de lhe torturar.
Na obsessão, a possessão é consciente, ativa e masculina e o possesso
se vê torturado internamente também por uma ação demoníaca (2007
apud ROUDINESCO & PLON, 1998, p. 539). Do lado da histeria está a
mulher, assimilada a uma feiticeira e culpada através de um corpo
diabólico. “De outro lado, está a obsessão, representada pelo homem
invadido por uma sujeira moral que o obriga a ser seu próprio
inquisidor” (Pinto, 2007, p 25)
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2. O percurso Freudiano
No percurso desenvolvido por Freud se faz nítido como ele foi ao
longo de suas observações clinicas e elaborações teóricas lançando
cada vez mais luz ao tema, trazendo sempre novas implicações,
formulações e reformulações. Freud até 1897, pautado então em
sua teoria da sedução relacionada ao trauma sexual infantil, via a
sexualidade das meninas sob o signo da passividade e do pavor, e a
dos garotos sob o signo de um prazer ativo, mas vivido como um
pecado (ROUDINESCO & PLON, 1998). Apesar de Freud a princípio
ter mantido algum grau de correlação entre a histeria e a passividade
bem como entre a obsessão e a atividade, ele rejeitou tal polarização
substituindo-a por uma nova constatação etiopatogênica ao repensar
e delinear uma nova teoria da sexualidade.
Deste modo a neurose obsessiva passou a ser compreendida como
tendo uma origem em um conflito psíquico afetando tanto os homens
quanto as mulheres (ROUDINESCO & PLON, 1998). De acordo com
Pinto (2007) pode-se dividir em dois momentos a inovação nosográfica
freudiana das relações entre a neurose obsessiva e os sintomas de
pensamento ou atos compulsivos: Num primeiro momento, a
construção Freudiana dessa neurose por analogia com o mecanismo
da histeria foi feita entre os anos de 1894 a 1905. Julian (2002)
concomitantemente divide em dois períodos a investigação de Freud,
onde num primeiro momento, em relação à ordem etiológica, era
visto que na infância haveria uma excitação sexual precoce de inicio
provocada pelo adulto, e depois espontânea. De acordo com ele o
trauma é vivido de forma passiva na histeria e na neurose obsessiva
onde no que consiste a segunda, haveria atividade com prazer. Num
segundo momento da divisão proposta por ele, Julian (2002), assinala
que os afetos decorrentes do trauma, por sua vez inconciliáveis com
o eu, desprendem-se de suas representações primeiras para poder
operar uma ligação falsa com as novas representações por
deslocamento. Para o autor, tal substituição seria uma defesa do
eu, e conforme seu pensamento não existe recalque sem o retorno
do recalcado. Afirma também que enquanto na histeria o retorno se
dá por intermédio de conversão, na neurose obsessiva se da por
transposição para outras representações mais conciliáveis com o eu.
O artigo de 1894, denominado “As neuropsicoses de defesa”,
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segundo Camargo (2009) destacou-se como um inicio mais efetivo
da investigação da origem das neuroses. A partir desse artigo Freud
começou a delimitar em dois distintos grupos o que ele chamou de
neurastenia e de psiconeurose. A investigação clinica da psiconeurose,
que compreende a histeria e a neurose obsessiva resultou no artigo
acima referenciado. Foi a partir desse artigo, que de acordo com
Camargo (2009) houve uma inovação freudiana, pois ele passou a
perceber algo em comum entre a histeria e a neurose obsessiva,
onde tal ligação estaria para ele na origem traumática de experiências
sexuais vividas na infância.
Em 1896, com o artigo “A hereditariedade e a etiologia das
neuroses” Freud demonstra a importância que deu na busca de tentar
compreender a etiopatogenia da neurose obsessiva. De acordo com
Camargo (2009) ele anuncia ter feito uma inovação nosográfica. Podese ver tal inferência quando ele relaciona a neurose obsessiva “como
um distúrbio auto-suficiente e independente” (1896a, p. 141-155).
Ele inicia sua investigação por meio da histeria, pois demonstra ter
compreendido que o mecanismo psíquico das obsessões está mais
próximo da histeria do que antes se imaginava. Pode-se notar, porém,
que Freud continua com a mesma hipótese presente no seu artigo
anterior de 1894, hipótese essa de que é na vida sexual precoce do
sujeito que provem a perturbação do sistema nervoso.
A sua abordagem anterior relacionando a histeria a uma
experiência sexual passiva e a neurose obsessiva a um evento que
proporcionou prazer, não encontra mudanças até então. Em suma
ele faz ainda do caráter ativo da experiência sexual na infância a
origem da neurose obsessiva, que predominaria no sexo masculino,
bem como da passividade na histeria predominante no sexo feminino.
Faz-se necessário salientar que mais tarde Freud abandona a
afirmativa das relações entre histeria e sexo feminino e neurose
obsessiva e sexo masculino. No mesmo ano, em (1896), ele lança um
artigo com o seguinte titulo, “Observações adicionais sobre as
neuropsicoses de defesa”. Ele descreve nesse artigo o que considerou
o curso da neurose obsessiva, afirmando que a consciência não fica
totalmente livre do reaparecimento das experiências antigas de
prazer, o que as torna passiveis de recriminação. Como defende
Camargo (2009) tal reaparecimento pode acontecer, (segundo Freud
faz constar em seu texto), de duas maneiras, sendo estas, ou
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acidentalmente ou espontaneamente. Freud percebe substratos de
sintomas histéricos por detrás da neurose obsessiva, onde uma cena
de passividade em geral precede a atividade sexual. “(...) a atividade
sexual precoce parece implicar numa experiência de sedução
anterior” (Camargo 2009). Ações e pensamentos obsessivos indo das
medidas de precaução e de expiação até aos atos cerimoniais, estados
de duvida extrema ou numa vida de excentricidades e manias na
qual o sujeito se pune por toda e qualquer ação realizada (Camargo
2009).
Estes sintomas, classificados como secundários decorrem da
tentativa do ego de afastar sinais da lembrança traumática. Em 1907
após um período produtivo de investigação das neuroses, Freud
retoma de modo significativo sua pesquisa dispondo o artigo: “Atos
obsessivos e práticas religiosas”. Nesse período de reflexão ele
defende que os pensamentos, atos e ideias obsessivas fazem parte
constituinte dessa neurose. Freud realiza uma análise dos atos
cerimoniais religiosos em comparação ao comportamento obsessivo,
onde os fiéis e devotos da religião criam práticas como forma de
expiação e perdão pelos pecados por eles cometidos como uma
maneira de encontrar alívio da culpa. Os rituais religiosos aqui são
obsessivos à medida que são caracterizados por alterações nos atos
cotidianos através de restrições ou acréscimos realizados de forma
semelhante ou com pequenas modificações. É visto, portanto, que
existe nos atos cerimoniais religiosos um sentido, como ocorre no
ritual obsessivo que aparece como forma de afastar do sujeito uma
lembrança ou afeto desagradável da consciência. Tais métodos
cumpridos pelo sujeito, apesar de não parecerem fazer o menor
sentido, podem gerar imensa ansiedade se não forem por ele
realizados, como afirma Camargo, “para o sujeito que o realiza, as
pequenas formalidades rigorosamente cumpridas parecem ser
desprovidas de sentido. No entanto, não é capaz de renunciar a
elas, pois um breve afastamento do cerimonial já é capaz de gerar
significativa ansiedade” (CAMARGO 2009)
A natureza de tais atos aponta para algo claramente presente no
neurótico obsessivo, que é o sentir-se dominado por um sentimento
de culpa do qual ele desconhece e que ao ser exposto pelo perigo,
intensifica-se gradativamente. Assim o cerimonial obsessivo surge
como uma padronização e ferramenta de proteção das situações
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que podem originar as “tentações” (tensões). Tal sistema exige o
preenchimento de inúmeras etapas e condições rigorosamente
sucessivas que envolvem pausas, repetições, proibições e
impedimentos. É sobre tais condições presentes nessa tipologia de
neurose que Freud estabelece um paralelo da neurose obsessiva com
os rituais religiosos; apontando que são comportamentos patológicos,
caracterizando, portanto, a neurose obsessiva como uma forma de
religião individual, reflexão essa que retoma de forma efetiva em
1913 em “Totem e Tabu”.
Em 1908, Freud escreve “Caráter e erotismo anal” onde traz a
luz novamente concepções pertinentes ao tema. Faz-se necessário
constar aqui que ele não trata do tema diretamente, e que nem se
quer o conceito é mencionado. Porém é exposto no “Caráter e
erotismo anal” três traços de caráter intimamente interligados que,
segundo Freud são: ordem, avareza e obstinação. Camargo (2009),
afirma que ao descrever cada uma destas três características, o
artigo de Freud confere uma relevante importância para o estudo
da neurose obsessiva, pois, estes mesmos traços são encontrados no
obsessivo. Freud defende que as três características acima citadas
são nada mais do que vestígios da intensa atividade da zona anal em
um período precoce da vida sexual do sujeito. Freud indica que esse
grupo “(...) parece ter pertencido ao grupo que se recusava a esvaziar
os intestinos ao ser colocado no urinol, porque obtém um prazer
suplementar do ato de defecar (...)”(1908, p. 160) o que aponta
para o caráter erógeno da zona anal. No período da adolescência
porém, com todas as implicações pertinentes a tal fase e que
consistem principalmente na ampliação das relações sociais e com
ela toda sua cama de inferências, o sujeito através de um sintoma
primário de defesa (que consiste na vergonha, nojo e asco), abandona
as excitações da zona erógena anal. Tal movimento se torna conhecido
pela prevalência destes traços de caráter originados a partir de
formações reativas contra os mesmos.
Porém, de toda produção de Freud relacionada ao tema, o caso
clínico do Homem dos Ratos assumiu um lugar de destaque como
paradigma para suas investigações acerca da neurose obsessiva. Freud
o publica em 1909 dando a este caso importante o título “Notas
sobre um caso de neurose obsessiva” ele admite em tal período uma
dificuldade de compreender tal fenomenologia em comparação com
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a histeria, mesmo que, de acordo com Julian (2008), seus argumentos
pareçam contrários ao passo que desenvolve a escrita do caso clínico
do Homem dos Ratos. Ele, a princípio considera que a linguagem da
neurose obsessiva pode ser considerada apenas como um dialeto da
histeria, porém de forma mais clara tendo em vista que se assemelha
“[...] às formas de expressão adotadas pelo nosso pensamento
consciente [...]” (1909, p. 140). No que tange a questão referente
à ainda o que consiste uma aproximação teórica com a histeria,
Camargo (2009) contribui ao mencionar que Freud parece não
implicar o salto de um processo psíquico para uma conversão somática
como no caso da histeria. Fazendo crer então que Freud acredita
que o motivo da dificuldade de entendimento do mecanismo obsessivo
se dá pelo contato não suficientemente frequente com seus
pacientes, o que dificultou um tratamento analítico mais consistente,
outro motivo seria o fato de que os analisados já chegavam à clínica
num estágio mais avançado de desenvolvimento da patologia.
O que faz do tal caso clínico paradigmático no desenvolvimento
freudiano acerca do tema, é que a partir dele pode-se dizer que
Freud inaugura uma nova clínica calcada na sexualização dos
pensamentos e suas implicações. O homem dos Ratos, na segunda
sessão insere em sua narrativa o relato que ouviu de seu capitão
enquanto esteve no exercito onde descreve uma técnica oriental de
tortura que consistia em introjetar ratos famintos no ânus dos
prisioneiros para que estes obtivessem uma morte lenta e dolorosa.
Freud afirma ter estranhado a feição de seu analisando, enquanto
este relatava a ele o que ouvira do capitão, “[...] uma face de horror
ao prazer todo seu do qual ele mesmo não estava ciente” (1909,
p.150). Estranhamente após o relato da narrativa por parte do
paciente à Freud, este passou a ser acometido por ideias obsedantes
direcionadas tanto a uma mulher da qual dizia amar quanto ao seu
pai já morto naquele período.
Na concepção de Freud o paciente ao se lembrar do castigo com
os ratos evoca o erotismo anal estabelecendo uma equivalência
simbólica na qual os ratos passam a ganhar significado de dinheiro.
O paciente associa a palavra Ratten (ratos) que na sua cadeia
associativa evoca Raten (prestações) e que posteriormente levou a
Spielratte, referindo-se a dívida que seu pai contrariou no jogo. É
visto que nesse caso tão paradigmático existe uma ambivalência
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vivida na relação do paciente com seu pai. O homem dos ratos
pensa na morte do pai, ou a deseja à medida em que este se apresenta
como um inimigo ou rival no impedimento à realização do desejo
amoroso que ele sente pela moça. “Seus pensamentos, sob a égide
do recalcamento, tinham o objetivo de suprimi-lo. A morte do pai
faz o obsessivo se atormentar pela possibilidade de sua própria morte,
daí a presença e manejo de técnicas de deslocamento, anulação,
isolamento e negação” (Camargo 2009).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em 1913, Freud, com o desenvolvimento da sua teoria dos estágios
da libido demostra que há pontos de fixação que são decisivos para
a escolha da neurose, onde que no obsessivo se explicita uma
regressão ao nível sádico-anal. O caso clínico do homem dos ratos
foi determinante para que Freud desse continuidade a pesquisa sobre
as importantes fases libidinais que constituem o psiquismo humano.
Em 1013 ele então abandona a teoria que faz relação entre neurose
obsessiva e caráter ativo e histeria e passividade (que estariam
ligadas ao caráter ativo das experiências sexuais). Observa-se no
percurso empreendido por Freud que ele foi gradativamente
reestruturando sua teoria, e que esta não cessou de evoluir até o
fim de sua vida. Porém, o caso clínico do Home dos Ratos publicado
em 1909, culminou em uma análise bem sucedida, e que pavimentou
etiopotogenicamente um caminho importante para teóricos
posteriores. A psicanálise encontra-se em constante evolução, sempre
abrindo precedentes para uma efetiva necessidade de
aprofundamento a partir da construção freudiana. A neurose obsessiva
foi, e continua sendo um conflito intrigante e rico para investigação.
Muito há que se investigar sobre tal conflito que por mais consciente
– pelo sujeito, de sua irracionalidade, constitui-se numa força
devastadora que compromete amplos aspectos da vida de inúmeras
pessoas dentro da clínica contemporânea.
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PERSPECTIVA DO USUÁRIO DE CRACK NA
RESSOCIALIZAÇÃO
Viviane MEDEIROS1
Hilton SANTOS1
Gabriel Gonçalves MATTOS2
RESUMO
O presente artigo aborda a importância da prevenção e
tratamento do uso do Crack quanto à perspectiva de vida do
usuário. Sabe-se que o Crack já se tornou um problema saúde
pública, com isso pesquisar os vários meios de tratamentos que
pode beneficiar esse dependente químico e sua família. O presente
estudo tem como objetivo apresentar uma revisão de literatura
sobre compreender as principais técnicas envolvidas no processo
de ressocialização do usuário de crack. A metodologia utilizada
foi à pesquisa bibliográfica, para melhor conhecer as formas pelas
quais acontece a ressocialização e investigar as politicas de
tratamento.
Palavras-chave: Crack, Politicas e Ressocialização.
¹ Discentes do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral –FAEF; Email: [email protected].
¹ Discentes do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral –FAEF; Email: [email protected].
² Docente do Curso de Psicologia da Faculdade Ensino Superior e Formação Integral –FAEF; E-mail:
[email protected]
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ABSTRACT
This article discusses the importance of prevention and treatment
of the use of Crack on the user’s life perspective. It is known that
the crack has already become a public health problem, with this
research the various means of treatments that can benefit from this
drug addict and his family. This study aims to present a literature
review about understanding the main techniques involved in the crack
user resocialization process. The methodology used was the
bibliographical research, to better understand the ways in which
happens to resocialization and investigate the policies of treatment.
Keywords: Crack, Policies and resocialization.
1.INTRODUÇÃO
A dependência química caracteriza-se pelo uso abusivo de
substâncias psicoativas, que tornou-se um grave problema social e
de saúde pública. No entanto, falar sobre o uso de drogas,
especialmente sobre a dependência química, transporta a questões
relacionadas diretamente ao campo da saúde, família e relações
sociais (PRATTA; SANTOS, 2009).
O crack vem tomando cada vez mais força no campo das drogas,
segue para a terceira década no Brasil e não se sabe ainda quais os
seus reais efeitos ao longo do tempo na vida do usuário. Quando
chegam à uma clínica de tratamento de reabilitação em dependência
química, a maioria já teve muitas perdas materiais e psicológicas, e
na maioria das vezes, faz que tenham medo de voltar a sociedade
(RAUPP, 2006).
A dependência química é vista como um resultado de uma falta
de adaptação e uma deficiência nas habilidades do indivíduo para
lidar com o meio social, ou com os seus problemas. Entre os principais
fatores que influenciam a dependência química estão os biológicos,
psicológicos e sociais (SILVA, 2000).
O tratamento de reabilitação tem como desafio, separar o
dependente do mundo exterior e com isso prepara-lo para a
reinserção. O usuário deve aprender aos poucos como lidar com o
mundo real durante o processo de reinserção (FRACASSO, 2011).
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Segundo Fracasso (2011) quando o indivíduo aceita a responsabilidade
por suas ações e passa a responder por seu próprio comportamento,
a recuperação é considerada uma mudança de estilo de vida e de
identidade e não somente a abstinência.
2.DESENVOLVIMENTO
2.1. O Surgimento do Crack no Brasil
A droga chegou no Brasil no início dos anos 90, e logo se espalhou
pelo País, por ser uma droga de custo baixo. Para produzir o Crack,
é utilizado uma mistura de cocaína em pó dissolvida em água com
bicarbonato de sódio. Para obtenção das pedras de Crack, também
são misturadas diversas substâncias tóxicas como gasolina, querosene
e água de bateria. Com aquecimento dessa mistura a parte sólida é
cortada em forma de pedras. Prontas para consumo, as pedras podem
ser fumadas com a utilização de cachimbos ou aquecida numa lata.
Quando queima, as pedras emitem um ruído, daí a origem do nome
Crack (MARINHO, 2011).
Ao fumar os efeitos do Crack são sensação de poder, excitação,
hiperatividade, insônia, intensa euforia e prazer. A falta de apetite
é intensa no usuário. Um dependente pode perder até 10kg em um
mês. A inalação da fumaça chega rapidamente ao cérebro, cerca de
10 segundos, tais efeitos têm duração em média de 5 minutos, com
isso o uso passa a ser compulsivo, tornando-se dependente. Com a
dependência, o usuário sem a droga entra em profunda “fissura”,
que no caso do Crack é destruidora. Com o uso contínuo o usuário se
torna uma pessoa extremamente agressiva com problemas mentais
e problemas respiratórios, são algumas das consequências mais
comuns do uso do Crack.( PACIEVITCH, 2010).
O Campo Social é outro ponto importante a ser falado sobre o
usuário de Crack, pelo seu agravamento das precárias condições
sociais. O abandono do trabalho ou estudo, danos familiares com
violência doméstica e abandono do lar com grande frequência,
envolvimento com a criminalidade. Com a ruptura de suas relações
sociais, familiares e de trabalho, normalmente aumenta sua exclusão
social, com isso se torna comum os usuários virem a óbito ou praticar
homicídio (CNJ, 2011).
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2.2 Usuários no Código Penal
A Lei nº 11.343/06 aprimora-se ao combate do tráfico de drogas,
reprimindo rigorosamente condutas criminosas, bem como
apresentando um novo tratamento penal aos usuários e dependentes
de drogas. A lei passa a ceder um tratamento especial ao usuário.
Deixando de tratar o usuário como criminoso, com isso a posse de
droga para consumo passa a ser restritiva de direitos (PEREIRA, 2009).
Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve
medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de
usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à
produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá
outras providências. (BRASIL, Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006).
Segundo Queiroz (2014), esse projeto de Lei ficou conhecido como
Lei das Drogas e nele vem prevista a internação involuntária, ou a
pedido da família, ou do seu responsável. Deste modo, o Estado ao
invés de deixar o usuário solto nas ruas consumindo drogas
livremente, deveria dar condições humanas de internações e
tratamento.
O artigo 28 e seus parágrafos da Lei 11.343/2006, traz o seguinte
texto:
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar
ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será
submetido às seguintes penas:
I - Advertência sobre os efeitos das drogas;
II - Prestação de serviços à comunidade;
III - Medida educativa de comparecimento à programa ou curso
educativo.
§ Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo
pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação
de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar
dependência física ou psíquica.
§ Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal,
o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida,
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ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às
circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos
antecedentes do agente.
§ As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo
serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses.
§ Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e
III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10
(dez) meses.
§ A prestação de serviços à comunidade será cumprida em
programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais,
hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem
fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do
consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas.
Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se
refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se
recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a:
I - Admoestação verbal;
II - Multa.
§ O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição
do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde,
preferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado.
Ao ler o artigo constata-se que o tratamento dado ao usuário é
uma repreensão do quanto ele está sendo prejudicado ao consumir
a droga. Isso não é o suficiente para que o usuário tome consciência
do mal que a droga faz a sua vida. O mais sensato seria colocar
medidas de internações para usuários de qualquer droga ilícita e a
duração iria variar de acordo com o tipo de droga achada com o
indivíduo. Desta forma, teriam tratamentos especializados somente
para dependentes químicos. (QUEIROZ, 2014).
2.3 Processos de tratamento e prevenção da Ressocialização do
Usuário de Crack
Existem diversas modalidades de tratamento, como por exemplo,
comunidades terapêuticas, programas de desintoxicação, grupos de
autoajuda, intervenções religiosas, internações, tratamento
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medicamentoso, entre outros que ajudam na prevenção e tratamento
do dependente (PEREIRA, 2009).
O período de tratamento é determinando de acordo com a
necessidade do paciente, respeitando algumas fases, como:
Desintoxicação: o usuário está bem fragilizado, principalmente
pela quantidade de droga no organismo, o processo de eliminação
da droga sempre deve ser acompanhada de médico e psicólogo,
orientando de que forma será feito o tratamento.
Reabilitação psíquica: esta fase é onde deve ser trabalhada as
atitudes e comportamentos perante a droga.
Reintegração social: nesta fase o paciente já passou pelo
tratamento apropriado e será feito a reinserção social, é uma das
fases mais complicadas para esse indivíduo, onde a sociedade causa
medo e insegurança, e com isso se torna essencial buscar apoio em
grupos de ajuda que dará amparo em sua vida social.
Ambulatorial: é a fase dos grupos de apoio, acompanhamento
psicológico e com o auxílio da família que é essencial, com a
finalidade de proporcionar um resultado gratificante no processo da
reintegração social (PEREIRA, 2009).
O processo de recuperação do usuário de droga é um processo
de crescimento e desenvolvimento no qual irá lidar com tarefas
básicas e com tarefas mais complexas. Com isso passará por
processos, pois para lidar completamente com a droga não é uma
tarefa muito fácil para um dependente químico, lidar com essa
abstinência por causar alguns danos físicos e psicológicos, é a onde
ele vai aprender a lidar com a vida sem a droga, aprendendo a ter
uma vida mais produtiva, recomeçar a ter autoestima, recuperar
amigos, resgatando sua dignidade e autoconfiança (PEREIRA, 2009).
Dentre os métodos mais difundidos acerca do tratamento da
dependência química podemos apresentar os Narcóticos Anônimos
(NA), o grupo tem como finalidade ajudar uns aos outros a se manter
limpo através de reuniões com troca de experiências e também ajuda
a identificar alguns sinais de recaída e assim conhecendo a
importância e o devido modo de uma recuperação duradoura. A
recuperação se inicia com os princípios espirituais compreendidos
nos doze passos. Quando o usuário se percebe sua fragilidade perante
a droga, ele se concentra nos doze passos. No programa o indivíduo
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pratica todos os passos um por um e aprendendo a admirar a vida e
vivendo só por hoje. (NA, 1953).
O governo federal possui o programa Crack, É Possível Vencer,
estruturado em três eixos: prevenção, cuidado e autoridade. Todas
as ações do programa envolvem o compromisso com estados e
municípios (BRASIL, 2014).
Com isso surge as Comunidades Terapêuticas são instituições
privadas, sem fins lucrativos e financiadas, em parte, pelo poder
público.
Proporcionam acolhimento para dependentes químicos
gratuitamente e particulares algumas delas aceitam internações
mista, tanto particular como gratuita, voltadas para pessoas que
necessitam de um lugar protegido para ajudar em sua recuperação
do uso de droga. O tempo de acolhimento pode ter duração de até
06 meses conforme a necessidade do indivíduo. (BRASIL, 2011).
Segundo o Portal Do Governo do Estado de São Paulo (2013),
encontrar uma vaga em uma instituição gratuita também não é fácil,
geralmente há lista de espera. Por conta disso o governo disponibiliza
o Cartão Recomeço tornando-se uma grande esperança, pois ele tem
como objetivo financiar vagas em comunidades ou instituições
terapêuticas. Primeiro passo para conseguir o Cartão Recomeço é
buscar o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do seu município. É
importante que você saiba que a preferência é que o dependente
químico passe por tratamento ambulatorial (sem internação) no
próprio CAPS. O dependente químico passará por avaliação por
médico e psicólogo. Alguns lugares também fazem a triagem com a
assistente social. A partir da constatação de que é preciso internar o
dependente químico em uma instituição particular, será feito o Cartão
Recomeço. O Cartão Recomeço não entrega o dinheiro para a família
ou o dependente químico. Na verdade, o valor de R$1.350 por mês é
diretamente encaminhada às comunidades terapêuticas credenciadas
pelo governo. O benefício tem a duração de até seis meses e é
concedido para maiores de 18 anos (BRASIL, 2011).
A Comunidade trabalha com estruturas hierárquicas, sendo assim
cada membro tem suas responsabilidades para o bom funcionamento
da comunidade. Existem regras e normas a serem seguidas desde a
entrada. Sendo um dos objetivos ressocialização, buscando a
transformação do indivíduo através das vivências de cada residente,
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proporcionado um espaço de recuperação, através dos projetos
terapêuticos que a instituição oferece. (FEBRACT, 2001)
Na grande maioria as Comunidades Terapêuticas, oferecem uma
rede de ajuda no processo de recuperação desses indivíduos. A CT
utiliza alguns métodos para a eficácia do tratamento dividindo em
três fases. A primeira fase é a adaptação, a segunda é a
reestruturação pessoal e a terceira trabalha a ressocialização. Os
usuários que desejam realizar um tratamento em Comunidade
terapêutica podem procurar a Comunidade ou ainda ser
encaminhados pelo sistema formal de encaminhamentos do CAPS AD
(Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e outras Drogas). As
internações são voluntárias e todos os internos são cuidadosamente
avaliados do ponto de vista biopsicossocial. (FEBRACT, 2001).
O Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) é um
serviço especializado em saúde mental que atende pessoas com
problemas de dependência química, utilizando três níveis de cuidado,
o cuidado diário, de duas ou três vezes por semana ou de até três
vezes por mês. Realiza assistência ao usuário como medicamentos,
terapias, oficinas terapêuticas, atenção familiar. O CAPS AD é um
tratamento aberto é voltado para quem realmente quer ajuda de
recuperação, ou seja, não há internação ou qualquer procedimento
sem o consentimento do usuário. Caso queira participar o indivíduo
passa por uma triagem, na qual será avaliado e encaminhado ao
tratamento mais adequado. (PARRA, 2009).
A Clínica de Reabilitação é uma instituição fechada, voltada para
um público com maior poder aquisitivo, oferecendo internação
voluntária ou involuntária, para tratamento de álcool e outras drogas,
em ambiente protegido e estável aonde o tratamento vai além da
desintoxicação envolvendo os aspectos biológicos, psicológicos e
sociais deste dependente químico, tratamento em regime fechado
pode durar de 6 a 9 meses. Opera com o mesmo propósito da
Comunidade Terapêutica, recuperar esses indivíduos (MONTEIRO,
2011).
Além de todos os programas de tratamento e prevenção, as
dificuldades do tratamento para dependentes químicos,
intensificadas muitas vezes pela falta de apoio de seus familiares,
somando ao sistema público de saúde particularmente despreparado
para tratar a dependência química, outro problema detectado é a
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falta de preparo da classe médica para lidar com o dependente
químico.
Enfim, a ressocialização desse ex-usuário de droga, deve ser da
maneira que ele se sinta pertencente dessa sociedade, onde ele
possa ser útil e produtivo, exercendo assim sua dignidade e cidadania,
assim, a ressocialização tem que ser um procedimento planejado,
elaborado e orientado para todos.
3.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho é resultado de pesquisa bibliográfica sobre
importante dos processos de tratamentos do usuário de crack para a
ressocialização.
Cabe ressaltar que a família é um fator fundamental na
dependência e no tratamento do usuário. Juntamente com os
relacionamentos interpessoais e as influências ambientais, a família
é considerada de importante contribuição para a dependência, pois
hábitos e comportamentos são adquiridos através destes
relacionamentos. Por isso, transmitir informações sobre drogas à
família é de grande importância na recuperação do dependente em
tratamento, reduzindo as chances de fracasso.
Foi possível concluir que é importante a criação de mais políticas
públicas voltadas para a dependência química, devido ao crescente
índice de usuários dependentes e pelo fato da síndrome de
dependência ser um transtorno crônico, que acompanha toda a vida
do paciente e por isso demanda cuidados.
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TRANSEXUALIDADE: O PRECONCEITO E A
INDIVIDUALIZAÇÃO VOLTADA A IDENTIFICAÇÃO
DO INDIVÍDUO TRANSEXUAL.
Daniela Luise Nicolau dos SANTOS
1
Giovana Bruno da SILVA 2
RESUMO
O termo gênero é utilizado para denotar o papel do indivíduo
na sociedade desempenhado como menino ou menina/homem ou
mulher. A transexualidade refere-se à quando o indivíduo define
a identificação de seu gênero independente do seu sexo biológico.
O preconceito e a discriminação com os indivíduos transexuais
ainda são comuns e frequentes pela sociedade. O artigo
desempenha o papel de elucidar a fatalidade resignada ao
transexual a partir de toda intolerância e crimes submetidos a
esses indivíduos pelo simples fato de serem transexuais e denotar
meios de percepção de como deve-se lidar perante os problemas
que ainda são ocorridos.
Palavras Chave: Discriminação. Disforia de Gênero. Preconceito.
Transexualismo.
1
Daniela Luise Nicolau dos Santos – Discente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior
e Formação Integral – FAEF – Garça-SP. E-mail: [email protected].
Giovana Bruno da Silva – Discente do Curso de Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e
Formação Integral – FAEF – Garça-SP. E-mail: [email protected].
2
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ABSTRACT
The term gender is used to denote the individual’s role in society
played as a boy or girl / man or woman. Transsexualism refers to
when the individual defines the identification of its genre
independent of their biological sex. Prejudice and discrimination
against transgender individuals are still common and frequent by of
society. The following article plays the role of elucidating the resigned
fatality to transsexual from all intolerance and crimes subject to
these individuals simply because they are transgender and denote
means of perception of how it should be dealt to the problems are
still occurring.
Keywords: Discrimination. Gender dysphoria. Prejudice.
Transsexualism.
1.INTRODUÇÃO
Após a II guerra mundial os movimentos feministas criaram força
e fundamentaram as questões de distinções sociais que relacionava
ao sexo biológico de nascimento, em função da desigualdade, onde
havia um poder masculino sobre o feminino. O movimento feminista
originou o termo ‘gênero’ a fim de melhorar o conceito de que as
diferenças entre o feminino e o masculino não dependiam do sexo
biológico, mas sim de inúmeros fatores, como ambientais, culturais,
etc. Judith Butler, em 1990, contesta sobre a caracterização de
acreditarem em identidades fixas, uma personalidade definida para
homens e uma personalidade distinta definida para mulher, onde os
papéis de cada um eram concretos e não podiam ser mudados. Para
a autora, o gênero vinha muito além de modalidades de identidade,
a orientação sexual ou qualquer aspecto de sexualidade não estão
relacionados. Joan Scott, em 1999, definiu o gênero como um
elemento constituído de relações sociais apoiados pelas diferenças
dos sexos, este termo dá ênfase a todo um sistema que podem incluir
o sexo, porém não é determinado por ele nem pela orientação sexual
(SPIZZIRRIL, PEREIRA, ABDO, 2014).
Na história foi preciso ter uma introdução sobre a definição do
termo gênero a partir do surgimento de conflitos de alguns indivíduos
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sobre o seu sexo biológico com o sexo a ser desejado. Desta forma,
o termo gênero começou a ser utilizado para denotar o papel do
indivíduo na sociedade desempenhado como menino ou menina/
homem ou mulher. O termo começou a fazer parte do Manual
Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM) da Associação
Psiquiátrica Americana (APA), apenas em 1994, sendo que a primeira
edição do DSM foi em 1952. Foi incluído na Classificação Internacional
de Doenças (CID-10) da Organização Mundial de Saúde (OMS) como
uma perturbação da ‘Identidade Sexual’ e no DMS-V (2014) como
‘disforia de gênero’ identificado como uma incongruência do gênero
que foi designado no nascimento e o gênero ao qual pretende adquirir.
Portanto, o acontecimento marcante para ‘natividade’ da
transexualidade (quando o indivíduo define a identificação de seu
gênero independente do seu sexo biológico) em uma categoria
nosológica juntamente com a prática de intervenção da cirurgia de
redesignação sexual que ganhou destaque após uma cirurgia feita
em 1952 na Dinamarca pelo médico Harry Benjamin.
Pessoas com disforia de gênero podem desenvolver sofrimento
ou prejuízo em áreas sociais e ou ocupacionais, o que pode afetar
na autoestima e escolha de parceiros sexuais. Resultam em
sofrimentos de ordem psíquica como transtornos de ansiedade,
depressão e outros problemas psicológicos. A discriminação, a
exclusão social, a opressão e os constrangimentos provocam uma
grande probabilidade de risco de suicídios, vida precária, abuso de
drogas e comportamentos sexuais preocupantes.
O objetivo deste artigo é levar a conscientização sobre o que
realmente é, como acontece e como deve ser tratado e lidado a
transexualidade. Como a sociedade os conceitua, e como deveria
ser reputado, baseando no preconceito que o indivíduo sofre dos
demais meios e como isso afeta a sua individualização.
2.A TRANSEXUALIDADE E OS DIREITOS HUMANOS.
O gênero é um processo de auto identificação, do seu corpo
pessoal e sua personalidade referente ao físico. É como o próprio se
auto identifica, ser pertencente ao gênero masculino, ao feminino,
à androginia (características femininas e masculinas em um único
ser) ou a fuga completa desses dois polos. A identidade diz respeito
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ao gênero com o qual você se identifica enquanto sujeito. Ou seja,
o indivíduo pode se identificar com algum gênero diferente do
designado no seu nascimento e ter atração afetiva sexual pelo
mesmo, ou não.
A identidade de gênero é conceituada na categoria social e
biopsicossocial do indivíduo e a forma que ele será visto pela
sociedade. A transexualidade refere-se à quando o individuo define
a identificação de seu gênero independente do seu sexo biológico.
No indivíduo transexual encontra-se um desacordo entre o sexo
biológico com o sexo psicológico, alguns usam o termo “tenho o
corpo de um sexo e a alma do outro” para se auto definirem. O
sujeito deve ser considerado transexual independente de ter passado
ou não pela transição de tratamentos hormonais e cirurgia de
redesignação sexual, já que este pode e deve ter a opção de tomar
a decisão de permanecer com o órgão excretor de origem.
(SPIZZIRRIL, 2014).
A psicologia, e também a lei dos direitos humanos, enquadra a
precisão de tratar qualquer ser humano em igualdade com os demais,
por esta razão é necessário a desconstrução das categorias sociais a
fim de igualar o bem-estar das comunidades que são tratadas
inferiormente, com preconceitos e com minorias leis sendo
diretamente oprimidos pelo resto da sociedade. Caracteriza- se que
o individuo seja nomeado e reconhecido pelo modo como o mesmo
se identifica e será respeitado como tal. Sua decisão está diretamente
ligada não apenas a questões ambientais e culturais, mas com
aspectos da subjetividade humana que definem as representações e
o modo como o sentimento é manifesto, atuando diretamente nas
percepções que cada sujeito tem sobre si mesmo. (RODRIGUES,
CARNEIRO, NOGUEIRA, 2011; FELISBERTO, BARACAT, 2015).
A Constituição Brasileira institui a proteção de dignidade do ser
humano, o direito a liberdade a ser o que ele deseja e o respeito a
diferenças individuais e de grupos sociais. Hogemann, 2014 cita
que “toda pessoa tem o direito a ser igual quando a sua diferença o
inferioriza: e todos tem o direito a serem diferentes quando a sua
igualdade o descaracteriza. “ (P. 217). Sendo assim, proíbe-se a
discriminação adotando um principio constitucional de igualdade.
Este princípio não se encontra totalmente presente atualmente, onde
deveria ser englobado o conceito de total qualidade de vida,
234
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garantindo bem-estar físico, psíquico e social. Porém pode-se
encontrar diversas dificuldades que estão presentes desde a
segurança relacionada a não liberdade de transição até ao
reconhecimento de uma família, pois ainda há dificuldades na
constituição familiar. A consumação de um casamento no meio
transexual, assim como homoafetivo ainda é um tabu, principalmente
no fator da adoção, as dificuldades presentes em ambos partem de
princípios burocráticos sociais e religiosos limitando os direitos, e
obtendo fatores persistentes de preconceitos (HOGEMANN, 2014;
MARANGONI, 2015).
3.O PRECONCEITO E A INDIVIDUALIZAÇÃO DO TRANSEXUAL
O preconceito que os transexuais sofrem é decorrente de
princípios que veem sendo afirmado como anormal, errado e
totalmente inaceitável por questões culturais, religiosas e de
conceitos familiares. A falta de conhecimentos sobre o assunto ou
de um conhecimento equivocado da massa social também são razões
significativas na falta da sociedade saber como ponderar com a
situação (FELISBERTO, BARACAT, 2015). Esses conceitos estão
enraizados fortemente na mente de muitos indivíduos que cegamente
discriminam, inferiorizam, punem ou cometem atos de violências
em “nome” da cultura, ou da crença e de “questões morais” criadas
erroneamente sobre atos e escolhas de outros indivíduos acreditando
estarem agindo corretamente perante suas concepções.
A disforia de gênero ainda é considerada como uma anomalia, e
os transexuais só conseguem tal reconhecimento a partir da visão
do outro, vindo de psicólogos, psiquiatras e etc., para dizerem o
que ele já se considera. A partir desta questão, ainda acontece o
fato onde o transexual necessita assinar um laudo e ser reconhecido
como um transtornado para então poder seguir o seu desejo e fazer
a cirurgia de redesignação sexual. Há a preocupação do transexual
ainda ser visto como uma perturbação patológica. Para o transexual
ter que passar por toda esta situação é um total desrespeito e acaba
tornando-se mais um tipo de discriminação enfrentada. A sua
identidade só poderá existir apenas com a decisão de outro alguém,
o que vai contra ao direito à livre expressão da identidade de gênero
e ao direito à livre acesso aos cuidados de saúde. O diagnóstico e a
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decisão da parte dos profissionais podem vir a serem complicadas
quando o especialista visa o indivíduo transexual como um paciente
classificado pelo DSM-V na visão de um “transtorno” não considerando
todas as questões peculiares do indivíduo, as questões culturais,
grupais e de crenças e equivocar-se considerando uma psicopatologia
com o seu próprio entender cultural e doutrinas, etc. (RODRIGUES,
CARNEIRO, NOGUEIRA, 2011; SAMPAIO, COELHO, 2013).
Ressaltando, que desconsiderar a transexualidade como uma
perturbação patológica e retirar do DSM-V e do CID-10 como um
transtorno não significa apartar a medicação, acompanhamento
psicológico, etc., mas considerar a consequência causada por essa
situação, como elevação de discriminação, assédios, opressão social,
entre outras e descontextualizar a dificuldade do transexual exercer
seus direitos como qualquer outro ser humano. Não abrir os olhos
para essa realidade e conscientizar-se da importância e do nível de
seriedade que a sociedade e profissionais devem estar atentos a
estas situações apenas deteriora a transexualidade a riscos e
sofrimento.
Cohen (1999) considera que as decisões que o indivíduo toma
sua própria vida deve ser respeitada e considera-las competentes
para decidirem-se. E como Sampaio e Coelho (2013) cita segundo a
perspectiva de Ceccarelli (2008): “o que faz enigma na organização
psíquica do transexual é justamente, a sua normalidade. O seu
funcionamento psíquico é particular, mas não patológico.” Aliás, o
indivíduo transexual precisa ser avaliado para decidir a sua
capacidade de autonomia e decisão sobre o gênero desejado, mas,
e os profissionais que decidem por ele, quem avalia a sua capacidade
e competência de tomar decisão sobre a autonomia de um outro
alguém?
4.DISCRIMINAÇÃO NO MEIO DE EDUCAÇÃO
O acesso a uma educação de qualidade é marca fundamental
não apenas para a ascensão social, mas de significação de um
indivíduo enquanto parte da sociedade. Nesse sentido, faz-se
necessário garantir que todas e todos tenham seu ingresso e
permanência no ambiente escolar encorajado. Entretanto, os
transexuais encontram-se sendo vítimas de violências e todos os
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âmbitos de suas vivências, sofrendo diariamente inúmeras violações
que impedem o acesso à educação ou desestimulam sua permanência
em instituições de ensino, suas sexualidades são fetichizadas, suas
humanidades questionadas e seus direitos à educação negados
(SAMPAIO, COELHO, 2013; OLIVEIRA, PORTO, 2016).
Quando não lhe é negado o direito a escola, na maior parte das
vezes, é acompanhada de piadas, brincadeiras, brigas e outros
comportamentos discriminatórios àquilo que está escondido. O
sofrimento não é apenas decorrente do bullying dos alunos que
apontam a discriminação diariamente para as pessoas trans, mas
por debaterem diretamente com o despreparo de professores e
demais profissionais de educação para com a realidade vivenciada.
É comum que o corpo docente não saiba como lidar com alunas e
alunos transexuais resultando em atitudes desrespeitosas, com seus
nomes sociais (alegando a “necessidade”, imaginamos o porquê, de
chamar-lhes pelo nome que consta e seus registros civis), não dão
atenção as violências sofridas pelos colegas de classe, e ainda
diminuindo as pautas dessas alunas e alunos, de muitas outras formas.
Não obstante, o sistema de ensino também não se adequa às
demandas mais triviais de transexuais, como por exemplo a
acessibilidade dos banheiros para os transexuais segundo o seu gênero
adequado. (OLIVEIRA, PORTO, 2016).
Um transexual deu seu depoimento em um documentário “Eu
Sou Homem” (Márcia Cabral, 2008, 22 min) e descreveu sua história
com um drástico relato vivido:
Tive um fato na minha vida que me marcou muito. Eu tinha quatro amigos na
escola e assim... A gente sempre estava jogando bola na quadra da escola,
tudo, e eu usava o banheiro masculino. E um dia quando eu entrei no banheiro
masculino, não sei se os caras tinham bebido ou usado algum tipo de droga, e
eles tiveram uma reação complicada comigo e eu acabei sendo estuprado
pelos quatro. [...] Hoje, depois dos 30 anos, eu contei para alguém. Eu acho
ainda complicado voltar a escola, eu sei que eu tenho que terminar meus
estudos, mas eu não consigo entrar numa escola, eu me sinto em um lugar
que eu não tenho saída, quando eu estou dentro de uma escola (XANDE, SÃO
PAULO).
Não é incomum os transexuais não terminarem a escola por
motivos de preconceitos, discriminação e até mesmo pela falta de
apoio da família, acarretando a dificuldade futura em ingressar-se
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no meio de trabalho, tanto pela falta de estudo, quanto pelo
preconceito que ainda existe profissionalmente. As possibilidades
de ascensão social e a manutenção de uma vida digna são
drasticamente suprimidas, levando a grande maioria dessa população
à prostituição e situação de rua. E uma vez inseridas no mercado da
prostituição, sujeitam-se às potenciais violações de rufiões, ou,
quando trabalham de maneira autônoma, estão à mercê da violência
de seus próprios clientes, bem como de indivíduos e grupos de
repressão transfóbica (ARAUJO, 2012; OLIVEIRA, PORTO, 2016).
No Brasil, segundo o decreto N° 51.180/2010 a autorização do
nome social em ações públicas e lugares com inclusão social é
permitida. Tendo o indivíduo todos os direitos fundamentais,
constituem também o direito ao nome social. É fundamental que
este direito seja constituído, o reconhecimento formal do nome social
tutela a dignidade dos transexuais e influência no aprimoramento à
inclusão social, evitando situações de constrangimento. A importância
dessa concretização representa para o indivíduo o primeiro e mais
importante passo para a sua identificação pessoal, sendo também a
categorização da sua personalidade, individualidade e
reconhecimento familiar, social e civil. Pesquisas elaboradas pela
gazeta do povo 2009 relatam que o preconceito e o constrangimento
causados na escola através das dificuldades que os transexuais sofrem
para conquistarem o nome social é a maior causa de não completarem
os estudos (MARANGONI, 2015).
5.O PSICOLÓGO E A INCLUSÃO SOCIAL
O psicólogo atua primeiramente no auxilio de autoconhecimento
do paciente direcionando-o para uma adequação que lhe proporciona
bem-estar, compreendendo e intervindo no conflito pessoal através
da aflição que o paciente passa quando se encontra incongruente
com sua identidade de gênero. O profissional carece de empatia e
conhecimentos judiciários para compreender o sofrimento psíquico
da atual situação do paciente (REIS, MARCO, 2014).
Compreender e intervir no conflito singular de identidade,
perante a incongruência do desenvolvimento dos caracteres físicos
secundários com os sentimentos do sujeito, não ignorando o fato
que cada transexual tem sua própria característica, seus próprios
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problemas, sua personalidade, ou seja, sua individualidade própria
e única, um transexual tem sua peculiaridade assim como as pessoas
não transexuais. Percebe-se que muitos pela ausência de informações
e assistência na situação “ter nascido em um corpo de homem, mas
se sentir uma mulher” ou vice-versa, movem ações de automutilação
podendo mesmo chegar ao limite do suicídio. “O psicólogo pode
mediar à produção de novas realidades e (re) inserção, abolindo
preconceitos potencializando a vida e a existência dos transexuais.”
(p-126). A terapia é necessária para a preparação do transexual nas
dificuldades sociais ainda decorrentes do preconceito prevalecente.
Na terapia o individuo através do autoconhecimento proporcionado
pelo profissional é capacitado a estar se aceitando e podendo assim
se reinserir no meio social, familiar e trabalhista (BENEDET, ALMEIDA,
MACHADO, RIBEIRO, NEHLS, 2013).
As maiores dificuldades na psicoterapia é tratar a confiança, a
autoestima do paciente e trabalhar com ele o auto preconceito. O
preconceito que passam no meio social acaba sendo designado a si
mesmos, muitos transexuais quando vão à procura de contatos
profissionais de saúde, detém uma autoimagem relacionada a ser
uma “aberração” ou “monstro”, e depositam na Medicina a salvação
ou a condenação ao seu estado. Primeiro o profissional precisa lidar
com o aspecto pessoal do paciente com ele mesmo e então tratar o
preconceito social e fazê-lo entender que necessita se perceber, se
conhecer, se aceitar e respeitar as suas diferenças, e então refletir
sobre como as pessoas, no dia a dia tem dificuldades para lidarem
com isto, e ajuda-lo a lutar para que os consigam perceber e também
respeitar as diferenças do transexualismo (REIS, MARCO, 2014).
6.CONCLUSÃO
Pode-se afirmar através deste estudo que atualmente o assunto
continua a ser polemizado e há poucas informações profissionais
sobre o mesmo. Os transexuais não são inteiramente aceitos pela
sociedade e são vítimas de preconceito e discriminação. Perante
maior parte da sociedade e dentro das religiões o assunto é tratado
de forma discriminativa e é para eles considerado “errado”, agem
assim querendo levar o transexual a acreditar ser uma “aberração”
e “anormal”, sendo então, a melhor maneira deles viverem é
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aceitando o que são biologicamente e conviver com este fato. O
individuo precisa desenvolver autoconhecimento e conscientizar-se
junto com a sociedade sobre a liberdade de escolha perante o direito
de ser como se identifica e reconhecido como tal. Se a sociedade, a
religião, os profissionais se empenharem a tentarem compreender o
indivíduo transexual, suas escolhas e os motivos que levaram a esta
decisão de modo a perceber a psique individual, relevando as
questões ambientais, culturais e subjetivas, vendo em geral toda a
integridade do ser, não só aceitando, mas respeitando e entendendo
que tais escolhas induzem ao desenvolvimento da sociedade e a
vivência dos transexuais, a fim de conscientizar a sociedade a
aceitação e a aprender não só a respeitar, como incluir e acolhe-los.
7.REFERÊNCIAS
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estatístico de transtornos mentais. 5 Ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
ARAUJO, M. C. Setorial LGBT: a invisibilidade da diversidade sexual
e de gênero no Direito: PALESTRA. XXXVI Encontro Nacional de
Estudantes de Direito. 29 de julho de 2015.
BENEDET, A. M.; ALMEIDA, C.; MACHADO, I. M.; RIBEIRO, S.; NEHLS,
S. S. Psicologia e transtorno de identidade de gênero. 2º Simpósio
de Integração Científica e Tecnológica do Sul Catarinense – SICT-Sul,
2013.
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de São Paulo; 1997. vol.1. 5.
CECCARELLI, P. R. Transexualismo. São Paulo: Casa do Psicólogo,
2008.
FELISBERTO, J. G.; BARACAT, J. Transexualidade: as particularidades
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HOGEMANN, E. R. Direitos humanos e diversidade sexual: o
reconhecimento da identidade de gênero através do nome social.
Revista da SJRJ, 2014.
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Dissertação apresentada a Faculdade de São Paulo, 2015.
MARCO, N. C.; REIS, D. K. Disforia de gênero ou transexualismo
masculino e suas especificidades. Garça/SP: Editora FAEF, Vol 04, Pg
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OLIVEIRA, J. F. Z. C.; PORTO T. C. A transfobia e a negação de direitos
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RODRIGUES, L.; CARNEIRO, N. S.; NOGUEIRA, C. Contributos da
psicologia social crítica e dos direitos humanos para a abordagem
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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: CONSEQUÊNCIAS
PSICOLÓGICAS
MENDES, Valdirene1
NOGUEIRA, Nayra2
BAPTISTA, Maiara3
DOS SANTOS, Prof. José Wellington4
RESUMO
O artigo tem como finalidade identificar as possíveis
consequências a saúde psíquica de mulheres vítimas de violência
doméstica. O estudo se refere a uma metodologia de cunho
qualitativo e quantitativo, com referências bibliográficas, visando
analisar os dados necessários. E por meio das coletas de dados obtidas
foi possível estabelecer uma triste relação entre violência doméstica
e problemas de saúde mental, tendo como consequências principais
um estado constante de medo, ansiedade e tristeza.
PALAVRAS-CHAVE: CONSEQUÊNCIAS PSICOLÓGICAS, VIOLÊNCIA
CONTRA A MULHER, VIOLÊNCIA DOMÉSTICA.
ABSTRACT
The article aims to identify the harmful consequences to mental
health that women victims of domestic violence experience, and
1
Acadêmica do curso de Psicologia da FAEF – Garça – SP – Brasil. E-mail: [email protected]
Acadêmica do Curso de Psicologia – FAEF – Garça – SP – Brasil. E-mail: [email protected]
3
Acadêmica do Curso de Psicologia – FAEF – Garça – SP – Brasil. E-mail:
[email protected]
4
Docente do Curso de Psicologia – FAEF – Garça – SP – Brasil. E-mail: [email protected]
2
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how the factors predisposes. The study refers to a qualitative and
quantitative nature of methodology, with references in order to
analyze the necessary data. And through the obtained data collection
it was possible that a relationship where domestic violence, damage
to mental health is inevitable, the main consequential a constant
state of fear, anxiety and sadness.
KEYWORDS: DOMESTIC VIOLENCE,
CONSEQUENCES, VIOLENCE AGAINST WOMEN,
PSYCHOLOGICAL
INTRODUÇÃO
A violência à mulher tem sido manchete frequente nas páginas
dos jornais e nas emissoras de TV. Mesmo com a lei Maria da Penha, o
Brasil tem apresentado números alarmantes sobre a violência
doméstica que apontam para um problema social grave em nosso país.
De acordo com a Action Aid mais de 500 mil mulheres serão mortas
por seus respectivos parceiros ou familiares até 2030. O Brasil ocupa
o 5º lugar entre os países onde mais se comete violência contra a
mulher, somente nos dez primeiros meses do ano de 2015 foram feitas
63,090 denúncias de violência contra a mulher, o que corresponde a
um relato a cada 7 minutos no país. (Secretária de Política para as
mulheres da Presidência da República-SPM- PR). Sendo esta
contabilidade referente às denúncias apresentadas de forma “formal”,
sendo um número bem superior quando levado em conta as denúncias
não levadas ao conhecimento dos órgãos competentes.
O presente artigo pretende apresentar dados que apontam a
violência doméstica como um dos grandes problemas sociais do Brasil
e identificar as possíveis consequências para a saúde mental da
mulher brasileira. Faremos isso, a partir de uma revisão bibliográfica
e consulta de dados fornecidos por fontes fidedignas que justificam
colocar a violência contra a mulher como um dos grandes desafios
da sociedade brasileira contemporânea.
Estatísticas sobre a violência contra a mulher no Brasil
Segundo registro de denúncias do 180, dos registros que são
feitos, quase metade 31,432 ou 49,82% são referentes a violência
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física, sendo que 58,55% dos relatos foram feitos por mulheres negras,
19,182 dos registros relacionados a violência psicológica o que
representa 30,40%, e a violência de cunho moral 4,627 ou 7,33% e
3,064 de violência sexual, seguido pela violência de cárcere privado
3,071 ou 1,76%. (180, Número da central de atendimento à mulher).
Dados dos atendimentos registrados apontam que 77,83% das
vítimas tem filhos, sendo que mais de 80% dos mesmos também já
presenciaram ou sofreram algum tipo de violência. Segundo relatos
de violência 85,85% das agressões correspondem a situações
referentes ao ambiente doméstico e familiar. Sendo em sua maioria
67,36%, as violências sofridas foram cometidas por homens com quais
as vítimas tinham ou tiveram algum tipo de vínculo afetivo, como
maridos/ex-maridos e/ou namorados/ex-namorados. (PM Da
Fonseca, TNS LUCAS –newpsi.bvs.psi.org.br)
Tipos de violência cometida contra a mulher
A violência mais comum dispensada à mulher são as violências
físicas que em sua maioria provoca lições corporais, cutâneas,
neurológicas, ósseas, oculares, por vezes sendo queimaduras,
mordidas, tapas, espancamentos e os mais diversos tipos de ação
que leva a mulher a riscos eminentes.
Outra forma pela qual a mulher e submetida à violência que
reduz a mesma a uma coisa “coisificando” é onde o parceiro se acha
no direito de usa-la para práticas sexuais independente de sua
vontade, onde se caracteriza a violência sexual, que por vezes a
mulher é forçada tanto com imposição física, ou por intermédio de
chantagens, manipulações, ameaças, ou quando não por críticas
relacionadas ao seu desempenho sexual ou até mesmo obrigando a
mesma a relacionar sexualmente com uma outra pessoa, para
obtenção do prazer sexual do próprio agressor.
Outra violência bastante comum entre os relatos atuais e a
violência emocional ou psicológicas a qual a mulher é submetida a
oprimir suas ações, crenças e decisões por conta de um parceiro
controlador, que intimida, manipula, ameaça, podendo não somente
e a mulher, mas também estendendo a seus filhos as agressões,
humilhações, exploração e o isolamento. (Ministério da Saúde).
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Dentre os vários tipos de violência, a violência patrimonial
resultante em danos, perdas, subtração ou retenção de objetos, como
documentos pessoais, bens de valores da mulher, sendo considerado
também uma violência patrimonial e não pagamento de pensão
alimentícia ou a tomada de bens, sendo dinheiro, imóvel ou até
mesmo um animal de estimação que seja retirado do seu convívio
sem que a mesma permita.
No que tange a violência psicológica o ato de isolar a mulher é a
manifestação principal, com isso o homem consegue que sua parceira
estreite laços de afetividades com outras pessoas e com isso
diminuindo possíveis redes de apoio quando se fizer necessária. O
enfraquecimento da mulher com o social se percebe pelo afastamento
imposto pelo parceiro a familiares, amigos, trabalho e estudos. A
restrição com o convívio interno deixará a mulher deficitada de
recursos de toda natureza, e com isso se tornará mais dependente
do parceiro, tornando-se submissa a ele.
A partir de uma análise psicanalítica é possível afirmar que as
escolhas conjugais de algumas mulheres que sofrem violência
doméstica tende a se repetir. Segundo Freud “muitas pessoas nos
passam a impressão de estarem sendo perseguidas por destinos
malignos, isto é, de haver algo demoníaco em suas vidas” (p.147).
Ao passo que as escolhas são feitas pela própria “vítima”, de maneira
inconsciente, por influências infantis precoces.
A experiência de violência doméstica na família de origem,
provavelmente influenciará o tipo de casamento que a criança terá
quando adulta. Então é possível dizer o que acontece na infância
pode determinar a história pregressa do sujeito de uma forma positiva
ou negativa, mesmo de maneira inconsciente.
Ainda de acordo com a teoria psicanalítica de Freud, Inibições,
sintomas e ansiedades, Freud (1926/1976) pode se considerar que
perdas ou separações podem desenvolver um aumento da tensão
que elevado a um nível extremo, e capaz de fazer com que o sujeito
se sinta incapaz de dominar as excitações, de modo a ser tomado
por elas, o que determinará o nível gerador do sentimento de
desespero. E quando a angustia e a dor alcançam um patamar de
auto elevação de modo a ser insuportável, a pessoa se compõe com
o eu e passa a se estabelecer uma relação que se aproxima da vivencia
de morte. O nível da dor tornará uma experiência traumática, que
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se dá por conta da singularidade de cada experiência experimentada.
Para Freud, a perda do amor é primordial e nos causa danos
permanentes ao próprio sentimento. Ao marcar o sujeito de forma
narcísica, neste caso a perda dá a sensação de inferioridade.
Laplanche e Pontalis (2001) considera a compulsão à repetição de
um fator autônomo e industrial em que a pessoa se coloca em
situações desprazerosas e já vivenciadas em outras oportunidades
em a viva impressão se que se trata da motivação da atualidade. De
maneira inconsciente e quase que incontrolável, a compulsão a
repetição leva a mulher a se colocar repetitivamente em situações
de dor. E o referencial dessas mulheres são seus próprios pais.
Possíveis consequências da violência à saúde mental
As consequências psicológicas de uma violência doméstica mais
frequentes são: falta de concentração, irritabilidade, insônia, falta
de apetite, pesadelos e até mesmo problemas relacionados a mente,
como: depressão, ansiedade, uso de bebidas alcoólicas, drogas,
síndrome do pânico, estresse pós-traumático, comportamentos
autodestrutivos e em alguns casos, comportamentos suicidas. (KASH;
ALLAN,1998).
Objetivando a compreender os sintomas psicológicos a mulher
pelo qual vivenciou experiências de violência doméstica foi feita
uma pesquisa relacionada ao assunto com 25 mulheres de idades
entre 18 e 55 anos. Sendo que 84% não chegaram a concluir o ensino
médio e 72% já se encontram separadas dos seus parceiros na data
da referente pesquisa.
Das entrevistadas 96% disseram sofrer algum tipo de consequência
ou trauma decorrente da situação de violência.
As queixas relacionadas são diversas, desde um descontrole da
preensão arterial, as dores em todo o corpo, especialmente dores
na cabeça. Muitas relataram um sentimento de tristeza que implicam
no convívio social ou de atividades diárias, desejos de chorar com
frequência, além de ter vontade de consumir bebidas alcoólicas mais
que costume. Ansiedade, estresse e agressividade também foram
mencionado pelas entrevistadas que admitiram ter uma instabilidade
emocional constante se tornando mais impacientes e nervosas com
filhos, familiares e amigos.
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As vítimas apresentaram insegurança, dado a falta de apoio, se
sentindo em situação de vulnerabilidade, podendo a mulher
apresentar distúrbios nas habilidades sociais e com isso a mulher
caminha rumo ao desenvolvimento de um auto percepção de
incapacidade, inutilidade e de baixo autoestima vindo a perder até
mesmo o amor próprio. (MILLE R. 1999).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A violência contra a mulher é um problema social grave que vem
fazendo milhares de vítimas todos os anos. E as vítimas podem contar
com o apoio de vários tipos de serviços assistenciais sendo o amparo
psicológico, médico e jurista. E a atuação do psicólogo é de grande
importância, nestes casos realizando um trabalho de acolhimento,
auxiliando a vítima na compreensão da construção do sujeito e sua
importância no âmbito social. Trabalhar questões relacionadas a
resistência, a desenvolver mecanismos que possam tirar o cliente
da posição de vítima, trabalhar a valorização, a auto estima, fazendo
com que o cliente retorne sua identidade e se conheça, trabalhar o
autoquestionamento, levando o cliente a refletir, e o que impulsiona
a suas escolhas.
Contar com um apoio de intervenção, multiprofissional e
interdisciplinar no atendimento a essas vítimas se faz necessário
para que aja melhor eficiência visando suprir toda a necessidade da
vítima. Tendo sempre um olhar criterioso e sem prejulgamentos,
respeitando cada pessoa, pois cada pessoa tem seu próprio tempo
de amadurecimento para romper a situação de violência.
REFERÊNCIAS
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em mulheres vítimas de seus parceiros. Revista de Saúde Pública,
v. 39, n. 1, fev. 2005 (online). Disponível em <www.scielo.br>
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AGUIAR, Cristina et al. Guia de serviços de atenção a pessoas em
situação de violência. Salvador: Fórum Comunitário de Combate a
Violência/Grupo de Trabalho Rede de Atenção, 2002.
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VIOLÊNCIA SEXUAL: VULNERABILIDADES DO
ADULTO IDOSO
HANDA, Luciana Zombini¹
SILVA, Suzana Carolina²
FONSECA, Bárbara Cristina Rodrigues.³
RESUMO
O aumento previsível do número de idosos e a atualidade
socioeconômica faz com que o idoso, em especial em idades mais
avançadas e mais dependentes, em termos de vulnerabilidade, possa
ter que morar com familiares ou em instituições e tornar-se vítima
de situações de abuso. O presente artigo tem como objetivo discutir
um assunto muito pouco tratado na literatura: a violência sexual
contra idosos. Quando se fala em violência contra estes, pensa-se
imediatamente somente na violência física, mas esta não é a única,
há inúmeras outras formas. Trata, ainda, de questões do
envelhecimento ao enfatizar a importância do conhecimento da
atuação de equipes de saúde, ações de políticas públicas, papel da
família, definição do termo abordado, aspectos legais e éticos da
violência sexual contra o idoso.
PALAVRAS CHAVES: Idoso. Vulnerabilidades. Violência Sexual.
¹ ² Acadêmicas do Curso de Psicologia - Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral - FAEF.
E-mail: [email protected];[email protected]
³ Docente do Curso de Psicologia - Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral - FAEF. Email: [email protected]
Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral- FAEF - Garça - SP- Brasil - http://
www.grupofaef.edu.br
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ABSTRACT
The expected rise in the number of elderly and socioeconomic
today makes the elderly, especially in older and more dependent
ages, in terms of vulnerability, may have to live with family members
or institutions and become a victim of abuse. This article aims to
discuss a little the subject matter in literature: sexual violence
against the elderly. When it comes to violence against them, one
thinks immediately only physical violence, but this is not the only
one, there are numerous other ways. Also aging issues by emphasizing
the importance of knowledge of the health teams performance, public
policy actions, family role, defining the term approached, legal and
ethical aspects of sexual violence against the elderly.
KEYWORDS: Old man. Vulnerabilities. Sexual Violence.
INTRODUÇÃO
A velhice tem sido pensada, quase sempre, como um processo
degenerativo, oposto a qualquer progresso, como se nessa etapa
da vida deixasse de existir o potencial de desenvolvimento humano.
O estereótipo tradicional da velhice é o de pessoas doentes,
incapazes, dependentes, demenciadas, “rabugentas”, impotentes,
consideradas por alguns como um problema e um ônus para a
sociedade. Envelhecer é um processo inerente a todos os seres
humanos, que se inicia na concepção e perpassa todos os dias de
nossas vidas. A cada instante tornamo-nos mais velhos que no
instante anterior (MINAYO, 2003).
Segundo o Censo de 2010 (IBGE, 2011) a população de pessoas
idosas é a que mais cresce no Brasil, configurando um fenômeno
novo e desafiador para a sociedade, para as famílias e para os
governos. A fim de termos uma ideia da dimensão das mudanças que
estamos vivendo, no início do século XX, a esperança de vida do
brasileiro não passava dos 33.5 anos, chegando aos 50 na metade
desse mesmo século. Em 2011, o nível de idade chegou a 74,08 anos,
sendo que, as mulheres estão vivendo, em média, sete anos a mais
do que os homens.
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No Brasil, assim como na maioria das sociedades, o cuidado com
a pessoa idosa é responsabilidade dos familiares (BRASIL, 2003). A
presença de idosos no convívio familiar como dependentes constam
mais de 95% das pessoas acima de 60 anos que residem com parentes,
26% de todas as famílias brasileiras. Destas, existe pelo menos uma
pessoa com mais de 60 anos convivendo com filhos e netos, entre
outros componentes familiares (MINAYO, 2005). Nesse contexto,
embora a legislação brasileira obrigue os filhos a amparar os pais na
velhice, os idosos constituem uma categoria social que inclui uma
porcentagem alta de pessoas extremamente frágeis (FORTESBURGOS, 2010) e em decorrência da obrigação de assistência por
parte dos filhos, estes idosos podem acabar sendo vítimas de maustratos (SAFFIOTI, 1997).
Segundo dados obtidos pelo Disque 100 (canal de denúncia)
publicados recentemente pelo Ministério da Justiça e Cidadania
(2016) em relação à violação dos direitos dos idosos encontram-se:
77% das denúncias são por negligência; 51% por violência psicológica;
38% por abuso financeiro e econômico ou violência patrimonial; 26%
por violência física e maus tratos.
O aumento previsível do número de idosos e a atualidade
socioeconômica faz com que o idoso, em especial em idades mais
avançadas, e mais dependentes, em termos de vulnerabilidade possa
ter que viver e conviver com familiares e tornar-se vítima de situações
de abuso(s) (BRASIL, 2007).
[...] Quando se fala em violência contra as pessoas idosas, pensa-se
imediatamente na violência física, mas esta não é a única, pois há inúmeras
formas de violência, veladas e mascaradas. A violência também pode
manifestar-se como psicológica, econômica, moral, sexual, pode ser familiar,
social, institucional, estrutural e pode resultar de atos de omissão e
negligência. Muitas vezes não a reconhecemos, pois os idosos têm importância
menor num mundo que valoriza o vigor e a beleza da juventude. Mesmo com
leis avançadas, seu descumprimento desqualifica sua importância como
cidadãos. Apesar da existência do Estatuto do Idoso, os idosos continuam a
ter seus direitos desrespeitados, sendo tratados, por vezes, como crianças ou
pessoas incapazes. [...] (BRASIL, 2007, p. 15).
A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2002) define a violência
contra a pessoa idosa como ações ou omissões cometidas uma vez
ou muitas vezes, prejudicando a integridade física e emocional da
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pessoa idosa, impedindo o desempenho de seu papel social. A
violência acontece como uma quebra de expectativa positiva por
parte das pessoas que a cercam, sobretudo dos filhos, dos cônjuges,
dos parentes, dos cuidadores, da comunidade e da sociedade em
geral.
Dentre todos os tipos acima citados, a violência sexual, em
especial sofrida pelos idosos, chama a atenção, devido ser pouco
conhecida e divulgada pela sociedade. Segundo o Ministério da Saúde
(BRASIL, 2011), na elaboração da ficha de notificação suspeita ou
confirmada de violência elaborada pela Secretaria Municipal de
Saúde, a maioria das situações apenas consegue ser devidamente
detectada e encaminhada quando o idoso recorre aos serviços de
saúde públicos. Assim, é essencial que os profissionais de saúde
estejam atentos e preparados para detectar e sinalizar estas
situações.
A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República
(BRASIL, 2014) ao propor estratégias para o enfrentamento à violência
contra a pessoa idosa, conceitua a violência sexual como:
o ato no jogo que ocorre nas relações hétero ou homossexuais e visa a estimular
a vítima ou utilizá-la para obter excitação sexual e práticas 41 eróticas e
pornográficas impostas por meio de aliciamento, violência física ou ameaças.
Vítimas de abuso sexual costumam sofrer também violência física, psicológica
e negligências. Tendem a sentir muita culpa e a ter baixa autoestima e a
pensar mais em cometer suicídio que pessoas que não passaram por essa
cruel experiência.
Este estudo, por meio de uma revisão bibliográfica, objetiva
contribuir e informar a respeito da existência da violência sexual
praticada contra idosos em situação de vulnerabilidade, bem como
alertar as famílias, profissionais da saúde e cuidadores quanto às
responsabilidades de vigilância e cuidados no tocante à pratica da
violência sexual no idoso.
DA VIOLÊNCIA SEXUAL NO IDOSO E VULNERABILIDADES
O Ministério da Saúde (BRASIL, 2007) refere-se à “Violência”
como processos e relações sociais interpessoais, de grupos, de
classes, de gênero, ou objetivadas em instituições, quando empregam
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diferentes formas, métodos e meios de aniquilamento de outrem,
ou de sua coação direta ou indireta, causando-lhes danos físicos,
mentais e morais.
Um dos grandes desafios para a sociedade é a violência contra
pessoa idosa. Uma das formas de conceituar este tema é a adotada
pela Rede Internacional para a Prevenção dos Maus-tratos contra o
Idoso (BRASIL, 2007).
De acordo com Faleiros (2007):
Pode-se compreender a violência contra pessoas idosas em três grandes
dimensões: (a) violência sociopolítica - concernente às relações sociais mais
gerais que envolvem grupos e pessoas consideradas delinquentes e às
estruturas econômicas e políticas da desigualdade nas relações exclusão/
exploração; (b) violência institucional - diz respeito aos serviços prestados
por outras instituições, como hospitais, serviços públicos, que ocorrem por
ação ou omissão. Refere-se também a relação existente nas Instituições de
Longa Permanência para idosos e instituições de serviço privadas ou públicas,
nas quais nega ou atrasa o acesso, hostiliza o idoso e não respeita sua
autonomia; (c) violência intrafamiliar - concernente à violência calada, do
silêncio, que possui como agressores os familiares (filhos, netos, noras,
cônjuges, vizinhos, cuidadores) (p. 394).
Mais recentemente, em 2014, o Ministério da Saúde publicou um
Manual de Enfrentamento à violência contra a pessoa idosa onde
estabeleceu algumas categorias e tipologias para designar as várias
formas de violências mais praticadas contra essa população, a saber:
a) Abuso físico, maus tratos físicos ou violência física; b) Abuso
psicológico, violência psicológica ou maus tratos psicológicos; c)
Abuso sexual e violência sexual; d) Abandono; e) Negligência; f)
Abuso financeiro e econômico e, g) Autonegligência. Em relação
especificamente ao objeto de estudo desta pesquisa, o documento
conceitua o abuso sexual e a violência sexual como termos que se
referem ao ato ou jogo sexual de caráter homo ou hetero-relacional,
utilizando pessoas idosas. Esses abusos visam a obter excitação,
relação sexual ou práticas eróticas por meio de aliciamento, violência
física ou ameaça.
A violência sexual tal qual definida acima ocorre, segundo estudos
internacionais e nacionais, com menos de 1% das pessoas idosas.
Desse total, um décimo ocorre em casa e os abusos são cometidos
por pessoas da família e o restante em residências geriátricas. No
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entanto, este número deve ser muito mais expressivo uma vez que,
o idoso solitário, por vezes, não comunica a agressão a seus
familiares, ou busca ajuda, por medo de represálias e por falta de
suporte social na ocorrência da violência (SOUZA, 2010).
O idoso, por vezes, encontra-se em situações de extrema
vulnerabilidade o que facilita a prática da violência sexual. A maioria
(cerca de 95%) envolve mulheres com problemas em pelo menos
dois de três domínios cognitivos, (tempo, espaço, e nível pessoal),
que vivem em instituições de longa permanência e, são agredidas,
com mais frequência, por outros residentes. Outro dado, neste
sentido, é apresentado por Souza (2010), quando menciona o perfil
do idoso violentado e também relata ocorrências principalmente
contra mulheres, maiores de 75 anos, viúvas, em estado de
dependência física ou emocional, residentes com familiares, com
histórico de violência, alcoolismo e distúrbios psiquiátricos e na sua
maioria, portadoras de doenças crônicas. Também são consideradas
mais vulneráveis as mulheres com maior dificuldade de andar e,
nestas, os principais tipos de abuso cometidos são beijos forçados,
atos sexuais não consentidos e bulinação do corpo (BRASIL, 2014).
A situação do idoso dependente, acamado ou internado em
instituições de saúde se complica ainda mais pela dificuldade de se
provar a autoria dos delitos dada às trocas e rotatividade dos
funcionários de plantão (SOUZA, 2010). Alguns casos de abuso sexual
de idoso já foram divulgados na mídia há tempos atrás: em um deles
(JORNAL R7.com, 2012), em 2012, dois enfermeiros foram flagrados
por uma câmera em atos sexuais com uma idosa de 98 anos, vítima
de AVC com o lado direito do corpo paralisado. A vítima era cuidada
em sua própria casa e as câmeras mostraram a dupla se masturbando
e acariciando os pés da mulher, que estava presa a uma cama, em
San Diego, nos EUA. Familiares disseram que a idosa tinha consciência
do que acontecia à sua volta, mesmo não conseguindo se comunicar.
Outro caso ocorreu em um hospital do Rio de Janeiro: um técnico de
enfermagem foi indiciado por uma idosa de 66 anos que estava em
tratamento contra um câncer. O profissional foi acusado de estupro,
pois a idosa disse ter sido tocada de maneira imprópria pelo mesmo.
Segundo o hospital, o técnico em enfermagem quebrou o protocolo
de atendimento ao ficar sozinho com a paciente durante o banho.
Os procedimentos de higiene devem ser realizados por dois
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profissionais (SOUZA, 2013). A família de outra senhora de 51 anos,
internada há quatro meses, com problemas respiratórios em um
hospital na região oeste de Belo Horizonte (MG) também acusou, em
março de 2104, um funcionário do hospital de tê-la estuprado
(BRAGON, 2014).
Segundo dados do Ministério da Saúde (2005), as ocorrências
que chegam até o Sistema Único de Saúde (SUS) não demonstram a
realidade concreta da situação da violência contra o idoso, pois
muitas vezes os atos acontecem dentro do domicílio familiar, locais
de difícil acesso para a efetivação de denúncias, bem como, regado
de relações e sentimentos de insegurança, medos, conflitos,
proximidade e afetividade e até instinto de proteção ao agressor
(no caso, os filhos) por parte do idoso (pai/mãe).
CONCLUSÃO
O abuso sexual deixa sequelas inestimáveis e traumatizantes para
as vítimas, independente da fase em que se encontram, mas tornase muito mais para o idoso diante de tantas vulnerabilidades de
saúde, cuidado e afeto, ainda tem que se deparar com esse ato
deprimente e humilhante no final dos seus dias.
É dever da família e do Estado colaborar para uma velhice digna;
e a família deve ser conscientizada de seu papel de amparo e cuidado
já que poder público é incapaz de oferecer tal subsídio de forma
efetiva e totalitária (SOUZA, 2004). A obrigação dos filhos perante
os pais idosos está alicerçada nos princípios constitucionais do Direito
de Família e nos diplomas legais: Estatuto do Idosos – Lei nº 10.741/
2003; Código Civil – artigos 1694 a 1699; LOAS- Lei Orgânica de
Assistência Social – Lei nº 8.742/1993 e Política Nacional do IdosoLei nº 8.842/1994 (MESQUITA, 2016).
No entanto, a responsabilidade da família no cuidado da pessoa
idosa vai além da obrigação legal de natureza material. Os filhos
têm a obrigação de amparar seus pais na velhice também em suas
necessidades físicas, emocionais e sociais, devendo estar sempre
vigilantes e atentos aos cuidados que os idosos estão recebendo de
terceiros cuidadores. Cabe à ela e cuidadores atenção necessária
detectar quaisquer sintomas de abuso de origem sexual, que podem
se manifestar na forma física e emocional (MESQUITA, 2016). EntendeGarça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814
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se por sintomas físicos: hematomas nas genitálias, seios e outras
partes do corpo; infecção genital ou anal; dificuldades de sentar ou
caminhar; roupas íntimas rasgadas ou manchadas; sangramento
genital; doenças sexualmente transmissíveis como a AIDS, entre
outras (BARTHOLOMEW, 2010).
Segundo Coler (2008), os profissionais da área de saúde têm a
oportunidade de tratar o problema da violência no idoso que chega
às diversas Instituições, bem como, levando-se em consideração
que esses podem ser os primeiros indivíduos a terem acesso a sinais
de abuso e têm como referência seu dever em realizar notificação
compulsória sobre a violência no idoso. Só por esses motivos,
justificável seria que esses profissionais agissem dessa forma,
situação essa que por vezes não acontece. Os profissionais tendem
a compreender a violência como problemática que diz respeito à
esfera da Segurança Pública e à Justiça, e não à assistência médica.
Dessa forma há o “desligamento” do dever de notificar, e a equação
correspondente ao fato dela existir independente de sua
notificação, é evidentemente comprometida (D’OLIVEIRA;
SCHRAIBER, 1999).
Infelizmente, a preocupação da criação de equipes
multiprofissionais assegurando a cobertura bio-sócio-cultural para
vítimas e agressores, não parece ser suficiente para garantir que o
profissional se sinta capacitado a abordar o tema. Aí também se
perde a oportunidade de realizar prevenção primária, devendo-se
pois, adquirir o hábito de abordar o assunto como parte da rotina de
consulta não só para educar, mas sobretudo oferecer apoio e suporte
aumentando a possibilidade de discussões futuras sobre a violência
no idoso.(COLER, 2008)
Alguns estudos e depoimentos de familiares ressaltam o pouco
envolvimento das equipes que, em geral, não vão além dos problemas
físicos, mesmo quando em seu diagnóstico fica evidente a existência
de violências como causa básica das ocorrências. A justificativa para
esse não envolvimento costuma ser de que os maus-tratos referemse ao âmbito privado e fora da competência da Medicina (BRASIL,
2014). O texto de Hirsch e Loewy (2001), escrito especialmente para
médicos e profissionais de saúde, alerta-os para a necessidade de
melhorarem seu diagnóstico em casos de maus-tratos e ensina-lhes
a reconhecer alguns sinais como resumimos a seguir.
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É preciso prestar atenção à aparência desse cliente; ao fato de que procure
seguidamente seus cuidados para o mesmo diagnóstico; a suas repetidas
ausências às consultas agendadas; aos sinais físicos suspeitos; e às explicações
improváveis de familiares para determinadas lesões e traumas (BRASIL, 2014,
p.79).
Os autores instruem ainda os médicos e outros profissionais de
saúde a observarem a ocorrência de abusos ou negligências,
providenciarem um monitoramento mais cuidadoso que inclua visitas
domiciliares periódicas. Se for o caso, deve-se ainda denunciar às
autoridades competentes a existência dos maus-tratos, para que se
tomem providências relativas à proteção das pessoas idosas e à
penalização dos abusadores (BRASIL, 2014).
Portanto, tornam-se urgente a adoção de medidas por parte dos
órgãos competentes, visando a aumentar o número de profissionais
que atuam com essa população e especializar a formação em várias
áreas como a de Medicina, Psicologia, Serviço Social, Educação Física,
Fisioterapia e outras. (BRASIL, 2014, p. 79)
O presente artigo não teve a pretensão de esgotar o assunto no
que diz respeito à violência sexual contra a pessoa idosa, pelo
contrário, diante da escassez na produção científica na última década
objetivou, principalmente, abrir caminhos para novas discussões,
relatos e pesquisas.
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Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF
Normas para elaboração de artigo científico
do Simpósio da FAEF
Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 05 (14 vols.) - ISSN 1676-6814
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SOCIEDADE CULTURAL E EDUCACIONAL DE GARÇA
FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR E FORMAÇÃO INTEGRAL - FAEF
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