1182 CNBB - Regional Sul 2 – 10 de abril de 2014 Papa Francisco: a sabedoria é o dom do Espírito Santo que nos permite ver tudo com os olhos de Deus VATICANO, 09 Abr. 14 / 01:28 pm podemos não escutá-Lo. Se nós escutamos o Espírito Santo, Ele nos ensina esta via da sabedoria, presenteia-nos com a sabedoria que é ver com os olhos de Deus, ouvir com os ouvidos de Deus, amar com o coração de Deus, julgar as coisas com o juízo de Deus. Esta é a sabedoria que nos dá o Espírito Santo e todos nós podemos tê-la. Somente devemos pedi-la ao Espírito Santo”. Foto Grupo ACI Na catequese de hoje na habitual Audiência Geral das quartas-feiras, o Papa Francisco começou um novo ciclo de reflexões sobre o Espírito Santo e explicou que a sabedoria é uma graça que nos permite ver as coisas com os olhos de Deus, a sentir como Deus e a falar com suas palavras. Depois de recordar que os dons do Espírito Santo são sete: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus, o Papa explicou que o primeiro, a sabedoria, “não se trata simplesmente da sabedoria humana, que é fruto do conhecimento e da experiência”. O Pontífice afirmou logo que “nós temos dentro de nós, no nosso coração, o Espírito Santo; podemos escutá-Lo, O Santo Padre deu o exemplo de “uma mãe, em sua casa, com as crianças que, quando uma faz uma coisa, a outra pensa em outra, e a pobre mãe vai de um lado a outro, com os problemas das crianças. E quando as mães se cansam e gritam com as crianças, isto é sabedoria? Repreender as crianças – pergunto-vos – é sabedoria? O que vocês dizem: é sabedoria ou não? Não! Em vez disso, quando a mãe pega a criança e a repreende docemente e lhe BOLETIM EXPRESSO ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2 diz: ‘Isto não se faz por isso…’ e lhe explica com tanta paciência, isto é sabedoria de Deus? Sim! É aquilo que nos dá o Espírito Santo na vida!” aquilo que faz o Espírito Santo em nós a fim de que nós vejamos todas as coisas com os olhos de Deus. É este o dom da sabedoria”. podemos improvisar, que não podemos procurar por nós mesmos: é um dom que Deus faz àqueles que se tornam dóceis ao Espírito Santo”. “Depois, no matrimônio, por exemplo, os dois esposos – o esposo e a esposa – brigam e depois não se olham ou se o fazem é com a cara amarrada: isto é sabedoria de Deus? Não! Em vez disso, se diz: ‘Bem, a tempestade passou, façamos as pazes’, e recomeçam a seguir adiante em paz: isto é sabedoria? [o povo: Sim!] Sim, este é o dom da sabedoria. Que esteja casa, que esteja com as crianças, que esteja com todos nós!”. “E obviamente isto deriva da intimidade com Deus, da relação íntima que nós temos com Deus, da relação de filhos com o Pai. E o Espírito Santo, quando nós temos esta relação, nos dá o dom da sabedoria. Quando estamos em comunhão com o Senhor, é como se o Espírito Santo transfigurasse o nosso coração e o fizesse perceber todo o seu calor e a sua predileção”. Para conseguir a sabedoria, insistiu o Santo Padre, “devemos pedir ao Senhor que nos dê o Espírito Santo e nos dê o dom da sabedoria, daquela sabedoria de Deus que nos ensina a olhar com os olhos de Deus, a ouvir com o coração de Deus, a falar com as palavras de Deus”. O Papa disse deste modo que não é sabedoria quando “nós vemos as coisas segundo o nosso prazer ou segundo a situação do nosso coração, com amor ou com ódio, com inveja… Não, estes não são os olhos de Deus. A sabedoria é O Papa Francisco ressaltou que “o coração do homem sábio neste sentido tem o gosto e o sabor de Deus. E quão importante é que nas nossas comunidades haja cristãos assim! Tudo neles fala de Deus e se torna um sinal belo e vivo da sua presença e do seu amor. E isto é uma coisa que não E assim, concluiu, “com esta sabedoria, vamos adiante, construímos a família, construímos a Igreja e todos nos santificamos. Peçamos hoje a graça da sabedoria. E peçamos à Nossa Senhora, que é a sede da sabedoria, este dom: que Ela nos dê esta graça. Obrigado!”. BOLETIM EXPRESSO ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2 Tráfico humano é delito contra a humanidade, reitera Papa Francisco encontrou-se nesta manhã com participantes da conferência internacional que reflete sobre o problema do tráfico de seres humanos Quinta-feira, 10 Abr. 14 Um delito contra a humanidade. Esta foi a definição usada pelo Papa Francisco nesta quinta-feira, 10, para falar do tráfico humano. O Santo Padre foi até a sede da Pontifícia Academia das Ciências para um encontro com os participantes da conferência internacional dedicada à problemática do tráfico humano. fenômeno, um campo de luta. Estando hoje face a face com os participantes da conferência sobre o tráfico humano, ele teve a oportunidade de expressar a sua indignação e, sobretudo, a urgência da solidariedade, inspirada na fé, com as vítimas desse crime. Francisco enfatizou que o tráfico de seres humanos é uma chaga no corpo da humanidade contemporânea, uma chaga na carne de Cristo, um delito contra a humanidade. Ele falou do comércio de homens, mulheres e crianças como se as feridas na “carne de Cristo” estivessem na sua própria carne. “É um encontro importante, mas é também um gesto da Igreja, um gesto das pessoas de boa vontade que querem gritar ‘basta!’ (…) O fato de nos encontrarmos aqui, para unir os nossos esforços, significa que queremos que as estratégias e as competências sejam acompanhadas e reforçadas pela compaixão evangélica, pela proximidade aos homens e mulheres que são vítimas desse crime”. Para o Papa, este é um triste Francisco também Da Redação, com Rádio Vaticano aproveitou seu discurso para agradecer às Conferências Episcopais de Inglaterra e Gales por terem organizado a conferência. Na audiência, também estavam presentes autoridades de polícia que combatem o tráfico humano e agentes humanitários, chamados a exprimir, sobretudo, acolhimento e calor humano às vítimas. “São duas abordagens diferentes, mas que podem e devem andar juntas. Dialogar e confrontar-se a partir destas duas abordagens complementares é muito importante. Por este motivo encontros como este são de grande utilidade, diria necessário”. BOLETIM EXPRESSO ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2 Quando Jesus é masculino Quinta-feira, 10 Abr. 14 A condição masculina, assim como a feminina, são condições de limitação, de incompletude, que podem se tornar espaço de encontro e de comunhão com a diferença, a ser acolhida e reconhecida, ultrapassando as relações de poder. A análise é do teólogo leigo italiano Christian Albini, coordenador do Centro de Espiritualidade da diocese de Crema, na Itália, e sóciofundador da Associação Viandanti. O artigo foi publicado no blog Sperare per Tutti, 05-04-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto. Eis o texto. Se Jesus é masculino, o feminino tem menos importância? Há toda uma corrente espiritual e teológica que, a partir da masculinidade de Jesus e dos apóstolos, fundou um pensamento e relações de subordinação das mulheres em relação aos homens, associando o masculino a Deus. Ignora-se, assim, descaradamente, a mensagem bíblica do "homem e mulher os criou" do Gênesis. O risco é cair em um antropomorfismo em que é o homem que "cria" Deus à sua imagem. Retiro algumas considerações do livro de Angelo Biscardi, Un corpo mi hai dato. Per una cristologia sessuata (Cittadella Editrice), em que a consideração-chave é que "o objeto da revelação não é a masculinidade de Jesus tomada em si mesma e por si mesma, mas é a plena humanidade que devia necessariamente se explicitar em um dos modos disponíveis ao ser humano: masculino ou feminino" (p. 264). Mas isso não implica nenhuma dignidade superior do masculino, faz parte do processo de "esvaziamento", de perda de plenitude, da Encarnação, que o leva a assumir a parcialidade masculina, que se descobre como incompleta e se abre à relação de comunhão com a diferença. A masculinidade, tomada isoladamente, não pode ser absolutizada como símbolo absoluto de Deus (p. 266). Um dos primeiros atos profundamente humanos que distinguem cada um de nós e o próprio Jesus é a conscientização de nós mesmos como seres limitados (p. 299). Em Jesus, portanto, tornou-se presente um homem que – a partir do seu próprio limite criatural marcado fundamentalmente também pela própria masculinidade – rejeitou toda pretensão e fuga em direção ao egocentrismo e à onipotência pessoal em relação a Deus e aos irmãos (p. 308). A identidade sexual de Jesus, por isso, não fundamenta uma perfeição ou superioridade quaisquer do masculino identificado com Deus. A condição masculina, assim como a feminina, são condições de limitação, de incompletude, que podem se tornar espaço de encontro e de comunhão com a diferença, a ser acolhida e reconhecida, ultrapassando as relações de poder. Isso vale tanto na sociedade quanto na Igreja. BOLETIM EXPRESSO ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2 “Noé” não é aquele típico filme bíblico de manto e sandálias Quinta-feira, 10 Abr. 14 "A licença criativa do diretor Aronofsky e de seu corroteirista Ari Handel fizeram possível para mim ou, ao menos, consiste aquilo que poderia ter acontecido numa época sobre a qual pouco sabemos. Não encontrei nada de inconsistente com os estudos bíblicos católicos. Adoraria ler uma crítica do filme feita por algum estudioso da Bíblia", escreve Irmã Rose Pacatte, ao analisar o filme Noé, em artigo publicado por National Catholic Reporter, 28-032014. A tradução é de Isaque Gomes Correa. Eis a análise. Não há dúvida de que o filme épico de Darren Aronofsky “Noé” se baseia em imagens pós-apocalípticas e faz uso da ficção científica e do gênero popular vampiro para contar a história de Noé, o neto de Matusalém. E Aronofsky fez bem sua lição de casa. A narrativa como um todo tem a sensação de uma cultura oral de contar histórias, com o uso repetitivo da estrutura “quiástica” ou “anelar” para que os ouvintes não se esqueçam. O filme começa com a história da criação em imagens; em seguida Noé conta à sua família sobre o Criador e sua história da criação de seis dias, que inclui a primeira tentação, a queda e o papel do diabo em levar o paraíso ao fim. O pecado se faz presente e muito bem no filme “Noé”, de Aronofsky. Quando criança, Noé (Dakota Goyo) testemunha a morte de seu pai, Lameque (Marton Csokas), cometida por um bando de saqueadores que buscavam alimento numa paisagem árida. A terra havia sido consumida. Já como homem, Noé (Russell Crowe), sua esposa, Noema (Jennifer Connelly), e seus dois filhos Sem (Douglas Booth) e Cam (Logan Lerman) – o jovem BOLETIM EXPRESSO ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2 Jafé (Leo McHugh Carroll) vem depois – vivem isolados a fim de sobreviverem à decadência e violência do comportamento humano. em seguida as cobras. Noema queima um sedativo de ervas que faz com que os animais adormeçam durante a viagem. Em sonho, Noé acredita que o Criador esteja lhe dizendo que uma inundação (o dilúvio) está por vir e que irá limpar a terra trazendo vida nova. Ele faz uma viagem para ver seu avô, Matusalém (Anthony Hopkins) e verificar o mando do Criador. Noé e Sem cruzam-se com uma jovem, Ila (Emma Watson), que fora abandonada à morte pelo seu povo. Eles a trazem para sua casa e curam suas feridas. Parece que ela jamais irá ser capaz de ter filhos. “Noé” não é aquele típico filme bíblico de manto e sandálias que nós estamos acostumados a assistir. Aronofsky foi além da história de Noé (Gênesis, 5:299:29) e preencheu onde as palavras da Escritura não dizem o suficiente. Ele tomou a ideia de que o Criador amaldiçoara a terra e fez disso uma paisagem visual bem como ideológica. No deserto, árvores começam a crescer fornecendo madeira necessária. Os Vigilantes temíveis (criaturas míticas, metade homem e metade angélica, chamados Nefelins, no Gênesis) decidem ajudar Noé e sua família a construir a arca, o navio onde as criaturas inocentes irão aguardar até que a água baixe. Quando uma horda de pessoas, lideradas pelo rei Tubalcaim (Ray Winstone), chega exigindo um lugar na arca, Noé e Noema travam um diálogo sobre o que eles fariam para salvar sua família; se fosse necessário, poderiam até matar. Mas Noé é um homem de paz e a ideia de matar toda e qualquer criatura é repugnante a ele. Porém admite que se preciso for, ele matará para defender seus entes queridos. Na medida em que se aproxima da conclusão da arca, os animais começam a chegar. Primeiro os pássaros, Depois a chuva começa. Existem três pecados (embora eu possa ver outros, caso assista mais vezes ao filme) que Noé descreve repetidas vezes como sendo as três razões para o dilúvio: a violência (matança), o orgulho e a destruição da terra que Deus nos deu. O pecado original é frontal e central bem como o impulso inicial para a disrupção da vontade do Criador para com o povo e o mundo. De forma mais clara, estes pecados são expressos através de Tubalcaim, que fala repetidas vezes ao infeliz Cam – que quer uma mulher como Sem tem em Ila – que o caminho para se ser um homem é matar. A performance de Crowe foi boa, embora eu ache que a atuação foi ofuscada pela natureza épica da produção. Não olhei para o relógio durante a performance de 2 horas e 20 minutos. Se você se interessa por uma história bíblica transformada em filme e em filmagem artística, certamente não ficará frustrado ou aborrecido. A licença criativa do diretor Aronofsky e de seu corroteirista Ari Handel fizeram possível para mim ou, ao menos, consiste aquilo que poderia ter acontecido numa época sobre a qual pouco sabemos. Não encontrei nada de inconsistente com os estudos bíblicos católicos. Adoraria ler uma crítica do filme feita por algum estudioso da Bíblia. O filme arrasa com aquela historinha de ninar sobre Noé e mostra um período escuro no mundo em que a esperança e a vida, e o cuidado do Criador por sua criação, venceram em última análise. Não tenho certeza de como eu teria dado forma aos Vigilantes míticos, mas para mim os vigilantes do autor se parecem e se movem como os Transformers pré-históricos. Não creio que as pessoas naquele tempo (cerca de 2500 anos antes de Cristo segundo um calendário bíblico) usavam jeans ou calças, mas talvez elas usavam se se aceitar as vestimentas sofisticadas e mesmo os calçados dos restos mumificados de um caçador (Ötzi) descoberto na Europa em 1991 que remonta a 3300 anos antes de Cristo. As pessoas no filme usam ferro para construir cidades, ao menos é o que parece. A Era do Ferro foi de 1200 a 500 antes de Cristo, de forma que a história do filme se mostra anterior ao “calendário” da Bíblia em 1000 anos. Mas parece equivocado tentar alinhar tudo no filme de Aronofsky com o relato bíblico de forma literal. Era possível ao povo da época de BOLETIM EXPRESSO ON LINE – PASTORAL FAMILIAR – CNBB/REGIONAL SUL 2 Matusalém, e posterior, usar ferro? Talvez. A Irmã Jennifer, que foi comigo à sessão de imprensa assistir ao filme, observou que depois que Noé de fato mata para defender sua família, ele não mais ouve a voz do Criador. Na verdade, os cineastas criam um dilema interior em Noé, não muito diferente daquele de Jefté, o juiz de Israel (Juízes, 11), que interpretou a vontade de Deus de uma forma completamente equivocada. Mas lembremos que estes longínquos dias e as histórias divinamente inspiradas sobre os eventos e as pessoas que chegaram até nós são todos verdadeiros, e alguns deles podem de fato ter acontecido. A diferença dinâmica entre “verdade” e “fato” no filme é difícil, e isso pode perturbar alguns espectadores. A minha esperança é que os espectadores intérpretes da adaptação de Aronofsky encontrem temas da Doutrina Social Católica, tais como bem comum, comunidade, família, respeito pela vida, cuidado com o planeta e justiça. Assistir a “Noé” me fez querer, ainda mais, compreender a Torá, os cinco livros da Bíblia tão sagrada para os judeus. Se os judeus ortodoxos forem às salas de cinema, estarei me perguntando o que eles pensarão. O diretor e corroteirista Darren Aronofsky quis enfatizar alguns aspectos neste filme, em especial o de que o Criador nos fez e fez este mundo, que o pecado existe e influencia e ainda nos influencia, que a não violência e o cuidado pelo planeta – bem como o vegetarianismo – irá nos salvar. Estas são ideias boas e cristãs de se tirar após assistir ao filme “Noé”, embora eu nunca poderia ser uma vegetariana.