Direito Empresarial João Roque Do carvão e do aço ao mercado comum. 1 Introdução Este trabalho tem como objectivo explicitar todo o decorrer histórico e estratégico na formação da União Europeia como mercado comum, desde um inicial mercado criado num pós guerra em que apenas seis países transaccionavam carvão e aço (CECA-comunidade económica do carvão e do aço), até a UE de vinte e sete países em que todo o tipo de bens e serviços são transaccionados. Desenvolvimento A partir de 1945 destruiu-se a Europa tendo de ser reconstruída do inicio depois da segunda grande guerra. Economias, infra-estruturas e necessidades (trabalho comida e tecto) tinham de ser reconstruídas, aparecia assim a urgência na criação de um mercado. O mercado reconstruído passou assim de um mercado individual a um mercado entre países, evitando-se desta forma guerras derivadas de concorrências entre mercados. Dá-se então o salto na reconstrução da Europa tendo este como mola impulsionadora o novo mercado constituído em 1957. O carvão era nessa época a base do impulso uma vez que era a energia recorrente da época, logo França tinha carvão, mas não tinha aço, assim como a Alemanha tinha indústria de aço mas tinha falta de carvão, ganha-se assim consciência das consequências benéficas da transacção desses bens. Em 1951 nasce a CECA e com ela a livre circulação do carvão e do aço entre países. O Ministro dos Negócios Estrangeiros da República Francesa, Robert Schuman, propôs, na sua famosa declaração de 9 de Maio de 1950, que se colocasse a produção franco-alemã de carvão e de aço sob a alçada de uma Alta Autoridade comum, no âmbito de uma organização aberta à participação de outros países europeus. A França, a Alemanha, a Itália, a Bélgica, o Luxemburgo e os Países Baixos aceitaram o desafio e começaram a negociar um tratado. Esta abordagem não respeitou a vontade inicial de Jean Monnet, alto funcionário francês e inspirador da ideia, que tinha proposto um mecanismo mais simples e tecnocrático. Contudo, os seis Estados 2 fundadores não aceitaram um simples esboço, tendo chegado a acordo sobre uma centena de artigos que constituíam um todo complexo. O Tratado que institui a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço foi assinado em Paris, em 18 de Abril de 1951, e entrou em vigor em 24 de Julho de 1952, com uma vigência limitada a 50 anos. O Tratado caducou em 23 de Julho de 2002. O mercado comum que o Tratado preconizava teve início em 10 de Fevereiro de 1953, para o carvão, o minério de ferro e a sucata, e em 1 de Maio de 1953, para o aço. O objectivo deste Tratado era contribuir, graças ao mercado comum do carvão e do aço, para a expansão económica, para o aumento do emprego e para a melhoria do nível de vida. Por conseguinte, as instituições deviam interessar-se pelo abastecimento regular do mercado comum, garantindo a igualdade de acesso às fontes de produção, zelando pelo estabelecimento dos preços mais baixos e pela melhoria das condições dos trabalhadores. Simultaneamente, dever-se-ia promover o comércio internacional e a modernização da produção. Com vista à criação do mercado comum, o Tratado instaurou a livre circulação dos produtos, sem direitos alfandegários nem encargos. Proibiu igualmente as medidas ou práticas discriminatórias, as subvenções, os auxílios e os encargos especiais impostos pelo Estado, bem como as práticas limitativas. Para lutar contra a carência generalizada de energia "tradicional" dos anos 50, os seis Estados fundadores (Alemanha, Bélgica, França, Itália, Luxemburgo e Países Baixos) procuraram na energia nuclear um meio para alcançar a independência energética. Como o custo do investimento nessa energia excedia as possibilidades de Estados isolados, os Estados fundadores uniram-se para constituir a Euratom. O Tratado Euratom tinha por objectivo contribuir para a criação e o crescimento da indústria nuclear europeia, a fim de que todos os Estados-Membros pudessem beneficiar do desenvolvimento da energia atómica, e garantir a segurança do abastecimento. Paralelamente, o Tratado proporcionou um elevado nível de segurança às populações e impediu o desvio, para fins militares, dos materiais nucleares utilizados sobretudo para fins civis. Importa salientar que a Euratom só tem competência no domínio da energia nuclear para fins civis e pacíficos. 3 Dá-se então O Tratado de Roma, que instituiu a Comunidade Económica Europeia (CEE), sendo assinado em Roma em 25 de Março de 1957 e entrando em vigor em 1 de Janeiro de 1958. O Tratado que institui a Comunidade Europeia da Energia Atómica foi assinado na mesma altura, o que levou a que estes dois tratados passassem a ser conjuntamente designados por Tratados de Roma. Com o incrível sucesso do mercado os sobreviventes da guerra começam a olhar para o futura mais confiantes resultado disto foi a emancipação das mulheres, que passam a ocupar espaços nos postos de trabalho aproximando-as mais dos homens, e ainda o baby bum em que as taxas de natalidade aumentarem chegando-se a atingir a maior taxa de natalidade vista nesse século, inclusive fez-se uma festa quando a população atingiu os 2 biliões mundiais em 1950. Um dos fundos emergentes da criação do mercado comum foi o FEOGA (Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola), que aparece devido a existência comum de várias diferenças de custos de produção e de alimentação. Vista a necessidade de se garantir as produções típicas de cada país, o FEOGA garantia a compra de qualquer produção a um preço superior ao preço de produção. Então se os produtores conseguissem vender todos os bens que produzissem, melhor, se isto não acontece-se a UE compra e vende-os a outros países. Os dois principais pressupostos da FEOGA seriam então: nunca se perdia dinheiro a produzir pois ou se vendiam aos preços médios, ou caso fossem vendidos para fora eram aplicadas taxas aumentavam o preço até este ser capaz d se vender por exemplo aos EUA (particularmente os cereais). Uma das razoes da criação da FEOGA foi devido a facilidade como a classe agrícola se revoltava, com a qual os governos não queriam conflitos. Por sua vez apolítica agrícola traz consigo evoluções ao nível da educação, saúde, estradas e infra-estruturas. Com isto todos os países da união estavam no topo a nível industrial e social em 1973, inclusive a Holanda que após a guerra “roubou” terra ao mar a fim de ultrapassar o problema económico do país, isto graças a política FEOGA que lhe garantia o sucesso. Em 1980 a Grécia junta-se a união mas não beneficia dos fundos da politica FEOGA pois a sua agricultura típica era muito reduzida, no entanto a fim de promover a Grécia são criados os PIM´s (Programas Integrados do Mediterrâneo), destinando-se 4 assim exclusivamente estes programas, á resolução de problemas das ilhas gregas como por exemplo as estradas as infra-estruturas e ainda alguma agricultura. Em 1980 nasce então apolítica de sociedade e coesão que dita que países como uma situação económica mais frágil, como por exemplo Portugal e Espanha, ser-lhes ia fornecida uma ajuda até que esse país alcança-se uma economia mais estável e valores de PIB (produto interno bruto) mais altos, alavancando-se as economias dos países menos desenvolvidos pertencentes a UE. Com isto não só se promovia os países com maiores necessidades como se garantia aos países que ajudavam que em caso de necessidade eles próprios seriam ajudados. Em 1986 é realizado Acto Único Europeu em que as políticas do tratado de Roma são reestruturadas, e onde se cria fundos estruturais. Em 1986 entra Portugal e Espanha passando a União a 12 estados membros. Em 1989 o muro de Berlim cai e com isto surge a unificação da Alemanha. A dúvida é então levantada: os alemães ir-se-ão voltar para o PECO (países europeus da comunidade oriental) ou para a Europa ocidental? É necessário então levar a Alemanha a aliar-se a união, isto acontece com o desaparecimento do marco moeda fortíssima (a segunda melhor do mundo) e colocando-se o euro como”aliança” no dedo alemã. Para que isto acontecesse a criação de políticas exigidas visando a garantia em como e euro iria igualar ou mesmo superar o poder de procura da moeda marco. As políticas igualavam a poder do marco ou seja o défice era limitado a 3%, a divida pública dos países do euro não podia superar 60%pib, a inflação sempre inferior a 1,5%da média dos três Estados com inflação mais baixa, e as taxas de juro também não podem variar mais de 2% em relação a média dos Estados com taxas mais baixas. As exigências alemãs levaram ao tratado de Maastricht e ao Plano de Estabilidade e Crescimento, isto para garantir todas as condições requisitadas. Sendo assinado em Maastricht em 7 de Fevereiro de 1992 e entrou em vigor em 1 de Novembro de 1993. Este Tratado alterou a designação da Comunidade Económica Europeia, que passou a denominar-se «Comunidade Europeia». Também introduziu novas formas de cooperação entre os governos dos Estados-Membros em domínios como a defesa e a justiça e assuntos internos. Ao acrescentar esta cooperação intergovernamental ao sistema «comunitário» já existente, o Tratado de Maastricht 5 criou uma nova estrutura, tanto política como económica, com base em três fases: Coordenação e liberação financeira que incidia na liberdade total de circulação dos capitais, no aumento dos meios destinados a corrigir os desequilíbrios entre as regiões europeias, e na convergência económica através da vigilância dos Estados. Segunda fase, novas estruturas dita, a criação do instituto monetário europeu, a independência dos bancos centrais nacionais, e a regulamentação dos défices orçamentais excessivos. E por fim a terceira fase, transferência de responsabilidades, dita as tarefas perante o euro. Em 1995entra a Finlândia, Áustria, e Suécia com um modelo social já avançado. Depois de 2002 vários países como começam a desorientar-se devido a crise económica mundial, contudo e devido ao sucesso do euro em 2004 a Europa expande-se de 15para 25 países, e em 2007 com a Roménia e a Bulgária a Europa chega aos 27. Conclusão: O mercado comum iniciou-se com 6 países em 1951, sendo as ambições deste bastante reduzidas, só a partir de 1956 aparece o mercado comum chegando este aos 27 países, integrando assim a quase totalidade geográfica do continente europeu. A UE inicia-se com o nome de CECA ou seja comunidade económica do carvão e do aço, em que apenas se realizavam trocas a esse nível de matérias-primas. Foi a primeira vez em que países europeus transferiram direitos nacionais de soberania a um órgão com alcance e competências além de suas fronteiras. O próximo passo da integração europeia deu-se em 1957, com a assinatura dos Tratados de Roma que criaram a Comunidade Económica Europeia (CEE) ou mercado comum europeu, além da Euratom, a agência nuclear europeia. Dez anos depois, em 1967, unificaram-se os órgãos da CECA, da CEE e da Euratom, dando origem à Comunidade Europeia. Esta transformou-se na União Europeia em 1993 O espaço UE torna-se singular devido a determinados factores, como por exemplo, uma moeda única comum a todos países da união. Esta moeda o euro traz 6 consigo a obrigação de uma união forte e de sucesso perante globalização e países como os EUA. A UE tem neste momento mais de cinco milhões de habitantes, vivendo estes numa sociedade singular que se aproxima com a América, nomeadamente em relação ao aumento de algumas leis mais rígidas, por sua vez o presidente Obama tenta aproximarse da Europa nomeadamente em relação as políticas sociais. Bibliografia: VAZ, Manuel António. Direito Económico, 4º edição. Coimbra editora 1998 RODRIGUES R., VALÉRIO L. Introdução a Direito, Plátano Editora, LARANJEIRO, José Manuel, HERINQUES, Lucinda Sobral, LEANDRO, Manuel, GOMES, Mª Margarida, introdução ao Desenvolvimento Económico e Social (1º Parte), Porto Editora. 7