a importância dos grupos de pesquisa na formação dos

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NOVAS
MOTIVAÇÕES
NA
FORMAÇÃO
DOS
PROFISSIONAIS
EM
GEOGRAFIA AGRÁRIA PROVENIENTE DOS GRUPOS DE PESQUISA E DO
COMPROMETIMENTO DAS IES COM O DESENVOLVIMENTO REGIONAL 1
Vera Maria Favila Miorini
Introdução
A formação dos grupos de pesquisa tem fomentado as especialidades do
conhecimento e oportunizado a produção científica e tecnológica, bem como o
diálogo interdisciplinar permitindo o avanço nas soluções de problemas que se
apresentam complexo e cujas soluções nem sempre dependem de resultados
provenientes de uma única especialidade do conhecimento.
Portanto, a criação de grupos de pesquisa interdisciplinar tem permitido que os
geógrafos se manifestem em seus grupos, mostrando sua capacidade
pragmática e apresente suas concepções holísticas na identificação das
inúmeras soluções. Por outro lado desvendam-se as possibilidades deste
profissional, principalmente nos grupos que tratam do ramo da geografia
agrária, onde sua atuação, hoje, tem se revelado na terminação e na
reestruturação do ambiente rural, e assessorando as administrações públicas e
as comissões que tratam do desenvolvimento rural.
Evidentemente que, para isto ser alcançado, é necessário empenho na
formação dos profissionais em geografia agrária no seio dos grupos de
pesquisa a que os jovens acadêmicos estejam inseridos e onde realizam sua
iniciação, portanto a universidade e seu projeto de desenvolvimento social e
espacial.
Caso isto logre êxito os profissionais poderão contar com uma sólida
preparação para atuarem em geografia agrária manifestando suas reflexões e
apontando soluções na direção do ordenamento socioespacial.
1. Formação e importância dos grupos de pesquisa
Considera-se como objetivo na temática Grupos de Pesquisa, o desejo e a
necessidade de se ter o conhecimento e o domínio da informação a respeito
das ações de pesquisa e da massa crítica em atividade no País. Para isso o
CNPq, criou em 1992 uma base de dados que entrou em funcionamento no
segundo semestre de 1993. A partir de então, o CNPq vem ampliando esta
base e, para isso, se atualizando das informações armazenadas bem como
incentivando a criação de novos grupos, cuja maior motivação reside em se ter
uma visão completa e rápida a respeito de o que se investiga? Quem
investiga? Onde se investiga?
O Conselho Nacional de Pesquisa considera as informações relevantes, pois
permite ao órgão avaliar, direta e instantaneamente estas informações bem
como os recursos humanos que fazem parte desses grupos, como é colocado
na página de internet do órgão
“[...] às linhas de pesquisa em andamento, às especialidades do conhecimento e setores de
atividades envolvidos e à produção científica e tecnológica no biênio imediatamente anterior ao
ano da coleta dos dados. Além disso, cada grupo é localizado no espaço e no tempo”. (CNPq,
2005)
Por outro lado, é do conhecimento nacional que os grupos de pesquisa, como
denomina o CNPq, “inventariados”, se apresentam em variação de tamanho e
em número de pessoas em cada grupo, ocorrendo em sua maioria nas
universidades públicas, instituições isoladas de ensino superior, ainda em
instituições de pesquisa científica e também em institutos de pesquisa
tecnológica e desenvolvimento, além se destacarem as empresas estatais e
algumas organizações não-governamentais com atuação em pesquisa. Como
bem considera o CNPq.
Após um esforço continuo de quase 50 anos, o Brasil conseguiu montar um
corpo científico e tecnológico respeitável. Ainda que responsável por uma
pequena parcela da produção mundial, este corpo científico e tecnológico
brasileiro se encontra organizado em grupos de pesquisa e está bastante
completo, em particular, no que se refere à pesquisa científica. No entanto,
contrasta com a pouca disponibilidade de informação organizada a seu
respeito. Provavelmente, considera a necessidade de se ter o conhecimento
do que se faz em termos de investigação no País, uma das mais fortes
motivações que levou o CNPq a tal empreendimento de construir um Banco de
Informações nessa dimensão.
Pode-se considerar também como motivação a escassez de recursos e a
necessidade de bem direcioná-los frente ao que, até então, se explicava por
uma falta de informações tolerável, pois o que foi relativamente abundante até
quase o final da década de 70, a partir daí exigiu controle racional e orientação
adequada aos interesses maiores da política nacional. A ausência de
informações sobre a massa crítica, o que ela investiga, como investiga, onde
se investiga, foi se tornando uma ausência relevante frente às dificuldades que
surgiram em termos de conhecimento de ciência e de tecnologia nacional.
Além da carência de recursos no período de 1980 e 1990, testemunharam a
emergência de novos modelos explicativos do desenvolvimento científico e
tecnológico e das relações entre esses dois componentes, como, igualmente a
cobrança de maior e melhor conhecimento do que e como está sendo
realizada a C&T no Brasil. Nesse mesmo período, foram maximizadas as
idéias de competição e de busca de qualidade, resultando na crescente
necessidade de instrumentos capazes de medir a capacidade de competir e de
avaliar a qualidade do que se faz em C&T. Obviamente para o
desenvolvimento desses instrumentos, um dos insumos básicos passa a ser a
informação qualitativa e resultando na formação do Diretório dos Grupos de
Pesquisa do Brasil. O objetivo é o de constituir uma plataforma de informação
básica sobre o parque Cientifico e Tecnológico brasileiro.
As informações se apresentam na base de dados com três finalidades
principais referentes à sua utilização pela comunidade científica e tecnológica
no exercício profissional, como um eficiente instrumento para intercâmbio e
troca de informações, além de utilizar a precisão e rapidez, responder quem é
quem, onde se encontra, o que está fazendo e o que produziu recentemente.
No âmbito do planejamento e gestão das atividades de C&T o Diretório vem
sendo talvez a mais poderosa ferramenta já desenvolvida no Brasil, em nível
das instituições, das sociedades científicas ou das várias instâncias de
organização político-administrativa do País. A base de dados se constitui em
uma fonte inesgotável de informação, pois além daquelas diretamente
disponível sobre os grupos de pesquisa, oferece uma base censitária que
permite o aprofundamento do conhecimento e a construção de amostras sobre
campos não cobertos pelos dados como, por exemplo, o financiamento ou a
avaliação qualitativa da produção científica e tecnológica.
Na constituição estrutural dos grupos de pesquisa a definição mais importante
na base de dados é a de sua unidade de análise, o grupo de pesquisa que é
definido, pelo CNPq, como sendo
um conjunto de indivíduos organizados hierarquicamente; onde o fundamento organizador
dessa hierarquia é a experiência, o destaque e a liderança no terreno científico ou tecnológico;
existindo envolvimento profissional e permanente com atividades de pesquisa; onde o trabalho
se organiza em torno a linhas comuns de pesquisa; e que, em algum grau, compartilham
instalações e equipamentos. (CNPq, 2005)
Cada grupo de pesquisa se organizar em torno de uma liderança
(eventualmente duas), que é a fonte das informações constantes na base de
dados, as quais são coletadas por meio de um questionário padronizado que
chega aos líderes de grupo através da intermediação dos responsáveis pela
atividade de pesquisa nas instituições. Esses personagens (pró-reitores,
superintendentes, diretores ou vice-presidentes de pesquisa), devidamente
orientados pela equipe responsável pelo projeto, identificam os líderes de
pesquisa, coletam as informações (utilizando-se dos questionários) e se
encarregam do recolhimento e envio.
Segundo o CNPq (2005), a cada dois anos ocorre renovação na base de
dados por meio de um novo trabalho de campo, com a substituição completa
das informações dos grupos de pesquisa e de pesquisadores. Desse modo a
apresentação compreende duas bases de dados distintas, mas relacionadas e
referentes aos grupos de pesquisa e aos pesquisadores, conforme a página do
CNPq, (2005). A primeira é composta pelas informações sobre os grupos de
pesquisa, no total de 7.271 grupos de pesquisa oriundos de 158 instituições,
conforme cadastro do segundo semestre de 1995 e, as informações sobre a
produção científica referente a 1993 e 1994; a segunda base de dados é
composta pelas informações sobre os 26.779 pesquisadores que compõem os
grupos. O relacionamento entre as bases permite, o deslocamento direto das
informações sobre cada pesquisador para o conjunto de informações sobre o
grupo do qual faz parte e vice-versa. (CNPq, 2005)
2. A Universidade Federal de Santa Maria o ensino, a pesquisa e a
extensão.
A Universidade Federal de Santa Maria, criada pela Lei 3.834-C, de 14 de
dezembro de 1960, ocupa o epicentro de um raio que se estende até a
fronteira com a Argentina, portanto ocupando espaço da área da Metade Sul.
Tem como objetivo máximo a formação de profissionais e técnicos apropriados
às necessidades do meio e entendendo que, quando este técnico ou
profissional estiver recebendo a formação através de um segmento científico
locado no interior, permanecerá neste interior, o que assume importância
inestimável para o desenvolvimento nacional integrado e em especial para o
desenvolvimento regional.
Tal ação vinha, na época, a propor uma nova universidade ao trazer em seu
bolo uma orientação diferente. Durante esta trajetória, a UFSM vem
construindo e aperfeiçoando seu modelo de administração acadêmica,
procurando, assim, cumprir sua missão de capacitar o homem dando-lhe
possibilidades de gerar seu próprio desenvolvimento e de provocar mudanças
necessárias em seu contexto social. Para o que tem sustentado, ao longo
destes anos o Planejamento de Desenvolvimento de Área, bem como o
reconhecimento e atendimento constante a quesitos como os recursos naturais
das áreas a formação tecnológica das populações, únicas e capazes de
soerguer as categorias socioeconômicas, elevando ó nível de vida dos grupos
humanos.
Em sua trajetória de ação a Universidade Federal de Santa Maria, ocupa a
área centro-oeste do estado do Rio Grande do Sul, se localizando em seu
centro geográfico o que a favorece de ser a sede do Distrito Geoeducacional
37, com mais de 1.000.000 habitantes e abrangendo mais de 58 municípios
que se estendem sobre uma área de 94.955 km². Nessa área encontram-se
mais de oito municípios que possuem estabelecimentos de ensino superior
nascido das antigas extensões universitárias e realizando com a UFSM,
profundos laços de intercâmbio de ensino de graduação, pesquisas e
extensão.
Baseado nesta conjuntura, no Projeto de Gestão da UFSM do Século 21,
determinado por Resener e Jardim (2005), está inscrito o comprometimento da
Universidade com a qualidade acadêmica e transformação da sociedade na
direção de uma igualitária justiça social, ainda tão dispare e marcada pelas
desigualdades no Brasil com um todo, mas certamente acentuada em suas
regiões distantes dos centros hegemônicos.
O Projeto de Gestão apresenta três diretrizes gerais que se combinam e se
complementam: a primeira trata de uma gestão horizontal tendo as pessoas
como centro das atenções; a segunda aborda o processo educacional e a
produção científica e; a terceira abrange o desenvolvimento regional e
nacional.
Chama a atenção nesta linha de colocação às diretrizes que envolvem o
processo educacional e científico e a ação da UFSM no âmbito de sua área,
pois diz respeito a pesquisa, a produção científica e as ações de sua massa
crítica sobre o seu entorno.
Destaca-se a presença dos estudos práticos da Geografia na reestruturação
sócioespacial da área de atuação da UFSM, através da valorização de seu
curso de graduação e a concretização da proposta do Curso de Mestrado,
atendendo a chamada da UFSM, aos anseios de sua massa crítica em
particular e a necessidade de formação de técnicos atuantes em IES isoladas
e em órgãos públicos e privados existentes nas regiões, onde estão os
profissionais que, neste momento de globalização, são requeridos e apresentar
soluções no que concerne a organização dos espaços, a reconversão
ambiental das áreas degradadas pelo uso intensivo de seus recursos e em
condições de fragilidade no equilíbrio.
Estes profissionais ao serem requeridos a determinarem o rearranjo dos
espaços e assessorarem as administrações municipais, estaduais, federais e
privadas, sobre as mais diversas questões e oriundas de fenômenos interrelacionados, mas que se encontram a espera da tomada de decisão urgente,
não poderão agir se não estiverem alicerçados em um grupo de investigação
forte, criativo e capaz de através da crítica construtiva poder indicar caminhos
de solução.
Por outro lado, a UFSM tem consciência de que não é possível articular
atividades, renovar tecnologias, reestruturar áreas estagnadas e em processo
de inércia sem dispor de um grupo de profissionais apresentando condições
necessárias para tal e em qualificação. Desse modo, os grupos de pesquisa
constituídos e atuantes na UFSM, envolvendo seus pesquisadores, promovem
o intercâmbio de idéias com investigadores de outros grupos internamente e
com outros grupos externos, muitos deles situados em instituições distintas e
distantes, porém permitindo a alimentação de novas idéias através dos grupos
e por meio deles, bem como de pesquisa e de extensão. Essa permuta de
idéias que transita no seio dos grupos de pesquisa tem, não apenas provocado
a reflexão e a discussão, mas, principalmente resultado em convênios
altamente construtivos.
As ações que se desenvolvem em muitos municípios das diversas regiões
(Noroeste, Fronteira Centro-Oeste e Sul-Sudeste), bem como o Projeto de
Reconversão da Metade Sul ora coordenado pelo Governo estadual
conclamando as universidades para que atuem em suas áreas de pesquisa em
conformidade com os planos do Governo do Estado, tem sido da maior
importância ao favorecer o agrupamento de investigadores das mais diferentes
áreas e permitir não apenas a troca de informações, mas principalmente o
enriquecimento científico advindo da interdisciplinaridade, dos conceitos e
procedimentos metodológicos e técnicos que compõem muitos dos grupos de
pesquisa existentes na UFSM.
2.1. O trabalho da geografia na reestruturação sócioespacial.
A massa crítica do Departamento de Geociências engajada em projetos de
envergadura, nesta direção e a serem executados, entende que o sucesso da
formação do profissional egresso do Curso de Graduação e de Pós-graduação
em Geografia consiste em assegurar a competente formação de recursos
humanos para o ensino e para a pesquisa. Daí o perfil de profissional desejado
dever ter o conhecimento, as habilidades e atitudes, plantadas pela ética
necessária par atuar de forma criativa e eficiente, na área de Ensino, Pesquisa,
Consultoria e Planejamento no âmbito da Geografia.
Nesse espírito de ação o Curso de Mestrado em Geografia assume como área
de concentração a Análise Ambiental e Dinâmica Espacial e apresenta, como
linhas de pesquisa três, a saber: Geoinformação e Análise Ambiental; Meio
Ambiente e Sociedade; e Sensoriamento Remoto em Geografia. Tais
direcionamentos vêm ao encontro das necessidades que se apresentam no
momento como desafios a exigir soluções de um grupo de profissionais cuja
competência os habilita a tais tarefas e bem apoiados no que se determina no
primeiro inciso, basicamente nas letras a, f e j, do Artigo 3º da Lei nº
6664/1979, que trata das ações da geografia conforme prescrito em lei.
Salientando-se as considerações mais adequadas as ações dos geógrafos,
principalmente agrários, a saber:
I - reconhecimentos, levantamentos, estudos e pesquisas de caráter físico-geográfico,
biogeográfico, antropogeográfico e geoeconômico e as realizadas nos campos gerais e
especiais da Geografia, que se fizerem necessárias:
a) na delimitação e caracterização de regiões, sub-regiões geográficas naturais e zonas
geoeconômicas, para fins de planejamento e organização físico-espacial;
b) no equacionamento e solução, em escala nacional, regional ou local, de problemas atinentes
aos recursos naturais do País;
f) na caracterização ecológica e etológica da paisagem geográfica e problemas conexos;
g) na política de povoamento, migração interna, imigração e colonização de regiões novas ou
de revalorização de regiões de velho povoamento;
h) no estudo físico-cultural dos setores geoeconômicas destinados ao planejamento da
produção;
j) no estudo e planejamento das bases físicas e geoeconômicas dos núcleos urbanos e rurais;
l) no aproveitamento, desenvolvimento e preservação dos recursos naturais;
Entendendo que a geografia como ciência deve se beneficiar da investigação
aplicada, pois ao conter o espírito da ciência natural e da ciência humana
utiliza os elementos pertencentes a natureza e a sociedade e, portanto, entra
por seu turno na esfera da aplicação prática.
Esta orientação da ciência geográfica testemunha a sua instância utilitária tão
necessária em nossa época. O geógrafo que desempenha algum trabalho com
fim útil pode dispor de meios, ter acesso a fontes documentais e, na natureza
de sua ciência geográfica, se beneficiar de investigações aplicadas.
A reestruturação do espaço se constitui no campo mais vasto das aplicações
da geografia e é neste domínio que o geógrafo pode manifestar plenamente as
suas qualidades essenciais: o sentido da interpretação analítica focando o
lugar e o sentido da concepção holística do todo, o espaço.
As primeiras aplicações práticas das investigações geográficas diziam respeito
apenas as unidades espaciais, de dimensão e de conteúdo diversos e são
ainda hoje numerosas, talvez por isso os geógrafos estão habituados a
descrever e a explicar os traços característicos de um lugar, de uma
aglomeração urbana, de uma região, de um Estado. O conhecimento dessas
unidades espaciais, adquirido segundo os métodos da geografia clássica,
forma a base de todo e qualquer programa de estudo espacial. Os
responsáveis por estes
programas
ao reconhecerem
a utilidade do
conhecimento geográfico de base procuram a colaboração dos geógrafos a
quem confiam a realização de diagnósticos, e inúmeras são as vezes em que
os geógrafos ao estudarem uma unidade espacial descobrem os problemas e
sugerem as soluções possíveis. É evidente que nesse caso está se pensando
a aplicação pragmática da ciência geográfica, que procura prever as
modificações de um conjunto sob o efeito da transformação de um ou de
vários elementos que o compõem.
Deve o geógrafo limitar-se a fornecer materiais, dados brutos, sobre a
evolução passada e a situação presente, deixando totalmente ao agrônomo,
ao urbanista, à Comissão de Ação Regional, a administração pública, o
cuidado de por os problemas, de imaginar as soluções e prever as suas
incidências, de decidir entre as opções, de elaborar um programa? Entende-se
que o geógrafo pode ir além do simples diagnóstico e indicar o resultado
provável das diversas soluções possíveis, porque, conhecendo bem os males
que descontrolam e atuam negativamente no arranjo espacial está,
particularmente, qualificado para prever as reações advindas de qualquer uma
das soluções prováveis.
Considera-se que para assumir as tarefas de ação o geógrafo deve ter
recebido uma formação bastante ampla e profunda, pois a natureza de sua
ciência exige o domínio de um conhecimento capaz de permitir compreender o
espaço e interceder em sua organização. Embora muitos cursos não tenham
em seus currículos a diversidade necessária, tal dificuldade de formação não
tem impedido aos geógrafos de irem a frente e de representarem um papel
importante no arranjo do espaço.
Lançando o olhar sobre o espaço rural observa-se que no presente, dado ao
progresso da tecnologia, do crescimento rápido, do surgimento de novos
sistemas de produção e do avanço das relações e interligações sociais e,
principalmente, econômicas em um mundo globalizado e cada vez mais
homogeneizado por uma dinâmica de produção. Essa, por sua vez, se estende
insensivelmente
a
partir
de
zonas
experimentais,
dos
sistemas
de
acondicionamento e de comercialização dos produtos, os quais, cada vez mais
se apresentam transformados. Apesar das disparidades regionais se
acentuarem, a produção aumenta e a população agrícola diminui, o rendimento
individual eleva-se permitindo melhorar as condições de existência de um
produtor rural mais instruído, mais aberto ao progresso e desejoso de reduzir
as diferenças que ainda constata entre o seu nível de vida e o do espaço
urbano.
Em alguns estudos geográficos recentes é certo se descrever e explicar esta
aceleração da evolução da importância do meio agrário, principalmente, no
caso brasileiro, onde a produção advinda deste meio assume papel não
apenas significante em sua economia, mas determinante de seus rumos em
nível nacional e, em especial, no abastecimento da população em geral.
Tais transformações profundas e rápidas que ocorrem direta ou indiretamente
no espaço agrário e o envolvendo de uma ou outra forma são devida, em sua
maior parte, as ações de técnicos de administração pública, de agrônomos,
economistas rurais e sociólogos rurais. Muitas ações, também são oriundas
dos organismos profissionais saídos do próprio meio agrário, de alguns
cultivadores dinâmicos, ou ainda a obra de, muitas vezes, subestimadas
comissões regionais de estudo, que se situam entre o produtor rural e os
poderes públicos intermediando a informação e os problemas agrícolas
regionais.
A exceção de algumas regiões, onde os geógrafos agrários desempenharam
um papel ativo na orientação das políticas agrícolas junto a comissões ou
foram consultados pelos poderes públicos, deve-se reconhecer que este
profissional pouco contribuiu, no passado para as transformações que se
operaram nesta porção do espaço.
Contudo, hoje, pode-se reconhecer que poucas disciplinas têm trazido uma
contribuição tão relevante para o conhecimento do espaço agrário como a
geografia. Seus estudos vão desde as células que o compõe, passando pela
situação de sua área e alcançando os estudo das regiões agrícolas, além de
envolver a problemática que hoje abrange este espaço em seu todo
heterogêneo e diversificado. Tal desafio, cada vez mais, tem sensibilizado um
significativo grupo de geógrafos a se dedicarem aos problemas que envolvem
este ramo de estudo da geografia.
Valendo-se de um repertório bibliográfico variado e trabalhando na fronteira da
interdisciplinaridade do conhecimento determinado pelas especializações
como agronomia, economia rural, sociologia rural e administração rural, além
de ter forte envolvimento com as políticas públicas voltadas para ao ambiente
rural, os geógrafos avançam suas análises em qualidade e quantidade se
colocando por meio de trabalhos criteriosos.
No entanto, deve-se reconhecer que os trabalhos geográficos normalmente
fornecem uma base documental de primeira ordem para o arranjo racional do
ambiente agrário, para a melhoria das condições de trabalho e de existência
do produtor rural. O reconhecimento das questões sociais que envolvem as
populações é pouco considerado por aqueles a quem incumbe conceber e
aplicar políticas agrícolas, porque eles vêem este “mundo agrário” como base
de produção. Neste sentido, talvez a presença da ação do geógrafo tem sido
reconhecida, embora raramente ainda sejam associados à elaboração a
dessas políticas.
Isto permite reconhecer que a despeito dos avanços que os geógrafos agrários
tem alcançado, ainda há o que fazer e avançar em termos teórico conceitual e
metodológico. Acredita-se que a interdisciplinaridade que os geógrafos
agrários encontram nos grupos de pesquisa a que pertencem se revela como
salutar no sentido de permitindo o diálogo, a reflexão e conhecendo novos
ângulos de olhar para as mesmas questões permita a formação de novos
“insights”.
2.2. A ação do geógrafo agrário no grupo de pesquisa Sociedade,
Ambiente e Desenvolvimento Rural - SADR.
O grupo de pesquisa relaciona em seu contexto inúmero pesquisadores de
formação diversificada o que permite a interdisciplinaridade e que cada um
possa contribuir no conjunto das discussões e abordar temas importantes
desenvolvendo pesquisas conforme seu enfoque de investigação.
O grupo de pesquisa SADR tem registro junto ao CNPq possuindo o seu
certificado. Ele é composto de pesquisadores cadastrados em cursos de pósgraduação e voltados para a temática social agrária e ambiental, sediados em
diversas instituições onde se destacam os Curso de Extensão Rural e o Curso
de Mestrado em Geografia.
Este Grupo de Pesquisa procura contribuir para a análise crítica da ação
orientada à promoção do desenvolvimento rural. Alimenta o questionamento
teórico pelo estudo das tendências das relações sociais contemporâneas e das
experiências inovadoras na área de promoção do desenvolvimento rural,
conferindo ênfase às questões da agricultura familiar e sustentabilidade.
Quanto às atividades desenvolvidas pelos membros do Grupo, destaca-se na
UFSM sua vinculação ao ensino de graduação, pós-graduação, pesquisa,
extensão
e
Secretarias
Municipais,
Estaduais
EMATER/RS.
Mantêm
intercâmbio com grupos situados em outras IES, e em instituições promotoras
do desenvolvimento rural como e órgãos ligados as atividades agrárias como
NEAD e EMBRAPA.
O Grupo de Pesquisa possui textos publicados e disponibilizados ao público
em sua página na Internet, além de trabalhos e artigos elaborados pelos
pesquisadores e suas respectivas equipes individuais que são publicados em
periódicos e revistas.
O SADR se destaca pela necessidade de manter discussões a cerca do
desenvolvimento das sociedades contemporâneas, da política e da pesquisa,
bem como do espaço territorial, freqüentemente traduzido por recortes
regionais a partir de critérios diversos e atendendo ao princípio da constituição
dos grupos de pesquisa do CNPq.
Quando no início da década de 1990 foram criados os conselhos regionais de
desenvolvimento (COREDES), o estado do Rio Grande do Sul teve como meta
consolidar
o
processo
de
desenvolvimento
regional
com
distribuição
heterogênea e tentando reverter a concentração econômica localizada para
diminuir os desequilíbrios regionais visíveis em diversas regiões do espaço
gaúcho. Considerando que a maior parte das regiões do RS, ainda não foi
merecedora de estudos sistemáticos sobre seus espaços agrários, bem como
dos resultados de políticas públicas aplicadas nestes territórios. Os esforços
promovidos pelos COREDES sendo de natureza política e econômica estão
associados aos grupos de pesquisa e vêm prometendo significativos aportes
as organizações que trabalham a gestão do desenvolvimento regional.
Como é evidente que a mais importante estratégia ao alcance do processo de
desenvolvimento
regional
passa
pelo
conhecimento
profundo
das
características de cada região, dos seus problemas e de suas potencialidades,
o grupo de pesquisa em questão, SADR, procura atuar no sentido da
orientação do desenvolvimento da pesquisa acadêmica tendo em vista a
relevância atual que reside na reflexão sobre as dimensões e problemáticas do
desenvolvimento desde o contexto regional. Com isso objetiva contribuir para o
conhecimento e evidenciar a importância dos estudos agrários e de políticas
públicas para as regiões gaúchas.
Partindo desse espírito de entendimento e da experiência dos pesquisadores
do grupo de pesquisa sociedade, ambiente e desenvolvimento rural em termos
de pensar as regiões do RS iniciou suas investigações dirigidas em especial ao
COREDE central, área sobre a qual se situa a UFSM, entendendo que a
reflexão sobre a problemática de desenvolvimento rural desta região se
constitui no que se pode chamar de “dever de casa”. O Grupo, de modo geral,
tem promovido suas pesquisas, seminários, discussões e até eventos de maior
envergadura, onde seus registros acadêmicos e avaliações dos estudos
efetuados são expostos aos demais pesquisadores de outras áreas, ao poder
público e colocando a crítica suas análises, soluções, sugestões e enfoques
que venha a ter a respeito da questão do desenvolvimento rural nessa área,
como
é
o
caso
da
publicação
recente
da
obra
Espaço
Rural
e
Desenvolvimento Regional: estudos a partir da Região Central do RS, em
2004, tendo como organizadores, os membros do Grupo, José Marcos
Froehlich e Vivien Diesel.
Discute-se sob vários olhares as maneiras possíveis e, de acordo com a
formação específica de cada pesquisador, situações relevantes da região
como a sua formação social, a organização de seu espaço, a ocupação da
população, os processos de colonização que determinaram a sociedade rural,
a sustentabilidade ambiental e socioeconômica no interior das zonas rurais, os
assentamentos e a reforma agrária. Além destas temáticas também aparece a
legislação ambiental, o conjunto das políticas públicas e sua eficácia na
promoção do desenvolvimento regional e agrário.
Como a discussão, através de seus vários olhares, busca o desenvolvimento
regional calcado no meio agrário, não perdendo a idéia do todo no conjunto da
interpretação e de que o desenvolvimento só se realiza se integrado a questão
dos mercados urbanos, ao abastecimento e a possibilidade de ligação e
interligação do conjunto municipal e regional em prol de seu crescimento e
desenvolvimento.
Considerações finais
Considerando a presença de três estruturas construídas: grupos de pesquisa,
programas de envolvimento com a região de atuação, por parte das
instituições de ensino superior, e a presença de curso de geografia, pode-se
pensar na formação concreta do profissional em geografia. Entendendo que se
deseja moldar um profissional pragmático, atuante e envolvido nas questões
sociais e espaciais de seu universo de vida. Quando tais objetivos são
predominantes na massa crítica acadêmica se está preparando um profissional
a enfrentar no tempo a reestruturação do espaço, usando suas potencialidades
para realizar a geografia na plenitude de suas ações, onde se destacará,
certamente a interferência do profissional em geografia agrária.
BIBLIOGRAFIA
BRASIL, Ministério de Ciência e Tecnologia, Conselho Nacional de Pesquisa
Científica
e
Tecnológica.
http://www.cnpq.br/gpesq2/infoger.htm.
Página
visitada em seus Itens 01, 02, 03, 04, 05. Acesso em 02/92005.
FROEHLICH,
José
Marcos
e
DIESEL,
Vivien.
Espaço
Rural
e
Desenvolvimento Regional: estudos a partir da Região Central do RS. Ijuí:
Ed.Unijuí, 2004, 312p. (Coleção Trabalhos-científicos. Série: Relatório de
pesquisa)
PHLIPPONNEAU, Michel. Geografia e Acção: introdução à Geografia
Aplicada. Lisboa: Edições Cosmos, 1964. 300p. (Panorama de Geografia –
Série complementar – Nº1)
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA. UFSM pública, gratuita e de
qualidade: grandes desafios e novas soluções para a melhor universidade do
Estado – Projeto de Gestão 2005/2009. (Orgs) Elaine Verena Resener e José
Osvaldo Jardim Filho. Santa Maria: s/ed. 2005. 11p. (Folheto de Divulgação).
Palestra para a Mesa1: A importância dos grupos de pesquisa na formação dos profissionais em geografia
agrária do I Encontro de Grupos de Pesquisa. “Agricultura, Desenvolvimento Regional e Transformações
Sócioespaciais”.
1
i
Docente Pesquisador, adjunto 4 da Universidade Federal de Santa Maria, Centro de Ciências Naturais e
Exatas, Departamento de Geociências, Laboratório de Estudo e Pesquisa Regional.
2
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