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ENSAIO
MAGAZINE
Revista Cultural do Conservatório de Tatuí - Agosto/2009 - Ano V - nº 52 - Distribuição Gratuita
Alunos do curso de fortepiano,
o primeiro do país
V Curso de Férias
Apresentações artísticas alteram
rotina do município de Tatuí
Pioneirismo Rio International
no Fortepiano Cello em Tatuí
Conservatório de Tatuí torna-se
único no país a oferecer o curso
Conservatório de Tatuí volta a receber
atrações do evento carioca
Efemérides - 2009
EXPEDIENTE
RICHARD STRAUSS (1864-1949)
60 ANOS DE FALECIMENTO
É verdade que muitos filmes
popularizaram para o grande
público obras-primas da música de
concerto antes restritas a platéias
especializadas e aficcionados do
gênero. Sem dúvida, foi o que
aconteceu com “Alexander Nevsky”
(1938, com música de Prokofiev),
“Morte em Veneza” (1971), de
Luchino Visconti (Sinfonia 5, de
Mahler), “Apocalipse now” (1979),
de Francis Ford Coppola (“A
cavalgada das Valquírias”, da ópera
“As Valquírias”, de Richard Wagner)
e “Laranja mecânica” (1971),
de Stanley Kubrick (Sinfonia 9
de Beethoven), entre inúmeros
outros títulos. Contudo, talvez a
associação mais perfeita, mais óbvia,
seja o instigante “2001, uma odisséia no espaço” (1968), do
mesmo Kubrick, que perenizou para o gosto popular o poema
sinfônico1 “Also sprach Zaratustra” (Assim falou Zaratustra),
de Richard Strauss, logo a partir dos primeiros momentos do
filme.
Richard Strauss nasceu em Munique, Alemanha, filho do
trompista Franz Strauss, músico de dificílimo gênio que tinha
como passatempo ocasional perturbar maestros. (Não poupou
sequer Wagner, com quem trabalhou). Talvez, por isso mesmo,
Richard tenha crescido como um gênio de temperamento
irascível, de difícil acesso. O ódio do pai Franz por Richard
Wagner, no entanto, não chegou a contaminar Strauss – pelo
contrário, influenciou decisivamente a carreira do compositor,
à época em que se digladiavam os adeptos (como ele) de Wagner,
de um lado, e de Brahms, do outro, em plena efervescência do
romantismo do final do século 19.
Dono de uma técnica composicional e de orquestração2
ímpares, foi seguramente em grande parte devido à sua carreira
como regente que Strauss acumulou o cabedal de conhecimento
e a destreza de escrita que usaria, sem parcimônia, em toda sua
obra, muito especialmente nas óperas e nos poemas sinfônicos:
desde cedo, esteve à frente das orquestras e óperas de Munique,
Meiningen (onde começou como assistente do célebre Von
Büllow), Weimar, Berlim e Viena. (Cabe aqui lembrar que não
se conhece um elo de ligação familiar de Richard com o lado
austríaco de músicos de sobrenome Strauss, como o do famoso
Johann, autor de valsas populares como“O Danúbio azul”).
Conhecedor da técnica de cada instrumento, fez coisas
grandiosas e dificílimas, em que quase sempre se sobressaem
solistas do próprio corpo da orquestra, como em seus poemas
sinfônicos: em “Ein Heldenleben” (Uma vida de herói),
o grande solo fica a cargo do violino spalla3 (o “herói”);
curiosamente, em certa passagem dedica às trompas um quase
lamento arrastado e rabugento, atribuído à sua crítica à figura
paterna. Em “Don Quixote”,
deixa o personagem heróico para
o violoncelo, enquanto “Till
Eulenspiegel, lustige Streiche”, com
solos longos e grandiosos reservados
à trompa4, tornou-se verdadeiro
cavalo de batalha do instrumento.
Outras obras grandiosas,
como as óperas “Wozzeck”,
“Macbeth”, “Salomè”, “Elektra”
(a mais ousada musicalmente) e
“O cavaleiro vermelho”, e, além
dos anteriormente citados poemas
sinfônicos, alguns outros, sempre
dificílimos, como “Don Juan” e
“Morte e Transfiguração”, a que
se contrapõem, entre outros dois
belos concertos, sendo um para
trompa (nº 2) e outro para oboé, e
a inspirada“Sinfonia Alpina”.
Por ter aceito o cargo de diretor do Reichsmusikkammer
a convite de Hitler, Strauss levou a pecha de simpatizante do
nazismo – isso, mesmo tendo tido como colaborador Stefan Zweig
(libretista judeu que fugiu para o Brasil e suicidou-se no Rio). A
corte instalada pelos Aliados, para o julgamento de Strauss,
diante das evidências e com justiça, inocentou-o da acusação.
A maturidade de Richard Strauss revelou-lhe um lado de
simplicidade de concepção de cena; dizia que os novatos pensam
que os libretos5 devem conter violência e mortes, mas que esses
recursos extravagantes e popularescos deveriam ser evitados,
junto com“venenos, punhais e incestos”.
Depois de sua última grande obra – não por acaso intitulada
“Quatro últimas canções” -, Richard Strauss deixou o mundo
no dia 8 de setembro de 1949. Um mês depois, era criada a
República Democrática Alemã.
1
Poema sinfônico é uma composição para orquestra sinfônica,
no mais das vezes em um único movimento, que narra ou ilustra um
programa ou poema. O gênero teve como precursor, no final do século
19, Franz Liszt (Tasso, 1834), e em Strauss um entusiasmado seguidor.
(DOURADO, Henrique Autran. Dicionário de termos e expressões da
música. S. Paulo: Ed. 34, 2004.)
2
Composição ou instrumentação (técnica de escolha e distribuição de
partes entre os diversos instrumentos) de obra orquestral. (DOURADO,
op. cit.)
3
Do italiano, literalmente, ombro. Refere-se ao violinista principal
do conjunto, líder e solista das cordas da orquestra.
4
Instrumento de metal evoluído a partir do modelo simples
empregado na caça medieval, cujo tubo é enrolado circularmente; é
executado com a campana (abóbada) voltada para trás.
5
Texto do canto de óperas, oratórios, cantatas ou musicais, cuja cópia
é frequentemente distribuída ao público para acompanhamento da cena.
(DOURADO, op cit)
Professor-doutor Henrique Autran Dourado
Diretor Executivo da AACT
Governo do Estado de São Paulo
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Ronaldo Bianchi - Secretário-Adjunto
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e Musical “Dr. Carlos de Campos” de Tatuí, gerido pela Associação de
Amigos do Conservatório de Tatuí, qualificada como Organização Social
da Área de Cultura no Governo do Estado de São Paulo por ato do Senhor
Governador, de 12/12/2005, publicado no DOE de 13/12/2005 - Seção I.
Este informativo foi produzido para distribuição gratuita, financiado
exclusivamente por meio de apoio cultural de empresas e parceiros cujos
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Informações: (15) 3251-4573 www.conservatoriodetatui.org.br
Foto da capa: Detalhe da Banda Sinfônica do Exército
Fotos: Conservatório de Tatuí/Divulgação
Conservatório de Tatuí recebe
acervo de Nilson Lombardi
Matérias teóricas:
arrimo da formação musical
“Não se concebe que um poeta, um jornalista,
ou um romancista não dominem as regras
gramaticais da língua portuguesa. Da mesma
forma não é aconselhável que o músico não conheça
os fundamentos de sua arte. Estes fundamentos
incluem o domínio de instrumento, mas também
o domínio da gramática, da teoria musical,
desde de seus elementos mais simples, até os mais
profundos.” Esta é a definição da área de matérias
teóricas, segundo seu coordenador, Lucius Mota.
A frase abre o artigo que dá continuidade à série
da revista Ensaio Magazine, que vem explicando
o funcionamento de cada área pedagógica da
instituição.
Conforme o professor Lucius Mota, a área de
matérias teóricas do Conservatório de Tatuí tem por
missão fornecer aos alunos da escola as ferramentas
que lhe permitirão desenvolver seus talentos de
maneira completa. Na área, são oferecidos os cursos
de Teoria e Percepção, Harmonia, Contraponto,
História da Música e Análise.
O curso de Teoria e Percepção é oferecido em
seis semestres. O objetivo do curso é a formação
básica do aluno, desde a teoria elementar da
música, incluindo a notação musical, a classificação
de intervalos, a leitura em várias claves, até
conhecimentos mais avançados, que permitam
ao discente realizar o curso de harmonia e
contraponto com sucesso. De grande importância
durante o curso é a percepção. O conhecimento
teórico abstrato não é suficiente para a formação
do músico profissional.
O curso de harmonia tem quatro semestres,
assim como o de contraponto, também em
quatro semestres. Os cursos pretendem que o
aluno adquira conhecimento e domínio sobre
os fundamentos da escrita musical tonal, assim
como a compreensão e utilização didática e
prática. Segundo os professores “em qualquer
área da produção humana as ferramentas certas e
Teoria e Percepção
Darli Ventura, Débora Ribeiro, J. Zula,
Lucia Bismara, Madalena Romagnolo,
Marcos Nascimento, Rogério Santos
Corpo Docente
conhecidas facilitam o trabalho além de propiciar o
conhecimento de como usá-las. E, como dizia Igor
Stravinsky, ‘é necessário conhecer a fundo as regras
para saber com autoridade onde, quando e como se
pode, se deve ou se quer quebrá-las’”, citam.
O curso de história da música é oferecido em
seis semestres. Segundo o professor Lúcius Mota, o
objetivo do curso é oferecer ao aluno informações
sobre os diversos estilos musicais, e estabelecer
relações entre a música e a sociedade em que ela foi
produzida.
O professor J. Zula além de ensinar teoria (e
coral) é também o professor de análise musical. A
ementa do curso diz que: “enfoques para o estudo
da análise: a) visão sobre o conteúdo técnico
(material acústico) do item a ser analisado; b) visão
sobre a ambientação psico-sociológica inserida no
contexto a ser analisado; c) visão sobre os processos
neurológicos que dão suporte à produção,
interpretação e consumo do item a ser analisado”.
Harmonia e Contraponto
Fulvio Ferrari
Sueli Poppi
ENSAIO Magazine
3
Ensaio Pedagógico
O Conservatório de Tatuí
se firmou em São Paulo a
recebeu, no mês de julho, grande
partir dos anos 50, com o
parte do acervo do maestro,
compositor sorocabano
pianista e compositor sorocabano
figurando no cenário
Nilson Lombardi (1926-2008). O
musical contemporâneo
acervo foi doado pelo sobrinho do
ao lado de Osvaldo
maestro, Alexandre Lombardi.
Lacerda, Marlos Nobre,
Nilson Lombardi colocou
Kilza Setti, Sérgio de
sua cidade natal, Sorocaba, no
Vasconcellos-Corrêa e
mapa-múndi da música erudita.
Brenno Blauth, entre
Difundidas a partir da década
outros.
O
próprio
de 60, suas composições têm
Lombardi se definia como
sido interpretadas em recitais
um continuador da obra
internacionais e gravadas em disco
de Guarnieri.
por Eudóxia de Barros, Attílio
O acervo doado está
Mastrogiovanni, Orlando Retroz,
sendo catalogado pela
Beatriz Balzi, entre outros. Seu Parte do acervo recebido em doação pela biblioteca do Conservatório de Tatuí
bibliotecária Maria do
nome aparece na obra “História
Carmo Nobile Orsi.
da Música no Brasil”, de Vasco Mariz, e consta também como verbete na Ela avalia que a doação deva chegar em torno de 600 itens entre livros,
Enciclopédia da Música Brasileira.
partituras, troféus, uma máquina de escrever, além de toda obra de Nilson
Lombardi recebeu o Prêmio APCA de Música Erudita e atraiu para suas Lombardi – parte dela, original. “Também receberemos, em breve, o
composições a admiração de sucessivas gerações de intérpretes e apreciadores gramofone que pertenceu ao compositor”, destacou a bibliotecária.
da música erudita contemporânea, no Brasil, e no exterior. Nilson Lombardi
Doação
pertenceu ao time de compositores lapidados por Mozart Camargo
Já no dia 3 de agosto, a biblioteca do Conservatório de Tatuí recebeu
Guarnieri (1907-1993), uma das figuras mais importantes da música doação de livros de Maria Aparecida Falconi. Todo o material será
brasileira em todos os tempos. Integrou a Escola Camargo Guarnieri, que catalogado pela bibliotecária.
5º Curso de Férias: números impressi
Ensaio Artístico
160 inscritos, 42 eventos, 118 grupos e público de 6 mil pessoas contabili
4 ENSAIO Magazine
ionantes alteraram a rotina da cidade
izados no Coreto Paulista em Tatuí
sensíveis às minhas propostas o que, em geral, é difícil.
Isso demonstra um excelente trabalho de base”, disse
ele. “Eu já tinha ouvido falar do Conservatório de
Tatuí e o que vi, aqui, foi uma estrutura muito sólida
que trabalha de uma maneira ótima - por isso é que
é possível realizar um evento como este. A mecânica
é muito sólida e oferece grande comodidade aos
participantes”, finalizou.
Além das aulas técnicas e participação na Banda
Sinfônica dos Bolsistas, os alunos participaram
intensamente de atividades de música de câmara. O
trabalho, coordenado pela professora Miriam Braga,
teve resultados surpreendentes. Os dois recitais
programados se transformaram em 25 apresentações,
contando com 102 grupos de câmara. Tais grupos
preencheram uma planilha de possibilidades em menos
de 24 horas e apresentaram-se não só nas dependências
do Conservatório de Tatuí, mas também no refeitório
do evento, Praça da Matriz, Escadas da Igreja Matriz,
Prefeitura de Tatuí, Mercado Municipal, Centro
Cultural... uma festa que deu à Capital da Música
ares harmoniosos. O curso resultou ainda em quatro
estreias de obras originais e quatro peças orquestradas
para banda sinfônica.
As apresentações externas foram realizadas por
meio de parceria com a Prefeitura de Tatuí – através
da Secretaria da Cultura, Turismo, Esporte, Lazer
e Juventude. Outra parceria harmoniosa, também
possibilitada via municipalidade, foi a que resultou na
implementação do refeitório que atendeu as bolsistas
e professores ao longo do evento. Foram mais de 4
mil refeições – café, almoço e jantar – oferecidas aos
participantes do evento e preparadas por um grupo de
merendeiras municipais capitaneadas pela nutricionista
Cecilia Antonio. A ação de oferecer alimentação – uma
busca do Conservatório de Tatuí em oferecer conforto
aos participantes – foi elogiadíssima pelos participantes.
Tanto que merendeiras foram homenageadas pelos
músicos e a nutricionista recebeu agradecimentos
formais no encerramento do Curso de Férias.
A estrutura do evento impressionou, também, quem
sequer conhecia o país. O maestro John Lynch, diretor
de bandas e professor de música da Universidade da
Georgia, nos Estados Unidos, veio pela primeira vez
ao Brasil e ao acompanhar as atividades do evento
em Tatuí, mostrou-se “positivamente surpreendido”.
“Já sabia que essa era uma das melhores escolas do
país, mas jamais imaginei algo assim: são dezenas de
atividades e tudo funcionando em perfeita sincronia.
Esse ambiente é absolutamente diferente para mim”,
declarou ele.
O Curso de Férias é uma das oito atividades previstas
no Coreto Paulista, projeto de fomento coordenado
pela Associação de Amigos do Conservatório de Tatuí,
equipamento vinculado ao Governo do Estado de
São Paulo e à Secretaria de Estado da Cultura. O
projeto abrange, ainda, Festival de Bandas, Semana da
Composição para Bandas e Concurso de Composição,
Concurso de Bandas, e Encontro de Maestros e
Lideranças de Bandas, que serão realizados em
diferentes pontos do Estado de São Paulo. O programa
prevê também a realização de oficinas itinerantes
de apoio a bandas, censo e catalogação de todas as
bandas em atividade em São Paulo e edição de resgate
e lançamento de partituras para bandas.
ENSAIO Magazine
5
Ensaio Artístico
Diferentes momentos das atividades
realizadas ao longo do V Curso de Férias
Cento e sessenta candidatos inscritos, 109
classificados; 118 grupos, entre bandas e conjuntos
de câmara; 42 apresentações e um público de mais
de 6 mil pessoas. Esses são alguns dos números
do Coreto Paulista – V Curso de Férias para
Instrumentistas, Compositores e Regentes de Bandas
em Tatuí, o primeiro grande evento realizado
no município pelo Conservatório Dramático e
Musical “Dr. Carlos de Campos” neste ano. As
atividades retornaram após um hiato de um ano,
num formato inovador, privilegiando a formação
dos instrumentistas, compositores, arranjadores e
regentes. Os 109 selecionados participaram de aulas
técnicas de instrumentos, regência, composição e
orquestração. Eles vieram de 32 cidades do Estado
de São Paulo e de municípios de Minas Gerais, além
de Cordóba, na Argentina. As aulas foram orientadas
por um time de professores que atuou de forma tão
sincronizada que pareciam se conhecer há anos –
tanto que as aulas, muitas vezes, ultrapassavam o
período previsto inicialmente: algumas começam
às 7h da manhã, outras terminam bem depois do
horário previsto, quando ainda havia profissionais
ouvindo estudantes. “Foi uma saudável competição
que beneficiou os bolsistas e toda a instituição”,
disse Dario Sotelo, diretor artístico do evento.
As aulas foram coordenadas pelo tubista Albert
Khattar (atual professor da Universidade Federal
do Rio de Janeiro e ex-aluno do Conservatório de
Tatuí), pela percussionista Ana Letícia Barros (Rio de
Janeiro), pelo fagotista Carlos Ocampo (Costa Rica),
pelo saxofonista Emiliano Barri (Argentina), pelo
maestro Francisco Ferreira (Portugal), pelos oboístas
Isaac Duarte (Suíça/Brasil) e Paulo Areias (Portugal),
pelo trombonista Jacques Ghestem (França/Brasil),
pelo arranjador João Victor Bota (Campinas), pelo
euphonista Juan Munera (Espanha), pela harpista
Liuba Klevtsova (Rússia/Brasil), pelo trompetista
Luciano Melo (São Paulo), pelo trompista Lucio
Maestro (Argentina), pelo compositor Luis
Nani (Argentina), pelo flautista Marcelo Alvarez
(Argentina), pelo clarinetista Vinicio Meza (Costa
Rica) e pelas pianistas Miriam Braga (Tatuí) e Monica
Duarte (Brasil/Suíça).
Para o professor Jacques Ghestem, o contato com
os alunos “foi o melhor possível”. “Foi, para eles,
uma grande oportunidade de aprender e conviver
com os professores, oportunidade de assistir e de se
apresentar. Os alunos ganharam experiência e, por
doze dias, estiveram sobrecarregados de atividades”,
disse ele. “Esse evento foi impressionante, desde a
estrutura oferecida pelo Conservatório de Tatuí, com
uma organização impecável, até o nível dos alunos. É
maravilhoso ter uma instituição como esta na Cidade
da Música que, pelo menos aqui no Estado de São
Paulo, funciona muito bem”, disse ele.
A estrutura oferecida pelo Conservatório de Tatuí
aos participantes do evento também impressionou,
positivamente, o saxofonista argentino Emiliano
Barri, que coordenou aulas do instrumento durante
o evento. Segundo ele, embora num período
aparentemente curto, o Curso de Férias ofereceu
“opções para o fortalecimento do aprendizado
instrumental”. “O sucesso das aulas foi grande
principalmente porque senti que os estudantes estavam
Ensaio Notas
Edmo Perandin: trilha sonora premiada
O professor Edmo Perandin
(canto popular e canto coral)
recebeu seu primeiro prêmio
na área de artes cênicas. A
cerimônia ocorreu no dia 28
de junho no Teatro Municipal
“Teotônio Vilela”, de Sorocaba,
durante o encerramento do
V FLiTS (Festival Livre de Teatro de Sorocaba).
Na ocasião, Perandin levou o prêmio de melhor
trilha sonora da peça “O Concílio dos Mortos”,
que tem direção de Mário Pérsico. O espetáculo
conta a derrubada do Convento da Imaculada
Conceição de Santa Clara de Sorocaba em 1963.
A trilha sonora contou apenas com música vocal à
capela (sem o acompanhamento de instrumentos)
e foi executada pelos próprios atores. Segundo o
professor, que também foi responsável pela direção
musical do espetáculo e preparação vocal dos atores,
“o reconhecimento de um trabalho é sempre muito
motivador”.
Ainda no mês de junho, o regente ministrou curso
de respiração voltado para cantores no III Encontro
Nacional de Corais de Piracicaba. Já neste mês de
agosto, irá ministrar aulas no XII Encontro de
Corais de Marília.
Professores participam de encontro na Argentina
Os professores Paulo Adriano Ronqui (trompete)
e Roberto Pires (clarinete) tiveram seus trabalhos
de pesquisas selecionados para participar do VII
Encontro Regional Latinoamericano, organizado
no período de 12 a15 de agosto, em Buenos Aires –
Argentina, pela ISME (Sociedade Internacional para
Educação Musical). O evento reunirá pesquisadores
e músicos da Argentina, Canadá, Espanha e Brasil.
As pesquisas de Roberto Pires e Paulo Ronqui
serão apresentados em forma de posters. O trabalho
“Aprimoramento Sonoro do Naipe de Clarinetas
em Bandas de Música”, assinado por Roberto
Pires e Elaine Lopes, será apresentado no dia 14 de
agosto. Já a pesquisa“Naipe de Trompetes na obra de
Antonio Carlos Gomes”, assinado por Roberto Pires
e Paulo Ronqui, será apresentado no dia 15.
Oficina de canto
Eduardo Janho-Abumrad (ex-professor de canto
do Conservatório de Tatuí) ministrou em Sorocaba,
ao lado do pianista João Moreira Reis, oficina
de canto “Ópera e Câmera”, com organização da
empressa de eventos MdA. Na oficina foi trabalhada
a interpretação das peças, estudo de respiração e
apoio da voz cantada, soluções técnicas, entre outros
temas. Esta foi a primeira de uma série de atividades
didáticas planejadas pela MdA em Sorocaba e
região no segundo semestre de 2009. Informações
Alunos de artes cênicas em nova temporada
Os alunos de artes cênicas Anderson Ferraz e sobre as oficinas podem ser obtidas pelo site www.
Alexandre Mendes se preparam para nova temporada mdainternational.com.br.
do espetáculo “Amor por Anexins”. A peça, que
já passou pelas cidades de Cerquilho, Capela do
Perto de 500 inscrevem-se a cerca de 200 vagas
Alto, Cesário Lange e foi selecionada em Tatuí
remanescentes
para a fase regional do Mapa Cultural Paulista,
Pela primeira vez na
será apresentada em Avaré, Tietê, Rio Claro e Belo
história, o Conservatório
Horizonte. A dupla ainda tem pela frente o Festival
de
Tatuí
abriu,
de Teatro de São Paulo, que acontecerá em agosto no
oficialmente, inscrições
Teatro Bibi Ferreira.
a cerca de 200 vagas remanescentes no início do
segundo semestre. A iniciativa, voltada a completar
Definidos integrantes da Big Band Jovem do o quadro de alunos de determinados cursos e áreas,
recebeu somente nos primeiros dias 460 inscrições –
Conservatório de Tatuí
Testes definiram no o número foi divulgado no dia 3 de agosto, cinco dias
final do mês de julho os antes do encerramento do período de inscrições.
Foram recebidas 276 inscrições aos cursos da
integrantes da novíssima
Big Band Jovem do área de MPB&Jazz (sendo o curso de guitarra,
Conservatório de Tatuí. com 53 inscritos, o mais concorrido). Também
O grupo será coordenado foram registradas 44 inscrições aos cursos de
pela professora Erica Masson (que também sopros – metais, 71 inscrições aos cursos de sopros
coordena a área de MPB&Jazz da instituição). – madeiras, 31 para violão clássico, 29 aos cursos da
Integram a Big Band Jovem do Conservatório área de cordas, 11 aos cursos da área de choro, 24
de Tatuí os alunos Jonathan Garcia Árias (1° para a área de performance histórica e, até a data,
saxofone alto), Maximilian Guaretta Mathias cinco para canto lírico (as inscrições para canto
(2° saxofone alto), Isaias Alves da Silva (1° lírico se encerrariam no dia 7).
saxofone tenor), Fernando Kassab Vicenzio (2°
saxofone tenor), Jonatas Pereira de Carvalho
Vivace Brasil prepara-se para turnê nos EUA
(saxofone barítono), Bruno Zambonini Soares
O quarteto Vivace
e Marco Aurélio Soares Martins (1° trompete),
Brasil fará uma turnê
Raphael Sampaio Moreira (2° trompete), Juan
de dez concertos nos
Pablo Valenzuela (3° trompete), Paulo César
Estados
Unidos,
Sobral (4° trompete), Fabio Oliva (1° trombone),
nos próximos meses
Rosa Garbin (2° trombone), Hooper Santos (3° de janeiro e fevereiro. O quarteto é formado pelos
trombone), Joni José Cluxnei (4° trombone), professores do Conservatório de Tatuí Edson Lopes
Guilherme Silveiras (guitarra), Jessé Jackson (violão) e Rodrigo Marinonio (percussão), além
(baixo), Rodrigo Star Budemberg (bateria) e dos ex-alunos Roberto Colchiesqui (violão) e Tadeu
Rafael Chieffi Vieira Santos (percussão). Os Coelho (flauta), este último, filho do ex-diretor da
suplentes, que serão convocados em caso de instituição José Coelho de Almeida e atual professor
desistências dos titulares, são Juan Manrique da Universidade da Carolina do Norte que passou a
(guitarra), Rodrigo Jardini Marques (baixo), integrar o grupo no último mês. As apresentações
Gleyvson Eduardo Silva (bateria) e Pedro Lucas serão realizadas em cidades com Nova Iorque e Nova
Vercellino (percussão).
Orleans. Nesses locais, o quarteto apresentará obras
6 ENSAIO Magazine
de Agustin Barrios (Dança Paraguaia nº 1), Astor
Piazzolla (Historia del Tango), Camille Saint-Säens
(Carnaval dos Animais), Georg F. Händel (Allegro
da Suite nº 7 em Sol menor HWV 432), VillaLobos (Bachianas Brasileiras nº 2 e 5), entre outras,
todas transcritas por Edson Lopes para a formação
incomum. Outros detalhes sobre o grupo podem ser
obtidos pelo site www.quartetovivace.com.
Um pouco do sul, um pouco do sudeste
Dois alunos de música
e um integrante do Coro
do Conservatório de
Tatuí uniram-se a quatro
outros
instrumentistas
para criar um grupo com objetivos focados nas
tradições gaúchas. Assim é o Folclore Nativo, grupo
oficializado há cerca de três anos e que especializou-se
em música regional com influência dos ritmos do sul.
O grupo é formado pelo cantor Angelo Varella (voz,
violão e acordeon) – também integrante do Coro do
Conservatório de Tatuí -, Ricardo Silva (voz, violão
e craviola) e Michel Nunes (violino) - ambos alunos
da instituição tatuiana -, além de Bruno Correa
(acordeon), José Luiz Figueiredo (baixo) e Luciano
Boca e Bruno Evangelista (percussão). Segundo
Angelo Varella, o grupo surgiu com objetivos de
suprir uma demanda incomum: fazer trilha sonora
para grupos especializados em danças folclóricas. “A
partir daí passamos a estudar o gênero, inscrevemos
a música ‘De Paulista para Gaúcho’, de autoria de
Ricardo Silva, no festival ‘Cante uma Canção em
Vacaria’. Tínhamos poucas pretensões, mas acabamos
sendo premiados em primeiro lugar na categoria
aclamação popular e em terceiro pelo júri técnico”,
disse ele. Impulsionados pela premiação, foram
agregados novos instrumentistas, o repertório foi
ampliado e o Folclore Nativo passou a participar de
diferentes festivais e a realizar diversas apresentações.
Hoje, o grupo divulga o CD independente, somente
de músicas autorais, e faz apresentações semanais em
Sorocaba. Outros detalhes podem ser obtidos no site
www.folclorenativo.com.br.
Qualidade que se ouve
A busca pela melhoria
no atendimento, estrutura e
todos os serviços prestados
pelo Conservatório de
Tatuí já pode ser ouvida,
literalmente, nas dependências do teatro “Procópio
Ferreira”. Desde o último mês de julho, a equipe de
som da instituição está utilizando uma nova mesa
de som – “com qualidade analógica e praticidade
digital”, faz questão de frisar o sonoplasta André
Campos. O novo equipamento, uma mesa inglesa
Allen&Heath T112, custou R$ 60 mil e representa
o que há de melhor no mercado brasileiro. “Essa
marca já foi utilizada pelos Beatles na década de
70. Para os serviços oferecidos pelo Conservatório
de Tatuí, ela está mais do que adequada. Além
disso, creio que existam apenas cinco unidades
desse modelo em utilização no Brasil”, destacou o
sonoplasta. A nova mesa substituiu equipamento
que vinha sendo utilizado há mais de dez anos. De
acordo com Campos, apenas a troca da mesa já
significou uma melhoria de 50% na qualidade do
som. “Essa qualidade foi notada. Ganhamos tempo
na passagem de som, aumentamos a qualidade do
áudio e, evidentemente, do entretenimento oferecido
ao público do teatro”, afirmou ele.
Conservatório acata determinação oficial
e suspende aulas e eventos
determinações do Poder Público.
A doença
Segundo o Ministério da Saúde, o vírus Influenza A
(H1N1), causador da doença que ficou conhecida como
gripe suína, tem afetado pessoas mais jovens, uma vez
que a população com mais idade parece ter uma espécie
de resistência natural ao novo vírus.
A nova gripe teve seu primeiro alerta em 24 de abril.
Seus sintomas são febre repentina, tosse, dor de cabeça,
dores musculares, dores nas articulações e coriza. A
orientação é para que, ao ter alguns desses sintomas, se
procure atendimento médico.
O vírus é transmitido da mesma forma que a gripe
comum: por via aérea, de pessoa para pessoa, por
meio de espirros e tosse. Os especialistas apontam que,
normalmente, as partículas com vírus viajam por até
um metro de distância. As pessoas podem transmitir o
vírus antes mesmo de sentir os sintomas e depois de já
terem melhorado.
A melhor maneira de se prevenir é evitar as formas
mais comuns de contágio: contato com pessoas
infectadas ou que apresentem os sintomas e contato
com objetos de manuseio por muitas pessoas como
maçanetas, teclados e telefones. É importante manter
medidas de higiene como lavar as mãos regularmente,
usar lenços de papel descartáveis ao tossir e espirrar e
evitar levar as mãos sujas aos olhos e à boca, além de
evitar aglomerações.
Conservatório de Tatuí integra primeiro
roteiro turístico municipal
O Conservatório Dramático e Musical
Maria Tuca. Chegando ao Conservatório de
“Dr. Carlos de Campos”, uma das
Tatuí, os “turistas” conheceram a história da
principais instituições culturais mantidas
instituição e acompanharam apresentações
pelo Governo do Estado de São Paulo
musicais. O passeio terminou na sede da
e localizada na cidade de Tatuí, deverá
Amart (Associação dos Artistas Plásticos de
integrar oficialmente o roteiro turístico
Tatuí e Região), onde foi oferecido um café
da cidade. Em 17 de julho, um grupo de
caipira ao som do grupo Seresteiros Alados.
“turistas” ligados a instituições e empresas
Participaram e avaliaram o roteiro o
locais visitou dez atrações do município
secretário de Cultura, Turismo, Esporte,
de Tatuí, entre elas o Conservatório, no
Lazer e Juventude Jorge Rizek, o vice-prefeito
primeiro teste de um roteiro denominado
e secretário do Trabalho e Desenvolvimento
“Música, Cultura, Ecologia e Tradição na
Social Luiz Antonio Voss Campos, o
Terra do Pé Vermeio”, criado e organizado Representantes de diferentes instituições participaram de roteiro experimental
secretário do Meio Ambiente Paulo Sérgio
pela Secretaria Municipal de Cultura,
Medeiros Borges, e, pelo Conservatório de
Turismo, Esporte, Lazer e Juventude.
ao Alambique Artesanal Pinga dos Ramos, onde Tatuí, o diretor administrativo-financeiro Dalmo
O programa começou com café da manhã na foi oferecido um “aperitivo cultural”. O almoço Magno Defensor e a professora de artes cênicas Alba
sede da Secretaria de Cultura e Turismo, seguido de típico caipira aconteceu no Pesqueiro Três Marias Mariela, além de representantes da Casa de Cultura
visita à Igreja Matriz Nossa Senhora da Imaculada e, à tarde, o circuito passou pela fábrica de doces Paulo Setúbal, do Sindicato Rural Patronal de Tatuí e
Conceição, à Casa de Cultura “Paulo Setúbal” e Pingo Doce e pelo Parque Ecológico Municipal da Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição.
ENSAIO Magazine
7
Ensaio Notícias
A Diretoria da Associação de Amigos do
Conservatório de Tatuí acatou a recomendação do
Governo do Estado de São Paulo e da Secretaria de
Estado da Saúde e suspendeu as aulas e eventos até
o dia 16 de agosto. A orientação, seguida à risca em
todo o Estado de São Paulo, é um esforço de conter a
disseminação do vírus H1N1, da nova gripe.
A orientação afetou também todas as atividades
artísticas (ensaios e apresentações), inclusive para os
bolsistas, que só retornarão à ativa a partir de 17 de
agosto. A instituição manteve, porém, todos os horários
e a realização dos testes para os candidatos às vagas
remanescentes e a realização de rematrículas.
A orientação estadual surgiu a partir de análise
das recomendações e avaliações da OMS (Organização
Mundial da Saúde) a respeito da propagação do vírus
Influenza A H1N1 entre estudantes e de recorrentes
relatos sobre o aumento expressivo do número de
crianças e de adolescentes atendidos em prontossocorros paulistas devido a problemas respiratórios.
Consciente da situação, o Conservatório de Tatuí
decidiu, ainda, tomar todas as medidas profiláticas
disponíveis em suas dependências, incluindo seus anexos
e alojamento. Dispositivos com álcool em gel foram
instalados nos banheiros, mudanças de sistemas de
atendimento foram implantadas, bem como a avaliação
de ações preventivas que podem ser tomadas. Todas as
ações vêm sendo realizadas em consonância com as
Conservatório de Tatuí:
pioneirismo no fortepiano
Instituição é a primeira do país a oferecer curso do instrumento; fortepiano foi
construído nos Estados Unidos e exigiu investimento de R$ 100 mil
Ensaio Artístico
Detalhes do novo instrumento e alunos do
curso de fortepiano
O Conservatório Dramático e Musical “Dr.
Carlos de Campos” de Tatuí – instituição vinculada
ao Governo de São Paulo - recebeu no último dia
30 de julho seu primeiro fortepiano, instrumento
que é considerado o “pai” do piano moderno.
Construído por Cesar Guidini, nos Estados Unidos,
o instrumento custou R$ 100 mil e dá à instituição
tatuiana status destacado no cenário nacional. A
escola de música torna-se a única instituição pública
a possuir um fortepiano (há apenas outros três
exemplares no país que pertencem a instrumentistas
de Campinas, Rio de Janeiro e Tietê) e, também,
a única escola de música brasileira a oferecer um
curso de fortepiano.
“Acredito que o Conservatório de Tatuí é a
primeira escola da América Latina a oferecer tal
curso. Isto é um marco na história da instituição”,
diz Pedro Persone, o primeiro a trazer o instrumento
ao Brasil em 1991, o então “Ano Mozart”. Com
sólida formação na área, Persone tem doutorado
em performance histórica pela Boston University e,
em sua tese, enfoca as primeiras obras escritas para
o fortepiano.
“Toda a área de performance histórica está
feliz por poder contar com esse curso e com um
instrumento tão finamente acabado, rico em
sonoridade e com uma mecânica tão perfeita”,
diz Débora Ribeiro, coordenadora da área de
performance histórica no Conservatório de Tatuí.
O fortepiano adquirido pela instituição foi
construído por Cesar Guidini, ex-aluno de
luteria e de cravo do Conservatório de Tatuí
que, posteriormente, trabalhou durante anos na
Hubbard Harpsichords, em Boston, e atingiu um
nível de excelência na construção a ponto de ser
convidado a restaurar instrumentos para o Boston
Fine Arts Museum. “Guidini é extremamente
caprichoso nos instrumentos que faz e purista
em seguir as medidas e detalhes dos originais
que copia”, destacou Persone, ex-professor do
construtor.
8 ENSAIO Magazine
O fortepiano – que não deve ser confundido com
pianoforte, já que este significa, na Itália e na Rússia,
o piano moderno – é o instrumento histórico, de
mecânica com escapamento simples (Vienense ou
Inglês), anterior a 1850. O instrumento adquirido
pelo Conservatório de Tatuí é uma cópia feita por
Cesar Guidini de um fortepiano de Anton Gabriel
Walter, Viena, ca. 1800. Ele tem 5 oitavas e 2 notas,
cordas duplas e triplas.
“Com este instrumento faremos todo o repertório
desde Carl Philipp Emanuel Bach (1714-1788),
passando por Mozart, Haydn e Beethoven (até op.
53)”, disse Débora Ribeiro.
O curso
O curso de fortepiano é um dos oferecidos dentro
da recém-criada área de performance histórica
do Conservatório de Tatuí. Além de fortepiano, o
único oferecido no país, há cursos de flauta doce
e cravo. A área ainda, oferece, tanto para a aula
como para estudo dos alunos, dois cravos franceses
de dois manuais, um cravo italiano de um manual,
uma espineta inglesa, um clavicórdio não trastado e
um fortepiano vienense de cinco oitavas.
Apesar da área ter sido formalmente criada
apenas neste ano de 2009, os estudos de performance
histórica foram iniciados em 1982, com o professor
Roberto De Regina, convidado pelo então diretor
José Coelho de Almeida, a atuar com um grupo
específico de instrumentistas. Naquele momento,
o curso foi interrompido, mas De Regina legou
à instituição um cravo de dois teclados que foi
utilizado por mais de dez anos. Em 1985, os
professores Pedro Persone e Bernardo Toledo Piza
foram contratados para atuarem nos cursos de
flauta doce e cravo – mas ainda subordinados às
áreas de sopros e piano. A iniciativa foi importante
porque formou dezenas de alunos que, atualmente,
atuam em diferentes pontos do mundo na área
de performance histórica – há profissionais na
Holanda, Japão, Bélgica e Portugal. “A área foi
solidificada agora, mas o trabalho foi iniciado
em 1985”, disse Persone. “Outra iniciativa
importantíssima foi a da professora Maria Eugenia
Sacco que, seguindo o modelo de Mônica Lucas
da USP, apresentou um projeto à Fundação Vitae
e, por meio dela, obteve para o Conservatório de
Tatuí um cravo e uma espineta. Isso deu outra
dimensão ao curso que, até então, estava focado
no cravo e flauta doce”, comentou Persone, que em
1998 deixou a instituição para seguir seus estudos
de doutorado nos Estados Unidos e indicou a
professora para substitui-lo.
As ações das professoras Selma Marino e Débora
Ribeiro também foram essenciais para a oficialização
da área. Selma e Débora mantiveram aulas de flauta
doce no Conservatório de Tatuí, na década de 90,
as únicas manifestações de performance histórica.
O criativo trabalho do Grupo Euterpe, também
coordenado por Selma Marino, destacou-se pelo
pioneirismo.
A implantação do curso de fortepiano é, segundo
a coordenadora da área de performance histórica
Débora Ribeiro, importantíssima para o segmento
no país.“Só agora, com a visão do diretor Henrique
Autran Dourado e do assessor pedagógico Antonio
Ribeiro, é que a área foi consolidada”, disse ela.
Dados históricos
Três quartos de século depois de sua invenção o
fortepiano substituiu o cravo e o clavicórdio, pois
suas qualidades sonoras eram ideais para o novo
idioma da era clássica. Seu nome é uma simplificação
do título dado inicialmente por seu inventor. Desde
1698 o construtor de cravos Bartolomeo Cristofori
(1655-1731) trabalhava em um novo projeto: o
Clavicembalo col Forte e Piano, ou seja, um cravo
com forte e fraco – um instrumento que permitia
gradações dinâmicas de forma mais explícita que o
cravo. Isso somente seria possível com a utilização
de martelos em lugar dos tradicionais plectros. Em
meados do século XVIII, Gottfried Silbermann
(1683-1753) e seu sobrinho, Johann Andreas
(1712-1783) retomaram e viabilizaram o antigo
projeto de Cristofori. Entretanto o fortepiano só
começaria a ocupar seu devido lugar nas mãos do
construtor Johann Andreas Stein (1729-1792). O
instrumento de Stein, de Augsburg, antigo aprendiz
dos Silbermann, será a base para todos aqueles de
Viena. Tais instrumentos eram de cinco oitavas
(ou um pouco mais, cinco oitavas e duas notas,
posteriormente cinco oitavas e meia, seis e seis
oitavas e meia, no decorrer dos anos do classicismo)
e utilizavam o famoso “Prellmechanik”, usado
até boa parte do século XIX e conhecido também
como “mecanismo vienense”. Os fortepianos de
cinco oitavas eram os instrumentos utilizados por
Mozart, Haydn e pelo jovem Beethoven (até seu
Op.53) e, para eles foi destinada a maior parte do
repertório clássico e pré-romântico. Nas primeiras
décadas do século XIX o fortepiano começou a
crescer em extensão, inicialmente nos agudos e por
fim nos graves. Os pianos de Conrad Graf (17821851) eram famosos, elogiados por Beethoven e
Schubert. Um instrumento Graf de seis oitavas e
meia foi o presente de casamento, oferecido pelo
construtor a Clara e Robert Schumann.
I Encontro Internacional de
Performance Histórica recebe inscrições
Estão abertas as inscrições ao encontro dos músicos-arqueólogos. A
primeira edição do I Encontro Internacional de Performance Histórica,
que acontece entre os dias 9 e 13 de setembro no Conservatório
Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos” de Tatuí – instituição
vinculada ao Governo do Estado de São Paulo -, será um dos raros
eventos a enfatizar os aspectos da performance musical histórica – na
qual as formas interpretativas são repensadas e pesquisadas de acordo
com a época e a origem das composições. O evento é realizado em
homenagem a Ricardo Kanji, músico engajado na difusão do gênero.
O Encontro Internacional de Performance Histórica terá concertos,
palestras, masterclasses (de instrumento e música de câmara) e uma
exclusiva orquestra formada pelos participantes do evento. Entre os
nomes já confirmados para masterclasses estão Ricardo Kanji (flauta
doce e traversa), a francesa Hélène Houzel (violino), João Guilherme
Figueiredo (viola da gamba e violoncelo barroco), Guilherme de
Camargo (alaúde, teorba e guitarra barroca), Bruno Procópio (cravo)
e Pedro Persone (fortepiano). Palestras serão ministradas por Mônica Lucas (retórica
musical), Patricia Michelini (articulação), Luciano Pereira (transformação organológica
do clarinete), entre outros.
Segundo Débora Ribeiro, coordenadora da área do evento, o encontro é importante
principalmente porque os músicos brasileiros não têm acesso tão facilmente a essa
linguagem musical.“Por meio do evento, o Conservatório de Tatuí oferece a possibilidade
de músicos vivenciarem a interpretação histórica. Faremos música de época com réplicas
de instrumentos amtigos, mas o foco é trabalharmos a linguagem. Queremos atrair
instrumentistas que tenham interesse nessa linguagem”, enfatizou ela. “Daí, o fato de
homenagearmos Ricardo Kanji, um grande colaborador para a divulgação da linguagem
musical historicamente informada. Ele morou por anos na Holanda, o maior centro de
música antiga do mundo.”
Para participar do evento como ouvinte não é necessário que o músico possua
instrumento histórico.“Queremos desenvolver nos alunos a linguagem musical da época”,
disse a coordenadora.
No evento, também estarão disponíveis os instrumentos de que o Conservatório de
Tatuí dispõe: dois cravos franceses de dois manuais, um cravo italiano de um manual, uma
espineta inglesa, um clavicórdio não trastado e um fortepiano vienense de cinco oitavas.
As inscrições para o Encontro Internacional de Performance Histórica estão
abertas até o dia 31 de agosto. Elas custam R$ 20 (participantes) e R$ 10 (ouvintes),
com possibilidade de se utilizar o alojamento da instituição. Detalhes podem ser
acessados no site www.conservatoriodetatui.org.br ou no email performancehistorica@
conservatoriodetatui.org.br.
ENSAIO Magazine
9
Ensaio Artístico
Programação artística
Além das atividades pedagógicas, o Encontro Internacional de Performance Histórica
oferece concertos especialíssimos, abertos a qualquer interessado. A abertura do evento,
no dia 9 de setembro, terá apresentação do Ensemble Harmoniemusik – conjunto cujo
nome deriva do próprio repertório ao qual se dedica, conhecido como harmoniemusik:
música de câmera composta, no século XVIII, para eventos de corte que tinham lugar ao
ar livre ou em espaços públicos.
Fundado em 2001, o Ensemble Harmoniemusik elabora um trabalho de resgate
dos timbres dos instrumentos de época e de reconstrução historicamente orientada do
repertório de sopros da segunda metade do século XVIII, ainda pouco conhecido do
público. Esse trabalho reúne instrumentos ainda muito raros no país: fagotes clássico,
trompas naturais e clarinetes históricos. O grupo é formado por Mônica Lucas e Luciano
Pereira (clarinete histórico), Michael Alpert e Flavio Faria (trompa natural), e Luis
Antonio Ramoska e Mariana Bergsten (fagote clássico). No programa do concerto, há
obras de Franz Krommer (Partita em dó menor) e W. A. Mozart (Serenata em mi bemol
maior, K 375, para sexteto de sopros e Harmoniemusik ‘“A Flauta Mágica”).
No dia 10 de setembro, a apresentação será do duo de violino barroco e cravo formado
por Hélène Houzel e Bruno Procopio. No programa, obras de J.S. Bach (Sonata N° 1 em
si menor BWV 1014 e Partita N° 4 para cravo solo BWV 828), F. Couperin (Quatorzième
Concert e Peças para cravo solo) e Jean-Joseph Cassané de Mondonville (Sonata N° 4).
No dia 11 de setembro, serão dois recitais: o primeiro de violoncelo barroco, por João
Guilherme Figueiredo (com obras de JS Bach e Martino Bertau), e o segundo do duo
Kanji-Guilherme, formado por Ricardo Kanji (flauta doce e traverso) e Guilherme de
Camargo (alaúde renascentista e guitarra barroca), com obras de Fray Bartolomé de
Selma y Salaverde, Thomas Robinson/Francis Cutting, J. Van Eyck, G. Sanz e Wilhelm
Unico van Wassenaer.
No dia 12, destaque para a apresentação do Duo Sieber – formado por Luciano
Pereira (clarinete histórico) e Pedro Persone (fortepiano) -, que tem como proposta a
apresentação do repertório para clarinete e fortepiano da segunda metade do século XVIII
e início do XIX, com o objetivo de resgatar e transmitir a música pelo viés histórico. O
programa do concerto inclui obras de Johann Baptist Vanhal (Sonata para fortepiano e
clarinete em Si bemol maior), Jan Ladislav Dussek (Prelúdio em Ré maior e Sonata em Ré
maior, Op. 31 nº 2 para fortepiano solo), Johann Baptist Vanhal (Sonata para fortepiano
e clarinete em Si bemol maior) e Sigismund Ritter von Neukomm (Fantasia para clarinete
e fortepiano).
O encontro termina no dia 13 de setembro com apresentação exclusiva da orquestra
formada por participantes do evento. Todas as apresentações serão realizadas a partir
das 20h30, no teatro “Procópio Ferreira”, com exceção do concerto de encerramento
que acontecerá às 19h. Os ingressos serão vendidos a R$ 10 (R$ 5 idosos, estudantes e
aposentados). Alunos do Conservatório de Tatuí e inscritos ao evento não pagam.
Conservatório de Tatuí recebe
atrações do RICE, pelo segundo ano
Eventos do Rio Cello Encounter trazem à cidade nomes respeitados no cenário internacional
Ensaio Artístico
Pelo segundo ano consecutivo, o Conservatório Dramático
e Musical “Dr. Carlos de Campos” de Tatuí recebe atrações
artísticas e pedagógicas do Rio International Cello Encounter,
encontro de violoncelos que está em sua 15ª edição e que
tradicionalmente acontece no Rio de Janeiro. Trata-se do
primeiro encontro de violoncelos gratuito do mundo, criado
pelo inglês David Chew que residia no Brasil.
Em 2009, o encontro acontecerá de 9 a 24 de agosto no
Rio de Janeiro em homenagem a Haydn, Handel, VillaLobos, Mendelshonn, Darwin e Margret Mee. Em Tatuí, as
atividades serão nos dias 17, 19, 20, 21 e 30 de agosto –
num total de cinco apresentações e sete masterclasses. Neste
ano, o evento privilegia além dos concertos, a dança, unindo
instrumentistas a bailarinos.
Estão confirmados, no teatro “Procópio Ferreira”, o
recital do Trio Montana no dia 17 (às 20h30); o recital solo
de violino de Haroutune Bedelian no dia 19 (às 20h30); o
recital de violoncelo e piano de Armen Ksajikian (cello) e
Miriam Braga (piano) no dia 21 (às 13h); e o Cello Dance
com o espetáculo “Showing BlueGrass” ao lado de alunos
de violoncelo do Conservatório de Tatuí, no dia 30 de agosto
(às 20h30). Na Concha Acústica de Tatuí, em parceria com
a administração municipal, haverá no dia 20 de agosto, às
20h30, apresentação da Orquestra Sinfônica de Barra Mansa,
com solo de Armen Ksajikian ao violoncelo e regência de
Guilherme Bernstein e Vantoil de Souza Junior.
O Rio Cello Encounter começou em 1994, quando David
Chew tomou conhecimento da história vivida por seu colega
de instrumento Vedran Smailovic. Integrante da Orquestra
da Ópera de Sarajevo, ele testemunhou a morte de 22
pessoas vítimas de uma explosão durante a guerra na Bósnia
e decidiu usar sua música em prol da paz, tocando nas ruas
de Sarajevo, durante 22 dias seguidos, em homenagem aos
mortos. Com o objetivo de promover a integração social
no Rio de Janeiro usando a música, e o violoncelo como
principal instrumento, Chew localizou o músico e fez o
convite para que viesse se apresentar no Brasil. Aos dois
juntaram-se mais alguns colegas de orquestras estrangeiras
e, em 1995, estava criada a primeira edição do RICE, uma
homenagem de Chew ao maestro carioca Heitor Villa-Lobos,
que escreveu para o violoncelo algumas de suas melhores
composições e cuja obra atraiu o violoncelista inglês para o
Brasil, em 1981.
Embora tenha sido criado inicialmente como um encontro
de violoncelistas de todo o mundo, o evento recebe hoje
virtuoses em outros instrumentos como piano, violino,
flauta, saxofone e violão. Desde sua primeira edição, em
1995, o encontro já realizou mais de 500 concertos e 300
horas de master classes, reunindo cerca de 1000 músicos,
500 estudantes e jovens músicos e um público estimado em
mais de 100 mil pessoas.
Neste ano, as apresentações acontecerão em espaços como
Sala Cecília Meirelles, SESC Copacabana, Copacabana
Palace, Teatro Nelson Rodrigues, Espaço Tom Jobim e
Conservatório de Tatuí. O evento faz uma homenagem a
Haydn, Handel, Villa-Lobos e Mendelshonn.
10 ENSAIO Magazine
Abertas inscrições ao 22º Fetesp
Festival Estudantil de Teatro do Estado de São Paulo acontece de 10 a 18 de outubro;
inscrições são recebidas até dia 4 de setembro
Momento de “Os Saltimbancos”, um dos espetáculos
que participou do Fetesp no ano passado
Estão abertas até o dia 4 de setembro as inscrições ao
22º Fetesp (Festival Estudantil de Teatro do Estado de
São Paulo), evento realizado pelo Governo do Estado
de São Paulo e Secretaria de Estado da Cultura, por
meio do Conservatório Dramático Musical“Dr. Carlos
de Campos”e Associação de Amigos do Conservatório
de Tatuí. O Fetesp é um dos mais longevos festivais de
teatro do Estado de São Paulo e, ao longo dos anos,
vem promovendo o interesse e o entusiasmo pelas artes
cênicas entre os estudantes.
As inscrições são gratuitas e estão abertas a todas as
escolas estaduais, municipais e particulares de Ensino
Fundamental, Médio e Técnico (inclusive escolas de
teatro de nível médio) sediadas no Estado de São Paulo.
O Fetesp integra o calendário oficial de eventos
culturais do Estado de São Paulo, tendo sido
oficializado pelo decreto nº 18434, de 15 de fevereiro
de 1982. O evento visa a promover o intercâmbio
cultural entre as cidades do Estado e incentivar o
movimento teatral através da formação de núcleos
teatrais nas escolas, além de incentivar o estudo do
teatro, de sua história, dramaturgia e sua teoria,
visando a uma sadia formação cultural.
Dos espetáculos inscritos, sete serão selecionados por
uma comissão formada por profissionais da área de artes
cênicas do Conservatório de Tatuí. Os sete selecionados –
que podem ser das categorias infantil, juvenil ou adulto
– receberão uma ajuda de custo de R$ 2 mil.
Os sete espetáculos selecionados serão apresentados
no palco do teatro “Procópio Ferreira”no período de
10 a 18 de outubro. Neste ano, o Fetesp irá reforçar
o caráter de festividade do evento, iniciado no ano
passado. “O festival não tem caráter competitivo.
Estamos buscando, mais do que a competição, uma
reflexão. Buscamos paradigmas em vez de paradoxos.
Assim, acreditamos que as análises e críticas são
ouvidas menos com o coração e mais com a cabeça,
uma vez que não há obrigação de se classificar os
vencedores. Essa é uma tendência que está presente nos
principais festivais de teatro do país”, destacou Carlos
Ribeiro, coordenador geral do Fetesp.
Além da Mostra Principal, o Fetesp contará
com a Mostra Paralela – uma série de apresentações
realizadas em local externo –, com oficinas voltadas
a atores e interessados e com palestras técnicas que
enfocarão temas como teatro e educação.
No ano passado, o Fetesp recebeu mais de 40
inscrições, sendo que os selecionados vieram de cinco
cidades diferentes. O evento mobilizou perto de 10 mil
pessoas, entre suas diferentes atividades.
O Fetesp foi criado, de forma municipal, no ano de
1977, sob coordenação de Moises Miastkwosky. Ao
longo de quase 33 anos, o festival incentivou e revelou
dezenas de jovens estudantes, dos mais diferentes
municípios.
As fichas de inscrições e o regulamento completo
do 22º Fetesp podem ser acessados no site www.
conservatoriodetatui.org.br.
‘O Primeiro Vôo de Ícaro’ é selecionado
para o Festival Estudantil do Sesi
O espetáculo “O Primeiro Vôo de Ícaro”, produção
do setor de artes cênicas do Conservatório de Tatuí em
parceria com o projeto “Conexões”, foi selecionado
para participar do 8º Festival Estudantil Sesi de
Teatro. O festival acontece na cidade de Sorocaba de
7 a 13 de setembro, com coordenação geral de Junior
Mosko. A produção local será apresentada às 20h do
dia 12, no palco do Teatro Sesi de Sorocaba.
“O Primeiro Vôo de Ícaro”integra um festival pela
primeira vez. A produção é resultado da participação
do Conservatório de Tatuí no projeto Conexões
2008, promovido pelo National Theatre, por meio
do Conselho Britânico e Cultura Inglesa, com apoio
do Célia Helena Teatro Escola e Colégio São Luis. O
projeto acontece em diversos países como Inglaterra,
Portugal, Itália e, desde 2007, no Brasil. O Conexões
tem por objetivo incentivar o teatro feito por jovens e
para jovens. Dramaturgos renomados escrevem textos
especialmente para serem montados por jovens elencos
de grupos independentes ou ligados a instituições
de ensino. O grupo do Conservatório de Tatuí teve
o privilégio de montar um texto inédito de um dos
autores mais importantes da atualidade: Luis Alberto
de Abreu.
Na peça, através das lembranças que um professor
de escola pública tem do baile de formatura de uma
turma de segundo grau, são conhecidas as tristezas
e alegrias de alguns destes alunos, flagrados em
momentos cruciais de sua passagem da adolescência
para a vida adulta. O autor consegue extrair destes
personagens uma poesia que vai do sublime ao
contundente, realçada pelo formato de teatro musical.
As histórias trágicas de Zilah e Joel são entremeadas
pelas peripécias de Mirinho, espécie de pequeno
Cyrano da periferia, para conquistar Leona, o que
funciona como um contraponto na narrativa.
Em 2009, o Conservatório de Tatuí participa
de mais uma edição do projeto Conexões, desta vez
levando o texto “Mistério na Sala de Ensaio”, de
Sérgio Roveri e Gilberto Dimenstein, com estreia
prevista para novembro.
“O Primeiro Vôo de Ícaro” tem, no elenco,
Bernard Nascimento, Rafaele Breves, Ana Paula
Arruda, Mateus de Medeiros, Hélio de Almeida
Junior, Anelisa Ferraz, Gabriel Henrique de Alencar
Cirino, Leticia Barros, Alexandre Moreira Cardoso,
Camila Cattai de Moraes e Iuri Proença. A direção
é de Carlos Ribeiro, com cenografia e adereços de
Jaime Pinheiro, figurinos de Carlos Agostinho e
Erica Pedro e maquiagem de Dalila Ribeiro. O elenco
também conta com a participação especial de alunos
de música do Conservatório de Tatuí: Riverson José
de Melo Vicente (percussão), Joni Cluxnei Canguçu
(trombone), Ronaldo Luis de Medeiros (trompete),
Jonathan Garcia Arias (saxofone e arranjos de metais),
além dos professores Carlos Ribeiro (violão) e Hugo
Muneratto (baixo).
ENSAIO Magazine 11
Ensaio Artístico
Espetáculo une alunos de artes cênicas e instrumentistas do Conservatório de Tatuí
Ensaio Social
1 - Alejandro e Cecilia (Paraguai); 2 - Aline, Jennifer, Daniele, Nathalia e Tais; 3 - Andreia Correia e Raquel Araújo; - 4 – O diretor administrativo-financeiro Dalmo Defensor e a professora de artes cênicas
Alba Mariela; 5 - Claudia Djanira e Fernando Cheque; 6 – O maestro Dario Sotelo, o assessor pedagógico Antonio Ribeiro e o representante da Yamaha na América Latina Juan Guillermo Ramirez; 7. Edgar
Viana, Aline Viana e Shirlei Ruivo (São Paulo); 8. Estela, a coordenadora de música de câmara Miriam Braga e a professora de percussão Ana Letícia Barros; 9. Elze Vanni; 10. Daniela e Vera Holtz; 11.
Carol e Herbert; 12.- Diva e Sueli; 13. O professor Albert Khattar, Alessandro Ramos, Douglas Santos e Camilo Lima; 14. Heloisa e Paulo Borges; 15. Luana e Erik; 16. O professor Emiliano Barri, o assessor
artístico Erik Heimann Pais, o compositor Luis Nani e o maestro Francisco Ferreira; 17. Os professores Luis Nani e Carlos Ocampo e o maestro Dario Sotelo; 18. Os professores Juliano e Déborah Melissa
Kerber; 19. O professor Lucio Maestro; 20. Fátima e o conselheiro de administração da AACT Carlos Henrique Carvalho; 21. Maestro Francisco Ferreira e alunos de regência.
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12 ENSAIO Magazine
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Ensaio Social
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22 - Maria Aparecida Campos, Beatriz, Cecilia e Roberto; 23 - Os assessores da AACT - Antonio (pedagógico), Erik (artístico) e Rodrigo (executivo); 24 - Professor Jacques Ghestem e alunos do curso de
trombone no V Curso de Férias; 25 - Ricardo Ruivo, Andreia Ruivo, Aline Viana e Wellington Ruivo (São Paulo); 26 - Regina Holtz, Tom Webster (alasca), Vera Holtz, Cássia e Paulo Guidon, Maria “Formiga”,
Pamela Webster (Alasca) e Célia Holtz; 27 - Paola e Alvaro; 28 - Tania e Apolo (Indaiatuba); 29 – Os professores Rodrigo e Fanny; 30 - Silvia Berg, Ze Gustavo, Rafael e Cristina Emboaba (Ribeirão Preto);
30 - Vera Holtz, Lucio Maestro e alunos de trompa do Curso de Férias; 32 - Professora Ana Letícia e alunos do curso de percussão; 33 – Renato e Solange; 34 – Peter e Elizabeth Koval; 35 - A professora Liuba
Klevtsova e o filho Rafael; 36 - Vera Holtz, Benito Juarez e Dario Sotelo; 37 - Vitoria, Gabriela Carriel e Mayara Teixeira; 38 - Zoraide, Cristiana, Alcy,Thiago e Tais Ferrari
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31
30
33
13
ENSAIO Magazine
De batatas e cirandas: um
Batatinha quando nasce
Esparrama pelo chão
Mamãezinha quando dorme
Põe a mão no coração
Muito conhecida, esta quadrinha popular
esconde um ensinamento de natureza cristã.
Tal como as parábolas dos evangelhos,
inúmeras poesias, contos, trava-línguas e
brincadeiras folclóricas oferecem um saber
que, em sua maioria, se relaciona com as
profundezas da psique humana. Portanto, os
temas abordados costumam ser os mesmos dos
das grandes tragédias, sagas e mitos que foram
forjados ao longo da história.
Artigo
Parece muito quando relemos a quadrinha
acima, afinal, recitamo-la desde crianças
de maneira inconseqüente e ingênua tal
qual fazíamos quando brincávamos ou
simplesmente modorrávamos. No entanto,
um olhar mais cuidadoso sob a luz da
psicologia e do conjunto de simbolismos
acumulados desde tempos imemoriais mostra
que tais dizeres tradicionais carregam consigo
significados muito mais amplos do que possam
transparecer as leituras diretas e superficiais.
Figura 1. Amarelinha
Um eco maravilhoso desse jogo de formas
também pode ser visto nas famosas iluminuras
das Riquíssimas Horas do Duque de Berry.
Foram elas pintadas pelos irmãos Limbourg
— Paul, Hermann e Jean, artistas flamengos
contratados pelo duque por volta de 1405. O
conjunto contém imagens dispostas de modo
muito similar ao da amarelinha: em baixo, em
um retângulo, vemos imagens do dia a dia de
camponeses e da nobreza em conformidade
com os meses e estações do ano (períodos
de plantio, de colheita, de caça etc.). Tais
imagens são evidentemente representações
da faina cotidiana. E, na parte de cima, de
formato abobadado, um mapa astrológico
com os eventos astronômicos característicos
de cada período retratado (figuras 2 e 3).
Temos, portanto, a seguinte conexão: o
quadrado ou retângulo são referentes à
vida terrena enquanto o semicírculo (e, por
extensão, o círculo), refere-se ao mundo etéreo
e espiritual.
Um olhar atento sobre a estrofe revela uma
referência à parábola do grão de mostarda
que, para se reproduzir (e, portanto,
renascer), o grão precisa morrer, sacrificarse. A batata “morre” quando começa a brotar
e a se desenvolver em ramas de cujas raízes,
surgirão outros tubérculos. Em paralelo
corre a alusão à morte da mamãezinha (ou
menininha, de acordo com a outra versão) que,
quando dorme (morre) põe a mão no coração
(a posição clássica em que dispomos o corpo
moribundo). Ademais, atentemos à aliteração
gerada pelos sons nasais: n, nh, m, ão, õe, ãe.
São uma referência aos sons do choro e do
lamento que fazemos em tais situações.
A morbidez do tema não é exclusiva desta
quadrinha e pode ser encontrada em várias
outras que tratam de assuntos tão ou mais
terríveis do que este.
Olhemos um outro caso, o do jogo da
14 ENSAIO Magazine
amarelinha. Riscam-se no chão alguns
quadrados na seqüência um-dois-um-dois
e são eles encimados por um semicírculo
chamado céu (figura 1). Jogamos uma pedra
em um quadrado e, em seguida, pulamos os
quadrados restantes (tendo o cuidado de
alternar os saltos usando um ou dois pés de
acordo com a seqüência de quadrados). Em
algumas variantes o primeiro quadrado é
chamado inferno. Ora, não é preciso fazer
um grande esforço para se descortinar a
idéia existente por traz da singeleza dessa
brincadeira: trata-se claramente de um
símbolo da vida (manifestada aqui ainda sob a
ótica cristã): nascemos com o pecado original
(expresso pelo primeiro quadro infernal),
seguimos a pular a pedra tentando não perder
o equilíbrio (evocação dos percalços naturais
da vida) e, após ter passado e suportado todas
as agruras e dificuldades, chega-se ao céu e
à redenção. Repare que a figura do jogo é o
de uma escada sobre a qual ascendemos até
o paraíso. E mesmo a forma semicircular
usada para desenhar o céu é uma alusão às
abóbadas dos templos que, por sua vez, são
representações da abóbada celeste.
Figura 2 e 3. Riquíssimas horas do Duque de Berry
ma leitura simbólica
Antonio Ribeiro*
Retornando às cantigas, nelas são
possíveis encontrar conexões simbólicas
surpreendentes. Tomemos, por exemplo, a
Ciranda (figura 4).
Ó, ciranda, cirandinha
Vamos todos cirandar
Vamos dar a meia-volta
Volta e meia vamos dar.
Destas explicações, o que colhemos de
termos comuns? Tempo e círculo. Para muitas
Figura 5. Mandala hindu
Incrível, não? Os primeiros contatos com
o mundo complexo da simbologia costumam
ser encarados com desconfiança, ainda mais
quando são focados nas coisas simples e muito
conhecidas de todos.
Ao longo da história, o simbolismo é
imanente em todas as artes e ritos, seja no
ocidente ou no oriente. É um fenômeno da
cultura humana e, como tal, é encontrado
em todos os aspectos da vida, do nascimento
à morte, do júbilo à tristeza, do sagrado ao
profano.
Da próxima vez que virmos crianças
brincando de roda, devemos suspeitar das
forças simbólicas poderosas que lá estão sendo
manifestadas.
Figura 6. Calendário maia
Figura 7. Labirinto do chão da
catedral de Chartres.
Bibliografia
BULFINCH, Thomas. O livro de ouro da mitologia:
histórias de deuses e heróis/tradução Luciano Alves
Meira. São Paulo, Martin Claret, 2006.
CAMPBELL, Joseph. Mitologia na vida moderna:
ensaios selecionados de Joseph Campbell/tradução
de Luiz Paulo Guanabara, Rio de Janeiro, Record,
Rosa dos Ventos, 2002.
CASCUDO, Câmara. Dicionário de folclore. São
Paulo, Ediouro, 2003.
COTTE, Roger J. V. Música e Simbolismo –
Ressonâncias cósmicas dos instrumentos e das obras.
São Paulo, Cultrix, 1990.
HOUAISS, Antonio. Dicionário da língua
portuguesa. São Paulo, Objetiva, 2001.
* Antonio Ribeiro é assessor pedagógico da
Associação de Amigos do Conservatório de Tatuí
ENSAIO Magazine
15
Artigo
Mestre Houaiss nos ensina que ciranda tem
múltiplos sentidos, vejamos:
• substantivo feminino
1 peneira grossa de palha para joeirar grãos
2 peneira de obra que consta de uma
armação com tela e que se instala em posição
inclinada para passar e selecionar material
granuloso (brita, cascalho etc.)
3 Derivação: sentido figurado.
movimentação, agitação
Ex.: a ciranda dos políticos
4 Derivação: sentido figurado.
passagem do tempo; decurso, roda
Ex.: a ciranda das horas
5 (d1985)Derivação: sentido figurado.
Regionalismo: Brasil.
qualquer processo de auto-alimentação
circular
5.1 Rubrica: economia.
aplicação de dinheiro a curto prazo com
juros generosos
Ex.: ciranda financeira
6 Rubrica: dança.
dança de roda infantil ou adulta,
oriunda de Portugal, com trovas cantadas
que determinam os movimentos figurados;
cirandinha
7 Rubrica: dança, etnografia. Regionalismo:
Amazonas.
certa dança dramática
8 Rubrica: dança, etnografia. Regionalismo:
Rio Grande do Norte.
dança do bumba-meu-boi; cirandinha
9 Rubrica: dança, etnografia. Regionalismo:
São Paulo.
dança do fandango brasileiro, em rodas
concêntricas
Figura 4. Ciranda
culturas o tempo é circular. E, por extensão,
se o tempo é circular, ele inexiste, pois o fim é
o princípio dele mesmo. Vemos representações
disso nas mandalas hindus (figura 5), nos
calendários maias (figura 6) e nos labirintos
circulares dos pisos de certas igrejas na Itália
e França (figura 7, Chartres). Uma breve
análise na letra da quadrinha confirma isso,
reparem: todos “dançam”a ciranda pois todos
participam dos infindáveis ciclos do universo;
assim como ao dar a meia volta e, logo a seguir,
a volta e meia, voltamos ao mesmíssimo lugar.
Ou seja, não há possibilidade de nos livrarmos
do círculo/ciclo. Estamos a ele perpetuamente
encarcerados. Mais que isso, na verdade,
fazemos parte dele.
Ensaio Acadêmico
A construção estilística
Este texto é um recorte da pesquisa de
mestrado, realizada entre 2007 e 2009 na
Unicamp (Universidade Estadual de Campinas),
que teve como objeto de estudo a construção
do estilo1 de improvisação de Vinicius Dorin,
saxofonista de destaque no cenário da música
brasileira contemporânea e reconhecido
internacionalmente. Dorin se destaca por
alguns fatores como interpretação, timbre e,
principalmente, sua forma de improvisar, na
qual sintetiza materiais de distintas fontes de
forma particular. Para que o leitor se situe,
apresentamos primeiramente uma sucinta
biografia de Dorin, buscando com isso apresentar
os caminhos que moldaram sua forma de tocar.
Formação e Carreira
Vinicius Assumpção Dorin, filho primogênito
de um professor de psicologia e de uma professora
de inglês, nasceu em 16 de novembro de 1962, em
Ituverava, interior paulista. Influenciado pela
discoteca de seu pai, teve sua primeira tentativa,
frustrada, de se iniciar na música com o violão;
posteriormente, aos sete anos, passa a estudar
piano. Influenciado pelos discos de Altamiro
Carrilho e pelas apresentações televisivas de
Carlos Poyares2, começou a estudar também
flauta transversal, seu segundo instrumento, já na
cidade de Itu-SP, mesma localidade onde integrou
a Corporação Musical União dos Artistas3. Tendo
ouvido o som do saxofone em um programa de
jazz transmitido por uma rádio de Campinas-SP,
Dorin demonstrou interesse pelo instrumento e
nele se iniciou, de forma quase autodidata.
Em meados da década de 1970 Vinicius já lia
algumas edições da revista Downbeat e eram
habituais as idas para São Paulo no intuito de
comprar discos; já se interessava pela música de
Thad Jones, Cannobal Adderley, Paul Desmond,
Dizzy Gillespie e Phill Woods, além do saxofonista
brasileiro Victor Assis Brasil. Nessa mesma época
conheceu o saxofonista Roberto Sion, com quem
estudaria posteriormente em dois festivais de
inverno de Campos do Jordão. Após o contato com
Sion, Dorin iniciou um curso de harmonia por
correspondência da Berklee. Algum tempo depois,
passou a estudar no Conservatório Dramático e
Musical “Dr. Carlos de Campos”, localizado em
Tatuí, onde integrou a big band SamJazz (atual
Big Band do Conservatório de Tatuí); nesse
período participou ainda da Orquestra Sambrasil
e do Makros, ambos conjuntos de baile do interior
paulista.
Aos 20 anos de idade ganhou bolsa de estudos
no CLAM4, onde teve aulas com Fernando Mota,
José Carlos Prandini e Hamilton Godoy. Nessa
fase, continuava morando em Itu com sua família
e permanecia três ou quatro dias por semana em
São Paulo. Realizou substituições na big band do
pianista Laércio de Freitas e conheceu músicos
como Arismar do Espírito Santo, Bob Wyatt e
Nailor Proveta nas jam sessions do bar Máquina
do Tempo.
Ficava até as cinco da manhã tocando toda
segunda-feira. Até que fechou o bar, porque
começaram a chamar a polícia lá, os vizinhos,
né? Mas era um lugar legal. Aí casei e fui morar
em São Paulo.5
Com sua mudança para São Paulo, passou
16 ENSAIO Magazine
a ter mais contato com a cena local de música
instrumental atuando em cinco importantes
grupos: a Banda Savana, o noneto Rebop, o
Grupo Comboio, a Orquestra do Hotel Maksoud
Plaza e a Banda da Patroa, comandada pela
pianista Sílvia Góes.
Em seus estudos, Dorin realizou transcrições de
solos de saxofonistas como Phill Woods, Charlie
Parker e Cannoball Adderley; nessa rotina estava
inclusa a prática do solo junto com a gravação
a fim de desenvolver as articulações e inflexões
próprias aos estilos dos músicos; além disso, fazia
ainda constantes trabalhos na noite paulistana
e o repertório executado nesses trabalhos –
juntamente com as atividades de transcrição – foi
primordial na formação de seu estilo, exibido já
nas gravações com a Banda Savana do início da
década de 1990.
Sempre ouvi muito bebop, né? Porque a
gente achava que só tinha isso, entendeu?
Realmente quando eu tocava na noite em
São Paulo, substituía alguém, ou era jazz
ou bossa nova que se tocava, ou samba, ou
alguma coisa latina, ou acompanhar cantora,
ninguém tocava baião, maracatu (...). Mas o
samba também era meio jazzístico. O Hermeto
sofreu muito com isso aí. Porque o Hermeto
queria mudar, não sei se foi antes do Quarteto
Novo, que ele tocava na noite, e ele já era um
cara que era respeitado na noite, e ele queria
tocar, e tinham uns caras que tiravam sarro:
“Ih, lá vem o cara querer tocar baião”, porque
eles consideravam brega, entendeu? Os caras
queriam tocar Bill Evans, essas coisas... os
caras da noite, Luiz Melo, esses caras... 6
Através de Ricardo Leão – um dos integrantes
do Grupo Comboio – Dorin foi convidado
a acompanhar a cantora Simone. Após uma
experiência de aproximadamente dois anos nesse
trabalho, em 1991 Vinicius recebe o convite
para integrar o grupo da cantora Gal Costa
excursionando com o show “Plural” pelo Brasil,
México, Alemanha e Suíça. Durante esse mesmo
período continuou sua atuação no cenário
paulistano da música instrumental, gravando
com a Banda Savana o disco “Arranjadores”, que
contava com os maestros Cipó, Duda, Moacir
Santos e Branco. Porém, a relação entre seus reais
objetivos para a carreira e o show business leva o
músico a enfrentar uma crise pessoal, culminando,
em 1992, com sua decisão de sair do grupo da
cantora baiana.
(...) aí falei assim: “Bicho, agora acabou,
agora tenho que tocar... só vou estudar, só vou
tocar som legal”, porque eu fazia instrumental
sempre, né? Mas aí fazer show [com Gal Costa]
era complicado; aí eu vim aqui pra Itapecerica
[da Serra – SP], pra alugar uma casa barata
(...) Eu estava sem grana (...) aí ligava Roberta
Miranda, ligava não sei quem, eu falava que
não podia... musicalmente... eu já estava meio
querendo parar de tocar... não estava legal (...)
[O convite para integrar o grupo de Hermeto
Pascoal] Foi no dia em que eu comprei um
piano Fender, eu entrei em casa, tinha um
recado na secretária eletrônica, pra ligar lá; era
o Márcio [Bahia]. No dia em que eu comprei o
piano, olha só...7
Sendo assim, aos 30 anos Vinicius Dorin integra
o grupo de Hermeto Pascoal. Sua estréia foi no
SESC Pompéia, em São Paulo, em setembro de
1993, pelo Projeto Brasil Musical. Esse primeiro
show de Dorin, que era também o primeiro
show do pianista Bruno Cardozo, rendeu um
disco8, lançado pelo selo Tom Brasil, no qual está
registrado o show de Hermeto Pascoal e também
o do Grupo Pau Brasil.
Naquele dia lá fundiu o motor do meu carro,
bicho. Eu deixei o carro na rua, peguei os sax
e fui pro teatro. Eu estava preocupado, não
por causa do carro, mas com as músicas, né?
Aí estava estudando no camarim, o Hermeto
chegou e disse: “Ah bicho, agora toma tua
cerveja aí e esquece essas músicas”. Aí a gente
tocou a primeira música, e na segunda ele
puxou Autumn Leaves, que já foi pra deixar
à vontade, entendeu? Foi esse show aí. Nós
ensaiamos uma semana inteira; já tinha dado
uma ensaiada com o Itiberê aqui, e era uma
puta responsa, né? Tinha umas coisas que eu
nunca tinha tocado... Maracatu, nunca tinha
tocado... tinha tocado mas, assim, nem sabia o
que era.9
a de Vinicius Dorin
Eu desenvolvi muita a parte de interpretação
lá, que eu sofria muito com isso aí. Eu tinha
medo de interpretar muito as melodias, pra não
descaracterizar, e ele: “Não, você tem que ficar
livre, bicho. Faz o que você quiser aí.” Eu era
muito resistente a isso, por exemplo, nisso aí eu
melhorei bastante lá.11
A dinâmica de ensaios do grupo de Hermeto
Pascoal, à época da entrada de Vinicius Dorin
e André Marques, já não era a mesma do grupo
antigo, que contava com o pianista Jovino Santos
Neto e Carlos Malta nos sopros. Ao invés dos
ensaios diários da formação anterior, a freqüência
passou para quatro dias por semana, de terça a
sexta-feira, ou de terça a sábado, com duração de
aproximadamente seis horas. Essa rotina durou
cerca de um ano.
O material musical utilizado por Hermeto
Pascoal era total novidade para Dorin. Compassos
mistos e ritmos brasileiros como maracatu, baião
e frevo não faziam parte de seus estudos antes de
sua ida para o Jabour10. Ainda assim, segundo o
próprio Pascoal, Vinicius foi o instrumentista
de sopros melhor preparado que já integrou seu
grupo.
Nos dias da semana em que permanecia no
Rio de Janeiro para os ensaios, Vinicius estudava
o dia todo na casa de Pascoal. Foi o período
quando voltou a tocar flauta transversal, que não
vinha usando muito em sua vida profissional em
São Paulo. A dedicação de Dorin se explica pela
quantidade de materiais musical e técnico com
os quais se deparou ao ingressar no grupo de
Hermeto Pascoal – entre eles, superagudos no
saxofone soprano, além da linguagem dos ritmos
brasileiros. Além disso, havia muitos arranjos
prontos que os demais músicos já tocavam.
Após a fase inicial os ensaios se tornaram
esporádicos, realizados somente quando havia
uma agenda de shows, ou quando Pascoal havia
escrito algo novo para o grupo. Desde então,
Dorin vem participando com Hermeto Pascoal de
concertos pela América do Sul, Europa, Estados
Unidos e Japão. Nesse período, trabalhou ainda
com Jane Duboc, Nenê, Arismar do Espírito
Santo, Fernando Corrêa, Big Band Bissamblazz e
Banda Mantiqueira, entre outros. Seu único disco
em estúdio com Hermeto Pascoal é “Mundo Verde
Esperança”, lançado pelo selo Rádio MEC. Desde
2000 vem se apresentando com seu próprio grupo,
com o qual gravou seu primeiro CD autoral,
“Revoada”, lançado pelo selo Maritaca. Como
professor, ministrou aulas no Conservatório
Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos”, de
Tatuí, por três anos, além de festivais como os de
Ouro Preto, Tatuí, Campos do Jordão, Londrina
e Ourinhos.
A construção do estilo de improvisação
A permanência de Vinicius Dorin no grupo de
Hermeto Pascoal foi um dos fatores que fizeram
resultar, por parte de Dorin, na construção
de um estilo particular de improvisação no
saxofone. Devido à já sedimentada história do
instrumento dentro do jazz, na maioria dos casos
o estilo de improvisação dos saxofonistas carrega
em seu léxico elementos pertencentes a essa
linguagem, independentemente do território em
que é realizada; no caso de Dorin, o jazz – mais
especificamente o bebop – foi associado a uma
grande gama de conhecimentos técnico-musicais
proporcionados pela convivência, artística ou não,
com Hermeto Pascoal. Segundo Cirino (2005)
na música instrumental brasileira são utilizados
elementos do jazz como fluência, dicção, fraseado
e padrões harmônicos – que no caso de Dorin,
ENSAIO Magazine
17
Ensaio Acadêmico
No início eu tinha um pouco essa dúvida
[tocando com o Hermeto deixar de tocar jazz].
Eu estava tentando tocar na onda, usar as
coisas de frevo, e um dia o Hermeto chegou e
falou assim: “Deixa que isso rola natural. Eu
estou notando que às vezes você quer forçar pra
tocar a linguagem, mas você pode usar tudo
o que você toca de jazz, de tudo, e é bonito
você usar. Fica tranqüilo, que eu já sei que
você está tocando diferente, mas deixa fluir
esse negócio, não força a barra, entendeu?” E
aí eu fiquei mais tranquilo, né? (...) Então aí
que eu comecei a estudar aquelas coisas, fazer
uns estudos de articulação... porque frevo é
difícil improvisar, você sabe, pô... porque a
acentuação é toda diferente, as frases acabam
antes, geralmente, né? Mas o Hermeto falou
isso: “Você só vai acrescentar, você vai usar
tudo o que você já estudou, entendeu?” E é
verdade, né? Aí mesmo pra tocar jazz, você usa
umas coisas rítmicas que você não usaria se
não estivesse tocando outras coisas. Você usa a
linguagem do jazz, mas você desloca o tempo de
outro jeito, sem querer. Agora, é um problema,
porque senão fica tudo parecendo bebop, você
tem que usar as articulações do bebop, mas com
outra intenção, né?
Aí de manhã estudava, eu ficava na casa do
Itiberê ou na casa do Hermeto mesmo, e de
tarde ensaiava, até as oito da noite, mais ou
menos. Era esse pique aí. De noite escrevia
algumas coisas. Quando não ensaiava eu sentia
falta pra caramba. Mas eu lembro uma vez,
teve um negócio que ele [Hermeto] escreveu
pro PercPan, e foi fazendo uma suíte; ele ia
compondo, então inventava o arranjo, fazia
uma ponte... e no último dia, antes de viajar,
nós ensaiamos mais de 12 horas.12
Raphael Ferreira*
são elementos que remetem à sua formação inicial
como improvisador – além disso, ainda estão
presentes atributos de músicas tradicionais do
Brasil, como padrões rítmicos, motivos temáticos
e concepções estéticas, elementos introduzidos na
formação de Dorin por meio de sua experiência
com Hermeto Pascoal.
Na improvisação, o músico deve fazer escolhas
rápidas que são fortemente influenciadas por
sua bagagem musical; embora nela o músico
crie, sua criação está enraizada naquilo que se
tornou importante na sua formação. Segundo
Kenny e Gellrich (2002) com exceção dos aspectos
cognitivos (memória) e fisiológicos (coordenação
motora) que influem na improvisação, o
atributo mais importante do improvisador é
a sua bagagem; este conjunto de habilidades e
materiais previamente apreendidos durante sua
prática deliberada é levado pelo músico para
sua performance, e inclui os materiais melódicos
e excertos, repertório, estratégias de percepção,
habilidade de resolução de problemas e memória
hierárquica de estruturas e esquemas.
O conhecimento de base usado por músicos
improvisadores normalmente envolve a
interiorização compartimentada de materiais
musicais, que são idiomáticos de culturas de
improvisação determinadas; no caso de Dorin,
observamos a interiorização primeiramente
do vocabulário jazzístico, e posteriormente
dos ritmos brasileiros, na forma proposta
por Hermeto Pascoal; após isso, observamos
sofisticadas ligações entre esses materiais no seu
discurso musical improvisado. Como apontam
Kenny e Gellrich (2002) a diferença entre
improvisadores iniciantes e experts no assunto
está em quanto sofisticado, automatizado e
personalizado está o uso das diferentes estruturas
que carregam em sua bagagem. Improvisadores
iniciantes, por exemplo, tendem a acessar os
materiais de seu “banco de dados” de forma
diacrônica e literal, simplesmente repetindo
motivos previamente estudados, às vezes fora de
contexto, enquanto improvisadores experientes
são aptos a desenvolver hiperconexões entre os
diferentes materiais presentes em sua bagagem,
construindo um discurso coerente com o
território onde a improvisação está inserida. Nos
solos improvisados de Dorin foram observadas
as hiperconexões citadas pelos autores quando
da utilização em um mesmo solo improvisado de
melodias e motivos que remetem às mais variadas
fontes, e inclusive a utilização de diferentes
materiais “sobrepostos”, como por exemplo,
na utilização de frases jazzísticas com aspectos
rítmicos de gêneros brasileiros.
Segundo Sterrit13 (2000) as práticas de
improvisação envolvem elementos significativos
de planejamento, deliberação, pré-conceituação
e outras atividades mentais que não são
completamente espontâneas, individualistas
nem autotélicas, no sentido sugerido por alguns
discursos. Gridley (2006) completa este raciocínio,
quando afirma que análise, memorização,
imitação, modificação e incorporação são etapas
importantes para o desenvolvimento de um
improvisador, sendo que o processo de imitação
não é exclusivo da música; assim como Dizzy
Gillespie aprendeu a improvisar imitando Roy
Eldridge, o escritor Ernest Hemingway aprendeu
Ensaio Acadêmico
a escrever imitando Gertrude Stein. O processo
de desenvolvimento do músico improvisador
é separado por Kenny e Gellrich (2002) em
duas grandes partes, com uma analogia ao
aprendizado de uma língua; no primeiro estágio
de aprendizado, palavras e regras gramaticais
são apreendidas, e em um segundo momento
o estudante explora suas várias possibilidades
de combinação e aplicação; improvisadores, de
forma similar, precisam inicialmente apreender
o hardware da improvisação: padrões melódicos,
excertos de melodias, progressões harmônicas e
modulações; apenas após esta etapa o software da
improvisação pode ser desenvolvido, etapa essa que
abrange a interiorização de regras sistemáticas
que auxiliam na construção de melodias, frases
e idéias musicais mais longas, trabalhando com
motivos, e estabelecendo inter-relações entre as
diferentes partes da improvisação. No caso de
Vinicius Dorin a formação do seu hardware se deu
primordialmente pela apreensão de elementos da
linguagem jazzística, sendo que o software de sua
improvisação foi criado na forma de pedra bruta
nessa mesma linguagem (através de seus estudos
no CLAM e sua experiência na noite paulistana)
e lapidado posteriormente na experiência ao
lado de Hermeto Pascoal, em mais de dez anos de
ensaios, shows e turnês por todo o globo. Segundo
Jovino Santos Neto:
O que ele [Hermeto Pascoal] fez foi realmente
dar pra todos os músicos que conviveram com
ele um leque de opções musicais enorme; você
tem, digamos, a ferramenta pra qualquer
situação musical, seja da mais simples,
folclórica, aquela musiquinha bonita, singela,
que vem do camponês cantando na roça, até
aquela criação super abstrata, que é tão louca,
que você tem que parar e se preparar para
conceber aonde aquela música está indo. E do A
ao Z ta tudo ali. Ou seja, essa é a universalidade
da música que ele fala.14
Na experiência com Hermeto Pascoal, Dorin
absorveu conhecimentos que o fizeram amadurecer
enquanto intérprete e improvisador, já que, como
aponta Costa Lima Neto (1999), “o aprendizado
proporcionado por Hermeto Pascoal aos músicos
de seu grupo não se restringiu ao desenvolvimento
estritamente técnico-instrumental, pois para
que o seu difícil repertório fosse bem executado,
Pascoal necessitava não só de bons intérpretes,
mas também de improvisadores e criadores”. Além
disso, Hermeto estimulava não a reprodução ou
cópia de um modelo que podia ser ele mesmo ou
outro músico qualquer, mas a auto-descoberta
estilística individual.
Considerações Finais
A originalidade é um dos critérios mais
fundamentais ao se avaliar a contribuição
de um artista para a música improvisada.
18 ENSAIO Magazine
Imitação, assimilação e inovação são definidas
por muitos especialistas como os principais
estágios do desenvolvimento artístico do
improvisador, porém, não é a totalidade
dos músicos que os completam com sucesso.
Tendo chegado à inovação, ou seja, a uma
abordagem de improvisação particular, Vinicius
Dorin pôde influenciar um grande número de
instrumentistas das mais variadas especialidades,
atingindo maiores ramificações e contribuindo
para a formação de novas escolas, novos jeitos
de improvisar. Ademais, devido ao processo
dinâmico de constante renovação por que passam
estilo e linguagem de artistas ativos como Dorin,
sutilezas inerentes à sua improvisação podem
e devem sofrer contínuas mudanças, atingindo
níveis crescentes de inovação.
Investigar a relação da originalidade de Dorin
com a música de Hermeto Pascoal nos trouxe
algumas idéias acerca da grande mistura de
materiais musicais que está presente na música
brasileira contemporânea. Como o próprio
Dorin afirma, sua linguagem jazzística não teve
que ser deixada de lado ao embarcar na estética
“Hermetiana”; foi realizada uma constante
soma dos materiais que o músico possuía aos que
o líder propunha, e uma natural mudança foi
moldada em seu estilo de improvisação devido
ao crescente conhecimento sobre os ritmos
brasileiros, e também sobre possibilidades
harmônicas proporcionadas por Pascoal. Vinicius
Dorin foi, obviamente, influenciado por vários
dos prestigiosos músicos com que teve contato
durante sua agitada trajetória artística, porém,
sua mais presente influência, antes de ter atingido
o grau da inovação, foi, como apontam nossas
análises e as entrevistas obtidas, Hermeto Pascoal.
Estilo (definição): Estilo é maneira, modo de expressão, tipo de
apresentação. (...) um estilo pode ser visto como uma síntese de outros
estilos. (...) Um estilo também pode representar uma extensão ou série
de possibilidades definidas por um grupo de exemplos particulares,
como em noções tais como‘estilo homofônico’e‘estilo cromático’. (...) a
música, em si, é um estilo de arte, e uma única nota pode ter implicações
estilísticas de acordo com sua instrumentação, altura e duração. Estilo,
um estilo ou estilos podem ser vistos como presentes num acorde, frase,
seção, movimento, obra, grupo de obras, gênero, obra de uma vida,
período (de qualquer extensão) e cultura. O estilo se manifesta no uso
característico de forma, textura, harmonia, melodia, ritmo e caráter;
e ele é apresentado por pessoas criativas, condicionadas por fatores
históricos, sociais e geográficos, realizando recursos e tratados. - The
new Grove dictionary of music and musicians. New York: Macmillan
Publishers Limited, 2001. vol. 24, p. 638.
2
O flautista Carlos Poyares se apresentava regularmente no programa
comandado pelo bandolinista Isaías, transmitido pela TV Cultura na
década de 1970.
3
A Corporação Musical União dos Artistas é um tradicional grupo
da cidade de Itu. Entidade civil, sem fins lucrativos, sobrevive
exclusivamente da abnegação de seus músicos amadores, diretores
e simpatizantes. Em atividade desde 1912, participou de inúmeros
concursos, alcançando, dentre outros, os títulos de“A Melhor Banda do
Interior”, em 1959;“A Melhor Banda Civil do Brasil”, em 1964; do“II
Campeonato Paulista de Bandas”, em 1978; do“1º Festival Iguatemi”,
em 1981 e do “1º Concurso Vamos Bagunçar o Coreto”, em 1983. Em
1972 esteve no Estado do Pará convidada pelo então presidente Emílio
Médici para a inauguração da rodovia Transamazônica. Fragmento
1
do texto retirado do site http://www.itu.com.br/noticias/detalhe.
asp?cod_conteudo=4575 em 12/01/2009.
4
Escola de música pertencente aos integrantes do Zimbo Trio.
5
Fala de Vinicius Dorin, em entrevista concedida para a produção da
dissertação.
6
Idem.
7
Ibidem.
8
Pau Brasil e Hermeto Pascoal. Música Viva Vol.1. Tom Brasil: São
Paulo, 1994.
9
Vinicius Dorin, em entrevista concedida.
10
Referência ao bairro em que Hermeto Pascoal residiu até 2006, no
subúrbio da cidade do Rio de Janeiro - RJ, onde também ocorriam os
ensaios de seu grupo. Os músicos integrantes ganharam reconhecimento
por exibir em suas performances artísticas um tipo de linguagem
musical que os diferenciou dos demais atuantes no cenário da música
instrumental brasileira, gerando assim a diferenciação através desta
designação (Escola do Jabour). As características musicais que mais
diferenciam esses músicos dizem respeito à improvisação, quanto ao uso
de determinada rítmica, determinados clichês harmônicomelódicos e
no que concerne aos músicos da base, quanto à forma de interagir com
o solista.
11
Vinicius Dorin, em entrevista concedida.
12
Idem.
13
Sterrit apud COOK, Nicholas. Fazendo música juntos ou
improvisação e seus outros. Trad. Fausto Borém. Revista Per Musi, v.16,
p. 7-20, Belo Horizonte, 2007.
14 Entrevista de Jovino Santos Neto cedida ao documentário
Quebrando Tudo, dirigido por Rodrigo Hinrichsen, 1998.
Referências Bibliográficas
CIRINO, Giovanni. Narrativas Musicais: Performance e
experiência na Música Popular Instrumental Brasileira.
Dissertação de Mestrado apresentada no Departamento de
Antropologia da USP, São Paulo, 2005.
COOK, Nicholas. Fazendo música juntos ou improvisação e seus
outros. Trad. Fausto Borém. Revista Per Musi, v.16, p. 7-20,
Belo Horizonte, 2007.
COSTA LIMA NETO, Luiz. A música experimental de Hermeto
Paschoal e Grupo (1981-1993): concepção e linguagem.
Dissertação de mestrado apresentada no Centro de Letras eArtes
da UNI-RIO, Rio de Janeiro, 1999.
GRIDLEY, Mark. Jazz Styles: History and Analysis. New Jersey,
Pearson Prentice Hall, 2006.
KENNY, Barry J./GELLRICH, Martin. “Improvisation”. In
PARNCUTT, Richard/MCPHERSON, Gary E. The science
& Psychology of Music Performance. New York: Oxford
University Press, 2002
THOMPSON, Sam & LEHMANN, Andréas C. “Strategies for
sight-reading and improvising music”In. WILLIAMON, Aaron.
Musical Excellence. New York: Oxford University Press, 2004.
Referências Discográficas
DORIN, Vinícius. Revoada. Maritaca, 2004.
ESPÍRITO SANTO, Arismar do. Dez Anos. Maritaca, 2004.
ESPÍRITO SANTO, Arismar do. Estação Brasil. Maritaca,
2002.
MARQUES, Natan & LEÃO, Ricardo. Dois. Som da Gente,
1989.
PASCOAL, Hermeto. Mundo Verde Esperança. Rádio MEC,
2003.
PAU BRASIL & HERMETO PASCOAL. Música Viva Vol. 1.
Tom Brasil, 1994.
SAVANA, Banda. Brazilian Movements. CD. Libra Music, 1991
SAVANA, Banda. Brazilian Portraits. Libra Music, 1992
* Raphael Ferreira é graduado em música pela USP e
mestrando em música pela Unicamp. Integra o Grupo
Amanajé, a Banda Urbana e o Jazz Combo do Conservatório
deTatuí, atuando como saxofonista e flautista.
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Ensaio Negócios
ENSAIO Magazine
19
Conservatório Programação
2009
Agosto
de Tatuí
Teatro Procópio Ferreira
Rua São Bento, 415
02.08 - 18h00 - Musical “Gênesis” - 33 Anos do Recanto Betel. Entrada franca.
13.08 - 18h00 - Culto de Ação de Graças. Conselho dos Pastores, organização. Entrada franca.
17.08 - 20h30 - RICE Tatuí – Rio International Cello Encounter em Tatuí.
Trio Montanna. Natalie Padilla, violino; David Haughey, violoncelo; e Chelsea Padilla, piano.
19.08 - 20h30 - RICE Tatuí – Rio International Cello Encounter em Tatuí.
Recital de Violino. Haroutune Bedelian, violino.
21.08 - 13h00 - RICE Tatuí – Rio International Cello Encounter.
Recital de Violoncelo e Piano; Armen Ksajikian, cello. Miriam Braga, piano.
22.08 - 20h30 - Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí. Roberto Tibiriçá, regente.
26.08 - 20h30 - Grupo de Percussão do Conservatório de Tatuí. Luis Marcos Caldana, coordenação.
27.08 - 20h30 - Recital de Cravo. Bruno Procópio, cravista.
29.08 - 20h30 - Banda Sinfônica do Conservatório de Tatuí. Dario Sotelo, regente.
30.08 - 20h30 - RICE Tatuí – Rio International Cello Encounter em Tatuí.
Cello Dance com o espetáculo “Showing BlueGrass”.
Salão Villa-Lobos
Rua São Bento, 415
06.08 - 18h30 - Recrutamento de Músicos - Cirque Du Soleil.
André Faleiros, recrutador. Entrada franca.
Outros locais Tatuí
20.08 - 20h30 - Concha Acústica de Tatuí - RICE Tatuí – Rio International Cello Encounter.
Orquestra Sinfônica de Barra Mansa. Armen Ksajikian, violoncelo.
Guilherme Bernstein e Vantoil de Souza. Entrada franca.
22.08 - 11h00 - Praça da Matriz - Grupo de Percussão do Conservatório de Tatuí: homenagem ao folclore.
Luis Marcos Caldana, coordenador. Entrada franca.
Outros municípios
15.08 - 21h00 - Centro Cultural de Salto-SP. Big Band do Conservatório de Tatuí.
Sérgio Gonçalves, coordenação.
29.08 - 20h30 - Praça Central Taquaratinga-SP. Banda Sinfônica Jovem do Conservatório de Tatuí.
José Antonio Pereira, regência.
27.08 - 20h30 - Sesc Vila Mariana. São Paulo-SP. Grupo de Percussão do Conservatório de Tatuí.
Luis Marcos Caldana, coordenação.
Programação confirmada até 5 de agosto.
Informações (15) 3251-4573 ou www.conservatoriodetatui.org.br
Venda e retirada de ingressos a partir das 18h30
na bilheteria à rua São Bento, 415
INGRESSOS: R$ 10,00
(R$ 5 idosos, estudante e aposentados)
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