RESUMO Este trabalho tem por objetivo apresentar uma revisão bibliográfica acerca dos principais regulamentos e normas internacionais, assim como pesquisas e trabalhos já desenvolvidos no Brasil e no exterior relacionadas com a qualidade do produto em sistemas de energia elétrica. Neste contexto, foram analisadas as regulamentações e recomendações utilizadas por países da América do Norte (Estados Unidos e Canadá) de alguns países europeus (a exemplo da França) da Oceania (Austrália), Ásia (Japão e China), assim como da América do Sul (Peru e Argentina) e também da África (África do Sul). Por fim, foram analisados os projetos desenvolvidos no Brasil sobre o tema qualidade do produto no âmbito do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico do Setor de Energia Elétrica, assim como algumas pesquisas e trabalhos desenvolvidos no exterior abordando o mesmo tema. 2 Sumário 1 - Considerações iniciais ............................................................................................................................. 6 1.1 - Objetivos específicos do primeiro relatório .................................................................................... 7 2 - Análise de regulamentos e normas nacionais e internacionais ............................................................ 7 2.1 - Normas e regulamentações nacionais............................................................................................. 8 2.2 - Regulamentações internacionais .................................................................................................. 12 2.2.1 - Estados Unidos......................................................................................................................... 13 2.2.2 - Canadá ..................................................................................................................................... 13 2.2.3 – Europa: CENELEC EN 50160 - 2010 ......................................................................................... 24 2.2.4 - França – EDF (Eletricité de France): Contrato Emeraude ........................................................ 30 2.2.5 - África do Sul ............................................................................................................................ 37 2.2.6 - Peru .......................................................................................................................................... 44 2.2.7 - Argentina ................................................................................................................................. 52 2.2.8 - Japão ........................................................................................................................................ 57 2.2.9 - China ........................................................................................................................................ 57 2.2.10 - Austrália ................................................................................................................................. 62 2.3 - Análise crítica dos regulamentos internacionais .......................................................................... 67 2.4 - Normas e recomendações internacionais para avaliação da QEE ............................................... 71 2.4.1 - IEC – International Electrotechincal Commission .................................................................... 71 2.4.2 - IEEE – Institute of Electrical and Electronic Engineers ............................................................. 73 2.4.3 - ANSI – American National Standard Institute.......................................................................... 78 2.4.4 - ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas .................................................................. 79 2.4.5 - Considerações finais ................................................................................................................ 79 3 - Pesquisas na área de Qualidade da Energia Elétrica............................................................................ 81 3.1 - Projetos de P&D/ANEEL ................................................................................................................ 81 3.1.1 - Sistema de Gestão de Qualidade de Energia Elétrica – Grupo Rede [47] ............................... 81 3.1.2 - Sistema de Gestão da Qualidade da Energia Elétrica - GERQUALI [48] ................................... 83 3.1.3 - Modelo de forno a arco compensado [49] .............................................................................. 84 3.1.4 - Projeto e desenvolvimento de um restaurador dinâmico de tensão [50] .............................. 84 3 3.1.5 - Desenvolvimento de um sistema de compensação ativa de harmônicos [51] ....................... 84 3.1.6 - Desenvolvimento de um instrumento de aquisição de grandezas elétricas para utilização no monitoramento da qualidade de Energia Elétrica em barras de distribuição [52] ............................ 85 3.1.7 - Desenvolvimento de protótipos para avaliação do instrumento de aquisição de grandezas elétricas para monitoramento de qualidade da energia elétrica em barras de distribuição (medidor de qualidade da energia) [53] ............................................................................................................. 85 3.1.8 - Desenvolvimento de uma metodologia de análise das distorções harmônicas produzidas por lâmpadas fluorescentes compactas na rede de distribuição [54] ...................................................... 86 3.1.9 - Desenvolvimento de modelos digitais para estudos dos impactos na média e baixa tensão devido a equipamentos eletro-eletrônicos e cargas não lineares [55] .............................................. 87 3.1.10 - Pesquisa e aplicação de restauradores dinâmicos de tensão (DVR) para linhas de distribuição [56] .................................................................................................................................. 87 3.1.11 - Desenvolvimento de um regulador de tensão com comutador eletrônico de tap (RECET) [57] ...................................................................................................................................................... 88 3.1.12 - Central Integrada de Inteligência da Qualidade [58] ............................................................. 88 3.1.13 - Desenvolvimento de uma ferramenta computacional para a análise de afundamentos de tensão aplicada ao planejamento da expansão - PLANSAG [59] ........................................................ 89 3.1.14 - Sistema Ótimo de Medição e Estimação da Qualidade da Energia voltada ao PRODIST/ANEEL – Módulo 8 [60]........................................................................................................ 90 3.1.15 - Sistema informacional de gestão de indicadores de qualidade da onda de tensão [61] ...... 90 3.1.16 - Estudos, desenvolvimento e implementação de interfaces e modelos elétricos em ambiente ATP de problemas da Qualidade da Energia [62] ............................................................... 90 3.1.17 - Soluções não Convencionais para Controle e Regulação de Tensão em Redes Secundárias de Distribuição [63] ............................................................................................................................. 91 3.1.18 - Desenvolvimento de um Dispositivo para Controle de Tensão de Rede de Distribuição Rural através do uso de Compensador Estático a Reator Saturado [64] ..................................................... 91 3.1.19 - Desenvolvimento, Projeto e Construção de um Dispositivo Eletromagnético à Núcleo Saturado para Controle Automático de Tensão [65] .......................................................................... 92 3.1.20 - Análise da aplicação de filtros passivos em circuitos secundários (220 V) de redes de distribuição [66] .................................................................................................................................. 92 3.1.21 - Desenvolvimento e aplicação de filtros harmônicos em circuitos secundários de distribuição (220 V) [67] ......................................................................................................................................... 93 3.1.22 - Análise e implementação de filtros harmônicos passivos sintonizados em Alimentadores de distribuição [68] .................................................................................................................................. 93 4 3.1.23 - Desenvolvimento de software para simulação e análise dos distúrbios da qualidade da energia elétrica no contexto do PRODIST [69] ................................................................................... 93 3.2 - Artigos técnico-científicos relacionados ao tema deste relatório ............................................... 94 3.2.1 - Artigo 01 [70] ........................................................................................................................... 94 3.2.2 - Artigo 02 [71] ........................................................................................................................... 94 3.2.3 - Artigo 03 [72] ........................................................................................................................... 95 3.2.4 - Artigo 04 [73] ........................................................................................................................... 95 3.2.5 - Artigo 05 [74] ........................................................................................................................... 96 3.2.6 - Artigo 06 [75] ........................................................................................................................... 97 3.2.7 - Artigo 07 [76] ........................................................................................................................... 97 3.2.8 - Artigo 08 [77] ........................................................................................................................... 98 3.2.9 - Artigo 09 [78] ........................................................................................................................... 99 3.2.10 - Artigo 10 [79] ......................................................................................................................... 99 3.2.11 - Artigo 11 [80] ....................................................................................................................... 100 3.2.12 - Artigo 12 [81] ....................................................................................................................... 101 4 - Conclusões ........................................................................................................................................... 101 5 - Referências Bibliográficas ................................................................................................................... 102 5 1 - Considerações iniciais Visando o aperfeiçoamento da regulamentação brasileira direcionada aos sistemas de distribuição de energia elétrica, os trabalhos referentes ao contrato ANEEL-FAU no 179/2013 têm por objetivo a realização de serviços técnicos de consultoria para suporte às ações da SRD/ANEEL na regulamentação dos fenômenos relacionados à qualidade do produto nas redes de distribuição de energia elétrica. Diante do exposto, os objetivos principais associados aos trabalhos a serem realizados consistem no fornecimento de subsídios para o aprimoramento dos aspectos da qualidade do produto no âmbito dos Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional – PRODIST, de forma a possibilitar à ANEEL acompanhar e regular a qualidade do produto considerando fenômenos como desequilíbrios de tensão, distorções harmônicas, flutuação de tensão e variações de tensão de curta duração. Os trabalhos a serem realizados compreendem os seguintes produtos: Produto 1 - Revisão bibliográfica atualizada contendo os principais regulamentos internacionais, normas consideradas importantes, pesquisas e trabalhos já realizados no Brasil e no exterior relacionados com a qualidade do produto; Produto 2 - Definição dos indicadores para os fenômenos Desequilíbrio de tensão, Harmônicos, Flutuação de tensão e Variações de tensão de curta duração, incluindo o aprimoramento ou inclusão de indicadores que possam ser utilizados para avaliação da qualidade do produto no âmbito da distribuição de energia elétrica no Brasil; Produto 3 - Definição do procedimento de medição para cada um dos fenômenos associados com a qualidade do produto; Produto 4 - Definição dos padrões de referência para os fenômenos desequilíbrio de tensão, distorções harmônicas, flutuação de tensão e variações de tensão de curta duração; Produto 5 - Definição dos procedimentos para acompanhamento da qualidade do produto na distribuição de energia elétrica, considerando-se os indicadores associados aos fenômenos desequilíbrio de tensão, distorções harmônicas, flutuação de tensão e variações de tensão de curta duração; Produto 6 - Proposições para o estabelecimento dos critérios mínimos para regulamentação dos padrões exigidos pelas distribuidoras quando da conexão de 6 acessantes potencialmente perturbadores ou de acessantes sensíveis a distúrbios na rede; Produto 7 - Proposta de texto para a revisão dos módulos 1, 3, 6 e 8 dos Procedimentos de Distribuição; Produto 8 - Apresentação dos resultados finais dos trabalhos desenvolvidos. No presente relatório serão abordados os assuntos associados com o Produto 1, o qual está associado com a revisão bibliográfica atualizada contendo os principais regulamentos internacionais, normas consideradas importantes, pesquisas e trabalhos já realizados no Brasil e no exterior relacionados com a qualidade do produto. 1.1 - Objetivos específicos do primeiro relatório Com base nas diretivas apresentadas, este relatório tem por objetivo apresentar a revisão bibliográfica contendo os principais regulamentos internacionais, normas consideradas importantes, assim como pesquisas já realizadas no Brasil e no exterior relacionados à qualidade do produto. Dessa forma, o presente documento se caracteriza como sendo o “Produto 1” dos serviços identificados no Edital ANEEL no 46/2013. Os principais pontos abordados neste documento são: Apresentação e análise crítica de normas e regulamentos nacionais e internacionais; Caracterização dos principais documentos e orientações propostas por entidades internacionais; Levantamento das principais pesquisas realizadas no Brasil e exterior que contribuam para o processo de aperfeiçoamento dos requisitos da qualidade do produto. 2 - Análise de regulamentos e normas nacionais e internacionais Esta seção se destina à análise comparativa entre regulamentos e normas nacionais e internacionais relacionadas à qualidade do produto, tendo em vista o levantamento do 7 estado atual dos procedimentos para a definição, avaliação, medição e eventuais penalizações para cada um dos distúrbios que podem causar degradação nas condições de fornecimento de energia elétrica. 2.1 - Normas e regulamentações nacionais No Brasil, a regulamentação da qualidade do produto pode ser estratificada de duas formas, uma visando a normatização do assunto no âmbito do sistema interligado nacional (Rede Básica) e outra no âmbito dos sistemas de distribuição de energia elétrica. Para o caso da Rede Básica, a regulamentação existente no país resume-se aos submódulos 2.8 e 3.6 dos Procedimentos de Rede [1], elaborados sob a coordenação do Operador Nacional do Sistema Elétrico e aprovados pela ANEEL. Em relação ao segmento da distribuição de energia elétrica, a regulamentação existente encontra-se disponível nos Módulos 3 e 8 dos Procedimentos de Distribuição [2]. Tanto para o caso da Rede Básica quanto para os sistemas de distribuição de energia elétrica, os critérios relacionados com a qualidade do produto podem ser estratificados em critérios de acesso e critérios de gerenciamento dos indicadores da qualidade do produto, conforme mostrado Tabela 1. Tabela 1 – Documentos de regulamentação da qualidade do produto no Brasil. Setor Aplicação Acesso Rede Básica Gerenciamento Acesso Distribuição Gerenciamento Documento Submódulo 3.6 - Requisitos técnicos mínimos para a conexão às instalações de transmissão Submódulo 2.8 - Gerenciamento dos indicadores de desempenho da rede básica e de seus componentes Módulo 3 – Acesso aos sistemas de distribuição Módulo 8 – Qualidade da energia elétrica Em se tratando de documentos amplamente divulgados e de pleno conhecimento por parte dos diversos agentes nacionais, neste tópico serão apresentadas e discutidas apenas as principais diferenças entre os citados documentos para cada um dos fenômenos relacionados com a qualidade do produto. Inicialmente, merece destaque o fato de que nos Procedimentos de Distribuição não existem limites publicados para os diversos indicadores associados com a qualidade do 8 produto. Com exceção das variações de tensão em regime permanente, para as quais existem limites, prazos de regularização e penalidades, os demais indicadores possuem apenas valores de referência, sem nenhum tipo de penalização ou obrigação quando da violação dos referidos valores. Em contrapartida, os Procedimentos de Rede apresentam limites claramente estabelecidos, porém, sem penalidades diretas. Ao invés disso, são estabelecidas obrigações para correção das divergências encontradas em relação aos diversos indicadores da qualidade do produto. A Tabela 2 apresenta um resumo em relação aos dois documentos. Tabela 2 – Comparativo Procedimentos de Distribuição x Procedimentos de Rede. Valores de Documento Indicador Limites Penalidades referência Distorções harmônicas SIM NÃO NÃO Desequilíbrios de tensão SIM NÃO NÃO Procedimentos Flutuações de tensão SIM NÃO NÃO de Distribuição Variações de tensão de curta NÃO NÃO NÃO duração Distorções harmônicas NÃO SIM Indiretas (*) Desequilíbrios de tensão NÃO SIM Indiretas (*) Procedimentos Flutuações de tensão NÃO SIM Indiretas (*) de Rede Variações de tensão de curta NÃO NÃO Indiretas (*) duração (*) Obrigações relacionadas com a correção das violações identificadas. Cabe destacar na Tabela 2 que tanto nos Procedimentos de Distribuição, quanto nos Procedimentos de Rede, não são indicados valores de referência, ou limites, para o fenômeno das variações de tensão de curta duração (VTCD). No entanto, o submódulo 2.8 dos Procedimentos de Rede, como será mostrado no Relatório 2/8, define os critérios e padrões de estratificação dos eventos de VTCD a serem considerados pelos diversos agentes. Outra comparação importante a ser realizada entre os Procedimentos de Rede e os Procedimentos de Distribuição diz respeito à terminologia empregada para os diversos indicadores da qualidade do produto, conforme mostrado na Tabela 3. Tabela 3 – Terminologia Adotada Terminologia Indicador Procedimentos de Rede Notação Notação DTHTS95% Designação Distorção de Tensão Harmônica Total DTHT Percentil Semanal 95% Vn Tensão harmônica individual DITh% DTHT% Distorção Harmônica de Tensão Procedimentos de Distribuição DTT% - Designação Distorção Harmônica Total de Tensão Distorção harmônica individual de tensão de ordem h 9 K Desequilíbrio de Tensão Flutuações de Tensão KS95% FD Indicador de Severidade de Cintilação de Curta Duração Pst Plt Indicador de Severidade de Cintilação de Longa Duração Plt PstD95% Pst – Percentil Diário 95% PstD95% PltS95% Plt – Percentil Semanal 95% PltS95% AMT EMT ITT ATT ETT Interrupção Momentânea de Tensão Afundamento Momentâneo de Tensão Elevação Momentânea de Tensão Interrupção Temporária de Tensão Afundamento Temporário de Tensão Elevação Temporária de Tensão Fator de Desequilíbrio - Pst IMT Variações de Tensão de Curta Duração Fator de Desequilíbrio de Tensão Fator de Desequilíbrio de Tensão – Percentil Semanal 95% IMT AMT EMT ITT ATT ETT Indicador de Severidade de Cintilação de Curta Duração Indicador de Severidade de Cintilação de Longa Duração Pst – Percentil Diário 95% Plt – Percentil Semanal 95% Interrupção Momentânea de Tensão Afundamento Momentâneo de Tensão Elevação Momentânea de Tensão Interrupção Temporária de Tensão Afundamento Temporário de Tensão Elevação Temporária de Tensão Conforme observado na Tabela 3, para o caso dos fenômenos associados com a Distorção Harmônica de Tensão e com os Desequilíbrios de Tensão existem divergências nas terminologias utilizadas pelos documentos. A Tabela 4 apresenta um comparativo entre os valores de referência e limites adotados. Tabela 4 – Comparativo entre os limites indicados nos Procedimentos de Rede e valores de referência apresentados nos Procedimentos de Distribuição Indicador DTHT% ou DTT% DTHTS95% V2% ou DIT2% V3% ou DIT3% V4% ou DIT4% V5% ou DIT5% V6% ou DIT6% V7% ou DIT7% V8% ou DIT8% V9% ou DIT9% V10% ou DIT10% V11% ou DIT11% V12% ou DIT12% V13% ou DIT13% Procedimentos de Rede Limites Globais Individuais 13,8 kV < Vn Vn < 69 kV Vn > 69 kV Vn > 69 kV < 69 kV Procedimentos de Distribuição Valores de Referência 1 kV < Vn 13,8 kV < 69 kV < Vn < 1 kV < 13,8 Vn < 69 Vn < 230 kV kV kV - - - - 10,0 % 8,0 % 6,0 % 3,0 % 6,0 % 2,0 % 5,0 % 2,0 % 5,0 % 2,0 % 5,0 % 1,0 % 3,0 % 1,0 % 3,0 % 1,0 % 3,0 % 3,0 % 1,0 % 2,0 % 0,5 % 2,0 % 0,5 % 2,0 % 0,5 % 1,5 % 0,5 % 1,5 % 0,5 % 1,5 % 3,0 % 0,6 % 1,5 % 0,6 % 1,5 % 0,6 % 1,5 % 0,6 % 1,5 % 0,6 % 1,5 % 0,6 % 1,5 % 1,5 % 0,3 % 0,6 % 0,3 % 0,6 % 0,3 % 0,6 % 0,3 % 0,6 % 0,3 % 0,6 % 0,3 % 0,6 % 2,5 % 6,5 % 1,5 % 7,5 % 1,0 % 6,5 % 1,0 % 2,0 % 1,0 % 4,5 % 1,0 % 4,0 % 2,0 % 5,0 % 1,0 % 6,0 % 0,5 % 5,0 % 0,5 % 1,5 % 0,5 % 3,5 % 0,5 % 3,0 % 1,5 % 4,0% 1,0 % 4,5 % 0,5 % 4,0 % 0,5 % 1,5 % 0,5 % 3,0 % 0,5 % 2,5 % 1,0 % 2,0 % 0,5 % 2,5 % 0,5 % 2,0 % 0,5 % 1,0 % 0,5 % 1,5 % 0,5 % 1,5 % 10 V14% ou DIT14% V15% ou DIT15% V16% ou DIT16% V17% ou DIT17% V18% ou DIT18% V19% ou DIT19% V20% ou DIT20% V21% ou DIT21% V22% ou DIT22% V23% ou DIT23% V24% ou DIT24% V25% ou DIT25% FD% ou K% KS95% Flutuação de Tensão 1,0 % 2,0 % 1,0 % 2,0 % 1,0 % 2,0 % 1,0 % 2,0 % 1,0 % 2,0 % 1,0 % 2,0 % - 0,5 % 1,0 % 0,5 % 1,0 % 0,5 % 1,0 % 0,5 % 1,0 % 0,5 % 1,0 % 0,5 % 1,0 % - 0,6 % 1,5 % 0,6 % 1,5 % 0,6 % 1,5 % 0,6 % 1,5 % 0,6 % 1,5 % 0,6 % 1,5 % - 2,0 % Todos os níveis de tensão 0,3 % 0,6 % 0,3 % 0,6 % 0,3 % 0,6 % 0,3 % 0,6 % 0,3 % 0,6 % 0,3 % 0,6 % 1,5% - - Inferior Superior - - - - - - PstD95% 1,0 pu / FT 2,0 pu / FT - - PltS95% 0,8 pu / FT 1,6 pu / FT - - Pst Plt FT (Vn > 230 kV) (*) FT (69 kV < Vn < 230 kV) FT (Vn < 69 kV) 1,0 % 0,5 % 0,5 % 1,0 % 0,5 % 0,5 % 1,0 % 0,5 % 0,5 % 2,5 % 2,0 % 1,5 % 1,0 % 0,5 % 0,5 % 2,0 % 1,5 % 1,5 % 1,0 % 0,5 % 0,5 % 1,0 % 0,5 % 0,5 % 1,0 % 0,5 % 0,5 % 2,0 % 1,5 % 1,5 % 1,0 % 0,5 % 0,5 % 1,5 % 1,0 % 1,0 % 2,0 % Todos os níveis de tensão Adequad Precário Crítico o >1,0 < 1,0 pu / pu/FT e > 2,0 pu / FT < 2,0 FT pu/FT >0,8 < 1,0 pu / pu/FT e > 1,6 pu / FT < 1,6 FT pu/FT 0,65 0,65 0,80 0,80 1,00 1,00 0,5 % 0,5 % 0,5 % 1,0 % 0,5 % 1,0 % 0,5 % 0,5 % 0,5 % 1,0 % 0,5 % 0,5 % - - (*) FT = Fator de transferência. Sobre o fenômeno das flutuações de tensão, cabe destacar que as definições, indicadores e limites, assim como os Fatores de Transferência, utilizados no módulo 8 do PRODIST foram fielmente reproduzidos do submódulo 2.8 dos Procedimentos de Rede [1], utilizados para regulamentação do assunto na Rede Básica. Entretanto, diferentemente dos sistemas de transmissão, a utilização do Fator de Transferência nos sistemas de distribuição de energia elétrica não se apresenta como um procedimento adequado. A explicação para essa afirmativa baseia-se na principal ferramenta utilizada pelas distribuidoras de energia elétrica para melhoria da qualidade do serviço, ou seja, o remanejamento de carga. Tal ferramenta é utilizada de tal forma, e com tanta frequência, que a topologia da rede verificada em um determinado instante poderá estar fortemente alterada alguns minutos mais tarde, principalmente em dias com grande incidência de chuvas e ventos. Em certos casos, a quase totalidade das cargas de um determinado alimentador pode ser transferida para outra subestação quando em condições de contingência. De fato, a topologia dos alimentadores de distribuição tem uma dinâmica muito expressiva ao longo dos dias. Assim, portanto, não é possível definir com uma boa assertividade Fatores de Transferência para as redes de distribuição de forma a quantificar corretamente as amplitudes associadas ao fenômeno da flutuação de tensão. 11 Além da questão da dinâmica da topologia das redes, deve-se considerar também que as impedâncias verificadas nos sistemas de distribuição são bastante distintas daquelas verificadas nos sistemas de transmissão, de tal forma que não seria possível a utilização dos mesmos valores para os Fatores de Transferência em ambos os sistemas. Por fim, deve-se considerar também que nos sistemas de distribuição de energia elétrica as fontes de flutuação de tensão encontram-se não somente de forma centralizada (AT e MT), mas também (e principalmente) de forma distribuída na BT, ou mesmo na MT, de forma que a propagação do fenômeno pode ser na direção inversa daquela considerada na Rede Básica, ou seja, da baixa tensão para as tensões mais elevadas. Considerações adicionais referentes à questão das flutuações de tensão e seus indicadores serão objeto de análises e proposições nos próximos relatórios associados ao presente trabalho. Finalmente, além das diferenças apresentadas nas Tabelas 1, 2, 3 e 4, tem-se que os Procedimentos de Rede, diferentemente dos Procedimentos de Distribuição, apresentam em seu documento relacionado ao acesso à Rede Básica, critérios muito mais rígidos, seja em termos de limites ou obrigações, do que aqueles referenciados nos critérios de acesso aos sistemas de distribuição. Assim, além do submódulo 3.6 propriamente dito, o qual apresenta os requisitos técnicos mínimos para a conexão de acessantes às instalações de transmissão, o ONS elaborou e disponibilizou o documento intitulado “Instruções para realização de estudos e medições de QEE relacionados aos novos acesso à rede Básica” [3], o qual apresenta detalhadamente todas as ações a serem desenvolvidas, seja através de medições ou simulações, visando o estudo de viabilidade de acesso para instalações potencialmente perturbadoras à Rede Básica. 2.2 - Regulamentações internacionais São apresentados a seguir os regulamentos internacionais utilizados para fins da elaboração do presente documento. Após as pesquisas bibliográficas iniciais, os estudos mais detalhados culminaram por explorar os documentos abaixo relacionados: Estados Unidos – (USA); Canadá – (CAN); Europa – (EU CENELEC): a norma técnica EN 50160:2010, a qual estabelece os procedimentos comuns a serem empregados no contexto europeu; França – (FRA); África do Sul – (ZAF): o documento NRS 048 faz parte das normas mais atuais e contempla várias diretrizes estabelecidas por outras normas conhecidas no cenário internacional; 12 Peru – (PER): a norma peruana NTCSE apresenta aspectos relevantes para os países da América do Sul; Argentina – (ARG): o documento ENRE 465/96, o qual se apresenta relevante para a América do Sul; Japão – (JPN); China – (CHN); Austrália – (AUS). 2.2.1 - Estados Unidos A regulamentação nos Estados Unidos é realizada com base na adoção das normas destacadas na Tabela 5. A título de ilustração foram destacadas as correspondentes normas IEC que avaliam o mesmo índice de QEE [4]. A descrição dessas normas pode ser encontrada no item 2.4 deste relatório. Tabela 5 - Normas adotadas pelos órgãos reguladores e concessionárias nos Estados Unidos. Parâmetro Ambiente Eletromagnético Harmônica Flutuação Desequilíbrio Equipamento de Medição Publicação IEC Publicação adotada - EUA IEC 61000-2-2 IEC 61000-2-12 IEC 61000-3-2 IEC 61000-3-12 IEC/TR 61000-3-6 IEC 61000-3-3 IEC 61000-3-11 IEC/TR 61000-3-7 IEC 61000-3-13 IEC 61000-4-7 IEC 61000-4-15 IEC 61000-4-30 IEEE 519 IEEE 519 IEEE 1453 IEEE 1453 (519) ANSI C84.1 IEEE 519 IEEE 1453 IEEE 1159 2.2.2 - Canadá 13 Histórico da regulamentação As publicações de QEE e compatibilidade eletromagnética (EMC) veem ganhando força e importância no cenário mundial. No que diz respeito à regulamentação de qualidade da energia elétrica no Canadá, cada concessionária de energia elétrica pertencente a uma determinada província tem autonomia para estabelecer suas próprias regras. A Tabela 6, por exemplo, destaca as normas utilizadas pelas empresas na província de Alberta, considerando o fenômeno da distorção harmônica. Questões específicas devem ser dirigidas a cada empresa. Nesse sentido, a empresa de transmissão e distribuição, ATCO Electric, a qual atua em uma região específica da província de Alberta, será utilizada para descrever a regulamentação no setor de QEE no Canadá. Tabela 6 - Normas de cada empresa da província de Alberta em relação a harmônicas. Empresa Normas EPCOR Distribution Inc CAN/CSA – C61000-3-6:04 Electromagnetic Compatibility (EMC) – Part 3: Limits-Section 6: Assessment of emission limits for distorting loads in MV and HV power systems – Basic EMC publication. CAN/CSA – C61000-2-4:04 Electromagnetic Compatibility (EMC) – Part 2-4: Environment – Compatibility levels in industrial plants for low frequency conducted disturbances. ATCO Electric Distribution System Standard for the Installation of New Load. IEEE Std. 519 – IEEE Recommended Practices and REquirements for Harmonic Control in Electrical Power Systems CAN/CSA – C61000-3-6:04 Electromagnetic compatibility (EMC)- Part 3: Limits – Section 6: Assessment of emission limits for distorting loads in MV and HV power systems – Basic EMC publication. IEEE Std. 519 and Guide 519A ENMAX Distribution IEEE Std. 519 FortisAlberta IEEE Std. 519 Lethbridge Distribution IEEE Std. 519 Red Deer Distribution IEEE Std. 519 ATCO Electric Distribution 14 2.2.2.1) ATCO Electric - Canadá Histórico da regulamentação A regulamentação da ATCO Electric [5] é baseada nas normas CSA/IEC. A norma CSA tem adotado muito das séries IEC 1000 (com pouca alteração) como normas de abrangência nacional do Canadá. Indicadores definidos pelo regulamento técnico No que se refere à qualidade do produto, os respectivos fenômenos são analisados: Tensão permanente; Distorção Harmônica; Flutuação de tensão; Notching; Inter-harmônica; Desequilíbrio de tensão. Procedimento de medição O equipamento de medição deve estar conforme o protocolo CSA Power Quality Protocol, o qual é baseado no cálculo eficaz de cada índice de qualidade sobre janela continua e síncrona de 12 ciclos. A janela de 12 ciclos tem sido adotada nas normas IEC para sistemas 60 Hz. Esta informação de 12 ciclos pode ser processada em intervalos de 3 segundos, 10 minutos e 2 horas para cada índice (exceto para avaliação de flutuação de tensão, duração de afundamentos, etc). Em particular, medições de harmônicas e interharmônicas devem seguir a CAN/CSA – CEI/IEC 61000-4-7:03 [6]. Através de comparação dos índices de performance em regime permanente antes e depois do acesso da carga ao sistema, o impacto na rede elétrica pode ser avaliado. Em casos de não concordância com os níveis de planejamento, uma análise mais detalhada pode ser solicitada para isolar a contribuição da nova carga ao índice global. Por exemplo, a fim de comparar os níveis de inter-harmônica/harmônica com os níveis de planejamento, o período mínimo de medição deve ser de uma semana. O maior valor diário (95%) de Uh,vs (valor eficaz da componente harmônica individual em períodos de 3s) não deve exceder o nível de planejamento; 15 O máximo valor semanal de Uh,sh (valor eficaz das componentes harmônica individual em períodos de 10 minutos) não deve exceder o nível de planejamento; O máximo valor semanal de Uh,vs não deve exceder 1,5 a 2 vezes o nível de planejamento. Com exceção dos limites de tensão em regime permanente, flutuação de tensão e desequilíbrio de tensão, a maioria dos índices segue o mesmo critério de avaliação acima. Limites utilizados para os indicadores A. Tensão em regime permanente ATCO Electric mantém a tensão de regime permanente dentro dos seguintes limites conforme estipulado pela CSA CAN3 C235 [7], Tabela 7. O tempo de duração da amostra é de 10 minutos e as probabilidades são de acordo com o protocolo CEA PQ [8]. Tabela 7 - Tensões recomendadas pela CSA CAN3 C235. Tipo Monofásico Trifásico 4 Condutores Vf-n/Vf-f Trifásico 3 Condutores Vf-f % 10 minutos Tensão mínima (99,9%) 106 212 424 530 110/190 220/380 245/424 306/530 212 424 Tensão mínima (95%) 110 220 440 550 112/194 224/194 254/440 318/550 220 440 Tensão declarada (Vd) 120 240 480 600 120/208 240/416 277/480 347/600 240 480 Tensão máxima (95%) 125 250 500 625 125/216 250/432 288/500 360/625 250 500 Tensão máxima (95%) 127 254 508 635 127/220 254/440 293/508 367/635 254 508 530 550 600 625 635 -11,7 -8,3 - +4,2 +5,5 De acordo com a norma IEEE Std. 1159 [9], variações de tensão de longa duração são aquelas com tempo de duração maiores que 1 minuto. 16 B. Tensão harmônica para a concessionária Ambos, consumidor e a ATCO Electric, são responsáveis por assegurar a distorção de tensão harmônica dentro dos limites. Juntos, eles devem assegurar que a distorção para harmônica individual de tensão não irá exceder os valores listados na Tabela 8 para 95% a 99,99% do tempo. Os valores são eficazes e com intervalos de amostras de 3 segundos e 10 minutos. Para cargas com ponto de acoplamento na rede de média tensão no sistema de distribuição, os limites apresentados na Tabela 8 se aplicam. O acesso de uma nova carga ao sistema não pode causar distorção de tensão que exceda estes limites. Estes limites são aplicados por fase no ponto de acoplamento comum sob a condição de estarem todas as cargas em regime permanente. Tabela 8 - Níveis de planejamento para limites individual de tensão harmônica pela CAN/CSA C61000 3-6:04 [10] para rede de média tensão. Ordem Harmônica 2 4 6 8 10 12 >12 (pares) 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 % Nível da fundamental em 95% de probabilidade IVHn(3s) 1,6 1,0 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 4 5 4 1,2 3 2,5 0,3 1,6 1,2 0,2 1,2 1,2 0,7 % Nível da fundamental em 99,99% de probabilidade IVHn(3s) 2,4 1,5 0,75 0,75 0,75 0,75 0,75 6,0 7,5 6 1,8 4,5 3,75 0,45 2,4 1,8 0,3 1,8 1,8 1,05 % Nível da fundamental em 99,99% de probabilidade IVHn(10min) 1,6 1,0 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 4 5 4 1,2 3 2,5 0,3 1,6 1,2 0,2 1,2 1,2 0,7 17 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 0,63 0,60 0,59 0,56 0,54 0,52 0,50 0,49 0,48 0,46 0,45 0,95 0,90 0,87 0,84 0,81 0,78 0,76 0,74 0,72 0,70 0,68 0,63 0,60 0,59 0,56 0,54 0,52 0,50 0,49 0,48 0,46 0,45 Além dos limites apresentados pela Tabela 7, a distorção harmônica de tensão pode ser também avaliada através do fator de distorção. O termo é similar a distorção total harmônica (THD), conforme definido pela norma IEEE 519 [9]. O fator de distorção, DF é fornecido pela equação (1). 50 DF IVH n2 IVH 1 2 n (1) 100% Os limites aplicados são apresentados pela Tabela 9 para níveis de tensão MT e BT. Tabela 9 - Limites para distorção de tensão de acordo com IEC 1000 3-6 [11] para circuitos MT e BT. Fator Referencia Probabilidade % DF DF instantâneo baseado em uma janela de 12 ciclos Informação não disponível DF3s DF3s DF10min Valor de frequência cumulativa (99,99%) do DF eficaz calculado em um intervalo de 3 segundos Valor de frequência cumulativa (95%) do DF eficaz calculado em um intervalo de 3 segundos Valor de frequência cumulativa (99,99%) do DF eficaz calculado em um intervalo sincronizado de 10 minutos Limite % Informação não disponível 99,99 13,0 95 6,5 99,99 6,5 18 C. Flutuações de Tensão A Tabela 10 detalha os limites de flutuação de tensão conforme definido pela CAN/CSA C61000-3-7:04 [12]. Tabela 10 - Índice de compatibilidade de cintilação luminosa e níveis de planejamento . Indicador Pst Plt Nível de Compatibilidade Nível de Planejamento Nível de Planejamento BT e MT 1,0 0,8 BT e MT 0,9 0,7 AT 0,8 0,6 A duração mínima para as medições é de uma semana, resultando em 1008 leituras de minutos do índice de Pst. Através dos valores medidos de Pst, a função de probabilidade acumulativa de Pst e Plt é calculada e os percentis Pst95%, Pst99%, Plt95% e Plt99% são calculados, tendo-se que: Pst99% não deve exceder os níveis de planejamento; Plt99% não deve exceder os níveis de planejamento. Eventos não controláveis, tais como faltas no sistema influenciam na informação medida. Estes eventos, segundo a norma em vigor, devem ser descartados. O nível de emissão de uma carga perturbadora é o nível de flutuação de tensão, o qual seria produzido no sistema no caso de ausência de qualquer outra carga causadora de flutuação de tensão. Para determinar a contribuição de uma carga, seguem-se os procedimentos estabelecidos pela CAN/CSA C61000 3-7:04 [12]. O nível de flutuação de tensão permitido representa uma limitação fisiológica, a qual é relevante somente para frequências acima de 6 flutuações de tensão por hora. A frequência de uma partida por hora de um motor de indução, por exemplo, não é considerado um problema de flutuação de tensão para o caso onde a amplitude da variação de tensão seja menor que 9%. Entretanto, uma variação de tensão com amplitude de 9% seria considerado excessivo sob o ponto de vista do sistema. Por esta razão, limitações adicionais no número de variações de tensão diária são fornecidas pela Tabela 11 para redes de média tensão. 19 Tabela 11 - Frequência de flutuação de tensão permitida diariamente para sistemas em média tensão. Frequência de Flutuação de Tensão (repetições por hora) r<1 1<r<10 9<r<101 100<r<1000 % Flutuação de Tensão (Rede Urbana) % Flutuação de Tensão (Rede Rural) 4 3 2 1,25 6 4 2,5 1,25 D. Notching Para aplicações onde o ponto de acoplamento comum está localizado no lado de baixa tensão do transformador, os limites de notching são aplicados de acordo com a Tabela 12. Notches (ou cortes de tensão) são transitórios repetitivos de tensão com duração geralmente menor que um microssegundo, ocorrendo de forma periódica em todo ciclo. As medições de notch devem ser realizadas durante comissionamento. Tabela 12 - Limites de notching. Tensão do Barramento 120/208 277/480 346/600 2400/4160 Profundidade Notch (NDF) % 20 20 20 20 Área do Notch (NAF) Volt-microsegundos 9880 22800 28500 197600 E. Inter-harmônica de tensão O protocolo CEA define como as componentes de frequência inter-harmônicas são medidas. Uma janela de 12 ciclos (resolução de 5 Hz) é utilizada como base para avaliação do índice denominado como fator de inter-harmônica parcial, PIHn, definido pela equação (2). 20 x 1 PIH n IVH x 0 2 n x (2) IVH 1 Onde n = Ordem harmônica; IVH1: magnitude da tensão fundamental. Se n = 0, então calcula-se o valor eficaz de tensão de todas componentes de frequência maior que 0 e menor que a fundamental (60 Hz) e divide-se por IVH1. Se n = 1, calcula-se o valor eficaz de tensão de todas componentes de frequência maior que a fundamental e menor que 120 Hz. Componentes com frequências inter-harmônicas podem causar problemas de flutuação de tensão, vibração de motor, interferência com a rede de sinalização, assim como outros problemas em equipamentos diversos. A Tabela 13 destaca os limites considerados. Tabela 13 - Limites para tensão inter-harmônica parcial. Fator PIHn PIHn(3s) PIHn(3s) Referencia Inter-harmônica parcial de ordem n calculada em uma janela de 12 ciclos Inter-harmônica parcial de ordem n calculada em uma janela de 3 segundos Inter-harmônica parcial de ordem n calculada em uma janela de 3 segundos Probabilidade Limite % % 99,99 0,60 95 0,30 99,99 0,45 De acordo com a tabela 13, qualquer medição individual do fator PIH não deve exceder 0,6% em uma janela de 12 ciclos, e similarmente 0,30% em um intervalo de 3 segundos. O limite de planejamento para uma inter-harmônica individual é igual a 0,2% da fundamental tanto no ponto de acoplamento comum quanto no ponto de interconexão próximo a entrada de serviço da ATCO Electric, o qual geralmente é o ponto de medição da concessionária. F. Desequilíbrios de tensão O desequilíbrio de tensão (VUF) representa a perda de simetria na rede (amplitude e ângulo) e é calculada pela medição da relação entre a tensão de sequência negativa e a tensão de sequência positiva. Um intervalo de dez minutos é usado para avaliar o índice VUF. A Tabela 14 destaca os limites considerados. 21 Tabela 14 - Limites para desequilíbrio de tensão para MT e BT. Fator VUF3s VUF3s VUF10min Probabilidade Limite % % Referencia Desequilíbrio de tensão registrado em um intervalo de 3s Valor acumulativo (95%) da tensão de desequilíbrio Valor acumulativo (95%) da tensão de desequilíbrio de acordo com as normas NEMA e CENELEC 99,99 4,5 95 3,0 95 2,0 G. Fator de Crista O fator de crista é a relação entre a tensão de pico e seu valor eficaz. Existem dois fatores que definem o fator de crista conforme IEEE 446-87 [13]: Fator de variação de crista, CFv, o qual define a variação de tempo na amplitude do fator de crista o qual não deve exceder 0,5%. Valores maiores têm sido identificados como causadores de flicker em TVs; Fator de amplitude de crista, CFa, o qual define a amplitude do fator de crista. Os limites do fator de crista são apresentados na Tabela 15. Tabela 15 - Limites para fator de crista. Fator CFv CFa Referencia Fator da variação de crista de acordo com IEEE 446-1987 medido em 10 segundos Amplitude do fator de crista de acordo com IEEE 446 Probabilidade % Limite % 99,99 0,5 99,99 ±7,1 Diferenciação de limites devido a particularidades regionais e especificidades econômicas Conforme apresentado anteriormente, alguns indicadores de QEE apresentam variações em função das características locais da rede elétrica, particularmente em sistemas isolados. 22 Procedimentos para regularização Os procedimentos para regularização são definidos de forma específica por cada concessionária situada em uma determinada província do Canadá. Todavia, apesar das diferenças, as regras aplicadas são similares às definidas pela ATCO Electric. Penalidades para a ultrapassagem dos valores limites A ATCO Electric define critérios para definir as responsabilidades de mitigação de um determinado índice de qualidade. Por exemplo, quando da constatação de alguma distorção interharmônica/harmônica da tensão, a ATCO Electric realiza medição de corrente e tensão inter-harmônica/harmônica em vários pontos do sistema para determinar o ponto de emissão. Caso constatado que os limites de emissão de corrente e/ou os limites de tensão distorcida foram excedidos pelo consumidor, e as características da impedância fornecida pela concessionária ainda se encontra dentro das tolerâncias, o consumidor será notificado para corrigir a distorção de corrente. Caso outros consumidores, incluindo a ATCO Electric, estejam sendo impactados pela geração de inter-harmônica/harmônica de forma excessiva, a operação do consumidor será comprometida até que se instale algum equipamento de correção. Procedimentos para conexão de acessantes Os seguintes procedimentos são adotados pela ATCO Electric: Solicitação de informação inicial para o consumidor, ou seja, detalhes do projeto da instalação (localização, se a carga é linear ou não linear, tipo e KW/KVA de todas as cargas novas e já existentes maior que 2% da planta total, existência de dispositivos de mitigação, etc). Definição da categoria da carga do acessante: Categoria A ou B. Para tanto, a ATCO Electric adota um critério para identificar a categoria de um determinado consumidor. Em síntese, a maioria das cargas lineares são classificadas como categoria A, e as não lineares como categoria B. Após classificar o consumidor, a ATCO Electric adota procedimentos (para cada categoria) a serem obedecidos pelo consumidor acessante. 23 2.2.3 – Europa: CENELEC EN 50160 - 2010 Histórico da regulamentação Em 1969, o CENELEC (European Committee for Electrotechnical Standardization) e a IEC (International Electrotechnical Commission) formaram comitês para analisar os efeitos dos harmônicos causados por circuitos eletrônicos usados em equipamentos domésticos. Assim, surgiu a primeira norma (EN50006), aprovada pelo CENELEC em 1975 e adotada por 14 países europeus. Posteriormente, em 1982, os alemães lideraram um movimento para a substituição da EN50006 pelo documento IEC-555, o qual se constituía em uma norma de maior abrangência. Em dezembro de 1991, o CENELEC, fundamentado na IEC-555-2, aprovou um documento que dá as diretrizes para os padrões de qualidade para os países europeus. Este último documento recebeu a sigla EN605552-2. Em 1993, novamente, foi iniciado pelo CENELEC um processo de revisão, que culminou, em 1994, na norma europeia EN50160, a qual se destinava à definição das principais características a serem atendidas pela tensão nos terminais de suprimento dos consumidores nos níveis de distribuição. Desde então, este documento está em constante revisão, sendo sua versão mais atual aquela publicada no ano de 2010 [14]. Assim, esta norma, a qual se apresenta como documento base para diversos países europeus, define, descreve e especifica as características principais do fornecimento de energia em redes elétricas de baixa, média e alta tensão, em condições normais de operação. Este documento também descreve os limites dentro dos quais as características da tensão devem estar enquadradas quando do fornecimento de energia elétrica. Por fim, deve-se destacar que, de acordo com este documento, redes elétrica de baixa tensão são aquelas apresentam tensão nominal e eficaz entre fases que não excedam 1000 V; redes de média tensão se se situam na faixa de 1 kV a 35 kV; e redes elétricas em alta tensão são aquelas de tensão nominal na faixa de 36 kV a 150 kV. Indicadores definidos pelo regulamento técnico No que se refere à qualidade do produto, o documento EN 50160 define indicadores para os seguintes fenômenos: Frequência da rede elétrica: O indicador para avaliar a frequência da rede elétrica consiste no valor médio da frequência fundamental medida ao longo de 10 segundos. 24 Tensão em regime permanente: O indicador para avaliar a tensão em regime permanente consiste no valor médio da tensão eficaz medida ao longo de 10 minutos. Flutuações de tensão: Variações rápidas da tensão de fornecimento são, basicamente, provocadas por mudanças repentinas de carga ou por chaveamentos existentes no sistema. A avaliação deste fenômeno é realizada por dois indicadores: um primeiro relacionado à tensão eficaz no ponto de medição e que visa verificar a amplitude das variações; o segundo associado à flutuação de tensão, para o qual se utiliza o Índice de severidade de Flutuação de tensão de longo termo (Plt); Afundamentos/Elevações de tensão: Afundamentos de tensão são, geralmente, provocados por faltas existentes nas instalações internas de usuários da rede elétrica ou nas redes de distribuição. As elevações de tensão são tipicamente causadas por chaveamentos/desconexões de cargas. Estes fenômenos são imprevisíveis e fortemente aleatórios. A frequência anual de ocorrência tem uma ampla variação e depende do tipo de instalação e do ponto de análise. Além do mais, este indicador pode se distribuir de forma irregular ao longo do ano. Os afundamentos/elevações de tensão devem ser medidos e detectados em relação à tensão nominal de fornecimento do sistema, sendo que as características de interesse deste tipo de fenômeno são: a tensão residual para o afundamento, a máxima tensão em uma elevação e a duração. Nesse contexto, os afundamento e elevações de tensão possuem limiares iguais a, respectivamente, 90% e 110% da tensão nominal do sistema; Desequilíbrios de tensão: Os desequilíbrios de tensão são avaliados como sendo uma relação entre a componente de sequência negativa e a componente de sequência positiva da tensão de fornecimento, conforme apresentado pela equação (3). 𝐷𝑒𝑠𝑒𝑞𝑢𝑖𝑙𝑖𝑏𝑟𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 = 𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑞𝑢𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑛𝑒𝑔𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑞𝑢𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑝𝑜𝑠𝑖𝑡𝑖𝑣𝑎 (3) Distorções harmônicas: Para condições normais de operação, as distorções harmônicas de tensão são avaliadas por meio de indicadores que representam as componentes individuais e a componente total, conforme definido em (4) e (5). 25 𝑉ℎ (%) = 𝑉ℎ ∙ 100 𝑉1 (4) 40 (5) 𝑇𝐻𝐷(%) = √∑(𝑉ℎ )2 ℎ=2 Inter-harmônicas: Muito embora o presente documento apresenta uma preocupação quanto ao incremento de tensões inter-harmônicas no sistemas de distribuição, a versão atual do mesmo ainda não define um indicador especifico para a avaliação deste fenômeno. Deve-se destacar ainda que este documento sinaliza a influência deste fenômeno na produção de flutuações de tensão na rede elétrica. Procedimento de medição Os procedimentos de medição recomendados pela EN 50160 se baseiam nas informações contidas no documento IEC 61000-4-30, sendo que esta última trata exclusivamente de sistemas de medição no contexto da qualidade da energia. A agregação dos resultados deve ser realizada a partir da utilização da raiz quadrada da média aritmética dos quadrados dos valores medidos. Limites utilizados para os indicadores A. Frequência da rede elétrica: Os limites para este indicador estão apresentados na Tabela 16, para sistemas em baixa e média tensão. Tabela 16 - Limites para variação na frequência da rede elétrica – EN50160 Redes elétricas sincronizadas com um sistema interligado Baixa tensão Média tensão Alta tensão 50 Hz ± 1% (49,5 50 Hz ± 1% (49,5 50 Hz ± 1% (49,5 Hz a 50,5 Hz) Hz a 50,5 Hz) Hz a 50,5 Hz) durante 99,5% do durante 99,5% do durante 99,5% do ano ano ano 50 Hz + 4% / -6% 50 Hz + 4% / -6% 50 Hz + 4% / -6% (47,0 Hz a 52,0 Hz) (47,0 Hz a 52,0 Hz) (47,0 Hz a 52,0 Hz) 26 Redes elétricas não sincronizadas com um sistema interligado durante 100% do durante 100% do durante 100% do tempo tempo tempo 50 Hz ± 2% (49,0 50 Hz ± 2% (49,0 50 Hz ± 2% (49,0 Hz a 51,0 Hz) Hz a 51,0 Hz) Hz a 51,0 Hz) durante 95,0% do durante 95,0% do durante 95,0% do ano ano ano 50 Hz ± 15% (42,5 50 Hz ± 15% (42,5 50 Hz ± 15% (42,5 Hz a 57,5 Hz) Hz a 57,5 Hz) Hz a 57,5 Hz) durante 100% do durante 100% do durante 100% do tempo tempo tempo B. Tensão em regime permanente: Os limites definidos para este indicador estão apresentados na Tabela 17. Assim, deve-se destacar que, durante um período de medição de uma semana, 95% dos valores integralizados ao longo de períodos de 10 min devem estar situados dentro dos limites estabelecidos. Tabela 17 - Limites para variação na tensão em regime permanente – EN 50160 Baixa tensão Média tensão Alta tensão Tensão nominal ± 10% Tensão nominal ± 10% Tensão nominal ± 10% C. Flutuações de tensão: A avaliação deste indicador se encontra atrelada aos limites apresentados na Tabela 18. Tabela 18 - Variações rápidas de tensão – EN 50160 Baixa tensão Média tensão Alta Tensão Condições normais: Tensão Condições normais: Tensão - nominal ± 5% nominal ± 4% Condições especiais: Tensão Condições especiais: Tensão nominal ± 10% nominal ± 6% Plt ≤ 1, para 95% dos valores Plt ≤ 1, para 95% dos valores Plt ≤ 1, para 95% dos medidos medidos valores medidos 27 D. Afundamentos momentâneos de tensão (AMT): Sob condições operacionais normais, o número esperado de afundamentos de tensão em um ano pode ser de algumas dezenas até milhares de ocorrências. A maioria dos afundamentos momentâneos de tensão têm uma duração inferior a 1 s e uma tensão residual superior a 40%. No entanto, a afundamentos com uma maior profundidade e duração pode ocorrer eventualmente. Em algumas áreas, AMTs com amplitudes entre 85% e 90% podem ocorrer frequentemente como resultado de entradas de cargas. Muito embora o fenômeno dos afundamentos momentâneos de tensão estejam considerados, deve-se destacar que o documento EN 50160 não estabelece limites para a ocorrência destes eventos. E. Desequilíbrios de tensão: A Tabela 19 apresenta os limites para os desequilíbrios de tensão. Tabela 19 - Desequilíbrios de tensão – EN 50160 Baixa tensão Média tensão Alta tensão Os desequilíbrios de tensão Os desequilíbrios de tensão devem se encontrar no devem se encontrar no intervalo de 0 a 2 %. intervalo de 0 a 2 %. Os desequilíbrios de tensão devem se encontrar no intervalo de 0 a 2 % Em algumas áreas, as quais se caracterizam por uma grande concentração de consumidores monofásicos ou bifásicos, pode-se admitir desequilíbrios de tensão de até 3% F. Distorções harmônicas: Para condições normais de operação, os indicadores de distorções harmônicas de tensão possuem os limites apresentados nas Tabela20 e Tabela21, os quais se aplicam às redes de baixa e média tensão. Nenhum valor é estipulado para as ordens harmônicas maiores que 25, uma vez que estas, normalmente, são muito pequenas em amplitude. Todavia, deve-se ressalvar que, mesmo assim, os efeitos das componentes harmônicas são imprevisíveis devido aos efeitos de ressonância. 28 Tabela 20 - Distorções harmônicas de tensão – Baixa e média tensão – EN 50160 Harmônicos Ímpares Não-múltiplos de 3 Harmônicos Pares Múltiplos de 3 Ordem h Tensão Relativa Ordem h Tensão Relativa Ordem h Tensão Relativa 5 6% 3* 5% 2 2% 7 5% 9 1,5% 4 1% 11 3,5% 15 0,5% 6 .. 24 0,5% 13 3% 21 0,5% 17 2% - - 19 1,5% - - 23 1,5% - - 25 1,5 - - - THD 8% Tabela 21 - Distorções harmônicas de tensão – Alta tensão – EN 50160 Harmônicos Ímpares Não-múltiplos de 3 Harmônicos Pares Múltiplos de 3 Ordem h Tensão Relativa Ordem h Tensão Relativa Ordem h Tensão Relativa 5 5,0% 3 3,0% 2 1,9% 7 4,0% 9 1,3% 4 1,0% 11 3,0% 15 0,5% 6 .. 24 0,5% 13 2,5% 21 0,5% 17 Não considerada - - 19 Não considerada - - 23 Não considerada - - 25 Não considerada - - - THD 8% Diferenciação de limites devido a particularidades regionais e especificidades econômicas Conforme apresentado anteriormente, alguns indicadores de qualidade do produto apresentam variações em função das características locais da rede elétrica. Geralmente, tais fatos estão mais especificamente associados aos sistemas isolados. 29 Procedimentos para regularização Os procedimentos para regularização são definidos de forma específica por cada um dos países europeus que possuem sua regulamentação baseada na CENELEC EN 50160:2010. Penalidades para a ultrapassagem dos valores limites O documento EN 50160 não estabelece penalidades para os casos em que os limites para os indicadores de qualidade da energia elétrica são ultrapassados. Assim, as sanções são definidas, de forma especifica, por cada país europeu que possui sua regulamentação baseada neste documento. 2.2.4 - França – EDF (Eletricité de France): Contrato Emeraude Histórico da regulamentação No início dos anos 90, a crescente utilização de equipamentos eletrônicos mais sofisticados e sensíveis levou à solicitação, por parte de clientes da EDF, de elevados níveis de qualidade da energia elétrica. Assim, tendo em vista o atendimento das necessidades impostas, a EDF estabeleceu diversos contratos que visavam garantir os padrões de QEE fornecidos aos consumidores de grande e médio porte. A realização de tal prática levou, em 1994, à definição do chamado Contrato Emeraude e sua aplicação para cerca de 6000 consumidores. O contrato Emeraude aplica o princípio da compensação de clientes por danos, para o caso da empresa fornecedora de energia elétrica exceder os limites acordados para um determinado número de distúrbios em sua rede elétrica. Dessa maneira, nestes contratos, EDF garante níveis mínimos de qualidade da energia elétrica fornecida e, por outro lado, solicita aos consumidores que seus impactos não excedam níveis preestabelecidos. Caso esta última condição não seja atendida, os consumidores são obrigados a encontrar uma solução mitigadora, especialmente quando eles impactam os indicadores de QE entregues aos outros consumidores. Os limites aceitáveis para cada fenômeno de QEE são decididos a nível nacional e aprovados pela autoridade competente [15], [16]. Dessa maneira, o contrato Emeraude se tornou uma ferramenta que atende aos consumidores que exigem níveis mais elevados de QEE do que aqueles normalmente existentes nas redes elétricas francesas. Este mecanismo se aplica aos consumidores 30 conectados às redes de 1 a 50 kV, ou redes acima de 50 kV, e consiste em três diferentes modalidades: Contrato com níveis de qualidade básicos: Este contrato é utilizado par suprir a maioria dos consumidores existentes na rede elétrica da EDF. Por um período de um ano, ele cobre os níveis padrões para os indicadores de QEE; Contrato com níveis de qualidade personalizados: Este contrato é oferecido aos clientes mais sensíveis às interrupções no fornecimento de energia e aos afundamentos momentâneos de tensão, definindo um número limite para a ocorrência destes eventos na rede elétrica; Contrato do tipo “Rede Mais” (Réseau Plus): esta modalidade de contrato de fornecimento de energia se destina aos clientes que apresentam processos muitos sensíveis e exigem elevados padrões de qualidade da tensão. Nesta situação, a EDF conduz estudos para a melhoria de pontos críticos existentes nas redes elétricas, tendo em vista dois objetivos: o aumento da robustez do fornecimento de energia elétrica e a redução dos efeitos sobre as instalações do cliente. Indicadores definidos pelo regulamento técnico No que se refere à qualidade do produto, o contrato Emeraude define indicadores para os seguintes fenômenos: Frequência da rede elétrica: O indicador para avaliar a frequência da rede elétrica consiste no valor médio da frequência fundamental medida ao longo de 10 segundos. Tensão em regime permanente: As variações de tensão em regime permanente se caracterizam por fenômenos nos quais o valor eficaz da tensão fornecida oscila em torno da tensão contratada, permanecendo, todavia, estável em regime permanente. A avaliação deste fenômeno é realizada por meio do valor médio da tensão eficaz medida durante um intervalo de 10 minutos, conforme prescrições contidas no documento EN 50160; Flutuações de tensão: As variações rápidas da tensão de fornecimento são avaliadas através do Índice de severidade de Flutuação de tensão de longo termo (Plt); Desequilíbrios de tensão: Os desequilíbrios de tensão são avaliados a partir da relação entre a componente de sequência negativa e a componente de sequência 31 positiva da tensão instantânea de fornecimento, conforme apresentado pela equação (6): 𝜏𝑖 = 𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑛𝑒𝑔𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑝𝑜𝑠𝑖𝑡𝑖𝑣𝑎 (6) A partir desta variável, obtém-se a taxa média de desequilíbrio, a qual é definida pela equação (7) e integralizada para um intervalo de 10 minutos. 1 𝑇 𝜏𝑚 = √ ∫ 𝜏𝑖 2 𝑑𝑡, 𝑇 0 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑇 = 10 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜𝑠 (7) Distorções harmônicas: Para condições normais de operação, as distorções harmônicas de tensão são avaliadas por meio de indicadores que representam as componentes harmônicas individuais, assim como a distorção harmônica total de tensão, conforme definido pelas equações (8) e (9): 𝑉ℎ (%) = 𝑉ℎ ∙ 100 𝑉1 (8) 40 𝑇𝐻𝐷(%) = √∑(𝑉ℎ )2 (9) ℎ=2 Procedimento de medição O mecanismo de medição utilizado está de acordo com os princípios estabelecidos no documento EN 50160. Todavia, para garantir uma ampla aplicação de contrato Emeraude, a EDF viabilizou um sistema de monitoramento eletrônico para instalação no ponto de conexão do consumidor, o qual visa a caracterização e armazenamento de medições e distúrbios. Tal sistema é uma ferramenta utilizada para a elaboração de relatórios para os clientes sobre a qualidade da energia elétrica fornecida. Limites utilizados para os indicadores Tendo em vista os indicadores definidos anteriormente, o contrato Emeraude proposto pela EDF visa o atendimento aos limites apresentados a seguir: 32 A. Frequência da rede elétrica: Os limites para este indicador se encontram apresentados na Tabela 22, para sistemas em baixa e média tensão. Tabela 22 - Limites para variação na frequência da rede elétrica – Contrato Emeraude, EDF, França B. Tipo do Sistema Redes de 1 a 50 kV Acima de 50 kV Interligado 50 Hz ± 1% 50 Hz ± 1% Isolado 50 Hz ± 4% 50 Hz +4/-6 % Tensão em regime permanente: Os limites definidos para este indicador estão apresentados na Tabela 23. Tabela 23 - Limites para variação na tensão em regime permanente – Contrato Emeraude, EDF, França Redes de 1 a 50 kV Acima de 50 kV Tensão contratada: ± 5% Redes de 63 kV e 90 kV Redes de 225 kV da tensão nominal Tensão contratada: ± 6% Tensão contratada: situada no Tensão fornecida: ± 5% da da tensão nominal intervalo de 200 a 245 kV tensão contratada Tensão fornecida: ± 8% da Tensão fornecida: situada no tensão contratada intervalo de 200 a 245 kV C. Flutuações de tensão: A avaliação deste indicador se encontra atrelada aos limites apresentados na Tabela 24. Tabela 24 - Variações rápidas de tensão – Contrato Emeraude, EDF, França D. Redes de 1 a 50 kV Acima de 50 kV Plt ≤ 1 Plt ≤ 1 Desequilíbrios de tensão: A Tabela 25, a seguir, apresenta os limites considerados para os desequilíbrios de tensão. 33 Tabela 25 - Desequilíbrios de tensão– Contrato Emeraude, EDF, França Redes de 1 a 50 kV Acima de 50 kV O desequilíbrio de tensão médio (𝜏𝑚 ) deve O desequilíbrio de tensão médio (𝜏𝑚 ) deve ser menor que 2 %. ser menor que 2 %. E. Distorções harmônicas: Para condições normais de operação, os indicadores de distorções harmônicas de tensão possuem os limites apresentados nas Tabelas 26 e 27, os quais se destinam, respectivamente, às redes de tensão entre 1 e 50 kV e redes acima de 50 kV. Nenhum valor é definido para as ordens harmônicas maiores que 25, uma vez que estas, normalmente, são muito pequenas em amplitude. Todavia, deve-se ressalvar que, mesmo assim, os efeitos das componentes harmônicas são imprevisíveis devido aos efeitos de ressonância. Tabela 26 - Distorções harmônicas de tensão – Contrato Emeraude, EDF, França Harmônicos Ímpares Não-múltiplos de 3 Harmônicos Pares Múltiplos de 3 Ordem h Tensão Relativa Ordem h Tensão Relativa Ordem h Tensão Relativa 5 6% 3* 5% 2 2% 7 5% 9 1,5% 4 1% 11 3,5% 15 0,5% 6 .. 24 0,5% 13 3% 21 0,5% 17 2% - - 19 1,5% - - 23 1,5% - - 25 1,5 - - - THD 8% Tabela 27 - Distorções harmônicas de tensão – Contrato Emeraude, EDF, França Harmônicos Ímpares Não-múltiplos de 3 Harmônicos Pares Múltiplos de 3 Ordem h Tensão Relativa Ordem h Tensão Relativa Ordem h Tensão Relativa 5 2,0% 3 2,0% 2 1,5% 7 2,0% 9 1,0% 4 1,0% 11 1,5% 15 0,5% 6 .. 24 0,5% 34 13 1,5% 21 0,5% - 17 1,0% - - 19 1,0% - - 23 0,7% - - 25 0,7% - - THD 3% Diferenciação de limites devido a particularidades regionais e especificidades econômicas Os seguintes aspectos são verificados no contrato Emeraude: A elaboração de contratos personalizados implica em uma análise das condições locais da rede de distribuição utilizada para o suprimento do consumidor, uma vez da necessidade de avaliação dos níveis de interrupção e afundamentos no ponto de conexão; Para contratos do tipo “Rede Mais” (Réseau Plus), EDF conduz estudos para a melhoria de pontos críticos existentes nas redes elétricas, com vistas a atender os critérios solicitados. Assim, caso existam mecanismos que viabilizem a melhoria dos padrões de qualidade, a EDF propõe a solução e divisão dos custos para a implementação das melhorias na rede elétrica. Histórico de indicadores já apurados Não foram encontrados registros que indiquem a realização de campanhas de medição para a apuração e definição dos limites propostos. Penalidades para a ultrapassagem dos valores limites As penalidades são estabelecidas diretamente nos contratos realizados entre EDF e os consumidores e variam em função das características da carga suprida e dos limites comprometidos pelo supridor. Procedimentos para conexão de acessantes O atendimento aos limites comprometidos pela EDF pressupõe que cada consumidor controle os impactos advindos de sua conexão à rede elétrica. Assim, o 35 contrato Emeraude apresenta limites para os distúrbios advindos de uma unidade consumidora, os quais estão apresentados a seguir: Flutuações de tensão: A frequência e a amplitude das variações de tensão provocadas pela instalação do cliente no ponto de entrega devem ser inferiores aos valores apresentados na Figura 1. A amplitude não devem exceder 5% da tensão fornecida. Variação relativa da tensão (%) Número de variações por hora Figura 1: Limites para variações de tensão provocados pela instalação do consumidor (Contrato Emeraude, EDF, França) Desequilíbrios de tensão: Os desequilíbrios de tensão provocados pelas instalações do cliente devem estar de acordo com os dados apresentados na Tabela 28. Tabela 28 - Desequilíbrios de tensão provocados pela instalação do cliente– Contrato Emeraude, EDF, França Redes de 1 a 50 kV Acima de 50 kV O desequilíbrio de tensão médio deve ser O desequilíbrio de tensão médio deve ser menor que 1 %. menor que 1 %. 36 Distorções harmônicas: A EDF apresenta valores de referência para os consumidores, de forma a promover uma limitação das correntes harmônicas injetadas na rede elétrica. Tais valores de referência são obtidos a partir da demanda (𝑆𝑑 ) de cada unidade de consumo, conforme apresentado na equação (10). 𝐼ℎ,𝑛 = 𝑘𝑛 𝑆𝑑 √3 ∙ 𝑈𝑐 (10) O fator 𝑘𝑛 é determinado pela Tabela 29. Deve-se destacar que este sistema é utilizado para unidades consumidoras conectadas em qualquer nível de tensão. Todavia, as grandezas encontradas não se aplicam às unidades que possuem uma demanda inferior a 100 kVA. Tabela 29 - Fator para determinação de referências para correntes harmônicas– Contrato Emeraude, EDF, França Harmônicos ímpares 𝒌𝒏 Harmônicos pares 𝒌𝒏 3 4 2 2 5e7 5 4 1 9 2 Maior que 4 0,5 11 e 13 3 Maior que 13 2 2.2.5 - África do Sul Histórico da regulamentação A norma NRS 048 foi elaborada para o órgão regulador NER (National Eletricity Regulator), por representantes da South African Electricity Supply Industry, através de um grupo de trabalhos designado por Electricity Suppliers Liaison Commitee. A fundamentação desta norma está nas diretrizes estabelecidas pela IEC (International Electrotechnical Commission), pelas normas Européia (CENELEC) e Norte Americana (IEEE). Adicionalmente, os termos da NRS 048 utilizaram, ainda, dos relatórios e dados locais disponíveis. 37 A NRS 048, destinada a regulamentar a qualidade dos suprimentos elétricos, foi aprovada pelo National Electricity Regulator em 21 de Novembro de 1996 e atualizado em uma segunda edição em 2003. Juntamente com os documentos que perfazem a referida norma, há ainda aquele identificado nas referências [17] e [21], o qual contempla as diretrizes a serem seguidas pelas concessionárias e consumidores, no que tange as obrigações e aspectos contratuais. Indicadores definidos pelo regulamento técnico No que se refere à qualidade do produto, o regulamento técnico da África do Sul define indicadores para os seguintes fenômenos: Frequência da rede elétrica: O indicador para avaliar a frequência da rede elétrica consiste no valor médio da frequência fundamental medida ao longo de 10 segundos. Tensão em regime permanente: O indicador para avaliar a tensão em regime permanente consiste no valor médio da tensão eficaz medida ao longo de 10 minutos. Variações rápidas da tensão: Variações rápidas da tensão de fornecimento são, basicamente, provocadas por mudanças repentinas de carga ou por chaveamentos existentes no sistema. A avaliação deste fenômeno é realizada por dois indicadores: um primeiro relacionado à tensão eficaz no ponto de medição e que visa verificar a amplitude das variações; o segundo associado à flutuação de tensão, para o qual se utiliza o Índice de severidade de Flutuação de tensão de longo termo (Plt); Afundamentos de tensão: Afundamentos de tensão são, geralmente, provocados por faltas existentes nas instalações internas de usuários da rede elétrica ou nas redes de distribuição. Estes fenômenos são imprevisíveis e fortemente aleatórios. A frequência anual de ocorrência, indicador associado à avaliação deste fenômeno, tem uma ampla variação e depende do tipo de instalação e do ponto de análise. Além do mais, este indicador pode se distribuir de forma irregular ao longo do ano. Desequilíbrios de tensão: Os desequilíbrios de tensão podem ser avaliados por duas formas de cálculo, a primeira refere-se a utilização da relação entre a componente de sequência negativa e a componente de sequência positiva da tensão de fornecimento, conforme apresentado pela equação (11). 𝐷𝑒𝑠𝑒𝑞𝑢𝑖𝑙𝑖𝑏𝑟𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 = 𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑞𝑢𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑛𝑒𝑔𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑞𝑢𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑝𝑜𝑠𝑖𝑡𝑖𝑣𝑎 (11) 38 Alternativamente, fundamentando-se em medições simultâneas de tensões fase-fase que ofereçam apenas as magnitudes destas, pode ser usada a equação (12) UB 1 3 6 1 3 6 100 (12) Onde: V124 V234 V314 V 2 12 V232 V312 2 100 Sendo que V12 corresponde à tensão entre as fases 1 e 2, ou entre a e b, e assim por diante. Distorções harmônicas: Para condições normais de operação, as distorções harmônicas de tensão são avaliadas por meio de indicadores que representam as componentes individuais e a componente total, conforme definido por (13) e (14). 𝑉ℎ (%) = 𝑉ℎ ∙ 100 𝑉1 (13) 40 𝑇𝐻𝐷(%) = √∑(𝑉ℎ )2 (14) ℎ=2 Inter-harmônicas: Muito embora o presente documento apresenta uma preocupação quanto ao incremento de tensões inter-harmônicas no sistemas de distribuição, a versão atual do mesmo ainda não define um indicador especifico para a avaliação deste fenômeno, usando apenas como valores de referência a IEC 61000-22 [22]. Procedimento de medição Os procedimentos de medição recomendados pela NRS 048 se baseiam nas informações contidas no documento IEC 61000-4-30 [23], sendo que esta última trata exclusivamente de sistemas de medição no contexto da qualidade da energia. A agregação dos resultados deve ser realizada a partir da utilização da raiz quadrada da média aritmética dos quadrados dos valores medidos. 39 Limites utilizados para os indicadores A. Frequência da rede elétrica: Os limites para este indicador se encontram apresentados na Tabela 30, para sistemas em baixa e média tensão. Tabela 30 - Limites para variação de frequência – NRS 048 B. Tipo de Rede Limite Interligada ± 1,25Hz Isolada ± 2,5Hz Tensão em regime permanente: Os limites definidos para este indicador estão apresentados na Tabela31 e Tabela32. Assim, deve-se destacar que, durante um período de medição de uma semana, 95% dos valores integralizados ao longo de períodos de 10 min devem estar situados dentro dos limites estabelecidos. Tabela 31 - Tensão em regime permanente – NRS 048 Tensão (V) Limite (%) < 500 ± 15 >500 ± 10 Tabela 32 - Tensão em regime permanente – NRS 048 Tensão (kV) Limite (kV) 400 420 275 300 220 245 132 145 88 100 66 72,5 44 ou menor + 10 % 40 C. Afundamento momentâneos de tensão: Segundo indicado na documentação em análise, devido a existência de várias topologias de redes elétricas no país, não é possível estabelecer limites aceitáveis para concessionárias e consumidores. Diante do exposto, a norma NRS 048 estabelece apenas valores que indicam um bom desempenho da rede em termos da qualidade da energia elétrica, conforme Tabela 33. Ressalta-se aqui que este não é o entendimento da equipe de desenvolvimento do presente trabalho, conforme será detalhado em relatórios subsequentes. Tabela 33 - Caracterização e duração de afundamentos de tensão 1 2 3 Tensão Residual (%) 4 Duração (ms) 20< t ≤150 150< t ≤600 600< t ≤3000 90>Ur≥ 85 85>Ur≥ 80 Y Z1 80>Ur≥ 70 70>Ur≥ 60 X1 60>Ur≥ 40 X2 S Z2 40>Ur≥ 0 T De acordo com o nível de tensão e o tipo de afundamento a quantidade aceitável de eventos por ano são definidas nas Tabelas 34 e 35. Tabela 34 – Números de afundamentos por amostra para cada categoria (95% dos pontos de medições) 1 2 3 4 5 6 7 Número de afundamentos por ano Tensão Nominal (kV) Categoria dos afundamentos X1 X2 T S Z1 Z2 6,6< U ≤44 rural 85 210 115 400 450 450 6,6< U ≤44 20 30 110 30 20 45 44< U ≤132 35 35 25 40 40 10 220< U ≤765 30 30 20 20 10 5 41 Tabela 35 - Números de afundamentos por amostra para cada categoria (50% dos pontos de medições) 1 2 3 4 5 6 7 Número de afundamentos por ano Tensão Nominal (kV) Categoria dos afundamentos X1 X2 T S Z1 Z2 6,6< U ≤44 rural 13 12 10 13 11 10 6,6< U ≤44 7 7 7 6 3 4 44< U ≤132 13 10 5 7 4 2 220< U ≤765 8 9 3 2 1 1 D. Flutuação de tensão: A avaliação deste indicador se encontra atrelada aos limites do Pst deve ser inferior a 1,0 pu, de acordo com a IEC 61000-4-15 [24]. E. Desequilíbrios de tensão: O nível de compatibilidade para desequilíbrios de tensão em sistemas elétricos trifásicos deve ser igual a 2%. Nas redes elétricas onde há predominância de consumidores monofásicos ou bifásicos, os níveis máximos admissíveis poderão atingir 3%. F. Distorções harmônicas: Para condições normais de operação, os indicadores de distorções harmônicas de tensão possuem os limites apresentados nas Tabelas 36 e 37, os quais se destinam às redes de baixa e média tensão. Nenhum valor é estipulado para as ordens harmônicas maiores que 25, uma vez que estas, normalmente, são muito pequenas. Todavia, deve-se ressalvar que, mesmo assim, os efeitos das componentes harmônicas são imprevisíveis devido aos efeitos de ressonância. Tabela 36 - Níveis de tensões harmônicas (expressos como porcentagem da tensão real) para sistemas de potência de baixa e média tensão. Harmônicos Ímpares Não-múltiplos de 3 Harmônicos Pares Múltiplos de 3 Ordem h Tensão Relativa Ordem h 5 6% 3 7 5% 11 3,5% Tensão Ordem h Tensão Relativa 5% 2 2% 9 1,5% 4 1% 15 0,5% 6 0,5% Relativa 42 13 3% 21 0,3% 17≤ U {2,27x(17/h)}- 24≤ U ≤49 0,27 ≤45 0,2% 8 0,5% 10≤ U ≤45 {0,25x(10/h)}+0,25 THD 8% Tabela 37 - Níveis de tensões harmônicas (expressos como porcentagem da tensão real) para sistemas de potência de alta e extra-alta tensão. Harmônicos Ímpares Não-múltiplos de 3 Ordem Múltiplos de 3 Harmônicos Pares Ordem Tensão Relativa Ordem h Tensão Relativa 5 2% 3 2,0% 2 1,5% 7 2% 9 1,0% 4 1,0% 11 1,5% 15 0,3% 6 0,5% 13 1,5% 21 0,2% 8 0,4% 17 1% > 21 0,2% 10 0,4% 19 1% - 12 0,2% 23 0,7% - > 12 0,2% 25 0,7% - > 25 0,5 + (0,5 x 25/h) h h Tensão Relativa - THD 3% Penalidades para a ultrapassagem dos valores limites O documento NRS 048 não estabelece penalidades para os casos em que os limites para os indicadores de qualidade da energia são ultrapassados. 43 2.2.6 - Peru Histórico da regulamentação A norma NTCSE (Norma Técnica de Calidad de los Servicios Eléctricos) foi implantada no Peru em 09 de Outubro de 1997 [25]. A mesma tem por objetivo estabelecer os aspectos, parâmetros e indicadores de qualidade da energia entregue aos consumidores pelas concessionárias, bem como os valores limites e os procedimentos de medição para cada fenômeno. Adicionalmente, o documento fixa as tolerâncias e as respectivas compensações e multas pelo não cumprimento dos requisitos definidos neste documento. Somado a estes aspectos são também estabelecidas as obrigações das entidades envolvidas direta ou indiretamente com a prestação do serviço elétrico no que se refere ao controle da qualidade do produto no ponto de conexão. O documento se baseia em grande parte do seu conteúdo, nas recomendações IEC, contemplando todas as concessionárias e consumidores, e é aplicável a clientes alimentados por baixa, média, alta e extra alta tensão. Esta norma é de aplicação obrigatória para o fornecimento de serviços relacionados com a geração, transmissão e distribuição de energia elétrica sujeitas a regulação de preços ou regime de preços livres. Este regulamento foi definido na data indicada anteriormente e, até o presente momento, se submeteu às seguintes revisões, as quais culminaram nas características apresentadas a seguir. Indicadores definidos pelo regulamento técnico No que se refere à qualidade do produto, o regulamento técnico peruano define indicadores para os seguintes fenômenos: Variações de tensão em regime permanente: O indicador para avaliar a tensão no ponto de entrega, em uma variedade de medição (k) de 15 (quinze) minutos de duração, é a diferença (∆𝑉𝑘 ) entre a média do valores instantâneos eficazes medida no ponto de entrega (𝑉𝑘 ) e o valor da tensão nominal (𝑉𝑁 ) no mesmo ponto. Este indicador é expresso como uma percentagem da tensão ponto nominal, conforme a equação (15). ∆𝑉𝑘 (%) = (𝑉𝑘 − 𝑉𝑁 )/𝑉𝑁 ∙ 100 (15) Variações de frequência: O principal indicador para avaliar a frequência no ponto de entrega, em uma variedade de medição (k) de 15 (quinze) minutos de 44 duração, é a diferença (∆𝑓𝑘 ) entre a média do valores instantâneos da frequência (𝑓𝑘 ), medida em qualquer ponto da rede em corrente alternada não isolada do sistema, e o valor da frequência nominal (𝑓𝑁 ) do sistema. Este indicador, chamado de variações sustentadas de frequência, é expresso como uma percentagem da frequência nominal do sistema, conforme a equação (16). ∆𝑓𝑘 (%) = (𝑓𝑘 − 𝑓𝑁 )/𝑓𝑁 ∙ 100 (16) Adicionalmente, define-se indicadores para as Variações Súbitas de Frequência (VSF) e a Integral de Variações Diárias de Frequência (IVDF) como uma função da frequência instantânea (f(t)), conforme (17) e (18). 1 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜 1 (𝑓(𝑡))2 𝑑𝑡 𝑉𝑆𝐹 = √ ∫ 1 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜 0 𝐼𝑉𝐹𝐷 = + ∫ 24 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 0 [𝑓(𝑡) − 𝑓𝑛 ]𝑑𝑡 (17) (18) Onde é a soma algébrica dos valores da integral que aparece como segundo termo no lado direito da expressão anterior, para cada dia do ano civil anterior àquele em que se avalia o indicador. Flutuação de tensão: As flutuações de tensão são avaliadas a partir de medições no ponto de acoplamento comum, ou outros pontos explicitados pelo órgão regulamentador. O indicador utilizado para avaliar este fenômeno é o Índice de Severidade de Curta Duração (Pst) definido de acordo com as normas IEC. Distorções harmônicas: As distorções harmônicas são avaliadas a partir de medições no ponto de acoplamento comum, ou outros pontos explicitados pelo órgão regulamentador. Os indicadores utilizados para avaliar este fenômeno consistem nas Tensões Harmônicas Individuais e Distorção Harmônica Total de Tensão. Muito embora existam outros fenômenos que provocam alterações na qualidade do produto, deve-se ressaltar que a regulamentação peruana somente apresenta indicadores para flutuações de tensão e distorções harmônicas de tensão, não definindo, portanto, outros mecanismos para avaliação de outros fenômenos perturbadores. 45 Procedimento de medição Variações de tensão em regime permanente: O controle é feito através de medições e registros monofásicos ou trifásicos, de acordo com tipo de instalação, e realizado com equipamentos devidamente certificados e cujas especificações técnicas tenham sido previamente aprovados pelo regulador. A amostra mensal deve garantir, pelo menos, o seguinte número de leituras válidas: a) 1 (um) para cada 12 (doze) pontos de entrega para os clientes com fornecimento em extra alta, alta e média tensão. b) Um (1) por três mil (3000) dos pontos de entrega para instalações atendidas em baixa tensão pela empresa de distribuição de energia elétrica, com um mínimo de 12 (doze). O regulador pode exigir até dez por cento (10%) das medições adicionais com leituras válidas sobre este montante. Na escolha dos pontos é considerada a proporção de medições monofásicas e trifásicas. Variações de frequência: O controle é através de medições e pesquisas realizadas com equipamento devidamente certificado e as especificações técnicas foram aprovados pela Autoridade. Durante todo o período de medição, o coordenador da operação em tempo real, no caso de sistemas interligados, e no comando da operação em tempo real, no caso de sistemas isolados, são obrigados a executar as medidas necessárias para garantir registro da frequência de todo o sistema e/ou dos componentes que podem operar temporariamente separadamente, e entregar essas informações para a Autoridade e os membros do sistema. O período de mensuração é um calendário (1) mês, coincidindo com o período de controle e os níveis de frequência instantâneos são gravados. Flutuação de tensão e Distorções harmônicas: O controle é realizado através de medições realizadas com equipamentos devidamente certificados, sendo as especificações técnicas aprovadas pela autoridade reguladora. A amostra mensal de medições deve garantir, pelo menos, o seguinte número de leituras válidas: (a) Em 1 (um) para cada 50 (cinquenta) pontos de entrega para os clientes com suprimentos extra alta, alta e média tensão; (b) Em uma amostra representativa do número de barras de baixa tensão das subestações MT/BT, compreendendo pelo menos o número de pontos de medições especificados na Tabela 38. 46 Tabela 38 – Pontos de medição em função da qualidade de consumidores em baixa tensão – NTCSE, Peru. Número de pontos de medição Registros mensais Número de clientes em baixa tensão por concessionária Flutuação de tensão Distorções harmônicas Com mais de 500.000 consumidores 18 18 Entre 100.001 e 500.000 consumidores 9 9 Entre 10.001 e 100.000 consumidores 5 5 Entre 501 e 10.00 consumidores 2 2 Com menos de 500 consumidores - - Limites utilizados para os indicadores A. Variações de tensão em regime permanente: As tolerâncias admitidas para as tensões nominais dos pontos de entrega de energia elétrica, em todas as fases e em todos os níveis de tensão, são de até ±5,0% dos respectivos valores nominais. Ao se considerar redes secundárias classificadas como urbano-rurais e/ou rurais, estas tolerâncias são de ±7,5%. Considera-se que a energia elétrica é de má qualidade se a tensão possuir valores fora da faixa de tolerância estabelecida na referida norma durante um tempo superior a cinco por cento (5%) do período de medição. B. Variações de frequência: Os limites admitidos para os desvios de frequência, em relação a seu valor nominal e em todos os níveis de tensão, são apresentados na Tabela39. Tabela 39 - Variações de frequência - NTCSE Variações sustentadas (∆𝒇𝒌 (%)) ±0,6% Variações Súbitas de Frequência (VSF) ±1,0 Hz Variações Diárias de Frequência (IVDF) ±600,0 ciclos C. Flutuação de tensão: O Índice de Severidade de Curta Duração (Pst) não deve exceder a unidade (Pst ≤ 1 pu) em sistemas de extra alta, alta, média ou baixa tensão. D. Distorções harmônicas: Os valores eficazes das tensões harmônicas individuais e a distorção harmônica total, em porcentagem da tensão nominal do respectivo ponto de medição, não devem exceder os valores limites apresentados na Tabela 40. Para os efeitos deste regulamento, consideram-se as harmônicas compreendidas entre a ordem 2 e a 40. 47 Tabela 40 - Valores limites para as distorções harmônicas – NTCSE Ordem Harmônica (h) Tolerância para a distorção harmônica individual e distorção total (% em relação a tensão nominal do ponto de medição) Extra alta e alta tensão Média e baixa tensão 5 2,0 6,0 7 2,0 5,0 11 1,5 3,5 13 1,5 3,0 17 1,0 2,0 19 1,0 1,5 23 0,7 1,5 25 0,7 1,5 Maiores que 25 0,1 + 2,5 / h 0,2 + 12,5 / h 3 1,5 5,0 9 1,0 1,5 15 0,3 0,3 21 0,2 0,2 Maiores que 21 0,2 0,2 2 1,5 2,0 4 1,0 1,0 6 0,5 0,5 8 0,2 0,5 10 0,2 0,5 12 0,2 0,2 Maiores que 12 0,2 0,2 Distorção total de tensão 3,0 8,0 Harmônicas ímpares não múltiplas de 3 Harmônicas ímpares múltiplas de 3 Pares 48 Diferenciação de limites devido a particularidades regionais e especificidades econômicas A norma técnica de qualidade da energia no Peru não é aplicada nas seguintes situações: Sistemas isolados menores, os quais se constituem em todo sistema elétrica cuja capacidade instalada de geração não seja superior a 5 MW. Todas as localidades classificadas pelo órgão regulamentador como sendo “Setores de distribuição típicos 4 ou 5”; e Todas as localidades classificadas pelo órgão regulamentador como sendo “Setores de distribuição típicos 2 ou 3”, cuja média das duas mais altas demandas registradas durante um período de medição de qualidade de fornecimento não exceda 500 kW Penalidades para a ultrapassagem dos valores limites Variações de tensão em regime permanente: As concessionárias devem compensar os seus clientes para os casos em que se constata que a qualidade do produto não cumpre os valores limites estabelecidos. Assim, as compensações são calculadas, para o período de medição, de acordo com a energia fornecida em condições de má qualidade, através de (19). 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑒𝑛𝑠𝑎çã𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜: ∑ 𝑎 ∙ 𝐴𝑝 ∙ 𝐸(𝑝) (19) Onde p é um intervalo de medição no qual se violam os valores limites para a tensão em regime permanente; a é a compensação unitária por variação de tensão; Ap é um fator de proporcionalidade definido em função da magnitude do indicador ∆Vp (%), de acordo com a Tabela 41; E(p) é a energia, em kWh, fornecida durante o intervalo de medição p. Tabela 41 - Fatores para penalização - NTCSE Indicador ∆𝑽𝒑 (%) Ap Todo o serviço Ap Rede secundaria rural 5,0 < |∆𝑉𝑝 (%)| < 7,5 1 Não aplicado 7,5 < |∆𝑉𝑝 (%)| 2,0 + (|∆𝑉𝑝 (%)| − 7,5) Não aplicado 7,5 < |∆𝑉𝑝 (%)| < 10,0 Não aplicado 1 10,0 < |∆𝑉𝑝 (%)| Não aplicado 2,0 + (|∆𝑉𝑝 (%)| − 10,0) 49 Variações de frequência: As concessionárias devem compensar os seus clientes para os casos em que se constata que a qualidade do produto não cumpre os valores limites estabelecidos. As compensações por variações sustentadas, variações súbitas e variações diárias de frequência se realizam a partir do período de medição e através das expressões apresentadas na sequência, as quais se encontram como uma função da potência fornecida nas condições de má qualidade. Assim, as compensações por variações sustentadas de frequência são calculadas a partir de (20) 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑒𝑛𝑠𝑎çã𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑠𝑢𝑠𝑡𝑒𝑛𝑡𝑎𝑑𝑎: ∑ 𝑏 ∙ 𝐵𝑞 ∙ 𝐸(𝑞) (20) onde q é um intervalo de medição de 15 minutos no qual se violam os valores limites para os níveis de frequência; b é a compensação unitária por variação sustentada de frequência; Bq é um fator de proporcionalidade definido em função da magnitude do indicador ∆𝑓𝑞 (%), de acordo com a Tabela 42; E(q) é a energia, em kWh, fornecida durante o intervalo de medição q. Tabela 42 - Fatores para penalização - NTCSE Indicador ∆𝒇𝒌 (%) Bq 0,6 < |∆𝑓𝑞 (%)| ≤ 1,0 1 1,0 < |∆𝑓𝑞 (%)| 2 + (|∆𝑓𝑞 (%)| − 1)/0,1 A compensação por variação súbita de frequência é calculada por (21) 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑒𝑛𝑠𝑎çã𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑠𝑢𝑏𝑖𝑡𝑎: 𝑏′ ∙ 𝐵𝑚 ∙ 𝑃𝑚 (21) onde: b’ é a compensação unitária por variação súbita de frequência; Bm é um fator de proporcionalidade definido em função do número de variações súbitas de frequência (NVSF) que ultrapassam os valores limites durante o período de medição, o qual é definido de acordo com a Tabela 43; Pm é a a demanda máxima registrada, em kW, registrada em um período de 15 minutos, dentro dos quais são produzidas variações súbitas de frequência que ultrapassam os limites tolerados. Tabela 43 - Fatores para penalização - NTCSE Número de variações súbitas Bm 1 < NVSF ≤ 3 1 3 < NVSF 2 + (NVSF − 3) 50 Por fim, a compensação por variações diárias de frequência é calculada por (22) 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑒𝑛𝑠𝑎çã𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑑𝑖𝑎𝑟𝑖𝑎: 𝑏′′ ∙ 𝐵𝑑 ∙ 𝑃𝑑 (22) onde: d é um dia do mês em consideração em que se violam os limites; b’’ é a compensação unitária por variação diária de frequência; Bd é um fator de proporcionalidade definido em função da magnitude da Integral de Variações Diárias de Frequência (MVDF) avaliada para o dia d, de acordo com a Tabela 44; Pd é a demanda máxima registrada, em kW, no dia d. Tabela 44 - Fatores para penalização - NTCSE MVDF Bd 600 < MVDF ≤ 900 1 900 < MVDF 3 + (MVDF − 900)/100 Flutuações de tensão: As concessionárias devem compensar os seus clientes para os casos em que se constata que a qualidade do produto não cumpre os valores limites estabelecidos. Assim, a compensação paga aos consumidores é calculada para um período de medição, através de (23), sendo que as mesmas são dadas como uma função da energia entregue em condições de má qualidade: 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑒𝑛𝑠𝑎çã𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝑓𝑙𝑢𝑡𝑢𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜: ∑ 𝑐 ∙ 𝐶𝑟 ∙ 𝐸(𝑟) (23) Onde r é um intervalo de medição no qual se violam os valores limites para o fenômeno; c é a compensação unitária por flutuação de tensão; Cr é um fator de proporcionalidade definido em função da Distorção Penalizável por Flutuação (DPF), calculado para uma medição r a partir de (24) e de acordo com a Tabela 45; E(r) é a energia, em kWh, fornecida durante o intervalo de medição r. 𝐷𝑃𝐹(𝑟) = 𝑃𝑠𝑡(𝑟) − 𝑃𝑠𝑡𝑙𝑖𝑚𝑖𝑡𝑒 (24) Tabela 45 - Fatores de penalização – NTCSE DPF(r) ≥ 1 𝐶𝑟 = 1 DPF(r) < 1 𝐶𝑟 = 𝐷𝑃𝐹(𝑟) ∙ 𝐷𝑃𝐹(𝑟) 51 Distorções harmônicas: As concessionárias devem compensar os seus consumidores para os casos em que se constata que a qualidade do produto não obedece aos valores limites estabelecidos. Assim, a compensação paga aos consumidores é calculada para um período de medição, através de (25), sendo que as mesmas são dadas como uma função da energia entregue em condições de má qualidade: 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑒𝑛𝑠𝑎çã𝑜 𝑝𝑜𝑟 ℎ𝑎𝑟𝑚ô𝑛𝑖𝑐𝑜𝑠: ∑ 𝑑 ∙ 𝐷𝑠 ∙ 𝐸(𝑠) (25) Onde s é um intervalo de medição no qual se violam os valores limites para o fenômeno; d é a compensação unitária por flutuação de tensão; Ds é um fator de proporcionalidade definido em função da Distorção Penalizável por Harmônicos (DPH), calculado para uma medição r a partir de (26) e de acordo com a Tabela 46; E(s) é a energia, em kWh, fornecida durante o intervalo de medição r. 40 (𝑇𝐻𝐷(𝑠) − 𝑇𝐻𝐷) 1 (𝑉𝑖(𝑠) − 𝑉𝑖) 𝐷𝑃𝐻(𝑠) = + ∑( ) 𝑇𝐻𝐷 3 𝑉𝑖 𝑖=2 (26) Tabela 46 - Fatores de penalização - NTCSE DPH(r) ≥ 1 𝐷𝑠 = 1 DPH(r) < 1 𝐷𝑠 = 𝐷𝑃𝐻(𝑠) ∙ 𝐷𝑃𝐻(𝑠) Procedimentos para regularização A NTCSE não destaca a responsabilidade do consumidor. A essência da norma é manter os níveis das distorções harmônicas de tensão controlados sob o enfoque da qualidade de energia, delegando toda a responsabilidade à concessionária de energia elétrica. 2.2.7 - Argentina Histórico da regulamentação A norma ENRE Nº 465/96 (RESOLUCIÓN ENRE Nº 465/96) foi implantada na Argentina em 22 de Agosto de 1996, conforme indicado em [26]. A mesma tem por 52 principal objetivo estabelecer os aspectos, parâmetros e indicadores de qualidade da energia entregue aos consumidores pelas concessionárias no que se refere aos fenômenos de flutuação e harmônicas de tensão. Adicionalmente, o documento fixa as tolerâncias e as respectivas compensações e multas pelo não cumprimento dos requisitos definidos neste documento. Somado a estes aspectos são também estabelecidas as obrigações das entidades envolvidas direta ou indiretamente com a prestação do serviço elétrico no que se refere ao controle da qualidade do produto no ponto de conexão. O documento contempla as concessionárias EDENOR S.A., EDERSUL S.A. e EDELAP S.A, e é aplicável a clientes alimentados por baixa, média, alta tensão. Este regulamento foi definido na data indicada anteriormente e, até o presente momento, se submeteu às seguintes revisões, as quais culminaram nas características apresentadas a seguir. Indicadores definidos pelo regulamento técnico No que se refere à qualidade do produto, o regulamento técnico argentino define indicadores para os seguintes fenômenos: Variações rápidas de tensão: Variação do valor eficaz da tensão entre dois níveis adjacentes, sendo cada um deles mantido durante um tempo especifico, mas não determinado Flutuação de tensão: As flutuações de tensão são avaliadas a partir de medições no ponto de acoplamento comum, ou outros pontos explicitados pelo órgão regulamentador. O indicador utilizado para avaliar este fenômeno é o Índice de Severidade de Curta Duração (Pst) e de longa duração (Plt), definido de acordo com as normas IEC. Distorções harmônicas: As distorções harmônicas são avaliadas a partir de medições no ponto de acoplamento comum, ou outros pontos explicitados pelo órgão regulamentador. Os indicadores utilizados para avaliar este fenômeno consistem nas Tensões Harmônicas Individuais e Distorção Harmônica Total de Tensão. Muito embora existam outros fenômenos que provocam alterações na qualidade do produto, deve-se ressaltar que a regulamentação argentina somente apresenta indicadores para flutuações de tensão e distorções harmônicas de tensão, não definindo, portanto, outros mecanismos para avaliação de outros fenômenos perturbadores. 53 Procedimento de medição Flutuação de tensão: O controle é através de medições e pesquisas realizadas com equipamento devidamente certificado e as especificações técnicas ditadas pela norma, as recomendações dadas têm por referência a norma IEC 868. As medidas devem ser realizadas em um intervalo de dez minutos para Pst e duas horas para Plt durante um intervalo de sete dias sem interrupção. Distorções harmônicas: O controle é através de medições por equipamentos cuja as características mínimas são listadas pela norma, os níveis de referência estão de acordo com a norma IEC 61000-4-7 [27]. A faixa de medição exigida corresponde um período de observação de dez minutos durante sete dias de medição. Limites utilizados para os indicadores A. Flutuação de tensão: O Índice de Severidade de Curta Duração (Pst) não deve exceder a unidade (Pst≤1) em sistemas de alta, média ou baixa tensão. B. Distorções harmônicas: Os valores eficazes das tensões harmônicas individuais e a distorção harmônica total, em porcentagem da tensão nominal do respectivo ponto de medição, não devem exceder os valores limites listados na Tabela 47. Para os efeitos deste regulamento, considera-se as harmônicas compreendidas entre a ordem 2 e a 40. Tabela 47 - Valores limites para as distorções harmônicas - ENRE Nº 465/96 Ordem Harmônica e Distorção Total Tolerância para a distorção harmônica individual e distorção total (% em relação a tensão nominal do ponto de medição) Harmônicas ímpares não múltiplas de 3 Alta tensão (66 kV<U<220 kV) Média Tensão (1 kV<U<66 kV) Baixa Tensão (U < 1 kV) 5 2.0 6.0 6.0 7 2.0 5.0 5.0 11 1.5 3.5 3.5 13 1.5 3.0 3.0 17 1.0 2.0 2.0 54 19 1.0 1.5 2.0 23 0.7 1.5 1.5 25 0.7 1.5 1.5 Maiores que 25 0.1 + 2.5 / n 0.2 + 12.5 / n 0.2 + 7.5 / n Harmônicas ímpares Múltiplas de 3 Alta tensão (66 kV<U<220 kV) Média Tensão (1 kV<U<66 kV) Baixa Tensão (U < 1 kV) 3 1.5 5.0 5.0 9 1.0 1.5 1.5 15 0.3 0.3 0.3 21 0.2 0.2 0.2 Maiores que 21 0.2 0.2 0.2 Pares Alta tensão (66 kV<U<220 kV) Média Tensão (1 kV<U<66 kV) Baixa Tensão (U < 1 kV) 2 1.5 2.0 2.0 4 1.0 1.0 1.0 6 0.5 0.5 0.5 8 0.2 0.5 0.5 10 0.2 0.5 0.5 12 0.2 0.2 0.2 Maiores que 12 0.2 0.2 0.2 Distorção total de tensão 3.0 8.0 8.0 Penalidades para a ultrapassagem dos valores limites Flutuações de tensão: As concessionárias devem compensar os seus consumidores para os casos em que se constata que a qualidade do produto não cumpre os valores limites estabelecidos. Assim, a compensação paga aos consumidores é calaculada para um determinado período de medição, através de (27). 55 P (k ) Pst DPFK Max 01 st Pst (27) Onde: Pst(k) é o índice de severidade de flicker de curta duração registrado em um intervalo de medida de dez minutos; Pst é o nível de referência; DPFk é o valor calculado para cada intervalo de dez minutos durante sete dias e E(k) é a energia fornecida durante cada intervalo. Existirá penalização se mais de 5% do período de medição superar o valor de referência Pst = 1 pu, sendo o valor a ser pago dado por (28). Penalidade (U $S ) 2 DPF 2 K K :DPFK 1 E K 2 E K K :DPFK 1 (28) Distorções harmônicas: É definida como Penalização por Distorção Harmônica (DPA) para a distorção encontrada em cada intervalo de medição, acima dos níveis de referência e normalizada, de acordo com (29). TDT( K ) TDT 1 40 U i (k ) U i DPAK Max 0, Max 0, TDT Ui 3 2 (29) Sendo: TDT(k): Distorção total de tensão registrada em um intervalo de 10 minutos; TDT: Distorção total de tensão de referência; Ui (k): Valor da harmônica individual registrado; Ui : Valor da harmônica individual de referência; DPAk : Valor calculado para cada intervalo de dez minutos durante os sete dias de medição; E(k): Energia fornecida durante cada intervalo. Existirá penalização se mais de 5% do período de medição superar o valor de referência para distorção harmônica individual e total de tensão, sendo o valor a ser pago dado por (30). Penalidade (U $S ) 2 DPF 2 K :DPFK 1 K E K 2 E K K :DPFK 1 (30) 56 2.2.8 - Japão A regulamentação no Japão é realizada com base na adoção das normas destacadas na Tabela 48. Verifica-se que as recomendações adotadas pela JIS (Japanese Industry Standard) é uma cópia das correspondentes normas IEC que avaliam o mesmo índice de QEE [4]. A descrição dessas normas pode ser encontrada no item 2.4. Tabela 48 - Normas adotadas aos órgãos em desenvolvimento e às concessionárias no Japão. Parâmetro Ambiente Eletromagnético Harmônica Flutuação Desequilíbrio Equipamento de Medição IEC 61000-2-2 IEC 61000-2-12 Publicação adotada - Japão - IEC 61000-3-2 IEC 61000-3-12 IEC/TR 61000-3-6 IEC 61000-3-3 IEC 61000-3-11 IEC/TR 61000-3-7 IEC 61000-3-13 IEC 61000-4-7 IEC 61000-4-15 IEC 61000-4-30 JIS C 61000-3-2 JIS C 61000-4-7 - Publicação IEC 2.2.9 - China Histórico da regulamentação A China, através do antigo ministério da conservação da água e gerenciamento de energia elétrica, emitiu em 1980 um termo referente ao padrão de QEE, contendo as regras para o acompanhamento técnico da qualidade da energia elétrica do sistema. Para cada parâmetro de QEE existe uma norma específica associada, conforme indicados por [28] – [32], sendo: Tensão em regime permanente: GB/T 12325-2008; Frequência: GB/T 15945-2008; Desequilíbrio de Tensão: GB/T 15543-2008; 57 Harmônicos: GB/T 14549-2008; Flutuação de Tensão: GB/T 12326-2008; Indicadores definidos pelo regulamento técnico No que se refere à qualidade do produto, o regulamento técnico da China define indicadores para os seguintes fenômenos: Frequência da rede elétrica: O indicador para avaliar a frequência da rede elétrica consiste no valor médio da frequência fundamental medida ao longo de 1, 3 ou 10 segundos. Tensão em regime permanente: O indicador para avaliar a tensão em regime permanente consiste no valor médio da tensão eficaz medida ao longo de 1 ou 10 minutos dependendo da circunstância. Variações rápidas da tensão: Variações rápidas da tensão de fornecimento são, basicamente, provocadas por mudanças repentinas de carga ou por chaveamentos existentes no sistema. A avaliação deste fenômeno é realizada por dois indicadores: um primeiro relacionado à tensão eficaz no ponto de medição e que visa verificar a amplitude das variações; o segundo associado à flutuação de tensão, para o qual se utiliza o Índice de severidade de Flutuação de tensão (Plt); Desequilíbrios de tensão: Os desequilíbrios de tensão podem ser avaliados por três formas de cálculo: 1. A primeira refere-se a utilização da relação entre a componente de sequência negativa e a componente de sequência positiva da tensão de fornecimento, conforme apresentado pela equação (31). 𝐷𝑒𝑠𝑒𝑞𝑢𝑖𝑙𝑖𝑏𝑟𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 = 𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑞𝑢𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑛𝑒𝑔𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑞𝑢𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑝𝑜𝑠𝑖𝑡𝑖𝑣𝑎 (31) 2. A segunda, fundamentando-se em medições simultâneas de tensões fasefase que ofereçam apenas as magnitudes destas, pode ser usada a equação (32). 58 UB 1 3 6 1 3 6 100 (32) Onde: V124 V234 V314 V 2 12 V232 V312 2 100 Sendo que V12 corresponde à tensão entre as fases 1 e 2, ou entre a e b, e assim por diante. 3. A última, quando no ponto de conexão a impedância de sequência positiva for considerada igual a impedância de sequência negativa o desequilíbrio de sequência negativa será calculado usando a equação (33). U 2 3 I 2 U L 100(%) Sk (33) Onde: ԑU2 = Desequilíbrio de sequência negativa; I2 = Corrente de sequência negativa (A); UL = Tensão de Linha (V); SK = Potência de curto circuito no PAC (VA); Distorções harmônicas: Para condições normais de operação, as distorções harmônicas de tensão são avaliadas por meio de indicadores que representam as componentes individuais e a componente total, conforme definido por (34) e (35). Vh (%) THD(%) Vh 100 V1 (34) V h2 2 h (35) 59 Procedimento de medição Os procedimentos de medição recomendados pela norma na China se baseiam nas informações contidas no documento IEC 61000-4-30 [23], sendo que esta última trata exclusivamente de sistemas de medição no contexto da qualidade da energia. Para medições de distorções de harmônicos a algumas regras especificas, como: Grande escala de tempo para medições de fontes harmônicas geradas por determinados ciclos de trabalho (fornos a arco elétrico devem ser medidos no período de fusão); Quando medir instalações com banco de capacitores, deve ser medidos em diferentes modos de operação do banco de capacitores; Para fontes harmônicas rápidas (dispositivos com tiristores) o intervalo de tempo de medição será não mais que dois minutos; Para fontes harmônicas lentas (retificados, HVDC) o intervalo de medição não é especificado; Cada medição pode ser realizada com o valor médio de 3 s; Utiliza-se média quadrática; Tolerância dos instrumentos de acordo com a Tabela 49. Tabela 49 – Tolerância para os instrumentos de medição. Classe do equipamento Medição Tolerância Classe A Tensão 5% Uh 0,05% UN 5% Ih 0,15% IN 5% Uh 0,15% UN 5% Ih 0,50% IN Corrente Classe B Tensão Corrente A agregação dos resultados deve ser realizada a partir da utilização da raiz quadrada da média aritmética dos quadrados dos valores medidos. 60 Limites utilizados para os indicadores A. Frequência da rede elétrica: Em condições normais o limite é de ± 0,2 % e pode chegar a ± 0,5 % de acordo com o nível de capacidade do sistema. Não pode exceder ± 0,2 % quando a variação de frequência for causada por impactos de cargas. B. Tensão em regime permanente: Os limites definidos para este indicador estão apresentados na Tabela 50. Assim, deve-se destacar que, durante um período de medição de uma semana, 95% dos valores integralizados ao longo de períodos de 1 ou 10 min devem estar situados dentro dos limites estabelecidos. Tabela 50 - Tensão em regime permanente Tensão (V) Limite (%) 220 V, -10%, +7% monofásico 20 kV, trifásico ± 7% ≥ 35 kV, trifásico A soma de desvio negativo de tensão e desvio positivo de tensão não deve exceder 10% C. Flutuação de tensão: Segundo a normatização vigente no país, a avaliação deste indicador pode ser realizada de duas formas: 1. A partir das variações de tensão, conforme Tabela 51. Tabela 51 – Limites para flutuação de tensão Frequência de flutuação de tensão (Repetições/hora) r≤1 1 < r ≤ 10 10 < r ≤ 100 100 < r ≤ 1000 Variação de Tensão % UN ≤ 35 kV 351 kV < UN ≤ 220 kV 4 3 2 1,25 3 2,5 1,5 1 61 2. Através do indicador Plt, com medição de 168 h, considerando-se os limites indicados na Tabela 52. Tabela 52 – Limites para o indicador Plt Plt (pu) ≤ 110 kV 1,0 pu 110 kV 0,8 pu D. Desequilíbrios de tensão: O nível de compatibilidade para desequilíbrios de tensão em sistemas elétricos trifásicos deve ser igual a 2% para condições de operações normais, 4% para condições de curta duração e, para cada consumidor individualmente, o limite indicado é de 1,3 %. E. Distorções harmônicas: Para condições normais de operação, os indicadores de distorções harmônicas de tensão possuem os limites apresentados na Tabela 53. Tabela 53 - Níveis de tensões harmônicas (expressos como porcentagem da tensão real) Tensão (kV) 0,38 6 10 35 66 110 DTT(%) 5 4 4 3 3 2 Soma Impar (%) 4 3,2 3,2 2,4 2,4 1,6 Soma Par (%) 2 1,6 1,6 1,2 1,2 0,8 Penalidades para a ultrapassagem dos valores limites O documentos da China não estabelece penalidades para os casos em que os limites para os indicadores de qualidade da energia são ultrapassados. 2.2.10 - Austrália Histórico da regulamentação Um dos primeiros documentos de qualidade de energia na Austrália foi o AS2279 – Distúrbios em redes de abastecimento de rede elétrica. Este documento foi revisto em 1991 62 e se constituiu em quatro partes: as partes 1 e 2 destinadas à avaliação das distorções harmônicas e as unidades 3 e 4 preocupadas com as flutuações de tensão. A Parte 1 era um documento destinado a regular a emissão de componentes harmônicas de eletrodomésticos de potência nominal inferior a 4,8 kVA enquanto que a parte 2 focava em instalações industriais [33]. Em 1999, a AS2279 foi substituída pelo documento AS/NZS 61000-3-6, o qual se baseia, em grande parte, na IEC 61000-3-6 [11]. Atualmente, o Código Nacional de Eletricidade (National Electricity Rules) regula a operação do Mercado Nacional de Eletricidade (National Electricity Market - NEM) australiano. Este mercado abrange as regiões leste e sul da Austrália, englobando cinco províncias: Queensland, Nova Gales do Sul, Victoria, Austrália do Sul e Tasmânia. O regulador de energia australiano (Australian Energy Regulator – AER) monitora o mercado para garantir que os participantes cumpram com a Lei Nacional de Energia Elétrica e as regras nacionais de eletricidade. Todavia, o NEM é gerenciado pelo Operador Australiano Mercado de Energia (Australian Energy Market Operator – AEMO). As outras províncias possuem outros sistemas de comercialização e regulação. O Código Nacional de Eletricidade tem força de lei e apresenta indicadores de desempenho, com respectivos valores de referência, para avaliação da qualidade da energia elétrica. Indicadores definidos pelo regulamento técnico Frequência da rede elétrica: O indicador para avaliar a frequência da rede elétrica consiste no valor médio da frequência fundamental. Tensão em regime permanente: O indicador para avaliar a tensão em regime permanente consiste no valor médio da tensão eficaz; Flutuações de tensão: O Código Nacional de Eletricidade faz referências à norma AS/NZS 61000-3-7 para o cálculo e avaliação das flutuações de tensão, sendo que este documento se baseia na norma técnica IEC 61000-3-7 [34]. Assim, as flutuações de tensão são avaliadas através de dois indicadores: o Índice de severidade de Flutuação de tensão de curto (Pst) e longo termo (Plt). A cálculo do Pst se realiza a cada 10 minutos e utiliza a probabilidade cumulativa ponderada, conforme apresentado na equação (36). O Plt é obtido a partir de uma média dos valores do Pst durante um período de medição de duas hora, conforme apresentado em (37). 63 𝑃𝑠𝑡 = √0,0314𝑃0,1 + 0,0525𝑃1 + 0,0657𝑃3 + 0,28𝑃10 + 0,08𝑃50 3 𝑃𝑙𝑡 = √ (37) Desequilíbrios de tensão: Os desequilíbrios de tensão são avaliados como sendo uma relação entre a componente de sequência negativa e a componente de sequência positiva da tensão de fornecimento, conforme apresentado pela equação (38): 𝐷𝑒𝑠𝑒𝑞𝑢𝑖𝑙𝑖𝑏𝑟𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 = 1 ∑ 𝑃𝑠𝑡 3 12 (36) 𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑞𝑢𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑛𝑒𝑔𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑞𝑢𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑝𝑜𝑠𝑖𝑡𝑖𝑣𝑎 (38) Distorções harmônicas: O Código Nacional de Eletricidade faz referências à norma AS/NZS 61000-3-6 para o cálculo e avaliação das distorções harmônicas. Conforme ressaltado anteriormente, este documento se baseia na norma técnica IEC 61000-3-6 [11]. Assim, as distorções harmônicas de tensão são avaliadas por meio de indicadores que representam as componentes individuais e a componente total, conforme definido em (39) e (40): 𝑉ℎ (%) = 𝑉ℎ ∙ 100 𝑉1 (39) 40 𝑇𝐻𝐷(%) = √∑(𝑉ℎ )2 (40) ℎ=2 Procedimento de medição No que se refere aos procedimentos de medição dos indicadores de qualidade da energia, os seguintes processos podem ser verificados: A avaliação da flutuação de tensão toma por base o flickermeter proposto pela IEC em documento 61000-4-15 [24]: Flickermeter – Function and design 64 specifications. Assim, o documento AS/NZS 61000-4-15 define os procedimentos de medição no cenário australiano; Os outros fenômenos são avaliados com base nas orientações contidas no documento IEC 61000-4-30 [23]. Limites considerados para os indicadores A. Distorções harmônicas: Para condições normais de operação, os indicadores de distorções harmônicas de tensão, conforme destacado anteriormente, possuem os limites definidos na norma AS/NZS 61000-3-6, a qual se baseia no documento internacional IEC 61000-3-6 [11]. Este último documento será apresentado em seções futuras do presente relatório, sendo que, portanto, tais valores limites não serão apresentados nesta seção; B. Flutuação de tensão: Os limites definidos para este indicador estão à norma AS/NZS 61000-3-7, o qual se baseia nas orientações internacionais contidas na IEC 61000-3-7 [34]. De forma semelhante, este último documento será apresentado em seções futuras do presente relatório; C. Desequilíbrios de tensão: A Tabela 54 apresenta os limites para os desequilíbrios de tensão. Nesta tabela, devem-se destacar os seguintes aspectos: Com exceção de consequência de contingências na rede elétrica, o desequilíbrio de tensão médio não deve variar mais do que a quantidade indicada na coluna 2 da Tabela 54, quando calculado em um período médio de 30 minutos; Quando da existência de uma contingência na rede elétrica, o desequilíbrio médio não deve variar mais do que a quantidade estabelecida na coluna 3 da Tabela 54, sendo calculado durante um período de 30 minutos; O desequilíbrio de tensão médio não deve variar mais do que o valor estabelecido na coluna 4 da Tabela 54, quando determinado para um período de integração de 10 minutos; O desequilíbrio de tensão médio não deve variar mais do que a quantidade indicada na coluna 5, quando avaliado durante 1 minuto. 65 Tabela 54 - Desequilíbrios de tensão – Austrália Tensão nominal (kV) Coluna 1 Tensão de sequência negativa máxima (% da tensão nominal) Coluna 2 Coluna 3 Coluna 4 Sem Existência de contingências contingência 30 minutos 30 minutos 10 minutos 1 minuto Acima de 100 0,5 0,7 1,0 2,0 Entre 10 e 100 1,3 1,3 2,0 2,5 Abaixo de 10 2,0 2,0 2,5 3,0 Geral Coluna 5 Uma vez a cada hora Diferenciação de limites devido a particularidades regionais e especificidades econômicas Os indicadores apresentados anteriormente, bem como os respectivos valores de referência, são utilizados no Mercado Nacional de Eletricidade (National Electricity Market - NEM) australiano. Conforme apresentado anteriormente, o NEM é um mercado atacadista, através do qual os geradores e revendedores comercializam energia elétrica no leste e no sul da Austrália. Há seis regiões participantes, as quais se encontram eletricamente interligadas através de um sistema de transmissão: Queensland, Nova Gales do Sul, o Território da Capital da Austrália, Victoria, Austrália do Sul e Tasmânia. A região da Austrália Ocidental tem um acordo de mercado de energia autônomo conhecido como o Mercado Atacadista de Energia (MAE), o qual opera no Sistema Interligado Sul-Oeste (SWIS). No Território do Norte, por causa de sua população relativamente pequena e elevadas distâncias dos maiores concentrações urbanas, há uma empresa que pode adquiri eletricidade de produtores independentes de energia e geradores remotos. Assim, essas duas regiões da Austrália apresentam requisitos e condições específicas para os indicadores de qualidade da energia elétrica. Outro aspecto meritório de destaque se refere à definição, por parte das empresas distribuidoras, de requisitos de conexão para acessantes. Geralmente, estes parâmetros se baseiam no Código Nacional de Eletricidade (National Electricity Rules). 66 Histórico de indicadores já apurados A Austrália possui um programa para a avaliação da qualidade da energia elétrica intitulado por Pesquisa Nacional de Qualidade de Energia de Longo Prazo (Long Term National Power Quality Survey – LTNPQS). Este projeto visa o monitoramento e apresentação de dados relacionados à qualidade da energia nas redes elétricas e envolve a maioria das concessionárias existentes na costa leste australiana. Ele foi inicialmente instigado pela Universidade de Wollongong e pela Associação Australiana de Supridores de Energia (Electricity Supply Association of Australian – ESAA) no ano 2000. No início deste projeto, o monitoramento da qualidade da energia era inexistente e a qualidade do suprimento era considerada de baixa prioridade para as distribuidoras de energia elétrica, quando comparados com aspectos de expansão e confiabilidade da rede. Todavia, com avanços obtidos ao longo dos anos, as, distribuidoras de energia elétrica perceberam a importância do atendimento aos indicadores de qualidade de energia. O grande benefício deste projeto consiste na caracterização dos níveis nacionais de qualidade de energia, fato este que auxilia a determinação dos níveis para os diferentes indicadores. Ele envolve a avaliação contínua de variações de tensão, desequilíbrios, harmônicos e afundamentos e inclui cerca de diversos pontos de medição em baixa e média tensão, com relatórios gerados anualmente. Penalidades para a ultrapassagem dos valores limites Não foram encontradas penalidades para os casos em que os limites para os indicadores de qualidade da energia são ultrapassados. Procedimentos para conexão de acessantes Para que as redes de distribuição atendam aos requisitos definidos pelo Código Nacional de Eletricidade, as empresas fornecedoras de energia determinam que as instalações dos consumidores não afetem as características operacionais da rede elétrica. Assim, os equipamentos utilizados nas instalações devem atender aos requisitos e práticas internacionais para a limitação de distúrbios impactantes na rede elétrica. 2.3 - Análise crítica dos regulamentos internacionais Tendo em vista as regulamentações apresentadas na seção anterior, a Tabela 55 apresenta uma síntese entre os diferentes requisitos para a gestão da qualidade do produto 67 em diferentes países. Tal tabela permite a comparação entre os diferentes documentos analisados com a regulamentação atual brasileira. Tabela 55 - Análise comparativa entre regulamentações Indicador Tensão em regime permanente Variações de frequência Distorção harmônica individual de tensão Distorção harmônica total de tensão Distorção harmônica individual de corrente Distorção harmônica total de corrente Desequilíbrios de tensão Flutuação de tensão Variações de tensão de curta duração Penalizações quando da violação PRODIST – Módulo 8 BRA Regulamentações consultadas USA X CAN EU (CENELEC) FRA ZAF PER X X X X X X X X X X X X ARG JPN CHN AUS X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X Através da Tabela 55 verifica-se que os principais indicadores encontrados de forma bem definida em regulamentações adotadas por alguns países são: distorção harmônica, flutuação de tensão e desequilíbrios de tensão. Nota-se que no Japão apenas o indicador de distorção harmônica apresenta uma regulamentação definida. Além disso, vale ressaltar que poucos países apresentam algum critério para limitar os índices de afundamento ou elevação momentânea de tensão. Isto pode ser justificado, por exemplo, pela diversidade das causas desses fenômenos. Em relação às penalizações quando da violação de limites, verifica-se que poucos países adotam algum critério. A Tabela 56 apresenta outro quadro, onde é destacada uma síntese da diferença entre os limites aplicados nos diferentes países consultados. Para tanto, utilizou-se apenas os indicadores de distorção harmônica, flutuação de tensão e desequilíbrio de tensão. Os critérios específicos para outros indicadores podem ser consultados na seção 2.2. Nota-se, que há uma uniformidade dos limites aplicados, principalmente em relação aos índices de flutuação e desequilíbrio de tensão. 68 Indicador DTHT% V 2% V 3% V 4% V 5% V 6% V 7% V 8% V 9% V10% V11% V12% V13% V14% V15% V16% V17% V18% V19% V20% V21% V22% V23% V24% V25% FD% KS95% Pst Plt PstD95% PltS95% Tabela 56 – Comparativo entre os limites indicados em alguns países. Canadá Europa França EUA Vn < 1 kV 8,0 % 5,0 % 5,0 % 5,0 % 5,0 % 5,0 % 5,0 % 5,0 % 5,0 % 5,0 % 5,0 % 5,0 % 5,0 % 5,0 % 5,0 % 5,0 % 5,0 % 5,0 % 5,0 % 5,0 % 5,0 % 5,0 % 5,0 % 5,0 % 5,0 % 1,0 KV ≤ U ≤ 69 KV 69,001 KV ≤ Vn ≤ 161 KV Vn > 161 kV Vn < 1 kV 2,5 % 1,5 % 1,5 % 1,5 % 1,5 % 1,5 % 1,5 % 1,5 % 1,5 % 1,5 % 1,5 % 1,5 % 1,5 % 1,5 % 1,5 % 1,5 % 1,5 % 1,5 % 1,5 % 1,5 % 1,5 % 1,5 % 1,5 % 1,5 % 1,5 % - 1,5 % 1,0 % 1,0 % 1,0 % 1,0 % 1,0 % 1,0 % 1,0 % 1,0 % 1,0 % 1,0 % 1,0 % 1,0 % 1,0 % 1,0 % 1,0 % 1,0 % 1,0 % 1,0 % 1,0 % 1,0 % 1,0 % 1,0 % 1,0 % 1,0 % - 6,5 % - 5,0 % 3,0 % 3,0 % 3,0 % 3,0 % 3,0 % 3,0 % 3,0 % 3,0 % 3,0 % 3,0 % 3,0 % 3,0 % 3,0 % 3,0 % 3,0 % 3,0 % 3,0 % 3,0 % 3,0 % 3,0 % 3,0 % 3,0 % 3,0 % 3,0 % 3,0 % - < 1,0 pu - - - 1,0 KV ≤ Vn ≤ 25 KV 6,5 % 1,6 % 4,0 % 1,0 % 5,0 % 0,5 % 4,0 % 0,5 % 1,2 % 0,5 % 3,0 % 0,5 % 2,5 % 0,5 % 0,3 % 0,5 % 1,6 % 0,5 % 1,2 % 0,5 % 0,2 % 0,5 % 1,2 % 0,5 % 1,2 % - 2,0 % < 1,0 pu < 0,8 pu - Vn < 35 kV 8,0% 2,0% 5,0% 1,0% 6,0% 0,5% 5,0% 0,5% 1,5% 0,5% 3,5% 0,5% 3,0% 0,5% 0,5% 0,5% 2,0% 0,5% 1,5% 0,5% 0,5% 0,5% 1,5% 0,5% 1,5% - África do Sul Peru 36,0 KV ≤ Vn ≤ 150 KV 1,0 KV ≤ Vn ≤ 50 KV Vn > 50 kV BT e MT AT e EAT BT e MT AT e EAT 8,0% 1,9% 3,0% 1,0% 5,0% 0,5% 4,0% 0,5% 1,3% 0,5% 3,0% 0,5% 2,5% 0,5% 0,5% 0,5% 0,5% 0,5% 0,5% 0,5% 0,5% - 8,0% 2,0% 5,0% 1,0% 6,0% 0,5% 5,0% 0,5% 1,5% 0,5% 3,5% 0,5% 3,0% 0,5% 0,5% 0,5% 2,0% 0,5% 1,5% 0,5% 0,5% 0,5% 1,5% 0,5% 1,5% 3,0% 1,5% 2,0% 1,0% 2,0% 0,5% 2,0% 0,5% 1,0% 0,5% 1,5% 0,5% 1,5% 0,5% 0,5% 0,5% 1,0% 0,5% 1,0% 0,5% 0,5% 0,5% 0,7% 0,5% 0,7% 8,0% 2,0% 5,0% 1,0% 6,0% 0,5% 5,0% 0,5% 1,5% 0,5% 3,5% 0,46% 3,0% 0,43% 0,5 0,41% 2,0 0,39% 1,8% 0,37% 0,3% 0,36% 1,4% 0,35% 1,3% 3,0% 1,5% 2,0% 1,0% 2,0% 0,5% 2,0% 0,4% 1,0% 0,4% 1,5% 0,2% 1,5% 0,2% 0,3% 0,2% 1,0% 0,2% 1,0% 0,2% 0,2% 0,2% 0,7% 0,2% 0,7% 8,0% 2,0% 5,0% 1,0% 6,0% 0,5% 5,0% 0,5% 1,5% 0,5% 3,5% 0,2% 3,0% 0,2% 0,3% 0,2% 2,0% 0,2% 1,5% 0,2% 0,2% 0,2% 1,5% 0,2% 1,5% 3,0% 1,5% 1,5% 1,0% 2,0% 0,% 2,0% 0,2% 1,0% 0,2% 1,5% 0,2% 1,5% 0,2% 0,3% 0,2% 1,0% 0,2% 1,0% 0,2% 0,2% 0,2% 0,7% 0,2% 0,7% 2,0 % < 1,0 pu 2,0 % < 1,0 pu 69 2,0 a 3,0 % < 1,0 pu - < 1,0 pu - Tabela 56 (Continuação) – Comparativo entre os limites indicados em alguns países. Argentina Japão China Indicador DTHT% V 2% V 3% V 4% V 5% V 6% V 7% V 8% V 9% V10% V11% V12% V13% V14% V15% V16% V17% V18% V19% V20% V21% V22% V23% V24% V25% FD% KS95% Pst Plt PstD95% PltS95% U < 1 kV 8,0% 2,0% 5,0% 1,0% 6,0% 0,5% 5,0% 0,5% 1,5% 0,5% 3,5% 0,2% 3,0% 0,2% 0,3% 0,2% 2,0% 0,2% 2,0% 0,2% 0,2% 0,2% 1,5% 0,2% 1,5% 1,0 KV ≤ U ≤ 66 KV 66 KV ≤ U ≤ 220 KV 8,0% 2,0% 5,0% 1,0% 6,0% 0,5% 5,0% 0,5% 1,5% 0,5% 3,5% 0,2% 3,0% 0,2% 0,3% 0,2% 2,0% 0,2% 1,5% 0,2% 0,2% 0,2% 1,5% 0,2% 1,5% < 1,0 pu - 3,0% 1,5% 1,5% 1,0% 2,0% 0,5% 2,0% 0,2% 1,0% 0,2% 1,5% 0,2% 1,5% 0,2% 0,3% 0,2% 1,0% 0,2% 1,0% 0,2% 0,2% 0,2% 0,7% 0,2% 0,7% - JIS C 61000 3-2 ou IEC 61000 3-2 JIS C 61000 4-7 ou IEC 61000 4-7 0,38 KV 6 ou 10 KV 35 ou 66 KV 110 KV 5,0% 4,0% 3,0% 2,0% Ʃimpar = 4,0% Ʃimpar = 3,2% Ʃimpar = 2,4% Ʃimpar = 1,6% Ʃpar = 2,0% Ʃpar = 1,6% Ʃpar = 1,2% Ʃpar = 0,8% 1,3 a 4,0% - - - < 1,0 pu Austrália U < 10 kV < 0,8 pu 70 U > 100 kV AS/NZS 61000 3-6 ou IEC 61000 3-6 3,0% - 10 KV ≤ U ≤ 100 KV 2,5% - 2,0% AS/NZS 61000 3-7 ou IEC 61000 3-7 2.4 - Normas e recomendações internacionais para avaliação da QEE 2.4.1 - IEC – International Electrotechincal Commission A IEC é uma organização mundial de normatização, cujo objetivo é promover a cooperação internacional em questões relativas a normas/recomendações/orientações no contexto elétrico e eletrônico. Com esta finalidade, a IEC publica documentos para uso internacional, os quais se encontram no formato de normas, relatórios técnicos e manuais. No que concerne aspectos relacionados à qualidade da energia elétrica, esta organização disponibiliza uma série de documentos que trata de definição dos fenômenos e seus respectivos indicadores, proposição de valores limites e apresentação de procedimentos e protocolos para a medição e avaliação de desempenho. Os mesmos constituem a base de documentos identificada por IEC 61000 – Electromagnetic compatibility (EMC). Assim, apresenta-se na sequência uma discussão das recomendações existentes nesta base de documentos e que abordam aspectos relacionados aos indicadores de qualidade do produto. Estes documentos, de um modo geral, contêm orientações que podem subsidiar atividades de acompanhamento dos fenômenos que alteram os padrões de fornecimento de energia elétrica nas redes de distribuição. IEC 61000-3-2 – Limits for harmonic current emissions (equipment input current ≤ 16 A per phase): este documento trata da limitação das correntes harmônicas injetadas no sistema de distribuição. Assim, ele especifica os limites para as componentes harmônicas relacionadas às correntes de entrada de equipamentos com uma corrente nominal de até 16 A por fase [35]; IEC 61000-3-3 – Limitation of voltage changes, voltage fluctuations and flicker in public lowvoltage supply systems, for equipment with rated current ≤16 A per phase and not subject to conditional connection: este documento está focado na limitação de flutuações e variações de tensão no sistema de distribuição em baixa tensão. Ele especifica os limites para estes fenômenos, quando da conexão de equipamentos elétricos e eletrônicos que possuem uma corrente nominal inferior ou igual a 16 A por fase e alimentados por uma tensão fase-neutro situada na faixa de 220 V a 250 V [36]; IEC 61000-3-4 – Limitation of emission of harmonic currents in low-voltage power supply systems for equipment with rated current greater than 16 A: Esta recomendação técnica é direcionada aos equipamentos elétricos e eletrônicos que possuem uma corrente nominal superior a 16 A por fase e são alimentados por sistemas de distribuição em corrente alternada com as seguintes características: tensão nominal de até 240 V, monofásica, dois ou três fios; tensão nominal de até 600 V, trifásico, três ou quatro fios; frequência nominal de 50 ou 60 Hz. Assim, especificam-se as informações necessárias para viabilizar a avaliação 71 da conexão de equipamentos às redes elétricas, quanto aos impactos sobre os indicadores de distorção harmônica [37]. IEC 61000-3-5 – Limitation of voltage fluctuations and flicker in low-voltage power supply systems for equipment with rated current greater than 75 A: Este documento trata da emissão de perturbações devido a flutuações de tensão, quando da operação de equipamentos elétricos e eletrônicos que apresentam uma corrente nominal superior a 75 A [38]. IEC 61000-3-6 – Assessment of emission limits for the connection of distorting installations to MV, HV and EHV power systems: Este documento fornece recomendações para avaliar as emissões harmônicas dos consumidores conectados em sistemas de média, alta e extra-alta tensão (consumidores de baixa tensão são avaliados por outras normas IEC) [11]. IEC 61000-3-7 – Assessment of emission limits for the connection of fluctuating installations to MV, HV and EHV power systems: Este document fornece um guia para determiner as recomendações em relação à conexão de cargas variáveis em sistemas de media, alta e extra-alta tensão (consumidores de baixa tensão são avaliados por outras normas IEC) [34]. IEC 61000-3-11: Limitation of voltage changes, voltage fluctuations and flicker in public lowvoltage supply systems - Equipment with rated current ≤ 75 A and subject to conditional connection: Este documento da IEC 61000 está centrado na emissão de variações e flutuações de tensão produzidas por equipamentos conectados às redes de distribuição em baixa tensão. Dessa maneira, ele especifica os limites para tais fenômenos, quando da avaliação de equipamentos com corrente nominal inferior a 75 A [39]. IEC 61000-3-12: Limits for harmonic currents produced by equipment connected to public low-voltage systems with input current >16 A and ≤ 75 A per phase: a IEC 61000-3-12 trata da limitação das correntes harmônicas injetadas no sistema de distribuição, no sentido de definir limites para a emissão harmônica de equipamentos elétricos e eletrônicos com corrente nominal superior a 16 A e inferior a 75 A por fase, os quais conectam em redes com as seguintes características: tensão nominal de até 240 V, monofásica, dois ou três fios; tensão nominal de até 600 V, trifásico, três ou quatro fios; frequência nominal de 50 ou 60 Hz [40]. IEC 61000-3-13: Assessment of emission limits for the connection of unbalanced installations to MV, HV and EHV power systems: Esta parte do IEC 61000 fornece orientações sobre os princípios que podem ser usados como base para determinar os requisitos para a conexão de instalações desequilibradas (instalações que introduzem desequilíbrios de tensão) em redes elétricas de média, alta e extra alta tensão [41]. 72 IEC 61000-3-14: Assessment of emission limits for harmonics, interharmonics, voltage fluctuations and unbalance for the connection of disturbing installations to LV power systems: Este documento provê informações que podem ser usadas como base para determinar os requisitos para a conexão em sistemas de distribuição em baixa tensão de instalações perturbadoras, as quais se caracterizam por: emissão de correntes harmônicas e inter harmônicas, flutuações, variações e desequilíbrios de tensão[42]. IEC 61000-4-7: General guide on harmonics and interharmonics measurements and instrumentation, for power supply systems and equipment connected thereto: Destina-se à instrumentação destinada para a medição de componentes espectrais de frequência inferior a 9 kHz, as quais são sobrepostas às componentes fundamentais de sistemas de fornecimento de energia em 50 ou 60 Hz [27]. IEC 61000-4-15: Flickermeter - Functional and design specifications: Este documento fornece uma especificação para a implementação de um aparelho destinado à avaliação dos níveis de flutuação de tensão. As características do flickermeter contidas neste documento se referem apenas às medições de 120 V e 230 V, 50 Hz e 60 Hz [24]. IEC 61000-4-30: Power quality measurement methods: Esta norma técnica define os métodos para a medição dos indicadores de qualidade da energia em redes elétricas a 50 ou 60 Hz, sendo que as metodologias descritas proporcionam resultados de medição confiáveis e repetíveis, independentemente da implementação do método. Assim, os fenômenos considerados neste documento são frequência de alimentação, a magnitude da tensão de alimentação, flutuações de tensão, afundamentos e elevações de tensão, interrupções de tensão, fenômenos transitórios, desequilíbrio de tensão, harmônicas e inter harmônicos de tensão [23]. 2.4.2 - IEEE – Institute of Electrical and Electronic Engineers As normas IEEE de qualidade de energia não apresenta uma documentação estruturada e compreensiva comparada às normas IEC. No entanto, elas fornecem um conhecimento mais prático e teórico do fenômeno, tornando uma referência mais aplicada, mesmo fora dos Estados Unidos. A seguir encontra-se as principais normas IEEE utilizadas em relação à área de qualidade de energia. IEEE 519 - Recommended Practices and Requirements for Harmonic Control in Electrical Power Systems: Este documento é utilizado como um guia no projeto de sistemas de energia com cargas não lineares. Os limites indicados são para operação em regime permanente e são 73 recomendados em situações de “pior caso”. Além disso, vale ressaltar que os limites fornecidos nesse documento são apenas recomendações [9]. Limites recomendados para harmônicas No ponto de acoplamento comum, as concessionárias de energia devem limitar a tensão harmônica fase-neutro como segue: Percentil 99% diário em curto período de 3s. Os valores devem ser menor que 1,5 vezes os valores fornecidos na Tabela 57. Percentil 95% semanal em curto período de 10min. Os valores devem ser menor que aqueles fornecidos na Tabela 57. Todos os valores devem ser em percentagem da tensão fundamental no ponto de acoplamento comum. Tabela 57 - Limites de distorção de tensão Tensão PAC ≤ 1,0 KV 1,0 KV ≤ U ≤ 69 KV 69,001 KV ≤ U ≤ 161 KV ≥ 161 KV Harmônica Individual (%) 5 3 1,5 1 Distorção harmônica total (%) 8 5 2,5 1,5 No ponto de acoplamento comum com tensão entre 120 V a 69 KV, os consumidores devem limitar a corrente harmônica como segue: Percentil 99% diário em curto período de 3s. As correntes harmônicas devem ser menor que 2 vezes os valores fornecidos na Tabela 58. Percentil 99% semanal em curto período de 10min. As correntes harmônicas devem ser menor que 1,5 vezes os valores fornecidos na Tabela 58. Percentil 95% semanal em curto período de 10min. As correntes harmônicas devem ser menor que aquelas fornecidas na Tabela 58. Todos os valores devem ser em percentagem da máxima corrente média anual solicitada, IL. Tabela 58 - Limites de distorção de corrente para sistemas entre 120 V a 69 KV Máxima corrente de distorção harmônica em percentagem de IL Ordem harmônica individual (Harmônicas ímpares) ISC/IL <11 11 ≤ h < 17 17 ≤ h < 23 23 ≤ h ≤<35 h ≥ 35 <20* 4 2 1,5 0,6 0,3 >20 e <50 7 3,5 2,5 1 0,5 >50 e <100 10 4,5 4,0 1,5 0,7 >100 e <1000 12 5,5 5,0 2 1 >1000 15 7 6,0 2,5 1,4 TDD 5 8 12 15 20 74 Harmônicas pares são limitadas a 25% dos limites indicados acima às harmônicas ímpares Distorções de corrente que resultam em uma componente contínua *Toda equipamento de geração de energia é limitado a estes valores de distorção de corrente, independentemente do valor real ISC/IL Onde ISC é a máxima corrente de curto-circuito no PAC e IL é a máxima corrente de carga solicitada (componente da frequência fundamental) no PAC sob condições normais de operação. No ponto de acoplamento comum com tensão entre 69,001 KV a 161 KV, os consumidores devem limitar a corrente harmônica como segue: Percentil 99% diário em curto período de 3s. As correntes harmônicas devem ser menor que 2 vezes os valores fornecidos na Tabela 59. Percentil 99% semanal em curto período de 10min. As correntes harmônicas devem ser menor que 1,5 vezes os valores fornecidos na Tabela 58. Percentil 95% semanal em curto período de 10min. As correntes harmônicas devem ser menor que aquelas fornecidas na Tabela 58. Todos os valores devem ser em percentagem da máxima corrente média anual solicitada, IL. Tabela 59 - Limites de distorção de corrente para sistemas entre 69,001 KV a 161 KV Máxima corrente de distorção harmônica em percentagem de IL Ordem harmônica individual (Harmônicas ímpares) ISC/IL <11 11 ≤ h < 17 17 ≤ h < 23 23 ≤ h ≤<35 h ≥ 35 <20* 2 1 0,75 0,3 0,15 >20 e <50 3,5 1,75 1,25 0,5 0,25 >50 e <100 5 2,25 2 0,75 0,35 >100 e <1000 6 2,75 2,5 1 0,5 >1000 7,5 3,5 3 1,25 0,7 TDD 2,5 4 6 7,5 10 Harmônicas pares são limitadas a 25% dos limites indicados acima às harmônicas ímpares Distorções de corrente que resultam em uma componente contínua *Toda equipamento de geração de energia é limitado a estes valores de distorção de corrente, independentemente do valor real ISC/IL Onde ISC é a máxima corrente de curto-circuito no PAC e IL é a máxima corrente de carga solicitada (componente da frequência fundamental) no PAC sob condições normais de operação. No ponto de acoplamento comum com tensão acima de 161,001 KV, os consumidores devem limitar a corrente harmônica como segue: Percentil 99% diário em curto período de 3s. As correntes harmônicas devem ser menor que 2 vezes os valores fornecidos na Tabela 60. Percentil 99% semanal em curto período de 10min. As correntes harmônicas devem ser menor que 1,5 vezes os valores fornecidos na Tabela 60. 75 Percentil 95% semanal em curto período de 10min. As correntes harmônicas devem ser menor que aquelas fornecidas na Tabela 60. Todos os valores devem ser em percentagem da máxima corrente média anual solicitada, IL. Tabela 60 - Limites de distorção de corrente para sistemas entre 69,001 KV a 161 KV Máxima corrente de distorção harmônica em percentagem de IL Ordem harmônica individual (Harmônicas ímpares) ISC/IL <11 11 ≤ h < 17 17 ≤ h < 23 23 ≤ h ≤<35 h ≥ 35 TDD <25* 1 0,5 0,38 0,15 0,1 1,5 >25 e <50 2 1 0,75 0,3 0,15 2,5 ≥ 50 3 1,5 1,15 0,45 0,22 3,75 Harmônicas pares são limitadas a 25% dos limites indicados acima às harmônicas ímpares Distorções de corrente que resultam em uma componente contínua *Toda equipamento de geração de energia é limitado a estes valores de distorção de corrente, independentemente do valor real ISC/IL Onde ISC é a máxima corrente de curto-circuito no PAC e IL é a máxima corrente de carga solicitada (componente da frequência fundamental) no PAC sob condições normais de operação. Limites recomendados para tensão inter-harmônica Para componentes inter-harmônicas, as concessionárias de energia podem limitar as tensões inter-harmônicas (percentil 95% semanal) aos valores apresentados na Figura 2 para componentes inter-harmônicas até 120 Hz e considerando frequência fundamental de 60 Hz. Vale ressaltar que os limites sugeridos são baseados na avaliação do efeito de cintilação luminosa utilizando as técnicas de medição de acordo com IEEE Std. 1453 [43] e IEC Std. 61000-4-15 [24]. Estes limites correlacionam com índice de severidade de cintilação luminosa, Pst, igual a 1,0 pu, considerando sistemas em 60 Hz. A Tabela 61 apresentam valores numéricos extraídos da Figura 2 para tensão no PAC menor que 1 KV. 76 Figura 2: Limites de tensão inter-harmônica baseados no efeito de cintilação luminosa para sistemas 60 Hz. Frequência (Hz) 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 Tabela 61 - Limites de tensão inter-harmônica extraídos da Figura 2. Magnitude Frequência Magnitude Frequência Magnitude Frequência (%) (Hz) (%) (Hz) (%) (Hz) 5 27 1,78 38 0,81 49 4,5 28 1,64 39 0,78 50 3,9 29 1,54 40 0,71 51 3,45 30 1,43 41 0,64 52 3 31 1,33 42 0,57 53 2,77 32 1,26 43 0,50 54 2,53 33 1,20 44 0,48 55 2,3 34 1,13 45 0,43 56 2,15 35 1,05 46 0,38 57 2,03 36 0,95 47 0,34 58 1,9 37 0,85 48 0,31 59 Magnitude (%) 0,28 0,25 0,23 0,25 0,27 0,29 0,35 0,40 0,58 0,77 0,95 IEEE 1453 - IEEE Recommended Practice—Adoption of IEC 61000-4-15:2010, Electromagnetic compatibility (EMC)—Testing and measurement techniques— Flickermeter—Functional and design specifications Este documento adota a norma IEC 61000-4-15, a qual fornece especificações funcional e de projeto para medição do efeito de cintilação luminosa a fim de indicar a percepção correta de flicker. O objetivo da IEC 61000-4-15 é fornecer básicas informações para o projeto e a instrumentação de um flickermeter analógico ou digital. Vale ressaltar que não são fornecidos valores limites para o índice de severidade de flicker [43]. IEEE 1159 - IEEE Recommended Practice for Monitoring Electric Power Quality A proposta deste documento é orientar os consumidores na medição e interpretação da informação relacionada ao fenômeno eletromagnético responsável por causar problemas de 77 qualidade de energia. O documento define o fenômeno da qualidade de energia a fim de facilitar a comunicação dentro da comunidade científica. Além disso, define-se uma opinião de senso comum sobre segurança e métodos aceitáveis para a monitoração de sistemas elétricos e interpretação dos resultados. Por fim, esta recomendação prática oferece um tutorial referente aos distúrbios do sistema de energia bem como suas causas comuns [44]. 2.4.3 - ANSI – American National Standard Institute O American National Standards Institute (ANSI) atua como administrador e coordenador da normalização voluntária dos Estados Unidos há mais de 90 anos. Fundada em 1918 por cinco sociedades de engenharia e três órgãos governamentais, o Instituto continua a ser uma organização privada, sem fins lucrativos, apoiada por um público diversificado de organizações privadas e do setor público. A norma dentro do contexto de qualidade de energia deste órgão é a ANSI – C84.1 (American National Standard), aprovada pelo ANSI (American National Standards Institute), sendo a última revisão em 2011[45], estabelece valores nominais de tensão e tolerâncias operacionais para sistemas de 100V a 1.200 kV em 60Hz, não inclui variação momentânea de tensão. Este documento classifica a tensão em dois tipos, tensão de serviço e tensão de utilização, sendo: Tensão de serviço: A tensão no ponto em que o sistema elétrico do fornecedor e do sistema elétrico do usuário está conectado; Tensão de utilização: A tensão nos terminais de linha de equipamento de utilização. Portanto, para tensões de sistemas nominais comuns, o intervalo recomendado de acordo com ANSI C84.1 serão conforme indicados na Tabela 62. Tabela 62 - Faixa de utilização de tensão ANSI C84.1-2011 Tensão Nominal (kV) Baixa Tensão Média Tensão Alta Tensão 0,12 < U ≤ 0,6 0,6 < U ≤ 69 115 < U ≤ 230 Tensão de Serviço Ideal Aceitável Min Max Min Max Tensão de Utilização Ideal Aceitável Min Max Min Max 95% 105% 91,6% 106% 91,6% 105% 88% 106% 97,5 % 105% 90,0% 106% 90,0% 105% 86% 106% ---- 105% ---- ---- ---- 105% ---- ---- Para o desequilíbrio de tensão de um sistema polifásico é expresso em valores percentuais e calculados conforme (38): 78 𝐹𝐷𝑉(%) = 𝐷𝑉𝑀𝑎𝑥 ∙ 100 𝑉𝑀𝑒𝑑 (38) Onde: FDV% – Fator de desequilíbrio de tensão, expresso em porcentagem da tensão média. VMed – Tensão calculada pela média aritmética das tensões trifásicas, expressa em Volt. DVMax –Maior desvio entre as tensões trifásicas e o valor médio (VMed), expresso em Volt. A norma ANSI – C84.1-2011 recomenda que, os sistemas de suprimento elétrico devem ser projetados e operados de modo a limitar o máximo desequilíbrio de tensão em 3%, sob condições a vazio. 2.4.4 - ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas Fundada em 1940, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o órgão responsável pela normalização técnica no país, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. É uma entidade privada, sem fins lucrativos, reconhecida como único Foro Nacional de Normalização através da Resolução n.º 07 do CONMETRO, de 24.08.1992. No que concerne aspectos relacionados à qualidade da energia elétrica, esta organização disponibiliza da norma ABNT NBR IEC 61000-4-30 [46], tradução da IEC 61000-4-30, no qual define os métodos para medição e interpretação dos resultados de parâmetros da qualidade da energia elétrica em sistemas de alimentação em corrente alternada a 50/60 Hz. 2.4.5 - Considerações finais As normas internacionais citadas nesta seção, no âmbito internacional (IEC, IEEE e ANSI), formam os principais critérios que objetivam uma boa qualidade de energia. Nota-se que as normas adotadas por diversos países são baseadas nas recomendações IEC. Por exemplo, a recomendação no Brasil, no contexto da qualidade de energia (ABNT NBR IEC 61000-4-30), é uma tradução da IEC 61000-4-30. A Tabela 63 destaca as principais normas IEC que geralmente são utilizadas como base para a formação de regulamentação da qualidade de energia no mundo. As normas IEEE 519, IEEE 1453, IEEE 1159 e ANSI C84.1, são as normas que os Estados Unidos utilizam no contexto da qualidade de energia. Alguns países utilizam recomendações das normas IEC e IEEE em conjunto. 79 Tabela 63 - Principais normas IEC adotadas aos órgãos em desenvolvimento e às concessionárias no mundo. Parte Parâmetro Parte 2 Ambiente Eletromagnético Todos Distorção Harmônica Parte 3 Limites Parte 4 Técnicas de Teste e Medição Flutuação de Tensão Desequilíbrio de Tensão Distorção Harmônica Flutuação de Tensão Qualidade de Energia Publicação IEC IEC 61000-2-2 IEC 61000-2-12 IEC 61000-3-2 (≤ 16A/fase) IEC 61000-3-12 (≤ 75A/fase) IEC 61000-3-6 IEC 61000-3-3 (≤ 16A/fase) IEC 61000-3-11 (≤ 75A/fase) IEC 61000-3-7 IEC 61000-3-13 Classe de Tensão Baixa Média ou Alta Baixa Média ou Alta Baixa Média ou Alta Baixa Média ou Alta IEC 61000-4-7 Todas IEC 61000-4-15 Todas IEC 61000-4-30 Todas Verifica-se que a regulação da qualidade de energia atualmente encontra-se menos avançada e detalhada quando comparada por exemplo com a regulação de continuidade de fornecimento de energia. Este cenário justifica-se pela elevada complexidade envolvida na regulação da qualidade de tensão. No entanto, nota-se que a relevância da qualidade de energia e consequentemente a necessidade de regulação tem aumentado mundialmente nos últimos anos. 80 3 - Pesquisas na área de Qualidade da Energia Elétrica Esta seção se destina apresentação das principais referências bibliográficas e pesquisas realizadas no Brasil e exterior, as quais podem subsidiam o processo de aperfeiçoamento dos requisitos de qualidade do produto. Tal levantamento visa a obtenção de informações sobre a proposição de indicadores e sistemas de medição para a avaliação dos diversos fenômenos que afetam a qualidade da energia, bem como mecanismos existentes em território nacional e internacional que auxiliem a definição de valores limites. Neste particular, é importante destacar que o processo da divulgação e acesso ao conhecimento se constitui em uma ação dinâmica, e devido a isso e outros fatores, pode ocorrer omissão de um ou outro documento no corpo do presente relatório. Caso isto venha a ser detectado, as novas fontes de referência serão oportunamente incorporadas aos trabalhos futuros. Não obstante tal ressalva, as publicações encontradas e avaliadas até o presente resultaram no seguinte conjunto de referências bibliográficas: Relatórios finais de projetos de Pesquisa e Desenvolvimento regularizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (P&D/ANNEL); Artigos técnico-científicos abordando aspectos relacionados ao monitoramento da qualidade da energia. Assim, apresenta-se na sequência, uma síntese dos documentos encontrados nas diversas fontes pesquisadas. 3.1 - Projetos de P&D/ANEEL 3.1.1 - Sistema de Gestão de Qualidade de Energia Elétrica – Grupo Rede [47] Realização: ENERQ/USP (Centro de Estudos de Regulação e Qualidade da Energia – Universidade de São Paulo), Grupo Rede; Ano: 2004/2006; Natureza: Caracterização de distúrbios; Descrição: O sistema de gestão foi concebido para apurar indicadores de fenômenos de curta duração (afundamentos e elevações de tensão de curta-duração) e fenômenos de longa duração (níveis de tensão, desequilíbrios de tensão, distorções harmônicas de tensão e harmônicas individuais) e flicker. Foram definidos indicadores e formas de apuração para cada fenômeno de interesse com base nas exigências de órgãos reguladores nacionais, quando existentes, ou normas e referências internacionais como a IEC e CEA, quando não há as nacionais. Os indicadores dos fenômenos considerados são obtidos por meio do software denominado InterQuali – Módulo Estatístico. Esse software faz o processamento das 81 medições das grandezas relativas aos fenômenos definidos e obtêm os indicadores. Esses indicadores são armazenados em uma base de dados definida especificamente para fenômenos de qualidade de energia elétrica. A metodologia empregada consiste, basicamente, em aquisição das informações dos pontos de medição, verificação da compatibilidade e coerência dessas informações e tratamentos estatísticos das mesmas, gerando os indicadores. Com essa metodologia pretende-se avaliar a qualidade da energia de um sistema de distribuição frente aos fenômenos de interesse. Os tratamentos estatísticos produzem indicadores de fenômenos de curta e de longa duração. Para os fenômenos de longa duração e flicker é proposta a obtenção de indicadores de valores diários e semanais, correspondentes às probabilidades acumuladas de 5 %, 50 %, 95 %, 99 % e valor máximo, dos registros de saída dos medidores. Para os fenômenos de VTCDs (afundamentos ou elevações) é proposta a obtenção dos valores correspondentes ao número de ocorrências para um período de avaliação maior, classificando as perturbações por faixas de amplitude e de duração. Os resultados do tratamento estatístico permitem fazer diagnósticos de avaliação da qualidade de energia dos fenômenos englobados pelo sistema através de relatórios de saída padronizados, agrupando as informações dos indicadores calculados e realizando agregações de fases, temporais e espaciais (indicadores coletivos). Esses relatórios podem ser gerados para cada local de medição ou para um conjunto determinado de locais, permitindo avaliar o comportamento de uma determinada região específica ou de todo o sistema por meio de gráficos e tabelas especificados. Dessa forma, constituem fontes de informações úteis na determinação do desempenho dos locais de um sistema elétrico frente a cada um dos fenômenos avaliados. Os resultados dessas análises podem auxiliar na ligação de novos consumidores com processos industriais sensíveis, na mitigação de problemas oriundos dos distúrbios provocados pelos fenômenos de QEE considerados e na averiguação da propagação das perturbações e da adequação dos padrões propostos, fornecendo subsídios para balizar alguma proposta de normalização dos valores de indicadores esperados para cada fenômeno. Dessa forma, o processamento dessas medições e a obtenção dos indicadores em relatórios de saída padronizados constituem um conjunto de informações sobre o desempenho das redes elétricas que permite a gestão dos indicadores de qualidade de energia. Esta metodologia foi implantada em quatro locais numa área piloto definida, constituindo um sistema de monitoração, que ficou instalado por um período de um ano. Nesse caso, o sistema de gestão de indicadores de qualidade de energia elétrica desenvolvido pode fornecer os indicadores definidos continuamente a cada semana, para todas as semanas do ano. Esse sistema de gestão foi concebido para permitir às concessionárias o acompanhamento dos indicadores ao longo do tempo servindo de balizamento das ações de investimento, para a melhoria dos níveis desses indicadores. 82 3.1.2 - Sistema de Gestão da Qualidade da Energia Elétrica - GERQUALI [48] Realização: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), Escola Federal de Engenharia de Itajubá (EFEI), CEMIG Distribuição; Ano: 2002/2003; Natureza: Caracterização de distúrbio; Descrição: Os objetivos deste projeto de pesquisa e desenvolvimento foram direcionados para: Desenvolvimento de metodologia para: cálculo de afundamentos de tensão desequilibrados; obtenção do tempo de atuação da proteção; Desenvolvimento de um sistema especialista utilizando as técnicas de reconhecimento de padrões identificadas e o banco de dados de qualidade da energia elétrica; Sistema computacional multi-acesso, tornando a base de dados de QEE e os aplicativos desenvolvidos, acessáveis via a internet; - Desenvolvimento de software: Incorporação ao software para cálculo estocástico de afundamento de tensão, de rotinas para: cálculo de índices relativos a afundamentos desequilibrados; Cálculo do tempo de duração do afundamento através de programa de cálculo coordenação da proteção; Sistema especialista, com o objetivo de reconhecimento de padrões e definição de tendências, possibilitando a aceleração do processo de estimativa, e a garantia de índices de certeza preestabelecidos, para os índices de desempenho calculados; Rotinas de interface entre o SGQEE e um servidor de aplicação (utilizando soluções do tipo ODBC ou JDBC), e entre este último e um servidor WEB; Índices de QEE obtidos de monitoramento de uma rede experimental na Região Metropolitana de Belo Horizonte (rede implantada no projeto anterior); Monitoramento do Sistema; Obtenção de índices de desempenho para as barras monitoradas. Assim, tinha-se por objetivo a melhoria de processos internos, com possibilidade de executar procedimentos de cálculo e análise de QEE de uma forma automática e eficiente, disponibilização de informação referente a QEE. Além do mais, fornecimento de informações especializadas para os consumidores, subsídio de informação para planejamento e operação do sistema elétrico. Os resultados alcançados com esta pesquisa consistiram nos seguintes itens: Metodologia e software para cálculo de afundamentos de tensão desequilibrados; Integração de um programa de coordenação de proteção ao software SCEAT para a obtenção da duração dos afundamentos; Desenvolvimento de um sistema especialista utilizando as técnicas de reconhecimento de padrões identificadas no primeiro ciclo do projeto; Sistema computacional multi-acesso, que torna a base de dados de QEE e os aplicativos desenvolvidos, acessáveis via a internet; Índices de desempenho para as barras monitoradas. 83 3.1.3 - Modelo de forno a arco compensado [49] Realização: PUC (Pontifícia Universidade Católica) Minas, CEMIG Geração e Transmissão; Ano: 2000/2001; Natureza: Caracterização de distúrbio; Descrição: Este projeto teve por objetivo o desenvolvimento de um modelo computacional para a simulação de fornos a arco compensados, visando avaliar as perturbações causadas por este tipo de carga no sistema elétrico supridor, bem como determinar os ganhos obtidos com equipamentos de mitigação tais como reatores, capacitores série e compensadores estáticos de reativos. Dessa maneira, o produto principal deste projeto consistiu no desenvolvimento de um software que agrega o modelo do forno a arco e, consequentemente, proporciona a realização de análises de planejamento da expansão do sistema elétrico, as quais se realizam antes da conexão destas cargas. 3.1.4 - Projeto e desenvolvimento de um restaurador dinâmico de tensão [50] Realização: UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), CEMIG Distribuição; Ano: 1999/2000; Natureza: Dispositivo mitigador; Descrição: Esta pesquisa realizou o projeto e desenvolvimento de um protótipo de um restaurador dinâmico de tensão, o qual possui a potência nominal de 200 kVA em 440 V. Assim, pretendeu-se conhecer e avaliar a tecnologia de restauradores dinâmicos de tensão, bem como realizar o desenvolvimento de softwares de auxílio ao projeto destes dispositivo. 3.1.5 - Desenvolvimento de um sistema de compensação ativa de harmônicos [51] Realização: FUPAI (Fundação de Pesquisa e Assessoramento à Industria), CPFLPiratininga; Ano: 2002/2003; Natureza: Dispositivo mitigador; Descrição: O objetivo do projeto foi o desenvolvimento de um protótipo de um Compensador Ativo de Harmônicos para instalação direta na rede de distribuição secundária com finalidade de eliminar os harmônicos gerados por cargas não lineares conectadas ao sistema. O dispositivo proposto é um equipamento construído com semicondutores de potência, o qual, através de mecanismos de controle próprios, elimina os 84 harmônicos de tensão e corrente da rede em que ele está ligado, independentemente da ordem desses harmônicos, da intensidade e de possíveis desbalanços encontrados entre as grandezas elétricas de cada fase. 3.1.6 - Desenvolvimento de um instrumento de aquisição de grandezas elétricas para utilização no monitoramento da qualidade de Energia Elétrica em barras de distribuição [52] Realização: LACTEC – Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento, COPEL Distribuição; Ano: 2001/2002; Natureza: Sistema de medição de qualidade da energia elétrica; Descrição: Este projeto teve por objetivo o desenvolvimento de um instrumento aplicado às barras e alimentadores de subestações, com vistas ao monitoramento dos indicadores de qualidade da energia elétrica. Nesse sentido, o sistema inclui terminais de acesso remoto, permitindo o acompanhamento das grandezas registradas de forma on line. Dentre os indicadores monitorados estão aqueles relativos às flutuações de tensão, às distorções harmônicas, aos desequilíbrios de tensão e às variações de tensão de curta duração. 3.1.7 - Desenvolvimento de protótipos para avaliação do instrumento de aquisição de grandezas elétricas para monitoramento de qualidade da energia elétrica em barras de distribuição (medidor de qualidade da energia) [53] Realização: LACTEC – Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento, COPEL Distribuição; Ano: 2009; Natureza: Sistema de medição de qualidade da energia elétrica; Descrição: Neste projeto, o qual é uma continuação dos trabalhos iniciados em projetos anteriores entre LACTEC e COPLE, foi desenvolvido o cabeça de série de um sistema de monitoramento da qualidade da energia elétrica para subestações de distribuição. Este sistema é composto por equipamentos monitores, batizados de Power Quality Meters (PQM) e por um software de supervisão e visualização remota. O PQM efetua medições periódicas e oscilográficas de tensão, frequência, distorção harmônica total de tensão, frequências harmônicas individuais até a 50ª e desequilíbrio de tensão para cada circuito, com resolução de 128 amostras por ciclo. As oscilografias possuem disparo através de níveis configuráveis para cada parâmetro e independentes por canal. Todos os registros são referenciados através de conexão com sinal de sincronismo temporal via GPS, bem como gerados são enviados a um servidor, que os disponibiliza na rede local da concessionária, sendo esta transmissão realizada por rede Ethernet ou por linha telefônica. O software de 85 supervisão possibilita tanto a visualização dos dados registrados pelos PQMs como a sua configuração remota. O sistema desenvolvido foi testado em ambientes reais de subestações desde a sua construção e instalação, vindo a apresentar pleno funcionamento com poucas correções de software. Assim, em uma análise qualitativa, o projeto foi bem sucedido, uma vez que se atingiu o objetivo inicial de gerar um sistema plenamente funcional para o monitoramento da qualidade da energia elétrica em barras de subestações. Além disto, o sistema se mostrou robusto o suficiente para poder ser replicado em escala industrial sem receios quanto a problemas de hardware. Desta forma, o sistema implantado foi utilizado de forma prática pelos analistas da Copel Distribuição, o que confirma a utilidade prática do sistema desenvolvido e viabiliza o plano estratégico desta concessionária em monitorar, continuamente e em tempo real, os parâmetros da QEE. 3.1.8 - Desenvolvimento de uma metodologia de análise das distorções harmônicas produzidas por lâmpadas fluorescentes compactas na rede de distribuição [54] Realização: LACTEC – Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento, COPEL Distribuição; Ano: 2001/2002; Natureza: Caracterização de distúrbio; Descrição: Este projeto de pesquisa teve por objetivo elaborar uma metodologia para a análise do impacto causado pela larga aplicação das lâmpadas fluorescentes compactas nos sistemas de distribuição, apontando os eventuais problemas decorrentes da utilização destas cargas e as alternativas preventivas e corretivas para a atenuação dos respectivos impactos no ponto de conexão. Assim, os resultados provenientes deste trabalho se caracterizam por: Realização de ensaios laboratoriais com vistas ao levantamento das características elétricas de lâmpadas fluorescentes, com enfoque nas distorções harmônicas geradas por tais dispositivos; Desenvolvimento de modelos representativos das lâmpadas fluorescentes, e respectiva implementação computacional, tendo em vista a realização de estudos de fluxo harmônico no sistema de distribuição da COPEL; Realização de medições em campo em circuitos de distribuição do sistema elétrico da COPEL. As campanhas de medição realizadas objetivaram o conhecimento das características elétricas do sistema, com vistas a obtenção de indicadores de qualidade da energia, dentre os quais se destacam as distorções harmônicas de tensão e corrente, fator de desequilíbrio, corrente de neutro, antes e após a instalação das respectivas cargas. 86 3.1.9 - Desenvolvimento de modelos digitais para estudos dos impactos na média e baixa tensão devido a equipamentos eletro-eletrônicos e cargas não lineares [55] Realização: COPPE/UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), AMPLA (Companhia de Eletricidade do Rio de Janeiro); Ano: 2003/2005; Natureza: Caracterização de distúrbio; Descrição: O aumento expressivo de cargas não-lineares nos sistemas elétricos tem preocupado bastante os diversos agentes do setor elétrico. Em particular, as distribuidoras de energia elétrica têm procurado analisar os impactos na qualidade de seu fornecimento que resultam da conexão crescente deste tipo de carga. Dentre as diversas cargas residenciais podem ser encontrados inúmeros equipamentos que, por sua natureza elétrica, apresentam comportamento não-linear. Entre eles podem ser citados os televisores, os aparelhos de som, os microcomputadores, os carregadores de baterias, os controladores de luminosidade e etc. Adicionalmente, pequenas e médias indústrias, geralmente conectadas a sistemas de distribuição, têm utilizado processos cada vez mais complexos, baseados na automação industrial. A adoção de processos industriais modernos passa pelo emprego de equipamentos sensíveis, geralmente controlados por microprocessadores e conversores eletrônicos de potência, baseados em dispositivos semicondutores. Os referidos processos e equipamentos exigem suprimento de energia de alta qualidade. Todavia, por apresentarem comportamento não-linear, contribuem frequentemente para a deterioração da qualidade da energia elétrica. A maior parte destes equipamentos injeta alto conteúdo harmônico de corrente na rede, podendo contribuir para sobrecargas e para o aumento de perdas. A principal motivação deste projeto se centrou na capacitação técnica e no desenvolvimento de novas ferramentas para a análise de redes de distribuição, com ênfase na qualidade do fornecimento. A estratégia de análise incluiu medições de campo que subsidiaram o desenvolvimento de um banco de dados de cargas não-lineares para simulação digital. Adicionalmente, foram desenvolvidos modelos para os principais elementos das redes de distribuição (alimentadores, ramais, bancos de capacitores, chaves e etc), permitindo a simulação de fenômenos relacionados à qualidade de energia elétrica. 3.1.10 - Pesquisa e aplicação de restauradores dinâmicos de tensão (DVR) para linhas de distribuição [56] Realização: LACTEC – Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento, COPEL Distribuição; Ano: 2010/2011; Natureza: Dispositivo mitigador; 87 Descrição: Este projeto tem como foco central o desenvolvimento e aplicação de um dispositivo para restauração dinâmica de tensão, o qual se destina a mitigar os efeitos relacionados à ocorrência de afundamentos de tensão em sistemas de distribuição. 3.1.11 - Desenvolvimento de um regulador de tensão com comutador eletrônico de tap (RECET) [57] Realização: COPPE/UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Bandeirante energia; Ano: 2006/2008; Natureza: Dispositivo mitigador; Descrição: Os reguladores de tensão são amplamente utilizados nos sistemas brasileiros de distribuição há décadas. Estes equipamentos são baseados em comutadores automáticos eletromecânicos que possibilitam um bom desempenho na regulação da tensão em regime permanente. Entretanto, o tempo de resposta dos reguladores mecânicos de tensão, normalmente em torno de 5 a 8 segundos, não são rápidos o suficiente para regular variações de tensão de curta duração. Assim, este projeto de pesquisa teve como principal objetivo o desenvolvimento de um regulador de tensão que emprega um comutador eletrônico de taps, o qual possibilita ao dispositivo uma melhor resposta dinâmica. O dispositivo proposto neste projeto foi concebido na forma de um protótipo demonstrativo de baixa tensão, o qual possuiu as seguintes características: Sistema de comutação em carga "on-load tap changer" baseado em dispositivos semicondutores de potência (tiristores), com tempos de resposta a partir de meio ciclo da frequência fundamental do sistema CA; Topologia eletromagnética que permita a comutação direta entre quaisquer taps, evitando a comutação sequencial e reduzindo assim o tempo total de comutação; Desempenho otimizado para a correção de Variações de Tensão de Curta Duração (VTCDs), por meio da comutação direta entre os TAPs do regulador. 3.1.12 - Central Integrada de Inteligência da Qualidade [58] Realização: UNICAMP (Universidade de Campinas), Reason Tecnologia, Expertise Engenharia, CPFL; Ano: 2007/2008; Natureza: Sistema de medição de qualidade da energia elétrica; Descrição: A CIQ (Central Integrada da Qualidade de Energia Elétrica) foi desenvolvida para prover um suporte computacional completo e adequado para respaldar todas as atividades relacionadas à qualidade da energia, atendendo suas várias interfaces com o 88 processo elétrico, com órgãos reguladores, com o planejamento da instalação, com sua operação e com o desempenho das plantas de clientes. Baseado no desenvolvimento de medidores de qualidade da energia de baixo custo e utilizando o princípio da extração direta dos indicadores de QEE através de medições locais de tensão e corrente, a CIQ permite o monitoramento de diversos pontos da rede elétrica e o envio, através de um sistema de telemetria, dos indicadores normatizados a uma central. Assim, o custo da “qualimetria” se torna baixo para o conteúdo qualitativo e quantitativo dos dados obtidos, permitindo que a concessionária tenha um verdadeiro monitoramento de qualidade da energia em tempo real. De forma automática, relatórios e estudos analíticos são produzidos, de forma que ações preditivas e preventivas possam ser planejadas e executadas, fato este que implica em redução de custos de enorme monta para a concessionária e indústria e no atendimento dos requisitos de fornecimento. 3.1.13 - Desenvolvimento de uma ferramenta computacional para a análise de afundamentos de tensão aplicada ao planejamento da expansão - PLANSAG [59] Realização: UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), CEMIG Distribuição; Ano: 2008/2010; Natureza: Caracterização do distúrbio; Descrição: O objetivo principal deste projeto foi o desenvolvimento de uma ferramenta computacional para análise dos afundamentos de tensão aplicado ao planejamento da expansão do sistema elétrico. Para subsidiar tal implementação, tornou-se necessária a determinação de políticas, critérios e procedimentos relacionados à inclusão dos aspectos do fenômeno aqui considerado em atividades de planejamento de redes elétricas. Este objetivo foi atingido com a concepção e implementação do aplicativo PlanSag. A metodologia implementada nesta ferramenta computacional se baseia no cálculo de índices de desempenho, os quais quantificam a distribuição da severidade dos afundamentos de tensão ao longo dos sistemas de transmissão e de distribuição. Tais índices são determinados a partir dos principais parâmetros de influência dos afundamentos de tensão (amplitude, frequência e duração), fornecendo ao planejador informações sobre o impacto do fenômeno no sistema elétrico atual e futuro. Outro aspecto relevante considerado neste projeto diz respeito às causas dos afundamentos de tensão. Em se tratando de sistemas de potência, os curtos-circuitos constituem no motivo mais frequente para ocorrência deste fenômeno, sendo que estes eventos estão fortemente relacionados à incidência de descargas atmosféricas. Assim, a probabilidade de ocorrência de afundamentos de tensão depende fortemente da distribuição da taxa de incidência de raios ao longo das linhas de transmissão. Mesmo em avaliações tradicionais de afundamentos de tensão, a frequência da incidência de raios nas linhas não havia sido computada. Dessa maneira, a determinação dos índices de desempenho calculados pelo PlanSag faz uso de dados fornecidos pelo LLS (Lightning 89 Location System – Sistema de Detecção e Localização de Descargas Atmosféricas) denominado na CEMIG de SLT (Sistema de Localização de Tempestades). Este constitui um dos aspectos inovadores da pesquisa. 3.1.14 - Sistema Ótimo de Medição e Estimação da Qualidade da Energia voltada ao PRODIST/ANEEL – Módulo 8 [60] Realização: UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul), Enersul; Ano: 2008/2009; Natureza: Sistema de medição de qualidade da energia elétrica; Descrição: Este projeto teve por objetivo o desenvolvimento de uma metodologia de estimação de estados, a qual, a partir de implementação de um sistema de medição utilizando um número mínimo de medidores, estima os parâmetros de qualidade dos determinados pontos de interesse da rede de distribuição. Tal mecanismo viabiliza o conhecimento da performance da rede elétrica de 13,8 kV e 34,5 kV, quanto a variações de tensão de curta duração. 3.1.15 - Sistema informacional de gestão de indicadores de qualidade da onda de tensão [61] Realização: Expertise Engenharia, ESCELSA; Ano: 2008/2009; Natureza: Sistema de medição de qualidade da energia elétrica; Descrição: O presente projeto teve como objetivo o desenvolvimento de um sistema computacional para, de forma prática e eficiente, possibilitar a gestão dos indicadores de qualidade de energia elétrica, os quais foram monitorados a partir de registradores instalados em pontos do sistema elétrico da Escelsa, propiciando o acompanhamento e evolução de parâmetros como desequilíbrios de tensão, flutuações de tensão, harmônicas e variações de tensão de curta duração. O sistema conta com rotinas de emissão de relatórios gerenciais diários, além de metodologia de tratamento estatístico das informações registradas. O sistema computacional utiliza um servidor de dados específico, o qual fará capturas diárias dos registros obtidos por cada um dos registradores que compõem o Sistema SIMOQEE. Ao todo, o sistema de gestão manipulava as informações disponibilizadas por 14 registradores instalados no sistema elétrico da ESCELSA. 3.1.16 - Estudos, desenvolvimento e implementação de interfaces e modelos elétricos em ambiente ATP de problemas da Qualidade da Energia [62] Realização: UFU (Universidade Federal de Uberlândia), Bandeirante Energia; Ano: 2008/2010; Natureza: Caracterização do distúrbio; 90 Descrição: Os objetivos consistem no desenvolvimento de meios para a realização de investigações computacionais voltadas para os sistemas de distribuição em um contexto vinculado à qualidade da energia. De forma especifica, as atividades consistiram nos seguintes pontos: Desenvolvimento uma interface "homem-máquina" junto ao programa ATP, que torne a relação entre o ATP e o usuário mais amigável; Construção dd uma "biblioteca" com as configurações e especificações usuais das linhas, transformadores, alimentadores secundários, etc. Além disso, considerandose que, para realizar a aferição da Qualidade da Energia Elétrica devem ser utilizados os seguintes indicadores: Variações de Tensão de Curta Duração (VTCD), Desequilíbrios de Tensão, Distorções Harmônicas e Flutuações de Tensão, tal biblioteca irá proporcionar meios para que estas análises possam ser realizadas em conjunto ou individualmente; Caracterização de opções de estudos distintas, para os diversos tipos de problemas da Qualidade da Energia acima mencionados, de tal forma a permitir que o usuário final (engenheiros de empresas concessionárias de energia elétrica) possa analisar os impactos dos diversos fenômenos da Qualidade da Energia de maneira correta. 3.1.17 - Soluções não Convencionais para Controle e Regulação de Tensão em Redes Secundárias de Distribuição [63] Realização: UFU (Universidade Federal de Uberlândia), Light serviços de eletricidade; Ano: 2007/2010; Natureza: Dispositivo mitigador; Descrição: O presente projeto de P&D insere-se no contexto do relacionamento entre empresas distribuidoras de energia e consumidores, apresentando novas técnicas de atenuar as ações indenizatórias contra as concessionárias de energia e propiciar uma melhor qualidade da tensão para os consumidores. 3.1.18 - Desenvolvimento de um Dispositivo para Controle de Tensão de Rede de Distribuição Rural através do uso de Compensador Estático a Reator Saturado [64] Realização: UFU (Universidade Federal de Uberlândia), Companhia Energética de Brasília; Ano: 2005/2007; Natureza: Dispositivo mitigador; Descrição: O foco do projeto consistiu na concepção de um dispositivo regulador eletromagnético de baixa manutenção, pequeno tempo de resposta, conferindo maior robustez e eficiência para o controle da potência reativa e da tensão em sistemas elétricos com características radiais e sazonais. Assim, o foco dos trabalhos se direcionou para a 91 estratégia do projeto, aspectos construtivos e de montagem dos núcleos magnéticos e finalmente ao funcionamento do dispositivo, principalmente quanto a questão da redução das perdas internas quando da absorção da potência reativa definida como premissa de cálculo. Assim, o produto final obtido nesta pesquisa corresponde a um protótipo de reator saturado em escala real, com potência plena de 570 kVAR e tensão nominal de 13,8 kV. Tal equipamento, nos termos estabelecidos no projeto, constitui-se no principal componente de um regulador eletromagnético de tensão, com controle intrínseco, destinado ao processo da restauração dos padrões de tensão de suprimento quanto da ocorrência de elevações da mesma. 3.1.19 - Desenvolvimento, Projeto e Construção de um Dispositivo Eletromagnético à Núcleo Saturado para Controle Automático de Tensão [65] Realização: UFU (Universidade Federal de Uberlândia), Centrais Elétricas Mato-grossenses; Ano: 2004/2006; Natureza: Dispositivo mitigador; Descrição: Esta pesquisa contemplou estudos sobre a tecnologia associada ao compensador enfocado, o estabelecimento de modelos computacionais, a definição de critérios de projeto, a especificação dos componentes, a construção de um protótipo e sua respectiva análise de desempenho. Assim, após uma profunda investigação das propriedades operacionais de distintos arranjos construtivos para a estrutura eletromagnética, procedeu-se à definição da configuração do compensador, de forma a equilibrar funcionabilidade e economia. Na sequência, um dos pontos altos do trabalho está alicerçado na obtenção de uma ferramenta computacional que permite traduzir com alto grau de fidelidade a operação do CERNS. Tal programa, empregando técnicas no domínio do tempo permite que estudos de desempenho em regime permanente e condições transitórias sejam prontamente realizados. Esta afirmativa fundamenta-se nos diversos testes de validação conduzidos ao longo do trabalho. Além do mais através da construção de um arranjo pioneiro de 34,5 kV e 1 MVAr, fica definitivamente ratificada a eficácia do Compensadores Estáticos à Núcleo Saturado. 3.1.20 - Análise da aplicação de filtros passivos em circuitos secundários (220 V) de redes de distribuição [66] Realização: UFU (Universidade Federal de Uberlândia), ESCELSA; Ano: 2004/2006; Natureza: Dispositivo mitigador; 92 Descrição: Nesta pesquisa foi projetado um filtro harmônico sintonizado com núcleo de ar, que foi instalado em um circuito secundário, no lado de 220V de um transformador da rede de distribuição de energia da ESCELSA, localizado em Vitória (ES). 3.1.21 - Desenvolvimento e aplicação de filtros harmônicos em circuitos secundários de distribuição (220 V) [67] Realização: UFU (Universidade Federal de Uberlândia), ENERSUL; Ano: 2002/2002; Natureza: Dispositivo mitigador; Descrição: Este projeto tratou da análise e determinação de filtro sintonizado com núcleo de ferro, para circuito secundário da rede de distribuição da Enersul. 3.1.22 - Análise e implementação de filtros harmônicos passivos sintonizados em Alimentadores de distribuição [68] Realização: UFU (Universidade Federal de Uberlândia), ESCELSA; Ano: 2007/2008; Natureza: Dispositivo mitigador; Descrição: Este projeto tratou da análise da viabilidade e da implementação de um filtro harmônico de 5ªordem em um alimentador de 11,4 kV da empresa ESCELSA. 3.1.23 - Desenvolvimento de software para simulação e análise dos distúrbios da qualidade da energia elétrica no contexto do PRODIST [69] Realização: UFU (Universidade Federal de Uberlândia), Energisa Minas Gerais; Ano: Em andamento; Natureza: Caracterização do distúrbio; Descrição: O presente projeto ter por finalidade o desenvolvimento de software para simulação e análise dos distúrbios da qualidade da energia elétrica nas redes de distribuição de energia elétrica, com base em modelos matemáticos dos elementos da rede, assim como dos fenômenos associados com a qualidade da energia elétrica e a caracterização das unidades de consumo em relação às diversas perturbações da qualidade da energia elétrica. Dentre os principais objetivos do projeto, tem-se o atendimento e alinhamento direto com as novas diretrizes da regulamentação nacional relacionada com a qualidade da energia elétrica. Desenvolvimento de importante ferramenta para incorporação nos sistemas técnicos da distribuidora. Possibilidade de domínio do estado da rede, frente às questões 93 relacionadas com a qualidade da energia elétrica. Conhecimento das características das diversas classes e tipos de unidades consumidoras em relação às perturbações geradas nas redes de distribuição. Adicionalmente, tem-se como objetivo a redução dos tempos de atendimento para ligação de novas cargas perturbadoras nas redes de distribuição de energia elétrica. 3.2 - Artigos técnico-científicos relacionados ao tema deste relatório 3.2.1 - Artigo 01 [70] Título: Unified power quality index (UPQI) for continuous disturbances Autores: V. J. Gosbell (University of Wollongong, Austrália), B. Perera (University of Wollongong, Austrália), H. M. Herath (University of Wollongong, Austrália); Ano de publicação: 2002; Local de publicação: 10th International Conference on Harmonics and Quality of Power (ICHQP), Rio de Janeiro, Outubro, 2002; Natureza: Caracterização do distúrbio; Resumo: Indicadores de qualidade de energia estão sendo desenvolvidos com o objetivo de quantificar certos aspectos da qualidade do produto disponibilizado aos consumidores. No entanto, não existe na literatura um método padrão que permite quantificar a qualidade global do fornecimento de energia. Dessa maneira, este artigo propõe um índice de qualidade de energia unificado (Unified Power Quality Index – UPQI) como uma ferramenta útil para a classificação de redes elétricas quanto aos aspectos gerais de qualidade de energia. O índice tem a característica de ser superior a um quando um tipo de distúrbio começa a exceder o nível máximo aceitável. Para redes elétricas de baixos níveis de qualidade de energia, ele fornece informações do tipo de distúrbio dominante e, por consequência, viabiliza a identificação de aspectos para a melhoria da qualidade do produto fornecido. Por outro lado, para redes com níveis elevados de qualidade, o indicador proposto caracteriza os níveis de todas as perturbações que são excessivas. 3.2.2 - Artigo 02 [71] Título: A Transient index for reporting power quality surveys Autores: C. Herath (University of Wollongong, Austrália), V. J. Gosbell (University of Wollongong, Austrália), S. Perera (University of Wollongong, Austrália), D. Robinson (University of Wollongong, Austrália); Ano de publicação: 2003; 94 Local de publicação: 17th International Conference on Electricity Distribution - CIRED, Barcelona, Maio, 2003; Natureza: Caracterização do distúrbio; Resumo: Transitórios impulsivos são frequentemente responsabilizados pela destruição dos aparelhos eletroeletrônicos dos clientes. Nesse sentido, avanços obtidos na construção de analisadores de qualidade de energia viabilizará, em breve, a incorporação de transitórios impulsivos em pesquisas de rotina relacionadas à qualidade de energia. Este artigo considera como os eventos transitórios capturados durante um período podem ser relatados de uma maneira simples e útil. Dessa maneira, este trabalho resume primeiro uma publicação recente de alguns dos autores, que tentam dar uma estrutura completa para a análise de dados de qualidade da energia. Este quadro fornece uma base para avaliação das práticas destinadas à caracterização de fenômenos transitórios existentes, bem como para a proposição de um novo indicador para este tipo de fenômeno. Por fim, este trabalho realiza uma revisão das práticas adotadas para a avaliação de transitórios, com enfoque em suas limitações, e avança no sentido de desenvolver o novo indicador. 3.2.3 - Artigo 03 [72] Título: Assement of Voltage Unbalance Autores: A. V. Jouanne (Oregon State University, Estados Unidos), B. B. Banerjee (Electric Power Research Institute, Estados Unidos); Ano de publicação: 2001; Local de publicação: IEEE Transactions on Power Delivery, vol. 16, no 4, Outubro 2001; Natureza: Caracterização do distúrbio; Resumo: Este artigo se direciona para apresentação de uma síntese abrangente das causas e efeitos de desequilíbrio de tensão, bem como realiza a discussão de normas técnicas, definições e mecanismos de mitigação relacionados a este fenômeno. Várias causas de desequilíbrio de tensão no sistema de distribuição e em instalações industriais são apresentadas, além dos efeitos adversos resultantes em determinados equipamentos, tais como motores de indução e conversores eletrônicos de potência e discos. Normas que tratam desequilíbrio de tensão são discutidos e esclarecidos, e várias técnicas de mitigação são sugeridas para corrigir problemas. 3.2.4 - Artigo 04 [73] Título: Método da superposição modificado como uma nova proposta para atribuição de responsabilidades sobre as distorções harmônicas 95 Autores: I. N. Santos (Universidade Federal de Uberlândia, Brasil), J. C. Oliveira (Universidade Federal de Uberlândia, Brasil), J. R. Macedo Jr. (Universidade Federal de Uberlândia, Brasil); Ano de publicação: 2012; Local de publicação: Revista Controle e Automação – Sociedade Brasileira de Automática (SBA), vol. 23, no 6, Novembro/Dezembro 2012; Natureza: Caracterização do distúrbio; Resumo: Diante das orientações contidas em documentos aprovados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o Módulo 8 dos Procedimentos de Distribuição (PRODIST) contempla, dentre outros indicadores de qualidade da energia elétrica, a temática das distorções harmônicas. O referido texto aborda questões associadas com definições, procedimentos de medição, valores de referência, etc. À luz destas determinações e reconhecendo que as soluções mitigadoras para adequação dos indicadores de desempenho envolvem expressivos custos financeiros, surge a questão da busca de meios para a determinação das responsabilidades sobre eventuais violações dos limites préestabelecidos para as distorções harmônicas. Dentre as propostas encontradas para se detectar as parcelas de contribuição advindas do supridor e do consumidor ressalta-se que, de um modo geral, as metodologias são fundamentadas em princípios que utilizam o domínio da frequência conciliado com a superposição de efeitos. Não obstante a simplicidade deste procedimento destaca-se que o mesmo se apoia em informações de medições e no pré-conhecimento das impedâncias harmônicas equivalentes da concessionária e do consumidor, sendo estas últimas de difícil, ou mesmo impossível, acesso. Diante disto, o presente trabalho visa viabilizar meios para se contornar tais dificuldades e estabelecer uma sistemática adequada para obtenção do justo compartilhamento de responsabilidades entre as partes envolvidas. 3.2.5 - Artigo 05 [74] Título: Primary and Secondary Indices for Power Quality (PQ) Survey Reporting Autores: V. J. Gosbell (University of Wollongong, Austrália), S. Perera (University of Wollongong, Austrália), R. Barr (Power Consulting PL, Austrália), A. Baitch (BES PL, Austrália); Ano de publicação: 2004; Local de publicação: 12th International Conference on Harmonics and Quality of Power (ICHQP), New York, Estados Unidos, Outubro, 2002; Natureza: Caracterização do distúrbio; Resumo: O monitoramento de rotina envolve a utilização de diversos analisadores de qualidade da energia nas redes elétricas, os quais são acessados remotamente e transferem seus dados para um centro de operação e análise. Nesse sentido, a quantidade de dados obtidas durante um ano é muito grande e, por consequência, surge a necessidade de 96 mecanismos de tratamento e processamento, tendo em vista a extração das informações úteis para a avaliação das condições de fornecimento. Neste sentido, este trabalho propõe a utilização de indicadores primários e secundários para uma avaliação preliminar da qualidade da energia em um sistema de distribuição. Os indicadores primários são utilizados para fornecer informações diretas da aceitabilidade dos padrões de qualidade da energia de um dado sistema e os indicadores secundários provem informações adicionais de qualidade da energia, sem utilizar, todavia, procedimentos clássicos existentes em normas. 3.2.6 - Artigo 06 [75] Título: A Power Quality Index based on Equipment Sensivity, Cost and Network Vulnerability Autores: G. J. Lee (Chungbuk Provincial University, Córeia), M. M. Albu (University of Bucharest, Romênia), G. T. Heydt (Arizona State University, Estados Unidos); Ano de publicação: 2004; Local de publicação: IEEE Transactions on Power Delivery, vol. 19, no 3, Julho 2004; Natureza: Caracterização do distúrbio; Resumo: Este trabalho se concentra no fenômeno de afundamentos de tensão e seu impacto nas redes elétricas e na satisfação do cliente suprido. Assim, tendo em vista a definição de um indicador de qualidade de energia único para este fenômeno, informações sobre o supridor (rede elétrica) e o consumidor (suportabilidade dos equipamentos e custos de interrupções) são mescladas. Dessa maneira, este trabalho sugere a idéia de dois indicadores de qualidade de energia determinados com base em curvas de sensibilidade equipamentos, estimação de tensões e os custos especificos de interrupções devido a afundamentos. Os indicadores propostos, os quais permitem a avaliação dos efeitos dos afundamentos em uma carga especifica, se caracterizam por indicador de queda de carga (Load Drop Index – LDI) e custo queda de carga (Load Drop Cost – LDC). 3.2.7 - Artigo 07 [76] Título: A voltage sag index considering Compatibility between equipment and supply Autores: C. C. Shen (National Sun Yat-sen University, Taiwan), C. N. Lu (National Sun Yatsen University, Taiwan); Ano de publicação: 2007; Local de publicação: IEEE Transactions on Power Delivery, vol.22, no 2, Abril 2007; Natureza: Caracterização do distúrbio; Resumo: O gerenciamento de afundamentos de tensão é dependente do numero de faltas na rede elétrica, o modo de propagação dos afundamentos pelo sistema e os efeitos sobre as 97 cargas das unidades consumidoras. Nesse sentido, este trabalho apresenta uma aplicação de técnicas de lógica fuzzy para quantificar os impactos dos afundamentos de tensão níveis. A tensão remanescente e a duração do afundamento são as variáveis de entradas do mecanismo proposto, do qual se obtém um indicador para a gravidade relativa de um evento. O sistema proposto considera a regiões de vulnerabilidade de rede, a sensibilidade dos equipamentos e as incertezas na medição de afundamentos de tensão, fornecendo assim informações significativas para a concessionária e consumidores. 3.2.8 - Artigo 08 [77] Título: Power Quality (PQ) Survey Reporting: Discrete Disturbance Limits Autores: H. M. S. C. Herath (University of Wollongong, Austrália), V. J. Gosbell (University of Wollongong, Austrália), S. Perera (University of Wollongong, Austrália); Ano de publicação: 2005; Local de publicação: IEEE Transactions on Power Delivery, vol.20, no 2, Abril 2005; Natureza: Caracterização do distúrbio; Resumo: Distúrbios de qualidade da energia elétrica podem ser classficados, de forma genérica, em dois grupos: um primeiro se refere aos fenômenos contínuos, os quais estão presentes em cada ciclo da forma de onda e normalmente agregam as variações de tensão em regime permanente, os desequilíbrios, as flutuações de tensão e as distorções harmônicas; o segundo grupo envolve os distúrbios discretos, os quais aparecem como eventos isolados e independentes e podem ser caracterizados por uma série de dados, na qual se resgistra, para cada evento, sua data e hora de ocorrência. Nesta última categoria se enquadram principalmente os afundamentos, elevações de tensão e os fenômenos transitórios. Uma extensa revisão da literatura sugere que não existe um método geralmente aceito para a caracterização destes distúrbios e limites adequados ainda não são encontrados em qualquer documento internacional. Uma das razões para as carências de metodologias para avaliação deste eventos se baseia na dificuldade de se definir indicadores para cada tipo de perturbação discreta. Dessa maneira, este trabalho revisa e discute os métodos de caracterização existentes e propõe uma nova abordagem para os afundamentos de tensão, elevações e transitórias. Isto é seguido por uma proposta de método para a definição de limites de perturbações discretas em redes de distribuição de média e baixa tensão e a adequação da metodologia é mostrada através de uma avaliação de algumas redes elétricas australianas. 98 3.2.9 - Artigo 09 [78] Título: A Global Index for Discrete Voltage Disturbances Autores: G. Carpinelli (University of Naples Federico II, Itália), P. Caramia (University of Cassino, Itália), P. Varilone (University of Cassino, Itália), P. Verde (University of Cassino, Itália), R. Chiumeo (CESI Ricerca, Itália), I. Mastrandrea (CESI Ricerca, Itália), F. Tarsia (CESI Ricerca, Itália), O. Ornago (CESI Ricerca, Itália); Ano de publicação: 2007; Local de publicação: 9th International Conference on Electrical Power Quality and Utilisation – EPQU, Barcelona, Outubro 2007; Natureza: Caracterização do distúrbio; Resumo: A presença dos novos mercados liberalizados de energia elétrica tem aumentado o interesse na gestão e controle dos distúrbios de qualidade de produto fornecido, tendo em vista o seu valor econômico. Os distúrbios que afetam a energia disponibilizada se apresentam de elevada relevância, de tal maneira que fornecedores e os clientes regulamentam o suprimento através de contratos de qualidade de energia. Nesse sentido, um indicador global de qualidade de energia pode ser muito útil para caracterizar o nível geral da qualidade da onda de tensão. Em particular, este indicador pode fornecer informações globais sobre diferentes aspectos do suprimento e permite uma forte redução dos dados de medição necessários para cobrir todo o conjunto de distúrbios de qualidade. Assim, este trabalho propõe um indicador de qualidade de energia global (Global Power Quality Index – GPQI) para a avaliação de distúrbios discretos, com base nos indicadores de gravidade de eventos discretos (Discrete Severity Indicators – DSI). Resultados da avaliação do indicador proposto são obtidos a partir da aplicação da metodologia a uma rede de distribuição italiana submetida a afundamentos de tensão, cujos dados medidos se encontram disponíveis no site do projeto QuEEN conduzido pela CESI Ricerca. 3.2.10 - Artigo 10 [79] Título: Voltage dips performance characterization by PQ índices at national and macro área level Autores: R. Chiumeo(CESI Ricerca, Itália), M. de Nigris (CESI Ricerca, Itália), C. Gandolfi (CESI Ricerca, Itália), L. Tenti (CESI Ricerca, Itália); Ano de publicação: 2010; Local de publicação: 14th International Conference on Harmonics and Quality of Power (ICHQP), Bergamo, Itália, Setembro 2010; Natureza: Caracterização do distúrbio; Resumo: Em 2005, a Autoridade Reguladora Italiano de Eletricidade e Gás (Autorità per l'Energia Elettrica Gás e il, AEEG) promoveu uma campanha de monitoramento dos 99 indicadores de qualidade da energia realizada através de um sistema de medição existente nas redes de média tensão italianas chamado de QuEEN. Tal sistema obtém dados relacionados à qualidade do suprimento de eletricidade em todo o território italiano desde fevereiro de 2006, sendo composto de cerca de 400 unidades de medição, as quais se encontram instaladas em ramais de média tensão italianos e abrangem cerca de 11% das redes de distribuição deste país. Desde o início do campanha, um dos principais objetivos era o de propiciar um bom conhecimento das caracteristicas de desempenho real de redes de distribuição de média tensão, no que se refere à qualidade de energia, e, por consequência, subsidiar as atividades de normalização realizadas pelo orgão regulador. Nesse sentido, dentre os diferentes fenômenos que alteram as condições de suprimento, uma atenção especial foi dada para os afundamentos de tensão, tendo em vista o interesse econômicos relacionado a estes eventos. Assim, este trabalho é focado na proposição de indicadores locais e sistemicos para a caracterização do desempenho relacionado aos afundamentos de tensão. Os indicadores propostos foram avaliadas com base nos dados obtidos pelo QuEEN até a presente data e os resultados seriam utilizados pelo regulador para o estudo de possíveis estratégias de regulação. 3.2.11 - Artigo 11 [80] Título: The Australian Long Term Power Quality Survey Project Update Autores: S. Elphick (University of Wollongong, Austrália), V. Smith (University of Wollongong, Austrália), V. Gosbell (University of Wollongong, Austrália), R. Barr(Power Consulting PL, Austrália); Ano de publicação: 2010; Local de publicação: 14th International Conference on Harmonics and Quality of Power (ICHQP), Bergamo, Itália, Setembro 2010; Natureza: Caracterização do distúrbio; Resumo: A Pesquisa Nacional de Qualidade de Eneriga de Longo Prazo (Australian Long Term National Power Quality Survey – LTNPQS) é uma grande avaliação de qualidade da energia, envolvendo diversas empresas de distribuição australianas e desenvolvido durante os 8 últimos anos. Assim, este trabalho detalha as últimas inovações realizadas nos procedimentos de análise e apresentação de resultados associados ao LTNPQS. O artigo também destaca os principais problemas de qualidade de energia que afetam as redes de eletricidade da Austrália no momento presente, os quais se caracterizam por níveis elevados de tensão em redes de baixa tensão e dificuldades na medição de desequilíbrios de tensão. Tendo em vista o grande período de análise, uma melhor compreensão da tendência dos níveis de perturbação foi adquirida. Assim, alguns resultados indicam uma aparente redução nos níveis de distorções harmônicas nos últimos anos e nenhuma tendência característica para os afundamentos de tensão. Alguns dos desafios envolvidos na realização de uma campanha de medição deste tipo são exploradas e soluções são apresentadas. Com a implementação de conceitos de redes inteligentes, torna-se provável 100 que o número de locais com instrumentação capaz de fornecer dados para o monitoramento aumente exponencialmente. Isto apresenta um novo conjunto de desafios e a campanha de monitoramento deve ser adaptada a estas questões. Assim, as direções futuras tomadas em resposta a estes aspectos incluem a implementação de sistemas de informação web, os quais proporcionam mais flexibilidade para os participantes. 3.2.12 - Artigo 12 [81] Título: Obtaining a quantitative index for power quality evaluation in competitive electricity market Autores: A. Salarvand (University of Isfahan, Iran), B. Mirzaeian (University of Isfahan, Iran), M. Moallem (University of Isfahan, Iran); Ano de publicação: 2009; Local de publicação: IET Generation, Transmission and Distribution; Natureza: Caracterização do distúrbio; Resumo: Um problema a ser considerado em mercados de eletricidade desregulados se refere a obtenção de um indicador global para a avaliação da qualidade de energia, o qual possibilita a estimação dos custos do fornecimento fora dos padrões aceitávies e permite a inclusão destes fatores em contratos celebrados entre supridor e consumidor. Nesse sentido, os indicadores de qualidade de energia existentes são geralmente isolados e não consideram o impacto do custo da energia fornecida com má qualidade. Nesse contexto, este trabalho apresenta um método inteligente baseado, em redes neurais artificiais e lógica fuzzy, para obter um indicador global quantitativo. O algoritmo proposto foi implementado em dados reais medidos de uma rede de distribuição. Os resultados mostram a capacidade deste método para se obter uma avaliação da qualidade da qualidade de energia e preços estipulados em contratos. 4 - Conclusões Este relatório apresentou a análise das regulamentações existentes em diversos países sobre a questão da qualidade da energia elétrica, particularmente associadas com a qualidade do produto. Nesse sentido, foram analisados os aspectos gerais, os principais indicadores e respectivos limites (ou recomendações) considerados, assim como as pesquisas e trabalhos realizados no Brasil e no exterior diretamente relacionados com o tema. Neste contexto, verificou-se uma grande diferença na forma com que cada país trata o assunto no âmbito de seus sistemas de energia elétrica. Alguns países possuem normas rígidas para os padrões mundiais (a exemplo da Argentina), onde são previstas inclusive penalidades para eventuais violações dos limites estabelecidos e, ao mesmo tempo, outros países possuem regulamentações mais 101 brandas, contemplando simplesmente recomendações e valores de referência para cada um dos fenômenos da QEE. Adicionalmente, verificou-se também uma grande variedade nos fenômenos considerados por cada país. Alguns países (como os Estados Unidos) incluem em suas recomendações aspectos relacionados com fenômenos cujos entendimentos (sob o ponto de vista de pesquisas científicas) são relativamente novos, a exemplo das inter-harmônicas. Outro aspecto relevante foi a questão relacionada à corrente elétrica no âmbito de cada regulamentação. Muitos países, a exemplo do Brasil, consideram apenas os aspectos associados com a tensão nos barramentos de distribuição ou transmissão, ao passo que outras nações consideram também análises e medições associadas com a corrente elétrica. Nesse sentido, cabe destacar que a consideração da corrente nas regulamentações associadas com a qualidade da energia elétrica implica um aspecto bastante difícil de implementação, estando o mesmo relacionado com a correta identificação da responsabilidade associada a cada um dos desvios verificados. Em nenhuma das regulamentações analisadas, que utilizam critérios de QEE para a corrente elétrica, foi identificada uma metodologia específica para rateio de responsabilidades. Muitas das vezes, o critério de baseia em analisar o comportamento do sistema elétrico local com a carga perturbadora em duas condições extremas de operação: ligada e desligada. No entanto, sabe-se que esse princípio não é suficiente para a correta atribuição de responsabilidades sobre as questões de QEE. Na sequência, foram apresentados resumos relacionados com as pesquisas realizadas no Brasil sobre o tema qualidade do produto, seja no âmbito da monitoração ou da mitigação dos problemas relacionados com a QEE. Nesse sentido, verificou-se que o Brasil já desenvolveu diversos trabalhos de qualidade no tema, evidenciando que ações diversas para monitoração, assim como solução dos problemas relacionados com a qualidade da energia elétrica, foram implementadas com sucesso por várias distribuidoras brasileiras, de tal forma que as tecnologias e procedimentos necessários para uma regulamentação futura sobre a qualidade do produto encontrarão subsídios bastante consolidados no âmbito nacional. Por fim, foram apresentados alguns resumos de trabalhos e pesquisas publicadas no exterior contemplando ações de gerenciamento, monitoração e correção de problemas associados com a qualidade da energia elétrica. 5 - Referências Bibliográficas [1] ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico. Procedimentos de Rede. 2002. [2] ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. Procedimentos de Distribuição. 2008. [3] ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico. RE 2.1 057/2008 – REV.3. 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Equipe técnica responsável: Prof. José Carlos de Oliveira - UFU Prof. José Rubens Macedo Jr. - UFU Prof. Antônio Carlos Delaiba - UFU Colaboradores: Prof. Paulo Márcio da Silveira - UNIFEI Prof. José Maria de Carvalho - UNIFEI Prof. Fernando Nunes Belchior - UNIFEI Prof. Paulo Fernando Ribeiro - UNIFEI Prof. Isaque Nogueira Gondim - UFU Arnaldo José P. Rosentino Jr. - UFU Alex Reis - UFU 107