Fontes Históricas e Pesquisas Geográficas: relatos de viajantes

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GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 17, pp. 135 - 151, 2005.
FONTES HISTÓRICAS E PESQUISAS GEOGRÁFICAS:
RELATOS DE VIAJANTES, ICONOGRAFIA E CARTOGRAFIA
Yuri Tavares Rocha*
RESUMO:
Procurar informações geográficas nos registros históricos disponíveis pode ser uma tarefa difícil
para quem não tem formação em História. Relataram-se aqui experiências de pesquisa em trabalhos
de Geografia sobre o Jardim Botânico de São Paulo e sobre o pau-brasil. Entretanto, não se avaliou
criticamente a aproximação entre a Geografia e a História nem se fez uma revisão de metodologias
que podem ser adotadas. Comentou-se sobre a delimitação da escala temporal e quais as principais
fontes de informações históricas utilizadas: arquivos e acervos históricos, relatos de viajantes e
naturalistas, literatura, iconografia e cartografia. Fez-se um registro da experiência obtida na busca
de informações históricas para ampliar o entendimento geográfico e a perspectiva histórica da
paisagem.
PALAVRAS-CHAVE:
Geografia, Fontes Históricas, Jardim Botânico, Pau-brasil, Paisagem.
ABSTRACT:
Without an appropriate knowledge of in History it is hard to find geographical information in historical
documents. This article presents two experiments in Physical Geography: one about Botanic Garden
of São Paulo, and the other on Brazilwood, so that both of them required historical facts to be
conducted. No critical assessment about the relation between Geography and History is made,
neither a review of the alternative methodology. Both the time frame and the main historical
information sources are mentioned in order to support specific geographical research like: historical
documents, literature from voyagers and naturalists, literature, iconography and cartography’
s dates.
All the efforts towards finding historical information are registered in order to increase the
geographical knowledge about the historical landscape.
KEY WORDS:
Geography, Historical Sources, Botanic Garden, Brazilwood, Landscape.
I- Introdução
Além de a História ser um campo de pesquisa
científica sobre os acontecimentos políticos,
econômicos, culturais, sociais, científicos,
tecnológicos e religiosos da trajetória temporal
da humanidade, tem importância em todos os
ramos da pesquisa científica, seja numa simples
revisão bibliográfica sobre um determinado
* Professor Doutor, Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.
E-mail: [email protected]
136 - GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 17, 2005
assunto, para se saber o que já foi estudado
sobre ele, ou seja, o processo histórico de uma
pesquisa desde o motivo de sua realização à
evolução das técnicas envolvidas, até a história
do pensamento científico, ou seja, o processo
histórico da evolução das ciências e suas
interseções com a Filosofia.
Todavia, buscar informações de uma área
específica de pesquisa, como Física, Botânica ou
Geografia, nos registros históricos disponíveis,
acaba por ser uma tarefa difícil caso o
pesquisador não tenha formação acadêmica em
História. Mas é uma tarefa que pode ser
realizada e certamente o resultado obtido será
superior ao que se alcançaria, caso não se
ousasse na ampliação das fronteiras da
pesquisa fora da área específica, nas interfaces
existentes com a História.
Procurou-se, neste artigo, relatar a
trajetória de duas pesquisas em Geografia: uma
sobre a história dos antigos e do atual Jardim
Botânico de São Paulo, juntamente com o
estabelecimento de suas unidades de paisagem,
e outra sobre a história do pau-brasil quanto à
extração, comércio, tráfico, distribuição
geográfica e conservação 1.
Essa trajetória foi percorrida por um
engenheiro agrônomo que tinha visto aspectos
da História em sua graduação quando foram
estudadas a introdução no Brasil de plantas
como o café ou a cana-de-açúcar, a evolução das
técnicas agrícolas e da conservação de solo ou
a história de determinadas áreas da ciência como
Botânica, Química e Genética.
Quando aluno de pós-graduação em
Geografia Física, ampliaram-se os horizontes de
perspectivas históricas, a começar pela história
do pensamento geográfico e da evolução do
conceito da paisagem na Geografia. Além desses
interesses novos e desafiadores, os temas de
mestrado (antigos e atual Jardim Botânico de
São Paulo) e doutorado (História, distribuição
geográfica e conservação do pau-brasil)
exigiram um aprofundamento na pesquisa
histórica.
Nesse momento, não fora a excelente
ROCHA, Y. T.
formação acadêmica e a grande capacidade
interdisciplinar do Prof. Dr. Felisberto Cavalheiro
(In Memoriam , Departamento de Geografia,
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas, Universidade de São Paulo) em sua
orientação e em seu exemplo de pesquisador,
não se teria entendido a importância desse
enfoque retrospectivo e na grande quantidade
de informações que se pode retirar da História,
que são básicas para a compreensão dos
condicionantes vigentes do meio físico e da
configuração atual da paisagem que se estuda.
Não se trata somente de abordar a história
geológica da formação da paisagem mas de
todos os momentos pelos quais passou a
mesma, inclusive aqueles determinados e ou
influenciados pela ação antrópica.
Logicamente,
não
se
está
menosprezando
ou
subestimando
os
historiadores profissionais e suas grandes
contribuições já existentes na Geografia, nem
querendo obter resultados cientificamente
frágeis ou duvidosos alcançados por
pesquisadores
não
historiadores,
mas
incentivar a ampliação da atuação do geógrafo
na procura de informações históricas
importantes para sua pesquisa geográfica.
Talvez, para os geógrafos que atuam no campo
da chamada Geografia Humana, isso não seja
muito novo mas, provavelmente, pode ser para
muitos que trabalham e pesquisam na
Geografia Física.
Pretendeu-se, simplesmente, registrar
os procedimentos seguidos e alguns dos
resultados alcançados pelas duas pesquisas
referidas, tentando-se incentivar aqueles
pesquisadores que têm restrições pessoais,
técnicas ou de formação na área da História para
perderem receios e se aventurarem na busca
de informações sobre a história de seu tema
de pesquisa em outra fonte, na História, uma
irmã da ciência geográfica.
Reitera-se: não se trata de um artigo
para avaliar criticamente a aproximação entre
a Geografia e a História que existiu nessas
pesquisas, muito menos uma revisão de
metodologias que podem ser adotadas. É um
Fontes Históricas e Pesquisas Geográficas:
Relatos de Viajantes, Iconografia e Cartografia, pp. 135 - 151
relato de casos, um compartilhamento de
experiência desse enfoque histórico-geográfico
ou geográfico-histórico.
Procurou-se comentar resumidamente
sobre a delimitação da escala temporal
pesquisada e as principais fontes de
informações históricas que se utilizaram nas
pesquisas realizadas: arquivos e acervos
históricos, relatos de viajantes e naturalistas,
literatura, iconografia e cartografia.
Não se abordou, aqui, a elaboração das
revisões bibliográficas rotineiramente feitas
pelos pesquisadores nem o sensoriamento
remoto, também utilizado nas retrospectivas
históricas de uso de solo ou de transformação
da paisagem.
II- Delimitação da escala temporal
A definição do tema a ser pesquisado e
das respostas às quais se desejam responder
cientificamente são pressupostos básicos para
o método científico em qualquer ciência. Também
é fundamental em muitas ciências, como no
campo da Geografia Física, a delimitação da
escala temporal em que se buscarão as
informações históricas importantes e que
poderão subsidiar as respostas obtidas ao final
da pesquisa. Essa delimitação e a pesquisa
numa perspectiva histórica poderão levar a um
aumento significativo da qualidade científica de
seus resultados.
Na pesquisa realizada sobre o Jardim
Botânico de São Paulo (ROCHA, 1999; ROCHA &
CAVALHEIRO, 2000a,b; ROCHA & CAVALHEIRO,
2001), procurou-se delimitar a escala temporal
a partir do momento em que a implantação de
jardins botânicos se tornou relevante na ciência
botânica, e em que contexto, juntando-se a isso
a conjuntura político-econômica do Brasil dos
séculos XVIII e XIX, quando se fizeram as
primeiras iniciativas de implantação dessas
instituições no País. Depois, conhecer quando
e como o Jardim Botânico de São Paulo esteve
inserido na história da cidade, as razões que
levaram às mudanças de sede e, em relação ao
atual Jardim Botânico, como foi a história de
137
formação de suas unidades de paisagem.
Já na pesquisa histórica sobre o paubrasil (ROCHA, 2003, 2004), a escala temporal
de pesquisa foi ampliada por várias razões. A
primeira foi pela própria história do Brasil, desde
sua descoberta no último ano do século XV, sua
inclusão na história ocidental e sua ligação com
os povos europeus. Outra razão foi a
nacionalidade dos documentos históricos que
se pretendiam consultar, estando tanto em
arquivos e acervos portugueses e brasileiros,
que foram consultados, quanto em arquivos de
outros países como Inglaterra, Holanda e França,
cujas consultas não foram possíveis, ampliando
as indagações sobre como o pau-brasil esteve
presente na história dessas sociedades
européias. Mais uma razão foi a área de
distribuição natural do pau-brasil, que abrange
desde o Estado do Rio de Janeiro até o Rio
Grande do Norte, tendo-se que buscar
informações sobre o pau-brasil na história de
ocupação de seus territórios, desde as
capitanias hereditárias do início do Período
Colonial.
Por vezes é difícil não cair em desvios
nessa trajetória temporal e fugir de sua prévia
delimitação. Estudando a história dos jardins
botânicos, muitas vezes houve o interesse em
pesquisar mais sobre a introdução de
determinadas plantas nesses jardins, buscar
mais informações sobre a história dessas
plantas; isso levaria a uma particularidade
científica que fugiria do foco principal, que era a
história dos jardins botânicos e não de suas
coleções específicas. Porém, tais desvios podem
ser reavaliados e, se relevantes para a
pesquisa, ser incorporados na escala temporal
anteriormente estabelecida.
Na pesquisa sobre o pau-brasil, teve-se
tendência de pesquisar sobre os tipos de
embarcações que eram utilizados no transporte
das toras de pau-brasil nos séculos de seu
comércio e tráfico. Conseguiram-se identificar
nomes e tipos de um grande número de
embarcações que transportavam pau-brasil
para a Europa, principalmente no século XVIII.
O aprofundamento nesse sentido levaria a um
138 - GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 17, 2005
desvio e a uma pesquisa sobre a história naval
colonial brasileira, que não se enquadrava nos
pressupostos originais da pesquisa.
Assim, deverá haver sempre uma boa
dose de bom senso para que não se fuja muito
da delimitação original da escala temporal
adotada na pesquisa geográfica em curso,
controlando-se a sedução que a pesquisa
histórica poderá exercer no geógrafo.
III- Arquivos e acervos históricos
Para as pesquisas em História, as
consultas às fontes primárias de informações
históricas constituem uma etapa importante no
processo investigativo.
Talvez ocorra, na consulta aos arquivos
e acervos históricos, que a formação acadêmica
em História tenha papel fundamental para o
bom desempenho da pesquisa. São maiores e
específicas as exigências de conhecimentos para
a seleção das instituições a serem consultadas,
uso de catálogos e guias de documentos
históricos e entendimento de suas notações
bibliográficas, manuseio e preservação de
documentos fisicamente frágeis, compreensão
da paleografia, dedicação e atenção na busca
de detalhes escritos nos documentos e exatidão
ao transcrever documentos, entre outras
tarefas a serem realizadas.
Para
capacitar
o
geógrafo
a
desempenhar sua pesquisa histórica a contento
e ultrapassar mais facilmente as dificuldades na
execução dessas tarefas, é imprescindível a
orientação e o aconselhamento técnico e
científico de historiadores, bibliotecários,
arquivistas e pesquisadores da área de
História 2.
A seleção das instituições a serem
consultadas está diretamente ligada ao tema a
ser pesquisado e à escala temporal delimitada
para a pesquisa. Para a pesquisa sobre o Jardim
Botânico de São Paulo, selecionaram-se as
instituições que estavam ligadas à sua história,
que foram o Instituto Butantã, Instituto
Biológico, Museu Paulista e Instituto de
Botânica, e aquelas que teriam documentos
ROCHA, Y. T.
relativos à história da cidade e da capitania de
São Paulo, que foram o Arquivo do Estado de
São Paulo, Arquivo Nacional e Fundação
Biblioteca Nacional.
Sobre o pau-brasil, ampliou-se o
espectro de instituições a serem consultadas,
incluindo-se também algumas portuguesas,
uma vez que a história de extração dessa
madeira está ligada à nossa história colonial.
Visitaram-se os seguintes acervos e arquivos
históricos: Biblioteca Geral da Universidade de
Coimbra, em Portugal; Biblioteca Municipal de
Évora, em Portugal; Academia das Ciências de
Lisboa, Arquivo Histórico Ultramarino e Torre do
Tombo/Instituto dos Arquivos Nacionais, em
Lisboa (Portugal); Biblioteca Pública Municipal do
Porto, na cidade do Porto (Portugal); e, Arquivo
Nacional e Fundação Biblioteca Nacional, no Rio
de Janeiro.
A consulta aos catálogos e guias de
documentos históricos é fundamental na seleção
dos documentos que serão examinados nas
instituições consultadas, para que se diminua a
quantidade de documentos a ser examinada.
Muitos desses catálogos já estão organizados
por assunto, por período ou por uma
combinação de ambos e apresentam índices
remissivos temáticos e onomásticos, que podem
auxiliar na localização de documentos de
interesse para a pesquisa em curso. Nesses
índices, é importante procurar todos os arranjos
de palavras possíveis que possam se referir ao
assunto pesquisado. Por exemplo, para o paubrasil, procuraram-se também as palavras
madeira, corante, comércio, tráfico e feitoria,
entre outras.
Também
é
importante,
quando
encontrado um documento de interesse para
se consultar na íntegra, copiar corretamente
suas notações bibliográficas constantes no
catálogo; são essas notações que possibilitarão
ao bibliotecário ou arquivista localizar o
documento no acervo da instituição visitada.
Na pesquisa sobre o pau-brasil,
consultaram-se catálogos que viabilizaram a
consulta a mais de 800 documentos históricos:
RIVARA (1850), BASTO (1938, 1953), MORAIS
Fontes Históricas e Pesquisas Geográficas:
Relatos de Viajantes, Iconografia e Cartografia, pp. 135 - 151
(1941), CRUZ (1959), MENDES (1960),
ACADEMIA (1987, 1990), RAMOS (1988),
FARINHA (1990), INSTITUTO (1993, 1995a,b,
1997), BOSCHI (1995), BRASIL (2000),
MARTINHEIRA (2001), PROJETO RESGATE (2002)
e VELOSO (s. d.).
Vale lembrar que, mesmo previamente
selecionados nos catálogos, muitos documentos
poderão ser lidos mas não necessariamente
contribuirão com informações pertinentes ao
tema pesquisado. É um risco que se tem que
correr para ter certeza que se consultou
corretamente aquele acervo e que se esgotou
a maioria das frentes para a referida pesquisa,
mesmo que isso implique em algum emprego
de tempo e de maior esforço de pesquisa.
Uma
das
maiores
dificuldades
enfrentadas na consulta aos documentos
históricos é a compreensão da paleografia, já
que muitas vezes são documentos manuscritos
e não impressos e com a caligrafia e a ortografia
usuais de suas épocas de produção. O que se
pode fazer para auxiliar na compreensão de
documentos de caligrafias mais difíceis é um
glossário com letras ou expressões mais
encontradas nos documentos das quais se
obteve certeza quanto aos seus significados.
Por exemplo, as notações Lix a ou L i 8ª em
documentos dos séculos XVII e XVIII
significavam a abreviatura de Lisboa, capital e
porto importante de Portugal.
Ressalte-se que, além de a paleografia
variar em função da época de sua produção,
também varia muito em relação ao estilo do
escrevente ou escrivão que a produziu, podendo
dificultar a compreensão de alguns documentos
de caligrafias mais elaboradas. Na maioria das
vezes, os documentos eram escritos por
pessoas que exerciam somente essa função e
desenvolviam seu próprio estilo artístico de
caligrafia.
A maioria dos documentos históricos das
fontes primárias de consulta é composta de
documentos manuscritos, cuja tinta pode já ter
perdido um pouco de sua cor, de pergaminho
(os mais antigos) e papel de diversas
composições e gramaturas que, após muitos
139
anos de arquivamento e sucessivas consultas,
podem apresentar diferentes estados de
conservação, dependendo das formas em que
são preservados e se já passaram ou não por
algum processo de restauro. Assim, é sempre
exigido um grande cuidado no manuseio desses
documentos, muitas vezes podendo exigir o uso
de máscaras, luvas e pinças. Recomenda-se que
pessoas suscetíveis a rinites ou processos
alérgicos usem máscaras, pois o material pode
liberar partículas da própria fragmentação do
papel, fungos e outros corpos alérgenos.
Durante a consulta aos documentos,
pode-se não conseguir ler, decifrar ou
transcrever todo o documento de interesse
durante a visita ao acervo ou arquivo. Assim, é
necessário saber se e como a instituição poderá
disponibilizar uma cópia do documento para seu
posterior exame detalhado por parte do
pesquisador. Essas instituições podem ter parte
ou todo o acervo já disponível em microfilmes,
consultados ao invés dos próprios documentos,
e podem disponibilizar os serviços de cópias
eletrostáticas, fotocópias e digitalização dos
documentos de interesse. Obviamente, haverá
um custo para a realização desses serviços, o
que acarretará uma despesa extra ao
pesquisador, se não previu esse custo no
pedido de financiamento de sua pesquisa, se
for o caso. Raramente as instituições permitem
o uso de máquina fotográfica do próprio
pesquisador para reproduzir os documentos.
Caso se tenha um computador portátil,
as anotações das informações encontradas nos
documentos históricos podem ser feitas
diretamente nele, já na formação de um banco
de dados do próprio pesquisador, facilitando a
organização e a análise posterior dos dados
coletados.
Na pesquisa sobre o Jardim Botânico de
São Paulo, pode-se citar, como exemplo de
importante informação encontrada nos
documentos históricos consultados, a data
correta da ordem de fundação do primeiro Jardim
Botânico de São Paulo. A Figura 1 mostra a
primeira página do documento Memoria Relativa
ao Estabelecimento do Hospital Militar e Jardim
140 - GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 17, 2005
Botanico desta Cidade, de 14 de janeiro de 1803
e pertencente ao acervo da Fundação Biblioteca
Nacional, que informou que a data da ordem de
criação do referido jardim fora 19 de novembro
de 1799, eliminando dúvidas a esse respeito,
uma vez que autores como MARTINS (1911),
TEIXEIRA (1988) e KLIASS (1993) indicavam os
anos de 1796 ou 1798 como corretos, já que
desconheciam o referido documento consultado
(ROCHA & CAVALHEIRO, 2000b).
Já na pesquisa sobre o pau-brasil,
inúmeros documentos encontrados foram
ROCHA, Y. T.
importantes para a pesquisa, sendo que a
grande maioria estava inédita de avaliação,
compilação e análise. Um dos mais curiosos é o
de 11 de outubro de 1787, com sugestões do
capitão-mór da Vila de Goiana, atual cidade do
mesmo nome no estado de Pernambuco, para
que se fizesse o manejo de árvores de paubrasil, isso no século XVIII: “os tocos que ficão
na terra todos arrebentão, e de doze te vinte
annos se tornão os filhos em sufficiente Páo”
(Figura 2).
Figura 1 (à esquerda) - Primeira
página do documento Memoria
Relativa ao Estabelecimento do
Hospital Militar e Jardim Botanico
desta Cidade, de 14 de janeiro de
1803, assinado por Antônio
Manoel de Mello Castro e
Mendonça, governador e capitão
general da Capitania de São
Paulo.
Fonte: Fundação Biblioteca
Nacional (Rio de Janeiro).
Fontes Históricas e Pesquisas Geográficas:
Relatos de Viajantes, Iconografia e Cartografia, pp. 135 - 151
141
Figura 2 (abaixo) – Detalhe do documento de 11 de outubro de 1787 que tratava do manejo
de árvores de pau-brasil.
Fonte: Arquivo Histórico Ultramarino (Lisboa).
Os historiadores já realizaram muitas pesquisas nessas fontes primárias, tendo produzido
obras com documentos históricos comentados e analisados e, muitas vezes, transcritos para a
ortografia atual, facilitando muito a procura pelo geógrafo das informações históricas da paisagem.
Na pesquisa sobre o pau-brasil, as obras de CÂMARA (1960), TEIXEIRA DA MOTA (1969),
STEGAGNO-PICCHIO (1988), ALBUQUERQUE (1989), COUTO (1989), MEYER (1992), TEIXEIRA (1998),
BRANDÃO (2000), AMADO & FIGUEIREDO (2001) e SILVA (2001) são exemplos desse fato.
142 - GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 17, 2005
IV- Relatos de viajantes e naturalistas
Essa fonte de informações históricas é
uma das mais importantes para os estudos
geográficos, uma vez que esses relatos são
geralmente ricos em descrições da cultura, do
meio físico e da paisagem, conhecidos e
percorridos pelos viajantes. Exemplo disso e de
importância significativa para a Geografia é o
relato das viagens de Alexander von Humboldt
feitas ao Novo Mundo a partir do final do século
XVIII (HUMBOLDT, 1969, 1985).
Pode-se confundir esse tipo de obra
com uma obra literária típica, que muitas vezes
também traz informações históricas importantes
e subsidiárias para a pesquisa geográfica, o que
se comentará mais adiante. A maior diferença é
que esses relatos, na grande maioria,
apresentam-se como diários de viagens e como
registros
de
experiências
pessoais,
descrevendo as impressões de seu autor quanto
à vivência que teve, sobre os lugares que
conheceu e, muitas vezes, de sua atuação
profissional nessa vivência, evitando o aspecto
ficcional ou romanceado de uma obra literária.
Porém, isso não significa que os autores
desses relatos não tenham desenvolvido seus
estilos de redação próprios ou suas análises
críticas sobre as vivências descritas. Em alguns
casos, essas qualidades presentes no texto é
que podem tornar a leitura de um relato de
viajante mais interessante do que outro.
São inúmeros os viajantes e naturalistas
que contribuíram para o registro da história da
paisagem brasileira desde o século XVI. Porém,
deve-se ficar atento para as tendências e
influências políticas, religiosas, militares ou
pessoais que seus registros podem apresentar
e procurar entender a conjuntura da época em
que foram escritos.
Na pesquisa sobre o Jardim Botânico de
São Paulo, encontraram-se informações
históricas interessantes nos relatos de
viajantes, presentes nas obras de KIDDER
(1839), BUENO (1840), PFEIFFER (1880),
KOSERITZ (1883), RAFFARD (1890), WRIGHT
(1902), MOURA (1943), SOMMER (1953), DANON
& TOLEDO (1974) e GARDNER (1975).
ROCHA, Y. T.
Sobre o pau-brasil, o número desses
relatos consultados e relevantes foi muito maior,
justamente pela grande abrangência da escala
temporal, desde o século XVI, e da extensão
geográfica de distribuição da espécie, do Rio de
Janeiro até o Rio Grande do Norte. Os principais
viajantes e naturalistas consultados e que
apresentaram informações importantes sobre
o tema estudado foram: André João Antonil,
André Thevet, Ambrósio Fernandes Brandão,
Diogo de Campos Moreno, Dionigi Carli da
Pianceza, Fernão Cardim, Francisco Soares,
Gabriel Soares de Sousa, George Marcgraf, Hans
Staden, Jean de Léry, Pêro de Magalhães
Gândavo e Simão de Vasconcelos.
Obtiveram-se as informações históricas
nas obras de CARVALHO (1927), CAPISTRANO
DE ABREU (1928), MARCGRAVE (1942), CANSTATT
(1954), STADEN (1974), BRANDÃO (1977),
THEVET (1978), CARDIM (1980, 1997), LÉRY
(1980), RIBEYROLLES (1980), ANTONIL (1989,
2001), GÂNDAVO (1989), PRADO JÚNIOR (1989),
SOARES (1989), SOUSA (1989), MEYER (1992),
BELLUZZO (1994), VERRI (1994), VIEIRA DE
MELLO (1996), TEIXEIRA (1998), GÓES (1999),
HERKENHOFF (1999), MORENO (1999),
VASCONCELOS (2001) e ZIEBELL (2002).
Em relação a essas fontes de
informações históricas, uma iniciativa singular
no Brasil foi a edição da Coleção Reconquista do
Brasil , uma parceria entre a Editora da
Universidade de São Paulo (São Paulo) e a
Editora Itatiaia (Belo Horizonte), dirigida por
Mário Guimarães Ferri e iniciada na década de
1970. Essa coleção é composta pela reedição
de relatos de mais de vinte viajantes e
naturalistas, cujas obras muitas vezes já
estavam esgotadas, facilitando o acesso aos
conhecimentos desses autores sobre aspectos
florísticos,
faunísticos,
geográficos,
paisagísticos, geológicos, etnográficos e
culturais acumulados durante suas viagens ou
estadias no Brasil.
São exemplos de autores dessa coleção:
Hans Staden (STADEN, 1974), Auguste de SaintHilaire (SAINT-HILAIRE, 1974a,b, 1976), Luís
D ’Alincourt (D’
ALINCOURT, 1975), George
Fontes Históricas e Pesquisas Geográficas:
Relatos de Viajantes, Iconografia e Cartografia, pp. 135 - 151
Gardner (GARDNER, 1975), Alcide D’Orbigny
(D’
ORBIGNY, 1976), Johann Emanuel Pohl (POHL,
1976) e Wilhelm Ludwig von Eschwege
(ESCHWEGE, 1979).
V- Literatura
A produção literária de toda cultura
apresenta aspectos históricos de sua formação,
de suas transformações sociais, políticas e
econômicas e descrições de seus aspectos
naturais e culturais de diferentes épocas. Essas
obras literárias podem ser objeto de pesquisa
do geógrafo pesquisador da história da
paisagem.
No caso do Brasil, pesquisando nossas
diferentes paisagens, recomenda-se que os
geógrafos leiam obras de escritores como Érico
Veríssimo, Euclides da Cunha, Graciliano Ramos,
João Guimarães Rosa, Jorge Amado e Raquel
de Queiroz, entre muitos outros autores da
literatura nacional. Nas obras de autores como
esses certamente serão encontradas descrições
das paisagens que serviram de cenário para
seus enredos e personagens, que poderão
contribuir com informações históricas e
geográficas dessas paisagens, relevantes para
a pesquisa em curso.
Uma obra que analisou a ligação entre
a Geografia e a Literatura é O mapa e a trama,
escrita por Carlos Augusto de Figueiredo
Monteiro (MONTEIRO, 2002), comentando a
Geografia expressa em obras de Guimarães
Rosa, Aluísio de Azevedo, Graciliano Ramos,
Machado de Assis, Lima Barreto e Graça Aranha.
É um dos raros momentos na literatura
brasileira em que um geógrafo de expressão
nacional e internacional alia seu arsenal científico
à sua vivência intelectual, juntando a Ciência
(Geografia) e a Arte (Literatura) em prol de
ambas.
Outra
obra
muito
interessante,
importante para a literatura nacional e que
apresenta uma mistura de obra literária e relato
de viagem foi escrita por Euclides da Cunha.
Terra Sem História (Amazônia), primeira parte do
livro À margem da história (CUNHA, 1999), traz
143
o registro de sua participação em uma viagem
à Amazônia no início do século XX, como chefe
da Comissão de Reconhecimento das Nascentes
do rio Purus, apresentando uma descrição
geográfica e expressiva dessa sua experiência
na região amazônica, dentro de seu estilo
característico.
Quando se estudou o Jardim Botânico
de São Paulo, encontrou-se num romance do
século XIX chamado Rosaura, a Enjeitada, de
autoria de Bernardo Guimarães, impressões
desfavoráveis a respeito da paisagem do
primeiro Jardim Botânico, por meio de um de
seus personagens: “deixemos esse recanto
que não inspira prazer nem melancolia, saudade
nem esperança; deixemos esse lago lodoso e
pútrido, essa mísera aléia de oliveiras que não
dão flor nem fruto, essas palmeiras raquíticas”
(GUIMARÃES, s.d.).
Muitos livros têm suas histórias ficcionais
baseadas em fatos históricos ou desenvolvidas
a partir deles. Um exemplo desse fato e que se
localizou na pesquisa sobre o pau-brasil é o
romance chamado Pau-brasil (Rouge brésil), do
escritor francês Jean-Christophe Rufin (RUFIN,
2002). Ganhador do prêmio literário Goncourt
2001 , esse livro tem sua história ficcional
originada na existência de uma expedição
francesa que chegou ao Brasil em meados do
século XVI com a intenção de fundar uma colônia
francesa, a France Antarctique, em terras de
domínio português, escolhendo para isso a
região da atual cidade do Rio de Janeiro, cujas
matas naquela época possuíam muitas árvores
de pau-brasil.
VI- Iconografia
Apesar de o Brasil ter suas imagens
registradas pelas artes plásticas há pouco
tempo, excetuando-se a produção indígena e
em comparação com a produção iconográfica de
outras culturas como a romana, a grega, a
egípcia ou as orientais, tem-se um acervo
relevante quando se procura nesses registros
iconográficos as imagens referentes à história
da paisagem ou aos aspectos geográficos. A
iconografia presente na cartografia será
144 - GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 17, 2005
ROCHA, Y. T.
comentada adiante.
Inicialmente, deveu-se o registro iconográfico às obras de navegantes e viajantes que
percorreram o Brasil desde o século XVI, muitas vezes ilustrando seus relatos com imagens de
índios, aldeias, animais, plantas e paisagens. São exemplos as xilogravuras das obras do navegante
italiano Américo Vespúcio sobre suas viagens ao Mundus Novus, do frei André Thevet e do francês
protestante Jean de Léry sobre suas estadas na France Antarctique e do alemão Hans Staden
sobre suas viagens ao Brasil (Figura 3), entre outros.
Figura 3 – Uma das ilustrações do livro que relatou a experiência de Hans Staden como cativo
de índios brasileiros no século XVI.
Fonte: STADEN (1974).
Fontes Históricas e Pesquisas Geográficas:
Relatos de Viajantes, Iconografia e Cartografia, pp. 135 - 151
Um importante acontecimento para a
produção iconográfica de nossa paisagem foi a
invasão holandesa no nordeste brasileiro no
século XVII. Durante a existência doBrasil
Holandês, o príncipe Maurício de Nassau (Johan
Maurits de Nassau-Siegen) trouxe pintores e
cientistas para representarem e estudarem a
flora, a fauna, os índios e as paisagens
brasileiras, tão exóticas para os padrões
europeus. Contribuíram magnificamente para
isso Albert Eckhout, Frans Post, Georg Marcgraf
e Willem Piso.
As expedições científicas européias, que
vieram ao Brasil a partir do século XVIII para
estudar a natureza que tanto fascinava o Velho
Mundo, também foram responsáveis por uma
parte significativa da iconografia nacional
importante para os estudos geográficos. Porém,
foi no século XIX que se realizou um maior
número de expedições organizadas como
verdadeiramente científicas.
Algumas dessas expedições foram as
realizadas pelos ingleses Joseph Banks, Daniel
Carl Solander e Sidney Parkinson, componentes
da viagem de circunavegação do capitão James
Cook que, entre novembro e dezembro de 1768,
exploraram
a
costa
brasileira;
pelos
portugueses Alexandre Rodrigues Ferreira,
Joaquim José Codina, José Joaquim Freire e
Agostinho Joaquim do Cabo, que percorreram
as capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato
Grosso e Cuiabá entre 1783 a 1793; pelo
príncipe alemão Maximilian von Wied-Neuwied,
acompanhado por Friedrich Sellow e Georg
Wilhelm Freyriss, que percorreram o Brasil entre
1815 e 1817; pela missão austríaca de 1817 a
1825, composta por vários cientistas e artistas,
entre eles Johan Sebastian Mikan, Johann
Emmanuel Pohl, Thomas Ender, Johann Baptiste
von Spix e Carl Friedrich Phillip von Martius; pelo
barão russo Georg Heinrich von Langsdorff entre
1822 e 1829, que foi acompanhado em suas
viagens por Johann Moritz Rugendas, Ludwig
Riedel e Georg Freyriss, entre outros; e, pelos
ingleses Henri Walter Bates e Alfred Russel
Wallace, que viajaram e estudaram a Amazônia
durante anos em meados do século XIX
(BELLUZZO, 1994).
145
As obras de LAU (1969), BELLUZZO
(1994), HERKENHOFF (1999) e DIENER & COSTA
2002), entre outras, são importantes
referências sobre a iconografia das paisagens
brasileiras.
VII- Cartografia
Principalmente os mapas produzidos a
partir dos séculos XV e XVI, além de
representarem as partes do Novo Mundo e da
Ásia já descobertas, apresentavam, na maioria
das vezes, registros iconográficos referentes a
aspectos imaginários, náuticos, geográficos,
mercantis, militares, faunísticos, florísticos e
etnográficos. Esses desenhos ou ilustrações são
chamados de iluminuras, cuja definição é:
“conjunto de elementos decorativos e das
representações com imagens executadas num
manuscrito para o embelezar” (FERREIRA, s. d.).
Essas iluminuras davam grande valor
estético aos mapas e preenchiam vazios de
representação, uma vez que ainda não existiam
informações
geográficas
para
serem
cartografadas em muitas partes dos mapas,
principalmente nas regiões interiores dos
continentes representados.
Como os mapas, além de juntarem
ciência e técnica, também são resultado da arte,
sempre refletem tendências artísticas de sua
época de produção, tais como o barroco e o
romantismo, e de seus locais de origem, com
seus valores culturais (ADONIAS, 2002). “Os
mapas têm fragmentos que merecem
observação demorada, pois os detalhes mais
valiosos desses monumentos culturais escapam
ao observador apressado, apesar de estarem
todos ali à frente” (MICELLI, 2002).
Assim, as iluminuras presentes nos
mapas são alguns desses detalhes a serem
muito bem observados e que podem trazer,
também, informações sobre a história da
paisagem, da mesma forma que os
conhecimentos cartográficos são “apoios
indispensáveis a qualquer estudo histórico”
(GUEDES, 2002), extrapolando sua importância
para outras ciências que não somente a
146 - GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 17, 2005
Geografia. “Os mapas antigos são uma das
ferramentas mais valiosas que possuímos para
compreender o passado” (CURTIS, 2002).
No caso da pesquisa sobre o pau-brasil,
observou-se que essa espécie e outras da
vegetação brasileira estiveram representadas
em diversos mapas. Algumas iluminuras
demarcavam a existência de florestas tropicais
mas eram representadas como as florestadas
temperadas européias. Em outros mapas, o
corte, transporte, escambo e embarque de toras
de pau-brasil foram muito bem representados
(Figura 4).
ROCHA, Y. T.
Procuraram-se mapas com essas
iluminuras em diversas obras e referências,
tanto dentro da produção cartográfica
portuguesa como nas espanhola, francesa,
italiana, holandesa, inglesa e alemã, todas
escolas cartográficas influenciadas pela
primeira, principalmente nos séculos XVI e XVII.
As obras de CORTESÃO & TEIXEIRA DA
MOTA (1960a,b, 1987), MAPA (1993), BELLUZZO
(1994), TESOUROS (1997) e O TESOURO (2002)
são fundamentais para pesquisar a iconografia
expressa pela cartografia.
Figura 4 – Mapa xilogravado Brasil (original: 26,3 x 36,4cm) de Giácomo Gastaldi, de 1550, publicado
na obra Raccolta di Navegationi et Viaggi de Giovanni Battista Ramusio.
Fontes: Fundação Biblioteca Nacional (Rio de janeiro) e O TESOURO (2002).
Fontes Históricas e Pesquisas Geográficas:
Relatos de Viajantes, Iconografia e Cartografia, pp. 135 - 151
8. Considerações finais
Registrou-se aqui um pouco da
experiência na busca de informações históricas
para ampliar o entendimento geográfico da
paisagem. Creio que esse relato poderá
incentivar o geógrafo a se aventurar um pouco
mais nas searas históricas.
Inspirou-se no relato do Prof. Dr. Carlos
Augusto de Figueiredo Monteiro sobre sua
147
trajetória de geógrafo (MONTEIRO, 2000), tipo
de contribuição ainda muito raro mas de grande
importância para a história da Geografia
Brasileira.
Dessa forma, procurou-se registrar os
bastidores da trajetória de um pesquisador
caminhando pelo mundo da Geografia à procura
de algumas histórias.
Notas
1
Agradecimentos à Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo (Fapesp), pelo
financiamento quase que completo das pesquisas
realizadas sobre o Jardim Botânico de São Paulo
(Auxílio a Pesquisa, Proc. n. 1997/7396-2); e,
spbre a história, a distribuição geográfica e a
conservação do pau-brasil (Projeto Temático Paubrasil, Proc. n. 2000/6422-4).
2
Agradecimentos aos bibliotecários e arquivistas de
todas as instituições, bibliotecas, acervos e
arquivos portugueses e brasileiros visitados, pela
atenção e ajuda imprescindível; e, também, à
Profa. Dra. Heloísa Liberalli Bellotto (Pósgraduação em História/FFLCH/USP).
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