GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 17, pp. 135 - 151, 2005. FONTES HISTÓRICAS E PESQUISAS GEOGRÁFICAS: RELATOS DE VIAJANTES, ICONOGRAFIA E CARTOGRAFIA Yuri Tavares Rocha* RESUMO: Procurar informações geográficas nos registros históricos disponíveis pode ser uma tarefa difícil para quem não tem formação em História. Relataram-se aqui experiências de pesquisa em trabalhos de Geografia sobre o Jardim Botânico de São Paulo e sobre o pau-brasil. Entretanto, não se avaliou criticamente a aproximação entre a Geografia e a História nem se fez uma revisão de metodologias que podem ser adotadas. Comentou-se sobre a delimitação da escala temporal e quais as principais fontes de informações históricas utilizadas: arquivos e acervos históricos, relatos de viajantes e naturalistas, literatura, iconografia e cartografia. Fez-se um registro da experiência obtida na busca de informações históricas para ampliar o entendimento geográfico e a perspectiva histórica da paisagem. PALAVRAS-CHAVE: Geografia, Fontes Históricas, Jardim Botânico, Pau-brasil, Paisagem. ABSTRACT: Without an appropriate knowledge of in History it is hard to find geographical information in historical documents. This article presents two experiments in Physical Geography: one about Botanic Garden of São Paulo, and the other on Brazilwood, so that both of them required historical facts to be conducted. No critical assessment about the relation between Geography and History is made, neither a review of the alternative methodology. Both the time frame and the main historical information sources are mentioned in order to support specific geographical research like: historical documents, literature from voyagers and naturalists, literature, iconography and cartography’ s dates. All the efforts towards finding historical information are registered in order to increase the geographical knowledge about the historical landscape. KEY WORDS: Geography, Historical Sources, Botanic Garden, Brazilwood, Landscape. I- Introdução Além de a História ser um campo de pesquisa científica sobre os acontecimentos políticos, econômicos, culturais, sociais, científicos, tecnológicos e religiosos da trajetória temporal da humanidade, tem importância em todos os ramos da pesquisa científica, seja numa simples revisão bibliográfica sobre um determinado * Professor Doutor, Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. E-mail: [email protected] 136 - GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 17, 2005 assunto, para se saber o que já foi estudado sobre ele, ou seja, o processo histórico de uma pesquisa desde o motivo de sua realização à evolução das técnicas envolvidas, até a história do pensamento científico, ou seja, o processo histórico da evolução das ciências e suas interseções com a Filosofia. Todavia, buscar informações de uma área específica de pesquisa, como Física, Botânica ou Geografia, nos registros históricos disponíveis, acaba por ser uma tarefa difícil caso o pesquisador não tenha formação acadêmica em História. Mas é uma tarefa que pode ser realizada e certamente o resultado obtido será superior ao que se alcançaria, caso não se ousasse na ampliação das fronteiras da pesquisa fora da área específica, nas interfaces existentes com a História. Procurou-se, neste artigo, relatar a trajetória de duas pesquisas em Geografia: uma sobre a história dos antigos e do atual Jardim Botânico de São Paulo, juntamente com o estabelecimento de suas unidades de paisagem, e outra sobre a história do pau-brasil quanto à extração, comércio, tráfico, distribuição geográfica e conservação 1. Essa trajetória foi percorrida por um engenheiro agrônomo que tinha visto aspectos da História em sua graduação quando foram estudadas a introdução no Brasil de plantas como o café ou a cana-de-açúcar, a evolução das técnicas agrícolas e da conservação de solo ou a história de determinadas áreas da ciência como Botânica, Química e Genética. Quando aluno de pós-graduação em Geografia Física, ampliaram-se os horizontes de perspectivas históricas, a começar pela história do pensamento geográfico e da evolução do conceito da paisagem na Geografia. Além desses interesses novos e desafiadores, os temas de mestrado (antigos e atual Jardim Botânico de São Paulo) e doutorado (História, distribuição geográfica e conservação do pau-brasil) exigiram um aprofundamento na pesquisa histórica. Nesse momento, não fora a excelente ROCHA, Y. T. formação acadêmica e a grande capacidade interdisciplinar do Prof. Dr. Felisberto Cavalheiro (In Memoriam , Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo) em sua orientação e em seu exemplo de pesquisador, não se teria entendido a importância desse enfoque retrospectivo e na grande quantidade de informações que se pode retirar da História, que são básicas para a compreensão dos condicionantes vigentes do meio físico e da configuração atual da paisagem que se estuda. Não se trata somente de abordar a história geológica da formação da paisagem mas de todos os momentos pelos quais passou a mesma, inclusive aqueles determinados e ou influenciados pela ação antrópica. Logicamente, não se está menosprezando ou subestimando os historiadores profissionais e suas grandes contribuições já existentes na Geografia, nem querendo obter resultados cientificamente frágeis ou duvidosos alcançados por pesquisadores não historiadores, mas incentivar a ampliação da atuação do geógrafo na procura de informações históricas importantes para sua pesquisa geográfica. Talvez, para os geógrafos que atuam no campo da chamada Geografia Humana, isso não seja muito novo mas, provavelmente, pode ser para muitos que trabalham e pesquisam na Geografia Física. Pretendeu-se, simplesmente, registrar os procedimentos seguidos e alguns dos resultados alcançados pelas duas pesquisas referidas, tentando-se incentivar aqueles pesquisadores que têm restrições pessoais, técnicas ou de formação na área da História para perderem receios e se aventurarem na busca de informações sobre a história de seu tema de pesquisa em outra fonte, na História, uma irmã da ciência geográfica. Reitera-se: não se trata de um artigo para avaliar criticamente a aproximação entre a Geografia e a História que existiu nessas pesquisas, muito menos uma revisão de metodologias que podem ser adotadas. É um Fontes Históricas e Pesquisas Geográficas: Relatos de Viajantes, Iconografia e Cartografia, pp. 135 - 151 relato de casos, um compartilhamento de experiência desse enfoque histórico-geográfico ou geográfico-histórico. Procurou-se comentar resumidamente sobre a delimitação da escala temporal pesquisada e as principais fontes de informações históricas que se utilizaram nas pesquisas realizadas: arquivos e acervos históricos, relatos de viajantes e naturalistas, literatura, iconografia e cartografia. Não se abordou, aqui, a elaboração das revisões bibliográficas rotineiramente feitas pelos pesquisadores nem o sensoriamento remoto, também utilizado nas retrospectivas históricas de uso de solo ou de transformação da paisagem. II- Delimitação da escala temporal A definição do tema a ser pesquisado e das respostas às quais se desejam responder cientificamente são pressupostos básicos para o método científico em qualquer ciência. Também é fundamental em muitas ciências, como no campo da Geografia Física, a delimitação da escala temporal em que se buscarão as informações históricas importantes e que poderão subsidiar as respostas obtidas ao final da pesquisa. Essa delimitação e a pesquisa numa perspectiva histórica poderão levar a um aumento significativo da qualidade científica de seus resultados. Na pesquisa realizada sobre o Jardim Botânico de São Paulo (ROCHA, 1999; ROCHA & CAVALHEIRO, 2000a,b; ROCHA & CAVALHEIRO, 2001), procurou-se delimitar a escala temporal a partir do momento em que a implantação de jardins botânicos se tornou relevante na ciência botânica, e em que contexto, juntando-se a isso a conjuntura político-econômica do Brasil dos séculos XVIII e XIX, quando se fizeram as primeiras iniciativas de implantação dessas instituições no País. Depois, conhecer quando e como o Jardim Botânico de São Paulo esteve inserido na história da cidade, as razões que levaram às mudanças de sede e, em relação ao atual Jardim Botânico, como foi a história de 137 formação de suas unidades de paisagem. Já na pesquisa histórica sobre o paubrasil (ROCHA, 2003, 2004), a escala temporal de pesquisa foi ampliada por várias razões. A primeira foi pela própria história do Brasil, desde sua descoberta no último ano do século XV, sua inclusão na história ocidental e sua ligação com os povos europeus. Outra razão foi a nacionalidade dos documentos históricos que se pretendiam consultar, estando tanto em arquivos e acervos portugueses e brasileiros, que foram consultados, quanto em arquivos de outros países como Inglaterra, Holanda e França, cujas consultas não foram possíveis, ampliando as indagações sobre como o pau-brasil esteve presente na história dessas sociedades européias. Mais uma razão foi a área de distribuição natural do pau-brasil, que abrange desde o Estado do Rio de Janeiro até o Rio Grande do Norte, tendo-se que buscar informações sobre o pau-brasil na história de ocupação de seus territórios, desde as capitanias hereditárias do início do Período Colonial. Por vezes é difícil não cair em desvios nessa trajetória temporal e fugir de sua prévia delimitação. Estudando a história dos jardins botânicos, muitas vezes houve o interesse em pesquisar mais sobre a introdução de determinadas plantas nesses jardins, buscar mais informações sobre a história dessas plantas; isso levaria a uma particularidade científica que fugiria do foco principal, que era a história dos jardins botânicos e não de suas coleções específicas. Porém, tais desvios podem ser reavaliados e, se relevantes para a pesquisa, ser incorporados na escala temporal anteriormente estabelecida. Na pesquisa sobre o pau-brasil, teve-se tendência de pesquisar sobre os tipos de embarcações que eram utilizados no transporte das toras de pau-brasil nos séculos de seu comércio e tráfico. Conseguiram-se identificar nomes e tipos de um grande número de embarcações que transportavam pau-brasil para a Europa, principalmente no século XVIII. O aprofundamento nesse sentido levaria a um 138 - GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 17, 2005 desvio e a uma pesquisa sobre a história naval colonial brasileira, que não se enquadrava nos pressupostos originais da pesquisa. Assim, deverá haver sempre uma boa dose de bom senso para que não se fuja muito da delimitação original da escala temporal adotada na pesquisa geográfica em curso, controlando-se a sedução que a pesquisa histórica poderá exercer no geógrafo. III- Arquivos e acervos históricos Para as pesquisas em História, as consultas às fontes primárias de informações históricas constituem uma etapa importante no processo investigativo. Talvez ocorra, na consulta aos arquivos e acervos históricos, que a formação acadêmica em História tenha papel fundamental para o bom desempenho da pesquisa. São maiores e específicas as exigências de conhecimentos para a seleção das instituições a serem consultadas, uso de catálogos e guias de documentos históricos e entendimento de suas notações bibliográficas, manuseio e preservação de documentos fisicamente frágeis, compreensão da paleografia, dedicação e atenção na busca de detalhes escritos nos documentos e exatidão ao transcrever documentos, entre outras tarefas a serem realizadas. Para capacitar o geógrafo a desempenhar sua pesquisa histórica a contento e ultrapassar mais facilmente as dificuldades na execução dessas tarefas, é imprescindível a orientação e o aconselhamento técnico e científico de historiadores, bibliotecários, arquivistas e pesquisadores da área de História 2. A seleção das instituições a serem consultadas está diretamente ligada ao tema a ser pesquisado e à escala temporal delimitada para a pesquisa. Para a pesquisa sobre o Jardim Botânico de São Paulo, selecionaram-se as instituições que estavam ligadas à sua história, que foram o Instituto Butantã, Instituto Biológico, Museu Paulista e Instituto de Botânica, e aquelas que teriam documentos ROCHA, Y. T. relativos à história da cidade e da capitania de São Paulo, que foram o Arquivo do Estado de São Paulo, Arquivo Nacional e Fundação Biblioteca Nacional. Sobre o pau-brasil, ampliou-se o espectro de instituições a serem consultadas, incluindo-se também algumas portuguesas, uma vez que a história de extração dessa madeira está ligada à nossa história colonial. Visitaram-se os seguintes acervos e arquivos históricos: Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, em Portugal; Biblioteca Municipal de Évora, em Portugal; Academia das Ciências de Lisboa, Arquivo Histórico Ultramarino e Torre do Tombo/Instituto dos Arquivos Nacionais, em Lisboa (Portugal); Biblioteca Pública Municipal do Porto, na cidade do Porto (Portugal); e, Arquivo Nacional e Fundação Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. A consulta aos catálogos e guias de documentos históricos é fundamental na seleção dos documentos que serão examinados nas instituições consultadas, para que se diminua a quantidade de documentos a ser examinada. Muitos desses catálogos já estão organizados por assunto, por período ou por uma combinação de ambos e apresentam índices remissivos temáticos e onomásticos, que podem auxiliar na localização de documentos de interesse para a pesquisa em curso. Nesses índices, é importante procurar todos os arranjos de palavras possíveis que possam se referir ao assunto pesquisado. Por exemplo, para o paubrasil, procuraram-se também as palavras madeira, corante, comércio, tráfico e feitoria, entre outras. Também é importante, quando encontrado um documento de interesse para se consultar na íntegra, copiar corretamente suas notações bibliográficas constantes no catálogo; são essas notações que possibilitarão ao bibliotecário ou arquivista localizar o documento no acervo da instituição visitada. Na pesquisa sobre o pau-brasil, consultaram-se catálogos que viabilizaram a consulta a mais de 800 documentos históricos: RIVARA (1850), BASTO (1938, 1953), MORAIS Fontes Históricas e Pesquisas Geográficas: Relatos de Viajantes, Iconografia e Cartografia, pp. 135 - 151 (1941), CRUZ (1959), MENDES (1960), ACADEMIA (1987, 1990), RAMOS (1988), FARINHA (1990), INSTITUTO (1993, 1995a,b, 1997), BOSCHI (1995), BRASIL (2000), MARTINHEIRA (2001), PROJETO RESGATE (2002) e VELOSO (s. d.). Vale lembrar que, mesmo previamente selecionados nos catálogos, muitos documentos poderão ser lidos mas não necessariamente contribuirão com informações pertinentes ao tema pesquisado. É um risco que se tem que correr para ter certeza que se consultou corretamente aquele acervo e que se esgotou a maioria das frentes para a referida pesquisa, mesmo que isso implique em algum emprego de tempo e de maior esforço de pesquisa. Uma das maiores dificuldades enfrentadas na consulta aos documentos históricos é a compreensão da paleografia, já que muitas vezes são documentos manuscritos e não impressos e com a caligrafia e a ortografia usuais de suas épocas de produção. O que se pode fazer para auxiliar na compreensão de documentos de caligrafias mais difíceis é um glossário com letras ou expressões mais encontradas nos documentos das quais se obteve certeza quanto aos seus significados. Por exemplo, as notações Lix a ou L i 8ª em documentos dos séculos XVII e XVIII significavam a abreviatura de Lisboa, capital e porto importante de Portugal. Ressalte-se que, além de a paleografia variar em função da época de sua produção, também varia muito em relação ao estilo do escrevente ou escrivão que a produziu, podendo dificultar a compreensão de alguns documentos de caligrafias mais elaboradas. Na maioria das vezes, os documentos eram escritos por pessoas que exerciam somente essa função e desenvolviam seu próprio estilo artístico de caligrafia. A maioria dos documentos históricos das fontes primárias de consulta é composta de documentos manuscritos, cuja tinta pode já ter perdido um pouco de sua cor, de pergaminho (os mais antigos) e papel de diversas composições e gramaturas que, após muitos 139 anos de arquivamento e sucessivas consultas, podem apresentar diferentes estados de conservação, dependendo das formas em que são preservados e se já passaram ou não por algum processo de restauro. Assim, é sempre exigido um grande cuidado no manuseio desses documentos, muitas vezes podendo exigir o uso de máscaras, luvas e pinças. Recomenda-se que pessoas suscetíveis a rinites ou processos alérgicos usem máscaras, pois o material pode liberar partículas da própria fragmentação do papel, fungos e outros corpos alérgenos. Durante a consulta aos documentos, pode-se não conseguir ler, decifrar ou transcrever todo o documento de interesse durante a visita ao acervo ou arquivo. Assim, é necessário saber se e como a instituição poderá disponibilizar uma cópia do documento para seu posterior exame detalhado por parte do pesquisador. Essas instituições podem ter parte ou todo o acervo já disponível em microfilmes, consultados ao invés dos próprios documentos, e podem disponibilizar os serviços de cópias eletrostáticas, fotocópias e digitalização dos documentos de interesse. Obviamente, haverá um custo para a realização desses serviços, o que acarretará uma despesa extra ao pesquisador, se não previu esse custo no pedido de financiamento de sua pesquisa, se for o caso. Raramente as instituições permitem o uso de máquina fotográfica do próprio pesquisador para reproduzir os documentos. Caso se tenha um computador portátil, as anotações das informações encontradas nos documentos históricos podem ser feitas diretamente nele, já na formação de um banco de dados do próprio pesquisador, facilitando a organização e a análise posterior dos dados coletados. Na pesquisa sobre o Jardim Botânico de São Paulo, pode-se citar, como exemplo de importante informação encontrada nos documentos históricos consultados, a data correta da ordem de fundação do primeiro Jardim Botânico de São Paulo. A Figura 1 mostra a primeira página do documento Memoria Relativa ao Estabelecimento do Hospital Militar e Jardim 140 - GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 17, 2005 Botanico desta Cidade, de 14 de janeiro de 1803 e pertencente ao acervo da Fundação Biblioteca Nacional, que informou que a data da ordem de criação do referido jardim fora 19 de novembro de 1799, eliminando dúvidas a esse respeito, uma vez que autores como MARTINS (1911), TEIXEIRA (1988) e KLIASS (1993) indicavam os anos de 1796 ou 1798 como corretos, já que desconheciam o referido documento consultado (ROCHA & CAVALHEIRO, 2000b). Já na pesquisa sobre o pau-brasil, inúmeros documentos encontrados foram ROCHA, Y. T. importantes para a pesquisa, sendo que a grande maioria estava inédita de avaliação, compilação e análise. Um dos mais curiosos é o de 11 de outubro de 1787, com sugestões do capitão-mór da Vila de Goiana, atual cidade do mesmo nome no estado de Pernambuco, para que se fizesse o manejo de árvores de paubrasil, isso no século XVIII: “os tocos que ficão na terra todos arrebentão, e de doze te vinte annos se tornão os filhos em sufficiente Páo” (Figura 2). Figura 1 (à esquerda) - Primeira página do documento Memoria Relativa ao Estabelecimento do Hospital Militar e Jardim Botanico desta Cidade, de 14 de janeiro de 1803, assinado por Antônio Manoel de Mello Castro e Mendonça, governador e capitão general da Capitania de São Paulo. Fonte: Fundação Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro). Fontes Históricas e Pesquisas Geográficas: Relatos de Viajantes, Iconografia e Cartografia, pp. 135 - 151 141 Figura 2 (abaixo) – Detalhe do documento de 11 de outubro de 1787 que tratava do manejo de árvores de pau-brasil. Fonte: Arquivo Histórico Ultramarino (Lisboa). Os historiadores já realizaram muitas pesquisas nessas fontes primárias, tendo produzido obras com documentos históricos comentados e analisados e, muitas vezes, transcritos para a ortografia atual, facilitando muito a procura pelo geógrafo das informações históricas da paisagem. Na pesquisa sobre o pau-brasil, as obras de CÂMARA (1960), TEIXEIRA DA MOTA (1969), STEGAGNO-PICCHIO (1988), ALBUQUERQUE (1989), COUTO (1989), MEYER (1992), TEIXEIRA (1998), BRANDÃO (2000), AMADO & FIGUEIREDO (2001) e SILVA (2001) são exemplos desse fato. 142 - GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 17, 2005 IV- Relatos de viajantes e naturalistas Essa fonte de informações históricas é uma das mais importantes para os estudos geográficos, uma vez que esses relatos são geralmente ricos em descrições da cultura, do meio físico e da paisagem, conhecidos e percorridos pelos viajantes. Exemplo disso e de importância significativa para a Geografia é o relato das viagens de Alexander von Humboldt feitas ao Novo Mundo a partir do final do século XVIII (HUMBOLDT, 1969, 1985). Pode-se confundir esse tipo de obra com uma obra literária típica, que muitas vezes também traz informações históricas importantes e subsidiárias para a pesquisa geográfica, o que se comentará mais adiante. A maior diferença é que esses relatos, na grande maioria, apresentam-se como diários de viagens e como registros de experiências pessoais, descrevendo as impressões de seu autor quanto à vivência que teve, sobre os lugares que conheceu e, muitas vezes, de sua atuação profissional nessa vivência, evitando o aspecto ficcional ou romanceado de uma obra literária. Porém, isso não significa que os autores desses relatos não tenham desenvolvido seus estilos de redação próprios ou suas análises críticas sobre as vivências descritas. Em alguns casos, essas qualidades presentes no texto é que podem tornar a leitura de um relato de viajante mais interessante do que outro. São inúmeros os viajantes e naturalistas que contribuíram para o registro da história da paisagem brasileira desde o século XVI. Porém, deve-se ficar atento para as tendências e influências políticas, religiosas, militares ou pessoais que seus registros podem apresentar e procurar entender a conjuntura da época em que foram escritos. Na pesquisa sobre o Jardim Botânico de São Paulo, encontraram-se informações históricas interessantes nos relatos de viajantes, presentes nas obras de KIDDER (1839), BUENO (1840), PFEIFFER (1880), KOSERITZ (1883), RAFFARD (1890), WRIGHT (1902), MOURA (1943), SOMMER (1953), DANON & TOLEDO (1974) e GARDNER (1975). ROCHA, Y. T. Sobre o pau-brasil, o número desses relatos consultados e relevantes foi muito maior, justamente pela grande abrangência da escala temporal, desde o século XVI, e da extensão geográfica de distribuição da espécie, do Rio de Janeiro até o Rio Grande do Norte. Os principais viajantes e naturalistas consultados e que apresentaram informações importantes sobre o tema estudado foram: André João Antonil, André Thevet, Ambrósio Fernandes Brandão, Diogo de Campos Moreno, Dionigi Carli da Pianceza, Fernão Cardim, Francisco Soares, Gabriel Soares de Sousa, George Marcgraf, Hans Staden, Jean de Léry, Pêro de Magalhães Gândavo e Simão de Vasconcelos. Obtiveram-se as informações históricas nas obras de CARVALHO (1927), CAPISTRANO DE ABREU (1928), MARCGRAVE (1942), CANSTATT (1954), STADEN (1974), BRANDÃO (1977), THEVET (1978), CARDIM (1980, 1997), LÉRY (1980), RIBEYROLLES (1980), ANTONIL (1989, 2001), GÂNDAVO (1989), PRADO JÚNIOR (1989), SOARES (1989), SOUSA (1989), MEYER (1992), BELLUZZO (1994), VERRI (1994), VIEIRA DE MELLO (1996), TEIXEIRA (1998), GÓES (1999), HERKENHOFF (1999), MORENO (1999), VASCONCELOS (2001) e ZIEBELL (2002). Em relação a essas fontes de informações históricas, uma iniciativa singular no Brasil foi a edição da Coleção Reconquista do Brasil , uma parceria entre a Editora da Universidade de São Paulo (São Paulo) e a Editora Itatiaia (Belo Horizonte), dirigida por Mário Guimarães Ferri e iniciada na década de 1970. Essa coleção é composta pela reedição de relatos de mais de vinte viajantes e naturalistas, cujas obras muitas vezes já estavam esgotadas, facilitando o acesso aos conhecimentos desses autores sobre aspectos florísticos, faunísticos, geográficos, paisagísticos, geológicos, etnográficos e culturais acumulados durante suas viagens ou estadias no Brasil. São exemplos de autores dessa coleção: Hans Staden (STADEN, 1974), Auguste de SaintHilaire (SAINT-HILAIRE, 1974a,b, 1976), Luís D ’Alincourt (D’ ALINCOURT, 1975), George Fontes Históricas e Pesquisas Geográficas: Relatos de Viajantes, Iconografia e Cartografia, pp. 135 - 151 Gardner (GARDNER, 1975), Alcide D’Orbigny (D’ ORBIGNY, 1976), Johann Emanuel Pohl (POHL, 1976) e Wilhelm Ludwig von Eschwege (ESCHWEGE, 1979). V- Literatura A produção literária de toda cultura apresenta aspectos históricos de sua formação, de suas transformações sociais, políticas e econômicas e descrições de seus aspectos naturais e culturais de diferentes épocas. Essas obras literárias podem ser objeto de pesquisa do geógrafo pesquisador da história da paisagem. No caso do Brasil, pesquisando nossas diferentes paisagens, recomenda-se que os geógrafos leiam obras de escritores como Érico Veríssimo, Euclides da Cunha, Graciliano Ramos, João Guimarães Rosa, Jorge Amado e Raquel de Queiroz, entre muitos outros autores da literatura nacional. Nas obras de autores como esses certamente serão encontradas descrições das paisagens que serviram de cenário para seus enredos e personagens, que poderão contribuir com informações históricas e geográficas dessas paisagens, relevantes para a pesquisa em curso. Uma obra que analisou a ligação entre a Geografia e a Literatura é O mapa e a trama, escrita por Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro (MONTEIRO, 2002), comentando a Geografia expressa em obras de Guimarães Rosa, Aluísio de Azevedo, Graciliano Ramos, Machado de Assis, Lima Barreto e Graça Aranha. É um dos raros momentos na literatura brasileira em que um geógrafo de expressão nacional e internacional alia seu arsenal científico à sua vivência intelectual, juntando a Ciência (Geografia) e a Arte (Literatura) em prol de ambas. Outra obra muito interessante, importante para a literatura nacional e que apresenta uma mistura de obra literária e relato de viagem foi escrita por Euclides da Cunha. Terra Sem História (Amazônia), primeira parte do livro À margem da história (CUNHA, 1999), traz 143 o registro de sua participação em uma viagem à Amazônia no início do século XX, como chefe da Comissão de Reconhecimento das Nascentes do rio Purus, apresentando uma descrição geográfica e expressiva dessa sua experiência na região amazônica, dentro de seu estilo característico. Quando se estudou o Jardim Botânico de São Paulo, encontrou-se num romance do século XIX chamado Rosaura, a Enjeitada, de autoria de Bernardo Guimarães, impressões desfavoráveis a respeito da paisagem do primeiro Jardim Botânico, por meio de um de seus personagens: “deixemos esse recanto que não inspira prazer nem melancolia, saudade nem esperança; deixemos esse lago lodoso e pútrido, essa mísera aléia de oliveiras que não dão flor nem fruto, essas palmeiras raquíticas” (GUIMARÃES, s.d.). Muitos livros têm suas histórias ficcionais baseadas em fatos históricos ou desenvolvidas a partir deles. Um exemplo desse fato e que se localizou na pesquisa sobre o pau-brasil é o romance chamado Pau-brasil (Rouge brésil), do escritor francês Jean-Christophe Rufin (RUFIN, 2002). Ganhador do prêmio literário Goncourt 2001 , esse livro tem sua história ficcional originada na existência de uma expedição francesa que chegou ao Brasil em meados do século XVI com a intenção de fundar uma colônia francesa, a France Antarctique, em terras de domínio português, escolhendo para isso a região da atual cidade do Rio de Janeiro, cujas matas naquela época possuíam muitas árvores de pau-brasil. VI- Iconografia Apesar de o Brasil ter suas imagens registradas pelas artes plásticas há pouco tempo, excetuando-se a produção indígena e em comparação com a produção iconográfica de outras culturas como a romana, a grega, a egípcia ou as orientais, tem-se um acervo relevante quando se procura nesses registros iconográficos as imagens referentes à história da paisagem ou aos aspectos geográficos. A iconografia presente na cartografia será 144 - GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 17, 2005 ROCHA, Y. T. comentada adiante. Inicialmente, deveu-se o registro iconográfico às obras de navegantes e viajantes que percorreram o Brasil desde o século XVI, muitas vezes ilustrando seus relatos com imagens de índios, aldeias, animais, plantas e paisagens. São exemplos as xilogravuras das obras do navegante italiano Américo Vespúcio sobre suas viagens ao Mundus Novus, do frei André Thevet e do francês protestante Jean de Léry sobre suas estadas na France Antarctique e do alemão Hans Staden sobre suas viagens ao Brasil (Figura 3), entre outros. Figura 3 – Uma das ilustrações do livro que relatou a experiência de Hans Staden como cativo de índios brasileiros no século XVI. Fonte: STADEN (1974). Fontes Históricas e Pesquisas Geográficas: Relatos de Viajantes, Iconografia e Cartografia, pp. 135 - 151 Um importante acontecimento para a produção iconográfica de nossa paisagem foi a invasão holandesa no nordeste brasileiro no século XVII. Durante a existência doBrasil Holandês, o príncipe Maurício de Nassau (Johan Maurits de Nassau-Siegen) trouxe pintores e cientistas para representarem e estudarem a flora, a fauna, os índios e as paisagens brasileiras, tão exóticas para os padrões europeus. Contribuíram magnificamente para isso Albert Eckhout, Frans Post, Georg Marcgraf e Willem Piso. As expedições científicas européias, que vieram ao Brasil a partir do século XVIII para estudar a natureza que tanto fascinava o Velho Mundo, também foram responsáveis por uma parte significativa da iconografia nacional importante para os estudos geográficos. Porém, foi no século XIX que se realizou um maior número de expedições organizadas como verdadeiramente científicas. Algumas dessas expedições foram as realizadas pelos ingleses Joseph Banks, Daniel Carl Solander e Sidney Parkinson, componentes da viagem de circunavegação do capitão James Cook que, entre novembro e dezembro de 1768, exploraram a costa brasileira; pelos portugueses Alexandre Rodrigues Ferreira, Joaquim José Codina, José Joaquim Freire e Agostinho Joaquim do Cabo, que percorreram as capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá entre 1783 a 1793; pelo príncipe alemão Maximilian von Wied-Neuwied, acompanhado por Friedrich Sellow e Georg Wilhelm Freyriss, que percorreram o Brasil entre 1815 e 1817; pela missão austríaca de 1817 a 1825, composta por vários cientistas e artistas, entre eles Johan Sebastian Mikan, Johann Emmanuel Pohl, Thomas Ender, Johann Baptiste von Spix e Carl Friedrich Phillip von Martius; pelo barão russo Georg Heinrich von Langsdorff entre 1822 e 1829, que foi acompanhado em suas viagens por Johann Moritz Rugendas, Ludwig Riedel e Georg Freyriss, entre outros; e, pelos ingleses Henri Walter Bates e Alfred Russel Wallace, que viajaram e estudaram a Amazônia durante anos em meados do século XIX (BELLUZZO, 1994). 145 As obras de LAU (1969), BELLUZZO (1994), HERKENHOFF (1999) e DIENER & COSTA 2002), entre outras, são importantes referências sobre a iconografia das paisagens brasileiras. VII- Cartografia Principalmente os mapas produzidos a partir dos séculos XV e XVI, além de representarem as partes do Novo Mundo e da Ásia já descobertas, apresentavam, na maioria das vezes, registros iconográficos referentes a aspectos imaginários, náuticos, geográficos, mercantis, militares, faunísticos, florísticos e etnográficos. Esses desenhos ou ilustrações são chamados de iluminuras, cuja definição é: “conjunto de elementos decorativos e das representações com imagens executadas num manuscrito para o embelezar” (FERREIRA, s. d.). Essas iluminuras davam grande valor estético aos mapas e preenchiam vazios de representação, uma vez que ainda não existiam informações geográficas para serem cartografadas em muitas partes dos mapas, principalmente nas regiões interiores dos continentes representados. Como os mapas, além de juntarem ciência e técnica, também são resultado da arte, sempre refletem tendências artísticas de sua época de produção, tais como o barroco e o romantismo, e de seus locais de origem, com seus valores culturais (ADONIAS, 2002). “Os mapas têm fragmentos que merecem observação demorada, pois os detalhes mais valiosos desses monumentos culturais escapam ao observador apressado, apesar de estarem todos ali à frente” (MICELLI, 2002). Assim, as iluminuras presentes nos mapas são alguns desses detalhes a serem muito bem observados e que podem trazer, também, informações sobre a história da paisagem, da mesma forma que os conhecimentos cartográficos são “apoios indispensáveis a qualquer estudo histórico” (GUEDES, 2002), extrapolando sua importância para outras ciências que não somente a 146 - GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 17, 2005 Geografia. “Os mapas antigos são uma das ferramentas mais valiosas que possuímos para compreender o passado” (CURTIS, 2002). No caso da pesquisa sobre o pau-brasil, observou-se que essa espécie e outras da vegetação brasileira estiveram representadas em diversos mapas. Algumas iluminuras demarcavam a existência de florestas tropicais mas eram representadas como as florestadas temperadas européias. Em outros mapas, o corte, transporte, escambo e embarque de toras de pau-brasil foram muito bem representados (Figura 4). ROCHA, Y. T. Procuraram-se mapas com essas iluminuras em diversas obras e referências, tanto dentro da produção cartográfica portuguesa como nas espanhola, francesa, italiana, holandesa, inglesa e alemã, todas escolas cartográficas influenciadas pela primeira, principalmente nos séculos XVI e XVII. As obras de CORTESÃO & TEIXEIRA DA MOTA (1960a,b, 1987), MAPA (1993), BELLUZZO (1994), TESOUROS (1997) e O TESOURO (2002) são fundamentais para pesquisar a iconografia expressa pela cartografia. Figura 4 – Mapa xilogravado Brasil (original: 26,3 x 36,4cm) de Giácomo Gastaldi, de 1550, publicado na obra Raccolta di Navegationi et Viaggi de Giovanni Battista Ramusio. Fontes: Fundação Biblioteca Nacional (Rio de janeiro) e O TESOURO (2002). Fontes Históricas e Pesquisas Geográficas: Relatos de Viajantes, Iconografia e Cartografia, pp. 135 - 151 8. Considerações finais Registrou-se aqui um pouco da experiência na busca de informações históricas para ampliar o entendimento geográfico da paisagem. Creio que esse relato poderá incentivar o geógrafo a se aventurar um pouco mais nas searas históricas. Inspirou-se no relato do Prof. Dr. Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro sobre sua 147 trajetória de geógrafo (MONTEIRO, 2000), tipo de contribuição ainda muito raro mas de grande importância para a história da Geografia Brasileira. Dessa forma, procurou-se registrar os bastidores da trajetória de um pesquisador caminhando pelo mundo da Geografia à procura de algumas histórias. Notas 1 Agradecimentos à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), pelo financiamento quase que completo das pesquisas realizadas sobre o Jardim Botânico de São Paulo (Auxílio a Pesquisa, Proc. n. 1997/7396-2); e, spbre a história, a distribuição geográfica e a conservação do pau-brasil (Projeto Temático Paubrasil, Proc. n. 2000/6422-4). 2 Agradecimentos aos bibliotecários e arquivistas de todas as instituições, bibliotecas, acervos e arquivos portugueses e brasileiros visitados, pela atenção e ajuda imprescindível; e, também, à Profa. Dra. Heloísa Liberalli Bellotto (Pósgraduação em História/FFLCH/USP). Bibliografia ACADEMIA das Ciências de Lisboa. Memórias Económicas Inéditas (1780-1808). Lisboa: Academia das Ciências de Lisboa, 1987. _____. Memórias Económicas da Academia Real das Ciências de Lisboa, para o adiantamento da Agricultura, das Artes, e da Indústria em Portugal, e suas Conquistas (1789-1815). Lisboa: Banco de Portugal, 1990. 4v. 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