HISTÓRICO DA SOCIOLOGIA (Por Wagner Alonge) No sentido etimológico, sociologia significa estudo da sociedade. O nome sociologia, que é formado por duas palavras de origem diversa - a latina socius e a grega logia- foi criado em 1839 pelo francês Augusto Comte. Podemos dizer que a sociologia nasceu no século XIX e se tornou ciência no século XX. Sempre houve, todavia, preocupações com a sociedade, pois desde a Antigüidade, pensadores e filósofos sociais refletiram e escreveram sobre a sociedade - mas nem por isso estavam fazendo sociologia, já que estes pensadores e filósofos sociais estiveram mais preocupados em criticar a sociedade ou em descrever sociedades ideais do que em estudar a sociedade como ela é. Para isso tal autor mostra que desde os filósofos Aristóteles e Platão, na Antigüidade grega, a Santo Agostinho e São Tomás de Aquino na Idade Média com a Escolástica e autores do período histórico chamado renascimento como Tomas Morus, Francis Bacon, Erasmo de Rotterdam, Maquiavel; são pensadores que em suas obras fazem descrições de sociedades ideais. Outros filósofos sociais como Thomas Hobbes e Rousseau buscaram explicar a origem da sociedade civil por um contrato social que os homens teriam criado entre si, nesse processo o homem teria cria então o Estado. Já o século XVIII foi muito importante para a sociologia, já que este século preparou o aparecimento da sociologia no século XIX, pois fatores históricos e intelectuais levaram à necessidade de criação de uma nova ciência da vida social. 1. Os fatores históricos seriam a Independência dos Estados Unidos em (1776) e a Revolução Francesa (1789); essas revoluções causaram muitas transformações, tais como o aparecimento de novas classes sociais. A partir daí os filósofos passaram a querer entender a vida social, a estudar a sociedade para conhecê-la; 2. Os fatores intelectuais seriam o aceleramento das idéias e a crença de que saber significa poder. Esses fatores determinaram o aparecimento de uma filosofia, ainda neste século, baseada em três pontos básicos: a) Regularidade dos fatos sociais e históricos, portanto sendo passíveis de estudos científicos; b) Entrosamento do homem com a natureza, de modo que o homem, antes considerado à parte da natureza, passou a ser considerado como parte dela e, pois, sujeito de leis; c) Desejo de intervir na histórica e na sociedade. Essas idéias, qual apareceram nos trabalhos de Saint-Simon, contribuíram para o advento da sociologia no século XIX, com os filósofos da história: Augusto Comte (francês), Herbert Spencer (inglês) e Karl Marx (alemão). Esses pensadores são conhecidos como filósofos da história por terem se dedicado à pesquisa da lei da história, ou da lei do progresso da humanidade. Augusto Comte deu maior ênfase à idéia de regularidade dos fatos sociais e, por isso, criou uma nova ciência que a princípio chamou Física Social e, posteriormente, Sociologia. As contribuições de Comte baseiam-se em duas proposições: 1. As ciências teóricas formam uma hierarquia, em cujo ápice está a sociologia. 2. A lei dos três estados, que para ele explicava a progresso da humanidade durante a História. 3. Ele dividiu as ciências em teóricas e práticas; as teóricas podiam ser descritivas e abstratas. Ele classificou de acordo com a generalidade decrescente e complexidade crescente. A matemática seria a mais geral e menos complexa das ciências e a sociologia, a menos geral e mais complexa. 1 Para criar o mecanismo regulador da história, formulou a chamada lei dos três estados, segundo a qual a humanidade evolui passando do Estado teológico para o Metafísico e deste para o Positivo. No Estado Positivo, enfim, tudo seria explicado pela ciência, e para ele, a humanidade estaria no Estado metafísico ainda e a nova ciência (a sociologia) faria com que o homem atingisse o Estado Positivo. Sua teoria chama-se Positivismo. Karl Marx preocupava-se com a possibilidade de o homem intervir na história e na sociedade, ele afirmava que os filósofos já haviam pensado muito o mundo agora era necessário transformá-lo. Ele em sua teoria pretendeu reformar a sociedade através de uma revolução dos proletários, da eliminação da propriedade particular e do lucro. No lugar disso surgiria uma sociedade sem classes e, portanto, sem Estado. Suas idéias são passíveis de muitas críticas, mas para a sociologia contribuíram como tentativa de elaborar uma teoria sistemática sobre a estrutura e as transformações sociais. Ao período dos filósofos da história, segue-se as escolas em que para explicar a vida social utilizam-se os estudiosos de bases não-sociais, mas biológicas, geográficas, psicológicas ou mecânicas. As escolas são: a escola biológica; a escola geográfica; a escola psicológica; a escola mecanicista. Estas escolas, surgidas no momento em que a sociologia dava os primeiros passos para constituir-se em ciência, contribuíram para expurgar os seus resíduos filosóficos. Faltava, porém, à sociologia, especificar seu objeto de estudo, delimitar seu campo e encontrar seus próprios métodos. Isto só se realizou no século XX, com Émile Durkheim e Georg Simmel e Marcel Mauus. Émile Durkheim conseguiu demonstrar a especificidade dos fatos sociais e formular as primeiras orientações metodológicas para a sociologia. Definiu esta ciência como o estudo dos fatos sociais, diferenciou os fatos sociais por suas características (objetividade, coerção, generalidade) e por sua natureza. Entre suas obras principais destacam-se: A divisão do trabalho social(1893); As regras do método sociológico(1895) e O suicídio (1897). Durkheim ocupou a primeira cátedra de sociologia na França, ele formou grande número de discípulos, que também contribuíram para o desenvolvimento da sociologia. Hoje a sociologia como ciência ainda não completou de todo o seu processo formativo. Não existe realmente “ciência definida e acabada”, pois o conhecimento científico é constantemente renovado, mas, aqui deve ser dito que falta a sociologia resolver ainda alguns problemas básicos que segundo o texto seriam: a) A unificação teórica; b) Problemas relativos à lógica de explanação científica; c) Problemas práticos relativos a aplicação do conhecimento sociológico no controle racional humano e nos problemas sociais. A Sociologia no Brasil A sociologia aqui no Brasil foi introduzida de modo sistemático em 1928 e, a partir da Segunda Guerra Mundial, entrou em desenvolvimento. Para cá vieram professores estrangeiros que fomentaram os estudos sociológicos. Se difundiu principalmente nas Faculdades de Filosofia. Como precursores dos estudos sociológicos temos: Tavares Bastos (autor de A província) e Euclides da Cunha (Os sertões); como filósofos ou pensadores sociais estariam: Fausto Barreto, Lívio de Castro e Sílvio Romero; e como sociólogos propriamente: Oliveira Vianna, Gilberto Freyre, Fernando de Azevedo, Delgado de Carvalho, Florestan Fernandes, Costa Pinto entre outros. 2