teoria – apostila

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CURSO BÁSICO DE
SUTURA
www.lacacre.wordpress.com
1ª Edição
Por:
Carlos Emanuel Rodrigues de Castro
David Smagoszeviski Martins
Feliph Miquéias Alcântara de Souza
João Abner Marins Munhós
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
1.1. HISTÓRIA
1.2. INDICAÇÃO DE SUTURA
2. TIPOS DE FERIMENTOS
2.1. INCISÃO
2.2. FERIMENTO CORTOCONTUSO
2.3. FERIMENTO PERFURANTE
7.1.1. ANESTESIA TÓPICA
7.1.2. ANESTESIA POR
INFILTRAÇÃO
7.1.3. ANESTESIA POR
BLOQUEIO
7.1.4. ANESTESIA DE
CONDUÇÃO OU REGIONAL
7.1.5. ANESTESIA
REGIONAL ENDOVENOSA
OU BLOQUEIO DE BIER
2.4. PERFURO-CONTUSO
2.5. LACERO-CONTUSO
7.2. TÉCNICA DE ANESTESIA
LOCAL
2.6. ESCORIAÇÕES
8. LIMPEZA DA FERIDA
3. AGULHAS & FIOS
9. TIPOS DE SUTURAS
3.1. AGULHAS
9.1. O NÓ QUADRADO
3.2. FIOS
9.2. SUTURA INTERROMPIDA
SIMPLES
4. INSTRUMENTAL BÁSICO
4.1. BISTURI
4.2. TESOURA
4.3. PINÇAS
4.4. PORTA AGULHA
5. CALÇO DE LUVAS ESTÉREIS
5.1. TÉCNICA
6. ANTISSEPSIA
7. ANESTESIA LOCAL
7.1. TIPOS DE ANESTESIA LOCAL
9.3. DONATTI
9.4. SUTURA CONTÍNUA SIMPLES
9.5. SUTURA EM „X‟
9.6. REVERDIN
9.7. COLCHOEIRO
9.8. SUTURANDO PONTAS
9.9. CORRIGINDO DESNÍVEIS DE
BORDOS DE FERIMENTOS
9.10. SUTURA INTERROMPIDA
SEPULTADA
9.11. REMOÇÃO DOS PONTOS
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INTRODUÇÃO
1. INTRODUÇÃO
1.1. HISTÓRIA
São raros os relatos de sutura na história antiga.
Na Roma e Egito antigos aparelhos bucais de formigas e
escaravelhos eram utilizados para aproximar bordas de
feridas de guerra.
Com o passar do tempo, a sutura passou a ser
realizada experimentalmente de maneira empírica à
costura de panos e couro de animais em vestuario. Os
materiais utilizados eram crinas de animais, linho, seda,
tendões e até fibras de intestino de animais herbívoros
(kitgut) eram utilizadas por um cirurgião persa chamado
de Rhazes (850-923 A.C.).
Na era moderna, os fios de seda e algodão
passaram a ser cruciais para hemostasia (ligadura de
vasos) e em suturas.
1.2. INDICAÇÃO DE SUTURA
Afinal, por que se sutura?
A primeira coisa que vem a
cabeça de um leigo é a estética.
Imagina-se que a sutura serve
principalmente para manter a
aparência da pele após um acidente
ou ataque.
Até o final desse curso
perceberá que não é bem assim que
funciona.
Começamos pela definição.
Sutura é o ato de unir as bordas de
uma ferida com interesse em favorecer sua hemostasia, função, forma e estética. Exatamente nessa
ordem.
Existe então uma pirâmide que nos ajuda a entender essas prioridades.
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Primeiramente deve-e priorizar numa sutura ações que
garantam sua vida. De forma a fazer a devida hemostasia do
ferimento, conter eviscerações etc.
Quando sucesso em garantir isso, deve-se tomar atenção à
função do órgão em questão. Afinal, a fisiologia do órgão é
extremamente importante.
Depois disso, a forma do órgão deve ser reconstruída na
medida do possível.
Quando puder garantir tudo acima, prioriza-se a estética do
ferimento.
Portanto, se uma paciente chega com uma lesão com sangramento ativo em cima de uma
tatuagem linda de unicórnio que fez semanas antes, você pode escolher entre fazer uma sutura com
pontos intra-dérmicos que, veremos adiante, é uma sutura conhecida por sua característica de
manter-se discreta ou abre-se mão de uma sutura com pontos Donatti que são hemostáticos?
Percebe? Nesse caso, a tatuagem vai ficar feia em detrimento de conter a hemorragia.
Porém, nem todas as feridas são passíveis de sutura. Vejamos alguns tipos de feridas e se é
indicada ou não sutura nesses casos.
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TIPOS DE FERIMENTOS
2. TIPOS DE FERIMENTOS
2.1. INCISÃO
São feridas causadas por objeto cortante, por exemplo: facas,
bisturis, canivetes, terçado, espada etc. Têm característica do
comprimento maior que a profundidade e bordas retilíneas e bêm
definidas.
A sutura desse tipo de ferida quase sempre é indicada. Contraindica-se nos casos de:
 Tempo de evolução maior de 12 horas (se superior
pode-se efetuar a limpeza e aproximar as bordas com
pontos espaçados);
 Incisões em plano cutâneo apenas;
 Exposição de Ossos ou Tendões;
 Ferida soprante em Tórax (Pneumotórax aberto).
2.2. FERIMENTO CORTO-CONTUSO
O agente causador não tem fio de corte acentuado e o que causa a ferida é a força do golpe.
Muito comum em trauma. (P.ex.: Ripada, queda sobre quinas...)
Nem sempre possuem bordas bem definidas, retilíneas.
Vale lembrar que pode apresentar mais de um segmento, formando uma
ferida mais complexa, chamada de lesão estrelada.
As contra-indicações seguem o mesmo padrão dos ferimentos de incisão.
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2.3. FERIMENTO PERFURANTE
São causadas por objetos pontiagudos (pregos, espetos, etc.) e sua profundidade supera seu
comprimento.
Geralmente não necessitam de sutura.
2.4. PERFURO-CONTUSO
Causadas por projéteis de arma de fogo. Pode haver orifício de entrada e de saída.
Não suturar!
2.5. LACERO-CONTUSO
Podem ocorrer por esmagamento, quando a pele é empurrada com muita força contra o tecido
adjacente ou por estiramento, ou seja, tração da pele. Em geral apresentam mais de um ângulo e
perda de substância. Por exemplo, contusões graves, mordida de cão.
As contra-indicações seguem as ditas anteriormente e soma-se a elas as lacerações por
mordidas de animal.
2.6. ESCORIAÇÕES
São feridas causadas por “arracamento” de pele, tangenciando o tecido cutâneo.
Nesse caso não é indicada a sutura.
AGULHAS & FIOS
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3. AGULHAS & FIOS
Como visto anteriormente, com o passar dos tempos, os materiais de sutura passaram por
grande evolução. É importante que se conheça os materiais mais comumente utilizados nos
procedimentos de sutura hoje em dia.
Antigamente, as agulhas e os fios estavam separados e eram montados no momento da sutura.
Hoje em dia, a agulha já está fixada ao fio, facilitando então o procedimento.
3.1. AGULHAS
As agulhas são de ligas metálicas descartáveis e
têm função de guia para o fio ao transpassar o tecido que
está sendo suturado.
Podem ser retas, curvas ou mistas. As mais
comuns são as curvas por sua facilidade de manipulação.
A agulha é composta por 3 regiões: (1) Fundo ou
Encastoamento; (2) Corpo; (3) Ponta.
Quanto ao encastoamento, as agulhas podem ser
traumáticas (que não possuem o fio afixado) ou atraumáticas (possuem o fio afixado).
O corpo das agulhas quase sempre apresentam formato circular, embora possa ter formato
triangular. Essa diferença de formato não implica diferenças práticas.
A ponta das agulhas podem ter formatos variados conforme sua aplicação. Pode ser: (1)
Cilindrica; (2) Triangular (cortante); (3) Retangular (romba).
Essa tabela, de um fabricante, ilustra a grande variedade de agulhas e mostra as formas
geométricas de seus corpos e pontas.
Vale ressaltar que, essa grande variedade de pontas e formas existem pois, para cada tipo de
tecido que será suturado, deve-se existir uma agulha capaz de tranpassá-lo sem causar problemas.
Por exemplo, a pele é um tecido que apresenta uma grande resistência à ser furada pela
agulha, portanto, para facilitar a sutura, a agulha utilizada é do tipo triangular, ou cortante.
Já em intestinos por exemplo, usa-se uma agulha cilindrica que pode facilmente transpassar a
parede do intestino sem deixar possibilidade do tecido rasgar.
Já o fígado, por exemplo, é um tecido muito friável, e deve ser suturado com agulhas de ponta
romba.
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3.2. FIOS
Os fios são então, o objeto principal na síntese, ou seja, da sutura. São esses fios que
manterão as bordas das feridas juntas enquanto o milagre da cicatrização acontece.
Então vamos conhecê-los.
Os fios podem ser classificados quanto:
 Forma de apresentação: Podem ser fios não agulhados, utilizados para agulhas
traumaticas ou para ligadura de vasos são chamados pelo nome da marca
registrada SUTUPAK®. Fios agulhados são chamados também de SERTIX®.
 Absorção: Os fios de sutura podem ser absorvíveis ou não. Ou seja, podem ou não
ter a capacidade de ser absorvido pelo organismo após algum tempo de sua
utlização.
 Fios absorvíveis mais comuns são os Categutes e os Vicryl®.
 Fios inabsorvíveis mais comuns são os Nylon® , Algodão e Prolene®.
 Configuração: Podem ser monofilamentados ou
multifilamentados. Os
monofilamentados possuem maior memória (tendência a ficar em uma posição) e
possuem coeficiente de atrito menor. Já os multifilamentados possuem uma
facilidade maior de estiramento e coeficiente de atrito maior.
 Calibre: Os calibres dos fios podem ser classificados numa escala que vai de 12-0
à 7. Sendo que quanto maior o número de zeros à direita, menor o calibre do fio e
sua força tênsil.
Essa escala representa a força tensil ou resistência
à tração do fio, mas está sujeita à influência do material
que o compõe. Por exemplo, um fio 3- 0 de seda é mais
grosso do que o fio 3-0 de nylon. Os fios mais utilizados
pelo profissional comum (“nãocirurgiões”) são os fios 2-0
a 5-0. Os fios de 4 a 7 são muito pouco usados atualmente.
Os fios 1 a 3 são usados, sobretudo em locais de alta
tensão como a parede abdominal ou em músculos e
articulações. Os fios 6-0 a 12-0 são utilizados, sobretudo,
na cirurgia plástica e em microcirurgias.
Para ficar mais fácil, temos um resuminho da
aplicação de cada tipo de fio.
 Categute: Fio biológico, absorvível, obtido a partir da mucosa do intestino delgado ou da
serosa de ruminantes. Os fios categute podem ser simples ou cromados, sendo que estes são
absorvidos em cerca de vinte dias enquanto os primeiros têm sua absorção média em um
período de oito dias. Esses fios não devem ser utilizados nas suturas superficiais, devido a sua
grande permeabilidade. O uso do categute é indicado na sutura de planos musculares. Ele
também é uma boa opção para suturas gastrintestinais e é utilizado em cirurgias
ginecológicas e urológicas.
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 Vicryl® (Ácido poligaláctico): Fio absorvível de origem sintética possui uma resistência
tensil superior a do categute. É hidrolisado e completamente absorvido em 30- 60 dias. É
empregado na sutura do plano subcutâneo e em cirurgias gastrintestinais, urológicas,
ginecológicas.
 Nylon (Poliamida): Fio inabsorvível e sintético. O fio nylon é de difícil manipulação e
execução de nó firme. Ele perde resistência tensil ao longo do tempo e causa pouca reação 39
tecidual. Este tipo de fio é o preferido para a sutura da pele.
 Prolene® (Polipropileno): Fio sintético, inabsorvível e monofilamentado. Produz pouca
reação tecidual, é facilmente removível e tem a capacidade de reter a tensão por vários anos
após sua utilização. É o preferido para sutura intradérmica. Também é utilizado em suturas
vasculares.
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INTRUMENTAL BÁSICO
4. INSTRUMENTAL BÁSICO
Os instrumentos cirúrgicos básicos para a realização dos procedimentos de sutura são
necessários para proporcionar facilidade durante os pontos, além de proporcionar diminutos danos
adicionais ao paciente. Os instrumentos utilizados são: bisturi, tesouras, pinças e porta agulhas. Vale
ressaltar que se deve empregar os equipamentos de proteção individuais (EPIs) como as luvas
estéreis, protetores oculares e mascaras. O manuseio e colocação desses dois últimos devem ser
feitos antes de calçar as luvas estéreis.
4.1. BISTURI
Na sutura esse instrumento é utilizado para cortar o fio e, se necessário, a realização da
tricotomia do paciente. Essas são funções secundárias do Bisturi, mas na prática hospitalar de
emergência são as mais utilizadas. O bisturi é dividido em duas partes, a lâmina e o cabo reto. Existe
duas formas, uma que constitui da lâmina descartável e outra que o cabo também é descartável e ele
já vem montado para uso.
O cabo e as lâminas possuem diferentes numerações. Os cabos mais utilizados são o de nº 3 e
nº4. Quanto maior a numeração maior o cabo. O bisturi de nº4 recebe lâminas de nº18 a 50 e o cabo
de nº3 recebe lâminas de nº9 a 17. Sendo que as lâminas mais utilizadas são de nº 10, 11, 15, 20, 21 e
22.
4.2. TESOURA
As tesouras em ambientes
cirúrgicos servem para dissecar,
desbridar tecidos e seccionar. Na
prática da sutura esse instrumento tem
a mesma funcionalidade do bisturi,
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cortar o fio. Elas são classificadas quanto ao tipo de ponta, à curvatura e a proporção entre as partes
funcionais e a própria tesoura.
As tesouras retas do tipo Mayo são usadas principalmente para o corte do fio de sutura. Já as
tesouras curvas do tipo Metzenbaum são utilizadas para a divulsão e a secção delicada de tecidos,
quando se tem uma ferida com bordas irregulares e necessita de um preparo.
4.3. PINÇAS
As pinças são utilizadas para auxiliar a apreensão do tecido, ou seja, auxiliam o agarramento
do ferimento para a passagem da agulha com o fio de sutura. No procedimento de sutura pode ser
utilizado dois tipos de pinças, a pinça anatômica e a piça dente de rato. Essa última, na prática, é a
mais utilizada pois apresenta maior potencial de apreensão proporcionada por seus dentes, no entanto
ela provoca grande impacto no tecido, ou seja, possui poder de causar danos adicionais a ferida
quando comparada com a pinça anatômica.
4.4. PORTA AGULHA
O porta agulha é o principal instrumento para a realização da sutura ele proporciona grandes
vantagens, principalmente quando não há muito espaço para o procedimento. A maioria das agulhas
utilizadas são curvas, portanto, é muito mais fácil pegar a agulha com um porta agulha do que com as
mãos, além dos riscos de acidentes serem muito menores com o uso desse instrumento. Há dois tipos
de porta agulha: o Mathieu e o Mayo-Hegar. Este último é o mais utilizado, apresenta anéis que
ficam presos nos dedos e cremalheiras graduadas que são importantes para regular a trava na hora de
segurar a agulha.
CALÇO DE LUVAS ESTÉREIS
5. CALÇO DE LUVAS ESTÉREIS
5.1. TÉCNICA
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As luvas serão recebidas envelopadas. Recomenda-se que um auxiliar as abra e o responsável
pela sutura preocupe-se apenas com o calçamento da luva, que segue os seguintes passos:
a) Higienização da mão com água e sabão;
b) Percepção do posicionamento das luvas: punhos com parte interior viradas para fora e parte
externa dos dedos à mostra;
c) Pegar a luva esquerda no punho com a mão direita nua;
d) Calçar a luva deixando a luva esquerda ainda com parte interior do punho voltada para fora;
e) Com a mão esquerda enluvada posicionar os dedos em contato apenas com a parte externa da
luva direita na dobra do punho;
f) Colocar a mão direita pela abertura da luva direita permanecendo o apoio dos dedos da mão
esquerda;
g) Posicionar o punho da luva direita agora com a parte interna para dentro;
h) Repetir “g” em mão esquerda
Princípio Básico: “ O QUE FICA POR DENTRO A MÃO PEGA. O QUE FICA POR FORA A
LUVA PEGA”
OBS.: LEMBRE-SE SEMPRE DE LAVAR AS MÃOS COMO SE NÃO FOSSE USAR
LUVAS E DE CALÇAR AS LUVAS COMO SE NÃO TIVESSE LAVADO AS MÃOS.
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ANTISSEPSIA
6. ANTISSEPSIA
Antissepsia é o método através do qual se impede a proliferação de microrganismos em
tecidos vivos com o uso de substância químicas (os antissépticos) usadas como bactericidas ou
bacteriostáticos com objetivos higiênicos ou terapêuticos.
Agentes químicas principais usados são:

Gluconato de Clorexidina; e

Iodopovidona
Ambos usados com o mesmo objetivo: ação antimicrobiana. Entretanto, a Clorexidina é o
agente mais completo por possuir ação antifúngica, bactericida contra bactérias Gram-positivas e
Gram-negativas e ação bacteriostática.
A limpeza com esses agentes é feita antes da anestesia e de preferência fazendo uso de gazes
estéreis com movimentos circulares ao redor da ferida e de forma ampla.
ANESTESIA LOCAL
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7. ANESTESIA LOCAL
O processo de anestesia se faz necessário para a redução do sofrimento do paciente, assim
como para o mesmo não sentir ainda mais dor durante alguns procedimentos invasivos, como a
sutura. O mecanismo da anestesia local se resume, basicamente, no bloqueio de uma geração ou
propagaçãodo impulso nervoso na região onde foi realizado o procedimento. Logicamente, essa
dessensibilização da região é reversível, durando apenas alguns minutos dependendo do fármaco
utilizado, da quantidade aplicada (dose) e a associação com vasoconstritores.
O primeiro anestésico utilizado foi a cocaína, em 1868. Atualmente, os anestésicos locais
mais utilizados no Brasil são: Bupivocaína, Ropivacaína e Lidocaína. O mecanismo de bloqueio
desses fármacos está relacionado com o processo de condução do impulso nervoso, que exige uma
despolarização da membrana celular. Os anestésicos locais inibem o funcionamento dos canais de
sódio, fundamental para a despolarização celular.
7.1. TIPOS DE ANESTESIA LOCAL
7.1.1. ANESTESIA TÓPICA
Se caracteriza pelo contato direto com a superfície em questão, podendo ser a pele, a mucosa
ou cavidades. Esse contato pode ser na forma de depósito, nebulização ou gotejamento ( pode ser
utilizado na forma de Spray). A aplicação desse tipo de anestésico deve ser feita em pelo menos 1
hora antes do procedimento desejado, e a duração do efeito é de 50 a 60 minutos (a duração sempre
vai depender do fármaco, a quantidade e a associação com vasoconstritores).
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7.1.2. ANESTESIA POR INFILTRAÇÃO
É o método de aplicação de anestesia mais utilizado em ambientes hospitalares. Basicamente, há
infiltração do anestésico no local onde será realizado o procedimento (sutura). A ação do fármaco é
diretamente sobre as terminações nervosas, local.
7.1.3. ANESTESIA POR BLOQUEIO
É caracterizado pela injeção do anestésico nas proximidades do procedimento a ser realizado.
É empregado em diversas técnicas como: drenagem de coleção de líquidos, remoção de corpos
estranhos, tratamento de feridas traumáticas, desbridamento de feridas infectadas entre outras.
7.1.4. ANESTESIA DE CONDUÇÃO OU REGIONAL
A aplicação do anestésico nesse tipo de anestesia se dá diretamente no tronco nervoso, com
uma distância razoável da região onde será realizado o procedimento. Esse tipo de anestesia quando
se bloqueia o tronco nervoso é chamada de troncular, quando há um bloqueio das raízes nervosas e a
aplicação for no espaço extradural é chamada de peridural e caudal, porém se esse bloqueio for no
espalho subdural será caracterizado com uma raquianestesia.
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7.1.5. ANESTESIA REGIONAL ENDOVENOSA OU BLOQUEIO DE BIER
O anestésico é injetado na veia do paciente enquanto a circulação na região
referida é interrompida com o uso de um manguito ou algum tipo de torniquete.
Oferece curta duração, ou seja, é recomendada apenas para cirurgias rápidas. O
efeito termina em cerca de 5 minutos após a retirada do torniquete ou manguito, que
deve ser feito lentamente e não antes de 15 minutos após a aplicação do anestésico.
7.2. TÉCNICA DE ANESTESIA LOCAL
Há diversas técnicas específicas para a aplicação da anestesia local, mas há um ponto em
comum entre a maioria delas: a utilização da infiltração do anestésico nas bordas ou perímetro da
ferida
Antes de começar vamos lembrar:
1.
2.
3.
4.
5.
Identificação da lesão;
Limpeza da região operatória;
Antissepsia do campo operatório e do profissional;
Paramentação;
Isolamento da região por campos cirúrgicos.
Agora vamos começar:
A primeira etapa é o preparo do anestésico: é a aspiração do fármaco que está contido em um
frasco, normalmente uma dosagem próxima de 5mL de Lidocaína 1% (10mg/mL) é suficiente,
porém é valido aspirar o máximo que a seringa suportar. Melhor sobrar do que faltar. Vale lembrar
que a dose máxima que se deve usar é de 30mL. Algumas dicas na hora da aspiração:
1. Usar uma agulha com calibre maior na hora da aspiração diminui o tempo do processo;
2. Injetar ar no frasco com a quantidade desejada de anestésico facilita e muito a aspiração.
O próximo passo é entrar na pele íntegra, no ângulo da ferida, com o bisel da agulha para
cima, inserindo apenas uma parte da agulha em uma angulação de 30 a 45 graus com a pele. Logo
em seguida devemos aspirar para ver se não atingimos
nenhum vaso, assim, tendo a certeza que estamos longe do
perímetro vascular, injetamos gradualmente até que se
forme um acúmulo de anestésico na pele, o chamado botão
anestésico. Após isso deve-se, em direção a alguma das
bordas do ferimento, aprofundarmos a injeção ao máximo.
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Aspiraremos novamente para ter a certeza que não atingimos um vaso e então deve-se injetar
gradualmente o anestésico, ao mesmo tempo que removemos a seringa. Essa técnica garante a ampla
distribuição do anestésico no ferimento. Da mesma forma, deve ser feita a outra borda do ferimento.
Vale ressaltar que se esse procedimento não abranger toda superfície do ferimento, deve-se
fazer o mesmo procedimento no outro ângulo do ferimento ou inserindo a agulha no lugar onde já foi
colocado o anestésico.
Em seguida, aguardaremos cerca de 3 minutos para que o anestésico tenha efeito, e então com
uma pinça de dissecção sem dente ou com a nossa própria mão, testaremos a sensibilidade do
paciente na região em que será realizado o procedimento de sutura. Vale ressaltar que essa
sensibilidade em questão é em relação a percepção de dor, pois o paciente continuará ater sensação
tátil e térmica. Uma dica a ser tomada é que durante a realização desse teste o paciente não deve
olhar, pois assim poderá ocorrer um resultado falso positivo.
Após o procedimento de anestesia local você está apto para começar a suturar. A anestesia
local dura em média 30 minutos, portanto não enrole.
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LIMPEZA DA FERIDA
8. LIMPEZA DA FERIDA
Após feita a anestesia deve-se fazer a limpeza exaustiva da mesma usando solução salina,
sendo a mais comum o Soro Fisiológico 0,9%. A limpeza deve ser feita com jatos para o
debridamento mecânico. Para facilitar, pode ser utilizado seringa. A quantidade de soro utilizado é
alvo do julgamento do efetor da limpeza através da análise do comprimento, profundidade e grau de
sujeira da ferida.
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TIPOS DE SUTURA
9. TIPOS DE SUTURAS
Um dos fundamentos da cirurgia cutânea é a sutura. Dominar as várias técnicas de sutura é
essencial para se alcançar um bom resultado estético e funcional.
9.1. O NÓ QUADRADO
É essencial dominar o nó quadrado, que é usado para firmar as suturas. Este pode ser
realizado facilmente usando-se um porta-agulha.
O primeiro movimento do nó quadrado exige fazer uma alça da extremidade longa da sutura
duas vezes em torno do porta-agulha. Depois, pegar a extremidade curta da sutura. Puxar o portaagulha através do lado onde a agulha saiu. O segundo movimento é realizado fazendo-se uma alça
com a sutura na direção oposta uma vez em torno do porta-agulha. Pegar a extremidade curta da
sutura e puxar o porta-agulha na direção oposta ao primeiro nó. Isso é importante para se obter um
nó mais firme, em comparação com um nó no mesmo sentido. Repetir a sequência de fazer alça e
puxar em direções opostas com cada laçada. São necessárias três a quatro voltas.
Veja na próxima página 
23
24
9.2. SUTURA INTERROMPIDA SIMPLES
9.3. DONATTI
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9.4. SUTURA CONTÍNUA SIMPLES
9.5. SUTURA EM „X‟
9.6. REVERDIN
9.7. COLCHOEIRO
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9.8. SUTURANDO PONTAS
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9.9. CORIGINDO DESNÍVEIS DE BORDOS DE FERIMENTOS
9.10. SUTURA INTERROMPIDA SEPULTADA
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9.11. REMOÇÃO DOS PONTOS
Alguns passos a serem seguidos:
 Garanta ao paciente que este será um processo não doloroso.
 Lave bem suas mãos e adquira um material esterilizado.
 Faça a limpeza da pele com peróxido de hidrogênio (água oxigenada).
 Desfaça o nó com a tesoura bem rente à pele.
 Puxe o fio com a mão. Deverá ser fácil.
 Caso o fio esteja preso, aplique mais força e ele sairá.
 Em caso de sangramento aplique gaze ou algodão no foco.
“Em quanto tempo posso retirar esses pontos, doutor??”
 Face: 3-4 dias
 Cabeça: 5 dias
 Tórax: 7 dias
 Membros: 7-10 dias
 Pés: 10-14 dias
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