O CASAMENTO DE IBRAHIM E SABRIA Durante a Páscoa era

O CASAMENTO DE IBRAHIM E SABRIA
Durante a Páscoa era comum os cristãos irem a Jerusalém e Belém (BeitLaham) em peregrinação. Faride, mãe de Mikhael, havia ido naquele ano (provavelmente 1929/1930)
e logo após a sua volta, como era costume, as pessoas foram visitá-la para dar as boas-vindas.
Habbo, mãe de Ibrahim havia ido visitá-la juntamente com sua prima Ile (filha do
irmão de sua mãe) para também ter notícias de sua irmã Marro que já estava morando em Belém,
porém Faride não havia se encontrado com ela. Como havia muitas visitas, Sabria ajudava a servir o
café e Habbo então a viu e pôs seus olhos nela. Alguns meses depois voltou e pediu Sabria em
casamento para seu filho Ibrahim. Mikhael, a princípio respondeu que ela era muito criança ainda
para se casar (tinha aproximadamente uns 12 anos), mas, já que sua mãe Warde não estava mais
viva, iria escrever para os tios dela no Brasil para pedir aconselhamento e consentimento. Domingos
Sahib, irmão de Warde, escreveu a Mikhael dizendo que confiava nele e que ele então decidisse, já
que Ibrahim era de boa família.
Mikhael aceitou o pedido e Ibrahim e Sabria ficaram noivos em sua casa, em
1930. O noivado durou dois anos e em 28 de fevereiro de 1932, casaram-se em Ammouda.
Quando ainda eram noivos, Khalil Sahib, irmão materno de Sabria e Habib
Sahib, seu primo, que já viviam em Corumbá, no Brasil, foram para a Síria para casar e para assistir
o casamento de Sabria. Na ocasião, Ibrahim pediu a Khalil para vir junto ao Brasil, após o
casamento. Khalil escreveu então para seu irmão Domingos que enviou a “Talabie”
(solicitação/convite de visita/imigração). Sabria e Ibrahim iriam se casar e vir ao Brasil com Khalil.
Habbo e Mikhael não deixaram eles virem.
Khalil quis então trazer Munira (que estava com 10 anos +/-), mas na última hora
Mikhael também não deixou, alegando que não queria separar as duas irmãs. Sabria e Munira eram
as únicas filhas de Warde e Mikhael já tinha se casado com Athia Lolo.
Tempos depois, Munira casa-se com Malke Bassmaji, que escreve para
Domingos Sahib pedindo para imigrar ao Brasil. Domingos envia “Talabie” para Malke e Munira. Na
última hora, Taufik, irmão de Malke, que também viria junto, não quis emigrar em hipótese alguma e
Malke desistiu de vir ao Brasil, pois não quis deixar seu único irmão sozinho em Ammouda. Eles
viriam pela Bolívia e Domingos iria buscá-los na fronteira em Corumbá.
Mais tarde, Ibrahim escreve para Domingos pedindo para vir ao Brasil que envia
novamente uma “Talabie” para ele, Sabria, e seus três filhos, Georgeta, Rosa e Jorge.
Decidindo vir ao Brasil, Sabria vendeu uma corrente de outro que havia ganhado
no casamento para juntar dinheiro e vir ao Brasil.