estimulação intensificada para crianças com síndrome de

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ESTIMULAÇÃO INTENSIFICADA PARA CRIANÇAS COM SÍNDROME DE
DOWN VISANDO A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Olvando de Oliviera Branco 1
Fabiana Patrícia Mazetto Giolo 2
Dirleia Aparecida Sbardelotto 3
INTRODUÇÃO
Educação Especial para Crianças com Síndrome de Down é um assunto que até o
presente momento não tomou proporções de grandes dimensões no tocante pedagógico. O
presente trabalho realizado através de pesquisas bibliográficas, visa atender o universo de
alunos com necessidades especiais especialmente os que nasceram com Síndrome de
Down, apresentando formas que facilitem o aprendizado.No Brasil, pouco se fez ou se faz
objetivando a estas pessoas a absorção do ensino em na sala de aula especificamente
referindo-se a alfabetização, onde é constatadas as maiores dificuldades de assimilação do
aprendizado destes indivíduos. Espera-se com este trabalho contribuir com profissionais da
área pedagógica, em especial os professores que tem em suas salas alunos especiais com
síndrome de Down
pois o mesmo tem um grande potencial a ser desenvolvido,
necessitando despertar o prazer em aprender, ler e escrever, pois parece ser grande a
1
Acadêmico do 8º período do curso de Pedagogia da Faculdade Assis Gurgacz – FAG.
Acadêmica dói 8º período do Curso de Pedagogia da Faculdade Assis Gugacz – FAG.
3
Professora da disciplina de Fundamentos da Educação Especial no curso de Pedagogia da Faculdade Assis
Gurgacz – FAG,
2
2
barreira que o separa entre o saber e o não saber. É grande o número de pessoas com
Síndrome de Down e segundo o pesquisador José Salomão Schwartzmann, (2003), autor
do livro Síndrome de Down, hoje a situação é mais delicada, com a aprovação da (Lei de
Diretrizes Básicas), em 1996, que estabeleceu o princípio da igualdade de condições para o
aceso e permanência na escola, adotando nova modalidade de educação, ou seja a educação
inclusiva, para o educando com necessidade especiais, pois segundo o autor, resta saber até
que ponto a LDB, cumpre os objetivos da Educação Especial, e qual será a reação do
ambiente escolar, dos alunos “normais” em relação aos alunos com necessidades
educacionais especiais. Desta forma é de suma importância que a criança com Síndrome de
Down seja estimulada o mais cedo possível por uma equipe multidisciplinar visando a
inclusão no Ensino Regular.
DESENVOLVIMENTO
Schwartzmann (2003), menciona que as primeiras experiências cientificas
realizadas para conhecer a origem da Síndrome de Down, datam do século XIX, porém
possivelmente ela sempre esteve presente na espécie humana. A Síndrome de Down é
decorrente de um erro genético presente já no momento da concepção ou imediatamente
após, sendo este erro bastante regular na espécie humana, afetando um em cada 700/900
nascidos vivos (Steele e Straford, Apud, Schwartzmann 2003, p 3), estas cifras são mais ou
menos constantes em todas as partes do mundo e os afetadas não são escolhidos pela classe
social, raça, credo ou clima.
O autor argumenta que, nas sociedades européias mais antigas pessoas portadoras de
deficiências eram muitos pouco consideradas e os bebês com quadros mais evidentes como
aqueles com SD, muito possivelmente eram abandonados, para morrer de inanição ou para
serem devorados por animais selvagens. Na cultura grega especialmente na espartana estes
indivíduos não eram tolerados. A filosofia grega justificava tais atos cometidos contra o
deficiente postulando que estas criaturas não eram humanas, mas um tipo de monstro
pertencente a outras espécies.
Segundo Werneck (1993 p 74), cariótipo é uma espécie de carteira de identidade
genética do ser humano. Através de um exame conhecido como cariograma é possível obter
3
o cariótipo de qualquer um de nós, inclusive do feto. O exame analisa o material
cromossômico de cada núcleo celular através de uma amostra de células do sangue ou da
placenta. A combinação de características sexuais masculina e feminina dá-se o nome de
cariograma, que é determinado pelo cariótipo montado. Os cromossomos são, ainda,
separados em sete, de letras A,B,C,D,E,F e G. Existem duas técnicas usadas na leitura
desses cromossomos recortados. Uma delas apenas os conta, analisando tamanho e forma.
A outra, mais sofisticada, é conhecida como de bandeamento. Permite uma verificação bem
detalhada de cada par de cromossomos, analisando alguns dos setores que se divide (são as
bandas).
Quando óvulo e espermatozóide se encontram, nas trompas de Falópio, dão origem
a um ovo – futuro embrião. Em geral, este ovo migra até o útero e lá se fixa - num processo
conhecido como nidação – pelos próximos nove meses, é então que se dá o grande milagre
da vida. O ovo começa a se dividir sucessivamente mas de modo que cada divisão celular
gere duas células idênticas a ele. Cada uma dessas novas células se reproduz em duas,
novamente idênticas, esta combinação de divisão com multiplicação nada mais é do que um
ritual biológico conhecido como mitose. Algumas interferência nesse processo de divisão
celular podem causar danos seríssimo para a saúde do embrião. É o que chamamos de
acidente genético. (WERNECK, p 74 e 75)
Dependendo do momento, do tipo e da intensidade em que se dá a interferência
pode ser uma virose como rubéola ou toxoplasmose, uma radiação de Raio-X, uma
exposição a substância químicas tóxicas, uso de determinados medicamentos – o defeito
genético poderá se localizar num ou noutro par de cromossomos. Eles podem apresentar
uma – trissomia – ou – um a menos. Podem estar quebrados ou grudados a um cromossomo
de outro par. Existem as síndromes características do par 1,.do par 2, do par 3 etc. São
alterações cromossomiais conhecidas e catalogadas e que darão ao bebê fenótipos bem
diferentes. Quanto maior for o par cromossomial inteiro atingido, mais comprometedora
será a doença. Muitas dessas alterações são tão intensas que o feto nem consegue
sobreviver; daí os abortos espontâneos. É apenas a sabedoria da natureza interrompendo a
gestação de um bebê que não teria condições de sobreviver no mundo fora do útero.
No caso específico do portador de síndrome de Down há um cromossomo a mais no par 21.
Este cromossomo é o responsável por todas as anomalias atribuído a síndrome. Resta saber
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se há ou não algum tipo de interferência ambiental relacionada a este tipo de acidente
genético. (WERNECK, p 75).
No Brasil, nascem por ano cerca de oito mil bebês por ano com síndrome e Down.
A maioria das mães com menos de 35 anos.Com um agravante. Enquanto nos países
desenvolvidos o índice de nascimento de crianças com esta síndrome fica em torno de 1
para cada 1000, no Brasil a média gira em torno de um para cada 500. E mais: pode piorar.
No Sudeste uma da poucas regiões onde existe estatística atualizada sobre o assunto, já há
registros verbais de que vem nascendo um portador da síndrome para cada 350 bebês não
deficiente. Calcula-se que, no nordeste, onde não há difusão de métodos contraceptivos este
índice alcance um para cada 300 nascidos vivos (WERNEC, 1993 p 27).
EDUCAÇÃO
No caso específico da síndrome de Down, a ciência sabe que esta anomalia impõe
limitação ao desenvolvimento da capacidade intelectual. Restrições que até hoje não foram
cientificamente definidas. Sendo assim, é triste constatar que o maior bloqueio do progresso
desses indivíduos não é imposto pela genética, mas sim pela sociedade. Ou seja, se não
damos às pessoas com síndrome de Down oportunidade de experimentar determinadas
situações e desempenhar certas funções, como saber onde poderiam atuar melhor?
(WERNEC, 1993 p 29).
Estudos elaborados sobre a aquisição do aprendizado da criança com Síndrome de Down,
demonstraram que é necessário aprofundarmos a questão principalmente por estarmos
desenvolvendo estudos na área da Educação. Pois de acordo com Schwartzmann, (p 232 e
233). A educação é o principal agente de transformação de qualquer sociedade. A escola
por sua vez, é o seguimento que visa à transformação a qual será possível somente quando
estiver conectada a realidade.
O autor argumenta que: A educação da criança com Síndrome de Down é atividade
complexa, entre outras razões pela necessidade de introduzirem-se adaptações de ordem
curricular que requerem cuidadoso acompanhamento de educadores, dos pais, da sociedade
e são indispensáveis para melhor definir os objetivos. As dificuldades de aprendizagem, os
distúrbios de conduta, a problemática de sua integração completam mas não esgotam o
quadro da educação do aluno com síndrome de Down. (SCHWARTZMANN, 2003, p232,
233).
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A educação da criança com Síndrome de Down deve iniciar de forma precoce e
WERNECK (1993), recomenda que quanto mais cedo possível, seja realizada, melhor será
o desempenho da criança com Síndrome de Down, de sorte que fisioterapia, fonoaudiologia
e terapia ocupacional, são as formas precoces pelas quais a criança com síndrome de Down
deve se submetida para que a mesma tenha um melhor desempenho educacional.
FISIOTERAPIA
A fisioterapia atua como facilitadora e estimuladora das reações corporais e
posturais no desenvolvimento das etapas consideradas normais do bebê. Por exemplo:
facilita o controle da cabeça, a postura correta do corpo, a reação de proteção para frente,
para os lados e para trás o aprender a apoiar-se com as mãos, permanecer sentado, arrastarse engatinhar, levantar-se, e ficar em pé, dando a criança consciência de que todo o seu
peso está apoiado sobre os pés. Os exercícios facilitam ainda a percepção do espaço, da
sensação do próprio corpo e da marcha independente, além de conferir maior habilidade
motora ampla;
A fonoaudióloga visa, nos primeiros anos de vida, a melhorar as funções de sucção,
mastigação e deglutinação, respiração e fonação, que atuam como pré-requisitos para a
aquisição da fala. Esse trabalho de base torna-se importante devido a hipotonia dos órgãos
fonoarticulatórios (lábios, língua e bochecha) nas crianças com Síndrome de Down. A
fonoaudióloga atua também da construção da linguagem (verbal e não verbal), seguindo as
etapas de desenvolvimento e de sua interação com o meio. a aquisição de uma linguagem
clara e bem-articulada incentiva a interação e a comunicação social. (WERNECK, p 145)
A terapia ocupacional proporciona o desenvolvimento neuro-motor e perceptocognitivo através de atividades intermediárias (lúdicas) que favorecem as experiências
necessárias ao amadurecimento das funções motoras e perceptivas. Atua também sobre as
habilidades básicas que permitem a independência nas atividades da vida diária (comer,
vestir, higiene pessoal etc.) (WERNECK, p 146).
Segundo Werneck, (1993) o atraso na aquisição da fala é um dos maiores problemas
dessas crianças. A hipotonia muscular espécie de (flacidez), provoca um desequilíbrio de
força entre os músculos orais e faciais alterando a arcada dentária, parecendo projetar o
maxilar (arcada inferior) e contribuindo para que a língua assuma uma posição inadequada
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(para fora). A respiração incorreta pela boca, além de deixara a criança mais suscetível a
infecções respiratórias, altera o seu palato e dificulta a articulação dos sons. O retardo
mental por sua vez dificulta a memorização das seqüências dos sons e a linguagem
(organização do pensamento, elaboração e abstração) (WERNECK, p 146).
A educação especial é determinante no processo de estimulação inicial e
cabe ao professor de turmas especiais trabalhar suas crianças
desenvolvendo nestas capacidades de praticarem atividades diárias,
participar das atividades familiares, desenvolver seu direito de cidadania e
até mesmo desenvolver uma atividade profissional. Para isso profissionais
especializados e cuidados especiais devem ser tomados, a fim de facilitar
e possibilitar um maior rendimento e desenvolvimento educacional dos
portadores de tal síndrome. (SILVA 2002, p 18)
Um bebê normal é estimulado pelo ambiente que o cerca. Como sua percepção
sensorial é bastante eficiente, qualquer estímulo, por menor que seja, é fonte de
aprendizado e se transforma em subsídios para que tenha um desenvolvimento rápido. Com
o bebê deficiente, estes estímulos precisam ser muitos mais diretos, por vezes, exagerados o
suficiente para despertarem sentidos adormecidos. Todas as orientações abaixo são muito
genéricas e podem ser utilizadas com um bebê não-portador de retardo mental. nesses casos
os pais rapidamente perceberão os resultados dessa superestimulação. No caso do
bebezinho com síndrome de Down. Os resultados serão mais lentos..
AMBIENTE FAMILIAR
O ambiente familiar deve ser tranqüilo e, ao mesmo tempo, oferecer estímulos
variados em termos de cores, conversas em vários tons de voz, brinquedos, músicas,
movimentos, rádio, ou ruído de outras crianças brincando. Mas fique atento para que estes
estímulos não ocorram simultaneamente o que, em vez de ajudar poderá irritá-lo. Sem
condições de se concentrar num estímulo só, não tirará nenhum proveito da situação.
Mude o bebê de posição diversas vezes durante o dia, desde que esteja acordado.
Varie também a decoração do cômodo da casa em que ele fica. Cada arrumação nova fará
com que tome consciência de partes diferentes de seu corpo em relação ao espaço.
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Sempre que possível, deixe-o perto das outras pessoas da casa mesmo que estejam
trabalhando ou brincando e não, necessariamente, estimulando-o diretamente.
Ele deve participar de todos os passeios da família. Vai ser útil conhecer novos ambientes e
manter contato com pessoas diferentes.
Ao introduzir as primeiras papinhas, evite passar os legumes no liquidificador,
prefira amassá-los numa peneira fina.
Aproveite a hora do banho para massagear todo o seu corpinho, principalmente a
coluna, a sola dos pés e a palma das mãos, com uma esponja áspera, escova ou um pano
atoalhado, o que vai estimulando a sensibilidade táctil do bebê nesta hora brinque com ele,
conversando e variando a modulação de voz. (WERNECK, p 149 e 150).
Ao vesti-lo, evite agasalhá-lo demais colocando peças muito justas que prejudicarão
seus movimentos. Se possível deixe seus pés e mãos livres, estimule-o, colocando roupas
bem coloridas, como pompons e outros detalhes que ele se interesse em pegar.
Os brinquedos devem ser de cores vivas, de tamanhos e formas diferentes que
produzam sons e sejam feitos de materiais variados como espuma, pano, plásticos, madeira
e metal, alguns podem ser feitos em casa pelos próprios pais ou irmãos, com sucatas
caseiras como panos, sacos, embalagens de sabão ou escova de dentes bem fechadinhos e
com grãos dentro. Outras sugestões: potes grande, tapados, repletos de pequenos objetos
que façam barulho, argola de panos cheias de flocos de espuma, utensílios dentro de redes
coloridas.
Troque, periodicamente, a posição dos brinquedos que ficam no berço da criança, já que
eles constituem uma excelente fonte de estímulo visual. (WERNECK, p 150)
Para Werneck (1993), a medicina da atualidade se vê impossibilitada de dar uma solução
eficaz às limitações ou incapacidade da criança portadora de síndrome de Down. Por isso a
comunidade científica tem buscado outros campos de atuação com o objetivo de habilitar
essa população para uma vida mais produtiva, como decorrência desta busca, cresce de
importância o que chamamos de educação especial. Este conceito baseia-se no fato de que,
se estas crianças têm necessidades, qualidades e dificuldades diferentes, demandam um
atendimento específico. Esse tipo de educação pode ser aplicado em escolas especiais, em
escolas comuns ou em casa. O que importa e que atenda os anseios do grupo a que se
destina. Felizmente, está acabando a idéia de que existem dois grupos distintos de crianças.
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Deficientes ou não deficientes ou quem necessita de educação especial. O que temos são
necessidades educacionais diferentes que virão proporcionar à criança uma ajuda ampla em
todos os seus seguimentos do seu dia-a-dia. Não podemos ajudar um portador de
deficiência mental enquanto não conhecermos o indivíduo que existe por traz dessa
condição. É sempre útil esclarecer que os excepcionais têm habilidades e dificuldades como
todos nós. (WERNECK, p 149).
COGNIÇÃO
Quando se fala em síndrome de Down, fala-se em diminuição de inteligência ao
nascer. Fala-se em deficiência mental, situação conceituada pela Associação Americana de
Desenvolvimento (ex-Assoaciação Americana de Deficiência Mental), como “a condição
do na qual o cérebro (órgão essencial da aprendizagem) está impedido de atingir um
desenvolvimento adequado dificultando a aprendizagem do indivíduo privando-o de seu
ajustamento social,” (WERNECK, p 149 e 150).
A educação da criança com síndrome de Down intervém tanto na família na escola,
como na sociedade. É uma atividade que deve começar a partir do nascimento, com uma
estimulação capaz de integrá-la progressivamente ao meio ambiente e a vida social. Sem
dúvida, a participação ativa da família é decisiva para o desenvolvimento integral da
criança.
Nossa experiência vem demonstrando que o progresso de alunos que foram
estimulados desde bebês é mais acelerado do que o dos que a receberam tardiamente ou que
nunca tiveram.
Se os portadores de síndrome de Down não são desprovidos de inteligência, mas
têm apenas uma inteligência mal-estruturada, nosso objetivo é fazer com que desenvolva ao
máximo esse potencial cognitivo.
Há, de modo geral, nos portadores de deficiência mental, certa tendência a estereopatia e à
preservação de alguns hábitos e atitudes, tendências que a educação especial não pode
negar, mas que também não pode reforçar. É com grande facilidade que ele adquire hábitos
de pessoas com as quais convivem sem se questionarem sobre o que estão aprendendo e
executando.
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Um profissional não especializado e pouco atento tenderá a se acomodar diante
dessa facilidade que eles têm de incorporar condutas, o que é muito natural principalmente
se a criança portadora da síndrome estuda numa escola de ensino regular. Numa sala lotada,
por exemplo, é difícil manter-se alerta a detalhes sutis como esses, no entanto, a exposição
dessas crianças a atividades repetitivas, oferecidas na maioria das vezes pelos próprios pais
e profissionais, pode levá-las a comportamento de caráter obsessivo, comprometendo a
área sócio-afetiva. Quando se fala da educação de portadores de deficiência mental, em
geral, normalmente se dá ênfase à pedagogia do concreto, ou seja, do raciocínio do que é
visto. Embora o potencial cognitivo deles seja mal-elaborado, é improcedente dizer que não
sejam capazes de abstrair. Uma pedagogia que não se atenha também a abstração é, a nosso
ver, inadequada. Concordamos que o portador de deficiência mental seja incapaz de
pensamentos formais, mas nossa experiência diz que podem chegar a operações lógicas de
nível concreto, e que em todas as oportunidades deve-se propor e estimular processo de
abstração. (WERNECK, p 162).
A criança com síndrome de down tem boa memória e dificilmente esquece o que
aprende bem. Desenvolve mais rapidamente a memória visual do que a auditiva já que
geralmente terá mais estímulos na primeira, Bem trabalhada, poderá adquirir uma memória
sensorial razoável, já que tem possibilidades de reconhecer e de evocar estímulos.
Para trabalhar a memória é muito importante que o material utilizado seja graduado em
ordem de dificuldade, possibilitando aprendizagem progressiva e facilitando o
desenvolvimento da memória seqüencial, tanto auditiva como visual sinestésica e tátil.
O ser humano se refere mentalmente às coisas sabe delas entende o que de abstrato se
desprende e sempre vai mais além do que aquilo que, objetivamente, vê. Nessa produção
intervêm situações e estímulos externos que afetam o sujeito, suas próprias atitudes e
necessidades.
Na criança com síndrome de Down, esta função mental se encontra diminuída em
diferentes níveis. Mesmo assim, a grande maioria delas conseguem manejar a abstração de
conceitos perceptivos (forma, cor, tamanho, posição) para aplicá-los numa representação
simbólica, chegando à aprendizagem de símbolos gráficos como números e letras.
Quanto ao processo de generalização, nota-se que o desenvolvimento desse
mecanismo é mais fácil, já que eles costumam ser muito dispersivos e, portanto, as vezes,
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não podem globalizar de forma adequada, no entanto, desde de que tenham sido bem
estimulados pedagogicamente, apresentam desde generalizações simples até as mais
complexas.
Depois, a discriminação é um processo complementar a generalização. Digamos que
a generalização seja uma reação diante das diferenças. Em crianças com síndrome de Down
isso se faz inicialmente a níveis primários com a manipulação de cores, objetos familiares,
pessoas conhecidas, com estimulação adequada dominam conceitos como semelhanças e
diferenças, razão pela qual podem discriminar forma, cor, posição, estabelecendo
igualdades e contrastes.
Com relação a distração, inicialmente eles tem dificuldades de obter as partes de um todo,
por falhas na memória visual, Isto dependera do grau de maturação e da estimulação que
cada criança tenha recebido anteriormente. (WERNECK, p 163)
Embora a leitura e a escrita requeiram o manejo de abstração de conceitos
perceptuais para aplicá-los aos símbolos gráficos que constituem as letras, a fragilidade
desta atividade mental não tem limitado a criança com síndrome de Down na aquisição do
processo da leitura e escrita, nem de numerais ou letras. (WERNECK, p 163 e 164)
Comprovamos que os portadores de síndrome de Down têm capacidade para
aprender, dependendo da estimulação recebida e da maturação de cada um. O
desenvolvimento afetivo-emocional da criança também adquire papel importante na área da
aprendizagem.
São estímulos que exigem uma resposta que pode ser motora (movimentos amplos e finos),
verbal (linguagem oral), gráfica (escrita e desenho) etc, e que poderá ser pobre pelas
limitações que elas apresentam nas áreas psicomotora, da linguagem e cognitiva.
No entanto, a possibilidade de ampliar e precisar determinada resposta estará ligada à
estimulação que, de forma sistematizada e planejada, for realizada pelo profissional da área
de educação especial conjuntamente com outros profissionais que integram a equipe.
(WERNECK, p164).
Segundo Gusman e Torre, Apude Schwartzman (2003), vivemos em uma sociedade
competitiva e, ao nascer de um filho deseja-se que o novo membro da família possa vir a
ter, pelo menos, bom desempenho na escola, no mercado de trabalho, como na vida em
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geral, quando será um dia provedor de uma família que vira a constituir. Portanto, a
responsabilidade pela formação desse novo ser é muito grande.
Quando os pais tomam conhecimento de que o seu bebê é diferente daquele
imaginado, todos os sonhos e idealizações são destruídos. Eles não sabem o que poderão
fazer. E muitas vezes é comum as interrogações acerca do futuro desse filho.
A incógnita é assustadora. É nesta situação que são orientados a procurarem recursos que o
ajudem. É assim que chegam à fisioterapia.
Face a essa realidade, é muito importante que os, fisioterapeutas, escutem
carinhosamente sua história, compreendendo-lhes as dificuldades que enfrentam, dandolhes apoio e orientação adequada, ajudando-lhes por ocasião do exercício de da área de
atuação. Pois os pais precisam efetivamente receber e aprender a orientação profissional.
De outro lado é preciso estar cocientes de que a fisioterapia, junto com outras terapias
afins, formam um alicerce que oferece a criança com determinadas deficiências
instrumentos que lhe oportunizam ter uma vida comum, incluídas na família, na escola, na
sociedade e, mais tarde, numa profissão (SCHWARTZMAN p.167).
É importante estudar a concepção do aprendizado voltando as atenções para as
limitações que a criança com síndrome de Down apresenta. Schwartzmann (2003), diz que:
a síndrome de Down limita o desenvolvimento, pois a deficiência que as crianças
apresentam impedirá de absorver todos os estímulos oferecidos pelo meio. Evidentemente,
conseguirão superar, embora tardiamente, parte das dificuldades nas diferentes etapas
correspondentes às suas idades. Haverá sempre uma diferença entre a idade mental e a
idade cronológica uma divergência ampla, como resultado da falta de organização
neurológica. (SCHWARTZMAN p. 234).
GIBSON, Apud (Schwartzman 2003, p 234) afirma que crianças com síndrome de
Down não são apenas atrasadas; tem uma série de dificuldades específicas de e seus
programas devem ser estruturados com vistas a compensar diretamente estas dificuldades.
Mais tarde GIBSON e HARRIS, Apud (Schwartzman 2003, p 234), argumentaram que
crianças com síndrome de Down somente alcançarão sucesso a longo prazo se, realmente,
forem, projetadas atividades fundamentais nos efeitos específicos da síndrome de Down,
sobre o desenvolvimento delas.
12
Segundo BARBIERI, Apud, (Schwartzman 2003, p 235), para quem a alfabetização
começa antes que a criança tenha adquirido todos os fonemas, é fundamental que ela inicie
pelos sons que consiga articular.
O atendimento a crianças com síndrome de Down, especificamente na faixa de zero a três
anos, deve reunir um conjunto de experiências integradas e vivenciadas globalmente, que
lhe permita funcionar e relacionar-se (comunicar-se, jogar e divertir-se) no contexto
familiar e escolar. Assim ensina-se aquilo que não sabe, o que tem mais dificuldade de
fazer, de forma, organizada e sistemática, seguindo passos previamente estabelecidos e de
maneira lúdica e divertida. (Schwartzman 2003, p 237).
No período pré-escolar (dos quatro aos seis anos), é de fundamental importância o
relacionamento a ser consolidado entre o desenvolvimento e a aquisição da competência
lingüística e a relação sócio-emocional, este fator, além de ampliar o aprendizado é também
o principal fator de sociabilização. A criança nesta faze vive momentos felizes, no que se
refere à harmonia de seu desenvolvimento e à sua adequação às exigências do mundo que a
envolve, do ponto de vista de atividades sociais isto representa um aspecto importante do
estudo e da pesquisa relativa às possibilidades inerentes a pessoa com síndrome de Down.
(Schwartzman 2003, p 238 e 239).
Para a criança, não há diferença entre o trabalho e o brinquedo, entretanto as noções do
adulto sobre o que ela está fazendo pode influenciar a maneira com vê suas próprias
experiências de aprendizagem.
Com efeito neste período particular da vida da criança, evidencia-se com mais
clareza a alteração da linguagem. A extrema variedade de habilidades lingüísticas,
adquiridas por crianças com síndrome de Down, indica causas e problemas diversos
decorrentes da deficiência mental. Este dado está confirmado pela reação não sistemática
entre o déficit intelectual e o atraso lingüístico.
Particularmente, na fase dos quatro-cinco anos, percebe-se consistente ampliação do
patrimônio verbal, com especialização e domínio da sua utilização quanto a outras formas
de comunicação.
A criança começa a utilizar formas verbais mais complexas; introduz o uso do
pronome pessoal e dos adjetivos, em particular os qualificativos a linguagem verbal,
portanto, inaugura a passagem da estrutura complementar para a comunicação das
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necessidades primárias, instrumento fundamental para a aquisição da socialização cujo
ponto de partida está na família e no âmbito extrafamiliar.
Na fase dos cinco a sis anos, inicia-se a tentativa de construção real da frase, uma
vez que apresenta dificuldade de articulação. Aparecem com certa sistematização no artigo
e os adjetivos qualificativos. Utilizam, mais sistemática e corretamente, formas verbais, e
até mesmo padrões comparativos. (Schwartzman 2003, p 239).
CONCLUSÃO
O trabalho com a criança deve centrar-se prioritariamente no contacto e na
integração com os outros. As eventuais complementações das atividades pedagógicas
desenvolvidas não devem ser formais tampouco didaticamente causadoras de separação da
criança do contexto em que se encontra. (SCHWARTZMANN 2003, p 241).
A educação da criança com síndrome de Down, apesar de sua complexidade, não
invalida a afirmação de que têm possibilidade de evoluírem. Com o devido
acompanhamento poderão tornar-se cidadãos úteis à comunidade, embora seu progresso
não atinja os patamares das crianças normais.
O aprendizado destas crianças deve começar a partir do nascimento continuar na
infância e na adolescência, sujeito a adaptações curriculares e metodologias próprias.
Envolve não só educadores tecnicamente preparados para lidar com esta população, mas
também os pais, profissionais da área de saúde e a sociedade.
Para (Andrade p 24) enquanto nosso conhecimento sobre as crianças portadoras de
síndrome de Down for pouco e equivocado tenderemos a atribuir-lhes as características
que provêm do nosso conhecimento sobre o grupo a que pertencem. Desse modo, as
dimensões como deficiente, incapaz, retardado, excepcional, através de experiências das
relações cotidianas, moldadas pelos efeitos culturais e individuais, passam a ser
subjetivamente a classificações dessas crianças.
Para trabalhar com portadores de Down os adultos devem tomar cuidado para não
demonstrar medo ou intimidação. As pessoas com síndrome de Down não “sofrem” com,
estes distúrbios, mas com as altas exigências colocadas pelo ambiente em que vivem. Elas
são apenas um pouco diferentes, pensam de um jeito diverso, lidam de outra forma com as
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emoções, não vêem as coisas do mesmo modo, não se parecem com as pessoas “normais” e
às vezes reagem de maneira inesperada. São muito originais e criativas, mas precisam de
incentivo para que essas características apareçam. Se aqueles a sua volta aceitam e
trabalham com elas de forma positiva, essas crianças desenvolvem plenamente sua
personalidade e aprendem escolher o que querem e o que não querem (Viver Mente e
cérebro p. 31)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, Izabel Cristina Feijó, Revista Psicologia Brasil. agosto 3003, nº 1, p 22 a
26.
MOELLER Ingelore, Revista Viver Mente e Cérebro. janeiro 2006 p 31
SCHWARTZMANN, José Salomão. Síndrome de Down – 2ª -São Paulo, Mennon.
Mackenzie, 2003
SILVA, Roberta Nascimento Antunes. A educação especial da criança com síndrome de
down. Rio de Janeiro, 2002. http://www. pedagogiaemfoco.pro.br/spdslx07.htm, em 12
agosto 2010.
WERNECK, Claudia. Muito prazer, eu existo: um livro sobre as pessoas com
síndrome de Down, 2ª ed. Rio de Janeiro: WVA 1993.
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