III Congresso de Ciência e Tecnologia da UTFPR-DV 3ª Semana Acadêmica de Ciências Biológicas HUB 2015 21 e 22 de outubro de 2015, Dois Vizinhos-PR COMPARAÇÃO DA DIVERSIDADE DE ARTRÓPODES NA SUPERFÍCIE DE SOLO EM MONOCULTIVO DE EUCALYPTUS SP. E EM MATA COM VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA HETEROGÊNEA. Ana Flavia Marcelino¹, Caroline Bonatto Nardin¹, Gilmarise Devens¹, Laura Cousseau¹*, Diesse Aparecida de Oliveira Sereia1 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - CEP 85660-000 Dois Vizinhos – Paraná. 1 RESUMO O presente trabalho realizou uma coleta de artrópodes em dois tipos diferentes de matas: a de Eucalyptus sp. e uma de vegetação heterogênea secundária. Teve como objetivo observar a diferença da diversidade de artrópodes nos dois locais, visando levantar hipóteses e discussões que possam justificar essa diferença. Para a coleta dos artrópodes foi utilizado o método de armadilhas pitfall, e após a análise dos indivíduos coletados foram construídos gráficos comparativos. Com base nos dados coletados foi possível observar que a maior diversidade específica é encontrada na mata heterogênea e a maior abundância relativa no monocultivo de Eucalypto. Palavras-chave: artrópodes, mata homogênea, abundância. INTRODUÇÃO O Brasil é um dos países que apresenta a maior biodiversidade de fauna e flora do planeta. No entanto, a conservação desta biodiversidade é dos maiores desafios enfrentados atualmente, pois são várias as perturbações causadas pelo ser humano nos ecossistemas. A agricultura é um dos fatores que mais se destacam neste sentido, pois uma das principais atividades relacionadas é a monocultura. A plantação de Eucalyptus sp. é um exemplo deste tipo de atividade, pois representa grande parte da área reflorestada no mundo devido a sua capacidade de adaptação a diferentes habitats, rápido crescimento e ampla aplicabilidade de sua madeira. No Brasil, a cultura do eucalipto se destaca dentre os monocultivos e proporciona a redução da pressão exaustiva sobre as reservas nativas. Porém, o efeito alopático de metabólitos do eucalipto inibe fortemente o desenvolvimento de plantas herbáceas (Lopes et al., 2007). Desta forma, este cultivo altera significativamente os habitats naturais prejudicando a biodiversidade local. Os artrópodes correspondem cerca de 75% dos animais da terra, com ampla distribuição geográfica e adaptações relacionadas a diferentes habitats e hábitos alimentares, por isso, são um excelente grupo para evidenciar mudanças em ecossistemas (Lopes et al., 2007). Este trabalho tem como tema a comparação da diversidade de artrópodes na superfície do solo em um ambiente de cultivo de Eucaliptus sp. e em uma mata com vegetação secundária heterogênea. E tem como objetivo analisar as mudanças no ecossistema, e de que maneira o monocultivo de Eucaliptus sp. influencia na diversidade dos artrópodes. Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus de Dois Vizinhos – Estrada para Boa Esperança – Km 04 – Comunidade São Cristóvão – CEP 85660-000 – Fone +55 (46) 3536-8900 Ciências Biológicas 316 III Congresso de Ciência e Tecnologia da UTFPR-DV 3ª Semana Acadêmica de Ciências Biológicas HUB 2015 21 e 22 de outubro de 2015, Dois Vizinhos-PR MATERIAL E MÉTODOS Primeiramente foi estabelecida a área de coleta dos artrópodes. Um quadrante com dez metros quadrados foi demarcado dentro de cada ecossistema. Este quadrante de dez metros quadrados foi delimitado com linha e estacas de madeira. Após a delimitação da área, foram preparadas armadilhas para captura de artrópodes do solo, que foram instaladas dentro do quadrante de forma aleatória totalizando 10 armadilhas para cada ecossistema. Os dois tipos de ecossistema escolhidos, estão localizados na mesma localidade no interior do munícipio de Dois Vizinhos, sudoeste do Paraná. A armadilha utilizada foi a do tipo pitfall que consiste na utilização de recipientes plásticos,enterrados no solo até a borda. Dentro dos copos colocou-se solução de água e detergente. Para que houvesse coerência, as armadilhas foram colocadas no mesmo dia nos dois ambientes, permanecendo nos mesmos por um período 7 dias. Após este período, as armadilhas foram recolhidas e os artrópodes triados. A triagem dos artrópodes foi feita classificando-os em nível de ordem. Após a classificação e contagem dos artrópodes, foi efetuada a comparação da diversidade encontrada no ecossistema de Eucalyptus sp. e de mata com vegetação secundária heterogênea. Foram construídos gráficos comparativos entre os dois ecossistemas, a partir destes podese verificar a diferença na diversidade em um ecossistema de monocultura, produzido pelo homem e um ecossistema natural sem intervenção humana. RESULTADOS E DISCUSSÃO oram identificados dois Subfilos de artrópodes classificados em (seis) ordens diferentes. No monocultivo de Eucalypto, foram encontradas espécies de apenas duas ordens diferentes pertencentes ao Subfilo Hexapoda, sendo que a maioria absoluta de indivíduos era da Ordem Hymenoptera, correspondente a espécies de formigas totalizando 32 indivíduos, e apenas um indivíduo da Ordem Hemiptera (percevejo) foi coletado. Na mata com vegetação heterogênea, foram coletados indivíduos de dois Subfilos e 4 ordens diferentes. Sendo 4 indivíduos do Subfilo Chelicerata, Ordem Araneae; e 13 indivíduos do Subfilo Hexapoda, sendo 9 da Ordem Hymenoptera, 2 indivíduos da Ordem Coleoptera e 2 da Ordem Orthoptera. Com base nos dados coletados, é possível concluir que a diversidade específica é maior na mata heterogênea, no entanto a abundância relativa é menor. No monocultivo de eucalipto a diversidade específica é menor, e a abundância relativa é maior devido à quantidade de indivíduos de uma mesma espécie. A diferença na diversidade específica entre os dois ambientes justifica-se pelo fato de que a mata homogênea não apresenta uma disponibilidade de recursos suficientes para a manutenção das cadeias tróficas, além da pouca estabilidade ambiental, desta forma a diversidade de espécies encontradas neste ambiente é menor. Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus de Dois Vizinhos – Estrada para Boa Esperança – Km 04 – Comunidade São Cristóvão – CEP 85660-000 – Fone +55 (46) 3536-8900 Ciências Biológicas 317 III Congresso de Ciência e Tecnologia da UTFPR-DV 3ª Semana Acadêmica de Ciências Biológicas HUB 2015 21 e 22 de outubro de 2015, Dois Vizinhos-PR Outro fator limitante é que o eucalipto apresenta como característica a baixa diversidade de vegetação de sub-bosque, devido a produção de alótipos e hormônios que deoutras espécies de crescerem ou se alimentarem de suas folhas. Sendo que, muitas vezes as monoculturas cultivadas pelo homem apresentam suscetibilidade a pragas, como por exemplo o observado no eucalipto. As formigas preferencialmente se estabelecem em locais onde há grande quantidade de serapilheira, pois necessitam muitas vezes de muita matéria orgânica para manutenção da sua comunidade. Outra característica da comunidade de formigas é a relação mútua com fungos. Nessa relação ocorre simbiose, pois, as formigas dependem do fungo para produzir um resíduo metabólico que é utilizado pelas mesmas e o fungo necessita delas para trazer a matéria orgânica. Também se ressalta que o solo da plantação do monocultivo de eucalipto sofre grande impacto por fatores causados pelo homem. A perda de nutrientes do solo pode indicar o predomínio e a facilidade de monoculturas serem atingidas por pragas, e serem deficientes em vários nutrientes, isto reflete na baixa diversidade de espécies. Em contraposição, a mata heterogênea onde não houve interferência antrópica, observouse que a diversidade de espécies é maior, porém isto não significa que há grande quantidade de espécies. Como esta mata não possui alterações nas suas características vegetais, observa-se que a qualidade e disponibilidade de recursos são relativamente maiores, sendo assim, oferecem maior disponibilidade para manutenção de cadeias alimentares e teias alimentares. CONCLUSÃO Pode-se concluir que a mata heterogênea secundária apresenta maior diversidade específica comparando com a mata de eucalipto, devido a maior quantidade de recursos disponíveis para a sobrevivência dos artrópodes. Já na mata homogênea a abundância relativa é maior devido a adaptação de uma determinada espécie àquelas condições ambientais. Agradecimentos: Professora Diesse Ap. Sereia. REFERÊNCIAS LOPES, L. A.; BLOCHTEI, B.; OT, A.P. Diversidade de insetos antófilos em áreas com reflorestamento de eucalipto, Município de Triunfo, Rio Grande do Sul, Brasil. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/isz/v97n2/08.pdf>. Acesso em: 12 Maio 2015. Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus de Dois Vizinhos – Estrada para Boa Esperança – Km 04 – Comunidade São Cristóvão – CEP 85660-000 – Fone +55 (46) 3536-8900 Ciências Biológicas 318