MORFOTECTÔNICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MUZAMBO, MUNICÍPIO DE MONTE BELO – MG Fábio Gil Machado (1) [email protected]; Marta Felícia Marujo Ferreira (2) [email protected] Discente do curso de Geografia, Universidade Federal de Alfenas – Unifal-MG Professor Adjunto IV do curso de Geografia, Universidade Federal de Alfenas – Unifal-MG (1) (2) Resumo O presente trabalho teve como propósito o estudo da bacia hidrográfica do rio Muzambo, localizada no município de Monte Belo – MG por meio da aplicação de índices morfométricos do relevo. A utilização de índices em áreas que demonstram ausência ou pouca exposição de falhas contribui para explicar o condicionamento das estruturas geológicas especialmente quando usados na análise do relevo, canais fluviais e bacias de drenagem. A análise da bacia, realizada a partir de informações cartográficas e de sensoriamento remoto, fornece dados significativos para a identificação de formas anômalas e de padrões de drenagem, além de auxiliar o reconhecimento dos lineamentos de drenagem da bacia. O método morfométrico empregado foi proposto por Cox (1994), Keller e Pinter (1996) e Bull e Wallace (1985), que utilizam índices para avaliar a presença de basculamentos em regiões onde as falhas são pouco expostas. Para este estudo, os índices selecionados foram: Fator de Assimetria (FA), Fator de Simetria Topográfica Transversal (T) e Taxa de Largura e Altura do Vale (Vf). Os resultados alcançados a partir da aplicação dos índices comprovam diferenças morfológicas e morfométricas na bacia, e a presença de feições de drenagem anômalas como meandros comprimidos e isolados, marcados pela predominância de um padrão de drenagem retangular, treliça direcional e subdendrítico. A bacia é composta por relevos de colinas e morrotes com baixa amplitude, tendo em seu entorno as Serras do Pau D’alho, Escura e Lopes. Palavras Chave: índices morfométricos do relevo; bacia hidrográfica; morfotectônica Eixo 1 – Geomorfologia, Morfotectônica e Dinâmica da Paisagem Abstract The present work aimed to study the basin of Muzambo River, located in the municipality of Monte Belo - MG through the application of morphometric indices of relief. The use of indices in areas that show little or no exposure of failures helps to explain the conditioning of geological structures especially when used in the analysis of relief, stream channel and drainage network. The analysis of the basin, made from cartographic information and remote sensing, provides for the identification of significant anomalous forms and drainage patterns data, and help acknowledge lineaments drainage of basin. The morphometric method used was proposed by Keller and Pinter (1996) and Bull and Wallace (1985), which use indices for evaluating the presence of tilting in areas where faults are hardly exposed. For this study, the selected indices were: Asymmetry Factor (FA) Transverse Topographic Symmetry Factor (T) ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 183 Rate and Width and Height of the Valley (Vf). The results achieved from the application of the indices show morphological and morphometric differences in the basin, and the presence of anomalous drainage features like meanders compressed and isolated, marked by the dominance of a standard rectangular drainage, directional trellis and sub-dendritic. The basin is made up of hills and hillocks reliefs with low amplitude, taking in your surroundings the Serras Pau D' Alho, Escura and Lopes. Keywords: morphometric indices of relief; hydrographic basin; morphotectonic Introdução A identificação do controle estrutural das feições geomorfológicas é uma das principais motivações dos estudos morfoestruturais, morfotectônicos e neotectônicos, que juntamente com parâmetros morfométricos e geológicos podem propiciar um entendimento dos processos formadores do relevo. A presença de processos externos comandados pelo clima, rede de drenagem, e processos internos, litotipos e a atividade tectônica, relacionada a eventos recentes ou pretéritos, agem como um sistema aberto, modelando a superfície terrestre. O sistema de drenagem é o primeiro elemento a adaptar-se a quaisquer deformações tectônicas dos maciços, às mudanças do nível de base e aos controles estruturais do substrato (BURNETT & SCHUMM, 1983; DORANTTI, 2003). Dentre as feições anômalas que podem ser encontradas na rede de drenagem se destacam as mudanças de direções dos canais (HOWARD,1967; OUCHI, 1985; DEFFONTAINES et al. 1991), deslocamentos de terraços (ROCKWELL et al. 1988), vales suspensos, rupturas de perfis de vales de terraços fluviais (SUMMERFIELD, 1991; BISHOP, 1995), vales assimétricos (COX, 1994) e capturas fluviais (BISHOP, 1995). Para se alcançar resultados que evidenciem o controle estrutural e morfotectônico, a aplicação de índices morfométricos é de grande relevância, pois possibilita compreender áreas que demonstram ausência ou pouca exposição de falhas. O presente estudo teve como propósito a aplicação dos seguintes índices: Fator de Assimetria (FA), Fator de Simetria Topográfica Transversal (T) e Taxa de Largura e Altura do Vale (Vf), métodos propostos por Cox, (1994), Keller e Pinter (1996) e Bull e Wallace (1985). De acordo com vários autores (CAVALCANTE, 1979; SAADI, 1991; PONÇANO, et al. 1993), o contexto geológico da área apresenta estruturas que são controladas pelo cinturão de cisalhamento de Campo do Meio com direções WNWESE, NE-SW. O cinturão de Campo do Meio é constituído por estruturas antigas que indicam atividade até o Cambro - Ordoviciano e reativadas no Mesozóico – Cenozóico ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 184 (PONÇANO, et al. 1993). Esta reativação se dá em função de evidencias encontradas tanto como falha normal, como falha inversa (CAVALCANTE, 1979). Objetivos O objetivo geral deste estudo é contribuir e ampliar as pesquisas em geomorfologia no sul de Minas Gerais. Para isso, utiliza metodologias da geomorfologia tectônica através da aplicação de índices morfométricos do relevo em sub-bacias da bacia do rio Muzambo, que possibilitam avaliar atividade tectônica em áreas com poucas exposições de falhas ou mesmo descaracterizadas pela morfodinâmica atual. Fundamentação Teórica A discussão da dinâmica e evolução do relevo, pressupostos consagrados em estudos de Davis, Penk, King e Hack, é norteada pelo intuito de se reconstruir o pensamento em relação a evolução do relevo, com base nas relações existentes entre as morfoestruturas, morfoesculturas e as atividades tectônicas (FERREIRA, 2001). SHUMM (1975), sustenta a ideia da evolução da paisagem aplicando o conceito de “complex response e geomorphic thresholds”. Acredita que ao longo da evolução da paisagem, mudanças abruptas são capazes de acontecer quando condições-limite são ultrapassadas. Outro autor, Brunsden (1980), “caracteriza o ambiente geomorfológico condicionado a variáveis externas (litotipos, estrutura, clima, inputs de energia, atividade biótica) e de condições-limite oriundas de deformações tectônicas, movimentos isostáticos e mudanças do nível do mar”. O conceito de morfotectônica definido por Embleton (1987), ressalta que o termo é oriundo do registro de feições geomorfológicas originadas pela atividade tectônica. Desta maneira o autor argumenta que existem várias linhas de interesse dentro da pesquisa morfotectônica. Em se tratando destas linhas, diversos trabalhos seguindo métodos de pesquisa morfotectônica foram realizados adotando a aplicação de índices morfoméricos do relevo (BULL & WALLACE 1985; COX, 1994; KELLER & PINTER 1996; COX, 2001; FERREIRA, 2001; GONTIJO, 2007; RICCOMINI, 2011; SIDDIQUI et al. 2014). Os índices geralmente ressaltados pelos autores são: Fator de Simetria Topográfica, Taxa de Largura e Altura do Vale e Assimetria de Bacia, que fornecem dados satisfatórios para estudos morfotectônicos, revelando superfícies basculhadas, migrações de redes de drenagem, meandros abandonados e capturas fluviais. Material e Métodos ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 185 Área de Estudo A área de estudo está localizada na Mesorregião Sul e Sudoeste de Minas Gerais, integra a bacia do rio Muzambo, inserida nas cartas topográficas de Monte Belo, Nova Resende, Conceição da Aparecida, em escala 1:50.000 (IBGE, 1970) (Figura 1). De acordo com o IBGE (2002) área insere-se no Planalto Centro-Sul Mineiro com intervalos altimétricos de 780 a 1260m. Integra um conjunto de relevos dissecados, apresentando colinas e os morros de vertentes convexo-côncavas, esculpidas em litologias granito-gnáissicas do embasamento pré-cambriano. (BRASIL, 186 1983). Figura 1: Localização da área de estudo Procedimentos Metodológicos Para a realização deste trabalho, foram utilizados procedimentos de sensoriamento remoto, cartográfico e da geomorfologia tectônica. Os dados cartográficos que serviram de apoio para a pesquisa foram compostos por cartas topográficas na escala de 1:50.000, folhas Monte Belo, Conceição da Aparecida, Areado e Nova Resende (IBGE), e, na escala 1:250.000, a carta geológica de Varginha, que pertence ao projeto Sapucaí (CPRM). A compartimentação morfotectônica foi baseada na metodologia aplicada em trabalhos de Liu (1987), Hasui & Costa (1996); Ferreira (2001) e Gontijo et al. (2007). Este estudo identificou lineamentos de drenagem, anomalias da rede de drenagem e o mapeamento das áreas de deposição sedimentar. A análise de assimetria da bacia por basculamento de blocos foi empregado com o objetivo de detectar basculamento tectônico em bacias de drenagem. Esta técnica possibilita a visualização da migração dos canais preferenciais, que podem ser decorrentes de processos fluviais internos ou de forças externas (COX, 1994; KELLER ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 & PINTER, 1996). O Fator de Assimetria é definido por: FA = 100 (Ar/At) onde: FA = fator de assimetria; Ar = área da bacia à direita do canal principal (olhando à jusante); At = área total da bacia. O Fator de Simetria Topográfica Transversal (T), foi desenvolvido para avaliar a migração lateral do canal associada a basculamentos, caracterizando assim, uma assimetria do perfil topográfico transversal da drenagem. Para este fator, são considerados os seguintes índices: T = Da/Dd onde: T = Fator de Simetria Topográfica Transversa; Da = distância entre a linha média da bacia de drenagem e a linha média do cinturão do meandro ativo; e Dd = distância entre a linha média da bacia e o divisor da bacia de drenagem. De acordo com esta técnica, valores próximos ou iguais a zero (0) apontam simetria e valores próximos ou iguais a um (1) indicam assimetria e maior influência da tectônica (COX, 1994; KELLER & PINTER, 1996). O índice de Taxa de Largura e Altura do Fundo do Vale (Vf), foi elaborado para associar as características da drenagem no vale, sendo que valores elevados de (Vf), são relacionados a taxas de soerguimento baixo, quando os canais cortam vales amplos; valores baixos de Vf, associam-se a vales profundos, em forma de “V”, refletindo canais que dissecam ativamente o vale, em resposta ao aprofundamento do nível de base local. Este índice é expresso pela seguinte relação: Vf= 2Vfw/ [(Etd Esc) + (Erd – Esc)] onde: Vf = Taxa de Largura e Altura do Fundo do Vale; Vfw = largura do fundo do vale; Etd e Erd = elevações da esquerda e direita dos divisores do vale, respectivamente; Esc = elevação do fundo do vale (BULL & WALLACE, 1985). Resultados Resultados preliminares comprovam que a configuração da rede de drenagem é baseada, sobretudo na caracterização dos padrões de drenagem (Figura 2) e nas anomalias de drenagem encontradas (Figura 3). As estruturas geológicas regionais presentes na área são a falha de Areado com direção NE-SW e a zona de cisalhamento de Campo do Meio que secciona a área com direção E-W e NE. Segundo estudos realizados por Rui (2013), a área exibe dois compartimentos geomorfológicos, um a sul e outro a norte delimitados por estruturas regionais com direções NE-SW, NW-SE e E-W. A sul prevalecem a superfície mais elevada, com um conjunto de morros e montanhas que, exibe um caimento gradativo da topografia para norte, prevalecendo relevos mais baixos próximo ao nível de base da área que é o rio Muzambo. As anomalias mapeadas na área também mostram o forte condicionamento, das estruturas, exibindo cursos em cotovelos, meandros isolados e comprimidos, áreas de capturas e colos em processo erosivo acentuado, além do padrão anelar ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 187 isolado, exemplificado pela sub-bacia do córrego Inhumas. As anomalias de drenagem foram realizadas em todas as sub-bacias estudadas, porém este trabalho, apresenta resultados de anomalias da sub-bacia do córrego do Bartolomeu. A análise da drenagem envolve a investigação detalhada dos padrões de drenagem, indicando que os canais geralmente são orientados ou deslocados por estruturas geológicas. Desta maneira a compartimentação dos padrões de drenagem possibilita uma melhor visualização dos controles estruturais da área em questão. O padrão predominante do rio Muzambo é retangular, condicionado pelas estruturas presentes na área. Para a descrição dos padrões de drenagem, foram delimitados 5 zonas com padrões diferenciados (Figura 2): O padrão retangular - ocorre no setor central da área, mostra forte condicionamento de juntas e falhas em ângulos retos, especialmente vinculados aos rios com direção E-W pertencentes a bacia do rio Muzambo; o padrão subdendrítico ocorre em grande parte da área, no setor sul, leste e norte. O padrão subdendrítico apresenta em alguns setores, influência retangular e anelar. Ressalta-se a presença do padrão anelar isolado associado a bacia do ribeirão Inhumas, feição anômala do restante dos padrões de drenagem da área. Diferencia-se do padrão subdendrítico pela forma circular que aparece em diversos pontos. Segundo Howard (1967), o padrão anelar mostra estruturas circulares em geral; treliça direcional – ocorre no centro-sul da área, o significado deste padrão é explicado por Howard (1967), como associado a rochas sedimentares inclinadas (homoclinais suaves), e áreas com encostas suaves e assimétricas. ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 188 189 Figura 2: Mapa dos padrões de drenagem das sub-bacias da bacia do rio Muzambo – Monte Belo-MG A drenagem por ser altamente sensível as deformações tectônica dos maciços, acaba tornando seu entendimento importante para todos os estudos que abordem a morfotectônica e neotectônica, devido a sua capacidade em fornecer respostas rápidas referentes às reativações tectônicas, quer sejam em domínios de borda de placa ou intraplaca. A constatação das anomalias de drenagem presentes nas bacias estudadas foi determinada de acordo com HOWARD (1967). Estas anomalias são relacionadas a fatores de origem tectônica, como basculamento de blocos e também pelos processos de deposição e erosão. Tais anomalias mostram a importante relação entre a rede de drenagem e o contexto estrutural e tectônico da área, sendo passiveis de interpretações de um estágio de reconfiguração da rede de drenagem. A aplicação do índice de Fator de Simetria Topográfica Transversal (T) (COX, 1994; KELLER & PINTER, 1996) e Fator de Assimetria (FA) aplicados em várias subbacias da área, evidenciam a migração lateral dos canais nas bacias do córrego São Bartolomeu, Quilombo, Cachoeirinha, Fiéis e Inhumas (Tabela 1). Os valores obtidos corroboram com as direções dos lineamentos encontrados NE - SW. ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 190 Figura 3: Mapa das anomalias de drenagem na bacia do córrego São Bartolomeu. Figura 5: Aplicação do Fator de Simetria Topográfica Transversal (T) na sub-bacia Bacia do Córrego São Bartolomeu. Análise da migração lateral do canal principal, associado ao basculamento à esquerda da bacia. ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 Os valores do índice Taxa de Largura e Altura dos vales (Vf), aplicados nas bacias estudadas demonstraram que as bacias dos córregos São Bartolomeu, dos Fiéis e o das Pedras, mostram valores discrepantes entre os trechos superior, médio e inferior (Tabela 1). O Córrego São Bartolomeu, no trecho superior obteve valores de 0,83 seguidos de 0,29 no trecho médio e 1,25 no inferior. Por outro lado, o dos Fiéis mostram valores de 0,6 no superior, 2,5 no médio e 0,2 no inferior e o das Pedras valores de 2,03 no superior, 0,94 no médio e 2,92 no inferior. Valores altos de Vf estão associados a taxas de soerguimento baixo, quando os canais cortam vales amplos; valores baixos de Vf associam-se a vales profundos, em forma de “V”, refletindo canais que dissecam ativamente o vale, em resposta ao aprofundamento do nível de base local. A bacia do ribeirão Cachoeirinha mostra valores de Vf de 1,62 no trecho superior; 1,01 no médio e 4,51 no trecho inferior. Nos trechos superior e médio exibem escavação do vale e no trecho inferior vales largos com sedimentação associada. A bacia do ribeirão Inhumas mostra uma inflexão abrupta em arco na direção N-S em seu trecho inferior. Ressalta-se que a partir desta inflexão aloja-se o córrego do Cabrito que exibe padrão anelar isolado. Os valores de Vf são: 0,5 no trecho superior, no médio de 2,63 e 4,68 no inferior. Na análise do índice empregado, KELLER & PINTER (1996), consideram bacias estáveis, ou seja, com baixa atividade tectônica, as que apresentam valores do Fator de Assimetria (FA) iguais ou próximos de 50%; valores maiores ou menores que 50% indicam basculamentos para a esquerda e direita, respectivamente (olhando de jusante). Analisando o fator de assimetria (FA) (Tabela 1) nas nove (9) sub-bacias estudadas, foi possível observar que a sub-bacia do córrego dos Macacos exibe valor menor que 50%, ou seja, 31%, configurando um basculamento da direita da bacia em questão. Nos córregos Cachoeirinha, Quilombo, Pedras e São Bartolomeu os valores apresentados de assimetria são de 59% 66%, 68% e 79% respectivamente, com o córrego São Bartolomeu imprimindo basculamento para a esquerda exibindo atividade tectônica significativa. As outras bacias estudadas como o córrego Santa Cruz, Fiéis, Inhumas e São Bento apresentam valorem aproximados de 50%, isto é, 51%, 48%, 46%, 44% nesta ordem, representando bacias mais estáveis tectonicamente, com baixo grau de assimetria. ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 191 Localização (N) norte da área (S) sul da área Taxa de Largura e Altura do Vale (Vf) Fator de Assimetria (FA) olhando de jusante Bacia do ribeirão dos Fiéis (S) Superior – 0,6 Médio – 2,5 Inferior – 0,2 Superior – 0,5 Médio – 2,63 Inferior – 4,62 Superior – 0,89 Médio – 4,37 Inferior – 4,28 Superior – 2,22 Médio – 2,00 Inferior – 4,03 Superior – 2,03 Médio – 0,94 Inferior – 2,72 Superior – 0,7 Médio – 1,32 Inferior – 5,95 Superior – 0,93 Médio – 2,00 Inferior – 8,62 Superior – 1,62 Médio – 1,01 Inferior – 4,51 FA=48 (estável) Bacia do ribeirão Inhumas (S) Bacia do córrego dos Macacos (N) Bacia do córrego São Bento (N) Bacia do córrego das Pedras (N) Bacia do córrego do Quilombo (N) Bacia do córrego Santa Cruz (N) Bacia do ribeirão Cachoeirinha (S) Bacia do córrego São Bartolomeu (S) Superior – 0,83 Médio – 0,29 Inferior – 1,25 FA=46 (estável) FA=31 (basculamento da direita) FA=44 (estável) FA= 68 (basculamento da esquerda) FA=66 (basculamento da esquerda) FA=51 (estável) FA = 59 (basculamento da esquerda) FA = 79 (basculamento da esquerda) Tabela 1: Resultados da Taxa de Largura e Altura do Vale (Vf) e do Fator de Assimetria (FA), para as bacias estudadas. Conclusão A presente pesquisa encontra-se em fase de desenvolvimento, portanto, as conclusões são preliminares. A evolução geomorfológica da área de estudo condiz com o contexto geológico da qual se insere. Os resultados dos índices aplicados nas sub-bacias confirmam o condicionamento das estruturas geológicas à ocorrência de padrões de drenagem diferenciados. Neste trabalho, mesmo que os dados morfoestruturais tenham sido insuficientes para definir com mais clareza a participação da atividade tectônica nas feições de relevo e da drenagem na bacia, de maneira geral, pode-se afirmar o condicionamento e influência das estruturas na dinâmica da paisagem. ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 192 Desta maneira, é factível a grande importância do emprego dos índices morfométricos apoiados a outras ferramentas para identificar atividade tectônica ressurgente na bacia e sub-bacias do rio Muzambo. Referências Bibliográficas BISHOP, P. Drainage rearrangement by river capture, beheading and diversion. Progress in Physical Geography, 19, n. 4, p. 449-473. 1995. BRUNSDEN, D. 1980 – Applicable models of long term landform evolution. Z. Geomorph. N. F., Suppl. – Bd. 36, p. 16-26. BULL, W.B. & WALLACE, R.E. 1985 – Tectonic Geomorphology. Geology, no. 13, p.216. BURNETT, A.W. & SCHUMM, S.A. Alluvial river response to neotectonic deformation in Louisiana and Mississippi. Science, 222, p. 49-50. 1983. COX, R.T. Analysis of drainage-basin symmetry as a rapid technique to identify areas of possible Quaternary tilt block tectonics: as example from the Mississippi Embayment. GEOLOGICAL SOCIETY OF AMÉRICA BULLELIN, v.106, p. 571-581, 1994. CAVALCANTE, J.C., CUNHA, H.C.S., CHIEREGATTI, L.A., KAEFER, L.Q., ROCHA, J.M. de, DAITX, E.C., COUTINHO, M.G.N., YAMAMOTO, K., DRUMOND, J.B.V., ROSA, D.B., RAMALHO, R. 1979. Projeto Sapucaí. Relatório final de Geologia. Brasília. DNPM. 299p. DAVIS, W.M. 1899 – The Geographical cycle. Geographical Journal. 14:481-504p. DEFFONTAINES, B. & CHOROWICZ, J. 1991. Principles of drainage basin analysis from multisource data: Application to the structural analysis of the Zaire Basin. Tectonophysics, 194:237-263. DORANTI, C. Contribuição ao estudo morfoestrutural do planalto de Monte Verde, a partir do uso de análise morfométrica da rede de drenagem e do relevo. 2003. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Geografia) – IGCE – Unesp, Rio Claro-SP. 2003. EMBLETON, C. 1987 – Neotectonic and morphotectonic research. Z. für Geomorphologie, Suppl. Band., 63:1-7. FERREIRA, M.F.M. Geomorfologia e análise morfotectônica do alto vale do Sapucaí, Pouso Alegre – MG. Tese (Doutorado em Geociências e Meio Ambiente. ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 193 Instituto de Geociências e Ciências Exatas. Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2001. GONTIJO, A.H.F.; MENDES, L.D.; FERNANDES, N.F. Morfotectônica da bacia hidrográfica do rio Bonito, Petrópolis, RJ. Revista Brasileira de Geomorfologia – Ano 8, nº1 (2007). HACK, J.T. 1960 – Interpretation of erosional topography in humid temperate regions. American Journal Science, 258, 80-97p. HOWARD, A.D. 1967. Drainage analysis in geologic interpretation: summation. 194 Bulletin American Association of Petroleum Geologist, 51(11): 2246-2259. KING, L.C. – Morphology of the Earth. Edinburgh, Oliver & Boyd. KELLER, E.A. & PINTER, N. 1996 – Active Tectonics: earthquakes, uplift and landscape. New Jersey, Prentice Hall, 338p., 1996. LIU, K.C. 1987 - A geologia estrutural do Estado do Rio de Janeiro vista através de imagens do LANDSAT. In: Simpósio de Geologia RJ/ES, 1., Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: SBG RJ/ES, p.164-188. OUCHI, S. Response of alluvial rivers to show active tectonic movement. Bulletin Geological Society of America. Boulder, Co. v. 96, p. 509-517. 1985. PENK, W. 1953 – Morphological analysis of Landforms: a contribuition of Physical Geology, Macmillian, London. PONÇANO, W.L.; de MELO, M.S.; STEIN, D.P.; BISTRICHI, C.A. 1993 – Neotectônica do alto rio Pardo (SP e MG). Rev. IG, São Paulo, 14(1), 27-38. Jul/dez/ 1993. RICCOMINI, C.; IBANEZ, D.M. 2011 – O uso da assimetria de bacias para o estudo neotectônico na Amazônia Central. Anais XV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto – SBSR, Curitiba, PR, Brasil, 30 de abril a 05 de maio de 2011, INPE p.3467. ROCKWELL, T.K., KELLER, E.A., DEMBROFF, G.R. Quaternary rate of folding of the Ventura Avenue Anticline, western Transverse Ranges, Southern California. Geol. Soc. Am. Bull. n. 100, p. 850–858. 1988. RUI, F. Compartimentação Topográfica e Análise da Drenagem na Carta de Monte Belo na escala 1:50.000. Trabalho de Conclusão de Curso, 2013, 46p. SAADI, A. 1991. Ensaio sobre a morfotectônica de Minas Gerais, Belo Horizonte (Tese para admissão a cargo de Professor Titular, IGC/UFMG). SCHUMM, S.A. 1975 – Episodic erosion: a modification of the geomorphic cycle. In: MELHORN W. N. & FLEMAL, R. C. (eds.), 69-85p. ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 SIDDIQUI, S. Appraisal of Active Deformation Using DEM-based Morphometric Indices Analysis in Emilia-Romagna Apennines, northem Italy. 2014. Vol. (1) – nº. 03 – Winter 2014 4th Article – P. XXXIV to XLII. Avaliable online at: www.geo-dynamica.com SUMMERFIELD, M.A. Tectonic geomorphologic. Progress in Physical Geography. v. 15, n. 2, p. 193-205. 1991. 195 ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014