Normal e patológico em Durkheim,O Suicídio em Durkheim: alguns

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Normal
e
Durkheim
patológico
em
Normal e patológico em Durkheim
Por Cristiano das Neves Bodart
Duas classificações dos fenômenos sociais são importantes e
interligadas no pensamento de Durkheim: o fenômeno social
normal e o fenômeno social patológico.
O que seria normal e o que seria patológico para esse
sociólogo? Essa pergunta é bastante pertinente, na medida em
que na busca pela diferenciação torna-se mais fácil
compreender essas duas classificações sociológicos.
Em síntese, Durkheim (1983) considera que os fenômenos
sociológicos (e também biológico) podem ser classificados em
dois tipos básicos: aqueles que são comuns a toda espécie e
“[…] encontram-se senão em todos os indivíduos, pelo menos na
maior parte deles e apresentam variações de um sujeito para
outro compreendidas entre limites muito próximos” (p. 114) e
os fenômenos excepcionais, que, “[…] além de surgirem em
minorias, muitas vezes chegam a durar a vida inteira dos
indivíduos ” (p.114).
Com base nesses dois tipos de fenômenos, normais e
excepcionais, Durkheim (1983, p.114) estabelece um tipo médio,
que serve como norma genérica. Para ele o tipo médio seria:
“[…] o ser esquemático que resultaria da união num mesmo ser,
numa espécie de individualidade abstrata, das características
mais frequentes da espécie e das formas mais frequentes
destas características, poder-se-á afirmar que o tipo normal
se confunde com o tipo médio, e que qualquer desvio em
relação a este padrão de saúde é um fenômeno mórbido”.
(DURKHEIM,1983, p.114).
Durkheim (1983, p. 118) afirma que a classificação do fenômeno
em normal ou patológico está relacionada à sua frequência na
sociedade. Formula, então, três critérios para distinguir o
normal do patológico. Assim, apresenta três critérios para
distinguir o normal do patológico:
“1° – Um fato social é normal para um tipo social
determinado, considerado numa fase determinada de
desenvolvimento, quando se produz na média das sociedades
desta espécie, consideradas numa fase correspondente de
desenvolvimento;
2° – Os resultados do método precedente podem verificar-se
mostrando que a generalidade do fenómeno está ligada às
condições da vida coletiva do tipo social considerado;
3° – Esta diversificação é necessária quando um fato diz
respeito a uma espécie social que ainda não cumpriu uma
evolução integral”.
Em suma, para Durkheim (1983, p. 110) a sociedade “[…] confina
duas ordens de fatos bastante diferentes: aqueles que são os
que devem ser e aqueles que deveriam ser diferentes daquilo
que são, os fenômenos normais e patológicos”. Nessa direção,
patológico é compreendido como um problema que deve ter suas
causas compreendidas e caberia ao sociólogo colaborar para
apresentar soluções e, com isso, retomar a normalidade.
É importante estarmos atentos ao fato de que não há um regra
universal para distinguir que é normal e o que é patológico, o
que deve ser pensado em relação ao tipo de sociedade em que o
fenômeno ocorre, assim como a fase do desenvolvimento
histórico desta. Assim, o que é patológico em uma sociedade
pode não ser em outra; o que foi anteriormente normal em uma
sociedade pode se tornar hoje ou amanhã patológico.
Referências
DURKHEIM, Émile. As Regras do Método Sociológico. Trad. de
Carlos Alberto Ribeiro de Moura. São Paulo: Abril Cultural,
2a. edição, série “Os Pensadores”. Seleção de textos de José
Arthur Gianotti. 1983.
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Usou esse texto? Como citá-lo?
BODART, Cristiano das Neves. Normal e patológico em Durkheim.
Blog
Café
com
Sociologia.
2015.
Disponível
em:<http://www.cafecomsociologia.com/2015/09/normal-e-patolog
ico-em-durkheim.html>. Acesso em: dia, mês e ano.
O
Suicídio
em
Durkheim:
alguns apontamentos
O Suicídio em Durkheim: alguns apontamentos
Por Cristiano das Neves Bodart
Durkheim define “suicídio” como toda morte que resulta direta
ou indiretamente de um ato positivo ou negativo da própria
vítima e que esta esteja ciente que produz esse resultado.
“Chaque société est prédisposé à fournir um contingent
déterminé de morts volontaires. Cette prédisposition peut
donc être l’objet d’une étude spéciale et qui ressortit à
la sociologie”.
Para Durkheim o suicídio é um Fato Social quando trata-se de
um conjunto de suicídios em certa sociedade e em certo
período; quando é total (que não é a soma de unidades
independentes), um fato novo e sui generis. Para ele, as
sociedades têm, em cada momento, uma disposição definida para
o suicídio.
“A taxa de suicídios constitui, portanto, uma ordem de fatos
única e determinada; é o que demonstram, ao mesmo tempo, sua
permanência e sua variabilidade. Já que esta permanência
seria inexplicável se ela não se devesse a um conjunto de
caracteres distintivos, solidários uns com os outros, que,
apesar da diversidade das circunstâncias ambientes, se
afirmam simultaneamente; e esta variabilidade testemunha a
natureza individual e concreta destes mesmos caracteres, uma
vez que variam como a própria individualidade social”.
(Durkheim, 1986, p.14)
Na obra “O Suicídio”, Durkheim buscou identificar as causas
sociais de suicídio e os seus tipos. Sua metodologia
consistiu, grosso modo, em classificar as causas para
categorizar os tipos. Para esse sociólogo, conhecida as
natureza das causas podemos deduzir à natureza dos efeitos.
Uma pergunta de Durkheim parece ter sido
central em seu estudo: Quais são as situações dos diferentes
meios sociais (religião, família, sociedade política, grupos
profissionais) em função dos quais o suicídio varia?
Durkheim buscou identificar a relação entre suicídio e
religião, examinando a relação entre a taxa de suicídio e as
confissões religiosas. Ao comparar alguns países, identificou
que nos países católicos a prática do suicídio era menor.
Embora a “natureza dos sistemas religiosos” protestantes e
católico proibissem o suicídio, Durkheim encontrou alguns
elementos importantes para entender a diferença nas taxas
dessa prática. Para ele, no Catolicismo o sistema hierárquico
de autoridades é mais rígido, as doutrina é pronta e
inquestionável, sendo marcada por grande interação e as
crenças e práticas são comuns aos fieis. Já no protestantismo
existiria pouca hierarquia e uma multiplicidade de seitas,
sendo o crente mais autor da sua fé, havendo pouca integração;
ou seja, menos crenças e práticas comuns entre eles. Essa
menor integração é, para Durkheim, motivado pelo fato do
protestantismo admitir um maior livre exame do livro sagrado.
Para Durkheim a causa do livre exame estaria na necessidade da
liberdade face à falência das crenças tradicionais (e não o
inverso); perda da eficiência das ideias e sentimentos
tradicionais irrefletidos para dirigir a conduta, sem um novo
sistema de crença comum.
Segundo esse sociólogo, o gosto pela instrução se aspira
quando as crenças tradicionais se enfraquecem, expandindo o
individualismo. Para ele, o gosto pela instrução era maior
entre os protestantes. Nesse contexto de crise das tradições,
a ciência não é o mal, mas vista como o único remédio. A
ciência não teria influências dissolventes, mas seria a única
coisa que teríamos para lutar contra a dissolução de que ele
resulta. Durkheim defende que silenciar a ciência não vai
restaurar a autoridade das tradições desaparecidas.
No caso específico do papel da religião, o homem comete o
suicídio, segundo Durkheim, porque a sociedade religiosa de
que faz parte perdeu a coesão.
Argumenta Durkheim que a religião exerce uma ação profilática
sobre o suicídio, isso por possuir uma conjunto de crença e
práticas tradicionais e obrigatórias, exercendo a função de
integração, criando situações coletivas que integram a
comunidade. Quanto mais integrada esta, maior sua virtude de
preservação.
Para Durkheim, o protestantismo é superior em taxas de
suicídios por ser menos integrador. Quanto menos vínculo com
outros indivíduos, mais propício ao suicídio estará o
indivíduo. Eis ai a dimensão moral do suicídio egoísta
destacado por Durkheim.
Durkheim analisa também a relação entre o Judaísmo e o
suicídio. Para ele as perseguição contra esse povo foi fonte
de fortalecimento da solidariedade, tendo sua identidade
fortalecida. O Judaísmo estaria marcado por um corpo de
práticas que regulamentam minunciosamente os detalhes da
existência, deixando pouco espaço para o julgamento
individual. A ciência não teria tido, afirma o sociólogo, um
impacto contrário a essa religião, isso porque sua tradição
estava muito bem consolidada. Desta forma, o Judaísmo seria
uma evidência de que a ciência não destrói a tradição. Os
judeus tiveram acesso à ciência e sua tradição continua
sólida, argumentava Durkheim.
Durkheim buscou destacar que o suicídio é uma doença da época.
Para ele a anomia seria a causa principal. A anomia seria um
estado marcado pela falta de regulamentação, paixões
ilimitadas, horizontes infinitos e tormento: cenário
potencializador da prática de suicídio.
Os sinais de morbidades destacadas por Durkheim foram:
necessidades ilimitadas; ultrapassagem infinita dos meios que
se torna um fim, descontentamento; ligação tênue com a vida;
paixão pelo infinito; situação onde nenhuma conquista vale por
si mesmo etc.
De acordo com Durkheim os indivíduos que não acumulam
experiências reais, torna-se fracos e diante de um problema
real não suportam a pressão, tendendo a cometer suicídio.
Outro elemento potencializador da prática de suicídio são às
crises econômicas. Para ele, a crise promove o suicídio por
ruptura de equilíbrio, seja de prosperidade ou de pobreza. Mas
como explicar que a melhoria da vida leve a uma maior desapego
por ela? Para o sociólogo, as necessidades humanas não
dependem do corpo; os desejos do indivíduo são ilimitados. Uma
sede inextinguível é um suplício perpetuamente renovado. As
paixões têm que ser limitadas pela força moral da sociedade
que regula e modera as necessidades, atendendo ao bem comum.
Para ele, as paixões devem ser limitadas, caso contrário,
torna-se um tormento.
Quando a sociedade é perturbada por crises ou mudanças
repentinas, a pressão moral perde força, os indivíduos não se
ajustam a suas posições, o valor das forças sociais permanece
indeterminado, sem regulamentação as ambições são
superexcitadas, causando o sofrimento e, consequentemente,
crescimento do suicídio. O desenvolvimento da indústria e
ampliação indefinida do mercado fortalece o desencadeamento
dos desejos e a busca desenfreada por conquistas, o que
consequentemente, favorece a ampliaçao das taxas de suicídios.
O restabelecimento da ordem moral não é possível de forma
rápida. Atualizar a educação moral não é algo instantâneo. Por
isso, Durkheim se preocupará em reformar o ensino francês:
laica, pública, gratuita (organizado pelo Estado que
representa o geral e não o particular). Sem uma educação
homogênea há uma tendência de anomia (se cada família educasse
seus filhos, haveria uma desregulamentação moral).
A causa do suicídio, estaria, grosso modo, na “ausência da
sociedade” na vida do indivíduo. O Suicídio egoísta é marcado
pela ausência da coesão coletiva, o desprovimento de objetivos
e significados. Suicídio anômico é marcado pelo efeito da
falta de regulamentação
individuais.
moral
que
limita
as
paixões
Durkheim aborda o papel do casamento sobre as taxas de
suicídio. Para ele, o casamento age em sentido contrário sobre
o homem e sobre a mulher. Como pais têm o mesmo objetivo, mas
como cônjuges os interesses seriam diferentes e muitas vezes
antagônicos. Durkheim identificou, por meio da estatística,
que só os homens casados contribuem para a maior taxa de
suicídio nas sociedades com divórcios frequentes; nestas as
mulheres cometem menos suicídio. Como nossa vida depende do
quanto estamos integrados à sociedade, o divórcio, para o
homem teria um impacto muito grande sobre a prática de
suicídio, assim como a maior taxa de suicídio estaria entre os
homens solteiros.
Para Durkheim, o divórcio determina o suicídio pelas ações que
exerce no casamento. Para ele, o casamento é uma
regulamentação das relações entre os sexos, abrangendo
instintos físicos e os sentimentos de todo tipo que a
civilização enxertou sobre a base dos apetites materiais,
regulando toda a vida passional, principalmente o casamento
monogâmico. O casamento impõe ao homem uma disciplina salutar
(mesmo que o costume lhe dê privilégios que permitem atenuar o
rigor do regime). O divórcio enfraquece a regulamentação
matrimonial, enfraquecendo a imunidade do homem casado e
fazendo com que se aproxime das condições dos solteiros.
Durkheim teria identificado que nada disso atinge a mulher
(lembrando que a mulher não tem acesso a escola). Estando ela
mais próxima da natureza, seus desejos naturalmente são mais
limitados. Mais instintiva, segue os instintos em paz e com
calma. Sendo ela tradicionalista, regula o comportamento pelos
credos estabelecidos, sem grandes necessidades intelectuais.
Para o sociólogo os interesses dos sexos são apostos, um
precisa de coerção, o outro de liberdade. Para Durkheim (ao
contrário da visão comum, que acredita que o casamento protege
a mulher e sacrifica o homem), o casamento proporciona
proteção ao homem e exige sacrifício da mulher, por isso o
divórcio teria um impacto maior sobre o homem e,
consequentemente,
Durkheim
suicídio
coerção.
tal tipo
levando-o a praticar o suicídio.
deixa uma nota de rodapé indicando a existência do
fatalista, que seria aquele causado pelo excesso de
Embora mencionado, o sociólogo não se debruça sobre
de suicídio.
Fontes
DURKHEIM, E. Le suicide. Paris: PUF, 1986.
GARCIA, Sylvia Gemignani. Aula do curso de Sociologia
I. Universidade de São Paulo/USP. Mai. 2012. (fonte oral).
Como citar essa fonte:
BODART, Cristiano das Neves. O Suicídio em Durkheim: alguns
apontamentos. Blog Café com Sociologia. 2015. Disponível em:
<http://www.cafecomsociologia.com/2015/12/o-suicidio-em-durkh
eim-alguns.html>. Acesso em: dia mês ano.
Normal
e
Durkheim
patológico
Normal e patológico em Durkheim
Por Cristiano das Neves Bodart
em
Duas classificações dos fenômenos sociais são importantes e
interligadas no pensamento de Durkheim: o fenômeno social
normal e o fenômeno social patológico.
O que seria normal e o que seria patológico para esse
sociólogo? Essa pergunta é bastante pertinente, na medida em
que na busca pela diferenciação torna-se mais fácil
compreender essas duas classificações sociológicos.
Em síntese, Durkheim (1983) considera que os fenômenos
sociológicos (e também biológico) podem ser classificados em
dois tipos básicos: aqueles que são comuns a toda espécie e
“[…] encontram-se senão em todos os indivíduos, pelo menos na
maior parte deles e apresentam variações de um sujeito para
outro compreendidas entre limites muito próximos” (p. 114) e
os fenômenos excepcionais, que, “[…] além de surgirem em
minorias, muitas vezes chegam a durar a vida inteira dos
indivíduos ” (p.114).
Com base nesses dois tipos de fenômenos, normais e
excepcionais, Durkheim (1983, p.114) estabelece um tipo médio,
que serve como norma genérica. Para ele o tipo médio seria:
“[…] o ser esquemático que resultaria da união num mesmo ser,
numa espécie de individualidade abstrata, das características
mais frequentes da espécie e das formas mais frequentes
destas características, poder-se-á afirmar que o tipo normal
se confunde com o tipo médio, e que qualquer desvio em
relação a este padrão de saúde é um fenômeno mórbido”.
(DURKHEIM,1983, p.114).
Durkheim (1983, p. 118) afirma que a classificação do fenômeno
em normal ou patológico está relacionada à sua frequência na
sociedade. Formula, então, três critérios para distinguir o
normal do patológico. Assim, apresenta três critérios para
distinguir o normal do patológico:
“1° – Um fato social é normal para um tipo social
determinado, considerado numa fase determinada de
desenvolvimento, quando se produz na média das sociedades
desta espécie, consideradas numa fase correspondente de
desenvolvimento;
2° – Os resultados do método precedente podem verificar-se
mostrando que a generalidade do fenómeno está ligada às
condições da vida coletiva do tipo social considerado;
3° – Esta diversificação é necessária quando um fato diz
respeito a uma espécie social que ainda não cumpriu uma
evolução integral”.
Em suma, para Durkheim (1983, p. 110) a sociedade “[…] confina
duas ordens de fatos bastante diferentes: aqueles que são os
que devem ser e aqueles que deveriam ser diferentes daquilo
que são, os fenômenos normais e patológicos”. Nessa direção,
patológico é compreendido como um problema que deve ter suas
causas compreendidas e caberia ao sociólogo colaborar para
apresentar soluções e, com isso, retomar a normalidade.
É importante estarmos atentos ao fato de que não há um regra
universal para distinguir que é normal e o que é patológico, o
que deve ser pensado em relação ao tipo de sociedade em que o
fenômeno ocorre, assim como a fase do desenvolvimento
histórico desta. Assim, o que é patológico em uma sociedade
pode não ser em outra; o que foi anteriormente normal em uma
sociedade pode se tornar hoje ou amanhã patológico.
Referências
DURKHEIM, Émile. As Regras do Método Sociológico. Trad. de
Carlos Alberto Ribeiro de Moura. São Paulo: Abril Cultural,
2a. edição, série “Os Pensadores”. Seleção de textos de José
Arthur Gianotti. 1983.
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Usou esse texto? Como citá-lo?
BODART, Cristiano das Neves. Normal e patológico em Durkheim.
Blog
Café
com
Sociologia.
2015.
Disponível
em:<http://www.cafecomsociologia.com/2015/09/normal-e-patolog
ico-em-durkheim.html>. Acesso em: dia, mês e ano.
Fato Social em Durkheim
Fato Social em Durkheim
Por Cristiano das Neves Bodart
O que é um “Fato Social”? Eis uma pergunta muito comum na
disciplina de introdução à Sociologia. Proponho uma reflexão
inicial para começarmos a entender esse conceito desenvolvido
por Émile Durkheim em sua obra “As Regras do Método
Sociológico”, de 1895.
Nós agimos a partir de três formas básicas: instinto, costumes
e racionalidade. Há coisa que fazemos que é inerente a espécie
humana, em seu estado biológico, como comer, andar, emitir
sons usando a boca e a garganta. Essas ações não são “fatos
sociais”. Outra coisa que não é um fato social é uma atitude
racional, pensada, mas que seu sentido seja desconhecido pelos
outros indivíduos, como por exemplo, se eu criasse uma
linguagem desconhecida de todos de minha sociedade. Nesse
contexto, minha linguagem não teria sentido social; logo, isso
também não seria um “fato social”. Dito o que não é fato
social, vamos ao que seria um fato social.
Para pensarmos em fato social não podemos ignorar a dimensão
cultural do homem, ou melhor, dos grupos sociais. O conceito
“Fato social” está ligado necessariamente
ao elemento “cultura”. Tal conceito é uma categoria
desenvolvida por Durkheim
para definir do que a sociologia deveria se ocupar.
Como a Sociologia surge para
pensar os fenômenos sociais, logo tornou-se necessário definir
uma categoria
para classificar o que deveria ou não ser estudado por esta
ciência que estava se organizando e ganhando seu espaço. A
partir
dessa necessidade, Durkheim criou o conceito categorizador
denominado “Fatos Sociais”, o que utilizaria para classificar
os fenômenos que seriam ou não objeto de estudo da Sociologia.
Para Durkheim
se enquadraria em “fato social” o fenômeno dotado de três
características básicas: i)
generalidade; ii) coercitividade; iii) externalidade. Nota-se
que tais características
são elementos próprios da cultura de todos os grupos humanos,
embora Durkheim possivelmente
estivesse pensando nas sociedades de cultura europeia.
Os fatos sociais possuem uma força coercitiva que se dá pelas
sanções legais ou espontâneas a que o indivíduo é submetido
(são coercitivos). Outro aspecto dos fatos sociais é que eles
existem e atuam sobre o indivíduo independente de sua vontade
(são exteriores).
Os fatos sociais são gerais, se repetindo entre quase todos os
indivíduos de um dado grupo, existindo em distintas
sociedades, ainda que em um determinado momento ou ao longo da
sua História. É importante lembrar que o que é fato social em
uma sociedade, pode não ser em outra. O que é fato social
hoje, pode não ser no futuro.
Em suma, podemos dizer que o fatos sociais são gerais
(generalização), ou seja, estão presente em quase toda a
sociedade em análise. São coercitivas (coercitividade), pois
fazem parte de um conjunto de
normas sociais e que somos pressionados para realizá-los. Os
fatos sociais
possuem externalidade (externalidade) por existir antes do
indivíduo e ser independente
dele.
A título de
exemplo, tomemos o fato de estudar. Antes de nascermos já
estava estipulada a
norma que todos devem estudar, e isso independe de minha ou
sua vontade. Somos coagidos
a estudar, caso contrário somos discriminados e pressionados a
retornar para a
escola. Estudar é uma ação geral, pois praticamente todos os
indivíduos
estudam. Logo, estudar é “Fato Social”.
Como citar essa fonte:
BODART, Cristiano das Neves. Fato Social em Durkheim. Blog
Café
com
Sociologia.
2013.
Disponível
em:
<http://www.cafecomsociologia.com/2013/10/fato-social-de-durk
eim.html?showComment=1443742057611#c1484495291996423799>.
Acessado em: dia, mês e ano.
Algumas premissas teóricometodológicas
de
Émile
Durkheim.
P { margin-bottom: 0.21cm; }P.western { }
Por Wemerson Ferreira*
Durkheim
(1858-1917), importante teórico na história do pensamento
sociológico, mantém sua importância e consegue influenciar,
mesmo
hoje, vários intelectuais. O primeiro sociólogo a ocupar uma
cátedra de sociologia em uma universidade, um dos pais
fundadores
da sociologia moderna e militante durante o processo de
institucionalização desta em âmbito acadêmico, tal autor é
indiscutivelmente importante a quem deseja conhecer e se
aprofundar
no pensamento social científico. Apresentar algumas premissas
teóricas e metodológicas deste grande intelectual expondo
aspectos
de suas três principais obras, consciente da impossibilidade
de
exaustão do assunto, constitui-se no objetivo deste texto.
O
pensamento durkheimiano, como aponta Aron (1999), pode ser
compreendido a partir do desenvolvimento de três principais
etapas.
Num primeiro momento, Durkheim define o fenômeno estudado – um
fato social tratado como coisa. Na segunda etapa ele refuta as
interpretações anteriormente dadas como causas de tal
fenômeno. E,
por último, é-nos apresentada uma explicação propriamente
sociológica.
Émile
Durkheim se utiliza do desenvolvimento metodológico
anteriormente
apresentado em suas três maiores obras: Da Divisão do Trabalho
Social (1894); O Suicídio (1897) e As Formas Elementares da
Vida
Religiosa (1912). É importante ressaltar que, em ambas as
obras, as
explicações refutadas o foram por se tratarem, também ambas,
de
explicações individualistas e psicologizantes. Vamos, então, a
seguir, abordar cada obra separadamente. Em Da Divisão do
Trabalho
Social (1894), Durkheim critica interpretações deste fenômeno
–
divisão do trabalho – que possuem sentido progressista em que
a
diferenciação social, provocada pela divisão social do
trabalho, é
resultante de mecanismos individuais e psicológicos, como, por
exemplo, o desejo de aumento da produtividade, busca pelo
prazer e
felicidade e desejo de superação do enfado.
Criticadas
tais interpretações, Durkheim nos dá sua explicação
propriamente
sociológica: em primeiro lugar há a superioridade da sociedade
sobre os fenômenos individuais. Em segundo, e em suma, são o
volume
e as densidades material e moral que resultam na diferenciação
social, e não o que foi proposto pelos teóricos anteriores.
São
tais fatores, inclusive, que reverberam também na
solidariedade
orgânica, característica das sociedades industriais na qual
existe
a dada divisão do
trabalho.
Na obra O
Suicídio (1897) são refutadas as interpretações nas quais o
suicídio é causado por fatores individuais, psicológicos,
loucura
e alcoolismo. Como explicação sociológica e cientificamente
válida, Durkheim apresenta a corrente suicidógena, um fenômeno
social que, como o próprio nome diz, por tratar-se de uma
corrente
[como as de ar, por exemplo,] passa e atinge aos indivíduos
que
dispõe de tendência social ao suicídio manifestada por
circunstâncias individuais.
Em sua
obra volta à religião – As Formas Elementares da Vida
Religiosa
(1913) –, e que marca uma mudança de interesses na produção
intelectual de Durkheim, são excluídas as proposições que
tratam
do fenômeno religioso como animismo ou naturismo; visões estas
essencialmente individualizantes. E, estudando as sociedades
tribais
australianas, nas quais, segundo Durkheim, há a forma
religiosa
elementar, o totemismo, é definido o fenômeno religioso como
exaltação coletiva provocada pela reunião de indivíduos em um
mesmo lugar de forma a transcendê-los. É, na verdade, a
própria
sociedade que os indivíduos adoram sem que o saibam. A
religião
consiste na divisão do mundo em sagrado e profano e é ela,
como
conclui Durkheim, o elemento fundante da sociedade.
A
concepção durkheimiana de sociedade vê esta enquanto um todo,
ordenado, moralizado e coeso, composto por indivíduos, mas que
ao
mesmo tempo os transcende impondo-lhes condutas, regras e
valores. Em
toda a sua obra Durkheim tenta comprovar essa visão na qual a
sociedade é isenta de conflitos; e, se estes existem, tratamse
apenas de patologias. Não podemos negar que tal ponto de vista
custou caro a Émile Durkheim, sendo alvo de inúmeras críticas.
Todavia, sua importância para a sociologia não diminui nem tão
pouco diminuiu.
Referências
ARON,
Raymond. Émile Durkheim. In: ______. As etapas do pensamento
sociológico. 5ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. p.
288-365.
DURKHEIM,
Émile. As formas elementares da vida religiosa: o sistema
totêmico
na Austrália. São Paulo:
Martins Fontes, 2000.
______.
As regras do método sociológico. 3ª ed. São Paulo: Martins
Fontes, 2007.
______.
Da divisão do trabalho social. 2ª ed. São Paulo: Martins
Fontes,
1999.
______. O
suicídio: estudo de sociologia. São Paulo: Martins Fontes,
2000.
*Graduando em ciências Sociais pela Universidade federal de
Alagoas.
O
Suicídio
em
Durkheim:
alguns apontamentos
O Suicídio em Durkheim: alguns apontamentos
Por Cristiano das Neves Bodart
Durkheim define “suicídio” como toda morte que resulta direta
ou indiretamente de um ato positivo ou
negativo da própria vítima que esta esteja ciente que produz
esse resultado.
“Chaque société est prédisposé à fournir um contingent
déterminé de morts volontaires. Cette prédisposition peut
donc être l’objet d’une étude spéciale et qui ressortit à
la sociologie”.
Para Durkheim o suicídio é
um Fato Social quando trata-se de um conjunto de suicídios em
certa sociedade e em certo período; quando é total (que não é
a soma de unidades independentes), um fato novo e sui generis.
Para ele,
as sociedades têm, em cada momento, uma disposição definida
para o suicídio.
“A taxa de suicídios constitui, portanto, uma ordem de fatos
única e
determinada; é o que demonstram, ao mesmo tempo, sua
permanência e sua variabilidade. Já que esta permanência
seria
inexplicável se ela não se devesse a um conjunto de
caracteres
distintivos, solidários uns com os outros, que, apesar da
diversidade
das circunstâncias ambientes, se afirmam simultaneamente; e
esta
variabilidade testemunha a natureza individual e concreta
destes
mesmos caracteres, uma vez que variam como a própria
individualidade social”. (Durkheim, 1986, p.14)
Na obra “O Suicídio”,
Durkheim buscou identificar as causas sociais de suicídio e os
seus
tipos. Sua
metodologia consistiu, grosso modo, em classificar as causas
para categorizar os
tipos. Para esse sociólogo, conhecida as natureza das causas
podemos deduzir à
natureza dos efeitos.
Uma pergunta de Durkheim
parece ter sido central em seu estudo: Quais são as situações
dos diferentes
meios sociais (religião, família, sociedade política, grupos
profissionais) em
função dos quais o suicídio varia?
Durkheim buscou
identificar a relação entre suicídio e religião, examinando a
relação
entre a taxa de suicídio e as confissões religiosas. Ao
comparar alguns
países, identificou que nos países católicos a prática do
suicídio era menor.
Embora
a “natureza dos sistemas religiosos” protestantes e católico
proibissem o
suicídio, Durkheim encontrou alguns elementos importantes para
entender a diferença
nas taxas dessa prática. Para ele, no Catolicismo o sistema
hierárquico de
autoridades é mais rígido, as doutrina é pronta e
inquestionável, sendo marcada
por grande interação e as crenças e práticas são comuns aos
fieis.
Já no protestantismo existiria pouca hierarquia e uma
multiplicidade de
seitas, sendo o crente mais autor da sua fé, havendo pouca
integração; ou seja,
menos crenças e práticas comuns entre eles. Essa menor
integração é,
para Durkheim, motivado pelo fato do protestantismo admitir um
maior livre exame do
livro sagrado.
Para Durkheim a causa do
livre exame estaria na necessidade da liberdade face à
falência das crenças
tradicionais (e não o inverso); perda da eficiência das ideias
e sentimentos
tradicionais irrefletidos para dirigir a conduta, sem um novo
sistema de crença
comum.
Segundo esse sociólogo, o
gosto pela instrução se aspira quando as crenças tradicionais
se enfraquecem,
expandindo o individualismo. Para ele, o gosto pela instrução
era maior entre
os protestantes. Nesse contexto de crise das tradições, a
ciência não é o mal, mas vista como o único remédio. A
ciências não teriam influências dissolventes, mas seria a
única coisa que teríamos para lutar contra a dissolução de que
ele resulta. Durkheim
defende que silenciar a ciência não vai restaurar a autoridade
das tradições
desaparecidas.
No caso específico do papel da religião, o homem comete o
suicídio, segundo
Durkheim, porque a sociedade religiosa de que faz parte perdeu
a coesão.
Argumenta Durkheim que a
religião exerce uma ação profilática sobre o suicídio, isso
por possuir uma
conjunto de crença e práticas tradicionais e obrigatórias,
exercendo a função
de integração, criando situações coletivas que integram a
comunidade. Quanto
mais integrada esta, maior sua virtude de preservação.
Para Durkheim, o
protestantismo é superior em taxas de suicídios por ser menos
integrador. Quanto menos
vínculo com outros indivíduos, mais propício ao suicídio
estará o indivíduo. Eis
ai a dimensão moral do suicídio egoísta destacado por
Durkheim.
Durkheim analisa também a
relação entre o Judaísmo e o suicídio. Para ele as perseguição
contra esse povo
foi fonte de fortalecimento da solidariedade, tendo sua
identidade fortalecida.
O Judaísmo estaria marcado por um corpo de práticas que
regulamentam
minunciosamente os detalhes da existência, deixando pouco
espaço para o
julgamento individual. A ciência não teria tido, afirma o
sociólogo, um impacto
contrário a essa religião, isso porque sua tradição estava
muito bem
consolidada. Desta forma, o Judaísmo seria uma evidência de
que a ciência não
destrói a tradição. Os judeus tiveram acesso à ciência e sua
tradição continua sólida, argumentava Durkheim.
Durkheim buscou destacar
que o suicídio é uma doença da época. Para ele a anomia seria
a causa
principal. A anomia seria um estado marcado pela falta de
regulamentação,
paixões ilimitadas, horizontes infinitos e tormento: cenário
potencializador da
prática de suicídio.
Os sinais de morbidades destacadas
por Durkheim foram: necessidades ilimitadas; ultrapassagem
infinita dos meios
que se torna um fim, descontentamento; ligação tênue com a
vida; paixão pelo
infinito; situação onde nenhuma conquista vale por si mesmo
etc.
De acordo com Durkheim os
indivíduos que não acumulam experiências reais, torna-se
fracos e diante de um
problema real não suportam a pressão, tendendo a cometer
suicídio.
Outro elemento
potencializador da prática de suicídio são às crises
econômicas. Para ele, a
crise promove o suicídio por ruptura de equilíbrio, seja de
prosperidade ou de pobreza. Mas como explicar que a melhoria
da vida leve a uma
maior desapego por ela? Para o sociólogo, as necessidades
humanas não dependem
do corpo; os desejos do indivíduo são ilimitados. Uma sede
inextinguível é um
suplício perpetuamente renovado. As paixões têm que ser
limitadas pela força
moral da sociedade que regula e modera as necessidades,
atendendo ao bem comum. Para
ele, as paixões devem ser limitadas, caso contrário, torna-se
um tormento.
Quando a sociedade é
perturbada por crises ou mudanças repentinas, a pressão moral
perde força, os
indivíduos não se ajustam a suas posições, o valor das forças
sociais permanece
indeterminado, sem regulamentação as ambições são
superexcitadas, causando o
sofrimento e, consequentemente, crescimento do suicídio. O
desenvolvimento da
indústria e ampliação indefinida do mercado fortalece o
desencadeamento dos
desejos e a busca desenfreada por conquistas, o que
consequentemente, favorece a ampliaçao das taxas de suicídios.
O restabelecimento da
ordem moral não é possível de forma rápida. Atualizar a
educação moral não é algo
instantâneo. Por isso, Durkheim se preocupará em reformar o
ensino francês:
laica, pública, gratuita (organizado pelo Estado que
representa o geral e não o
particular). Sem uma educação homogênea há uma tendência de
anomia (se cada
família educasse seus filhos, haveria uma desregulamentação
moral).
A causa do suicídio, estaria,
grosso modo, na “ausência da sociedade” na vida do indivíduo.
O Suicídio
egoísta é marcado pela ausência da coesão coletiva, o
desprovimento de objetivos e significados. Suicídio anômico é
marcado
pelo efeito da falta de regulamentação moral que limita as
paixões individuais.
Durkheim aborda o papel do
casamento sobre as taxas de suicídio. Para ele, o casamento
age em sentido
contrário sobre o homem e sobre a mulher. Como pais têm o
mesmo objetivo, mas como
cônjuges os interesses seriam diferentes e muitas vezes
antagônicos. Durkheim
identificou, por meio da estatística, que só os homens casados
contribuem para a
maior taxa de suicídio nas sociedades com divórcios
frequentes; nestas as
mulheres cometem menos suicídio. Como nossa vida depende do
quanto estamos integrados à sociedade, o divórcio, para o
homem teria um
impacto muito grande sobre a prática de suicídio, assim como a
maior taxa de
suicídio estaria entre os homens solteiros.
Para Durkheim, o divórcio
determina o suicídio pelas ações que exerce no casamento. Para
ele, o casamento
é uma regulamentação das relações entre os sexos, abrangendo
instintos físicos e
os sentimentos de todo tipo que a civilização enxertou sobre a
base dos
apetites materiais, regulando toda a vida passional,
principalmente o casamento
monogâmico. O casamento impõe ao homem uma disciplina salutar
(mesmo que o
costume lhe dê privilégios que permitem atenuar o rigor do
regime). O divórcio
enfraquece a regulamentação matrimonial, enfraquecendo a
imunidade do homem
casado e fazendo com que se aproxime das condições dos
solteiros. Durkheim teria
identificado que nada disso atinge a mulher (lembrando que a
mulher não tem
acesso a escola). Estando ela mais próxima da natureza, seus
desejos
naturalmente são mais limitados. Mais instintiva, segue os
instintos em paz e
com calma. Sendo ela tradicionalista, regula o comportamento
pelos credos estabelecidos,
sem grandes necessidades intelectuais. Para o sociólogo os
interesses dos sexos
são apostos, um precisa de coerção, o outro de liberdade. Para
Durkheim (ao contrário da visão comum, que acredita que o
casamento protege a mulher e
sacrifica o homem), o casamento proporciona proteção ao homem
e exige
sacrifício da mulher, por isso o divórcio teria um impacto
maior sobre o homem e,
consequentemente, levando-o a praticar o suicídio.
Durkheim deixa uma nota de
rodapé indicando a existência do suicídio fatalista, que seria
aquele causado
pelo excesso de coerção. Embora mencionado, o sociólogo não se
debruça sobre
tal tipo de suicídio.
Fontes
DURKHEIM, E. Le suicide. Paris: PUF, 1986.
GARCIA, Sylvia Gemignani. Aula do curso de Sociologia
I. Universidade de São Paulo/USP. Mai. 2012. (fonte oral).
A Sociologia de Durkheim:
alguns apontamentos
Por Cristiano Bodart
Buscarei destacar de forma breve alguns dos pontos de um ator
clássico da Sociologia: Émile Durkheim.
Durkheim nasceu em Épinal,
Paris, em 15 de abril de 1858, vindo a falecer em 15 de
novembro de 1917. Ao
longo de sua vida, escreveu quatro obras de grande impacto
para a consolidação
da Sociologia enquanto Ciência Social. Em 1893 publicou “Da
divisão do Trabalho
Social. Em 1895 Regras do Método Sociológico. No ano de 1897
publicou “O
Suicídio”. Já em 1912, foi publicado “As Formas Elementares da
Vida Religiosa”.
Émile Durkheim se alimentou
profundamente do contexto social de seu tempo, buscando
demonstrar como a Sociologia
é capaz de estudar, explicar, identificar, e propor soluções
para os problemas
sociais.
Para Durkheim, os Fatos sociais devem ser abordar como coisas,
sendo uma dimensão da
realidade objetiva, como leis próprias. Objetiva no sentido de
independer dos
indivíduos. Nesse sentido, Fatos Sociais são “maneiras de
agir,
penar e sentir que existe fora das consciências individuais”.
#O todo tem
propriedades que não estão nas partes. O todo é
maior que as partes.
Um de seus objetos, o suicídio, é um exemplo claro de sua
proposta de estudar os fenômenos sociais como um Fato Social.
Durkheim buscou destacar que
a Sociologia é a ciência da gênese e funcionamento das
instituições. Para ele instituições
são entendido como crenças e comportamentos instituídos pela
coletividade.
A sociologia de Durkheim
estava marcado por teorias de médio alcance sobre as causas
sociais que operam
sobre os grupos sociais, formulando problemas determinados
para uma parcela
restrita do campo social, em busca de causas definidas, para
as quais apresenta
provas.
Um conceito importante à Sociologia desenvolvido por Durkheim
é
“Consciência Coletiva”. Trata-se de uma “força social”
exercida sobre os indivíduos coagindo-os a pensar e agir de
acordo com as normas
sociais. A Consciência coletiva é marcada por representações
que transcendem a
esfera individual, sendo fruto de pequenas contribuições
individuais, que no
todo formam tal consciência. Trata-se de um “conjunto
das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de
uma mesma
sociedade, formando um sistema determinado com vida própria”.
Para esse sociólogo, a
sociologia produz resultados
objetivos
impessoais,
que
independem de seu autor,
suscetíveis de transmissão e crítica, sendo a história, e
etnografia e a
estatística são disciplinas auxiliares. Durkheim traz, ainda,
a estatística
para auxiliar a Sociologia. Como exemplo, do uso da
Estatística, destacamos sua obra “O Suicídio”, onde demonstra
a natureza da instituição social do casamento monogâmico e sua
relação com o
suicídio. Destaco uma citação do autor onde fica claro suas
preocupações em relação à Sociologia que estava propondo:
“em lugar de tratar a Sociologia in genere,
nós nos fechamos metodicamente numa ordem de fatos
nitidamente delimitados
salvo as excursões necessárias nos domínios limítrofes
daquele que exploramos,
ocupamo-nos apenas das regras jurídicas e morais, estudadas
seja no seu devir e
sua gênese [cf. Division du travail] por meio da História e
da
Etnografia comparadas, seja no seu funcionamento por meio da
Estatística [cf.
Le suicide]. Nesse mesmo círculo circunscrito nos apegamos
aos problemas
mais e mais restritos. Em uma palavra, esforçamo-nos em
abrir, no que se refere
à Sociologia na França, aquilo que Comte havia chamado a era
da
especialidade” (DURKHEIM, 1970, p. 126).
Para o sociólogo, a educação
cria no homem um ser novo, o ser social, que o torna humano,
sendo o indivíduo humanizado
a medida que vive em sociedade. Torna-se humano, isto é, um
ser moral, quando é
socializado incorporando o sentimento de dever, da lei, da
autoridade coletiva
e da disciplina. A sociedade é entendida, por Durkheim,
como um poder moderador e coercivo que faz com que o homem
supere sua condição
de animal.
Referências Bibliográficas
DURHKEIM, Émile. Sociologie
et Philosophie. Prefácio de C. Bouglé. Paris, F. Alcan. Trad.
de J. M. de Toledo
Camargo. Rio de Janeiro, Ed. Forense, 1970.
________________. De la
division du travail social [1893]. Paris, F. Alcan. 7ª ed.
PUF, 1960.
________________. Les
règles de la méthode sociologique [1895]. Paris, F. Alcan.
Trad. port. de Maria
Isaura Pereira de Queiroz. São Paulo, Companhia Editora
Nacional, 1972 )
________________. Le
suicide. Étude sociologique [1897]. Paris, F. Alcan. (11.a ed.
PUF, 1969) Trad.
port. de Nathanael C. Caixero e revisão téc. de Antônio M.
Guimarães Filho. Rio
de Janeiro, Zahar, 1982.
Tragédia em Realengo:
leitura
a
partir
concepções durkheimiana
Uma
das
Foto: Portal G1
Ontem, uma aluna me perguntou sobre a tragédia ocorrida nesta
semana no Rio de Janeiro (o assassinato de várias crianças em
uma escola pública do Rio), porém sua pergunta estava
relacionada a aula que ministrava: “As contribuições de
Durhkeim para a compreensão da sociedade”.
Iniciei a resposta dizendo: Se Durhkeim fosse hoje dar uma
entrevista em rede nacional talvez ele inicia-se afirmando que
tal fenômeno social é normal e benéfico à sociedade.
Normal por se tratar de algo que esperamos que acontecesse.
Isso por que Durkheim define como normal aquilo que ocorre com
certa freqüência ou que nós esperamos que acontecesse. Se não
fosse desta forma, não teríamos tal fenômeno previsto em lei
(mesmo que a lei não descreva em detalhes o fenômeno a ser
repudiado e punido – isso devido a multiplicidade de fenômeno
indesejável). Assim, tal fenômeno não estaria fora da
normalidade social.
Benéfico à sociedade por fortalecer a consciência coletiva
(embora muito ruim para as vítimas, familiares e mamigos).
Frente à acontecimentos como esse a sociedade acaba refletindo
seus princípios éticos e morais. Nesse momento ampliam-se
alguns sentimentos desejáveis, como a solidariedade e a
compaixão.
Atos como esse, ao fortalecer a consciência coletiva,
proporcionam um estado de valorização do respeito entre os
indivíduos, sobretudo a vida dos outros.
Eu particularmente, afirmei a aluna que prefiro, nesse caso,
me apropriar das contribuições de Max Weber, onde o foco de
análise deixa de ser o fenômeno social para ser a ação social
do indivíduo e suas intencionalidades, mas essa é outra aula!
Biografia de Émile Durkheim
Vídeo em desenho animado encontrado no youtube.
Aborda basicamente a biografia do Sociólogo Durkheim.
Émile Durkheim
Trabalho realizado pelos meus alunos do 1º ano B, da Escola
Professora Filomena Quitiba, Piúma/ES. Ano letivo de 2010.
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