Prova Seleção Mestrado 2010.02 NPEC 1 ESPECÍFICA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ECOLOGIA DA CAATINGA
SELEÇÃO 2010.02 – PROVA DE CONHECIMENTOS GERAIS
A prova escrita tem por objetivo avaliar a capacidade de compreensão, interpretação e expressão do
candidato sobre o tema proposto. O candidato terá que responder obrigatoriamente a Questão 1
(Ecologia Geral) e deverá escolhar duas outras questões relacionadas a outros temas. Esta prova terá
duração máxima de três horas. Ao final da prova devolver as folhas de questões, rascunhos e
respostas.
QUESTÃO 1 – ECOLOGIA GERAL (Obrigatória a todos os candidatos)
O texto abaixo foi tirado de F.B Rosumek & R Parentoni-Martins, Ecologia, filosofia e conservação,
Natureza & Conservação 8 (1) 1-5, 2010, os quais pretendem, por meio de dois exemplos, mostrar por que e
para que a ecologia e conservação não podem ser realizadas isoladamente.
A ecologia dedica-se a estudar as interações entre os seres vivos e destes com o seu meio. Diversas definições já
foram propostas, mas o termo sempre se referiu a uma determinada disciplina científica com foco nas relações entre
organismos e ambiente. O ambientalismo moderno, por outro lado, é um movimento social com raízes antigas, mas que
tomou forma consistente na metade do século XX (Pepper 1996). A idéia central da ideologia ambientalista é a redução
dos impactos das atividades humanas sobre os ecossistemas, deste modo conservando o planeta em um determinado
estado (considerado “de equilíbrio”). Considerando-se estes objetivos, desde cedo ficou evidente a contribuição
potencial da ecologia para solucionar a crise ambiental.
Vários ecólogos justificam suas atividades por meio de motivações ambientalistas (e.g., conservação de
espécies, recursos ou ecossistemas), e muitos ambientalistas buscam soluções científicas para resolver suas demandas.
A relação entre ambas se tornou tão próxima a ponto de, no discurso popular, “ecologia” ser considerada
(erroneamente) sinônimo de “ambientalismo”. Mas conservar envolve atividades de um conjunto mais amplo de
profissionais, desde ecólogos acadêmicos e aplicados, a consultores, ONGs, órgãos públicos e tomadores de decisão.
Mesmo com esta relação estreita, diversas pessoas manifestam certa insatisfação com a ecologia, notadamente
as mais envolvidas na parte prática da conservação. Por que os ecólogos frequentemente parecem incapazes de
fornecer respostas simples e objetivas a questões ambientalistas? Por que, se perguntam a um ecólogo como se deve
desenhar uma unidade de conservação, um diz para escolher um grande fragmento único e outro diz para escolher uma
série de fragmentos menores? Por que um ecólogo diz que predadores podem aumentar a biodiversidade em um
ecossistema e outro diz que podem diminuir? Afinal, há padrões consistentes em ecologia, dos quais podem ser
extraídas diretrizes seguras que garantam a eficácia de projetos conservacionistas, sem a necessidade de um longo,
detalhado e caro estudo para cada caso?
Este é um verdadeiro “calcanhar de Aquiles ecológico”, a dificuldade em dar respostas baseadas em
generalizações teóricas. Um marco nessa polêmica foi o livro de Peters (1991), cuja idéia central é a de que o
problema reside na própria inconsistência teórica da disciplina: teorias mal-estruturadas, conceitos ambíguos e falta
de padronização. Exemplos são variações para conceitos-chave, tal como as 163 definições para “estabilidade”
(Grimm e Wissel 1997). Outros autores declaram que a causa reside no próprio objeto de estudo da ecologia. Os
sistemas ecológicos são tão complexos e contingenciais que “leis” seriam impossíveis ou apenas aplicáveis a domínios
restritos. É possível que as duas causas estejam interligadas e contribuam para o problema.
Uma análise da estrutura de teorias é de grande valia para tanto. Pickett et al. (1997) apresentam um ponto de
partida através do qual pesquisadores podem identificar os elementos da teoria, como pressupostos, definições e
hipóteses, mesmo quando estes não estão explícitos nos trabalhos originais. Esta análise também ajuda a diferenciar
conceitos utilizados de modo confuso até na literatura de ponta, como teoria, hipótese e modelo. Esta “consciência
teórica” dos profissionais é o primeiro passo para amenizar o imbróglio conceitual apontado por Peters (1991).
Infelizmente, muitos ignoram o desenvolvimento da teoria e tomam suas decisões comodamente a partir de
dogmas, aplicando-os a quaisquer situações. Por exemplo, ao declarar que fragmentos florestais maiores sempre serão
mais ricos em espécies que os menores, evocando a Teoria de Biogeografia de Ilhas, mas desconsiderando que há uma
série de pressupostos para se chegar a esta conclusão. Sem que seja feita a ligação entre prática conservacionista /
teoria ecológica / análise filosófica, as respostas continuarão sendo ambíguas e resultados inesperados seguirão
aparecendo. Em muitas ocasiões será melhor proteger um fragmento maior do que uma série de pequenos fragmentos.
Mas, dependendo da heterogeneidade espacial do ecossistema, do tipo de matriz e de outros fatores, isso pode não
funcionar.
Com base no texto quais os objetivos dos autores e as possíveis respostas necessárias para ligação
entre ecologia e conservação.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ECOLOGIA DA CAATINGA
SELEÇÃO 2010.02 – PROVA DE CONHECIMENTOS GERAIS
QUESTÕES ESPECÍFICAS (O candidato deverá responder 2 (duas) questões sendo 1 (uma) de
acordo com sua linha de pesquisa acolhida):
QUESTÃO 2 – Biodiversidade da caatinga
a) Comente e justifique as principais adaptações morfofisiológicas das plantas ao bioma caatinga.
b) Discorra sobre a biodiversidade na Caatinga de modo geral. Em sua opinião, quais são as ameaças a
esta biodiversidade?
QUESTAO 3 – Ecologia Comportamental
a) A partir do paradigma da Teoria do Forrageio Ótimo, identificar e discutir os fatores determinantes
das estratégias adotadas pelas diferentes espécies de um grupo de vertebrados de seu conhecimento
b) O comportamento social é característico em diversos grupos animais, vertebrados e invertebrados, e
apresenta diferentes graus de complexidade, dependendo da espécie. A eusocialidade é considerada a
mais complexa associação cooperativa animal existente, sendo presente em todas as espécies de
formigas e cupins e algumas espécies de abelhas. A eusocialidade é definida por três características:
(1) divisão de trabalho, com um sistema de castas formado por indivíduos estéreis; (2) cooperação
entre os membros da colônia no cuidado com os juvenis; (3) sobreposição de gerações dentro da
mesma colônia. Entre os insetos sociais, as espécies eusociais são as que apresentam as maiores e mais
numerosas colônias, maior dominância de habitats e maior distribuição geográfica.
Com base no texto acima responda: Do ponto de vista ecológico, compare as vantagens e desvantagens
do comportamento social e explique o sucesso das espécies eusociais, mesmo havendo riscos
associados a esse tipo de comportamento.
QUESTÃO 4 – Ecologia da Restauração e Recuperação
a) Com base nos seus conhecimentos e considerando-se o acelerado processo de degradação ambiental
observado nos dias atuais na Região Nordeste, elabore uma proposta para realização de um Plano de
Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD).
b) Descreva sobre a importância da regeneração natural como método de recuperação de áreas
degradadas e indique as principais estratégias que podem ser empregadas para esta finalidade.
QUESTAO 5 – Genética e Evolução
Explique se há alguma contradição na afirmação: A redundância de nucleotídeos no código genético é
produto de mutação silenciosa e quando há mudanças nos nucleotídeos estes não mudam a
especificação do aminoácido por um códon, e por tanto não expressos no fenótipo, portanto não trás
nenhum beneficio na adaptação no meio.
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