A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO ANÁLISE DAS DENSIDADES DE DRENAGEM E DE LINEAMENTOS COMO SUBSÍDIO AOS ESTUDOS NEOTECTÔNICOS NA BACIA DO RIBEIRÃO ARAQUÁ-SP ANDRÉ DE OLIVEIRA SOUZA1 ARCHIMEDES PEREZ FILHO2 Resumo: O objetivo desse trabalho é compreender as influências dos controles estruturais na organização da rede de drenagem da bacia hidrográfica do Ribeirão Araquá. Para isso, foram utilizados dois índices morfométricos relacionados à drenagem e aspectos retilíneos do relevo. A área de estudos abrange dois municípios paulistas: São Pedro e Charqueada; além de estar inserida no contato entre a Zona de Cuestas e a Depressão Periférica Paulista. Encontram-se na área litologias Paleozóicas, Mesozóicas, Cenozóicas e sedimentos recentes. No trabalho, foram utilizados o Aster Gdem com 30 metros de resolução espacial e o software ArcMap 10.2. Os resultados indicam que as densidades de lineamentos e de drenagem apresentaram importante correspondência com as anomalias de drenagem presentes na bacia, evidenciando que as mesmas podem estar vinculadas à reativação de antigas zonas de cisalhamento e, consequentemente, na retomada erosiva de alguns setores da bacia. Palavras-chave: Índices Morfométricos; Neotectônica; Bacias Hidrográficas. Abstract: The aim of this study is to understand the influence of structural controls in the organization of the drainage system of the basin of Ribeirão Araquá. For this, we used two morphometric indices related to drainage and rectilinear aspects of relief. The study area covers two cities: São Pedro and Charqueada; in addition to being inserted into the contact between the Cuestas Zone and the Paulista Peripheral Depression. They are in lithologies area Paleozoic, Mesozoic, Cenozoic and recentes sediments. At work, were used the Aster GDEM with 30 meters spatial resolution and ArcMap 10.2 software. The results indicate that the drainage lineaments and density had significant correspondence with the drainage anomalies in the basin, showing that they can be linked to the reactivation of ancient shear zones and consequently the erosive resumption of some sectors of the basin. Key-words: Morphometric Index; Neotectonics; Watershed. 1 – Introdução A gênese e evolução das formas de relevo estão associadas a diversos mecanismos naturais interagindo entre si a partir diversas perspectivas e que 1 - Programa de pós-graduação em Geografia do Instituto de Geociências, Universidade Estadual de Campinas. E-mail de contato: [email protected] 2 Docente do programa de pós-graduação da Universidade Estadual de Campinas. E-mail de contato: [email protected] 6665 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO envolvem diferentes relações espaço-temporais. Neste sentido, a partir da correlação entre os sistemas naturais e, em alguns casos, a ação antrópica, o modelado do relevo se efetiva a partir das especificidades de cada sistema ambiental. Em ambientes tropicais úmidos e situados em posições intraplaca, a complexidade das formas de relevo correlaciona-se a intensidade do intemperismo, sobretudo, as transformações químicas. Neste âmbito, as deformações neotectônicas são, por muitas vezes, delineadas de modo sutil; exigindo, assim, a associação de técnicas que perfazem o uso de quantificações e geotecnologias, associadas ao estudo da rede de drenagem. A bacia do Ribeirão Araquá, localizada no estado de São Paulo, apresenta algumas dessas características inerentes à sua localização além de anomalias de drenagens (Mapa 1). Nesta perspectiva, estudos anteriores abordaram evidências de eventos neotectônicos na elaboração da rede de drenagem da área, bem como de bacias adjacentes (Penteado, 1968; Melo, 1995; Facincani, 2000); corroborando com a possibilidade de ajustes estruturais na gênese das anomalias de drenagem encontradas. Neste sentido, o presente trabalho busca avaliar, através da comparação de dois índices morfométricos, a dinâmica geomorfológica da bacia do Ribeirão Araquá abordando aspectos estruturais como responsáveis pela organização da rede de drenagem. Compreende-se que eventos neotectônicos podem ter sido responsáveis pela alteração na dinâmica do sistema fluvial e, consequentemente, pela elaboração de knickpoints em perfis longitudinais dos principais cursos que, concomitantemente, podem ter conduzindo a possíveis anomalias de drenagem identificadas na área de estudos. De acordo com Howard (1967), as anomalias de drenagem ao longo de uma bacia hidrográfica podem ser representadas por canais retilíneos, ocorrência localizada e abrupta de curvas meândricas, trechos de meandros comprimidos, estreitamento e alargamento de fundo de vales com preenchimentos aluviais, represamentos com desenvolvimento de trechos embrejados, curvas e voltas abruptas na drenagem. 6666 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO MAPA 1 : REDE DE DRENAGEM DA BACIA DO RIBEIRÃO ARAQUÁ-SP 6667 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Bishop (1995) define três formas de rearranjo da rede de drenagem: captura, desvio e decaptação. Para este autor todas essas formas são úteis para distinguir entre um rearranjo da bacia hidrográfica e rearranjo de determinada linha de drenagem. A diferença entre ambos, é que enquanto um envolve a uma invasão progressiva de um sistema em outro adjacente, resultando na transferência de uma área drenada para outro sistema, o outro envolve a transferência tanto de áreas inteiras como de canais, com a preservação de parte do canal original da antiga área drenada. Importante mencionar que o uso da morfometria nos estudos geomorfológicos é recorrente desde o final do século passado, com trabalhos desenvolvidos por Horton (1945); Strahler (1957); Schumm (1977) e no Brasil, por Christofoletti (1969) e Perez Filho (1978); e tem se tornado usual como ferramentas para a investigação da evolução da paisagem, sobretudo, em decorrência da disponibilidade de Modelos Digitais de Elevação (MDEs) de alta resolução e plataformas SIGs que facilitaram os cálculos deste tipo de informação (Troiani et al. 2014). De modo geral, compreende-se que os índices morfométricos são importantes indicadores de mudanças nos cursos d’água, as quais podem estar associadas a contextos litoestruturais e deformações de cunho neotectônico. Neste sentido, a análise das densidades de drenagem e da densidade de lineamentos tem por objetivo avaliar a importância da estrutura no controle erosivo da bacia estudada. 2 – Localização e Caracterização da Área de Estudos A bacia hidrográfica do Ribeirão Araquá está localizada no estado de São Paulo, abrangendo parte de dois municípios: São Pedro e Charqueada (Mapa 2). A área de estudos compreende um quadrante delimitado pelas coordenadas longitudinais 47º55’30’’W e 47º45’00’’W; e latitudinais 22º25’30’’S e 22º39’0’’S. A bacia em sua totalidade drena uma área de 279,20 Km², sendo que o Ribeirão Araquá constitui-se como afluente da margem direita do Rio Piracicaba. A área de estudos insere-se no contato entre dois compartimentos geomorfológicos: 6668 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Depressão Periférica Paulista e a Zona de Cuestas, ambos inseridos no contexto da Bacia Sedimentar do Paraná. O rio principal tem aproximadamente 38 km de extensão, cuja orientação, grosso modo, é de norte-sul. Suas nascentes estão localizadas na Serra de Itaqueri e Serra de São Pedro, a norte e leste consecutivamente. Neste contexto, a rede de drenagem desta bacia é responsável pela dissecação de diferentes formas e feições geomorfológicas, além de estarem submetidas a diferentes resistências provenientes das características heterogênicas dos variados contextos litológicos e pedológicos. MAPA 2 : LOCALIZAÇÃO DA BACIA DO RIBEIRÃO ARAQUÁ-SP Na área de estudos são encontradas litologias de diferentes idades e que possuem características diferenciadas quanto à sua classificação e origem (sedimentar e cristalina). São identificadas rochas pertencentes à Fm. Serra Geral, Fm. Piramboia, Fm. Corumbataí, Fm. Botucatu e Fm. Itaqueri. 6669 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Do ponto de vista estrutural, na bacia do Ribeirão Araquá encontram-se diversos alinhamentos estruturais que estão impressos em litologias das diferentes formações. Riccomini (1997) reconheceu alinhamentos estruturais correspondentes ao do Rio Tietê, de direção NW; do Rio Moji-Guaçu, de direção NNW e o alinhamento São Carlos-Leme, de direção WNW; considerando-se vinculados a movimentos transcorrentes e relacionados formas de relevo conhecidas como domo de Pitanga, Artemis, Pau d’alho e Jiboia. Sousa (2004) identificou duas orientações de lineamentos mais expressivas na região da bacia do Rio Corumbataí, situado nas adjacências da bacia estudada. De acordo com o autor, a primeira direção E-W estão marcadas em trechos do Corumbataí, assim como de alguns afluentes de bacias que drenam para o rio Piracicaba, sendo o caso, portanto, da área estudada. A segunda direção mais expressiva correlaciona-se a orientação N-S, evidentes na maioria dos afluentes da margem direita do Ribeirão Araquá, desde a sua nascente até a foz no Piracicaba. Penteado (1968) também afirma a existência de importantes alinhamentos, tanto da drenagem como das formas de relevo. Sendo assim, a autora supracitada refere-se a falhamentos de orientações principais ENE-WSW, NNE-SSW, N-SE e falhamentos secundários de orientação SW-NE e NNW-SSE. Santos e Ladeira (2006) identificaram evidências de ajustes tectônicos cenozoicos em perfis lateríticos localizados na Serra de Itaqueri. De acordo com os autores coexistem juntas de falhas de diferentes orientações, sendo elas: NE-SW, NW-SE, E-W e N-S. No entanto, salienta-se que Penteado (1963) já havia apontado para ajustes tectônicos responsáveis pelo soerguimento e Serra de Itaqueri em relação a Serra de São Pedro, além de outros aspectos como lineamentos e estruturas controlando a dinâmica tectônica da região. Na bacia hidrográfica do Ribeirão Araquá, Facincani (2000) reconheceu lineamentos vinculadas a falhas com quatro orientações distintas: N-S; E-W; NW-SE e NE-SW. Ainda de acordo com a autora, parte desses falhamentos associa-se a abatimentos de blocos para SW como consequência de movimentos tectônicos positivos. 6670 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO 3 – Materiais e Método O presente trabalho tem como aporte teórico as proposições advindas da Teoria dos Sistemas Gerais (Christofoletti, 1979). No âmbito metodológico foram avaliados, de modo sistêmico, os resultados provenientes da densidade de lineamentos, densidade de drenagem e da espacialização da rede de drenagem. 3.1 - Densidade de Lineamentos A densidade de lineamentos foi elaborada após a extração dos lineamentos a partir do MDEs sombreadas conforme diferentes azimutes. Deste modo, foram elaborados 4 hillshades de acordo com os azimutes de 180º, 360º , 315º e 45º. O mapa de lineamentos foi elaborado seguindo as propostas de diversos autores como Ricommini e Crósta (1988), Oliveira et al. (2009), Correa e Fônseca (2010). O mapa de densidade de lineamentos foi elaborado utilizando o shape com todos os lineamentos anteriormente cartografados e o desdobramento da ferramenta Density inserida em Spatial Analyst Tools. Optou-se pela análise estatística denominada Line a partir de um círculo com raio de 1000 metros. 3.2 - Densidade de Drenagem De acordo com Christofoletti (1969), a densidade de drenagem define-se como a relação do comprimento total dos rios ou canais (incluindo cursos perenes e intermitentes) com a área da bacia hidrográfica. Salienta-se que o referido índice foi proposto por Horton (1945), sendo utilizado de modo pioneiro no Brasil por França em 1952, o qual correlacionou os valores com as características pedológicas na região de Piracicaba-SP. A densidade de drenagem da bacia do Ribeirão Araquá foi elaborada com o auxílio dos dados tipo raster vinculados a ASTER GDEM. Em um primeiro momento foi extraída a drenagem através da ferramenta Hidrology. Posteriormente, a partir da 6671 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO ferramenta Density, disponível em Spatial Analyst Tools, foi elaborado o mapa da densidade de drenagem. A análise matemática foi realizada a partir de um círculo com área de 1700 metros quadrados que, consequentemente, conduziu a unidade de Km/Km², correspondente aos níveis de densidade expostos no mapa final. 4 – Resultados e Discussões Os lineamentos cartografados (Mapa 3) possuem orientações preferenciais NNW-SSE e N-S, correlacionando-se às estruturas apontadas por diversos autores para a região, isto é, os falhamento, bem como as zonas de cisalhamentos identificadas na bacia do Ribeirão Araquá podem estar vinculadas ao contexto tectônico regional. Neste sentido, é possível afirmar que os trends identificados na bacia do Ribeirão Araquá estão em acordo com os falhamentos relacionados à história tectônica da Bacia Sedimentar do Paraná. O gráfico de roseta (Figura 1) apontou que, preferencialmente, os lineamentos ocorrem no quadrante 4 (Q4) e no quadrante 2 (Q2); correspondendo, portanto, as direções NNW-SSE; N-S e NW-SE. Sendo assim, foi possível delinear feições linearess que podem estar associados a falhamentos correlacionados a diferentes evento tectônicos. Figura 1: Roseta indicando as orientações dos lineamentos na bacia do Ribeirão Araquá (Elaboração: Souza e Perez Filho, 2015). 6672 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO MAPA 3 : LINEAMENTOS NA BACIA DO RIBEIRÃO ARAQUÁ-SP 6673 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO No âmbito da rede de drenagem, foi possível observar que alguns setores retilíneos, bem como parte das anomalias de drenagem presentes na bacia se sobrepõem às formas de relevo lineares apontadas no mapa 3. As anomalias de drenagem, que em grande parte estão representadas por trechos retilíneos e desvios abruptos, podem, assim, estar relacionada ao controle imposto por estruturas tectônicas. No entanto, não se descarta a possibilidade de controles litológicos na conformação das mesmas. Acerca das anomalias de drenagem identificadas na bacia, os desvios realizados pelo Ribeirão Araquá, caracterizando feições de shutter ridges na alta bacia, podem estar relacionados a movimentos transcorrentes ocorridos durante o Plesitoceno-Holoceno, o qual também pode ter ocasionado o abatimento de blocos, como aponta Facincani (2000). Nas proximidades, afluentes da margem direita apresentam trechos retilíneos; do mesmo modo em na margem esquerda, o Córrego da Grama apresenta curvas abruptas que possivelmente decorrem de capturas de drenagem (wind gap) associados aos eventos acima mencionados. Importante mencionar que Dias e Perez Filho (2015) reconheceram altos terraços na bacia do rio Corumbataí, sistema adjacente, com idades que remontam ao Holoceno. De acordo com os autores, esses terraços associam-se a mudanças ambientais, conduzindo a hipótese de que provavelmente as deformações neotectônicas ocorreram antes dos 6.000 anos A.P. O mapa da densidade de lineamentos (Mapa 4) apontou áreas em que é possível se destacar uma grande quantidade de lineamentos por Km². São elas: Alta bacia, Média bacia e no Córrego da Grama, margem esquerda do Ribeirão Araquá. Deste modo, os altos valores identificados na alta bacia correspondem, em partes, aos controles impostos pelo conjunto de lineamentos associados às zonas de cisalhamentos identificadas na área e no âmbito regional. Destaca-se que trabalhos, como de Santos e Ladeira (2006), apontam para um conjunto de lineamentos impressos em perfis lateriticos na Serra de Itaqueri; corroborando com a hipótese de falhamentos nessa área. 6674 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO MAPA 4 : DENSIDADE LINEAMENTOS NA BACIA DO RIBEIRÃO ARAQUÁ-SP 6675 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO No Córrego da Grama, localizado na margem esquerda da bacia, é identificada uma série de anomalias de drenagem correspondentes com os lineamentos NNW-SSE. Salienta-se que o mapa da densidade de drenagem (Mapa 5), também apresenta valores elevados nesse setor da bacia, conduzindo, à interpretação de que ajustes recentes da rede drenagem podem ter ocorrido em decorrência da alteração dos níveis de base por evento neotectônico. Na Serra de Itaqueri e em trechos da Serra de São Pedro, os altos valores da densidade de drenagem correspondem às áreas de nascente dessa bacia. No entanto, uma maior concentração na alta bacia, pode indicar, além da imposição topográficos na elaboração do relevo da bacia, aspectos correlacionados a litologia e tectônica, uma vez que os valores da densidade de lineamento também se destacou nesse setor da bacia. Sendo assim, como mostrado por Hiruma e Ponçano (1994), há uma relação significativa entre o contexto litoestrutural de uma área com a sua densidade de drenagem. Sendo assim, na bacia do Ribeirão Araquá os setores com densidade de drenagem significativa correlaciona-se com os principais trends mapeados, os quais foram possíveis de agrupar no mapa de densidade de lineamentos. Em relação à densidade de drenagem (Mapa 5), foi possível atentar-se ao fato de que na baixa bacia apresenta valores altos da densidade (tons escuros de azul), mostrando correlação entre os dados provenientes de outros índices morfométricos e com os aspectos estruturais outrora apresentados e, portanto, apresenta interferência litoestrutural nos processos erosivos e, consequentemente, na gênese e espacialização das coberturas superficiais. A densidade de lineamentos, bem como a densidade de drenagem, apontou para setores com altos valores e que se correlacionam às principais anomalias de drenagem, como cotovelos vinculados a possíveis capturas de drenagem, trechos retilíneos, deslocamentos relacionados a movimentos transcorrentes dentre outras feições, indicando que a reorganização da rede de drenagem ocorreu de acordo com aspectos litoestruturais. 6676 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO MAPA 5 : DENSIDADE DE DRENAGEM NA BACIA DO RIBEIRÃO ARAQUÁ-SP 6677 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO 5 – Considerações Finais A partir dos resultados apresentados é possível tecer algumas considerações acerca da dinâmica geomorfológica da área, assim como a correspondência entre as técnicas utilizadas. Sendo assim, é possível afirmar que na bacia hidrográfica do Ribeirão Araquá, eventos neotectônicos foram responsáveis pela reorganização da rede de drenagem, pois o sistema fluvial estudado apresenta diversas anomalias de drenagem que se sobrepõem a controles estruturais e litológicos apresentados nos índices morfométricos. No que tange às densidades apresentadas, pode-se observar a sobreposição de valores às anomalias de drenagem. Deste modo, os altos valores tanto da densidade de drenagem, quanto da densidade de lineamentos se correlacionaram à reorganização do sistema fluvial, a qual ocorreu possivelmente em decorrência de eventos neotectônicos. De modo geral, os parâmetros morfométricos utilizados apresentaram correspondência em relação aos valores obtidos, de modo que é evidente a aplicabilidade dos mesmos para os estudos em geomorfologia e, concomitantemente, para avaliação de ajustes de níveis de base como consequência de eventos neotectônicos. No entanto, salienta-se que também são necessárias outras abordagens para conclusões mais efetivas acerca do objeto estudado. 6 – Bibliografia BISHOP, P. Drainage rearrangement by river capture, beheading and diversion. Progress in Physical Geography, 19(4): 449-473, 1995. CHRISTOFOLETTI, A. Análise morfométrica das bacias hidrográficas. Notícia Geomorfológica, Campinas 9 (18): 9-34, 1969. CHRISTOFOLETTI, A. Análise de sistemas em geografia: introdução. São Paulo: Hucitec-Edusp, 1979. 106p. 6678 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO CORREA, A. C. B. FÔNSECA, F, N. lineamentos de drenagem e de relevo como subsídio para a caracterização morfoestrutural e reativações neotectônicas da área da bacia do Rio Preto, Serra do Espinhaço Meridional – MG. Revista de Geografia. Recife: UFPE – DCG/NAPA, v. especial VIII SINAGEO, n. 1, Set. 2010. DIAS, R. L. ; PEREZ FILHO, A. . 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