ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁ ESPECIALIZAÇÃO EM PRÁTICAS CLÍNICAS EM SAÚDE DA FAMÍLIA MARGARIDA MARIA LOPES NEPOMUCENO ADESÃO DAS GESTANTES AO EXAME DE PAPANICOLAUO NA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA DE PARIPUEIRA EM BEBERIBE-CEARÁ FORTALEZA 2009 MARGARIDA MARIA LOPES NEPOMUCENO ADESÃO DAS GESTANTES AO EXAME DE PAPANICOLAUO NA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA DE PARIPUEIRA EM BEBERIBE-CEARÁ Projeto de Intervenção submetido à Escola de Saúde Pública do Ceará, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Especialista em Práticas Clínicas em Saúde da Família. Orientadora: Profª. Ms. Carmem Cemires Cavalcante Costa FORTALEZA 2009 MARGARIDA MARIA LOPES NEPOMUCENO ADESÃO DAS GESTANTES AO EXAME DE PAPANICOLAUO NA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA DE PARIPUEIRA EM BEBERIBE-CEARÁ Especialização em Práticas Clínicas em Saúde da Família Escola de Saúde Pública do Ceará Aprovado em ____/____/____ Banca Examinadora: ____________________________________ Carmem Cemires Cavalcante Costa Mestre ______________________________________ Maíra Barroso Pereira Mestre ______________________________________ Geisy Lanne Muniz Luna Mestre SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. .6 2 OBJETIVOS.........................................................................................................9 2.1 OBJETIVO GERAL..........................................................................................9 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................................9 3 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................10 4 METODOLOGIA................................................................................................14 4.1 CENÁRIO DA INTERVENÇÃO....................................................................14 4.2 PROCEDIMENTOS DA INTERVENÇÃO....................................................14 4.3 RESULTADOS ESPERADOS........................................................................18 4.4 AVALIAÇÃO DA INTERVENÇÃO..............................................................18 5 CRONOGRAMA................................................................................................19 REFERÊNCIAS.....................................................................................................20 RESUMO O Câncer de colo uterino ainda é um problema de saúde pública em países em desenvolvimento. Assim, o exame para detecção precoce do câncer cérvico-uterino vem sendo o método mais eficiente e de baixo custo para rastreamento populacional. Tendo em vista uma cobertura insatisfatória do exame de Papanicolaou nas gestantes acompanhadas no PSF de Paripueira, distrito do Município de Beberibe, em maio de 2009, realizou-se um Projeto de Intervenção com o objetivo de aumentar a adesão das gestantes em realizar o exame preventivo, garantindo assim a prevenção e tratamento das afecções que possam acometer a gestante durante o período gestacional. Será realizadas oficinas nas micro-áreas com a população alvo, para conscientizar a comunidade da importância do exame de Papanicolaou; será formado grupos de gestantes para troca de experiência entre as mesmas e explicar a importância do exame de Papanicolaou na gravidez; implantaremos a sala de espera para demonstração do exame, de como o mesmo é realizado; será divulgado em um programa de rádio as informações necessárias para sensibilizar a população feminina da importância do exame, quais as conseqüências em não realizá-lo; será garantido que a gestante, realize o exame de prevenção, no dia da sua consulta de pré-natal; e por fim as ACS serão treinadas para explicar e tirar todas as dúvidas da população em relação ao exame de Papanicolaou. Posteriormente, este projeto será monitorado e avaliado pelos índices de coleta do exame de prevenção do câncer de colo do útero,em gestantes, os quais esperamos sejam aumentados. ABSTRACT The Uterine cervical Cancer still is problem of public health in developing countries. Thus, the examination for precocious detention of the cérvico-uterine cancer comes being the method most efficient and of low cost for population tracking. In view of a unsatisfactory covering of the examination of Papanicolaou in the pregnant accompanied in the basic Unit of Health of the family of Paripueira, district of the city of Beberibe, elaborated a project of intervention with the objective to increase the adhesion of the pregnant in carrying through the preventive examination, thus guaranteeing the prevention and treatment of the disorders that can affect the pregnant during the gestational period. For in such a way, they consider it accomplishment of workshops in the micron-areas with the white population, with intention to acquire knowledge the community concerning the importance of the examination of Papanicolaou, formation of groups of pregnant for exchange of experience between the women and clarification of the doubts concerning the accomplishment of the examination in the pregnancy; implantation of Room of Healthful Wait for explanation and demonstration of the examination; accomplishment of one Program of Radio destined to the woman with subjects related to the promotion of the health of the woman; it offers of the examination of prevention of a qualification of the Agents of Health on uterine cervical cancer so that the agents can multiply in the community. The monitoring and evaluation of this Project will be carried through the covering of preventive of the woman of the community, expecting, therefore, to increase the adhesion to the examination and to diminish the arising complications of not the accomplishment of the examination in the pregnancy. Words-key: Pregnancy; Papanicolauo; Nursing. 1 INTRODUÇÃO De acordo com Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Brasil, estima-se que o câncer do colo do útero seja o terceiro mais comum na população feminina, sendo superado pelo câncer de pele não melanoma e câncer de mama. Representando 10% de todos os tumores malignos em mulheres, o câncer de colo uterino é uma afecção progressiva iniciada com transformações intra-epiteliais progressivas que podem evoluir para um processo invasor num período que varia de 10 a 20 anos. É uma doença que pode ser prevenida estando, diretamente vinculada ao grau de subdesenvolvimento do país. (BRASIL, 2006). Segundo estimativas do INCA, em 2008, devem surgir no Brasil 18.680 novos casos de câncer de colo de útero. Dados sobre mortalidade mostram que, em 2002, no Brasil, o câncer de colo do útero foi responsável por 7,1% de todas as mortes por câncer em mulheres, ocupando a quarta posição. As taxas ajustadas de mortalidade por este tipo de câncer continuam moderadamente altas no país e, do ponto de vista temporal, vêm se mantendo estáveis: em 1979, a taxa era de 4,97/100.000, ao passo que, em 2002, era de 5,03/100.000, correspondendo a uma variação percentual relativa de 1,2%. (MARTINS; THULER; VALENTE, 2005). Os fatores de risco para o câncer de colo uterino são vários, entre eles pode-se destacar fatores sociais, ambientais e hábitos de vida, tais como baixas condições sócioeconômicas, atividade sexual precoce (antes dos 18 anos), pluralidade de parceiros sexuais, tabagismo, parcos hábitos de higiene e o uso prolongado de contraceptivos orais. A abordagem mais efetiva para o controle desse tipo de câncer continua sendo o rastreamento através do exame preventivo. Sendo fundamental que os serviços de saúde orientem sobre a importância do exame preventivo, pois a sua realização periódica permite reduzir em 70% a mortalidade por câncer do colo na população de risco. O INCA tem realizado diversas campanhas educativas para incentivar o exame preventivo tanto voltadas para a população quanto para os profissionais da saúde. (BRASIL, 2006). Ainda sobre os fatores de risco, estudos recentes mostram que o vírus do Papiloma Humano (HPV) e o Herpes vírus tipo II (HSV) têm papel importante no desenvolvimento da displasia das células cervicais e na sua transformação em células cancerosas. O vírus do HPV está presente em 99% dos casos de câncer do colo do útero. (DAVIM, 2005). Com a implantação da Estratégia Saúde da Família., que tem por objetivo proporcionar a integralidade da atenção com a atuação da Equipe de Saúde centrada na família e no território onde estão adscritas, foi possível estabelecer um vínculo maior com os indivíduos e sua família. No que refere à saúde da mulher , a Estratégia Saúde da Família pode desencadear ações de promoção e proteção, em especial na prevenção do câncer do colo do útero. A equipe de saúde pode trabalhar de diversas formas para motivar precocemente as mulheres a realizarem o exame de Papanicolauo, pois desde o cadastramento inicial até as visitas domiciliares de rotina, pode-se fazer o acompanhamento de todos os membros da família, esclarecendo dúvidas, enfrentando os mitos e tabus com relação a esse exame. No município de Beberibe, há 11 Equipes de Saúde Família distribuídas em 11 distritos que ofertam o exame de Papanicolauo com uma média de 50 exames ao mês para cada Unidade Básica de Saúde da Família (UBASF). No ano de 2008, de acordo com os registros do Boletim de Produção Ambulatorial, foram realizados 3.475 exames de prevenção do câncer de colo do útero, sendo detectado 23 casos de lesões de baixo grau (NIC I) e 05 casos de lesões de alto grau (NIC II/NIC III). (SIAB, 2008). Durante a prática profissional como enfermeira da UBASF de Paripueira, em Beberibe, observou-se que há uma grande resistência por parte das gestantes em realizar o exame preventivo, não procurando o serviço nem mesmo quando são encaminhadas pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Um dos motivos que leva as gestantes à não realizar o exame de prevenção é o medo de que o mesmo possa provocar algum malefício ao feto, pois para muitas, o exame pode causar aborto. Além disso, o próprio pudor e vergonha de se expor também devem ser considerados, tendo em vista a privacidade da paciente. Entretanto, a preocupação maior em relação às gestantes é o fato de que as mesmas, em não tratando as infecções ginecológicas, podem desenvolver complicações na gravidez e no momento do parto. A partir da constatação desse problema, surgiu a necessidade de se elaborar um Projeto de Intervenção para o Distrito de Paripueira, em Beberibe-Ceará, com ações focadas no trabalho educativo realizado pela equipe multiprofissional para conscientização desta clientela acerca dos benefícios do exame para a mulher em todas as situações, em especial na gestação. Espera-se, portanto, aumentar a adesão das gestantes ao exame Papanicolaou, prevenindo, além do câncer, complicações do parto causadas por afecções não tratadas na gravidez. 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral - Aumentar a adesão das gestantes ao exame Papanicolauo na Unidade Básica de Saúde da Família de Paripueira, em Beberibe-Ceará. 2.2 Objetivos Específicos 1. Capacitar os Agentes Comunitários de Saúde para divulgação, sensibilização e esclarecimento das dúvidas acerca do exame na comunidade. 2. Conscientizar a população quanto à importância do exame de Papanicolauo. 3. Constituir grupos de educação em saúde para as gestantes, com discussão de temas como a importância da realização do exame de Papanicolauo. 4. Implantar a Sala de Espera Saudável na Unidade para demonstração do exame e esclarecimento das dúvidas. 5. Organizar o atendimento na UBASF para realização do exame de Papanicolauo no momento das consultas de Pré-natal. 6. Implantar um Programa de Rádio para Promoção da Saúde da Mulher. 3 REVISÃO DE LITERATURA 3.1 Câncer de colo uterino: implicações para a saúde da mulher O câncer de colo uterino é uma afecção progressiva iniciada com transformações intra-epiteliais progressivas que podem evoluir para um processo invasor num período que varia de 10 a 20 anos. É uma doença que pode ser prevenida estando diretamente vinculada ao grau de subdesenvolvimento do país. (BRASIL, 2006). A liberdade e a independência feminina adquirida ao longo dos anos e fomentada pelo uso de anticoncepcionais orais proporcionou que as mulheres iniciassem a vida sexual cada vez mais jovens, acumulando um maior número de parceiros, contribuindo para o aumento das doenças sexualmente transmitidas (DST) e indiretamente para a neoplasia intraepitelial de colo do útero. (YASSOYAMA, 2006). Sabe-se, ainda, que o câncer do colo do útero tem relação com a infecção por Papiloma Vírus Humano (HPV), doença transmitida sexualmente, cuja infecção é mais freqüentemente diagnosticada durante a gravidez, em mulheres jovens, com início da atividade sexual antes dos 18 anos, com múltiplos parceiros sexuais, em fumantes e usuárias de anticoncepcionais orais. Várias lesões estão associadas ao HPV, desde anormalidades citológicas incipientes, displasias, até o câncer invasor. O material genético do HPV é encontrado em 90% dos casos de tumores de colo do útero. (YASSOYAMA, 2006). A literatura revela que 500.000 novos casos dessa patologia ocorrem a cada ano no mundo, apresentando, assim, altas taxas de mortalidade em mulheres de situação sócioeconômica baixa e no período produtivo e reprodutivo de suas vidas. Este fato interfere negativamente no papel que a mulher exerce no mercado de trabalho e no meio social, além de privar suas atividades no ambiente familiar.(COELHO, 2002). Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2008, deveriam surgir no Brasil, 18.680 novos casos de câncer de colo de útero, sendo que destes, 1.360 novos casos seriam detectados no estado de Minas Gerais. O câncer de colo de útero é um importante problema de saúde pública no Brasil. Em 2003, apresentou coeficiente de incidência de 18,32 por 100.000 e coeficiente de mortalidade de 4,58 por 100.000 mulheres, sendo a terceira neoplasia maligna mais freqüente e a quarta causa de óbito dentre os tumores malignos no sexo feminino. Existe uma grande variação nestes coeficientes no país, sendo os maiores observados nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. (SOUSA; FIORAVENTE, 2003). 3.2 Exame de Papanicolaou: simples e eficaz Detectar, diagnosticar e tratar as lesões cervicais pré-invasoras o mais precoce possível são as ações necessárias para prevenir o carcinoma invasivo. O médico grego George Nicholas Papanicolaou (1883–1962) apresentou um trabalho sobre suas aplicações no câncer uterino onde, a partir do esfregaço vaginal, foi possível detectar células malignas, tornando-se um dos estudos extraordinários na história do conhecimento do câncer de colo uterino. (COELHO, 2002). O exame preventivo de Papanicolaou é uma tecnologia simples, eficaz e de baixo custo para a prevenção do câncer cérvico-uterino e de suas lesões precursoras. O risco cumulativo do câncer cérvico-uterino é reduzido em 84% para mulheres rastreadas a cada cinco anos e em 91% para mulheres que fazem o preventivo a cada três anos. A realização anual do exame eleva a proteção em apenas 2%. O maior benefício será obtido quando o rastreamento for praticado em mulheres de 35 anos ou mais, porque nessa idade foi relatado aumento da incidência do câncer invasor. (OLIVEIRA, 2006). O Ministério da Saúde brasileiro recomenda que toda mulher que tem ou já teve atividade sexual deve se submeter a exame preventivo periódico, especialmente dos 25 aos 59 anos de idade. Inicialmente, o exame deve ser feito a cada ano. Após dois exames anuais seguidos apresentarem com resultado negativo para displasia ou neoplasia, pode-se adotar uma periodicidade a cada três anos. A população alvo da segunda fase de intensificação do Programa Nacional de Controle do Câncer Cérvico-Uterino (PNCCU) foi constituída por mulheres de 35 a 49 anos que nunca realizaram o exame de Papanicolaou ou que o realizaram há 3 anos ou mais. (BRASIL, 2006). Segundo o Ministério da Saúde, a cobertura deste exame na população feminina brasileira ainda é baixa. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estabelece uma cobertura de 85% da população feminina para obtenção de impacto epidemiológico na freqüência e distribuição do câncer cérvico-uterino. Após a instalação do PNCCU, a cobertura do preventivo vem aumentando significantemente. (BRASIL, 2006). 3.3 Importância da Estratégia Saúde da Família na Promoção da Saúde da Mulher A Estratégia Saúde da Família (ESF) é uma estratégia que tem por objetivo proporcionar a integralidade da atenção com a atuação da Equipe de Saúde centrada na família e no território onde essas famílias vivem. Na saúde da mulher, pode desencadear ações de promoção e proteção, em especial na prevenção do câncer do colo do útero, pelo exame preventivo. (YASSOYAMA; SALOMÃO; VICENTINI, 2005). A equipe de saúde da família apresenta um conjunto de condições favoráveis para realizar o exame de Papanicolaou, tendo em vista o vínculo que estabelece com as famílias desde o cadastramento inicial, as visitas domiciliares de rotina, os atendimentos ambulatoriais, os grupos de educação em saúde, podendo acompanhar de perto a saúde das mulheres de sua área de abrangência. Durante o pré-natal, o atendimento da mulher é um momento fundamental quando devem ser asseguradas as ações e as atividades de promoção e proteção tanto da saúde da mulher como do seu filho. Os profissionais da ESF devem favorecer o atendimento integral à saúde de indivíduos e da população, desenvolvendo ações que proporcionem esta integralidade, sendo, portanto, nessa perspectiva que a equipe poderá contribuir para uma vida mais saudável e de qualidade para a comunidade. 3.4 Exame de Papanicolaou na gestação: mitos e tabus Um dos fatores relacionados ao baixo impacto do preventivo é o uso tardio dos serviços de saúde pelas mulheres em risco. Além disso, a falta de seguimento e tratamento adequados para todas as mulheres que fora rastreadas, a realização de exames citopatológicos em mulheres com menos de 35 anos, o pouco conhecimento a respeito do preventivo e o medo associado à sua realização têm representado fatores importantes nessa avaliação. O ciclo gravídico-puerperal oferece oportunidade ímpar ao profissional de saúde, uma vez que, por ocasião da gravidez, a mulher procura voluntariamente o serviço. Além disso, o epitélio colunar (endocérvice), sede de origem da grande maioria dos carcinomas do colo, é normalmente mais acessível. Isto permite a coleta mais adequada do material para o diagnóstico citopatológico, ao mesmo tempo em que facilita a visualização, através do colposcópio, de imagens sugestivas de malignidade cervical. (BERTINI, 1992). De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer invasivo do colo do útero é a neoplasia maligna mais freqüentemente encontrada em associação com a gravidez. Por isso, o médico deve sempre indicar o exame de prevenção do colo do útero para a paciente, esteja ela gestante ou não. Entretanto, na prática diária no serviço público, observa-se, às vezes, a conduta arredia das mulheres quando se fala em fazer esse exame durante o período gestacional, em virtude da falta de conhecimento a respeito do mesmo, como também dos falsos mitos e tabus que existem sobre a realização do exame preventivo na gestante, como por exemplo: que o mesmo pode causar algum malefício ao feto, inclusive o aborto. (BRASIL, 2006). 4 METODOLOGIA 4.1 Cenário da Intervenção O Município de Beberibe está situado no Litoral Leste do estado do Ceará, com 46.155 habitantes e uma área territorial de 1.616 Km². A rede de serviços de saúde é composta por um Hospital Filantrópico; um Centro de Saúde de Referência, onde são atendidas as especialidades de Cardiologia, Ortopedia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Pediatria, dentre outras; um Centro de Referência de Saúde da Mulher (GEON), onde são realizadas colposcopias, ultrassonografias, cauterizações, pré-natal de alto risco, dentre outros; um Laboratório Central de Análises Clínicas, além de 11 UBASF distribuídas nos Distritos Sanitários, com 11 Equipes de Saúde da Família. Dentre as UBASF, a de Paripueira funciona com uma Equipe de Saúde da Família, composta por um médico, uma enfermeira, um dentista, três auxiliares de enfermagem, um técnico em higiene dental, um auxiliar de consultório dentário e onze agentes comunitários de saúde (ACS). A equipe é responsável por uma população adscrita de 4.674 habitantes. A cada mês, são atendidas na UBASF de Paripueira uma média de trinta gestantes para acompanhamento pré-natal. Cada gestante realiza, no mínimo, seis consultas de pré-natal durante a gravidez. Durante o acompanhamento, as gestantes que realizaram o exame preventivo há mais de um ano são encaminhadas pelos ACS para realização do mesmo. No momento, há 25 gestantes em acompanhamento pré-natal. Embora algumas gestantes realizem o exame preventivo, não há na UBASF registro do número de gestantes que fizeram este exame nos últimos anos. Portanto, os sujeitos da intervenção são todas as gestantes que residem na área adscrita da UBASF de Paripueira. 4.2 Procedimentos da Intervenção Em função dos objetivos que foram propostos para aumentar a adesão das gestantes atendidas na UBASF de Paripueira ao exame de Papanicolaou, propõe-se as seguintes ações: 1. Capacitação dos ACS Será realizada uma capacitação dos ACS com relação ao exame de Papanicolauo para que os mesmos possam atuar como multiplicadores na comunidade, informando sobre o procedimento e sua importância. A capacitação terá uma carga horária de oito horas e será realizada no auditório da Unidade, na sede do distrito. O tema abordado será a importância do exame de Papanicolaou, o procedimento e o esclarecimento dos mitos e tabus. Como atividade, os ACS farão uma busca ativa das gestantes que não realizaram o exame para encaminhá-las à Unidade. Posteriormente, a enfermeira acompanhará os ACS nas visitas domiciliares para avaliar a abordagem do agente na comunidade sobre esse tema. 2. Realização de oficinas educativas nas micro-áreas No ciclo de oficinas será abordada, principalmente, a importância da realização do exame de Papanicolaou entre a população alvo, ou seja, as gestantes que nunca fizeram o exame ou realizaram esse procedimento há mais de um ano. As oficinas serão realizadas semanalmente, de acordo com o cronograma de visitas nas micro-áreas, com previsão de dois meses para conclusão das mesmas, considerando um total de oito micro-áreas. A mobilização das pessoas será feita através dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e de avisos na rádio local. Para as oficinas, serão utilizados cartazes confeccionados pelo próprio grupo sobre o assunto em questão para saber o nível de conhecimento prévio sobre o exame de Papanicolaou. Em seguida, será feita uma apresentação de um vídeo sobre a importância do exame e seu procedimento e esclarecidos os mitos e tabus. Após a realização da oficina, será aplicado um breve questionário a respeito do que foi apresentado para avaliação do conhecimento adquirido do grupo. 3. Implantação do Grupo de Gestantes Nesse grupo, serão discutidos temas relacionados à importância do exame Papanicolaou, investigação dos motivos pelos quais as gestantes não querem realizar o exame na gravidez, desmistificação dos tabus e crenças em torno do exame, dentre outros. A sensibilização das gestantes será feita durante a vinda das mesmas para a consulta de pré-natal realizada pela enfermeira, médico e demais componentes da equipe. O grupo será realizado mensalmente, no auditório da Unidade Básica de Saúde, utilizando material audiovisual sobre diversos temas importantes para a gestante, como por exemplo: trabalho de parto, cuidados com o recém nascido, aleitamento materno e, principalmente, sobre o exame de Papanicolaou na gravidez. 4. Implantação da Sala de Espera Saudável Um conjunto de atividades de educação em saúde serão realizadas na sala de espera, denominando esta ação de ‘Sala de Espera Saudável’. Nos dias de pré-natal e de prevenção do câncer de colo uterino, será realizado na sala de espera demonstrações do exame de Papanicolaou, quando as mulheres poderão conhecer o material e todas as etapas do procedimento. A Sala de Espera Saudável acontecerá todas as quartas-feiras, considerando o agendamento de pré-natal e prevenção, no auditório da Unidade, onde o médico e a enfermeira se reunirão com as mulheres para falar sobre o exame de Papanicolaou e simular o procedimento, através de uma prótese pélvica, espéculos, pinças de cheron, dentre outros. 5. Realização do exame de Papanicolauo nas consultas de pré-natal Na primeira consulta pré-natal, será ofertado e agendado o exame de prevenção do câncer de colo do útero para as gestantes. O exame será realizado nos dias das consultas de pré-natal, na perspectiva de aproveitar a oportunidade da vinda da gestante à Unidade. Dessa forma, será possível realizar o exame até o final do 2º trimestre da gravidez, para que haja tempo hábil para tratamento das afecções ginecológicas. A Unidade será organizada de forma que, no dia da consulta, a gestante possa realizar também o exame de Papanicolaou, destinando para isso uma sala específica para a prevenção. Será feito o agendamento de seis consultas de pré-natal, distribuídas entre o médico e a enfermeira, possibilitando que esta possa, além de realizar a consulta da gestante, fazer a coleta de Papanicolaou nas mulheres que tenham indicação. Esse atendimento duplo se dará uma vez por semana. 6. Implantação do Programa de Rádio ‘Espaço Mulher’ Será realizado um programa semanal na Rádio local dedicado às mulheres de Paripueira, sob o tema ‘Saúde da Mulher’, no qual um profissional de saúde abordará temas nesse campo, com ênfase ao exame preventivo de câncer de colo uterino, com possibilidade de interação com o público para responder as dúvidas da comunidade sobre o procedimento e realizar um trabalho de conscientização. Para tanto, a equipe fará uma reunião com a direção da Rádio local para pactuar um horário destinado à saúde da mulher, onde serão abordados temas relacionados com a promoção da saúde. Para promover a interação, os ACS durante as visitas solicitarão à comunidade a fazer perguntas para os profissionais de saúde que serão respondidas na Rádio, no horário do Programa. Será dada a oportunidade ao próprio público de escolher os temas a serem debatidos no Programa, previsto para acontecer semanalmente, no horário do meio dia. 4.3 Resultados esperados Com a realização das ações propostas nesse Projeto, espera-se obter os seguintes resultados: − Aumento de 85% da cobertura do exame de Papanicolaou realizado em gestantes acompanhadas na UBASF de Paripueira. − Aumento de 85% da cobertura do exame de Papanicolaou realizado em mulheres em idade fértil e que residem na área adscrita da UBASF de Paripueira. 4.4 Avaliação da Intervenção Considerando que o monitoramento e a avaliação são etapas fundamentais para analisar o sucesso dos objetivos, além de possibilitar maior visibilidade ao que está sendo realizado e de que forma, pretende-se utilizar os seguintes instrumentos: - Monitoramento mensal do número de coletas de exames preventivos em gestantes acompanhadas na UBASF de Paripueira, por meio do Livro de Acompanhamento de Exame Preventivo de Câncer de Colo Uterino. - Registro das perguntas da comunidade coletadas pelos ACS nas micro-áreas destinadas ao Programa de Rádio. - Registro fotográfico das oficinas realizadas nas micro-áreas e na Sala de Espera. - Freqüência dos ACS no processo de capacitação sobre Exame Papanicolaou. 5 CRONOGRAMA JULHO ATIVIDADES AGOSTO SEMANAS SEMANAS 1 ª 1. Oficinas 1.1 Planejamento 1.2 Seleção de material 1.3 Realização das oficinas nas micro-áreas 2. Grupo de gestantes 2.1 Planejamento 2.2 Aquisição do material 2.3 Realização do grupo 3. Sala de espera saudável 3.1 Planejamento 3.2 Realização 4. Programa de Rádio 4.1 Planejamento 4.2 Realização 5. Capacitação dos ACS 5.1 Planejamento 5.2 Realização 2.3 Realização do grupo 2 3ª ª 4 ª 2009 OUTUBR SETEMBRO O SEMANAS SEMANAS 1 2 3ª ª ª 4ª 1ª 2ª X X X X X X X X X X 3ª 4 ª 1ª 2ª 3 4 ª ª NOVEMBRO SEMANAS 1ª 2 3ª ª 4ª DEZEMBR O SEMANAS 1ª 2ª 3ª 4 ª X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X REFERÊNCIAS BERTINI, A. M.; CAMANO, L. O valor do exame rotineiro de papanicolaou no pré-natal na prevenção do carcinoma do colo uterino. Rev Bras Ginecol Obstet., v. 14 , n.3, p. 137-146, 1992. BRASIL. Ministério da Saúde. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama. Brasília, DF, 2006, p. 53-90. (Cadernos de Atenção Básica, 13). 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