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A LITOSFERA: O RELEVO
O que é relevo?
1- Observando a parte superficial da litosfera, isto é, o terreno sobre o qual vivemos, sobre o qual construímos cidades e estradas, vemos
que ela apresenta formas variadas. Ao conjunto de formas variadas da superfície terrestre, damos o nome de relevo.
1.1- Podemos afirmar que o relevo é o modelado da superfície terrestre. Por que? Por que ele é constituído de áreas mais altas, áreas
mais baixas, terras planas, terras acidentadas, que modelam – isto é, dão forma – a superfície terrestre. As principais formas de relevo
são montanhas, planaltos, planícies e depressões.
Montanhas
2- Montanhas são as formas elevadas do relevo, que se destacam por apresentar altitudes superiores às das regiões vizinhas. As
montanhas mais elevadas são as que resultam de dobramentos, isto é, de forças internas (em geral, do encontro de placas tectônicas),
que provocaram enormes dobras nas rochas, dando origem a cadeias de montanhas.
2.1- Tanto nos continentes quanto no fundo dos oceanos, existem montanhas de dobramentos. São as chamadas montanhas jovens ou
típicas, que surgiram no período Terciário (era Cenozóica). Podemos citar como exemplos de montanhas de dobramentos: a cadeia dos
Andes, na América do Sul; as montanhas Rochosas, na América do Norte; e o Himalaia, na Ásia, que tem as maiores altitudes do planeta.
2.2- Existem outros tipos de montanhas, embora com menores altitudes. Podemos destacar as montanhas vulcânicas, isto é, resultantes
de vulcões, e as montanhas constituídas por blocos falhados, isto é, por áreas que sofreram dobramentos e ruptura ou falha nas rochas,
tendo uma parte ficando erguida acima da outra (no Brasil, as serras da Mantiqueira e da Bocaina têm essa origem). Existem também as
montanhas originadas do menor desgaste de rochas de uma área, que, por serem mais resistentes, ficaram com maiores altitudes do que
as áreas vizinhas. São montanhas que levaram milhões de anos para se formar.
Planaltos
3- Planaltos, ou platôs, são áreas de terras altas com topos relativamente planos e bordas nítidas. São menos elevados que as
montanhas e, normalmente, mais do que as planícies e depressões. Os planaltos são menos planos – isto é, mais acidentados – que as
planícies e neles predomina o processo de erosão. De acordo com as rochas de que são formados, os planaltos podem ser classificados
em:
 Planaltos cristalinos: constituídos de rochas cristalinas (ígneas intrusivas) e metamórficas, que são restos de antigas montanhas de
dobramento que foram erodidas ou desgastadas pela erosão. No Brasil, podemos citar como exemplos de planaltos cristalinos o planalto
de Campos do Jordão – SP e o de Borborema, no nordeste.
 Planaltos sedimentares: originados de áreas de rochas sedimentares, que eram baixas e que foram erguidas por movimentos internos
da crosta. Como exemplo de planalto sedimentar, temos o planalto do Maranhão-Piauí, no Nordeste brasileiro.
 Planaltos basálticos: formados por rochas ígneas extrusivas ou vulcânicas. Grandes extensões do território brasileiro são ocupadas por
planaltos basálticos, podendo-se mencionar como exemplo o planalto Meridional, no Sul do País, que é constituído de rochas basálticas.
Planicies
4- Planícies são áreas planas onde, normalmente, há acumulo ou deposição de sedimentos. As planícies, em geral ficam do lado e abaixo
dos planaltos e montanhas, que são áreas onde predomina a erosão. Podem ter várias origens: vales fluviais (de rios), sedimentos
trazidos pelos ventos, pelas geleiras, pelo entulhamento de lagos, etc.
Depressões
5- Depressões são áreas deprimidas ou rebaixadas em relação às regiões vizinhas. Quando uma depressão fica abaixo do nível do mar,
dizemos que ela é absoluta. Um exemplo de depressão absoluta é o mar Morto, na Ásia, localizado a 396 m abaixo do nível do mar. O
mar Morto é a áreas de menor altitude dos continentes e ilhas. Quando a depressão fica acima do nível do mar, dizemos que ela é
relativa.
Agentes modificadores do relevo
6- Tanto a origem das formas de relevo quanto as modificações que elas sofrem com o tempo são resultantes de forças externas e
internas da Terra.
6.1- As forças internas são aquelas que vem do interior do planeta e que deram origem às rochas mais antigas: as rochas ígneas, ou
magmáticas. Também chamadas de agentes internos, elas dão origem aos vulcões, aos terremotos, aos dobramentos, etc. o principal
agente interno é a tectônica das placas, que ocasiona os terremotos, os dobramentos e as erupções vulcânicas.
6.2- as forças externas são aquelas que provêm do clima, das águas ou dos seres vivos. Causam erosão nas partes mais elevadas da
crosta terrestre e transportam os detritos, acumulando-os nas partes mais baixas. Por causa desse trabalho de erosão (desgaste),
transporte e sedimentação (deposição), elas são também chamadas de agentes externos modificadores de relevo.
6.3- Quando numa área há rochas com baixa resistência (que se desgastam rapidamente) e com alta resistência (que pouco se
desgastam), os agentes externos acabam provocando desníveis. Isso porque, com o tempo, as rochas resistentes vão formando um
relevo de maiores altitudes (de planaltos ou até montanhas) em relação às áreas vizinhas.
6.4- os principais agentes externos são a água, o gelo (geleiras), o vento e os seres vivos.
Agentes internos
7- A tectônica das placas, ou seja, o movimento das placas tectônicas, é a grande responsável pelos fenômenos que acontecem no
interior da terra: os terremotos, ou sismos, as erupções vulcânicas e a formação das grandes cadeias de montanhas. Desses três
importantes fenômenos naturais resultam algumas formas de relevo do nosso planeta.
7.1- É importante compreender que existe uma profunda relação entre as cadeias montanhosas, os vulcões e os abalos sísmicos. Em
outras palavras, é nas áreas de contato entre duas placas tectônicas que se localizam os vulcões e ocorrem os terremotos.
7.2- Quando duas placas tectônicas se aproximam, geralmente se forma uma bacia sedimentar na profundidade, mais conhecida como
geossinclinal. No momento em que as placas se encontram, os terrenos mais leves, que estavam no fundo da geossinclinal, se erguem e
se dobram. Esse dobramento das duas extremidades de cada placa se deve à maleabilidade que eles, apesar de se alterarem
intensamente, não se rompem.
7.3- Como resultado do erguimento e do dobramento dos terrenos, formaram-se as grandes cadeias montanhosas que existem hoje. Foi
assim que surgiram a cordilheira dos Alpes, na Europa, a dos Andes, na América do Sul, as Montanhas Rochosas, na América do Norte,
a cadeia do Atlas, na África, e a cadeia de montanhas do Himalaia, na Ásia. Além das cadeias montanhosas, nas áreas de contato entre
duas placas tectônicas, formaram-se também arcos insulares, isto é, ilhas em forma de arcos, mais ou menos alinhadas entre si.
7.4- Nos Alpes, nos Andes, nas Rochosas e nas cadeias do Atlas e do Himalaia, como vimos, predominam as montanhas de
dobramentos, ou seja, áreas de relevo acidentado. É por isso que essas montanhas têm as maiores altitudes da terra.
7.5- Em áreas de montanhas de dobramentos, muitas vezes, aparece uma outra forma de relevo. São os planaltos de estrutura complexa.
Esses planaltos resultam do erguimento de terrenos das montanhas de dobramento que já estavam totalmente planos por causa do
desgaste externo, isto é, pela ação da água, do gelo, etc.
7.6- o vulcanismo – ou erupção vulcânica – dá origem a formas de relevo chamadas planaltos vulcânicos, ou basálticos. Vulcanismo é o
conjunto de fenômenos que permitem a ascensão do magma (localizado no interior do planeta) até a superfície, através de fendas da
crosta terrestre. O magma é um material semilíquido, que tem grande mobilidade e temperaturas muito elevadas.
7.7- nos pontos de contato entre diferentes placas, onde a crosta terrestre é menos estável, ocorrem erupções vulcânicas. Nas áreas
onde ocorreram erupções vulcânicas se formam planaltos basálticos, regiões geralmente bastante povoadas, pois os solos que restam da
decomposição das rochas vulcânicas são muito férteis, o que sempre atraiu o homem em sua luta pela sobrevivência. Isso explica
também por que até hoje existem áreas bastante povoadas nas proximidades de vulcões, como na região de Merapi, na Indonésia.
7.8- Entre o fim da era Mezóica e o começo da Cenozóica, no período terciário, o território brasileiro foi muito atingido por erupções
vulcânicas. A área mais atingida foi Minas Gerais, onde se destaca o vulcanismo de Poços de Caldas, até o Rio Grande do Sul. Nessa
parte do Brasil, encontra-se a maior área coberta por lavas basálticas expelidas por erupções vulcânicas de todo o mundo:
aproximadamente 1.000.000 km². Os solos dessa região se caracterizam por apresentar elevada fertilidade natural.
Agentes externos
8- Vejamos agora os agentes externos que modificam o relevo. Vamos estudar agora a água e o vento.
8.1- A água é o agente externo mais importante. A maior parte da água resultante das precipitações (chuvas) e do derretimento do gelo
desliza sobre a superfície terrestre, originando rios e torrentes. É por isso que, quando nos referimos a um rio ou uma torrente , usamos a
expressão águas correntes.
8.2- Os rios resultam da concentração de águas correntes em áreas de rochas impermeáveis, pois elas retêm a água. Os primeiros sulcos
formados pelo deslizamento das águas vão sendo aprofundados e alargados pelos rios. Assim, podemos afirmar que cada rio constrói o
próprio vale. As torrentes, ao contrário dos rios, são cursos de água esporádicos. Resultam de enxurradas, isto é, formam-se quando
ocorrem chuvas fortes.
8.3- Os rios nascem nas porções mais elevadas de um terreno e correm para as partes mais baixas. O primeiro trecho logo após a
nascente recebe o nome de curso superior, onde o trabalho de erosão é intenso. O trecho seguinte, entre a nascente e foz do rio, é
chamado de curso médio. Aí a erosão diminui e predomina o transporte de detritos. Depois, próximo à foz, vem o curso inferior, onde se
acumulam os detritos transportados pelas águas e onde o nível da água do rio já está muito próximo do nível do mar ou do outro rio onde
ele desemboca.
8.4- Em seu curso inferior, os rios constroem planícies fluviais, também conhecidas como planícies aluviais, porque resultam da
acumulação de aluviões. Aluviões são os detritos ou sedimentos das rochas que foram erodidas pela força das águas do rio. Mas as
águas carregam também sedimentos orgânicos, o que explica a elevada fertilidade natural do solo das áreas de planícies aluviais. Ao
longo da história, essas planícies foram sempre as mais procuradas, como acontece com o vale e a foz do rio Nilo, o vale dos rios Tigre e
Eufrates e os vales dos principais rios da china.
8.5- Nas áreas de planícies, à medida que a força erosiva das águas de um rio diminui, ele pode apresentar curvas no curso inferior do
traçado do seu vale. Essas curvas são conhecidas como meandros. Os meandros se formam por causa da acumulação de sedimentos
em uma das margens do rio e da erosão provocada pelas águas na outra margem. No Brasil, destacam-se os meandros do rio Paraíba do
Sul.
8.6- As águas oceânicas agem no ponto de contato entre o relevo dos continentes e a superfície oceânica, isto é, no encontro entre a
terra e as águas. A erosão marinha, também conhecida como abrasão, origina as falésias. Falésias são formas de relevo litorâneo
abruptas, isto é, íngremes. São elevados paredões que surgem à medida que as águas oceânicas começaram a escavar a sua base.
Como resultado da decomposição pela água, as rochas da base se desagregam ao longo do tempo geológico, provocando o recuo das
falésias, que passam a ser menos erodidas.
8.7- A falésia de Ovifad, no sudoeste da Groelândia, chega a atingir 700 m de altitude. Também merece destaque as falésias do cabo da
Boa Esperança, na África do Sul. No Brasil, essas formas de relevo são encontradas principalmente no litoral nordeste. Mas Torres, no
Rio Grande do Sul, é um belo exemplo de falésia no litoral brasileiro.
8.8- O trabalho de construção das águas oceânicas dá origem às praias e às restingas. As praias resultam da acumulação de areia,
transportada por águas oceânicas ou águas correntes. Quando se localizam em litoral de falésia, esses depósitos de areia podem ser
atingidos por violentos impactos das ondas oceânicas, cuja altura quase duplica quando o mar está muito agitado. Esses movimentos,
mais conhecidos como ressaca, ocorrem com muita freqüência no litoral do Rio de Janeiro. Às vezes, as ressacas causam sérios danos à
população que reside à beira das praias atingidas. As restingas se formam quando as ondas oceânicas depositam areia paralelamente a
litorais que apresentam dupla reentrância, como baías e enseadas.
8.9- O vento é o ar em movimento. Ele é um agente externo que atua principalmente nas regiões desérticas da Terra. Realiza um trabalho
de erosão – conhecido como erosão eólica – ao transporta materiais de diversos tamanhos, desde a areia até fragmentos de rochas. A
erosão eólica dá origem a formas de relevo quando partículas de areia carregadas pelo vento modificam as áreas que atingem, podendo
esculpir arcos naturais ou formar desertos pedregosos, os chamados regs, como os do Saara, na África.
8.10- Esse tipo de erosão também ajuda a ação da água das chuvas, mesmo onde estas são muito escassas, como nos desertos. Nesse
caso, a água dissolve os minerais e, quando atinge o lençol de água subterrânea – localizado em rochas impermeáveis no subsolo –,
nasce uma vegetação. Essa vegetação impede que o processo de erosão continue. Graças à presença da água, nessas áreas formam-se
os oásis, onde surgem aglomerações humanas.
8.11- Do trabalho de sedimentação do vento resultam as dunas, que se formam em regiões desérticas ou áridas, ao longo de grandes
lagos e de litorais de clima temperado e tropical. São provenientes do acúmulo de partículas de areia que o vento deposita em uma área
quando encontra um obstáculo qualquer em sua trajetória (uma rocha, por exemplo). As dunas tendem a deslocar-se na direção do
movimento do vento. No litoral brasileiro, desde o Nordeste até o Sul, encontramos muitas regiões de dunas.
8.12- As acumulações de areia que acontecem, mesmo sem nenhum obstáculo à ação do vento, são as chamadas dunas verdadeiras.
Essas dunas apresentam formas diferenciadas. Entre elas destaca-se a barcana, típica de regiões desérticas, com forma de lua
crescente.
8.13- Ainda em áreas de deserto, as dunas podem originar montanhas de areia que chegam a atingir 300 m de altitude. São os
chamados ergs, a exemplo do Grande Erg Oriental e do Grande Erg Ocidental do Saara.
ATIVIDADES
I- O que significa relevo? Como ele se forma e se altera com o tempo?
II- Explique o que são agentes internos e externos, exemplificando.
III- Estabeleça as diferenças na ação dos agentes internos e externos sobre o relevo.
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