Saúde investiga febre maculosa no estado do Rio Casos na região serrana põem autoridades em alerta. Doença é transmitida por carrapato-estrela e, se não tratada, pode matar Até o momento, a investigação de casos de doença febril aguda (febre maculosa) em Petrópolis (RJ) confirmou cinco casos da doença. Transmitida pelo carrapato-estrela, a febre maculosa já matou duas pessoas nessa região. O Ministério da Saúde participa da investigação epidemiológica ao lado das Secretarias Municipais de Saúde de Petrópolis e do Rio de Janeiro e da Secretaria Estadual de Saúde, para detectar casos suspeitos. O ministério também alerta as pessoas que forem para as áreas infestadas pelo carrapato, para que se previnam e, caso sintam algum sintoma, procurem imediatamente uma unidade de saúde. Além dos cinco casos confirmados, a vigilância epidemiológica na região de Petrópolis investiga mais uma ocorrência suspeita, a de uma mulher de 38 anos, que já está curada da doença. Quando diagnosticada precocemente, o tratamento da febre maculosa, feito com antibióticos, é altamente eficaz e garante a cura do paciente. As pessoas contaminadas que morreram são um funcionário da Vigilância Sanitária do município do Rio e um jornalista. As outras vítimas são uma turista baiana, um homem de 62 anos e uma criança de 8 anos, do sexo masculino - única moradora de Petrópolis com confirmação da febre maculosa. Integrante do grupo das zoonoses, doenças que acometem animais e o homem, a febre maculosa é transmitida pela bactéria Rickettsia rickettsii, que tem no carrapato-estrela, muito comum na região Sudeste, o principal reservatório. “Esses carrapatos se nutrem de sangue e, para conseguir seu alimento, picam e contaminam animais como cavalos, bois, cães e roedores”, explica a gerente técnica de Doenças Emergentes e Reemergentes da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Vera Gattás. “A contaminação no homem também ocorre pela picada do carrapato, que transmite o micróbio por meio da saliva”, completa. Para que haja contaminação, é necessário que o carrapato fique grudado à pele por, no mínimo quatro horas. Por isso, as formas jovens do animal têm mais chances de transmitir a bactéria, já que passam despercebidas e conseguem ficar mais tempo fixadas à pele das pessoas. Sintomas A Rickettsia rickettsii ataca as células que revestem os vasos sanguíneos do sistema circulatório, ocasionando graves distúrbios circulatórios no organismo, principalmente no cérebro. Os primeiros sintomas da febre maculosa levam de sete a dez dias para se manifestar e consistem em febre alta, dores musculares, fadiga, dor de cabeça e enjôo. Depois de três dias de febre, começam a aparecer pequenas manchas vermelhas na pele, especialmente nas mãos e nos pés, que, com o passar do tempo, se espalham pelo corpo. Após o aparecimento dos sintomas, o tratamento – que consiste basicamente no uso de antibióticos – deve ser iniciado o mais precocemente possível. “O problema é que a doença pode ser confundida com uma série de outras infecções, como dengue, pneumonia, leptospirose, hepatite, apendicite e, principalmente, meningite meningocócica, o que pode retardar o diagnóstico, que é confirmado laboratorialmente através de teste sorológico”, explica Vera Gattás. Se não for identificada a tempo, a febre maculosa pode levar a um quadro de infecção generalizada, com complicações pulmonares, vasculares, desidratação, coma e morte. Vigilância epidemiológica Além das amostras das pessoas que apresentaram confirmação de febre maculosa, também foi coletado o sangue de outras oito, que, apesar de não terem sintomas, passaram pela área onde foi detectada a transmissão da doença. Essa investigação epidemiológica envolve as Secretarias Municipais de Saúde do Rio de Janeiro e de Petrópolis e a Secretaria Estadual de Saúde, com o apoio do Ministério da Saúde. As ações já adotadas incluem, por exemplo, reunião com a rede assistencial do município para fornecer orientações quanto à febre maculosa, reunião com a equipe hoteleira do município, produção de material educativo para distribuição na comunidade, busca de casos suspeitos nos serviços de saúde e identificação das pessoas que estiveram hospedadas na pousada onde houve registro da doença. Existem algumas medidas que podem ser tomadas para impedir o contágio pela doença. Se não for possível evitar áreas infestadas por carrapatos, é importante usar calças compridas e blusas de manga e verificar constantemente se algum deles grudou na pele. Afinal, o risco de se contrair febre maculosa diminui de forma acentuada se os carrapatos forem imediatamente removidos. Deve-se removê-los com muito cuidado para que não ocorra contaminação. Febre maculosa no Brasil De acordo com informações da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, no Brasil, desde 1929 há relatos de que já se distinguia a febre maculosa das demais doenças exantemáticas (que causam manchas avermelhadas na pele). Entre 1995 e 2004, foram notificados no país 366 casos, com 102 mortes. Esses registros ocorreram apenas nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Santa Catarina e Rio de Janeiro. Desde 2001, a febre maculosa integra a lista de doenças de notificação compulsória, em todo o território nacional. Para mais informações sobre a doença, consulte o site www.saude.gov.br/svs, em Tópicos da Saúde, letra F. FEBRE MACULOSA BRASILEIRA (SP, MG, ES, SC, RJ) 1995-2004 ANO Nº CASOS Nº ÓBITOS 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 13 13 26 35 27 44 27 28 78 75 06 04 02 13 02 15 14 07 19 20 TOTAL 366 102